A. Bensabat Rendas et al, VoI. 2, n22
Aplicação do Método de AprendizagemBaseado na Análise de Problemas ao Ensino daFisiopato logia
A. Bensabat Rendas, G. Cordeiro Ferreira, A. Fradique, T. Gamboa,M. Mota Carmo, N. Neuparth, C. Pereira, V. Ramalho, r. Silva Ribeiro,M. A. Silveira Botelho(Departamentos deFisiologia eFisiopatologia, Faculdade deCiências Médicas, UniversidadeNova de Lisboa)
Resumo: O método de aprendizagembaseado naanálise de problemas estáaserutilizado, de uma forma limitada, no ensino daFisiopatologia desde 1988 e após um ano depreparação dos recursos humanos emateriais.A experiência dos dois primeiros anos revelouque, apesar do método estar apenas a seraplicado numaúnica disciplina de um curriculumtradicional, o aproveitamento dos alunos aolongo do ano melhorou eque omesmo sucedeuno exame final. Os alunos consideraram ométodo como muito estimulante para aaprendizagem embora trabalhoso. Apesar deterem sido utilizados problemas contendo umaquantidade limitada deinformação, os alunosseguiram as várias fases do método de umaforma adequada. Noentanto o pessoal docentejá decidiu que no próximo ano académico(1991-1992) serão utilizados problemas completos para estimular ainda mais oraciocínio eaaprendizagem num contexto clínico.
Correspondência:Prof. Doutor A. Bensabat Rendas
.~ Departamento Universitário 4"FisiopatologiaFaculdade de Ciências MédicasCampo de Santana, 1301198 LisboaCodex
Palavras-chave: Aprendizagem baseada na análise de problemas. Fisiopatologia.Educação médica pré-graduada.
Summary: A limited version oftheproblem-based learning method is being used in thediscipline ofPathophysiology since 1988 afterone year of preparation including both thefaculty and thelearning materiais. Theeoaluation ofthefirst twoyears showed animprovementin theperformanceofthestudents both inthefinal exams and âuring theyear. The students also considered themethod verystimulating for learning although theyfelt theneedofanextra effort. Despite thefact thatwewereusingincomplete cases the steps of themethodwere followed. Neverthless the faculty hasalready decided thatln thenextacademic year(1991-1992), complete cases will be used forfurther improvement of the reasoning processwithin the clinical contexto
Key words: Problem-based learning.Physiopathology. Undergraduated medicaleducation.
INTRODUçAo
Os docentes das Faculdades deMedicina comentam frequentemente que
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«Educação Médica» Aprendizagem por Problemas no Ensino da Fisiopatologia
os alunos raciocinam com dificuldade emuitas vezes não conseguem demonstrarconhecimentos já adquiridos quandoconfrontados nos exames com questõessemelhantes mas não idênticas àquelasque foram utilizadas duranteo ensino. Nociclo clínico é também habitual que osdocentes interroguem os alunos sobrematérias das disciplinas básicas consideradas relevantes para o estudo de umdoente e que concluam muitas vezes pelaausência de conhecimentos "adequados".
Uma solução recentemente propostapara ultrapassar estas dificuldades consiste na aplicação do método de aprendizagem baseado na análise de problemasque possibilita a relação entre os conhecimentos das disciplinas básicas e o contexto em que vão ser utilizados ou seja aresolução de problemas clínicos.
Este método foi descrito numapublicação recente (1) e tem os seguintesobjectivos: 1. possibilitar a aquisição deconhecimentos de maneira a que possamser mais facilmente utilizados num contexto clínico; 2. desenvolver o raciocíniohipotético-dedutivo; 3. estimular a autoaprendizagem; 4. aumentar a motivaçãodos alunos pelo ensino.
As expectativas suscitadas pelométodo de aprendizagem baseado naanálise de problemas como promotor daaquisição rápida de aptidões para oraciocínio clínico foram contudo refutadaspor trabalhos recentes que apontaram para a importância dos conhecimentos prévios e da experiência adqui-
.rida cómo fac!ores essenciais para o êxitodiagnóstico. E, portantd.tprovãvel que ométodo possa ser aplicado em Medicinaapenas num número limitado de situaçõestais como o ensino do ciclo pré-clínico(entendido aqui como o conjunto das dis-
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ciplinas que constituem os três primeirosanos do curso médico).
