AS CIDADES INTELIGENTES, NOSSO FUTURO? ESTUDO DE CASO DE CINCO PROJETOS DE CIDADES INTELIGENTES
MARQUES, Josiel Alan Leite Fernandes
Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro
de 2015, ISSN 2316-266X, n.4
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AS CIDADES INTELIGENTES, NOSSO FUTURO?
ESTUDO DE CASO DE CINCO PROJETOS DE
CIDADES INTELIGENTES
MARQUES, Josiel Alan Leite Fernandes
Mestrando do Curso Stricto Sensu Sociedade, Cultura e Fronteiras da Universidade Estadual do
Oeste do Paraná - Unioeste [email protected]
RESUMO
Em 2050 o boom populacional trará às cidades mais problemas que soluções. Concentrada no ambiente urbano, a população será afetada pelo caos e inacessibilidade aos serviços, produtos e
trabalhos. Isso porque a forma em que a sociedade explora a natureza é inevitável que os recursos
naturais se esgotem e a disputa pela vivência se torne mais acirrada. Com proposta de mudança, novas
visões sobre as cidades estão em estudos, e uma delas é a cidade inteligente, que visa qualidade de vida com utilização do meio ambiente de forma sustentável. Neste trabalho foi feito um levantamento
de cinco projetos de cidades inteligentes, alguns destes partem da planta e outros procuram readaptar a
cidade. Conhecer os projetos de cidade inteligente e confrontá-los com a realidade é a forma que se encontra para responder à pergunta objeto se o futuro do planeta e de todas as pessoas que nele
habitam será construído em cidades inteligentes.
Palavras-chave: Cidades Inteligentes, Informação, Tecnologia
ABSTRACT
In 2050 the population boom will bring the cities more problems than solutions. Concentrated in the urban environment, the population will be affected by the chaos and lack of access to services, goods
and works. This is because the way in which the company explores the nature is inevitable that natural
resources are depleted and the dispute by the experience becomes more fierce. With proposed change, new visions of the cities are in studies, and one of them is the smart city, aimed at quality of life with
use of the environment in a sustainable manner. In this paper a survey of five smart cities projects,
some run the plant and others seek to retrofit the city. Knowing the smart city projects and confront
them with reality is the way it is to answer the question object if the future of the planet and all the people who dwell therein will be built in smart cities.
Key-words: Smart Cities, Information, Technology
INTRODUÇÃO
Até 2050 cerca de 70 a 75% da população mundial estará vivendo nos centros
urbanos. O boom populacional será catastrófico à medida que as cidades, hoje já deficitárias
nas questões sociais e humanas, certamente não conseguirão atender em igualdade a todos
seus cidadãos. É com essa preocupação e na busca por soluções aos desafios futuros que
surgem as Cidades Inteligentes. Estas configuram de forma racional a visão de futuro dos
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domínios da economia competitiva, das pessoas, da governança, da mobilidade, do meio
ambiente e da qualidade de vida. Conhecer como estão sendo estruturadas as primeiras
Cidades Inteligentes é essencial para definir novos rumos, bem como acertar possíveis
deficiências destas.
Para o estudo de caso das cinco Cidades Inteligentes escolhidas, a metodologia
utilizada foi a pesquisa bibliográfica, onde a partir de livros, artigos e sites destas cidades
pudemos conhecer como estes projetos estão se desenvolvendo.
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
As Cidades Inteligentes, frutos de estudos contemporâneos da geografia urbana,
interliga profissionais das mais distintas áreas do conhecimento onde, interdisciplinarmente,
constroem as ideias chaves destas cidades.
Para Abdala et al (2014), o termo é desenvolvido de forma multi e interdisciplinar,
onde 26,7% dos trabalhos já foram publicados na área das Ciências Sociais, e 16,7% nas
Ciências da Computação, seguidas pelas áreas de engenharia, economia, ciências da terra,
humanidades e outras.
Esta abrangência de estudo está no cerne da concepção de Cidades Inteligentes, que
consiste em “métodos e técnicas de interligação da inteligência humana, coletiva e artificial
de que dispõe uma comunidade, com a finalidade de conseguir criatividade e inovação.”
(KOMNINOS, 2008).
As Cidades Inteligentes definem zonas urbanas ou rurais. São encontradas se
desenvolvendo em toda a extensão territorial de uma cidade ou simplesmente em um pequeno
bairro desta, ou ainda em clusters. São criadas a partir de um marco zero ou mediante
reestruturação de uma cidade já existente.
