GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁSECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA PROFª LINDA EIKO AKAGI MIYADIAv. Curitiba – 1052 – CEP: 86.800-005 – Fone/Fax: 43 3423-2840 – E-mail: [email protected]
APUCARANA - PARANÁ
Profª Jaqueline Ribeiro Maximiano
Profª Patricia Helena. H. Canezin
Profª Silvia Flores
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DE ARTE
Apucarana2012
1. Fundamentos teóricos da disciplina
Sabe-se que nas Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná,
propõe-se uma reorientação na política curricular com o objetivo de construir
uma sociedade justa, onde as oportunidades sejam iguais para todos.
Pensa-se então que, os sujeitos da Educação Básica, crianças,
jovens e adultos, em geral oriundos das classes assalariadas, urbanas ou
rurais, de diversas regiões e com diferentes origens étnicas e culturais
(FRIGOTTO, 2004), devem ter acesso ao conhecimento produzido pela
humanidade que, na escola, é veiculado pelos conteúdos das disciplinas
escolares.
As dimensões do conhecimento fundamentam-se nos
princípios teóricos expostos, propõe-se que o currículo da Educação Básica
ofereça, ao estudante, a formação necessária para o enfrentamento com vistas
à transformação da realidade social, econômica e política de seu tempo. Esta
ambição remete às reflexões de Gramsci em sua defesa de uma educação na
qual o espaço de conhecimento, na escola, deveria equivaler à idéia de atelier-
biblioteca-oficina, em favor de uma formação, a um só tempo, humanista e
tecnológica.
Neste sentido, a arte possibilita uma dimensão artística fruto de
uma relação específica do ser humano com o mundo e o conhecimento. Essa
relação é materializada pela e na obra de arte. que “é parte integrante da
realidade social, é elemento da estrutura de tal sociedade e expressão da
produtividade social e espiritual do homem” (KOSIK, 2002, p. 139). A obra de
arte é constituída pela razão, pelos sentidos e pela transcendência da própria
condição humana.
Sendo assim, um importante objeto de estudo da disciplina de
arte é o conhecimento artístico que possui como características centrais a
criação e o trabalho criador. A arte é criação, qualidade distintiva fundamental
da dimensão artística, pois criar “é fazer algo inédito, novo e singular, que
expressa o sujeito criador e simultaneamente, transcende-o, pois o objeto
criado é portador de conteúdo social e histórico e como objeto concreto é uma
nova realidade social” (PEIXOTO, 2003, p. 39).
Um dos elementos fundamentais da arte é a criação que
também faz parte da educação, pois a escola é, a um só tempo, o espaço do
conhecimento historicamente produzido pelo homem e espaço de construção
de novos conhecimentos, no qual é imprescindível o processo de criação.
Assim, o desenvolvimento da capacidade criativa dos alunos, inerente à
dimensão artística, tem uma direta relação com a produção do conhecimento
nas diversas disciplinas.
Pensa-se então que, a dimensão artística pode contribuir
significativamente para humanização dos sentidos, ou seja, para a superação
da condição de alienação e repressão à qual os sentidos humanos foram
submetidos.
A disciplina de arte desde o período o período colonial, onde os
Jesuítas eram os atuantes desenvolveu, para grupos de diversas origens, uma
educação de tradição religiosa cujos registros revelam o uso pedagógico da
arte. Este período foi importante na constituição da matriz cultural brasileira e
manifesta-se na cultura popular paranaense.
Com a vinda da família real de Portugal para o Brasil, uma
série de ações foi iniciada para atender, em termos materiais e culturais, a
corte portuguesa. Entre essas ações, destacou-se a vinda da Missão Francesa,
cuja concepção de arte vinculava-se ao estilo neoclássico, fundamentado no
culto à beleza clássica.
Esse padrão estético entrou em conflito com a arte colonial e
suas características, como o Barroco com destaque na arquitetura e na
escultura.
No Paraná, foi fundado o Liceu de Curitiba (1846), hoje Colégio
Estadual do Paraná, que seguia o currículo do Colégio Pedro II, e a Escola
Normal (1876), atual Instituto de Educação, para a formação em magistério.
