ISABEL DIVINA MARTINS SOUTO
AS ATIVIDADES DO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO COMO MEIO DE
INCLUSÃO SOCIAL
UNAÍ –MG
2007
ii
ISABEL DIVINA MARTINS SOUTO
AS ATIVIDADES DO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO COMO MEIO
DE INCLUSÃO SOCIAL
Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar. Orientador:
MARCELO DE BRITO
Unaí-MG
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Isabel Divina Martins Souto
Tema do trabalho: As Atividades do Programa Segundo Tempo como meio de Inclusão Social.
Unaí –MG, 02 de Julho de 2007.
Nº de páginas - 22 páginas
TCC (Especialização) – Universidade de Brasília. Centro de Ensino a Distância, 2007.
1. Inclusão 2. Transformação 3. Realidade
iv
ISABEL DIVINA MARTINS SOUTO
AS ATIVIDADES DO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO COMO MEIO
DE INCLUSÃO SOCIAL. Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar pela Comissão formada pelos professores:
Presidente: Professor Mestre Marcelo de Brito
Universidade de Brasília.
Membro: Professor Mestre Márcia Lucindo Lages Amorim
..
Unaí(MG), 02 de maio de 2007.
v
A Deus, fonte de vida. A minha irmã Maria das Graças, pelo incentivo e carinho constantes. Aos professores tutores dos módulos da especialização Sergio Avelino, e do TCC Marcelo de Brito pela paciência e incentivo.
vi
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a todos aqueles que, direta ou indiretamente contribuíram para a
elaboração desta monografia e, de modo especial ao professores Sergio Avelino e Marcelo de
Brito, pelo incentivo constante e pela orientação.
.
vii
“O meu corpo não é alguma coisa que eu tenho. Não é um objeto que eu possuo. Pelo contrário, eu não tenho um corpo, eu sou meu corpo”.
Merleau-Ponty
viii
RESUMO
O relato apresentado nas páginas seguintes derivou da observação do trabalho realizado durante a
execução do Projeto Segundo Tempo na Escola Municipal Professora Glória Moreira , município
de Unaí Minas Gerais, cujo tema “As atividades do Programa Segundo Tempo como meio de
inclusão social,” mostrou a realidade vivida durante a implantação e desenvolvimento do Projeto
e será utilizado como trabalho de conclusão do curso de especialização em esporte escolar.
Palavras chaves: Inclusão, Transformação, Realidade .
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10 2 LEITURA DA REALIDADE ..................................................................................... 11 3 LEITURA DA REALIDADE ESPECÍFICA ............................................................ 14 4 ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS OBSERVADOS NO PST
NA LOCALIDADE ............................................................................................... 17 5 ANÁLISES, CRÍTICAS E SUGESTÕES ................................................................... 18 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS (OU CONCLUSÃO) .................................................. 21 7 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 24
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1-INTRODUÇÃO
O Programa Segundo Tempo-PST, criado em 2003 atendendo às diretrizes
governamentais, visando o desenvolvimento humano através da interação com esporte, busca
oferecer subsídios aos educadores para que essas metas sejam alcançadas e possam
desencadear, através da atividade esportiva orientada, transformações da realidade. O
Programa objetiva atender crianças e adolescentes no tempo em que esses estão fora da escola
numa perspectiva de educação continuada, contribuindo para a minimização do caos social e
elevando a qualidade de vida dos envolvidos. Nessa ótica, o objetivo deste estudo é avaliar a
realidade do Programa Segundo Tempo-PST nas cidades de Cabeceira Grande/ Unai, onde
tivemos a oportunidade de compor a equipe que organizou sua implantação, acompanhou as
atividades propostas e vivenciou as experiências idealizadas pelo Programa. Num contexto
um tanto quanto inexplorado, pois as ações propostas pelo Programa são inovadoras, tendo
em vista que não havia sido trabalhado nenhum projeto na cidade, anterior ao PST,
objetivando o trabalho com os jovens em horário extra aula, introduzindo atividades de
interesse comum e permitindo o despertar para a prática esportiva salutar e a formação do
cidadão pleno.
