UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
ATIVIDADES LÚDICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
POR
FABIANA AGUIAR DE MIRANDA VALENTE
ORIENTADORA:
FABIANE M. DA SILVA
JANEIRO 2005
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
ATIVIDADES LÚDICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
OBJETIVO:
Reflexão sobre o processo que a educação
infantil vem desenvolvendo, tais quais as
formas empíricas que estão sendo hoje
utilizadas como instrumento pedagógico
para ensinar, objetivando despertar para as
necessidades reais que a criança precisa
para aprender.
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AGRADECIMENTOS
À Deus, o grande responsável por todas as coisas;
à minha orientadora Fabiane, pelo enorme apoio à
prontificação deste trabalho, sem a qual não teria
sido possível e à todos os professores que nos
guiaram, no decorrer de nosso curso.
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DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho à meu marido, sempre
presente colaborando para a produção do mesmo,
minha grande amiga Cláudia, que tanto me ajudou
nos momentos difíceis de minha caminhada
acadêmica e a meus pais, sempre me incentivando
ao estudo.
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RESUMO
Escrever sobre ATIVIDADES LÚDICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL e o
trabalho do psicopedagogo constituiu-se em valorizar e incentivar o aluno nas suas
atividades escolares, bem como dar uma contribuição a este profissional para que sua
tarefa tenha êxito.
Este tema é um convite a uma longa jornada pela Educação Infantil, no
sentido de criar na sala de aula uma atmosfera de motivação, de buscar respostas e,
ao mesmo tempo, acrescentar subsídios que norteiam o trabalho do psicopedagogo.
Assim, o que se procedeu neste estudo foi o oferecimento ao leitor-educador
uma visão da importância das atividades lúdicas no desenvolvimento, na educação e
na formação geral do ser humano,
As indicações bibliográficas propiciam ao leitor a oportunidade de encontrar
em suas páginas, materiais para o aprofundamento de estudos sobre aspectos que
despertem maior interesse nas crianças menores.
Reunindo idéias de diversos autores, a presente pesquisa foi desenvolvida,
onde, procurou-se dar uma visão atual da Educação Infantil e demonstrar o
significado e a valorização das atividades lúdicas, pois, como se sabe, a criança gosta
de tudo que é rítmico, aprecia contos infantis e aventuras, sente especial prazer em
desenhar, brincar, jogar. Ela necessita dessas atividades para desenvolver sua saúde
mental e a socialização. Tratou ainda, da participação da criança nas atividades
escolares através do lúdico, da imaginação criadora onde ela compõe o seu mundo e
busca um equilíbrio entre seus impulsos, desejos e interesses. Ressaltou que a
Educação Infantil assume responsabilidades no que tange à socialização da criança,
envolvendo o brincar, o movimento e o conhecimento de si e do outro.
Elaborado com simplicidade, acredita-se que o presente estudo poderá trazer
contribuições relevantes, especificamente ao psicopedagogo em exercício nas
instituições escolares.
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METODOLOGIA
A partir de um processo histórico e de investigação, vai ser dado um processo
evolutivo de conhecimento das atividades lúdicas.
No decorrer dos capítulos, a ênfase vai ser dada na retratação da importância
de Educação Infantil, tendo como referencial a sua realidade, para que, a partir dela
possam surgir novas vertentes que comprovem a necessidade de se tornar o lúdico
uma nova forma metodológica, onde utilizam para tal afirmativa suas próprias
metodologias.
Tendo uma reflexão na Educação Infantil, fica definido: as esferas sociais
visando a família, a Pedagogia visando o educador e a Psicologia vivenciando o
educando.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................. 8
CAPÍTULO I ................................................................................ 10
CAPÍTULO II .............................................................................. 18
CAPÍTULO III ............................................................................. 30
CONCLUSÃO .............................................................................. 38
BIBLIOGRAFIA .......................................................................... 40
INDICE ......................................................................................... 43
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INTRODUÇÃO
Sempre foi desejo dos professores poder criar na sala de aula uma atmosfera
de motivação que permitisse aos alunos participar ativamente do processo ensino-
aprendizagem. Mas surgia uma pergunta: como fazê-lo? Esta aspiração e este
questionamento não são novos na prática escolar. A história da Pedagogia demonstra
que vários educadores do passado já se preocupavam com o aspecto motivacional do
ensino, preconizando uma educação de acordo com as necessidades e interesses
infantis, e também com o valor formativo do jogo.
Jogar é uma atividade natural do ser humano. Ao brincar e jogar, a criança
fica tão envolvida com o que está fazendo, que coloca na ação seu sentimento e
emoção. O jogo, assim como a atividade artística, é um elo integrador entre os
aspectos motores, cognitivos, afetivos e sociais. Por isso, partimos do pressuposto de
que é brincando e jogando que a criança ordena o mundo à sua volta, assimilando
experiências e informações e, sobretudo, incorporando atividades e valores. Portanto,
é através do jogo e do brinquedo que ela reproduz e recria o meio circundante.
Segundo Vygotsky, 1978, não há fronteiras impenetráveis entre a fantasia e a
realidade, muito pelo contrário, depende da existência de diferentes formas de
circulação entre atividades imaginadoras da realidade. Sendo assim, os processos
criadores encontrados desde os primeiros anos da infância se refletem basicamente
em suas brincadeiras ou jogos e são produtos de um tipo de impulso criativo. Este
impulso, sendo entendido como marcas culturais mediadas por pessoas onde crianças
são estopins de um processo pedagógico que visa o sucesso. Este sucesso enquanto
atividade criadora, presente na teoria sócio-histórica, evidencia a necessidade de se
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tornar significativo, algo vivenciado, atribuído assim o exercício da imaginação e da
criação às mais diferentes formas de expressão.
É preciso pensar em estratégias que levem em consideração o contexto sócio-
cultural e que a partir delas a Educação Infantil possa ser uma conquista conjunta,
onde na busca da autonomia, o processo pedagógico se finde na alegria de um
retorno múltiplo.
Entender a Educação Infantil e almejar seu processo pedagógico, é abrir mão
da educação tradicional fragmentada e desvinculada de qualquer contexto social,
rumo a uma pedagogia de sucesso, que caracterize aprendizagens efetuadas em
brincadeiras como meio fundamental para a criança resolver problemas emocionais
que fazem parte de seu desenvolvimento.
Portanto, pesquisar sobre a Educação Infantil e seus mecanismos para a
aprendizagem, é possibilitar que a criança esteja à vontade com sua imaginação
criadora, para exercitá-la, criar e recriar idéias, para que através de brincadeiras
consiga interagir com o mundo adulto, sentindo claramente que já existe.
O presente trabalho tem por objetivo, dentro de suas limitações óbvias,
refletir sobre o processo que a Educação Infantil vem desenvolvendo, tal qual as
formas empíricas que estão sendo hoje utilizadas como instrumento pedagógico para
ensinar, objetivando o despertar para as necessidades reais que a criança tem para
aprender.
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CAPITULO I
1.1 – A CULTURA IMPULSIONADA PELO LÚDICO
O ato de jogar e brincar é tão antigo quanto o próprio homem, pois este sempre
manifestou uma tendência lúdica, isto é, um impulso para o jogo
Alguns autores vão além afirmando que o jogo não se limita apenas à
humanidade, seria anterior, inclusive ao próprio homem, pois já era praticado por
alguns animais. Johan Huizinga diz que:
“os animais brincam tal como os homens...Convidam-se uns
aos outros para brincar mediante um certo ritual de atividades e
gestos. Respeitam a regra que os proíbe morderem, ou pelo menos
com violência, a orelha do próximo.
