O Batuques da Savana está de
volta, durante este tempo mui-
tas coisas aconteceram. A equipa co-
ordenadora dos LMC em Moçambique
ganhou novo membro, o Padre Paulo
Emanuel Loureiro, que chegou no final
do ano passado à Província de Mo-
çambique. Queremos desde já desejar-
lhe um bom trabalho na pastoral e no
nosso grupo. Carlos regressou a Portugal após 4 anos dedi-
cados à missão de Carapira. Agradecemos-lhe por todo o
seu empenho e doação ao serviço do povo com quem parti-
lhou a sua vida, principalmente na pastoral juvenil e na Es-
cola Industrial de Carapira. E chegaram mais dois elemen-
tos, a Márcia de Portugal e a Beatriz do México.
Realizamos o nosso VII Encontro anual onde foi feita a revi-
são do directório de 2009 e se decidiu dar por terminado o
projecto de Benfica. Estivemos presentes na Assembleia dos
MCCJ da Província de Moçambique que aconteceu em Ma-
rera, Chimoio em Novembro de 2012, onde tivemos oportu-
EDITORIAL
Pontos de interesse especiais:
Testemunhos de quem está na Missão
Partilha de formando LMC moçambicano
Relatos de quem chega e de quem parte
Encontro anual LMC da Província de Moçambique
Provérbio Macua - Aprendendo com a sabedoria do povo
LEIGOS MISSIONÁRIOS COMBONIANOS
DA PROVÍNCIA DE MOÇAMBIQUE
BATUQUES DA SAVANA
S E T E M B R O
D E 2 013
ANO VIII,
NÚMERO 14
Nesta edição:
Contrastes 3
Ser Leigo Missionário
Comboniano 5
“A paz é fruto da jus-
tiça” 7
Carapira, povo esco-
lhido por Deus 9
Até já! 11
Encontro anual 13
13 Nova Seção:
Provérbio Macua
EDITORIAL (CONTINUAÇÃO)
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BATUQUES DA SAVANA
nidade de apresentar o relatório das nos-
sas actividades nos últimos 3 anos. Esti-
vemos também na Assembleia Geral dos
Leigos Missionários Combonianos na
Maia, Portugal onde se procurou traçar
bases para um caminho formativo comum
dos LMC para os diferentes países e es-
tabelecer as bases organizacionais que
nos permitam consolidar como movimento
de Leigos Missionários Combonianos a
nível internacional. Todos momentos de
grande crescimento e de reflexão da nos-
sa vocação.
O final do ano foi cheio de actividades,
tivemos retiro dos leigos a trabalhar na
diocese de Nacala, visita nas prisões, a
passagem do ano com os jovens da paró-
quia de Carapira, o encerramento do ano
formativo dos LMC, a festa de graduação
dos alunos da escola... O primeiro semes-
tre deste ano também teve muitas novida-
des: o aumento considerável da quantida-
de de alunos na Escola, as novas chega-
das e saídas das 3 comunidades da equi-
pa missionária, as diversas actividades
pastorais, encontros e conselhos, projec-
tos e parcerias com a escola, partilhas e
crescimento mútuo, realização do encon-
tro na ocasião da Jornada Mundial da Ju-
ventude com os jovens da Diocese de Na-
cala aqui na Escola Industrial de Carapira.
Agradecemos a Deus por todas as graças
que nos concede, as oportunidades cons-
tantes de O podermos servir sempre, de
O podermos encontrar sempre no rosto
dos que sofrem, no rosto dos que riem, no
rosto daquele de quem nos aproximamos
e daquele que se aproxima de nós.
Por último deixamos um apontamento so-
bre o trabalho que se tem vindo a realizar
na Diocese de Nacala no que toca à área
da Justiça e Paz e o apoio da CAFOD
(Cáritas inglesa) nestas actividades. É
bom vermos algumas pessoas a mobiliza-
rem-se na luta pelos seus direitos à terra
perante as multinacionais que as invadem
e um governo apático ao sofrimento do
povo.
