APLICAÇÃO DO SISTEMA LEAN NA CONSTRUÇÃO CIVIL
E OS CRITÉRIOS COMPETITIVOS NO SETOR
Thainá Lana Vieira
(LATEC/UFF)
Resumo: Este estudo busca analisar possíveis relações entre os princípios da Lean Construction (Construção Enxuta)
e os Critérios Competitivos da Produção. O trabalho traz um referencial teórico abordando o campo da estratégia,
tratando, em particular, dos princípios da construção enxuta e dos critérios competitivos da produção. Trata-se de uma
pesquisa exploratória e de natureza qualitativa. Para o delineamento desse trabalho foram realizadas: Levantamento
Bibliográfico dos temas Estratégia na Construção Civil, Critérios Competitivos da Produção e Lean Construction.
Com a competitividade no mercado, a sobrevivência das organizações constitui-se um grande desafio nos dias atuais e
requer produtividade, qualidade do ambiente de trabalho, da matéria-prima e ferramentas da gestão e de cada
envolvido no sistema de produção.
Palavras-chaves: Construção Enxuta, Competitividade, Produtividade, Qualidade.
ISSN 1984-9354
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1 INTRODUÇÃO
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
De acordo com Isatto et. al. (2000), ao longo dos últimos anos, a indústria da construção civil
brasileira tem passado por importantes mudanças. Estas são provocadas principalmente pelo
crescimento da competição existente no setor, aumento do nível de exigência dos seus principais
clientes e reivindicações, por parte da mão de obra, de melhores condições de trabalho.
Diversos fatores contribuem para esse quadro, dentre eles, as ações governamentais que resultaram na
estabilidade da economia. O êxito da política monetária adotada, evidenciado pela trajetória declinante
do nível de taxas de juros reais da economia brasileira e pela manutenção da estabilidade de preços,
aliada a recentes medidas promovidas a regulamentação a que estão sujeitas as instituições financeiras
integrantes do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), propiciou significativo
crescimento na contratação de novos financiamentos imobiliários. Vale ressaltar ainda que esse aporte
financeiro foi influenciado pelas medidas adotadas tais como a aprovação de leis como a que instituiu
o patrimônio de afetação e o valor incontroverso (Lei Nº 10.931, de 02/08/2004) e a alienação
fiduciária (Lei Nº 9.514 de 20/11/97), as quais incentivaram bancos e investidores a financiarem novos
projetos.
Somando-se aos acontecimentos mencionados tem-se ainda a abertura de capital de várias empresas do
setor da construção, ensejando grandes volumes de recursos destinados a obras em todas as regiões do
país. Merece destaque as demandas relativas ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), às
obras ligadas à Copa do Mundo de 2014 e ao Programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal.
Com isso, desde os tempos do “milagre econômico” e do boom do extinto Banco Nacional da
Habitação (BNH) que a indústria da construção civil não experimenta um desenvolvimento tão
expressivo como o que vem ocorrendo nos últimos anos, fazendo com que o mercado imobiliário se
mantenha aquecido (ROBUSTI, 2008).
Diante desse quadro, o ambiente empresarial torna-se imerso em constantes mudanças e cada vez mais
competitivo, gerando novos padrões de consumo. Esta situação verifica-se em afirmações de diversos
autores. Para Barros Neto, Fensterseifer e Formoso (2003, p. 68), a eficiência da produção não é única
prioridade no mercado:
Durante muito tempo a prioridade competitiva da função produção foi a busca incessante da eficiência. Porém,
atualmente, verifica-se que esta não é mais a única prioridade do setor e que, dependendo do mercado e dos
desejos dos clientes, outras poderão ser mais valorizadas que a busca da redução dos custos.
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Costenaro, Wegner e Ceretta (2003), por sua vez, afirmam que o surgimento de novos padrões de
consumo força as empresas a obterem maiores capacidades de criatividade e flexibilidade para atender
ao mercado consumidor.
É baseado neste contexto que as empresas, com o passar do tempo, passaram a explorar novos
caminhos a fim de obter uma alternativa competitiva que as deixassem em vantagem em relação às
suas concorrentes.
Em Fortaleza (CE), por exemplo, algumas empresas do setor introduziram em seus canteiros de obra
os princípios da Lean Constrution (construção enxuta), com apoio de acadêmicos e consultores
cearenses de larga experiência profissional, colhendo, nessa tentativa, rápidos e vultosos ganhos de
produtividade (BARROS NETO; ALVES; ABREU, 2007).
Outro caminho escolhido pelas construtoras a fim de aumentar a sua competitividade no setor foi a
priorização de ações através dos critérios competitivos (custo, qualidade, flexibilidade, serviços,
desempenho de entrega e inovatividade). Segundo Paiva, Carvalho e Fensterseifer (2004), os critérios
competitivos são definidos como um conjunto consistente de prioridades ou fatores competitivos que
as empresas elegem para competir no mercado.
O gerenciamento de resultados também foi utilizado como estratégia competitiva. Segundo Kiyan
(2001), dentro do processo de gestão, o gerenciamento de resultados assume um papel crítico, pois
busca o melhor posicionamento entre eficiência e eficácia. Ainda segundo o mesmo autor, a diferença
entre eficiência e eficácia é que a primeira refere-se ao quão economicamente os recursos são
aplicados para a geração de serviços e produtos enquanto o segundo nada mais é que a representação
do quanto os resultados planejados foi atingida e ambos, eficiência e eficácia, devem estar sintonizados
com os critérios competitivos valorizados pelo mercado.
Todavia, a aplicação de novas alternativas competitivas nem sempre levam ao sucesso da empresa.
Segundo Barros Neto, Alves e Abreu (2007), ao longo do tempo, algumas empresas que aderiram aos
novos conceitos da filosofia da produção enxuta estagnaram após a implantação das primeiras
melhorias e o surgimento dos primeiros resultados.
Tal fato ensejou uma discussão estratégica sobre o processo de implantação desta filosofia, visando
impedir problemas parecidos aos que sucederam com os programas de qualidade total – as empresas se
preocupam com a implantação de ferramentas, dentro de uma visão operacional, que, ao longo do
tempo, não se sustentam, face à ausência de uma discussão estratégica a respeito das contribuições da
implantação para a melhoria da competitividade e do estabelecimento de uma visão de futuro que
norteie todo o processo (BARROS NETO; ALVES; ABREU, 2007).