Lemos (2013) e Angelidou (2015), citam algumas cidades inteligentes que se
constituem exemplos a serem estudados. A saber: Songdo, na Coréia do Sul; Masdar, nos
Emirados Árabes; Konza, no Quênia; Barcelona, na Espanha e Rio de Janeiro, no Brasil.
2. RESULTADOS ALCANÇADOS
O estudo de caso de cada uma das cinco Cidades Inteligentes se desenvolveu mediante
pesquisa bibliográfica. Procuramos seguir três passos: levantamento de material bibliográfico,
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apreciação e compreensão do conteúdo selecionado, estudo individual de cada um dos cinco
projetos escolhidos de Cidade Inteligente.
Em um primeiro momento definida e compreendida a pergunta se as Cidades
Inteligentes serão nosso futuro, partimos para a busca de materiais sobre o tema. Encontramos
diversos autores os quais citamos ao longo desse trabalho, que nos deram base quanto ao
conceito de Cidades Inteligentes e aos exemplos que a nosso ver são os mais significativos
dado a grandiosidade do projeto e o poder de reorganização da sociedade.
Num segundo momento, fizemos a apreciação e compreensão da literatura levantada,
onde chegamos ao entendimento e consentimento de um conceito de Cidade Inteligente, bem
como à escolha de cinco dessas cidades para um estudo de caso individual.
Quanto ao conceito de Cidades Inteligentes, há interligação de três dimensões da
inteligência: a humana, (pessoas); a coletiva (pessoas, governo e empresa); e a artificial
(soluções tecnológicas). Em relação às Cidades Inteligentes escolhidas, ei-las: Songdo, na
Coréia do Sul; Masdar, nos Emirados Árabes Unidos; Konza, no Quênia; Barcelona, na
Espanha; e Rio de Janeiro, no Brasil.
Para o terceiro momento, estudamos individualmente o caso destes cinco projetos em
posse das informações contidas na literatura.
2.1 Songdo, Coréia do Sul
Em uma ilha artificial criada a partir do aterramento de 2,250 acres do Mar Amarelo
ergue-se da planta a Songdo International Business District – Songdo IBD, uma metrópole
com nome de empreendimento privado, e de fato o é. A cidade de Songdo está em construção
sob o conceito de Cidade Inteligente é o resultado de uma parceria público-privada – PPP,
iniciada em 2001 entre o governo da Incheon Metropolitan City – cidade de Incheon – a
imobiliária Gale International, sediada em Nova York e a empresa de engenharia POSCO
E&C.
Nesta parceria deverá ser investido US$ 35 bilhões, algo em torno de R$ 80 bilhões,
que visa a criação da planta da cidade, a implementação da infra-estrututura avançada e a
vitalização da cidade. Todo o projeto foi dividido em etapas e a primeira fase foi entregue em
2009 com previsão de conclusão da última fase para 2020.
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Neste projeto, que consideramos um dos maiores investimentos privados no setor
urbano-imobiliário, há participação de outras grandes empresas, tais quais: o banco de
investimentos Morgan Stanley, a empresa de telecomunicações Cisco, Siemens, GE, IBM e
outras que totalizam 30 instituições privadas.
A escolha do local para erguer a cidade não foi aleatória: 1/3 da população do mundo está
à distância de um voo de 3 ½ horas do Aeroporto Internacional de Incheon, e este aeroporto,
segundo a Skytrax é um dos mais movimentos do mundo e está na segunda posição entre os
dez (10) aeroportos cinco (05) estrelas do mundo. A aproximação com o Aeroporto
Internacional de Incheon é fator primordial para o desenvolvimento da cidade de Songdo e
isso se faz notório com as políticas e tomadas de decisão que procuram solucionar potenciais
problemas de espaço, a exemplo da construção da maior ponte da Coréia do Sul, com seus 21
km de comprimento e que liga a cidade ao aeroporto. Ademais, a cidade inteligente de
Songdo está muito próxima de grandes mercados regionais da Ásia, tais como o Japão e a
China. A Figura a seguir demonstra a localização de Songdo:
Figura 1 - Localização da cidade de Songdo
Fonte: Songdo IBD (2015)
Esta região privilegiada situa-se na Coréia do Sul num complexo de cidades Seoul-
Incheon-Gyeonggi que juntas somam metade da população da Coréia, ou seja, 24 milhões de
habitantes. Dista apenas 56 km de Seul, a capital sulcoreana, e fica a cerca de 45 minutos de
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carro de Gangnam, e a 1 ½ horas de Shanghai e 3 ½ horas de Hong Kong, ambas na China, e
a 2 horas de Tóquio, a capital japonesa.