Fingem ficar zangados e, o que é mais importante, eles, em
tudo isto, parecem experimentar um imenso prazer, um
divertimento.”(Huizinga,1971,p.3)
Quem tem um cão ou um gato em casa, certamente já teve a oportunidade de
ver seu animal de estimação brincando: é o caso do gatinho que brinca com um
novelo de lá, ou do cachorro que corre atrás de uma bola para pegá-la.
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Para Piaget, a atividade lúdica dos animais é de origem reflexa ou instintiva
(lutas , perseguições, etc.), como no caso dos gatinhos que lutam com a mãe e a
mordiscam, sem feri-la.
“ Nas espécies superiores, como o chimpanzé, que se diverte a
fazer a água correr, a juntar objetos ou a destruí-los, a dar
cambalhotas e imitar os movimentos de marchar etc..., e na criança,
a atividade lúdica supera amplamente os esquemas reflexos e
prolonga quase todas as ações.” ( Piaget,1971,p.146)
Nesta perspectiva, o jogo ultrapassa a esfera da vida humana, sendo, portanto,
anterior à cultura.
Quanto à relação existente entre jogo e cultura, Huizinga fez estudo profundo
sobre o assunto, abordando a função social do jogo desde as sociedades primitivas
até as civilizações consideradas mais complexas. De acordo com a tese desse autor, a
cultura surge sob a forma de jogo, sendo que a tendência lúdica do ser humano está
na base de muitas realizações na esfera da Filosofia, da Ciência, da Arte (em especial
da música e da poesia), no campo militar e político e mesmo na área judicial .
Embora o caráter lúdico dessas realizações seja mais evidente nas sociedades
arcaicas, ele aparece também nas sociedades mais complexas, muitas vezes atenuado
ou disfarçado. Huizinga explica a sua concepção dizendo:
“ mesmo as atividades que visam à satisfação imediata das
necessidades vitais como, por exemplo, caça, tendem a assumir nas
sociedades primitivas uma forma lúdica. A vida social revesti-se de
formas suprabiológicas, que lhe conferem uma dignidade superior
sob a forma de jogo, e é através deste último que a sociedade
exprime sua interpretação da vida e do mundo. Não queremos com
isto dizer que o jogo se transforma em cultura, e sim que, em suas
fases mais primitivas, a cultura possui um caráter lúdico, que ela se
processa segundo as formas e no ambiente do jogo.”
(Huizinga,1971,p.53).
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Portanto, a idéia básica desse autor é que, além dos jogos que são normalmente
incorporados à cultura de um povo, a própria cultura se forma e se desenvolve
impulsionada pelo espírito lúdico.
Sendo parte integrante da vida em geral, o jogo tem uma função vital para o
indivíduo, não só para distração, mas também como forma de assimilação da
realidade, além de ser culturalmente útil para a sociedade como expressão de idéias
comunitárias.
1.2 – OS JOGOS E A APRENDIZAGEM
Durante muito tempo confundiu-se “ensinar” com “transmitir” e, nesse
contexto, o aluno era um agente passivo da aprendizagem e o professor um
transmissor não necessariamente presente nas necessidades do aluno. Acreditava-se
que toda aprendizagem ocorria pela repetição e que os alunos que não aprendiam
eram responsáveis por essa idéia que é tão absurda quanto a ação de sanguessugas
(invertebrados aquáticos usados para sangrias e curas de pacientes) e sabe-se que não
existe ensino sem que ocorra a aprendizagem, e esta não acontece senão pela
transformação, pela ação facilitadora do professor, do processo de busca do
conhecimento, que deve sempre partir do aluno.
A idéia de um ensino despertado pelo interesse do aluno acabou transformando
o sentido daquilo que se entende por material pedagógico e cada estudante,
independentemente de sua idade, passou a ser um desafio à competência do
professor. Seu interesse passou a ser a força que comanda o processo da
aprendizagem, suas experiências e descobertas, o motor de seu progresso e o
professor um gerador de situações estimuladoras e eficazes. É nesse contexto que o
jogo ganha um espaço como a ferramenta ideal da aprendizagem, na medida em que
propõe estímulo ao interesse do aluno, que como todo pequeno animal adora jogar e
joga sempre principalmente sozinho e desenvolve níveis diferentes de sua
experiência pessoal e social. O jogo ajuda-o a construir suas novas descobertas,
desenvolve e enriquece sua personalidade e simboliza um instrumento pedagógico
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que leva ao professor a condição de condutor, estimulador e avaliador da
aprendizagem.
Está se perdendo no tempo a época em que se separava a “brincadeira”, o jogo
pedagógico, da atividade “séria”. De Huizanga a Roger Caillois, de Heidegger a
Georges Bataille, de Montaigne a Frobel, de Konrad Lorenz a Gardner, alguns dos
mais destacados pensadores de nosso tempo demonstraram vivo interesse pela
questão lúdica e pelo lugar dos jogos e das metáforas no fenômeno humano e na
concepção de mundo: hoje a maioria dos filósofos, sociólogos, etólogos e
antropólogos concordam em compreender o jogo como uma atividade que contém
em si mesmo o objetivo de decifrar os enigmas da vida e de construir um momento
de entusiasmo e alegria na aridez da caminhada humana. Assim, brincar significa
extrair da vida nenhuma outra finalidade que não seja ela mesma. Em síntese, o jogo
é melhor caminho de iniciação, à descoberta da individualidade.
O que leva uma criança a brincar?
Toda criança vive agitada e em intenso processo de desenvolvimento corporal e
mental. Nesse desenvolvimento se expressa a própria natureza da evolução e esta
exige a cada instante uma nova função e a exploração de nova habilidade. Essas
funções e essas novas habilidades, ao entrarem em ação, impelem a criança a buscar
um tipo de atividade que lhe permite manifestar-se de forma mais completa. A
imprescindível “linguagem” dessa atividade é o brincar, é o jogar. Portanto, a
brincadeira infantil está muito mais relacionada a estímulos internos que a
contingências exteriores. A criança não é atraída por algum jogo por forças externas
inerentes ao jogo e sim por uma força interna, pela chama acesa de sua evolução. É
por essa chama que busca no meio exterior os jogos que lhe permitem satisfazer a
necessidade imperiosa posta por seu crescimento
1.3 - O JOGO NO CONTEXTO PEDAGÓGICO
As teorias pedagógicas que hoje dão suporte às instituições infantis, se
desenvolvem nas primeiras décadas deste século influenciadas por princípios
oriundos de Froebel, e de escolanovistas como Claparéde, Dewey, Declory e
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Montessori. Estes estudos conceberam a introdução do jogo ora como ação livre da
criança ora como atividade orientada pelo professor na busca dos conteúdos
escolares.
Criados no Brasil no século passado, a pedagogia dos jogos froebelianas, as
práticas adotadas, observava-se a idéia de jogo livre nas brincadeiras cantadas e do
jogo orientado, incluindo materiais como bola, cilindro e cubo.
Todos os jogos froebelianos envolvem movimentação das crianças de acordo
com os versos por elas cantados. O conteúdo das musicas em consonância com os
movimentos, facilita o conhecimento espontâneo sobre os elementos do ambiente. O
papel educativo do jogo, enquanto brincadeira é exatamente este, onde desenvolvido
livremente pela criança, aguça o desenvolvimento das esferas cognitivas, sociais e
morais.
Outra invenção “froebeliana”, é a invenção dos dons, dando oportunidade para
a criança explorar livremente, oferecendo apenas o suporte material e jogos
orientados nos quais há clara cobrança de conteúdos a adquirir.
