UniFIAMFAAM Centro Universitrio das Faculdades Integradas Alcntara Machado
REDAO e EXPRESSO ORAL II
JO 3 SEMESTRE
Profa Ana Tereza Pinto de Oliveira
So Paulo Fevereiro/2012
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PLANO DE ENSINO: Redao e Expresso Oral II (JO)
Curso: Comunicao Social
Habilitao: Jornalismo
Disciplina: Redao e Expresso Oral II
Carga horria: 80 horas/aula
Perodo letivo: 1. semestre de 2012
Ementa: A disciplina visa produo oral e escrita de textos voltados para o jornalismo.
Enfatizam-se a reportagem, o release, a infografia, a coeso e a coerncia, a legibilidade
(clareza, conciso, propriedade e preciso vocabulares) e a correo, a partir da reviso
sistemtica dos nveis ortogrfico, morfossinttico, semntico e estilstico da lngua
portuguesa e da leitura de textos jornalsticos, tericos e da literatura brasileira.
Objetivos:
Gerais: o aluno dever ser capaz de:
entender e valorizar a linguagem verbal, tanto na instncia da produo
quanto na da recepo, como meio de organizao do pensamento e
instrumento indispensvel da comunicao humana;
valorizar a leitura no apenas como atividade ldica, mas sobretudo como
recurso de ampliao de vocabulrio e de aquisio de conhecimento.
Especficos: desenvolver no aluno as habilidades de:
produzir textos orais e escritos de forma clara, concisa, precisa, objetiva,
criativa e correta, sabendo utilizar as possibilidades que a lngua oferece e
adequando-as ao contexto sociocomunicativo;
utilizar-se, com segurana, do instrumental normativo para comunicar-se, de
acordo com a situao, segundo o padro culto.
Contedo:
1) Apresentao do professor e do plano de ensino
2) Qualidades do texto: conciso. Exerccios e produo de texto
3) Qualidades do texto: legibilidade. Exerccios e produo de texto
4) Qualidades do texto: legibilidade1. Exerccios e produo de texto
5) Preciso e propriedade vocabulares: sinonmia e antonmia. Exerccios e produo de
texto.
6) Preciso e propriedade vocabulares: paronmia e homonmia. Exerccios e produo
de texto jornalstico a partir de pauta
7) Preciso e propriedade vocabulares: hiponmia e hiperonmia. Exerccios e produo
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de texto jornalstico a partir de pautas
8) Coerncia e coeso. Os gneros jornalsticos
9) Concordncia nominal: exerccios. As mdias
10) Concordncia verbal. Escola norte-americana X Escola europeia
11) Concordncia verbal. O release
12) Colocao pronominal. Produo de texto: release
13) Colocao pronominal. Produo de texto: pauta a partir de release
14) Verbo: uso dos tempos e modos. Leitura de texto: a infografia
15) Verbo: uso das formas nominais. Exerccios e produo de texto (infografia)
16) Avaliao continuada
17) Exerccios e produo de texto (infografia). Fechamento das mdias de avaliao
continuada
18) Avaliao regimental
19) Segunda chamada e reviso para avaliao final
20) Avaliao final
Nota: A ordem dos itens poder ser alterada devido a intercorrncias inerentes atividade pedaggica.
Metodologia: Aulas tericas e prticas, envolvendo:
- leitura e discusso de textos selecionados;
- exerccios orais e escritos;
- oficina de criao de textos;
- exerccios gramaticais.
Avaliao:
Avaliao continuada: obtida pela aplicao de diversos instrumentos de
avaliao, visando identificar o estgio de desenvolvimento do aluno e motiv-lo
a avanar no processo de aprendizagem: exerccios orais e escritos, participao
em sala de aula, resenhas, apresentao de trabalhos (3 pontos).
Avaliao regimental (7 pontos).
Bibliografia bsica
ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Vocabulrio ortogrfico da lngua portuguesa.
So Paulo: ABL, 2004. Disponvel em: .
CALDAS AULETE. Dicionrio digital. Globo.com (download gratuito).
CUNHA, Celso & CINTRA, Lindley. Nova Gramtica do Portugus Contemporneo. 5. ed.
Rio de Janeiro: Lexicon, 2009.
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OLIVEIRA, Ana Tereza Pinto de. A infografia: um novo gnero jornalstico. 2003.
Dissertao (Mestrado em Lngua Portuguesa) -- Pontifcia Universidade de So Paulo, So
Paulo.
OLIVEIRA, Ana Tereza Pinto de; BARROS, Edgard Oliveira. Quem? Quando? Como?
Onde? O qu? Por qu? So Paulo: Pliade, 2010.
SQUARISI, Dad; SALVADOR, Arlete. A arte de escrever bem. So Paulo: Contexto, 2005.
Bibliografia complementar: ASSUMPO, Maria Elena; BOCCHINI, Maria Otilia. Para escrever bem. 2. ed. So
Paulo: Manole, 2006.
FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristvo. Prtica de texto. 17. ed. Petrpolis, RJ:
Vozes, 2008.
GARCIA, Othon M. Comunicao em prosa moderna. Rio de Janeiro: FGV, 1985.
LUFT, Celso Pedro. Dicionrio eletrnico: dicionrio da lngua portuguesa, dicionrio de
regncia verbal, dicionrio de regncia nominal. So Paulo: tica, 1998. 1 CDrom.
MARTINS, Eduardo. Manual de redao e Estilo OESP. So Paulo: O Estado de S. Paulo,
1997.
RABAA, Carlos Alberto; BARBOSA, Gustavo. Dicionrio de comunicao. Rio de
Janeiro: Campus, 2001.
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O TEXTO JORNALSTICO
A notcia um formato de divulgao de um acontecimento por meios jornalsticos. a
matria-prima do Jornalismo, normalmente reconhecida como algum dado ou evento
socialmente relevante que merece publicao numa mdia. Fatos polticos, sociais,
econmicos, culturais, naturais e outros podem ser notcia se afetarem indivduos ou grupos
significativos para um determinado veculo de imprensa. Geralmente, a notcia tem
conotao negativa, justamente por ser excepcional, anormal ou de grande impacto social,
como acidentes, tragdias, guerras e golpes de estado. Notcias tm valor jornalstico apenas
quando acabaram de acontecer, ou quando no foram noticiadas previamente por nenhum
veculo. A "arte" do Jornalismo escolher os assuntos que mais interessam ao pblico e
apresent-los de modo atraente. Nem todo texto jornalstico noticioso, mas toda notcia
potencialmente objeto de apurao jornalstica.
Quatro citrios de noticiabilidade influenciam na qualidade da notcia:
1. novidade: a notcia deve conter informaes novas, e no repetir as j conhecidas; 2. proximidade: quanto mais prximo do leitor for o local do evento, mais interesse a
notcia gera, porque implica mais diretamente na vida do leitor;
3. tamanho: tanto o que for muito grande quanto o que for muito pequeno atrai a ateno do pblico;
4. relevncia: notcia deve ser importante, ou, pelo menos, significativa. Acontecimentos banais, corriqueiros, geralmente no interessam ao pblico.
Notcias chegam aos veculos de imprensa por meio de reprteres, correspondentes,
agncias de notcias e assessorias de imprensa. Eventualmente, amigos e conhecidos de
jornalistas fornecem denncias, sugestes de pauta, dicas e pistas, s vezes no anonimato,
pelo telefone ou por "e-mail".
Trabalho do jornalista
A atividade primria do Jornalismo a observao e descrio de eventos, conhecida como
reportagem
"O qu?" O fato ocorrido. "Quem?" O personagem envolvido. "Quando?" O momento do fato. "Onde?" O local do fato. "Como?" O modo como o fato ocorreu. "Por qu?" A causa do fato.
A essncia do Jornalismo, entretanto, a seleo e organizao das informaes no produto
final (jornal, revista, programa de TV etc.), chamada de edio.
O trabalho jornalstico consiste em captao e tratamento escrito, oral, visual ou grfico, da
informao em qualquer uma de suas formas e variedades. O trabalho normalmente
dividido em quatro etapas distintas, cada qual com suas funes e particularidades: pauta,
apurao, redao e edio.
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A pauta a seleo dos assuntos que sero abordados. a etapa de escolha sobre
quais indcios ou sugestes devem ser considerados para a publicao final.
A apurao o processo de averiguar informao em estado bruto (dados, nomes,
nmeros etc.). A apurao feita com documentos e pessoas que fornecem
informaes, chamadas de fontes. A interao de jornalistas com suas fontes envolve
frequentemente questes de confidencialidade.
A redao o tratamento das informaes apuradas em forma de texto verbal. Pode
resultar num texto para ser impresso (em jornais, revistas e sites) ou lido em voz alta
(no rdio, na TV e no cinema).
A edio a finalizao do material redigido em produto de comunicao,
hierarquizando e coordenando o contedo de informaes na forma final em que ser
apresentado. Muitas vezes, a edio que confere sentido geral s informaes
coletadas nas etapas anteriores. No jornalismo impresso (jornais e revistas), a edio
consiste em revisar e cortar textos de acordo com o espao de impresso pr-
definido. A diagramao a disposio grfica do contedo e faz parte da edio de
impressos. No radiojornalismo, editar significa cortar e justapor trechos sonoros
junto a textos de locuo, o que no telejornalismo ganha o adicional da edio de
imagens em movimento.
Estas trs mdias citadas tm limites de espao e tempo predefinidos para o contedo, o que
impe restries edio. No chamado webjornalismo, ciberjornalismo ou "jornalismo
online", estes limites teoricamente no existem.
A inexistncia destes limites comea pela potencialidade da interao no jornalismo online,
o que provoca um apagamento entre as fronteiras que separam os papis do emissor e do
receptor, anunciando a figura do interagente. Esta prtica tem se difundido como jornalismo
open source, ou o jornalismo de cdigo aberto, em que informaes so apuradas, redigidas
e publicadas pela comunidade sem a obrigao de serem submetidas s rgidas rotinas de
produo e s estruturas organizacionais das empresas de comunicao.
De acordo com a pesquisadora Catarina Moura, da Universidade da Beira Interior
(Portugal), jornalismo open source "implica, desde logo, permitir que vrias pessoas (que
no apenas os jornalistas) escrevam e, sem a castrao da imparcialidade, d em a sua
opinio, impedindo assim a proliferao de um pensamento nico, como o pode ser aquele
difundido pela maioria dos jornais, cuja objectividade e imparcialidade so muitas vezes
mscaras de um qualquer ponto de vista que serve interesses mais particulares que apenas o
de informar com honestidade e iseno o pblico que os l".
Mdias e veculos de imprensa
O Jornalismo realizado em uma grande variedade de mdias: jornais, televiso, rdio e
revistas, alm do mais recente jornalismo online na Internet. Cada tipo de mdia define um
determinado suporte, ou seja: papel, som, celuloide ou vdeo, por radiodifuso ou
teledifuso eletrnicas.
