1 – É preciso perder a ilusão de que este é um texto que pode
ser estudado e refletido separadamente dos demais
livros das escrituras.
...
Pelo contrário, toda escritura culmina no Apocalipse, assim posso dizer que
início e o meio de Apocalipse não estão no Apocalipse e sim nas demais
escrituras. Deste modo, Apocalipse nos foi dado como um fechamento das
ações divinas que tiveram início muito antes da revelação deste Livro.
Assim, o Apocalipse deve ser estudado à luz de uma visão macro
toda Bíblia, ou seja, trata-se da consumação de um plano Divino,
que nos é apresentado ao longo da História. Como entenderemos
a consumação se a dissociarmos do todo?
Acerca Dos Temas Que Dizem Respeito Às Formas De Interpretação Deste Livro E Que São Tidos Como
Polêmicos, Cito:
1.As Possíveis Visões
Preterista; Historicista; Futurista; Idealista; Espiritualista.
2. Sobre O Arrebatamento:
1. Será Pré - Tribulacionista?2. Acontecerá Em Duas Etapas Ou
Dois Momentos?3. Será Em Meio À Tribulação?4. Será Pós - Tribulacionista?
5. Terá Arrebatamento?
4. E ainda não podemos ignorar todas as profecias que permeiam o
livro, as figuras alegóricas (o que elas significam? Como interpretá-las)
A verdade é que em pouco mais de 1900 de idade aproximada,
Apocalipse foi e é alvo de estudos exaustivos que tanto suscitam
respostas como ainda mais perguntas. Deste modo, cada um destes temas, se Deus assim o
permitir, será discutido no seu devido tempo.
Mesmo assim, não tenhamos a ilusão de que sairemos destas
manhãs com todas as respostas; teremos respostas, mas também não teremos certeza de que são
corretas. E, como se não bastasse a incerteza de nossas conclusões,
à estas somaremos ainda mais perguntas.
Vamos ao texto.
A revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe concedeu para manifestar aos seus
servos as coisas que cedo devem acontecer, as quais ele, enviando-as por intermédio do seu anjo, significou
ao seu servo João,
que testificou a palavra de Deus, e o testemunho de Jesus Cristo, sim
tudo quanto viu.Bem-aventurado o que lê e bem-
aventurados os que ouvem as palavras desta profecia e guardam as coisas que nela estão escritas; pois o tempo está próximo. (1 – 3)
1. O livro é uma revelação de Deus Pai.
2. Revelação dada ou transmitida a Jesus Cristo
3. Que por sua vez repassou aos anjos que foram mediadores da
revelação a João 4. Que, por fim, registrou e tornou
conhecido às Igrejas.
Todos estas informações tornam o prefácio deste livro singular quando
comparado a todos os outros escritos canônicos.
Seu propósito é estabelecer logo de início a autoridade Divina por
trás do texto.
João está dizendo com todas as letras que não se trata de um
conjunto de visões suas, mas estas vêm diretamente de Deus, de Jesus
cristo e são mediadas por seus anjos.
Assim, devemos entender que em meio à crise enfrentada pelas
igrejas da Ásia menor, deus não fica em silêncio, mas assegura seu
povo afirmando e rememorando que Ele ainda está no
controle de tudo...
Portanto, Ap. 1: 1 a 3 é, ao mesmo tempo, um título, um sumário
escatológico do conteúdo do livro e, sobretudo, uma exortação profética
ao povo de Deus acerca da resposta – do feedback – que se
espera dele.
Ouçamos o texto novamente:
Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos o que em
breve há de acontecer. Ele enviou o seu anjo para torná-la conhecida ao seu servo João,que dá testemunho de tudo o que viu, isto é, a palavra de Deus e o testemunho de
Jesus Cristo. Feliz aquele que lê as palavras desta profecia e felizes aqueles
que ouvem e guardam o que nela está escrito, porque o tempo está próximo. NVI
Sim. Os membros das sete Igrejas situadas na Ásia Menor – hoje
Turquia. Igrejas descritas no próprio livro. Aliás, Apocalipse foi
originalmente destinado a estas sete reais Igrejas.
Esta é a primeira das sete ‘bem aventuranças’ encontradas neste livro. Algumas, como veremos,
exortam os santos a perseverar e viver uma vida exemplar à luz dessas profecias e outras lhes
prometem recompensas futuras se assim se comportarem...
Sabendo que estas bem aventuranças também nos
alcançam, precisamos saber e crer que, de modo geral, o que se deve
entender dessas ‘bem aventuranças’ é que as bênçãos de Deus acompanharão os que
perseverarem.
Bem aventurados os que leem e guardam as palavras desta
profecia.