Embora prevaleça uma nítida preferência pelos jogos livres, os jogos
educativos continuaram presentes nos anos XX, durante a expansão do movimento
escolanovista.
Educadores como Sócrates, na Grécia, Erasmo, Vives e Montaigne, na
renascença, Pestalozzi e Froebel, no século XVII, e muitos outros, são exemplos
dessa tendência. O movimento denominado Escola Nova, que tem como expoente
John Dewey, representa, em seu sentido restrito, um momento concreto dessa grande
corrente inovadora de ensino. Apesar de sua especificidade, a Escola Nova não
representa um sistema único.
No Brasil, a chegada das idéias escolanovistas, teve o apogeu nos anos XX e
XXX, sendo o primeiro o período de reformas educativa como fruto de novo ideário
e o segundo, debates como vitória do movimento da trinta e a instalação do Governo
Institucional de 1934.
Em 1929, o Centro de Minas Gerais, publicou pesquisas sobre interesses e
preferências de crianças entre dez e quatorze anos, com destaque para os brinquedos
(Antipoff, 1930, p 13-19). Pesquisa semelhante foi realizada em São Paulo, com
crianças da escola primária, em 1934, por alunos da professora Noemy Silveira
Rudolfer, em colaboração com o laboratório de Psicologia da Universidade de São
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Paulo (Hallier e Macedo, 1946). Entre as informações destacam-se jogos de faz-de-
conta como tipicamente femininas.
Os valores ocultos de discriminação sexual na preferência dos jogos mostra a
ida das meninas mais cedo no auxilio aos afazeres domésticos e as ruas para os
meninos brincarem. Mostra ainda, a necessidade de explorar e desenvolver sua
iniciativa e criatividade a enfrentar desafios indispensáveis para uma adequada
formação de personalidade infantil e, especialmente importantes para garantir a
confiança em si mesmo, um ser capaz de criar, explorar e planejar.
Antipoff (1930) seguiu a psicologia funcionalista que se expandiu na Suíça e
difundiu-se nas escolas normais. Este funcionalismo, a inteligência não representa
faculdades isoladas do intelecto, mas uma maneira de reagir do organismo que ocorre
quando este se defronta com novas situações.
No período de expansão do ideário escolanovistas, o jogo não passava do
emprego de material concreto, de forma significativa, não havendo nenhuma forma
de ação lúdica da criança, havendo sim o total direcionamento do professor.
Entretanto, para os anos 30, essa inovação tinha o significado de jogo. Um jogo
capaz de atender interesses e necessidades infantis que se contrapunha ao ensino
tradicional que ignorava matérias como auxiliares do ensino. As discussões em torno
do jogo eram insignificantes.
A recreação na concepção de escolanovistas brasileiras diverge daquela emitida
pelos filosóficos gregos, de uma recreação descompromissada. O seu sentido visa
orientar na busca de objetivos relacionadas ao desenvolvimento, físico,cognitivo e
social.
Dewey ao conceber a infância enquanto época de crescimento e
desenvolvimento, estimulou a adoção livre como forma de atender necessidades e
interesses da criança.
Para dar unidade ao seu pensamento e às reformas que empreendeu, Fernando
Azevedo selecionou, entre a multiciplicidade de escolanovistas americanos e
europeus, aqueles cujos princípios fluíram na mesma direção. Nesse sentido, a opção
por Decroly, justificou-se por ter sido ele o principal seguidor de Dewey na Bélgica.
Criador do método de ensino globalizado, que possui por finalidade de evitar a
fragmentação do ensino e atender o interesse da criança. Esse método, nos anos 30
como o novo processo de ensino, revolucionou o jardim de infância.
16
Entretanto, foi em 1926 que Decroly divulgou sues jogos, destinados ao
desenvolvimento intelectual e motor, ocupando o espaço da educação pré-escolar,
explorando primeiro o ambiente para depois expressá-lo.
“Os jogos educativos não constituem senão o que uma das
múltiplas formas que podem tornar o material do jogo, mas que tem
por meta dominante a de fornecer a criança objetivos susceptíveis de
favorecer a iniciação a certos conhecimentos e também permitir
repetições freqüentes em relação à retenção e as capacidades
intelectuais da criança.” ( Decroly,1978,p23).
Em sua obra “Le Enfant” ( S.d,p.144-145), manifestou-se contra a utilização de
brinquedos na Educação Infantil.
“ Eu compreendi que o brinquedo era sem dúvida alguma
coisa inferior na vida da criança e que se recorre quando não há
nada melhor.”
Apesar de paradoxalmente não valorizar o uso dos jogos, Montessori colaborou
para subsidiar a tendência do uso de jogos livres na Educação Infantil ao permitir à
criança o direito de escolher os materiais para o trabalho escolar. Predominava nos
anos 20, tanto escolas maternais como jardins de infância de São Paulo as
recomendações para seguidores de Froebel e Montessori.
O decreto nº 4.600, art.421, de 30 de maio de 1329, que regulamenta as leis
2.269, de 31 de dezembro de 1928, as quais prevê as seguintes orientações para a
escola infantil: “ A orientação do ensino deverá obedecer aos processos conjugados
de Froebel e Montessori.”
Embora que ainda perdurem as idéias de Declory, Dewey e Kilpatrick a
reformulação da educação em 31 de abril de 1933 decreto n º 5.884, apresentou as
finalidades conforme princípios de Dewey, Kilpatrick e Declory.
Em síntese, a educação infantil incorporou princípios de Froebel, Dewey,
Declory e Montessori, onde tanto o jogo livre como aquele destinado à aquisição de
conteúdos continuaram presentes na educação, apoiadas por Froebel e continuadas
17
por escolanovistas, onde historicamente ocupam uma posição importante frente às
novas metodologias.
18
CAPÍTULO II
2.1 – AS TEORIAS SÓCIO-CULTURAIS
Vygotsky tem sido considerado, ao longo dos últimos anos, um psicólogo do
desenvolvimento que traz subsídios teóricos fundamentais às questões educacionais,
no qual o papel do outro ser social como mediador do desenvolvimento e da
aprendizagem, é tomado como questão principal.
Uma das maiores contribuições de Vygotsky, à Psicologia da Educação,
propicia a retomada da discussão da relação entre desenvolvimento e aprendizagem,
a partir de situações de brincadeira partilhadas, onde a busca de pistas, o
aprender/ensinar e as instruções têm lugar.
Segundo Vygotsky, a criança constrói a estrutura de um ambiente a partir de
elementos episódicos promovidos pelos adultos e demais crianças e suas ações a
tornam agente ativo e construtivo. São necessárias algumas modificações no
ambiente para que as crianças descubram, inventem e inaugurem lugares para
brincar, conduzindo as atividades de jogo, segundo objetivos por elas definidos, onde
os adultos organizam o ambiente de acordo com sues objetivos pessoais ou
pedagógicos e esse planejamento é baseado em seus conhecimentos anteriores a
respeito das habilidades das criança diante de seu grupo etário.
“...a criança (atual) depois de fornecidas pistas ou mostramos
como...pode ser solucionado, ou se o professor inicia a solução e a
criança completa... aquilo que a criança consegue fazer com ajuda
19
dos outros poderia ser...,indicativo de seu desenvolvimento
mental”.(Vygotsky,1984,p.96).
A brincadeira se constrói, a princípio de várias ações casuais distintas, as quais
não tendo nada em comum, são no decorrer do tempo, inter-relacionadas na
atividade da criança.