O nosso projecto, baseado na metodologia proposta por Barrows (1 e 2), temcomo finalidade promover nos alunos odesenvolvimento das já referidas capacidades cognitivas durante a aquisiçãode conhecimentos fisiopatológicos (estudo das alterações funcionais que caracterizam os processos patológicos).
Embora esta experiência seja apenaslimitada a uma única disciplina, acreditamos que a natureza da Fisiopatologia e aimportância do método justificam a suaapresentação.
MATERIAL E MÉTODOS
O projecto teve início há 3 anos e dividiu-se em dois períodos, o depreparação que durou cerca de um ano e ode execução que está ainda em curso.
Período de preparaçãoDurante o ano lectivo de 1987-88 os
docentes do Departamento de Fisiopatologia, em número de 7, analisaram emvárias sessões uma versão do livro acimareferido, adaptada à realidade do ensinoda Fisiopatologia na Faculdade deCiências Médicas (4).
Durante a primeira sessão foram explicitados os objectivos gerais do projectoe o calendário das reuniões que tiveramuma periodicidade mensal. Seguiu-se aapresentação de um problema construídopor um docente de acordo com a metodologia proposta por Barrows que os restantescolegas analisaram sem preparação-aprévia tentando assumir o papel dosalunos. As dúvidas suscitadas por estaapresentação levaram a que se definissempreviamente os temas considerados rele-
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vantes para o estudo das alterações fisíopatológicas dos vários-aparelhos e sistemas: digestivo, cireulatório, respiratório, hematopoiético, renal e endócrino.Decidiu-se também incluir um tema designado por "expressões patológicas"destinado ao estudo da fisiopatologia doenvelhecimento e da resposta endócrina emetabólica à agressão.
Para cada tema foram seguidamentedefinidos objectivos de aprendizagem econstruída uma estratégia pedagógicadestinada a provocar os seguintes comportamentos por partedos alunos: 1. gerarhipóteses explicativas do problema face àinformação inicial que lhes era apresentada; 2. procurar nas informações sequenciais que lhes eram facultadas aconfirmação ou a negação das hipótesesiniciais; 3. definir áreas de estudonecessárias para esclarecer e aprofundaras hipóteses formuladas; 4. estudar essestemas individualmente e criticar as fontesde informação utilizadas; 5. aplicar osconhecimentos adquiridos na resoluçãodo problema.
o QUE É ENTÃO PARA NÓS UMPROBLEMA?
Um problema é uma situação deíndole clínica da qual os alunos têmalguma informação inicial passível de seraumentada através de um processo deaprendizagem previamente estruturado.
Para apurar esta metodologia, cadaproblema foi apresentado ao restantepessoal docente pelo respectivo autor oque facilitou ,iJ identificação das necessidades de aprendizagem que foram emseguida referenciadas para textos de fácilacesso ou, no caso de não existirem, paratextos de apoio incluídos na
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documentação entregue aos alunos.Cada problema foi dividido em 3 ou 4
sessões planeadas para decorrer durante.parte do tempo destinado ao curso práticosem quaisquer aiterações no calendáriohabitual das aulas (2 períodos de 2 horassemanais). Para facilitar a análise da primeira sessão de cada problema decidiu-seque ela seria antecedida por umaapresentação oral sobre temas de Fisiologia considerados relevantes para a análisedas alterações funcionais.
A documentação preparada parafacilitar a análise de cada problema foi aseguinte (Anexo 1): 1. texto introdutório com informaçõessucintas sobreo método,a bibliografia e os objectivos pedagógicosa atingir com a análise do problema; 2.informações de índole clínica sobre oproblema; 3. textos de apoio (bibliografiaconsiderada importante e de difícilacesso).
Período de execuçãoTeve início no ano lectivo de 1988-89e
embora esteja ainda a decorrer iremosapresentar apenas a nossa experiência dos2 primeiros anos.