Desenvolvida ao longo da orla marítima de Incheon, a cidade inteligente de Songdo
possui 6 km2 e inclui em seu plano diretor um mix de organização espacial que deverá
contemplar o atendimento das necessidades de cada um dos 65 mil residentes e dos 300 mil
temporários, e preza pelo equilíbrio sustentável, a partir da definição de áreas próprias para
residências, eventos culturais e recreativos, negócios e comércios.
A área destinada para residências ocupa 3,25 milhões de m2 do território de Songdo, o
espaço público, 929.000 m2; o comercial, 3,7 milhões m2; o de varejo, 929,000 m2, o de hotel,
464.000 m2; e 4,18 m2 para escritórios. As instalações incluem um K-12 International School
e outras escolas públicas e privadas, universidades, hospital de classe mundial, museu,
restaurantes e cafés. A figura a seguir demonstra a distribuição superficial das áreas:
Figura 2 – Distribuição superficial das áreas em Songdo
Fonte: Songdo IBD (2015).
Outro fato digno de citação é a disposição de 40% – cerca de duas vezes a cidade do
Rio de Janeiro – da área territorial de Songdo para espaço público verde e aberto. Com isso a
cidade pode se tornar uma Metrópole Ecológica e facilitará ao cidadão o convívio com a
natureza e a diminuição do uso de energia elétrica, visto que os espaços abertos aumentam a
luminosidade natural do ambiente.
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Ademais, o projeto arquitetônico se beneficiou de um remix de cidades como Nova
York, Veneza, Paris, Sydney e Dubai, isso porque diversos canais, pontes, torres e prédios
foram inspirados na arquitetura encontrada em edificações daquelas cidades.
A cidade foi planejada e edificada ao redor de um parque – o Central Park –
inspirado no similar de Nova York, mas com tamanho duas vezes maior que este, e com
pretensão de que as pessoas não andem a pé por mais de 15 minutos a partir de suas
residências para se chegar ao local de trabalho, à área comercial, ao parque ou a um ponto de
transporte público.
O transporte público deverá ser oferecido com qualidade através da disponibilização
de ônibus, metrô e táxis aquáticos, e alternativas ao uso do veículo próprio serão criadas,
como a construção de uma ciclovia de 25 quilômetros. Ademais, a estrutura da cidade prevê a
utilização da água do mar e a reutilização da água das chuvas.
No plano diretor de Songdo é contemplado a utilização de câmeras e sensores,
elementos estes que delineiam a dimensão artificial das cidades inteligentes. Todas as
residências, prédios e ruas serão monitorados e utilizado a tecnologia Radio-Frequency
Identification - RFID, ou seja, tudo e todos serão identificados por meio da radiofrequência.
A utilização da tecnologia da informação e a interligação de todos os sistemas
caracterizam um ambiente ubíquo. A cidade inteligente de Songdo é uma área urbana ubíqua
porque a utilização de chips e computadores é frequente e faz parte da arquitetura das casas e
de toda a área residencial, comercial, de recreação e eventos, além de todos os espaços
públicos. Tudo e todos estão conectados através de rede sem fio e de radiofrequência numa
espécie de obtenção e distribuição de dados acessíveis a qualquer cidadão, empresa e governo.
A tecnologia disposta em rede permite que os moradores de Songdo acessem e
gerenciem mesmo remotamente a rede de energia para otimizar a utilização de lâmpadas, ar
condicionados e outros aparelhos elétricos e eletrodomésticos. Esta tecnologia permite que as
pessoas entrem em contato umas com as outras através do sistema de telepresença, que nada
mais é que a transmissão em vídeo. Os serviços tais como consulta médicas e aulas também
utilizam desse sistema. Com isso, a cidade consegue atingir sua meta de redução de energia e
de poluição atmosférica.
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Os benefícios aos moradores de Songdo e a contribuição no quesito sustentabilidade
são observáveis em diversas vertentes do cotidiano, que se destaca:
Transportes e trânsito: o uso de veículo próprio é desincentivado com disponibilização de
metrô convencional, metrô expresso, taxis aquáticos, ciclovias e bicicletas para aluguel,
ônibus coletivo que terão pontos de parada a menos de 500 metros de prédios residenciais e
comerciais. Os estacionamentos são monitorados por câmeras e sensores que indicam a
disponibilidade e localização das vagas; são subterrâneos, o que permite mais espaço para os
pedestres e diminuição dos efeitos das ilhas de calor, e 5% a mais desses espaços serão
disponibilizados para veículos com combustível não poluente e para carros com carona.
