A partir da década de 1870, a habitação eclética reunia
referências a vários estilos – de europeus a exóticos –,
inspirando-se superficialmente em chalés e cottages.
Aparecem os corredores-alpendrados, onde ocorriam
os saraus e os namoros; fumava-se ou lia-se. As
mulheres finalmente passaram a sair de casa para desfrutar
da vida e lazer urbanos.
Fachadas ecléticas
Avenida Paulista (São Paulo SP)
Palacete de Antônio Paes de Barros
Palacete da Marquesa de Itu
Residência Maria Augusta Borges Figueiredo
Palacete Lacerda Soares
Residência João Dente
Residência Horácio Espíndola
Residência Alexandre Siciliano Mansões Paulistanas
Museu Paulista - Antigo Palácio do Ipiranga (1884/88, São Paulo SP)
Tommaso Gaudenzio Bezzi (1844-1915)
Proclamação da República (15/11/1889)
Bandeira dos Estados Unidos do Brasil (1889)
Bandeira do Brasil
Com a República (1889), o ECLETISMO passou a simbolizar o progresso e
disseminou-se por todo o país, perdurando até as primeiras
décadas do século XX.
Misturando vários estilos, inclusive o Art Nouveau, as moradias passaram a incluir balcões de ferro, cúpulas e
alegorias, além da luz elétrica e futuramente a garagem.
Francisco Bolonha Palacete Bolonha (1905, Belém PA)
Palácio dos Leões (1900/02, Curitiba PR)
O ecletismo também aconteceu na decoração de interiores, que se apropriou da inspiração no passado, especialmente europeu.
Com elementos tanto neoclássicos como
neobarrocos, o MOBILIÁRIO nacional
eclético recebeu apliques de várias procedências, além
de vernizes, lacas, marchetarias e talhas.
Canapé
Poltrona
Mesa
Palácio Piratini (1896/1913, Porto Alegre RS)
Modernismo no Brasil
A arquitetura moderna somente pôde se afirmar no Brasil quando as condições sociopolíticas do país
começaram a se alterar, o que ocorreu somente em meados da décadas de 1920, mas principalmente após a industrialização que se desenhos nos anos seguintes.
Com a Revolução de 1930 e o término da Primeira República (República Velha), o país abriu-se para a modernização de suas antigas estruturas e, assim, a
arquitetura doméstica pôde sofrer alterações profundas graças aos primeiros modernistas.
A participação de estrangeiros foi fundamental para a
introdução dos preceitos funcionalistas, com destaque para o ucraniano Gregori
Warchavchik (1896-1972).
O mesmo ocorreu em relação ao mobiliário moderno, cujas
modificações também se deram graças a artistas imigrantes,
como o suíço Jonh Graz (1891-1980) e o lituano
Lasar Segall (1891-1957).
Gregori Warchavchik (1896-1972) Casa modernista (1927/28, Rua Santa Cruz – Vila Mariana, São Paulo SP)
Cadeiras de Lasar Segalll (1891-1957)
Poltronas de John
Graz (1891- 1980)
1 Hall 2 Sala de estar 3 Sala de jantar 4 Cozinha 5 Banheiro 6 Dormitórios 7 Garagem 8 Lavanderia 9 Dep. Serviços
Casa modernista (1930, Rua Itápolis
– Consolação, São Paulo SP)
Gregori Warchavchik (1896-1972)
Em 1939, Lúcio Costa (1902-98) publicou um texto onde propôs a quebra dos padrões europeus de mobiliário para
criar móveis identificados com a nossa cultura.
Isto originou uma TENDÊNCIA NACIONALISTA, que se
difundiu no interiorismo entre os anos 1940 e 1950, cujo destaque foi o trabalho do
arquiteto português Joaquim Tenreiro (1906-92).
Poltrona Leve (1942)
Cadeira de Embalo
(1947)
Cadeira Tripé
(1947)
Joaquim Tenreiro (1906-92)
Cadeira recurvada (1949)
O design moderno nacionalista defendia a busca de um espírito essencialmente brasileiro, de inspiração orgânica e emprego de
materiais naturais e métodos de fabricação semiartesanais.
Entre os brasileiros que contribuíram para o FIFTIES nacional estavam Rino Levi
(1901-65) e Oswaldo Arthur Bratke (1907-97).
Poltrona Teatro Cultura Artística (1948) Rino Levi (1901-65)
Mesa e poltronas (c.1950)
Poltrona (1959)
Oswaldo Arthur Bratke (1907-97) Residência Maria Luisa e Oscar Mariano - Atual Fundação (1953, Morumbi – S. Paulo)
Pav. Superior
Pav. Térreo
Outros expoentes do design nacionalista foram: Vilanova Artigas (1915-85), José Zanine Caldas (1919-2001),
Geraldo de Barros (1923-98), Sérgio Rodrigues (1927-2014) e Aida Boal (1929-).