Em 1988-89 frequentaram o curso deFisiopatologia 51alunos e em 1989-90essenúmero foi de 77.
O projecto surgiu inserido em actividades já em curso e não se efectuaramalterações no conteúdo ou na organizaçãodas aulas teóricas sendo o método aplicado durante parte do tempo destinado àsaulas práticas.
O número de alunos por turma varioueatre 5 e 100 que possibilitou o trabalho degrupo assumindo o docente o papel deorientador da formação procurando quefossem cumpridos pelo grupo os seguintes passos: durante a primeira sessão os
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«Educação Médica» Aprendizagem por Problemas no Ensino da Fisiopatologia
Quadro 1. Número de alunos
grupo juntaram-se12repetentes dos quaisreprovaram apenas 2.
Em 89-90apresentaram-se a exame 66alunos dos 77 que frequentaram o cursoprático tendo sido aprovados 64. Dos 4repetentes que foram examinados apenas1 reprovou (Quadro 1 ) .
A média da avaliação do aproveitamento foi igual nos dois anos e sempreinferior à do exame final não se registandocontudo diferenças significativas. Asclassificações iguais ou superiores a 14valores constituíram entre 82 e 86% dototal referente ao aproveitamento anualtendo baixado para 63-67% em relação aoexame final (Quadro 2).
A avaliação do método pelos alunosfoi semelhante nos dois anos: mais de 80%consideraramque os problemascobriam amatéria de uma forma suficiente enquanto que para 50% foi muito o trabalhodesenvolvido na preparação e acompanhamento das sessões. A organização dosproblemas foi considerada suficientemente clara pela grande maioria dosalunos tendo mais de metade referido ométodo como muito estimulante para aaprendizagem.
alunos formulam as hipótese iniciais queconfrontam.com os factos relevantes doproblema; face às dúvidas geradas identificam necessidades de aprendizagem queapós preparação prévia apresentam aogrupo. Nas sessões seguintes os alunosrevêem o problema com basenos conhecimentos adquiridos e nas novas informações facultadas. No final o grupo realiza uma síntese do problema e comparaos objectivos atingidos com os previamente estabelecidos.
A avaliação do aproveitamento individual foi efectuada para cada problemapor meio de uma grelha contendo umalista das principais actuações e capacidades cognitivasa demonstrar peloaluno (Anexo 2). Os alunos tiveram conhecimento no início do ano dosconteúdos e dos critérios de avaliação doaproveitamento anual e foram informados que iria corresponder a 50% daclassificação da disciplina.
A prova oral do exame final consistiuna discussão de pelo menos dois problemas segundo a metodologia proposta. Em1988-89 foram utilizados no exame osproblemas analisados durante o ano enquanto que em 1989-1990 foramconstruídos 30 problemas cobrindo temassemelhantes aos utilizados durante o anoque foram tirados à sorte para a prova oral.
A avaliação por parte dos alunos doprocesso de ensino e aprendizagem foifeita por meio de um questionáriopreenchido anonimamente e aplicado nofinal do ano lectivo (Anexo 3).
~ESULJ:~DOS
Os 51 alunos que frequentaram ocurso prático em 88-89 apresentaram-se aexame e foram todos aprovados. A este
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Ano lectivo
Inscritos pela 1j vezfrequentaramapresentaram-se a exame
.,f aprovadosRepetentesapresentaram-se a exameaprovados
88-89 89-90
51 7751 6651·,f 64
12 410 3
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Quadro 2. Aproveitamento anual (AA) e exame final (EF) - classificações obtidas pelos alunosinscritos pela P vez
Ano lectivo 88-89 89..,90n 51 64
Classificações AA EF AA EFmédia e desvio-padrão 14.90.7) 14.2 (2.2) 14.9 (1.5) 14.5 (2.1)distribuição (%)
10-13 valores 18 33 14 3714-17 valores 82 63 86 61>17 valores O 4 O 2
DISCUSSÃO
Na análise dos resultados do aproveitamento anual em comparação com osdo exame final verifica-se que o númerode alunos com uma classificação igualousuperior a 14 valores diminuiu da primeira para a segunda avaliação e que essaredução foi independente do conhecimento prévio dos problemas uma vez quenão se registaram diferenças entre os doisanos.