Água: a água do Central Park vem do mar e o reaproveitamento das precipitações é feito em
tanques dispostos em locais estratégicos. A reutilização da água suja de lavagens em pias e
máquinas é feita depois de passar por um sistema de limpeza.
Energia: a ideia é economizar e utilizar energias renováveis, por isso se utiliza da energia
solar, do vento e de dejetos humanos. Usa-se gás natural para fornecer energia elétrica e o
calor residual é aproveitado por um sistema que esquenta a água e arrefece os lares e
escritórios. O sistema de ar condicionado é resfriado com água. Os prédios, as ruas e os
semáforos utilizam lâmpadas de LED e são equipados com câmeras e sensores que permitem
diminuir a quantidade de luz em locais vazios. As janelas reduzem a quantidade de energia
solar que entram no ambiente e arrefece forçando a utilização de energia elétrica. Com isso, a
cidade tem reduzido em 30% a utilização de energia.
Residências: as casas são equipadas com grande quantidade de objetos tecnológicos e
interligadas em rede com a escola, o hospital, os prédios comerciais e toda a cidade. Centenas
de chips e sensores estão a todo instante coletando e disponibilizando dados aos moradores.
Sensores serão capazes de interpretar uma queda de um idoso e chamar o atendimento
médico; as pessoas poderão marcar consultas médicas ou utilizar serviços de empresas e do
governo a partir de seus lares; os pais poderão acompanhar seus filhos na escola e conversar
diretamente com professores através do sistema de telepresença.
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Lixo: um sistema central de coleta e tratamento fará automaticamente a separação do lixo em
seco e molhado e substituirá a utilização de carros de lixo. O processo inicia na residência
onde o lixo é sugado e conduzido em dutos subterrâneos. Cerca de 75% dos materiais
utilizados na construção da cidade inteligente de Songdo são passíveis de reciclagem.
2.2 Masdar, Emirados Árabes Unidos
Nos Emirados Árabes Unidos, há 17 km da capital Abu Dhabi e em pleno deserto
ergue-se desde 2006 a Masdar City, uma visionária cidade, mas baseada nos conceitos de
cidade inteligente com pretensão de alcançar a autossustentabilidade e o índice zero de
emissão de dióxido de carbono (CO2) e de desperdício. A ideia é criar condições de vida a
partir da estrutura climática local e da cultura, com utilização e reutilização de todos os
elementos naturais. A Figura a seguir permite ter uma visão parcial da cidade de Masdar:
Figura 3 – Visão parcial da cidade de Masdar
Fonte: Masdar A Mubadala Company - http://careers.masdar.ae/ (2015).
A cidade de Masdar, que deverá abrigar 47.500 habitantes, está em construção numa
área territorial de 6 km2, e foi projetada pela empresa de arquitetura Foster & Partners e a
instituição Emirate Masdar que se dedica à pesquisa, desenvolvimento e comercialização de
tecnologias no setor de energia renovável e limpa. Os investimentos serão da ordem de US$
18 a US$ 19 bilhões e o prazo final da obra está previsto para o ano de 2018.
A escolha do local para a construção da cidade foi pensada de forma estratégica:
próximo ao aeroporto internacional de Abu Dhabi, e com ligações às comunidade de Raha
Beach, Khalifa City e Yas Island. A figura a seguir demonstra a localização e as áreas que
compõem a cidade de Masdar:
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Figura 4 - Localização e áreas da cidade de Masdar
Fonte: Masdar Corporate (2015).
Para o desenvolvimento da cidade com aplicações e soluções tecnológicas,
principalmente no setor energético, foi criado um sistema de cooperação global com diversas
empresas, tais como General Electric, British Petroleum, Royal Dutch Shell, Mitsubishi,
Rolls-Royce, Total, Mitsui, Fiat, Conergy e Basf. As soluções visam alcançar um futuro
governado pelo desenvolvimento de tecnologias limpas para a gestão sustentável do meio
ambiente. Para isso, é investido de forma maciça em pesquisa e inovação. A cidade possui o
Masdar Institute of Science and Technology, uma universidade com foco em pesquisa e
inovação, desenvolvida em cooperação com o Massachusetts Institute of Technology – MIT e
o Imperial College.