Ou
Abençoados os que leem e guardam as palavras desta
profecia.
O texto continua e às sete igrejas João deseja “graça e paz” ( graça é
uma versão cristã de uma saudação comum grega e paz era
uma saudação tradicional hebraica.
No entanto, “graça e paz” ganhou um significado no NT bem mais profundo,
pois passaram a representar uma promessa escatológica da parte de
Deus. Era como se os autores cristãos dissessem: “Agora em Jesus Cristo
vocês podem experimentar o que antes era só uma esperança, a saber, ‘graça’
e ‘paz’ de verdade”
Este ‘poder’ abençoador existente na pronunciação da ‘graça e da paz’ encontra sua justificativa e seu fundamento na origem da
‘graça’ e da ‘paz’ que não é outra senão o Deus trino.
Diz o texto:
A vocês, graça e paz da parte daquele que é, que era e que há
de vir, dos sete espíritos que estão diante do seu trono,e de Jesus Cristo, que é a
testemunha fiel, o primogênito dentre os mortos e o soberano dos
reis da terra.
Apocalipse 1:4-5
A 1ª primeira pessoa da trindade identifica aqui como fonte de graça e paz é o Deus pai. A expressão aquele que é, e que era, e que há de vir designa Deus, que não só
existe agora, mas sempre existiu e existirá eternamente. (Hb 13.8)
Um dado curioso:
Graça a vós e paz da parte daquele que é, que era e que há de vir;
Apocalipse 1:4
Tem algo fora de padrão nesta expressão?
Na expressão está fora de ordem cronológica pois o presente (que é) vem antes do passado (que era).
Acredita-se que a ideia seja ratificar que o controle divino do passado e do
futuro visa trazer consolo e renovo para aqueles que sofrem por meio da
conscientização de que Deus tem o controle do presente, ainda que não
pareça – Deus é Aquele que é.
Na expressão está fora de ordem cronológica pois o presente (que é) vem antes do passado (que era).
Acredita-se que a ideia seja ratificar que o controle divino do passado e do
futuro visa trazer consolo e renovo para aqueles que sofrem por meio da
conscientização de que Deus tem o controle do presente, ainda que não pareça.
Já que somos tendenciosos à nostalgia do passado e ao
vislumbre do futuro, O propósito é ter vivo na mente e no coração que o eterno poder de Deus já visto no
passado e que garante o futuro continua atuando no presente.
Deus é Aquele que é.
Há controvérsias sobre a segunda pessoa identificada como fonte de
graça e paz. Há quem diga que estes “sete espíritos” dizem
respeito a sete anjos, no entanto, uma corrente bem fundamentada e
mais comumente aceita os identifica como a plenitude do
Espírito Santo...
Tendo como base, por exemplo, em Isaías 11.2; Zacarias 4. 2 a 10 e também outros textos do próprio
Apocalipse, cito 3.1 e 4.5 que afirma que Cristo ‘tem os sete
espíritos de Deus’ mostrando que o Espírito sétuplo é tanto de Deus
como de Cristo.
A terceira fonte de ‘graça’ e ‘paz’ é Jesus Cristo que neste momento é
identificado por três títulos descritivos revelando o papel
central da cristologia no livro, assim como também quem ele é ( a fiel
testemunha- primogênito dos mortos e príncipe dos reis)...
e o que ele faz ( nos ama; nos liberta e nos lava de nossos pecados, tornando-
nos reis e sacerdotes para o seu e nosso pai.
“a Ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém. 1:6”
Pois não há como refletir sobre a obra e o amor de Cristo e não
irromper em louvor.
Que sejamos assim. Sempre conscientes de todas as
implicações contidas nas obras, nas palavras e na vida de Jesus e, por todas essas coisas, seja Cristo
sempre exaltado em nossa existência.
Glória pois a Ele eternamente, amém!
Em nossa primeira aula aprendemos que toda dinâmica ‘revelacional’ de apocalipse se
através de 4 momentos. A saber:
1. O livro é uma revelação de Deus Pai.
2. Revelação dada ou transmitida a Jesus Cristo
3. Que por sua vez repassou aos anjos que foram mediadores da
revelação a João 4. Que, por fim, registrou e tornou
conhecido às Igrejas.
Concluímos assim, que todos estas informações tornam o prefácio
deste livro singular quando comparado a todos os outros
escritos canônicos. Seu propósito é estabelecer logo de início a autoridade Divina por
trás do texto.
João está dizendo com todas as letras que não se trata de um
conjunto de visões suas, mas estas vêm diretamente de Deus, de Jesus
Cristo e foram mediadas por seus anjos.
