UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE AGRONOMIA
DEPARTAMENTO DE QUMICA AGRCOLA E SOLOS
FERTILIZANTES E FERTILIZAO
Jos Carlos Ribeiro de Carvalho
Carla da Silva Sousa
Cssia da Silva Sousa
Cruz das Almas BA
2005
1. Professor Adjunto IV, Departamento de Qumica Agrcola e Solos, Escola de Agronomia UFBA 2. Engenheira Agrnoma, Mestranda em Cincias Agrrias, Escola de Agronomia UFBA 3. Estudante de graduao, Escola de Agronomia - UFBA
APRESENTAO
As adubaes visam devolver ao solo elementos nutritivos que foram absorvidos pelas
culturas ou perdidos por diferentes formas.
Essa prtica pode ser processada no momento do plantio em culturas anuais ou
perenes, como tambm no ps-plantio mais especfico para culturas perenes, excetuando-se a
adubao nitrogenada e por vezes a potssica que tambm so efetuadas para culturas de ciclo
curto.
A fertilizao do solo pode parecer de fcil entendimento, entretanto as respostas das
culturas s adubaes tm indicado o contrrio, pois as causas de malogro so vrias. Para
que se tenha uma maior resposta s adubaes e conseqentemente um maior coeficiente de
aproveitamento do elemento pela planta, deve-se atentar para os seguintes pontos: ter pleno
conhecimento dos materiais fertilizantes que vo ser empregados (caractersticas fsicas,
qumicas e fsico-qumicas); determinar de forma coerente as quantidades dos adubos
nitrogenado, fosfatado, e potssico (recomendaes de adubao/anlise qumica do solo);
escolher sempre a poca mais devida e o modo de aplicao que se adeqe melhor. Como
tambm de suma importncia que o comportamento qumico desses adubos no solo seja
bem entendido.
No devemos esquecer que as respostas s sero positivas quando os pontos citados
acima estiverem associados a outros fatores relevantes para produo agrcola, como: compra
de sementes certificadas ou mudas de boa procedncia, escolha correta do tipo do solo para a
implantao da cultura, reao do solo equilibrada, reposio constante de matria orgnica
ao solo, boas condies climticas, irrigao e prticas culturais, fitossanitrias e
conservacionistas adequadas.
SUMRIO
SUMRIO ..............................................................................................................................11
HISTRICO SOBRE A NUTRIO DAS PLANTAS ...............................................15
Captulo 1 - ASPECTOS DA FERTILIDADE DO SOLO..........................................18
LEIS DA FERTILIDADE DO SOLO..............................................................................18
CRITRIOS DA ESSENCIALIDADE ............................................................................16
PRINCIPAIS FONTES DE MACRO E MICRONUTRIENTES ...............................20
FORMAS DE ELEMENTOS ABSORVIDAS PELAS PLANTAS ..............................22 AMOSTRAGEM DO SOLO .................................................................................................10
MATERIAIS USADOS NA COLETA DO SOLO .......................................................10
REA AMOSTRADA ..........................................................................................................11
TCNICAS DE AMOSTRAGEM PARA CULTURA DE CICLO CURTO ................12
TCNICA DE AMOSTRAGEM PARA CULTURAS PERENES .................................13
CUIDADOS ESPECIAIS DURANTE A AMOSTRAGEM..........................................19
Captulo 2 - ADUBO OU MATERIAL FERTILIZANTE...........................................21
CLASSIFICAO DOS PRINCIPAIS MATERIAIS FERTILIZANTES.............21
ADUBOS MINERAIS.........................................................................................................21
ADUBOS ORGNICOS .....................................................................................................23
CARACTERSTICAS FSICAS, QUMICAS E FSICO-QUIMICA DOS MATERIAIS FERTILIZANTES..................................................................................24
CARACTERSTICAS FSICAS.......................................................................................24
CARACTERSTICAS QUMICAS ..................................................................................26
CARACTERSTICA FSICO-QUMICA ......................................................................28
Captulo 3 - INTERPRETAO DA ANLISE QUMICA DO SOLO ...............30 7. ALUMNIO TROCVEL ...................................................................................................................... 35
Captulo 4 - CALAGEM ......................................................................................................38
MATERIAIS USADOS NA PRTICA DA CALAGEM..............................................39
QUANTIDADE A APLICAR DE CALCRIO ...............................................................40
POCA E MODO DE APLICAO DO CALCRIO...................................................44
Captulo 5 - GESSO AGRCOLA ....................................................................................48
CARACTERSTICAS DO GESSO AGRCOLA............................................................48
QUANTIDADE A APLICAR DE GESSO AGRCOLA ...............................................48
POCA E MODO DE APLICAO DO GESSO AGRCOLA...................................50
Captulo 6 - ADUBAO NITROGENADA..................................................................52
PRINCIPAIS ADUBOS NITROGENADOS..................................................................52
ESCOLHA DO ADUBO NITROGENADO .....................................................................54
QUANTIDADE A APLICAR DOS ADUBOS NITROGENADOS ...........................55
POCA DE APLICAO DOS ADUBOS NITROGENADOS ..................................56
MODO DE APLICAO DOS ADUBOS NITROGENADOS ...................................56
COMPORTAMENTO NO SOLO DOS ADUBOS NITROGENADOS.....................57
Captulo 7 - ADUBAO FOSFATADA .......................................................................62
PRINCIPAIS ADUBOS FOSFATADOS........................................................................62
ESCOLHA DO ADUBO FOSFATADO ...........................................................................63
QUANTIDADE A APLICAR DO ADUBO FOSFATADO..........................................64
POCA DE APLICAO DO ADUBO FOSFATADO.................................................64
MODO DE APLICAO DOS ADUBOS FOSFATADOS.........................................64
COMPORTAMENTO NO SOLO DOS ADUBOS FOSFATADOS...........................65
ADUBOS FOSFATADOS INSOLVEIS EM GUA.................................................67
QUANTIDADE A APLICAR PARA ADUBAES DE CORREO .......................68
POCA E MODO DE APLICAO .................................................................................68
Captulo 8 - ADUBAO POTSSICA.........................................................................69
PRINCIPAIS ADUBOS POTSSICOS.........................................................................69
ESCOLHA DO ADUBO POTSSICO ............................................................................70
QUANTIDADE A APLICAR DOS ADUBOS POTSSICOS ..................................71
POCA DE APLICAO DOS ADUBOS POTSSICOS .........................................71
MODO DE APLICAO DOS ADUBOS POTSSICOS ..........................................71
COMPORTAMENTO NO SOLO DOS ADUBOS POTSSICOS............................72
TIPOS DE EROSO ..........................................................................................................73
DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO EROSIVO ...................................................73
PRTICAS CONSERVACIONISTAS ............................................................................75
ABSORO DE N, P K POR DIFERENTES CULTURAS. ......................................75
Captulo 9 - USO DOS ADUBOS CONTENDO MICRONUTRIENTES ..............77
FONTES COM MICRONUTRIENTES METLICOS ................................................77
FONTES DE MICRONUTRIENTES NO METLICOS .........................................77
QUANTIDADE A USAR DE MICRONUTRIENTES.................................................78
COMPORTAMENTO DOS MICRONUTRIENTES NO SOLO ................................78
Captulo 10 - MISTURA FERTILIZANTES................................................................80
MISTURAS COMERCIAIS...............................................................................................80
MISTURAS PREPARADAS NA FAZENDA..................................................................80
FORMULA FERTILIZANTE .............................................................................................81
RELAO FERTILIZANTE ..............................................................................................82
CLASSIFICAO DAS MISTURAS .............................................................................82
COMPATIBILIDADES FSICAS E QUMICAS DAS FONTES QUE CONSTITUEM A MISTURA .......................................................................................83
Captulo 11 - FERTIRRIGAO .....................................................................................86
CARACTERSTICAS GERAIS .................................................. 86
VANTAGENS.................................................................... 86
DESVANTAGENS ............................................................... 86
MTODOS DE FERTIRRIGAO .............................................. 87
FERTIRRIGAO E O COMPORTAMENTO DOS NUTRIENTES ............ 89
MACRONUTRIENTES .......................................................... 89
FERTILIZANTES CONTENDO MACRO E MICRONUTRIENTES ............ 91
Captulo 12 - ADUBAO ORGNICA ........................................................................99
PRINCIPAIS EFEITOS PROPORCIONADOS PELA ADUBAO ORGNICA 99
PRINCIPAIS ADUBOS ORGNICOS ......................................... 102
COMPOSTO ORGNICO ...................................................... 102
USO DO COMPOSTO ORGNICO............................................ 103
TIPOS DE COMPOSTOS ORGNICOS....................................... 103
MODO DE PREPARO DO COMPOSTO ORGNICO .......................... 103
APLICAO DO COMPOSTO ORGNICO NO CAMPO...................... 109
VERMICOMPOSTO............................................................. 111
PREPARO DO VERMICOMPOSTO............................................. 111
ADUBAO VERDE ............................................................ 113
INCORPORAO DO ADUBO VERDE ........................................ 115
ESTERCOS OU ESTRUMES ................................................... 116
COMPOSIO QUMICA DOS ESTERCOS.................................. 116
SUB PRODUTOS DE INDSTRIAS .......................................... 119
VINHAA ...................................................................... 119
QUANTIDADE A APLICAR, POCA E MODO DE APLICAO............. 119
TORTAS OLEAGINOSAS ..................................................... 120
QUANTIDADE A APLICAR, POCA E MODO DE APLICAO............. 120
URINA DA VACA .............................................................. 121
CONSTITUIO QUMICA DA URINA DE VACA.......................... 121
CAPTAO E ARMAZENAMENTO DA URINA .............................. 121
Captulo 13 - FUNES FISIOLGICAS E SINTOMAS DE CARNCIA DOS ELEMENTOS.............................................................................................................124
MACRONUTRIENTES ......................................................... 124
MICRONUTRIENTES.......................................................... 125
PRINCIPAIS SINTOMAS DE CARNCIA NUTRICIONAL DE MACRO E MICRONUTRIENTES........................................................ 126
MACRONUTRIENTES ......................................................... 127
MICRONUTRIENTES.......................................................... 132
Captulo 14 - RECOMENDAES DE ADUBAO ................................................138
HISTRICO SOBRE A NUTRIO DAS PLANTAS
Quando o homem deixou de ser nmade, e se fixou principalmente em reas
delimitadas, ele comeou a se preocupar em melhorar o solo, pois safras seguidas diminuam
a sua fertilidade solo cansado e consequentemente repercutia em menores colheitas. Com o
decorrer dos tempos o homem civilizado aproveitando conhecimentos incipientes de biologia
e qumica, constituiu hipteses sem grandes respaldos cientficos, mas principalmente
fundamentadas em observaes de campo, tentando descobrir qual (is) seria(m) os agentes
fomentadores da produo agrcola.