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Vale ressaltar também que, segundo Skinner (1974) e Wheelwright (1984), seria difícil para uma
companhia atingir, simultaneamente, altos índices de desempenho em todos os critérios competitivos.
Tal fato os levou a afirmarem que as empresas teriam que, através de escolhas estratégicas, decidirem
quais critérios priorizar. Para Teixeira e Paiva (2008, p. 459), “Essa necessidade de escolher em quais
critérios competir estaria relacionada aos tradeoffs da área de operações”.
Os trade-offs, por sua vez, são caracterizados como “incompatibilidades entre dois ou mais critérios,
ou seja, as situações em que a melhoria de um critério poderá implicar impacto negativo em outro”
(PAIVA; CARVALHO; FENSTERSEIFER, 2004, p. 55).
Portanto, considerando a importância da Lean Construction e dos Critérios Competitivos da Produção
no mercado empresarial e as consequências que a má compreensão e utilização dos mesmos possam
acarretar um estudo que não apenas verifique se há relação entre eles, mas também avalie a intensidade
da mesma, justifica-se como um trabalho de contribuição tanto para o meio acadêmico quanto para o
mercado de trabalho.
Vale ressaltar que, como a proposta do projeto envolveu diversos fatores, o mesmo se utilizou apenas
de estatística descritiva (média, desvio padrão, valor máximo e valor mínimo) para a análise dos dados.
1.2 A SITUAÇÃO PROBLEMA
Ao longo do tempo, o ambiente empresarial tornou-se altamente competitivo e, portanto, as empresas
construtoras passaram a adotar estratégias para a obtenção de uma alternativa viável para destacar-se
no mercado.
Dentre as estratégias, temos a implantação da Lean Construction cujo objetivo é melhorar a gestão de
processos e a utilização dos Critérios Competitivos da Produção a fim de priorizar as ações. O uso da
construção enxuta combinada com os critérios competitivos poderia trazer maiores benefícios para os
empresários do ramo da construção, que teriam resultados mais produtivos.
Com isso, pensou-se em estabelecer as relações mais claras entre eles, pois, apesar de ambas as
estratégias serem amplamente visadas no mercado da construção civil, a quantidade de trabalhos que
buscam relacioná-las é escassa. Logo, não se sabe quanto o emprego de uma influência na outra.
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1.3 OBJETIVOS DO ESTUDO
1.3.1 OBJETIVO GERAL
Esta pesquisa tem como objetivo geral verificar a existência da relação entre os princípios da Lean
Construction com os critérios competitivos da produção no setor, a partir do conceito da construção
enxuta, em especial do conceito apresentado pelos princípios para a gestão deste novo processo
segundo Koskela (1992).
1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Nos objetivos específicos serão apresentados alguns passos a serem realizados de forma que defina
dentro do amplo conceito da construção enxuta o que será estudado e assim aplicá-lo a situações
particulares.
Dentre os objetivos figuram:
Caracterizar a construção civil e suas principais dificuldades;
Apresentar os conceitos da construção enxuta inseridos no histórico e suas possíveis
aplicações;
Obter o grau de influência que cada princípio da Lean exerce em cada critério competitivo
do setor associada à produção enxuta na construção civil.
1.4 ESTRATÉGIA DA PESQUISA
Esse trabalho foi dividido em quatro capítulos, onde inicialmente foi feito um levantamento de base
teórica acerca do tema pesquisado, realizando em seguida uma revisão das teorias associadas à
construção civil, Produção enxuta e os fatores determinantes da competitividade. No segundo e no
terceiro capítulos capítulo que aborda o Sistema Toyota de Produção e seus Pilares de Sustentação,
Produção Enxuta, do Pensamento à Produção Enxuta, Construção Civil, Caracterização do setor da
Construção Civil com suas peculiaridades, seus subsetores e sua importância Social, Estratégia de
Produção e os Critérios Competitivos na Construção foram levantados dados e informações através de
livros, revistas especializadas, sites, artigos de jornais e revistas eletrônicas. O levantamento dessas
fontes se constitui etapa importante, pois, a caracterização do setor da Construção Civil brasileiro foi
feito a partir dessa coleta.
O quarto e último capítulo foi feito uma análise dos dados e informações coletados, que compreende as
conclusões e comentários finais obtidos após o término do trabalho.
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2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 O SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO
O Sistema Toyota de Produção é uma filosofia de gerenciamento que procura otimizar a organização
de forma a atender as necessidades do cliente no menor prazo possível, na mais alta qualidade e ao
mais baixo custo, ao mesmo tempo em que aumenta a segurança e o moral de seus colaboradores,
envolvendo e integrando não só manufatura, mas todas as partes da organização.
O Sistema Toyota de Produção (Toyota Production System – TPS) tem sido mais recentemente,
referenciado como “Sistema de Produção Enxuta”. A produção “enxuta” (do original em inglês “lean”)
é, na verdade, um termo cunhado no final dos anos 80 pelos pesquisadores do IMVP ( International
Motor Vehicle Program), um programa de pesquisas ligado ao MIT, para definir um sistema de
produção muito mais eficiente, flexível, ágil e inovador do que a produção em massa; um sistema
habilitado a enfrentar melhor um mercado em constante mudança. Na verdade, produção enxuta é um
termo genérico para definir Sistema Toyota de Produção (TPS).
O objetivo principal da Toyota passou a ser a produção de muitos modelos de automóveis em
pequenas quantidades e somente quando solicitados, pois assim seriam evitados gastos antecipados e,
também, a produção de produtos que os consumidores talvez nem quisessem. Para tanto, foi preciso
aumentar a eficiência da produção e, consequentemente, eliminar todo tipo de desperdício. Na busca
de se eliminarem os desperdícios, Taiichi Ohno, engenheiro de produção da Toyota e um dos criadores
do STP, identificou sete tipos de desperdícios: desperdício pela superprodução, desperdício por tempo
de espera, desperdício com transportes desnecessários, desperdício do processo resultante de
procedimentos desnecessários na cadeia de valor, desperdício por estoques, desperdício de
movimentos e desperdício de produtos com defeitos.
A Produção Enxuta foca na máxima efetividade de um processo de produção, ao mesmo tempo em que
procura a máxima eficiência do processo. Para alcançar esse patamar de eficácia e eficiência, devem-se
usar ferramentas adequadas para o gerenciamento da construção.