Esta redução deve-se provavelmentea factores extrínsecos à Fisiopatologia taiscomo a necessidade de preparar emsimultâneo vários exames finais comcaracterísticas diferentes e constitui umadas limitações da aplicação deste métodode aprendizagem a uma única disciplina.Uma outra explicação pode residir numexcesso de confiança dos docentes no instrumento utilizado para a avaliaçãocontínua o que faria com que aclassificação do aproveitamento fossemais dependente do comportamento doaluno face a~ método do que a expressãodos seus conhecimentos da matéria; oinverso pode suceder no exame final.
Quando estes resultados são comparados com os do ano de 1987-1988 em
que se praticou um ensino tradicionalpara um total de 74alunos, verifica-se quea diferença aumenta uma vez que a percentagem com classificações iguais ousuperiores a 14valores foi de 76%no aproveitamento anual e de 42%no exame final.
O significado destas diferenças entreas classificações do aproveitamento e asdo exame fica por esclarecer embora sejade salientar que a avaliação efectuadadurante a análise dos problemas écontínua e tem um componente formativopermitindo a todo o momento que opróprio aluno se aperceba do que sabe esobretudo do que não sabe, enquanto odocente está constantemente a observarasactuações dos alunos.
Embora não seja possível responder àquestão se os alunos no final do ano ficama saber mais Fisiopatologia é de admitir
. que saibam melhor e que estejam maismotivados para aprender.
Aliás o testemunho da participaçãodos alunos está bem pa tente nas respostasaos inquéritos quando consideram que
,f trabalharam intensamente na ~eparação
dos temas e no acompanhamento dassessões.
Iniciar a discussão de um artigo sobreo método de aprendizagem baseado na
«Educação Médica» Aprendizagem por Problemas no Ensino da Fisiopatologia
análise de problemas por umainterpretação dos resultados da avaliaçãodo aproveitamento e do exame finalpoderá parecer tarefa de muito poucamonta face às perspectivas abertas poreste notável instrumento pedagógico. Noentanto as conclusões a tirar parecem seras seguintes: desde que as estratégiaspedagógicas (textos de apoio, dinâmicadas sessões, instrumentos de avaliação,etc.) sejam convenientemente preparadase o formato do exame final semelhante aoutilizado durante o ano, este últimométodo de avaliação passa a ter um pesomenor e talvez mais apropriado naclassificação final.
A fase mais difícil do planeamentodeste tipo de ensino foi a selecção dostemasa incluirem cada problema uma vezque se optou por apresentar casos parcelares. Contudo, e para que os alunos nãoperdessem a perspectiva clínica, decidimos que os problemas deveriam abordarsituações frequentes, graves e depreferência com possibilidades de tratamento e de prevenção. Procurámostambém definir as alterações consideradas prioritárias que constituíram o fiocondutor da discussão que procurámosque se orientasse para a análise dos mecanismos fisiopatológicos (por exemplo,no caso do doente com enfarte domiocárdio a prioridade foi dada ao estudoda dor torácica e da isquémia domiocárdio).
A experiência demonstrou que osalunos são capazes de formular hipóteses~~das justificar quando confrontaios comá escassa informação que lhes é fornecidano início do problema. Este período que éparticularmente rico do ponto de vistacognitivo pode ser perturbado pela ideiapreconcebida por parte dos alunos de que
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os médicos atingem o diagnóstico pormeio de múltiplos inquéritos seguidos deexaustivas observações clínicas e deinúmeros exames laboratoriais e outrosmétodos auxiliares de diagnóstico. Umadas formas de ultrapassar essa dificuldade consiste em só fornecer novosdados quando for reconhecida e justificada a sua necessidade e relevância; apouco e pouco os alunos apercebem-seque a finalidade do método não é tantosolucionar o problema mas sobretudoaprender enquanto o resolvem. Nestesentido poderia justificar-se descreverpreviamente todo o processo de aprendizagem aos alunos de modo a que não hajasecretismo e se possa pedir desde o inícioa colaboração de todos.