O texto
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O produto da atividade jornalstica geralmente materializado em textos, que recebem
diferentes nomenclaturas de acordo com sua natureza e objetivos. Uma matria o nome
genrico de textos informativos resultantes de apurao, incluindo notcias, reportagens e
entrevistas. Um artigo um texto dissertativo ou opinativo, no necessariamente sobre
notcias nem necessariamente escrito por um jornalista.
Redatores geralmente seguem uma tcnica para hierarquizar as informaes, apresentando-
as no texto em ordem decrescente de importncia. Esta tcnica tem o nome de pirmide
invertida, pois a "base" (lado mais largo, mais importante) fica para cima (incio do texto) e
o "vrtice" (lado mais fino, menos relevante) fica para baixo (fim do texto). O primeiro
pargrafo, que deve conter as principais informaes da matria, chama-se "lead" (do ingls,
principal).
As matrias apresentam, quase sempre, relatos de pessoas envolvidas no fato, que servem
para tanto validar (por terceiros) as afirmativas do jornal (tcnica chamada de
documentao) quanto para provocar no leitor a identificao com um personagem
(empatia). No jargo jornalstico, os depoimentos destes personagens chamam-se aspas.
Apesar de as matrias serem geralmente escritas em estilo sucinto e objetivo, devem ser
revisadas antes de serem publicadas. O profissional que exerce a funo de reviso, hoje
figura rara nas redaes, chamado de revisor ou copy-desk.
Tipos de texto jornalstico
1 Factuais
Notcia de carter objetivo, compe-se do lead e do corpo: o no lead tenta-se responder a seis perguntas: quem, o qu, onde, quando,
por qu, como. A ausncia de resposta a essas perguntas pode dever-se a
dados no apurados;
o no corpo da notcia desenvolve-se gradualmente a informao em cada
pargrafo, por isso a informao cada vez mais detalhada.
Matria todo texto jornalstico de descrio ou narrativa factual. Dividem-se em matrias "quentes" (sobre um fato do dia, ou em andamento) e matrias
"frias" (temas relevantes, mas no necessariamente novos ou urgentes). Existem
ainda os seguintes subtipos de matrias:
o matria leve ou feature texto com informaes pitorescas ou inusitadas, que no prejudicam ou colocam ningum em risco; muitas
vezes este tipo de matria beira o entretenimento;
o sute uma matria que d sequncia ou continuidade a uma notcia, seja por desdobramento do fato, por conter novos detalhes ou por
acompanhar um personagem;
o perfil texto descritivo de um personagem, que pode ser uma pessoa ou uma entidade, um grupo; muitas vezes apresentado em formato
testemunhal;
o entrevista o texto baseado fundamentalmente nas declaraes de um indivduo a um reprter; quando a edio do texto explicita as perguntas
e as respostas, sequenciadas, chama-se de pingue-pongue;
o nota texto curto sobre algum fato que seja de relevncia noticiosa, mas que apenas o lead basta para descrever; muito comum em colunas;
o chamada texto muito curto na primeira pgina ou capa que remete ntegra da matria nas pginas interiores.
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2 Opinativos
Opinio ou Editorial reflete a opinio do veculo de imprensa (no deve ser assinado por nenhum profissional individualmente)
Artigo texto eminentemente opinativo, e geralmente escrito por colaboradores ou personalidades convidadas (no jornalistas)
Crnica texto que registra uma observao ou impresso sobre fatos cotidianos; pode narrar fatos em formato de fico
3.
Editorias e Cadernos
O trabalho em redaes jornalsticas geralmente dividido entre editorias temticas,
agrupando os assuntos mais comuns do noticirio. Assim como a classificao dos assuntos
adequados a cada editoria pode variar.
Em jornais dirios, as editorias podem ser organizadas em Cadernos e Suplementos, que
so fascculos de encadernao separada includos no conjunto publicado e de periodicidade
predeterminada.
Jornais dirios de grande circulao e revistas de informao geral normalmente tm as
seguintes editorias, que podem tambm ser tratadas em publicaes especializadas:
Geral no exatamente uma editoria, mas o departamento e a equipe de reportagem e redao que tratam de assuntos diversos, como acidentes, cataclismos, intempries,
tragdias e at crimes (estes normalmente reservados para a pgina Policial);
Local ou Cidade assuntos de interesse local ou regional; Nacional ou Pas assuntos de outras localidades do pas; Poltica s vezes, agrupada com a anterior; Polcia crimes e assuntos de segurana, s vezes incluindo tambm aes de
Defesa Civil e Bombeiros;
Internacional assuntos diversos de poltica internacional, relaes externas, diplomacia, economia internacional, cultura estrangeira e ainda assuntos diversos
(como os da Geral) desde que ocorridos no exterior;
Economia notcias relacionadas s atividades produtivas do pas, regio ou cidade onde se localiza o jornal, subdivididas em subeditorias:
o Macroeconomia polticas de Estado para economia, comrcio internacional, diretrizes nacional e internacionais; cmbio e divisas, polticas
de integrao regional;
o Mercado Financeiro indicadores financeiros, mercado de aes, bancos; o Empresas negociaes entre empresas, balanos, expectativas de
faturamento;
Cultura todas as manifestaes culturais da sociedade, Cinema, Teatro, Literatura, Artes Plsticas, Televiso, Msica, Quadrinhos, etc.;
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Cincia & Tecnologia temas de interesse acadmico-cientfico e de tecnologia industrial; pesquisas e descobertas cientficas, inovaes tecnolgicas, economia e
empresas de setor de alta tecnologia;
o Informtica s vezes editoria autnoma, outras includa sob a anterior; o Astronomia ou Espao idem; o Meio Ambiente e Ecologia idem;
Esporte todas as modalidades esportivas, competies, contrataes, treinamentos e variedades sobre atletas e personalidades do Esporte;
Turismo roteiros de viagem, servios sobre destinos tursticos; Automobilismo automveis e outros veculos motorizados, incluindo aquticos,
como lanchas e jet-skis; s vezes, inclui-se at aviao;
Comportamento, Sade, Famlia e Moda assuntos diversos sobre comportamento social, consumo, relacionamentos, sade e medicina;
Educao e Vestibular temas educacionais, pedaggicos e educativos, auxlio a material didtico e pesquisa escolar, calendrios de provas de acesso universitrio e
concursos pblicos;
Infantil e Feminino cadernos especializados em assuntos estereotipadamente associados a gnero e faixa etria;
Coluna Social notas e comentrios sobre vida em sociedade, geralmente sobre indivduos de alto poder aquisitivo e "celebridades";
Classificados, Imveis e Empregos anncios pequenos, geralmente pagos por indivduos.
Jornais de grande porte tambm costumam ter editores especficos para a Arte e a
Fotografia.
TEXTOS-EXEMPLO:
1) Notcia: Caracteriza-se pela linguagem direta e formal. Tem carter informativo e escrita de forma impessoal, frequentemente fazendo uso da terceira pessoa. Inicia-se com o
lide e se segue com o corpo da notcia. Enquanto na primeira parte esto registradas as
principais informaes do fato, no corpo do texto esto presentes os detalhes (relevantes ou
no), as causas e as consequncias dos fatos, como, onde e com quem aconteceu, e a sua
possvel repercusso na vida das pessoas que esto lendo. Pode ter ou no um pblico-alvo
(jovens, polticos, idosos, famlias), caso tenha a linguagem poder ser adaptada para o
melhor entendimento.
Candidaturas so impugnadas depois de teste de alfabetizao da Agncia Folha, em Bauru
O juiz eleitoral de Itapetininga, Jairo Sampaio Incane Filho, 38, impugnou 20 dos 80
candidatos a prefeito e vereador das cidades de Itapetininga, Sarapu e Alambari, na regio
de Sorocaba (87 km a oeste de So Paulo).
A impugnao foi motivada pelo fato de os candidatos terem sido reprovados em um
teste de alfabetizao realizado pelo juiz, no Frum de Itapetininga.
Incane Filho disse que fez o texto com base na exigncia contida na Lei Complementar n
64/90, de 1992, do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), que probe analfabetos de serem
candidatos a cargos eletivos.
O juiz afirmou que convocou os 80 candidatos que disseram ter 1 grau incompleto e
mostraram dificuldades no preenchimento dos documentos para o registro de suas
candidaturas.
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Os testes com os candidatos foram feitos individualmente. Seus nomes so mantidos em
sigilo. ''Pedi a todos que lessem e interpretassem um texto de um jornal infantil. Em seguida,
pedi que cada um redigisse um texto, expondo sua lgica'', disse.
Segundo Incane Filho, erros gramaticais no foram levados em conta. ''Apenas observei
se o candidato tem condies de entender um texto, pois uma vez eleito, ele vai ter de
trabalhar com leis e documentos.''
A assessoria de imprensa do TRE informou que o tribunal transmitiu uma recomendao
aos juzes para que ''em caso de dvida'', faam ''um teste de alfabetizao'' nos candidatos.
(Folha de S.Paulo, 19/07/96)
2) Editorial: um texto jornalstico cujo contedo expressa a opinio da empresa, da direo ou da equipe de redao, sem a obrigao de ter alguma imparcialidade ou
objetividade. Geralmente, grandes jornais reservam um espao predeterminado para os
editoriais em duas ou mais colunas logo nas primeiras pginas internas. Os editoriais nunca
so assinados por ningum em particular.
Analfabetos O juiz eleitoral de Itapetininga impugnou 20 de 80 candidatos a prefeito ou vereador das
cidades de Itapetininga, Sarapu e Alambari (interior de So Paulo e relativamente prximas
capital) pela simples razo de que no conseguiram ler e entender corretamente um texto
publicado em jornal infantil. E isso no Estado mais rico da Unio, o que leva a imaginar o
que deve ocorrer nas imensas regies menos desenvolvidas do pas.
Isso significa que 25% dos candidatos testados foram considerados analfabetos. Erros
gramaticais no foram levados em conta, apenas a capacidade de compreenso de um texto
simples escrito.
Parece mais do que bvio que, sem negar a conquista democrtica que representou o
direito de voto para o analfabeto, para exercer funes executivas ou legislativas
necessrio pelo menos poder ler e compreender um texto. De outra forma, quem exercer o
poder de fato ser um assessor sem nenhum mandato eletivo, ou seja, ferindo o princpio da
delegao popular do poder.
Infelizmente, o Brasil est ainda muito longe de atingir os nveis minimamente desejveis
de erradicao do analfabetismo. Em que pese o sucesso de alguns poucos projetos isolados,
o nmero de brasileiros que no sabem ler e isso segundo os pouco rgidos critrios do IBGE pouco inferior a 25%, ou seja, quase um quarto da populao do pas.
Como indicam diversos estudos dos mais variados organismos multilaterais, o
investimento em educao acima de tudo um investimento na melhoria das condies de
vida do pas, seja em termos de produtividade como em termos de desenvolvimento
humano.