Conforme Womack, Jones e Roos (2004, p. 2), “...a adoção da produção enxuta, na medida em que
inevitavelmente se expanda além da indústria automobilística, resultará em mudanças globais em
quase todas as industrias”. Percebe-se assim, que o século XX foi palco de uma evolução ocorrida na
função produção, uma vez que assistiu a passagem da produção artesanal para a produção em massa e,
em seguida, para a produção enxuta.
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Com o objetivo de eliminar os desperdícios do processo produtivo para aumentar a sua eficiência
começam a ser desenvolvidas, por meio de “tentativas e erros”, uma série de técnicas e ferramentas
que, ao longo de 30 anos, resultaram no Sistema Toyota de Produção. Para se conseguir a melhor
qualidade, com o menor custo e no menor tempo, ou seja, para chegar ao “topo”, o Sistema Toyota de
Produção sustenta-se em dois “pilares”: O Just in Time (JIT) e a Autonomação ou Jidoka.
2.1.1 OS PILARES DE SUSTENTAÇÃO DO SISTEMA TOYOTA DE
PRODUÇÃO: JUST IN TIME E AUTONOMAÇÃO OU JIDOKA
Segundo Ohno (1997), a filosofia desse sistema depende de determinação e decisão de cúpula. Baseia-
se na busca pela eliminação de desperdícios, tendo como base do sistema enxuto a estabilidade e como
os pilares de sustentação o just-in-time (JIT) e a autonomação ou Jidoka.
É inegável que o JIT tem a surpreendente capacidade de colocar em prática o princípio da redução dos
custos através da completa eliminação das perdas. Talvez, por seu impacto sobre os tradicionais
métodos de gerenciamento, tenha se criado uma identidade muito forte com o próprio STP. No
entanto, o STP não deve ser interpretado como sendo essencialmente o JIT, o que por certo limitaria
sua verdadeira abrangência e potencialidade. O JIT é nada mais do que uma técnica de gestão
incorporada à estrutura do STP que, ao lado do Jidoka, ocupa a posição de pilar de sustentação do
sistema.
Figura 1: Sistema Toyota de Produção (Adaptado de Lean Institute Brasil, 2008).
Ainda segundo Ohno (1997), a gestão de um negócio pela ótica do Sistema Convencional de Gestão da
Produção conduz para que se produza segundo a máxima capacidade de produção dos recursos,
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antecipando assim, a demanda futura sob a forma de estoques. Portanto, pela capacidade excessiva do
primeiro processo, o ritmo de produção é ditado, que conduz o mesmo em direção aos processos
sucessivos, resultando um inventário consideravelmente maior do que o necessário.
De acordo com o mesmo autor, no JIT, há o gerenciamento objetivando a obtenção do nivelamento da
produção e da diminuição das variabilidades no processo. A fim de proteger o sistema das incertezas e
flutuações dos processos de manufatura, há uma atribuição de pequenos estoques de material em
processo na frente de cada centro produtivo.
Todavia, ao alcançar este estoque, o processo precedente é interrompido. Portanto, no JIT, eliminam-se
ou reduzem-se os desperdícios de superprodução, de espera, de transporte do processamento em si e
outros. Logo, considerando toda a cadeia produtiva, esse sistema possui uma quantidade de estoques
consideravelmente inferior ao Sistema Convencional.
Vale ressaltar que, para Ohno (1997), o JIT significa, observando um fluxo de produção, fornecer a
peça correta, na quantidade exata, na melhor hora e no local necessário.
2.2 PRODUÇÃO ENXUTA
Produção Enxuta, Mentalidade Enxuta e Sistema Toyota de Produção são de certa forma, termos
cambiáveis, às vezes complementares e, em geral, dificilmente diferenciados na literatura e no uso
corrente. Womack, Jones e Ross (1992, p.1) relatam que “Eiji Toyoda e Taiichi Ohno, da Toyota
japonesa, foram os pioneiros no conceito da Produção Enxuta”. Eles foram os criadores do Sistema
Toyota de Produção que é chamado pelos autores acima citados, na obra referenciada, de Produção
Enxuta.
A Produção Enxuta tem como base os conceitos, princípios e técnicas do Sistema Toyota de Produção.
Quando se fala em Sistema Toyota de Produção associa-se Produção Enxuta e vice-versa. A forma de
raciocínio em ambos os casos, ou seja, o conjunto de princípios, conceitos e técnicas formadoras dessa
maneira particular de pensar, sobre administração da produção, é referido como Mentalidade Enxuta.
A Produção Enxuta, não mais vista como um modelo de produção de uma empresa, mas como um
paradigma de produção, ou seja, um conjunto de técnicas e ferramentas que podem ser implementadas
em qualquer empresa com problemas de falta de eficiência e desperdícios, busca “enxugar” (daí vem o
termo “enxuto”) o processo produtivo de empresas, de modo a produzir mais (qualidade, variedade e
velocidade) com menos (custos) e capacitá-las a competir em mercados cada vez mais caracterizados
pela “variedade e restrição”. Para tanto, o seu objetivo principal é a eliminação total dos desperdícios,
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que, por absorverem recursos e não gerarem valor aumenta os custos de produção e escondem
problemas do processo, tornando-o ineficiente.
O termo Produção Enxuta, segundo Koskela (1992), invés de definir um conjunto específico de
métodos refere-se a um uso intensivo de idéias de uma nova filosofia de produção. Tal filosofia pode
ser também chamada de Mentalidade Enxuta que é a forma de pensar ou enxergar a produção através
da Produção Enxuta. Womack e Jones (1998, p.3) dizem que “o pensamento enxuto é uma forma de
especificar valor, alinhar na melhor sequência as ações que criam valor, realizar essas atividades sem
interrupção toda vez que alguém as solicita e realizá-las de forma cada vez mais eficaz”.
O conjunto de princípios que orienta este paradigma de produção (e que traduz as idéias fundamentais
do Sistema Toyota de Produção) é: valor, cadeia de valor, fluxo, produção puxada e perfeição.
O primeiro princípio enxuto traz a idéia de se produzir somente o que é valor para o cliente e, portanto,
especificar o valor a partir do seu ponto de vista. Para Henderson e Larco (1999), a maior dificuldade
na especificação do valor é que, embora ele deva ser definido pelo cliente final e só é significativo
quando expresso em termos de um produto específico que atenda às necessidades do cliente, a um
preço específico, em um momento específico, tradicionalmente ele tem sido especificado pela
empresa, ou seja, a partir do que a empresa considera um bom produto, a um bom preço, para um
determinado mercado. Essa mentalidade tem levado muitas empresas ao fracasso, pois ao invés de
tentarem entender o porquê da queda das suas vendas, elas “culpam” o mercado por não comprar o seu
produto.