A primeira hiptese com algum nexo, foi a do fogo, que foi aventada, j que aps
queimadas de vegetais vivos ou do mulch, deixava o solo com uma condio melhor para
obteno de maiores colheitas, induzindo que o fogo era o alimento da planta. Sabemos hoje,
que essa melhor condio se deve a abrupta mineralizao da matria orgnica, levada pelo
processo de combusto, deixando em formas disponveis elementos como o fsforo, potssio,
clcio, magnsio e micronutrientes. Entretanto, essa prtica, no deve ser incentivada, pois
mata a vida do solo, por reduzir a populao de fungos, bactrias, actinomicetos, minhocas
e outros. Aps a primeira queimada, a produo de uma cultura, ser maior pelas razes
apontadas acima, entretanto, queimadas sucessivas levam o solo a ficar praticamente estril e
como sabemos que a maioria das reaes que se processam nesse ambiente, de origem
bioqumica, ir diminuir as produes das culturas, principalmente de ciclo curto, por
explorarem menores volumes de solo. Para a recuperao de um solo nessas condies, se faz
necessrio que o mesmo fique sob pousio por largo perodo de tempo, e que sejam
fomentadas prticas conservacionistas como: adubao orgnica corretiva, e implantaes
sucessivas de adubos verdes, devolvendo matria orgnica que foi extinta pela queimada.
A segunda hiptese, sugeria que a gua era o agente responsvel pela produo, pois
aps precipitaes pluviomtricas, os campos vicejavam. Hoje sabemos que a gua exerce
papis importantes no ambiente do solo e no metabolismo da planta. Ela o agente
solubilizador de alguns adubos, levam os nutrientes at as radcelas para serem absorvidos,
alm de ser responsvel pela turgescncia das plantas. Como sabemos, todo hidrognio que a
planta absorve proveniente da gua e parte do oxignio tambm vem dessa fonte.
A terceira hiptese, a humstica, foi levantada pela observao de que em solo com
maior quantidade de resduos orgnicos, aumentava a produo agrcola. Embora fosse mais
coerente que as duas primeiras, o pensamento humstico era deturpado, pois consideravam
que a planta absorvia o hmus e como sabemos hoje, a planta no absorve molculas
orgnicas e/ ou materiais (adubos orgnicos ou minerais).
Por volta de 1840, o estudioso alemo Von Liebig, que muito contribuiu para o
progresso da fertilidade e fertilizao do solo, com as leis do mnimo e da restituio de
elementos ao solo, derrubou a hiptese humstica com base em trabalhos que efetuou em
fisiologia vegetal e nutrio de plantas, e alicerado pelos conhecimentos existentes de
qumica inorgnica e orgnica da poca, afirmou que a planta se alimentava de elementos
qumicos e no de molculas complexas. Estava, pois estabelecida teoria da nutrio
mineral de plantas.
Com o desenvolvimento da cincia no decorrer dos anos, e a incrementao das
pesquisas em fisiologia e nutrio de plantas e com base nos critrios estabelecidos da
essencialidade de elementos para o metabolismo vegetal, atualmente so conhecidos 16
elementos essncias a vida vegetal, como: carbono (C), hidrognio (H), oxignio (O),
nitrognio (N), fsforo (P), potssio (K), clcio (Ca), magnsio (Mg), enxofre (S), que so
designados como macronutrientes, pois as plantas requerem em maiores quantidades.
Completando a lista dos 16, temos ainda: ferro (Fe), cobre (Cu), zinco (Zn), mangans (Mn),
boro (B), molibdnio (Mo) e o cloro (Cl), que recebem o nome de micronutrientes, j que as
plantas necessitam dos mesmos em menores quantidades. Chamamos ateno, que tanto os
macro com os micronutrientes desempenham papis importantes na vida vegetal, logo
nenhum elemento mais importante que o outro.
CRITRIOS DA ESSENCIALIDADE
Normalmente so divididos em direto e indireto. Para que o elemento seja considerado
essencial deve atender a um dos critrios, podendo entretanto atender aos dois.
Critrio direto
O elemento considerado essencial, quando ele parte integrante da molcula
vegetal. Nesse critrio, esto enquadrados os elementos: nitrognio, fsforo, clcio,
magnsio, enxofre e alguns micronutrientes com exceo do boro.
Critrio indireto
Esse critrio est subdividido em:
a) Na falta do elemento em questo, a planta no completar seu ciclo bitico ou far de
forma catica;
b) Por mais parecido que seja, um elemento no substitui o outro inteiramente.
Sendo ambos os itens abrangentes a todos os elementos essenciais ao metabolismo
vegetal.
18
Captulo 1 - ASPECTOS DA FERTILIDADE DO SOLO
Pode-se dizer que um solo frtil quando o mesmo contm, em quantidade suficiente
e balanceada, todos os nutrientes essenciais s plantas em formas disponveis ou assimilveis.
Deve no conter substncias ou elementos txicos e possuir propriedades fsicas e qumicas
satisfatrias.
Ressaltamos que um solo pode ser frtil, e no ser produtivo. O solo produtivo
quando sendo frtil est localizado numa zona climtica capaz de proporcionar suficiente
umidade, luz, calor, etc.
LEIS DA FERTILIDADE DO SOLO
Embora existam inmeras leis, as mais importantes so: Lei do mnimo ou Lei de
Liebig, Lei dos incrementos decrescentes ou acrscimos no proporcionais e a Lei do
mximo.
Lei do mnimo (Liebig)
As produes das culturas so reguladas pela quantidade do elemento disponvel, ou
fator de produo que se encontra no mnimo em relao s necessidades das plantas.
Figura 1. Lei do mnimo (POTAFOS, 1998)
Lei dos incrementos decrescentes ou acrscimos no proporcionais (Mitscherlich)
19
Embora exista aumentos na produo, com o acrscimo do insumo ou fator de
produo aplicado, esse aumento no proporcional.
Figura 2. Representao da lei de Mitscherlich (POTAFOS, 1998)
Na figura acima, representada esquematicamente a lei de Mitscherlich, onde
podemos verificar que a produo da cultura no aumenta proporcionalmente ao aumento da
dosagem do adubo utilizado, logo os acrscimos no so proporcionais ao incremento do
fator de produo.
Lei do mximo (Bondoff)
Ao colocarmos um fator de produo em excesso, a produo no aumentar,
tendendo inclusive a diminuir drasticamente.
20
Figura 3. Representao grfica da lei do mximo (POTAFOS,1998)
PRINCIPAIS FONTES DE MACRO E MICRONUTRIENTES
Carbono
A fonte de carbono para a planta a natureza, que doa o elemento atravs do processo
fotossinttico. Esse elemento muito importante, pois forma o esqueleto da planta.
Hidrognio
A gua a nica fonte desse elemento para a planta.
Oxignio
Parte desse elemento vem do ar do solo, sendo o restante fornecido pela gua.
Nitrognio
Existem vrias fontes desse elemento como:
a) Fixao simbitica, proveniente da associao de bactrias do gnero Rhizobium e
plantas da famlia das leguminosas. Ressalte-se, que as espcies so especficas para
determinada leguminosa ou grupos de leguminosas como: Rhizobium phaseoli que
especfica para os feijes; Rhizobium japonicum para a soja; Rhizobium melilote para
alfafa; Rhizobium trifolii para o trevo, Rhizobium leguminosarum para os adubos
verdes e outros. Importante forma de contribuio na reposio do nitrognio para o
21
solo. A doao do elemento ocorre na poca da florao da leguminosa, quando se
deve incorpor-la ao solo, pois nesse estgio de vida da planta, a concentrao de
nitrognio maior.
b) Fixao assimbitica ou livre tambm denominada de azotao, que tem como
maiores representantes dois gneros de bactrias como: Azotobacter sp. que a mais
efetiva e a Clostridium sp.. Nesse tipo de fixao, o microorganismo retira a energia
da matria orgnica para a absoro do nitrognio atmosfrico, ficando com ele retido
em seu corpo at a morte, s disponibilizando o elemento para o solo, aps o processo
de humificao. A contribuio em nitrognio muito pequena em relao fixao
simbitica.
c) Chuvas com descargas eltricas, podem tambm aumentar o contedo de nitrognio e
enxofre no solo, principalmente em reas prximas a grandes centros industriais, onde
a poluio maior havendo acumulao de gases nitrogenados nas nuvens, que
sofrem uma oxidao quando ocorrem chuvas com trovoadas.
d) Humificao de resduos e adubos orgnicos so as fontes originais desse nutriente,
como tambm do enxofre e boro para a planta.
e) Os adubos minerais fontes de nitrognio para as plantas, so principalmente os sais
amoniacais e o sal amdico uria.
Fsforo
As principais fontes desse elemento so:
Fosfatos insolveis e solveis em gua, a matria orgnica e o solo.
Potssio
Adubos minerais, cinzas de madeira, matria orgnica e o solo.
Clcio e Magnsio
Adubos minerais clcicos e magnesianos, o solo e a matria orgnica.
Enxofre
Adubos sulfatados minerais e a matria orgnica.
Micronutrientes
Adubos minerais contendo micronutrientes, solo e a matria orgnica.
22
Figura 4. Fontes de alimentos das plantas (Guia Rural, 1990)
FORMAS DE ELEMENTOS ABSORVIDAS PELAS PLANTAS
Macronutrientes
Nitrognio
Pode ser absorvido na forma amoniacal (NH4+); nitrito (NO2-) e nitrato (NO3-). Chamamos
ateno que a forma de nitrito txica para a planta, entretanto, pouco absorvida, no
prejudicando a planta, em virtude da sua rpida transformao para nitrato atravs da ao de
bactrias do gnero Nitrobacter sp., e fungos do gnero Aspergillus, com as espcies flavus e
wentii.
Fsforo
A planta pode absorver o fsforo nas formas aninicas: monovalente (H2PO4-) e bivalente
(HPO4=), entretanto essa forma pouco absorvida.
Potssio, Clcio e Magnsio
So absorvidos nas formas catinicas, ou seja como ons potssio (K+), clcio (Ca++) e
magnsio(Mg++).
Enxofre
Ordinariamente absorvido na forma de sulfato (SO4=), pelo sistema radicular e como gs
sulfdrico (SO2) pelas folhas.
10
Micronutrientes
Micronutrientes metlicos (ferro, cobre, zinco e mangans)
So absorvidos nas formas inicas bivalentes (Fe++; Cu ++, Zn++ e Mn++).
Boro
o nico nutriente que no absorvido na forma inica, e sim como cido brico (H3BO3).
Molibdnio
Absorvido como nion molibdato (MoO4=)
Cloro
Absorvido como nion cloreto (Cl-)
AMOSTRAGEM DO SOLO
A amostragem o passo inicial, para o procedimento da anlise qumica do solo. de
suma importncia para que a anlise seja a mais correta possvel, logo tenha bastante cuidado
ao amostrar um solo, para no cometer erros.