Sabe-se que o ensino de Arte nas escolas e os cursos de Arte
oferecidos nos mais diversos espaços sociais são influenciados, também, por
movimentos políticos e sociais. Nas primeiras décadas da República, por
exemplo, ocorreu a Semana de Arte Moderna de 1922, um importante marco
para a arte brasileira, associado aos movimentos nacionalistas da época.
No Paraná, houve reflexos desses vários processos pelos
quais passou o ensino da Arte, assim como no final do século XIX, com a
chegada dos imigrantes e, entre eles, artistas, vieram novas ideias e
experiências culturais diversas, como a aplicação da Arte aos meios produtivos
e o estudo sobre a importância da Arte para o desenvolvimento da sociedade.
As características da nova sociedade em formação e a necessária valorização
da realidade local estimularam movimentos a favor da Arte se tornar disciplina
escolar.
Surgem então várias escolas de arte que no decorrer dos anos
sofreram transformações e deixaram marcos do desenvolvimento da Arte no
âmbito escolar.
Reconhece-se que os avanços recentes podem levar a uma
transformação no ensino de arte. Entretanto, ainda são necessárias reflexões e
ações que permitam a compreensão da arte como campo do conhecimento, de
modo que não seja reduzida a um meio de comunicação para destacar dons
inatos ou a prática de entretenimento e terapia. Assim, o ensino de arte deixará
de ser coadjuvante no sistema educacional para se ocupar também do
desenvolvimento do sujeito frente a uma sociedade construída historicamente e
em constante transformação.
2. Conteúdos Curriculares
Na concepção de currículo apresentadas pela DCE, as
disciplinas da terão em seus conteúdos estruturantes, os campos de estudo
que as identificam como conhecimento histórico. Dos conteúdos estruturantes
organizam-se os conteúdos básicos a ser trabalhados por série, compostos
tanto pelos assuntos mais estáveis e permanentes da disciplina quanto pelos
que se apresentam em função do movimento histórico e das atuais relações
sociais. Esses conteúdos, articulados entre si e fundamentados nas respectivas
orientações teórico-metodológicas, farão parte da proposta curricular das
escolas.
Considera-se que a disciplina de Arte deve propiciar ao aluno
acesso ao conhecimento sistematizado em arte. Por isso, propõe-se uma
organização curricular para o CEEBJA a partir dos conteúdos estruturantes que
constituem uma identidade para a disciplina de Arte e possibilitam uma prática
pedagógica que articula as quatro áreas de Arte, sendo eles:
ENSINO FUNDAMENTALÁREA CONTEÚDOS
ESTRUTURANTES
ELEMENTOS FORMAIS
COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E
PERÍODOS
MÚSICA
6º ano
AlturaDuraçãoTimbreIntensidadeDensidade
Ritmo MelodiaEscalas: diatônicaPentatônicaCromáticaImprovisação
Greco-RomanaOrientalOcidentalAfricana
7º ano
AlturaDuraçãoTimbreIntensidade Densidade
RitmoMelodiaHarmoniaTonal, modal e a fusão de ambos.Técnicas: vocal, instrumental e mista
Indústria CulturalEletrônicaMinimalistaRap, Rock, Tecno
8º ano
AlturaDuraçãoTimbreIntensidade Densidade
RitmoMelodiaHarmoniaTonal, modal e a fusão de ambos.Técnicas: vocal, instrumental e mista
Indústria CulturalEletrônicaMinimalistaRap, Rock, Tecno
9º ano
AlturaDuraçãoTimbreIntensidade Densidade
RitmoMelodiaHarmoniaTonal, modal e a fusão de ambos.Técnicas: vocal, instrumental e mista
Indústria CulturalEletrônicaMinimalistaRap, Rock, Tecno
ENSINO FUNDAMENTALÁREA CONTEÚDOS
ESTRUTURANTES
ELEMENTOS FORMAIS
COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E
PERÍODOS
ARTES VISUAI
S
6º anoPontoLinhaTexturaFormaSuperfícieVolumeCorLuz
Bidimensional FigurativaGeométrica, simetriaTécnicas: Pintura, escultura, arquitetura...Gêneros: cenas de mitologia
Arte Greco-RomanaArte AfricanaArte OrientalArte Pré-Histórica
7º anoPontoLinhaTexturaFormaSuperfícieVolumeCorLuz
Proporção TridimensionalFigura e fundoAbstrataPerspectivaTécnicas: pintura, escultura, modelagem, gravura...Gêneros: Paisagem, retrato, natureza morta.