Por isso, ao invés de oferecer ao cliente o que a empresa já tem, a empresa enxuta oferece aos clientes
o que eles querem. Para que a empresa produza somente o que o cliente percebe como valor, é preciso
prestar atenção a cada ação necessária para a produção do produto, desde o pedido até a entrega aos
clientes, desafiando cada etapa como necessária ou não, ou seja, identificar a cadeia de valor (fluxo de
valor) do produto. Além de possibilitar a visualização do processo produtivo de forma sistêmica, a
identificação da cadeia de valor possibilita visualizar os três tipos de ações que ocorrem ao longo da
sua extensão: ações que criam valor; ações que não criam valor, mas que no momento são inevitáveis e
ações que não criam valor e que devem ser evitadas imediatamente (desperdícios).
Depois que o valor tenha sido especificado e a cadeia de valor de determinado produto identificada e,
obviamente, as etapas que geram desperdício, reduzidas e/ou eliminadas, o objetivo é fazer com que as
etapas restantes, que criam valor, fluam. Para tanto, é necessário produzir o valor para o cliente
segundo a sequência das atividades devidamente organizadas para desempenhar suas funções sem
interrupções.
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Para a criação do fluxo contínuo, as empresas (e os processos) precisam parar de focar suas atividades
individuais (e a produção feita em grandes lotes) e devem passar a olhar para o processo de modo
sistêmico. Assim, ao invés de a produção ser feita em grandes lotes, deve-se buscar o nivelamento da
mesma e produzir uma peça de cada vez (“one piece flow”, ou o “fluxo de uma peça só”). A vantagem
do fluxo consiste na eliminação do tempo de espera entre uma etapa e outra e na maior transparência
do processo, sendo mais fácil detectar erros. Também se diminui a necessidade de inspeção dos
produtos o fim da linha, pois como cada produto é feito de uma vez, a sua qualidade já é percebida no
próprio processamento.
Assim, a Produção Enxuta é muito mais rápida e a empresa fica mais flexível para atender a demanda
e suas variações, podendo, inclusive, deixar o cliente “puxar” a produção. Ao contrário da produção
baseada em previsões de demanda, que “empurram” os produtos aos consumidores finais, antecipando
as vendas, que correm o risco de não se efetivarem, a produção “puxada” pelo cliente só é disparada
quando este efetivar a compra. Como resultado, tem-se uma sincronia entre o ritmo da produção e o
ritmo das vendas (takt time) e a redução do custo e do risco de antecipação das vendas.
Para a Produção Enxuta sempre há uma maneira melhor de fazer qualquer atividade, pois assim como
o mercado muda, a empresa deve mudar para se adequar às novas exigências desse mercado. Assim, a
busca da perfeição, ou seja, de melhoria contínua, deve ser algo constante nas empresas que queiram
se manter no mercado ao longo do tempo.
2.3 DO PENSAMENTO À CONSTRUÇÃO ENXUTA
Lean Thinking, ou Mentalidade Enxuta é um termo utilizado para denominar uma filosofia de
negócios baseada no Sistema Toyota de Produção, o qual olha com detalhe para as atividades básicas
envolvidas no negócio e identifica o que é o desperdício e o que é o valor a partir da ótica dos clientes
e usuários.
Essa mentalidade pode ser resumida no objetivo de produzir cada vez mais satisfazendo os desejos dos
clientes utilizando cada vez menos recursos, eliminando assim, os desperdícios no processo, focando
nas atividades que agregam valor aos clientes. Ressalta-se ainda que, inicialmente, a implantação dos
novos conceitos ocorra em projetos isolados a fim de que, posteriormente, possa-se estendê-la a outros
empreendimentos das empresas. Vale ressaltar que esses mesmos autores enumeram os cinco
princípios do Pensamento Enxuto:
i. Especificação do Valor (o que agrega valor ao produto para o cliente);
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ii. Identificação da cadeia de valor (onde o valor é gerado);
iii. Fluxo (fazer o valor fluir);
iv. Produção puxada (produzir somente quando o cliente demandar);
v. Perfeição (melhoria contínua).
O Pensamento Enxuto na construção civil é chamado de Construção Enxuta (Lean Construction). De
acordo com Isatto et. al. (2000), a publicação do trabalho por Koskela (1992) do Tecchnical Research
Center (VTT) da Finlândia, a partir do qual foi criado o Grupo Internacional pela Lean Construction
(IGLC), foi de suma importância para a disseminação desse novo conceito ao setor da Construção
Civil.
A diferença entre a filosofia gerencial tradicional e a lean production é principalmente conceitual,
ensejando que os procedimentos recomendados pela produção enxuta possam ser aplicados em todas
as indústrias produtoras de bens e serviços. Na indústria da construção civil, em particular, a maioria
dos compradores gostaria de ter exatamente a construção necessária, o mais rápido possível, ao menor
preço possível. Em se tratando de reforma, caso em que não se pode deixar a casa ou o escritório
durante as obras, o atual sistema é inviável, pois não só exige um intervalo de tempo maior entre o
começo e o fim da obra, como também, quando o trabalho termina oficialmente, há uma lista
considerável de afazeres que limita as relações entre usuários e construtores.
Na visão tradicional, um processo de produção consiste em um conjunto de atividades de conversão de
matérias-primas (inputs) em produtos (outputs), constituindo, assim, o denominado modelo de
conversão. Para este modelo, o processo de conversão pode ser dividido em vários subprocessos que,
por sua vez, são considerados também como atividades de conversão. A continuar, ainda à luz do
paradigma tradicional, a menor unidade de uma divisão hierárquica de um processo é chamada de
operação.
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Figura 2: Modelo Tradicional de processo (KOSKELA, 1992).
No entanto, na Lean Production considera-se que o ambiente produtivo e composto por atividades de
conversão e de fluxo. Embora sejam as primeiras que agregam valor ao processo, o gerenciamento das
atividades de fluxo constitui uma etapa essencial na busca do aumento dos índices de desempenho dos
processos produtivos. Essas últimas podem ocorrer, ainda, através de atividades de transporte,
movimentação ou espera.
Figura 3: Modelo de processo da Lean Construction (adaptado de KOSKELA, 1992)
Esse modelo é aplicável não somente aos processos de produção, que possuem um caráter físico, mas
também a processos de natureza gerencial, tais como planejamento e controle, suprimentos, projetos,
etc. Ainda segundo esse mesmo autor, no caso de processos gerenciais, ao invés de materiais, ocorre o
transporte, espera, processamento e inspeção de informações.