Assembleia dos MCCJ da Província de Moçambi-
que, em Marera, Chimoio, Novembro 2012
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A N O V I I I , N Ú M E R O 1 4
Eu estou onde está o meu coração e meu coração es-
tá nesta terra maravilhosa cheia de árvores imponen-
tes e grandiosas, que infelizmente têm sido levadas
(roubadas) para outros países. Nesta terra onde o sol
nasce no mar e se poe sobre as montanhas, onde a
lua não é mentirosa e nos sorri quando a contempla-
mos. Nesta terra onde se respira ar puro, que infeliz-
mente também já é fonte de rendimento para muitos.
Nesta terra de praias maravilhosas de areia branca e
água transparente que com muita triste-
za deixam de ser desertas para dar lu-
gar a mega empreendimentos turísticos.
Nesta terra de cor vermelha, terra ver-
melha cor do sangue, do sangue derra-
mado por muitos na luta pela indepen-
dência, do sangue de muitos derramado
na luta pela paz e do sangue daqueles
que hoje lutam por uma vida mais digna
e pelos seus
direitos. Aqui a
terra é também
meio de sobre-
vivência, é dela que o povo tira os ali-
mentos necessários para se manter du-
rante o ano, mas que está a ser usurpa-
da por multinacionais que surgem do na-
da e exigem seus direitos sobre a terra
Liliana Ferreira, LMC [email protected]
CONTRASTES
“Moçambique é belo e atractivo, cheio de belezas e recursos
naturais(...)”
Grande quantidade de toros de madeira são diariamente levados para fora do país
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BATUQUES DA SAVANA
sem pensar nas consequências na vida
de quem lá viveu toda a vida.
Moçambique é belo e atractivo, cheio de
belezas e recur-
sos naturais,
com pessoas
simpáticas e
acolhedoras, para o exterior saia a ideia
de que é também um cen-
tro de emprego, mas isto
só mesmo para quem vem
de fora. O desemprego
aqui é elevado, os jovens
que se esforçam por ter-
minar a 12ª classe depa-
ram com as portas fechadas para o
mundo do trabalho e outras vezes é lhes
oferecida a oportunidade de trabalho em
troca de um valor…
Esta realidade delineou as discussões
das aulas de Educação Cívica e Moral
do primeiro semestre onde discutimos a
situação actual de Moçambique tocando
em pontos como: desigualdade na distri-
buição sociais, pobreza, educação e sa-
úde, corrupção, globalização, acção das
multinacionais, contrastes… temas im-
portantes para desinstalar
os jovens dando a conhe-
cer a realidade e procu-
rando fortalecer as suas
mentes críticas de modo a
poderem exigir justiça e
um futuro mais promissor.
“(...) a terra (...) está a ser usurpada por multinacionais que
surgem do nada (...)”
Vista de cima de uma Montanha, na cidade de Nampula: belezas de Moçambique
“O desemprego aqui é elevado, os jovens (...)
deparam com as portas fechadas para o mundo do trabalho e outras vezes é
lhes oferecida a oportunidade de trabalho
em troca de um valor”
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A N O V I I I , N Ú M E R O 1 4
Chamo-me Zeferino Jacinto Cebola da paróquia de Ca-
rapira. Sou formando dos Leigos Missionários Comboni-
anos desde o ano 2012. Como exigência da minha voca-
ção, o candidato para os Leigos Missionários Combonia-
nos faz uma formação num período de 2 anos, assim es-
tando no 2º ano de formação. Sinto-me bem acompanha-
do e bem acolhido neste grupo. Tenho vontade de estar
neste grupo missionário porque as minhas formações me
orientam para missão de São Daniel Comboni, enriquece
a minha mente e ajuda-me a crescer como missionário.
Com esta formação dos Leigos Missionários Combonia-
nos compreendo a vida de Daniel a serviço da missão a
Zeferino Jacinto Cebola formando LMC moçambicano
Tel: 820757396 e 861641015
SER LEIGO MISS IONÁRIO COMBONIANO
partir das suas obras para salvar o povo.