O fato de at as pessoas que almejam cargos eletivos como prefeito ou vereador serem
incapazes de compreender o que est escrito num jornal infantil mostra o quanto o Brasil
ainda tem a fazer no campo da educao bsica. Revela tambm o quo imatura ainda a
jovem democracia brasileira. (Folha de S.Paulo, 22/07/96)
3) Artigo: um texto em que o autor expe seu posicionamento diante de algum tema atual e de interesse de muitos. um texto dissertativo que apresenta argumentos sobre o assunto
abordado, portanto o escritor, alm de expor seu ponto de vista, deve sustent-lo atravs de
informaes coerentes e admissveis. Assim, as ideias defendidas no artigo de opinio so
de total responsabilidade do autor, que, por esse motivo, deve ter cuidado com a veracidade
dos elementos apresentados, alm de assinar o texto.
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Pobre argumento Clvis Rossi
O argumento mais repetido em defesa do tal CFJ (Conselho Federal de Jornalismo)
diz que existem conselhos similares para advogados, mdicos e outros profissionais e,
portanto, deve haver tambm para jornalistas. Pena que nenhum dos que usam o argumento
parou para examinar se os conselhos similares ao CFJ produziram bons efeitos.
No preciso muita esperteza para perceber que os resultados no so bons, para
dizer o menos. No caso dos advogados, basta lembrar que a grande maioria dos formados
no passa no Exame da Ordem, o que significa que as escolas esto despejando no mercado
profissionais com imenso dficit de formao.
Pior ainda: algum a capaz de dizer que a administrao de justia no Brasil
minimamente eficiente, elogivel, louvvel? Ou, posto de outra forma, a existncia de um
conselho semelhante ao proposto CFJ nem chegou perto de defender a sociedade no seu
direito justia.
No caso dos mdicos, j est entrando em debate a criao de um exame similar ao
feito pela Ordem dos Advogados do Brasil, o que evidencia que h desconfianas tambm
em relao qualidade da formao desses profissionais.
E, de novo, escandalosamente bvio que o direito sade no exatamente uma
caracterstica do Brasil. Ou, posto de outra forma, a sociedade no est sendo defendida pelo
fato de existir um conselho que supervisiona os mdicos.
Seria preciso um grau de presuno fenomenal para supor que, no caso do
jornalismo, o CFJ faria o que os conselhos das outras profisses no fizeram ou, no mnimo,
no puderam evitar.
Tanto quanto o direito sade ou justia, o direito a uma informao veraz s ser
alcanado se e quando a prpria sociedade for vigorosamente atrs de cada um deles.
Estruturas burocrtico-corporativas podem at ter a melhor das intenes, mas os
fatos provam que no defendem nem os profissionais nem a sociedade.
(Folha de S. Paulo, 11/08/ 2004)
4) Reportagem: Tem por essncia a descrio e a caracterizao de eventos. Para isso a reportagem conta com algumas perguntas que, ao serem respondidas, formaro a estrutura
da reportagem. Elas servem para melhor estruturar a reportagem: O qu?, Como?, Quando?,
Onde?, Por qu?, Quem?. Diferentemente da notcia, a reportagem contextualiza, aprofunda
o fato, buscando fontes que o expliquem.
CRIANAS TAMBM LIDAM COM DROGAS
Menino de 5 anos disse que Polcia procurava bagulho em sua residncia
Belm Um menino de cinco anos de idade surpreendeu a professora no ms passado ao
dizer que tinha um segredo para contar. Ela imaginou que fosse uma brincadeira e pediu que
o menino falasse.
Sabe tia, o meu pai foi preso. A polcia chegou l em casa e quebrou tudo, at o meu brinquedo. Fiquei com muita raiva e queria dar um soco na polcia. Eles procuravam o
bagulho, mas no acharam. O bagulho estava embaixo da TV, mas eles no viram, disse a criana.
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A professora achou que pudesse ser imaginao do aluno e perguntou se ele havia
sonhado com aquela histria. O garoto, ento, respondeu que no e garantiu ser tudo
verdade.
Quem toma conhecimento dessa histria, at duvida da veracidade da narrao. Mas
a professora garante que tem fundamento, j que conhece o histrico de vida dos pais e
tambm devido riqueza de detalhes relatada pela criana. Por exemplo, quando o menino
falou que a polcia estava atrs do bagulho, a professora perguntou do que se tratava. Para explicar, ela lembra que o menino pegou uma folha do seu caderno, desenhou um
quadradinho e disse que o bagulho era um pozinho branco colocado no meio do quadrado e depois amarrado com um fio. Logo, a professora deduziu que o p ao qual o menino se referia, provavelmente, fosse cocana.
Surpresa A professora afirma ter ficado to surpreendida com essa situao que no respondeu
nada ao aluno. Ela procurou a direo da escola para relatar o problema.
Pensei em falar com a me dele, mas ela muito difcil e poderia bater nele. Ento, decidi conversar com a supervisora da escola, porque temos trabalhos de preveno s
drogas na escola, mas no para uma turma da educao infantil, explica. A professora lamenta que essa situao tenha ocorrido com uma criana: Uma questo a famlia estar nesse meio (das drogas), a outra uma criana com cinco anos vivenciar isso.
Eu fico triste, mas me acho impotente para agir e ajud-lo. O caso relatado um dos retratos da relao entre drogas e o ambiente escolar. No entanto,
o mais comum o envolvimento direto de adolescentes com uso de entorpecentes. Uma
pesquisa feita em 2004 pelo Centro Brasileiro de Informaes sobre Drogas Psicotrpicas
(Cebrid) ouviu 1.558 estudantes do ensino fundamental e mdio das redes municipal e
estadual de Belm. De acordo com os dados levantados, 19,5% dos estudantes de 13 a 15
anos consumiram drogas naquele ano. No foi considerado o uso de lcool ou tabaco.
Segundo o professor Raul Navegantes, cientista poltico e especialista em violncia,
a escola corresponde ao contexto no qual ela se encontra. Normalmente, imaginamos que a escola seja um mundo isolado, onde tudo diferente dos muros que a separam da rua. No
assim. A escola reproduz l dentro o que se passa fora, na sociedade, ressalta. Para ele, seria muito artificial se fosse o contrrio. Estudantes levam para dentro da escola a mesma coisa que professores levam, a mesma coisa que os demais servidores da escola levam, ou
seja, tudo aquilo que trazem da sociedade, explica o professor. Preparo
Na opinio de Navegantes, as instituies de ensino devem preparar-se para receber
esse mundo de fora. Ele deixa claro que as escolas, e sobretudo o Estado, precisam perceber
que a sociedade mudou e que o ambiente escolar hoje no pode ser igual ao de 25 anos atrs.
Ao longo desse tempo, segundo o cientista poltico, a mudana maior foi da famlia,
que era o ambiente de convvio, de acompanhamento do jovem e que fazia a intermediao
entre a infncia, a adolescncia e a maturidade. Com isso, ressalta Navegantes, a famlia
deixou de ser a maior aliada da escola e transferiu instituio o papel que lhe cabia. Como os pais trabalham e no tm mais tanta dedicao famlia, a convivncia familiar com o
jovem desapareceu, repassando para a escola o seu papel de orient-lo, destaca. Preveno
Em geral, os especialistas apontam que as primeiras experincias com drogas
ocorrem no ambiente escolar, por causa da relao de amizade e companheirismo que
crianas e adolescentes mantm entre si. Por esse motivo, ressaltam que a preveno a
melhor alternativa para lutar contra o uso de entorpecentes nas unidades escolares.
O Liberal 20/10/2008
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5) Nota: Texto curto composto apenas pelo lide. Normalmente trata de algum assunto de fcil compreenso e assimilao e que seja do interesse do leitor. Algo que j tenha sido
noticiado ou que no possui detalhes relevantes para serem descritos.
MULHERES NUAS
FORA DA CAPA
BILD, o jornal mais vendido da Alemanha (4 milhes de exemplares por dia) decidiu
retirar as imagens de mulheres seminuas da primeira pgina. A mudana atendeu a pedidoa
das leitoras. As fotos passaro a ser estampadas na pgina 3 do jornal.
6) Perfil: Perfil ou reportagem-perfil faz parte do gnero jornalstico informativo. Dentro dessa classificao, pode-se inseri-lo na categoria dos textos noticiosos chamados de
feature, ou seja, uma notcia apresentada em dimenses que vo alm do seu carter factual
e imediato, em estilo mais criativo e menos formal. Nessa categoria esto includos os perfis
e as histrias de interesse humano. Ambas com enfoque na pessoa seja uma celebridade, seja um tipo popular, mas sempre o focalizado protagonista da histria: sua prpria vida. O
perfil pode ser leitura saborosa quando consegue contar passagens relevantes da vida e
carreira do entrevistado, colher suas opinies em assuntos importantes, ouvir o que dizem
dele os amigos e os inimigos, mostrar como faz o que faz.
FILME EXIBE AS RAZES DE SRGIO BUARQUE Cassiano Elek Machado
Enviado especial da Folha ao Rio
Quase todas as acepes da palavra raiz ajudam a ilustrar o que o filme Razes do
Brasil, cinebiografia sobre Sergio Buarque de Holanda (1902-1982) realizada por Nelson
Pereira dos Santos.
Um dos intelectuais mais robustos da terra, o historiador e socilogo paulistano
poderia render centenas de rolos de 35 milmetros de debates sobre os desdobramentos de
sua bibliografia. Mas no para essas folhagens que o principal cineasta em atividade no
pas apontou sua cmera.
O filme, que tem pr-estreia hoje em So Paulo, na Sala Cinemateca, toma outra
rvore como base, a rvore genealgica. por meio de depoimentos da vasta descendncia de Buarque de Holanda que Razes do Brasil busca retratar seu personagem.
Pereira dos Santos, 75, conta que queria mostrar aspectos pouco conhecidos (e no
desimportantes) do intelectual, considerado unanimemente um dos principais intrpretes do Brasil, ao lado de Gilberto Freyre, Caio Prado Jnior e outro punhado mais.
Os depoimentos dos sete filhos (Micha, Srgio, lvaro, Chico, Maria do Carmo,
Ana Maria, Maria Cristina) e da maior parte dos netos ajuda a mostrar a parte oculta de qualquer coisa enterrada, cravada, embutida ou fixada em outra, como (o dicionrio) "Aurlio" (primo distante de Srgio) define raiz.
Poucos sabem que o autor dos clssicos Viso do Paraso (1958) e do hit Razes do
Brasil (1936) gostava de ler o gibi Luluzinha, que ocasionalmente puxava fumo, que no usava roupas marrons, que cantava tango em alemo e que adorava fofocas, como afirma o filho Chico, , Chico Buarque de Holanda (que conta histria do pai sobre uma remessa
por correio do pentelho de Duque de Caxias). Esses e outros tantos temperos do documentrio no chegam a ser acessrios.
Ajudam a retratar um germe, princpio, origem (mais uma vez o velho Aurlio) do intelectual.