Sobre as pesquisas e o desenvolvimento da cidade inteligente de Masdar e as
aplicações tecnológicas e que visam a sustentabilidade no cotidiano dos moradores da cidade,
podemos destacar:
Energia: para o trabalho de construção da cidade já de início foi considerada a ideia de
sustentabilidade a partir de uma planta fotovoltaica que proveria a energia necessária para
construir o restante da cidade. Para os prédios e residências é utilizado materiais com
isolamento térmico que reduz de forma significativa a demanda de energia. A ideia de
autossuficiência energética considera aquilo que há em abundância no local: raios solares e
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vento. A base de geração de energia elétrica é a solar através de uma usina que produz dez
(10) megawatts com produção anual de 17.500 MWh, e de painéis fotovoltaicos instalados em
telhados residenciais e comerciais com produção de um (01) megawatt.
Transporte: o uso de veículos pessoal não é incentivado, a ideia é o menor número de carros e
emissões de carbono insignificantes até chegar à taxa zero. Para isso, os carros movidos a
gasolina deverão ser estacionados na periferia da cidade. Por outro lado, há incentivo para
andar a pé e se locomover de bicicleta visto que ninguém estará a mais de 200 metros dos
locais com prestações de serviços e produtos. As ruas estreitas já inibe a utilização de outros
meios de transporte. Como alternativa, há carros elétricos não poluentes, desenvolvido em
parceria com Mitsubishi Electric (SVE), que circulam pelo subsolo. Esses carros não possuem
condutores, são automatizados e podem ser chamados a partir de um toten. O sistema de
transporte automatizado, e aí está incluso o trem leve que corre sobre um trilho aéreo e liga
Masdar ao centro de Abu Dhabi, a outras cidades e ao Aeroporto Internacional de Abu Dhabi,
compõe o Transporte Pessoal Rápido (PRT).
Energia? Apesar da alta irradiação solar e de temperaturas do deserto, a cidade foi planejada
para diminuir em cerca de 20°C a temperatura e sensação térmica ambiente. Para conseguir
essa façanha foi implantado torres que ventilam a cidade e filtram os raios solares, e as ruas
estreitas são sombreadas pelos prédios projetados de forma que um sombreie o outro.
Água: a água do mar será utilizada em todos os setores da cidade. Para isso, uma usina de
reciclagem e dessalinização foi implantada. Com a utilização da água do mar e o
reaproveitamento já se percebe uma redução de 80% no consumo.
Lixo: Com a ideia de pouco ou nada de desperdício, a cidade de Masdar prevê inicialmente a
reciclagem de 99% do lixo produzido e o reaproveitamento.
A Masdar city foi projetada com base nas condições climáticas locais e na cultura dos povos
árabes com destaque para formas de construções típicas de cidades. Uma dessas tipicidades é
o muro que rodeia a cidade e sua função é proteger dos ventos quentes do deserto. Esse
espaço urbano murado é comparado pelos seus próprios construtores a um microchip –
interligado e compacto com Zonas Econômicas e residenciais onde empresas pequenas e até
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grande corporações, pessoas e governo conviverão em harmonia com o meio ambiente num
sistema de sustentabilidade.
2.3 Konza, Quênia
As cidades inteligentes construídas a partir da planta parece não ser regalia só de
países ricos, pelo menos é o que se observa quando olhamos para um dos continentes mais
pobres do mundo e em um país de desenvolvimento recente e vemos surgir a Konza
Technopolis, uma cidade no Quênia, África subsaariana, com pretensão de ser o Silicon
Savannah, e que focará quatro setores econômicos baseados na tecnologia: educação, ciências
da vida, telecomunicações e processamento de negócios de Outsourcing de Tecnologia da
Informação e Serviços Habilitados (BPO / ITES). A Figura a seguir mostra a visão superior
de Konza:
Figura 5 – Visão superior de Konza
Fonte: businessdailyafrica - http://www.businessdailyafrica.com/Corporate-News/Konza-technopolis-launch-set-
to-boost-Kenya-profile/-/539550/1672434/-/137p1of/-/index.html (2015).
Konza, que deverá ocupar 5.000 acres em Malili Ranch, Comarca de Makueni, dista
60 km a sudeste da capital queniana – Nairóbi; 380 km de Mombasa, a segunda maior cidade
do Quênia e principal porto de entrada para a África Oriental; e 50 km do Aeroporto
Internacional Jomo Kenyatt, um hub aéreo mundial com voos diretos para Europa, Oriente
Médio, Ásia e toda a África.