Ainda em termos da dinâmica doprocesso é também preciso evitar o "brainsiorming" permanentee promoverdesde oinício o raciocínio hipotético-dedutivopor meio do reconhecimento de pistas querelacionem os factos iniciais entre si e estescom conhecimentos ou experiências anteriores. É também preciso encorajar olevantamento de dúvidas durante aanálise do problema e levar os alunos a"transformá-las" em necessidades deaprendizagem cujo debate se efectua nassessões seguintes após o período de estudo intercalar.
A nossa experiência indica que porvolta do terceiro problema os alunos estãoperfeitamente integrados mesmo naausência de sessões explicativas dométodo. É também criticável a decisão defacultarmos aos alunos os objectivospedagógicos de ciàa problema que diferem na formulação de caso para caso eque muitas vezes não especificam o graude profundidade da aprendizagem o quepode limitar o estudo individual.
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Uma outra crítica que tem sido feita aométodo diz respeito aos possíveis "compartimentos estanques" ...criados nosalunos pela utilização dos problemas quepodem dificultar uma visão contínua docurrículo. No nosso caso sucedeu o opostoverificando-se uma perspectiva muitomais global e interligada dos temas àmedida que aumentou o número deproblemas estudados.
É muito difícil responder com argumentos sólidos a estas críticas muitas dasquais também se aplicam ao ensino tradicional. Contudo, e numa altura em queestamos a completar o nosso terceiro anode aplicação do método, com um númerorecord de 97 alunos, podemos admitir quea experiência está a ser positiva sobretudoporque na fase inicial procurámos "adaptar" em vez de "transplantar" o que permitiu a orientação pedagógica do pessoaldocente e a preparação dos meiosnecessários para o arranque do projecto. Étambém possível que a natureza da disciplina e a sua localização curricular a tornem particularmente apropriada para aaplicação do método.
Actualmente consideramos que estãocriadas as condições no Departamento deFisiopatologia para que possamos utilizarcasos completos que possibilitam a livrerecolhade informação,base essencial parao desenvolvimento do raciocínio crítico(3).
A questão final a ser formulada e respondida por docentes e alunos é aseguinte:
"Este método que até serve para passar no exame terá alguma utilidade naformação profissional futura?"
BIBLIOGRAFIA
1.Barrows HS (19&5): How to Design a Problem-Based Learning Curriculum for thePreclinical Years. New York. Springer Verlargo
2.Barrows HS and Tamblyn R (1980):ProblemBasOO Learning PS. New York. SpringerVerlag.
3.Barrows HS (1990):Inquiry: the pedagogicalimportance of a skill central to c1inical practice. Moo Teacher 24: 3-5.
4.Rendas AB (1983): Teaching Pathophysiology - specialism or generalism? ln: HigherEducation by the Year 2000. Congress Preparatory Papers, VoI. II, pp 264-251.
ANEXO 1
TÍTULOS DOS PROBLEMAS; TEXTOINTRODUTÓRIO COMUM; TEXTO COMPLE'fO DO PROBLEMA 7
1- TITULOS DOS PROBLEMAS
1. Grávida com ardor retrosternaI.2.Homem de 40anos, refere epigastralgias
há cerca de cinco meses.3. Homem de 57 anos, hipertenso e com
dor retrosternal.4.Grávida de seis meses com anemia.5. Homem de 65 anos, admitido no Serviço
de Urgência com dificuldade respiratória.6.Criança de 5 anos com edemas generali
zados.7.Homem de 56 anos que anda a urinar
muito.8.Mulher de 38 anos com ausência do
período menstrual há trêsmeses.9.Hom~JIl de 35 anos com queimaduras,f
extensas.1O.Homem de &5 anos com fractura do colo
do fémur direito (este problema não foi apresentado no corrente ano lectivo).
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«Educação Médica» Aprendizagem por Problemas no Ensino da Fisiopatologia
II - TEXTO INTRODUTÓRIO COMUM
Este conjunto de problemas destina-se afacilitar o estudo e a compreensão dasalterações funcionais que caracterizam osprocessos patológicos. Está apresentado demodo a que compreenda a fisiopatologia combase nos mecanismos fisiológicos subjacentes.
