ARTIGO PDE-2010
PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO PARA O PROFESSOR ITINERANTE DA REEDUCAÇÃO VISUAL
Autor: Marilete Buzetti Milano[1]
Orientador:Percy Nohama[2]
Resumo
A falta de cultura inclusiva nas escolas, a formação deficitária dos professores, a falta de clareza epistemológica que envolve as escolas e os paradigmas conservadores educacionais que persistem são fatores determinantes da não inclusão dos alunos de baixa visão. Na perspectiva emancipadora, o trabalho descrito neste artigo visa a capacitação dos professores que atuam na Reeducação Visual com o Serviço Itinerante, a fim de contribuir para o processo de inclusão e de mudanças sociais, garantindo o acesso e permanência dos alunos com baixa visão nas escolas regulares. Foram capacitados vinte professores do Centro de Reeducação Visual no CRAID, que fazem o Serviço Itinerante dos alunos com baixa visão inclusos na rede regular de ensino pública e privada por meio de dinâmicas de grupos e palestras com profissionais da saúde e educação, em oito encontros semanais de quatro horas cada, culminando com uma avaliação inclusiva sobre as ações propostas. Os professores foram unânimes em afirmar a necessidade dessa capacitação, pois o Serviço Itinerante oportuniza os recursos necessários para a participação escolar plena dos alunos com baixa visão, adicionando à sua prática novas técnicas propostas durante a capacitação. O sucesso escolar do aluno com baixa visão só virá a se tornar realidade por meio de um serviço itinerante realizado com qualidade.
Palavras-chave: Serviço Itinerante; Inclusão; Alunos, Baixa Visão; Professores, Rede Pública.
[1] Pós-Graduação em Educação Especial, Pedagoga, Centro de Reeducação Visual no CRAID
[2] Doutor em Engenharia Elétrica, Professor, UTFPR
1 Introdução
A sociedade escolar é muito diversificada e ao mesmo tempo trabalhada de
maneira tão homogênea e com docentes despreparados para receber a clientela de
inclusão. Sem preparo e conhecimento específicos, por melhor que seja o método, as
chances de sucesso dos professores são limitadas, e os alunos, sem receber estímulos
para utilização do potencial visual, estão fadados ao fracasso escolar (GASPARETTO et
al., 2004; JANIAL E MANZINI, 1999).
O aluno com visão subnormal necessita que o professor que o atende na
Reeducação Visual realize um trabalho itinerante de qualidade junto à escola comum.
Este apoio é garantido ao aluno de inclusão na Deliberação nº 02/03 do Conselho
Estadual de Educação referente à Educação Especial, quanto a sua integração em sala
de aula e no ambiente escolar, propiciando a interação com seus colegas, sua
socialização, resgatando sua auto estima e cidadania.
A escola quase sempre utiliza meio visuais em sua prática. É bom lembrar que o
aluno com baixa visão nunca vê todas as partes de um objeto simultaneamente. Ele o vê
fracionado e precisa reconstruí-lo em seu cérebro para formar um objeto conhecido; por
isso, a importância de mover o objeto ou desenho que lhe oferecemos; colocá-lo em
diferentes posições e lugares, unindo as partes para formar uma imagem (Rocha, 1987).
Os outros sentidos, como a audição, são de grande importância, mas a visão parece ser
dominante para que o aluno consiga realizar qualquer atividade escolar. Neste contexto,
o deficiente visual fracassará, pois não poderá contar com o sentido da visão.
A inclusão educacional só ocorrerá com a transformação da escola, tanto no
aspecto organizacional como no didático-pedagógico, para que o aluno com sua
diversidade possam ter acesso às oportunidades educativas e sociais compatíveis com
suas diferenças pessoais (MITTLER, 2003, apud MAZZARO, 2007).
Uma prática democrática com mais investimentos e uma equipe multidisciplinar nos
meios educacionais serviriam para superar as atitudes de segregação e a negação dos
direitos das pessoas com deficiência, a partir das mudanças propostas pela educação
inclusiva calcada nas leis e pareceres (BREGANTINI, 2001).
No entanto, a Educação Inclusiva depara-se com várias dificuldades,
principalmente, em relação à aceitação nos meios escolares, pois não existe preparo e
investimento na formação do profissional que atua em sala de aula com esses alunos,
sendo necessário um trabalho que se adapte ou se integre aos sistemas de saúde e
educação já existentes (CARVALHO, 1964).