Se os fatos precedentes não podem, em si, ser apontados como fatores de
desenvolvimento, sua interpretação do ambiente social será a construção semiótica
da criança. Ela não realizará transformações de uma só vez, assim como sua
construção semiótica é um processo ininterrupto e de todo um grupo.
Nos primeiros estágios do desenvolvimento, é comum haver falta de clareza de
propósito, limitada a movimentos simples de um lado para outro, até que o interesse
conjunto conduza a uma construção simultânea.
“ Chamamos atividade principal àquela em conexão com a
qual ocorre a mais importante mudança no desenvolvimento
psíquica da criança e dentro do qual se desenvolve processo
psíquico que prepara o caminho da transição da criança para um
novo e mais elevado nível de desenvolvimento.”
(Leontiev,1988,p.122)
Ultrapassados os primeiros estágios, um momento de crescente distinção EU-
OUTRO, se diferencia cada vez mais do restante do contexto, envolvendo-se na
construção de sua compreensão dos aspectos simbólicos de suas próprias ações onde
o brinquedo vai se fazendo mais interessante na medida em que se processa a
brincadeira.
“ A criança, ao querer, realiza seus desejos, ao pensar ela age.
As ações internas e externas são inseparáveis: a imaginação, a
interpretação e a vontade são processos internos conduzido pela
ação externa.” (Vygotsky,1984,p.114)
20
Portanto, Vygotsky (1978), em suas pesquisas e teorias acredita que um
ambiente educacional, facilitador, promove avanços a partir da zona de
desenvolvimento proximal, que não ocorria sem interferência do ensino ou qualquer
ambiente educacional. Esta zona ocupa lugar crucial na postulação Vygotskiana, por
ser antes de tudo um conceito teórico.
Neste pensar, o brinquedo supõe uma relação intima com a criança e uma
determinação quanto ao uso, permitindo o estímulo à representação, a expressão de
imagens que evocam aspectos da realidade.
O brinquedo representa certas realidades, com correspondentes a alguma coisa
que permita sua evocação. Em sua essência o brinquedo, enquanto retrato da
realidade, representa a sociedade no enfoque ao outro.
Hoje os brinquedos reproduzem um mundo técnico científico e o modo de vida
eletrônico atual, o que lhe atribui um imaginário pré existente criado pelos desenhos
animados, etc.
O brinquedo propõe um mundo imaginário da criança e do adulto, criador do
objeto lúdico, que variam de acordo com sua cultura-cidade.
O brinquedo educativo com fins pedagógicos remete-nos à relevância deste
instrumento para situações de ensino-aprendizagem e de desenvolvimento infantil.
Se considerarmos que a criança pré-escolar aprende de modo intuitivo, o brinquedo
desempenha o papel de grande relevância para desenvolvê-la.
O brincar, dotado de natureza livre, parece incompatibilizar-se com a busca de
resultados, típica de processos educativos, potencializando a exploração de
conhecimento.
A brincadeira tradicional infantil, fiel ao folclore, expressa-se, sobretudo, pela
oralidade, considerada como parte da cultura popular, adquirindo a característica de
anonimato, tradicionalidade, conservação, mudança e universalidade.
Muitas permanecem fiéis a sua estrutura inicial, outras se modificam recebendo
novos conteúdos (Piaget,1980).
A brincadeira de faz-de-conta é a que deixa mais evidente a presença da
situação imaginária, surgindo em torno de dois a três anos com a representação da
linguagem, registrando experiência anterior adquirida pelas crianças em diferentes
contextos. A inclusão do jogo infantil nas propostas pedagógicas justifica-se pela
aquisição do símbolo.
21
As brincadeiras de construção enriquecem a experiência sensorial, estimula a
criatividade e desenvolve habilidades da criança.
Froebel, o criador dos jogos de construção, estimulou a imaginação infantil,
transformando em temas de brincadeiras, contribuindo para sua construção.
Portanto, a brincadeira e o ato infantil de brincar estimulam o desenvolvimento
mental e a produção de conhecimento.
Em síntese, podemos dizer que a educação lúdica integra em sua essência uma
concepção teórica profunda e uma cooperação prática atuante e concreta.
“ Os métodos de educação das crianças exigem que se forneça
às crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas
cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso,
permanecem exteriores à inteligência infantil.” (Piaget, Psicologia e
Pedagogia,p.158)
2.2 – VISÃO ATUAL DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Partindo do princípio de que a Educação é direito de todos (Artigo 205 da
Constituição), a Educação Infantil, também inclusa, com atendimento específico à
criança de zero a seis anos de idade, constitui hoje um segmento importante do
processo educativo.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394, promulgada em 20
de dezembro de 1996, tem suas finalidades citadas em seu Titulo V, Capítulo II,
Seção II, Artigo 29: “ A Educação infantil, primeira etapa da Educação Básica,
tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de
idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando
a ação da família e da comunidade.”
O atendimento às crianças nesta faixa etária era marcado por características
meramente assistencialistas, sem considerar as questões de cidadania ligadas aos
ideais de liberdade e igualdade. Entretanto, hoje, a Educação Infantil tem um
significado particularmente importante quando se fundamenta no desenvolvimento
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da criança. Integra duas funções básicas indispensáveis e indissociáveis: cuidar e
educar. Visa a promoção do bem-estar e ampliação de condições necessárias para o
exercício da cidadania da criança brasileira, tornando-a um agente questionador e
participante, bem como um sujeito ativo na construção do conhecimento.
De acordo com o Artigo 30 da Lei de Diretrizes e Bases, a Educação Infantil
confere atendimento especifico oferecido “ em creches, ou entidades equivalentes,
para crianças de até três anos de idade e em pré-escolas de quatro a seis anos de
idades.” Essas instituições devem ser acessíveis a todas as crianças que as
freqüentam, devem ser um dos espaços de inserção da criança nas relações éticas e
morais, que permeiam a sociedade na qual estão inseridas. Para tanto, o trabalho
educativo pode e deve criar condições para que as crianças conheçam, descubram e
expressem novos valores, ideais, sentimentos, hábitos e papéis sociais.
Educação Infantil deve cumprir o objetivo socializador, propiciando o
desenvolvimento da identidade da criança por meio de aprendizagens diversificadas.
Deve ser oferecida a ela condições para que essas aprendizagens exerçam um papel
preponderante no desenvolvimento infantil e na construção do conhecimento. No
sentido de explicitar a função da pré-escola, Kramer afirma que ela serve,
“ Para propiciar o desenvolvimento infantil, considerando
conhecimentos e valores culturais que as crianças já tem e,
progressivamente, garantindo a ampliação dos conhecimentos, de
forma a possibilitar a construção de autonomia, cooperação,
criticidade, criatividade, responsabilidade, e a formação do auto-
conceito positivo, contribuindo, portanto, para a formação da
cidadania.” (Kramer,1994,p.49)
Destaca-se na Lei, em seu Artigo 87, Parágrafo 3º, Inciso I, que nos
estabelecimentos de ensino deverão “ matricular todos os educandos a partir dos
sete anos de idade e, facultativamente, a partir dos seis anos, no Ensino
Fundamental”. Apesar da Lei de Diretrizes e Bases ter delimitado a idade da
criança ingressar no Ensino Fundamental, a Lei dá autonomia ao Sistema de Ensino,
seja ele municipal ou estadual pela inclusão ou não da criança com seis anos no
Ensino Fundamental.
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A escola que trabalha com Educação Infantil não deve ser vista como uma
escola de preparação para o Ensino Fundamental, nem como uma miniatura desta.