Eu quero assim ser missionário combo-
niano para servir o povo e promover a
evangelização a todos, guiado no conhe-
cimento de Jesus Cristo. Ser missionário
não é só partir como São Daniel Combo-
ni que saiu da Itália para África, mas sim
é prestar o serviço da missão de Deus
para o povo, ser discípulo de Cristo e fi-
xar o olhar no mesmo Cristo, ser teste-
munho, modelo no anúncio da boa nova,
na evangelização, aquela que parte do
encontro do Senhor Jesus
Cristo. Esta vocação que es-
tou seguindo me prepara nu-
ma vida de conhecimento,
me faz modelo de discípulos
“Ser missionário não é só partir (…), mas sim é prestar o serviço da
missão de Deus para o povo, ser discípulo de
Cristo e fixar o olhar no mesmo Cristo(…)”
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BATUQUES DA SAVANA
de Cristo no anúncio e me faz
compreender o carisma do
Comboni. Esta vocação contri-
bui concretamente no serviço que a igreja
deve prestar à humanidade para a confir-
mar na fé. De facto, a missão primordial
da igreja consiste em anunciar Deus, em
ser sua testemu-
nha diante do
mundo, dando a
conhecer o verda-
deiro rosto de
Deus assim como
seu desígnio de
amor e de salva-
ção em favor da
humanidade, co-
mo foi revelado por Je-
sus. Ser leigo missioná-
rio comboniano é estar
ao serviço de Deus, on-
de servir Deus não é
apresentar-se como
mestre da sabedoria,
que transmite informa-
ções sobre Deus aos ou-
tros. Ser leigo missioná-
rio comboniano é ter fi-
delidade à palavra de
Deus que escuta, para
depois a transmitir aos
que estão desanimados.
Finalmente, sou animador
regional dos jovens na Re-
gião de Mutoro.
“Esta vocação contribui concretamente no serviço que a igreja deve prestar
à humanidade(…)”
Encontro de formação LMC
Encontro na Comunidade Santo Rosário, Região Mutoro
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A N O V I I I , N Ú M E R O 1 4
A paz não é somente a ausência de guerra. A paz
também é algo que se constrói com ações concretas no
dia a dia. Não é possível haver paz onde acontecem
injustiças, onde o direito das pessoas é desrespeitado,
negado, colocado de lado em benefício de alguns
poucos.
Diante disso, uma das coisas primordiais para evitar as
injustiças é o conhecimento dos direitos e deveres de
cada cidadão, para que a pessoa tenha consciência de
como deve ser tratada, do que é seu e o que é do outro,
Flávio Schmidt, LMC [email protected]
"A PAZ É FRUTO DA JUSTIÇA"
e sobretudo saber os meios que
pode e deve buscar quando o
que deveria ser feito não o é,
quando seu direito lhe é negado.
Consciencializar (conscientizar),
eis uma das chaves para a
construção da justiça e da paz.
É exatamente com este
propósito que temos trabalhado
como comissão de Justiça e Paz
na Paróquia de Carapira. Desde
o início deste ano temos
realizado encontros zonais,
reunindo as pessoas das diversas
comunidades, entre animadores de
Justiça e Paz e também de
outros ministérios, e
promovendo partilhas e
discussões a respeito dos
assuntos de leis e direitos em
Moçambique. Ouvindo situações
concretas enfrentadas em
cada realidade e
apontando, a partir do que
diz as leis e a doutrina
“Consciencializar (conscientizar), eis uma das chaves para a construção da
justiça e da paz.”
Encontro Diocesano de Justiça e Paz, Diocese de Nacala, onde par-
ticipam os animadores regionais da paróquia
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BATUQUES DA SAVANA
social da Igreja, o que pode e deve ser
feito. Também esclarecendo o papel
do animador de Justiça e Paz, para
que cada um saiba as possibilidades e
responsabilidades que tem com esta
função, mas sobretudo animando a
comunidade na participação e
colaboração com os animadores deste
ministério, de modo a juntos
perceberem os problemas e buscarem
as soluções, num sentido de
corresponsabilidade e cooperação,
como comunidade. Também refletindo
que a
busca de
justiça e
respeito
aos direitos da pessoa não limita-se
aos cristãos, mas que, como
promotores
desta justiça
e paz,
estamos
abertos à
pessoa
humana,
independente de sua raça, tribo, cor,
crença, partido político ou o que quer
que seja.
