Sinopse
Em The Fiery Heart, Sydney arriscou tudo para seguir seus instintos,
caminhando por uma linha perigosa para manter seus sentimentos escondidos dos alquimistas. Agora com as consequências do evento que virou seu mundo, Sydney e Adrian lutam para recolher os pedaços e encontrar o caminho de volta um para o outro. Mas primeiros, eles precisam sobreviver.
Para Sydney, presa e rodeada por adversários, a vida se converte em uma luta diária para ser fiel a quem é e aqueles que ama. Enquanto isso, Adrian se apega a esperança no rosto das pessoas que dizem que Sydney é uma causa perdida, mas a batalha mostra-se cada vez mais difícil enquanto velhos demônios e novas tentações começam a se apoderar dele.
Capítulo 01 Sidney
Eu acordei para a escuridão.
Isso não era nenhuma novidade, visto que venho acordando para a escuridão
nos últimos… bem, não sabia quantos dias. Poderia ser semanas ou até meses.
Eu perdi a noção do tempo nesta pequena e gelada cela, com apenas um duro
chão de pedra como cama. Meus captores me mantiveram acordada ou
dormindo, a seu critério, com a ajuda de alguma droga que deixou impossível a
contagem dos dias. Por um tempo, eu tive certeza de que estavam deslizando-
o para mim pela água ou comida, então entrei em greve de fome. A única coisa
que consegui foi uma alimentação forçada – algo que nunca, nunca quero
experimentar novamente – e nenhuma escapatória da droga. Eu finalmente
compreendi que estavam colocando-a através do sistema de ventilação, e
diferentemente da comida, eu não poderia entrar em greve de ar.
Por um tempo, tive a ideia fantástica de que eu poderia acompanhar o tempo
através do meu ciclo menstrual, a maneira como as mulheres das sociedades
primitivas se sincronizavam pela lua. Meus captores, proponentes de limpeza e
eficiência, tinham até provido produtos de higiene feminina para quando a hora
chegasse. O plano falhou também, entretanto. Sendo abruptamente afastada
das pílulas de controle de natalidade na hora da minha captura resetou todos os
meus hormônios e jogou meu corpo em ciclos irregulares que tornou impossível
medir qualquer coisa, especialmente quando combinado com minha falta de
sono. A única coisa da qual poderia ter certeza era de que não estava grávida,
o que foi um grande alívio. Se eu tivesse o filho de Adrian para me preocupar,
os Alquimistas teriam poder ilimitado sobre mim. Mas era apenas eu neste corpo
e eu poderia aguentar o que quer que me jogassem. Fome, frio. Não importava.
Eu me recusava a deixá-los me quebrar.
—Você pensou sobre os seus pecados, Sydney?—
A voz metálica e feminina reverberou pela pequena cela, parecendo vir de todas
as direções de uma vez. Eu me puxei até uma posição sentada, puxando minha
áspero túnica para os joelhos. Mais um hábito que qualquer coisa. A peça sem
mangas era fina como um papel e não oferecia calor algum. A única coisa que
provia era um senso de modéstia psicológico. Eles o haviam me entregado a
meio caminho do meu cativeiro, dizendo ser um gesto de benevolência. Na
realidade, eu acho que os Alquimistas apenas não conseguiriam lidar comigo lá
nua, especialmente quando eles viram que não conseguiriam o que esperavam
comigo.
—Eu dormi— eu disse, sufocando um bocejo —Sem tempo para pensar—. A
droga no ar parecia me deixar sempre sonolenta, mas eles também me
mandavam algum estimulante que desse certeza de que eu ficaria acordada
quando eles queriam, não importava o quão cansada eu estivesse. O resultado
era que eu nunca estava completamente descansada – já que essa era sua
intenção. Guerra psicológica funcionava melhor quando a mente estava
cansada.
—Você sonhou?— perguntou a voz. —Você sonhou com redenção? Você
sonhou com como seria ver a luz novamente?—
—Você sabe que não.— Eu estava estranhamente falante hoje. Eles me faziam
essas perguntas todo o tempo, e algumas vezes eu apenas ficava em silêncio.
—Mas se você quiser para de me alimentar com aquele sedativo por um tempo,
talvez eu durma realmente e tenha sonhos para que possamos conversar sobre.
Mais importante, tendo uma noite de verdade que fosse livre das drogas
significava que Adrian seria capaz de me contatar nos meus sonhos e me ajudar
a sair desse buraco do inferno.
Adrian.
Ele era a razão de eu ser capaz de sobreviver nesta prisão.
E ele também era a razão de eu estar aqui em primeiro lugar.
—Você não precisa do seu subconsciente para lhe dizer o que seu consciente já
sabe.— A voz me disse. —Você está contaminada e impura. Sua alma está
envolta em trevas e você pecou contra o seu próprio tipo.—
Eu suspirei para esta velha retórica, e mudei de posição tentando ficar mais
confortável, embora fosse uma batalha perdida. Meus músculos estavam em um
estado eterno de rigidez há anos já. Não havia nenhum conforto em ser
encontrada nesta situação.
—Deve te entristecer— a voz continuou —saber que você quebrou o coração de
seu pai.—
Essa era uma nova abordagem, uma que me pegou de baixa guarda o suficiente
para responder sem pensar —Meu pai não tem coração.—
—Ele tem, Sydney. Ele tem.— A não ser que estivesse errada, a voz soou um
pouco satisfeita por ter me atingido. —Ele lamenta muito a sua queda.
Especialmente quando você se mostrava uma promessa para nós e nossa luta
contra o mal.—
Eu deslizei mais para que pudesse me encostar à parede rudemente cortada. —
Bem, ele tem uma outra filha que é muito mais promissora agora, então tenho
certeza de que ele irá superar.—
—Você quebrou o coração dela também. Ambos estão mais aflitos do que você
possa imaginar. Não seria bom se você se reconciliasse com eles?—
—Você está me oferecendo esta chance?— Perguntei cautelosamente.
—Nós temos lhe oferecido esta chance desde o começo, Sydney. Apenas diga
as palavras, e iremos começar alegremente seu caminho para a redenção.—
—Você está dizendo que isto não foi parte?—
—Isto foi parte do esforço para te ajudar a limpar sua alma.—
—Certo— eu disse. —Ajudando-me através de fome e humilhação.—
—Você quer ver sua família ou não? Não seria legal sentar e conversar com
eles?—
Eu não respondi e ao invés tentei entender que jogo estava sendo jogado. A voz
havia me oferecido muitas coisas ao meu cativeiro, a maioria deles objetos de
conforto – calor, cama macia, roupas de verdade. Havia sido oferecida outras
recompensas também, como o colar de cruz que Adrian havia feito para mim e
comida de longe mais substancial e apetitosa que a sopa de aveia com a qual
me deixavam viva. Eles até tentaram me deixar tentada com o último canalizando
aroma de café. Alguém – possivelmente da família que se importa tanto comigo
– deve tê-los dado pistas de minhas preferências.
Mas isso… a chance de ver e falar com as pessoas era algo totalmente novo
junto. Admitidamente, Zoe e meu pai não eram exatamente o topo da minha lista
de quem gostaria de ver agora, mas era o alcance maior daquilo que os
Alquimistas estavam me oferecendo que me interessava: uma vida fora desta
cela.
—O que eu teria que fazer?— Eu perguntei.
—O que você sempre soube que teria que fazer,— respondeu a voz. —Admitir
sua culpa. Confessar seus pecados e admitir que você está pronta para se
redimir.—
Eu quase disse, Eu não tenho o que confessar. Foi o que eu disse a eles
centenas de vezes antes disso. Talvez até milhares de vezes. Mas eu ainda
estava intrigada. Encontrar outras pessoas significava que eles teriam que parar
de envenenar o ar… certo? E se eu pudesse escapar disso, poderia sonhar…
—Eu digo essas palavras, e eu posso ver minha família?—
A voz estava irritantemente condescendente —Não imediatamente, é claro. Terá
que ser merecido. Mas você estará apta a seguir para o próximo estado de sua
recuperação.—
—Reeducação,— eu disse.
—Seu tom faz parecer algo ruim,— disse a voz —Nós fazemos isso para ajudar
você.—
—Não, obrigada.— Eu disse. —Estou começando a me acostumar com esse
lugar. Uma pena deixa-lo.—
Isso, e eu sabia que reeducação era onde a verdadeira tortura começaria. Claro,
talvez não seja um desafio físico como este, mas era onde eles são mais afiados
no controle da mente. Essas condições difíceis foram configurações, para que
eu me sinta fraca e indefesa, então eu seria suscetível quando eles tentarem
alterar minha mente na reeducação. Para que eu ficasse grata e agradecesse a
eles por isso.
E, no entanto, eu não conseguia afastar esse pensamento mais uma vez, que
se eu saísse daqui, eu poderia estar em uma posição para dormir e sonhar
normalmente de novo. Se eu pudesse fazer contato com Adrian, tudo poderia
mudar. No mínimo, eu saberia que ele estava bem… se eu sobrevivesse a
reeducação em si. Eu poderia fazer suposições para o tipo de manipulação
psicológica que eles tentariam em mim, mas não tinha certeza. Será que eu o
suportaria? Eu poderia manter minha mente intacta, ou se eles me voltariam
contra todos os meus princípios e entes queridos? Esse era o risco de deixar
esta cela. Eu também sabia que os Alquimistas tinham drogas e truques para
fazer seus comandos —grudarem—, por assim dizer, e embora
eu provavelmente estivesse protegida contra eles, graças ao uso habitual de
magia antes eu ter sido presa, o medo de que eu ainda poderia ser vulnerável
me assustava. A única forma certeira que eu conhecia para se proteger contra a
compulsão deles foi através de uma poção que eu tinha feito uma vez e utilizada
com sucesso em um amigo, mas não em mim mesma.
Outras reflexões foram colocados em espera enquanto eu sentia fadiga me
inundar. Aparentemente, essa conversa tinha acabado. Eu sabia o suficiente
agora para não lutar e me estiquei no chão, deixando o sono grosso, sem sonhos
me inundar, enterrando pensamentos de liberdade. Mas antes que a droga me
derrubasse, eu disse o nome dele na minha mente, usando-o como uma
referência para me manter forte.
Adrian…
Acordei em um tempo indeterminado depois e encontrei comida na minha cela.
Foi o mingau de costume, algum tipo de cereal quente de caixa que
provavelmente foi fortificado com vitaminas e minerais para manter a minha
saúde elevada, tal como era. Chamá-lo de —cereal quente— pode ter sido
generoso, no entanto. —Morna— era mais adequado. Eles tiveram que fazê-lo
tão não apetitosa quanto possível. Sem gosto ou não, eu comia
automaticamente, sabendo que eu precisava manter a minha força para quando
eu saísse daqui.
Se eu sair daqui.
O pensamento traidor surgiu antes que eu pudesse impedi-lo. Era um medo
antigo que incomodava nas beiradas, a possibilidade aterrorizante que eles
poderiam me manter aqui para sempre, que eu nunca iria ver qualquer uma das
pessoas que eu amava de novo – sem Adrian, sem Eddie, sem Jill, sem qualquer
um deles. Eu nunca iria praticar magia novamente. Eu nunca leria um livro de
novo. Esse último pensamento particularmente me atingiu forte hoje, porque
tanto quanto sonhar acordada com Adrian me carregava através dessas horas
escuras, eu teria matado para ter algo tão banal quanto um romance qualquer
para ler. Eu teria me contentado com uma revista ou panfleto. Qualquer coisa
que não fosse escuridão e aquela voz.
Seja forte, eu disse a mim mesma. Seja forte para si mesma. Seja forte para
Adrian. Ele faria menos para você?
Não, ele não faria. Onde quer que estivesse, se ele ainda estava em Palm
Springs ou tinha se mudado, eu sabia que Adrian nunca desistiria de mim, e eu
tinha que corresponder. Eu tinha que estar pronta para quando estivermos
juntos. Eu tinha que estar pronta para quando estivermos reunidos.
Centrum permanebit. As palavras latinas brincaram na minha mente,
fortalecendo-me. Traduzido, elas significava, —O centro vai permanecer— e
eram um verso de um poema que Adrian e eu tínhamos lido. Nós somos o centro
agora, pensei. E eu e ele iremos permanecer, não importa o quê.
Eu terminei minha refeição escassa e em seguida tentei fazer uma lavagem
rápida na pequena pia no canto da cela, sentindo o meu caminho no escuro para
onde existia um pequeno banheiro. Um verdadeiro banho ou ducha estava fora
de questão (embora eles tivessem usado isso como isca antes também), e eu
tive que me limpar diariamente (ou o que eu achava que era diariamente) com
uma toalha áspera e água fria que cheirava a ferrugem. Era humilhante, sabendo
que eles estavam assistindo com suas câmeras de visão noturna, mas ainda era
mais digno do que ficar sujo. Eu não lhes daria essa satisfação. Eu permaneceria
humana, mesmo que isso fosse a própria questão sobre o que eles estavam me
questionando.
Quando eu estava limpa o suficiente, eu me enrolei de volta contra a parede, os
meus dentes batendo enquanto a minha pele molhada tremia no ar frio. Será que
eu nunca ficaria quente de novo?
—Falamos com seu pai e sua irmã, Sydney—, disse a voz. —Eles ficaram tão
tristes em saber que você não queria vê-los. Zoe chorou.—
Internamente, eu estremeci, lamentando que eu tinha participado da última vez.
A voz agora pensava que esta tática familiar teve alguma influência sobre mim.
Como eles poderiam pensar que eu gostaria de me relacionar com as pessoas
que tinham me prendido aqui? A única família que eu talvez poderia querer ver
– minha mãe e minha irmã mais velha – provavelmente não estavam na lista de
visitantes, especialmente se o meu pai tinha começado o seu caminho em seus
processos de divórcio. Esse resultado na verdade era algo que eu teria gostado
de ouvir falar, mas de jeito nenhum eu deixaria escapar isso.
—Você não se arrepende da dor que causou a eles?—, perguntou a voz.
—Eu acho que Zoe e papai devem lamentar a dor que me causaram, — eu rebati.
—Eles não queriam causar-lhe dor.— A voz estava tentando ser calmante, mas
principalmente eu queria dar um soco em quem estava por trás disso – e eu não
era o tipo de pessoa geralmente dada à violência. —Eles fizeram o que fizeram
para ajudá-la. Isso é tudo o que estamos tentando fazer. Eles adorariam a
chance de falar com você e explicar por si mesmos—.
—Tenho certeza de que sim—, eu murmurei. —Se você falou com eles
mesmo.— Eu me odiava por me envolver com meus captores. Este foi o máximo
que eu tinha falado com eles há algum tempo. Eles tinham que estar adorando.
—Zoe nos perguntou se estaria tudo bem se ela lhe trouxesse um vanilla latte
sem gordura quando ela visitasse. Dissemos a ela que estaria. Estamos todos
dentro para uma visita civilizada, para que você possa se sentar e realmente
falar, para que sua família e especialmente a sua alma possam se curar.—
Meu coração batia rápido, e não tinha nada a ver com a atração de café. A voz
estava confirmando mais uma vez o que tinha sido sugerido antes. Uma visita
real, sentada, tomando café… que tinha que acontecer fora desta cela. Se
qualquer coisa dessa fantasia fosse mesmo verdade, não havia nenhuma
maneira de que iriam trazer o meu pai e Zoe aqui – não que vê-los fosse o meu
objetivo. Sair daqui era. Eu ainda afirmava que eu poderia ficar aqui para sempre,
que eu poderia aguentar o que lançassem em mim. E eu podia. Mas o que eu
estava realizando? Tudo o que se mostrou foi a minha própria resistência e
rebeldia, e enquanto eu estava orgulhosa dessas coisas, eles não estavam me
deixando mais perto de Adrian. Para chegar ao Adrian, para ter o resto dos meus
amigos… Eu precisava sonhar. Para sonhar, eu precisava ficar longe desta
existência drogada.
E não apenas isso. Se eu fosse a algum lugar que não fosse uma pequena cela
escura, eu talvez poderia ser capaz de trabalhar em magia novamente. Eu
poderia ter uma pista sobre onde no mundo eles tinham me levado. Eu poderia
ser capaz de me libertar.
Mas primeiro eu tinha que sair desta cela. Eu pensei que eu era corajosa em
ficar aqui, mas, de repente, eu me perguntava se sair era o que realmente
testaria minha coragem.
—Você gostaria disso, Sydney?— A menos que eu estivesse enganada, havia
uma ponta de animação na voz – quase uma ânsia – que contrastava com o tom
altivo e arrogante que eu tinha aprendido a me acostumar. Eles nunca
despertaram tanto interesse de mim. —Gostaria de começar os primeiros passos
para purgar sua alma – e ver a sua família?—
Há quanto tempo eu definhava nesta cela, entrando e saindo de uma consciência
agitada? Quando eu senti o meu torso e braços, eu poderia dizer que eu tinha
perdido uma quantidade considerável de peso, o tipo de perda de peso que
levava semanas. Semanas, meses… Eu não tinha idéia. E enquanto eu estava
aqui, o mundo se estava girando sem mim – um mundo cheio de pessoas que
precisavam de mim.
— Sydney?—
Não querendo parecer ansiosa demais, eu tentei enrolar. —Como é que eu sei
que posso confiar em você? Que você vai me deixar ver a minha família se eu…
começar esta viagem?—
—Maldade e trapaça não são os nossos caminhos—, disse a voz. —Nós
confiamos na luz e na honestidade.—
Mentirosos, mentirosos, pensei. Eles haviam mentido para mim durante anos,
dizendo-me que boas pessoas eram monstros e tentando ditar a maneira que eu
vivia a minha vida. Mas isso não importava. Eles poderiam manter sua palavra
ou não sobre a minha família.
—Eu teria… uma cama de verdade?— Eu consegui fazer a minha voz engasgar
um pouco. Os Alquimistas tinham me ensinado a ser uma excelente atriz, e agora
eles veriam seu treinamento colocados em ação.
—Sim, Sydney. A cama de verdade, roupas de verdade, comida de verdade. E
as pessoas com quem falar – as pessoas que vão ajudá-la se você só vai ouvir—
.
Essa última parte selou o acordo. Se eu fosse para ser colocada regularmente
em torno de outros, com certeza eles não poderiam continuar drogando no ar.
Como era, eu podia sentir-me ficar especialmente alerta e agitada agora. Eles
estavam injetando aquele estimulante, algo que me faria ansiosa e querer agir
precipitadamente. Foi um bom truque em uma mente gasta e frágil, e ele estava
funcionando – apenas não como eles tinham esperado.
Por força do hábito, eu coloquei minha mão sobre minha clavícula, tocando uma
cruz que não estava mais lá. Não deixe que eles me mudem, eu orei em
silêncio. Deixe-me manter minha mente. Deixe-me suportar tudo o que há para
vir.
—Sydney?—
—O que eu tenho que fazer?—, perguntei.
—Você sabe o que tem que fazer—, disse a voz. —Você sabe o que você tem
de dizer.—
Movi minhas mãos para o meu coração e minhas próximas palavras internas não
eram uma oração, mas uma mensagem silenciosa para Adrian: Espere por mim.
Seja forte, e eu vou ser forte também. Eu vou lutar para escapar de tudo o que
eles têm reservado. Eu não vou esquecê-lo. Eu nunca vou virar as costas para
você, não importa quais mentiras eu terei de dizer a eles. Nosso centro irá
permanecer.
— Você sabe o que você tem de dizer—, a voz repetiu. Estava praticamente
salivando.
Limpei a garganta. —Pequei contra a minha própria espécie e deixei minha alma
se tornar corrompida. Estou pronta para ter a escuridão purgada—.
—E quais são os seus pecados?— A voz exigia. —Confesse o que você fez.—
Isso foi mais difícil, mas eu ainda consegui manejar as palavras. Se isso me
levasse para mais perto de Adrian e da liberdade, eu puderia dizer qualquer
coisa.
Eu respirei fundo e disse: —Eu me apaixonei por um vampiro.—
E assim, eu fui cegada pela luz.
Capítulo 02 Adrian
—Não leve isso a mal, mas você está horrível—.
Eu levantei minha cabeça da mesa e abri levemente um olho. Mesmo com os
óculos escuros – do lado de dentro – a luz ainda era demais para o martelar na
minha cabeça. —Sério?— Eu disse. —Existe um jeito certo de ouvir isso?—
Rowena Clark me encarou um olhar imperioso que era tão parecido como
Sydney talvez tivesse dado. Isso me causou um solavanco no meu peito. —Você
pode ouvir isso construtivamente—. O nariz de Rowena se enrugou. —
Issoé uma ressaca, certo? Porque, quero dizer, isso implica que você esteve
sóbrio em algum ponto. E pela fábrica de gin que eu consigo cheirar, eu não
tenho tanta certeza—.
—Estou sóbrio. No geral—. Eu me atrevi a retirar os óculos escuros para dar
uma olhada melhor nela. —Seu cabelo está azul—.
—Azul petróleo—, ela corrigiu, tocando nele conscientemente. —E você o viu
dois dias atrás—.
—Eu vi?— Dois dias atrás deve ter sido nossa última aula de mídia mixada em
Carlton College. Eu mal conseguia me lembrar de duas horas atrás. —Bem. É
possível que eu não estivesse sóbrio nessa ocasião. Mas ficou legal—,
acrescentei, esperando que me poupasse de alguma desaprovação. Não
poupou.
Na verdade, meus dias sóbrios na faculdade eram meio cinquenta por cento
ultimamente. Considerando que apesar de eu estar indo às aulas de todo modo,
eu achava que merecia algum crédito. Quando Sydney partiu – não, foi levada –
eu não queria vir aqui. Eu não queria ir a lugar algum ou fazer qualquer coisa
que não fosse achá-la. Eu me encolhi na minha cama por dias, esperando e
chegando até ela pelo mundo dos sonhos pelo espírito. Só que eu não conectei.
Não importava qual hora do dias eu tentava, eu nunca parecia encontrá-la em
seu sono. Não fazia sentido algum. Ninguém conseguia ficar acordado tanto
tempo. Pessoas bêbadas eram mais difíceis de se conectarem já que o álcool
diminuíam os efeitos do espírito e bloqueava sua mente, mas de algum modo eu
duvidava que ela e seus captores Alquimistas estavam tendo festas de coquetel
sem parar.
Eu talvez tenha duvidado de mim mesmo e das minhas habilidades,
especialmente depois de ter usado medicação para desligar o espírito por um
tempo. Mas minha magica eventualmente voltou com força total, e eu não tive
dificuldade alguma em alcançar outros em seus sonhos. Talvez eu fosse inepto
em várias outras coisas da vida, mas eu ainda era sem sombras de dúvida o
melhor especialista visitador de sonhos usuário de espírito que conhecia. O
problema era, eu só conhecia poucos outros usuários de espírito, ponto, então
não havia muitos conselhos que eu poderia obter do porquê eu não estava
alcançando Sydney. Todos os vampiros Moroi usam algum tipo de magia
elementar. A maioria se especializa em um dos quatro elementos físicos: terra,
ar, água ou fogo. Pouquíssimos de nós usa espírito, e não há uma boa história
documentada sobre isso como há dos outros elementos. Havia muitas teorias,
mas ninguém sabia com certeza por que eu não alcançava Sydney.
O assistente do meu professou deixou cair uma pilha de papéis grampeados na
minha frente e uma idêntica na frente de Rowena, arrancando-me de meus
pensamentos. —O que é isto?—
—Hm, sua prova final—, disse Rowena, rolando seus olhos. —Deixe-me
adivinhar. Você não se lembra disso também? Ou eu me oferecendo para
estudar com você?—
—Deve ter sido um dia em branco para mim—, eu murmurei, virando
desconfortavelmente as páginas.
A expressão de repreensão de Rowena se transformou para uma de compaixão,
mas qualquer coisa que ela poderia ter tido foi engolida pela ordem do nosso
professor de ficar quieto e trabalhar. Eu encarei a prova e me perguntei se eu
poderia trapacear através disso. Parte do que me arrancou da cama e levou de
volta à faculdade era saber o quanto educação significava para Sydney. Ela
sempre teve inveja da oportunidade que eu tinha, uma oportunidade que seu pai
controlador babaca negou a ela. Quando eu percebi que eu não conseguiria
achá-la de imediato – e acredite em mim, eu tentei de vários jeitos mundanos,
junto com os mágicos – eu resolvi consigo mesmo que eu seguiria em frente e
fazer o que ela gostaria: terminar esse semestre de faculdade.
Admito, eu não tenho sido o aluno mais dedicado. Já que a maioria das minhas
aulas era do tipo de arte introdutória, meus professores normalmente ficavam
tranquilos sobre dar créditos desde que você entregasse algo. Isso era sorte
minha porque —algo— era provavelmente a descrição mais legal para algumas
peças horríveis que criei recentemente. Eu sustentei uma nota passável –
raspando – mas essa prova talvez me derrube. Essas questões eram tudo ou
nada, certo ou errado. Eu não poderia apenas enrolar um desenho ou pintura e
esperar por pontos por esforço.
Enquanto eu começava a fazer minhas melhores tentativas em responder as
perguntas sobre desenho de contorno e paisagens desconstruídas, eu senti as
beiradas sombrias da depressão me puxando para baixo. E não era apenas
porque eu iria provavelmente reprovar nessa matéria. Eu também iria falhar com
Sydney e suas altas expectativas para comigo. Mas sério, o que era uma matéria
quando eu já tinha falhado com ela em tantas outras maneiras? Se nossas
posições estivessem trocadas, ela provavelmente já teria me encontrado por
agora. Ela era mais esperta e engenhosa. Ela poderia fazer de forma
extraordinária. Eu não podia nem cuidar do ordinário.
Entreguei a prova uma hora depois e esperei que eu não tivesse desperdiçado
um semestre inteiro no processo. Rowena tinh terminado cedo e estava me
esperando do lado de fora da sala. —Você quer comer alguma coisa?— ela
perguntou. —Por minha conta—.
—Não obrigado. Eu tenho que encontrar meu primo—.
Rowena me fitou com cautela. —Você não está dirigindo, não é?—
—Estou sóbrio agora, muito obrigado—, eu disse a ela. —Mas se lhe faz sentir
melhor, não, eu vou pegar o ônibus—.
—Então acho que é isso, hein? Último dia de aula—.
Eu acho que era, eu me dei conta. Eu tinha outras duas matérias, mas esta era
a única com ela. —Tenho certeza que iremos nos ver de novo—, eu disse
valentemente.
—Espero que sim—, ela disse, olhos cheios de preocupação. —Você tem o meu
número. Ou pelo menos costumava ter. Estarei por aqui este verão. Ligue para
mim ou Cassie se você quiser sair… ou se tiver alguma coisa que você queria
conversar… eu sei que você teve algumas coisas duras para lidar
ultimamente…—
—Já lidei com coisas mais duras—, menti. Ela não sabia metade, e não tinha
como ela saber, não como uma humana comum. Eu sabia que ela imaginava
que Sydney havia terminado comido, e que tinha me matava ver a pena de
Rowena. Eu mal poderia corrigi-la no entanto. —E eu definitivamente vou entrar
em contato, então é melhor você ficar do lado do seu telefone. Vejo você por aí,
Ro—.
Ela me deu um aceno vago enquanto eu andava em direção à parada de ônibus
mais próxima do campus. Não era assim tão distante, mas eu me encontrei
suando no momento em que eu chegava. Era maio em Palm Springs, e nossa
primavera fugaz estava sendo pisoteada no solo pelo quente e sufocante verão
se aproximando. Pus os óculos de sol de volta enquanto esperava e tentei
ignorar o casal de hipsters fumando ao meu lado. Cigarros, pelo menos, era um
vício que eu não tinha retornado desde que Sydney partiu, mas era difícil às
vezes. Muito difícil.
Para me distrair, abri minha mochila e espiei dentro para uma pequena estátua
de um dragão dourado. Pousei minha mão nas suas costas, sentindo suas
escalas minúsculas. Nenhum artista poderia ter criado um trabalho de arte tão
perfeito porque ele na verdade não era uma escultura. Ele era um dragão de
verdade – bem, uma callistana, para ser preciso, que era um tipo de demônio do
bem – que Sydney tinha invocado. Ele tinha se conectado a ela e a mim, mas
apenas ela tinha a habilidade de transformá-lo entre suas formas vivas e
petrificadas. Infelizmente para Hopper aqui, ele tinha sido preso neste estado
quando ela foi sequestrada, significando que ele estava aprisionado nisso. De
acordo com a mentora mágica de Sydney, Jackie Terwilliger, Hopper
tecnicamente ainda estava vivo, mas vivendo em uma existência bem miserável
sem comida e atividade. Eu o levava para todos os lugares a que ia e não sabia
se ter contato comigo significava alguma coisa para ele. O que ele realmente
precisava era de Sydney, e eu não poderia culpá-lo. Eu precisava dela também.
Eu estava dizendo a verdade para Rowena: eu estava sóbrio agora. E isso era
de propósito. A longa viagem de ônibus pela frente me dava a oportunidade
perfeita para procurar Sydney. Mesmo que eu não tentasse mais alcançá-la em
seus sonhos com tanta voracidade como uma vez tinha, eu ainda tentava ficar
sóbrio algumas vezes por dia para procurar. Assim que o ônibus estava se
movendo e eu estava confortável no meu assento, eu convoquei a mágica do
espírito dentro de mim, exaltando brevemente na forma gloriosa que ela me fazia
sentir. Era uma emoção de dois gumes no entanto, uma que estava temperada
com o conhecimento que o espírito devagar iria me levar à insanidade.
Insanidade é uma palavra tão feia, uma voz na minha cabeça disse. Pense nisso
como obter uma nova visão da realidade.
Eu estremeci. A voz na minha cabeça não era minha consciência ou nada
parecido. Era minha Tia Tatiana morta, antiga rainha dos Moroi. Ou, bem, era o
espírito me fazendo alucinar sua voz. Eu costumava ouvi-la quando meu humor
caía para lugares baixos específicos. Agora, desde que Sydney foi embora, essa
aparição da Tia Tatiana se tornou uma companhia recorrente. O lado positivo –
se você puder olhar para isso dessa forma – era que alguns dos efeitos colaterais
do espírito se tornaram menos frequentes. Era como se a loucura do espírito
tivesse mudado de forma. Era melhor ter conversas mentais com uma parente
morta imaginária do que estar sujeito à mudanças de humor descontroladamente
dramáticas? Eu honestamente não tinha certeza.
Vá embora, eu falei para ela. Você não é real. Além do mais, está na hora de
procurar por Sydney.
Uma vez que eu tinha me ligado à magia, eu alonguei meus sentidos, procurando
por Sydney – a pessoa que eu conhecia melhor que qualquer um nesse planeta.
Achar alguém dormindo que eu conhecia pouco seria fácil. Achá-la – se ela
estivesse dormindo – não teria sido esforço algum. Mas eu fiz contato nenhum e
eventualmente deixei a mágica ir. Ou ela não estava dormindo ou ainda estava
bloqueada de mim. Derrotado mais uma vez, encontrei um frasco de vodka na
minha mochila e me joguei nela enquanto eu esperava minha viagem para Vista
Azul.
Eu estava satisfeitamente tonto, cortado da minha mágica mas não do meu
coração partido, quando eu cheguei na Escola Preparatória de Amberwood. As
aulas tinham acabado de terminar pela tarde, e alunos em uniformes elegantes
estava se movendo de um lado para o outro entre os prédios, para estudar ou
dar amassos ou qualquer coisa que alunos de ensino médio faziam perto do final
do período. Eu caminhei para o dormitório das garotas e esperei do lado de fora
por Jill Mastrano Dragomir me achar.
Enquanto Rowena apenas supôs o que estava me incomodando, Jill sabia
exatamente quais eram meus problemas. Isto era porque Jill de quinze anos
tinha o —benefício— de ser capaz de ver na minha mente. Ano passado, ela
tinha sido alvo de assassinos querendo destronar sua irmã, quem por acaso era
a rainha dos Moroi e uma grande amiga minha. Tecnicamente, aqueles
assassinos tivera êxito, mas eu trouxe Jill de volta através de mais habilidades
extraordinárias de espírito. Essa façanha de cura me deu uma enorme baqueada
em mim e também forçou um laço psíquico que deixava Jill saber meus
pensamentos e sentimentos. Eu sabia que minha recente crise de depressão e
bebedeira tinham sido duros com ela – apesar que pelo menos a bebida
adormecia a conexão alguns dias. Se Sydney estivesse por perto, ela teria me
repreendido por ter sido egoísta e não pensado nos sentimentos de Jill. Mas
Sydney não estava por perto. O peso da responsabilidade pesava somente em
mim, e eu não era forte o suficiente para suportá-lo, parece.