Arte IndígenaArte Popular Brasileira e Paranaense Renascimento Barroco
8º ano
PontoLinhaTexturaFormaSuperfícieVolumeCorLuz
SemelhançasContrastesRitmo VisualEstilizaçãoDeformaçãoTécnicas: desenho, fotografia, audiovisual e mista...
Indústria CulturalArte no Séc. XXArte Contemporânea
9º ano
LinhaForma TexturaSuperfícieVolumeCorLuz
BidimensionalTridmensionalFigura-fundoRitmo VisualTécnica: Pintura, grafitte, performance...
Gêneros: Paisagem
RealismoVanguardasMuralismo e Arte Latino-AmericanaHip Hop
ENSINO FUNDAMENTALÁREA CONTEÚDOS
ESTRUTURANTES
ELEMENTOS FORMAIS
COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E
PERÍODOS
TEATRO
6º ano Personagem: expressões corporais, vocais, gestuais e faciaisAçãoEspaço
Enredo, roteiro.Espaço Cênico, adereçosTécnicas: jogos teatrais, teatro indireto e direto, improvisação, manipulação, máscara...Gênero: Tragédia, Comédia e Circo
Greco-RomanaTeatro OrientalTeatro MedievalRenascimento
7º ano Personagem: expressões corporais, vocais, gestuais e faciaisAçãoEspaço
Representação, Leitura dramática, Cenografia.Técnicas: jogos teatrais, mímica, improvisação, formas, animadas...Gêneros: Rua e arena, Caracterização.
Comédia Dell´ArteTeatro PopularBrasileiro e Paranaense Teatro Africano
8º ano Personagem: expressões corporais, vocais, gestuais e faciaisAçãoEspaço
Representação de Cinema e MídiasTexto dramáticoMaquiagemSonoplastiaRoteiroTécnicas: jogos teatrais, sombra, adaptação cênica...
Indústria CulturalRealismoExpressionismoCinema Novo
9º ano PontoLinhaTexturaFormaSuperfícieVolume
Bidimensional TridimensionalFigura-fundoRitmo VisualTécnica: Pintura, grafitte,
Realismo VanguardasMuralismo e Arte Latino-Americana Hip Hop
ENSINO FUNDAMENTALÁREA CONTEÚDOS
ESTRUTURANTES
ELEMENTOS FORMAIS
COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E
PERÍODOS
DANÇA
6º ano Movimento Corporal TempoEspaço
KinesferaEixoPonto de ApoioMovimentos articulares Fluxo (livre e interrompido) Rápido e lentoFormaçãoNíveis (alto, médio e baixo) Deslocamento (direto e indireto)Dimensões (pequeno e grande)Técnica: ImprovisaçãoGênero: Circular
Pré-históriaGreco-RomanaRenascimentoDança Clássica
7º ano Movimento Corporal TempoEspaço
Ponto de ApoioRotaçãoCoreografiaSalto e quedaPeso (leve e pesado)Fluxo (livre, interrompido e conduzido)Lento, rápido e moderadoNíveis (alto, médio e baixo)FormaçãoDireçãoGênero: Folclórica, popular e étnica
Dança Popular BrasileiraParanaenseAfricana Indígena
8º ano Movimento Corporal TempoEspaço
Giro RolamentoSaltosAceleração e desaceleração Direções (frente, atrás, direita e esquerda)ImprovisaçãoCoreografiaSonoplastiaGênero: Indústria Cultural e espetáculo
Hip HopMusicaisExpressionismoIndústria CulturalDança Moderna
9º ano Movimento Corporal TempoEspaço
KinesferaPonto de ApoioPesoFluxoQuedas
VanguardasDança ModernaDança Contemporâne
SaltosGiros RolamentosExtensão (perto e longe)CoreografiaDeslocamentoGênero: Performance e moderna
a
ENSINO MÉDIOÁREA CONTEÚDOS
ESTRUTURANTES
ELEMENTOS FORMAIS
COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E
PERÍODOS
MÚSICA
1ª/3ª séries
AlturaDuraçãoTimbreIntensidadeDensidade
RitmoMelodiaHarmoniaEscalasModal, Tonal e fusão de ambos.Gêneros: erudito, clássico, popular, étnico, folclórico, Pop...Técnicas: vocal, instrumental, eletrônica, informática e mistaImprovisação
Música Popular BrasileiraParanaensePopularIndústria CulturalEngajadaVanguardaOcidentalOrientalAfricanaLatino-Americana
ENSINO MÉDIO
ÁREA CONTEÚDOS ESTRUTURANT
ES
ELEMENTOS FORMAIS
COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E
PERÍODOS
ARTES VISUAI
S
1ª/3ª séries
PontoLinhaFormaTexturaSuperfícieVolumeCorLuz
BidimensionalTridimensionalFigura e fundoFigurativoAbstratoPerspectivaSemelhançasContrastesRitmo VisualSimetriaDeformaçãoEstilizaçãoTécnica: Pintura, desenho, modelagem, instalação, performance, fotografia, gravura e esculturas,
Arte OcidentalArte OrientalArte AfricanaArte BrasileiraArte ParanaenseArte PopularArte da VanguardaIndústria CulturalArteContemporânea Arte Latino-Americana
Arquitetura, história em quadrinhos...Gêneros: Paisagem, Natureza-morta, Cenas do Cotidiano, Histórica, Religiosa, da Mitologia...