2.4 CONSTRUÇÃO CIVIL
O trabalho está presente na vida do homem desde a civilização. Como relatam Vargas e Menezes
(1996), inicialmente o trabalho era a forma de sobrevivência. Ao iniciar esta luta, o homem além da
alimentação, buscava também proteção, tanto assim que desenvolveu utensílios e aprendeu devagar a
transformar elementos da natureza para seu benefício próprio.
Ao passar do tempo o ser humano passou a perceber a necessidade de proteção, que estava muitas
vezes condicionada a obtenção de abrigo que podia ser construído com uso dos meios e elementos da
natureza existentes a sua volta.
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Foi assim que surgiram as primeiras obras de engenharia, mesmo que ainda rudimentares feitas através
da experimentação, e da evolução do conhecimento leigo, que o homem desenvolveu, transformando
os recursos da natureza a seu favor de variadas formas para diversos fins.
Durante muitos anos de experiência e a conquista do conhecimento científico da matemática, física e
química, o ser humano passou a conhecer as características dos materiais, as possibilidades do seu uso,
as leis físicas e as equações necessárias da matemática.
Com a aplicação dessas ciências surgiu a engenharia civil com o propósito de estudar e desenvolver
técnicas e conhecimentos no sentido de atender as necessidades de habitação, saneamento, transportes,
etc. No entanto para atender estas necessidades foram criadas empresas voltadas para execução de
“obras de engenharia”. Estas empresas deram origem ao setor da Construção Civil.
2.5 CARACTERIZAÇÃO DO SETOR CONSTRUÇÃO CIVIL
2.5.1 PECULIARIDADES DO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL BRASILEIRO
Segundo vários autores, a indústria da construção civil apresenta, dentre outras, a característica de ser
bastante heterogênea. Há um grande número de empresas, que possuem vocações e estruturas com
consideráveis diferenças. Dessa forma, os produtos e serviços da construção civil apresentam um
elevado grau de diversificação, o que torna o ambiente mais competitivo.
Messenguer (1990) apud Assunção (2006) aponta como principais características da Construção Civil,
o caráter nômade, a dificuldade de constância de materiais, componentes e processos; produtos únicos,
raramente seriados; dificuldade de promover a organização e o controle, uma vez que, ao contrário da
maioria das indústrias, o produto é fixo e a mobilidade é dos operários; indústria muito tradicional,
com grande inércia a alterações; mão de obra pouco qualificada com pouca possibilidade de promoção;
ferramentas pouco desenvolvidas; trabalho sujeito a variabilidade do clima; especificações complexas
e por vezes contraditórias; 8 responsabilidades dispersas e pouco definidas; menor grau de precisão em
prazos e orçamentos que outras indústrias; dificuldade de absorção da experiência do usuário devido
ao longo ciclo de aquisição-uso-reaquisição.
Para Dacol (1996), destacam-se as seguintes particularidades no processo construtivo da indústria da
construção civil, quando comparado ao processo construtivo vigente na indústria de transformação:
• Produto não homogêneo e não seriado, estando na dependência de encomendas que implicam a
elaboração de um bem singular, não reproduzível;
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• A importância do projeto singular, para cada produto. Ou seja, cada produto tem projetos
arquitetônicos, elétricos, estruturais individuais, que raramente são reproduzidos em novos
empreendimentos;
• O processo construtivo depende dos fatores climáticos, pois, este ocorre ao ar livre, implica a
manipulação de insumos perecíveis e processos que são aviltados pela ação da água;
• O período de construção é relativamente longo, contado em termos de meses e anos: há uma série de
etapas que compõem as fases de execução de uma obra, e estas normalmente tem um período
prolongado;
• O produto da atividade construtora é extremamente heterogêneo. Independente de se tratar de obras
de empreitada ou de incorporação, o produto final sempre possui especificidades próprias, que o
tornam exclusivo;
• O setor da construção civil possui uma complexa divisão: a Construção Civil possui uma cadeia
produtiva complexa, que se estende desde a indústria extrativista mineral até a comercialização dos
imóveis ou a utilização da infra-estrutura construída, como pontes, estradas e instalações de indústrias;
• O processo de construção sofre a interferência de diferentes participantes (usuários, clientes,
projetistas, financiadores, construtores), cujos objetivos nem sempre são compatíveis, o que dificulta a
sua efetivação;
• Não existem alternativas locacionais para o setor devendo o processo de construção ocorrer em dado
lugar, determinado pelas condições de demanda;
• O processo construtivo está sujeito apenas a uma mecanização parcial, de modo que, embora as
máquinas e equipamentos sejam essenciais e determinantes para o processo construtivo, ainda existe
dependência em relação às habilidades do trabalhador.
De acordo com a CEE/CBIC (2001), outra característica importante da construção brasileira é o seu
reduzido coeficiente de importação, utilizando-se basicamente de capital, 9 tecnologia e insumos
predominantemente nacionais. Ou seja, a construção apresenta baixos níveis de importação em
comparação com outros segmentos e com seu valor agregado.
Um estudo setorial realizado pelo SEBRAE-MG (2005, p. 2) aponta que a construção civil, no Brasil,
tem como principais características:
• Ser altamente intensiva na geração de emprego, predominando a utilização de mão-de-obra de baixa
qualificação, cabendo ao emprego formal pequena participação no total de trabalhadores ocupados
pelo setor;
• Sua demanda apresenta forte dependência da evolução da renda interna e das condições creditícias;
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• Possui reduzido coeficiente de importação, com elevada utilização de matérias-primas nacionais;
• Níveis de produtividade e competitividade bastante aquém do padrão existente nos países
desenvolvidos, especialmente nos aspectos tecnológicos e de gestão, refletindo a existência de
inúmeras ineficiências produtivas no setor;
• Existência de problemas diversos quanto à padronização e ao cumprimento de normas técnicas,
observando-se elevados percentuais de não conformidade técnica dos materiais e componentes da
construção civil habitacional.
2.5.2 SUBSETORES
De acordo com Trevisan (1998), a construção é segmentada em dois grupos de atividades: edificações,
que engloba obras habitacionais, comerciais, industriais, obras sociais e obras destinadas a atividades
culturais, esportivas e de lazer; e construção pesada, que engloba vias de transporte, obras de
saneamento, de irrigação/drenagem, de geração e transmissão de energia elétrica, de sistemas de
comunicação e de infra-estrutura de forma geral.