Minha atuação no PST foi como coordenadora uma equipe de monitores. O Programa
ofereceu aos coordenadores que possuíam o curso de Pedagogia ou Educação Física, um
curso de Especialização em Esporte Escolar orientado por uma proposta pedagógica
inovadora.
Sob a influência desse contexto, apresentarei o relato de experiência vivenciado
durante o tempo em que estive em contato com os monitores e alunos do Programa Segundo
Tempo em Cabeceira Grande – Unaí/MG.
Na leitura do trabalho pode se ter o conhecimento das atividades realizadas pela
equipe do PST, como se deu o primeiro contato com alunos, monitores, coordenadores e
escola, sua implantação e andamento das ações propostas, planejamento e realização das
atividades passo a passo. Os temas são apresentados seqüencialmente, objetivando apontar ao
leitor os caminhos que levaram à realização deste trabalho nos municípios citados e deixar
claro que ações como as do PST podem fazer a diferença para muitos jovens em situação de
risco.
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2-LEITURA DA REALIDADE
De acordo com o Atlas Escolar Histórico e Geográfico do Município de Unai - 2003,
Unaí situa-se na região noroeste de Minas Gerais, ocupando um a área de 8.438 Km2 de
extensão territorial, com a população de 70.033 habitantes de acordo com o senso de 2000, o
equivalente a 830 habitantes por Km2, com uma taxa anual de crescimento de 1.246 hab. por
ano. A topografia de Unaí é plana pertencendo a bacia hidrográfica do rio São Francisco,
possuindo ótimos recursos hídricos. O município é privilegiado em relação à sua localização,
por estar inserido numa rede urbana formada por prósperas cidades, estando a 170 km de
Brasília (capital federal) a 600 km de Belo Horizonte (capital do estado), 350 km de Goiânia
e a 100 km de Paracatu, interligadas pelas rodovias BR 040, BR 251, MG 188 e MG 121. O
projeto segundo tempo foi desenvolvido na sede do município, devido os povoados e
localidades onde também têm escolas pólo não haver condições, pela distancia entre a
residência das crianças e as escolas, também por dependerem do transporte escolar, tornando
difícil o retorno à escola extra horário.
A escola Professora Gloria Moreira, a qual assisti para fazer o relato de experiência,
localiza-se no bairro próximo ao centro, é uma escola de tamanho médio e não possui quadra
própria , o projeto foi desenvolvido em uma quadra comunitária, com boas condições.
O município tem hoje um lugar de destaque no setor agropecuário da região noroeste
de Minas Gerais, as referências agrícolas concentram-se no cultivo de grãos, são cultivados
cerca de 130 mil hectares de lavouras, anualmente, com projeção de 256 mil hectares em
médio tempo, atualmente outras culturas têm se destacado, como o algodão, o trigo e o sorgo-
safrinha, o café é a mais nova cultura explorada no município, o perfil tecnológico da
produção agrícola de Unaí é comparável aos maiores do mundo.
A pecuária representa um dos alicerces da economia municipal, a criação do gado
bovino alcança 291.800 cabeças para produção de carne (10.000 toneladas/ano, dentro do PST
a economia de Unaí pode contribuir através de parceria com agricultores e cooperativas para o
enriquecimento do lanche oferecido para os alunos do programa e matéria prima para
trabalhar a ‘arte’ como ex; artesanato.
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A cultura de Unaí é muito diversificada, constituindo-se em uma cidade nova, cuja
população é composta por migrantes. O que se destaca na cultura Unaiense são as folias,
catiras e festas culturais e religiosas.
No PST foi trabalhada a história da folia e da catira como uma maneira de resgate da
cultura e inclusão social. Na pratica, ensinamos os passos da catira, trabalhando também
coordenação motora, lateralidade, domínio do espaço e dos movimentos típicos da dança.
A cidade tem pouca estrutura para o esporte, existem poucas quadras comunitárias e
em geral, em estado de má conservação. Nem todas as escolas têm quadra própria e as que
têm, as quadras não são cobertas e o piso não corresponde as necessidades do esporte. A
sociedade vem sendo trabalhada através das escolas e associações para conservação do
patrimônio público, mas esse processo é lento e ainda acontece muita destruição.
