NEOPLASIAS
1. INTRODUÇÃO
neo = novo e plasia = crescimento
sinônimos = tumor (inicialmente utilizado nos processos inflamatórios edema)
câncer (termo mais utilizado p/ tumores malignos)
neoplasmas
oncologia = ciência que estuda os tumores
2. DEFINIÇÃO DE NEOPLASIA
embora todos médicos saibam o que é neoplasia, o termo é de difícil definição várias definições ao longo do tempo, desde 1872.
definição segundo Sir Rupert Willis
" neoplasia é uma massa tecidual anormal, cujo crescimento é excessivo,
descontrolado em relação ao tecido normal. O crescimento persiste da mesma
maneira excessiva após o término do estímulo que induziu a alteração. "
a essa caracterização, podemos acrescentar que a massa anormal não apresenta função alguma (inútil), parasita o hospedeiro (compete com o suprimento energético e nutricional) e é virtualmente autônomo (massa cresce em pacientes caquéticos)
3. CLASSIFICAÇÃO DAS NEOPLASIAS
2 bases de classificação dos tumores
1. histogênese tipo celular que originou e compõe o tumor
2. comportamento biológico benignos
malignos
117
NEOPLASIAS
classificação histogenética
- baseada no tipo celular ou tecido específico que originou e compõe o tumor
- tumores podem se originar a partir de qualquer tipo celular
- importante identificar o tecido que originou o tumor, pois o comportamento
biológico, tratamento e prognóstico podem ser bastantes diferentes
- geralmente os tumores são classificados como tendo origem epitelial ou
mesenquimal
classificação quanto ao comportamento biológico
- tumores benignos = menos inofensivos ao hospedeiro
malignos = oferecem risco à vida do hospedeiro
- importante a determinação do comportamento biológico do tumor para o
prognóstico e tratamento
4. NOMENCLATURA DOS TUMORES
baseada no componente do parênquima que constitui a massa tumoral
tumores benignos - sufixo OMA lipoma, fibroma, angioma
- arquitetura microscópica:
adenoma = neoplasia epitelial benigna que apresenta modelo glandular ou tumor
derivado de glândula (sem necessaria/e apresentar padrão glandular)
papiloma = projeções em forma de dedo (aspecto macro ou micro)
tumores malignos- sufixos SARCOMA = origem mesenquimal CARCINOMA = origem epitelial
- sarcoma : grego "sar"= mole (pouco tecido conectivo) fibrossarcoma, lipossarcoma, rabdomiossarcoma, leiomiossarcoma
118
- carcinoma: espinocelular, mamário adenocarcinoma = modelo de crescimento glandular* VER QUADRO 4 ( Pág. 138 )
5. DIFERENCIAÇÃO ENTRE O TUMOR BENIGNO E MALIGNO
4 critérios básicos para diferenciação:
1. diferenciação e anaplasia2. taxa de crescimento3. invasão local4. metástase
5.1 - Diferenciação e Anaplasia
- diferenciação = grau de semelhança das células parenquimais neoplásicas com as
células normais, tanto morfologicamente quanto funcionalmente.
- célula indiferenciada proliferação diferenciação células especializada
- Ex: célula mesenquimal diferenciação osteoblastos osteócitos (osso)
condroblastos condrócitos (cartil.)