14
Quem o explica, no filme, o crtico Antonio Candido, que deve falar hoje na pr-
estreia. Era um erudito inclinado molecagem, opina Candido, ressaltando a conscincia de Srgio Buarque do dever intelectual, mas com a qualidade da molecagem de 22. Mostrava que seriedade est ligada alegria.
O outro lado da moeda, o aspecto trombudo, tambm sai do solo. Filhos e netos contam como o patriarca ficava plantado ad infinitum no seu escritrio, com a cara enfiada
nos fartos livros.
Com a palavra Chico, mais uma vez. Eu me lembro de v-lo andando e me surpreender que ele andasse, recorda, com o olhar do garoto, que passava e via aquela pessoa com culos na testa.
O cantor e compositor, que diz s ter tido acesso ao escritrio do pai depois dos 20
anos (acesso que era vetado a todos os outros filhos, com exceo da queridinha Ana, apelidada de Baa), lembra dos livros cobrindo tudo, fechando a janela para sempre.
Chico afirma que o pai no gostava muito de criana. O que no transparece nos depoimentos emocionados dos netos do intelectual, cada um deles dono de um exemplar de
"Razes do Brasil" autografado pelo Papyotto, como todos eles chamam o av. Uma das netas, a atriz Silvia Buarque, filha de Chico, quem d voz ao livro
clssico do vov.
Se a primeira parte toda do filme de Nelson Pereira dos Santos centrada na
conversa com a famlia, a metade subsequente se nutre de uma cronologia alentada da vida
do biografado, toda ela entremeada por trechos de Razes do Brasil declamados pela atriz.
Esses 72 minutos finais (que levam o filme aos seus fartos 146 minutos) trazem
tona outro dos sentidos cravados no fundo da terra do substantivo raiz. Essa parte do filme mostra como Srgio foi radical, no sentido de ter sido um
intelectual que nunca fez concesses, opina a crtica literria Beatriz Resende, que assistiu primeira exibio do filme, na sede da Petrobras (patrocinadora do documentrio), com o
diretor do filme e familiares presentes.
Ausncia mais sentida nessa premire do filme foi sua estrela maior. Maria Amlia, hoje com 94 anos, viva de Srgio, d os depoimentos mais bonitos do
documentrio. Nem a primognita, a cantora Micha (corroteirista do filme), segura a
emoo. Enquanto a me fala na tela, na plateia ela chora e balbucia Ah, mame. Como testemunha Candido, Maria Amlia esteve na raiz da fora intelectual de Buarque de
Holanda, o homem cordial, que agora todos conhecem melhor.
O jornalista Cassiano Elek Machado viajou a convite da Petrobras (Folha de S.Paulo,
13/08/2004)
Para saber mais: http://sergiovilasboas.com.br/ensaios/arte_do_perfil.pdf
7) Crnica: Publicada em jornal ou revista, a crnica destina-se leitura diria ou semanal e trata de acontecimentos cotidianos. Ela diferencia-se no jornal por no buscar exatido da
informao. Diferentemente da notcia, que procura relatar os fatos que acontecem, a crnica
os analisa, d-lhes um colorido emocional, mostrando aos olhos do leitor uma situao
comum, vista por outro ngulo, singular. A crnica uma mistura de jornalismo e literatura.
De um recebe a observao atenta da realidade cotidiana e da outra, a construo da
linguagem, o jogo verbal. Trata-se de um gnero perecvel, em geral, curto, cuja frmula,
segundo o professor Antonio Candido : fato mido + humor + um quantum satis de poesia.
Como ser feliz
15
Matthew Shirts
Todo sbado, logo cedo, empresto o carro da minha mulher e levo o nosso filho,
Sammy, de 8 anos, para jogar futebol na escolinha, na Lapa. Descemos a Avenida Sumar,
atravessamos a ponte e entramos na Marginal Tiet em direo ao Rio Pinheiros. Passamos
em frente ao Estado, por baixo da Ponte Jlio de Mesquita Neto, e, ao avistar a grfica da
Editora Abril, indico sempre o prdio onde impressa a revista que edito, a NATIONAL
GEOGRAPHIC BRASIL. Por vezes, antes mesmo de eu formular a frase, Sammy diz: J sei, papai, meio entediado.
Sbado passado no foi diferente. Mas, ao deixar para trs a Ponte Jlio de Mesquita,
o moleque me avisou que a Avenida Pompeia estava fechada para obras naquele dia. Saiu-
se, ainda, com a seguinte recomendao:
Voc precisa se lembrar de no pegar a Pompeia na volta, papai. Sammy, voc pode me ajudar a lembrar? respondi. No, papai. No!? Como assim!? Por que, no, filho? Porque estarei pensando nos melhores momentos do meu jogo de futebol.
Tive de dar risada. Era a nica reao possvel da minha parte. Achei curioso
algum, ainda mais uma criana, planejar o que pretendia pensar dali a duas horas. Como se
no bastasse, o planejamento previa um devaneio a respeito de um jogo de futebol. Contei a
histria para minha mulher, Luli, ao chegar em casa. Mas ningum deu mais do que outra
risada. Ficou nisso a histria.
At uns dias depois, quando fui ler a primeira Harvard Business Review de 2012.
Para quem no sabe, uma revista de negcios, como a EXAME. Essa edio dedicada
felicidade. Pode parecer um tema estranho ao mundo empresarial, mas h pesquisas fascinantes na rea. A chamada da capa : O valor da felicidade:como o bem-estar dos empregados gera lucro.
A pesquisa mais original relatada na HBR, como conhecida a revista, vem sendo
feita com 15.000 pessoas em 83 pases atravs de smartphones. O pesquisador, Matthew
Killingsworth, meu xar, pergunta em intervalos aleatrios sobre o humor dos participantes.
Cada um responde na hora em uma escala que vai de pssimo a timo e diz o que est fazendo (de uma lista de 22 atividades).
O melhor humor acontece durante o sexo. No chega a espantar, mas me perguntei se
o povo para no meio para responder pesquisa.
O achado mais inesperado talvez seja o impacto dos devaneios no humor das
pessoas. Descobriu-se que a mente humana desvia do foco durante quase 50% do tempo.
Esses desvios, segundo o xar, tem uma influncia forte sobre a felicidade. A sugesto do
pesquisador um planejamento mental mais elaborado. Ao acordar sbado de manh, escreve, deveria se perguntar no s o que vou fazer hoje, mas o que vou fazer com minha mente. Controlar seus devaneios uma das maneiras mais eficientes de aumentar a felicidade, afirma. Outras sugestes incluem fazer exerccio regularmente, ganhar dinheiro
(at certo ponto) e, ao que parece, casar. Mas h controvrsias a respeito deste ltimo (no
adianta trocar de marido ou mulher toda hora, por exemplo).
O artigo me fez pensar no Sammy. Aos 8 anos, ele j faz esse planejamento mental.
Onde ser que aprendeu isso? No foi comigo, garanto.
Talvez seja um exemplo da evoluo darwiniana da espcie. Sabemos que o homem
cada vez menos violento. Talvez tenha aprendido a ser cada vez mais feliz tambm.
(Vejinha So Paulo, 01/02/2012)
16
17
VRGULAS COM NOMES DE PESSOAS (Maria Tereza de Queiroz Piacentini)
Os nomes prprios de pessoas podem ou no ser separados por vrgulas e disso entendem os jornais e revistas, que falam no s de chiques e famosos, mas de polticos e de
outros simples mortais. Tambm o advogado, em seu trabalho, cita muitos nomes prprios.
E a a vrgula pode contribuir para aclarar uma situao, ou pelo menos dar uma informao
correta. o caso, por exemplo, de filhos ou funcionrios envolvidos numa questo. Se
determinada empresa tem vrios funcionrios e foi um deles que, digamos, abalroou o
veculo X, a frase ser assim:
- Afirma o ru que seu funcionrio Mrio Tadeu dirigia o veculo na ocasio.
Se tal ru tivesse apenas um empregado, o nome deste iria entre vrgulas:
Afirma o ru que seu funcionrio, Mrio Tadeu, dirigia o veculo na ocasio.
Neste ltimo caso, o nome se torna um aposto explicativo (o qual equivale a uma
orao adjetiva explicativa sem o que ), o que justifica sua separao por vrgulas. Sendo assim, sempre que se referir a pessoa que tiver um cargo nico e especificado
na frase, como presidente da Repblica, do Senado, da Cmara Federal, de um partido
poltico, de uma empresa etc., ou governador de um Estado, faa a separao do nome por
vrgulas uma ou duas, conforme sua posio na frase. Tambm o caso de pai e me, que temos um s, e de marido e mulher (podemos ter tido mais de um, mas a j ex):
Quem tem incentivado a edio de bons livros o atual reitor da UFSCar, Jos Rubens Rebelatto.
O governador de Santa Catarina, Esperidio Amin, e o ministro da Cincia e Tecnologia, Ronaldo C. Sardenberg, oficializaram um projeto pioneiro no pas a Rede Catarinense de Cincia e Tecnologia (Internet 2).
A ao contra a empresa TAL foi proposta por Joo Silva e sua mulher, Amlia J. Silva. O fundador de Jaragu do Sul, Emlio Carlos Jourdan, morreu em 8 de agosto de 1900, no Rio de Janeiro.
A me de Caetano e Bethnia, dona Can, quase to famosa quanto os filhos.
Mas quando se referir a um entre vrios da mesma categoria como ex-governador, ex-esposa, diretor de empresa (normalmente h mais de um diretor), professor de escola,
habitante, ator, candidato etc. no faa o destaque do nome entre vrgulas:
Um dos palestrantes foi o economista e especialista em gesto condominial Csar Thom Jnior.
O ex-governador do Paran lvaro Dias concedeu entrevista a uma rdio de Maring. O brusquense Eleutrio Graf abriu sua banca num dos principais pontos da cidade. Para a professora da USP Roseli Baunel, especializada em Educao Especial, a escola deve perceber o que pode oferecer ao aluno com deficincia visual.
Os candidatos a vereador Tobias Sailor e Tadeu Pilli devem comparecer ao debate.
No caso de irmos e filhos, depende. Filho nico vai entre vrgulas. Havendo mais de um
filho ou filha, as vrgulas no devem ser usadas:
O jornal publicou pequena entrevista com o filho de Celso Pitta, Victor. Vera Fischer e sua filha, Rafaela, aparecem juntas na foto.
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Os seus irmos Samuel e Sandra estaro competindo em tnis de mesa. [deduz-se que haja outros irmos]
No caso de nomes estrangeiros ou desconhecidos, ou quando ocorrer uma repetio
de nomes (Paulo Paulo), inverta a ordem dos termos. Em vez de: O lder da Frente
Revolucionria Unida Foday Sankoh recebeu treinamento militar na Lbia / - O ex-
governador de So Paulo Paulo Maluf candidato a prefeito, escreva:
Foday Sankoh, lder da Frente Revolucionria Unida, recebeu treinamento militar na Lbia.
Paulo Maluf, ex-governador de So Paulo, novamente candidato a prefeito.