ENSINO MÉDIOÁREA CONTEÚDOS
ESTRUTURANTES
ELEMENTOS FORMAIS
COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E
PERÍODOS
TEATRO
1ª/3ª séries
Personagem: expressões corporais, vocais, gestuais e faciaisAção Espaço
Técnicas: jogos teatrais, teatro direto e indireto, mímica, ensaio, Teatro-FórumRoteiro Encenação e leitura dramáticaGêneros: Tragédia, Comédia, Drama e ÉpicoDramaturgiaRepresentação nas mídiasCaracterização Cenografia, sonoplastia, figurino e iluminação DireçãoProdução
Teatro Greco-RomanoTeatro MedievalTeatro BrasileiroTeatro ParanaenseTeatro PopularIndústria CulturalTeatro EngajadoTeatro PopularIndústria CulturalTeatro EngajadoTeatro DialéticoTeatro EssencialTeatro do OprimidoTeatro PobreTeatro de VanguardaTeatro RenascentistaTeatro Latino-AmericanoTeatro RealistaTeatro Simbolista
ENSINO MÉDIO
ÁREA CONTEÚDOS ESTRUTURANT
ES
ELEMENTOS FORMAIS
COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E
PERÍODOS
DANÇA 1ª/3ª séries
Movimento Corporal Tempo Espaço
KinesferaFluxoPesoEixoSalto e QuedaGiroRolamentoMovimentos articularesLento, rápido e moderadoAceleração e desaceleração Níveis DeslocamentoDireções PlanosImprovisaçãoCoreografiaGêneros: Espetáculo, industrial cultural, étnica, folclórica, populares e salão
Pré-históriaGreco-RomanaMedievalRenascimentoDança ClássicaDança PopularBrasileiraParanaenseAfricanaIndígenaHip HopIndústria CulturalDança ModernaVanguardasDança Contemporânea
3. Metodologia
Diversas são as maneiras de se pensar a Arte e o seu ensino,
são constituídos nas relações socioculturais, econômicas e políticas do
momento histórico em que se desenvolveram. Nesse sentido, as diversas
teorias sobre a arte estabelecem referências sobre sua função social, tais
como: da arte poder servir à ética, à política, à religião, à ideologia; ser utilitária
ou mágica; transformar-se em mercadoria ou simplesmente proporcionar
prazer.
São apresentadas nas diretrizes, disciplinas escolares
entendidas como campos de conhecimento, que se identificam pelos
respectivos conteúdos estruturantes e por seus quadros teóricos conceituais.
Considerando esse construtor teórico, as disciplinas são as
pressupostas para a interdisciplinaridade. A partir das disciplinas, as relações
interdisciplinares se estabelecem quando:
Conceitos, teorias ou práticas de uma disciplina são chamados
á discussão e auxiliam a compreensão de um recorte de conteúdo qualquer de
outra disciplina;
Ao tratar do objeto de estudo de uma disciplina, buscam-se nos
quadros conceituais de outras disciplinas referenciais teóricos que possibilitem
uma abordagem mais abrangente desse objeto.