Três ônibus de transporte do campus vieram e foram, e Jill não estava em
nenhum deles. Este era nosso usual dia da semana para ficar juntos, e eu fiz
questão para continuar com isso, mesmo que eu não conseguisse continuar com
mais nada. Eu peguei meu telefone e mandei uma mensagem para ela: Ei, estou
aqui. Está tudo bem?
Nenhuma resposta veio, e uma ponta de preocupação começou a percorrer em
mim. Depois da tentativa de assassinato, Jill foi mandada para cá para se
esconder entre humanos em Palm Springs porque o deserto não era um lugar
que nem nosso povo nem os Strigoi – maus, vampiros morto-vivos – gostariam
de estar. Os Alquimistas – uma sociedade secreta de humanos obcecados em
deixar humanos e vampiros longes um do outro – mandaram Sydney como uma
conexão para terem certeza que as coisas ocorressem com suavidade. Os
Alquimistas queriam ter certeza que os Moroi não mergulhassem em uma guerra
civil, e Sydney fez um bom trabalho em ajudar Jill através de todos os tipos de
altos e baixos. Onde Sydney tinha falhado, todavia, era ter se envolvido
romanticamente com um vampiro. Isso meio que foi contra os procedimentos
operacionais dos Alquimistas de humanos e vampiros ficarem longe um dos
outros, e os Alquimistas responderam brutal e eficientemente.
Mesmo depois de Sydney ter ido embora e sua substituta caradura, Maura, ter
chegado, as coisas continuaram relativamente calmas para Jill. Não tem tido
sinal algum de perigo de tipo algum, e nós até tínhamos indícios que ela poderia
retornar à banal sociedade Moroi uma vez que seu período escolar terminasse
no próximo mês. Esse tipo de desaparecimento era fora de sua personalidade,
e quando eu não recebi uma resposta de texto dela, eu mandei uma para Eddie
Castile.
Enquanto Jull e eu éramos Moroi, ele era um dhampir – uma raça nasica da
mistura de sangue humano e vampiro. Sua espécie treinava para serem nossos
defensores, e ele era um dos melhores. Infelizmente, suas formidáveis
habilidades de batalha não foram suficientes quando Sydney o enganou para se
separarem quando os Alquimistas vieram atrás dela. Ela o tinha feito para salvá-
lo, sacrificando a si mesma, e ele não queria superar isso. Essa humilhação tinha
matado a ignição de romance entre ele e Jill porque ele não se sentia mais
merecedor de uma princesa Moroi. Ele ainda obedientemente servia como seu
guarda-costas, no entanto, e eu sabia que se alguma coisa tivesse acontecido
com ela, ele seria o primeiro a saber.
Mas Eddie não respondeu minha mensagem também, e nem os outros dois
dhampirs que trabalhavam à paisana como seus protetores. Isso era estranho,
mas eu tentei me assegurar que o silêncio de rádio de todos eles provavelmente
significava que eles se distraíram juntos e estavam bem. Jill aparecia logo.
O sol estava me incomodando de novo, então eu caminhei em volta do prédio e
encontrei outro banco que estava fora do caminho e encoberto pelas palmeiras.
Eu me fiz confortável nele e logo adormeci, ajudado por ter ficado fora até tarde
no bar ontem à noite e por ter terminado meu frasco de vodka. Um murmúrio de
vozes me acordoi mais tarde, e eu vi que o sol tinha se movido
consideravelmente no céu acima de mim. Também acima de mim estavam os
rostos de Jill e Eddie, assim como dos nossos amigos Angeline, Trey, e Neil.
—Hey—, eu resmunguei, tentando me levantar. —Onde vocês estavam?—
—Onde você estava?— Eddie perguntou severamente.
Os olhos verdes da Jill suavizaram quando ela olhou para mim. —Está tudo bem.
Ele esteve aqui o tempo todo. Ele esqueceu. Compreensível já que… bem, ele
está passando por um período duro—.
—Esqueci o quê?— perguntei, olhando desconfortavelmente de rosto a rosto.
—Não importa—, Jill disse evasivamente.
—O que eu esqueci?— eu exclamei.
Angeline Dawes, uma das protetoras dhampir de Jill, provou ser como sempre a
voz sem rédeas. —A exposição de final de período da Jill—.
Eu encarei em branco, e depois tudo voltou para mim. Uma das atividades
extracurriculares de Jill era projeto de moda e clube de costura. Ela começou
como modelo, mas quando isso provou ser muito público e perigoso para sua
posição, ela recentemente tentou colocar sua mão em projetar atrás das telas –
e descobriu que era muito boa nisso. Ele esteve falando no último mês sobre um
grande show e exibição que seu grupo estava fazendo como seu projeto final, e
era bom vê-la toda animada sobre algo de novo. Eu sabia que ela estava
machucada sobre Sydney também, e com minha depressão transferida e seu
romance arruinado com Eddie, ela vivia sob uma nuvem tão negra quanto a
minha. Este show e a chance de mostrar seu trabalho têm sido um ponto
brilhante para ela – pequeno no grande esquema de coisas, mas
monumentalmente importante na vida de uma garota adolescente que precisava
de alguma normalidade.
E eu estraguei tudo.
Pedaços de conversas voltavam para mim agora, ela me dizendo o dia e a hora,
e eu prometendo que eu viria e a apoiaria. Ela até fez um ponto de me lembrar
na última vez que eu a vi essa semana. Eu anotei o que ela disse e então saí
para celebrar a Terça-feira da Tequila em um bar perto do meu apartamento.
Dizer que seu show escapuliu da minha mente era pouco.
—Droga, desculpe-me, Jailbait. Eu tentei mandar mensagem…— eu levantei
meu telefone para mostrar para eles, exceto que foi meu frasco de vodka que eu
peguei ao invés. Eu rapidamente enfiei de volta na mochila.
—Nós tivemos de desligar nossos telefones durante o show—, Neil explicou. Ele
era o terceiro dhampir no grupo, uma recente adição para Palm Springs. Ele
subiu no meu conceito com o tempo, talvez porque ele estava sofrendo com seu
próprio coração partido. Ele estava de pernas pro ar por uma garota dhampir que
sumiu da face da terra, mas ao contrário de Sydney, o silêncio de Olive Sinclair
era mais capaz de ser de bagagem pessoal e não sequestro Alquimista.
—Bem… então como foi?— Eu tentei. —Aposto que suas coisas foram incríveis,
certo?—
Eu me senti incrivelmente estúpido, eu mal conseguia aguentar. Talvez eu não
poderia lugar contra o que os Alquimistas fizeram com Sydney. Talvez eu não
pudesse me preparar para uma prova. Mas pelo amor de deus, eu poderia no
mínimo ter sido capaz de aparecer em um show de moda de uma garota! Tudo
que eu tinha de fazer era aparecer, sentar lá, e aplaudir. Eu falhei até nisso, e o
peso disso estava de repente pesando. Uma névoa negra encheu minha mente,
me puxando para baixo, me fazendo odiar tudo e todos – eu próprio acima de
tudo. Não era mistério que eu não conseguiria salvar Sydney. Eu nem conseguia
cuidar de mim mesmo.
Você não precisa, Tia Tatiana sussurrou na minha mente. Eu vou cuidar de você.
Uma fagulha de compaixão apareceu nos olhos de Jill quando ela sentiu o humor
negro aparecendo. —Foi ótimo. Não se preocupe – nós vamos lhe mostrar as
fotos. Eles tinham um fotógrafo profissional fazendo tudo, e vai aparecer online—
.
Eu tentei engolir a escuridão e consegui dar um sorriso tenso. —Satisfeito por
ouvir isso. Bem, que tal nós todos sairmos e celebrar então? Jantar por minha
conta—.
O rosto de Jill despencou. —Angeline e eu vamos comer com um grupo de
estudo. Quer dizer, talvez eu possa cancelar. As provas estão a um mês de
distância, então eu sempre posso–—
—Esqueça—, eu disse, ficando de pé. —Alguém nesse laço precisa estar
preparado para provas. Vá se divertir. Eu encontro você depois—.
Ninguém tentou me impedir, mas Trey Juarez logo acompanhou seu passo com
o meu. Ele era talvez o membro mais estranho do nosso ciclo: um humano que
uma vez tinha sido parte de um grupo de caçadores de vampiros. Ele quebrou
laços com eles, tanto por causa que eles eram maníacos e porque ele se
apaixonou – contra toda a razão – por Angeline. Esses dois eram os únicos no
nosso pequeno grupo com alguma semelhança de vida amorosa feliz, e eu sabia
que eles tentavam amenizar para o resto de almas miseráveis nossas.
—E como exatamente você vai chegar em casa?— perguntou Trey.
—Quem disse que estou indo para casa?— repliquei.
—Eu. Você não tem motivo nenhum para sair e festejar. Você está horrível—.
—Você é a segunda pessoa a me dizer isso hoje—.
—Bem, então, talvez você deveria começar a escutar—, ele disse, me
conduzindo em direção ao estacionamento de estudantes. —Vamos lá, eu
dirijo—.
Era uma oferta fácil para ele fazer porque ele era meu colega de casa.
As coisas não começaram desse jeito. Ele era um interno em Amberwood,
vivendo na escola com os outros. Seu ex-grupo, os Guerreiros da Luz, tinha as
mesmas manias que os Alquimistas tinham sobre humanos e vampiros
interagindo. Enquanto os Alquimistas lidavam com isto cobrindo a existência de
vampiros de humanos comuns, os Guerreiros tinham uma abordagem mais
selvagem e caçavam vampiros. Eles alegavam que iam apenas atrás de Strigoi,
mas eles não eram amigos de Moroi ou dhampirs também.
Quando o pai de Trey descobriu sobre Angeline, ele tomou uma abordagem
diferente do pai da Sydney. Ao invés de sequestrar seu filho e fazê-lo
desaparecer sem um rastro, Sr. Juarez simplesmente deserdou Trey e cortou
todos seus financiamentos. Felizmente para Trey, as mensalidades escolares já
estavam pagas até o final do ano escolar. Alojamento e alimentação não estava,
e então o alojamento de Amberwood despejou Trey há alguns meses. Ele
apareceu na entrada da minha porta, oferecendo para pagar aluguel com seu
salário escasso da cafeteria para que ele pudesse terminar o ensino médio em
Amberwood. Eu o recebi e recusei o dinheiro, sabendo que era o que Sydney
teria desejado. A minha única condição tinha sido que eu nunca, nunca chegasse
em casa e o encontrasse se agarrando com Angelina em meu sofá.
—Sou podre—, eu disse, após vários minutos de silêncio desconfortável no
nosso trajeto.
—Isso é algum tipo de piada de vampiro?— perguntou Trey.
Eu lhe lancei um olhar. —Você sabe o que eu quero dizer. Eu estraguei tudo.
Ninguém pede muito de mim. Não mais. Tudo que eu precisava fazer era me
lembrar de ter ido ao show de moda dela, e eu estraguei.
—Você tem um monte de porcaria acontecendo—, ele disse diplomaticamente.
—Assim como totó mundo. Diabos, olhe para você. Toda a sua família nega sua
existência e fizeram o que podiam para expulsá-lo da escola. Você achou uma
solução alternativa, manteve suas notas e esportes, e conseguiu pegar uma
bolsa de estudos no processo—, eu suspirei. —Enquanto isso, eu talvez tenha
reprovado na matéria de arte introdutória. Em algumas delas, na verdade, se eu
tiver mais provas aparecendo essa semana – o que parece provável. Eu nem ao
menos sei—.
—Sim, mas eu ainda tenho Angeline. E isso compensa aguentar todas as outras
porcarias. Enquanto você…— Trey não conseguiu terminar, e eu vi o flash de
dor em seus traços bronzeados.
Meus amigos aqui em Palm Springs sabiam sobre Sydney e eu. Eles eram os
únicos no mundo Moroi (ou no mundo humano que encobriam o Moroi) que
sabiam sobre nosso relacionamento. Eles se sentiram mal pelo o que aconteceu
pelo meu bem e pelo dela. Eles amavam Sydney também. Não como eu amava,
claro, mas ela era o tipo de pessoa que era leal ao extremo e inspirava laços
profundos em seus amigos.
—Eu sinto falta dela também—, Trey disse suavemente.
—Eu deveria ter feito mais—, eu disse, me remexendo em meu assento.
—Você fez demais. Mais do que eu poderia ter pensado em fazer. E não apenas
entrar em sonhos. Quero dizer, você incomodou o pai dela, pressionou os Moroi,
fez a vida um inferno para aquela garota Maura… você esgotou tudo—.
—Eu sou muito bom em ser irritante—, admiti.
—Você apenas foi de encontro a uma parede, só isso. Eles são apenas muito
bons em manter sua prisão secreta. Mas eles irão falhar, e você estará lá para
encontrar essa falar. E eu estarei bem ao seu lado. Assim como o resto de nós—
.
A conversa de animação era incomum para ele, mas não me alegrou em nada.
—Eu não sei como eu irei encontrar essa falha—.
Os olhos de Trey se arregalaram. —Marcus—.
Balancei minha cabeça. —Ele esgotou suas pistas também. Eu não tenho o visto
há um mês—.
—Não—. Trey apontou enquanto ele estacionava o carro no meu prédio. —Ali.
Marcus—.
Com certeza. Ali, sentado nas escadas da frente do meu prédio, estava Marcus
Finch, o ex-Alquimista rebelde que tinha encorajado Sydney a pensar por si
própria e que esteve tentando – futilmente – localizá-la para mim. Eu tinha a
porta aberta antes mesmo de Trey parar o carro.
—Ele não estaria aqui pessoalmente se não tivesse novidades—, eu disse
animado. Pulei do carro e corri através da grama, minha letargia anterior
substituída por um novo senso de propósito. Era isso. Marcus tinha conseguido.
Marcus tinha achado respostas.
—O que foi?— eu demandei. —Você a encontrou?—
—Não exatamente—. Marcus ficou de pé e alisou seu cabelo loiro. —Vamos
entrar e conversar—.
Trey estava quase não ansioso quanto eu quando enfiamos Marcus para dentro
da sala de estar. Nós o encaramos com posturas espelhadas, braços cruzadas
sobre nossos peitorais. —Então?— perguntei.
—Consegui uma lista de locais que podem estar sendo usadas como instalações
base de reeducação—, Marcus começou, não parecendo nada entusiasmado
quanto deveria para notícias como essa. Eu apertei seu braço.
—Isso é maravilhoso! Nós vamos começar a checa-las e–—
—Existem trinta delas—, ele interrompeu brucamente.
Deixei cair minha mão. —Trinta?—
—Trinta—, ele repetiu. —E nós não sabemos exatamente onde elas estão—.
—Mas você disse–—
Marcus levantou uma mão. —Deixe-me explicar tudo primeiro. Então aí você
poderá falar. Essa lista que minhas fontes conseguiram é de cidades nos
Estados Unidos que os Alquimistas estavam patrulhando para reeducação e
alguns outros centros de operação. É de vários anos atrás, e enquanto minhas
fontes confirmam que eles construíram de fato seu centro de reeducação atual
em uma cidade da lista, nós não sabemos com certeza em qual delas eles
acabaram escolhendo – ou mesmo onde nessas localidades eles escolheram.
Há maneiras de descobrir? Claro, e eu conheço pessoas que podem começar a
vasculhar. Mas nós teremos que fazer de uma forma cidade-por-cidade, e cada
uma vai levar um tempo—.
Toda esperança e entusiasmo que eu tinha sentido ao ver Marcus foram
aniquilados e sumiram. —E deixe-me adivinhar: ‘Um tempo’ é alguns dias?—
Ele fez uma careta. —Será caso por caso, dependendo das dificuldades da
procura em cada cidade. Talvez demore alguns dias para riscar uma da lista.
Talvez demore algumas semanas—.
Eu não imaginava que eu poderia me sentir pior do que eu sentia sobre a prova
e Jill, mas aparentemente eu estava errado. Eu me joguei no sofá, derrotado. —
Algumas semanas vezes trinta. Isso poderia ser mais de um ano—.
—A não ser que tenhamos sorte e ela esteja em uma das primeiras cidades em
que procurarmos—. Eu poderia dizer que nem ele achava que isso era possível,
no entanto.
—Sim, bem, ‘sorte’ não tem sido bem a maneira que eu descreveria como as
coisas têm sido para nós—, eu mencionei. —Não vejo por que isso deveria
mudar agora—.
—É melhor do que nada—, disse Trey. —É a primeira pista real que nós
tivemos—.
—Eu preciso encontrar o pai dela—, eu murmurei. —Eu preciso encontrá-lo e
compelir o inferno para fora dele para que ele me diga onde ela está—. Todas
as tentativas de localizar Jared Sage se provaram infrutíferas.
Eu tinhaconseguido uma ligação de telefone e fui imediatamente desligado na
cara. Compulsão não funcionava muito bem pelo telefone.
—Mesmo que você conseguisse, ele provavelmente não saberia—, disse
Marcus. —Eles guardam segredos uns dos outros, exatamente pelo propósito
de se proteger contra confissões forçadas—.
—Então aqui estamos—. Eu me levantei e fui em direção à cozinha, pronto para
fazer um drinque. —Presos como estávamos antes. Busque-me daqui a um ano
quando vocês forem capazes de verificar que sua lista era um beco sem saída—
.
—Adrian–— Marcus começou, parecendo mais perdido do que jamais o tinha
visto. Ele normalmente era o garoto propaganda para convencido confiante.
A resposta de Trey era mais pragmática. —Sem mais drinques. Você já teve
muitas hoje, cara—.
—Eu serei o juiz disso—, retruquei. Ao invés de realmente fazer um drinque, eu
acabei apenas pegando duas garrafas de licor aleatórias. Ninguém tentou me
impedir enquanto eu ia para meu quarto e batia a porta.
Antes de eu começar minha festa de um homem só, eu fiz outra tentativa de
alcançar Sydney. Não era fácil já que um pouco da vodka vespertina ainda
estava fazendo efeito, mas eu consegui uma tentativa de alcançar o espírito.
Como sempre, não tinha nada, mas a certeza de Marcus que ela estava nos
Estados Unidos me fez querer tentar. Era início de noite na Costa Leste, e eu
precisava conferir, somente no caso de ela ter decidido dormir cedo.
Aparentemente não.
Assim quando eu me perdi nas garrafas, desesperadamente precisando arrancar
tudo. Faculdade. Jill. Sydney. Eu não achava que era possível se sentir tão para
baixo, ter minhas emoções tão negras e tão profundas que não houvesse
maneira de elevá-las para qualquer tipo de sentimento construtivo. Quando as
coisas terminaram com Rose, eu imaginei que nenhuma perda pudesse ser tão
terrível. Eu estive enganado. Ela e eu nunca tivemos nada substancial. O que eu
tinha perdido com ela era possibilidade.
Mas com Sydney… com Sydney, eu tinha tudo – e perdi tudo. Amor,
compreensão, respeito. O sentimento que nós dois nos tornamos pessoas
melhores por causa um do outro e que poderíamos aguentar qualquer coisa
desde que estivéssemos juntos. Só que não estávamos mais juntos. Eles nos
arrancaram um do outro, e eu não sabia o que iria acontecer agora.
O centro vai permanecer. Essa era a linha que Sydney tinha pescado de —A
Segunda Vinda—, um poema de William Butler Yeats, para nós. De vez em
quando, no meus momentos mais sombrios, eu me preocupava que as palavras
originais do poema fossem mais adequadas: As coisas irão cair; o centro não vai
permanecer.
Eu bebi até o esquecimento, apenas para acordar no meio da noite com uma dor
de cabeça terrível. Eu me sentia nauseado também, mas quando cambaleei ao
banheiro, nada veio. Eu apenas me sentia miserável. Talvez fosse por causa da
escova de cabelo da Sydney que ainda estava lá, me relembrando dela. Ou
talvez fosse por causa de eu ter pulado o jantar e não conseguir lembrar a última
vez que eu tinha tido sangue também. Sem mistério de eu estar em condições
tão ruins. Minha tolerância a álcool tinha fortalecido ao longo dos anos que eu
raramente me sentia doente por causa disso, então eu devia ter me ferrado
dessa vez. O mais espero teria sido começar a hidratar e tomar galões de água,
mas ao invés, eu dei boas-vindas o comportamento autodestrutivo. Voltei para o
meu quarto para outra bebida e consegui apenas me fazer sentir pior.
Minha cabeça e meu estômago se acalmaram perto do amanhecer, e eu
consegui algum tipo de sono irregular de volta a minha própria cama. Isso foi
interrompido algumas horas depois por uma batida na porta. Acho que foi até
suave, mas com os restos remanescentes da minha dor de cabeça, pareceu
mais uma marreta.
—Vá embora—, eu disse, espreitando com os olhos turvos a porta.
Trey meteu sua cabeça para dentro. —Adrian, tem uma pessoa aqui que você
precisa conversar—.
—Eu já ouvi o que Marcus Jovial tinha para falar—, e retruquei. —Eu já cansei
dele—.
A porta se abriu mais, e alguém passou Trey. Mesmo apesar do movimento fazer
minha cabeça girar, eu fui capaz de sentar e dar uma olhada melhor. Eu senti
meu queixo cair e me perguntei se eu estava alucinando. Não teria sido a
primeira vez. Normalmente, eu somente imaginava Tia Tatiana, mas esta pessoa
estava muito viva, bonita enquanto a luz do sol da manhã iluminava suas
esculpidas maçãs do rosto e cabelos loiros. Mas não tinha chance de ela estar
aqui.
—Mãe?— eu murmurei.
—Adrian—. Ela deslizou e se sentou ao meu lado na cama, tocando gentilmente
meu rosto. Sua mão parecia fria contra a milha pele febril. —Adrian, está na hora
de ir para casa—.
Capítulo 03 Sydney
EU PODERIA PERDOAR OS ALQUIMISTAS com suas táticas de ajustar a visão
à luz porque uma vez que eu estava apta a ver razoavelmente bem novamente,
eles me ofereceram um banho.
A parede de minha cela abriu e uma jovem mulher me cumprimentou, parecia
ter 5 anos a mais que eu. Ela estava vestida com o tipo de terno inteligente que
os Alquimistas amam, com seus cabelos negros presos de forma firme em uma
elegante trança francesa. Sua maquiagem era impecável, e ela cheirava a
lavanda.
O lírio dourado em sua bochecha brilhou. Minha visão ainda não estava com sua
total capacidade, mas estando perto dela, fiquei totalmente ciente de meu atual
estado; não tinha tomado um banho de verdade há tempos e que minha troca de
roupa era para pouco mais que um trapo que você usaria para esfregar o chão.
—Meu nome é Sheridan,— ela disse friamente, não elaborando mais do que
isso, se esse era seu prenome ou sobrenome. Eu me perguntei se talvez ela
fosse uma das pessoas por trás da voz em minha cela. Eu tinha quase certeza
de que eles trabalhavam de forma rotatória, usando algum tipo de programa de
computador para sintetizar a voz e assim, ela soaria sempre como a mesma. —
Eu sou a atual diretora por aqui. Siga-me, por favor.—
Ela se voltou para o corredor em seus saltos de couro e eu a segui sem palavras,
não confiando em mim mesma para dizer algo, ainda. Apesar de que eu tivesse
certa liberdade de me movimentar em minha cela, eu também possuía certas
limitações e não havia feito muitas caminhadas. Meus músculos rígidos
protestaram por conta das mudanças e eu me movimentei lentamente atrás dela,
um agonizante pé descalço por vez. Nós passamos por inúmeras portas sem
marcas pelo caminho e eu me questionei sobre o que elas possuíam. Mais celas
escuras e vozes metálicas? Nada parecia estar marcado como uma saída, o que
era a minha preocupação imediata. Não haviam também janelas ou alguma
indicação de como sair desse lugar.
Sheridan chegou ao elevador bem mais rápido que eu e esperou pacientemente
por mim. Quando nós duas estávamos dentro, nós subimos um andar e
emergimos em uma parede estéril similar as outras. Uma porta dava para o que
parecia com um banheiro de academia, com azulejos pelo chão e chuveiros
comunitários. Sheridan apontou para uma tenda que fornecia sabão e shampoo.
—A água ficará ligada durante cinco minutos, assim que você a abrir,— ela
avisou. —Então, use-a sabiamente. Haverá roupas esperando por você quando
terminar. Eu estarei no corredor.—
Ela saiu do vestiário, de forma a demonstrar uma oferta de privacidade, mas eu
sabia sem dúvidas que eu ainda estava sendo assistida. Eu perdi todas as
ilusões de modéstia a partir do momento em que entrei aqui. Eu comecei a me
despir do trapo quando eu notei um espelho na parede ao meu lado, e mais
importante, quem estava olhando de volta nele.
Eu sabia que eu estava em um estado ruim, mas vendo a realidade disso cara a
cara era uma experiência completamente diferente. A primeira coisa que me
prendeu foi o quanto de peso que eu havia perdido – irônico, considerando minha
obsessão de longa data com permanecer magra. Eu certamente atingi a meta,
atingi e passei totalmente dela. Eu passei de magra a desnutrida e, parecia mais
destacada não somente por conta do jeito que o trapo se pendurava em meu
corpo magro, mas também pela magreza de meu rosto. Aquele olhar vazio era
intensificado pelas sombras escuras embaixo de meus olhos e pela palidez no
resto de mim por conta da falta de sol. Parecia que eu havia acabado de me
recuperar de uma doença com risco de morte.
Meu cabelo estava em um péssimo estado também. Qualquer tipo de trabalho
decente que eu pensei que estava fazendo ao lavar o cabelo no escuro se
comprovou uma piada. Os fios estavam fracos e oleosos, suspensos em tristes
e bagunçados aglomerados. Não havia dúvidas de que eu continuava loira, mas
a cor de meu cabelo estava bruta, em um estado bem mais escuro, por conta do
suor e da sujeira e, esfregar com uma toalhinha não faria isso tudo sair. Adrian
sempre disse que meu cabelo era como ouro e implicava comigo dizendo que
eu tinha uma auréola. O que ele diria agora?
Adrian não me ama pelo meu cabelo, eu pensei, observando meus olhos. Eles
estavam regulados e castanhos. Ainda os mesmos. Isso é tudo exterior. Minha
alma, minha aura, minha pessoa… essas são imutáveis.
Resolvida, eu comecei a me virar do reflexo quando eu percebi algo mais. Meu
cabelo estava mais longo que a última que eu o vi, pouco maior que 3cm. Apesar
de eu estar ciente de que minhas pernas precisavam ser raspadas, eu não tinha
senso nenhum de como meu cabelo estava, na cela. Agora, eu tentei lembrar do
quão rápido ele crescia. Mais ou menos 1,5cm por mês? Aquilo sugeria no
mínimo dois meses, talvez três se eu colocar na conta a pobre dieta que tive. O
choque foi mais horrível que minha aparência.
Três meses! Faz três meses que eles me pegaram, me drogando no escuro.
O que aconteceu com Adrian? Jill? Eddie? Uma vida poderia ter passado para
eles nestes três meses. Estariam eles seguros e bem? Será que eles ainda estão
em Palm Springs? Um novo pânico cresceu em mim e eu, ferrenhamente, tentei
acalmá-lo. Sim, muito tempo passou, mas eu não poderia deixar a realidade me
afetar. Os alquimistas estavam já estavam fazendo jogos mentais comigo o
suficiente sem que eu os ajude.
Mas ainda sim… Três meses.
Eu me livrei de minhas desculpas esfarrapadas por roupa e entrei na tenda,
fechando a cortina atrás de mim. Quando eu liguei a água e veio água quente,
era tudo o que eu não poderia fazer, abaixar no chão em êxtase. Eu me senti tão
fria pelos últimos três meses e agora aqui estava, todo calor que eu queria. Bem,
não todo calor. Conforme eu ligava a temperatura em uma explosão total, eu
secretamente desejei que eu tivesse uma banheira e assim eu mergulharia
nesse calor. Ainda, esse chuveiro sozinho era glorioso, e eu fechei meus olhos,
suspirando com meu primeiro contentamento experimentado em tanto tempo.
Então, lembrando-me do aviso de Sheridan, eu abri meus olhos e encontrei o
shampoo. Eu o apliquei três vezes, esperando que fosse o suficiente para tirar o
pior da sujeira. Provavelmente levaria mais alguns banhos para ficar totalmente
limpo novamente. Após isso, eu ensaboei meu corpo com o sabonete até estar
esfoliada e rosada e cheirando vagamente a antisséptico, então fiquei parada
embaixo da água fumegante até que ela desligasse.
Quando saí, eu encontrei roupas dobradas ordenadamente em um banco. Elas
eram uniformes básicos, calças soltas e uma camisa que você veria pessoas
que trabalham hospitais – ou melhor encaixando -, prisioneiros estariam
vestindo. Marrons, claro, já que os alquimistas ainda possuíam seus níveis de
gostos para manter. Eles também me deram meias e um par de sapatos
marrons, eles estavam entre algo como sapatos de viagem e chinelos e eu não
estava surpresa de ver que eles eram exatamente do meu tamanho. Um pente
completava o conjunto de presente, nada extravagante, mas o suficiente para ter
uma aparência limpa. O reflexo que me foi revelado ainda não parecia bom,
exatamente, mas definitivamente tinha melhorado.
—Sentindo-se melhor?— perguntou Sheridan, com um sorriso que não atingia
seus olhos. Qualquer tipo de avanço que eu consegui com minha aparência
pareciam nada perto de sua aparência estilosa, mas me consolei com o
pensamento de que eu ainda tinha respeito próprio e a habilidade de pensar por
mim mesma.
—Sim—, Eu disse. —Obrigada.—
—Você irá querer isso também,— ela disse, me dando um pequeno cartão de
plástico. Tinha meu nome, um código de barras e uma foto de meus dias
melhores. Um pequeno clipe de plástico na parte de trás permitia que eu o
prendesse em meu colarinho.
—Nós estamos tão felizes que você escolheu o caminho da redenção.
Verdadeiramente. Eu espero mais a frente lhe ajudar em sua jornada de volta
para a luz.—
O elevador nos levou para outro piso e uma nova sala, essa com um tatuador e
uma mesa. Todo e qualquer conforto que eu consegui com o banho quente se
esvaiu. Eles irão me re-tatuar? Claro que iriam. Por que ficar só na tortura física
e psicológica quando você pode adicionar o controle mágico?
—Nós só queremos retocar,— Sheridan explicou, animada. —Já que já faz
tempo.—
Fazia menos de um ano, na verdade, mas eu sabia o que ela e os outros queriam
fazer. As tatuagens dos alquimistas continham uma tinta com sangue de vampiro
encantado tecidos com feitiços de compulsão para reforçar a lealdade. Claro, a
minha não havia funcionado. Mágico ou não, compulsão era basicamente uma
sugestão muito forte, uma que poderia ser anulada se o desejo fosse forte o
suficiente. Eles provavelmente iriam redobrar a dose usual esperando me tornar
mais complacente, assim eu aceitaria qualquer retórica que eles iriam me
submeter.
O que eles não sabiam era que eu me preparei em alguns passos para me
proteger contra essa coisa. Antes de ter sido presa, eu criei uma tinta por mim
mesma – uma feita de magia humana, algo igualmente apavorante para os
alquimistas. De todas as informações que eu peguei, aquela mágica anulava
qualquer compulsão que se encontrasse nessa tinta derivada de vampiros. A
parte ruim era a que eu não tive a chance de injetar aquela tinta em minha
tatuagem, para assim eu ter uma camada de proteção extra. O que eu estava
contando agora era a reivindicação de uma bruxa que eu conheci, o fato de eu
praticar mágica poderia me proteger. De acordo com ela, dominar mágica
humana preenchia meu sangue e aquilo poderia reagir contra o sangue vampiro
na tatuagem alquimista. Claro, eu não tive a chance de praticar muitos feitiços
em um confinamento solitário e poderia agora esperar que o que eu já fiz tenha
deixado suas marcas permanentes em mim.
—Seja uma de nós novamente—, Sheridan disse, assim que o tatuador picou a
agulha ao lado de meu rosto. —Renuncie todos os seus pecados e busque a
expiação. Junte-se a nossa batalha para manter os humanos livres da mácula
que são os vampiros e os dhampirs. Eles são criaturas malignas e não possuem
lugar na ordem natural.—
Eu fiquei tensa e não tinha nada a ver com a perfuração da agulha em minha
pele. E se o que me disseram estivesse errado? E se o uso da mágica não me
protegesse? E se, até agora, aquela tinta estivesse trabalhando em seu curso
pelo meu corpo, usando seu traiçoeiro poder para alterar meus pensamentos?
Esse era um dos meus maiores medos, ter minha mente adulterada. Eu de
repente tive dificuldade de respirar assim que a ideia me incapacitou com o
terror, fazendo com que o tatuador pausasse e me questionasse se eu estava
sentindo dor. Engolindo nada, eu sacudi minha cabeça e deixei que ele
continuasse, tentando esconder meu pânico.
