Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes
Ao Encontro da Palavra.
Atravs da Arquitetura na Liturgia:
Reabilitao da Igreja de N S.do Amparo, Portimo
Dissertao de Mestrado em Arquitetura
Aluno: Arlete Maria Conceio Jorge Escudeiro
Orientador: Professora Doutora Ana Moya Pellitero
rea Cientfica / Projeto de Arquitetura
Maio de 2015
Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes
Ao Encontro da Palavra.
Atravs da Arquitetura na Liturgia:
Reabilitao da Igreja de N S.do Amparo, Portimo
Dissertao de Mestrado em Arquitetura
Aluno: Arlete Maria Conceio Jorge Escudeiro
Orientador: Professora Doutora Ana Moya Pellitero
rea Cientfica / Projeto de Arquitetura
Maio de 2015
ARLETE MARIA DA CONCEIO JORGE ESCUDEIRO
AO ENCONTRO DA PALAVRA. ATRAVS DAARQUITETURA NA LITURGIA: REABILITAO DA
IGREJA DE N. S. DO AMPARO, PORTIMO.
Dissertao defendida em provas pblicas noInstituto Superior Manuel Teixeira Gomes, no dia13/07/2015 perante o jri nomeado pelo Despacho deNomeao n. 08/2015, com a seguinte composio:
Presidente:Prof. Doutora Clara Germana RamalhoMoutinho Gonalves
Vogais:Prof. Doutor Mostafa Zekri (Arguente)
Orientador:Prof. Doutora Ana Maria Moya Pellitero
Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes
Portimo
2015
Dedico este meu trabalho, aos meus netos Vicente e Lucas.
A Igreja precisa de arte
Para transmitir a mensagem que Cristo lhe confiou, a Igreja tem
necessidade de arte. De fato, deve tornar percetvel e o mais
fascinante possvel o mundo do espirito, do invisvel, de Deus.
Por isso, tem de transpor para frmulas significativas aquilo que,
em si mesmo, inefvel. Ora, a arte possui uma capacidade
muito prpria de captar os diversos aspetos da mensagem,
traduzindo-os em cores, formas, sons que estimulam a intuio
de quem os v e ouve. E isso, sem privar a prpria mensagem
de seu valor transcendente e de seu halo de mistrio.
() A Igreja precisa de arquitetos, porque tem necessidade de
espaos onde congregar o povo cristo e celebrar os mistrios
da salvao. Depois das terrveis destruies da ltima guerra
mundial e com o crescimento das cidades, uma nova gerao
de arquitetos se amalgamou com as exigncias do culto cristo,
confirmando a capacidade de inspirao que o tema religioso
demonstra ter sobre os critrios arquitetnicos de nosso tempo.
De fato, no raro se construram templos, que so
simultaneamente lugares de orao e autenticas obras de arte.
(Carta do Papa Joo Paulo II aos artistas, 1999)
Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo
ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015
RESUMO
Palavras-chave: Reabilitao de Edifcios Religiosos, Ordem Jesuta, Espao
Sagrado, Simbolismo e Liturgia, Igrejas Salo.
A presente dissertao, desenvolve-se a partir da importncia da palavra
falada, para os homens como elemento de unio, intercmbio de conhecimentos
e de relaes interpessoais.Tambm na sua relao com espaos sagrados, que
acontece na transmisso da tradio oral e na proclamao da palavra escrita
especialmente na liturgia.
Este trabalho reflete sobre a reabilitao da Igreja Nossa Senhora do
Amparo,edifcio religioso, construdo junto a uma capela j existente, num bairro
dos anos 70, na cidade de Portimo. A presente dissertaotem como objetivo
melhorar o seu funcionamento programtico, aspetos visuais arquitetnicos e
simblicos e por ltimo melhorar o entendimento da Palavra Sagrada no conceito
de Igreja salo.
Na presente dissertao ser tratado dois tipos de interveno: uma em
que o papel da cobertura altera completamente a imagem do edifcio e uma
segunda onde a cobertura se integra com a identidade arquitetnica do edificado
existente.
O objetivo da presente dissertao ser melhorar a forma do espao
sagrado da Igreja Nossa Senhora do Amparo para assim permitir uma melhor
experincia no encontro com o transcendente e com o outro.
Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo
ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015
ABSTRACT
Key-words: Rehabilitation of Religious Buildings, Jesuit Order, Sacred Space,
Symbolism and Liturgy, Hall Churches.
The present dissertation is developed based on the importance of the
sacred Spoken Word. For people the spoken word is an element of union, an
exchange of knowledge and personal relationships. Also in its relation with sacred
spaces which takes place in the transmission of the oral tradition and in the
proclamation of the Written Word especially in the liturgy.
This work reflects on the rehabilitation of the church of "Nossa Senhora
do Amparo", a religious building built next to an existing chapel, in a neighborhood
of the seventies, in the city of Portimo. The present dissertation aims to improve
the functional program, and the architectural and symbolic visual aspects of the
church, including the improvement of the understanding of the Holy Word in the
concept of "Hall Church".
In the present dissertation will be treated two intervention approaches:
one in which the role of the roof design changes completely the building's image
and a second one where the roof style is integrated within the architectural
identity of the new building rehabilitation.
The purpose of the present dissertation aims to improve the shape of the
sacred space of "Nossa Senhora do Amparo" church thus enabling a better
experience of the encounter with the transcendent and with the mystical other.
Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo
ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015
INDICE DE ILUSTRAES
Figura 1 - Igreja do Colgio de Portimo - Planta do R/C. Fonte:
FIGUEIREDO, Ana. O Colgio Jesuita de Vila Nova de Portimo: Comunidade
e Patrimnio (1659 1759). Lisboa: Colibri, 2010 ........25
Figura 2 - Vista geral do interior da Igreja do Colgio, (2011). Francisco
Lameira. Fonte: Cmara Municipal de Portimo 25
Figura 3 - Planta do Piso 1 - Fonte: Cmara Municipal de Portimo (n.d.) ...27
Figura 4 - Panta da Cave Fonte: Cmara Municipal de Portimo (n.d.) ...27
Figura 5 Igreja Nossa Senhora do Amparo Portimo.
AladoNascente.Fonte:O Autor 28
Figura 6 Igreja Nossa Senhora do Amparo (Interior, vista do altar). Fonte: O
Autor ..28
Figura 7 - Catacumba crist em Roma, meados do sc.IV. Fonte:
http://www.catolicidad.com/2011/06/las-catacumbas.html ...............................33
Figura 8 - Planta da Baslica de So Joo de Laterano. Roma, 318 D.C. Fonte:
https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2011/09/22/morfologia-da-igreja-
barroca-no-brasil-i/ ..34
Figura 9 - Interior da Baslica de So Joo de Laterano. Roma, 318 D.C. Fonte:
http://tesourosdaigrejacatolica.blogspot.pt/2011_07_01_archive.html .............34
Figura 10 - Corte da Baslica de Santa Sofia de Constantinopla, 532-537 d.C.
Fonte:
http://scriptoriumciberico5.blogspot.de/2005/05/as-idades-do-espao-4.html ....35
Figura 11 - Interior da Baslica de Santa Sofia de Constantinopla, 532-537 d.C.
Fonte: http://viagem-fotos.1-my.com/fotos-de-viagens/fotos-Hagia-Sophia-fotos-
turismo-pt-hv_p211.shtml .................................................................................35
Figura 12 - Planta da catedral de Santiago de Compostela, construda entre os
anos de 1075 e 1128. Fonte:
http://socialesmoriles.blogspot.pt/2012_05_01_archive.html ...........................37
Figura 13 - Interior da catedral de Santiago de Compostela, construda entre os
anos de 1075 e 1128. Fonte:
http://pt.slideshare.net/abaj/santiago-de-compostela-11718949 ......................37
https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2011/09/22/morfologia-da-igreja-barroca-no-brasil-i/https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2011/09/22/morfologia-da-igreja-barroca-no-brasil-i/http://viagem-fotos.1-my.com/fotos-de-viagens/fotos-Hagia-Sophia-fotos-turismo-pt-hv_p211.shtmlhttp://viagem-fotos.1-my.com/fotos-de-viagens/fotos-Hagia-Sophia-fotos-turismo-pt-hv_p211.shtmlhttp://pt.slideshare.net/abaj/santiago-de-compostela-11718949
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Figura 14 e 15 - Planta e interior da Igreja da Catedral de So
Patrcio,Manhattan, Estados Unidos. Fonte:
http://jcspedreira.blogspot.pt/2013/04/saint-patrick-cathedral-new-york-usa.html,
roteiroutil.com.br ..38
Figura 16 - Planta da Baslica de S. Pedro em Roma. Iniciada a sua construo
em 1506 com uma planta de cruz grega. Fonte:
http://linhaderumo.blogspot.pt/2011/05/roma-basilica-de-s-pedro.html ............39
Figura 17 - Interior da Baslica de S. Pedro em Roma. Iniciada a sua
construo em 1506 com uma planta de cruz grega. Fonte:
http://viajeconescalas.blogspot.pt/2011/07/las-luces-de-san-pedro.html .........39
Figura 18 - Planta da Igreja de So Francisco,Salvador, na Bahia, Brasil. Fonte:
https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2012/05/09/morfologia-das-igrejas-
barrocas-ii/ 40
Figura19 - Interior da Igreja de So Francisco,Salvador, na Bahia, Brasil. Fonte:
http://www.pbase.com/alexuchoa/image/52730862 .........................................40
Figura 20 e 21 - Planta e Interior da Capela de Ntre Dame du Haut,
Ronchamp (1950 1955). Fonte:
https://histarq.wordpress.com/2012/11/23/aula-5-le-corbusier-2a-parte-1930-
1960/ .42
Figura 22 - Planta da Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida,
Braslia (1958). Fonte:
http://www.planta1.com/blog/oscar-niemeyer-the-man-who-loved-curves-for-
more-than-a-hundred-years/ .42
Figura 23 - Interior da Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida,
Braslia (1958). Fonte: www.universoarquitectura.com ...42
Figura 24 - Sinagoga no tempo de Jesus. Fonte: Wilmsen em Silva; Siviski,
(2001, p. 213) ..49
Figura 25 - Casa romana. Fonte: Schubert,1978, p 42.50
Figura 26 - Baslica pag. Fonte: Schubert,1978, p. 43 ...51
Figura 27- Baslica crist. Fonte: Schubert,1978, p. 44 51
Figura 28 - Representao esquemtica igreja do perodo romnico. Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Coro_(arquitetura) 53
http://jcspedreira.blogspot.pt/2013/04/saint-patrick-cathedral-new-york-usa.htmlhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Salvador_(Bahia)http://pt.wikipedia.org/wiki/Bahiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Brasilhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Salvador_(Bahia)http://pt.wikipedia.org/wiki/Bahiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil
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Figura 29 - Sacrrio e Retbulo da Igreja de Nossa Senhora da Conceio
Angra do Heroismo, Aores. Fonte:
https://sapientia.ualg.pt/bitstream/10400.../Tese%20Cristina%20Santos.pdf ..54
Figura 30 - Vitral na Igreja Matriz de Espinho, Portugal.
