Abra os olhos Abra os olhos para Ver!para Ver!
Texto: Elenita Malta, Historiadora Música: I See You, Leona Lewis
Avatar aparece num ótimo momento.
Após o fracasso da Conferência do Clima em
Copenhague e no início do Ano da Biodiversidade, é um brado de alerta sobre nossa
péssima relação com a natureza.
Merece ser assistido pelos belos efeitos e
pela fotografia extraordinária, porém,
mais do que isso, apresenta uma
poderosa mensagem ecológica:
o homem precisa restabelecer sua conexão com a
natureza.
Nos fala também de respeito ao próximo, homem, animal ou floresta, igual ou diferente de nós.
O espectador é transportado para a lua Pandora, habitada pelo povo Na’vi, em um universo de experiências sensoriais encantadoras, com seres de formas jamais imaginadas, cores reluzentes e uma natureza
exuberante.
AvatarAvatar propõe uma discussão propõe uma discussão pertinente sobre o pertinente sobre o futuro do nosso futuro do nosso
planetaplaneta, , a Terra.a Terra.
Inova ao expor a monstruosidade do ser humano, personificado no cel. Miles, que destrói um mundo em perfeita harmonia, com uma
brutalidade chocante, em cenas que provocam indignação.
Mostra a inescrupulosidade do ser humano, até onde o homem é capaz de chegar para obter ganhos econômicos.
Quando a árvore-casa dos Na’vi cai, o desmatamento da Amazônia, da Mata Atlântica, o derretimento dos polos, a morte dos corais e dos oceanos, enfim, todas as desgraças provocadas pelo homem são
evocadas.
Vemo-nos atirando contra a natureza, só porque debaixo dela se encontra um minério valioso, que, para os humanos, resolveria a crise energética, uma vez que em 2154 – ano em que a trama se passa – não
existe mais verde na Terra.
Com a Terra arrasada, segue-se a colonização de outros mundos. Ao mostrar nossa mesquinhez, o filme pretende atingir o que ainda resta de
consciência ecológica no ser humano.
O nome da lua, O nome da lua, Pandora, é significativo. Pandora, é significativo. Na mitologia, Pandora, Na mitologia, Pandora,
a primeira mulher a primeira mulher criada por Júpiter, criada por Júpiter, recebe dos deuses,recebe dos deuses,
presentes em forma de presentes em forma de donsdons, , comocomo beleza, beleza,
persuasão e música.persuasão e música.
Do marido, Epimeteu, Do marido, Epimeteu, recebe uma caixa contendo recebe uma caixa contendo
todos os males, com a todos os males, com a advertência de não abri-la. advertência de não abri-la.
Mas a curiosidade foi Mas a curiosidade foi maior, e Pandora abriu a maior, e Pandora abriu a caixa, liberando pragas caixa, liberando pragas que atingiram o homem,que atingiram o homem,
restando apenas restando apenas a a esperança.esperança.
Pandora não cuidou de sua caixa, e nós não estamos cuidando do nosso planeta.
Avatar nos adverte: a Terra é nossa caixa de Pandora. Se não soubermos preservá-la, será o nosso fim.
O filme é permeado de esperança. Na lua Pandora tudo está em equilíbrio. Uma árvore da vida, a deusa Eywa, sustenta as conexões
entre as raízes de todas as árvores e entre todos os seres.
É uma teia, como as sinapses que ligam os neurônios em nosso cérebro. Acaso na Terra os sistemas também não estão interligados?
Esse é o preceito fundamental da ecologia. Como dizia José Lutzenberger, em seu Manifesto Ecológico Fim do Futuro: tudo está
relacionado com tudo. Tudo é uma coisa só.
Embora nossa conexão não se realize
diretamente, como ocorre por meio das tranças dos
Na’vi, com os cavalos (Direhorses), animais
alados (Banshee) ou com a própria terra... ela
existe, só que está perdida pelo nosso afastamento da
natureza.
Avatar nos diz que, Avatar nos diz que, se quisermos se quisermos
manter o direito de manter o direito de habitar na Terra, habitar na Terra,
precisamos colocar-precisamos colocar-nos novamente em nos novamente em
contato com a contato com a natureza.natureza.
O personagem principal, Jake Sully, consegue se libertar da cegueira e da ignorância e perceber a tempo a catástrofe que os humanos iriam
desencadear em Pandora.
Ao entrar em contato com os costumes dos Na’vi, Jake Sully, aos poucos, vai compreendendo a importância da harmonia
ecológica de Pandora.
Trata-se, além de conhecer os modos de alimentação e locomoção, de como respeitar a vida em todas as suas
formas.
Quando a jovem princesa
Neytiri diz a ele “Eu vejo
você”, ela não apenas vê, mas sente, percebe e respeita o
outro.
Para vivermos em equilíbrio com a natureza e com nossos semelhantes, é preciso “vê-los” profundamente.
Um aspecto interessante é que a vida no avatar passa a ser mais real do que a “vida real”. Isso pode instigar-nos a questionar: a vida que levamos atualmente nos proporciona qualidade de vida? Não está na
hora de buscarmos qualidade de existência?
O filme nos mostra que as sociedades tidas como “primitivas”, até mesmo “selvagens”, têm mais sabedoria, e, geralmente, uma
ligação com a natureza muito mais rica do que a nossa.
Somos responsáveis pelo sistema econômico falho, excludente, perverso – que, apesar da crise, surpreendentemente permanece o mesmo – que,
visando ao lucro e ao crescimento ilimitado, coloca a natureza como uma ‘pedra no sapato’ para atingir o “desenvolvimento”.
O que nos falta, como mostra Avatar, é envolvimento.
O próprio nome “desenvolvimento” sugere um desligamento com o envolvimento, uma total desconexão com a Mãe Natureza, que
só gera desequilíbrio para todos nós.
Estamos cada vez mais Estamos cada vez mais desconectadosdesconectados com a com a teia da naturezateia da natureza, preocupados em , preocupados em
ganhar dinheiro custe o que custar.ganhar dinheiro custe o que custar.
Estamos cada vez mais desconectados com a teia da natureza, preocupados em ganhar dinheiro custe o que custar.
Mesmo que o preço seja a vida dos que ainda não nasceram ou até mesmo dos oceanos, das árvores e dos animais, não cogitamos alterar
nossos hábitos de consumo, extremamente danosos aos recursos naturais, e, muito menos, mudar nossa matriz energética altamente
poluente.
Ainda há tempo para salvar Ainda há tempo para salvar a a TerraTerra, basta nos , basta nos reconectarmosreconectarmos..
“I see you!” – “Eu vejo você!”
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