A interdisciplinaridade está relacionada ao conceito de
contextualização sócio-histórica como princípio integrador
do currículo. Isto porque ambas propõem uma articulação
que vá além dos limites cognitivos próprios das disciplinas
escolares, sem, no entanto, recair no relativismo
epistemológico. Ao contrário, elas reforçam essas
disciplinas ao se fundamentarem em aproximações
conceituais coerentes e nos contextos sócio-históricos,
possibilitando as condições de existência e constituição
dos objetos dos conhecimentos disciplinares. Ramos
(p.1,2004)
“Sob algumas abordagens, a contextualização, na pedagogia, é
compreendida como inserção do conhecimento disciplinar em uma realidade
plena de vivências, buscando o enraizamento do conhecimento explicito na
dimensão do conhecimento tácito. Tal enraizamento seria possível por meio do
aproveitamento e da incorporação de relações vivenciadas e valorizadas nas
quais os significados se originam, ou seja, na trama de relações em que a
realidade é tecida.”
O processo de ensino-aprendizagem contextualizado é um
importante meio de estimular a curiosidade e fortalecer a confiança do aluno.
Por outro lado, sua importância está condicionada á possibilidade de ter
consciência sobre seus modelos de explicação e compreensão da realidade,
reconhecê-los como equivocados ou limitados a determinados contextos,
enfrentar o questionamento, colocá-los em cheque num processo de
desconstrução de conceitos e reconstrução/apropriação de outros.
Nas aulas de arte é necessária a unidade de abordagem dos
conteúdos estruturantes, em um encaminhamento metodológico orgânico, onde
o conhecimento, as práticas e a fruição artística estejam presentes em todos os
momentos da prática pedagógica, em todas as séries da Educação Básica.
Dessa forma, devem-se contemplar, na metodologia do ensino da Arte, três
momentos da organização pedagógica.
Teorizar: fundamenta e possibilita ao aluno que perceba e
aproprie a obra artística, bem como, desenvolva um trabalho artístico para
formar conceitos artísticos.
Sentir e perceber: são as formas de apreciação, fruição, leitura
e acesso à obra de arte.
Trabalho artístico: é a prática criativa, o exercício com os
elementos que compõe uma obra de arte.
A prática artística- o trabalho criador- é expressão privilegiada,
é o exercício da imaginação e criação. Apesar das dificuldades que a escola
apresenta para desenvolver essa prática, ela é fundamental, pois a arte não
pode ser apreendida somente de forma abstrata. De fato, o processo de
produção do aluno acontece quando ele interioriza e se familiariza com os
processos artísticos e humaniza seus sentidos.
Na prática pedagógica da EJA, faz-se necessário utilizar de
várias metodologias para atender a diversidade do alunado. Entre algumas
práticas pode-se destacar:
- Aulas expositivas em pequenos grupos da mesma série para
reforçar o conteúdo que está sendo trabalhado;
- Exercícios práticos, escultura, pintura, desenho, para
desenvolvimento e melhor aprendizado do conteúdo;
- Aulas práticas no laboratório de informática, para que os
alunos possam aprofundar seus conhecimentos e fazer pesquisa, dando a eles
oportunidade de utilizar a ferramenta tecnológica, uma vez que muitos alunos
da EJA não possuem acesso a internet e não conta com um computador em
suas residências.
Recursos pedagógicos:
- TV Pen Drive, uma ferramenta muito utilizada nas aulas de
arte, por dar acesso rápido e prático para exposições de vídeos e imagens que
são de muita importância para gerar conhecimento em arte.
- Uso de computadores.
4.1 Artes Visuais
Sugere-se que a prática pedagógica parta da análise e
produção de trabalhos artísticos relacionados a conteúdos de composição em
artes visuais, tais como:
• Imagens bidimensionais: desenhos, pinturas, gravuras,
fotografia, propaganda visual;
• Imagens tridimensionais: esculturas, instalações,
produções arquitetônicas;
• Trabalhar com as artes visuais sob uma perspectiva
histórica e crítica, reafirma a discussão sobre essa área como processo
intelectual e sensível que permite um olhar sobre a realidade humano-social, e
as possibilidades de transformação desta realidade.
4.2 Dança
A dança tem seus conteúdos próprios, capazes de desenvolver
aspectos cognitivos que, uma vez integrados aos processos mentais,
possibilitam uma melhor compreensão estética da arte.