O professor do Centro de Reeducação Visual que faz o Serviço Itinerante pode
contribuir para minimizar tais dificuldades. A atuação deste profissional na inclusão do
aluno com visão subnormal requer uma formação continuada sobre planejamento
sistematizado do trabalho e estudos sobre a fundamentação histórica cultural (da
segregação à inclusão) e legal da inclusão, aspectos biológicos e principalmente,
aspectos sócio-pedagógicos. Um manual de orientação de atendimento seria útil para
legitimar a inclusão escolar e, consequentemente, a social.
Apenas matricular um aluno com deficiência em uma classe comum, não é
educação inclusiva, sendo necessário integrar na prática pedagógica tanto a
compreensão dos processos gerais de desenvolvimento como as especificidades que a
deficiência visual implica.
Neste artigo, descreve-se e discute-se uma proposta de capacitação dos
professores de reeducação visual, responsáveis pelo serviço itinerante, reduzindo as
lacunas na formação dos docentes, tendo como meta principal oferecer subsídios no
sentido de ampliar o conhecimento dos professores quanto às atitudes cotidianas das
práticas de sala de aula com os alunos com baixa visão, objetivando o processo de
inclusão e sucesso socioeducacional dessas pessoas por intermédio do serviço itinerante.
3. Métodos
A capacitação proposta transcorreu em oito encontros compostos de palestras,
dinâmicas de grupo e a presença de profissionais da saúde e da educação.
Com encontros semanais de quatro horas com vinte professores da reeducação
visual que fazem o trabalho itinerante dos alunos, foram desenvolvidos conteúdos que
englobavam: a história cultural do deficiente e da Reeducação Visual e aspectos
fisiológico, cognitivo e sócio-pedagógico da pessoa com deficiência visual. Também foram
apresentadas as tecnologias assistivas aplicadas que contribuem para a aprendizagem do
aluno com baixa visão, a fim de que os professores da Reeducação Visual ao atuarem no
Serviço Itinerante possam descrever aos professores das escolas regulares onde os
alunos com baixa visão estão inclusos as tecnologias assistivas necessárias ao acesso
aos conteúdos em igualdade de condições aos demais alunos.
No último encontro, foi aplicada aos professores participantes a avaliação inclusiva
onde puderam constatar avanços para a sua prática profissional.
Os conteúdos abordados e a metodologia empregada são descritos na sequência.
1º Encontro – Apresentação do Tema
O primeiro momento da capacitação constou de esclarecimentos sobre as
propostas e reflexões do tema e a justificativa sobre a escolha dele. Foi estabelecida uma
linha de contato inicial, o preenchimento das fichas de inscrição e freqüência e o
conhecimento das expectativas dos professores participantes.
2º Encontro – Fundamentação histórico-cultural da pessoa com deficiência e pressupostos históricos da Reeducação Visual
Nesse encontro, discorreu-se sobre o deficiente na Antiguidade (extermínio), na
Idade Média (segregação), na idade moderna (institucionalização) e na idade
contemporânea (suporte – inclusão).
Sobre os pressupostos históricos da Reeducação Visual, enfatizou-se a data do
início desse programa no Brasil e as principais pessoas envolvidas nesse trabalho com
suas características peculiares.
Foram citados, ainda, autores como Eleonora Faye, Goldstein, Natália Barraga,
entre outros, que são defensores da utilização da visão funcional independente da
acuidade visual e exercícios que estimulam a visão central e periférica. Mesmo que o
aluno com baixa visão progrida lentamente, o importante é que ele possa estar usando ao
máximo a sua visão residual.
3º Encontro – Legislação sobre a inclusão – Direitos Educacionais
A Inclusão não se faz apenas com leis, resoluções, decretos ou normas, mas elas
garantem o acesso de oportunidades iguais. No quadro 1, listam-se as principais
regulamentações sobre inclusão.