Quando ele terminou, eu não achei que eu estava diferente. Eu ainda amava
Adrian e todos os meus amigos Morois e dhampirs. Aquilo era tudo? Ou será
que a tinta demorava para ter efeito? E se meu treino com mágica não me
protegesse, será que minha força de vontade seria o suficiente para me salvar?
Claro, eu ultrapassei a prévia rodada para retocar, mas será que eu faria
novamente?
Sheridan me escoltou para fora quando o tatuador me liberou, conversando
como se eu estivesse em um SPA e não sujeita a uma tentativa de controle
mental. —Eu sempre me sinto revigorada depois disso, você não?—
Era meio que inacreditável para mim, o fato de ela poder agir tão casualmente,
como se fossemos amigas que saíram para caminhar, quando ela e os outros
haviam me deixado passando fome e quase nua em uma cela escura por meses.
Ela esperava que eu estivesse tão grata pelo banho e pelas roupas quentes a
ponto de perdoar todo o resto? Sim, eu percebi momentos depois, ela claramente
gostaria. Havia uma razoável quantidade de gente que emergiram daquela
escuridão e estavam implorando por tudo e qualquer coisa para retornar ao seu
conforto ordinário.
Conforme nós íamos para outro piso acima, eu percebi que minha cabeça se
sentia mais clara e meus sentidos mais aguçados do que estavam em meses.
Provavelmente por uma boa razão. Eles não estavam me sujeitando ao gás, não
com Sheridan por perto, então esse era como o primeiro ar puro que eu respirava
nesse tempo todo. Até agora, eu não havia percebido a absurda diferença que
tinha. Adrian poderia provavelmente me encontrar nos sonhos, mas isso teria
que esperar. No mínimo, eu poderia praticar mágica novamente, agora que meu
sistema não estava mais poluído e, esperançosamente, lutar contra qualquer
efeito da tatuagem. Achar um momento sem atenção para fazer isso parece ser
mais fácil de se dizer do que de se fazer, aliás.
O próximo corredor abriu, revelando estreitas camas dentro. Eu continuei
rastreando tudo que passávamos cada piso e sala, procurando por uma forma
de sair que parecia não existir. Sheridan me deixou dentro de um quarto com o
número 8 escrito do lado de fora.
—Eu sempre achei que o número oito era um número de sorte,— ela me disse.
—Rima com ótimo— (eight – great) ela apontou uma das duas camas na sala
para mim. —Essa é a sua—.
Por um momento, eu estava tão inerte com a ideia de ter uma cama para
observar maiores implicações. Não que ela parecesse muito confortável – mas
ainda sim. Estava longe do que era o chão de minha cela, mesmo com o colchão
duro e chapas finas feita de um material igual ao meu antigo trapo. Eu poderia
dormir nessa cama, sem questionamentos. Eu poderia dormir e sonhar com
Adrian…
—Eu tenho uma colega de quarto?— Eu perguntei, finalmente notando a outra
cama. Era difícil de dizer se o quarto já estava ocupado, já que não havia sinais
de utensílios pessoais.
—Sim, seu nome é Emma. Você poderá aprender muito com ela. Nós estamos
muito orgulhosos de seu progresso.— Sheridan saiu da sala, então
aparentemente nós não iríamos nos prolongar. —Vamos lá – você pode
conhecê-la agora. E os outros.—
Um corredor ramificado a partir deste nos levou para o que pareciam salas de
aula vazias. Conforme nós nos avançávamos para o final do corredor, eu fiquei
ciente de algo que meus sentidos entorpecidos não experimentavam já há algum
tempo: o cheiro de comida. Comida verdadeira. Sheridan estava nos levando à
cafeteria. Uma fome que eu nunca imaginaria que eu tivesse possuiu meu
estômago apertado com uma quase dolorosa pontada. Eu havia me adaptado
tão bem a pobre dieta da prisão que eu levei meu corpo a se privar do estado
considerado normal. Só agora que eu percebi o quanto ansiava por algo que não
fosse cereal morno.
A cafeteria, tal como era, era só uma fração do tamanho da Amberwood. Possuía
cinco mesas, três estavam ocupadas com pessoas vestidas com largos
uniformes iguais ao meu. Essas, pelo que pareciam, eram minhas colegas
prisioneiras, todas com o lírio dourado. Havia doze pessoas, e pelo que parecia
eu era a décima terceira sortuda. Eu me questionei sobre o que Sheridan poderia
pensar disso. Os outros detentos eram de diferentes idades, sexos e etnias,
apesar de achar que todos eram americanos. Em algumas prisões, fazer com
que você se sentisse um forasteiro era parte do processo. Já que aqui o objetivo
era de nos trazer de volta ao campo, eles iriam preferir nos colocar com aqueles
possuíam a mesma cultura e língua – aqueles que aspiravam ser iguais, se nós
assim tentássemos o suficiente. Observando-os, me perguntei sobre suas
histórias, se algum deles poderiam se tornar aliados.
—Essa é Baxter,— disse Sheridan, assentindo em direção a um homem de rosto
severo em branco. Ele estava de pé em frente à uma janela que dava a visão de
cima da área de jantar e presumidamente era dali que a comida vinha. —Sua
comida é deliciosa. Eu sei que você vai amar, E essa é Addison. Ela supervisiona
o almoço e sua aula de artes.—
Não teria ficado claro para mim se Adisson era —ela—, se não fosse pela
introdução. Ela estava na casa de seus quarenta, ou no início dos cinquenta,
vestindo um terno mais formalista e menos estiloso do que o de Sheridan, e
estava parada contra a parede com olhos afiados. Ela mantinha seus cabelos
presos perto de sua cabeça e possuía um rosto fortemente angular, o que
parecia estar em desacordo com o fato dela estar mascando chiclete. O lírio
dourado era seu único ornamento. Ela era de longe a última pessoa que eu
esperaria ter como professora de artes, o que me levou a outra compreensão.
—Eu tenho uma aula de artes?—
—Sim, é claro,— disse Sheridan. —Criatividade é muito terapêutica para reparar
uma alma.—
Havia um murmúrio leve quando entramos, um que parou completamente
quando os outros nos notaram. Todos os olhares, dos detentos e dos
supervisores, giraram em minha direção. E nenhum deles pareciam amigáveis.
Sheridan limpou a garganta, como se já não fossemos o centro das atenções. —
Pessoal? Nós temos um novo convidado que eu gostaria de apresentar a vocês.
Esta é Sydney. Sydney acabou de sair de seu tempo de reflexão e está ansiosa
para se juntar ao resto vocês em suas jornadas à purificação.—
Demorou um segundo para eu perceber que —tempo de reflexão— deveria ser
o que eles chamam meu solitário confinamento no escuro.
—Eu sei que será difícil para vocês aceita-la,— continuou Sheridan docemente.
—E eu não os culpo. Ela não apenas está muito, muito imersa em escuridão,
mas como também foi tentada da maneira mais profana: através do contato
íntimo e romântico com vampiros. Eu entendo se vocês não quiserem interagir
com ela e arriscarem se macular, mas eu espero que pelo menos a mantenham
em suas preces.— Sheridan virou aquele sorriso mecânico para mim —Eu a
verei mais tarde na hora da comunicação.—
Eu estava nervosa e difícil desde que saíra da cela, mas assim que ela se virou
para sair, pânico e medo de um novo tipo me atingiram. —Espera. O que eu
devo fazer?—
—Como, é claro.— Ela me olhou da cabeça aos pés. —A não ser que esteja
preocupada com o peso. É com você.—
Ela me deixou ali na silenciosa cafeteria, com todos aqueles olhos me
encarando. Eu havia saído de um inferno para outro. Eu nunca havia me sentindo
tão autoconsciente em minha vida, sendo exposta a esses estranhos e tendo
meus segredos revelados. Freneticamente, comecei a pensar em um curso de
ação. Qualquer coisa para me afastar dos olhares e um passo mais próximo de
sair daqui e voltar para Adrian. Coma, Sheridan disse. Como eu faria isso? Não
era como Amberwood, onde a secretaria atribuía aos alunos veteranos que
ajudassem os novos. Na verdade, Sheridan havia saído de seu caminho para
todos exceto desencoraja-los a me ajudar. Era uma tática brilhante, eu supus,
uma feita para que tentasse desesperadamente pela aprovação dos outros e
talvez ver em alguém como Sheridan como meu único —amigo—.
Pensar pela lógica dos Alquimistas me acalmou. Lógica e adivinhar quebra-
cabeças era algo com as quais eu poderia lidar. Okay. Se eles queriam eu me
provesse, então que seja. Olhei para longe dos outros detentos e me dirigi
diretamente para a janela, onde o chefe Baxter ainda usava uma careta. Parei a
sua frente com expectativa, esperando ser o suficiente. Não foi.
—Hm, com licença,— eu disse suavemente. —Eu posso…— qual refeição
Sheridan disse que era? Havia perdido a noção do tempo na solitária. —
…almoçar?—
Ele grunhiu em resposta e se virou, fazendo algo longe das minhas vistas.
Quando ele voltou para mim, segurava uma bandeja modestamente cheia.
—Obrigada— disse tirando-a dele. Conforme eu fiz, minha mão roço uma de
suas enluvadas. Ele exclamou em surpresa e um olhar de desgosto cruzou suas
feições. Cautelosamente, ele retirou a luva que eu tocara, jogou fora, e colocou
uma nova.
Eu fiquei boquiaberta por um momento, e então me virei com minha bandeja. Eu
nem ao menos tentei me relacionar com os outros e ao invés me sentei em uma
das mesas vazias. Muitos deles continuaram me encarando, mas alguns
voltaram as suas refeições e sussurros. Tentei não pensar no que eles falavam
de mim ao invés me foquei na minha comida. Havia uma pequena porção de
espaguete com molho vermelho parecendo ter vindo de uma lata, uma banana
e um litro de leite de 2 por cento. Antes de vir para cá, nunca teria tocado isso
em minha vida cotidiana. Eu faria um discurso sobre a gordura contida no leite e
sobre como as bananas eram uma das frutas com as maiores taxas de açúcar.
Eu teria questionado a qualidade da carne e os conservantes no molho vermelho.
Todas essas manias haviam se esvaído, agora. Isso era comida. Comida
verdadeira. Não aqueles cereais sem sabor e sem consistência. Eu comi a
banana primeiro, quase sem parar para respirar, então tive que me segurar para
não acabar com o leite com um gole. Alguma coisa me dizia que Baxter não
deixava repetir. Eu estava mais cautelosa com o espaguete, apenas porque a
lógica me avisou de que meu estômago não poderia reagir muito bem à mudança
abrupta de dieta. Meu estômago discordou e quis que eu me empanturrasse e
lambesse a bandeja. Após o que eu estive comendo esses últimos meses, este
espaguete parecia ter vindo de algum restaurante gourmet da Itália. Eu fui salva
da tentação de comer tudo quando suaves badaladas soaram cinco minutos
depois. Como se fossem uma pessoa, todos os outros detentos se levantaram e
carregaram suas bandejas para uma grande caixa monitorada por Addison. Eles
limparam os restos de comida da bandeja e as empilharam ordenadamente em
um carrinho perto. Eu corri para fazer o mesmo e então os segui para fora da
cafeteria.
Após a reação de Baxter ao tocar minha mão, eu tentei poupar os detentos o
trabalho de estar próximos de mim e mantive uma distância respeitosa. Nós nos
apertamos no corredor estreito, entretanto, e as manobras de alguns deles para
evitarem se esbarrar em mim não seria cômico em nenhuma circunstância. Os
que não estavam próximos a mim saíram de seus caminhos para evitar contato
visual e fingir que eu não existo. Esses forçados a evitar contato fixaram olhares
frios em mim, e eu fiquei chocada em ouvir um sussurrar —Vadia—.
Eu me preparei para muitas coisas e eu esperava ser chamada de vários nomes,
mas este me pegou de guarda baixa. Eu estava surpresa o quanto incomodou.
Eu segui a multidão até uma sala e esperei até que todos estivessem sentados
nas carteiras, para que eu não escolhesse a errada. Quando eu finalmente
escolhi um assento vazio, as duas pessoas mais próximas de mim moveram
suas carteiras para longe. Eles provavelmente eram duas vezes a minha idade,
novamente dando aquela torcida ainda que triste, qualidade cômica. O
Alquimista de terno liderando a aula ergue os olhos rapidamente de sua mesa
ao ouvir o movimento.
—Elsa, Stuart. Suas carteiras não são ai.—
Mortificados, os dois arrastaram suas carteiras de volta para suas fileiras como
se o amor dos Alquimistas pela ordem superasse o medo do mal. Pelos olhares
que Elsa e Stuart me lançaram, entretanto, era claro que eles estavam agora
adicionando a reprimenda à lista de pecados a qual eu era culpada.
O nome do instrutor era Harrison, novamente me fazendo indagar se era o
primeiro ou o último. Ele era um velho Alquimista com cabelos ralos brancos e
voz anasalada que eu logo aprendi estar aqui para nos ensinar sobre assuntos
correntes. Por um momento, eu me animei, achando que teria algum vislumbre
do mundo lá fora. Logo ficou claro para mim que isso era um olhar altamente
especializado em assuntos correntes.
—O que estamos vendo?— ele perguntou quando uma imagem macabra de
duas garotas com suas gargantas rasgadas apareceu numa tela gigante na
frente da sala. Muitas mãos ergueram-se, e ele escolheu aquele que subiu
primeiro. —Emma?—
—Ataque Strigoi, senhor.—
Eu sabia disso e estava mais interessada em Emma, minha colega de quarto.
Ela tinha a idade próxima da minha e sentou tão anormalmente reta em sua
carteira que eu tinha certeza de que ela teria problemas nas costas mais tarde.
—Duas garotas mortas do lado de fora de uma boate em São Petersburgo,—
Harrison confirmou. —Nenhuma delas tinha vinte ainda.— A imagem mudou
para outra ainda mais macabra, essa de um homem mais velho que obviamente
tivera seu sangue drenado. —Budapest.— Então outra imagem. —Caracas.—
Outra imagem. —Nova Scotia.— Ele desligou o projetor e passou a andar em
frente a sala. —Eu gostaria de dizer essas são do ano passado. Ou até mesmo
do mês passado. Mas temo não ser essa a verdade. Alguém quer arriscar um
palpite de quando elas foram tiradas?—
A mão de Emma se ergueu. —Semana passada, senhor?—
—Correto, Emma. Estudos mostram que ataques de Strigois não tem diminuído
desde esta época ano passado. Há algumas evidências que podem estar
aumentando. Porque vocês acham isso?—
—Por que os Guardiões não estão caçando-os como deveriam estar?— Essa,
novamente, era Emma. Ai meu Deus, eu pensei, eu divido o quarto com a
Sydney Sage da reeducação.
—Essa é certamente uma teoria,— disse Harrison. —Guardiões estão mais
interessados em proteger os Moroi passivamente a perseguir os Strigois para o
bem de todos nós. Na verdade, quando sugestões foram feitas para aumentarem
seus números recrutando-os mais novos, os Moroi egoisticamente recusaram.
Eles aparentemente têm o suficiente para se considerarem salvos e não sentem
a necessidade de ajudar aos outros.—
Eu tive que morder minha língua. Eu sabia de um fato que não era verdadeiro.
Os Moroi estavam sofrendo baixo números de guardiões porque havia poucos
dhampirs. Dhampirs não podiam se reproduzir com outros dhampirs. Eles
haviam nascido numa época que Moroi e humanos se misturavam livremente, e
agora sua ração continuava através da mistura de Moroi e dhampirs, que sempre
resultava em crianças dhampir. Era um mistério genético até mesmo para os
Alquimistas. Eu sabia pelos meus amigos que a idade dos Guardiões era um
assunto quente no momento, um que a rainha Moroi Vasilisa, era dedicada a.
Ela estava lutando para que os dhampirs mantivessem seu pleno direito de se
tornarem guardiões até que tivesse dezoito anos, não por egoísmo, mas porque
ela achava que eles mereciam a chance de ter sua adolescência antes de saírem
e arriscarem suas vidas.
Eu sabia que agora não era a hora de compartilhar meu pensamento, entretanto.
Mesmo que eles soubessem, ninguém queria ouvir, e eu não poderia arriscar
contar. Eu precisava andar na linha e atuar como se estivesse a caminho da
redenção a fim de conseguir o máximo de privilégios que eu pudesse, por mais
doloroso que fosse ouvir Harrison seguir seu discurso.
—Outro fator pode ser que os próprios Moroi estão auxiliando a aumentar a
população de Strigoi. Se você perguntar a eles, a maioria irá alegar que eles não
querem nada com os Strigoi. Mas podemos mesmo confiar nisso, quando eles
podem facilmente se transformar nesses monstros vis? É praticamente um
estado de evolução para os Moroi. Eles vivem ‘normalmente’ com crianças e
trabalhos, então quando a idade começa a se aproximar… bem, que conveniente
tomar um pouco mais das vítimas dispostas, ‘alegando’ ter sido um acidente… e
puf!— O número de aspas no ar que Harrison usou enquanto falava era
realmente surpreendente para acompanhar. —Eles se transformam em Strigoi,
imortais e intocáveis. Como não? Morois não são criaturas com força de vontade,
não como os humanos. Como essas criaturas podem resistir ao desejo de vida
eterna?— Harrison balançou a cabeça em uma tristeza simulada. —Por isso, eu
temo, é que a população de Strigoi não tem caído. Nossos tão chamados aliados
não estão exatamente ajudando.—
—Onde está a sua prova?—
A voz dissidente foi um choque para todos no ambiente – especialmente quando
eles viram que havia vindo de mim. Eu queria me bater e retirar as palavras de
volta. Eu mal havia saído da prisão por duas horas! Mas era tarde demais, e as
palavras haviam saído. Meu próprio interesse nos Moroi de lado, eu não
conseguia aguentar quando as pessoas postulavam especulação e
sensacionalismo como fatos. Os Alquimistas deveria saber, tendo me treinado
na arte da lógica.
Todos os olhares caíram em mim novamente, e Harrison veio até a frente da
minha carteira. —É Sydney, correto? Encantador tê-la em sala tão pouco após
sair de seu tempo de reflexão. É especialmente encantador ouvi-la falar tão cedo
a se juntar a nós. A maioria dos novatos espera seu tempo. Agora… você poderia
ter a gentileza de repetir o que acabou de dizer?—
Eu engoli, novamente me odiando por ter falado, mas era tarde demais para
mudar as coisas. —Eu perguntei onde estavam as suas provas, senhor. Seus
pontos são constrangedores e até soam razoáveis, mas se não temos provas
para sustenta-los, mas não somos mais do que monstros nós mesmos,
espalhando mentiras e propaganda.—
Houve uma inspiração coletiva do restante dos detentos, e Harrison apertou os
olhos. —Eu vejo. Bem, então, vocêtem alguma explicação sustentada por
‘provas’?— Mais aspas no ar.
Porque, porque, porque eu não podia simplesmente ficar quieta?
—Bem, senhor,— eu comecei suavemente. —Mesmo se houvesse o tanto de
dhampiros guardiões quanto há de Strigois, eles não seriam equilibrados. Strigoi
são quase sempre mais fortes e mais rápidos, e enquanto alguns dhampirs
façam mesmo algumas mortes sozinhas, frequentemente eles precisam caçar
Strigoi em grupos. Quando você olha para a real população dhampir, você vê
que não há comparação a população Strigoi. Dhampiros excedem em números.
Eles não são capazes de se reproduzirem facilmente como os Moroi e humanos
– e Strigoi, se você quiser chamar dessa forma.—
—Bem, do que eu entendo,— disse Harrison, —você é uma expert em
reprodução Moroi. Talvez você pessoalmente esteja interessada em aumentar o
número dos dhampirs você mesma, sim?—
Risadinhas soaram pela sala, e eu me vi corando apesar de mim mesma. —Essa
não era a minha intenção aqui, senhor, de maneira alguma. Só estou dizendo,
se nós vamos analisar criticamente as razões –—
—Sydney,— ele interrompeu, —temo que nós não iremos analisar nada, já que
está óbvio de que você não está totalmente pronto para participar com o resto
de nós.—
Meu coração parou. Não. Não, não, não. Eles não podiam me mandar de volta
para a escuridão, não quando eu havia acabado de sair.
—Senhor –—
—Eu acho,— ele continuou, —que um pouco de purificação pode deixa-la melhor
para participar com o resto de nós.—
Eu não tinha ideia do que isso significava, mas dois homens corpulentos em
ternos subitamente entraram na sala, que deveria estar sob vigilância. Tentei
outro protesto para Harrison, mas os homens rapidamente me escoltaram para
fora da sala antes que eu pudesse fazer um apelo ao meu instrutor. Então eu
tentei argumentar com os escudeiros ao invés, falando sobre como claramente
ouve um mal entendido e como se eles apenas me dessem uma segunda
chance, resolveríamos isso. Eles se mantiveram quietos e inexpressivos,
entretanto, e meu estômago caiu ao prospecto de ser trancada novamente. Eu
havia sido tão condescendente sobre o que eu via ser jogos mentais com
conforto dos Alquimistas que eu não havia percebido o quanto havia me tornado
dependente deles. O pensamento de ser despida da minha dignidade e
necessidades básicas novamente era quase demais para suportar.
Mas eles apenas me levaram um andar abaixo desta vez, não de volta ao nível
das celas. E a sala a qual eles me levaram era dolorosamente iluminada, com
um grande monitor na frente da sala e uma grande poltrona com algemas.
Sheridan estava perto, parecendo serena como sempre… e ela brandia uma
agulha.
Não era uma agulha de tatuador também. Era uma coisa grande e de aparência
perversa, o tipo que você usa para injeções médicas. —Sydney,— ela disse
docemente, enquanto os homens me prendiam à poltrona. —Que vergonha eu
ter que vê-la tão cedo.—
Capítulo 04 Adrian
EU TINHA TANTAS PERGUNTAS para fazer a minha mãe que ficava difícil de
saber por onde começar. Provavelmente a mais importante seria o que ela
estava fazendo aqui, pois pelo que sabia, ela estava cumprindo pena em uma
prisão Moroi por falso testemunho e dificultar a investigação de assassinato.
- Nós teremos mais tempo para falar depois, – ela insistiu. – Agora nós temos
um voo para embarcar. Garoto humano, você pode achar para nós uma mala?
- Seu nome é Trey, – eu disse. – E ele é meu colega de quarto, não meu criado
particular. – Eu cambaleei para meu armário e puxei a mala. Eu havia trazido
quando estive pela primeira vez em Palm Springs. Minha mãe tomou de mim e
começou a guardar meus pertences no quarto, como se eu tivesse oito anos
novamente.
- Você está indo embora? – Trey perguntou, parecendo mais confuso do que eu.
- Acho que sim. – Eu pensei um pouco mais, e de repente, parecia realmente
uma ótima ideia. Por que eu continuava aqui, me torturando em um deserto?
Sydney havia ido embora. Jill estava progredindo rapidamente, aprendendo a
me bloquear pelo laço, graças às minhas recentes atitudes extremas. Além
disso, ela estaria partindo no próximo mês também. – Sim, – eu disse mais
confiante. – Eu definitivamente estou indo. Já está pré-pago para o período do
outono. Você pode ficar.
Eu precisava ficar longe desse lugar e das memórias de Sydney. Ela estava em
todos os lugares que olhava, não somente neste apartamento, mas também em
Amberwood e até em Palm Springs de forma geral. Todo lugar me trazia uma
imagem dela, e apesar de não ter desistido de encontrá-la, eu continuaria a
buscar em um lugar que não me causasse tanta dor. Talvez esse fosse o novo
início que eu precisava.
Isso… e minha mãe estava de volta! Eu sentia profundamente sua falta, era
diferente da forma que eu sentia a falta de Sydney, e tive quase nenhum contato.
Minha mãe não queria que eu a procurasse em seus sonhos, e meu pai não
entregaria minhas cartas. Eu estava preocupado sobre como Daniella Ivashkov
sobrevivera em uma prisão, mas vendo-a agora, ela não parecia ter sido afetada
por isso. Ela parecia elegante como sempre, bem vestida e bem feita, se
movendo pela minha sala com aquela autoridade única e confiança que a definia
– e ter interpretado um papel em sua prisão.
- Aqui, – ela disse, me dando algo da cômoda. – Mantenha estes com você. Você
não quer vê-los em sua bagagem.
Eu olhei para eles e fui saudado por um brilhoso arranjo de diamantes e rubis
organizados em platina. Elas foram um presente de minha tia Tatiana. Ela havia
me dado para —ocasiões especiais—, como se eu tivesse todas as razões para
usar milhares de dólares em minhas mangas. Talvez eu tivesse usado se eu
tivesse ficado na Corte. Sobretudo em Palm Springs, elas foram uma tentação,
tanto que eu as quase penhorei em desespero para conseguir algum dinheiro.
Eu as apertei com força por alguns momentos, deixando as pontas afiadas
entrarem nas minhas palmas, e então as escorreguei para dentro dos meus
bolsos.
Minha mãe terminou minha mala em menos de dez minutos. Quando eu alertei
que ela tinha apenas guardado uma fração dos meus pertences, ela minimizou
minhas preocupações. – Sem tempo. Nós compraremos novas coisas na Corte.
Então. Nós estávamos indo para Corte. Eu não estava completamente surpreso.
Minha família tinha algumas outras residências ao redor do mundo, mas a Corte
Moroi em Pocono Mountains de Pensilvânia era sua morada principal.
Honestamente, eu não me importava aonde estávamos indo desde que fosse
longe daqui.
Na sala de estar, eu encontrei um alerta guardião nos esperando. Minha mãe o
apresentou como Dale e disse que ele também seria nosso motorista. Eu fiz uma
despedida estranha com Trey, que ainda parecia admirado pelos abruptos
eventos ocorridos. Ele perguntou se eu gostaria de enviar uma mensagem
através dele para Jill e os outros, o que me fez pausar. No fim, balancei minha
cabeça.
- Não precisa.
Jill entenderia por que eu precisava partir, por que eu precisava escapar das
minhas memórias e fracassos. Qualquer coisa que eu dissesse a ela em palavras
pareceria mínimo ao que ela aprendeu com o laço, e ela poderia contar aos
outros ou criar uma ótima história para mim. Eddie pensaria que eu estava
fugindo, mas ficar aqui por três meses me fez ficar mais próximo apenas da
miséria, não da Sydney. Talvez essa mudança de localidade era o que eu
precisava.
Minha mãe nos reservou assentos de primeira classe para Pensilvânia, com Dale
sentando logo após o corredor. Depois de viver uma vida simples de estudante
por tanto tempo, esse tipo de gasto fez minha mente girar um pouco, porém
quanto mais eu sentava com a minha mãe, mais natural ficava. Uma aeromoça
apareceu oferecendo drinques, mas minha cabeça martelando me fez abster e
ficar com a água. Isso, e eu queria meu juízo comigo para ouvir o que minha mãe
tinha para dizer.
- Eu estou em casa há uma semana -, ela disse, como se ela tivesse ficado fora
em um feriado. – Naturalmente, eu estive ocupada colocando as coisas em
ordem lá, mas você era o primeiro e o mais importante na minha cabeça.
- Como você sabia onde me encontrar? – Perguntei. Minha localização, sendo
ligada a de Jill, era um segredo altamente guardado. Ninguém iria arriscá-la para
me revelar.
Sua testa enrugou. – Eu recebi uma mensagem enigmática. Anônima. Dizia que
você estava —passando por um momento difícil— e precisava de mim. Tinha
seu endereço e instruções rigorosas para não compartilhá-lo, como se você
estivesse conduzindo negócios importantes para a rainha. Um pouco disso
vazou por aí – sobre o trabalho que você esteve fazendo para nos proteger dos
Strigoi. É muito impressionante.
Passando por um momento difícil. Essas eram as palavras que Jill tinha usado
para me defender na última noite sobre eu ter esquecido seu show de moda. Eu
quase grunhi. Ninguém iria arriscar a segurança de Jill para dizer a minha mãe
onde eu estava – exceto a própria Jill.
- Alguém sabe que você está aqui? – Perguntei.
- Claro que não – disse minha mãe, parecendo ofendida. Eu nunca revelaria
segredos tão importantes do futuro dos Moroi. Se existir uma forma de erradicar
os Strigoi, eu farei a minha parte e ajudarei você em seu… apesar, eu preciso
admitir, querido, você parece sim um pouco fora de si.
Se minha mãe achava que nós estávamos apenas fazendo pesquisas sobre
Strigoi em Palm Springs, então assim será. Ela com esperança não terá razão
alguma para pensar uma segunda vez agora que ela me recuperou.
- —Fora de si— é colocar panos quentes – eu disse a ela.
Ela pousou sua mão sobre a minha. – O que está errado? Você estava lidando
tão bem. Eu soube que você esteve assistindo aulas de novo? E fazendo esse
trabalho para a rainha?
Com isso, eu percebi que eu nunca chequei minhas duas outras matérias. Eu
tive provas finais nelas? Projetos finais? Droga. Eu fiquei tão surpreso com a
chegada da minha mãe e com a chance de escapar que eu me esqueci
completamente de continuar em Carlton. Eu talvez tenha estragado minha última
tentativa de me dar bem na faculdade. O orgulho de sua voz me tocou no
entanto, e eu não suportei dizer a ela essa parte da verdade.
- Sim, eu estive ocupado – eu disse vagamente.
- Então o que está errado? – Ela repetiu.
Eu encontrei seus olhos, vendo a rara compaixão que poucos viam. Antes de
sua prisão, a maioria a via como uma empertigada, aristocrata Daniella Ivashkov,
fria e despreocupada com imagem. Eu a conhecia desse jeito também, mas
nesses raros, brilhantes momentos, eu também a conhecia como minha mãe. E
de repente, eu me encontrei dizendo a verdade… ou pelo menos uma versão
dela.
- Havia… bem, havia uma garota, mãe.
Ela suspirou – Oh, Adrian. Apenas isso?
- Não apenas isso! – Eu exclamei irritado. – Ela era a garota. Aquela que mudou
tudo. Aquela que me mudou.
- Certo, certo – ela disse, tentando me acalmar. – Desculpe. O que aconteceu
com ela?
Eu tentei arranjar uma maneira de dizer a verdade. – A família dela não me
aprovou.
Agora minha mãe estava brava, assumindo, naturalmente, que eu estava falando
sobre uma garota Moroi. – Isso é ridículo! Você veio de uma das melhores
linhagens Moroi, tanto do lado Tarus quanto Ivashkov. Mesmo a rainha não
poderia pedir uma genealogia. Se a família desta garota tem problemas com
você, então eles são claramente insanos.
Eu quase sorri – bem, nisso nós podemos concordar.
- Então qual é o problema? Se ela é uma adulta – oh, Adrian, por favor me diga
que ela é uma adulta e não uma menor.
- Ela é uma adulta.
Alívio inundou as feições da minha mãe. – Então ela é capaz de fazer suas
próprias decisões e vir até você, independente do que a família dela pensa. E se
ela ficar com eles, então ela não merece seu tempo, e você está melhor sem ela.
Eu gostaria de dizer a ela que não era assim tão simples, mas ela não reagiu tão
bem quando eu estava envolvido com Rose. Uma dhampir era imperdoável. Uma
humana era inconcebível.
- Eu acho que tem tanto a ver comigo pessoalmente como minha linhagem – eu
disse ao invés.
Minha mãe reclamou em desaprovação. – Bem, veremos se ela aparece. Quem
não gostaria do meu garoto? Enquanto isso, eu gostaria que você não deixasse
essas coisas lhe atingirem tão forte. O que há entre você e garotas, querido? Por
que ou elas significam nada para você ou tudo? É sempre um extremo?
- Porque eu não faço coisas pelas metades, mãe. Especialmente quando envolve
amor.
Quando nós pousamos e eu fui capaz de ligar meu celular, eu encontrei uma
mensagem de texto de Jill esperando:Sim, fui eu. Eu sei que você veio para Palm
Spring por minha causa, mas eu imaginei que estava na hora para você mudar
as coisas. Quando eu ouvi de Lissa que sua mãe estava de volta, imaginei que
seria bom para você vê-la, então eu ajudei vocês dois se acharem. Espero que
esteja tudo bem.
Você é a melhor, Jailbait, escrevi de volta.
Sua resposta me fez sorrir: Você não sabe metade. Suas duas outras matérias
requeriam projetos finais, não provas. Trey e eu vasculhamos o apartamento e
encontramos alguns de seus projetos rejeitados para entregar. Não tenho
certeza se você irá passar, mas alguma nota é melhor do que nota alguma.
Vai entender. Jill ficou atrás do que precisava ser feito nas minhas aulas quando
eu não o fiz. Eu comecei e parei vários projetos, então não tinha como dizer o
que ela tinha entregado, mas no meu recente estado, era provavelmente melhor
do que qualquer coisa que eu tivesse tentado de propósito para essas notas
finais. Estava nas mãos do destino agora.