Os elementos formais da dança são:
Movimento Corporal: movimento do corpo ou de parte dele
num determinado tempo e espaço;
Espaço: é onde os movimentos acontecem, com a utilização
total ou parcial do espaço;
Tempo: caracteriza a velocidade do movimento corporal (ritmo
e duração)
4.3 Música
Para entender melhor a música, é necessário desenvolver o
hábito de ouvir os sons com mais atenção, de modo que se possa identificar os
seus elementos formadores, as variações e as maneiras como esses sons são
distribuídos e organizados em uma composição musical. Essa atenção vai
propiciar o reconhecimento de como a música se organiza.
A música é formada, basicamente, por som e ritmo e varia em
gênero e estilo.
4.4 Teatro
Para o trabalho de sentir e perceber é essencial que os alunos
assistam a peças teatrais de modo a analisá-las a partir de questões como:
Descrição do contexto: nome da peça, autor, direção, local
atores, período histórico de representação;
Análise da estrutura e organização da peça: tipo de cenário e
sonoplastia, expressões usadas com mais ênfase e outros conteúdos
trabalhados em aula;
Análise da peça sob o ponto de vista do aluno: com sua
percepção e sensibilidade em relação á peça assistida.
O Teatro oportunizará aos alunos a análise, a investigação e a
composição de personagens, de enredos e de espaços de cena, permitidas a
interação crítica dos conhecimentos trabalhados com outras realidades
socioculturais.
Essas relações estão presentes, também, em manifestações
cênicas como: danças, jogos e brincadeiras, rituais folguedos folclóricos como
o Maracatu, a Festa do Boi, a Congada, a Cavalhada, a Folia de Reis, entre
outras. Tais manifestações podem ser apreendidas como conhecimento e
experimento cênico que podem contribuir para integrar e desenvolver o
conhecimento estético e artístico do aluno, bem como para ampliar seu modo
de pensar e recompor representações de mundo, a partir dos diferentes meios
socioculturais.
Conteúdos Obrigatórios
Sabe-se que a formação da consciência e da cidadania é um
dos objetivos da escola como um todo. A História não é feita de fatos isolados,
é um processo contínuo e global. Acredita-se que por meio das temáticas dos
desafios educacionais contemporâneos o aluno da EJA, através da
incorporação de atitudes, valores e comportamentos, a capacidade de inserção
e intervenção claras e conseqüentes em sua realidade.
A introdução de Estudos sobre o Paraná (Lei 13.381/01) é
significativa nos sentido de permitir ao aluno conhecer sua realidade local e
situar-se como agente de sua própria história. Estes conteúdos de forma
seriada estarão contemplados na Proposta Pedagógica Curricular da disciplina
de Arte e no Plano de Trabalho.
Quanto ao desenvolvimento sócio-educacional dentro da
escola, ao trabalhar História e Cultura afro-brasileira, africana e indígena (Lei n.
11.645/08) torna-se necessário por em foco a história do negro, da África, dos
indígenas e suas dinâmicas culturais, configurações territoriais,e espaços
sociais de forma crítica. Por meio da apresentação de artistas negros,
produções indígenas e de suas obras, poderá a partir de conversas, diálogos,
debates, pesquisas, apresentações, desmistificar preconceitos, desconstruir
imagens (pré) concebidas a respeito da etnia e do continente africano. Por
meio da imagem, pode-se colaborar na rememoração da história da população
negra e na construção da identidade afro-descendente.
A prevenção ao uso indevido de drogas, a sexualidade
humana, a educação Ambiental (Lei Federal nº9795/99, Dec. nº 4201/02), a
Educação Fiscal, o enfrentamento à violência contra a criança e o adolescente,
os Direito das Crianças e Adolescentes (lei Federal nº 11.525/07), a e
Educação Tributária Dec. nº 1143/99, Portaria nº 413/02.
5. Avaliação
A avaliação está continuamente presente na vida do ser
humano. Em sala de aula não é diferente: professores e alunos sempre estão
relacionados a ela. Na educação, produziram-se uma série de mudanças nas
concepções sobre a avaliação que trouxeram uma série de repercussões e
deram novos caminhos para a sua prática. Neste sentido, a avaliação torna-se
uma peça importante do espaço escolar, principalmente dentro do CEEBJA,
por isso a escolha da avaliação formativa, mediada pelo professor, que
promova a aprendizagem e conte com a participação do aluno.