Quadro 1. Evolução histórica das regulamentações sobre inclusão
Ano Legislação Tema
1948 Declaração Universal dos
Direitos Humanos
Diretrizes para a Educação Especial na
Educação Básica
1989 Constituição do Estado
do Paraná
Garantia de igualdade de condições
para as pessoas com deficiência
1990 Lei nº8069. Estatuto da Criança e do Adolescente.
1996 Lei Federal nº9394 Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional - LDBEN
2001 Plano Nacional de
Educação
27 objetivos e metas a para a
educação das pessoas com
necessidades educacionais especiais
2007 Decreto nº 6094 Plano de Metas e Compromisso Todos
pela Educação
2008 PNEE na perspectiva da
Educação Inclusiva
Reitera a Convenção sobre os direitos
da pessoa com deficiência aprovada
pela ONU
2008 Decreto 6571 Atendimento Educacional
Especializado complementar ou
suplementar
2009 Resolução nº4 Alunos com deficiência – ensino
regular e atendimento educacional
especializado
O Brasil está entre os países que possuem a legislação mais moderna em relação
às pessoas com deficiência, muito embora o tema ainda seja tratado de forma insuficiente
pelas autoridades. Há a necessidade da aceitação da diversidade na vida em sociedade.
A Legislação nem sempre é obedecida e a aceitação à diversidade encontra inúmeros
obstáculos.
4º Encontro – A Deficiência Visual em seus aspectos fisiológico, cognitivo e sócio-pedagógico
Segundo Barraga (1978), a deficiência visual é uma limitação ou perda de uma ou
mais funções básicas do olho e do sistema visual. Os parâmetros mais considerados são
a acuidade visual e o campo visual.
Os distúrbios acarretados pela perda e/ou limitação na visão central referem-se aos
da acuidade visual; já os acarretados pela perda e/ou limitação periférica estão
relacionados ao campo visual. Tais dados estão estritamente ligados aos fatores de
ordem quantitativa.
Os distúrbios funcionais da visão são a defasagens existentes entre a qualidade e
a quantidade de visão que o indivíduo desempenha.
A relação existente entre os dados qualitativos e quantitativos da visão neste
sentido não coincidem, causando os distúrbios funcionais de visão. As funções visuais
(óptica, perceptiva e viso-motora) são a base do programa seqüencial para que a
capacidade e eficiência visual sejam aprendidas.
As dificuldades sócio-pedagógicas dos alunos com visão subnormal estão
relacionadas ao fato de raramente serem tratados como pessoas que possuem
capacidade limitada para enxergar e, às vezes, são tratadas como cegas e, em outros
momentos, como pessoas visualmente normais relacionando suas dificuldades de
aprendizagem ou sócio-afetivas como problemas em outras áreas como incapacidade
mental ou falta de vontade. Sua identidade fica comprometida, pois não é cego e também
não enxerga como os demais.
Segundo Amiralian, (1997), todo o ser humano tem que sentir-se pertencente a um
grupo e a pessoa com visão subnormal com freqüência fica isolada, pois não pertence ao
grupo dos cegos e nem ao dos videntes. Isto acarreta a desconfiança no ambiente
levando-a ao isolamento e bloqueando sua comunicação.
5º Encontro - A baixa visão e sua implicação no desenvolvimento escolar
Considera-se baixa visão ou visão subnormal a alteração da capacidade funcional
da visão decorrente de inúmeros fatores isolados ou associados, tais como: baixa
acuidade significativa, redução importante do campo visual, dificuldades de adaptação à
luz e ao escuro e para a percepção de cores, alterações corticais e/ou de sensibilidade
aos contrastes que interferem ou limitam o desempenho individual da pessoa.
Para CARVALHO (1992, p. 13):
“Visão subnormal (VSN) é uma perda severa de visão que não pode ser corrigida por tratamento clínico ou
cirúrgico nem com óculos convencionais. Também pode ser descrita como qualquer grau de
enfraquecimento visual que cause incapacidade funcional e diminua o desempenho visual. No entanto, a
capacidade funcional não está relacionada apenas aos fatores visuais, mas também às reações das
pessoas à perda visual e aos fatores ambientais que interferem no desempenho.”
O Conselho Internacional para a Educação de Pessoas com Deficiência Visual
(C.I.E.V.I.) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) reuniram-se para discutir o
atendimento das crianças com baixa visão no mundo e elaboraram uma nova definição
incluindo a avaliação educacional e clínica. O desempenho visual é mais um processo
funcional do que simples expressão numérica de acuidade visual.