Uma coisa me confundiu, no entanto, enquanto Dale guiava minha mãe e eu
para Corte. Minha mãe mesma disse que ela estava de volta há uma semana.
Jill tinha dado meu endereço para minha mãe, o que certamente criou um
impacto maior com uma visita pessoal, mas tinha sido necessário? Apesar da
localização de Jill ser um segredo, Lissa teria dado certeza de minha mãe ter
uma maneira segura de me ligar assim que ela estivesse livre, se minha mãe
questionasse. Por que ela não o fez? Era como se quase minha mãe estivesse
protelando me contactar, e não foi até Jill chamar sua atenção para os problemas
que eu estava tendo que minha mãe agiu. Com certeza, mesmo se tudo
estivesse bem comigo, minha mãe gostaria de entrar em contato tão logo…
certo?
Ou talvez eu estava pensando demais nas coisas. Eu não poderia duvidar do
amor da minha mãe. Quaisquer que fossem suas falhas, ela ainda se importava
comigo, e vê-la viva e bem me fez perceber como eu estava preocupado com
ela enquanto ela estava presa. Sempre que eu tava falar sobre seu tempo fora,
no entanto, ela desviava do assunto.
- Está feito – ela disse simplesmente enquanto dirigíamos para os portões de
segurança da frente da Corte. – Eu cumpri minha sentença, e isso é tudo que há
sobre isso. A única coisa que você precisa saber é que isso me fez reavaliar
minhas prioridades na vida e o que realmente importa. – Ela tocou minha
bochecha gentilmente. – E você está no topo dessas prioridades, meu querido.
A Corte Real Moroi estava arranjada como uma universidade, com vários antigos
prédios góticos situados em vários terrenos. Na verdade, no mundo humano, sua
história de fachada era que era uma instituição acadêmica, uma privada e de
elite que era geralmente deixada quieta. Oficiais do governo e certos Morois da
realeza tinham residências oficiais lá, e também havia acomodações para
visitantes e todos os tipos de serviços para fazer a vida suportável. Era, de uma
forma, sua própria cidade fechada.
Eu esperei que minha mãe nos levasse para o condomínio da nossa família, mas
ao invés, nós acabamos em uma das instalações de alojamento para hóspedes.
– Após viver por conta própria, eu não consegui imaginar que você gostaria de
ficar enfurnado com seu pai e eu – ela explicou. – Nós podemos trabalhar em
algo mais permanente depois, mas enquanto isso, a rainha autorizou esses
arranjos para você.
Eu estava surpreso, mas ela estava certa sobre uma coisa – eu não queria
mesmo meu pai rastreando minhas idas e vindas. Ou ela, da mesma forma. Não
que eu estivesse pretendendo em entrar em várias loucas e doidas situações.
Eu estava aqui para um novo começo, determinado a usar quaisquer recursos
que pudesse para ajudar Sydney. Depois de ela ter saída de sua rota para me
achar, no entanto, eu assumi que minha mãe gostaria de me manter debaixo de
sua chave e fechadura.
Uma atendente da mesa de recepção do prédio me arranjou um quanto, e minha
mãe me abraçou em despedida. – Eu tenho um compromisso para ir, mas vamos
nos encontrar amanhã, certo? Nós temos convidados vindo para o jantar. Tenho
certeza que seu pai amaria vê-lo. Apareça, e nós nos atualizaremos.
Você vai ficar bem agora, não vai?
- Com certeza – eu disse. Nós perdemos grande parte do dia devido à viagem e
a diferença de horário. – Não há muitos problemas deixados para eu me meter.
Eu provavelmente vou dormir cedo.
Ela me abraçou de novo, e então eu tomei meu caminho para meu quarto, o que
era meio uma suíte de um quarto que você encontraria em qualquer hotel cinco
estrelas. Uma vez que eu depositei minha mala no quarto, eu imediatamente fiz
algumas ligações e comecei a traçar meus planos. Com esses arranjados, tomei
uma ducha rápida (minha primeira do dia) e prontamente saí mais uma vez. Não
era para nenhum tempo selvagem no entanto.
Claro, alguns poderiam vir a considerar qualquer saída com Rose Hathaway e
Lissa Dragomir um tempo selvagem.
Ambas viviam dentro do que era apelidado de palácio real por aqui, apesar de
que, por fora, mantinha a mesma fachada de universidade. Uma vez dentro, todo
aquele peso da história Moroi caía, pressionando com toda aquela grandeza do
Velho Mundo: candelabros de cristal, cortinas de veludo, pinturas a óleo de
antigos monarcas. Os cômodos da rainha estavam bem atualizadas, porém,
sendo atualizadas mais com o seu próprio gosto do que para seu trabalho. Eu
estava simplesmente grato que ela escolhera cômodos diferentes daqueles que
minha tia viveu – e morreu. Já era surreal o suficiente vir aqui de vez em quando
sem aquelas memórias me perseguindo.
As meninas estavam na sala de estar de Lissa quando cheguei. Lissa estava
sentada de pernas cruzadas, em um sofá rodeado de livros, enquanto Rose
tentava se arrumar de cabeça para baixo em uma poltrona, seus longos e negros
cabelos pendendo e se dispersando pelo chão. Ela saltou ficando em pé com
suas habilidades de dhampir e me recebeu graciosamente em minha chegada.
– Você realmente está aqui. De primeira, pensei que fosse brincadeira. Achei
que você ficaria com Jill.
- Ela não precisa de mim agora -, eu disse, seguindo para dar um abraço em
Lissa já que ela havia se levantado dos livros. – A escola está acabando e têm
todas aquelas coisas para mantê-la ocupada por agora.
- Conte-me mais, – disse Rose, revirando os olhos para Lissa. – Senhorita Só-
Estudos-Sem-Diversão aqui tem tirado a diversão de tudo.
Lissa sorriu complacentemente para sua melhor amiga. – As provas começam
amanhã.
- As minhas acabaram ainda pouco. – eu disse.
- Como você foi? – Lissa perguntou, recuando.
Eu dei uma olhada em seus livros. – Vamos dizer que eu não me esforcei tanto
quanto você.
- Vê? – grunhiu Rose. Ela se jogou de novo em sua cadeira, braços cruzados.
Eu encontrei minha própria cadeira entre elas e refleti sobre minhas chances
imprecisas de passar nesse semestre. – Eu acho que Lissa está fazendo da
forma certa.
Aos dezoito, Lissa era a rainha mais nova da história dos Moroi, eleita no meio
do caos seguido da morte de minha tia. Ninguém teria duvidado dela por não ir
à universidade ou por simplesmente fazê-la à distância. Lissa, porém, se
manteve fiel aos seus sonhos vitalícios de ir para uma grande universidade e
sentiu aquilo como monarca, agora era duas vezes mais importante para ela ter
uma educação perfeita. Ela estava matriculada em Lehigh University, algumas
horas daqui, e manteve sua média alta enquanto governava uma nação agitada.
Sydney e ela se dariam lindamente bem.
Lissa colocou seus pés em cima da mesa de café e eu usei o espírito para dar
uma breve olhada em sua aura. Estava calorosa e contente, como deve ser, com
linhas de dourado, o que marcava outro usuário de espírito.
- Então, você irá entender se eu tiver que manter isso curto. Eu tenho que
memorizar algumas datas e lugares antes de ir para cama hoje à noite e depois,
estaremos indo para a escola de manhã cedo. Nós iremos ficar no campus pelo
resto da semana de provas.
- Eu não vou te prender – eu disse – eu só queria te perguntar sobre uma coisa.
Lissa olhou levemente surpresa, e eu percebi que ela achou que era só uma
chamada social.
- Você não buscou mais informações sobre o que aconteceu com Sydney Sage?
A leve surpresa se tornou uma surpresa extrema. – Aquilo de novo? – perguntou
Lissa. Soou mais rude do eu sabia que ela pretendia soar. Ninguém fora do
círculo de Palm Springs sabia o que Sydney significava para mim, e Lissa não
tinha nem conexão de amizade com Sydney como alguém como Rose tinha.
Na verdade, a menção de Sydney trouxe uma carranca para o rosto de Rose. –
Ela ainda está sumida?
Lissa lançou um olhar entre mim e Rose. – Eu não soube de mais nada desde o
dia em que você me perguntou, há alguns meses atrás. Eu fiz investigações.
Eles disseram que ela foi realocada e que a informação era secreta.
- Isso é uma mentira, – eu disse emanando um pouco de raiva. – Eles a
sequestraram e a mandaram para um de seus malditos centros de reeducação!
- Você me disse isso antes, e a não ser que as coisas tenham mudado, você me
disse não ter nenhuma prova disso, – Lissa disse, calmamente. – Sem isso, eu
dificilmente poderia acusá-los de mentirem… e sério, por que eu deveria
questionar o que eles fazem com suas próprias pessoas?
- Você tem o direito porque o que eles estão fazendo vai contra as regras mais
básicas de decência e de respeito pelos outros. Eles estão a prendendo e a
torturando.
Lissa inclinou sua cabeça. – Novamente, não é algo que eu possa interferir.
Guardiões frequentemente capturam dhampirs que fogem dos treinos e os
punem. E se os alquimistas tentasse ditar como nós fazemos isso? Nós iríamos
dizer o que eu estou dizendo agora: Não está sob nossa jurisdição. Eles têm
suas pessoas, nós temos as nossas. Agora se uma de nossas pessoas estivesse
em perigo por conta deles, então sim eu teria todo o direito de jogar meu ao redor
dos alquimistas.
- Mas você não vai fazer – porque ela é uma humana, – eu disse, sem graça.
Todas as mais altas esperanças que eu teria mantido até chegar aqui estavam
começando a vacilar.
Rose, pelo menos, parecia mais compreensiva. – Eles realmente estão
torturando ela?
- Sim, – eu disse. – Bem, quero dizer, eu não estive em contato com ela ou com
qualquer outra pessoa que falou com ela para dizer exatamente o que eles têm
feito, mas eu conheço alguém que sabe sobre as situações como a dela.
Tristeza – para mim – brilhou nos olhos verde-claros de Lissa, tão similares ao
de Jill. – Adrian, você percebe o quão destorcido isso soa?
Ultraje e raiva queimaram em mim, ambos por conta de meu desamparo e
porque os Alquimistas encheram Lissa com suas mentiras. – Mas é a verdade!
Sydney virou nossa amiga. Ela parou de agir como um alquimista que achava
que nós éramos criaturas do mal. Ela se tornou nossa amiga. Inferno, ela tratava
Jill como se fosse sua irmã – ironicamente, porque a irmã de Sydney foi a que a
traiu. Pergunte ao Eddie. Ele estava lá quando ela foi levada.
- Mas não pelo que aconteceu depois. – terminou Lissa. – Ele não viu se ela foi
levada para ser torturada como você disse. Ele não viu se talvez ela estava
sendo só realocado para outro lugar, um lugar longe de vocês. Talvez esse seja
o único —tratamento— que os alquimistas estão dando a ela, se eles acham que
você interferiu em suas ideologias.
- Eles fizeram muito mais que isso – eu rosnei. – eu sinto em minhas vísceras.
- Liss, – Rose começou, incerta. – Deve haver algo que você possa fazer…
A esperança se restaurou em mim. Se Rose estava de acordo, talvez nós
poderíamos juntar os outros para nos ajudar por trás das cenas. – Olhe, – eu
disse. – E se tentássemos uma abordagem diferente? Ao invés de questionar
diretamente os alquimistas novamente, você poderia mandar… eu não sei…
uma equipe de ataque para investigar possíveis localizações de onde ela poderia
estar presa? – Parecia uma ideia brilhante para mim. Marcus tinha procurado por
informações para investigar sua lista, mas talvez nós poderíamos recrutar os
Morois e outros dhampirs.
Rose se iluminou. – Eu ajudaria totalmente com isso. Sydney é minha amiga, e
eu tenho experiência com –
- Não! – Lissa exclamou, se levantando. – Não, vocês dois! Vocês estão
escutando o que estão dizendo? Me pedindo para mandar um —grupo de
ataque— para entrar nas instalações dos Alquimistas? Isso é como se fosse um
ato de guerra! Vocês podem chegar a imaginar como isso soaria se fosse ao
contrário? Se eles mandassem grupos de humanos para nos investigar?
- Considerando suas éticas, – eu disse – eu não me surpreenderia se eles já
tivessem tentado.
- Não, – Lissa repetiu. – Eu não posso fazer mais do que isso, não se isso não
afetar diretamente meu próprio povo. Eu desejaria poder ajudar todos no mundo
– sim, incluindo Sydney. Mas agora, minhas responsabilidades são com meu
próprio povo. Se eu for arriscar, deverá ser por eles.
Eu levantei, cheio de raiva, desapontamento e um monte de outras emoções que
eu não poderia ainda definir. – Eu pensei que você fosse uma líder diferente.
Uma lutadora pelo que era certo.
- Sim, eu sou, – ela disse, forçando sua calma com uma grande quantidade de
esforço. – E eu estou atualmente lutando mais pela liberdade dos dhampirs,
apoiando os Morois que querem se autodefender e modificando a lei da idade
para que minha própria irmã possa parar de se esconder! Entretanto, eu estou
fazendo isso tudo enquanto vou para a escola e tentando ignorar a facção
irritante que continua demandando minha retirada do poder. E não me pergunte
que tempo eu tenho livre para minha vida pessoal. Isso é o suficiente para te
satisfazer, Adrian?
- Pelo menos você ainda tem uma vida pessoal, – eu murmurei. Eu me direcionei
à porta. – Desculpe interromper seus estudos. Boa sorte com as provas.
Rose tentou me chamar de volta e acho que ela teria até tentado me seguir, mas
então Lissa chamou seu nome. Ninguém veio atrás de mim, e eu me deixei sair
dos apartamentos reais e voltei pelos corredores sinuosos do palácio. Fúria e
frustração ferviam dentro de mim. Eu estava tão certo que se eu apelasse à Lissa
cara a cara – sóbrio, até! – e explicasse meu caso, ele iria fazer algo pela Sydney.
Eu entenderia se os alquimistas estivessem bloqueando as tentativas oficiais de
Lissa, mas certamente ela poderia ter feito um grupo de Rose Hathaways para
dar umas bisbilhotadas por aí! Lissa me deixou para baixo, afirmando ser uma
templária, mas em última análise, provando ser tão burocrática quanto qualquer
outro político.
Desespero começou a fazer seu caminho por mim, negro e traiçoeiro, me
dizendo que eu era um idiota por ter vindo aqui. Como poderia eu realmente
acreditar que algo iria mudar? Rose parecia que queria ajudar, mas poderia eu
convencê-la de ir por trás de sua melhor amiga? Provavelmente não. Rose
estava presa ao sistema. Eu estava preso em minha incapacidade de ajudar a
Sydney. Eu era tão inútil para ela, inútil para tudo e todos—
- Adrian?
Eu estava prestes a ir par afora das portas frontais do palácio, quando ouvi uma
voz por trás de mim. Virei-me e vi uma bela garota Moroi com olhos cinza e
enrolados cabelos escuros, vindo até mim.
- Nina?
Seu rosto se transformou em um sorriso assim que se jogou em mim, em um
abraço inesperado. – É mesmo você, – ela disse, feliz. – eu estava preocupada
que você tinha desaparecido. Você não respondeu nenhuma das minhas
mensagens ou chamadas.
- Não leve para o lado pessoal. – eu assegurei, segurando a porta aberta. – eu
andei ignorando todo mundo. – Era verdade. Eu sumi da face da Terra quando
Sydney foi levada.
Aqueles notáveis olhos cinza, me observavam com preocupação. – Está tudo
bem?
- Sim, sim. Quero dizer, não. É complicado.
- Bem, eu tenho tempo, – ela disse conforme entrávamos em uma calorosa noite
de verão. – nós poderíamos pegar um pouco de comida e conversar.
Eu hesitei, incerto se eu queria desabafar. Eu havia conhecido Nina no início do
ano, logo depois que ela havia ajudado sua irmã a se transformar de volta de ser
um Strigoi – poder que nós achávamos que poderia ser uma vacina para parar
os outros de serem transformados a força, sem consentimento. Sua irmã, Olive,
era também o objeto de amor de Neil, se você puder chegar neste tanto. Os dois
haviam se visto algumas vezes e talvez tiveram uma breve tentativa, contudo
quando ela ficou fora de comunicação, ele ansiou por ela, achando que eles
ficariam juntos por anos.
- Eu sou uma boa ouvinte, – disse Nina quando eu não respondi.
Eu dei um sorriso. – Tenho certeza que você é. Eu só não quero te colocar para
baixo.
- Me botar para baixo? – ela deu uma risada áspera. – Boa sorte. Primeiramente,
o espírito já está fazendo um bom trabalho com isso, então você tem um
competidor a altura. Desde quando eu restaurei Olive, aquilo… eu não sei… você
entende? Aquele tipo de escuridão, neblina pavorosa?
- Yup, – eu disse. – Com certeza.
- Bem, parece que isso é um visitante diário agora, o que torna minha vida super
deleitosa, do jeito que você já conhece. Enquanto isso, após passar por tudo isso
por Olive, ela está passando por um tipo de questionamento de visões sobre
tudo o que aconteceu! Ela de alguma forma, manipula e acaba terminando os
nossos sonhos antes mesmo de eu conseguir falar com ela. Eu tentaria achá-la,
mas Sonya continua insistindo para eu ficar aqui e ajudar na pesquisa do espírito.
Eles me colocaram aqui, em uma acomodação luxuosa, mas eu não tenho
nenhum outro jeito de viver, então eu tenho que trabalhar meio período em um
trabalho de secretariado no palácio. Deixe-me dizer, fazer —serviço-
customizado— para um bando de nobres egoístas? Bem, é como se fosse o
novo círculo do inferno. – ela pausou, lembrando com quem ela estava falando.
– sem ofensas.
Eu ri, talvez seja a primeira vez que eu faço algo tão genuíno nesses tempos. –
Sem problemas, porque eu sei exatamente de quais tipos você está falando. Se
você falar com sua irmã, aliás, você deveria dizer a ela que ela está quebrando
o pobre coração de Neil.
- Anotado, – disse Nina. – Eu acho que ele é uma das coisas que ela está a
contemplar.
- Isso é bom ou ruim? – Perguntei.
- Não tenho ideia, – ela riu.
Eu comecei a rir também, e de repente, eu decidi aceitar a sua oferta. – Okay,
vamos pegar algo para comer… embora honestamente, nas últimas vinte e
quatro horas… eu preferiria beber um drink. Eu suponho que você não aceitaria?
– era provavelmente uma ideia terrível, mas isso não havia me parado antes.
Nina pegou minha mão e começou a me puxar pela construção através da
grama. – Graças a deus, – ela disse. – Eu pensei que você nunca iria perguntar.
Capítulo 05 Sidney
POR UM MOMENTO, QUANDO EU VI a seringa de Sheridan, eu pensei que ela
estava optando por uma forma extrema de retocar tatuagem. Como, ao invés de
injetar em minha pele pequenas porções de tinta encantada, ela iria enfiar em
mim uma dose monstruosa para me fazer andar na linha.
Não vai importar, tentei dizer a mim mesma. Uso de mágica me protege, não
importa quão forte a porção que eles usem. As palavras soavam razoáveis, mas
eu apenas não tinha certeza se elas eram verdadeiras.
Como se viu, no entanto, Sheridan tinha algo totalmente diferente na cabeça.
— As coisas pareciam tão promissoras para você depois que nos falamos a
última vez — ela me disse após mergulhar a agulha em meu braço. — Não
consigo acreditar que você não durou uma hora por conta própria.
Eu quase disse — Velhos hábitos são difíceis de morrer —, mas lembrei que eu
precisava agir arrependida se eu quisesse algum tipo de avanço. — Desculpe—
me — eu disse. — Eu apenas escorreguei. Eu irei me desculpar com Harrison
se isso irá…
Um sentimento estranho começou a subir na minha barriga, começando a
princípio como um pequeno desconforto e então aumentando e aumentando até
que era uma completa náusea, daquele tipo que se apoderava de todo seu
corpo. Meu estômago parecia que tinha ondas marítimas nele, e minha cabeça
começou a pulsar. Eu podia sentir minha temperatura subindo também e suor
irrompeu por todos os lugares.
— Eu vou passar mal — eu disse. Eu queria colocar minha cabeça para baixo,
mas a cadeira me deixou presa no lugar.
— Não — disse Sheridan. — Você não irá. Ainda não. Aproveite o show.
Junto com as restrições de braço, o apoio de cabeça da cadeira também fazia
certeza que eu não pudesse virar minha cabeça, me forçando assim a olhar
estritamente para frente no monitor. Ele ligou, e eu me preparei para imagens
horríveis. O que eu vi ao invés era… Moroi. Alegres Morois. Amigáveis Morois.
Crianças Morois. Morois fazendo coisas comuns, como esportes e comendo em
restaurantes.
Eu estava miserável demais para decifrar essas imagens desorientadoras, no
entanto. Tudo que eu conseguia pensar era sobre como eu gostaria de poder
vomitar. Era aquele tipo de enjoo — do tipo em que você sabe que você se
sentiria melhor se você apenas conseguisse expelir o veneno. Mas de alguma
forma, Sheridan estava certa, eu não conseguia fazer meu corpo vomitar, não
importa o tanto que eu talvez desejasse, e ao invés eu tive de sentar lá passando
tão mal, com a retorcida náusea estragando minhas entranhas. Ondas de agonia
me varreram. Não parecia possível que eu conseguir conter tanta miséria dentro
de mim. Eu grunhi e fechei meus olhos, principalmente para fazer minha cabeça
sentir melhor, mas Sheridan leu outro motivo nisso.
— Não — ela disse. — Esta é uma dica de profissional: Será muito mais fácil
para você se você assistir de espontânea vontade. Nós temos maneiras de
deixar seus olhos abertos. Você não gostará deles.
Eu pisquei de volta lágrimas e foquei de volta para a tela. Apesar do meu
sofrimento, meu cérebro tentou entender por que ela se importava se eu estava
assistindo a figuras de Moroi felizes ou não. O que importava quando meu corpo
sentia como se estivesse virando do avesso?
— Você está tentando… — eu engasguei, e por um momento, eu pensei que
talvez eu tivesse aquele alívio no fim das contas. Não tive. — … criar algum tipo
de resposta Pavloviana.
Era uma técnica clássica de condicionamento. Mostrar—me uma imagem e me
fazer sentir terrível enquanto eu a olhava, com o objetivo sendo que eu
eventualmente viesse a associar os Moroi — Moroi inofensivos, felizes — com
extremo desconforto e sofrimento.
Havia apenas um problema.
— Vo—você precisa repetir sessões para isto fazer efeito — eu percebi em voz
alta. Uma vez não iria me fazer sentir revulsão instantaneamente para imagens
de Moroi.
O olhar que Sheridan me deu disse bastante sobre o que eu poderia esperar no
futuro.
Meu coração se afundou. Ou talvez fosse meu estômago. Honestamente, com a
forma que minhas entranhas se sentiam no momento, eu não conseguia
distinguir uma parte da outra. Eu não sei por quanto tempo eles me manteram
naquele estado. Talvez uma hora. Eu não conseguia realmente focar em contar
o tempo quando meu objetivo era apenas sobreviver cada onda esmagadora de
vertigem. Depois do que pareceu ser uma eternidade, Sheridan me deu outra
injeção, e a tela ficou preta. Seus capangas desfizeram as amarras, e alguém
me entregou um balde.
Por alguns segundos, eu não tinha entendido. Então, o que quer que estivesse
restringindo meu corpo de encontrar alívio não mais se segurou. Tudo daquele
almoço escasso voltou, e mesmo depois, meu estômago ainda continuava
tentando. Eu fui reduzida a vômitos secos e finalmente apenas engasgando até
eu parar completamente. Foi um longo, doloroso processo, e eu estava além do
ponto de importar que eu tinha vomitado — excessivamente — na frente de
outros. Ainda assim, por mais horrível que tivesse sido, eu ainda me sentia
melhor, agora que eu tinha finalmente conseguido me livrar do que quer que
tivesse causado aquela náusea se remexer e remexer dentro de mim. Um dos
capangas discretamente pegou o balde de mim, e Sheridan me deu a cortesia
de um copo de água, assim como a chance de escovar meus dentes dentro em
uma pequena pia no lado do cômodo. Era ao lado de um armário cheio de
suprimentos médicos, assim como um espelho que me permitiu ver quão
miserável eu parecia.
— Bem então — Sheridan disse alegremente. — Parece que você está
preparada para a aula de artes.
Aula de artes? Eu estava pronta para me enrolar que nem uma bola e cair no
sono. Todo o meu corpo estava fraco e tremendo, e meu estômago parecia como
se tivesse sido revirado do avesso. Ninguém parecia notar ou importar com meu
estado debilitado, no entanto, e o capanga me acompanhou para fora da sala.
Sheridan deu tchau com a mão e disse que ela me veria em breve.
Minha escolta me levou escada acima para o andar de salas de aula, para o que
servia como estúdio de arte de detentos. Addison, a severo e andrógena matrona
do refeitório, estava iniciando a aula, dando instruções das tarefas de hoje, o que
parecia ser a continuação de uma pintura de vasilha de frutas. Ao que parecia
uma aula de arte Alquimista teria o projeto mais chato de todos. Apesar de sua
fala, todos os olhos giraram em minha direção quando eu entrei. A maioria das
expressões que eu encontrei era frias. Algumas eram um pouco presunçosas.
Todos sabiam o que tinha acontecido comigo.
Uma coisa legal que eu tinha pescado nesta aula e na anterior foi que na
reeducação, os lugares valorizados eram os mais perto dos professores,
diferente de Amberwood. Isso me permitia escorregar a um cavalete no fundo da
sala. A maioria dos olhos nao conseguiam me seguir até lá a não ser que eles
descaradamente virassem e ignorassem Addison. Ninguém estava disposto a
fazer isso. A maior parte do meu esforço estava focado em permanecer em pé,
e eu apenas a ouvi falar com metade do meu ouvido.
— Alguns de vocês fez um bom progresso ontem. Emma, o seu em particular
está se tornando bonito. Lacey, Stuart, vocês vão precisar recomeçar.
Eu espiei em volta, tentando combinar as pessoas com seus cavaletes, os quais
eu tinha uma visão total de trás. Pensei que talvez minha recente expurgação
tivesse apodrecido meu cérebro, porque os comentários de Addison não faziam
sentido. Mas não, eu tinha certeza que eu tinha acertado as pessoas. Aquela era
Emma, minha alegada colega de quarto, uma garota que parecia ser da linhagem
americana asiática e que vestia seu cabelo preto em um coque muito preso, eu
jurava que esticava sua pele. Sua pintura parecia nada especial para mim e era
mal dicernível como fruta. Stuart era uma das pessoas que tinha empurrado suas
carteiras para longe de mim na aula de Harrison. Ele na verdade parecia possuir
algum talento artístico, e eu pensei que sua pintura era uma das melhores.
Demorou um momento para eu aprender quem era Lacey, e eu descobri quando
ela trocou sua tela por uma nova. Sua pintura não era tão boa quanto a de Stuart,
mas era muito melhor do que a de Emma.
Não é questão de habilidade, eu finalmente compreendi. É sobre precisão. As
pêras de Stuart eram perfeitas, mas ele tinha adicionado algumas a mais do que
tinham na vida real. Ele também tinha alterado a posição das frutas e pintado
uma vasilha azul — o que parecia muito melhor do que a atual marrom que
estava sendo usada. Emma, enquanto criou um trabalho muito mais rudimentar,
tinha o número correto de frutas, tinha as posicionados perfeitamente, e tinha
combinado cada cor exatamente. Os Alquimistas não queriam criatividade ou
embelezamento. Isso era sobre copiar o que você tinha sido dito para fazer, sem
questionamento e sem desvio.
Ninguém fez esforço algum para me ajudar ou aconselhar, então eu fiquei lá
estupidamente por um tempo e tentei entender o que os outros estavam fazendo.
Eu sabia os básicos da pintura com acrílico por estar perto de Adrian mas não
tinha experiência prática própria. Havia um suprimento comunitário de pincéis e
tubos de tinta perto das frutas, então eu fiz meu caminho até lá com alguns dos
outros estudantes e tentei pegar minha cor inicial. Todos me deram um amplo
espaço, e quando eu selecionei e rejeitei uma cor de tinta por não ser próximo o
bastante da combinação, a próxima pessoa que a pegou fez questão de limpar
o tubo antes de levá—la para sua estação. Eu finalmente retornei para a minha
com vários tubos, e enquanto eu não podia falar sobre minha habilidade de
copiar a fruta, eu senti bastante confidente que minhas cores estava corretas.
Eu pelo menos podia jogar essa parte do jogo Alquimista.
Começar era um trabalho demorado, no entanto. Eu ainda me sentia terrível e
fraca e tive trabalho em até mesmo em espremer um pouco da tinta. Esperava
que não estivéssemos sendo avaliados em rapidez. Tão logo quando eu estava
finalmente pensando em talvez tentar em colocar o pincel na tela, a porta da sala
se abriu, e Sheridan entrou com um de seus capangas. Cada um estava
segurando uma bandeja cheia de copos, e eu não precisava que ela dissesse
uma palavra porque eu conseguia identificar os conteúdos apenas pelo cheiro.
Café.
— Desculpe pela interrupção — disse Sheridan, usando seu grande sorriso falso.
— Todo mundo tem trabalhado tão duro ultimamente que nós pensamos em
oferecer um pequeno agrado: lattes de baunilha.
Eu engoli e encarei em descrença enquanto os meus companheiros
encarcerados se abundavam em direção a ela e cada um pegou um copo. Lattes
de baunilha. Quantas vezes eu sonhei com eles no cativeiro, quando eu estive
semi—faminta com aquela sopa de aveia morna? Nem mesmo importava se eles
fossem magros ou cheios de açúcar. Eu estive privada de qualquer coisa como
essa por muito tempo, e meu instinto natural era correr com os outros e pegar
um copo.
Mas eu não conseguia. Não após os vômitos que eu acabei de passar. Tanto
meu estômago quanto minha garganta estavam feridos, e eu sabia que se eu
comesse ou bebesse alguma coisa que não fosse água, iria voltar na hora. O
canto de sereia do café era tortura para a minha mente, mas meu pobre, sensível
estômago sabia melhor. Eu não conseguiria lidar nem com a sopa de aveia
agora, muito menos com algo tão ácido como este latte.
— Sydney? — Perguntou Sheridan, fixando aquele sorriso para mim. Ela
levantou sua bandeja. — Há um copo sobrando. — Eu balancei minha cabeça
em silêncio, e ela colocou o copo na mesa de Addison. — Eu vou apenas deixar
aqui no caso de você mudar sua ideia, tudo bem?
Eu não conseguia tirar meus olhos daquele copo e me perguntei o que Sheridan
gostaria mais: me ver sofrendo e privada, ou me ter arriscando tudo e vomitando
na frente dos meus colegas de classe.
— Favorito seu? — Uma voz baixa perguntou.
Eu tinha tanta certeza que ninguém poderia me perguntar tão diretamente que
eu nem mesmo olhei para o falante de imediato. Com grande esforço, eu arrastei
meu olhar do almejado latte e descobri que era meu vizinho que tinha falado, um
alto, bonito cara que talvez era cinco anos mais velho do que eu. Ele tinha um
corpo magro e usava óculos com armações de arame que davam um ar
intelectual, não que Alquimistas precisassem.
— O que faz você dizer isso? — Perguntei silenciosamente.
Ele sorriu sabiamente. — Porque é isso como sempre é. Quando alguém vai
para sua primeira sessão de vômitos, o resto de nós ganha —recompensas—
com alguma das comidas predileta da pessoa. Desculpe por isto, por sinal. —
Ele pausou para tomar um pouco do latte. — Mas eu não bebia café há séculos.
Eu me encolhi e olhei para longe. — Esbalde—se.
— Pelo menos você resistiu — ele adicionou. — Nem todo mundo resiste.
Addison não gosta do risco de nós derramarmos bebidas quentes aqui, mas ela
gostaria menos se alguém passasse mal em seu estúdio.
Eu olhei para nossa professora, que estava dando avisos para um detento com
cabelos grisalhos. — Ela não parece gostar de várias coisas. Exceto chiclete.
O aroma do café era mais forte do que nunca na sala, ambos sedutor e
repugnante. Tentando desesperadamente bloqueá—lo, eu levantei meu pincel e
estava prestes a tentar algumas uvas quando ouvi um som de desaprovação ao
meu lado. Olhei de volta para o cara, que balançou a cabeça para mim.
— Você vai mesmo começar assim? Vamos lá, talvez você não tenha os valores
de uma boa Alquimista, mas você ainda deveria ter a lógica de uma. Aqui. — Ele
me ofereceu um lápis. — Esboce. Pelo menos comece com quadrantes para lhe
guiar.