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Espinho_vitral.jpg .54
Figura 31 - Altar, escultura em madeira, Nuernberg. Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Escultura_do_gtico ...............................................54
Figura 32 - Igeja de So Vicente de Fora, Lisboa. Murete com balaustradas-
separao entre assembleia e presbitrio. Fonte:
http://auren.blogs.sapo.pt/1747677.html ...........................................................55
Figura 33 - Confessionrio na Basilica de So Pedro. Fonte:
http://catedraismedievais.blogspot.de/2013/06/visibilidade-hierarquia-e-
simbolismo-da.html ...........................................................................................56
Figura 34 - Plpito da igreja de Ges, Roma. Fonte:
http://infocatolica.com/blog/germinans.php/1109221116-de-capitulo-34-ambon-
pulpito ...............................................................................................................56
Figura 35 - Mapa dos anos 70, com a Delimitao dos Bairros Sociais
dePortimo. Fonte: Dossier Temtico sobre os Bairros Operrios. Centro de
Documentao e Arquivo Histrico do Museu de Portimo .71
Figura 36 e 37 - Capela N S do Amparo,1950. Vista geral da cidade de
Portimo, assinala a Capela N S do Amparo (antes do espao ser
urbanizado) Fonte: Autor Desconhecido (n.d.) ..72
Figura 38 - Mapa de 1947. Fonte: Cmara Municipal de Portimo 73
Figura 39 - Mapa de 1964-1966. Fonte: Cmara Municipal de Portimo ..73
Figura 40 - Mapa de 1964-1966. Fonte: Cmara Municipal de Portimo ..73
Figura 41 - Mapa de 1972. Fonte: Cmara Municipal de Portimo 73
Figura 42 - Mapa de 1977. Fonte: Cmara Municipal de Portimo 74
Figura 43 - Mapa de 1987. Fonte: Cmara Municipal de Portimo 74
Figura 44 - Mapa de 2001. Fonte: Cmara Municipal de Portimo 75
Figura 45 - Mapa de 2006. Fonte: Cmara Municipal de Portimo 75
Figura 46 - Caraterizao da atual zona de implantao da Igreja com rea
desportiva, rea verde e edificao envolvente. Fonte: Cmara Municipal de
Portimo 75
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ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015
Figura 47 - Vista do jardim junto capela. Fonte : O Autor .76
Figura 48 - Vista do equipamento de recreio e lazer. Fonte : O Autor ...76
Figura 49 - Vista da capela e o jardim envolvente. Fonte : O Autor ...77
Figura 50 - Vista do jardim e da Igreja a partir da capela. Fonte : O Autor 77
Figura 51 - Entrada principal da Igreja. Fonte : O Autor 77
Figura 52 - Capela N S do Amparo. Fonte : O Autor ..77
Figura 53 - Vista do espao aberto com o acesso da Rua N S do Amparo.
Fonte: O Autor ..78
Figura 54 - Vista das janelas das salas de catequese. Fonte: O Autor .78
Figura 55 - Vista da entrada da Sacristia e Cartrio. Fonte: O Autor .78
Figura 56 e 57 - 1981- Beno e cerimnia do lanamento da primeira pedra
para a construo da Igreja Paroquial de Nossa Senhora do Amparo. Fonte:
Autor Annimo .81
Figura 58 - Cripta. Fonte: Autor Annimo 81
Figura 59 - Inicio das obras da Igreja. Fonte: Autor Annimo ..81
Figura 60 - Celebrao no edifcio ainda em obra. Fonte: Autor Annimo 81
Figura 61 - Altar. Fonte: Autor Annimo ..81
Figura 62 - Projecto da Igreja de N S do Amparo CMP (n.d.). Alado Sul. Fonte:
Cmara Municipal de Portimo .83
Figura 63 - Projecto da Igreja de N S do Amparo CMP (n.d.). Alado Poente.
Fonte: Cmara Municipal de Portimo 83
Figura 64 - Projecto da Igreja de N S do Amparo CMP (n.d.). Alado Norte.
Fonte: Cmara Municipal de Portimo .84
Figura 65 - Projecto da Igreja de N S do Amparo CMP (n.d.). Corte Longitudinal.
Fonte: Cmara Municipal de Portimo .84
Figura 66 - Projecto da Igreja de N S do Amparo CMP (n.d.). Planta da
Cobertura. Fonte: Cmara Municipal de Portimo .85
Figura 67 - Projecto da Igreja de N S do Amparo CMP (n.d.). Planta do Piso 1.
Fonte: Cmara Municipal de Portimo .85
Figura 68 - Projecto da Igreja de N S do Amparo CMP (n.d.). Planta da Cave.
Fonte: Cmara Municipal de Portimo .86
Figura 69 - Entrada da Capela do Santissimo. Fonte: Autor Annimo 87
Figura 70 - Capela do Santissimo. Fonte: Autor Annimo 87
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Figura 71 - Figura 71: Batistrio. Fonte: Autor Annimo ..87
Figura 72 - Capela de Reconciliao Fonte: Autor Annimo 87
Figura 73 - Altar e zona do coro. Fonte: Autor Annimo ...87
Figura 74 - Altar. Fonte: Autor Annimo ..87
Figura 75 - Planta e fotografia do jardim "Padre Arsnio C. da Silva (s.j)",junto
Igreja. Fonte: Cmara Municipal de Portimo e o Autor 89
Figura 76 - Fotografia e Planta do lado Poente da Igreja. Fonte: O Autor e
Cmara Municipal de Portimo ..90
Figura 77 - Fotografias e Planta do Jardim junto capela e entrada da Igreja.
Fonte: O Autor e Cmara Municipal de Portimo 90
Figura 78 - Planta e Fotografias da zona do jardim junto ao espao da pr-escola.
Fonte: Cmara Municipal de Portimo e o Autor .91
Figura 79 - Jardim.Fonte: O Autor .92
Figura 80 - Capela N S do Amparo. Fonte: O Autor 92
Figura 81 - Entrada da Casa do Padre. Fonte: O Auto .92
Figura 82 - Alado e entrada para a Cave. Fonte: O Autor .92
Figura 83 - 84 - Janelas das catequeses danificadas. Fonte: O Autor ..93
Figura 85 - Teto, zona mais alta junto ao altar. Fonte: O Autor.93
Figura 86 - Teto, por cima do altar. Fonte: O Autor 93
Figura 87 - 88 - Patologias junto s estruturas do teto em cascas. Fonte: Autor
Annimo 94
Figura 89 - Humidades no espao da Critas. Autor Annimo 94
Figura 90 - Humidades no espao da Sacristia. Autor Annimo ..94
Figura 91 - Igreja Nossa Senhora da Conceio (Igreja Matriz). Fonte: Empresa
STAP e Monumenta 96
Figura 92 - Planta da Igreja Matriz de Portimo. Fonte: Empresa STAP e
Monumenta .. 97
Figura 93 - Alado norte. Fonte: Empresa STAP e Monumenta .99
Figura 94 - Porta da entrada principal. Fonte: Empresa STAP e Monumenta .99
Figura 95 - Telhas argamassadas e sua irregularidade. Fonte: Empresa STAP e
Monumenta 100
Figura 96 - Caleira obstruda. Fonte: Empresa STAP e Monumenta 100
Figura 97 - Telha rachada. Fonte: Empresa STAP e Monumenta .100
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Figura 98 - Estrutura de madeira deformada. Fonte: Empresa STAP e
Monumenta .101
Figura 99 - Incapacidade de suportar a carga da cobertura. Fonte: Empresa
STAP e Monumenta 101
Figura 100 - Viga de suporte infestada de insetos. Fonte: Empresa STAP e
Monumenta 101
Figura 101 - Nave central.Fonte: Autor Annimo 103
Figura 102 - Nave lateral (Capela Santissimo). Fonte: Autor Annimo ...103
Figura 103 - Alado Norte.Fonte: Autor Annimo .103
Figuar 104 - Alado Nascente. Fonte: Autor Annimo 103
Figura 105 - Igrejade Nossa Senhora da Conceio, na Figueira (Mexilhoeira
Grande). Fonte: Cmara Municipal de Portimo ..104
Figura 106 - Planta do piso 0 da Igreja da Figueira. Fonte: Cmara Municipal de
Portimo .105
Figura 107 - Alado Principal. Fonte: Cmara Municipal de Portimo .105
Figura 108 - Planta da Cobertura. Fonte: Cmara Municipal de Portimo 106
Figura 109 e 110 - Colocao da estrutura de suspenso. Fonte: Empresa
Castelhano & Ferreira S.A. Industria de Tetos Falsos e Divisrias 108
Figura 111 e 112 - Estrutura de suporte e isolamento. Fonte: Empresa
Castelhano & Ferreira S.A. Industria de Tetos Falsos e Divisrias.108
Figura 113 e 114 - Interior da Igreja da Figueira uma vez concluida a obra. Fonte:
Empresa Castelhano & Ferreira S.A Industria de Tetos Falsos e Divisrias .109
Figura 115 e 116 - Teto da Igreja da Figueira, aps a concluso da obra. Fonte:
Empresa Castelhano & Ferreira S.A Industria de Tetos Falsos e Divisrias .109
Figura 117 e 118 - Imagem de N S do Amparo (encontra-se no altar da Igreja
N S do Amparo). Fonte: O Autor ..113
Figura 119 - Primeiro manto bordado a ouro e pedras preciosas (1953). Fonte:
www.ormnews.com.br/noticia.asp?noticia_id=286616 ...113
Figura 120, 121 e 122 Desenho de Manto de Nossa Senhora de Nazar
(Par, Brasil). De esquerda a dereita, manto no ano de 2010, 2011 e 2014.