Não se apresentam por isso casos clínicoscompletos, uma vez que as ínformacões sãolimitadas e não se orientam para que atinja umdiagnóstico ou efectue uma análise dasintervenções terapêuticas. Essas finalidadesultrapassam claramente o ambito da disciplinade Fisiopatologia no 3° ano do curso médico.
Os objectivos destes casos, constituídoscom base no método de aprendizagem pelaanálise e resolução de problemas, são osseguintes: a. Treinar a sua aptidão para listarfactos relevantes. b. Desenvolver a sua capacidade de formular ideias ou hipóteses explicativas desses factos. c. Definir áreas de estudo da fisiopatologia necessárias para esclarecer as hipóteses formuladas. d. Voltar a analisar o problema após ter adquirido esses conhecimentos e aplicá-los na resolução doproblema. e. Integrar os conhecimentos adquiridos na memória de modo a relembrá-losquando confrontado com problemas semelhantes.
Como já se apercebeu,não se trata de umprocesso que ocorra numa única aula práticamas em várias, alternando com períodos deestudo individual e de trocas de impressõescom os seus colegas. No final de cada problemadeve efectuar uma análise de acordo com aseguinte metodologia: - resumir o problema comparar os objectivos enunciados com osatingidos - comentar os recursos utilizados naaprendizagem - esclarecer dúvidas existentesrelacionar o conteúdo do problema com ares-
. tante matéria do bloco respectivo."..
III -TEXTO COMPLETO DO PROBLEMA 7
"Homem de 56 anos que anda a urinarmuito".
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A.Pré-requisitosA matéria a rever para este problema é a
seguinte: 1.Fisiologia do pâncreas endócrinonomeadamente a síntese e os mecanismos desecreção da insulina e da glucagina;2.Regulação hormonal da glicémia; 3.Mecanismos de fornecimento de energia às células nosestados de jejum e de pós-absorção; 4.Mecanismos de regulação do peso corporal e suasrelações com a nutrição; 4.Adaptaçõesfisiológicas ao exercício físico.
B.Objectivos de aprendizagemNo final do estudo deste problema deve
ser capaz de: l.Definir hiperglicémia; 2.Definirdiabetes mellitus; 3.Definir glicosúria; 4.Definir hipoglicémia; 5.Explicar as principaisteorias patogénicas da insuficiênciapancreática endócrina primária; 6.Explicar asprincipais causas da insuficiência pancreáticaendócrina de origem secundária; 7.Explicar omecanismo pelo qual surge glicosúria na diabetes melIitus; 8.Explicar os mecanismos pelosquais surgem poliúria e polidipsia na diabetesmelIitus; 9.Explicar o mecanismo pelo qualsurge perda de peso na diabetes mellitus;lO.Explicar o mecanismo pelo qual pode surgirhipoglicémía na diabetes mellitus; 1I.Explicaros mecanismos pelos quais o organismo responde à hipoglicémia e as respectivasmanifestações; 12.Explicar as principais teorias sobre as alterações vasculares eneurológicas na diabetes melIitus; 13.Listar asprincipais lesões orgânicas mais frequentes nadiabetes melIitus.
C. Informações de índole clínica1il Sessão: M.R., sexo masculino, 56anos de
idade. Nota desde há alguns meses que "andaa urinar muito". Refere também fadiga mantida e sensação de sede, e apesar de manter oapetite, a,fha que te~ p~rdido~eso. "f
Do .exame objectivo salienta-se: obesidade, pulsos dos membros inferiores poucoam plos, estreitamento das arteríolas retinianasobservado no exame ao fundo do olho.
2il Sessão: Apresentação e discussão dos
A. Bensabat Rendas et al,
temas (necessidades de aprendizagem) identificados na sessão anterior.
Resultados dos exames' laboratoriais:glicémia em jejum - 150mg/dl; glicémia pós-prandial -190mg/dI; urémia e creatinémia ligeiramente elevadas; urina II revelandoglicosúria.