— Você não está com receio que eu contamine seu lápis? — As palavras saíram
antes que eu pudesse pará—las.
Ele riu.
— Você pode ficar com ele.
Eu voltei para a tela branca e a encarei por vários momentos. Cautelosamente,
eu dividi minha tela em quatro partes e depois fiz o meu melhor para fazer um
grosseiro esboço da vasilha de frutas, prestando cuidadosa atenção em onde
cada peça estava em relação às outras. No meio, eu notei que o cavalete era
muito alto para mim, complicando ainda mais as coisas, mas eu não conseguia
descobrir como ajustá—lo. Percebendo minhas dificuldades, o cara ao meu lado
se debruçou e habilmente abaixou meu cavalete para um altura mais adequada
antes de prosseguir seu próprio trabalho.
— Obrigada — eu disse. A esperançosa tela na minha frente diminuiu qualquer
prazer que eu meio que tinha sentido pelo gesto amigável. Eu tentei esboçar
novamente. — Eu vi meu namorado fazer isso centenas de vezes. Nunca pensei
que eu estaria fazendo isso em um tipo de —terapia— retorcida.
— Seu namorado é um artista?
— Sim — eu disse com cautela, incerta se eu queria engajar neste assunto.
Graças a Sheridan, não era segredo que meu namorado era um Moroi.
O cara deu uma pequena risada de divertimento. — Artístico, hein? Nunca tinha
ouvido essa antes. Normalmente quando eu encontro garotas como você — que
se apaixonaram por caras como eles — tudo que eu sempre ouço é sobre como
eles eram bonitinhos.
— Ele é muito bonito — admiti, curiosa em quantas garotas como eu este cara
encontrou.
Ele balançou sua cabeça em divertimento enquanto ele trabalhava em sua
pintura. — Com certeza. Acho que ele precisaria ser para você arriscar tanto,
hein? Alquimistas nunca se apaixonam por Moroi que não sejam bonitos e
filósofos.
— Eu nunca disse que ele era filósofo.
— Ele é um vampiro —muito bonito— que pinta. Você está dizendo que ele não
filosofa?
Senti minhas bochechas corarem um pouco.
— Ele filosofa um pouco. Tudo bem… muito.
Meu vizinho riu de novo, e nós dois pintamos em silêncio por um tempo. Depois,
do nada, ele disse — sou Duncan.
Eu fiquei tão assustada, que minha mão sacudiu, causando minha banana já
muito ruim parecer bem pior. Em mais de três meses, estas foram as primeiras
palavras genuinamente civilizadas que alguém tinha falado para mim. — Eu…
Eu sou Sydney. — Eu disse automaticamente.
— Eu sei — ele falou. — E prazer em conhecê—la, Sydney.
Minha mão começou a tremer, me forçando a assentar meu pincel. Eu tinha
conseguido passar por meses de privação no escuro, suportei as encaradas e
xingamentos dos meus colegas, e de alguma forma sobrevivi a passar mal por
medicamentos sem uma lágrima. Mas este pequeno ato de gentileza, este
bacana e comum gesto entre duas pessoas… bem, quase me quebrou quando
nada mais tinha. Fez cair a ficha como quão longe eu estava de tudo — de
Adrian, meus amigos, segurança, sanidade… tudo tinha partido. Eu estava aqui
nesta prisão fortemente regulamentada de um mundo, onde cada movimento
meu era governado pelas pessoas que queriam modificar a maneira como eu
pensava. E não havia qualquer sinal de quando eu sairia daqui.
— Vamos, vamos — falou Duncan bruscamente. — Sem nada disso. Eles amam
quando você chora.
Eu lutei contra as lágrimas e acenei apressadamente, conforme recuperava meu
pincel. Eu coloquei—o de volta na tela, mal prestando atenção no que eu fazia.
Duncan também continuou a pintar, seus olhos em seu trabalho, conforme falava
mais.
— Você provavelmente terá melhorado e poderá comer quando der a hora de
jantar. Mas não se empanturre. Seja inteligente sobre o que você come – e não
se surpreenda se achar outra comida favorita sua no cardápio.
— Eles realmente sabem como insistir em algo, não sabem? – Eu resmunguei.
— Sim. Sim, eles sabem. – Mesmo sem olhá—lo, eu poderia dizer que ele estava
sorrindo, porém sua voz logo se tornou séria novamente. – Você me lembra de
uma pessoa que eu conheci aqui. Ela era minha amiga. Quando os poderosos
chefões perceberam que éramos amigos, ela foi mandada para longe. Amigos
são armaduras, e eles não gostam disso aqui. Você entende o que eu estou
querendo te dizer?
— E—Eu acho que sim, — eu disse.
— Ótimo. Porque eu gostaria que fôssemos amigos.
O badalar sinalizava o som do fim da aula e Duncan começou a coletar suas
coisas. Ele começou a ir para longe e eu me peguei pensando, —qual era o
nome dela? Da sua amiga que foi levada?—
Ele pausou, e um olhar de dor cruzou seu rosto o que e imediatamente eu me
arrependi de perguntar. – Chantal, — ele disse pelo menos, sua voz meramente
um sussurro. – Eu não a vejo faz quase um ano.
Algo em seu tom de voz me fez pensar que ela deveria ser mais que uma amiga.
Mas eu poderia pensar muito sobre quando eu processei o resto do que ele havia
dito.
— Um ano…—Eu olhei novamente. – O que você fez para estar aqui?
Ele simplesmente me deu um sorriso triste. – Não esqueça sobre o que eu te
falei Sydney. Sobre amizades.
Eu não esqueci. Quando ele não falou mais comigo pelo resto do dia e ao invés
disso, comeu junto com os outros brilhantes e risonhos detentos, eu entendi. Ele
não poderia demonstrar nenhum tratamento especial, não quando nossos rivais
e os olhos invisíveis dos alquimistas estavam sempre nos observando. Mas suas
palavras queimavam dentro de mim, dando—me forças. Amigos são armaduras.
Eu gostaria que fôssemos amigos. Eu estava presa neste lugar horrível, cheio
de tortura e controle mental… mas eu tinha um amigo – um amigo – mesmo que
ninguém mais soubesse. Era revigorante, e esse conhecimento me ajudou a
seguir para outra aula cheia de propaganda Moroi e me sustentou quando uma
garota tropeçou em mim no corredor com um sussuro – meretriz de vampiros.
Nossa última aula não era uma aula de modo geral. Era uma sessão chamada
—hora da comunicação,— e acontecia em um lugar que eles chamavam de o
santuário, onde aparentemente cultos de domingo também aconteciam. Eu
tomei nota disso porque eu teria uma forma de marcar o tempo. Era uma bela
sala, com tetos altos e bancos de madeira. Sem janelas, porém. Aparentemente
eles estavam realmente engajados em cortar todo tipo de forma de fuga – ou
talvez isso fosse para simplesmente nos privar de ver o Sol e o céu de vez em
quando.
Uma parede do santuário estava cheia de escrituras, e eu demorei em frente
dela conforme meus companheiros detentos entravam na sala. Aqui, em tijolos
pintados de branco, havia uma gravação, de todos aqueles que passaram por
aqui antes de mim, escrita por suas próprias mãos. Alguns eram pequenas e iam
direto ao ponto: Perdoe—me, eu pequei. Outras, cheias de parágrafos,
detalhando crimes conscientes e como seus autores clamavam por redenção.
Umas estavam assinadas outras, anônimas.
— Nos chamamos aqui de Parede da Verdade, — disse Sheridan, andando até
mim com uma prancheta. – Algumas vezes, as pessoas se sentem melhor após
confessarem seus pecados nela. Talvez você gostaria de tentar?
— Mais tarde, talvez. – Eu disse.
Eu a segui para um círculo de cadeiras, colocados longe dos bancos. Todos
estavam sentados e ela não comentou nada quando meus vizinhos arrastaram
suas cadeiras para alguns centímetros mais longe. Hora da Comunicação,
parecia um tipo de terapia grupal, e Sheridan se engajou em fazer com que o
círculo falasse sobre o que todo mundo havia aprendido hoje. Emma foi a
primeira a falar.
— Eu aprendi que apesar de ter progredido em restaurar minha alma, eu ainda
tenho um longo caminho a seguir antes de atingir a perfeição. O pior pecado é
desistir, eu irei seguir até que eu esteja completamente imersa na luz.
Duncan sentado ao lado dela, falou, — eu progredi na arte. Quando nós
começamos a aula hoje, eu não achei que algo bom poderia sair dali. Eu, porém,
estava errado.
Qualquer tentação que poderia ter me dado de sorrir foi cortada rapidamente
quando a garota ao meu lado falou, — eu aprendi hoje o quão grata eu sou em
não ser tão ruim quando alguém como Sydney. Questionar minhas ordens foi
errado, mas pelo menos eu nunca deixei um deles colocar suas mãos profanas
em mim.
Eu estremeci e esperei que Sheridan elogiasse a menina por sua virtude, mas
ao invés disso, Sheridan fixou seus olhos frios na menina. – Você acha que isso
é verdade, Hope? Você acha que tem razão em declarar quem é melhor e quem
é pior entre vocês? Vocês estão todos aqui porque cometeram crimes graves,
não tenham dúvidas disso. Sua insubordinação pode não ter resultado no
mesmo resultado depravado de Sydney, mas se encontra em um lugar tão
escuro quanto. Falhar em obedecer, falhar em atender àqueles que sabem
mais… isso é um pecado em questão e você é tão culpada quanto ela.
Hope estava tão branca, era um questionamento do porquê alguém ainda não a
acusou de ser um Strigoi. – E—Eu não quis—isso é—eu—
— Está bem claro que você não aprendeu o tanto que você pensa que aprendeu
hoje, — disse Sheridan. – Acho que você precisa fazer alguns aprendizados
posteriores. – e através de outro comando invisível, seus capangas apareceram
e transportaram para fora uma protestante Hope. Eu me senti doente por dentro,
e não tinha nada a ver com minha expiação de mais cedo. Eu me perguntei se
ela iria passar pelo mesmo destino, apesar de sua culpa aqui ser por conta do
orgulho, não a defesa de um Moroi.
Sheridan se voltou para mim agora. – E você Sydney? O que você aprendeu
hoje?
Todos aqueles olhos se voltaram para mim. – Eu aprendi que eu tenho ainda
muito que aprender.
— De fato você tem, — ela replicou solenemente. – Admitir isso é um grande
passo para a redenção. Você gostaria de compartilhar sua história com os
outros? Você acharia libertador.
Eu hesitei sob o peso daqueles olhares, incerta do que responder e me colocar
em mais problemas. – eu… eu gostaria, — eu comecei, devagar. – mas eu ainda
não acho que esteja preparada. Eu ainda estou muito sobrecarregada disso tudo.
— Isso é entendível. – ela disse, me fazendo cair em alívio. – Mas uma vez que
você perceber o quanto todos cresceram aqui eu acho que você irá querer
compartilhar. Você não pode superar seus pecados se você os mantiver
trancados em si.
Havia um tom de aviso em sua voz que era impossível de não perceber, e eu
respondi com um solene acenar. Misericordiosamente, após isso, ela se voltou
para outra pessoa, e eu fui poupada. Eu passei o resto da hora escutando eles
tagarelando sobre o quão incrível era o progresso que eles haviam conseguido
comparado à escuridão em suas almas. Eu me perguntei quantos deles diziam
o que queriam dizer e quantos estavam só tentando se livrar dali como eu, e
também pensei: se eles fizeram realmente tamanho progresso, então por que
eles ainda estão aqui?
Após a hora da comunicação, nós fomos dispensados para a janta. Esperando
em linha, eu escutei os outros falando sobre como o frango à parmegiana fora
trocado por fettuccine Alfredo. Eu também escutei alguém falar que fettuccine
Alfredo era a comida preferida de Hope. Quando ela se juntou ao final da fila,
pálida e trêmula – e sendo evitada pelos outros – eu percebi o que havia
acontecido.
Frango à parmegiana era minha comida de infância preferida – o que
provavelmente as autoridades souberam pela minha família – e estava
originalmente no cardápio para me punir e punir meu estômago enjoado. O ato
de insubordinação de Hope superou o meu, porém, resultando em uma troca de
jantar de último minuto. Os alquimistas estavam realmente sérios em reforçar
suas questões.
O rosto miserável de Hope confirmava—se conforme ela se sentava sozinha em
uma das mesas vazias e observava sua comida sem tocá—la. Apesar de estar
com muito sal para mim, eu estava pelo menos no ponto onde eu podia comer
alguns dos lados mais suaves e o leite. Assistindo ela então, esquecida como
eu, me abateu profundamente. Mais cedo naquele dia eu havia visto ela no meio
da vida social com os outros. Não ela foi afastada, simplesmente assim. Vendo
uma oportunidade, eu comecei a levantar, pretendendo me unir a ela. Do outro
lado da sala, Duncan, que estava sentado e conversando prazerosamente com
um outro grupo, chamou minha atenção e me deu uma forte negação com a
cabeça. Eu vacilei por alguns instantes e sentei novamente, me sentindo
envergonhada e covarde por não ficar junto com outra pária.
— Ela não teria te agradecido por isso, — ele murmurou para mim após o jantar.
Nós estávamos na instalação da pequena livraria, com permissão para escolher
um livro para levar para a leitura de cabeceira. Todos os livros eram de não—
ficção, reforçando os princípios dos Alquimistas. – Essas coisas acontecem, e
ela estará junta aos outros amanhã. Você indo até ela poderia ter chamado a
atenção e talvez demorado essa reintegração. Pior, se ela tivesse agradecido a
você, os poderosos chefões poderiam ter percebido e pensado que as
problemáticas estavam se agrupando.
Ele selecionou um livro de forma meio aleatória e saiu antes que eu pudesse
responder. Eu queria perguntá—lo a que ponto eu seria aceita pelos outros – ou
se eu seria algum dia aceita. Claramente todos passaram pelo que passei em
algum momento. E claramente eles se engajaram e entraram no mundo social
dos detentos.
De volta ao meu quarto, Emma deixou claro que não haveria avanços com ela.
– Eu estou progredindo bem, — ela disse afetadamente. – Eu não preciso que
você arruíne tudo isso com suas perversões. Não interaja comigo. Nem mesmo
me olhe se você puder fazer isso.
Com isso, ela pegou seu livro e deitou na cama de costas para mim
propositalmente. Eu não ligava, contudo. Não era diferente de nenhuma outra
atitude que eu recebi hoje, e agora eu tenho uma preocupação muito maior em
minha mente. Eu quase não havia me permitido pensar sobre isso até agora.
Tiveram provações e sofrimentos demais para eu superar, mas agora nós
estamos aqui. O final do dia. Uma vez que eu estava de pijamas (idêntico ao dia
da purificação) e já tinha escovado os dentes, eu fui para cama com uma quase
animação constrangida.
Eu iria dormir logo. E eu iria sonhar com Adrian.
A compreensão esteve rodando no fundo da minha mente, me sustentando a
superar meus piores momentos. Foi para isso que eu lutei, o motivo de eu ter
aturado as indignidades de dia. Eu estava fora da cela e livre do gás. Agora eu
poderia dormir normalmente e sonhar com ele, fornecida pela minha ansiedade
que não me manteria acordada.
Conforme percebi, isso não seria um problema. Após de uma hora de leitura, o
badalar soou e as luzes se desligaram automaticamente. Porta do quarto era
uma pequena porta de correr, que não chegava totalmente à parede, permitindo
que um fio de luz em frente que eu estava feliz em ver após meses de ficar no
total escuro. Eu escutei um click, como um parafuso que caiu, que mantinha a
porta trancada no lugar. Eu me aconcheguei nas cobertas, cheia de animação…
e de repente comecei a me sentir cansada. Muito cansada. Um minuto, eu estava
imaginando o que dizer ao Adrian; no outro, eu mal poderia manter meus olhos
abertos.
Eu lutei contra, forçando minha mente a se manter focada, mas era uma pesada
e forte neblina que estava descendo em mim, pesando em mim e tomando minha
mente. Era uma sensação que eu estava já muito familiarizada.
— Não… – eu tentei dizer. Eu não estava livre do gás. Eles ainda estavam
regulando nosso sono, provavelmente para garantirem que não haja conivências
após a hora. Eu estava exausta demais para pensar sobre. Um denso sono logo
se apossou de mim, me puxando para a escuridão que não possuía sonhos.
E não havia chances de escapar.
Capítulo 06 NINA ERA UMA BOA PARCEIRA PARA BEBER e não era só porque ela
conseguia manter seu licor.
Mesmo quando não estava utilizando ativamente o espírito, ela possuía a mesma
intuição que os usuários de espírito naturalmente possuíam. Ela rapidamente
entendia quando eu queria falar sobre algo e, mais importante que isso, quando
eu não queria. Nós começamos em um bar quieto, e eu estava feliz de deixá-la
fazer o trabalho de falar. Não parecia que ela havia feito amigos nestes últimos
meses na Corte, e com a saída de Olive, Nina teve poucas chances para
desabafar.
- Eu simplesmente não compreendo, – ela disse. – As pessoas quase parecem
ter medo de mim. Quero dizer, elas dizem que não têm, mas eu posso dizer que
sim. Elas me evitam.
- O espírito ainda assusta muita gente, é só isso. E eu posso te dizer isso, após
viver ao redor de Moroi, dhampirs, e humanos, é um fato que as pessoas têm
medo do que elas não podem entender.
Eu enfatizei meu ponto agitando minha bebida. – e a maioria é muito preguiçosa
ou ignorante para procurar sobre.
Nina sorriu, mas ainda parecia melancólica. – Sim, mas todo mundo parece
aceitar Dimitri e Sonya. E eles na verdade, eram Strigoi. Parece que é muito mais
difícil de lidar com a garota que só auxiliou na restauração.
- Oh, aconteceram muitas coisas loucas quando aqueles dois foram inicialmente
restaurados, acredite em mim. Mas a reputação galante de Dimitri e seus atos
heroicos logo se sobrepuseram a isso. Então Sonya conseguiu sua própria fama
com toda aquela história de —Vacina de Strigoi’.
- É isso que precisamos fazer? – Nina perguntou. – Será que eu – e Olive –
teremos que fazer boas ações para que assim as pessoas esqueçam nosso
passado?
- Você não deve fazer nada que você não queira fazer, – eu disse ferrenhamente.
– Foi por isso que Olive se foi? Será que era tão difícil de estar ao redor dos
outros?
Nina franziu o cenho e olhou pela parte inferior de seus óculos. Ela estava
bebendo cosmos, bebida com fruta demais para o meu gosto. Eu tomei um
tempo à toa para me perguntar sobre que tipo de bebida Sydney iria beber, isso
se ela alguma vez se permitiu se satisfazer. Algum tipo de coquetel como esse?
Não, eu instantaneamente soube que se Sydney fosse beber alguma vez, seria
vinho, e ela seria uma daquelas pessoas que poderia dizer a você o ano, a região
e os componentes da terra onde as uvas cresceram, baseado em um pequeno
gole. Eu? Teria sorte se conseguisse dizer a diferença entre um vinho em caixa
e um vinho em garrafa. Pensar nela me fez começar a sorrir, e eu rapidamente
escondi, para que Nina não visse e achasse que eu estava rindo dela.
- EU não sei o porquê Olive se foi, – ela disse por último. – E isso é tão ruim
quanto sua primeira ida. Eu sou sua irmã, eu a trouxe de volta! – Nina
arremessou sua cabeça para cima e lágrimas brilhavam em seus olhos cinza. –
Se tem algo a incomodando, ela deveria vir a mim primeiro. Após tudo o que eu
passei por ela… ela acha que eu não a escutaria? Será que ela não sabe o
quanto eu a amo? Nós compartilhamos do mesmo sangue; essa é uma ligação
que nada, nem ninguém pode quebrar. Eu faria tudo por ela – tudo – se ela só
me pedisse, se ela só confiasse o suficiente em mim para pedir…
Ela tremeu, e havia um pequeno desequilíbrio na qualidade de sua voz, um que
eu conhecia. Acontecia comigo quando o espírito começava a me fazer sentir
instável.
– Talvez ela sinta que você já tenha feito muito por ela, – eu disse, colocando
gentilmente minha mão sobre a sua. – Você já a alcançou em seus sonhos?
Nina concordou, se acalmando um pouco. – Ela sempre me diz que ela está bem
e que ela só precisa de mais tempo.
- Bem, aqui está. Minha mãe me disse a mesma coisa quando ela estava presa.
Às vezes, as pessoas precisam trabalhar nas coisas por elas mesmas.
-Eu acho que sim,- ela disse. – Mas eu ainda odeio o fato dela estar sozinha. Eu
gostaria que tivesse ido para Neil ou outra pessoa.
- Acho que ele deseja isso também. Mas ele ficará feliz em saber que ela só está
clareando a mente. Ele provavelmente respeita toda aquela coisa de jornada
solidária. – eu terminei minha bebida e vi que a dela estava acabando também.
- Outra rodada? – ela perguntou.
-Nah. – eu levantei e deixei um pouco de dinheiro sobre a mesa. – Vamos achar
um cenário diferente. Você disse que queria conhecer mais gente, certo?
- Sim… – sua voz ficou cautelosa, conforme ela se levantava junto comigo. –
Você sabe onde encontrar alguma festa ou algo assim?
- Eu sou Adrian Ivashkov, – eu declarei. – As festas me acham.
Isso era um pequeno exagero, já que na verdade eu deveria buscar uma… mas
eu estava certo da minha primeira tentativa. Uma nobre que esteve em minha
sala em Alder, Vanessa Szelsky, costumava sempre dar festas aos finais de
semana, nas acomodações de seus pais na Corte, e eu não tinha motivos para
achar que as coisas haviam mudado em menos de um ano, especialmente desde
que eu havia escutado que seu pais continuavam viajando excessivamente.
Vanessa e eu nos pegamos algumas vezes durante esses anos, o suficiente
tanto que ela me respeitava de forma bem favorável, mas não no nível de poder
me evitar ou ficar chateada por invadir sua festa com outra garota.
- Adrian? – ela exclamou, empurrando-se pelo embalado pátio, atrás da casa de
seus pais. – É realmente você?
- Em carne. – Eu beijei a bochecha de Vanessa. – Vanessa, essa é Nina. Nina,
Vanessa.
Vanessa deu a Nina uma rápida inspeção e levantou uma sobrancelha em
surpresa. Vanessa era uma garota da alta sociedade se em algum lugar houver
uma, e apesar dela provavelmente chamar isso de festa —casual—, seu vestido
indubitavelmente veio da coleção de primavera de algum famoso designer. Ter
seus cabelos e maquiagem prontos para esta noite custou provavelmente mais
do que toda a roupa de Nina, que era apropriado para o trabalho de secretariado,
mas era, na melhor das hipóteses, da prateleira de uma loja de departamento de
médio porte. Não me incomodava, no mínimo, mas eu via que Vanessa estava
deliberando. Nina percebeu isso também e apertou suas mãos nervosamente.
Pelo menos, Vanessa deu de ombros e deu a Nina um genuíno sorriso amigável.
- Prazer em conhecê-la. Qualquer amigo de Adrian é bem vindo aqui –
especialmente a partir do momento que você organizou para que ele saísse. –
Vanessa fez beicinho, coisa que indubitavelmente ela praticara centenas de
vezes em frente ao espelho para fazê-la parecer ainda mais adorável. – Onde
esteve? Você sumiu da face da Terra.
- Negócio ultra secreto do governo, – disse, tentando fazer minha voz soar
sinistra, mas ainda audível, acima da música. – eu gostaria de poder falar para
vocês, senhoritas, um pouco mais, mas quanto menos se sabe, melhor. Para
sua própria proteção.
Ambas zombaram com isso, mas eu ganhei minhas boas-vindas, e Vanessa nos
acenou para prosseguirmos. – Venham e peguem uma bebida. Sei de várias
pessoas que ficarão felizes em ver você.
Nina inclinou-se na minha direção enquanto caminhávamos através da multidão
– acho que eu talvez fique fora do meu alcance aqui.
Coloquei um braço ao redor dela para conduzi-la depois de um rapaz balançando
seus braços descuidadosamente ao contar uma história maluca. – Você ficará
bem. E sério, estas pessoas são como qualquer outra que você conhece.
- As pessoas que conheço não comem normalmente camarão nas suas
melhores porcelanas em uma mão enquanto tomam champanhe na outra.
- Tecnicamente – eu disse -, esses são camarões pequenos, não camarões, e
eu tenho certeza que este na verdade é a segunda melhor porcelana da mãe
dela.
Nina rolou seus olhos para mim mas eu não tive a chance de dizer muito mais à
medida que a notícia espalhou que Adrian Ivashkov estava de volta. Nina e eu
encontramos bebidas e arranjamos cadeiras perto de um largo de carpas, onde
pessoas reuniram-se para virem conversar conosco. Alguns eram amigos que
eu tinha festejado regularmente antes de partir para Palm Springs. Muitos outros
eram aqueles atraídos pela fascinação e sigilo do meu longo desaparecimento.
Eu nunca tive muita dificuldade em atrair amigos, mas um passado misterioso
de repente elevou meu estoque mais do que qualquer coisa que eu poderia ter
inventado.
Deixei escapar que Nina era uma usuária de espírito também e não interrompi
os outros de chegarem à conclusão que ela era parte de qualquer negócio
clandestino que eu estivesse envolvido. Eu fiz questão de aprensentá-la
particularmente para alguns das menos enfadonhas crianças da realeza que eu
conhecia, na esperança que ela talvez saísse daqui hoje à noite com alguns
conhecidos sólidos. Enquanto para mim, eu assumi o papel que eu não fazia há
eras e praticamente senti como um rei em meu próprio reino. Uma coisa que eu
tinha aprendido ao longo dos anos era que confiança tinha um efeito poderoso
nos outros, e se você agisse como se você merecesse atenção deles, eles
acreditariam. Brinquei e flertei de uma forma que não fazia há meses e fiquei
surpreso como facilmente tudo voltou para mim. O ápice dessa atenção foi
inebriante, mas, como qualquer outra coisa, parecia vazio sem Sydney na minha
vida. Logo eu me encontrei cortando o álcool enquanto a noite prosseguia. Por
mais que eu amasse a fuga que as bebidas me traziam, eu estava determinado
a procurar por Sydney de novo antes de ir para cama. E precisava de sobriedade
para isso.
- Olha, olha, vejam quem voltou – uma voz desagradável de repente disse. – Eu
não teria imaginado que você teria coragem para mostrar seu rosto em público
depois da última vez.
Wesley Drozdov, babaca extraordinário, parou diante de mim, flanqueado por
seus lacaios, Lars Zeklos e Brent Badica. E permaneci sentado e fiz um grande
show ao olhar em volta e atrás de mim. – Você está falando com si mesmo? Eu
não vejo um espelho em lugar algum. E sério, sua atuação não foi tão ruim. Você
não deveria ficar tão para baixo por causa de um pequeno constrangimento
como esse.
- Pequeno? – Perguntou Wesley. Ele deu um passo a frente e cerrou seus
punhos, mas eu me recusei a me mover de onde eu estava. Ele deixou sua voz
baixa. – Você sabe o quanto de problema eu me meti? Meu pai teve de contratar
um bando de advogados para tirar daquilo! Ele estava furioso.
Eu botei um olhar de simpatia fingida e falei alto, fazendo-o se retrair. – Eu
também ficaria, se uma garota humana chutasse o traseiro do meu filho. Oh,
espere. Eu quem foi que chutou seu traseiro.
Nós tínhamos atraído um grande público, como estas coisas sempre faziam, e
Vanessa logo veio correndo para perto. – Ei, ei – ela requereu. – O que está
acontecendo?
- Oh, o de sempre – eu disse, dando a ela um sorriso preguiçoso. – Recuperando
o tempo perdido, rindo de tempos passados. E se eu tiver aprendido uma coisa,
é que Wesley me faz rir e rir.
- Você sabe o que me faz rir? – Wesley retrucou. Ele acenou em direção à Nina.
– Sua acompanhante barata aqui. Eu já a vi antes. Ela é a recepcionista no
escritório de meu pai. Você prometeu que daria a ela um emprego melhor se ela
dormisse com você?
Senti Nina se endurecendo ao meu lado, mas eu não me atrevi deslocar meu
olhar dos caras parados na minha frente. Eles começaram como um incômodo,
mas agora eles estavam acendendo uma raiva sombria, não característica em
mim. Olhar nos olhos de Wesley trouxe de volta todas as memória daquela noiva
com Sydney quando ele e seus capangas planejaram em ganhar vantagem em
cima dela. Pensamentos dos danos que eles pretendiam para ela misturaram
com os medos de todos os perigos desconhecidos que ela talvez estivesse
enfrentando agora.
Tornaram-se um e o mesmo, fazendo meu peito se apertar em raiva e medo.
Destrua-os, Tia Tatiana sussurrou na minha mente. Faça-os pagar.
Tentei ignorá-la e ocultar minhas emoções o melhor que podia. Ainda usando
um sorriso idiota, eu disse
- Por isso, não. Ela está aqui comigo por escolha. Eu sei que isso é
provavelmente um conceito estranho para você, considerando eu histórico com
garotas. Vanessa, acho que Wes estava prestes a contar aquela história quando
você apareceu – sobre o —bando— de advogados que seu pai teve de contratar
para encobrir como ele e sua comitiva aqui tentaram salpicar com uma humana
que era uma convidada da rainha? – Eu fiz um gesto grandioso. – Por favor,
continue. Conte-nos como tudo se resolveu. E se eles deixaram você ficar com
as drogas que você iria usar nela. Talvez venha a calhar com algumas das
moças por aqui, hein?
Quebrei contato visual com Wesley tempo o suficiente para dar uma piscada
exagerada para um grupo de garotas horrorizadas paradas perto. Eu tinha
certeza que o quê Wesley tinha tentado fazer não era de conhecimento comum,
nem tinha a intenção de ser quando chegou a mim falando sobre seu passado e
advogados de seu pai. Humanos talvez fossem menos nos olhos de muitos
Morois, mas salpicar – o ato de drogar um humano não alimentador e beber
deles contra sua vontade – era um pecado bem feio entre nossa espécie.
Humanos atraentes eram especialmente desejáveis para os cafajestes que
tentavam isso, e Sydney tinha atraído o olhar de Wesley na última visita dela.
Ele e os outros tentaram atacá-la, pensando que eu ajudaria. Eu acabei
atacando-os com um gralho de árvore até os guardas aparecerem no local.
Eu não precisava das arfadas em volta de nós para confirmar que a história não
tinha chegado às notícias locais. O rosto zangado de Wesley me disse tanto. –
Seu filho da mãe…
Ele investiu em mim, mas eu estava esperando isto e tinha o espírito pronto.
Telecinese não era uma habilidade de espírito que eu usava tanto assim, mas
estava bem dentro do meu alcance.
Destrua-o! Destrua-o! Tia Tatiana insistiu.
Optei por algo um pouco menos selvagem. Com um pensamento, e mandei um
daqueles chiques pratos de porcelana que Nina havia comentado voar na
direção do rosto de Wesley. Ele o cortou com força ao lado da cabeça,
despejando nele camarões e alcançando meus dois objetivos de dor e
humilhação.
- Isso é um truque barato de usuário de ar! – Ele rosnou, tentando se mover em
minha direção de novo. O ataque perdeu um pouco de seu impacto já que ele
ainda estava tirando os camarões.
- Que tal isso? – Perguntei. Com um gesto da minha mão, o avanço de Wesley
se interrompeu. Os músculos de seu corpo e rosto esticaram enquanto ele
ordenava seus membros se moverem, mas a energia do espírito os bloquearam.
Teria sido difícil para um usuário de ar dar conta deste tipo de completa
imobilidade, e com certeza para diabo não era fácil para mim também, já que eu
estava apenas um pouco sóbrio e estava usando uma habilidade desconhecida
para mim. O efeito que ela gerava valia o esforço, julgando pelos olhares de
admiração nos rostos de todos. Juntei o que consegui do que restou do espírito
para me fazer parecer extra carismático para aqueles em volta. Era impossível
compelir uma multidão, mas o espírito usado corretamente poderia fazer você
muito mais cativante para os outros.
- Da última vez, vocês perguntaram se eu era um grande, mau usuário de espírito
– eu comentei. – A resposta? Sim. E eu realmente não gosto quando babacas
como vocês humilham qualquer garota – humana ou Moroi. Então, se você
quiser se mexer de novo, você primeiro irá se desculpar com a minha linda amiga
aqui. Depois você irá se desculpar com Vanessa por arruinar sua festa, que
estava bastante incrível até vocês aparecerem suas caras nojentas e
desperdiçarem seus camarões.
Era um blefe. Usar telecinece para prender uma pessoa inteira gastava um
montante ridículo de espírito, e eu estava me esgotando. Wesley não sabia
disso, no entanto, e ele estava apavorado em ficar imobilizado.