Na escola Professora Gloria Moreira onde se desenvolveu o PST e foi assistida por
mim, não tem quadra própria mas pôde contar com o apoio da associação do bairro cedendo a
quadra para o desenvolvimento das atividades. A quadra tem o espaço físico em ótimo estado
e serve como exemplo de conservação para outras associações de bairro.
O PST em nosso município iniciou-se através de um convênio firmado entre o
município de Unaí e o Ministério do Esporte Governo Federal através da AMAB (Associação
dos Municípios Adjacentes de Brasília).
O intuito, embora não exclusivo, era o de ocupar o tempo das crianças e jovens, fora
do horário escolar, através da pratica atividades esportivas como: atletismo, basquete, natação,
voleibol e outros.
A iniciativa contemplaria também a inclusão social, visto que, em primeiro momento o
projeto seria desenvolvido nos bairros onde incidência de risco social, para as crianças, fosse
maior. Os bairros escolhidos foram ,bairro Canaã, Primavera e Canabrava, são bairros fora do
centro da cidade porém nem todos bairros carentes, o bairro mais carente é o Canaã, o índice
de desemprego é grande, tornando assim a renda bairro baixa, algumas famílias
desestruturadas, e as condições para atividades esportivas precárias,é o bairro de maior
incidência social, o bairro Canabrava é um bairro bom, com moradores de classe social
média, e tem um estrutura boa para o esporte, o bairro Primavera é um bairro novo que está se
estruturando, tem um Escola boa e um quadra de esporte bem estruturada, a escolha foi
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coerente não havendo nenhuma proteção, também ressalvando que no PST, havia algumas
exigências para as escolas se escrevessem, ex: ter acima de 500 alunos, quadra de esporte
adequada, pessoal de apoio extra horário, faixa etária exigida pelo programa.
Todo o pessoal da escola se preparou com muita disposição e interesse pelo programa,
visto que através dele também seria trabalhado o compromisso do atleta para com a escola,
visava melhoria do aluno em todos os aspectos como na disciplina escolar , no zelo pelo bem
publico, e o melhor o compromisso de freqüência do aluno na escola , pois um dos quesitos
para a participação no programa séria está matriculado e freqüente.
Para que o Projeto se iniciasse, foi feito um planejamento para as atividades.
Reuniram-se coordenadores, monitores, direção e especialistas das escolas em que seriam
desenvolvidas as aulas.
No Projeto Político Pedagógico do nosso convênio, estava incluso o fornecimento de
uniformes, bolas, rede, enfim todo o material necessário ao desenvolvimento do projeto, e
também lanche para os participantes por parte do Ministério do Esporte. Os professores e
monitores, conforme proposta do ME, receberiam capacitação para atuar de acordo com a
proposta pedagógica do PST e estes últimos seriam remunerados com uma bolsa para cumprir
uma carga horária semanal no contra turno das aulas regulares.
O curso de especialização foi ofertado para coordenadores e cursos de extensão para
os monitores. O programa exigiu uma contra partida o município. Que entrou com o pessoal
de apoio, (cantineiras, porteiros etc.) o espaço físico, e a coordenação do projeto.
Tudo foi realizado de acordo com o previsto pelo ME e pelos coordenadores
instrutores da AMAB(Associação dos Municípios adjacentes de Brasília).
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3-LEITURA DA REALIDADE ESPECÍFICA
Comecei no PST no ano de 2004 na cidade de Cabeceira Grande a 50Km de Unaí.
Trabalhava na Secretaria de Educação como Diretora do Departamento Pedagógico, motivo
pelo qual fui indicada para coordenar o Programa na cidade.
Em primeiro momento uma equipe formada pelo Prefeito, Secretária de Educação e
eu, estivemos em Brasília DF, especificamente na AMAB (Associação dos Municípios
Adjacentes de Brasília) para assinar o convênio e ter conhecimento de como seria
desenvolvido o PST.