fibroblastos fibrócitos (TC)
- tumor bem diferenciado formado por células que se assemelham às células
normais maduras do tecido de origem da neoplasia e podem elaborar produtos
característicos das células normais
- tumor pouco diferenciado (indiferenciado ) possuem células não especializadas,
que parecem primitivas
- geralmente os tumores benignos mais diferenciados
malignos indiferenciados
119
- anaplasia
- ausência de diferenciação das células tumorais (grau de desdiferenciação) - literalmente significa "formar p/ trás"
- caracterizada por várias alterações morfológicas e funcionais:
1. pleomorfismo celular células com tamanho e formas variadas quanto maior grau de pleomorfismo > anaplasia
2. relação núcleo/citoplasma (N/C) célula normal N/C = 1/4 a 1/6 célula neoplásica N/C = 1/1
3. cromatina nuclear célula normal cromatina mais dispersa célula neoplásica hipercromatose (cromatina condensada e distribuída junto ao envoltório nuclear)
4. nucléolos revelam a atividade sintética da célula células neoplásicas nucléolos bem evidentes e acidófilos (1 ou +)
5. figuras de mitoses geralmente as neoplasias malignas mitoses elevadas
(atípicas/bizarras)
5.2 - Taxa de crescimento
fatores que influenciam o crescimento do tumor:
- suprimento sanguíneo e nutrição
- resposta imune do hospedeiro
- fatores endócrinos
neoplasias benignas taxa crescimento mais lenta malignas taxa cresciemnto mais rápida
120
5.3 - Invasão local
neoplasias benignas crescimento expansivo malignas crescimento infiltrativo, invasivo ("raízes")
mecanismos1. pressão física2. maior motilidade das células tumorais3. perda da inibição por contato das células4. diminuição da adesão/coesão das células tumorais5. liberação de enzimas destrutivas
5.4 - Metástases
características de neoplasias malignas principais causas de morbidade e mortalidade definição crescimento secundário da neoplasia num sítio distante do crescimento
primário
CRITÉRIOS BENIGNO MALIGNO
1. Anaplasia pouco acentuado bem acentuado2. Invasão < > (variável)3. Metástases ausente presente ou não4. Velocidade crescmento lenta rápida5. Capacidade crescimento crescer, regredir ou estacionar sempre rápido6. Modo crescimento expansivo infiltrativo, invasivo7. Presença de cápsula geral/e presente não8. Estroma abundante variável9. Recidivas raras frequentes10. Necroses + +++11. Hemorragias + +++12. Significado clínico perigoso devido perigoso - posição - cresc. infiltrativo - complicações acidentais - cresc. progressivo - excesso prod. hormônios - metástases
121
DIFERENCIAÇÃO ENTRE TUMOR BENIGNO E MALIGNO
6. MECANISMOS DE INVASÃO E METÁSTASES DOS TUMORES
invasão e metástases são características biológicas de tumores malignos principais causas de morbidade e mortalidade objetos de intensas pesquisas
para a formação de um crescimento secundário de uma massa tumoral distante do foco primário é necessário uma sequência de etapas:
1. desprendimento de células tumorais da massa primária
2. penetração em vasos sangüíneos e linfáticos
3. disseminação pela corrente circulatória
4. produção de crescimento secundário num sítio distante ( Figura 37)
6.1 - MECANISMOS ENVOLVIDOS NA METÁSTASE TUMORAL (CASCATA METASTÁTICA)
1. célula transformada
2. expansão clonal (crescimento e diversificação) tumor primário
3. tumor primário = população heterogênea de células tumorais somente uma população
seleta tem a capacidade de se destacar do tumor primário (tumor = vários subclones
com graus variados de potencial metastático)
4. subclone metastático adesão e invasão da membrana basal
5. atravessam a matriz extracelular (MEC) (Figura 38)
6. intravasão = invadem a parede do vaso
7. circulação células tumorais interagem com células imunes do hospedeiro (linf.)
plaquetas aderem à massa tumoral
8. êmbolos tumorais
9. adesão das células tumorais à membrana basal do vaso
10. extravasão = saída do vaso células tumorais no tecido
11. tumor metastático
122
123
124
transformação da célula a maioria dos tumores é originada de um clone ou seja, é derivada da proliferação de uma única célula transformada
heterogenicidade das células tumorais: - massa tumoral é constituída por células heterogêneas com potencial diferenciado
quanto a capacidade invasiva, taxa crescimento, resposta a hormônios e
susceptibilidade a drogas
- ocorre devido a mutações espontâneas (células instáveis geneticamente)
- muitas vezes quando o tumor primário é detectado, o paciente pode conter vários
subclones com potencial metastático
células tumorais devem penetrar a MEC em vários estágios da cascata metastática
