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10 Cultura

Jeany Amorim é professora de artes

Jeany [email protected]

Nunca o resgate da cultura popularfoi tão difundido por educadores e outrosprofissionais que, de alguma forma, estãoligados à formação do ser humano. Maisdo que saberes e histórias, a cultura popularé a alma de um povo, a escrita mais genuínaque se pode encontrar, pois nasce da terra,da simplicidade e da autenticidade desaberes, vivências, expressões e buscas.

O respeito ao conhecimento dosmais velhos e a celebração dasmanifestações populares fizeram com queessas raízes encontrassem terra fértil emNova Friburgo, através das mãos deeducadores e mestres.

Exemplos belos como o projeto“Cirandeiros da Infância” e o “Ponto deCultura da Oficina Escola “As Mãos de Luz”(página 13), são a certeza de que hágrandes “escolas” e escolhas a serem feitasem prol de uma educação do SER. Bastaque tenhamos os olhos e os corações bemabertos para este desafio.

Bento que Bento é o Frade...- Fraaade!

Na boca do forno...- Foooorno!!!

Tudo o que seu mestre mandar...- Faremos todos!

Seu mestre mandou...De mão dadas, na roda: brincar,

dançar e cantar as cirandas de todas asinfâncias!

Os Cirandeiros da Infância

Durante 3 meses, 60 educadores– professores, auxiliares, contadores dehistória, merendeiras e estudantes domagistério – se reuniram na Oficina Escolade Artes, semanalmente, para pesquisa,estudo, resgate e prática de jogos,brincadeiras, cantigas e danças em Roda.Este projeto integra o Prêmio “InteraçõesEstéticas em Pontos de Cultura”, daFUNARTE e é fruto da semente lançadapela Educadora Mariane Canella -professora da rede pública há mais de 30anos, artista de rua, contadora de histórias,música (violão) e cantadora de Folias deReis - cuja atuação sempre foi voltada àpreservação dos valores da Infância,especialmente através da Arte.

Sobre o objetivo do projeto, aeducadora enfatiza:

- “Este trabalho tem um tom decultura militante, calcado na crença de que,quanto mais Rodas de crianças e adultos

brincantes se fizerem realidade, seimplementadas como rotina em suas vidas,tanto mais resgates de raízes desolidariedade estarão ocorrendo e tantomais memórias positivas estarão sendoimpressas nos músculos, mentes ecorações de nossos grandes guardiões dofuturo” – as crianças.

Brincar é coisa séria!

A multiplicação das rodas infantisdeveria ser o grande desafio das escolas.Segundo Câmara Cascudo (1988), asrodas infantis que se apresentam no Brasiltêm origem portuguesa, francesa eespanhola. Porém com a força do cantar eouvir, abrasileiraram-se muitos destescantos, sendo eles hoje tão nossos comose aqui nascidos. E não pensem que istoé apenas uma brincadeira de crianças...pois é também para elas! Na verdade, ocomprometimento com a perpetuaçãodesta prática está nas mãos dos adultos.

Importância das cantigas de roda

As brincadeiras e cantigas deRoda são de extrema importância para acultura de um país, pois como são, em suamaioria, de tradição oral - passadas degeração a geração - podemos conhecercostumes, festas típicas, brincadeiras,histórias, tradições e crenças.

Brincar não é da natureza infantil:

é da natureza humana, diretamenterelacionada à prática de viver, ligada aosnossos sentidos e emoções. Brincar, para oadulto, é se relacionar de forma maissensível, mais perceptiva, mais celebrativae encantada. E nessa experiência,brincamos todos, independente da idade.

A multiplicação das rodas como missão

No período de 19 de junho a 1º dejulho, algumas comunidades do municípiode Nova Friburgo foram presenteadas com aapresentação dos “Cirandeiros daInfância”, grupo de educadores eestudantes que participaram da oficina demesmo nome. Mais do que apresentações,estes foram momentos onde professores,pais e crianças deram as mãos paraaprender, vivenciar e resgatar o que há decomum em todas as culturas: asbrincadeiras e cantigas de roda.

Mariane Canella reforça ainda amultiplicação e partilha dos “Cirandeirosda Infância” como canal para a missão depotencializar a infância como tempoprivilegiado de construção das memórias defruição, ludicidade, ética e responsabilidadedo adulto diante de si mesmo e dacomunidade humana.

- “Daí vem o resgate da autoestima,dos valores da infância como fator deintegração no presente. Adultos queresgatam memórias podem ler o presente a

partir de uma outra ótica; crianças queconstroem memórias lúdicas e de fruiçãoterão material biográfico disponível paraleituras muito mais humanizadas ereferenciadas de mundo quando adultas:não se conformar com o status do mundo,ter uma referência de comparação, terreferência”, conclui a educadora.

Celebrando passado e presente!

Por serem, fundamentalmente, detradição oral, às vezes mudam as letras,variam os movimentos, mas em essênciaas rodas que vemos hoje muito separecem com as rodas do passado. Nãoé preciso buscar num passado tão remoto;basta que nos recordemos dasbrincadeiras de roda vivenciadas em nossainfância – e olhemos para as criançasbrincando hoje - para que percebamosque algo de precioso se processa: há ummovimento de entrega, de alegria e deintensidade vital.

Poesia, música e dança unem-se em uma síntese de elementosimprescindíveis à educação global.Elementos do passado da humanidadepassam a fazer parte do presente demaneira lúdica, através da simplicidadedas melodias ritmos e palavras. Asbrincadeiras, jogos e danças em rodaguardam séculos de sabedoria e riqueza,condensadas do imaginário e criatividadepopular.

Adultos e crianças celebrandopassado e presente através dasbrincadeiras e cantigas de roda. Isto nosdá a certeza do fortalecimento dos nossostraços culturais e construção de umaidentidade social, através da autoestima,do prazer e da valorização do Ser.

Para maiores informaçõessobre o projeto “Cirandeiros daInfância”, contatos com a educadoraMariane Canella, através do e-mail:[email protected]

“Cirandeiros da Infância” resgatam a cultura populare o sentido lúdico da vida das crianças e dos adultos.

Durante 3 meses, 60 educadores (professores, auxiliares, contadores de história, merendeiras e estudantes domagistério) se reuniram na Oficina Escola de Artes para pesquisa, resgate e prática de jogos, brincadeiras, cantigas e danças

em Roda. Estas atividades guardam séculos de sabedoria e riqueza, condensadas do imaginário e da criatividade popular.