Neste convenio ficou firmado a responsabilidade de cada parte integrante, o
Ministério do Esporte, ficaria com a responsabilidade por todo o material esportivo, pelas
capacitações dos monitores e coordenadores, pela verba do lanche que seria servido para os
alunos e pagamento dos monitores.
Todos esses benefícios seriam coordenados pela AMAB, em contra partida o
município ficaria responsável, pela seleção dos monitores, organização do espaço físico onde
seria desenvolvido o programa, organização do pessoal de apoio, compras e distribuição do
lanche, a prestação de contas junto a AMAB, transporte para os cursos e visitas oferecidos
pelo programa.
Meu primeiro passo como coordenadora do projeto foi a seleção dos monitores. Esta
foi feita através de edital fixado na faculdade de educação física local. Os pleiteantes às vagas
de monitores,deveriam ser estudantes de educação física ou professores já habilitados,
segundo edital modelo que nos foi passado pelo programa. A coordenação seria exercida por
um pedagogo formado. Esse foi um dos motivos que fui indicada para coordenação.
Tivemos vários inscritos, mas quando fomos selecionando, não houve grande
interesse, devido a bolsa ser pequena e haver a necessidade de deslocamento da cidade onde
estudavam.
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A seleção foi realizada observando os pré-requisitos orientados pelo programa e
estabelecidos no edital. Os monitores foram selecionados e iniciaram-se os trabalhos.
Primeiro com as reuniões de planejamento para explanação e conhecimento das propostas do
PST, pois já estava previsto o primeiro encontro para abertura das atividades em Valparaiso-
GO para o desenvolvimento do programa.
Após a abertura oficial do PST, o primeiro passo foi o preparo do espaço físico que
necessitava de vários reparos estruturais. As instalações receberam uma série de pequenos
reparos para facilitar o bom andamento do programa.
Reunimo-nos com a diretora, o supervisor e as cantineiras para acertar qual seria a
contribuição da escola para o desenvolvimento das atividades e esclarecer qual a importância
de todos no programa.
A diretora que anteriormente havia se encarregado de realizar o levantamento da
clientela a ser atendida pelo PST, nos passou o numero de alunos respeitando a faixa etária
exigida pelo programa. Os critérios para seleção dos alunos foram:
• Estar matriculados no ensino fundamental na escola onde desenvolveria o
programa
• Estar na faixa etária entre 10 a 14 anos
• Ser morador na zona urbana
• Estar autorizado pelos país ou responsável para participar do Programa.
A escolha atuou de forma transparente, ficando fora do programa os alunos que não
preenchiam os critérios estabelecidos. Não houve favorecimento para inclusão dos alunos no
Programa, tendo em vista que foram observados todos os critérios estabelecidos.
Começamos, de acordo com a proposta de convênio e as sugestões do Ministério do
Esporte, atendendo 200 alunos por núcleo, divididos em quatro turmas.
Cada monitor ficou responsável por 2 turmas de 50 alunos, e cada núcleo era
composto por 02 monitores e um coordenador.
Semanalmente o coordenador de núcleo tinha reunião com os monitores para
planejamento e repasse do andamento do programa. As tarefas foram determinadas através de
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reuniões do coordenador geral do programa indicado pela AMAB, para orientar os
coordenadores dos municípios, os coordenadores geral do município fazia reunião mensal do
o professor coordenador do núcleo que fazia reuniões semanais com os monitores. Durante
todo tempo de execução do programa as reuniões e planejamentos aconteceram como foram
determinadas, inclusive algumas assistidas pelo coordenador da AMAB, os monitores
gostaram muito do programa , houve uma pequena resistência somente na fase de seleção por
acharem a bolsa pequena diante de tamanha responsabilidade.
A escola Joaquim de Mendonça onde foi desenvolvido o programa era fora da sede do
município. Essa instituição foi escolhida porque o programa exigia que a escola tivesse mais
de 500 alunos e quadra de esporte. No município de Cabeceira Grande –MG o programa foi
desenvolvido somente nesta escola, pois a outra do Município não tinha mais de 500 alunos e
nem quadra de esporte. A escola tem uma estrutura física boa, e foi adequada para atender o
programa.