Por que parar aí? Tia Tatiana exigiu. Pense no que ele fez com Sydney!
Ele não teve sucesso. Eu a lembrei.
Não importa! Ele tentou machucá-la. Ele tem que pagar! Não o congele com
espírito! Use-o para esmagar seu crânio! Ele precisa sofrer! Ele tentou machucá-
la!
Por um momento, suas palavras e aquela tempestade de emoções cresceram
em meu peito ameaçando me sobrepor. Ele tinha tentado machucar Sydney, e
talvez eu não pudesse parar seus sequestradores atuais, mas eu poderia parar
Wesley. Eu poderia fazê-lo pagar, fazê-lo sofrer por apenas pensar em machucá-
la, ter certeza que ele nunca mais fosse capaz…
- Desculpe-me – Wesley disse rápido para Nina. – E para você também,
Vanessa.
Eu hesitei por um momento, dividido entre o olhar desesperado em seu rosto e
as insistências de Tia Tatiana – insistências que eu parte sombria de mim
secretamente queria ceder. Logo, a decisão foi feita por mim. Eu não conseguiria
segurar por mais tempo se eu quisesse. Meu domínio do espírito desapareceu,
e ele desabou no chão em um monte deselegante. Ele apressou-se para ficar de
pé e rapidamente se afastou, com Brent e Lars o sombreando como os
bajuladores que eles eram. – Isto não acabou – Wesley avisou, se sentindo
corajoso uma vez que ele tinha colocado mais distância entre nós. – Você se
acha intocável, mas você não é.
Você mostrou fraqueza a ele, Tia Tatiana me disse.
- Saia – ordenou Vanessa. Ele deu um aceno em direção a dois de seus maiores
amigos homens, que estavam mais do que felizes em ajudar Wesley em direção
à porta. – E não pensem nunca mais em voltar para qualquer uma de minhas
festas de novo.
Pelo murmúrio dos outros, Wesley e seus comparsas não iriam ser bem-vindos
em festa alguma por um longo, longo tempo. Mas eu? De repente, eu era ainda
mais uma estrela do que já era. Não apenas eu estava envolto de segredos, mas
eu também tinha usado o ainda pouco compreendo poder do espírito para
colocar um aspirante a mulherengo em seu lugar. As garotas na festa amaram
isso. Até mesmo os rapazes gostaram. E ganhei mais convites e amigos do que
jamais tive em minha vida – e isso queria dizer algo.
Mas eu também estava exausto. O sol estava ameaçando surgir no horizonte, e
eu ainda estava no horário humano. Recebi os bons desejos com a muita
humildade que consegui e tentei fazer meu caminho para a porta, prometendo a
cada pessoa que eu faria questão de sair com eles depois. Aqui, Nina se
intrometeu para me ajudar, me conduzindo através da multidão, assim como eu
a guiei mais cedo, e dando dicas sobre negócios oficiais que eu supostamente
tinha que lidar.
- O único negócio que eu quero ter agora é com o meu travesseiro – eu disse a
ela com um bocejo, uma vez que tínhamos nos livrado da casa de Szelsky. –
Estou quase morto em meus pés.
- Aquela foi uma mágica da pesada que você fez – ela me contou. – Eu quase
nem notei que você havia parado de beber. Restrição bastante impressionante.
- Se eu tivesse como, eu viveria em um constante estado de alcoolismo – eu
admiti. – Mas eu tento ficar sóbrio algumas vezes por dia. É… É difícil explicar,
e eu não posso na verdade, mas tem algo que eu preciso fazer que necessita do
meu juízo e espírito. Coincidiu de dar sorte hoje à noite que Wesley fez sua
aparição naquela hora. Eu não teria sido tão impressionante se eu tivesse que
dar conta de uma luta de braço.
Nina sorriu. – Eu tenho fé em você. Aposto que você teria sido incrível.
- Obrigado. Desculpe pelo o que ele disse a você.
- Tudo bem – ela disse encolhendo os ombros. – Estou acostumada.
- Mas isso não quer dizer que você precisa gostar – falei.
Alguma coisa vulnerável em seus olhos me disseram que eu tinha acertado algo,
que aqueles comentários a marcaram profundamente. – Sim… Quer dizer,
normalmente não dizem coisas assim tão explicitamente, mas eu tenho visto
essa atitude em pessoas que eu tenho que lidar no trabalho. Entretanto você
estava certo sobre a festa. Alguns deles não eram tão ruins quanto eu imaginava.
– Sua voz de repente se tornou tímida. – E obrigada… obrigada por me defender.
Suas palavras e minha pequena vitória sobre Wesley me deram mais auto-
determinação do que tive em semanas. Meu humor, que esteve se afundando
em escuridão e auto-aversão por tanto tempo, levantou dramaticamente. Eu não
era imprestável no fim das contas. Talvez eu não estive sendo capaz de
encontrar Sydney ainda, mas eu ainda era capaz de pequenas coisas. Eu não
poderia desistir da luta ainda. Quem sabe? Talvez hoje minha sorte iria mudar.
Eu mal poderia esperar em acompanhar Nina de volta a sua casa para que eu
pudesse voltar para a minha e procurar por Sydney.
Quando voltei, no entanto, estava claro que minha sorte continuaria a mesma
nesse quesito. Sem Sydney. Aquele inebriante humor desabou, mas ao menos
eu estava tão exausto que eu tive pouco tempo para me repreender por causa
do fracasso. Caí no sono prontamente logo em seguida e dormi até quase à
metade do outro dia vampiresco enquanto meu corpo continuava descobrindo
em qual programação eu estava.
Quando eu acordei, meu telefone tinha uma mensagem de minha mãe, me
lembrando do jantar mais tarde. Quando eu chequei a caixa de voz no telefone
da minha suíte, eu descobri cerca de um milhão de mensagens dos meus novos
—amigos—. O número do meu telefone celular não era amplamente conhecido,
mas um monte de festeiros tinha dado um jeito de descobrir em qual prédio de
visitantes eu estava e mandou mensagens por esse meio. Eu tinha
oportunidades sociais por meses.
Mas hoje, eu tinha apenas uma que importava. Do meus pais. Eu não me
importava muito com o meu pai, mas minha mãe tinha saído de seu caminho
para me resgatar. Minha mãe tinha saído de seu caminho por mim em tantas
coisas, sério, e eu devia isso a ela para ser respeitável na frente de seus amigos
hoje à noite. Permaneci sóbrio por todo o dia e fiz coisas monótonas como lavar
roupa ao invés de ir atrás de qualquer convite que eu tinha – incluindo um que
tinha vindo da Nina. Por mais que eu gostasse dela, e por mais que eu me
divertisse com ela, uma voz interior me disse que era mais sábio manter minha
distância.
Apareci no condomínio dos meus pais dez minutos antes do jantar começar,
usando um terno recém-passado e as abotoaduras da Tia Tatiana, e fui recebido
pelo meu pai na sua grosseria habitual. – Bem, Adrian, eu assumo que qualquer
negócio a rainha tenha lhe trazido para cá, deve ser importante.
O comentário me pegou de surpresa até que minha mãe entrou apressada na
sala, parecendo elegante em uma seda verde esmeralda. – Agora, Nathan,
querido, não tente arrancar segredos de estado dele. – Ele descansou uma mão
em meu braço e deu uma pequena, controlada risada. – Ele esteve em cima de
mim sobre isso desde que a rainha me permitiu acompanhá-lo de volta a seus
negócio aqui. Eu disse a ele que eu queria apenas me atualizar, mas ele tem
certeza que eu sei de coisas que ele não sabe.
Eu finalmente me toquei e lancei a ela um olhar agradecido quando sua atenção
estava em outro lugar. Minha mãe não havia contado a ele que ela tinha me
encontrado em um estupor alcoólico na Califórnia e me salvou de mim mesmo e
de uma espiral descendente. Ela o tinha deixado pensar que era apenas um
gesto materno impulsivo viajar comigo e ainda tinha usado isso como uma
oportunidade para melhorar minha reputação. Eu não tinha necessariamente a
necessidade de esconder meus comportamentos vergonhosos do meu pai, mas
eu tinha de admitir, a vida era certamente mais fácil quando ele não os tinha
esfregando na minha cara. Dizer que ele estava orgulhoso de mim talvez fosse
forçar demais, mas ele certamente parecia satisfeito por enquanto, e isso foi o
suficiente para fazer a noite ser passavel.
Os convidados do jantar eram outros da realeza que eu havia encontrado
algumas vezes através dos anos, pessoas sobre as quais eu conhecia pouco,
exceto que meus pais estavam preocupados em impressioná-los. Minha mãe,
que eu tinha certeza que nunca havia cozinhado ela mesma uma refeição em
sua vida, inspecionou cada detalhe na atuação do chefe deles, garantindo que
cada prato fosse perfeito, seja que estivesse de acordo com o vinho servido ou
simplesmente como fosse posicionado no prato. Depois de um dia de bom
comportamento (e tendo procurado pela Sydney logo antes de vir para cá), eu
me permiti uma amostra de um pouco do vinho, e mesmo que eu pudesse
identificar corretamente a região ou o tipo de solo, eu podia dizer que meus pais
não estavam economizando.
Logo eu aprendi por quê: Este era a primeira tentativa real dos meus pais de
voltar à sociedade desde o retorno da minha mãe da prisão. Ninguém os tinha
convidado para lugar algum desde que ela tinha voltado, então meus pais
estavam fazendo o gesto de abertura, pretendendo mostrar para o mundo da
realiza real Moroi que Nathan e Daniella Ivashkov eram companhias dignas. Isso
estendia a mim da mesma forma, já que meus pais saíram de seus caminhos
para sempre trazerem à tona o —negócio importante— que eu alegadamente
estava. Meu relacionamento com Jill e seu isolamento eram segredos – nem
mesmo meus pais sabiam destes detalhes – mas o trabalho de Sonya com a
vacina era conhecido, e todo mundo estava curioso para aprender mais.
Eu expliquei o melhor que podia, usando termos leigos e evitando segredos de
estado. Todos pareciam impressionados, principalmente meus pais, mas fiquei
agradecido quando a atenção saiu de mim. O jantar ocorreu com algumas
conversas políticas, que eu achei levemente interessante, e conversas de
sociedade, que eu não achei nada interessante. Isso nunca tinha sido coisa
minha, mesmo antes dos eventos que mudam a vida em Palm Springs. Eu não
me importava com pontos de golfe ou promoções de trabalho ou futuros
encontros formais. Ainda consciente de meu papel, eu sorri educadamente por
todo o momento e me contentei a apenas tomar mais do excelente vinho. Pela
hora que o último convidado partiu, eu podia dizer que nós ganhamos eles com
sucesso e que Daniella Ivashkov seria bem-vinda de volta à sociedade da
realeza que ela almejava.
- Bem – ela disse com um suspiro, se afundando em uma das formais
namoradeiras recém-estofadas da sala de estar. – Eu me atrevo a falar que foi
um sucesso.
- Você fez bem, Adrian – me pai adicionou. Isso era um grande elogio, vindo
dele. – Nós temos um pouco menos de problemas para nos preocupar por agora.
Eu terminei o vinho do porto que havia sido servido com a sobremesa. – Eu não
diria que não ser convidado para o chá anual de verão de Charlene Badica
constitui um —problema—, mas se eu puder ajudar, fico satisfeito.
- Ambos ajudaram a consertar o dano que você causou para esta família. Vamos
esperar que isso continue. – Ele se levantou e espreguiçou. – Estou indo para
meu quarto. Verei vocês dois pela manhã.
Ele já havia ido por uns trinta segundos quando o impacto total de suas palavras
penetraram em meu cérebro encharcado de vinho. – Quarto dele? Não é seu
quarto também?
Minha mãe, ainda parecendo linda depois dessa longa noite, elegantemente
cruzou suas mãos em seu colo. – Na verdade, querido, eu estou dormindo em
seu antigo quarto agora.
- Meu…- e lutei para juntar algum sentido. – Espere. É por isso que você me
mandou para a casa de hóspedes? Pensei que você disse que precisava do meu
próprio espaço.
- Ambos, de verdade. Você precisava de seu próprio espaço. E quanto ao
outro… bem, desde o meu retorno, seu pai e eu decidimos que as coisas corriam
muito mais suave se cada um de nós vivesse sua própria vida aqui… debaixo de
um mesmo teto.
Seu tom era tão fácil e agradável que quase fez ser difícil pegar a gravidade da
situação. – O que isso significa? Vocês vão estão se divorciando? Vocês estão
separados?
Ela juntou as sobrancelhas – oh, Adrian, essas são palavras tão feias. Além do
mais, pessoas como nós não se divorciam.
- E pessoas casadas não dormem em quartos separados – eu argumentei. – De
quem foi essa ideia?
- Foi mútua – disse. – Seu pai desaprova o que eu fiz, e o constrangimento que
causou para todos nós. Ele decidiu que ele não pode perdoar isso, e
honestamente, eu não me importo em dormir por conta própria.
Eu estava boquiaberto – então se divorcie, e fique por conta própria de verdade!
Porque se ele não pode perdoá-la por agir impulsivamente para salvar seu
próprio filho… bem, eu nunca fui casado, mas isso não parece ser o protocolo
de um bom marido. Assim não é a forma que você trata alguém que você ame.
E eu não sei como você consegue amar alguém que a trate assim.
- Querido, – ela disse com uma pequena risada – amor não tem nada a ver com
isso.
- Tem tudo a ver com isso! – Eu exclamei. Eu prontamente baixei minha voz,
temendo que eu sem querer trouxesse meu pai de volta, e eu não estava
totalmente pronto para isso. – Por que outro motivo se casar, ou permanecer
casado, se não por amor?
- É muito complicado – ela disse naquele tipo de tom que ela usava comigo
quando criança. – Há o status para considerar. Não pareceria certo se nós
separássemos. Isso, e… bem, todas as minhas finanças então entrelaçadas com
a de seu pai. Tivemos papéis elaborados quando casamos, e vamos colocar
dessa maneira: se ele e eu nos divorciarmos, eu não teria como me sustentar.
Eu pulei de pé – eu irei sustentá-la então.
Ela encontrou meu olhar ao mesmo nível – com o quê, querido? Com suas aulas
de arte? Eu sei que a rainha não lhe paga por sua ajuda… embora Deus sabe
que ela deveria.
- Eu vou arranjar algum trabalho. Qualquer trabalho. Nós talvez não tenhamos
muito com o que começar, mas você teria pelo menos seu respeito próprio! Você
não precisa ficar aqui, amarrada com o dinheiro e julgamento dele, fingindo que
isto é amor!
- Não há fingimento. Isto é o mais próximo de amor que você pode conseguir no
casamento.
- Não acredito nisso – eu disse a ela. – Eu sei o que é o amor, mãe. Eu tive amor
que queima em cada fibra do meu ser, que me puxa a ser uma pessoa melhor e
me fortalece em cada momento do dia. Se você tivesse tido algo assim, você se
seguraria nele em cada pedaço da força que você possui.
- Você só pensa isso porque você é jovem, e você não conhece nada melhor –
ela estava tão odiosamente calma, que quase me fez mais chateado. – Você
acha que amor é um relacionamento imprudente com uma dhampir, só porque é
excitante. Ou você está se referindo à garota que você estava se lamentando no
avião? Onde ela está? Se o seu amor é tão consumidor e pode triunfar sobre
qualquer coisa, por que vocês não estão juntos?
Boa pergunta, disse Tia Tatiana.
- Porque… não é assim tão fácil – eu disse a minha mãe com os dentes cerrados.
- Não é assim tão fácil porque não é real – ela respondeu. – Pessoas jovens
confundem paixão com —verdadeiro amor— quando não existe tal coisa. Amor
entre uma mãe e seu filho? Sim, isso é real. Mas alguma ilusão romântica que
conquista tudo? Não se engane. Seus amigos, que tiveram romances tão
grandes, eventualmente irão ver a verdade. Esta garota sua, onde quer que
esteja, não vai voltar. Pare de perseguir um sonho e foque em alguém que você
possa construir uma vida estável junto. Isso o que o seu pai e eu fizemos. Isso o
que nós sempre fizemos… e me atrevo a dizer que deu certo para nós.
- Sempre? – Perguntei em voz baixa – você sempre viveu esta fraude?
- Bem – ela admitiu -, algumas partes do nosso casamento foram mais…
amigáveis que outras. Mas nós sempre fomos pragmáticos quanto a isso.
- Você tem sido fria e superficial quanto a isso – eu disse. – Você me disse
quando saiu da prisão, que compreendia as coisas que importavam.
Aparentemente não, se você está desejando continuar com essa farsa, com um
homem que não a respeita, por imagem e dinheiro! Nenhuma segurança
recompensa isso. E eu me recuso a acreditar que isto é o melhor que qualquer
um pode esperar de amor. Há mais sobre isto do que isso. Eu terei mais do que
isso.
Os olhos de minha mãe quase pareceram tristes quando me encontraram –
então onde está está, querido? Cadê sua garota?
Eu não tinha uma boa resposta para ela. Tudo que eu sabia era que eu não
poderia mais suportar ficar ali. Eu disparei para fora do condomínio, surpreso por
sentir as pontadas de lágrimas em meus olhos. Eu nunca imaginei meus pais
como tipos carinhosos, românticos, mas eu acreditava que haveria ainda algum
tipo de forte afeição ao invés de, ou talvez por causa de, suas personalidades
fortes. Ser contado que era uma farsa, que todo amor era uma farsa, não poderia
ter vindo em hora pior. Eu não acreditava nisso, claro. Eu sabia que havia amor
verdadeiro lá fora. Eu havia vivido isso em primeira mão… mas as palavras da
minha mãe penetraram porque eu estava vulnerável no momento, porque não
importava o quão popular eu fosse na Côrte ou quão boas minhas intenções
fossem, eu ainda não estava perto em encontrar Sydney. Minha cérebro não
acreditou na minha mãe, mas meu coração, tão cheio de medo e dúvidas,
preocupou que houvesse verdade nas palavras dela, e aquele sombrio,
melancólico puxão do espírito fez as coisas piores. Fez eu duvidar de mim
mesmo. Talvez eu nunca fosse encontrar Sydney. Talvez eu nunca fosse
encontrar amor. Talvez desejar muito algo não fosse o bastante para fazê-lo
acontecer.
O tempo havia esfriado do lado de fora, e um vento prometeu chuva. Eu pausei
na minha caminhada e tentei alcançar Sydney, mas o vinho do jantar encobriu
meus poderes. Eu desisti e peguei meu celular ao invés, optando por maneiras
mais simples de comunicação. Nina atendeu no segundo toque.
- Ei – ela disse. – Quando eu não ouvi sobre você, pensei… Bem, deixa para lá.
Como está tudo?
- Está melhor. Você quer fazer algo hoje à noite?
- Claro. O que você tem em mente?
- Não importa – eu disse. – Você pode escolher. Eu tenho um milhão de convites.
Nós podemos ir a festas a noite toda.
- Você não precisa de um descanso em algum ponto? – Ela provocou, não
sabendo o quão perto estava em atingir um nervo. – Pensei que você tivesse
dito que tentaria ficar sóbrio de vez em quando.
- Pensei em minha mãe, presa em um casamento sem amor. Pensei em mim,
preso sem opções. E pensei em Sydney, que estava simplesmente presa. Era
tudo excessivo, muito para mim para fazer qualquer coisa a respeito.
- Não hoje à noite – eu disse a Nina. – Não hoje à noite.
Capítulo 07 DEMOROU QUASE UMA SEMANA para os outros detentos pararem de mover
suas mesas para longe de mim ou se encolherem se acontecesse de tocarmos.
Eles ainda não estavam nada perto de serem amigáveis comigo, mas Duncan
jurou que eu estava fazendo progressos extraordinários.
- Eu já vi levar semanas ou mesmo meses para chegar a esse ponto – ele me
disse na aula de artes um dia. – Em breve, você será convidada para sentar com
os garotos legais no almoço.
- Você poderia me convidar – eu apontei.
Ele sorriu enquanto retocava uma folha no projeto ainda-vivo de hoje: replicar a
samambaia que vivia na mesa de Addison.
- Você conhece as regras, criança. Outra pessoa além de mim tem que chegar
a você. Aguente firme. Alguém irá entrar em problemas em breve, e então sua
hora vai chegar. Jonah se complica bastante. Assim como Hope. Você verá.
Desde aquele primeiro dia, Duncan tinha restringindo basicamente nossas
interações sociais para esta aula, além de ocasionais piadinhas nos corredores
se ninguém estava perto o bastante para escutar. Consequentemente, eu me
encontrei ansiando pela hora da arte. Era o único tempo que alguém falava
comigo como se eu fosse uma pessoa de verdade. Os outros detentos me
ignoravam ao longo do dia, e meus instrutores, quer fosse na sala ou nas
sessões de vômito, nunca falhavam em me relembrar da pecadora que eu era.
A amizade de Duncan me centralizava, me relembrando que havia esperança
além deste lugar. Ele ainda era cauteloso, mesmo nesta aula, com sua conversa.
Apesar de ele raramente mencionar Chantal, a amiga, que eu secretamente
acreditava que tinha sido mais que uma amiga, que os Alquimistas haviam
levado embora, eu poderia dizer que sua perda o assombrava. Ele papeava e
sorria com os outros durante as refeições mas fazia questão de não conversar
com uma pessoa excessivamente lá ou nas aulas. Acho que ele estava com
medo de arriscar qualquer um para a cólera dos Alquimistas, mesmo um
conhecido casual.
- Você é muito bom nisto – eu disse, notando os detalhes de suas folhas. – Isso
veio de estar aqui há muito tempo?
- Nada, eu costumava pintar como hobby antes de vir para cá. Eu odeio essa
porcaria ainda-vivo, no entanto – ele pausou para encarar sua samambaia. – Eu
mataria para apenas pintar livremente algo abstrato. Eu amaria pintar o céu.
Quem eu estou enganando? Eu amaria ver o céu. Eu nunca pintei muitas cenas
de ao ar-livre quando eu estava atribuído em Manhattan. Achava que era bom
demais para isso e deveria me guardar para algum pôr-do-sol do Arizona.
- Manhattan? Uau. Isso é muito intenso.
- Intenso – ele concordou. – E cheio e alto e barulhento. Eu odiava… e agora eu
faria qualquer coisa para voltar para lá. Lá onde você e seu namorado filósofo
devem acabar.
- Nós sempre conversamos sobre ir a algum lugar como Roma – eu falei.
Duncan zombou – Roma. Por que lidar com a barreira linguística quando você
pode ter tudo que você quiser nos EUA? Vocês podem ter um apartamento
incompleto que você trabalhará em dois empregos para pagar e você assiste a
aulas em qualquer coisa imaginável e ele sai com os amigos artistas
desempregados dele em Bushwick. Voltam para casa à noite para comer comida
coreana com seus vizinhos excêntricos, então fazem amor no colchão puído de
vocês no chão. No outro dia, tudo começa de novo – ele voltou a pintar.
- Não é uma forma ruim de viver.
- Não é ruim mesmo – eu disse, sorrindo apesar de tudo. Eu poderia sentir esse
sorriso desaparecer quando uma dor emboscou em meu coração ao pensar em
qualquer futuro com Adrian.
O que Duncan havia descrito era tão bom quanto qualquer —plano de fuga—
que Adrian e eu costumávamos imaginar… e, neste momento, tão impossível
quanto. – Duncan… o que você quis dizer quando falou que você faria qualquer
coisa para voltar para lá?
- Não – ele alertou.
- Não o quê?
- Você sabe o quê. Eu estava apenas usando uma expressão.
- Sim – comecei -, mas se existisse uma maneira que você pudesse sair daqui
e…
- Não há – ele falou bruscamente.
- Você não é a primeira a sugerir isto. Você não será a última. E se eu puder
ajudar, você não será jogada de volta à solitária por fazer algo estúpido. Eu já
disse a você, não há saída.
Eu pensei muito cuidadosamente em como proceder. No último ano, ele
provavelmente tinha visto outros tentarem fugir daqui e, julgando pela sua
reação, assistiu a eles todos falharem. Eu tinha perguntado a ele sobre saídas
diversas vezes, e como eu, ele nunca descobriu onde eles estavam. E precisava
encontrar uma abordagem diferente e angariar informações que talvez no
encaminhasse à liberdade.
- Você poderia responder apenas duas coisas para mim? – Perguntei enfim –
sem ser sobre saídas?
- Se eu puder – ele falou com cuidado, ainda não fazendo contato visual.
- Você sabe onde nós estamos?
- Não – ele disse prontamente. – Ninguém sabe, o que é parte do plano deles. A
única coisa que eu tenho certeza é que cada andar que sempre vamos é
subterrâneo. Isso é o porquê de não haver janelas ou saídas óbvias.
- Você sabe como eles injetam o gás aqui? Não aja como se você não soubesse
o que eu quero dizer – adicionei, vendo-o começar a fazer careta. – Você deve
ter notado quando você estava preso na solitária. E eles estão usando agora
para nos derrubar à noite e nos manter agitados e paranoicos quando estamos
acordados.
- Eles não precisam de qualquer droga para isto – ele mencionou. – Nós mesmos
fazemos um bom trabalho em espalhar essa paranoia por conta própria.
- Não se esquive. Você sabe ou não de onde o gás vem?
- Vamos lá, só porque uma samambaia é uma planta vascular não significa que
esteja produzindo dióxido de carbono de maneira diferente – ele interrompeu. –
Eu fiquei surpresa, tanto pela estranha mudança de assunto quanto pelo leve
aumento de sua voz. – Todas as reações químicas na fotossíntese básica ainda
estão lá. É apenas uma questão de usar esporos ao invés de sementes.
Eu estava muito perdida para responder de prontidão, e então eu vi o que ele já
tinha visto: Emma estava parada perto de nós, procurando uma gaveta de lápis
coloridos. E estava claro que ela estava escutando.
Eu engoli e tentei juntar algum sentido de palavras juntar – eu não estava
discutindo isso. E estava apenas mencionando o registro fóssil diz sobre
megafilos e microfilos. Você é quem começou a ficar encucado com fotossíntese.
Emma achou o que ele precisava e saiu de perto, fazendo meus joelhos quase
cederem de baixo de mim. – Oh meu deus – eu disse, uma vez que ela estava
longe de escutar.
- Isso – disse Duncan, – é por que você precisa ser mais cuidadosa.
A aula acabou, e eu passei o resto do dia esperando nervosamente Emma me
entregar para alguma autoridade, que iria me arrastar para a sessão de vômito
ou, pior, voltar para a escuridão. De todas as pessoas para nos escutar! Os
outros detentos poderiam não estar sociáveis comigo ainda, mas eu já tinha sido
capaz de observar que eram os melhores ou piores candidatos como aliados. E
Emma? Ela era a pior. Alguma dos outros poderiam ocasionalmente escorregar,
meio como Hope naquele primeiro dia, fazendo um comentário caprichoso que
os levavam a problema. Mas minha sempre-boa colega de quarto nunca, jamais
desviava de sua retórica Alquimista perfeita. Na verdade, ela saía de seu
caminho para delatar outros que não seguiam a linha. Eu honestamente não
conseguia compreender por que ela ainda estava aqui.
Mas ninguém veio por mim. Emma não fez mais do que olhar meu caminho, e
eu ousei ter a esperança de que a única coisa que ela ouviu foi a desculpa
apressada de fotossíntese do Duncan.
A hora da comunhão se aproximou e todos entramos em fila na capela. Alguns
sentaram nas cadeiras dobradiças enquanto outros vagavam pelo cômodo como
eu. Ontem tinha sido domingo, e no lugar de fazer comunhão, nós nos
juntávamos aqui nos bancos da igreja, juntos com todos nossos instrutores,
enquanto um hierofante vinha e nos dava um serviço de igreja genuíno e rezava
por nossas almas. Era a única parte de nossa rotina que mudava. Caso ao
contrário, nós tínhamos as mesmas aulas nos fins de semana como tínhamos
no meio de semana. Mas aquele único serviço fortificador, não por causa de sua
mensagem, mas porque era outra maneira de marcar o tempo. Cada pedaço de
informação que eu poderia ter neste lugar poderia apenas ser usado para me
ajudar… eu esperava.
Era por isso que eu lia a Parede da Verdade cada dia antes de nossa reunião.
Havia uma história aqui de detidos que vieram antes de mim, e eu ansiava
aprender algo. Na maioria, tudo que eu encontrava era o mesmo tipo de
mensagens, e hoje não era exceção. Eu pequei contra meu povo e me arrependo
imensamente. Por favor me leve de volta ao rebanho. A única salvação é a
salvação humana. Outra mensagem se lia: Por favor deixe-me sair. Vendo
Sheridan entrar na sala, eu estava prestes a me juntar aos outros quando eu
notei algo no canto do meu olho. Era em uma reigão da parede que eu ainda não
havia chegado, em letra rabiscada:
Carly, desculpe-me. – K. D.
Eu senti meu queixo cair. Era possível… poderia realmente ser… enquanto mais
eu encarava aquilo, mais eu tinha certeza do que eu estava vendo: uma desculpa
para minha irmã Carly, de Keith Darnell, o cara que a estuprou. Eu imagino que
poderia ser uma Carly diferente e outro alguém com as mesmas iniciais… mas
meu instino me disse o contrário. E sabia que Keith havia estado na reeducação.
Seus crimes tinham sido de uma natureza bem diferente dos meus, e ele também
havia sido liberado recentemente – recentemente sendo mais de cinco meses
atrás. Ele também tinha quase ficado como um zumbi no tempo que ele tinha
saído daqui. Era surreal pensar que ele havia andado por esses mesmos
corredores, ido às mesmas aulas, suportado as mesmas sessões de vômito. Era
até mesmo mais perturbador imaginar se eu ficaria como ele quando saísse
daqui.
- Sydney? – Perguntou Sheridan agradavelmente. – Você não vai se juntar a
nós?
Corando, eu percebi que eu era a única não sentada e corri para me juntar aos
outros. – Desculpe – murmurei.
- A Parede da Verdade pode ser um lugar muito inspirador – disse Sheridan. –
Você encontrou algo que falou com sua alma?
Pensei com muito cuidado antes de responder e então decidi que a verdade não
me machucaria. Também talvez poderia ajudar, já que Sheridan estava sempre
tentando me fazer falar. – Na maioria eu fiquei surpresa – eu disse. – Reconheci
o nome de alguém que eu conhecia… alguém que estava aqui antes de mim.
- Esta pessoa ajudou a corrompê-la? – Lacey perguntou em curiosidade
inocente. Era uma das poucas vezes que alguém demonstrou interesse semi-
pessoal em mim.
- Não exatamente – disse. – Eu fui na verdade a pessoa que o reportou, que o
mandou para cá. – Todo mundo pareceu interessado, então eu continuei. – Ele
estava em negócios com um Moroi, um velho, senil Moroi, e tirando seu sangue.
Ele disse ao Moroi que estava sendo usado para propósitos curativos, mas ele,
o cara que eu conhecia, estava na verdade vendendo o sangue para um tatuador
local que por sua vez estava usando-o para vender tatuagens que melhoram o
desempenho para alunos humanos de ensino médio. O sangue na tinta os faria
melhor em coisas, especialmente esportes, mas havia efeitos colaterais
perigosos.
- Seu amigo sabia? – Perguntou Hope. – Que estava machucando humanos?
- Ele não era meu amigo – eu disse afiada. – Mesmo antes de isto começar. E
sim, ele sabia. Ele não se importante no entanto. Tudo que ele estava focado era
nos lucros que ele estava fazendo.
Os outros detidos estavam arrebatados, talvez porque eles nunca haviam me
ouvido falar tanto ou talvez porque eles nunca haviam escutado de um escândalo
como este. – Aposto que o Moroi sabia – disse Stuart sombriamente. – Aposto
que ele sabia de tudo, em que as tatuagens estavam sendo usadas e o quanto
eram perigosas. Ele provavelmente estava apenas fingindo em ser senil.
A velha Sydney, quer dizer, a Sydney que esteve aqui no seu primeiro dia, teria
sido rápida em defender Clarence e sua inocência no esquema de Keith. Esta
Sydney, que tinha visto detidos serem punidos por comentários menores e tinha
suportado duas sessões de vômito esta semana, sabia melhor. – Não era meu
trabalho julgar o comportamento do Moroi – eu disse. – Eles farão o que suas
naturezas os mandarem fazer. Mas eu sabia que nenhum humano deveria
sujeitar outros humanos para os perigos que meu associado estava. Era por isso
que eu tinha que entregá-lo.
Para meu espanto, uma rodada de acenos me encontrou, e até Sheridan me
olhou com aprovação. Então, ela falou. – Esta é uma visão muito sábia, Sydney.
E ainda algo deve ter dado terrivelmente errado se você não aprendeu lição
alguma desse incidente e acabou aqui você mesma.