MATERIAIS USADOS NA COLETA DO SOLO
Diferentes materiais podem ser utilizados na coleta do solo em campo, como: p reta,
enxado, cavadeira, etc. Entretanto o trado, principalmente o holands, deve ser o preferido,
pois evita-se erros na amostragem, em termos de profundidade e quantidade de solo recolhido
em cada sub amostra.
Alm do trado, voc necessita de um ou dois baldes, conforme seja a cultura de ciclo
curto ou perene, devidamente identificados, sacos plsticos, papel, lpis ou caneta.
11
Figura 5. Diferentes materiais que podem ser utilizados no processo de coleta das amostras
de solo (Recomendaes para uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais, 1999).
REA AMOSTRADA
Ao chegar a propriedade agrcola, onde voc realizar o trabalho de amostragem,
procure se informar do agricultor ou fazendeiro, sobre o histrico da rea ou reas a serem
amostradas. Pergunte quando foram feitas as ltimas calagens e adubaes, e qual a cultura
que estava implantada anteriormente. Caso exista alguma cultura na rea se certifique, sobre a
idade da mesma. Chegando rea a ser amostrada observe a sua topografia, vegetao (caso a
rea seja virgem), se a cor do solo constante, ou se h ocorrncia de manchas escuras ou
claras.
12
Figura 6. Separao de sub reas quando necessrio, caso necessrio, para retirada das
amostras de solo.
TCNICAS DE AMOSTRAGEM PARA CULTURA DE CICLO CURTO
Caso a topografia se apresente uniforme, sem manchas de solo, e tambm se o terreno
for todo plano, retire 15 amostras simples em zigue-zague e coloque em balde limpo,
formando uma amostra composta. Logo aps essa tarefa, homogenize no balde, ou no cho
limpo (sem detritos orgnicos), o solo coletado. Coloque aproximadamente 500g do solo em
saco plstico limpo, no esquecendo de colocar uma etiqueta, para separar de outras reas se
voc for amostrar.
Caso a rea apresenta topografia irregular, separe as amostras simples e compostas.
Retire 15 sub amostras do plano alto, homogeinize e forme uma amostra composta e proceda
da mesma forma para a encosta e baixada.
A profundidade de amostragem para cultura de ciclo curto so 20 cm, no
necessitando voc se preocupar com medies de profundidade, caso use o trado.
13
TCNICA DE AMOSTRAGEM PARA CULTURAS PERENES
Caso a cultura no esteja implantada, tome os cuidados mencionados anteriormente e
comece a tradagem. Nesse caso, necessita-se de dois baldes plsticos limpos, pois em culturas
perenes ou ciclo longo, se usa profundidades diferentes de amostragens. No primeiro ponto de
amostragem, colete na profundidade de 20 cm e coloque o solo em um dos baldes,
previamente etiquetado (balde n1), no mesmo buraco coloque o trado e a fatia retirada de
solo ser na profundidade de 40 cm, balde n 2. Proceda as demais retiradas andando em
zigue-zague na rea, usando a mesma tcnica que voc procedeu no primeiro ponto de
amostragem. Homogenize cada amostra em separado, coloque em sacos separados e
previamente etiquetados.
Caso a cultura j esteja implantada, ou seja, por exemplo, um laranjal com um ou mais
anos de idade, proceda operaes que voc efetuou para culturas perenes no implantadas,
mas o local ou ponto de coleta deve ser no rodap da planta, pois a so realizadas as
adubaes em cobertura, podendo haver conseqentemente poder residual de outras
adubaes, o que poder gerar economia na adubao futura. Recomenda-se tambm que se
faam uma amostragem a parte entre as fileiras das plantas.
AMOSTRAGEM DO SOLO PARA PASTAGENS E CAPINEIRAS
Para a implantao de pastagens e capineiras, a tcnica de amostragem a mesma
utilizada para culturas de ciclo curto, amostrando-se na profundidade de 0-20 cm. Para
forrageiras bem estabelecidas, sem a incidncia maior de ervas daninhas, preconiza-se 0-10
cm de profundidade.
As figuras a seguir, mostram o processo de coleta, desde a limpeza do local at a
anlise.
14
15
16
17
18
19
CUIDADOS ESPECIAIS DURANTE A AMOSTRAGEM
a) Separe sempre as reas a serem amostradas com fidelidade, ou seja, reas com
topografia irregular, como foi dito, necessitam de amostragem em separado. O mesmo
ocorre caso haja manchas muito claras ou escuras no solo.
b) No amostre prximo a dejees de animais, formigueiros ou cupinzeiros.
20
c) Ande na rea sempre em zigue-zague, pois os pontos de amostragem ficaro mais ao
acaso, com aproximao da verdade qumica do solo.
d) Use sempre balde limpo, pois pode ocorrer erros graves na anlise.
e) Homogenize bem as sub amostras, para a formao da amostra composta.
f) Coloque sempre as etiquetas nas amostras compostas e preencha a ficha de remessa da
anlise dando as maiores informaes possveis.
g) No demore de mandar o solo para o laboratrio, pois poder ocorrer modificaes
qumicas na rea amostrada.
PREENCHIMENTO DA FICHA DE REMESSA DO SOLO AO LABORATRIO
Lembre-se que voc est enviando ao laboratrio 500g de solo em cada amostra
composta que representa hectares, logo alm dos cuidados que devem ser observados, a ficha
precisa ser preenchida de modo o mais criterioso possvel, como: coloque o nome do
Municpio da propriedade agrcola, do proprietrio, mencione a cultura que estava implantada
e a que se deseja instalar. No esquea de colocar na ficha referncias sobre a topografia da
rea amostrada, calagem e adubaes feitas anteriormente, inclusive s pocas. No caso de
culturas perenes instaladas, mencione a idade.
21
Captulo 2 - ADUBO OU MATERIAL FERTILIZANTE
Material de origem mineral ou orgnica, contendo dois ou mais nutrientes que
aplicado no solo, na gua de irrigao (fertirrigao) ou diretamente na planta, de modo
devido, concorre para o aumento da produo e produtividade agrcola.
CLASSIFICAO DOS PRINCIPAIS MATERIAIS FERTILIZANTES
Os adubos so classificados em dois grandes grupos como: minerais e orgnicos.
ADUBOS MINERAIS
Podem conter macro e micronutrientes nas suas constituies ou ambos (adubos mistos ou
misturas fertilizantes).
Adubos minerais com macronutrientes
Adubos Nitrogenados
Os principais adubos nitrogenados so: sulfato de amnio, uria, nitroclcio, nitrato de
amnio e amnia anidra.
Adubos Fosfatados
Os adubos fosfatados so classificados em solveis e insolveis em gua.
Fosfatados solveis em gua
Os principais adubos fosfatados solveis em gua so: superfosfato simples, superfosfato
duplo ou triplo e superfosfato 30, encontrado no sul do pas.
Fosfatados insolveis em gua
22
So os fosfatos naturais minerais (apatitas e fosforitas). As principais apatitas so: Apatita de
Arax; Apatita de Jacupiranga, Apatita de patos, Apatita do morro do serrote e outros.
As principais fosforitas so: fosforita de Olinda, fosforita da Flrida, hiperfosfato, fosfato de
Marrocos, fosfato de Irec e outros.
Adubos potssicos
Os principais adubos potssicos so: cloreto de potssio, sulfato de potssio, sulfato
duplo de potssio e magnsio e nitrato de potssio, muito utilizado nos Estados Unidos. Tanto
os adubos nitrogenados como os potssicos so solveis em gua.
Adubos clcicos
So fontes de clcio para as plantas, e tambm servem para corrigir a acidez do solo.
Principais adubos clcicos so: calcrio calcitico ou clcico, calcrio dolomtico, calcrio
mangnesiano, sulfato de clcio ou gesso agrcola. Esses produtos so insolveis em gua.
Como fonte solvel de clcio o mais utilizado o nitrato de clcio.
Adubos magnesianos
Alm de serem fontes de clcio, os calcrios dolomiticos e magnesianos tambm so
fontes de magnsio para as plantas. Um adubo magnesiano, solvel em gua muito usado o
sulfato de magnsio.
Adubos sulfatados
So produtos insolveis em gua, com exceo do cido sulfrico e os principais so:
gesso, flor de enxofre ou enxofre elementar e o cido sulfrico.
Adubos contendo micronutrientes
23
Os principais so:
Fontes de Ferro: sulfato de ferro e quelato de ferro (solveis em gua);
Fontes de Cobre: sulfato de cobre e quelato de cobre (solveis em gua);
Fontes de Zinco: sulfato de zinco e quelato de zinco (solveis em gua);
Fontes de Mangans: sulfato de mangans e quelato de mangans (solveis em
gua);
Fontes de Boro: cido brico, brax e solubor (solveis em gua);
Fontes de Molibdnio: cido molibdico, molibidato de sdio e amnio (solveis em
gua);
Fontes de Cloro: cloreto de sdio, que o sal de cozinha.
Os quelatos so associaes realizadas em laboratrio (industrial) principalmente com
o EDTA (etileno diamino tetractico) e um elemento metlico, como: ferro, cobre, zinco e
mangans. Como fontes de micronutrientes, temos tambm, as fritas (FTE), que so
insolveis em gua.
ADUBOS ORGNICOS
Os principais adubos orgnicos so:
a) Estrumes (bovinos, ovinos, caprinos, muares, sunos, aves, coelhos, morcego e o
estrume humano denominado adubo flamengo);
b) Lixos: cru ou fermentado;
c) Farinhas de ossos (crua, desengordurada, desgelatinada, autoclavada e calcinada);
d) Vinhoto tambm denominado de: restilo, vinhaa ou garapo;
e) Farinhas de sangue, chifres e peixes;
f) Resduos de esgotos;
g) Tancage;
h) Tortas oleaginosas (tortas de cacau, mamona, amendoim, algodo e outras);
i) Composto orgnico;
j) Vermicomposto;
k) Adubos verdes;
24
l) Restos de cultura;
m) Urina de vaca;
n) Biofertilizante;
o) Outros.
As farinhas de ossos, farinha de sangue, farinha de peixe, farinha de chifres e tancage,
so considerados na classificao como adubos orgnicos fosfatados, enquanto que os
demais, so classificados como adubos orgnicos mistos.
Os adubos orgnicos devem ser curados ou curtidos para serem aplicados no campo,
em virtude dos seguintes fatores:
a) Para que no ocorra elevao de temperatura quando aplicados na cova ou
sulco, devido ao processo de decomposio, o que causaria diminuio na
germinao de sementes e dificuldades no pegamento de mudas ou estacas
vivas;
b) Alguns possuem ndice salino elevado, o que prejudicaria a germinao de
sementes ou pegamento de mudas;
c) S ocorre disponibilidade de nutrientes, para a planta quando o adubo est
humificado.