As atividades desenvolvidas foram vôlei, handebol, tênis de mesa, queimada, futebol
de salão.
Durante o tempo em que atuei no PST, participei de três encontros de capacitação de
professores. Dois em Brasília e um em Valparaíso. Um deles foi a abertura oficial do
programa e contou inclusive com a presença do então Ministro do Esporte, Agnelo Queiroz.
Como coordenadora geral do programa, assumi a função de administrar à
alimentação, os pagamentos de monitores, a organização das viagens, de se reunir com o
coordenador de núcleo mensalmente para avaliar o desenvolvimento do programa. A parte
burocrática e pedagógica de cada núcleo era de responsabilidade do coordenador de núcleo.
No final de 2005, o PST parou na cidade de Cabeceira Grande o que me conduziu a
atuar na cidade de Unaí.
Contudo, o Programa também parou em Unaí. Naquela ocasião, estávamos estudando
o terceiro módulo do curso de capacitação. Em virtude dessa situação, inesperada, procurei os
professores que atuaram no programa na escola Professora Gloria Moreira com o intuito de
continuar as atividades do curso e realizar a monografia e teria que haver um núcleo como
referencia.
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Na seqüência relatarei as observações adquiridas na Escola Municipal Gloria Moreira
em Unaí-MG.
A Escola Professora Glória Moreira, atende o bairro Canabrava e os bairros de sua
proximidade, aproximadamente 700 alunos da rede municipal, é uma escola com boa
estrutura física necessitando de reforma, não tem quadra de esporte, mas desenvolve suas
atividades físicas na quadra comunitária do bairro, a quadra é boa e bem conservada.
Os trabalhos foram organizados pelos coordenadores de área e monitores com apoio
da direção e funcionários da escola, as turmas foram dividas em grupos de 50 alunos por
monitores perfazendo um total 300 alunos atendidos por 06 monitores
A metodologia dos trabalhos enfocou em primeiro plano a inclusão social, através de
palestras educativas levando ao entendimentos dos nossos alunos da valorização das
diferenças entre si e da importância do trabalho em equipe.
As aulas práticas, caracterizavam-se por atividades de passatempo (recreação e
brinquedos) que incentivavam o desenvolvimento do raciocínio e a importância da inclusão
de todos em todas as atividades propostas.
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4- UMA AVALIAÇÃO DO PST EM UNAÍ.
O Programa Segundo Tempo foi desenvolvido no município de Unai de acordo com as
orientações contidas nas diretrizes do Ministério, no entanto, no decorrer de sua implantação e
seu desenvolvimento, evidenciaram-se várias lacunas que não chegaram a influenciar no
resultado da proposta, porém cabem aqui alguns comentários.
Houve atraso na entrega da alimentação. O lanche previsto como obrigação do
Programa não foi oferecido desde que se iniciaram as atividades. Como a clientela era
representada por crianças carentes, essa suplementação era importante como atração e
manutenção das crianças nas atividades.
A qualidade inferior do material esportivo não favoreceu a qualidade das atividades e
tinham pouca durabilidade. Como estragavam rapidamente e havia demora na reposição, as
aulas ficavam prejudicadas.
O montante de uniformes encaminhados, não supriu o número de alunos matriculados,
gerando um desconforto naqueles que não foram contemplados.
A preparação dos monitores através de cursos ficou aquém da necessidade, devido o
programa apresentar uma excelente proposta pedagógica, e um roteiro rico de curso a serem
oferecidos aos monitores, mas na pratica nem todos os cursos foram ministrados.
Ressaltaria que o Programa Segundo Tempo, no quesito estrutural cumpriu sua meta.
Considero de alto nível a qualidade programa didático- pedagógico. Houve o cumprimento
da parte financeira, o oferecimento de oportunidade aos coordenadores e monitores para
realização de cursos.
Constatei, através de relatos dos alunos, o alcance da grande meta de inclusão social,
haja visto que despertou em seus participantes o gosto pelo esporte como alternativa de
mudanças de atitudes e um amplo interesse pelas atividades.