Além disso, como nos aproximamos
do processo eleitoral aqui em
Moçambique, outra proposta que tem
sido trabalhada é a consciencialização
(conscientização) com relação à
importância da participação nas
eleições e demonstração de
insatisfação frente à situação atual do
país também com o voto.
As partilhas têm
sido muito ricas.
É a continuação
do cultivo das
sementes que
foram lançadas
há tempos por
outras pessoas, e
pouco a pouco
vamos
encontrando já
um ou outro fruto,
“(...) juntos perceberem os
problemas e buscarem as soluções, num
sentido de corresponsabilidade e
cooperação, como comunidade.”
Encontro Zonal de Justiça e Paz na comunidade de Munhunha, Zona de Nicupa, Re-
gião Puepue, Paróquia de Carapira
“(...) a busca de justiça e respeito aos direitos
da pessoa não limita-se aos cristãos (...)”
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BATUQUES DA SAVANA
detém, continuando sempre em frente,
sem olhar atrás. Onde a sabedoria de
Deus se faz presente em cada uma
destas pessoas, desde os mais
pequenos, onde seu olhar está atento a
tudo o que acontece, os adolescentes,
onde sua pessoa sofre as mudanças do
corpo e os sentimentos se confundem,
dando à rebeldia sinais de vida e os
jovens querendo alcançar seu sonho,
lutando nas adversidades que a realidade
lhes apresenta, os adultos pacientes com
o correr do tempo e os anciãos um
tesouro nas comunidades, cheios de
Sabedoria.
A relação que têm com Deus é especial, a
harmonia em suas celebrações é
inexplicável, mas posso dizer que me
sinto no mesmo céu, onde o tempo pára e
não há nada melhor que estar aí, um só
Povo, um só Deus, uma só Fé. Não sei se
muitos ou pouco, mas os que estamos aí
é de coração, ainda quando não entendo
Beatriz Maldonado, LMC [email protected]
CARAPIRA, POVO ESCOLHIDO POR DEUS
No dia 22 de junho de 2013 tive o privilégio de pisar esta
terra santa, em África; cheguei à comunidade de Carapira,
um lugar maravilhoso, cheio da Graça de Deus, onde as
pessoas encontram a felicidade no dia-a-dia, no pouco a
pouco, no passar do tempo sem pressa de nada, pois a vida
mesmo é assim, tudo graças a Deus.
Nos rostos onde se pode descobrir as alegrias e as dores
que se encontram no caminhar da vida, mas isso não os
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BATUQUES DA SAVANA
a maior parte do que dizem,
posso experimentar a presença
de Deus em minha vida com a
comunidade, com a esperança
de um dia estar assim na
eternidade.
E é assim como venho vivendo
e tratando de descobrir qual é a
missão que Deus me confia
neste momento, para colocar-
me a seu serviço nesta
comunidade onde também
pode haver injustiças sociais, políticas ou
religiosas.
O AMOR está presente e
onde há amor, aí está Deus.
Somente com Ele poderemos
trabalhar para a construção
de Seu Reino, assim unindo forças com a
equipa missionária que tem cultivado e
cuidado deste amor, ao longo do tempo,
com paciência e entrega, seguindo estes
exemplos vivos, continuar esta luta onde
o Bem Comum se alcançará
na medida que sejamos
Solidários, Disponíveis e
Comprometidos em nossa
Missão, acreditando e
atuando conforme nossas qualidades,
habilidades, dons, conhecimentos, unidos
a nossos irmãos, colaborando em equipa
e assim, seguir os sinais, símbolos dos
tempos para
promover uma boa
mudança na
realidade que se nos
apresenta.
Isto é o que posso
dizer até hoje, um
mês e meio, ou seis
semanas, de minha
“A relação que têm com Deus é especial, a harmonia em suas
celebrações é inexplicável (...)”
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BATUQUES DA SAVANA
A palavra “saudade” descreve a mistura dos
sentimentos de perda, falta, distância e amor.