Fonte:
http://www.ormnews.com.br/noticia.asp?noticia_id=286616
Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo
ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015
https://edenice.wordpress.com/2010/10/07/manto-da-virgem-de-nazare-2010/
http://noticias.orm.com.br/noticia.asp?id=556879&|apresentado+o+manto+que+
envolver+a+imagem+peregrina#.VWy4_hvbLIU
http://galerias.orm.com.br/galeria.asp?id=1736&%7CFi%E9is+conhecem+novo
+manto+da+imagem+de+Nossa+Senhora ..114
Figura 123 - Desenho de estudo do espao interior. Fonte : O Autor .115
Figura 124 e 125 - Desenho de estudo do manto, lateral e cobertura. Fonte: O
Autor 115
Figura 126 - Maqueta de estuda da volumetria da Igrejano seu estado atual.
Fonte: O Autor 116
Figura 127 e 128: - De esquerda a direita, maquetes de estudo, verso A e
verso B. Fonte: O Autor ..116
Figura 129 e 130 - De esquerda a dereita, estudio FR-EE, duas vistas da nova
Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe em Miami (2012), Florida, EUA. Fonte:
www.archtendencias.com.br/arquitetura/capela-miami-free-florida-eua..........117
Figura 131 - Studio FR-EE, nova Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe em
Miami (2012), Florida, EUA. Fonte:
www.archtendencias.com.br/arquitetura/capela-miami-free-florida-eua .........117
Figura 132 - HS Arquitetos, Santurio de Santa Paulina em Nova Trento
(2006), Santa Catarina, Brasil. Fonte:
https://geolocation.ws/v/P/22164178/santurio-santa-paulina-nova-trento-
sc/en................................................................................................................117
Figura 133 e 134: Da esquerda direita, HS Arquitetos , duas vistas do interior
do Santurio de Santa Paulina em Nova Trento (2006), Santa Catarina, Brasil.
Fonte: http://archtendencias.com.br/arquitetura/santuario-de-santa-paulina-hs-
arquitetos#.VW4x5BvbLIV ..118
Figura 135 - Reabilitao da Igreja de Nossa Senhora do Amparo. Nova
distribuio em planta, Piso 1, O Manto. Fonte: O Autor .120
Figura 136: Reabilitao da Igreja de Nossa Senhora do Amparo. Nova
distribuio em planta, Planta da Cave, O Manto. Fonte: O Autor 121
Figura 137 - Planta de amarelos e vermelhos. Fonte: O Autor .122
Figura 138 - Corte Longitudinal - amarelos e vermelhos. Fonte: O Autor 122
Figura 139 - Alado Nascente. Fonte: O Autor .123
http://archtendencias.com.br/tag/brasilhttp://archtendencias.com.br/tag/brasil
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Figura 140 - Alado Poente. Fonte: O Autor .123
Figura 141 - Alado Norte Fonte: O Autor ..124
Figura 142 - Alado Sul. Fonte: O Autor .124
Figura 143 - Corte Longitudinal. Fonte: O Autor ..125
Figura 144 - Corte Transversal. Fonte: O Autor 125
Figura 145 - Maquete de estudo, Zona Sul e Poente. Fonte: O Autor ..126
Figura 146 - Maquete de estudo, Zona Nascente. Fonte: O Autor 126
Figura 147 - Estrutura em madeira. Fonte: O Autor .127
Figura 148 - Cobertura inclinada com revestimento final em Zinco. Fonte: O
Autor.128
Figura 149 - Concha vieira. Fonte:
http://pt.aliexpress.com/w/wholesale-white-scallop-shells.html ......................129
Figura 150 - Forma de concha com as mos. Fonte:
http://tertuliasalareira.blogspot.pt/2013/07/rimas-e-poesia-concha-perfeita-das-
tuas.html ..........................................................................................................129
Figura 151 - Desenho de estudo da cobertura Concha- Fonte: O Autor 130
Figura 152 - Desenho de estudo da cobertura Concha- II. Fonte: O Autor130
Figura 153 - Desenho de estudo da cobertura Concha- III. Fonte: O Autor ..130
Figura 154- Desenho de estudo da cobertura Concha- IV. Fonte: O Autor ..131
Figura 155 - Maquete da Igreja existente. Fonte: O Autor ..131
Figura 156 - Maquete de estudo, verso A. Fonte: O Autor 131
Figura 157 - Maquete de estudo, verso B. Fonte: O Autor 131
Figura 158 e 159 - Eladio Dieste, Interior da Igreja do Cristo Operrio, Uruguaio,
Atlntida, (1958). Fonte:
http://www.docomomo.org.br/ivdocomomosul/pdfs/24%20Leonardo%20Fitz.pdf.
.........................................................................................................................132
Figura 160 e 161 - Eladio Dieste, Igreja do Cristo Operrio e seu interior,
Uruguaio, Atlntida, (1958). Fonte:
http://www.docomomo.org.br/ivdocomomosul/pdfs/24%20Leonardo%20Fitz.pdf.
.........................................................................................................................132
Figura 162 e 163 - Igreja Padre Pio Pilgrimage e Interior. Fonte:
http://www.arcspace.com/features/renzo-piano-/padre-pio-pilgrimage-
church/.............................................................................................................133
http://www.docomomo.org.br/ivdocomomosul/pdfs/24%20Leonardo%20Fitz.pdfhttp://www.docomomo.org.br/ivdocomomosul/pdfs/24%20Leonardo%20Fitz.pdfhttp://www.arcspace.com/features/renzo-piano-/padre-pio-pilgrimage-church/http://www.arcspace.com/features/renzo-piano-/padre-pio-pilgrimage-church/
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ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015
Figura 164 - Igreja Padre Pio Pilgrimage, SanGiovanni Rotondo, Itlia. Fonte:
(Disponvel em: http://www.arcspace.com/features/renzo-piano-/padre-pio-
pilgrimage church/). ..133
Figura 165 - Nova distribuio em planta Igreja N S do Ampao, Piso 1, "A
Concha. Fonte: O Autor ..135
Figura 166 - Nova distribuio em planta Igreja N S do Ampao, Planta Cave,
A Concha". Fonte: O Autor .136
Figura 167 - Alado Norte. Fonte: O Autor ...137
Figura 168 - Alado Sul. Fonte: O Autor ...137
Figura 169 - Alado Nascente. Fonte: O Autor 138
Figura 170 - Alado Poente. Fonte: O Autor 138
Figura 171 - Corte Transversal. Fonte: O Autor ..139
Figura 172 - Corte Longitudinal. Fonte: O Autor ..139
Figura 173 - Planta do Piso 1 Amarelos e Vermelhos. Fonte: O Autor 140
Figura 174 - Alado Sul Amarelos e Vermelhos. Fonte: O Autor ..140
Figura 175 - de estudo,zona Sul e Poente.5: Maquete Fonte: O Autor ...141
Figura 176 - Maqueta de estudo, zona Norte e Nascente. Fonte: O Autor .141
Figura 177 - Sky Tunnel, visualizao da sua colocao. Fonte:
http://www.velux.co.nz/Homeowners/Products/Sun_Tunnel ..........................142
Figura 178 - Sky Tunnel, aplicao na cobertura. Fonte:
http://www.theconstructioncentre.co.uk/companies/velux-company-ltd/1/ ..142
Figura 179 - Pormenor da cobertura Corte Longitudinal. Fonte: O Autor 143
Figura 180 Pormenor da cobertura A Concha Corte Transversal ...143
Figura 181 - Cobertura em madeira do Centro Comercial Iguatemi, Fortaleza,
La Guarda LowArchitects, (2013). Fonte:
http://arcoweb.com.br/noticias/arquitetura/guarda-low-carpinteria-moretti-
interholz-cobertura-shopping-iguatemi-fortaleza)............................................144
Figura 182 - Corte Transversal da concha suspensa na cobertura. Fonte: O
Autor 144
Figura 183 - Planta da estrutura da Concha. Fonte: O Autor 145
Figura 184 - Maquete da Cobertura, vista interior da concha. Fonte:O Autor 145
Figura 185 - Reflexo do som nas diferentes superfcies. Fonte:
http://melhoracustica.com.br/acustica-e-arquitetura/ ..148
http://www.arcspace.com/features/renzo-piano-/padre-pio-pilgrimage-church/http://www.arcspace.com/features/renzo-piano-/padre-pio-pilgrimage-church/http://www.laguardalow.com/
Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo
ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015
Figura 186 - Reflexo do som na igreja N S do Amparo no seu estado atual.
Fonte: Autor Annimo ..150
Figura 187 - Reflexo do som, na proposta 1, O Manto. Fonte: Autor Annimo
Figura 188 - Reflexo do som, na proposta 2, A Concha. Fonte:
Autor Annimo ...151
Figura 189 - Beethovenhalle, Bonn (1959). Fonte:
http://gsd.ime.usp.br/acmus/publi/textos/07_bistafa.pdf) ...152
Figura 190 - W. Disney Hall, LA (2003). Fonte:
http://gsd.ime.usp.br/acmus/publi/textos/07_bistafa.pdf) ...152
Figura 191 - Vista geral da Igreja N. S do Amparo, O Manto. Norte - Sul.