*Maria Tereza de Queiroz Piacentini, autora dos livros S Vrgula e S Palavras Compostas, diretora do Instituto Euclides da Cunha, www.linguabrasil.com.br
ASPAS EM DECLARAES
TEXTO I:
O verbo dicendi to importante que, ao troc-lo, voc pode virar uma declarao pelo avesso. Por exemplo:
Sou inocente, disse. Sou inocente, esclareceu. Sou inocente, insistiu. Sou inocente, alegou. Sou inocente, mentiu.
Neutro, simples e direto, o verbo dizer costuma ser o melhor na maioria dos casos.
Seu emprego constante, entretanto, deixa certos textos frios e montonos. Para fugir da
mesmice, socorra-se na riqueza vocabular da lngua portuguesa. Mas consulte o dicionrio
quando tiver dvidas sobre o sentido preciso do termo.
Escolhido o verbo, veja se ficou claro quem disse o qu. Esse cuidado elementar muitas
vezes negligenciado.
Numa declarao mais longa, facilite a vida do leitor. Identifique o autor antes de
abrir aspas ou logo depois da primeira frase no ao final da ltima. Escreveu o jornalista Lago Burnett: Bom jornalista aquele que, alm da
informao, possui condies de transmitir essa informao em linguagem acessvel ao
mercado comprador. Para isso, ele deve ter tido no passado e precisa manter no presente um
contato ntimo com os bons autores. ou
Bom jornalista aquele que, alm da informao, possui condies de transmitir essa informao em linguagem acessvel ao mercado comprador, escreveu o jornalista Lago Burnett. Para isso, ele deve ter tido no passado e precisa manter no presente um contato ntimo com os chamados bons autores.
Nas declaraes com duas ou trs frases, dispense o segundo verbo dicendi. O ltimo
quase sempre redundante.
(Manual de estilo Editora Abril, p. 32 e 33)
TEXTO II:
Ao reproduzir uma declarao textual, o jornalista no deve alterar a literalidade do
que foi dito, a no ser para eliminar repeties ou palavras prprias da linguagem oral, desde
que jornalisticamente irrelevantes, ou para ordenar ideias com o objetivo de facilitar a
leitura.
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Em textos noticiosos, o objetivo de reproduzir declaraes garantir o acesso do
leitor ao discurso concreto de quem declarou. Devem ser reproduzidas apenas as frases mais
importantes, expressivas e espontneas do personagem da notcia. No devem ser
reproduzidas ideias que possam ser melhor expostas atravs do discurso indireto do
jornalista*.
As declaraes textuais devem ser valorizadas pela sua raridade. Quanto menos
forem usadas, mais valor tero perante o leitor. Sua importncia medida pelo inusitado que
determinada opinio possa ter na boca de uma personalidade ou pelo impacto que possa
causar junto ao pblico. Recomenda-se no abrir textos com declaraes textuais. Deve-se
evitar reproduzir declaraes textuais com mais de trs linhas. (...) Quando houver
necessidade de chamar a ateno do leitor para algo errado ou estranho no texto original,
admite-se o uso da palavra latina sic1 entre parnteses.
(Manual Geral da Redao Folha de S.Paulo) TEXTO III:
Em princpio, os verbos mais recomendveis para textos que envolvam declaraes so os
insubstituveis dizer, afirmar, declarar, garantir, prometer e poucos mais.
No seu lugar, podem ser usados outros, desde que com muito critrio, entre os quais
acreditar, achar, julgar, admitir, esclarecer, explicar, concluir, prosseguir, etc.*
(Manual de redao e estilo OESP) Obs.: Veja relao dos possveis substitutos no verbete dizer desse manual.
PONTUAO NAS DECLARAES 1) O sindicalista disse: A gasolina est muito cara. Desse jeito o taxista s tem prejuzo.
Observe que h duas vozes no texto: a do jornalista (O sindicalista disse) e a do sindicalista (A gasolina est muito cara. Desse jeito o taxista s tem prejuzo). O
ponto fica fora das aspas.
Segundo o sindicalista, a gasolina est muito cara. Desse jeito o taxista s tem prejuzo. Idem. Observe que, depois da vrgula vem letra minscula.
2) A gasolina est muito cara. Desse jeito o taxista s tem prejuzo, disse o sindicalista. Observe que no h ponto final dentro da declarao, depois dela vem uma vrgula e, em seguida, o verbo dicendi. (Dentro das aspas quando em seguida vem um verbo
dicendi, s podem aparecer pontos de interrogao, exclamao e reticncias: A gasolina est muito cara. Desse jeito o taxista s tem prejuzo!, queixou-se o sindicalista.)
3) Em declaraes mais longas, quebre-as em duas partes:
Sou adepto da no violncia, por isso sou contra a pena de morte, pois, alm de haver a possibilidade de ocorrer erro num julgamento, a pena de morte um ato de violncia contra
o cidado, disse o socilogo. Dividindo:
Sou adepto da no violncia, por isso sou contra a pena de morte, disse o socilogo. Alm de haver a possibilidade de ocorrer erro num julgamento, a pena de morte um ato de violncia contra o cidado. Observe que, como na segunda parte da declarao h s uma voz: a do
entrevistado, o ponto fica dentro das aspas.
1 Sic: palavra latina que significa assim, desta maneira. Palavra que se pospe a uma citao, ou que nesta se
intercala, entre parnteses ou entre colchetes, para indicar que o texto original bem assim, por errado ou
estranho que parea.
20
No h necessidade do segundo verbo dicendi, porm h a possibilidade de no omiti-lo: Alm de haver a possibilidade de ocorrer erro num julgamento, a pena de morte um ato de violncia contra o cidado, completou.
MDIAS
RDIO
Captulo 13 (BARBEIRO, Herdoto; LIMA, Paulo Rodolfo de. Manual de radiojornalismo. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2003.)
O texto Recomendaes para redatores, reprteres e editores O texto jornalstico segue normas universais. Em qualquer veculo, impresso ou
eletrnico o redator deve ser claro, conciso, direto, preciso, simples e objetivo. O que
diferencia o texto do rdio em relao aos veculos da imprensa escrita a instantaneidade.
O ouvinte s tem uma chance para entender o que est sendo dito.
Lembre-se de que a mensagem no rdio se dissolve no momento em que levada ao ar. Para que a misso de conquistar o ouvinte seja alcanada, o texto deve ser coloquial.
O jornalista precisa ter em mente que est contando uma histria para algum, mas sem
apelos linguagem vulgar e, acima de tudo, respeitar as regras do idioma.
Veja algumas recomendaes para a redao do texto no rdio. O aprimoramento
vem com a prtica, a consulta dos livros de gramtica e muita leitura para enriquecer o
vocabulrio.
1) O texto no rdio pode ser corrido, quando lido por um nico locutor, ou manchetado,
quando lido por dois locutores. No texto corrido, um perodo segue-se ao outro na pgina do
computador; no estilo manchetado, os perodos so divididos geralmente em duas linhas
cada. A deciso pelo uso do texto corrido ou manchetado cabe direo da emissora e ao
departamento de jornalismo.
2) O texto comea com o lead (o que, quem, quando onde, como e porqu). Procure a
novidade, o fato que atualiza a notcia e a torna mais atraente possvel. A misso do redator
conquistar o ouvinte na primeira frase. Se a primeira frase no levar segunda, a
comunicao est morta.
3) O texto deve ter uma sequncia lgica, na ordem direta. A regra simples: sujeito +
verbo + predicado.
4) A pontuao merece ateno especial. O uso dos sinais ortogrficos facilita a entonao
da voz e a respirao do apresentador/locutor. Por exemplo, em frases interrogativas faa
uso da tcnica espanhola de pontuao. Colocando um sinal de interrogao no incio da
frase o apresentador/locutor no ser pego de surpresa.
(?) Quem ser o campeo brasileiro?
(!) Ateno para esta informao!
5) A adjetivao excessiva ou inadequada enfraquece a qualidade e o impacto na
informao. Substantivos fortes e verbos na voz ativa reforam a densidade indispensvel ao
texto jornalstico.
6) Evite frases longas: elas dificultam a respirao do apresentador/locutor e so mos
difceis de ser entendidas pelo ouvinte. Cada frase deve expressar uma ideia.
7) O texto precisa ter ritmo. Use frase curtas, mas que no sejam telegrficas. Evite frases
intercaladas entre vrgulas.
8) Evite o uso no no no lead. Se a notcia comear com uma negativa, dificilmente o
ouvinte ter interesse em acompanha-la at o final. Redija o que aconteceu, ningum liga o
rdio para saber o que no aconteceu.
9) O uso do ontem no lead envelhece a notcia no rdio. Explique ao ouvinte quando o fato aconteceu em outro perodo do texto.
21
10) Evite comear o texto com as palavras continua ou permanece. Procure um enfoque
novo para no dar conotao de que o assunto est superado. Outra palavra que deve ser
evitada no incio do texto parece. O ouvinte pode ter a sensao de que o jornalista est
inseguro ou no domina o assunto tratado.
11) As grias tm poder de tornar as conversas mais informais, contudo, vulgarizam o texto
e no devem ser usadas, a no ser em situaes essenciais ou se estiverem consolidadas no
vocabulrio do dia a dia.
12) A repetio de palavras empobrece o texto, mas preciso cuidado com o uso dos
sinnimos. O redator de bom senso no substituir o hospcio por nosocmio. Repita a
palavra quando for importante para a clareza da notcia.
13) Fique atento ao efeito sonoro das rimas e palavras com a mesma terminao. No
agradvel ouvir o temporal na capital alagou a marginal, ou a organizao da programao da televiso. 14) Cuidado com os cacfatos. O encontro de slabas de palavras diferentes pode formar
som desagradvel ou palavras obscenas: Boca dela, confisca gado, de ento, ela tinha, marca
gol, nunca gostou, nunca ganhou, por cada, por colocar, por razes, por rdio, toma linha,
etc. Existem cacfatos que podem ser evitados substituindo-se a palavra por um sinnimo ou
mudando-se a estrutura da frase:
O prmio por cada vitria
O prmio para cada vitria
Nunca ganhou uma eleio
Jamais gamou uma eleio
15) O uso de aspas deve ser evitado. Alm de dificultar a entonao por parte do locutor,
pode dar ao ouvinte uma impresso de que o texto opinativo.
16) Em texto de rdio no se usa parntese.O locutor ter dificuldade se voc redigir o senador Jos da silva (PMDB-RO) disse.... No rdio assim: O senador Jos da Silva do PMDB de Rondnia disse.... 17) Os artigos no devem ser suprimidos, especialmente nas manchetes. O rdio no precisa,
como o jornal, economizar o espao necessrio para impresso de uma ou mais letras.
18) O uso dos pronomes possessivos seu, sua, seus e suas pode confundir quem acompanha
o noticirio. O ouvinte pode entender que est se falando dele ou alguma pessoa ou objeto
de suas relaes pessoais. Por isso, melhor redigir o deputado sai com a mulher dele em vez de o deputado saiu com sua mulher. Contudo, para essa regra, como, alis, para a maioria delas, h excees.