Neste setor educacional as aprendizagens devem ocorrer nas brincadeiras ou
advindas de situações pedagógicas intencionais ou orientadas pelos adultos. A
professora Costa, relata que:
“ A escola infantil é um espaço privilegiado de convivência
com adultos e com outras crianças, que têm a mesma energia, a
mesma curiosidade em compreender o mundo, os mesmo conflitos
no confronto com a lógica dos adultos. Neste sentido é direito da
criança “des-envolver-se”, sair do invólucro da família, para ser
lançada ao mundo. (Costa,1997,p.16).
É importante ressaltar que as instituições de Educação Infantil devem oferecer
um ambiente físico e social onde as crianças se sintam protegidas e confiantes para
se arriscar e vencer desafios. Assim, a educação deve auxiliar o desenvolvimento das
capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais,
emocionais, afetivas, éticas e estéticas, na perspectiva de contribuir para a formação
de crianças felizes e saudáveis.
2.3 – PARTCIPAÇÃO DA CRIANÇA ATRAVÉS DO LÚDICO
A psicologia genética tem dado a devida atenção ao lúdico por ser constituída
de atividades importantes na vida da criança e também porque auxilia o pedagogo a
conhecer melhor as tendências dela.
As atividades lúdicas como jogos, brinquedos, brincadeiras, desenho, música,
dança, poesia e outras, estimulam a representação e a expressão de imagens
possibilitando a percepção total da criança em seus aspectos motor, afetivo, social ou
moral.
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A criança gosta de brincar com o adulto. Em tal companhia ela não se sente
diminuída, rejeitada; pelo contrário, é importante estar junto dele para que possa
imitá-lo, aprender com ele
Enfatizando a influência do adulto no desenvolvimento da criança, afirma
Vygotsky:
“ No brinquedo, a criança projeta-se nas atividades adultas de
sua cultura e ensaia seus futuros papéis e valores. Assim o
brinquedo antecipa o desenvolvimento; com ele a criança começa a
adquirir a motivação, as habilidades e as atitudes necessárias a sua
participação social, a qual só pode ser completamente atingida com
a assistência de seus companheiros da mesma idade e mais
velhos.”(Vygotsky,1991,p.146).
Através do lúdico, a criança conquista sua autonomia, sua personalidade, sua
afirmação, tem consciência de desempenhar o papel de adulto no seu diminuto
mundo. Copiando o adulto assimila-se a ele. Como o adulto se sente forte por suas
obras, a criança sente-se crescer com suas proezas lúdicas. Os adultos desempenham
um papel importantíssimo no desenvolvimento da criança, sejam eles seus pais,
educadores ou outras pessoas que cuidam dela.Vila e Muller fazem a seguinte
observação:
“ Em sua vida afetiva, as crianças têm, de um lado necessidade
de imitar e escolher seus modelos, mas, de outro, precisam
expressar-se à sua maneira, serem aceitas e respeitadas, ouvidas e
levadas em conta em seus pontos de vista; necessitam ser
reconhecidas como pessoas distintas que são, com vida própria e
potencial para uma progressiva autonomia.” (Vila e
Muller,1992,p.6).
O brincar é elemento indispensável na educação para que a criança participe
das atividades em sala de aula.
25
Ela, portanto, deve participar de atividades atraentes onde sinta prazer em
aprender, porque o prazer é a mola – mestra do mundo; não no sentido de sexo, mas
ligado a todas as atividades. A educação da criança, sendo feita através do lúdico, do
prazer, da descoberta, da atração, leva-a à construção de suas estruturas mentais.
Partindo desse principio, Chateau diz que:
“... a criança só faz bem aquilo que faz com prazer, como,
aliás, o adulto também.”( Chateau,1987, p.127).
Esse princípio apresenta uma grande abrangência. Existem outros atrativos
além do lúdico – o das guloseimas, o ato de chupar chupeta; portanto, nem tudo que
é atrativo tem necessariamente valor educativo.
A evolução da criança em seus primeiros anos de vida é muito rápida quer sob
o ponto de vista físico, quer em seus aspectos cognitivo, sensorial, sócio-emocional
e de comunicação oral.
Nicolau (1986) caracteriza as diferentes etapas que a criança atravessa desde o
nascimento até os seis anos de idade, sem levar em consideração a limitação de uma
idade para outra. Neste trabalho, estaremos nos restringindo às crianças a partir dos
três anos de idade devido à delimitação específica de três à seis anos de idade,
dentro do pré-escolar.
2.3.1 –A CRIANÇA AOS TRÊS ANOS
Gosta muito de atividades motoras e já se interessa por jogos de armas, de
encaixes de formas simples (círculo, quadrado, triângulo) e é capaz de ter grande
persistência para resolvê-los.
No desenho, seus traços já começam a ser controlados, menos confusos e
menos repetitivos. Ainda não discrimina bem as cores, mas tem bom sentido de
forma. Gosta de inventar histórias que conta como verdadeiras, sem intenção de
mentir. Apesar de gostar da companhia de outras crianças, brinca isoladamente – sua
maneira de brincar é ainda solitária. Apesar de manifestar satisfação em estar com
26
outras crianças, sua brincadeira é ao lado, paralela, mas não com elas. No entanto já
começa a entender o que significa esperar a sus vez.
Nessa idade é marcante a fantasia – O “faz-de-conta”. Ela permite que qualquer
coisa, qualquer situação, qualquer fato ou pessoa, sejam usados a qualquer tempo e
para qualquer fim. O que dá vida, finalidade e especificidade às situações é a ação.
De repente um pedaço de pau pode converter-se num cavalo. O faz-de-conta pode ser
a própria realidade infantil. A criança é altamente fantasiosa e mágica segundo Rego:
“ Ela brinca pela necessidade de agir em relação ao mundo
mais amplo dos adultos e não apenas ao universo dos objetos a que
ela tem acesso.” (Rego,1995,p.82).
2.3.2 – A CRIANÇA AOS QUATROS ANOS
Ela atinge a idade para iniciar suas experiências de vida social e grupal.
Apresenta uma combinação de independência e sociabilidade. Seu anseio de poder e
afirmação torna-a, às vezes, petulante, ao mesmo tempo que é sociável, ativa e muito
questionadora e, geralmente tagarela. De tudo quer saber – aprecia falar sobre si
mesma contando o que sabe, o que faz.
Sente intenso prazer nas atividades lúdicas e suas brincadeiras já não são
apenas paralelas às dos companheiros, já prefere grupos de duas ou três crianças.
Oliveira diz que:
“ ..a brincadeira simbólica dos dois aos quatro anos se
desenvolve incrivelmente, tanto na organização como em
dramatização (...) Aprende ao brincar a vivenciar e a diferenciar a
realidade da fantasia, o eu do outro e ressignificar a realidade
conforme sua capacidade de assimilá-la (Oliveira,1997,p.31).
Os quatros anos são vividos magicamente, as associações fluem com facilidade
e ocorre uma verdadeira exploração de atividades motoras, verbais e mentais. Os
27
brinquedos adequados são aqueles que propiciam a criação, a destruição e a
recriação.
2.3.3 – A CRIANÇA AOS CINCO ANOS
Nesse período a criança aprende com facilidade, através de situações concretas
devido à grande curiosidade que sente por tudo que a cerca; desenha com segurança,
têm bom domínio muscular no manejo de ferramentas simples e em atividades tais
como jogos de encaixe, recortes; gosta de brincar de construções de casas, garagens,
cidades; de ajudar em diversas atividades: varrer a casa, lavar a louça, arrumar os
brinquedos; de fantasiar-se e dramatizar.
Prefere brincar em grupo. E no brinquedo livre começa a definir as diferenças
de sexos, que revelam aos quatro anos, acentuando-se aos cinco, com perguntas
objetivas. Começam a compreender os diferentes papéis que cada sexo desempenha
na vida.