Segundo um estudo realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI (1995),
acerca das características estruturais do setor da construção civil, as empresas do setor da construção
civil podem ser divididas, de acordo com o tipo de produto final, em três grandes subsetores:
Construção Pesada, Montagem Industrial e Edificações. No Subsetor Construção Pesada, situam-se as
obras de infra-estrutura, tais como: obras viárias, obras de arte, saneamento, hidroelétricas e usinas. O
Subsetor Montagem Industrial compreende as obras de montagem de estruturas para instalação de
indústrias, de sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica e telecomunicações.
As empresas desse subsetor possuem características mais homogêneas que as características dos
demais subsetores, além disso, há um número menor de empresas com um porte, normalmente, médio
ou grande. O subsetor de Edificações tem como atividades principais a construção de edifícios, a
realização de partes especializadas e serviços complementares da obra de edificações. A maioria das
empresas desse subsetor possui um porte pequeno e, ao contrário do subsetor de Montagem Industrial,
as empresas possuem características pouco homogêneas, já que as obras possuem diferentes graus de
complexidade.
Segundo a CEE/CBIC (1998), no Brasil, o segmento de Edificações apresenta uma grande
heterogeneidade interna, tanto no tamanho quanto na capacitação tecnológica e empresarial de suas
empresas. Apesar da presença de estabelecimentos de diferentes portes e especialização, há o
predomínio das pequenas e médias empresas e, inclusive, de unidades com precária organização
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empresarial. É no subsetor de Edificações que se concentra o maior número de empresas - em torno de
57% do total dos estabelecimentos no Brasil, que somam aproximadamente 205 mil empresas de
construção civil. As maiores unidades apresentam tamanho médio inferior ao das empresas dos
subsetores de construção pesada e montagem industrial.
Além disso, no segmento de Edificações, a utilização de mão de obra é mais elevada, devido à menor
introdução de máquinas e equipamentos e ao forte parcelamento das atividades produtivas. Esse
subsetor contribui com cerca de 68,32% do volume de empregos gerados. O perfil da mão de obra
empregada no segmento é basicamente pouco qualificada (baixo nível de instrução e formação
profissional), com idade entre 30 e 35 anos, proveniente do mercado rural e com baixos salários (na
faixa de um a três salários mínimos) (CEE/CBIC, 1998).
A respeito do subsetor de Construção Pesada, a CEE/CBIC (1998) comenta que este subsetor é menos
heterogêneo em termos da organização interna. Há um número significativo de grandes empresas,
inclusive algumas macro empresas, que se encontram entre as 100 maiores empresas do Brasil,
considerando todos os ramos de atividades econômicas.
Dada a maior capacitação tecnológica e tamanho médio das empresas construtoras pertencentes a este
segmento, verifica-se um alto grau de especialização e uma diversificação interna bem acentuada, o
que cria condições de atuação em todas as atividades típicas deste ramo, em especial naquelas de
maior complexidade tecnológica.
Em termos de organização interna, o subsetor de Montagem Industrial é bem mais homogêneo do que
os outros subsetores, prevalecendo um número reduzido de empresas de grande e médio porte. Esta
estrutura de mercado é condicionada pela própria natureza das atividades, que de certa forma impõe
maior capacitação tecnológica e ganhos de escala CEE/CBIC, 1998).
2.5.3 A IMPORTÂNCIA SOCIAL DA CONSTRUÇÃO CIVIL
O setor da construção civil desempenha um papel de grande importância na economia brasileira,
contribuindo de maneira substancial para o desenvolvimento econômico e social do país. Sob o ponto
de vista econômico o setor da construção civil contribui para o desenvolvimento de outros setores ao
gerar consumo de bens e serviços. Sob o ponto de vista social, o setor da construção civil mostra sua
importância ao apresentar uma alta capacidade de absorção de mão-de-obra. Segundo Farah (1996), a
indústria da construção exerce um importante papel na economia do país. A autora aponta que essa
importância se deve, em primeiro lugar, ao suporte que presta às outras atividades econômicas e
sociais:
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“Ela [A indústria da construção civil] foi responsável, por exemplo, pela montagem da infraestrutura
necessária aos sucessivos modelos de desenvolvimento que marcaram a economia nacional, a partir do final da
Segunda Guerra. Ferrovias, rodovias, aeroportos, usinas hidroelétricas, sistemas de geração e transmissão de
energia, polos industriais, obras de urbanização e saneamento são alguns dos produtos da indústria da
construção associados à montagem dessa infraestrutura.” (FARAH, 1996).
Em segundo lugar, o setor da construção civil também é responsável pela construção de equipamentos
e edificações requeridos tanto por atividades ligadas à produção e à circulação (indústrias e centros
comerciais, por exemplo) como por serviços associados à reprodução da força de trabalho (escolas,
hospitais, creches, equipamentos, de lazer e habitações).
Um estudo setorial do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (DIEESE),
publicado em 2007 apontou o setor da construção civil como sendo um dos mais 2 importantes da
economia nacional nos últimos anos. O estudo apresentou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) relativos aos anos de 1998 e 1999, onde ficou demonstrado que o setor responde
sozinho por 10,3% do PIB nacional e por 6,6% das ocupações no mercado de trabalho, sem contar o
restante dos empregos gerados ao longo de toda a cadeia produtiva.
Para Tortato (2006), o setor da construção civil é inegavelmente importante no processo de
crescimento e desenvolvimento econômico, favorecido por uma série de características, como: elevado
efeito multiplicador; reduzido coeficiente de importação; reduzida relação capital/produto, ou seja, as
necessidades relativas de investimentos são menores; é intensivo em mão-de-obra, inclusive não
qualificada; tem forte componente social, além de responder por uma parcela significativa dos
investimentos.
Segundo Franco (1995), a importância social da construção se deve, em parte, a grande absorção da
mão de obra do setor e o poder de reprodução de empregos diretos e indiretos. A reprodução do
trabalho na construção civil não é realizada por meio de uma seleção e treinamento formal, e com isto,
as empresas acabam submetendo suas regras de comunicação e estrutura organizacional aos hábitos
provenientes da cultura de seus operários - cultura essa, ainda ligada à sua origem social, o campo, de
onde vieram os primeiros migrantes - e pactuam com a hierarquia de poder estabelecido no interior da
estrutura de ofícios, centralizada pelo mestre-de-obras.