Fonte: O Autor ...168
Figura 192 - Vista geral da Igreja N. S do Amparo, O Manto. Nascente
Poente .168
Figura 193 - Igreja O Manto, zona Sul. Fonte: O Autor ...169
Figura 194 - Igreja O Manto, zona Sul - Nascente. Fonte: O Autor ...169
Figura 195 - Igreja O Manto, zona Norte. Fonte: O Autor ...169
Figura 196 - Igreja O Manto, zona Poente. Fonte: O Autor 169
Figura 197 - Igreja O Manto, interior nave e sacristia. Fonte: O Autor ..169
Figura 198 - Igreja O Manto, interior nave e altar Fonte: O Autor ..169
Figura 199 - Igreja O Manto, interior cobertura. Fonte: O Autor .170
Figura 200 - Igreja O Manto, cave. Fonte: O Autor ....170
Figura 201 - Vista gera da Igreja N. S. Amparo, A Concha. Nascente -
Poente. Fonte: O Autor ....171
Figura 202 - Vista geral da Igreja N. S do Amparo, A Concha. Fonte: O Autor
Figura 203 - Igreja A Concha, zona Norte. Fonte: O Autor .171
Figura 204 - Igreja A Concha, zona Poente. Fonte: O Autor ..172
Figura 205 - Igreja A Concha, zona Sul. Fonte: O Autor..172
Figura 206 - Igreja A Concha, zona Sul - Nascente. Fonte: O Autor .172
Figura 207 - Igreja A Concha, interior nave, sacristia, capela. Fonte: O
Autor.172
Figura 208 - Igreja A Concha, interior -nave, altar, capela. Fonte: O
Autor.172
Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo
ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015
Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo
ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015
AGRADECIMENTOS
A realizao desta Dissertao de Mestrado, marca mais uma etapa importante
na minha vida, em que algumas pessoas direta ou indiretamente ajudaram-me a
cumprir o meu objetivo. Desta forma, deixo algumas palavras, poucas, de
agradecimento.
A Deus, pela fora interior que me concedeu, ao longo destes anos, na minha
caminhada acadmica, para superar as dificuldades nos momentos difceis.
Ao ISMAT, pela possibilidade da formao acadmica efetuada nesta instituio,
sem isso no seria possvel a realizao deste sonho.
Aos professores que me acompanharam neste percurso, pela sua
disponibilidade, partilha de conhecimentos, interesse, ateno e dedicao ao
ensino.
Aos funcionrios desta instituio por toda a sua simpatia e boa disposio no
seu contato pessoal.
Aos colegas que durante estes anos de formao partilharam e conviveram
comigo, enriquecendo-me no crescimento como ser.
minha orientadora, Professora Doutora Ana Moya Pellitero, o meu profundo
agradecimento pelo apoio incondicional e inestimvel, que me proporcionou
maior conhecimento e interesse por saber mais, numa constante procura de
fazer melhor. Pela confiana, que em mim depositou desde o incio, pelas
palavras de incentivo nos momentos de desnimo, pela sua amizade e
considerao.
Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo
ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015
Ao Arquiteto Joo Paulo, por acreditar em mim, neste meu caminho acadmico,
com as suas crticas estimulantes, disponibilidade e incentivo. Tambm pela sua
amizade e entusiasmo em partilhar o seu conhecimento.
Ao Arquiteto Carlos Pereira, pela disponibilidade e ajuda incondicional de amigo,
pelas revises e impresso do trabalho. Pelas horas de reflexo, pacincia e de
partilha de conhecimentos.
Ao Padre Domingos da Costa, sj, pelo interesse, pela pronta colaborao na
informao para o desenvolvimento do trabalho.
Ao Padre Luis Ferreira do Amaral, sj, pela disponibilidade, pelas opinies e
sujestes, ajudando no entendimento das diversas fases do trabalho, pela
partilha de conhecimentos, pelo seu dinamismo e incentivo.
Doutora Anabela Borges, minha mdica e amiga que sempre me apoiou nos
momentos mais crticos, incentivando-me a continuar a minha caminhada,
dizendo sempre o que se comea, tem que se acabar.
familia na pessoa dos meus pais, Beatriz e Brulio (in memoriam) por serem
modelos de coragem e persistncia, pela sua ajuda inestimvel e pacincia na
superao de algumas faltas de presena familiar neste meu percurso, ao
Agostinho, meu companheiro de vida e aos meus filhos Jos, Cintia e Lara por
estarem presentes sempre que precisei, pela pacincia, compreenso amor e
carinho que sempre me dedicaram.
Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo
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INDICE
INTRODUO
CAPITULO I Edifcios Religiosos .. 23
1.1 Histria da Igreja e sua Evoluo .. 33
1.1.1 A Baslica Crist . 34
1.1.2 A Igreja Bizantina .. 35
1.1.3 A Igreja Romnica . 36
1.1.4 A Igreja Gtica ... 37
1.1.5 A Igreja de Cruz Grega . 38
1.1.6 A Igreja Barroca .. 39
1.1.7 A Igreja Moderna .....41
1.2 Liturgia e Disposio Espacial e Programtica
1.2.1 A Liturgia 43
1.2.2 Elementos da Liturgia ... 43
1.2.3 Liturgia e Espao Celebrativo . 48
1.3 Espao Sagrado e Simbolismo .. 57
1.4 A Ordem Jesuta
1.4.1 Histria dos Jesutas ... 61
1.4.2 Os Jesutas em Portugal ..62
1.4.2 Os Jesutas e a Arquitetura . 65
CAPITULO II Igreja de N S do Amparo em Portimo
2.1 Quinta do Amparo, Evoluo do Contexto Urbano . 69
2.2 O Lugar de Implantao da Nova Igreja 72
2.3 Anlise e Caraterizao do Contexto Urbano . 76
2.4 Evoluo do Edificado e Relao com a Cidade 79
2.5 Relao da Comunidade Crist como Espao Urbano .. 82
2.6 Projeto de Execuo da Igreja de N S do Amparo .. 82
2.7 Estado Atual da Edificao da Igreja e as suas Patologias .. 89
Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo
ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015
CAPITULO III Casos de estudo de Reabilitao de Edifcios Religiosos no
Concelho de Portimo
3.1 Casos de Estudo 95
3.1.1 Reabilitao da Igreja de N S da Conceio, Portimo . 96
3.1.2 Reabilitao da Igreja de N S da Conceio, Figueira . 104
3.2 Comparao dos dois Casos de Estudo . 110
CAPITULO IV Reabilitao da Igreja de Nossa Senhora do Amparo, Portimo
4.1 O Papel da Cobertura na Reabilitao do Edificado .111
4.2 A Cobertura: Imagem e Identidade Exterior do Edificado ..112
4.3A Cobertura: Reinterpretao do Espao Litrgico ..129
4.4 Reflexo entre dois conceitos de Reabilitao ..146
4.5 - Reflexo sobre a acstica na forma arquitetnica da igreja .148
CONCLUSO 154
BIBLIOGRAFIA ..157
INDICE de PLANTAS ...165
ANEXOS .168
Fotos da Maquete
Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo
23
ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015
INTRODUO
Estamos, com a presente investigao sobre a Igreja de Nossa Senhora do
Amparo,na presena de um espao religioso, que se carateriza por ser um
espao pensado segundo uma orientao, uma referncia, em que toda a sua
organizao espacial converge para um ponto central, o altar, para poderdar
resposta aos rituais litrgicos e ao mesmo tempo em funo dos mesmos, assim
estabelece-se o posicionamento de toda a simbologia, e o conjunto de cdigos
religiosos em volta dela. no espao sagrado que se torna possvel a
comunicao com Deus, na vertical. Apesar de existir vrias funcionalidades
neste espao, ele se experimenta de forma contnua, homognea e total.
O espao religioso na Igreja catlica est relacionado especialmente
com a palavra falada durante a liturgia. na liturgia que a comunidade se rene
em assembleia para fazer memria do mistrio Pascal onde se proclama a
palavra lendo as sagradas escrituras, refletindo e celebrando. Durante a liturgia
acontece vrios ritos, cada um com a sua funo, significado e objetivo na
celebrao. No entanto, esta liturgia desenvolveu-se e vivenciou-se de maneiras
diferentes, ao longo dos tempos. Durante o primeiro milnio, at o sc. VIII, a
comunidade crist tinha um carter comunitrio, em que participava ativamente
na liturgia. A sua centralidade era a Palavra adaptada s diferentes culturas, que
decorriam com simplicidade, garantindo o essencial, o Mistrio Pascal. Nos dois
ltimos sculos do primeiro milnio a liturgia mudada pela influncia dos povos
franco-germnicos, entrando numa fase nova com os movimentos culturais da
Reforma protestante e Contra-Reforma da Igreja, e no Concilio de Trento.
Prolongando-se pelo segundo milnio, acontece uma separao entre a
comunidade e o clero, aparecendo um individualismo religioso, uma
uniformidade Romana, com o latim como lngua obrigatria, muito cerimonial e
complicada, valorizando os elementos exteriores do culto. Nestas atitudes a
comunidade assistia passivamente liturgia. Foi tambm neste perodo que a
homilia vira sermo e aparece o plpito, espao elevado que fica numa parede
afastado do altar, tambm usado fora da liturgia para a catequese. Nesta altura
Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo
24 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015
o altar afasta-se cada vez mais do contato com a comunidade assim como o
padre coloca-se de costas para a assembleia, sendo a centralidade litrgica a
adorao ao Santssimo. S aps o Concilio do Vaticano II, no incio do sc. XX
que acontece uma reforma em que se passa de uma liturgia esttica privada,
liturgia do clero, com a sua prpria lngua e o povo como espetador, para uma
liturgia compreendida, comunitria, ativa, participativa, voltando-se ao espirito da
Igreja primitiva. Esta liturgia do clero centra-se na Palavra e no Mistrio
Pascal,procurando a simplicidade. Indo ao encontro das novas ideias propostas,
o espao fsico tambm se torna importante, na sua organizao, procurando
harmonizar a simplicidade, simbolismo e funcionalidade para uma melhor
participao dos fiis nas celebraes litrgicas e na procura do encontro do
homem com o transcendente.