Todos aqueles olhos giraram dela para mim, e por um momento, eu não
conseguia respirar. Eu discutia sobre Adrian ocasionalmente com Duncan, mas
isto era diferente. Duncan não julgava ou despedaçava meu romance. Como eu
poderia trazer à tona algo tão precioso e poderoso para mim na frente deste
grupo, que iriam insultar e fazê-lo parecer sujo? O que eu tive com Adrian foi
lindo. Eu não queria expô-lo para ser pisoteado aqui.
E ainda, como eu não poderia? Se eu não desse algo a eles, se eu não jogasse
seus jogos… então quanto tempo eu ficaria aqui? Um ano, ou mais, como
Duncan? Eu havia dito a mim mesma, de volta naquela cela escura, que eu diria
qualquer coisa para me tirar daqui. Eu tinha que fazer isso valer. Mentiras ditas
aqui não iriam importar se elas me levassem de volta a Adrian.
- Eu deixei minha guarda baixar – eu disse simplesmente. – Minha tarefa me
tinha trabalhando entre vários Moroi, e eu parei de pensar neles como as
criaturas que são. Acho que depois do meu associado, as linhas de bem e mal
ficaram borradas para mim.
Eu me preparei para Sheridan começar a me atormentar por mais detalhes
íntimos do que aconteceu, mas foi outra garota, uma chamada Amelia, que falou
algo totalmente inesperado.
- Isso quase faz sentido – ela disse. – Digo, eu não teria levado para, hm,
extremos que você fez, mas se você esteve por perto de um humano corrupto,
poderia talvez fazer você perder sua fé no nosso povo e erroneamente se virar
para os Moroi.
Outro rapaz que eu raramente conversava, Devin, acenou em concordância. –
Alguns deles podem quase parecer enganosamente legais.
Sheridan franziu as sobrancelhas levemente, e eu pensei que esses dois talvez
entrassem em problema por comentários semi-favoráveis aos Morois. Ela
aparentemente decidiu deixar passar ao favor do progresso que eu fiz hoje. – É
muito fácil ficar confuso, especialmente quando você está fora em uma tarefa
por si mesmo e coisas tomam um rumo inesperado. O importante é lembrar é
que nós temos uma infraestrutura inteira pronta para ajudá-lo. Se você têm
questões sobre o certo e errado, não se vire para um Moroi. Vire-se para nós, e
nós lhe diremos o que é certo.
Porque o céu nos perdoe se um de nós pensar por nós mesmos, eu pensei
amargamente. Fui poupada de mais questionamentos românticos quando
Sheridan voltou sua atenção aos outros para ouvir qual tipo de esclarecimento
eles tiveram esse dia. Não apenas eu estava fora da reta, eu aparentemente
ganhei pontos com Sheridan e, como eu vi quando o chegou o horário de jantar,
com alguns dos meus colegas detidos.
Quando eu peguei minha bandeja com Baxter e iniciei minha caminhada em
direção a uma mesa vazia, Amelia me acenou para a dela com um curto sinal de
cabeça. E sentei ao lado dela, e apesar de ninguém ter realmente conversado
comigo durante a refeição, ninguém me mandou embora ou me censurou. Eu
comi em silêncio, e captei tudo que eu ouvia ao meu redor. A maioria de suas
conversas era as típicas que eu ouvia no refeitório de Amberwood, comentários
sobre o dia de escola ou colegas de quarto que roncavam. Mas me deu mais e
mais compreensão de suas personalidades, e eu de novo comecei a calcular
quem poderia ser um aliado.
Duncan esteve sentado com outros em outra mesa, mas quando nós passamos
ao lado de outro saindo do refeitório, ele murmurou – viu? Eu disse a você que
você estava fazendo progresso. Agora não estrague tudo.
Eu quase sorri, mas aprendi minha lissão mais cedo hoje sobre ficar muito
confortável. Então eu continuei o que eu esperava ser uma aparência solene e
diligente no meu rosto enquanto íamos em desordem para a biblioteca para
encolher nossas escolhas chatas de leitura para a noite. Eu acabei na sessão de
história, esperando por algo um pouco mais interessante do que eu tinha visto
recentemente. Histórias Alquimistas ainda eram cheias de lições sobre moral e
bons comportamentos, mas pelo menos essas lições não eram diretamente
explícitas para os leitores, como a maioria dos outros livros de auto-ajuda era.
Eu estava em dúvida entre dois contos medievais diferentes quando alguém se
ajoelhou ao meu lado.
- Por que você quis saber sobre o gás? – Perguntou uma voz quieta. Eu me virei.
Era Emma.
- Eu não sei sobre o que você está falando – falei levemente.Você quis dizer em
artes hoje? Duncan e eu estávamos discutindo samambaias.
- Uh-huh – ela puxou um livro da era renascentista e folheou as páginas. – Eu
não direito uma palavra a você no nosso quarto, você sabe. Está sob vigilância.
Mas se você quer minha ajuda agora, você tem cerca de sessenta segundos.
- Por que você me ajudaria? – Eu questionei – assumindo que eu mesmo queira?
Você está tentando armando para mim em algo para que você consiga ser vista
melhor?
Ela bufou. – Se eu quisesse —armar para você em algo—, eu teria feito eras
atrás no nosso quarto, gravado em vídeo. Quarenta e cinco segundos. Por que
você quer saber sobre o gás?
Ansiedade me inundou enquanto eu desesperava sobre o que fazer. Nas minhas
avaliações sobre quem poderia ser um aliado, Emma nunca tinha aparecido. E
ainda, aqui estava ela, oferecendo o mais perto de insubordinação que alguém,
até mesmo meu amigo Duncan, tinha mostrado até agora. Isso fez tudo parecer
mais provável que eu estava sendo armada, ainda parte de mim não conseguia
resistir a oportunidade.
- O gás nos prende aqui tanto quanto os guardas e paredes – eu disse por fim.
– E apenas quero entender. – Com esperança isso não era tão incriminador.
Emma escorregou o livro de volta e selecionou outro diário, este com enfeites
extravagantes. – Os controle estão em uma oficina que está no mesmo andar da
sessão de vômito. Cada quarto também tem um pequeno cano sendo alimentado
por esse sistema. E logoatrás do painel de ventilação perto do teto.
- Como você sabe? – Perguntei.
- Eu cruzei com alguns rapazes do conserto fazendo manutenção em um quarto
vazio uma vez.
- Então seria masi fácil bloquear quarto-por-quarto do que no nível de controle –
murmurei.
Ela balançou sua cabeça – não quando está bem na linha com as câmeras nos
quartos. Os guardas estariam sobre você antes mesmo de você retirar o painel.
No qual você precisaria de uma chave de fenda.
Ela começou a colocar seu livro de volta, e eu o peguei dela. Tintas cintilantes
decoravam a capa, e o canto de cada capítulo estava coberto com um pedaço
de metal achatado. Eu percorri meus dedos sobre um. – Chave de fenda plana?
– Perguntei, medindo a grossura do canto metálico. Se eu conseguisse arrancar,
seria uma boa ferramenta para retirar um parafuso.
Um lento sorriso espalhou sobre o rosto de Emma. – Na realidade, sim. Você
ganha pontos de criatividade, eu lhe darei isso. – Ela me estudou por mais uns
momentos. – Por que você quer bloquear o gás? Parece que você tem vários
outros problemas maiores, você sabe, o maior deles que você esteja presa aqui.
- Você me diga algo primeiro – eu disse, ainda sem certeza se Emma era parte
de uma grande operação que iria me colocar em um problema ainda maior. –
Você era como a criança propaganda para o comportamento modelo Alquimista.
O que você fez para vir para cá?
Ela hesitou antes de responder – eu mandei para longe alguns guardiões que
tinha sido atribuídos para ajudar meu grupo Alquimista em Kiev. Havia alguns
Moroi que eu conhecia que eu achava que precisavam de mais proteção do que
nós.
- Eu vejo onde isso iria chatear os poderes-constituídos – admiti. – Mas parece
que há coisas priores, especialmente como quão boa você tem sido. Por que
você ainda está aqui?
Seu sorriso convencido mudou para algo mais amargo – porque minha irmã não
está. Ela passou por tudo isso também, recebeu alta, e depois foi mais desonesta
do que antes. Ninguém sabe onde ela está, e agora, não importa quantos
avanços eu dê, eles estão garantindo que não façam o mesmo erro duas vezes
em me deixar ir embora tão cedo. Mau sangue na nossa família, eu acho.
Isso com certeza explicaria as coisas. Ela parecia sincera também, mas ela
também era uma Alquimista, e nós éramos bons em enganar os outros. Outra
pergunta surgiu na minha cabeça enquanto meus olhos cruzaram a sala onde
Duncan e alguns outros vasculhavam a sessão de sociologia. – Porque Duncan
está aqui tanto tempo? Ele parece estar em bom comportamento. Sangue ruim
na família também?
Emma seguiu meu olhar – meu chute? Comportamento bom demais.
- Isso é mesmo possível? – Perguntei, chocada.
Ela deu de ombros – ele é tão dócil, acho que eles estão preocupados que ele
não seja capaz em se impor a influência de vampiros, mesmo que ele quisesse.
Então eles estão com medo de deixá-lo sair ainda. Mas eles não querem que ele
tenha muita coragem porque esse tipo vai contra o procedimento de operação
aqui. Eu acho que ele quer ser mais corajoso… mas algo o impede, digo, mais
do que as coisas normais nos impedindo.
Chantal, pensei. Isso era o que o segurava. Ele tinha coragem o bastante para
ser meu amigo, mas as palavras de Emma explicaram por que ele era tão
cuidados mesmo nisso. Perder Chantal deixou sua marca e o fez temeroso a
fazer qualquer outra coisa. Esperando que eu não estivesse fazendo um terrível
erro, respirei fundo e volta para Emma.
- Se o gás estiver desligado, eu posso mandar uma mensagem para fora. Isso é
tudo que eu posso contar a você.
Suas sobrancelhas subiram com isso – você tem certeza? Hoje?
- Absoluta – eu disse. Adrian estaria procurando por mim nos sonhos. Ele apenas
precisava de uma janela de sono natural.
- Espere um minuto – Emma disse após um pouco mais de pensamento.
Ela se levantou e caminhou para o outro lado da sala, para onde Amelia estava
pesquisando. Elas conversaram até a melodia de sinos tocar, sinalizando que
era hora de retornarmos para nossos quartos. Emma apressou-se de volta para
mim. – Confira este livro – ela disse, acenando para o diário enfeitado. – E não
direito outra palavra para você uma vez que saiamos por aquela porta. Volte para
nosso quarto, conte até sessenta, e depois mergulhe de cabeça em qualquer
coisa que você precisar fazer com aquela ventilação.
- Mas e sobre a câmera…
- Você está por conta própria agora – ela disse, e partiu sem uma palavra a mais.
Fiquei boquiaberta por um tempo e depois me apressei para me juntar aos outros
que estavam assinando os livros para o bibliotecário. Enquanto eu saía com eles,
tentei parecer natural e não como meu coração estivesse martelando meu peito.
Emma estava falando sério? Ou isso era a última armação? O que ela poderia
ter feito em uma conversa que de repente faria ficar tudo bem bloquear o sistema
de ventilação? Porque quando voltamos para nosso quarto, eu podia ver a
pequena câmera preta que nos vigiava estava apontada diretamente para o rumo
da ventilação em questão. Qualquer um o abrindo seria facilmente visto.
Teria de ser uma armação, mas Emma tinha sido clara em sua linguagem
corporal que ela não teria nenhuma interação a mais comigo enquanto nos
preparámos para deitar. Contei silenciosamente e sabia que ela também tinha
contado porque quando eu cheguei a sessenta, ela me jogou um olhar afiado,
cheio de significado.
Há maneiras mais fáceis de armar para mim, pensei. Maneiras mais fácil com
consequências piores.
Engoli seco, e empurrei minha cama para a parede e a usei para subir, então eu
teria acesso mais fácil para o painel de ventilação. E arranquei um canto de
página de metal do livro, e a avaliação de Emma esava correta. Sua espessura
era certa como uma chave de fenda plana. Claro, não era nem perto
ergonomicamente fácil de usá-lo como uma chave de fenda, mas após um pouco
de tempo, e finalmente consegui afrouxar os quatros cantos do painel o
suficiente retirá-lo. Meus nervos e mãos tremendo não estavam ajudando a
acelerar o processo, e eu não tinha menor ideia quanto tempo eu ainda tinha
para fazer isso, ou se Emma iria me alertar quando o tempo acabasse.
Dentro, encontrei um poço de ventilação comum. Era pequeno demais para
engatinhar, então não haveria nenhum fuga digna de filme desse jeito. Como ela
havia me dito, um pequeno cano estava anexado ao lado da ventilação, abrindo
logo atrás das grelhas do painel para alimentar o ar para dentro do nosso quarto
quando a luz se apagasse. Agora eu precisava bloquear o cano. E alcancei
debaixo da cama, onde eu tinha colocado uma velha meia recuperada do nosso
cesto de roupa suja mais cedo. Eu não deixei de lado que os Alquimistas
fizessem um inventório de nossas roupas regularmente, mas eu também sabia
que quando isto era apanhado, era prontamente jogado em um cesto de roupas
maior. Se eles notassem uma meia perdida, eles não saberiam do quarto de
quem teria vindo. E com certeza até mesmo secadoras Alquimistas comiam
meias de vez em quando.
Eu enfiei a meia no cano o melhor que eu pude, esperando que fosse suficiente
para manter o pior do gás longe. Atrás de mim, baixinho, escutei Emma
murmurar – rápido. – Minhas mãos escorregavam com suor, e parafusei o painel
de volta no lugar e mal lembrei de mover minha cama antes de afundar nela com
meu livro. Toda a tentativa durou menos do que cinco minutos, mas foi o
suficiente?
Emma estava fixada em seu livro e nem mesmo olhou em minha direção, mas
eu percebi o vislumbre de um sorriso em seus lábios. Isso era um triunfo em em
ajudar a alcançar meu objetivo? Ou ela estava se vangloriando em ter me
enganado em cometer sérias insubordinações na câmera?
Se eu tinha sido pega, ninguém veio até mim naquela noite. Nossa hora de leitura
acabou, e logo depois, as luzes se apagaram e eu ouvi o clique familiar das
portas automaticamente se trancando. Eu me aconcheguei na minha esparsa
cama feita e esperei por outra coisa que tinha sido se tornado familiar nessa
última semana: a sonolência induzida artificialmente trazida pelo gás. Não tinha
chegado.
Não tinha chegado.
Eu mal poderia acreditar. Nós tínhamos conseguido! Eu consegui parar o gás de
entrar no meu quarto. A parte irônia era, eu poderia usar um pouco de ajuda para
conseguir dormir porque eu estava tão animada para falar com Adrian que eu
não conseguir me acalmar. Era como Noite de Natal. E deitei no escuro pelo o
que parecia ser duas horas antes da exaustão natural ganhar e me colocar para
dormir. Meu corpo estava em um estado perpétuo de fadiga por aqui, tanto por
estresse mental e pelo fato que o sono que nos era dado era pouco adequado.
Dormi profundamente até a melodia de sinos para acordar, e foi então quando
eu me dei conta da horrível verdade.
Não houve sonho algum. Adrian não tinha vindo.
Capítulo 08 Adrian
Eu não queria que as coisas ficassem tão fora de mão.
Minhas intenções eram boas quando eu vim para a Corte, mas depois de falhar
com Lissa e descobrir sobre os meus pais, algo rompeu dentro de mim. Eu me
joguei de volta em minha vida antiga como vingança, perdendo toda a aparência
de responsabilidade. Eu tentei dizer a mim mesmo que eu estava apenas tendo
um pouco de diversão e achando um jeito de descontrair enquanto eu estava na
Corte. Algumas vezes eu até dizia que era pela Nina. Talvez essa desculpa tenha
funcionado nos primeiros dias em que eu estive de volta, mas depois de uma
semana de folia e festa sem quase parar, até ela timidamente ofereceu um
protesto quando eu a apanhei uma noite.
—Vamos ficar,— ela disse. —Vamos dar um tempo e assistir um filme. Ou jogar
cartas. Qualquer coisa que você queira.—
Apesar de suas palavras, ela ainda estava vestida para sair e curtir, parecendo
muito bonita em um vestido azul*(periwink- é uma flor de um tom de azul quase
lilás) que faziam seus olhos cinzas luminosos. Eu fiz um gesto para ele. —E
desperdiçar isso? Vamos lá, eu achei que você queria conhecer novas
pessoas.—
—Eu quero,— ela disse. —Eu tenho. De fato, nós estamos começando a ver os
mesmos de novo e de novo. Todos eles já me viram nesse vestido.—
—Isso é um problema?— Perguntei. —Eu vou te emprestar dinheiro para um
novo.—
Ela balançou a cabeça. —Eu não posso nem te pagar de volta por esse.—
Depois de descobrir a mentira que meus pais estavam vivendo, eu fiquei tentado
a fazer uma declaração e recusar a ampla mesada que meu pai vinha
regularmente depositando em minha conta. Eu não tinha as mesmas contas aqui
que eu tinha em Palm Spings, e eu gostava da ideia de mostrar a Natan Ivashkov
que ele não podia comprar todos nessa família. Mas quando Nina casualmente
comentou que se sentia mal vestida em alguma das festas da realeza em que
nós fomos, eu decidi que usar o dinheiro do meu pai para financiar o guarda-
roupa de uma secretaria seria tão irritante quanto. Nina apenas concordou com
o combinado se fosse tratado como um empréstimo, não um presente, mas até
ela foi pega de surpresa quando viu os valores que eu estava desperdiçando por
ai. Uma pequena voz de razão me alertou que eu corria perigo de cair em alguns
mal hábitos de gastar que eu tive em um dos meus momentos baixos em Palm
Springs, mas eu a calei. Afinal, eu pegaria mais dinheiro do meu pai em breve,
e quase todo mundo estava servindo minhas bebidas de graça esses dias de
qualquer forma.
—Bem, ele parece ótimo,— eu disse. —Seria uma vergonha esconder tal coisa.
A menos que tenha outro problema?—
—Não,— ela disse, corando com as minhas palavras. Ela me olhou, e eu tive a
sensação de que ela estava lendo minha aura, o que teria revelado – se outros
sinais ainda não – que eu já tinha tido uma bebedeira pré-festa. Ela suspirou. —
Vamos.—
Ela não pode te acompanhar, disse Tia Tatiana enquanto nós percorríamos o
terreno da Corte. O pôr do sol causava sombras que se estendiam ao nosso
redor. Mas então, que garota pode?
Sydney poderia me acompanhar, eu pensei. Não no sentido de festejar. Quero
dizer… na vida.
As palavras dela trouxeram aquela terrível dor que nunca nenhuma quantidade
de folia poderia afugentar. Sydney. Sem ela, eu simplesmente sentia como se
eu estivesse passando pelos movimentos da vida, criando uma existência
melancólica piorada por minha inabilidade de encontra-la. Tudo que eu podia
fazer era a infrutífera e cada vez mais esporádica busca por sonho. Eu ainda não
havia procurado por ela hoje essa noite e me perguntei se eu deveria dar atenção
à sugestão de Nina, se apenas para adquirir uma breve sobriedade.
É muito cedo, alertou Tia Tatiana. Verifique mais tarde. Nenhum humano estaria
dormindo nos Estados Unidos. Além disso, você quer que volte?
Ela tinha um ponto sobre a hora. A coisa era, eu perdi bons horários para
procurar por Sydney a semana inteira, e isso estava começando a me
incomodar. Mas ela estava certa sobre voltar: aquela terrível, escuridão imersa
que ameaçava consumir todo o meu mundo. Minha depressão tinha sido ruim
em Palm Springs depois do desaparecimento de Sydney e só tinha piorado aqui
depois do meu fracasso em conseguir a ajuda de Lissa. Eu sabia que meu ex-
psiquiatra e até Sydney iriam provavelmente me dizer que era um sinal para
voltar com a medicação, mas como eu poderia, quando eu podia ser capaz de
usar espirito para ajuda-la? Admitidamente, eu não era de muito uso agora, mas
ainda me recusava deixar a magica ir. E então, um aumento das maravilhas
álcool auto-calmante ajudava a calar um pouco, como fazia com a dependência
dos conselhos e presença do fantasma de Tia Tatiana – uma presença que se
tornou desconcertantemente mais frequente na ultima semana. Eu sabia que ela
não era real e que meu psiquiatra teria muito o que falar sobre ela também, mas
sua alucinação parecia estar criando um muro entre o pior da depressão e mim.
Pelo menos ela me tira da cama a cada manhã.
A festa daquela noite estava sendo oferecia por um cara Conta que eu não
conhecia muito bem, mas ele parecia satisfeito por nós termos aparecido e nos
recebeu com um aceno amigável através do cômodo. Nina tinha se tornado
minha reconhecida sombra nesses eventos, e várias pessoas que queriam se
dar bem comigo pensava que se aproximar dela era o jeito de conseguir. Eu
podia dizer que isso a frustrava, mas preferia aproveitar o show da realeza que
normalmente tratava ela como mobília nos escritórios do castelo agora puxando
o saco enquanto eles tentam cair nas graças dela.
Quase todas as festas nessa época do ano eram ao ar livre, o tempo permitindo.
Nos fomos ensinados com tão pouco idade a ficar do lado de dentro e se
esconder de Strigoi que se uma oportunidade ao ar livre se apresenta em um
local seguro – como a Corte – nós dificilmente poderíamos recusar a oferta. O
jovem Lorde Conta saiu do seu caminho para fazer essa festa memorável, com
todos os tipos de inovações para divertir e entreter. Uma das minhas favoritas
era uma fonte aninhada em uma mesa, disparando champanhe em arcos altos.
Dentro das profundezas da base de vidro, uma variedade de luzes coloridas
brilhou através do espumante liquido.
Eu enchi copos para Nina e para mim, admirando as luzes enquanto elas
passavam por uma mudança de cores. —Adrian,— ela disse suavemente. —
olha ali, do outro lado da piscina.—
Segui seu olhar e vi Wesley Drozdov bebericando de um copo de Martini e dando
um olhar fuzilante para mim. Eu estava meio que surpreso de ver ele. Ele se fez
notavelmente ausente desde o nosso ultimo enfrentamento, e eu me perguntei
se ele apareceu hoje à noite pensando que eu não estaria em uma festa onde
eu não conhecia o anfitrião bem. Lixo, Tia Tatiana murmurou em minha cabeça.
Ele não merece um nome real.
—Que aura,— adicionou Nina. —Ele te odeia.—
Eu já havia aceitado uma dose de um servente passando no nosso caminho e
não estava na melhor posição para ler auras. Eu não tinha razão para duvidar
de Nina e ri da preocupação em sua voz. —Não se preocupe. Ele não vai
começar nada. Vê?—
Com certeza, Wesley devolveu seu copo vazio e saiu furtivamente pelas
sombras, para meu alivio. Eu não queria que Tia Tatyana começasse a reclamar
sobre ele de novo. Nina ainda parecia inquieta. —Nunca deixe ele pega-lo
sozinho.—
Eu entreguei um copo a ela. —Quando isso aconteceria, com você do meu
lado?— Perguntei galantemente. —Eu sempre tenho você para me cobrir.—
Seu rosto se iluminou, bem mais do que eu esperava por um comentário tão
exagerado. Mas se isso a fazia feliz, me fazia feliz. Talvez eu não pudesse
concertar tudo em minha própria vida, mas Nina era uma garota legal que
merecia coisas boas depois de tudo pelo que ela passou. Isso, e ter ela por perto
nessas festas me faziam sentir um pouco menos patético. Beber sozinho era
triste. Beber com uma companhia poderia ser tecnicamente justificado como
interação social.
Passamos pela nossa rotina habitual de beber e se misturar. Eu cheguei com
ideias de me impor limites, mas logo perdi a noção. Eu só posso assumir que foi
isso que me levou a atender o celular quando tocou. Normalmente, eu checo o
display antes de se quer considerar atender, mas hoje à noite hoje isso nem me
ocorreu.
—Alô?—
—Adrian?—
Eu estremeci. —Oi, Mãe.—
Nina se afastou discretamente, e eu tentei me mover para um lugar mais
silencioso. Minha mãe era um dos principais motivos de eu fazer questão de
checar o display esses dias, desde que ela esta me ligando quase sem parar
desde a nossa discussão pós-jantar. Agora não havia escapatória fácil.
—onde você esta, querido? Mal consigo te escutar.—
—Estou em uma festa,— Eu disse a ela. —Não posso falar muito.— Não era
exatamente verdade, desde que poucos na multidão estavam prestando atenção
em mim naquele momento, e Nina havia encontrado um grupo para conversar
perto da piscina.
—Não vai demorar muito.— A menos que eu tenha me enganado, havia uma
margem de nervosismo em sua voz. —Eu não sei se você recebeu minhas
mensagens. …— Ela diminuiu significativamente, talvez esperando que eu
provesse uma razão tranquilizadora por ignorá-la a semana toda. Eu não dei.
—Eu recebi,— eu disse.
—Ah,— ela disse. —Bem, então, como você sabe, eu não estou feliz com como
nós deixamos as coisas. Eu sinto sua falta, Adrian. Eu passei muito tempo
pensando em você enquanto eu estive longe, e uma das coisas que eu mais
planejei foi ficar com você quando eu estivesse de volta.—
Eu senti uma centelha de raiva com isso, recordando como ela não quis falar
comigo na prisão quando eu a visitei nos sonhos. Guardei esse sentimento para
mim e a deixei continuar.
—Gostaria que nós tentássemos de novo, apenas eu e você. Talvez um lanche
tranquilo, então posso explicar as coisas melhor. Gostaria que você entendesse
- —
—Você continua vivendo com ele?— Eu interrompi. —Você continua aceitando
seu dinheiro?—
—Adrian…—
—continua?— Pressionei.
—Sim, mas como eu disse –—
—Então eu entendo perfeitamente. Você não precisa explicar nada.—
Eu esperava desculpas ou bajulação, o que eu vinha recebendo em boa
quantidade em suas muitas mensagens de voz e podia quase me recitar. Então
foi um pouco surpreendente quando ela atirou de volta mais afiada que o usual.
—Você esta Adrian? Eu vi as contas. Eu vi que ele ainda continua te mandando
dinheiro.—
Ela esta te chamando de hipócrita, Tia Tatiana sussurrou para mim, veneno em
sua voz. Você vai deixar ela se safar com essa?
—Não é a mesma coisa,— eu disse, me sentido ambos com raiva e embaraçado.
—Eu estou desistindo do meu.—
—Esta mesmo?— O tom de minha mãe implicava que ela não acreditava nisso
nem por um segundo.
—Sim, eu –—
Minha replica raivosa foi interrompida por um grito e um splash. Eu olhei para
onde eu vi Nina pela ultima vez. Algum zoeiro irrompeu no grupo com o qual ela
estava, e ela e mais alguns outros estavam agora emergindo da piscina, tossindo
e limpando água dos olhos.
—Eu tenho que ir, Mãe,— eu disse. —Obrigado por ligar, mas até você conseguir
algum respeito próprio, eu não estou interessado.— Eu sabia que era maldoso,
e eu não dei a chance de ela responder antes de desligar e correr para a piscina.
Eu estendi uma mão para Nina enquanto ela se esquivava de uma trilha de copos
e tentava sair. —Você esta bem?—
—Yeah, Yeah, bem.— Os cachos que estiveram tão lindos e elásticos mais cedo
agora se penduravam em volta de seu rosto em negros, aglomerados pingando.
—Gostaria de poder dizer o mesmo sobre esse vestido.—
Garçons correram adiante com toalhas, e eu peguei uma para Nina. —Vai
secar.—
Ela me deu um sorriso torto enquanto enrolava a toalha ao redor de si mesma.
—Você não vai muito à lavanderia, vai? Isso é seda. Não vai combinar muito
com o cloro e sabe se Deus mais o que tinha nessa piscina.—
As palavras de minha mãe continuavam frescas em minha mente. —Então eu
vou reforçar o que eu disse mais cedo: Nós vamos arrumar algumas roupas
novas para você.—
—Adrian, eu não posso continuar aceitando seu dinheiro. É gentil, e eu estou
grata, mesmo. Mas eu tenho que conquistar meu próprio caminho.—
Uma mistura de sentimentos transbordou através de mim. O primeiro foi orgulho.
Aqui estava ela, incorporando exatamente o que eu acabei de castigar minha
mãe sobre. Por outro lado, não havia como negar que enquanto Nina
admiradamente tentava fazer as coisas por conta própria, eu era o hipócrita que
minha mãe havia insinuado. Aquela humilhação queimou através de mim,
combinada com a frustração que eu já sentia por não ser capaz de ajudar
Sydney.
—Você vai conquistar seu próprio caminho,— eu disse decididamente. —Nós
dois vamos. Vamos.—
Eu peguei a mão de Nina e a guiei para fora do jardim abarrotado, economizando
pensamentos para as consequências da minha decisão impulsiva. Nós
caminhamos para quase o lado oposto da Corte, distante das residências reais
as quais nós passamos tanto tempo. Aqui, entre os bem mais modestos
condôminos, eu marchei para os degraus para um endereço que eu estava
orgulhoso de ter lembrado e bati ruidosamente na porta. Nina, ainda envolta em
sua toalha, mudava de posição desconfortavelmente ao meu lado.
—Adrian, onde nós estamos?— ela perguntou. —Você não percebeu –—
Suas palavras foram cortadas quando a porta foi aberta, revelando uma muito
surpresa Sonya Karp. Ela uma vez foi professora de biologia de ensino médio e
uma Strigoi (embora não ao mesmo tempo). Agora, ela era Moroi mais uma vez
e usuária de espirito como Nina e eu. Seus cabelos vermelhos estavam
abarrotados do sono, e não foi até eu notar seu pijama que eu tive um momento
de hesitação. O sol não havia nascido completamente ainda, mas o céu ao leste
estava definitivamente mais roxo do que preto. Continuava o horário nobre Moroi.
—Adrian, Nina,— disse Sonya, em forma de saudação. Ela estava notavelmente
calma, considerando as circunstancias incomuns. —Vocês dois estão bem?—
—Eu… yeah.— De repente me senti estupido, mas então afastei tais
sentimentos de lado. Nós já estávamos aqui. Eu poderia muito bem me manter
firme. —Nós precisamos falar com você sobre algo. Mas se for muito tarde…—
Eu fiz uma careta, tentando analisar o tempo através do meu cérebro apodrecido
de bebida. Não havia motivo para ela estar na cama. —Você esta em horário
humano?—
—Eu estou no horário de Mikhail,— ela respondeu, se referindo a seu marido
dhampir. —Ele tem trabalho em turnos estranhos, então eu ajustei meus horários
de acordo.— Ela pegou na toalha de Nina e deu um passo para o lado e se
afastou da porta. —Não há ponto em se estressar sobre isso agora. Entre, vocês
dois.—
Embora o apartamento tivesse uma cozinha e minha suíte não, o espaço de
vivencia geral era muito menor do que o que eu atualmente aproveitava na
habitação de convidados. Sonya e Mikhail tinham decorado as coisas
agradavelmente e certamente deram para o lugar um ar aconchegante, mas
ainda me atingiu o quão errado um visitante Moroi como eu receber
acomodações mais luxuosas do que um guardião que trabalhava duro e estava
constantemente arriscando sua vida. Ainda pior, eu sabia que essa era uma das
maiores casas de guardiões já que Mikhail era casado. Guardiões solteiros
viviam em um pouco mais que dormitórios.
—Vocês querem alguma coisa para beber?— perguntou Sonya, gesticulando
para nós para sentarmos a mesa da cozinha.
—Água,— disse Nina rapidamente.
Sonya trouxe dois copos e então sentou diante de nós. —Agora, ela disse. —O
que é tão importante?—
Eu apontei para Nina. —Ela. Ela tem te ajudado com alguns dos seus trabalhos
para a vacina, certo? Ela aplica tempo, mas não é paga. Isso não é certo.—
Nina corou, agora que ela percebeu sobre o que isso era. —Adrian, tudo bem –
—
—Não esta,— eu insisti. —Nina e eu ambos fizemos muito por você com sua
pesquisa de espirito, mas não vimos nenhuma recompensa.—
Sonya ergueu uma sobrancelha. —Eu não percebi que essa era uma parte de
seus requerimentos. Eu pensei que vocês estavam felizes de estarem
trabalhando contra os Strigou pelo amor de fazer o bem.—
—Nós estamos,— disse Nina, ainda parecendo mortificada.
—Mas,— eu adicionei. —Você não pode pedir para nós arrumarmos tempo em
nossas agendas e vidas enquanto ainda espera que encontremos um jeito de
sobreviver e pagar as contas. Você quer nossa ajuda com isso? Não faça algo
meia-boca. Contrate um batalhão de espirito em tempo integral.— Fiz uma
careta, não gostando do jeito que isso saiu. —Ou um time dos sonhos de espirito.