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3 ESTUDO DE CASO
3.1 ESTRATÉGIA DE PRODUÇÃO E CRITÉRIOS COMPETITIVOS NA
CONSTRUÇÃO CIVIL
Os principais elementos que definem o conteúdo de uma estratégia de produção são os critérios
competitivos, relacionados com a estratégia competitiva da empresa e as categorias de decisão de
longo prazo que auxiliam a tomada de decisão no âmbito da função produção das empresas.
Apesar de estudos sobre os critérios competitivos terem sido pouco explorados, a partir dos anos 60, as
empresas começaram a perceber que, a fim de manter a lucratividade e a competitividade, não bastava
proporcionar aos clientes apenas um menor custo, pois os mesmos começaram a considerar também
outros critérios.
O Japão foi o pioneiro no reconhecimento dessas mudanças e, com isso, passou a verificar que esta
nova conjuntura tinha como base competitiva a valorização da função produção como uma fonte
potencial de vantagem competitiva na indústria de manufatura. Para tal, o Japão investiu fortemente
nos recursos humanos e na gestão de processos que influenciavam diretamente na produção.
Com isso, em função do tipo de mercado no qual a empresa pretende atuar, do grau de concorrência
interna nesse mercado, da sua competência interna e do tipo de produto produzido, a empresa terá que
focar em alguns critérios, aproveitando, de tal forma, os seus recursos, capacidades e oportunidades de
mercado objetivando tornar-se cada vez mais competitiva.
Com base no trabalho de Barros Neto (1999), os critérios competitivos são definidos como um
conjunto de prioridades consistentes que uma empresa tem que valorizar para competir no mercado. A
distinção entre as estratégias de produção adotadas por diferentes empresas reside no peso que se
atribui a cada um dos critérios competitivos e na forma como eles são efetivamente cumpridos no setor
de produção.
Vale ressaltar que os critérios podem ser divididos em dois tipos: primeiramente, os qualificadores,
que necessitam estar em um patamar mínimo exigido pelo mercado, ou seja, padrão mínimo de
desempenho para um produto sobreviver ao mercado; e os ganhadores de pedido, que oferecem
desempenho melhor do que o da concorrência a fim de aumentar a competitividade. Vale enfatizar que
a seleção entre estes critérios dependerá das circunstâncias de cada mercado em que a empresa atua.
Diante desse cenário, foram surgindo outros critérios competitivos que passaram a ser considerados na
fabricação dos produtos. Tal fato pode ser verificado ao se analisar os trabalhos publicados, ao longo
dos anos, que tratam do assunto.
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No quadro abaixo constam os critérios competitivos que estão relacionados segundo Barros Neto
(1999), com os desejos dos clientes a fim de mostrar as variáveis genéricas que os clientes anseiam.
Figura 4: Relação dos desejos dos clientes com os critérios competitivos da função produção das empresas de
construção de edificações (Adaptado de BARROS NETO, 1999).
Abaixo uma explanação sobre cada critério competitivo adotado neste trabalho.
3.1.1 CUSTO
De acordo com Teixeira e Paiva (2008), esse critério competitivo objetiva a redução dos custos de
produção (mão-de-obra, matéria-prima, instalações e transporte) a fim de oferecer ao cliente um
produto final com um menor preço.
Este critério pode ser considerado como fonte de vantagem competitiva e está ligado aos preços dos
produtos e serviços.
Segundo Barros Neto, é notória a inclusão do custo como um critério competitivo, pois ele possui uma
ligação direta com a eficiência da empresa em produzir cada vez mais utilizando menos recursos.
Além disso, o custo é o critério mais perseguido pelas empresas construtoras. porém, muitas vezes as
mesmas desconhecem como reduzir estrategicamente seus custos. A produção, portanto, adquire um
papel de suma importância na competição pelo menor preço através da atuação nos custos de
produção, buscando assim, melhor adequação ao fluxo de caixa dos empreendimentos.
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Todavia, o fato do produto final da construção ter um elevado valor, além do menor preço, outros
fatores são bastante considerados pelos clientes no ato da compra, por exemplo, as condições de
pagamento. Tal situação ocorre quando o valor da prestação e a forma de pagamento preponderam em
relação ao preço real do imóvel.
3.1.2 DESEMPENHO NA ENTREGA
Comumente conhecido em muitas indústrias como um critério qualificador, o critério desempenho na
entrega, no mercado da construção civil, é considerado, em muitas ocasiões, como um critério
ganhador de pedido, pois uma parte significativa das empresas que atuam nesse setor negligencia o
prazo de entrega do produto final.
Segundo Slack (1993), o critério desempenho na entrega pode ser dividido em confiabilidade na
entrega e velocidade de produção (ou entrega). Complementando esta afirmativa, Barros Neto,
Fensterseifer e Formoso (2003) consideram que o desempenho na entrega está baseado na valorização
do tempo.
Este critério competitivo significa, conforme o que foi acertado com o cliente, completar as atividades
em tempo para que os mesmos recebam seus bens e/ou serviços, tornando a confiabilidade do cliente
tanto na rapidez da entrega, como no prazo, um diferencial competitivo na escolha do produto.
Vale ressaltar que, por se tratar de um produto que possui um elevado tempo de processamento, na
construção civil, o prazo torna-se uma variável de suma importância para os clientes, pois os mesmos
investem seu capital durante um longo período de tempo sem que possam desfrutar do seu bem.
3.1.3 QUALIDADE
O critério qualidade significa oferecer um produto de qualidade elevada ou que possua desempenho ou
características que não são ofertadas nos outros produtos do mercado.
Segundo Picchi (1993), este critério pode ser dividido em três dimensões: qualidade de conformação,
que aborda os aspectos de eficiência do processo, bem como, os aspectos de atendimento às
especificações e ao projeto; qualidade de serviços, que compreende o atendimento e informação ao
cliente, bem como, a assistência técnica; e qualidade de projeto, esta envolve o grau em que o produto,
por meio da sua concepção e especificações, atende aos desejos dos consumidores.
Com isso, no setor da construção civil, o critério qualidade é melhor abordado ao ser dividido em três
partes: conformação com os contratos, conformação com os projetos e qualidade no processo
construtivo.
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3.1.4 FLEXIBILIDADE
O critério flexibilidade considera dois aspectos: flexibilidade de volume e produto. Em adição a esses
aspectos, há a flexibilidade de entrega, que se refere à busca de diferentes tempos de entrega e de mix
de produto.