Foi proposta, então, a seguinte definição para baixa visão:
- comprometimento do funcionamento visual em ambos os olhos, mesmo após tratamento
e/ou correção de erros refracionais comuns;
- acuidade visual inferior a 0,3 até percepção de luz;
- campo visual inferior a 10° do seu ponto de fixação;
- capacidade potencial de utilização de visão para o planejamento e execução de tarefas.
A avaliação clínica realizada pelo médico oftalmologista consta de: diagnóstico e
prognóstico, acuidade visual para perto e longe, avaliação do campo visual e prescrição e
orientação de recursos ópticos especiais.
A avaliação funcional, realizada pelo professor especialista na área da deficiência
visual é a observação do desempenho visual do aluno em todas as atividades diárias,
desde como se orienta e locomove-se no espaço, alimenta-se, brinca, até como usa a
visão para a realização de tarefas escolares ou práticas. Revela dados qualitativos de
observação informal sobre o nível de desenvolvimento do aluno; o uso funcional da visão
residual para atividades educacionais, de vida diária, orientação e mobilidade;
necessidade de adaptação à luz e aos contrastes; treinamento de recursos ópticos, não
ópticos e equipamentos de tecnologia avançada, indicados pelos oftalmologistas.
O professor especializado fará o trabalho itinerante junto às escolas regulares
transmitindo essas avaliações. Há alunos que necessitam de aumento de contraste, de
ampliação de materiais, aumento ou controle da iluminação para definir imagens, cenas e
cores, decodificar letras, copiar e ler. Com as adaptações dos recursos ópticos e/ou
materiais, as dificuldades visuais serão minimizadas contribuindo para o acesso e
permanência do aluno com baixa visão incluso no ensino regular.
6º Encontro - Tecnologias assistivas aplicadas que contribuem para o desenvolvimento escolar do aluno com baixa visão
Muitos indivíduos com baixa visão severa ou moderada poderão ser beneficiados
da ajuda de recursos ópticos específicos, para perto ou longe, como uma forma de
facilitar o processo de ensino e aprendizagem.
Os recursos ópticos são dispositivos prescritos por um especialista (médico
oftalmologista) e possuem uma ou mais lentes, que se antepõem entre o olho e o objeto,
para aumentar ou ajustar a imagem visual.
Os Auxílios Ópticos para perto corrigem ametropias e possibilitam um aumento
do objeto a ser visto e são utilizados, muitas vezes, mais de um auxílio juntos.
Os Auxílios Ópticos para longe visam melhorar a visão à distância por meio da
correção de alterações ópticas e/ou aumento de tamanho do objeto a ser visto.
Recursos não Ópticos são aqueles que melhoram a função visual sem o auxílio
de lente. São utilizados como complementos dos auxílios ópticos ou, em alguns casos,
podem substituí-los.
A capacidade de enxergar depende basicamente do tamanho do objeto, da
quantidade de luz ambiental e do contraste do objeto com o fundo. Desse modo, além dos
recursos tecnológicos, são necessárias medidas de adequação curricular, metodologia de
ensino-aprendizagem e no ambiente.
As adequações dos conteúdos curriculares e dos métodos de ensino requerem mudanças de objetivos, do processo de avaliação e didático-pedagógicas. O
aluno com baixa visão pode atingir os objetivos comuns ao grupo em um período de
tempo maior ou com atividades complementares individuais. A aprendizagem cooperativa
é importante para ele. O professor deverá organizar as tarefas escolares permitindo
momentos de descanso ocular.
As adequações na sala de aula requerem, normalmente, o posicionamento em
sala de aula do aluno com baixa visão na primeira carteira da fila central.
7º Encontro – Orientações práticas para o trabalho itinerante
Algumas situações do cotidiano do professor reeducador visual compromete o
sucesso escolar do aluno com baixa visão. As orientações descritas, entre outras,
contribuirão para que a inclusão ocorra efetivamente: modificações ambientais,
melhorando a função visual através do controle da iluminação, da transmissão e da
reflexão da luz e do aumento de contraste, ampliação da imagem através de impressos
ampliados, de sistemas de ampliação de vídeo e dos computadores, utilização de
acessórios para melhorar o conforto físico e o desempenho das tarefas do dia a dia.