Em 2013 houve a inauguração do projeto com previsão de término em 2033. A cidade
deverá acomodar 260 mil moradores e gerar cerca de 220 mil empregos diretos e indiretos. As
obras da primeira fase, que ficaram a cargo da Konza Technopolis Development Authority –
KoTDA, entidade criada pelo governo do Quênia para gerir e supervisionar o
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desenvolvimento de Konza, incluem espaços comerciais e residenciais em sua maior parte,
distribuídos da seguinte forma: 36.000 m2 para escritórios e universidade, 5.500 m2 para
varejo, 1.200 m2 para mercados, 15.200 m2 para hotel, 6.360 m2 para escolas, clínicas,
delegacia, centros comunitários e de serviços, e 104.300 m2 para residências.
O projeto da cidade, fruto de uma parceria público-privada que prevê o investimento
de US$ 14,5 bilhões, foi dividido em fases que envolve uma rede integrada de Tecnologias da
Informação e Comunicação otimizada para a participação do cidadão e a prestação de serviços
aos moradores e visitantes, tais como serviços de infraestruturas (transportes, serviços,
segurança pública, meio ambiente), serviços ao cidadão (acesso e participação), serviços da
cidade (informações sobre a cidade, de planejamento e desenvolvimento) e serviços prestados
às empresas (serviços de apoio para o comércio local).
A cidade tecnológica de Konza é dessa forma conhecida devido ao considerável
incremento da Tecnologia da Informação e Comunicação. O projeto faz parte de políticas do
governo queniano (Kenya Vision 2030) que visa reestruturar o país até 2030, com foco na
tecnologia. As ações são feitas em parceria com empresas e instituições privadas e públicas de
pesquisas e desenvolvimento, a exemplo das universidades pública de Nairobi e privada de
Strathmore, e iHub, uma congregação de empresas de tecnologia e inovação.
Konza Technopolis será uma cidade repleta de sensores: estradas, ruas, prédios e
residências estarão conectadas através de um sistema de comunicação inteligente que coletará
e disponibilizará informações à população e visitantes. Exemplos de benefícios que as pessoas
terão em seu dia a dia, são elencados a seguir:
- sensores monitorarão o tráfego de pedestres e automóveis nas estradas e ruas e otimizarão a
quantidade de luz no ambiente e sugerirão caminhos alternativos para evitar
congestionamentos;
- mapas do trânsito, avisos de urgência e utilidade pública e relatórios do consumo de energia
e de água serão disponibilizados aos moradores;
- a água subterrânea será explorada. Uma estação de tratamento será implantada e a água
tratada terá reuso na irrigação e refrigeração.
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- duas estradas conectarão Konza com a A109, e às demais regiões do Quênia;
- a cidade disporá de avenidas amplas multimodais e áreas verdes. Uma avenida central será o
corredor para ônibus públicos;
- a energia provirá de três fontes independentes, uma delas deverá ser a solar. Duas linhas
independentes de distribuição de energia, uma de 400Kv e outra de 132Kv, serão instaladas
no intuito de fornecer o serviço de forma ininterrupta.
2.4 Barcelona, Espanha
A cidade de Barcelona, na Espanha, ao contrário dos aspectos histórico-geográficos
das três cidades inteligentes de Songdo, Masdar e Konza que surgem em um curto período de
tempo, já possui atividades humanas desde o tempo pré-histórico, o que avançou com a
chegada dos romanos e fundação da cidade de Barcino no século I.
Ao final do Império Romano, por volta do século V, esta cidade tornou-se relevante
quando o rei visigodo Ataúlfo a transformou em sede imperial.
Durante a Idade Média, no século IX, a colônia de Barcino passou a ser o Condado de
Barcelona. Já no século XII, foi criado o Principado de Cataluña. Por todo esse tempo e nos
séculos seguintes, a região que é hoje a cidade inteligente de Barcelona sofreu grandes baixas
em consequências de guerras, mas a partir de reconstruções e readaptações continuou o
crescimento urbanístico e se destacou no comércio, principalmente o marítimo, na
industrialização e modernização, e na política.
Barcelona, capital da Comunidade Autônoma de Cataluña, ocupa 102,2 km2 e é a
segunda cidade mais populosa da Espanha, e sexta metrópole da União Europeia, com 1,62
milhões de pessoas. Localizada na costa mediterrânea da Península Ibérica, dista cerca de 623
km de Madri, a capital espanhola, e tal situação geográfica a coloca como uma das principais
portas de entrada de mercadorias na Europa, transportadas da Ásia, África e América.
Em 2011 o Ayuntamiento de Barcelona – a administração municipal – pôs em prática
a Estratégia Smart City Barcelona, um amplo projeto de cidade inteligente baseado em valores
de sustentabilidade, eficiência e produtividade que visa transformar a cidade a longo prazo,
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num processo que a torne aberta, inclusiva e inovadora e ofereça qualidade de vida e
crescimento econômico eficiente.