células tumorais metastáticas aderir degradar atravessar MEC
Composição da MEC
1. membranas basais- colágeno tipo IV- glicoprots. específicas laminina proteoglicana sulfato de heparan
2. tecido conectivo intersticial- colágeno tipo I e tipo III (exceção da cartilagem : tipo II)- proteoglicanas- glicoproteínas (fibronectina)
membrana basal separa células endoteliais/epiteliais do tecido conectivo intersticial
laminina "cola"que mantém junto a membrana basal
alta afinidade com proteoglicanas e colágeno tipo IV
fibronectina principal proteína responsável pela adesão ao tecido intersticial
125
6.2 - ETAPAS DA INVASÃO DAS CÉLULAS TUMORAIS :
1. Aderência das células tumorais aos componentes da MEC
a) mecanismos de adesão à laminina:
células cancerosas apresentam n0 de receptores na superfície para laminina
células tumorais secretam grandes quantidades de laminina que se ligam aos
receptores presentes nas células tumorais formando uma ponte entre a célula
tumoral e a membrana basal
b) mecanismos de adesão à fibronectina:
receptores na superfície das células tumorais reconhecem uma sequência de aa
RGD (Arg-Gly-Asp) peptídeos sintéticos contendo essa sequência bloqueiam a
adesão das células tumorais à fibronectina inibindo as metástases pulmonares
2. Degradação da MEC
a) degradação das membranas basais colagenases tipo IV, glicosidases, proteinases não específicas (elastase, catepsinas, plasmina) plasmina importante papel na invasão tumoral
ativação da colagenase tipo IV
b) degradação dos colágenos intersticiais (tipo I e III) colagenases intersticiais degradação dos componentes da MEC produtos da
clivagem atividade quimiotática, angiogênicas e promotor de crescimento
3. Migração das células tumorais através da MEC
células malignas são menos coesivas que as células normais (mais separadas) mais móveis
locomoção quimiotaxia (fragmentos da MEC)
126
6.3 - DISSEMINAÇÃO VASCULAR E DEPOSIÇÃO DAS CÉLULAS TUMORAIS
circulação células tumorais são vulneráveis à resposta imune do hospedeiro
células tumorais aglomerados celulares (êmbolos)
agregados de células tumorais e plaquetas proteção ao ataque de células
linfóides aumentando a sobrevivência e implantabilidade tumoral
modelos experimentais: plaquetas metástases pulmonares
sítio de crescimento secundário
- células tumorais circulantes abandonam os capilares depósitos secundários
- distribuição das metástases vias naturais de drenagem e interação com receptores
- carcinomas disseminação através vasos linfáticos
- sarcomas disseminação através vasos sangüíneos
- pulmão e fígado > frequência de metástases sangue das vv. cavas pulmão
da área portal fígado
7. ETIOPATOGENIA DOS TUMORES
grande número de agentes transformação de células
agentes indutores de tumores podem ser agrupados em 3 categorias:
1. carcinógenos químicos
2. energia radiante
3. vírus oncogênicos
todos agentes etiológicos citados afetam a função de 2 classes de genes reguladores
1. proto-oncogenes promovem o crescimento celular precursores dos genes do câncer 2. anti-oncogenes
genes supressores ou inibidores do crescimento genes supressores dos cânceres
127
- esses genes são componentes normais do genoma celular e seus produtos têm importante ação na regulação fisiológica do crescimento das células
7.1 - CARCINÓGENOS QUÍMICOS
200 anos atrás cirurgião londrino, Sir Percival Pott relacionou o câncer da pele da
bolsa escrotal com os limpadores de chaminés, devido à exposição crônica à fuligem
recomendou banhos diários aos limpadores de chaminés
1915 Yamagiwa e Tchikawsa através da aplicação repetida de alcatrão da hulha
induziram o aparecimento de câncer na orelha de coelho
Kimnaway e Cook extraíram 50 g de 3,4-benzopireno de 2 toneladas de alcatrão cru
e comprovaram a carcinogenicidade dos hidrocarbonetos aromáticos policíclicos
PATOGÊNESE DA CARCINOGÊNESE QUIMÍCA
- envolve uma sequência de múltiplas etapas
- 2 fases da carcinogênese química
a) iniciaçãob) promoção
- iniciador alteração permanente do DNA das células = transformação celular
sozinho não é suficiente para o desenvolvimento do tumor
- promotor pode induzir a formação do tumor em células iniciadas
(transformadas)
não são tumorigênicas por si só
alterações reversíveis
128
- tipos de carcinógenos químicos
1. carcinógenos completos iniciação e promoção2. carcinógenos incompletos induz somente a iniciação
exemplos de carcinógenos químicos:
- aditivos, preservantes e flavorizantes alimentares
- corantes para marcar carne e frutas
- grãos de alimentos contaminados por pesticidas e micotoxinas
- fungicidas em frutas