CARACTERSTICAS FSICAS, QUMICAS E FSICO-QUIMICA DOS MATERIAIS
FERTILIZANTES
CARACTERSTICAS FSICAS
Granulometria do adubo (forma ou morfologia do adubo)
Os adubos minerais se apresentam em diferentes formas, como: cristalina,
pulverulenta e granulada, sendo essa ltima a mais recomendada nas adubaes slidas com
adubos solveis em gua, pois so mais estveis fsica e quimicamente. Os adubos orgnicos
tm como principal forma a farelada.
A forma granulada tem maior estabilidade fsica que as demais, pois diminui
sobremodo o processo de higroscopicidade, por ter menor superfcie de contacto dos grnulos
entre si. Tambm tem influencia positiva na diminuio das perdas de nutrientes por
25
lixiviao ou retrogradao, j que a liberao dos mesmos ocorre de forma gradativa, sem,
contudo, prejudicar a nutrio da planta.
A figura a seguir, mostra as diferentes granulometrias em que se apresentam os
adubos minerais.
Figura 7. Diferentes formas de adubos. (ANDA, 2000)
Higroscopicidade
a capacidade que tem o material fertilizante de absorver a umidade atmosfrica a
uma dada temperatura. O grau de higroscopicidade de um adubo, depende da concentrao
salina no mesmo, ou seja, adubo com maior ndice de salinidade, mais higroscpico. Outro
aspecto a ser considerado, a granulometria do material fertilizante, sendo que os cristalinos
e pulverulentos, por serem constitudos por partculas menores, apresentam maior superfcie
de contacto, fomentando o processo de absoro de umidade. A higroscopicidade uma
caracterstica negativa, pois ocorre uma mudana fsica no adubo, que inicialmente torna-se
melado, resultando em empedramento, caso haja compactao provocada por peso. Tudo isso
26
leva a maiores custos com mo de obra e m uniformidade na distribuio do material em
campo.
Independente da granulometria, os adubos devem ser armazenados de modo devido,
levando-se em considerao alguns cuidados como:
1. Os sacos devem ser colocados sobre estrados de madeira, nunca em contacto direto com o
cho;
2. A pilha no deve ser muito alta, para que no haja compactao dos sacos subjacentes,
sendo no mximo, 8 a 10 sacos por pilha;
3. Caso ocorra algum acidente e um dos sacos apresente perfurao, consertar de imediato ou
retira-lo da pilha;
4. Fechar devidamente o saco, aps a utilizao do adubo;
5. Nos dias secos e ensolarados, abrir o depsito por alguns minutos, para que haja circulao
de ar no ambiente.
Tabela 1. Grau de higroscopicidade dos principais materiais fertilizantes.
Adubos Limites da umidade relativa do ar 1. Nitrogenados
Salitre do Chile Uria Sulfato de amnio Nitroclcio
20C
55,4 80,0 81,0 60,0
30C
46,7 72,5 79,2 58,2
40C
35,5 68,0 78,2 52,4
2. Fosfatados Superfosfato simples Superfosfato triplo Superfosfato 30 Apatitas e fosforitas
94,8 93,4 91,4 ---
94,7 92,2 90,1 ---
94,5 91,0 89,3 ---
3. Potssicos Cloreto de potssio Sulfato de potssio Sulfato duplo de potssio e magnsio
85,7 98,5 98,6
84,0 96,3 97,4
81,2 95,7 95,9
Fonte: POTAFOS, 1989
CARACTERSTICAS QUMICAS
ndice salino do adubo
a concentrao de sais que apresentam os materiais fertilizantes nas suas
constituies. Os adubos nitrogenados e potssicos possuem maiores ndices salinos,
27
enquanto que os fosfatados tm menores ndices de salinidade. Essa caracterstica traz
grandes prejuzos para o agricultor, na adubao de plantio, podendo diminuir a germinao
das sementes e pegamento de mudas, caso haja contacto direto da parte de propagao com o
adubo, principalmente se esse apresentar alto ndice salino, ou ocorrer ascenso capilar de
sais, mesmo estando o adubo separado devidamente da parte de propagao, isso ocorre
quando o mesmo aplicado em solo com baixa umidade, o mesmo ocorrendo com as
adubaes em cobertura no solo (crculo ou lua, meio crculo ou meia lua e linha), que
prejudicam principalmente as culturas que apresentam tecidos com muita tenracidade (plantas
aquosas), hortcolas ou usadas em paisagismo que no sejam xerfitas, pois apresentam maior
rusticidade.
Tabela 2. Valores de ndices salinos dos principais materiais fertilizantes.
Adubo ndice salino
Salitre do Chile 100
Sulfato de Amnio 69
Uria 75
Superfosfato simples 08
Superfosfato triplo 10
Superfosfato 30 09
Sulfato de potssio 46,1
Cloreto de potssio 114 -116
Calcrios 0
Fosfatos naturais minerais 0
Gesso agrcola 0 Fonte: POTAFOS, 1998
O salitre do chile por ser o nico adubo nitrogenado natural que existe, foi tomado
como padro para determinao dos demais ndices salinos existentes em outros adubos, j
que os maiores problemas de influncia malfica na germinao de sementes ou pegamento
de mudas, era devido principalmente quando se utilizava adubos nitrogenados e potssicos.
ndice de acidez
a quantidade gasta de carbonato de clcio necessria para neutralizar a acidez
deixada no solo pelo emprego de 100 kg de determinado material fertilizante. Os adubos
28
podem apresentar um comportamento cido ou bsico no solo. Os sais amoniacais e o sal
amdico uria, apresentam comportamento cido, isso ocorre devido a nitrificao do on
amnio, levando a liberao de ons de hidrognio que iro diminuir o pH do solo. O uso de
adubos orgnicos no humificados, tambm acidificam o solo, devido a produo de cidos
orgnicos no processo de decomposio. Contrariamente, as fosforitas, apatitas e calcrios,
aumentam o pH do solo. Os adubos fosfatos solveis em gua e os potssicos, no alteram o
pH do solo.
Tabela 3. Valores de ndices acidez dos principais materiais fertilizantes.
Adubo ndice acidez
Salitre do Chile 29 (basicidade)
Sulfato de Amnio 110
Uria 75
Superfosfato simples 0
Superfosfato triplo 0
Sulfato de potssio 0
Cloreto de potssio 0
Sulfato duplo de potssio e
magnsio
0
Fonte: POTAFOS, 1989
CARACTERSTICA FSICO-QUMICA
Solubilidade do adubo
uma caracterstica de grande importncia, pois determina o uso do material
fertilizante numa adubao de manuteno ou correo.
Adubo solvel em gua (conceito agronmico)
o adubo que aplicado no solo devidamente mido, se solubilizar de imediato, com
a conseqente descomplexao ou dissociao molecular, levando a liberao de imediato
do(s) on(s) encerrado na sua constituio, ficando passveis de serem absorvido(s) pelas
plantas.
29
Adubo insolvel em gua (conceito agronmico)
So adubos que mesmo existindo umidade no solo, necessitam de um tempo de
incubao para iniciar seus processos de solubilizao, ficando o solo em pousio por um
determinado perodo de tempo, que pode ser curto (gesso agrcola 30 dias), mdio
(calcrios 60 a 90 dias) ou longo (apatitas e fosforitas 120 a 160 dias).
Captulo 3 - INTERPRETAO DA ANLISE QUMICA DO
SOLO
A interpretao correta da anlise de grande importncia para que a restituio de
elementos nutritivos que foram retirados do solo por colheitas anteriores ou perdidos de
diferentes modos sejam repostos de forma a mais aproximada das necessidades da cultura.
Embora possa parecer tarefa fcil, muitos erros na prtica da adubao so
provenientes de uma m interpretao da anlise, s vezes ocorrendo por falta de
conhecimento do assunto ou negligncia de quem faz a interpretao dos parmetros
analisados. Para dilimir dvidas que sempre ocorrem no mbito dos que militam na rea
agronmica e mais especificamente na fertilizao de solos, teceremos comentrios sobre os
referidos parmetros, como:
1. pH DO SOLO
o ndice que mede a concentrao de ons hidrognio na soluo do solo, logo a
expresso da acidez ativa ou atual. Embora o pH do solo tenha a sua importncia j que os
elementos nutritivos so absorvidos pelas plantas na soluo do solo, por vezes
superestimado o seu valor trazendo interrogaes principalmente aos tcnicos agrcolas e at
mesmo a engenheiros agrnomos. Para melhor entendimento da ao dos ons hidrognio
sobre a vida das plantas cultivadas, faz-se necessrio que se analise essa ao de modo direto
e indireto na fisiologia vegetal.
Diretamente uma maior concentrao de ons hidrognio no solo no tem um efeito
to malfico planta, embora possa trazer alguns transtornos fisiolgicos. Entretanto,
indiretamente sabemos que a maior ou menor disponibilidade de nutrientes depende em muito
do pH do solo. O grfico abaixo, explicita a ao indireta do pH na vida vegetal em relao a
disponibilidade de nutrientes. Deve-se ressaltar que as vezes o pH do solo est baixo e no
quer dizer que seja necessria a prtica da calagem, se por acaso outros componentes da
reao do solo, como clcio e magnsio e alumnio apresentem teores adequados. Pode
ocorrer que os teores de clcio e magnsio estejam acima do nvel crtico e ainda o pH do
solo ser < 5,0, o que se deve unicamente a um maior poder tampo do solo.
31
A figura abaixo, mostra o efeito indireto do pH, sobre a disponibilidade de nutrientes
para as plantas. Para melhor entendimento, procedemos uma anlise do comportamento dos
diferentes elementos conforme o pH do solo.
Figura 8. pH e a disponibilidade de nutrientes no solo (Adaptado Lopes, 1989)
Nitrognio, enxofre e boro - Verificamos que em pH muito cido ou alcalino, a
disponibilidade desses elementos diminui isso ocorre em virtude da reduo do processo de
humificao da matria orgnica que a fonte natural dos mesmos para a planta.
Fsforo - O processo de fixao qumica ou retrogradao, ocorre estando o pH do solo numa
faixa muito cida, principalmente abaixo de 5,0, onde ocorre a precipitao do fsforo,
atravs dos ons Fe, Al e Mn, formando fosfatos insolveis, principalmente na forma de
hidroxifosfatos desses ons. Na faixa bsica, a retrogradao ocorre atravs do clcio,
havendo a formao do fosfato bi e tricalcico.
32
Clcio, potssio e magnsio - A disponibilidade dessas bases, maior quando o pH do solo
est acima de 5,5, pois em pH muito baixo ocorre diminuio dos seus contedos, em virtude
do processo de lixiviao.
Ferro, cobre, zinco e mangans - Esses micronutrientes metlicos, esto mais disponveis
quando o pH do solo menor que 5,0, pois esto nas formas inicas. A medida que o pH
aumenta, ocorre a insolubilizao desses ons para a forma de xidos e hidrxidos,
diminuindo consequentemente as suas disponibilidades.
Molibidnio e cloro - A medida que o pH do solo aumenta, ocorre um acrscimo na
disponibilidade desses ons, por ocorrer descomplexaes de compostos contendo os mesmos.