Entretanto, ficou a desmotivação pela não continuação do projeto em nossa cidade.
Entendemos, eu e meus companheiros de trabalho, que os resultados seriam ainda mais
promissores, devido a grande aceitação que houve com a sua implantação caso o PST tivesse
continuado, não sabemos ao certo se foi pela vontade política municipal ou se foi federal.
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5-ANÁLISES, CRÍTICAS E SUGESTÕES (QUE PODEM SER AMPARADOS
EM COLETA DE DADOS).
A análise a ser apresentada neste item transcorrerá através da revisão dos módulos
trabalhados como base teórica durante o curso de especialização em esporte escolar realizado
na cidade de Cabeceira Grande / Unaí.
O tema “esporte, e sociedade” SADI Renato Sampaio...[et al] (2004), evidencia que o
esporte no Brasil, bem como outras disciplinas da área educacional vem tomando novos
rumos, buscando adequar constantes mudanças na sociedade, tentando respeitar a diversidade
cultural do nosso país, sendo o Brasil um país de muitas raças, costumes e ritmos, torna-se
fundamental que se pense em valorizar esse povo, oferecendo-lhes serviços de qualidade,
fomentando garantir a dignidade e que os sujeitos desse processo o entenda como tal, cientes
dos direitos mas, também de seus deveres.
O tema “ Aspectos Antropológicos do Esporte” -Módulo Esporte e Sociedade - SADI
Renato Sampaio...[et al] (2004), Falar de esporte e sociedade de maneira dissociada torna
qualquer tese infundamentada, tomando com referencial os autores citados nos textos, que
tiveram como base de seus estudos o desenvolvimento do homem em sociedade, vemos que
uns observaram o lado a necessidade de se trabalhar o homem na totalidade, ressaltando todos
os aspectos de seu desenvolvimento e a contribuição do esporte para isso. As culturas
arraigadas nos seios da sociedade sempre estiveram presentes nas manifestações esportivas,
praticadas pelo povo que as compunham.
O tema “ Esporte, escola e cidadania”-Módulo Esporte e Sociedade- SADI Renato
Sampaio...[et al.] (2004) , nos trás um nova pedagogia que propõe a ruptura com os padrões
tradicionais de educação, e a construção de uma nova maneira de ver a educação, buscando no
seio da sociedade a qual a escola está inserida um espaço de construção coletiva da “escola
real”, que atenda os anseios da comunidade, não ditando um modelo a ser seguido e sim
buscando alternativas para que realmente se construa a escola do sonho desta comunidade,
aproveitando a sua cultura, sua vivência, suas expectativas para o futuro, enfim, partindo das
partes para o todo e não do todo para as partes.
O tema “ Manifestações dos jogos” ESCOBAR Micheli Ortega[et al] (2005), nos
mostra a estrita relação de modelos de movimento corporais da Grécia antiga com os
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modelos atuais dos jogos olímpicos, que surgiram novas técnicas mas, a identidade do
movimento fundante é essencial e primário. As aulas de Educação Física vêm mudando com o
tempo, a inclusão dentro do esporte, trazendo novos jogos, envolvendo alunos com
necessidades especiais e trabalhando o potencial de cada aluno dentro de sua realidade,
tornando o esporte prazeroso.
O tema “ Manifestações dos esportes”, Universidade de Brasília/CEAD, (2005) p 171,
nos mostra que no processo de formação esportiva trás o alicerce para as várias
manifestações que o esporte proporciona. A iniciação á prática do esporte não deve ser restrita
a alguns esportes, deve-se oportunizar o aluno às várias manifestações do esporte para que
fomente o aprendizado e que este aconteça de forma prazerosa possibilitando o
desenvolvimento das habilidades e competências para formação do cidadão pleno.