- corante de manteiga
- corante vermelho escarlate (cerejas marasquino)
- adoçantes artificiais: sacarina e ciclamatos em doses elevadas
- nitritos= preservação de alimentos
- hidrocarbonetos policíclicos carnes e peixes defumados, carnes grelhadas,
combustão de tabaco
- aminas aromáticas e corantes azo câncer de bexiga
- aflatoxina e carcinoma hepático Aspergillus flavus aflatoxina
rações mofadas, contaminação de grãos e amendoins
- dietilbestrol tumores genitais em humanos
anos 40 prescrito para mulheres ameaçadas de aborto adenocarcinomas
utilizado engorda do gado potencial carcinogênico = tumores mamários
7.2 - CARCINOGÊNESE POR RADIAÇÃO
fonte luz solar, R-X e fissão nuclear
energia radiante é oncogênica alterações cromossômicas, translocação, pontos de mutação, alteração de proteínas e inativação de enzimas
possíveis mecanismos:
1. radiação ioniza diretamente macromoléculas celulares essenciais2. teoria indireta produção de RL lesão celular
129
mutação induzida pela radiação depende de vários fatores :
a) qualidade da radiaçãob) dosec) reparo do DNAd) fatores do hospedeiro
mutação induzida pela radiação pode ativar proto-oncogenes
7.3 - ONCOGÊNESE VIRAL
grande número de vírus oncogênicos para humanos e animais
vírus oncogênicos 2 classes DNA vírus RNA vírus
ambos os tipos de vírus interagem com o DNA da célula transformação neoplasia
7.3.1 - RNA vírus
- vírus oncogênicos família retroviridae (retrovírus)
- material genético = RNA
- enzima transcriptase reversa transcrição do RNA viral DNA específico viral integra ao genoma celular replicação junto com o ciclo celular
- transcrição = cópia da mensagem genética do DNA em RNA m (ocorre no nucléolo)
- translação = leitura da mensagem no RNAm pelos polissomos síntese de polipeptídeos
- genoma dos retrovírus 3 classes de genes
a) gag síntese de virionb) pol síntese de transcriptase reversac) env síntese de glicoproteínas do envelope ligadas em cada lado pela
LTR (repetição terminal longa) síntese de RNA viral
130
retrovírus de transformação aguda
- vírus indução rápida de tumores nos organismos afetados
- vírus que apresentam replicação defeituosa perda de genes que foram substituídos
por nova sequência de genes responsáveis pela capacidade de transformação
(genes causadores de tumores) v-oncs
- origem do v-oncs
- sequência dos v-oncs são quase idênticos à sequência encontrada no DNA da célula normal (proto-oncogenes) em quase todas as espécies
- v-oncs = representam cópias de proto-oncogenes da célula normal que foi capturada pelo genoma viral durante o processo de replicação viral
- proto-oncogenes estão presentes em todas as espécies da escala evolutiva, sugerindo um papel essencial provavelmente na diferenciação e regulação da proliferação celular
- proto-oncogenes e oncogene celular são muitas vezes utilizados como sinônimos, mas na realidade são 2 termos distintos:
proto-oncogene = sequência de gene celular que não são oncogênicos no seu estado fisiológico, mas podem originar ou se transformarem genes causadores de câncer oncogenes
- mecanismos de transfomação maligna para v-oncs
- durante a transdução (proto-oncogene v-onc) podem ocorrer mutações neoplasia
- transdução permite introdução de proto-oncogene na proximidade de potentes promotores retrovirais persistente expressão desse gene crescimento
descontrolado
131
retrovírus de transformação lenta
- não apresentam oncogenes e apresentam replicação normal
- mecanismo de indução de neoplasiamutagênese insercional DNA proviral é quase sempre integrado próximo ao proto-oncogene promotor viral alteração estrutural e expressão exacerbada dos proto-oncogenes (c-onc)
7.3.2 - DNA vírus
associado à vários tipos câncer
mecanismos de ação
- células permissivas = replicação viral é completa morte celular/liberação de novos vírus células não sofrem transformação
- células não permissivas = não permitem a replicação viral completa podem sofrer transformação neoplásica
- células não permissivas DNA vírus oncogênicos geralmente formam associações estáveis com o genoma do hospedeiro (integração do DNA viral nos cromossomos da célula)
- maioria dos DNA vírus somente as porções do genoma são transcritas inicialmente no ciclo de vida viral : essenciais para transformação
PATOGÊNESE DO CÂNCER
Fatores ambientais e genéticos alterações no genoma das células somáticas ativação
de proto-oncogenes ou inativação de anti-oncogenes expressão de produtos genéticos
alterados e perda de produtos genéticos regulatórios expansão clonal, mutações
adicionais e heterogenicidade neoplasia maligna.