Alumnio - Com o aumento do pH, o alumnio trocvel insolubilizado para a forma de
hidrxido de alumnio, diminuindo o seu efeito retrogradante e/ou fitotxico para a planta.
2. MATRIA ORGNICA
um parmetro importante principalmente do ponto de vista qualitativo, pois permite
prev caractersticas que auxiliam no manejo fsico e qumico do solo, como: fsico: maior ou
menor possibilidade de erodibilidade, permeabilidade, aerao, capacidade de troca de
ctions, poder tampo, disponibilidade de nutrientes, principalmente nitrognio, enxofre e
boro com economicidade para essas adubaes possibilidade de complexao de elementos
metlicos, como: ferro, alumnio e mangans, maior disponibilidade de fsforo pela
complexao do alumnio, menores riscos com adubos que apresentem altos ndices salinos,
como: uria e cloreto de potssio, efeitos menos perniciosos do uso de herbicidas, fungicidas,
bactericidas, nematicidas etc, preservando a vida de micro e macroorganismos.
Antigamente expressava-se o teor de matria orgnica e carbono por porcentagem.
Hoje o sistema internacional indica que os mesmos devem ser expressos g C(ou M.O.)/dm.
Na determinao do teor de matria no solo multiplica-se o carbono orgnico por 1.72
(constate).
33
Tabela 4. Classificao quantitativa para carbono orgnico e matria orgnica no Brasil. Carbono Orgnico
Matria Orgnica
Carbono Orgnico
Matria Orgnica
Classificao
g/dm % Baixo 25 >3,0 >5,0
Fonte: Tom Junior, 1997
3. FSFORO
Para efeito didtico pode-se considerar o nvel crtico (NC) de fsforo em torno de 10
mg/dm, o que significa que abaixo desse valor o coeficiente de resposta a adubao fosfatada
superior a 90%. Isso no quer dizer que no se faa adubaes com valores acima de 10
mg/dm, entretanto as respostas sero menores quando os teores desse elemento for igual ou
superior ao seu nvel crtico.
4. POTSSIO
Didaticamente, o nvel crtico de potssio no solo, est em torno de 43 mg/dm, logo,
os maiores coeficientes de respostas do elemento, esto situados abaixo desse nvel,
entretanto, acima do mesmo, pode-se realizar adubaes com boas respostas.
5. SDIO
Embora apresente algumas funes fisiolgicas similares ao potssio, esse elemento
no tem importncia agronmica em termos de nutrio, pois havendo uma substituio
maior do potssio pelo mesmo, podem ocorrer desarranjos fisiolgicos e at mesmo levar o
solo ao processo de desfloculao (disperso de partculas dificultando a drenagem e a
aerao do solo). Esses efeitos mencionados so muito comuns em solos halomrficos,
comuns em regies ridas e semi ridas.
6. CLCIO + MAGNSIO
Para maior entendimento da reposio ou no desses elementos nutritivos ao solo,
deve-se ter pleno conhecimento sobre o nvel crtico de clcio + magnsio que de 2,0
34
cmolc/dm de solo. Levando-se em considerao os valores gerais desses elementos no solo
so expressados como: baixo 4,0 cmolc/dm de solo. Chamamos ateno que o considerado acima no se trata de
exigncias especficas de cada cultura.
Embora na prtica no se consiga uma distribuio como a mencionada abaixo, um
solo frtil com boas condies nutricionais para diferentes culturas, devem apresentar as
seguintes saturaes em ctions:
% Ca = 50 a 70%
% H = 15 a 20 %
% Mg = 10 a 15%
% K = 3 a 5%
Relaes existentes entre ctions (Ca/Mg, Ca/K e Mg/K)
Essas relaes no tm importncia prtica, tratando-se de uma utopia, o importante
que os teores dos elementos mencionados estejam adequados, com boas saturaes desses
elementos no complexo adsortivo de troca, e que no haja preponderncia muito grande de
um elemento em relao ao outro, para que no ocorram os problemas mencionados abaixo:
a) Adubaes pesadas de potssio em solos pobres de magnsio, normalmente levam a uma
deficincia de magnsio, logo para que no ocorra o problema deve-se prevenir com uma
calagem previamente efetuada antes da adubao potssica;
b) Embora seja mais barato que os calcrios dolomtico e magnesiano, o calcrio calcitico s
deve ser aplicado se o contedo de magnsio no solo for superior a 0,8 cmolc/dm, para que
no ocorra problemas com a nutrio em magnsio.
Frmulas para clculo das percentagens de saturao de clcio, magnsio, potssio e
sdio
%Ca = Cmolc(Ca)/dm x 100 Cmolc(CTC total)
35
CTC ou T = Ca + Mg + K + (H + Al), expresso em Cmolc/dm
%Mg = Cmolc(Mg)/dm x 100 Cmolc(CTC total)/dm
%K = Cmolc(K)/dm x 100 Cmolc(CTC total)/dm
%Na = Cmolc(Na)/dm x 100 Cmolc(CTC total)/dm
7. ALUMNIO TROCVEL
Ao interpretar valores de alumnio trocvel no solo sabemos que o ideal no termos
a presena desse elemento, pois alm da sua ao retrogradante em relao ao fsforo no solo
seja qual for o teor de alumnio, o que ir diminuir a disponibilidade daquele nutriente para
planta, tambm deve-se levar em conta que o alumnio pode ser fitotxico a depender da sua
saturao.
Figura 9. Barreiras qumicas para o desenvolvimento das razes.
(POTAFOS,1998)
Planta com desenvolvimento radicular adequado.
Planta com desenvolvimento radicular limitado camada arvel.
36
A figura a cima mostra o efeito malfico de ons como alumnio, ferro e mangans que
estando em excesso no solo reduz drasticamente o crescimento do sistema radicular das
plantas.
Frmula para clculo da percentagem de saturao de alumnio:
m% = Cmolc(Al)/dm x 100 Cmolc(CTC efetiva)/dm
CTC efetiva = Ca + Mg + K + Al, (expresso em Cmolc/dm)
Tabela 5. Interpretao dos valores m%
Fonte: Malavolta (1989)
* os solos com m% maior que 50% e mais que 0,3 Cmolc/dm de alumnio trocvel so
chamados de licos.
8. SOMA DE BASES DE UM SOLO
Como o prprio nome diz a soma dos ctions: clcio, magnsio e potssio, sendo
representadas pela letra S, e expressa cmolc/dm.
S = Ca + Mg + K + (Na) (cmolc/dm)
A soma de bases um dado importante, pois indica a pobreza ou riqueza do solo dos
nutrientes acima citados.
9. CAPACIDADE DE TROCA DE CTIONS DE UM SOLO
Representado por CTC ou T, diz respeito a quantidade total de ctions retirados no
solo, em estado trocvel. Tambm expresso em Cmolc/dm.
m% Classificao
0-15 Baixo (no prejudicial)
16-35 Mdio (levemente prejudicial)
35-50 Alto (prejudicial)
>50 Muito Alto (muito prejudicial)
37
CTC ou T = Ca + Mg + K + (H + Al)(Cmolc/dm)
Um valor baixo da CTC do solo indica que o mesmo no suportaria adubaes ou
calagens pesadas, havendo grandes perdas de nutrientes por lixiviao.
10. PERCENTAGEM DE SATURAO DE BASES DE UM SOLO
a soma das bases trocveis expressa em percentagem da capacidade de troca de
ctions. Representada por V sendo expressa em %, ou seja, (V%). Um solo com percentagem
de saturao baixo, indica que o colide ou micela tem uma maior adsoro de H+ e Al++, e
menores quantidades de Ca++, Mg++ e K+. Nesse caso o solo poder ser cido, podendo
inclusive ter alumnio txico a planta.
V = 100 x S. (%)
CTC
Obs.: O V da frmula acima o teor da percentagem de saturao de bases do solo,
logo o V1
Solos eutrficos (frteis): V 50%
Solos distrficos (pouco frteis): V< 50%
Solos licos (muito pobres): Al trocvel 0,3 Cmolc/dm e m% 50%.
Tabela 6. Valores de S, CTC e V encontrados em solos.
Cmol/dm
Interpretao
< 2,5 2,6 a 5,5
> 5,5
S
Baixa Mdia Alta
< 5,0 5,1 a 15,0 15,0 a 50,0
> 50,0
CTC
Baixa Moderada
Alta Muito alta
(%) Interpretao < 50
51 a 70 71 a 80
> 80
V
Baixa Mdia Boa Alta
Fonte: Seminrio de Fertilidade do Solo, Manaus, 1982
38
Captulo 4 - CALAGEM
A calagem uma prtica agrcola bastante difundida nas regies, onde a agricultura
encontra-se com um grau de racionalizao adequado.
FINALIDADE
Visa neutralizar a acidez do solo, diminuindo os contedos de hidrognio (H+) e
Alumnio (Al+++) e aumentar as concentraes de clcio (Ca++) e magnsio (Mg++). Com isso
ocorrer melhorias nas propriedades fsicas, qumicas e biolgicas do solo, aumentando a
produo e a produtividade agrcola.
PORQUE OS SOLOS FICAM CIDOS?
a) Absoro de elementos bsicos pelas culturas (potssio, clcio, magnsio, sdio);
b) Lixiviao de ctions bsicos;
c) Uso de sais nitrogenados, amoniacais (sulfato de amnio, nitrato de amnio,
nitroclcio) e do sal amdico (uria);
d) Uso de adubos orgnicos ainda imaturos, pela acidificao causada por cidos
orgnicos como o ctrico;
e) Eroso, sendo a principal a hdrica laminar.
CARACTERSTICAS DE UM SOLO CIDO
a) Pobreza em elementos bsicos, principalmente se a acidez for muito acentuada;
b) Presena de alumnio trocvel, elemento retrogradante do fsforo, podendo ser
fitotxico;
c) Baixa disponibilidade de fsforo;
d) Pequena humificao e mineralizao da matria orgnica, diminuindo
consequentemente a disponibilidade de elementos encerrados na mesma;
e) Baixa populao de micro e macroorganismos;
f) Menor eficincia dos materiais fertilizantes, principalmente os manufaturados.
39
MATERIAIS USADOS NA PRTICA DA CALAGEM
Embora existam inmeros materiais, os mais econmicos e de uso tcnico correto so
os calcrios, como: calcrios calciticos ou clcicos, dolomticos e magnesianos. Em virtude
de conter nas suas constituies, maiores teores de xido de magnsio (MgO) e bons
contedos de xido de clcio (CaO), os calcrios magnesianos e dolomticos so mais usados
que os calciticos.
Tabela 7. Composio dos principais materiais usados na prtica da calagem.
Material CaO (%) MgO (%)
Calcticos 40 45 < 6
Magnesianos 31,39 6 12
Dolomticos 25 30 > 12 Fonte: Manual Ultrafertil, 1985.