O que nos permite entender que em meio à crise enfrentada pelas igrejas da Ásia menor, Deus não
ficou em silêncio, mas deu segurança ao seu povo afirmando e
rememorando que Ele atento à realidade enfrentada por eles e no
controle de tudo.
Essa identificação de Deus com sua igreja e que O
levou a revelar as coisas que
estavam por vir encontra paralelo
também em João.
Diz o texto:Eu, João, irmão e
companheiro de vocês no sofrimento, no
Reino e na perseverança em
Jesus, estava na ilha de Patmos, por causa da palavra de Deus e
do testemunho de Jesus.
Apocalipse 1:9
Vejam que há uma profunda identificação de João com seus leitores
– sou um de vocês – irmão e companheiro na aflição que muitos já
sofriam assim como ele.
Diz o texto...
“Conheço as suas aflições e a sua pobreza... Não tenha medo do que você está prestes a sofrer. Saibam
que o diabo lançará alguns de vocês na prisão para prová-los, e
vocês sofrerão perseguição...”
Apocalipse 2: 9a e 10b
A luta do filho de Deus foi e é uma realidade para a qual Deus todo o
tempo se preocupou em nos preparar, assim ele sempre nos
alertou. Como vemos nas palavras de Cristo:
“no mundo tereis aflições”
E nas palavras de Paulo;
Atos 14:22 Confirmando os ânimos dos discípulos,
exortando-os a permanecer na fé, pois que por muitas
tribulações nos importa entrar no reino de Deus.
O que nos leva à seguinte reflexão:Hoje, em nome de uma vida
triunfalista, muitos líderes agem como se fosse imunes a qualquer
tipo de dificuldades. E mais:Desenvolvem uma espiritualidade
ou seus ministérios como se fossem ‘Aliens’ espirituais.
Explico...
São ‘líderes alienígenas’ que estão numa determinada posição, assim
desenvolvem o trabalho pra bem ou para mau e não se dão ao
envolvimento, à cumplicidade, à igualdade, afinal de contas eles são
povo eu estou numa posição humana e espiritual superior.
Então tenta-se um acesso e não se consegue.
Tenta-se ser ouvido e não se consegue.
Tenta-se uma ajuda e não se consegue.
Tenta-se uma aproximação e não se consegue.
O convívio, nem pensar!
Assim, buscamos paralelo na bíblia para uma postura como esta e não achamos. Pelo contrário, todo líder
bíblico se deu a uma profunda cumplicidade e identificação com seu
povo. Todos inundados por uma profunda humanidade, o que parece ter
sido perdida na existência de muitos líderes. Vaidade.
Maldita vaidade!
Voltando ao texto, aprendemos que apesar de toda excelência da
revelação o que fez de João um indivíduo privilegiado, estava lá
exilado, preso na Ilha de Patmos.
Vejamos o mapa...
A vocês, graça e paz da parte daquele que é, que era e que há
de vir, dos sete espíritos que estão diante do seu trono,e de Jesus Cristo, que é a
testemunha fiel, o primogênito dentre os mortos e o soberano dos
reis da terra.
Apocalipse 1:4-5
Para entender resumidamente como se deu a ida de João para
essa ilha-prisão é preciso acessar a história. Assim descobrimos que:
Introdução II
Tito Flávio Domiciano (51/96 a.D.)reinou de 81 a 96, num dos mais
longos períodos dos césares.Era filho de Tito que destruiu o
templo em Jerusalém.É tido como um dos mais
paranoicos dos imperadores romanos, comparado a Calígula e
Nero.
Como resolveu deificar-se, os cristãos passaram a ser perseguidos porque
não aceitavam este sacrilégio.
João era um líder dentre os cristãos e por não negar a Cristo, foi castigado
sendo exilado para uma ilha de minas de carvão, para onde Roma mandava
os seus inimigos políticos. Patmos foi essa Ilha.
Patmos foi sinônimo de exílio, encarceramento, ostracismo social,
calúnias, pobreza, exploração econômica, violência, constante
ameaça de ações judiciais e violação dos direitos humanos.
Para Deus, a reação adequada diante destes fatos é a
perseverança! E, às vezes, sucumbimos diante de coisas tão
pequenas.
Foi exatamente nestas circunstâncias tão adversas que Deus revelou-se a
João. Vamos aprender que a primeira grande seção de Apocalipse está
centrada nas igrejas às quais o livro se dirige. Seu trecho inicial (1: 9 a 20),
contém a primeira visão e mostra tanto a origem do livro (9 e 10) quanto a
ordem para escrevê-la (11).
A revelação descreve as igrejas como ‘candelabros de ouro’ entre
os quais se encontra Cristo, descrito como ‘alguém semelhante ao ser humano’ (12 e 13a); também retratado como juiz e vencedor (13b a 16); em seguida como Soberano e Aquele que ressuscitou (17 e 18)
...