Em síntese, ao discorrer todo o programa teórico do curso, pode se concluir a grande
contribuição da associação da teoria à prática. A dissociação entre as duas pode jogar por terra
todo o trabalho de formação que o esporte proporciona. Hoje, felizmente grande parte dos
nossos professores de Educação Física (especificamente Unaí), já possuem curso superior e
observa-se que não estão estagnados. A busca por especializações e cursos de capacitação em
serviço é grande e a inquietação por proporcionar aulas atrativas vem mudando o perfil das
escolas e das atividades realizadas fora dela, através de parcerias para realização de eventos,
onde o esporte é o centro. O Programa Segundo teve sua parcela no incentivo às mudanças e
de como a sociedade de Unaí passou a ver a necessidade de se ocupar o tempo ocioso de
seus jovens com a prática salutar do esporte. Como cita SOLER (2003) p.14 “A Educação
Física pode ser traduzida como educação do corpo, pois é o instrumento de compreensão do
mundo, que possibilita a interação com outros corpos, da identidade pessoal, grupal, enfim de
cidadania”.
À luz da Constituição Federal de1988, devemos: “Compreender que o esporte é uma
política social para todo cidadão”. Nesta perspectiva devemos então analisar que o esporte,
ou melhor, a prática esportiva deve ser direito de todos. Para isso, é necessária a definição de
políticas públicas que democratizem à cultura esportivo-corporal em todos os níveis sociais. A
criação de programas ou projetos que possibilitem o acesso a todos, inclusive àqueles que
vivem em situação de risco, expostos “a uma vida nem sempre bela” é uma premissa que vem
perpassando o discurso de sucessivos governos, contudo na prática, ainda observa-se muitas
contradições e distorções.
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O atual Governo Federal de Luiz Inácio Lula da Silva, que assumiu a condução do
país desde 2002 e agora cumpre o seu segundo mandato (2007-2011) vem, com o intuito de
oferecer a essa camada menos favorecida da população, buscando parcerias através dos
segmentos da sociedade para que a prática do esporte educacional para as crianças e
adolescentes em nosso país seja democratizada em observâcia à premissa constitucional que
assegura a todo cidadão brasileiro o direito a esporte e o lazer.
De acordo com a LDB 9394-96 a formação do cidadão deve ser vista como “formação
plena”, para que esse cidadão seja capaz de interferir ou mudar a sociedade a qual está
inserido, cabendo às escolas e sociedade desenvolver ações que possibilitem a inserção cada
vez maior de todas as crianças e adolescente em ambientes educativos.
As atividades desenvolvidas pelo Programa Segundo Tempo, possibilitam a reflexão a
cerca dos fatores que dificultam a interação pessoal, sua relação com o grupo e a permanência
nele, fomentando assim, o entendimento de que cada cidadão brasileiro pode e deve buscar
alternativas para melhoria da sua qualidade de vida e modificar a realidade da comunidade a
qual esteja inserido.
O incentivo na prática esportiva vem apresentando grande elevação nas últimas
décadas como alternativa em busca da qualidade de vida. Pesquisas mostram freqüentemente
o quanto a prática do esporte produz efeito na saúde das pessoas e lhes proporcionam
mudanças interiores.
Com a popularização do esporte observa-se a crescente busca de alguma prática
esportiva em todos os estratos sociais. As escolas, em muitas localidades usam o incentivo ao
esporte como alternativa pedagógica para a permanência do aluno no ambiente escolar. É fato
que enquanto esse aluno está na escola ou em qualquer ambiente, onde se ocupam da sua
formação, a exposição à violência, drogas e outros malefícios da sociedade moderna é
minimizado.
Hoje em Unaí, mesmo com a descontinuidade do Programa surgiram outros, não tão
complexos e organizados como o Segundo Tempo, mas que vêm suprindo as necessidades de
parte das nossas crianças e jovens que estão sujeitos aos riscos que o ócio propicia.
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6-CONCLUSÃO
O que se pretendeu com a realização deste trabalho não foi esgotar o leque de estudo
acerca da utilização do esporte como meio de inclusão social mas, com certeza servirá como
parâmetro para que outras pessoas possam adentrar no estudo do tema, buscando ainda mais a
contribuição do esporte como inserção da criança e do adolescente à prática de algum esporte.