Para atingir este estado de melhorias, a administração municipal desenvolve 122
projetos classificados em 22 programas que abrangem as mais distintas áreas do cotidiano e
gestão da cidade, tais como serviços públicos e sociais, meio ambiente, mobilidade,
economia, infraestrutura, inovação, turismo, comunicação e participação dos cidadãos. Todos
os programas se desenvolvem com a participação das pessoas e com o uso de plataformas
tecnológicas horizontais e de código aberto.
As principais soluções tecnológicas e inovadoras aplicadas na cidade de Barcelona e
que moradores podem se beneficiar, são a seguir listadas e classificadas em áreas:
- Comunicação: um dos dois mais importantes Programas – a Rede de Telecomunicação –
permite a integração das diferentes redes de telecomunicação da cidade e se destaca pelos
projetos de Nueva red de telecomunicaciones, Plan de Antenas e Barcelona WIFI.
- Serviços públicos e sociais: com o fim de otimizar os serviços públicos e sociais, foi criado
políticas nos setores de saúde e assistência social, educação e cultura, e governança aberta.
Para este último foi criado a administração eletrônica que possibilita aos cidadãos a utilização
de serviços municipais de forma remota através dos instrumentos de eAdministración, Oficina
Virtual de Atención Ciudadana (OVAC), Portal de trámites, Open Data BCN e Cloud BCN-
Open Data Multiayuntamientos. Para o setor da saúde, idosos e incapazes poderão fazer uso
dos instrumentos tecnológicos da Teleasistencia, Radars e Vincles BCN que visam atender
remotamente tais pessoas. Para a educação e cultura, os instrumentos de mSchools, Smart
Hort, Infantium, "La Ciutat on vull viure", Bibliotecas e Quadern Cultura proporcionam
facilidades para a aprendizagem e partilha de conhecimentos.
- meio ambiente: as soluções inovadoras e tecnológicas aplicadas visam a reciclagem do lixo
com os projetos de Reciclaje de residuos orgánicos e Puntos verdes; a gestão racional da água
e a utilização do lençol freático com os projetos de Telecontrol del riego e Telecontrol de
fuentes ornamentales, a autossuficiência energética com o projeto de Smart Grid; a
remodelação de ruas, avenidas e bairros através dos projetos de Plan BUITS e Superislas, e a
mobilidade inteligente através de projetos como Bicing, Nueva red de autobuses, Caminos
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escolares, Semáforos inteligentes, Smart Parking e Microplataformas de reparto de
mercancias que visam a utilização de carros elétricos e outros meios, como as bicicletas, que
não poluem o ambiente.
- Empresas, Negócios e inovação: através de projetos inovadores tais como Barcelona
Growth, Smart City Campus, Bit Habitat e Spark Lab, a economia é integrada com empresas
e centros pesquisas em sinergia com espaços para cocriações (incubadoras, laboratórios).
Nesse ambiente criativo é que a inovação se destaca com o uso das Tecnologias de
Informação e Comunicação, e é concebido um dos mais importantes Programas da Barcelona
Smart City: a Plataforma Urbana, com a aplicação de infraestrutura, sensores, chips que
coletam e disponibilizam informações a todos os cidadãos.
- Turismo: um conjunto de projetos proporciona ferramentas tecnológicas, tais como o Zona
Bus e o Sistema de Integración Geográfica, para o acesso às informações turísticas.
- Participação do cidadão: a principal dimensão de uma cidade inteligente é a humana. A
participação das pessoas na criação e desenvolvimento das cidades inteligentes é
imprescindível. Barcelona, através de sua administração, disponibilizou plataformas nas quais
o cidadão se torna proativo através de perguntas, opiniões, invenções e inovações. Os projetos
nesta área são: Gobierno Abierto, Sensores ciudadanos, Ateneos de fabricación, Mapa
Barcelona+Sostenible, Agenda 21 y Compromiso Ciudadano e Buzón Ciudadano.
2.5 Rio de Janeiro, Brasil
Em 1º de janeiro de 1502, navegantes portugueses avistaram a Baía de Guanabara e
deram ao lugar o nome de Rio de Janeiro. No dia 1º de março de 1565 é criada a cidade de
São Sebastião do Rio de Janeiro. As terras brasileiras, então colônia de Portugal, tem sua
capital transferida de Salvador para o Rio de Janeiro, em 1763, e em 1808 a Família Real
portuguesa transforma a cidade em sede da monarquia. Em 1889 a monarquia é derrubada no
Rio de Janeiro e instaurada a república. A cidade perde o status de capital do Brasil para
Brasília, em 1960.