Talvez a principal mensagem que devemos tirar desta segunda parte
do capítulo 1 é que se dos versículos (1 ao 8) encontramos o Deus Pai como soberano e Senhor da história, agora, seu domínio é transferido para o Senhor Jesus
Cristo (o Deus filho que é um com Ele) já glorificado e ressurreto.
Disse João:“eu fui arrebatado no Espírito e no dia
do Senhor...”Deve ser entendido tendo o Espírito
Santo como fonte de inspiração profética e não como uma possível perda dos sentidos por conta de um êxtase espiritual. Até porque o texto
nos permite entender que João estava o tempo todo consciente de tudo
o que via e ouvia.
Já a expressão ‘o dia do Senhor”, pode ser uma referencia ao domingo, dia
escolhido pela igreja do primeiro século com base no domingo da ressurreição
como dia de culto. Acredita-se que João estava em culto, adorando a
Deus – no dia do Senhor – e neste dia e nestas circunstâncias ele
recebeu a visão.
A visão do Cristo exaltado!(12 a 16)
O texto diz que João ouve uma voz por detrás dele, então ele vira – “ao me voltar” – para ver quem falava.
Quem ou o que ele vê primeiramente?
Sabendo que estes candelabros representam as igrejas descritas
nos capítulo 2 e 3 – e assim também nos representam –
devemos entender que, apesar das lutas e adversidades que estas
igrejas enfrentavam e enfrentamos, Deus espera que sejamos suas
luzes num mundo hostil. Somos?
A partir de então Jesus Cristo assume como figura central dos demais
versículos. A visão que João teve de Cristo no meio dos candelabros deve
ser entendida que Ele não é um Senhor ausente. Pelo contrário, está no meio de suas igrejas dando-lhes apoio
durante as lutas e provações. E quando olhamos para as muitas e
variadas igrejas do nosso tempo, vemos Cristo nelas?
Em fim, Jesus Cristo é descrito por João como ‘semelhante ao filho do homem’ termo derivado do profeta
Daniel, também usado nos evangelhos, e indica a figura do
libertador messiânico.
O texto prossegue e nele encontramos oito imagens que são usadas para
introduzir temos que estarão presentes em todo livro e não devem ser
interpretadas como uma descrição literal e sim como
figuras metafóricas...
1.Túnica Longa E Faixa De Ouro 2. Cabeça E Cabelos Alvos
3. Olhos Flamejantes4. Pés De Bronze5. Voz De Trovão
6. As Estrelas Em Sua Mão Direita7. Uma Espada Saindo De Sua Boca
8. O Rosto Brilhante
2. Cabeça E Cabelos Alvos
Jesus Cristo é retratado em sua sabedoria eterna e com toda a
reverência que era devida à sua pessoa.
3. Olhos Flamejantes
Retrata e percepção divina de Jesus Cristo que penetra na
essência da alma e da realidade humana
4. Pés De Bronze
Retrata não só a glória, força e o poder devido a Jesus Cristo,
mas também a advertência de um juízo eminente.
6. As Estrelas Em Sua Mão Direita
O versículo 20 as identifica como os sete anjos que serviam às sete
igrejas do Apocalipse. Até sobre esses anjos Jesus Cristo tem poder e autoridade (é o que na Bíblia significa ‘mão direita’)
7. Uma Espada Saindo De Sua Boca
Retrata o juízo e a verdade que serão impetrados contra os
inimigos de Deus.
8. O Rosto Brilhante como o sol
Remonta a experiência de Moisés, e resume as outras imagens pois
ratifica a glorificação e exaltação do cristo ressuscitado ao
equipará-lo com o próprio Pai que é “sol e escudo... Cuja luz
brilha para sempre.”
Quando o vi, caí aos seus pés como morto. Então ele colocou sua mão
direita sobre mim e disse: "Não tenha medo. Eu sou o primeiro e o último.
Sou aquele que vive. Estive morto mas agora estou vivo para todo o sempre! E tenho as chaves da morte e do Hades.
Apocalipse 1:17-18
Jesus não mudou. Ele permanece aquele que nos toca para livrar-nos dos nossos medos e tranquilizar-
nos. Assim ele nos dá segurança e nos coloca de pé.
E isso ele faz revelando-nos quem Ele é.
...
“...Eu sou o primeiro e o último.Sou aquele que vive. Estive morto mas agora estou vivo para todo o
sempre!”
Ensinando-nos, mais uma vez e pacientemente que, conhecê-lo como de fato Ele É, é suficiente para nossa fé e prática da nossa
espiritualidade.
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