19) No se usam artigos de nomes prprios o que pressupe intimidade incompatvel com a
linguagem jornalstica. Assim, no uso o Jos Dirceu ou o Ciro Gomes. 20) Verifique se o artigo um tem funo na frase. O jogador sentiu medo melhor do que O jogador sentiu um medo. 21) O uso indiscriminado dos pronomes pessoais tambm pode causar confuso. S redija
ele, ela, eles, elas quando o ouvinte puder ter certeza de quem se trata. Nem sempre quem
ouve o noticirio no momento lembra-se de quem se est falando.
22) No confunda os pronomes demonstrativos este e esse. Este indica o que est mais
prximo de quem fala ou escreve, esse indica o que est mais distante de quem fala ou
escreve.
23) Evite os gerndios. Eles deixam as frases longas e enfraquecem o texto.
24) Fuja do quesmo. Repetir o que em uma frase prejudica o ritmo e empobrece o texto.
25) Cuidado com o uso coloquial de pronomes pessoais como objetivo direto. horroroso
ouvir o promotor convocou ele para prestar depoimento. 26) Os pronomes cujo, cuja no tm som agradvel no rdio.
22
27) Escreva na lauda (alto da pgina do computador) a forma correta de se pronunciar o
nome de uma pessoa ou de determinado lugar. No se esquea de anotar as observaes
referentes s checagens das informaes e a validade do texto.
28) Cada assunto deve ocupar uma pgina do computador.
29) As palavras que precisam ser ditas com mais nfase devem ser sublinhadas ou escritas
em negrito. O mesmo vale para palavras estrangeiras ou nomes prprios.
30) Endereos, CEPs, telefones, e-mails, etc. devem ser repetidos para que o ouvinte tenha a
chance de anota-los.
31) A leitura de frase no singular mais fcil do que no plural. Erra-se menos. Plural s
quando for inevitvel.
32) Prefira o uso presente do indicativo e do futuro composto quando se referir ao que vai
acontecer. No rdio soa melhor o presidente viaja amanh ou o presidente vai viajar amanh do que o presidente viajar amanh. Use o verbo no passado quando for importante para a clareza da informao.
33) Avalie os verbos usados na declarao. Os mais usados so dizer e afirmar, cuidado com
o verbo falar, no rdio ele pode parecer bvio se no for utilizado com bom senso. Informar
significa relatar um fato. Garantir assegurar, dar certeza absoluta. Declarar significa dizer.
Admitir tem sentido de confessar. O verbo advertir ambguo, tem sentido de censurar,
chamar ateno, etc.
34) Seja criterioso no uso dos verbos no futuro do pretrito, pois expressam dvida ou
incerteza. Devem ser usados quando se tem conscincia de um fato social, mas no h
provas.
35) Cuidado com os verbos dever e poder. Eles so ambguos, indicam capacidade e
possibilidade. O verbo querer indica inteno, no deciso.
36) Use o cargo, profisso ou ttulo para identificar autoridades e personalidades. Lembre-se
de que a forma de tratamento deve vir antes do nome. No caso de pessoas que morreram no
exerccio do cargo no se usa ex. Pessoas j consagradas dispensam qualificao. Por exemplo: Pel, Maradona, etc. Respeite os casos em que a pessoa conhecida pelo nome
completo. No use senhor e senhora no texto.
37) Traduzir ou no traduzir nomes estrangeiros? Essa uma polmica que ocorre em todas
as redaes. As orientaes oficiais mandam traduzir. Pouca gente obedece,. Veja o caso da
cidade de New York, que normalmente traduzida pela metade: Nova York. Como fazer
com Buenos Aires: Seria Bons Ares? Como grafar os nomes dos filsofos iluministas
franceses Rousseau e Voltaire? E as palavras usadas na informtica, como megabyte ou
mouse? O melhor usar o bom senso, ou seja, a forma como as pessoas falam
coloquialmente, tomando cuidado para no abusar dos estrangeirismos e sem impor regras
que podem agradar gramtica e agredir o ouvinte ou vice-versa.
38) Nomes estrangeiros que no acrescentam nada informao podem ser omitidos. Avalie
a notcia. Ser que o ouvinte tem interesse em saber o nome do policial que informou o
nmero de mortos no atentado no metr de Moscou? Basta atribuir a informao polcia
russa.
39) As siglas conhecidas precisam ser desdobradas. Podemos usar INSS, FMI, ONU, etc.
Separe a sigla por hfen para facilitar a leitura do texto, por exemplo: I-P-C-A. No separe
letras de siglas pronunciadas como palavras, por exemplo: Fiesp (ou ONU).
40) As siglas estrangeiras pouco conhecidas devem ser adaptadas. FED banco Central dos
Estados Unidos; FASO rgo das Naes Unidas de Incentivo Agricultura.
41) A redao de nmeros exige algumas regras para facilitar a leitura e o entendimento do
ouvinte. Escreva por extenso:
Certo: Trinta e duas mil pessoas
Errado: 32 mil pessoas
Certo: Quinhentas caixas
23
Errado: 500 caixas
Certo: O papa Joo Paulo Segundo
Errado: O Papa Joo Paulo II
Certo: Quinze vrgula oito por cento ou 15 vrgula 8 por cento
Errado: 15,8%
Certo: Zero Vrgula quatro por centro
Errado: 0,4%
Certo: Meio por cento
Errado: 0,5%
Certo: Um milho e 800 mil reais
Errado: R$ 1.800.000,00
Certo: 16 de outubro de mil 975
Errado: 16/10/1985
Certo: Dois teros da populao
Errado: 2/3 da populao
Certo: 120 quilmetros por hora
Errado: 120 km/h
Certo: trs quilos e quatrocentos gramas
Errado: 3kg e 400g
Certo: Dez da manh
Errado: 10h00
Prefira a forma coloquial:
Meio-dia em vez de 23 horas e 30 minutos
Meia-noite, em vez zero hora ou 24 horas
42) Em algumas situaes os nmeros podem ser simplificados para que o ouvinte capte
melhor a informao.
*No preciso dizer que o apostador premiado da mega sena receber seis milhes, 419 mil,
623 reais e 57 centavos. A informao chegar de forma mais clara ao ouvinte se redigirmos
seis milhes e 400 mil reais.
*No diga que o adversrio de Gustavo Kuerten o quadragsimo stimo da lista da
associao dos Tenistas Profissionais. Basta dizer que o nmero 47 da lista. Veja outros
dois exemplos de simplificaes que podem ser usados desde que no haja prejuzo
notcia:
*Localize os distritos policiais pelos bairros e regies da cidade. uma tortura ouvir
septuagsimo oitavo distrito Policial.
*Em vez de o juiz da primeira vara Criminal de Uberlndia... podemos simplificar o texto ao redigirmos a Justia de Uberlndia.... Verifique cada caso: se no houver prejuzo informao, sempre possvel enxugar o texto. 43) Nunca arredonde um nmero quando ele for a notcia principal. Exemplo: O aumento no
preo da gasolina vai ser de 9 vrgula 57 por cento.
44) O uso de reportagens ajuda o ouvinte a ter melhor dimenso do fato. H diferena entre
a geada causou a perda de dois milhes de sacas de caf e a geada causou perda de dois por cento da produo anual de caf. Se ficarmos nos dois milhes o ouvinte pode pensar que o prejuzo maior do que representa no contexto da informao.
45) Nos textos em que forem criados valores em moedas estrangeiras recomendvel a
converso em REAL. Mesmo com a globalizao popularizando o dlar no noticirio, a
converso ajuda o ouvinte a ter a dimenso da quantia envolvida.
46) Muitas vezes necessria uma consulta para traduzir medidas estrangeiras redao de
uma notcia. Quanto vale uma milha terrestre? E uma milha nutica? E um n? E um p?
So termos que indicam extenso, altura e velocidade usados tanto na aviao quanto na
marinha. Em vez de dizer que a posio do avio ocorreu a 20 mil ps de altitude, melhor
24
dizer que 6 mil metros de altitude. No confunda altitude com altura: altitude a partir do
nvel do mar, altura a partir do solo. Acidentes geogrficos e rotas areas so expressos em
altitude. No caso de velocidades (milhas, ns, etc.) diga sempre o equivalente a quilmetros
por hora.
47) No se deixe envolver pela linguagem de documentos oficiais, redigindo detalhes como
nmero, pargrafo, inciso da lei, etc.
48) Os termos tcnicos devem ser explicados h expresses que so conhecidas apenas pelos
profissionais da rea. Isso acontece muito com economistas, mdicos e advogados.
49) Identifique os lugares. O ouvinte nem sempre sabe ou se recorda onde fica cada cidade,
pas, etc. Exemplo: Afeganisto, na sia Central; Ubatuba no litoral norte de So Paulo.
50) O rdio um veculo que exige agilidade dos jornalistas, mas a pressa no desculpa
para textos mal redigidos. A ateno fundamental para se redigir um texto em tempo hbil
e sem erros. Detalhes que parecem insignificantes comprometem a informao. Um
exemplo: o ator fulano de tal, considerado o homem mais belo do Brasil, disse...
(considerado o mais belo homem por quem?).
51) A reviso do texto em voz alta a melhor maneira de evitar erros que derrubam o apresentador/locutor. Com a leitura em voz alta possvel descobrir problemas com
sonoridade de palavras, concordncia, cacfatos, frases sem sentido, enfim uma srie de
defeitos que podem comprometer a qualidade da informao.
INTERNET
A concorrncia na web muito grande. preciso ter em mente que o leitor do
veculo virtual apressado e, se no houver um bom lide e uma boa amarrao de ideias
para dar continuidade at finalizar a reportagem, perdemos-se o fregus, que clica em outro
link e vai embora.
Frases curtas e pontuao so essenciais na rede. Leia o texto em voz alta aps a
finalizao. Se o ar faltou durante alguma frase, o texto no est claro para o internauta.
As frases devem estar na ordem direta: sujeito (Quem?) + verbo e complemento
verbal (O qu?) + adjunto adverbial (Quando?, Onde?, Como? Por qu?)
A conciso no texto de internet deve ser uma obsesso. Deve-se restringir o uso de
adjetivos. Em favor da clareza, devem-se evitar clichs ou metforas e facilitar sempre o
vocabulrio. Pronomes indefinidos no devem ser usados. Caso no seja possvel determinar
quantidades com preciso, prefervel deix-las de lado.
Palavras repetidas podem contribuir para a clareza do texto assim como na
linguagem oral. Evite, porm, o exagero. Use sempre a voz ativa.