A presente dissertao de mestrado aborda a reabilitao da Igreja
jesuta de Nossa Senhora do Amparo construda junto a uma capela j existente,
num bairro dos anos 70, na cidade de Portimo. assim um edifcio de natureza
religiosa, concebido com caractersticas prprias. Essas caractersticas foram
estabelecidas [] a partir da Stima Congregao Geral Jesuta, em 1558, em
que as fbricas de nova construo deveriam ter: salubridade, simplicidade,
economia, modstia e funcionalidade.(PATTETA, 2003, p. 393) A Stima
Congregao, em 1558, tambm determinava o programa das novas Igrejas,
quanto construes relativamente simples (Fig. 1). Dividiam-se em trs partes,
correspondendo cada uma destas a uma determinada utilizao: para o culto, a
Igreja com o coro e a sacristia; para o trabalho, as aulas e oficinas; para
residncia, os cubculos, a enfermaria e mais dependncias de servio, alm
da cerca, com horta e pomar (COSTA, 1941, p.13).
A tipologia em planta usada nasIgrejas Jesutas deviam ser um vasto
espao interior, livre de pilares ou colunas, que acentuava a convergncia visual
para o altar maior, permitindo uma mais profunda participao no evento litrgico
e ainda com a finalidade de abrigar um maior nmero de convertidos e curiosos.
Ainda no seu interior, ao longo das paredes, por cima das capelas abrem-se os
coretos, que se situam ao mesmo plano dos locais de habitao da comunidade
e em ligao direta com os mesmos (Fig. 2). Estes espaos proporcionavam
Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo
25 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015
aos padres e alunos a possibilidade de assistir s cerimnias religiosas sem ter
de se misturar obrigatoriamente com a multido de fiis presentes na Igreja
(PATTETA, 2003, p.394).
Figura 1: Igreja do Colgio de Portimo - Planta do R/C.
Figura 2: Vista geral do interior da Igreja do Colgio, (2011).
Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo
26 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015
Quanto sua localizao era fundamental, no caso de edifcios
religiosos Jesutas, que o edificado se situasse sobre espaos pblicos da
cidade, praas ou ruas, de preferncia, em frente a um espao aberto - um
terreiro - onde o povo se pudesse reunir e andar livremente. Os Jesutas
apresentam-se com palcios e no com conventos, com ptios e no com
claustros. Ao contrrio de outras ordens religiosas conseguem sempre construir
no centro da cidade (PATTETA, 2003,p.394).
Assim no edificado da Igreja de Nossa Senhora do Amparo, em
Portimo, estamos na presena de um espao religioso com caractersticas em
planta da chamada IgrejaSalo (Fig. 3, 4). A Igreja em estudo ento, ampla,
com um p direito que vai crescendo em altura desde a entrada para o altar. Por
cima do espao do coro e do Batistrio tem vrios vitrais que deixa entrar luz
direcionada para o altar. Lateralmente, a meio da nave, desenvolvem-se a
Capela do Santssimo de um lado, e no outro a Capela de Reconciliao.
Exteriormente a sua volumetria crescente do seu alado anterior para o posterior,
nos mostra a ligao do homem com o Divino. No seu interior, encontrar-se-,
uma cobertura constituda por uma estrutura de elementos de beto
prefabricado,de forma abaulada (cascas de beto), intercaladas com placas de
fibrocimento, que fazem a ligao entre as mesmas. Estas cascas de beto,
dispem-seseguindo o movimento ascendenteda entrada para o altar, local onde
a cobertura se torna plana.
Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo
27 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015
Figura 3: Planta do Piso 1 da Igreja N S do Amparo. Archivo da CMP, (n.d).
Figura 4: Panta da Cave da Igreja N.S. do Amparo. Archivo da CMP, (n.d).
Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo
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Figura 5: Igreja Nossa Senhora do Amparo Portimo. Alado nascente.
Figura 6: Igreja Nossa Senhora do Amparo (Interior, vista do altar).
Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo
29 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015
Problemtica
Destacamos como problemtica o facto de que ao longo dos anos se tem visto
no presente edifcio religioso a necessidade de melhora do seu funcionamento
programtico, a sua qualidade espacial, incluindo a melhora na transmisso da
Palavra Sagrada. Tem sido desde sempre constatado na Igreja de Nossa
Senhora do Amparo que a palavra falada no escutada harmoniosamente no
espao interior, quando proclamada a partir do seu espao central, o presbitrio.
A cobertura no desempenha convenientemente as funes a que foi destinada,
quer as suas condies acsticas quer as condies trmicas e ventilao.Assim
sendo estamos na presena de vrios fatores que necessitam de uma reflexo
que nos leve soluo ideal e conciliadora dos diferentes problemas.
Comeamos por nos questionar, quais so os parmetros a ter em conta na
reabilitao de um edifcio religioso?
A reabilitao da Igreja de N S do Amparo, deve conciliar o pr-
existente com a nova interveno de maneira a obter-se o melhor desempenho,
desde o ponto de vista ritual, simblico e funcional da Igreja. Na conceo,
formalizao e materializao dos edifcios religiosos, podemos refletir numa
evoluo no papel da cobertura.Relativamente a este tema, as Igrejas ao longo
dos tempos foram formalizando diferentes solues de cobertura, no havendo
inicialmente grande preocupao com a acstica das mesmas, pois que a
maioria dos fiis no compreendia o latim, lngua oficial da Igreja Catlica. Com
o Concilio Vaticano II, verifica-se uma preocupao na melhoria da acstica
destes edifcios religiosos, pois a liturgia passou a ser proferida na lngua de
cada pas e a msica dentro da Igreja cantada por todos.
Objetivos
Desde o ponto de vista funcional e programtico, a reabilitao da Igreja de
Nossa Senhora do Amparo, deve melhorar o seu uso programtico em planta, e
o conforto acstico e trmico do edificado. Desde o ponto de vista simblico, a
reabilitao da Igreja deve melhorar e conseguir proporcionar um espao
litrgico e sagrado apto para a reunio e a celebrao do memorial de Cristo.
Toda a organizao espacial e tudo o que compe o local da celebrao devem
Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo
30 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015
criar um ambiente que nos leva vivncia da realidade simblica ali expressa,
onde se faz o encontro e a experincia de Deus. Ainda pela sua forma, a Igreja
deve manifestar o simbolismo nele contido. Um espao de dilogo entre F,
Liturgia e Sociedade. Desde o ponto de vista do ritual, a reabilitao da Igreja de
N S do Amparo deve melhorar, considerar e integrar o espao da cave que
inicialmente serviu de cripta. O espao da cave poder contribuir para um melhor
desempenho das atividades inerentes do programa do edificado. Assim como o
jardim envolvente, e que contm uma pequena capela centenria, poder
converter-se num espao de meditao e reflexo.
Hiptese
Deve salientar-se que o objetivo da presente dissertao no est na interveno
unicamente na cobertura para a substituir, reparar e melhorar. Na realidade a
cobertura vai ter um papel protagonista na reformulao espacial do edificado e
atravs da cobertura conseguiremos repensar, reformular, reconsiderar, em
suma, reabilitar o espao sagrado. Considera-se a cobertura, ao mesmo tempo,
um elemento funcional e conceptual ligado ao espao ritual e significao
espacial sagrada. o elemento central da reabilitao que vem configurar um
novo espao interior sagrado e reformular a volumetria exterior e
consequentemente a renovao da imagem da Igreja, tanto no seu espao
interior como no seu papel identitrio como elemento arquitetnico referencial
que ter uma influncia na transformao do espao urbano circundante.
Metodologia
A presente dissertao sobre a reabilitao de um espao religioso jesuta em
Portimo desenvolve-se atravs de dois tipos de abordagem de interveno.
Numa primeira abordagem de reabilitao a cobertura altera a imagem total do
edificado, do espao interior e doexterior, transformando a identidade
arquitetnica do edificado. Numa segunda abordagem, a interveno de
reabilitao centra-se na transformao do espao interior, e a nova cobertura
preserva a identidade exterior do edificado existente.
Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo
31 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015
Estrutura
Apresente dissertao estrutura-se e desenvolve-se em quatro captulos. No
primeiro, referente aos Edifcios Religiosos, analisaremos estes espaos
religiosos, partindo da sua evoluo histrica. Tambm procuraremos entender
a sua disposio espacial e programtica relacionando-a com a liturgia e com o
simbolismo no espao sagrado. Finalmente, e dentro de este mesmo captulo,
abordaremos o estudo da Ordem Jesuta, e a relao com o espao religioso.
No segundo capitulo, sobre a Igreja de NS do Amparo em Portimo,abordar-
se- os parmetros arquitetnicos desta Igreja, o seu relacionamento com a
comunidade crist e com a envolvente urbana em que se integra.Tambm ser
referido, neste segundo captulo, o estado atual deste espao religioso, com
deficincias no seu estado de conservao e funcionamento programtico. No
terceiro captulo, em que referenciado os Casos de estudo de Reabilitao de
Edifcios Religiosos no Concelho de Portimo, refletiremos sobre os problemas
de patologias que mais afectam os edifcios religiosos, assim como ser
apresentado dois estudos de caso, escolhidos no concelho de Portimo que vem
um pouco ao encontro da problemtica sobre a reabilitao da Igreja de Nossa
Senhora do Amparo. No captulo quarto, que nos reporta para o tema da
Reabilitao da Igreja de Nossa Senhora do Amparo, Portimo, utiliza-se a
pesquisa arquitetnica atravs do projeto, onde explicaremos as estratgias de
interveno no edificado, analisando os pros e contras de cada uma das duas
solues, no que respeita melhoria do espao litrgico e da palavra falada, o
espao simblico, o papel da cobertura na transformao ou preservao da
identidade da Igreja e a integrao com a sua envolvente urbana. Ainda se
refletir sobre a acstica na forma arquitetnica das duas propostas
arquitetnicas de reabilitao da Igreja, no entendimento da comparao do seu
desempenho acstico, na problemtica apresentada.