2.3.4 –A CRIANÇA AOS SEIS ANOS
Nesta idade o seu sistema motor está mais coordenado. A criança já possui
grande habilidade para pintar, desenhar, modelar e seus trabalhos são realizados com
maior observação e cuidado,pois é capaz de aprender melhor os detalhes; habilidades
para compreender e utilizar a linguagem: gosta de usar palavras novas mesmo as que
não compreende bem. O vocabulário e a facilidade de expressão variam de criança
para criança e de acordo com o ambiente – é importante que tenha liberdade para
falar sem ser inibida ou constantemente corrigida, e que o adulto fale sempre
corretamente com ela.
A criança já é capaz de concentrar-se por um tempo mais longo nas atividades
livres, se houver interesse e se o material for flexível, sendo capaz de ouvir com
atenção e de esperar sua vez de falar. Ela já tem capacidade para julgar, mas ainda
28
precisa do auxilio do adulto. Possui muita imaginação, mas sabe diferenciar o real da
fantasia.Dos quatro aos seis anos, Oliveira faz o seguinte comentário:
“A representação gráfica é muito mais tardia do que a lúdica e
a verbal. Enquanto a brincadeira simbólica e a linguagem já estão
bem organizadas, a gráfica só agora começa a se firmar. A criança
que já constrói grandes cenas dramáticas brincando, só agora
começa a organizar seus desenhos representativos.”
(Oliveira,1997,p.45)
Pode-se concluir pelas características abordadas que a maioria das crianças só
adquire maturidade suficiente para iniciar a aprendizagem formal da leitura e da
escrita a partir dos seis anos. Deve-se deixar bem claro que os limites estabelecidos
para cada idade têm apenas o valor da média estatística, não são definidos e se
interpenetram, levando-se em conta as características e peculiaridades que têm sido
observadas com maior freqüência em cada um desses grupos de crianças em
condições normais de desenvolvimento.
Observa-se que quanto mais excitadas e interessadas nas atividades a criança
estiver, maior será o espírito de experimentação. O professor deve saber lidar com
esse entusiasmo para uma participação mais real da turma. Algumas atividades
adequadas para a hora do grupo, incluem canto, movimento, ouvir histórias ou
representá-las e certos jogos de grupo. Kami e De Vries (1994) fazem a seguinte
observação quanto à introdução de uma nova atividade;
“ Antes de uma atividade, o professor pode encorajar as
crianças a comparar previsões e discutir formas diferentes de
produzir um efeito desejado. Após uma atividade, ele pode refletir
com as crianças sobre o que elas fizeram e descobriram e que idéias
elas tiveram”. (Kami e De Vries,1994,p.306)
A criança que freqüenta uma escola de Educação Infantil aprende a participar
das atividades escolares, bem como a compor o seu mundo em busca do equilíbrio
entre seus impulsos, desejos e interesses. Enderie diz que:
29
“ Ainda que o jardim da infância não tenha tido o objetivo de
escolarizar, observa-se, contudo, que as crianças que o frequentam
mostram-se mais receptivas e desembaraçadas, apresentando
condutas mais independentes e melhor adaptação à escola, sem falar
na melhor prontidão cognitiva e psicomotora.” (Enderie,1990,p.99).
30
CAPITÚLO III
3.1 - EVOLUÇÃO DO SIGNIFICADO DO LÚDICO NO DESENVOLVIMENTO
INFANTIL NO ÂMBITO ESCOLAR.
O lúdico é, sem dúvida, uma atividade singularmente importante na Educação
Infantil – é constituída entre a pura ficção e realidade do trabalho.
As atividades lúdicas destinadas às crianças de zero a seis anos visam explorar
a função e o desenvolvimento das habilidades cognitivas, motoras e de expressão.
O jogo não é considerado apenas entretenimento para distração e desgaste de
energia das crianças, mas é um meio que contribui para enriquecer seu
desenvolvimento intelectual e tem a função vital de assimilação da realidade, além de
ser culturalmente útil para a sociedade como expressão de ideais comunitários – o
jogo é por excelência integrador.
A educação de uma criança é feita através do brinquedo, do prazer, da
descoberta. É brincando que ela vai construindo suas estruturas mentais. E notória a
observação de Rizzi quando diz que:
“ Jogar é uma atividade natural do ser humano. Ao brincar e
jogar a criança fica tão envolvida com o que está fazendo, que
coloca na ação seu sentimento e emoção... é brincando e jogando
que a criança ordena o mundo á sua volta, assimilando experiências
e informações e, sobretudo incorporando atividades e valores.
31
Portanto, é através do jogo e do brinquedo que ela reproduz e recria
o meio circundante.” ( Rizzi,1998,p5.)
O comportamento social da criança na Educação Infantil encontra-se em suas
brincadeiras. É brincando que ela vai pouco a pouco tomando contato com a
realidade. Não se pode imaginar a infância desligada da brincadeira, do jogo. É
nítido a afirmação de Chateau quando diz que:
“ A infância é, portanto, a aprendizagem necessária à idade
adulta. Estudar na infância somente o crescimento, o
desenvolvimento das funções, sem considerar o brinquedo, seria
negligenciar esse impulso irresistível pelo qual a criança modela sua
própria estátua. Não se pode dizer de uma criança ‘que ela cresce’
apenas seria preciso dizer ‘que ela se torna grande’ pelo jogo”
(Chateau,1987,p.14).
Durante o período em que a criança está na pré-escola, suas habilidades
conceituais se expandem através do brinquedo e do uso imaginação. Descreve
Vygotsky em relação ao desenvolvimento cognitivo da criança:
“ Durante as brincadeiras todos os aspectos da vida da criança
tornam-se temas de jogos; na escola, tanto o conteúdo do que está
sendo ensinado como o papel do adulto especialmente treinado que
ensina são cuidadosamente planejados e mais precisamente
analisados.” ( Vygotsky,1991,p.146).
Uma criança que não brinca, que não joga, não é uma criança feliz, sua vida
não tem colorido, não tem alegria nem objetivo, portanto não vive a infância. Quanto
à classificação do brincar baseada na evolução das estruturas mentais Jean Piaget in
Rizzi adotou como critério classificatório a distribuição dos jogos em três grandes
categorias, cada uma delas correspondendo a um tipo de estrutura mental:
32
“ Jogo de exercício sensório-motor, jogo simbólico (de ficção,
ou imaginação e de imitação); jogo de regras.” ( Rizzi,1998,p.11).
No jogo sensório-motor, a criança realiza exercícios motores com repetição de
gestos e movimentos simples do próprio corpo. Nesses exercícios serão explorados
na criança o seu ritmo, cadência, desembaraço. Nessa fase a criança manipula
objetos, deslocando-os, superpondo-os, manipulando-os e desmontando-os. Embora
essa atividade lúdica caracterize a fase pré-verbal (de zero a dois anos de idade), eles
reaparecem durante toda a infância e mesmo no adulto.
No jogo simbólico, a criança usa da imaginação, da imitação e representação.
Essa atividade lúdica consiste em satisfazer o seu eu, transformando a ficção em
realidade. Ela brinca de casinha ou de escola representando os papéis de mãe, pai,
filho, professor...Também se inclui nessa atividade a transformação de um objeto em
outro, como uma caixinha de fósforo passa a ser um carro ou um trem.
O jogo simbólico se desenvolve a partir do exercício sensório-motor que, à
medida que são interiorizados, dão origem à imitação e, posteriormente, à
representação.