Foram citadas algumas sugestões para serem transmitidas aos professores do ensino
comum para melhor incluir o aluno com baixa visão, referentes aos sinais de alerta, para
que o professor encaminhe os alunos ao oftalmologista, dentre elas:
tonturas, náuseas e dor de cabeça;
sensibilidade excessiva à luz (fotofobia);
visão dupla e embaçada;
dor nos olhos;
levantar da carteira para enxergar no quadro;
dificuldade para discriminar e parear cores;
inclinar a cabeça para um dos lados durante a leitura;
apertar e esfregar os olhos;
irritação nos olhos após esforço visual;
estrabismo;
nistagmo (tremor nos olhos);
franzimento da testa ou piscar contínuo, para fixar perto ou longe;
dificuldade para seguimento de objeto;
quedas freqüentes ou tropeços nos objetos ao redor;
desatenção ou falta de interesse;
inquietação e irritabilidade;
dificuldade para leitura e escrita;
aproximação excessiva para ler;
postura inadequada.
O professor do ensino regular ao perceber em algum aluno um ou mais dos sinais
de alerta citados deverá encaminhá-lo ao oftalmologista, apesar da maioria dos casos
serem apenas erros de refração (ametropias), corrigidos com o uso de óculos.
Os alunos com baixa visão, porém, necessitam de outros recursos e considerações
que facilitem sua integração e rendimento em sala de aula, como a seguir:
1 - a aceitação, compreensão sobre a doença e como afeta sua visão, e a flexibilidade do
professor em relação à limitação do aluno com baixa visão são importantes para a
integração do mesmo na escola;
2 - explicar sobre a melhor posição para o aluno com baixa visão em sala de aula:
normalmente, é a primeira carteira da fila central, mas se for cego ou enxergue menos
com um dos olhos, deverá sentar-se mais à direita ou à esquerda;
3 - caso use telescópio, mostrar aos professores como é sua visão com o aparelho e
explicar que necessita sentar-se a uma distância fixa da lousa (cerca de 2 m);
4 - o quadro deve ser escuro o suficiente para permitir bom contraste com o giz e estar
sempre bem limpo e o giz utilizado deve ser branco ou amarelo;
5 - o professor deverá usar o centro do quadro, espaçar as palavras e linhas, durante
demonstrações, sendo necessário algumas vezes explicar individualmente no caderno do
aluno;
6 - ler pausadamente o que estiver escrevendo na lousa, para que o aluno escreva como
se fosse um ditado ou permitir que um colega dite em voz baixa para ele;
7 - deixar que ele levante-se da carteira para copiar do quadro;
8 - o material usado deve ter cores fortes e contrastantes para estimular a visão residual
do aluno;
9 - usar cadernos com pautas mais escuras (preto) ou reforçar as linhas com caneta preta
ponta porosa. O lápis deve ser preto nº 1 ou 6;
10 - sugerir ao professor que quando dirigir-se ao aluno com baixa visão, expresse-se
sempre verbalmente e chame-o pelo nome pois ele não consegue ver expressões de
aprovação, sorriso, solicitação de participação ou outras.;
11 - quando houver mudanças mobiliárias, o professor deverá falar para o aluno com
baixa visão;
12 - sempre que possível, ele deverá fazer as atividades sozinho, mas é fundamental a
colaboração dos colegas. Ele deverá ser encorajado a oferecer e aceitar a ajuda dos
demais alunos;
13 - explicar sobre as adaptações dos materiais necessários para a adaptação do aluno
com baixa visão: - melhor tipo de fonte, tamanho, espaço entre letras e linhas e contraste
adequado para ele; este material deverá ser elaborado com antecedência para ele
participar das atividades propostas em igualdade de condições com os demais colegas;
14 - a iluminação na sala de aula não pode causar ofuscamento e deve permitir a melhor
eficiência visual possível;
15 - a prática de atividades físicas bem orientadas é fundamental para um bom
desenvolvimento e crescimento do aluno;
16 - as atividades em grupo devem ser estimuladas, assim todos aprendem com a
diversidade;
17 - adequações dos conteúdos, currículos, métodos de ensino e mudanças de objetivos
e no processo de avaliação podem fazer-se necessárias;
18 - atividades complementares individuais contribuirão para o sucesso escolar do aluno
com baixa visão;
19 – o professor deverá organizar as tarefas escolares permitindo momentos de descanso
ocular;
20 - se o professor da escola comum apresentar alguma resistência a oferecer as
adaptações necessárias para o aluno com baixa visão e esclarecer sobre os aspectos
legais da educação inclusiva.