O Programa Segundo Tempo deu o ponta pé inicial na cidade de Cabeceira Grande/
Unaí, para que começassem a se preocupar em ocupar o horário extra classe de seus jovens,
como busca de alternativa para minimizar a evasão escolar, a violência, drogas e outros que
contribuem para que esse jovem se enverede por caminhos sem muito futuro.
Com o advento do Programa Segundo, embora sem continuidade em nosso município
pôde se evidenciar que o jovem unaiense tem gosto pelo esporte e sente prazer em estar
ocupando seu tempo com atividades lúdicas.
As atividades desenvolvidas pelo Programa Segundo Tempo, possibilitam a reflexão a
cerca dos fatores que dificultam a interação pessoal, sua relação com o grupo e a permanência
nele. Fomentando assim, o entendimento de que cada cidadão brasileiro pode e deve buscar
alternativas para melhoria da sua qualidade de vida e modificar a realidade da comunidade a
qual esteja inserido.
Caracteriza-se a necessidade de ressaltar a importância do desenvolvimento do
programa “Segundo Tempo” no trabalho de inclusão social como um passo decisivo para a
transformação do potencial humano e conseqüentemente de sua realidade.
A formação da consciência do aluno perpassa pela experiência do professor ou
monitor preparado para o trabalho com jovens e adolescentes, acerca de seus conflitos e
questionamentos próprios da idade. Para isso, faz se necessário que torne como meta também
dos profissionais desta área (Professores, pedagogos e outros envolvidos no processo
educacional) um novo olhar pedagógico e busca de alternativas para tornar atrativos os
ambientes onde se pode propiciar a construção de novos hábitos.
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Ficando, portanto, para os coordenadores, professores, monitores que trabalharam e
conheceram o Programa Segundo Tempo, sua filosofia, organização e possibilidades
oferecidas, a frustração de ver que em nosso município onde a semente foi plantada, que essa
planta não pôde germinar. Desconhecemos as causas, todavia há a expectativa do olhar
político sobre as causas sociais em Unaí, onde já se evidenciam a busca de ações para que
jovem e o adolescente sejam trabalhados em sua totalidade, principalmente no horário extra
classe, destacamos o trabalho da Fundação Conscienciarte que em pouco tempo de
funcionamento já conseguiu um bom resultado e o trabalho realizado em nosso município
através das escolas e também pela administração municipal, através da Secretaria Municipal
da Juventude Esporte e Lazer que vêem fazendo do esporte em nossa cidade um atrativo para
que nossos jovens possam conhecer e praticar várias modalidades esportivas e participar de
eventos intra e extra municipal, fato este que têm crescido bastante a busca por alguma prática
esportiva e conseqüentemente ainda que de maneira tímida nossos jovens estão ocupando
seu tempo livre praticando esportes, através deste programa o município deu um grande passo
para a inclusão social dentro do esporte, visto que é um programa que inclui todas a camadas
sociais, dando oportunidades iguais para os alunos que dele participaram, inclusive na
escolha das modalidades que mais se identificassem, o programa não visava vitórias e sim a
integração entre os alunos que dele participavam, trabalhando o cidadão e incentivando-o a
torna-se um ser humano melhor .
25
7-REFERÊNCIAS
BRASIL. MINISTÉRIO DO ESPORTE. Dimensões pedagógicas do Esporte. Brasília:
Universidade de Brasília/CEAD, 2004.
BRASIL. MINISTÉRIO DO ESPORTE. Jogo, Corpo e Escola. Brasília: Universidade de
Brasília/CEAD, 2004.
BRASIL. MINISTÉRIO DO ESPORTE. Manifestações dos Esportes. Brasília:
Universidade de Brasília/CEAD, 2005.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. São Paulo: Saraiva,2001.
ESCOBAR, Micheli Ortega [et al]. Manifestações dos Jogos, Universidade de Brasília,
Centro de Educação a Distância, 2005.
SADI, Renato Sampaio...[et al]. Esporte e Sociedade, Universidade de Brasília, Centro de
Educação a Distância,2004.
SOLER, Reinaldo. Educação Física Escolar. Rio de Janeiro: Sprint, 2003.
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