No jogo de regras manifesta-se um equilíbrio entre a assimilação do eu e a vida
social, ele é mais coletivo e menos individualista. O pedagogo tem um papel
primordial porque procura despertar no aluno o espírito de uma cooperação sadia, de
trabalho conjunto no sentido de metas comuns e respeito mútuo. Aqui, a criança
sente prazer em alcançar a vitória, mas este prazer é legitimado pelas regras, uma vez
que a competição é disciplinada.
A prática pedagógica é um lugar privilegiado para observar a brincadeira
espontânea da criança, as relações entre estruturas cognitivas e simbólicas, pois estas
servem como instrumento de avaliação.
O papel educativo do jogo, quando desenvolvido livremente pela criança, tem
efeito positivo na esfera cognitiva, social e moral.
Na escola maternal o jogo funciona como uma necessidade de fixação da
atenção da criança e de seu domínio na própria instabilidade natural e também como
meio de educação. Ela logo aprende então o que é uma tarefa: ordenando cores,
classificando etiquetas, empilhando cubos. Além disso, a criança passa a ter noção de
33
regra, ordem, disciplina, não só nas atividades lúdicas como também no trabalho
escolar, o que refletirá na própria vida.
Certos jogos infantis têm como conseqüência trabalhos reais como: cuidar de
hortas, de animais, fazer comidinha e outros. No caso de as crianças desconhecerem
essas atividades antes de ingressarem na escola, elas podem fracassar no exercução
de tais tarefas. Mas, até que ponto os jogos auxiliam o trabalho do pedagogo na
Educação Infantil?
Inúmeros autores discutem sobre a finalidade dos jogos na educação, quer
apontando como eficiente recurso de ensino destinado à aprendizagem, quer
apontando apenas como brinquedo, quer apontando seus limites e precauções.
Brenelli considera:
“ ...que o jogo é imprescindível na pedagogia quando utilizado
adequadamente e com os devidos cuidados, pois em cada estágio de
desenvolvimento, a importância do jogo é relevante nos aspectos
cognitivos, afetivos, sociais e morais.” (Brenelli,1993,p.26)
No Brasil, foi na Escola Nova que surgiu a idéia de introduzir as brincadeiras e
os jogos à educação. Entretanto, não foram bem vistos pelos pais que achavam que a
escola não era um lugar para brincar e sim aprender conteúdos. Predominava então,
especialmente nas escolas públicas, o hábito de utilizar jogos de forma bastante
diretiva para ensino de conteúdos escolares em qualquer disciplina.
Como por exemplo no ensino da matemática o jogo não passava de emprego de
material concreto, de forma mais significativa que a metodologia de ensino
verbalista, tendo como única finalidade – ensinar conteúdos, logo, nessa situação,
não se observava em momento algum, a ação lúdica da criança. Como elucida
Kishimoto (1993), havia um desconhecimento total das características do jogo, tais
como:
“ Atividade iniciada e mantida pela criança, flexibilidade e
decorrente possibilidade de exploração, relevância do processo de
brincar e não de seus resultados, prazer propiciado pelo ato lúdico,
existência de regras e criação de situações imaginárias, confundia o
34
emprego de materiais pedagógico inovadores com o jogo .“
(Kishimoto,1993,p.103).
Há uma divergência muito grande quanto ao uso de jogos e brincadeiras em
salas de aula – são empregados com significados variados quando observados em
diferentes situações.
Um mesmo objeto pode adquirir sentidos diferentes conforme o contexto em
que é utilizado: brinquedo ou material pedagógico. Se sua utilização é para criar
momentos lúdicos de livre exploração, prevalecendo a incerteza do ato e não se
buscando quaisquer resultados – é brinquedo; mas se o mesmo objeto serve como
auxiliar da ação docente, buscando resultados em relação à aprendizagem de
conceitos ou mesmo ao desenvolvimento de algumas habilidades – e material
pedagógico. Kihimoto afirma.
“ Enquanto objeto, é sempre suporte de brincadeira. E o
estimulante material para fazer fluir o imaginário
infantil.”(Kihimoto,1996,p.21)
Muitas vezes o uso de brinquedos e jogos destinados a criar situações de
brincadeiras na sala de aula era considerado, sem dúvida alguma, coisa inferior na
vida da criança e que se recorre quando não há coisa melhor, então nem sempre foi
aceito.
Aliás, muitas outras pessoas já achavam que a Pré-Escola era lugar apenas para
as crianças brincarem e se divertirem. De acordo com essa visão o objetivo da Pré-
Escola seria o de oferecer situações para crianças, de forma a possibilitar o seu
desenvolvimento, sem qualquer preocupação com o Ensino Fundamental. Kishimoto
argumenta que:
“ Se a escola tem objetivos a atingir e o aluno a tarefa de
adquirir conhecimentos e habilidades, qualquer atividade realizada
por ele, na escola, visa sempre a um resultado, é uma ação dirigida e
orientada para a busca de finalidades pedagógicas, portanto o
emprego de um jogo em sala de aula necessariamente se transforma
35
em um meio para a realização daqueles objetivos.”
(Kishimoto,1994,p.44).
Ainda Kishimoto esclarece que:
“... a brincadeira é a ação que a criança desempenha ao
concretizar as regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica. Pode-se
dizer que é o lúdico em ação.”( Kishimoto,1996,p.21).
O jogo educativo surge devido a opiniões de vários autores estudiosos do
assunto que tentam harmonizar a tarefa de educar com a inevitável necessidade de
brincar; portanto, o jogo educativo passa a ser um meio de instrução, um recurso de
ensino para o professor e, ao mesmo tempo, um fim em si mesmo para a criança que
quer brincar.
Os primeiros estudos sobre jogos educativos em Roma e na Grécia Antiga já
demonstravam a importância do “ aprender brincando” que surge como oposição à
violência e a repressão. O uso do jogo que imita atividades de adultos aparece como
uma forma de preparar os alunos para a vida futura. Os jogos aplicados ao preparo
físico tendem à formação de soldados e cidadãos dóceis, obedientes e devotos,
acrescendo-lhes ainda cultura física, formação estética e espiritual.
Há também divergências de opiniões quanto aos jogos educativos quando se
refere à função lúdica ou à função educativa. O objetivo dos jogos educativos é o
equilíbrio de ambas as funções, uma função não deve predominar sobre a outra. Se o
jogo é dado só como ação de brincar – não há ensino; ou, se é dado só como um
meio de instrução para completar o seu saber – há apenas o ensino. Deve-se então
conciliar a tarefa de educar com a necessidade irresistível de brincar.
A Escola Nova penetrou também na Educação Física procurando estimular a
perspectiva do jogo enquanto recreação, atividade essa que colabora com o
desenvolvimento físico e higiênico da criança.
Para os escolanovistas brasileiros a recreação usada nas escolas diverge daquela
emitida pelos filósofos gregos que era uma recreação descompromissada (jogo livre
que acontece nas ruas, nos quintais e praças). A recreação tem o sentido de atividade
orientada na busca de objetivos, não aqueles objetos voltados à aquisição de
36
conteúdos, mas ligadas ao desenvolvimento físico, buscando prioritariamente formar
o corpo conjuntamente com habilidades cognitivas, sociais e morais.
A recreação passa a ser destinada ao desenvolvimento integral da criança, onde
ela tem oportunidade de expressar-se, criar e desenvolver-se.
Um grupo de escolanovistas como Fernando de Azevedo, Lourenço Filho,
Anísio Teixeira e outros valorizam consideravelmente o papel dos parques infantis,
onde a recreação tem o objetivo de fomentar a educação integral da criança.