Para o procedimento do clculo do PRNT do calcrio, so determinados os teores de
xido de clcio e xido de magnsio, obtendo-se, por conseguinte o poder de neutralizao
(PN), ou valor de neutralizao (VN), que o componente qumico. Como componente fsico
para determinao do PRNT, faz-se a anlise granulomtrica do material corretivo,
determinando a sua eficincia relativa (ER). O material calcrio bigranulomtrico,
apresentando uma frao granulometrica mais refinada, neutralizando a acidez do solo entre
60 e 90 dias, e uma outra parte com a granulometria maior para que ocorra um efeito residual
ou seja, que as freqncias de calagem fiquem entre 2 e 2 anos ou 3 e 3 anos.
Frmula geral para clculo do PRNT (Poder Relativo de Neutralizao Total do
calcrio)
PRNT = VN x ER 100
40
QUANTIDADE A APLICAR DE CALCRIO
A quantidade a aplicar de calcrio no solo no est na dependncia do pH, embora a
acidez seja o fator que leva a diminuio do mesmo, logo no se faz calagem baseado no pH
do solo. Os mtodos mais utilizados no Brasil para as recomendaes de calagem so:
a) Elevao dos teores de Ca++ + Mg++ e/ou insolubilizao de Al+++
b) Percentagem de saturao de bases.
A escolha de um ou outro mtodo varia de regio para regio, Instituio de pesquisa
ou preferncia do tcnico por uma ou outra frmula.
Mtodo ELEVAO DOS TEORES DE Ca++ + Mg++ E/OU INSOLUBILIZAO
DO Al+++.
Esse mtodo visa aumentar os contedos de clcio e magnsio (Ca++ + Mg++) no solo,
que deve ser igual ou superior a 2,0 cmol/dm de solo, e insolubilizar o alumnio trocvel
(Al+++), tornando-o igual a 0,0 cmol/dm ou bem prximo desse valor.
Para aumentar os contedos de clcio + magnsio usamos a seguinte frmula:
Nos solos caractersticos dos tabuleiros costeiros e outros, com um baixo percentual
de argila, e com predominncia de areia, solos tidos com poder tampo normal, usa-se a
frmula abaixo:
NC (t/ha) = (2,0 cmol/dm Ca++ + Mg++ ) 2,0 x f
NC = Necessidade de calcrio
t = tonelada
ha = hectare
2,0 = teor mnimo aceitvel de Ca++ + Mg++ no solo.
cmol/dm Ca++ + Mg++ = quantidade de Ca++ + Mg++ encontrado no solo depois de
analisado.
2,0 = fator de correo usado para solos tidos com poder tampo normal (efeito
didtico).
f = 100
PRNT
41
Em solos com grande concentrao de argilas do grupo 2:1, como o caso de massap
de Santo Amaro da Purificao (solos com alto poder tampo), utiliza-se a mesma frmula
anteriormente usada, mudando-se, entretanto o fator de correo.
NC (t/ha) = (2,0 cmol/dm Ca++ + Mg++ ) 3,0 x f
Caso o solo seja extremamente arenoso, o fator de correo deve ser menor conforme
indicado abaixo:
NC (t/ha) = (2,0 cmol/dm Ca++ + Mg++ ) 1,5 x f
1,5 = fator de correo para solos arenosos, com baixssimo percentual de argila.
A mudana do fator de correo nesses trs tipos de solo, deve-se ao poder tampo
dos mesmos. O poder tampo uma reao que o solo oferece as mudanas bruscas no seu
pH. Essa reao condicionada a uma menor ou maior concentrao de colides no solo.
Solos com maior concentrao de areia e menor de argila, so solos com menor poder
tampo e bastantes susceptveis a mudanas no seu pH, com uso exagerado de produtos
cidos ou alcalinos, logo o fator de correo da frmula deve ser menor. Quando a
concentrao de argila aumenta, o pH do solo fica mais estvel (solos com poder tampo
normal).
Solos argilosos ou hmicos apresentam uma maior concentrao de colides, logo fica
dificultada a subida ou descida do pH. Os solos com poder tampo alto, necessitam que o
fator de correo da frmula seja maior, o que incide no uso de maior quantidade de calcrio.
Frmula para neutralizar o alumnio trocvel do solo (Al+++):
NC ( t/ha ) = cmol/dm Al+++ x 2,0 x f
2,0 = fator de correo para solos com poder tampo mdio
NC ( t/ha ) = cmol/dm Al+++ x 1,5 x f
1,5 = fator de correo para solos com poder tampo baixo
NC ( t/ha ) = cmol/dm Al+++ x 3,0 x f
3,0 = fator de correo para solos com poder tampo alto
Mtodo PERCENTAGEM DE SATURAO DE BASES.
O clculo de calagem por esse mtodo tem ampla difuso no pas, principalmente nos
estados do sul.
42
Frmula: NC ( t/ha ) = T(V2 V1) f
100
T ou CTC = capacidade de troca de ctions
V2 = % de saturao de bases tima para diferentes culturas (valor de tabela).
V1 = % de saturao de bases encontrado no solo.
A tabela abaixo, mostra o V2 determinado para diferentes culturas, atravs trabalhos de
calibrao com calcrio.
Fonte. POTAFOS, 1989 Tabela 8. Valores de saturao em bases (V2) adequados para calagem de diversas culturas.
43
Culturas V2(%) Observaes A. Cereais
Arroz sequeiro Arroz irrigado Milho e sorgo
Trigo (segueiro ou irrigado)
50 60 70 60
No aplicar mais de 3t/ha de calcrio/vez No aplicar mais de 3t/ha de calcrio/vez No aplicar mais de 3t/ha de calcrio/vez No aplicar mais de 3t/ha de calcrio/vez
B. Leguminosas Feijo, feijo de vagem, soja e adubos verdes
Outras leguminosas
70 70
C. Oleaginosas Amendoim e girassol mamona
70
D. Plantas Fibrosas Algodo
Crotalrea-juncea Frmio Rami Sisal
70 70 50 60 70
Utilizar calcrio contendo magnsio
Exigente em magnsio E. Plantas industriais
Caf Cana-de-acar
Ch
70 60 40
No aplicar mais de 5t/h de calcrio/vez
No aplicar mais de 10 t/h de calcrio/vez
F. Razes e Tubrculos Batata e batata doce
Mandioca Car
60 50 60
Exigente em magnsio
No aplicar mais de 2t/h de calcrio/vez; Utilizar sempre calcrio dolomtico
H. Hortalias Abbora, moranga, pepino. Chuchu, melo,
melancia Alface, almeiro, acelga, chicrea e escarola Tomate, pimento, pimenta, berinjela e jil Beterraba, cenoura, mandioquinha, nabo e
rabanete Repolho, couve-flor, brcolos e couve
Alho e cebola Quiabo, ervilha e morango
70
70 70
70 70 70 70
L. Frutferas de Clima Tropical Abacaxi Banana Citros
Mamo Abacate e manga
Maracuj e goiaba
60 70 70 80 60 70
Utilizar sempre calcrio dolomtico
J. Frutferas de Clima Temperado Ameixa, nspera, pssego, nectarina, figo, ma, marmelo, pra, caqui, macadmia e
pec. Uva
70 80
L. Plantas Aromticas e Medicinais Fumo
Gramneas aromticas (capim-limo, citronela e palma-rosa)
50
40
44
POCA E MODO DE APLICAO DO CALCRIO
O calcrio deve ser aplicado 60 a 90 dias antes de uma adubao de plantio, ou de
cobertura, pois trata-se de um material insolvel em gua, necessitando conseqentemente
uma incubao no solo e que esse fique em pousio por algum tempo.
Figura 10. Modo de aplicar corretamente o calcrio (Guia rural, 1990)
Figura 11. poca de aplicao do calcrio (Guia rural, 1990)
45
O modo de aplicao deve ser o lano, ou seja, cobrindo todo o solo, para maior
contacto entre as partculas do calcrio e o solo, pois sendo insolvel em gua a sua
solubilizao s ocorrer atravs de contacto de partculas.
Figura 12. Aplicao de calcrio (ANDA, 2000)
PROCESSO DE NEUTRALIZAO DO SOLO
Aps a solubilizao do calcrio no solo ocorre o processo de descomplexao
molecular, ficando o complexo adsortivo com maior riqueza dos ons clcio e magnsio. Em
seqncia ocorre o processo de dessoro do on alumnio para a soluo do solo, deslocado
pelo clcio. Com a promoo de ons oxdrila devido aplicao de calcrio, o alumnio
trocvel (acidez trocvel) insolubilizado, passando para radicais hidrxidos at a formao
do hidrxido de alumnio.
A acidez no trocvel constituda principalmente pelo on hidrognio reduzida ou
eliminada, devido a insolubilizao do mesmo por ons oxdrila, resultando na formao de
gua.
A acidez ativa diminuda com o conseqente aumento do pH do solo.
46
Figura 13. Diagrama para visualizao global da ocupao da CTC dos
solos 1 e 2. (Tom, Jr, 1997)
EFEITOS PROPORCIONADOS PELA CALAGEM
Fsicos
Melhora a estrutura do solo pelo efeito cimentante das partculas levado pelo on clcio,
deixando o solo mais floculado, o que melhora a sada de CO2 e CH4, entrada de O2 no solo e
a drenagem da gua.
Qumicos
a) Aumento do pH do solo;
b) Diminui o teor de alumnio trocvel, aumentando a disponibilidade de fsforo;
c) Aumenta a disponibilidade de nitrognio, enxofre e boro;
d) Aumenta a soma de bases, capacidade de troca de ctions e percentagem de saturao
de bases;
e) Eleva os teores de molibdnio e cloro;
f) Aumenta a eficincia dos materiais fertilizantes.
Biolgicos
Aumenta sobre modo a populao de macro e microorganismos do solo.
47
SUPERCALAGEM
o uso de calcrio alm das necessidades do solo, trazendo vrios prejuzos como:
a) Aumento exagerado do pH do solo;
b) Pequena disponibilidade de nitrognio, enxofre e boro, pela baixa taxa de humificao e
mineralizao da matria orgnica em pH muito elevado;
c) Baixa disponibilidade de fsforo em virtude da fixao do on fosfato pelo clcio,
formando fosfatos bi e triclcico que so insolveis e inassimilveis pelas plantas;
d) Possibilidade de grandes perdas de potssio por lixiviao, por essa base ser trocada no
complexo adsortivo pelo on clcio;
e) Pouca disponibilidade dos micronutrientes metlicos ferro, cobre, zinco e mangans, por
serem insolubilizados para as formas de xidos e hidrxidos;
f) Baixa eficincia dos materiais fertilizantes.