132
8 - EFEITOS CLÍNICOS DA NEOPLASIA
Efeitos locais sistêmicos
Efeitos locais
- neoplasias expansão pressão nos tecidos normais circunjacentes
dor, isquemia e bloqueio dos vasos linfáticos obstrução de luzes e sistemas de ductos
Efeitos sistêmicos
Caquexia
- estágios terminais da doença neoplásica- causas: anorexia (depressão dos centros de apetite no cérebro) citocinas (macrófagos ativados TNF- ou caquexina mobilizam TG dos adipócitos)- células neoplásicas enzimas tumorais células captadoras de aa essenciais
Hipoglicemia
- característica dos tumores das células da ilhota pancreática insulina- outras neoplasias epiteliais, mesenquimatosas e hematopoéticas- ocorre geralmente nos estágios finais de neoplasia disseminada, mas também nos
estágios inicias- sinais clínicos inquietação, fraqueza, tremores e episódios de colapso e
convulsões
Anemia
- comum nas doenças neoplásicas metastáticas- causas invasão do tumor hemorragia - redução da eritropoese (invasão da medula óssea e destruição do tecido hematopoético, supressão da eritropoetina nos rins)
- fragmentação eritrocítica (anemia hemolítica microangiopática = hemólise em vasos anormais dos tumores)
- ativação do SMF hiperesplenismo remove excessivamente as hemácias sangüíneas
- anemias ferroprivas associadas a doenças inflamatórias - quimioterapia anemia ñ regenerativa
- neoplasias linfoproliferativas anemias auto-imune- contrastando com a supressão dos eritrócitos, as células tumorais policitemia
(secreção de eritropoetina = neoplasias renais humana)
133
Defeitos da coagulação - trombocitopenia: comum nas leucemias virais e síndromes linfoproliferativas causas: supressão da atividade da medula óssea várias vezes auto-imune - trombose: ocorre em tumores grandes local nos tumores sólidos causas - células neoplásicas adesão/agregação plaquetária liberação fatores procoagulantes - endotelialização incompleta dos capilares dos tumores
- grande quantidade procoagulantes CID obstrução do glomérulos morte
Hipercalcemia
- complicação de muitos tumores, sendo letal em alguns deles- causas metástases osteolíticas de tumores sólidos com excesso de reabsorção
óssea e liberação excessiva de Ca- células tumorais secretam peptídeos que imitam hormônios paratireoideanos
aumentam atividade dos osteoclastos
Pseudohiperparatireoidismo
- resulta da secreção de peptídeos com atividade semelhante à do hormônio paratireoideano
- conseqüências hipercalcemia persistente hiperfosfatemia, hiperplasia das células C da tireóide e atrofia da paratireóide
- associado a carcinomas da glândula mamária, fibrossarcomas, linfomas e adenocarcinomas
Síndromes dos hormônios ectópicos
- células neoplásica sintetizam proteínas espaços intercelulares- secreção de peptídeos imitam hormônios síndromes de importância clínica- exemplos: vasopressina renina hipertensão, hipercalemia e hiperaldosteronismo
134
Síndrome de Zollinger-Ellison
- associada a tumores do pâncreas que não são de células - células tumorais secretam polipeptídeo com atividade semelhante à gastrina
sinais clínicos diarréias, vômito, perda de peso, hipersecreção de ácido gástrico - úlceras do estômago e esôfago, enterite com atrofia das vilosidades, hipertrofia
da mucosa gástrica e proliferação das células C da tireóide
Diarréia
- neoplasia disseminada diarréia prolongada que não responde à terapia de rotina- câncer terminal está associado às infecções bacterianas e por protozoários
(tratamento imunossupressor)- tumores do intestino pode: diarréia (nãomuito comum)- células tumorais secretar peptídeos intestinais vasoativos diarréia
Febre
- algumas células tumorais pirogênicos- comum nos pacientes com neoplasias disseminadas avançadas- mais comum como resultado de doença inflamatória ou bacteriana complicadora
9 - IMUNOLOGIA TUMORAL
célula neoplásica desenvolve proteínas novas nas membranas superficiais atuam como antígenos tumorais evocam resposta imune
antígenos tumorais
1. Antígenos fetais
- células tumorais em desdiferenciação ativação de genes que controlam a produção desses antígenos- fetoproteína-alfa produzida no fígado durante vida fetal após nascimento decai a níveis indetectáveis (inativação dos genes controladores) transformação neoplásica hepatócitos podem produzir novamente esta proteína fetal detecção circulação diagnóstico do câncer hepático
2. Antígenos de diferenciação