E neste momento é esta mistura de senti-
mentos que sinto em relação a Carapira. Sin-
to a falta do cheiro da terra quando chove,
dos sons dos batuques que ecoam noite den-
tro, da xima com galinha e matapa, do colori-
do das capulanas das mamãs, do espectácu-
lo das acácias em flor, do sabor das frutas,
das cores do céu quando o sol já vai dando
lugar à
lua, das
crianças
sempre a
sorrirem,
dos mer-
cados on-
de se
misturam
os chei-
ros das
frutas, legumes, peixe e especiarias, das noi-
tes com uma brisa suave e morna tocando na
pele, dos domingos passados com os jo-
vens… Sinto
falta de ti!
Aos domingos,
apetece-me ir
à celebração
da palavra numa comunidade qualquer… só
que agora, a distância não permite… Cada
reencontro com Deus, é uma grande festa
Carlos Barros, LMC [email protected]
ATÉ JÁ!
Ao longo de quatro anos, escrevi neste espaço, sobretu-
do sobre temas relacionados com os problemas que as-
solam o povo makua, particularmente os jovens.
No entanto, como já regressei à minha província de ori-
gem, irei escrever umas breves palavras sobre uma pa-
lavra tipicamente portuguesa. É uma palavra, que dificil-
mente encontra tradução directa para outro qualquer idi-
oma: “SAUDADE”!
“A palavra “saudade” descreve a mistura dos sentimentos de perda,
falta, distância e amor.”
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A N O V I I I , N Ú M E R O 1 4
para este povo. São pobres e ne-
cessitados nos caminhos da vida,
mas alegres e felizes na relação
com Deus. As danças, os cânticos,
os símbolos, os silêncios
(especialmente os silêncios)... foi
algo de tão eterno, que muitas ve-
zes, compreendi que ainda sou
muito pobre...
Percebi o amor fraterno que depositam nas
relações comunitárias. Aqui em Carapira, a
pastoral comunitária é uma realidade viva.
Todos os ministérios são dinâmicos, conduzi-
dos por papás, mamãs e jovens que se entre-
gam. Para estes trabalhadores do Reino,
apesar dos
enormes obs-
táculos, todas
as tarefas são
feitas com de-
dicação e amor. Não há longe nem distância!
Na minha última semana em Carapira, tentei
contemplar as belezas da natureza, e reflec-
tir. E sempre me vinha ao pensamento que
tudo o que fazia era “a última vez“! É uma
sensação estranha pensar assim. Mas como
não gosto de despedidas, sempre contrario
com um outro pensamento: “até já”!
Trouxe comigo uma mala com pouca roupa e
algumas bugigangas, mas a abarrotar de
lembranças memoráveis: umas boas, outras
muito boas.
Moçambique é assim, é preciso amar!
E para termi-
nar, um
“obrigado”!
Obrigado a to-
dos com os
quais me cru-
zei nesta cami-
nhada.
Até já!
“(...) foi algo de tão eterno, que muitas
vezes, compreendi que ainda sou muito
pobre...”
Festa da Padroeira, Imaculado Coração de Maria, organizada pelos jovens
Página 13
BATUQUES DA SAVANA
Márcia Costa, LMC cccosta [email protected]
HABITAR NA CASA DO SENHOR
Na verdade, a tua bondade e o teu amor
Hão-de acompanhar-me todos os dias da
minha vida,
E habitarei na casa do Senhor
Para todo o sempre.” Sl 23,6
Sinto que Deus nos convida a
habitar na sua casa a partir do
hoje, a cada instante, a cada
amanhecer, para a eternidade… Sinto que
sou uma peregrina que caminha na esperan-
ça do encontro com Deus,
aquele encontro verdadeiro que
nos leva a doar-nos a cada dia,
a cada instante com alegria e,
assim, no dia 20 de Maio che-
guei a Moçambique . Mais uma vez me en-
contrei na casa do Senhor, no Seu templo
santo.
Aqui há o sol que me
aquece o corpo e
uma brisa doce que
o beija. Uma brisa
que me inunda e pa-
rece quase chegar
ao fundo do meu ser.