Relevncia
Encontra-se na reflexo sobre o papel da reabilitao, nos edifcios religiosos,
nos seus diferentes nveis de interveno, os quais partem de aspetos que
Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo
32 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015
podem incluir desde a sua restaurao na melhora da sua conservao at a
reabilitao integral do edifcio e a nova conceptualizao do espao
sagrado.Toda a reabilitao integral de um edifcio religioso incorpora mudanas
e melhora o espao litrgico, simblico e funcional.
Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo
33 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015
CAPITULO I EDIFICIOS RELIGIOSOS
1.1 HISTRIA DA IGREJA E SUA EVOLUO
No entendimento da histria da Igreja e sua evoluo, comearemos por refletir
sobre o que um edifcio religioso, seu significado e sua representao com todo
o seu simbolismo.
Igreja quer dizer, reunio ou assembleia do povo para o culto divino, e
no propriamente construo de um edifcio. Tanto que at 200 anos d.C., no
existiam Igrejas como hoje as compreendemos, j que o cristianismo
desenvolveu-se no seio do paganismo imperial e da religio estatal. Era muito
difcil, naquela altura ser cristo, pois que ao no serem, esta comunidade
religiosa, reconhecida, viviam um pouco margem da vida pblica, por
conseguinte, muito mais complicado seria construir Igrejas.
Comecemos por refletir, como se desenvolveu a Igreja ao longo dos
tempos.Desde sempre, o homem teve necessidade de possuir um lugar prprio
para orar e fazer o encontro com Deus. Sendo assim os primeiros cristos
reuniam-se em casas comuns emprestadas ou doadas, estas eram chamadas
Igrejas domsticas. Tambm eram usados para o culto as capelas morturias
dos cemitrios, chamadas Catacumbas Romanas.
Figura 7: Catacumba crist em Roma, meados do sc.IV.
Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo
34 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015
1.1.1 A Baslica Crist
Com o dito de Milo no ano 313, no sculo III d.C., foi reconhecida a inteira
liberdade de culto a todos os cidados do imprio e uma nova era comea para
o cristianismo. O Palcio de Latro oferecido por Constantino ao papa e o seu
tribunal foi transformado em salo de culto. A partir desta altura outros espaos
foram construdos sua semelhana. As Baslicasque comearam a construir-
se tinham a mesma forma que um tpico tribunal de justia romano. Eram
grandes sales que se destinavam a acomodar grandes congregaes.
Possuam uma nave central com longas fileiras de colunas, naves laterais e um
arco do triunfo entre a nave principal e o santurio. O altar fica separado das
paredes da abside semicircular sob um baldaquino apoiado em quatro colunas.
O interior das Igrejas eram ornamentados com mosaicos de vidro nas paredes,
anteparos do altar, cadeira do bispo e castial pascal, visando criar um efeito
reluzente e rico, provocando uma sensao de majestade. Havia ainda a
utilizao de metais preciosos e marfim em objetos litrgicos. Mais tarde, por
volta de 590 a 604, com o papa Gregrio Magno e com o culto dos mrtires, foi
elevado o pavimento da abside, construindo um altar permanente de pedra logo
acima do tmulo, ficando por baixo uma cripta onde se colocava as relquias do
santo.(ANSON e LASSUS,A Igreja atravs dos tempos, Em
www.eclesia.com.br/biblioteca/histria da Igreja. Parte II, acesso em 21 de
Fevereiro de 2015).
Figura 8 e 9 : Planta e interior da Baslica de So Joo de Laterano. Roma, 318 D.C.
https://coisasdaarquitetura.files.wordpress.com/2011/09/sc3a3o-joc3a3o-de-laterano-cc3b3pia.gif
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1.1.2 A Igreja Bizantina
Quinze anos depois do dito de Milo, a sede do governo do imprio foi
transferido para Bizncio, onde as novas Igrejas tinham como caraterstica a
cpula de formas variadas. Havia uma cpula central e outras cpulas menores
agrupadas ao seu redor e alm disso a sua forma era quadrangular. Ainda o
imperador Justiniano mandou erguer um anteparo de colunas altas criando uma
barreira que atravessava a Igreja e separava o clero da assembleia. Tornou-se
o trao marcante da arquitetura bizantina, muito diferente das baslicas romanas.
Na sua decorao interior, as paredes eram cobertas com mosaicos de figuras
simblicas, sobre um fundo dourado, proporcionando uma rara beleza assim
como a sua majestosa decorao de superfcie, criando assim uma atmosfera
de um lugar de culto tipicamente bizantino. As figuras planas vieram substituir as
esttuas proibidas, pois estas poderiam levar os fiis idolatria. (ANSON e
LASSUS, A Igreja atravs dos tempos, Em
www.eclesia.com.br/biblioteca/histria da Igreja. Parte III e IV, acesso em 21 de
Fevereiro de 2015).
Figura 10 e 11: Corte e planta e interior da Baslica de Santa Sofia de Constantinopla, 532-537 d.C.
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1.1.3 A Igreja Romnica
Durante a Idade Mdia (sculo V ao XV),desenvolveu-se um perodo de
ascenso relativamente arquitetura religiosa, pois que as catedrais dominavam
a cidade com seu volume e altura, caraterizando a religio catlica e o poder e
riqueza da mesma. A Igreja era a instituio mais influente da poca. Defendiam
o teocentrismo, em que o homem tinha em Deus o centro das suas
preocupaes. Foi durante este perodo que se constituiu o Estado do Vaticano,
em Itlia, onde surgiu uma baslica no lugar em que foi enterrado o primeiro dos
apstolos. Esta baslica deu origem Igreja mais importante de toda a
cristandade, a Baslica de S. Pedro.
O que mais se evidenciou neste perodo histrico foi a introduo do
transepto, o corpo saliente perpendicular nave que confere planta a sua
forma de cruz, as torres de cruzeiro e um prtico monumental de entrada no
templo, na fachada ocidental.No entanto, s grandes baslicas do sculo IV,
sucede-se um perodo de sbita diminuio de escala nas edificaes religiosas.
Inicialmente as Igrejas eram construes simples, pouco elaboradas, em
madeira e mais tarde, com o desenvolvimento de novas tcnicas de construo,
foram substitudas por pedra e carvalho. No sculo X as baslicas romanas
passaram a servir de base para a construo de novas Igrejas, procurando que
as mesmas fossem cada vez mais imponentes e grandiosas. Surge ento o estilo
Romnico, um novo entendimento das formas romanas clssicas que tem como
caratersticas: a construo de paredes macias, pilares muito grossos que
sustentam arcos semicirculares, teto abobadado de pedra, janelas pequenas,
com interiores pouco iluminados e muito compartimentado separando os
religiosos e o coro dos leigos, e com a predominncia das linhas horizontais.
Estas Igrejas eram construdas em pedra que proporcionava ao templo solidez
e perpetuidade, passando a ideia de construes pesadas. Chamada a
fortaleza de Deus, as Igrejas deviam ser fortes e resistentes para barrar as
foras do mal. Vive-se uma forte espiritualidade nesta poca. No entanto poucos
sabiam ler, e com objetivo de ensinar os princpios da religio catlica foi
utilizado, esculturas e pinturas dentro das Igrejas que transmitisse tal
conhecimento. Esta tipologia construtiva predominou at ao seculo XII.(ANSON
Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo
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e LASSUS, A Igreja atravs dos tempos, Em
www.eclesia.com.br/biblioteca/histria da Igreja. Parte VII, acesso em 21 de
Fevereiro de 2015).
Figura 12 e 13 : Planta e interior da catedral de Santiago de Compostela, construda entre os anos de 1075
e 1128.
1.1.4 A Igreja Gtica
J no seculo XIII, com o aumento da riqueza e o progresso cultural, a Igreja
catlica procurou um estilo arquitetnico que exprimisse as ideias de uma nova
poca, em que o verdadeiro centro dogmtico e intelectual da cristandade
passou a ser a Universidade de Paris, surgindo assim em Frana, o estilo Gtico
que tem como caratersticas, o seu formato - vertical, demonstrando a
proximidade com Deus. As janelas em grande quantidade rendilhadas de pedra,
preenchidas por vitrais coloridos proporcionavam uma maior iluminao no
interior. A leveza e a harmonia dos traos, arcos de volta quebrada e ogivas,
paredes mais finas e de aspeto mais leve. As fachadas so primorosamente
esculpidas, apresentando na parte inferior trs grandes portas, ao centro
grandes janelas e uma roscea, encimadas por ogivas. Usavam o plano
cruciforme, com uma nave central longa e outras laterais. Os tetos ogivais das
naves de grande altura eram apoiados em pilastras compostas por vrias
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colunas finas que proporcionavam resistncia e elasticidade. Assim pelas
caratersticas referidas estas Igrejas, so de construes complexas,
requintadas, formalmente rigorosas e ricas de pormenor, proporcionando na sua
imensa verticalidade leveza e reflexo sobre a transcendncia celeste. Estes
templos grandiosos eram o orgulho dos bispos e dos burgueses ricos das
grandes cidades, visveis a quilmetros de distncia.(GOZZOLLI,1978,p.8).
Figura 14 e 15: Planta e interior da Igreja da. Catedral de So Patrcio,Manhattan, Estados Unidos.
1.1.5 A Igrejade Cruz Grega
Entre o sculo XIII e XVIII, aconteceram grandes mudanas culturais. o
perodo do Renascimento, onde se procurava o renascer da cultura da
Antiguidade Clssica greco-romana. A Igreja Catlica perdeu muito poder
politico e prestigio no seu meio religioso. O homem era o centro de todas as
atenes e no Deus, como era anteriormente. Entretanto aparece o movimento
Protestante e Calvinista que contriburam para a alterao da expresso exterior
do catolicismo medieval nas Igrejas, no ritual e no cerimonial. A partir do seculo
XV, a Igrejaevolui da planta basilical em cruz latina para plantas quadradas ou
de cruz grega e centrada (a procura da perfeio e do absoluto). (Em
Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo
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http://pt.slideshare.net/ccosta62/arquitectura-renascentista-14543442, acesso
em 04.05.2014) As paredes eram decoradas com pinturas e esculturas, a
cobertura usavam-se abbadas de bero e aresta, preferencialmente as cpulas,
a fachada e o portal eram a entrada triunfal.