PF liga vazamento atual da Chevron ao de 2011 e v risco de novo
acidente
Delegado de Meio Ambiente e Patrimnio Histrico d como certo o vnculo envolvendo
perfuraes da Chevron; no est descartada a hiptese de que causas naturais estejam
ligadas ao vazamento no dia 4, em fenda de 800 m de comprimento
Sabrina Valle e Clarissa Thom
O ltimo incidente no bloco operado pela Chevron no Campo do Frade pode estar
relacionado ao vazamento de 2,4 mil barris de leo em novembro de 2011 e representar
riscos de um novo e grande vazamento, de acordo com especialistas e tcnicos
envolvidos nas investigaes.
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O delegado de Meio Ambiente e Patrimnio Histrico da Polcia Federal, Fbio
Scliar, d como certo o vnculo. A petroleira alega no ter encontrado relao entre os dois
incidentes. Porm, a hiptese de que o reservatrio apresente problemas de presso e haja
risco uma das mais fortes possibilidades na investigao.
"Essa perfurao deve ter causado uma hecatombe em volta do poo, com uma srie
de microfissuras. E o leo est pressionando para sair", disse Scliar. Tcnicos da Agncia
Nacional do Petrleo (ANP), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renovveis (Ibama) e da Petrobrs tambm investigam a origem do leo que
escapou, mas os relatrios no foram concludos.
No est descartada a possibilidade de que as borbulhas de petrleo que surgiram no
dia 4 em uma fenda de 800 metros de comprimento, a trs quilmetros de onde ocorreu o
vazamento de novembro, tenham causas naturais. A Chevron diz ter coletado apenas cinco
litros de leo.
No entanto, ganha fora a hiptese de que um erro da empresa americana tenha
provocado problemas de presso no reservatrio, com o petrleo procurando agora novos
caminhos sob a terra para aflorar. Avaliaes preliminares do Ibama tambm apontaram
para um efeito de causa e consequncia. Se comprovada essa tese, h possibilidade de
condenao criminal pela Justia, e no apenas autuaes e multas por parte do Ibama e da
ANP.
"Mas seria necessrio provar que houve negligncia, impercia ou imprudncia, que
so os elementos formadores da culpa ou dolo", disse o advogado especialista em Direito
Ambiental Carlos Maurcio Ribeiro, scio do escritrio Vieira Rezende. Segundo Scliar, a
empresa pode ter falhado ao escolher o local da perfurao. "No me surpreende (o
vazamento). Robustece a tese de que o poo no poderia ter sido perfurado ali, numa
formao rochosa mais recente e, portanto, mais frgil", diz Scliar.
Como considera que os vazamentos estejam interligados, a PF manter o inqurito
aberto em novembro, que est no Ministrio Pblico para avaliao. O MP pode
posteriormente oferecer uma denncia, que seguiria para a Justia. A Chevron tambm
poder ser autuada por no ter comunicado imediatamente a ANP sobre o incidente,
registrado inicialmente no dia 4, mas notificado quase dez dias depois.
As falhas de divulgao podem chegar a detalhes geolgicos, como um afundamento
do terreno prximo ao poo, que teria sido informado ao Ibama e ANP depois de ter sido
divulgado pela imprensa internacional.
Nova medida. O procurador da Repblica em Campos, Eduardo Santos, responsvel pelo
inqurito que apura o acidente de novembro, disse que "estuda uma nova medida" de
eventual punio empresa, que seria pedida Justia. "A fenda pode ter sido causada ou
precipitada pelo excesso de presso. No se sabe que quantidade de leo h nessa rocha." A
Chevron no est autorizada a perfurar novos poos nem a injetar gua no campo de Frade
desde o ltimo acidente./COLABOROU FELIPE WERNECK
26
(O Estado de S.Paulo, 17/03/2012)
17/03/2012 - 11h49 (UOL Notcias)
Detectada mancha de leo de 1km do vazamento da Chevron
Comente
Rio de Janeiro, 17 mar (EFE) A Marinha detectou neste sbado uma tnue mancha de leo com cerca de um quilmetro de extenso no Oceano Atlntico, aps o vazamento anunciado
na quinta-feira pela companhia petrolfera americana Chevron.
A mancha est a 130 quilmetros do litoral do estado do Rio de Janeiro, na regio do Campo
de Frade, onde aconteceu o vazamento, causado por uma rachadura no fundo do mar,
atestou comunicado conjunto da Marinha, da Agncia Nacional do Petrleo (ANP) e
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renovveis (Ibama).
O vazamento foi identificado a trs quilmetros de distncia do poo da Chevron que teve
de ser selado em novembro aps o vazamento de 2,4 mil barris de petrleo.
As autoridades anunciaram que no comeo da prxima semana haver uma reunio para
avaliar os danos ambientais e coordenar as aes de resposta.
O Ministrio Pblico Federal se pronunciou na sexta-feira que pretende apresentar denncia
penal contra os responsveis da companhia americana pelo derramamento desta semana e
pelo de novembro.
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A empresa j alvo de diversas multas e enfrenta processos que pedem a cassao da
licena de operao no Brasil, alm do pagamento de inmeras indenizaes.
Ao divulgar o recente derramamento, a Chevron comunicou que vai suspender
temporariamente a produo de petrleo no Campo de Frade, que fica na Bacia de Campos,
regio de onde extrado cerca de 90% do petrleo do Brasil.
Por dia, a Chevron retirava 61,5 mil barris de petrleo do Campo de Frade, que tem reservas
estimadas entre 200 e 300 milhes de barris de petrleo recuperveis.
A companhia americana a operadora do projeto, com 51,74% das aes. O restante
dividido entre a Petrobras, com 30%, e o consrcio japons Frade, com os 18,26% restantes.
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Exerccio Desenvolva a seguinte pauta
Pauteiro: Rosana Valdez
Retranca: Inaugurao de ambulatrio
Data: 21/05/2010
TEMA: Prefeitura inaugura primeiro ambulatrio para atendimento especializado de
crianas.
SINOPSE: Depois de muitas reivindicaes de toda a comunidade de Pirituba, a Prefeitura
finalmente vai inaugurar no prximo dia 20, s 10 horas, o primeiro ambulatrio para
atendimento infantil. Ele ter o nome de Ambulatrio Miguel da Silva Rossi, em
homenagem ao garoto de 7 anos que morreu no ms passado, na recepo do Pronto-
socorro Geral enquanto esperava atendimento mdico. A obra custou 890 mil reais, e parte
foi financiada pelo Governo Federal.
ENCAMINHAMENTO: Verificar junto direo do ambulatrio (ou com o secretrio de
Sade) qual a capacidade de atendimento; quais as especialidades que sero atendidas; se
isso soluciona ou minimiza os problemas de sade relacionados criana na cidade; qual
ser o horrio de funcionamento; se h mdicos para atender populao e qual a opinio
da comunidade sobre essa obra.
FONTES:
Dr. Waldemar de Souza (diretor-geral do ambulatrio) Rua Ambrsio Couto, 86
Tel. 875-2233 (falar com Vera secretria da diretoria)
Emerson Vasconcelos (secretrio de Sade do municpio) Av. Primeiro de Maio, 445
Tel. 864-1000 (falar com Sandra secretria) SUGESTES DE PERGUNTAS
(para o mdico ou o secretrio)
- Qual a capacidade de atendimento do novo ambulatrio? - Que especialidades mdicas esto sendo oferecidas para a populao? - Essa obra pode solucionar os problemas de sade infantil da cidade? - Por que a Prefeitura demorou tanto tempo para inaugurar esse ambulatrio?
(para a populao)
- O Sr. acha que essa nova obra da Prefeitura importante para a cidade? - Como tem sido o servio de sade prestado pela Prefeitura? - O Sr. acha que essa obra vai melhorar o atendimento para as crianas?
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Jornalismo: estilo europeu X estilo norte-americano O jornalista que ler um jornal europeu certamente vai notar uma diferena clara de
estilo dos peridicos brasileiros ou norte-americanos. Acostumado pirmide invertida, o
profissional percebe facilmente o estilo narrativo empregado no velho continente.
O jornalismo americano mais objetivo, menos analtico e opinativo, baseado no lide e na pirmide invertida, enquanto o europeu mais narrativo, analtico e opinativo, explica a jornalista Mariana Duccini, mestre e doutoranda em Cincias da Comunicao
pela USP e professora do curso de ps-graduao em Estudos da Linguagem da
Universidade de Mogi das Cruzes, SP (UMC).
Mariana, que tambm ministra o curso de Redao e Estilo para Jornais e Revistas,
pela Escola de Comunicao do Comunique-se, explica a diferena de estilo. O que diferencia as duas escolas no o fator geogrfico, uma questo de estilo. Como exemplo
ns temos o jornal El Pais, que espanhol, mas segue o estilo norte-americano de
jornalismo, conta. Mariana Duccini acredita que o profissional brasileiro tem certa dificuldade para
escrever no estilo europeu, mais narrativo, porque os jornalistas so treinados para seguir o
lide, a pirmide invertida, o mximo de objetividade.
O jornalista brasileiro tem uma dificuldade que intrnseca, mas uma mescla dos dois estilos possvel. claro que existe uma limitao de acordo com a empresa, a linha
editorial, isso restringe um pouco, mas possvel, conclui.
As diferenas bsicas entre os dois estilos:
Escola norte-americana
Conceito de objetividade; O lead ou as seis questes fundamentais: o qu?, quem?, quando?, como?, onde? e por
qu? (rigidamente hierarquizadas);
Gradao das informaes: o modelo da pirmide invertida.
Escola europeia
Conceitos de honestidade e lealdade, em vez de objetividade; Carter mais opinativo e analtico; Hierarquizao menos rgida das informaes.
Z do Caixo d aula para futuros detetives no centro Cineasta utiliza seu personagem clssico de filmes de terror durante reunies de uma
agncia de espionagem
Quem anda na rua 24 de maio, centro de So Paulo, encontra galerias antigas e salas
que abrigam comrcios incomuns. Mas nada se compara FBI (Federao Brasileira de
Investigao), uma agncia de espionagem que tem o cineasta Jos Mojica Marins, o Z do
Caixo, como um de seus professores.
Logo na entrada, chama a ateno um DVD com uma aula para detetives dada por
Mojica. No vdeo, o personagem de filmes de terror ensina tcnicas de interpretao,
espionagem e investigao a futuros detetives. Alm disso, faz os alunos espirrarem, se
coarem e se encararem por alguns minutos sem uma nica palavra. O que diferencia um bom detetive de outro a arte de interpretar. O investigador nunca deve se expor e revelar
sua identidade, diz Mojica. Suas aulas presenciais podem ser conferidas na filial da FBI, na rua Sete de Abril,
tambm no centro. O cineasta fez o curso h 20 anos e, por hobby, d aulas a novos
detetives a cada dois meses.
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A FBI diz formar, em mdia, 60 alunos por ms em 25 cursos. O responsvel pelo
local o paulistano Evdio Elosio de Souza, 68, que se apresenta como professor em
percia criminal e diz ter dedicado mais de 30 anos de sua vida espionagem.
Com outros quatro detetives fixos, Souza presta servios de espionagem em geral.
Sua especialidade a contraespionagem industrial, que no sai por menos de R$ 500 a
diria.