Há o céu azul e as
nuvens que neles
deslizam, silenciosas
“Sinto que sou uma peregrina que caminha
na esperança do encontro com Deus (…)”
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A N O V I I I , N Ú M E R O 1 4
tranquilas… há as montanhas lá ao fundo, há
os embondeiros que recortam o pôr-do-sol
pintado em tons de laranja, há o barulho dos
corvos que irrompem em danças e de repen-
te flutuam como se fossem a mais bela das
criaturas de Deus… há o Povo de Deus. O
Povo Macua. Simples e acolhedor. Há a Es-
cola Industrial de Carapira,
com os seus “meus” meninos,
que me convidam a um en-
contro apaixonado com Deus
a cada dia. Com eles e com este povo é im-
possível não me sentir na presença de Deus.
Desde que aqui cheguei tive a oportunidade
de experimentar na simplicidade a contem-
plação. Uma contemplação que gera vida e
me convida a fazer da minha vida um cons-
tante cântico de louvor a Deus.
Contemplo Deus, nos alunos apaixonados
pela vida, cheios de sonhos a construir e es-
peranças a viver. Contemplo Deus na esteira
estendida debaixo de uma mangueira, onde
nós, povo de Deus nos reunimos, para junto
com uma mamã, em oração de acção de gra-
ças, agradecer a Deus por a ter ajudado no
seu momento de doença, por todos os ami-
gos e familiares que tinham
ajudado naquele momento de
dificuldade. Todos juntos, a
falar a mesma língua. A lin-
guagem do Amor de quem fala a Deus para
lhe agradecer pela Sua presença, pelos dons
concedidos. Contemplo a Deus nos jovens,
nas comunidades, que anunciam a vida como
um dom que vem do Pai.
Aqui, em Moçambique, em tudo Deus, e até
me dá vontade de chorar inebriada por tanta
beleza.
“(…) em tudo Deus (…)
Página 15
BATUQUES DA SAVANA
Anualmente realiza-se um encontro com
todos os leigos missionários combonianos
presentes na província de Moçambique.
Atualmente a única comunidade LMC
presente na província é a localizada na
missão de Carapira. Assim, nos próximos
dias 13 a 15 de Setembro acontecerá este
encontro anual, com a presença do
padre responsável pelos LMC, P.
Paulo Emanuel, e do provincial dos
combonianos em Moçambique, P.
José Luís. Nestes dias serão
abordados assuntos relacionados
à formação dos LMC
moçambicanos, situação
econômica atual, presença LMC
na Escola de Carapira, chegadas e
partidas para o ano e também será
realizada a eleição do coordenador/a do
grupo para o próximo período. Contamos
com as orações de todos para que o
encontro possa correr bem e pedindo que o
Espírito Santo ilumine as decisões e
encaminhamentos. Unidos em oração e na
missão, inspirados pelo exemplo de São
ENCONTRO ANUAL LMC 2013
Nesta edição do Batuques iniciamos a seção “Provérbios Macua”. Através dos provérbios,
dos contos e das fábulas fazem-se apelos a respeito dos usos e costumes do povo.
Portanto, tais narrativas e máximas reúnem em si uma filosofia própria. Em muitas
circunstâncias da sua vida, o povo recorre ao uso dos provérbios, contos e fábulas para
reforçar suas atitudes e posições, ou para inculcar nas pessoas, sobretudo nos jovens,
valores morais e cívicos.Por isso, queremos partilhar consigo um pouco desta riqueza
cultural do povo macua.
Yòpajerya! (primeiro):
“Ekhuwo yowola, enaphwanela kihi yawawe”
Sentes o desejo de ser missionári@? Conheça mais sobre os LMC!
Fala conosco!
NIRI HOTHE ** ESTAMOS JUNTOS
“Morro mas a minha obra não morrerá”
Os Leigos Missionários Combonianos (LMC) participam na actividade missionária da
Igreja segundo o carisma de São Daniel Comboni, sendo um sinal de cooperação com as
igrejas locais.
Os LMC devem viver a Missão não simplesmente como voluntários ou cooperantes, mas
acentuando a motivação de fé como característica específica da sua actividade missioná-
ria. Devem ser anunciadores do Evangelho através do testemunho do seu estilo de vida
que manifesta a fé, na qual se fundamenta o seu serviço.
LEIGOS MISSIONÁRIOS
COMBONIANOS
CP 52 CARAPIRA
3102 MONAPO
NAMPULA
MOÇAMBIQUE
COMUNIDADE DE CARAPIRA
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