Por se tratar de um conceito bastante amplo, a implantação deste critério ao setor da construção civil
torna-se difícil. Porém, a flexibilidade que mais se encaixa com as características desse mercado é a
flexibilidade de produto. Tal fato verifica-se, pois esse tipo de flexibilidade abrange a facilidade com
que a empresa tem de adaptar seus produtos a um ou mais clientes, questionando-se o tipo de
modificação, o quanto se poderá modificar e até quando poderão ser solicitadas modificações pelos
consumidores.
3.1.5 INOVAÇÃO
Devido ao aumento da velocidade com que as inovações tecnológicas vêm sendo introduzidas nas
organizações, surge, com uma frequência cada vez maior, a necessidade de rever e reformular
constantemente as práticas e modelos de gestão adotados. Com isso, as empresas passaram a
considerar esta característica como um critério competitivo.
Tal fato pode ser verificado na afirmação de Oliveira (2003, p. 95), “com o surgimento constante de
novas tecnologias torna-se conveniente repensar o produto ou o processo de produção e verificar se as
necessidades dos clientes podem ser atendidas de uma forma mais plena ou econômica”. Portanto a
identificação das tecnologias que poderão ser adotadas pela organização a fim de aumentar o valor do
produto na percepção do cliente é o mais importante neste contexto de inovações tecnológicas.
A inovatividade é a capacidade que uma empresa possui de implantar novas idéias, sejam elas grandes
ou pequenas; introduzir em suas linhas, novos produtos e/ou processos num determinado intervalo de
tempo a fim de trazer futuras vantagens competitivas.
Percebe-se que na construção de edificações, o critério competitivo inovação se evidencia por meio de
novos materiais de construção ou novas concepções arquitetônicas (produto) e novas formas de
construção (processo). Este último se enquadra no Lean Construction, como uma filosofia inovadora e
uma fonte potencial de diferenciais competitivos.
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3.1.6 SUSTENTABILIDADE
No final da década de 1960, surgiram, a respeito da sustentabilidade dos recursos naturais, o debate e a
reflexão sobre a relação entre o meio ambiente e o crescimento econômico. Naquele momento, duas
posições eram as que mais se destacavam. A primeira era formada pelos que acreditavam que o
crescimento exponencial ilimitado era incompatível com a disponibilidade limitada dos recursos
naturais e que a única saída para salvar o mundo da catástrofe resumia-se em parar o crescimento
imediatamente. A segunda afirmava que, a fim de frear a ascensão do Terceiro Mundo, os países
desenvolvidos teriam inventado a problemática ambiental.
Diante deste cenário, a partir de 1987, quando foi utilizado pela Comissão Mundial sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas o Relatório Brundtland, o termo Sustentabilidade
popularizou-se mundialmente, pois, neste ano, surgiu a sua definição mais difundida, a qual considera
que o desenvolvimento sustentável deve satisfazer as necessidades da geração presente sem
comprometer as necessidades das gerações futuras.
A sustentabilidade, na maioria dos estudos, é formada por três dimensões que se relacionam:
ambiental, social e econômica. Elas são conhecidas como tripple bottom line. A dimensão ambiental
ou ecológica estimula empresas a considerarem o impacto de suas atividades sobre o meio ambiente,
na forma de utilização dos recursos naturais, e contribui para a integração da administração ambiental
na rotina de trabalho; a dimensão social consiste no aspecto social relacionado às qualidades dos seres
humanos, como suas habilidades, dedicação e experiências, abrangendo tanto o ambiente interno da
empresa quanto o externo; a dimensão econômica inclui não só a economia formal, mas também as
atividades informais que provêem serviços para os indivíduos e grupos e aumentam, assim, a renda
monetária e o padrão de vida dos indivíduos.
Ultimamente, o discurso dos empreendedores e gestores sobre sustentabilidade é direcionado ao
mercado consumidor, aos concorrentes, aos seus funcionários, às organizações Não-Governamentais
(ONGs), aos parceiros e aos órgãos governamentais.
Segundo esses mesmos autores, muitas empresas enfrentam dificuldades ao associar seus discursos e
práticas gerenciais a uma definição completa de sustentabilidade, pois essas empresas acabam focando
apenas em pontos específicos da sustentabilidade como as questões sociais, questões ambientais e, em
alguns casos, questões exclusivamente econômicas.
Vale ressaltar que mesmo após vários estudos, ainda não há consenso sobre o significado de
sustentabilidade, pois as várias definições criadas tornam o termo sustentabilidade um conceito amplo.
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4 CONCLUSÃO
Tal sistema de produção, entre diversos aspectos marcantes, foi um divisor de águas nos métodos de
produção moderna, mudando a forma de pensar e de enxergar a produção, seja do que for,
caracterizando, dessa forma, uma mudança de paradigma. A partir do Sistema Toyota de Produção, a
produção passou a ser enxergada de forma global e sistêmica, o processo começou a ser visto como um
todo.
Através da capacidade de enxergar os desperdícios em cada detalhe do processo e as oportunidades de
melhoria contínua onde antes já se haviam esgotado as análises com intenção, caracterizaram essa
nova teoria. Mudou-se não somente a técnica, mas também a filosofia, a forma de enxergar o processo
com relação a desperdícios e melhorias nos sistemas de produção, sob o domínio de antigos conceitos.
Dessa maneira, considera-se que é possível reduzir perdas e evitar desperdícios, diminuindo custos e
otimizando processos na execução das atividades de uma obra de engenharia através da adoção de
princípios do Sistema Toyota de Produção e de seus desdobramentos para a Construção Civil,
aplicando-se a produção enxuta na Construção. Porém, apesar de, com essa metodologia a produção
enxuta ter base teórica definida, técnicas de suporte estabelecidas e ferramentas possíveis de serem
utilizadas, não é clara a operacionalização efetiva e objetiva dessa lógica de produção na Construção
Civil na literatura corrente.
Foi possível concluir que a produção enxuta na construção civil – construção enxuta - atualmente
indica um claro e novo caminho, uma nova forma de pensar que indica muitas possibilidades de
redução de desperdícios, expostos em função dos novos conceitos fundamentados na lógica de fluxo e
valor aumentando cada dia mais a competitividade entre as empresas.
A construção civil brasileira é capaz de tornar-se competitiva quando o mercado e a segmentação
impõem tal perspectiva. O relacionamento do setor com o processo de globalização vem mostrando
evidências da competência das grandes empresas de construção civil brasileiras e as inovações no
segmento das edificações são um paradigma de mudança.
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5 REFERÊNCIAS
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