O exerccio da profisso de detetive no tem uma regulamentao especfica, mas
garantido, de forma indireta, pela Constituio Federal e consta no CBO (Classificao
Brasileira de Ocupaes) do Ministrio do Trabalho. (Folha de S.Paulo, 23/01/11)
Na Frana um baby-boom sob clima de pessimismo
H algo de estranho, ou pelo menos paradoxal, no reino da Frana. Os franceses so
campees mundiais em pessimismo segundo pesquisa do BVA Gallup International, 61% deles veem em 2011 um novo ano de dificuldades, contra 28% em mdia no resto do mundo
, mas eles detm o recorde de fecundidade da Unio Europeia, com uma taxa de 2,01, logo atrs da Irlanda (2,07). Eles so pessimistas, mas esto fazendo filhos.
Em 2010, Jean-Paul Delevoye, Ouvidor da Repblica, soou o alarme. Em seu
relatrio anual, entregue em fevereiro, ele descreveu uma sociedade em grande tenso nervosa, com uma degradao das relaes humanas e aumento de agressividade dentro das famlias, das empresas, dos espaos pblicos. Nesse mesmo ano, 828 mil bebs foram colocados no mundo, um recorde desde que a primeira crise do petrleo, em 1973, ps um
fim ao baby-boom, ainda que a diferena permanea elevada em relao ao auge de 1964
(com 878 mil nascimentos). Em clima de pessimismo, h um cheiro de novo baby-boom no
ar.
A Frana est envelhecendo, pois a expectativa de vida vem aumentando, mas se sua
populao est crescendo com 65 milhes de habitantes registrados no dia 1 de janeiro, houve um aumento de 358 mil pessoas , ela o deve no ao saldo migratrio, como na Itlia ou na Espanha, mas sim sua riqueza vital, o nmero de nascimentos. Um trunfo
2 em
relao Alemanha, onde a populao continua a declinar.
Outra singularidade francesa: o limiar3 simblico de dois filhos por mulher foi
ultrapassado em 2010, graas s mulheres com mais de 30 anos. A idade mdia em que se
engravida hoje de 30 anos, o que leva a uma constatao paradoxal: so os pases em que
as mulheres mais trabalham sua participao no mercado de trabalho na Frana passa dos 80% que tm as taxas de fecundidade mais elevadas. (Le Monde, 20/01/11)
Exerccio: Transforme o texto de uma escola no de outra.
2 Trunfo: Recurso que propicia a obteno de vantagem.
3 Limiar: Ponto que constitui um limite.
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Escreve claro quem concebe ou imagina claro. Miguel de Unamuno (1864-1936)
Se voc deseja ser compreendido, suas frases devero atender a um requisito
essencial: a clareza. uma exigncia para a qual no existe meio termo. Se a frase for clara,
voc dir o que quis dizer. Se a frase for obscura, voc provocar confuso.
O escritor norte-americano E.B.White observou que a confuso no apenas um
distrbio da prosa. Trata-se tambm de uma destruidora de vidas e de esperanas: h
viajantes que no encontram quem os aguarde no desembarque por culpa de um telegrama
mal-endereado; h casais que se separam depois de uma frase infeliz colocada numa carta
cheia de boas intenes; e h gente que morre nas rodovias vitimada por palavras obscuras
de uma placa de sinalizao.
Para conseguir clareza, pense com clareza. Quem quiser escrever num estilo claro, recomendava Goethe, dever ter primeiro clareza na alma.
Em seguida, coloque suas informaes e ideias na ordem direta. Exatamente, a velha
lio que aprendemos na escola:sujeito + verbo + complemento. E d preferncia s frases
afirmativas.
Enfim, toda vez que voc sentar-se mquina, postar-se diante do terminal ou pegar
a caneta com o propsito de escrever, lembre-se de que sentenas de breve extenso, amide
logradas por intermdio da busca incessante da simplicidade no ato de redigir, da utilizao
frequente do ponto, do corte de palavras inteis, que no servem mesmo para nada, e da
eliminao sem d nem piedade dos clichs, dos jarges to presentes nas laudas das
matrias dos setoristas, da retrica discursiva e da redundncia repetitiva sem aquelas interminveis oraes intercaladas e sem o abuso das partculas de subordinao, como, por
exemplo, que, embora, onde, quando, capazes de encomprid-las desnecessariamente, tirando em consequncia o flego do pobre leitor , isso para no falar que no custa refaz-las, providncia que pode aproximar o verbo e o complemento do
sujeito, tais sentenas de breve extenso, insistimos antes que comecemos a chate-lo, so
melhores e mais claras.
Ou seja, use frases curtas.
Clareza, ordem direta, frases curtas. (Manual de Estilo Editora Abril, p. 28)
1) Aps a leitura, voc percebeu que o quinto pargrafo foi assim redigido
propositadamente. Qual era a inteno do autor?
2) Reescreva esse pargrafo.
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LEGIBILIDADE
(In ASSUMPO, Maria Elena; BOCCHINI, Maria Otilia. Para escrever bem. So Paulo:
Manole, 2002.)
O que ajuda a leitura rpida
> perodos curtos
> muitos verbos e pontos finais
> ordem direta (o mais importante no comeo)
> pouca ou nenhuma intercalao
> palavras curtas
> palavras conhecidas
As pedras no caminho do leitor
> perodos longos
>fileirinha de de e que
>ordem inversa (o mais importante no fim)
> muita intercalao de palavras, frases...
> palavras longas
> palavras desconhecidas
I. Perodos longos Reduza ao essencial estes perodos. Ateno modalizao
4 e aos lugares-comuns
5
No que se refere s questes das boas condies
de limpeza pblica desta cidade, posso afirmar
com toda a sinceridade que, na medida do
possvel, conseguimos, com nossos melhores
esforos, resultados que podem ser considerados
positivos.
No campo santo, onde repousavam aqueles que
vieram do p e ao p retornaram, despendi6 a
mdica quantia equivalente a 189 contos de ris,
como justo e necessrio estipndio7 ao
sepultador dos restos mortais de nossos entes
queridos e para intervenes tcnicas e
cientficas que visam a conter a deteriorao do
sagrado e venervel local.
II. Traduza estas frases
1) Na eventualidade da ocorrncia de um processo energtico de brotamento vegetativo,
caracteriza-se por movimentos aleatrios de expanso horizontal de suas ramificaes, sobre
o solo, nas mais diversas direes, a espcie Solanum tuberosum8.
2) Aquele que se constituir em agente, no perodo presente, de um processo de produo, em
outrem, de ferimentos ou leses inequivocamente decorrentes de instrumento constitudo de
material produzido com a concorrncia de minrio ferrfero, com idntico tipo de substncia
vir a ser vtima, em algum momento do futuro, de machucaduras em tudo e por tudo
semelhantes quelas proporcionadas por sua prpria ao anteriormente descrita.
III Corte advrbios desnecessrios: a) Podemos definir basicamente trs fatores que influenciaram a escrita e posteriormente a
tipografia: o estilo, diretamente modificado pela cultura e arte; a tecnologia ou, mais
4 Modalizao: Uso de elementos do discurso que indicam a atitude do sujeito em relao ao contedo de seu
enunciado, como, p. ex., expresses como na minha opinio, eu acho, talvez, possvel. 5 Lugar-comum: Frmula, argumento ou ideia j muito conhecida e repisada; coisa trivial; trivialidade; clich,
frase feita. 6 Despender: Ter despesa ou dispndio; gastar.
7 Estipndio: Salrio ou pagamento por servios prestados; honorrios, ordenado, remunerao, vencimento.
8 Solanum tuberosum: um vegetal perene da famlia das solanceas (famlia de plantas dicotiledneas
gamoptadas, a que pertencem as batatas, o fumo, o tomate etc.).
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precisamente, a ferramenta de escrita e, finalmente, o suporte ou meio no qual se escreve ou
se imprime.
b) Para produzir um projeto grfico atraente, o artista dever selecionar criteriosamente a
fonte mais adequada. Essa deciso ser inevitavelmente delicada, pois a fonte finalmente
escolhida deve ter caractersticas estruturais compatveis com a filosofia mercadolgica do
cliente, evidentemente sem prejuzo da necessria legibilidade visual.
IV Maneiras de explicar termos tcnicos:
1. A hermenutica (estudo interpretativo) da Educao Fsica sempre demonstrou que
atletismo de alto rendimento no modelo para a populao. (parnteses)
2. A coordenao motora grossa refere-se a movimentos proximais (que se localizam perto
do ponto de origem) e a coordenao motora fina, a movimentos distais (localizados longe
do ponto de origem). (parnteses)
3. Este medicamento no indicado par pessoas que apresentam hipervitaminose A e D, isto
, excesso dessas substncias no organismo. (expresso explicativa)
4. O uso teraputico do gelo, tambm chamado crioterapia, indicado para leses no
sistema msculo-esqueltico, por reduzir a formao de edemas. (aposto)
5. O esfigmomanmetro, aparelho para medir a presso arterial, s deve ser usado por
profissionais ou pessoas treinadas. (aposto)
V Palavras raras Qual a traduo correta das frases da coluna da esquerda (todas constitudas por palavras raras):
(1) O agravo interceptou a questo e a parte foi absoluta.
(2) Os elementos diticos so seminais para a coeso textual.
(3) O daguerretipo esmaeceu e findou subtrado de seu brilho argnteo.
(4) No devemos postergar a soluo dos problemas.
(5) Ns, os nefelibatas, adoramos a maneira alambicada de o nclito
presidente usar a lngua.
( ) A antiga imagem fotogrfica sobre
pelcula de metal desbotou e foi
perdendo seu brilho prateado.
( ) No devemos adiar a soluo dos
problemas.
( ) O recurso contra a deciso judicial foi
aceito e o ru, absolvido.
( ) Ns, os literatos que desprezamos as
coisas simples, gostamos da maneira
pretensiosa com que o presidente usa
a lngua portuguesa.
( ) Os pronomes demonstrativos e os
advrbios de tempo e lugar so
importantes para a unidade de um
texto.
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Retrica do texto jornalstico (http://www.radames.manosso.nom.br/retorica/influencia.htm)
Arbitremos9 a existncia de alguns princpios legtimos que norteiam o jornalismo sbrio. Se so princpios utpicos ou mesmo de fachada, questo para discusso filosfica. O fato
que esses princpios norteiam toda a Retrica do discurso jornalstico. Vejamos alguns
deles:
Objetividade: discurso objetivo aquele que d ao leitor a cincia dos fatos tais quais so, deixando a critrio do leitor a valorao sobre eles.
Atratividade: dada a forma como o discurso jornalstico lido, uma leitura seletiva, descontrada, raramente com objetivos precisos estabelecidos, a atratividade
considerada uma qualidade capital para o jornalismo.
Conciso: a conciso uma exigncia do leitor que no tem tempo a perder.
Simplicidade: a simplicidade deriva da pretenso do jornalismo de ampliar ao mximo seu espectro de p