SUBCALAGEM
Aplicao de uma dosagem de calcrio inferior s necessidades do solo, trazendo
conseqncias malficas como:
a) Pequeno aumento do pH do solo;
b) Baixos teores de clcio e magnsio;
c) Possvel presena de alumnio trocvel, levando a uma menor disponibilidade de fsforo,
pela retrogradao do mesmo para hidroxifosfato de alumnio. Sendo que a mesma
complexao pode ocorrer com os ons ferro e mangans;
d) Pequena taxa de humificao e mineralizao da matria orgnica, diminuindo
consequentemente as disponibilidades de nitrognio, enxofre e boro;
e) Baixos teores de molibidnio e cloro;
f) Baixa eficincia dos materiais fertilizantes.
48
Captulo 5 - GESSO AGRCOLA
um subproduto industrial resultante do ataque por cido sulfrico a uma fosforita ou
apatita na produo de superfosfato. O gesso agrcola (CaSO4. 2H2O) um sal pouco solvel
em gua, que pode ser empregada como fonte de clcio e enxofre ou na correo de camadas
subsuperficiais do solo (20 a 40 cm ou 30 a 60 cm) apresentem as seguintes caractersticas:
teor de clcio 0,4 cmolc/dm e, ou, alumnio trocvel 0,5 cmolc/dm e/ou saturao de
alumnio > 30%.
CARACTERSTICAS DO GESSO AGRCOLA
Caractersticas qumicas
Clcio 17 a 20%
Enxofre 14 a 17%
Ferro 0,6 a 0,7%
Magnsio 0,12%
P2O5 0,6 a 0,75%
Tendo ainda traos de B, Cu, Fe, Mn, Zn, Mo, Ni e outros elementos.
QUANTIDADE A APLICAR DE GESSO AGRCOLA
Conforme Raij, (1988), as pesquisas sobre o uso do gesso agrcola ainda so muito
incipientes, o mesmo afirma: ao contrrio de outras tcnicas que tiveram origem no exterior
e receberam aperfeioamentos e adaptaes locais, o uso do gesso, principalmente para
correo de subsolos cidos foi praticamente uma descoberta brasileira. Logo, as
recomendaes de uso abaixo, trazem muitas interrogaes que s sero respondidas com
maiores pesquisas sobre esse material corretivo e fertilizante.
49
Fonte de clcio e enxofre
Como fonte suplementar de clcio e enxofre, recomenda-se entre 100 a 250 kg/ha de
gesso. Deve-se considerar que essa aplicao s deve ser efetuada caso a cultura tenha maior
exigncia em clcio, como ocorre com as culturas do tomate, caf, macieira e amendoim ou
se o enxofre no estiver presente em alguma fonte constitutiva da mistura NPK, como o
caso de uma adubao eleita com: uria, superfosfato triplo e cloreto de potssio.
Malavolta et al., (1981) citado por Raij (1988), sugeriram que a dosagem de gesso a
aplicar para suprir clcio e enxofre tivesse como base o teor de matria orgnica do solo,
conforme tabela abaixo:
Tabela 9. Dosagem de gesso conforme teor de matria orgnica no solo.
Teor de matria orgnica do solo (%) Gesso a aplicar por ano (kg/h) < 1,72 300-450
1,72 3,50 255-300 > 3,50 75-150
Fonte: Raij, (ANDA, 1988)
O critrio de recomendao acima, muito contestado, embora seja utilizado por
alguns pesquisadores.
Recomendaes de gesso em funo da textura do solo para correo de subsuperfcies
cidas, com deficincia de clcio e/ou presena de alumnio trocvel
Tabela 10. Recomendao de gesso agrcola em funo da classificao textural do solo para
culturas anuais e peneres.
DOSE DE GESSO AGRCOLA TEXTURA DO SOLO Culturas anuais Culturas perenes ARENOSA 700 1050
MDIA 1200 1800 ARGILOSA 2200 3300
MUITO ARGILOSA 3200 4800 Fonte: Sousa et al., 1996
50
Recomenda-se a aplicao do gesso visando a melhoria do ambiente radicular das
plantas, quando as camadas subsuperficiais do solo (20- 40 cm ou 30-60 cm), apresentarem
as seguintes caractersticas: 0,4 Cmolc/dm de Ca++ e/ou > 0,5 Cmolc/dm de Al+++ e/ou
>30% de saturao por Al+++.
Em solos com baixa CTC, muito arenosos o uso maior de 500kg/ha de gesso leva a
grandes perdas de clcio por lixiviao.
Figura 14. Efeito da aplicao de gesso no desenvolvimento das plantas (Guia rural, 1990)
POCA E MODO DE APLICAO DO GESSO AGRCOLA
Para suplementaes de clcio e enxofre, pode-se aplicar o gesso em reas localizadas
como: cova e suco de plantio, e coberturas no solo em circulo ou meio circulo, com adubos
solveis em gua. Entretanto, pela baixa solubilidade do produto, recomenda-se aplica-lo com
51
uma antecedncia de 30 dias aplicao dos outros adubos. Visando a correo de sub
superficies cidas, recomenda-se o uso do gesso 60 a 90 dias aps a calagem, sem a
necessidade de incorporao do material ao solo, j que o radical sulfato tem maior
mobilidade que o carbonato.
52
Captulo 6 - ADUBAO NITROGENADA
PRINCIPAIS ADUBOS NITROGENADOS
Embora exista uma gama de fontes de nitrognio para as plantas cultivadas, as mais
usuais no Norte e Nordeste so: uria, sulfato de amnio, e as misturas granuladas complexas
fosfato monoamnico (MAP) e fosfato diamnico (DAP), que so adubos contendo
nitrognio e fsforo nas suas constituies. Em menor escala tambm se emprega o
nitroclcio.
Tabela 11. Obteno dos principais adubos nitrogenados
Fonte: Guia de adubao Ultrafrtil, 1978
Uria
o adubo nitrogenado mais vendido no mundo e bastante empregado nas adubaes:
fundao ou em cobertura (solo, pulverizaes foliares, fertirrigao). Dos adubos
nitrogenados slidos o que apresenta maior concentrao de nitrognio (45% de N), como
tambm a forma de N mais estvel no solo quimicamente (forma amdica). Tem como
desvantagens apresentar altos ndices de salinidade (75) e acidez (75), tambm tem como
caracterstica negativa o seu grau de pureza, pois constitudo apenas pelo nitrognio.
Morfologicamente o adubo pode ser encontrado no mercado nas formas cristalina ou
granulada. A forma de grnulos deve ser preferencialmente eleita em relao cristalina, pois
53
menos higroscpica e tem melhor comportamento no solo, em virtude da liberao do
nutriente ocorrer de modo parcimonioso. A uria um adubo muito higroscpico.
Por conter o nitrognio amdico na sua constituio, e o mesmo s absorvido aps a
reao de amonificao ou carbonatao proporcionada pela enzima urease que est no solo
em grandes propores.
Sulfato de Amnio
um adubo empregado nas misturas NPK, principalmente quando as fontes de
fsforo e potssio no contm enxofre nas suas constituies. Se comparado com a uria, tem
pequena concentrao de nitrognio 20% de N na forma amoniacal, mas em contrapartida
tem 24% de enxfre na forma de sulfato, sendo um adubo menos puro que a uria ponto
positivo). Apresenta como desvantagens: altos ndices salinos (69) e de acidez (110);
fisicamente tambm pouco estvel (higroscpico), pois s encontrado no mercado na
forma cristalina, que tem maior superfcie de contacto. Por kg de nutrientes mais caro que o
adubo uria.
Misturas complexas MAP e DAP
Embora no sejam fontes exclusivas de nitrognio, so empregadas por nossos
agricultores, principalmente nas adubaes de plantio. A caracterstica mais positiva dos
fosfatos de amnio que em cada grnulo do adubo esto encerrados os nutrientes nitrognio
e fsforo, ponto importante, pois minimizam as perdas desses elementos no solo, por
lixiviao e retrogradao respectivamente.
Os teores de nitrognio e fsforo nos fosfatos de amnio so: o fosfato
monoamnioco tem em mdia (11% de N) na forma amoniacal e (44% de P2O5) solvel em
gua, e o fosfato diamnico, 18% de N na forma amoniacal e aproximadamente (40%P2O5)
solvel em gua. Apresentam respectivamente (58) e (75) de ndice de acidez.
Nitroclcio
Das fontes de N apresentadas a menos estvel quimicamente no solo (perda por
lixiviao), pois a metade do elemento no adubo est na forma ntrica, tem (27% de N) um
54
adubo que apresenta pequeno ndice de acidez (26). bastante higroscpico. Tem pequenas
concentraes de CaO e MgO, com respectivamente (7% e 3%), logo essas impurezas
benficas no podem ser pontos determinantes para escolha desse material, em relao a uria
ou o sulfato de amnio.
Tabela 12. Caractersticas qumicas dos adubos nitrogenados.
Fonte: Guia de adubao Ultrafertil, 1978
ESCOLHA DO ADUBO NITROGENADO
A m eleio de um adubo tem sido uma das causas de insucesso das adubaes; logo,
para que obtenhamos maiores respostas s adubaes, deveremos proceder de maneira
criteriosa escolha do material fertilizante.
Em relao ao adubo nitrogenado, temos, na verdade, no mercado com maior
disponibilidade apenas duas fontes: uria e sulfato de amnia; para a escolha de um desses
adubos deve-se atentar para os seguintes aspectos: concentrao de N e preo (nesse
particular, a uria leva uma enorme vantagem em relao ao sulfato de amnio, pois tem mais
que o dobro de sua concentrao), constituio qumica do adubo (o sulfato de amnio, por
conter nitrognio e enxofre, tem uma maior diversidade de nutrientes), forma de N no adubo
(ambos se equivalem, pois as formas de N neles contidas so quimicamente mais estveis no
solo que adubos contendo N na forma ntrica).
Como foi visto, ambas as fontes apresentam vantagens e desvantagens; cabe a quem
vai adubar ter o bom senso de escolher o adubo que melhor se encaixe a sua programao de
adubao; em outras palavras; caso a adubao nitrogenada tenha apenas a finalidade de repor
55
o nitrognio, o adubo escolhido deve ser a uria, pois os custos com a adubao nitrogenada
sero minimizados, em virtude da concentrao de N no adubo. Entretanto, se o adubo
nitrogenado for tambm a fonte de enxfre, a eleio recair no sulfato de amnio; essa
escolha pode ocorrer caso o agricultor j tenha em sua propriedade o superfosfato triplo, que
praticamente no tem enxofre e o cloreto de potssio no encerra esse elemento em sua
constituio.
Uma das trs fontes da mistura NPK necessita ter enxofre em sua constituio, pois
estando esse macronutriente em falta a produo poder ser limitada pelo mesmo, j que os
nossos solos so pobres em matria orgnica, que seria a fonte original de enxfre para a
planta.
QUANTIDADE A APLICAR DOS ADUBOS NITROGENADOS
A quantidade a aplicar do adubo nitrogenado fica restrito s recomendaes de
adubao contidas nos diversos manuais de adubao, e que foram obtidas
experimentalmente atravs trabalhos de calibrao do nutriente para as diferentes culturas,
seja de ciclo curto ou perene. Logo, devido a instabilidade do nitrognio no solo, no se
analisa quimicamente esse nutriente com o fim de se estabelecer uma recomendao de
adubao.