Figura 16 e 17: Planta e interior da Baslica de S. Pedro em Roma. Iniciada a sua construo em 1506 com
uma planta de cruz grega, Donato Bramante.
1.1.6 A Igreja Barroca
J no seculo XVI, seguindo as orientaes do Concilio de Trento no ano de 1546,
foi imposta na construo das Igrejas a nave nica, criando a viso do espao
absoluto, com o objetivo de permitir que um maior nmero de fiis vejam o altar-
mor. Este novo tipo de Igreja era ideal para levar a religio s massas. Atingiu-
se nesta altura a perfeio, mostrando solenidade e grandeza, uma arquitetura
arrojada e esplendida. Assim foi nesta perodo que comeou a ser construda a
maior e sumptuosa Igreja do mundo, a Baslica de So Pedro.
No desenvolvimento do estilo Renascentista, movimento que se
interessa pelos elementos artsticos e culturais da Antiguidade Clssica,
procurando a harmonia e simplicidadesurge em sua oposio, o estilo Barroco
(sc. XVI, sc. XVIII), aparecendo inicialmente em Itlia e depois espalhando-se
por toda a Europa. um perodo em que a Igreja procura recuperar o seu espao
perdido, uma resposta Reforma Protestante. Tem como caratersticas: a
planta oval, utilizava-se a perspetiva falsa ou iluso tica, atravs da pedra,
http://pt.slideshare.net/ccosta62/arquitectura-renascentista-14543442
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mrmore, estuque, gesso, pintura, folhas de prata, ouro e estanho. Introduziram-
se o mximo de linhas sinuosas e curvas. Foi abandonado a disposio
tradicional do altar e do coro. Sendo projetada para criar um efeito dramtico
houve um grande cuidado na iluminao interior. O exterior possui colunas
assentadas em curvas convexas e cncavas, a estrutura inteira parece oscilar e
torcer-se. Todas as artes foram utilizadas para transformar estas Igrejas numa
obra de arte total obtendo uma maravilhosa unidade. (Em
www.eclesia.com.br/biblioteca/histria da Igreja. Parte VIII). Visavam dar uma
impresso de movimento e espao, criando efeitos ticos deslumbrantes nos eus
interiores.Era uma arquitetura mais acessvel s emoes e tambm uma
declarao visvel da riqueza e do poder da Igreja. Volta-se s questes
espirituais em oposio ao racionalismo renascentista. Era a arte da Contra
Reforma, aparece em finais do sc. XVI, muito luxo, colorido e ouro, alm de ter
um carter didtico visto que a maioria da populao era analfabeta.
A partir do seculo XVIII, houve um perodo de cem anos que ficou
conhecido como a Batalha dos Estilos, em que se debatiam entre os adeptos
do estilo Gtico e o estilo Clssico, cada um querendo se impor quando da
construo de uma nova Igreja. Os defensores da Renovao Gtica defendiam
que somente sob arcos ogivais se poderia adorar Deus (ANSON e LASSUS, A
Igreja atravs dos tempos, Em www.eclesia.com.br/biblioteca/histria da Igreja.
Parte IX, acesso em 21 de Fevereiro de 2015).
No final do sculo XIX, ansiava-se por algo mais original, pois que sentia-
se um certo cansao relativamente aos estilos usados at aquela altura.
Figura 18 e 19: Planta e interior da Igreja de So Francisco,Salvador, na Bahia, Brasil.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Salvador_(Bahia)http://pt.wikipedia.org/wiki/Bahiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil
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41 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015
1.1.7 A Igreja Moderna
No sculo XX e aps a Primeira Guerra Mundial, gerou-se um movimento
teolgico-litrgico na Alemanha e Sua, que colocava a celebrao da missa no
centro do culto cristo. Este facto seria o responsvel pelo Renascimento de
uma nova-arquitetura religiosa no seculo XX. Esta orientao doutrinal refletia-
se nas novas Igrejas, em que se tinha em conta a centralidade espacial do altar
em planta. O espao litrgico era participativo, em que o espao do padre se
entrosava com a presena e participao dos fiis, utilizando para isso a forma
do anfiteatro. Procurava-se que a espacialidade fosse mais informal, orgnica,
atraente, moderna e contempornea. o Movimento de Renovao da
Arquitetura Religiosa que impulsionou a atualizao da liturgia e da arquitetura
religiosa, confirmada e oficializada pelo Concilio Ecumnico. O Papa Pio XII, em
1947, escreveu a encclica Mediator Dei em que aborda os aspetos do culto e
d orientaes aos arquitetos sobre restauro e reconstruo de todas as Igrejas
na altura danificadas na guerra. (Em www.eclesia.com.br/biblioteca/histria da
Igreja. Parte X, acesso em 19.04.2014).
Segundo a Encclica referida podemos constatar as suas indicaes
sobre as artes em geral no culto litrgico que iam procura do equilbrio entre o
pensamento do novo movimento litrgico, a modernidade e a prpria liturgia.
As imagens e formas modernas no se devem desprezar nem proibir-se em
geral por meros preconceitos, mas de todo necessrio que, adotando-se
equilibrado meio termo entre um servil realismo e um exagerado simbolismo, com a
vista mais posta em proveito da comunidade crist que no gosto e critrios pessoais
do artista, tenha livre campo a arte moderna, para que tambm sirva, dentro da
reverncia e decoros devidos aos lugares e atos litrgicos Por outra parte nos
sentimos precisados a ter que reprovar e condenar certas imagens e formas
ultimamente introduzidas por alguns que sua extravagncia e degenerao
esttica unem o ofender claramente mais de uma vez ao decoro e piedade e
modstia crist, e ofendem ao mesmo sentimento religioso, tudo isso deve afastar-
se e desterrar-se em absoluto de nossas Igrejas, e em geral, tudo o que nega a
santidade do lugar(PIO XII, Enciclica Mediator De, em
www.ebah.com.br/content/ABAAAgRb8AJ/espaco-arte-sacra?part=2, acesso em
16 de Fevereiro de2015).
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgRb8AJ/espaco-arte-sacra?part=2
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Figura 20 e 21: Planta e Interior daCapela de Ntre Dame du Haut, Ronchamp, Le Corbusier,(1950 1955).
As novas Igrejas construdas no sc. XX tem como caratersticas, a
centralidade do altar e a sua proximidade da assembleia dos fiis. A utilizao
dos modernos mtodos de engenharia permite a existncia de grandes espaos
sem interrupo de colunas, com a utilizao de materiais como o beto, o ao
e ovidro. Assim possvel o aparecimento das Igrejas com a planta salo.A
Igreja deve expressar as virtudes crists da pobreza, humildade e simplicidade
assim como a majestade de Deus
Figura 22 e 23: Planta e interior da Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, Braslia, Oscar
Niemeyer (1958).
https://histarq.files.wordpress.com/2012/09/19-ronchamp02.pnghttp://www.universoarquitectura.com/wp-content/uploads/Catedral-de-Brasilia.jpg
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1.2 LITURGIA E DISPOSIO ESPACIAL PROGRAMTICA
1.2.1 A Liturgia
O conceito de Liturgia, transporta-nos paraservio, ao, trabalho. Liturgia no
sentido civil, um servio feito para o povo ou servio diretamente prestado
para o bem comum. No sentido religioso, liturgia refere-se ao culto que os
antigos sacerdotes prestavam a Deus em nome do povo.Sendo a Liturgia ao,
implica movimento que se vai expressar mediante palavras e gestos feitos de
sinais sensveis. a ao do povo reunido que procura expressar a sua f em
Deus, celebrando momentos especiais.Como momento especial, na liturgia
catlica, celebra-se o mistrio de Cristo. O centro da liturgia, a pscoa de
Cristo, sua vivncia, morte, ressurreio e ascenso. Na liturgia catlica faz-se
memria da histria da salvao.
A memria realizada com as aes rituais que comportam leitura e interpretao
das Sagradas Escrituras, num contexto de dilogo ntimo entre os parceiros da
aliana (o Senhor Deus e o seu povo), na espera da vinda e interveno definitiva
do Senhor na histria. (BUYST; FRANCISCO, 2004, p. 15)
Para celebrar a liturgia, as pessoas renem-se num espao celebrativo,
o lugar do encontro e da relao do homem consigo mesmo e com os outros, e
de todos com o Todo. a comunidade reunida em assembleia, formada pela
liturgia. Na Igreja crist, o local onde os fiis se renem, o templo que acolhe,
abriga e protege toda uma comunidade nas suas celebraes litrgicas.
Para o cristo, claro que o templo em si no o lugar da presena de Deus (Jo
4,23) mas precisamente o lugar da assembleia em que Deus se faz presente.
(BARBIO, 1990, p.176)
1.2.2 Elementos da Liturgia
Na assembleia crist reunida, encontramos o primeiro elemento que constitui
uma celebrao litrgica, o encontro reunindo todos os fiis para celebrar o
mistrio pascal, a pscoa de Jesus Cristo.Nesse encontro, aparece um outro
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elemento litrgico, que quem preside reunio de toda uma comunidade, o
ministro (padre) que representa a Igreja reunida.
() Estes servidores so escolhidos e consagrados pelo sacramento da Ordem,
pelo qual o Espirito Santo os torna aptos a agir na pessoa de Cristo-Cabea ao
servio de todos os membros da Igreja. O ministro ordenado como que o cone
de Cristo-sacerdote. Uma vez que na Eucaristia que se manifesta plenamente o
sacramento da Igreja, em primeiro lugar na presidncia da Eucaristia, que aparece
o ministrio do bispo, e, em comunho com ele, o dos presbteros e diconos.
(Secretariado da Conferncia Episcopal Portuguesa [CEP], Catecismo da Igreja
Catlica,1993, item 1142).