Cabe a avaliação ajudar o aluno a se desenvolver e avançar,
por isso deve ser conduzido com ética, pois a avaliação é uma grande aliada
do aluno e do professor.
A avaliação, nesta perspectiva, visa contribuir para a
compreensão das dificuldades de aprendizagem dos alunos, com vistas às
mudanças necessárias para que essa aprendizagem se concretize e a escola
se faça mais próxima da comunidade, da sociedade como um todo, no atual
contexto histórico e no espaço onde os alunos estão inseridos
Assim sendo, o objetivo da arte no ensino de Jovens e Adultos
é propiciar o aluno o acesso aos conhecimentos presentes nos bens culturais,
por meio de um conjunto de saberes, permitindo que utilize esses
conhecimentos na compreensão das realidades levando em conta as relações
estabelecidas pelos alunos entre conhecimentos em arte e a sua realidade que
se tornam evidentes tanto no processo, quanto na produção individual e
coletiva.
Dessa forma, a avaliação em Arte será diagnóstica e
processual e sem estabelecimento de parâmetros comparativos entre alunos;
estará, portanto, discutindo dificuldades e progressos de cada um a partir de
sua própria produção.
Sendo diagnóstica a avaliação será referência do professor
para o planejamento das aulas e de avaliação dos alunos. Sendo processual
abrange todos os momentos da prática pedagógica . A avaliação será feita por
meio de observação e registro, considerando aspectos experiências (prática) e
conceituais (teóricos), buscando o desenvolvimento do pensamento estático e
a sistematização do conhecimento para a leitura da realidade.
O planejamento deve ser constantemente direcionado,
utilizando a avaliação do professor, da turma, sobre o desenvolvimento das
aulas e também a auto-avaliação dos alunos.
A fim de se obter uma avaliação efetiva individual e do grupo,
são necessários vários instrumentos de verificação tais como:
• Trabalhos artísticos individuais e em grupo
• Pesquisas bibliográficas e de campo
• Debates em forma de seminários e simpósios
• Provas teóricas e práticas
• Registros em forma de relatórios, gráficos, portfólio, áudio-
visual e outros.
Por meio desses instrumentos, o professor obterá o diagnóstico
necessário para o planejamento e o acompanhamento da aprendizagem
durante o ano letivo, visando às seguintes expectativas de aprendizagem:
A compreensão dos elementos que estruturam e organizam a
arte e sua relação com a sociedade contemporânea;
A produção de trabalhos de arte visando à atuação do sujeito
em sua realidade singular e social.
A apropriação prática e teórica dos modos de composição da
arte nas diversas culturas e mídias relacionadas à produção, divulgação e
consumo.
6. Referências
BARBOSA, Ana Mae (Org.). Inquietações e mudanças no ensino da arte. São
Paulo: Cortez, 2002d.
_______ A imagem no ensino da arte. São Paulo: Perspectiva, 2002b.
_______ Arte-educação: leitura no subsolo. São Paulo: Cortez, 1997.
BUORO, A. B. Olhos que pintam: a leitura da imagem e o ensino de arte. São
Paulo: Educ / Fapesp / Cortez, 2002.
BRASIL, Relações Étnico Raciais e de Gênero. Ministério da Educação,
Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Brasília; 2007.
FERRAZ, Maria H. de T. e FUSARI, Maria F. de Rezende. Metodologia do
Ensino de Arte. São Paulo: Cortez, 1999.
FISCHER, Ernst. A Necessidade da Arte. 9.ed. Rio de Janeiro: Guanabara,
1987.
GOMBRICH, E. H.; História da Arte; São Paulo: LTC Editora, 2002
OSTROWER, Fayga. Universo da Arte. 7.ed.Rio de Janeiro: Guanabara,1991.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Arte e
Artes para a Educação Básica, 2006 Disponível em
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br > Acesso em março de 2010.
PARANÁ, Orientações Curriculares de Educação Artística. Texto preliminar,
Julho 2005.
PARANÁ, Diretrizes Curriculares Da Educação Básica, Arte, Secretaria da
Educação do Paraná, Curitiba, 2008.
PEIXOTO, Maria Inês Hamann. Arte e grande público: a distância a ser
extinta.Campinas: Autores Associados.
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