8º Encontro – Recomendações aos professores e avaliação inclusiva do programa
Segundo Vigotski, é fundamental compensar as deficiências naturais com a criação
da necessidade de utilizarem novos e diferentes meios externos, de mediadores
específicos utilizando recursos e métodos especiais que busquem a superação da
deficiência.
É necessário que o professor descubra talentos em todos os alunos,
individualmente, partindo do pressuposto de que ninguém é tão severamente prejudicado
que não possua uma habilidade; desta forma, todos podem aprender.
Posteriormente ao desenvolvimento da capacitação, os professores participantes
avaliaram o curso e ponderaram sobre o que mudar e manter em sua prática profissional,
a partir das questões propostas:
1 - APRENDI QUE _______________________________________________
2 - ACREDITO QUE ______________________________________________
3 - TRABALHO __________________________________________________
4 - APONTE AVANÇOS. O QUE VOCÊ PASSOU A COMPREENDER?______
5 - O QUE MANTER EM SUA PRÁTICA PROFISSIONAL? _______________
4. Resultados
Todos os vinte professores participantes da capacitação contribuíram com trocas
de experiências sobre suas práticas, enriquecendo os encontros.
Os vinte concluíram os encontros e nas respostas colocadas na avaliação inclusiva
foram unânimes em observar que algumas mudanças realizariam. Alguns mais outros
menos, mas todos responderam positivamente.
Assim, verificou-se a necessidade da capacitação para que eles, ao fazerem o
trabalho itinerante, tenham subsídios suficientes para esclarecer às escolas onde os
alunos com baixa visão do Centro de Reeducação Visual estão inclusos, sobre as
necessidades especiais necessárias, para que, em igualdade de condições aos demais
alunos, tenham acesso aos conteúdos e possam aprender.
4. Discussão
No livro “Deficiência Visual na Escola Inclusiva” de Carlos Fernando Mosquera
(2010), são apresentadas sugestões para professores do ensino regular que trabalham
com alunos com baixa visão. Dentre elas, algumas não constam do presente trabalho
como manter o conteúdo programático inalterado e mudar o tempo de aplicação, a
divulgação do material aumentativo aos pais do aluno que tiver necessidade dele, o
professor deverá ser claro e direto em suas explicações, entre outras.
As sugestões que constam das orientações práticas ao serviço itinerante
enumeradas no sétimo encontro do presente trabalho, poderiam ser complementadas
com as do Professor Carlos Fernando Mosquera.
Sobre a organização das tarefas escolares permitindo o descanso ocular, a
iluminação da sala, a aceitação e compreensão da deficiência por parte do professor
promovendo mais atividades em grupo fazendo com que a diversidade seja aceita
também pelos colegas são alguns dos itens constantes tanto do presente trabalho como
do Professor Mosquera, porém tratados com maior ênfase nesse artigo.
5. Conclusão
O objetivo do presente trabalho foi atingido, pois a avaliação inclusiva realizada
pelos professores participantes demonstrou o quanto aprenderam e como projetaram
mudanças em suas práticas no serviço itinerante.
Já durante a implementação do projeto, os professores concordaram sobre a
importância desse Programa de Capacitação para o Professor Itinerante da Reeducação
Visual, pois não possuíam conhecimentos suficientes para realizar tal trabalho.
A necessidade de um Serviço Itinerante de qualidade para o sucesso escolar do
aluno com baixa visão é indiscutivelmente necessária.
As adequações dos conteúdos, currículos, métodos de ensino e mudanças de
objetivos e no processo de avaliação quando necessário é um direito do aluno com baixa
visão. O professor durante o trabalho itinerante, após essa capacitação, estará mais
seguro para transmitir tais necessidades às escolas regulares, sendo atingido, assim, o
principal objetivo desse trabalho.
O presente trabalho trouxe a certeza que todos os vinte professores que
concluíram a capacitação tem condições de realizar um trabalho itinerante de qualidade.
Conclui-se, então, que o Programa de Capacitação para o Professor Itinerante da
Reeducação Visual elaborado com o objetivo principal de capacitar os professores do
Centro de Reeducação Visual no CRAID deve ser divulgado a todos os professores que
trabalham com alunos com baixa visão e fazem o Serviço itinerante, pois as escolas
regulares necessitam da parceria com a escola especial.
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