Por todos esses longos anos de história, a cidade do Rio de Janeiro passou por muitas
modificações e cresceu econômica e politicamente. Muitos projetos urbanísticos foram postos
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em prática, como as intervenções da Avenida Central (atual Rio Branco), em 1905, e a
construção de uma das maiores pontes do mundo, em 1974, que liga o Rio à cidade de
Niterói.
Mas em contrapartida, diversos títulos não honrosos foram dados à capital do estado
do Rio de Janeiro. Informações diárias de que a cidade possui alto índice de desigualdade
social e de violência estão estampadas nos jornais e espalhadas pelo povo. Mas, contudo, o
que faz do Rio de Janeiro uma cidade inteligente? O estudo de caso nos levou aos seguintes
dados:
Quem reconhece a cidade do Rio de Janeiro como cidade inteligente?
- a consultoria Urban Systems, sediada em São Paulo, colocou a cidade na posição 1ª do
Ranking Connected Smart Cities, que analisou 700 cidades brasileiras a partir de 70
indicadores públicos distribuídos em 11 setores, a saber: mobilidade, urbanismo, economia,
meio ambiente, energia, tecnologia e inovação, saúde, segurança, educação, governança e
empreendedorismo
- O Congresso Smart City Expo World realizado em Barcelona, Espanha, em 2013, concedeu
o prêmio World Smart City 2013 para a cidade do Rio de Janeiro. Num total de 200 cidades,
de 35 países, o Rio se tornou a primeira cidade latino-americana a receber tal prêmio. O
World Smart City tem por essência estimular a qualidade de vida, a sustentabilidade, a
inovação, a criatividade, a competitividade e a eficiência administrativa.
- A instituição internacional Intelligente Community Forum – ICF, colocou a cidade do Rio
de Janeiro no World´s Top 7 Intelligent Communities of 2015. São avaliadas 300 cidades em
todo o mundo.
Quais as soluções tecnológicas aplicadas na cidade?
- Centro de Operações Rio (COR): criado em 2010, consiste no monitoramento da cidade de
forma ininterrupta. Quatrocentas (400) pessoas em revezamento por turno trabalham com
dados obtidos de órgãos e concessionárias e com imagens captadas pelas 560 câmeras
instaladas em pontos estratégicos da cidade. O trabalho visa o gerenciamento de crise, desde a
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antecipação, redução e preparação, até a resposta imediata às ocorrências, como chuvas fortes,
deslizamentos e acidentes de trânsito.
- Central 1746: ao custo de uma ligação local, a Central de Atendimento ao Cidadão 1746,
criada em 2011, recebe ligações de moradores da cidade sobre assuntos da alçada de mais de
50 órgãos. São mais de mil (1000) serviços municipais que vão de remoção de entulhos,
reparos de buracos, trocas de lâmpadas a estacionamentos irregulares. A Central suporta 300
atendimentos simultâneos e 600 mil por mês.
- Data.Rio: consiste na disponibilização de dados abertos da prefeitura do Rio de Janeiro em
um Portal na internet. Os dados de diversos setores, tais como os da saúde, da educação, do
modal de transporte urbanos e os coletados na Central 1746 , são, de forma prioritária,
voltados para os desenvolvedores de aplicativos, mas podem ser usados por toda a
comunidade e turistas.
- BRTs (Bus Rapid Transit): consiste numa alternativa de transporte público que transita em
via exclusiva. A ideia é diminuir o tempo de espera e de transporte de um lugar para outro. No
Rio de Janeiro dois corredores BRT já estão em operação: o Transoeste, inaugurado em 2012
com 52 km e interligação com 57 estações; e o Trans carioca, inaugurado em 214 com 39 km
e 47 estações.
- Praças e Naves do Conhecimento: espaços de aplicação e utilização da tecnologia por parte
dos moradores, visa a formação do cibercidadão com ofertas de cursos produção gráfica, web
design, robótica, produção de vídeo e fotografias e outros, e mostras de cinema e oficinas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não existem Cidades Inteligentes em sua completude, mas diversos projetos já
elaborados e alguns em execução. Isso é fato ao observamos que as cidades inteligentes
precisam estar com todas as suas dimensões e eixos em execução plena. Mas, é igual fato
observarmos que os projetos de Cidades Inteligentes já estão mais avançados na Europa e no
Oriente em relação ao Brasil. Mas, o nosso futuro é, sem dúvida, vivermos em cidades mais
inteligentes.
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