Para maior esclarecimento do assunto, suponhamos que determinado agricultor deseje
implantar a cultura do milho (Zea mays L.) e necessite proceder adubao nitrogenada.
Escolhido o adubo, digamos que seja a uria, o agrnomo recomendar a quantidade a
aplicar, conforme a indicao do manual de adubao do seu Estado, tendo o cuidado de
associar esta recomendao ao tipo de solo, teor de matria orgnica do solo e a distribuio
da precipitao pluviomtrica anual da regio. Solos mais arenosos, baixa CTC (capacidade
de troca de ctions), a probabilidade da perda de N por lixiviao ser maior e a quantidade a
aplicar deve tambm ser maior. Solos com maior teor de matria orgnica indica uma
probabilidade maior de disponibilidade de N e maior reteno de on NH4+ (amnio), em
virtude da maior concentrao de colides, logo, menores quantidades sero aplicadas.
Perodo chuvoso bem distribudo permitem um melhor aproveitamento do nitrognio pela
planta, pois chuvas muito fortes alm de carrear o adubo por eroso aumenta o processo de
lixiviao.
56
OBS: os clculos das quantidades empregadas sero procedidos na sala de aula
durante o curso.
POCA DE APLICAO DOS ADUBOS NITROGENADOS
o momento em que o adubo aplicado ao solo; hoje a maioria das culturas tem
pocas de aplicao bem determinadas e constam nos diversos manuais de adubao dos
estados. Os momentos mais adequados so estabelecidos pelos institutos de Pesquisa, como a
EMBRAPA, por exemplo; e so determinadas atravs de experimentao em campo e ou
casa-de-vegetao.
Em relao adubao nitrogenada, normalmente efetua-se o fracionamento da
dosagem total de N, em virtude da instabilidade do elemento no solo e a sua susceptibilidade
a lixiviao.
Em culturas de ciclo curto, em geral, a pesquisa preconiza a aplicao de 1/3 da
dosagem total no plantio e os 2/3 restantes aplicados entre 20 e 40 dias ps-plantio.
Entretanto, para hortalias, a dosagem total subdividida, com uma aplicao no plantio e
trs ou quatro aplicaes em cobertura. O maior nmero de aplicaes na horticultura se deve
a dois fatores: primeiro, pela maior necessidade de N dessas plantas em diferentes estgios de
suas vidas, segundo, devido serem mais rentveis que outras culturas extensivas, com exceo
a culturas de exportao, permitindo assim maiores gastos com a mo-de-obra.
Para culturas de ciclo longo, embora a pesquisa indique o uso de N mineral no plantio,
entendemos que a perda de nitrognio por lixiviao seria pondervel, por tratar-se de plantas
com crescimento lento. Recomendamos o emprego de uma maior dosagem de um bom adubo
orgnico no plantio, sendo de suma importncia uma aplicao de N quando a planta
completar os seus primeiros 6 meses de vida e as adubaes ano/ano preconizadas pela
pesquisa para aquela cultura.
MODO DE APLICAO DOS ADUBOS NITROGENADOS
a forma como o adubo aplicado no solo tratando-se de adubos solveis em gua,
como os nitrogenados, o modo de aplicao deve ser o mais localizado possvel, diminuindo-
57
se sobremodo o contacto do adubo com o solo, e, conseqentemente, a perda por lixiviao
(principal perda).
Para culturas de ciclo curto que abrangem reas extensivas, como: milho, feijo, trigo,
sorgo, etc. a adubao de plantio pode ocorrer manual ou mecanicamente. Em ambas as
aplicaes o adubo aplicado em rea restrita, o sulco de plantio.
As adubaes de ps-plantio podem ser efetuadas em crculo ou coroa, tambm
denominada de lua; meio crculo (terreno declivoso); ou linha, sempre na projeo da copa da
planta. Essas formas de aplicao ficam condicionadas ao espaamento da cultura.
Em hortalias de plantio direto, o modo de aplicao do adubo nitrogenado a lano,
pois a rea adubada em geral muito pequena. Nas adubaes de ps-plantio segue o mesmo
esquema das culturas que ocupam grandes reas, ficando unicamente na dependncia do
espaamento.
Para hortalias em que efetua-se o transplante, a adubao de plantio deve ser na cova
do plantio (pimento, tomate, pepino, etc.).
Em culturas de ciclo longo, caso se use adubo mineral nitrogenado na cova de plantio,
o que no aconselhamos, este deve ser misturado com o solo cuidadosamente, evitando-se
assim o contacto do adubo com a muda.
As adubaes em cobertura procedidas nos primeiros 6 meses de vida da planta, e/ou
anualmente, devido essas espcies terem maior espaamento, so procedidas em crculo ou
meio crculo, a depender da topografia do terreno.
Quando a cultura estiver safreira (produzindo economicamente), e se o espaamento
estiver dentro das normas tcnicas, pode ser feita adubao em faixas, diminuindo-se os
custos com a mo-de-obra.
COMPORTAMENTO NO SOLO DOS ADUBOS NITROGENADOS
Os adubos nitrogenados embora apresentem um comportamento no solo bastante
similar principalmente no que diz respeito s caractersticas qumicas como: aumento de
presso osmtica, diminuio do pH do solo; e a caracterstica fsico-qumica que a
solubilidade desses adubos. Entretanto pode haver diferenciao se compararmos fontes
ntricas, amoniacais e amdica, quanto s perdas sofridas pelo elemento no solo.
58
O salitre do Chile foi tomado como exemplo, por ser o nico adubo nitrogenado
natural que existe, e por encerrar na sua constituio o nitrognio na forma ntrica. Ao ser
aplicado no solo e havendo umidade suficiente para solubiliz-lo, ocorrer prontamente a
descomplexao molecular e o nitrognio estar disponvel para ser absorvido ou perdido por
diferentes formas como: desnitrificao e principalmente lixiviao. A perda por lixiviao
a mais pondervel e o nitrognio ntrico bastante susceptvel a se perder para subcamadas
do solo, pois sendo essa forma de N um nion no haver compensao eletrosttica com as
cargas da micela, pois so em sua maioria negativas, logo o nutriente ser lixiviado. Para
minimizar esse processo deve-se atentar para os seguintes pontos vistos acima como:
quantidade aplicar, poca e modo de aplicao.
A desnitrificao um processo de reduo biolgica em que bactrias principalmente
dos gneros Pseudonomas sp. e Micrococcus sp. (bactrias facultativas), em ambientes
alagadios conseqentemente com baixa concentrao de oxignio, retiram parte do oxignio
transformando a forma ntrica (NO3) assimilvel pela planta em duas formas gasosas, como:
oxido nitroso ou nitrognio gasoso (N2O) ou nitrognio elementar (N2), que se perdem para a
atmosfera. Essa a nica forma de N que se perde por desnitrificao.
Praticamente o nitrognio mineral no se perde por eroso e muito principalmente o N
ntrico, pois se o mesmo bastante instvel para se manter na micela, conseqentemente suas
perdas por este procedimento so irrisrias. O que pode ocorrer o carreamento do adubo
nitrogenado quando a topografia do terreno apresentar um declive muito grande, e a aplicao
do adubo coincidir com uma precipitao pluviomtrica forte.
Em relao ao adubo sulfato de amnio as perdas de N so um tanto diferenciadas em
relao ao salitre, a comear pelo processo de lixiviao que pode ser menos intenso, pois a
forma de N no sulfato de amnio atrada eletrostaticamente pela micela sendo mais estvel
no solo. Entretanto, deve-se ressaltar que essa forma de N (NH4+), tambm sofre
transformao no solo, pois entre 7 a 15 dias o mesmo pode se tornar ntrico, atravs de um
processo denominado nitrificao, que a oxidao do NH4+, promovida por bactrias
aerbicas dos gneros Nitrossomonas sp. que transformam o amnio em nitrito (NO2-) e a
Nitrobacter sp. que oxidam o nitrito para nitrato (NO3-). Essas transformaes tambm
podem ser promovidas por fungos, como: Aspergillus flavus e Aspergillus wentii Logo, aps
as transformaes de amnio no solo o mesmo ficar to factvel as perdas por lixiviao
quanto ao N proveniente do salitre. Na figura abaixo, fica evidenciado o processo de adsoro
59
de ctions bsicos ou contra -ons na micela (parte slida do solo). Na fase lquida (soluo
do solo), mais distante do complexo de troca, esto os nios ou co-ons que so
contrabalanados por contra-ons que sofreram dessoro (sada do complexo de troca para
soluo do solo). A lixiviao de elementos bsicos como: potssio, clcio e magnsio
explicada por uma dessoro maior desses ons para a soluo do solo, que no encontrando
nions como nitrato, sulfato e cloreto em propores suficientes para o contra balano e no
podendo serem absorvidos totalmente, pela planta se perdero por lixiviao.
Figura 15. Representao esquemtica da soluo do solo adjacente
superfcie negativa. (Raij, ANDA, 1988)
60
Outra perda que ocorre com o nitrognio amoniacal a reduo do mesmo para a
forma de amnia (NH3), isso se deve por incompatibilidade qumica dos sais amoniacais com
substncias alcalinas como os calcrios, por exemplo, ou aplicao desses sais em solos
alcalinos. Tambm essa reduo pode ocorrer quando qualquer adubo nitrogenado que tem
amnio na sua constituio aplicado em solos com o teor de umidade inadequada (solos
secos), no ocorrendo a pronta solubilizao do adubo e com a incidncia dos raios solares
(temperatura alta) ocorrer a transformao do amnio em amnia, que um gs e se perder
para a atmosfera.
O nitrognio amoniacal tambm fica susceptvel a perda por fixao por argilas do
grupo 2:1, como o caso das montmorilonitas que fixam temporariamente o on amnio por
ter raio inico aproximadamente igual ao espao hexagonal das laminas de argila. As perdas
por incompatibilidade qumica, temperatura e fixao por argila so pertinentes apenas para
sais amoniacais ou para o adubo uria, pois com a solubilizao desse adubo no solo, o
mesmo ter comportamento dos adubos contendo amnio na sua constituio.
O nitrognio amdico, a forma mais estvel de nitrognio no solo em relao a
principal perda que a lixiviao. Essa estabilidade devido ao nitrognio amdico
apresentar uma reao a mais em relao ao nitrognio amoniacal, conforme reao abaixo:
CO(NH2)2 + 2H2O (NH4)2 CO3 (carbonatao)
(NH4)2 CO3 + 2H2O 2NH4OH + H2CO3
2NH4OH 2NH4+ + 2OH- (aumento do pH)
Nitrificao
2NH4+ + 3O2 2NO2- + 2H2O + 4H+ (diminuio do pH)
Reao efetuada com a participao de bactrias do gnero Nitrossomonas sp e os fungos
Aspergillus flavus e Aspergillus wentii
Top Related