- apenas em células que seguem uma via particular de diferenciação celular- todos linfócitos derivados do timo portam antígenos de diferenciação da mesma forma que os tumores linfóides originados destas células
3. Antígenos virais
135
-relacionado com vírus da leucemia, aparece nas células malignas linfóides-expressão desses antígenos de superfície única evidência da presença de vírus (virions desaparecem quando o material genético é incorporado no DNA da célula hospedeira)
RESPOSTA IMUNE
Inata
- primeira barreira de defesa
- resposta inespecífica e não apresenta memória
- representada pela ação de macrófagos, neutrófilos e natural killer (NK)
Adaptativa
- ativada quando o agente ultrapassa a barreira do sistema imune inato
- caracterizada pela especificidade e capacidade de memória
- representada pela ação de linfócitos T e B
- resposta imune humoral Anticorpos (linfócitos B plasmócitos)
celular células imunocompetentes (linfócitos T)
macrófagos
- lise de células tumorais liberação de fatores citolíticosa) citocinas (TNF- )b) enzimasc) metabólitos do oxigênio
NK
- células assassinas, representa uma população de linfócitos imaturos que surgem no fim do período neonatal e decaem com avanço da idade
- citotoxicidade receptores para antígenos tumorais lise células tumorais dependente de anticorpos receptores para fragmento Fc
- atividade acentuada / aumentada nos pacientes deficientes de linfócitos T, estando diminuída em algumas doenças linfoproliferativas
resposta imune humoral
136
Linfócitos B receptores que se combinam com antígenos tumorais diferenciação plasmócitos Anticorpos ativação do sistema C lise tumoral
resposta imune celular
Linfócitos T reconhecimento de antígenos tumorais (células apresentadoras de antígenos) liberação de linfocinas estimulam a diferenciação de linfócitos B em plasmóticos, estimulam a atividade de NK e ativam macrófagos
cooperação entre os 2 tipos de resposta imune
10 - GRADAÇÕES E ESTADIAMENTO
Gradação : grau de diferenciação das células tumorais e número de mitoses dentro
do tumor como supostos correlatos da agressividade do neoplasma.
Classificados como de graus I a IV com aumento de anaplasia
Estádio : tamanho, extensão e presença de metástases nos nódulos linfáticos e
presença ou ausência de metástases sistêmicas ou sangüíneas
UICC ( Union Internationale Contre Cancer )
Sistema TNM, onde :
T: tumor tamanho ( T1 a T4 )
N: envolvimento de nódulo linfático regional ( N1 a N3 )
M: metástases ( M0 a M2 )
137
138
ROTEIRO DE ESTUDO
01. Explique como é realizado a classificação das neoplasias.02. Explique como é realizado a nomenclatura das neoplasias.03. Quais critérios são utilizados na diferenciação das neoplasias ?04. O que diferencia neoplasias diferenciadas e indiferenciadas ?05. Defina anaplasia e cite as suas características celulares.06. Cite os fatores envolvidos na taxa de crescimento das neoplasias.07. Baseado em 10 critérios, diferencie neoplasias benignas de malignas.08. Cite resumidamente as etapas envolvidas na disseminação de uma neoplasia.09. Explique a heterogenicidade das células tumorais.10. Qual o papel da matriz extracelular nas metástases ?11. Explique a importância da laminina e fibronectina na cascata metastática.12. Qual o papel desenvolvido pela plasmina na cascata metastática ?13. Qual a influência das plaquetas na cascata metastática ?14. Quais as grandes categorias de agentes etiológicos das neoplasias ?15. Qual o papel desenvolvido pelos proto-oncogenes, no desenvolvimento da
neoplasia ?16. O que são anti-oncogenes ?17. Explique as duas fases da patogenia da carcinogênese química.18. Cite os fatores envolvidos no desenvolvimento de uma neoplasia por radiação. 19. Diferencie um proto-oncogene dos oncogenes.20. Explique resumidamente a patogênese das neoplasias malignas.21. Que efeitos clínicos locais uma neoplasia pode induzir ?22. Cite os tipos de resposta imune, um paciente portador de neoplasia pode
apresentar e suas principais diferenças.23. Qual a diferença da atuação de linfócitos T e linfócitos B, na resposta imune, em
pacientes portadores de neoplasias ?24. Defina, em relação à histogênese e comportamento biológico, as seguintes
neoplasias : Sarcoma osteogênico, Carcinoma hepatocelular, Cistadenoma, Coriocarcinoma, Seminoma, Fibroadenoma, Teratocarcinoma, Lipoma, Rabdomioma e Leucemias.
139