Associar o jogo e o brinquedo ao prazer é uma constante, porém eles não
podem ser entendidos como sinônimo de prazer. Às vezes podem provocar o inverso:
o desprazer, principalmente quando há competição e o resultado se torna
desvantajoso. Todavia, de um modo geral, a peculiaridade do brinquedo está na
forma de atividade que satisfaz certas carências da criança.
Até aos três anos a criança tende a satisfazer de imediato seus desejos. Já na
idade do pré-escola, tal imediatismo muitas vezes não é possível, dái a razão dos
brinquedos que suprem os espaços ocupados de desejos contidos. Cria-se, então, um
mundo fantasioso , repleto de imaginações, onde os desejos se realizam em tempo
hábil e em forma de ação. Vygotsky esclarece:
“ No inicio da idade pré-escolar, quando surgem os desejos
que não podem ser imediatamente satisfeitos ou esquecidos, e
permanece ainda a característica do estágio precedente de uma
tendência para a satisfação imediata desses desejos, o
comportamento da criança muda. Para resolver essa tensão, a
criança em idade pré-escolar envolve-se num mundo ilusório e
imaginário onde os desejos não realizáveis podem ser realizados, e
esse mundo é o que chamamos de brinquedo.”
(Vygotsky,1991,p.106).
Com a prática de jogos, a criança aprende a ser solidária, a otimizar e
compartilhar suas emoções nas situações, às vezes complexas, de perdas e vitórias. E
assim, vai, gradativamente, superando dificuldades enquanto é conduzida à
mobilização em muitos aspectos de sua personalidade.
37
Os brinquedos são, sim, um suporte para a mediação do professor que desafia
o raciocínio das crianças, tomando possível que o aprender-descobrindo aconteça
dentro de um contexto. Os assuntos ligados ao universo infantil devem ser
trabalhados através de atividades interessantes como: músicas e poesias, que atuam
na área emocional e o brinquedo complementa estas atividades, enriquecendo as
experiências das crianças.
Ao brincar, regras de comportamento se estabelecem para simular a realidade.
Brincando de mãe, a criança fala, veste-se e comporta-se como mãe. Regras como
estas são previamente formuladas, surgem da circunstância imaginária. Assim
também a criança aprende a atuar numa esfera cognitiva.
Há no brincar uma força motivadora inerente determinando o comportamento
da criança, uma reação psicológica e motora, uma ação, muitas vezes, contra o
impulso imediato, desenvolvimento dessa forma, seu auto-controle.
Nessa fase da pré-escola, a criança começa a separar o campo do significado do
campo da percepção visual. Suas ações surgem das idéias e não das coisas: uma
tampa de panela torna-se um guarda-chuva, por exemplo. Os objetos se subordinam
ao significado que ela lhes dá. Este é um meio para desenvolver seu pensamento
abstrato.
Embora o brinquedo seja um fator importantíssimo do desenvolvimento, ele
não é o aspecto predominante da infância, já que a criança tem uma vida real, de fato,
a ser vivida.
O brincar é também instrumento para a construção do conhecimento infantil.
Diz Fernández:
“ Não pode haver construção do saber, se não se joga com o
conhecimento. Ao falar de jogo, não estou fazendo referência a um
ato, nem a um produto, mas a um processo.” (Fernández,1990;
p.165).
Desde Claparéde e Dewey, Wallon e Piaget, está bastante claro que a atividade
lúdica (o brincar) é indispensável prática educativa. A cada dia, a educação lúdica
vai ganhando conotações e aos poucos, evoluindo do sentido de desenvolvimento,
estimulação, técnica para um sentido mais político, transformador e libertador.
38
CONCLUSÃO
Após a pesquisa realizada, chega-se à conclusão de que as atividades lúdicas
enriquecem e auxiliam o planejamento e a execução de atividades diárias na sala de
aula. É preciso que o pedagogo e o psicopedagogo, esteja tecnicamente capacitado
para lidar com uma série de equívocos que perpassam o ensino de todos os conteúdos
da escola, ampliando assim, sua visão na educação.
O ser humano é marcado pela evolução simultânea de processos
fundamentais – crescer, aprender, compreender, raciocinar, brincar, ser feliz. Como
aprender é um dos tantos processos, o profissional da educação deve encontrar a
melhor forma para o desempenho da criança, procurando propiciar situações de
aprendizagem. Pois, é através dela que o ser humano ajusta-se ou transforma o meio
em que vive. Isso significa que o ensino, para alcançar êxito, deve ser
necessariamente dinâmico e susceptível de comportar mudanças.
È preciso ressaltar também que o êxito do processo ensino-aprendizagem
depende, em grande parte da interação professor-aluno, sendo que neste
relacionamento a atividade do professor é fundamental. Ele deve ser, antes de tudo,
um facilitador da aprendizagem, criando condições para que a criança explore seus
movimentos manipule materiais, interaja com seus companheiros e resolva situações-
problema.
Esse trabalho teve como finalidade abrir um espaço de reflexão sobre a
importância do lúdico no desenvolvimento psicológico, cognitivo e de socialização
na Educação Infantil, primando por um espaço que proporcione alegria, prazer e
otimismo à criança.
A educação lúdica, na sua essência além de atribuir e influenciar na formação
da criança, possibilitando um crescimento sadio e um enriquecimento permanente,
39
integra-se a uma prática democrática enquanto investe em uma produção séria do
conhecimento. A sua prática exige a participação criativa, crítica, livre, promovendo
a interação social e tendo em vista o forte compromisso consciente de transformação
e modificação da sociedade.
Em síntese, considerando toda a evolução dos jogos, podemos dizer que as
atividades lúdicas integram uma concepção teórica profunda e uma concepção
prática concreta e atuante. Seus objetivos são a estimulação das relações cognitivas,
afetivas, verbais, psicomotoras, sociais, a mediação socializadora do conhecimento e
a provocação para uma reação ativa, criativa e crítica dos alunos.
40
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1997.
- ZENTGRAF, Maria Christina. Técnicas de estudo e pesquisa em educação
aplicadas à psicopedagogia. Rio de Janeiro. UFRJ/CFCH-CEP/Divisão de
ensino, 1998.
43
ÍNDICE
INTRODUÇÃO .................................................................................. 8
CAPITULO I ...................................................................................... 10
1.1 - A CULTURA IMPULSIONADA PELO LÚDICO ........................ 10 1.2 - OS JOGOS E A APRENDIZAGEM ............................................... 12 1.3 - O JOGO NO CONTEXTO PEDAGÓGICO ................................... 13
CAPITULO II ..................................................................................... 18 2.1 – AS TEORIAS SÓCIO-CULTURAIS ............................................... 18 2.2 - VISÃO ATUAL DA EDUCAÇÃO INFANTIL .............................. 21 2.3 - PARTICIPAÇÃO DA CRIANÇA ATRAVÉS DO LÚDICO ......... 23 2.3.1 – A CRIANÇA AOS TRÊS ANOS ........................................... 25 2.3.2 - A CRIANÇA AOS QUATRO ANOS ................................... 26 2.3.3 - A CRIANÇA AOS CINCO ANOS ....................................... 27 2.3.4 - A CRIANÇA AOS SEIS ANOS .......................................... 28
CAPITULO III ................................................................................... 30
3.1 - EVOLUÇÃO DO SIGNIFICADO DO LÚDICO NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL NO ÂMBITO ESCOLAR ..... 30
CONCULSÃO .................................................................................... 38
BIBLIOGRAFIA ................................................................................ 40
INDICE .............................................................................................. 43
ANEXOS ............................................................................................. 44
44
ANEXOS
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