Esta Igreja reunida, a celebrao da Eucaristia, ao litrgica central
da f crist, ou seja a missa. Esta realizada no tempo, ontem, hoje e amanh,
num determinado momento do dia, da semana, do ano, em momentos especiais
da vida ou da histria. O tempo litrgico, outro elemento a referir. Assim o ano
litrgico organiza-se por vrios ciclos com significados e vivncias diferentes,
prprias no entendimento da f e na sua expresso. Fazem parte dele o ciclo do
Natal, que tem uma preparao durante quatro semanas, chamado Advento; o
ciclo da Pscoa, com uma preparao de 40 dias, a Quaresma, o Trduo Pascal,
pilar de toda a histria da salvao e por fim o Tempo Pascal, durante 50 dias
terminando no Domingo de Pentecostes; o ciclo do Tempo Comum que decorre
por 33 a 34 domingos em que se divide por duas partes, o primeiro entre o Natal
e a Quaresma e o segundo entre a Pascoa e o Advento.
Partindo do Trduo Pascal, como da sua fonte de Luz, o tempo novo da
Ressurreio enche todo o ano litrgico da sua claridade. Ininterruptamente, dum
lado e doutro desta fonte, o ano transfigurado pela Liturgia. realmente ano da
graa do Senhor.() (CEP, Catecismo da Igreja Catlica, 1993, item 1168)
Na sequncia do tempo litrgico, na celebrao eucarstica, que se faz
memria de Jesus sobre a ltima ceia com os seus discpulos. Na sua entrega
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ao Pai por amor de toda a humanidade, desenvolve-se momentos muito ricos
em simbolismo que so repetidos para sempre pela vontade de Jesus Cristo.
A Eucaristia divide-se emliturgia da palavra e liturgia eucarstica
comeando pelos ritos iniciais e tendo como concluso os ritos finais. na
Liturgia da palavra que se encontra outro elemento litrgico, onde acontece a
leitura das Sagradas Escrituras e sua explanao, refletindo sobre os
ensinamentos transmitidos e criando um dilogo de toda a comunidade com
Deus.
A Liturgia da Palavra parte integrante das celebraes sacramentais. Para
alimentar a f dos fiis, os sinais da Palavra de Deus devem ser valorizados: () ,
a homilia do ministro, que prolonga a sua proclamao, as resposta da assembleia
() (CEP, Catecismo da Igreja Catlica, 1993, item 1154)
Os ritos e os textos litrgicos so como um roteiro, um esquema celebrativo, no
qual devemos colocar entusiasmo, participao, sentido, vida. (MELO em SILVA e
SIVINSKI, 2001, p.41)
Tambm na Eucaristia, encontramos um outro elemento litrgico: o
canto. Este desenvolve-se desde o incio do ofcio religioso at ao seu trmino.
O canto ajuda a celebrar o culto eucarstico na procura de Deus atravs da Igreja.
A sua funo criar comunho convocando a assembleia que pela fuso das
vozes junta cada um no encontro com o transcendente, e que no final esta ao
litrgica leva o cristo a sentir-se mais comprometido, com esperana e a
sensao de ter crescido em fraternidade.
O canto e a msica desempenham a sua funo de sinais, de um modo tanto mais
expressivo, quanto certo que esto intimamente unida (s) () ao litrgica
(SC 112), segundo trs critrios principais: a beleza expressiva da orao, a
participao unnime da assembleia nos momentos previstos e o carter solene da
celebrao. Participa, assim, na finalidade das palavras e das aes litrgicas: a
glria de Deus e a santificao dos fiis. (CEP, Catecismo da Igreja Catlica, 1993,
item 1157)
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No caminho da Igreja, a liturgia acompanha o percurso de f de cada
um, com gestos feitos de sinais sensveis, aes simblicas para cada momento
especial a vivido. Outro elemento litrgico, os sacramentos, dividem-se por:
Batismo, Confirmao, Eucaristia (sacramentos da iniciao crist),
Reconciliao, Uno dos enfermos (sacramentos de cura), Ordem e Matrimnio
(sacramentos dos que esto ao servio da comunho e da misso dos fieis).
() Os sete sacramentos tm a ver com todas as fases e momentos importantes
da vida do cristo: conferem nascimento e crescimento, cura e misso vida de f
dos cristos. Existe uma certa semelhana entre as fases da vida natural e as da
vida espiritual. (CEP, Catecismo da Igreja Catlica, 1993, item 1210)
Para terminar ainda temos o elemento litrgico do prprio espao
religioso, aquele onde todos se congregam, se renem, que atrai, que cria
ambiente, que vivncia todos os elementos anteriormente referidos.
O culto, no estava ligado ao espao religioso, porque inicialmente a
liturgia estava ligada Igreja-assembleia, e Cristo era o verdadeiro templo de
Deus, assim como toda a Igreja. No entanto a Igreja terrestre tem necessidade
de um espao fsico de acordo com as vivncias da sua f.
O culto em espirito e verdade (Jo 4,24) da Nova Aliana no est ligado a um
lugar exclusivo. Toda a Terra santa e confiada aos filhos dos homens. (CEP,
Catecismo da Igreja Catlica, 1993, item 1179)
Na sua condio terrena, a Igreja tem necessidade de lugares em que a
comunidade possa reunir-se: as nossas Igrejas visveis, lugares sagrados, imagens
da Cidade Santa, (CEP, Catecismo da Igreja Catlica, 1993, item 1198)
A Igreja catlica na sua edificao apresenta um espao de reunio,
celebrativo e de meditao, tendo que ser funcional e confortvel, para se poder
desenvolveras aes litrgicas e a participao de toda a comunidade.
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() Na construo de edifcios sagrados, tenha-se grande preocupao de sejam
aptos para l se realizarem as aes litrgicas e permitam a participao ativa dos
fieis. (Secretariado Nacional do Apostolado da Orao (AO). Conclio Ecumnico
Vaticano II, 1963, item 124)
Este espao religioso uno, hierarquizado e dinmico, apesar de ser
composto por diferentes espaos relacionados com os diversos ministrios de
acordo com a liturgia e que formam o ambiente litrgico total. A sua organizao
interna, a arquitetura interior, o mobilirio, a arte, o visual compem o local de
celebrao de maneira a ser entendido e vivenciado com o simbolismo dos
rituais.
() a Igreja-construo abriga a Igreja-gente. A construo de uma Igreja expressa
a Igreja-comunidade, sua estrutura deve transparecer o mistrio que d vida s
comunidades crists. (BUYST, 2001, p.135)
Assim o programa de uma edificao religiosa prope a existncia de
um espao amplo, a nave principal, em que se acede por um trio ou hall de
entrada. Dessa nave ento encontramos outros espaos como o presbitrio,
onde se celebra a liturgia e onde se situa o celebrante e os seus ministros. O
presbitrio contm o altar, a cadeira da presidncia e o ambo. No batistrio,
espao onde se realiza o batismo, com a fonte batismal, pode-se situar numa
capela lateral, na entrada da Igreja ou na frente da assembleia. A capela do
santssimo, um espao destinado ao sacrrio, onde se conserva a Santssima
Eucaristia. A capela de reconciliao, o local de dilogo entre o crente e o
padre na sua confisso individual. O coro, o espao destinado aos cantores e
msicos que acompanham as celebraes litrgicas. A sacristia, o espao de
apoio e de preparao para as funes litrgicas.
Podemos constatar a grande interligao programtica do espao
religioso com a liturgia em que os seus elementos se encadeiam, sucedem-se,
dependem uns dos outros e se completam para formar o Todo e ir ao encontro
de Deus.
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A Liturgia simultaneamente a meta para a qual se encaminha a ao da Igreja e
a fonte de onde promana toda a sua fora. (AO, Conclio Ecumnico Vaticano II,
1963, item 10)
1.2.3 Liturgia e espao celebrativo
A liturgia desde sempre teve grande influncia na organizao espacial no
interior do edifcio religioso. Tem a sua origem na liturgia hebraica, em que se
reuniam em memria da libertao do povo de Israel da escravido do Egipto
ceia pascal judaica.
Sinagoga
Estas reunies aconteciam nas sinagogas, durante o exilio dos judeus, pois no
tinham acesso ao Templo. Sinagoga, significava assembleia.Era a sinagoga, o
local escolhido por Jesus, para pregar e ensinar sobre o Reino de Deus.
Jesus percorria toda a Galileia, ensinando em suas sinagogas, pregando o
Evangelho do Reino () ( Novo Testamento, Mateus 4,23)
No espao litrgico das sinagogas vivia-se o conceito de assembleia,
eram simples espaos, organizados por uma zona central, com uma arca onde
se guardava os rolos das Escrituras Sagradas, perto da arca, e voltados para a
assistncia, encontrava-se o lugar do presidente da sinagoga e convidados
importantes, ainda ao centro uma plataforma com uma tribuna para o orador,
para a leitura das Sagradas Escrituras. Em volta desta zona central em trs lados
havia bancos para a assembleia.
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Figura 24: Sinagoga no tempo de Jesus.
A partir do mistrio de Cristo, os primeiros cristos reuniam-se para fazer
memria da ltima Ceia do Senhor, um novo entendimento da ceia pascal
judaica, no entanto herdaram algumas caratersticas do culto judaico como por
exemplo, a organizao da liturgia da Palavra na sinagoga. Assim continuaram
at surgirem diferenas entre eles, o que provocou o afastamento dos cristos.
Casa Romana
Para estes primeiros cristos, tinham no seu culto como principal caraterstica
litrgica, a reunio. O seu templo era a sua prpria assembleia.Comearam
ento a utilizar casas de famlias abastadas, oferecidas para se realizar as
reunies da comunidade crist, em que o seu espao se organizava por:
1 - trio;
2- Tablnio uma espcie de santurio familiar - passa a ser o local do
celebrante;
3- Peristilo - o ptio interno a assembleia se rene neste lugar para a pregao
4- Triclnio o refeitrio da casa - onde o povo celebra a ltima ceia em memria
de Jesus.
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50 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015
Figura 25: Casa romana.
.
Casa da Igreja
Entretanto o nmero de fieis aumenta e surgem novos locais, a casa da Igreja
a domus eclesiaea, so salas maiores adaptadas ao culto.
O templo enquanto edifcio material ser denominado, por essa razo, nos
primrdios do cristianismo, no Igreja, mas casa da Igreja, domu
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