Foi-lhe prescrito um regime dietético,medicação antidiabética e exercício físicoregular, com os quais se deu a normalização gra-
VoI. 2, nll 2
dual do peso e da situação clínica.3í1Sessão: Apresentação e discussão dos
temas (necessidades de aprendizagem) identificados na sessão anterior.
No entanto, por vezes sente-se mal disposto com sensação de fome, sudação e tremor,e, ocasionalmente, irritabilidade e cefaleias.
Notou, entretanto, que estas queixas estavam relacionadas com falhas de refeições e/ou esforços físicos prolongados inabituais.
Análise global do problema.
ANEXO 2 FlSIOPATOLOGIA 1990/1991 AVALIAÇÃO CONTíNUA
Nome .Turma . PROBLEMA N° li 112131415161718191101
TRABALHO INDIVIDUAL- Lidar com a infonnação apresentada:1. Identificar e agrupar dados
(causas/mecanismos/orgãos e sistemas)2. Formular hipóteses(explicativas das alterações, demonstrando conhecimentos)- Trabalhar temas:3. Apresentação/preparação dos temas
(clareza, conteúdo, meios)4. Aprofundamento autónomo de temas'
(livros, revistas, pessoal docente)- Gerir e relacionar o que aprendeu:5. Aplicar conhecimentos adquiridos (na resolução de problemas//noutras situações afins)6. Ser capaz de sintetizar no final os aspectos essenciais do problema
TRABALHO EM GRUPO7. Comportar-se como elemento de um grupo, na análise e resoluçãode problemas (participação espontânea/dinamização na distribuiçãoe apresentação dos temas/presenças/etc.)
COMENTÁRIOS
* Chave para as classificações:O= não se verificou1 = quase nunca2 = raramente
3 = irregularmente4 =frequentemente5 =quase sempre ou sempre
«Educação Médica')
Temas apresentadosj'preparados
Problema 1
Problema 2
Problema 3
Problema 4
ProblemaS
Problema 6
Problema 7
Problema 8
Problema 9
Problema 10
COMENTÁRIOS
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Aprendizagem por Problemas no Ensino da Fisiopatologia
A. Bensabat Rendas et aI.
ANEXO 3
QUESfIONÁRIO pE AVALIAÇÃO DO CURSO DE FISIOPATOLOGIAANO LECTIVO 1990-91
(Devolver preenchido no último dia de aulas)
o ensino da Fisiopatologia no corrente ano utilizou o método de aprendizagem baseado naanálise de problemas.
Este questionário destina-se a avaliar se os objectivos do ensino foram atingidos.Preencha o questionário colocando um círculo na palavra que considera mais apropriada:
1. O esforço que efectuoupara acompanhar as aulas foi: Muito Suficiente Pouco
2. Otrabalho que teve na preparaçãodos problemas foi: Muito Suficiente Pouco
3. Os temas que estudou cobrem a matériada disciplina de Fisiopatologia de um modo: Excessivo Suficiente Reduzido
4. A bibliografia que recebeupara estudar os temas foi: Excessiva Suficiente Reduzida
5. As avaliações efectuadas aolongo do ano foram: Excessivas Suficientes Reduzidas
6. Este método estimulou o seuestudo individual: Muito Suficiente Pouco
7. Teve oportunidade para discutir durante assessões? Muito Suficiente Pouco
8. As sessões foram esclarecedoras? Muito Suficiente Pouco
9. Trabalhou em grupo? Muito Suficiente Pouco
10.Faça agora a ordenação dos problemas por ordem crescente e de acordo com os seguintescritérios (use os números dos problemas para os referenciar, ver anexo):
A. Organização (clareza dos textos, definição de objectivos, apoio bibliográfico).
B. Utilidad~f(aprofundamento da matéria da d~sciplina,esclarecimento de dúvidas e/ou dequestõescontroversas).'· >~
C. Interesse (temas com aplicação prática, relações com as áreas científicas de descobertarecente). .
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«Educação Médica» Aprendizagem por Problemas no Ensino da Fisiopatologia
1l.Comentários adicionais que entenda fazer sobre o funcionamento do curso.
Obrigado pela sua colaboração.
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