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Rev Bras Psiquiatr. 2005;27(1):168-9

Livros 169

“Terapia comportamental e cognitivo-comportamental - Práticas clínicas”São Paulo: Editora Roca, 2004 - ISBN: 85-7241-526-2Organizadores: Cristiano Nabuco de Abreu, Hélio JoséGuilhardi

O lançamento deste livro merece um lugar de destaque naprateleira de psiquiatras e psicólogos clínicos.

Ao optar pelo formato de grande coletânea de artigos, osseus organizadores abdicaram da coesão padronizada de ummanual. Preferiram apresentar a rica variedade de recursospsicoterápicos hoje disponíveis nas abordagens comportamentale cognitiva. Opção feliz. Os 42 capítulos – cada um redigidopor um psicoterapeuta brasileiro de reconhecida experiência– estão organizados em três partes: I - terapia comportamental(22 capítulos), II - terapia cognitivo-comportamental (16 capí-tulos) e III - terapia cognitivo-construtivista (4 capítulos). Oresultado não é um mero sobrevôo, mas detalhadas descri-ções de 38 formas de intervenção psicoterápica que podemtanto ser usadas como ferramentas efetivas de trabalho, comoservem de material de consulta. Embora se possa notar a faltade uma maior padronização dos capítulos, as apresentaçõessão claras e os exemplos clínicos vivos e didáticos. Contudo,há três pontos que ainda poderiam ser levados em conta numapróxima edição:

1) Correlacionar, de modo sistematizado, as práticas clíni-cas aos quadros psicopatológicos – em especial, teria sidointeressante dar atenção aos transtornos de personalidade,pois a maioria dos psicoterapeutas ainda está pouco informa-da a respeito da existência de técnicas de tratamento destestranstornos no âmbito das psicoterapias estruturadas.

2) Dedicar um espaço maior à terapia cognitivo-construtivista,que foi contemplada com apenas quatro capítulos, faltando umaapresentação mais detalhada de conceitos e de estratégias, talcomo nos capítulos referentes às duas outras escolas.

3) Seria importante em uma obra deste vulto contar com umcapítulo introdutório que situasse o leitor no campo dapsicoterapia em geral. Embora a coletânea inicie com umaexcelente introdução de Roberto Banaco, ela é demasiado cur-ta (duas páginas) para cumprir esta função. Capítulos que pro-movem certo ordenamento conceitual em um campo onde hátantas abordagens e variantes técnicas têm sido uma práticacada vez mais comum em coletâneas e manuais. A maioriados psiquiatras e psicólogos clínicos não tem formação empsicoterapia comparada, bem como não conhece os diferentesmodelos de integração teórico-clínica atualmente debatidos nocampo da psicoterapia. Todavia, é preciso estar munido de al-gumas dessas noções para poder seguir a importante recomen-dação que Banaco faz ao final de sua breve introdução: “Cadauma delas (referindo-se às práticas clínicas que constam nolivro) pode ser útil em algum momento da atuação do profissi-onal de qualquer abordagem teórica, sem ferir o modelosubjacente à sua forma de trabalho. Entretanto, sua análise,escolha e utilização devem ser pautadas na fundamentaçãoteórica da abordagem assumida pelos terapeutas”.

Finalizemos comentando que, se não mapearmos as seme-lhanças e diferenças entre as inúmeras abordagens e se não

refletirmos sobre os modos de integrar conhecimentos, corre-mos o risco – sob o pretexto de estarmos lidando com supos-tos paradigmas incomensuráveis – de eternizar o mútuo des-conhecimento entre escolas, que muitas vezes reinventam aroda sob nomenclaturas diversas. Neste sentido, esta coletâ-nea, além de nos oferecer uma ampla visão do ferramentalcomportamental e cognitivo, dá mais um passo em prol daintegração de conhecimentos. Quem sabe, futuras versõesexpandidas de coletâneas possam mostrar que também entreas abordagens psicodinâmicas e as terapias estruturadas hámais proximidades e compatibilidades do que se imagina.

Luiz Alberto HannsLuiz Alberto HannsLuiz Alberto HannsLuiz Alberto HannsLuiz Alberto HannsAssociação Brasileira de Psicoterapia (ABRAP)Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP)

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