Poltrona Preguiça (1943) Vilanova Artigas (1915-85)
Oswaldo Arthur Bratke (1907-97) Cadeira em chapa Compensada (1948)
Poltrona João Carlos (1950)
Aida Boal (1929-)
Cadeira Ângela (1950)
Poltrona Mônica (1950)
Poltrona Z (1950) Zanine Caldas (1919-2001)
Cadeira Lúcio Costa (1956)
Poltrona Oscar Niemeyer (1957) Estante (1960)
Banco Eleh (1965)
Cadeira Rino Levi (1958)
Poltrona Mole (1957)
Poltrona Diz (2001)
Poltrona Kilin (1956)
Foi a partir de 1950, quando a arquitetura moderna brasileira
ganhava reconhecimento, que o mobiliário deixou de ser
produzido apenas artesanalmente para ser fabricado em série.
Nessa época, apareceram empresas que, preocupadas com
a qualidade do que era produzido, abriram espaço para os designers, até então limitados à reduzida produção artesanal.
Poltrona Brasiliana
(1965)
Poltrona Verônica (2008)
Poltrona Paulistana L’Atelier (1960) Jorge Zalszupin (1922-)
Poltrona Dinamarquesa (1959)
O design moderno nacionalista encontrava
assim seu apogeu, quando o DESENVOLVIMENTISMO
predominava no país e crescia a luta por uma arte autenticamente brasileira e contestadora, enfatizando o artesanato em madeira, o primitivismo artístico e a naturalidade matérica.
Poltrona Unilabor (1950)
Geraldo de Barros (1923-98)
Estante GB e Cadeiras Unilabor (1950)
Particularmente fértil foi o período entre o segundo pós-guerra e aproximadamente 1965, com uma multiplicação de iniciativas destinadas a produzir em série móveis modernos, funcionais e belos, com a criação de várias firmas, entre as quais:
Studio de Arte Palma Forma
Unilabor Móveis Z Oca Probjeto Branco & Preto Hobjeto L’Atelier Giroflex Escriba Mobília Contemporânea
Fundada em 1948 por Sebastião Pontes, Zanine
Caldas e Paulo Mello, em São José dos Campos SP, a
MÓVEIS ARTÍSTICOS Z produziu mobiliário utilizando
a técnica de recorte de compensado de madeira.
Com a entrada de Hellmuth Schicker, nos anos 1950, diversificou-se a produção
com o uso de outras matérias-primas e processos industriais.
José Zanine Caldas (1919-2001) Móveis Z (1948/50)
Criada em 1952 por Miguel Forte (1915-2002) ,
Jacob Ruchti (1917-64) e um grupo de arquitetos
formados pelo Mackenzie, além do chinês Chen Y.
Hwa, a BRANCO & PRETO produziu móveis em madeira e estofado,
introduzindo no país a ideia de arte intervindo
diretamente no cotidiano.
Miguel Forte (1915-2002) e Jacob Ruchti (1917-64), junto a Renato Fileppo e Ella Fitzgerald (1947, Los Angeles CA)
Também trabalharam para a loja e fábrica de móveis BRANCO & PRETO os arquitetos Plínio Croce (1921-84), Roberto Aflalo (1926-92) e Carlos Milan (1927-64).
Mesa de ripas (1952)
Mesa aranha (1952)
Poltrona M1 (1952)
Poltronas Branco & Preto (1952)
Mesmo sem deixar de acompanhar as inovações do design dos principais centros
europeus, nos anos 1950, muitos profissionais dedicaram-
se à pesquisa de formas ligadas às tradições culturais ou à exploração de nossos
materiais.
E acabaram criando novas soluções, de acordo com a
realidade econômica, contribuindo para a criação de um design realmente nacional.
Bardi’s Bowl (1951/52)
Poltrona Tripé (1948)
Cadeira Frei Egídio
(1987)
Cadeira e Mesa Girafa (1987)
Lina Bo Bardi (1914-92)
1
2
3
4
5
6
7
7
1 Hall 5 Banheiro 2 Sala 6 Serviços 3 Dormitórios 7 Jardim 4 Cozinha
Lina Bo Bardi (1914-92) Casa da arquiteta (1949, Morumbi São Paulo SP)
Bibliografia
LEMOS, C. A. C. História da casa brasileira. São Paulo: Contexto, 1996.
MENDES, C.; VERÍSSIMO, C.; BITTAR, W. Arquitetura no Brasil: De Cabral a Dom João VI. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2011.
REIS FILHO, N. G. Quadro da arquitetura no Brasil. 8. ed. São Paulo: Perspectiva, 1997.
SANTOS, M. C. L. Móvel moderno no Brasil. São Paulo: EdUSP/Studio Nobel, 1995.
VERÍSSIMO, F. S.; BITTAR, W. S. M. 500 anos da casa no Brasil. Rio de Janeiro: Ediouro, 1999.
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