Eu não sei. Só estou dizendo, se você quer fazer isso direito, nos de a
compensação que merecemos enquanto também se certifica de que esta
recebendo a melhor ajuda disponível. Nina tem de equilibrar seu trabalho no
escritório enquanto ainda ajuda você.—
O olhar de Sonya descansou em Nina, que se contorceu e parecia ainda mais
desconfortável. —Eu sei que você trabalha um monte de horas, e eu sinto muito
por estar pedindo um extra de você.— Sonya virou para mim e pareceu
distintamente menos simpática. —Mas lembre-me de novo o que exatamente
você tem feito esses dias, Adrian?—
Que irritante, disse Tia Tatiana.
—Bem,— eu disse obstinadamente, —eu poderia estar te ajudando a produzir
em massa sua vacina, se você me contratar em tempo integral.—
Sonya deu uma pequena, risada seca. —Eu adoraria isso, exceto que há dois
pequenos problemas. Um é que eu não estou produzindo nada em massa.—
—Não esta?— eu perguntei. Eu olhei brevemente para Nina, que parecia muito
embaraçada por esse encontro inteiro para notar. —Mas eu achei que essa fosse
sua prioridade top.—
—E é,— disse Sonya. —Mas infelizmente, replicar o espirito no sangue de Neil
esta se provando muito difícil. O espirito não parece estar ligado com o sangue
de uma forma estável, e me preocupa que vá desaparecer sem deixar tempo
suficiente para que antes possamos desvendar seus segredos. Ter usuários de
espirito a mão para me aconselhar é bastante útil, sem duvida. Mas resolver isso
também requer conhecimento em biologia e entendimento do sangue em nível
celular, e infelizmente, há apenas uma pessoa que eu conheço que atende essa
exigência. E esse usuário de espirito não foi capaz de solucionar isso ainda.—
Me levou um momento para perceber que Sonya estava falando de si mesma.
Eu sabia que Nina vinha ajudando Sonya, mas isso era novidade para mim – e
para Nina também, pela sua cara – que o projeto estava parado. Nós fizemos
enormes avanços em criar uma vacina contra Strigoi para Neil que era
enlouquecedor pensar que estávamos agora em uma posição em que não
podíamos tomar total vantagem disso. Eu apenas assumi que depois de todo
nosso trabalho duro que Sonya agora estava criando seu elixir magico em um
laboratório em algum lugar, pronta para compartilha-lo com o mundo.
—Qual é o segundo problema?— eu perguntei, recordando a sua declaração
anterior.
—O segundo problema,— disse Sonya, —é que eu não estou em posição de
pagar vocês. Acredite em mim, eu amaria ter um ‘time dos sonhos de espirito’
dedicado a essa tarefa, mas eu nem sou paga para isso. A Rainha e o conselho
tem dinheiro e subsídios reservados para pesquisas cientificam, e eu faço
pedidos para cobrir despesas para suplementos e viagens. Mas quanto a
qualquer outra compensação? Eu não vejo nada mais que você. Embora…
possa ser uma via de reflexão a considerar. Se o conselho realmente quer que
esse trabalho vá adiante, eles deveriam assegurar que os mais adequados
sejam capazes de dedicar completamente seu tempo e recursos.—
Sonya soava sincera sobre isso, mas eu me sentia idiota mais uma vez. Eu vim
aqui exigindo dinheiro como se ela fosse algum mestre tesoureiro quando na
verdade ela estava colocando ainda mais trabalho que nós – também por nada.
Mesmo no auge do álcool, eu podia reconhecer que babaca eu estava sendo.
—Sonya, eu sinto muito,— eu disse.
Ivashkovs não se desculpam! Estourou Tia Tatiana
—Não sinta,— disse Sonya. —não é um pedido irracional.—
—Eu fui irracional no jeito que eu pedi,— eu disse rispidamente.
Você vai parar de fazer isso? Exigiu Tia Tatiana.
Nina, embora ainda nervosa pela atenção trazida para ela, sem saber tomou o
lado de minha tia e descansou uma mão gentilmente em meu braço. —Você não
sabia. E Você estava fazendo isso por mim.—
—Eu realmente vou perguntar,— Sonya adicionou, olhando entre nós. —Quem
sabe? Talvez uma ‘equipe do sonho’ vá ajudar a manter as coisas em
andamento. Sobretudo eu estava esperando a escola acabar em Amberwood,
assim poderíamos ter Neil aqui de volta com Jill. Esperava que tendo ele
pessoalmente eliminasse a situação.—
—Talvez se Neil voltar, Olive também volte,— disse Nina. Todo esse encontro
com Sonya claramente a aborreceu, mas o pensamento sobre Olive a animou
um pouco.
—Talvez,— eu disse, não me sentindo tão confiante baseado em tudo que ouvi
recentemente de Nina. —Parece que você seria chamariz maior do que um cara
que ela mal conhece.—
—Ela se apaixonou muito por ele, no entanto.— Nina brincou com a borda de
sua toalha por um momento e então olhou para cima para encontrar meus olhos.
—Se apaixonar por alguém pode fazer você fazer coisas que o amor de um
parente não pode.—
Eu fiz uma careca enquanto eu a estudava mais de perto e percebi que ela
estava tremendo. —Bom Deus,— eu disse, envergonhado do meu próprio
esquecimento. —Você deve estar congelando,— A temperatura do lado de fora,
ao mesmo tempo agradável, não estava tão sufocante como estava no começo
da semana, e fazer a longa caminhada em um vestido de festa encharcado não
poderia ter sido divertido. Eu olhei para Sonya. —Você tem algo que ela possa
usar?—
Nina ficou vermelha. —Estou bem. Não se de ao trabalho –—
—Claro,— interpôs Sonya, se levantando. Ela acenou para Nina levantar
também. —Eu tenho algumas coisas que você pode tentar.—
Nina a seguiu relutantemente para fora do cômodo. Sonya retornou um minuto
depois e se juntou a mim na mesa. —Ela esta se trocando agora.—
Eu assenti, minha mente ainda em nossa conversa de mais cedo. —Eu espero
que ela não fique muito decepcionada se Olive não voltar para a Corte. Eu acho
que Olive tem um longo processo depois de – bem, você entende.—
—Eu entendo,— disse Sonya solenemente. —Mas para ser honesta, eu não
estou preocupada sobre Olive decepcionar Nina.—
Eu estava um pouco sóbrio, só o suficiente para me dar uma dor de cabeça e
não, aparentemente, o suficiente para clarear minha mente. —O que você quer
dizer?—
Sonya suspirou. —Isso é o que eu temia. Você não tem ideia de que essa garota
é louca por você tem?—
—Quem… Você quer dizer Nina?— eu balancei minha cabeça. —Não, ela não
é. Nós somos só amigos.—
—Vocês passam muito tempo juntos. E seja lá quando eu e ela nos encontramos
para trabalhar, você é tudo sobre o que ela fala.—
—Eu não tenho interesse nela,— eu disse firmemente. —Não desse jeito, pelo
menos.—
Sonya me deu um desses olhares de sabedoria em que ela era excelente. —Eu
nunca disse que você tinha. De fato, é perfeitamente claro para mim que você
não tem. Mas ela não esta ciente disso. E é cruel da sua parte enganá-la.—
—Eu não estou!— eu protestei. —Nós só saímos.—
—Ela me disse que você a comprou roupas.—
—É um empréstimo,— eu disse ferrenhamente. —Porque ela não faz o suficiente
para viver.—
—Ela estava indo muito bem até você começar a empurrá-la nesse turbilhão da
vida social da realeza.— Sonya me encontrou diretamente nos olhos. —Olha,
você quer meu conselho? Se você se importa com ela, se afaste. Sem perceber,
você esta mandando mensagens contraditórias, e eventualmente vai ficar ruim
quando o que ela finalmente receber não ser o que ela realmente estiver
esperando. Isso seria difícil para qualquer um – mas você de todas as pessoas
sabe o quão frágil nós usuários de espíritos podemos ser.—
—Bem, na verdade, eu não quero seu conselho, e eu não estou me afastando
de coisa nenhuma porque eu não estou fazendo nada de errado. Nina é uma
garota esperta. Ela sabe que nós somos apenas amigos e gosta do que temos.
Me dizer que eu devo desistir dela é meio que prematuro.—
—Desistir dela?— Sonya riu. —Isso é um termo de viciado. Para o que
exatamente você esta usando ela? Ou mais importante, devo perguntar, o que –
ou quem – ela esta substituindo?—
—Nada. Ninguém. Para de me dar um ultimato! Qual o problema de eu ter uma
amiga?—
Nina voltou, usando os moletom de Sonya emprestado e uma camiseta, e
terminou a conversa. Alheia a tensão a qual ela entrou, Nina foi efusiva aos
agradecimentos a Sonya e fez mais alguns inquéritos sobre o status da vacina.
Enquanto elas falavam, minha mente vagou, e me perguntei se eu estive
inadvertidamente mentindo para Sonya.
Não tinha qualquer coisa romântica entre Nina e eu. Não havia ninguém que eu
pudesse se quer imaginar em estar além de Sydney. Mas quando nós deixamos
Sonya e eu acompanhei Nina de volta para sua casa, me peguei pensando sobre
a outra parte do comentário de Sonya.
O que – ou quem – ela esta substituindo?
Não havia nenhuma substituição para Sydney, claro. Não havia ninguém no
mundo como ela, ninguém que pudesse se quer se comparar a ela em meu
coração. Ainda, quando Sonya sugeriu que eu me afastasse de Nina, o primeiro
pensamento de pânico que correu através da minha mente foi de que eu estaria
sozinho de novo. Porque enquanto pesar e medo e raiva tinha dominado minhas
emoções na sequência do desaparecimento de Sydney, eu não podia negar que
solidão havia estado lá também. Meu relacionamento com Sydney havia curado
uma parte perdida de mim, um pedaço da minha alma que parecia a deriva no
mundo. Quando ela desapareceu, eu perdi aquela corrente e flutuei a deriva mais
uma vez.
Nina, embora não substituindo Sydney romanticamente, certamente tinha feito
muito para colocar me manter no chão. Não que nos últimos tempos eu estivesse
exatamente exibindo um comportamento exemplar. Mas Nina me deu alguém
com quem conversar – cujo não vivia dentro da minha cabeça – e pelo menos
proveu alguma regularidade ao meu estilo de vida festeiro. Apanhando-a e a
levando para casa todas as noites em tempo assegurava que eu não estivesse
completamente sem controle. E fora o prazer de punir secretamente meu pai
gastando o dinheiro dele com ela, eu também tinha a satisfação em cuidar de
alguém. Fazia eu me sentir menos inútil. Eu não podia encontrar Sydney, mas
por Deus, eu podia ter certeza de que Nina estava vestida para a vida noturna
da realeza.
Mas Sonya estava certa sobre eu estar me aproveitando de Nina no processo?
Eu ponderei enquanto alcançávamos a soleira de Nina, em outra seção de casas
que eram apenas levemente menos básicas que a de Sonya. Nina destrancou a
porta e então virou para me encarar. O sol estava definitivamente no alto agora,
iluminando seu rosto com as cores do amanhecer.
—Bem, obrigada como sempre pelo tempo interessante,— ela disse com uma
risadinha. —E obrigada pelo o que você tentou fazer com Sonya. Você realmente
não precisava. Mas obrigada.— Ela estava torcendo suas mãos juntas, um
habito nervoso dela que eu já havia notado antes.
Dei de ombros. —Você ouviu o que ela disse. Talvez agora aconteça
independentemente.—
—Talvez.— Um momento de silencio pairou entre nós antes dela perguntar, —
Bem… mesma hora amanhã?—
Eu hesitei, me perguntando se eu estava criando uma situação não saudável
para mim mesmo. Me perguntando se eu estava criando um para ela.
Você vai deixar Sonya ditar sua vida? Exigiu Tia Tatiana. O que ela sabe?
Eu senti um surto de raiva dentro de mim. Sonya estava exagerando. Qual era o
problema de eu ter um amigo? Qual era o problema de eu ter alguém com quem
conversar? Esperavam que eu vivesse em isolamento, só porque Sydney se foi?
E, além disso, Nina era muito intuitiva para abrigar sentimentos por mim. Ela
tinha seus próprios problemas e não ia ter nenhuma ideia louca sobre nós.
—Mesma hora,— A assegurei.
Capítulo 09 Sydney
Como Adrian pode não ter vindo por mim? Era possível ter entrado gás o
suficiente para bagunçar com meu sistema afinal? Eu sabia que não tinha
chances de ele ter desistido de mim. Ele tinha que estar procurando. Se ele não
apareceu nos meus sonhos àquela noite, havia uma boa razão.
O problema era, ele não apareceu na noite depois daquela. Ou na seguinte.
As coisas ficaram ainda piores quando Emma me interrogou na manhã depois
de eu ter desabilitado o gás, querendo saber se eu tive alguma sorte em
conseguir a ajuda de fora que prometi. Ela estava acompanha de Amelia, que eu
soube, tinha sido minha distração. Nossos quartos eram monitorados por um
centro de controle com varias telas. Sob as instruções de Emma, Amelia tinha
encenado uma discussão com sua colega de quarto, dizendo coisas
incriminadoras que haviam sido notadas pelo time de vigilância. Amelinha tinha
sido especialmente indisciplinada, e, eles me disseram, tinha ocupado toda a
atenção daqueles monitorando os quartos pelas câmeras então assim eles
perderam minha pequena performance.—
—Eu precisava de um grande bloco de sono para o meu plano funcionar,— eu
havia dito a elas, depois de explicar que eu não tinha sido bem sucedida. —Me
levou um tempo para cochilar noite passada, então talvez tenha sido muito curto.
Vai funcionar melhor hoje à noite.—
Ambas Amelia e Emma tinha parecido decepcionadas, mas também
esperançosas. Elas acreditavam em mim. Elas mal me conheciam, mas ambas
estavam convencidas de que eu podia as ajudar.
Isso tinha sido há cinco dias.
Agora a aparência de esperança havia sumido – e substituída por uma de
animosidade.
Eu não sabia o que estava errado. Eu não sabia por que Adrian não estava vindo.
Pânico cresceu em mim, por algo que tenha acontecido com ele e o fez incapaz
de andar em sonhos. Talvez ele ainda estivesse tomando remédio… mas não,
eu estava certa de que ele teria parado sem esforço para tentar me encontrar.
Era possível que as pílulas tenham causado dano permanente em sua habilidade
de usar espirito? Eu não podia ponderar por muito tempo porque minha vida na
reeducação tinha virado definitivamente para pior.
Emma e especialmente Amelia, que havia sido mandada para a purificação pela
sua distração, se sentiram enganadas. Elas não disseram para mais ninguém o
que aconteceu, para não se incriminarem, mas deixaram subtendido através de
sutis sinais de grupo de que eu estava fora. Elas ignoraram meu argumento de
que a ajuda viria, e eu logo me vi comendo sozinha na cafeteria. Outros que
começaram a parar com seu comportamento distante voltaram aos velhos
hábitos com fúria, e tudo que eu fazia era examinado e reportado para os nossos
superiores – que me mandaram duas vezes mais para a purificação essa
semana.
Apenas Duncan permaneceu meu amigo, do seu jeito, mas até aquilo estava um
pouco contaminado. —Eu te avisei,— ele disse na aula de artes um dia. —Eu te
avisei para não estragar as coisas. Eu não sei o que você fez, mas você
definitivamente desfez todo seu progresso.—
—Eu tive,— eu disse. —Eu tinha que arriscar alguma coisa, alguma coisa que
vai valer a pena.—
—Tinha?— ele perguntou tristemente, em uma voz que dizia que ele já tinha
visto tentativas similares muitas, muitas vezes.
—Sim,— eu disse ferozmente. —Vai valer a pena.—
Ele me deu um sorriso amável e voltou para sua pintura, mas eu podia dizer que
ele acreditava que eu estava mentindo. A coisa terrível era, eu não sabia se ele
estava certo.
Durante todo o tempo, eu mantive esperança de que me conectaria com Adrian
no mundo dos sonhos. Eu não entendia por que ainda não tinha acontecido, mas
nunca duvidei por um segundo de que ele estava lá fora ainda me amando e
procurando por mim. Se algo estava realmente interferindo com os nossos
sonhos, eu estava certa de que ele iria encontrar outro jeito de chegar até mim.
Uma semana depois de eu ter desabilitado o gás, o status quo*(situação atual)
da reeducação foi abalado quando um recém chegado se juntou a nós. —Essa
é uma boa noticia para você,— Duncan me disse no corredor. —A atenção vai
mudar para ela por um tempo, então fique muito amigável.—
Era um conselho difícil de ser seguido, especialmente quando eu a vi sentada
sozinha na mesa da cafeteria para o café da manhã. Um olhar de aviso vindo de
Duncan me mandou relutantemente para a minha própria mesa, onde eu me
senti tola e covarde por deixar tanto a garota nova quanto eu sofrermos sendo
isoladas. Seu nome era Renee, e aparentava ter minha idade, se não um ano
mais ou menos mais nova. Ela também parecia com alguém que eu poderia me
ligar muito facilmente desde que, como eu, ela foi mandada para a purificação
durante nossa primeira classe por responder o professor.
Diferente de mim, no entanto, Renee volto mais tarde parecendo pálida e doente
– mas não intimidada. Em alguns aspectos, eu admirava aquilo. Ela ainda estava
quente do seu tempo na solitária, mas carregava uma faísca rebelde em seus
olhos que mostrava força promissora e coragem. Aqui esta alguém cujo eu possa
me aliar, pensei. Quando eu mencionei isso para Duncan na aula de artes, ele
foi rápido em me castigar.
—Ainda não,— ele murmurou. —Ela é muito nova, muito conspícua. E ela não
esta fazendo as coisas fáceis para si.—
Ele tinha um ponto. Embora aparentemente tenha aprendido o bastante para não
responder mais abertamente, ela não fez tentativa nenhuma de parecer
arrependida ou agir como se tivesse alguma intenção de comprar o que os
Alquimistas estavam vendendo. Ela parecia exaltar sua exclusão dos outros, me
ignorando quando ofereci ousadamente um sorriso amigável nos corredores. Ela
sentava carrancuda em nossas aulas, olhando com raiva e desafio tanto para os
alunos quanto para os instrutores igualmente.
—Eu estou meio que surpreso por ela já ter saído do tempo na solitária,—
adicionou Duncan. —Alguém errou.—
—Esse é o por que de ela precisar de um amigo mais do que nunca,— insisti. —
Ela precisa de alguém para dizê-la ‘Olha, esta tudo bem se sentir assim, mas
você tem que se aquietar por um tempo. ’ De outra forma, eles vão mandar ela
de volta.—
Ele balançou sua cabeça advertidamente. —Não faça isso, não se envolva nisso,
especialmente desde que a chegada dela fará com que você seja promovida
logo. Além do mais, eles não vão mandar ela de volta para sua cela.—
Havia um tom ameaçador em sua voz que ele não explicaria, e contra meu
melhor julgamento, eu mantive a decisão de sentar com Renee e não desistir
pela pressão dos outros. O plano foi adiado quando um dos companheiros
regulares de Duncan me convidou para juntar-me a eles. Eu permaneci lá
incerta, segurando minha bandeja enquanto olhava entre a mesa de Renee e
Duncan. Ir até ela parecia a coisa certa a se fazer, mas como eu poderia recusar
a primeira chance em um tempo de me ligar com os outros? Resistindo aos meus
melhores instintos, me dirigi para a mesa de Duncan, prometendo redimir as
coisas com Renee depois.
Depois nunca veio.
Aparentemente, depois de um dia deixando seu ressentimento ferver dentro
dela, Renee não pode mais segurar e estourou no terceiro período, disparando
em um discurso ainda mais longo que o de ontem sobre a propaganda de mente-
fechada do nosso instrutor. A segurança a arrastou para fora, e eu senti uma
onda de simpatia por ela ter que suportar dois dias seguidos da purificação tão
cedo fora da solitária. Duncan encontrou meus olhos enquanto ela era levada da
sala, um olhar de eu te disse no rosto.
Quando a hora do lanche chegou, eu esperava uma mudança de ultima hora no
cardápio para refletir um dos pratos preferidos de Renee e adicionar insulto à
injúria de sua punição. O cardápio colocado mostrou a mesma coisa que estava
listada essa manhã, no entrando, e eu me perguntei se ela escapou do
sofrimento ou simplesmente tinha o azar de já ter tiras de frango como uma de
suas comidas preferidas. Mas quando Renee entrou na cafeteria, muito tempo
depois de o resto de nós estarmos sentados e comendo, eu esqueci tudo sobre
o cardápio.
Havia sumido aquele brilho de desafio de seu olhar. Não havia faísca nenhuma
neles enquanto ela olhava em volta em confusão, olhando como se nunca
tivesse visto este cômodo, muito menos uma cafeteria, antes. Sua expressão
facial estava igualmente branda, quase que de boca aberta. Ela permaneceu
bem na entrada, sem fazer nenhuma tentativa de entrar ou pegar comida, e
ninguém se incomodou em ajuda-la.
Além de mim, uma detenta chamada Elsa segurou o fôlego. —Eu pensei que
isso poderia acontecer.—
—O que?— perguntei, totalmente perdida. —Foi uma purificação ruim?—
—Pior,— disse Elsa. —Retoque.—
Eu refleti sobre minhas próprias experiências anteriores, me perguntando como
poderia ser pior, desde que éramos todos retocados aqui em algum momento.
—Ela já não foi retocada com saiu da solitária?—
—Um retoque de padrão,— disse outro dos meus companheiros de mesa, um
cara chamado Jonah. —Obviamente, não é o suficiente, então eles super-
aumentam – talvez um pouco de mais. Acontece às vezes. Recebemos a
mensagem através deles, mas os deixa meio atordoados e esquecidos sobre a
vida ordinária por um tempo.—
Um sentimento de terror rastejou por mim. Isso era o que eu temia, o porque eu
trabalhei para criar uma tinta mágica que combateria os efeitos da compulsão
dos Alquimistas. Eu vi aquele olhar sem vida antes – Keith. Quando acabará de
sair da reeducação, ele também havia agido como um zumbi, incapaz de fazer
qualquer coisa exceto papaguear a retórica que os Alquimistas perfuraram nele.
Pelo menos naquele ponto, no entanto, Keith era capaz de lidar com as funções
diárias da vida. Ele inicialmente emergiu assim tão enxuto? Era horrível de
observar. Ainda pior era o fato de ninguém mostrar nenhum sinal de que ia ajuda-
la.
Eu estava fora do meu acento em um piscar, ignorando a ingestão aguda de
fôlego de Duncan atrás de mim.
Eu corri até Renee e segurei seu braço, a guiando para dentro do cômodo. —
Venha,— eu disse, focando nela assim não precisaria ver que eu tinha toda a
atenção de cada uma das pessoas no lugar. —Você não quer comida?—
O olhar de Renee encarou inexpressivamente a frente por vários segundos e
então lentamente virou para mim. —Eu não sei. Você acha que eu deveria?—
—Você esta com fome?— eu perguntei.
Uma pequena carranca apareceu entre suas sobrancelhas. —Você acha que eu
estou? Se você não acha…—
Eu a conduzi em direção a janela de Bexter. —Eu acho que você deve estar seja
lá o que você quer estar,— eu disse firmemente. Ela não disse nada para o chefe
quando o alcançamos, e como sempre, ele não foi acessível, então ficou por
minha conta. —Renee precisa de algum lanche.—
Baxter não respondeu imediatamente, e eu quase me perguntei se ele poderia
não agir a menos que ela pedisse especificamente por comida. Se sim, nós
ficaríamos paradas aqui por um tempo. Mas depois de mais alguns momentos
de indecisão, ele se virou e começou a fazer uma bandeja com tiras de frango.
Eu carreguei para uma mesa vazia para ela e puxei uma cadeira, gesticulando
para ela sentar. Ela parecia responder bem um comando assim, mesmo não dito,
mas não fez nenhuma tentativa de fazer nada por si só uma vez que eu sentei
de frente pra ela.
—Você pode comer se você quiser,— eu disse. Quando isso não provou nada,
eu mudei minhas palavras. —Coma seu frango, Renee.—
Ela obedientemente pegou uma tira de frango e começou a fazer seu caminho
pela bandeja enquanto eu olhava com um senso crescente de pavor. Pavor – e
raiva. Os Alquimistas realmente pensavam que essa era uma alternativa melhor
do que alguém questionando autoridade? Mesmo que o efeito mais severo
passasse com o tempo, ainda era doentio que eles pudessem fazer isso com
outro ser humano. Quando eu descobri que estava protegida do retoque, pensei
que estava segura e livre a esse respeito. E era verdade – eu estava. Mas todos
a minha volta, quer sejam amigos ou inimigos, corriam o risco se os Alquimistas
entrassem abordo com o retoque. Não importava se esse feito extremo fosse
uma raridade. Mesmo que tenha acontecido uma vez, uma fez foi muito.
—Beba seu leite,— eu ordenei quando percebi que ela terminou o frango e
estava apenas encarando o prato de novo. Ela estava na metade da caixinha
quando o sinal tocou. —Hora de ir, Renee. Esse som significa que temos que ir
para algum outro lugar.—
Ela se levantou quando eu levantei, e olhei para cima para ver dois dos capangas
de Sheridan se aproximando. —Você precisa vir com a gente,— um deles me
disse.
Eu comecei a consentir e então vi a expressão desamparada de Renee.
Ignorando a insistência da minha escolta, eu virei para ela e disse. —Siga
adiante e faça o que os outros fazem. Vê como eles estão devolvendo suas
bandejas? Faça isso, e então vá com eles para a próxima aula.— Um dos
guardas puxou meu braço para me mexer, e eu resisti até ver Renee acenar e
se juntar aos outros com sua bandeja. Só assim eu deixei a dupla me guiar para
fora, e eles não pareciam nada contentes pelo meu pequeno ato de desafio.
Eles me guiaram para o elevador depois desceram um nível, para o andar onde
fica a purificação. Me perguntei se não terminar meu lanche faria essa
experiência mais ou menos desagradável. Para minha surpresa, contudo, nós
passamos pela porta costumeira e continuamos indo para o final do corredor,
onde eu nunca estive. Passamos por armários rotulados respectivamente como
cozinha, e suplementos de escritório e então continuamos pelas portas que
estavam ameaçadoramente sem marcação. Foi em uma dessas para qual eles
me levaram.
Essa nova sala parecia como as habituais de purificação, tirando que havia
braços estranhos na cadeira. Eles eram maiores do que os que eu estava
acostumada, mas ainda tinham amarras, o que era tudo que importava. Talvez
esse fosse o novo modelo atualizado de seja lá onde for que eles conseguem
seus dispositivos de tortura. Sheridan estava esperando por nós na sala,
segurando um pequeno controle remoto. Os guardas me amarraram na cadeira
e então, com um aceno dela, nos deixaram sozinhas.
—Bem, olá, Sydney,— ela disse. —Devo dizer, estou desapontada em vê-la em
encrenca.—
—Esta, Madame? Eu estive na purificação algumas vezes essa semana,—
respondi, pensando em como os outros haviam me incriminado recentemente.
Sheridan fez um gesto de desprezo com a mão. —Isso? Vamos lá, nós duas
sabemos que é só os outros jogando seus jogos. Você estava realmente indo
notavelmente bem – até agora.—
Uma centelha da minha raiva anterior voltou. Sheridan e as outras autoridades
estavam bem cientes de quando alguém legitimamente saia linha comparado
com quando uma pessoa estava simplesmente sendo encurralada. E ela não se
importava.
Engoli minha raiva e fiz uma cara educada. —O que exatamente eu fiz,
senhora?—
—Você entende o que aconteceu com Renee hoje, Sydney?—
—Eu ouvi que ela foi retocada,— eu disse cuidadosamente.
—Os outros te disseram isso.—
—Sim.—
—E eles também te disseram para não ajudar quando ela voltasse?—
Eu hesitei. —Não explicitamente. Mas eles deixaram claro nos seus atos que
não iriam.—
—E você não acha que deveria ter seguido a liderança deles?— ela insistiu.
—Imploro pelo seu perdão, madame,— eu disse, —mas achei que meu dever
fosse seguir suas instruções, não aquelas dos meus colegas residentes. Desde
que nem você nem nenhum outro instrutor disse para eu não ajudar Renee, não
achei que estivesse fazendo nada de errado. De fato, pensei que agir
compassivamente para com outro humano fosse algo certo. Eu me desculpo se
confundi.—
Ela me examinou por um longo tempo, e eu encontrei seu olhar sem piscar. —
Você diz todas as coisas certas, mas me pergunto se você quer mesmo dizê-las.
Bem, então. Vamos começar.—
Com um aberto no botão, a tela ligou, mostrando uma típica foto de um Moroi
feliz.
—O que você vê, Sydney?—
Eu franzi, percebendo que ela se esqueceu de aplicar a droga induzidora de
náuseas. Eu certamente não iria chamar sua atenção para isso, contudo. —
Moroi, senhora.—
—Errado. Você vê criaturas malignas.—
Eu não sabia como responder para aquilo, então não disse nada.
—Você vê criaturas malignas,— ela repetiu.
Esta nova virada dos eventos me deixou incerta de como proceder. —Eu não
sei. Talvez eles sejam. Eu teria que saber mais sobre esses Moroi em
particular.—
—Você não precisa saber nada exceto o que eu te disse. Eles são criaturas
malignas.—
—Se você diz, senhora,— eu disse cautelosamente.
Seu rosto permanecia tranquilo. —Eu preciso que você diga. Repita depois de
mim: Eu vejo criaturas malignas.—
Eu olhei para os Moroi na foto. Mostrava duas garotas, perto da minha idade,
que parecia que poderiam ser irmãs. Elas estavam sorrindo e segurando cones
de sorvete. Completamente nada sobre elas parecia maligno, a menos que
fossem forçar aquele sorvete em uma criança diabética. Enquanto refletia sobre
isso, o apoio de braço a minha direita clicou de repente. O topo dele deslizou
para trás, revelando um compartimento oco abaixo que estava preenchido com
algum tipo de liquido claro.
—O que é isso?— Perguntei.
—Você vê criaturas malignas?— Sheridan disse como resposta.
Eu devo ter demorado muito para responder, e Sheridan apertou um botão no
controle remoto. As amarras que seguravam meu braço no lugar de repente
começaram a se mover, abaixando meu braço. Parou bem quando a parte de
baixo do meu braço roçou aquele líquido e então começou a erguer meu braço
de volta.
Roçar foi tudo que era preciso, no entanto. Eu gritei com dor e surpresa enquanto
uma sensação de queimação se espalhou onde minha pele havia tocado a
superfície do líquido. Seja qual for a química que tinha naquilo fez parecer como
se eu tivesse tocado em uma panela de água fervendo, queimando minha pele
exposta. Uma vez que meu braço estava longe do líquido, a dor começou a
lentamente desvanecer.
—Agora então,— disse Sheridan, muito docemente depois do que ela acabou
de fazer. —Diga ‘eu vejo criaturas malignas. ’—
Ela nem me deu a chance de responder antes de repetir o mesmo procedimento,
deixando meu braço abaixado um pouco mais do que antes. Apesar daquilo, eu
estava mais preparada e consegui morder o lábio para não gritar. A dor era a
mesma, e eu exalei de alivio quando depois de alguns momentos, ela ergueu
meu braço e me permitiu uma pequena recuperação.
Foi de curta duração, e ela logo disse, —Agora diga –—
Eu não lhe dei chance de terminar. —Eu vejo criaturas malignas,— respondi
rapidamente.
Triunfo levantou seu rosto. —Excelente. Agora vamos tentar um diferente.—
Uma nova imagem surgiu, esse mostrando um grupo de crianças de escola
Moroi. —O que você vê?—
Eu aprendia rápido. —Eu vejo criaturas malignas,— eu disse prontamente. Era
ridículo, claro. Não tinha nada de maligno sobre aqueles Moroi ou as fotos
subsequentes que ela então começou a me mostrar. Eu jurei a mim mesma na
solitária que jogaria qualquer que fosse os jogos precisos para me tirar daqui, e
se ela precisava que eu papagueasse essa mentira a fim de compensar eu ter
ajudado Renee, eu ficaria feliz em fazê-lo.
Um casal Moroi, mais crianças, um homem velho… seguidas. Sheridan passou
de rosto depois de rosto, e eu respondia em conformidade. —Eu vejo criaturas
malignas. Eu vejo criaturas malignas. Eu vejo–—
Minhas palavras ficaram presas quando eu olhei para mais dois Moroi – dois
Moroi que eu conhecia.
Adrian e Jill.
Eu não fazia ideia de ela tinha conseguido a foto, e não me importava. Meu
coração saltou quando olhei para seus rostos sorridentes, rostos que eu amava
e sentia a falta tão terrivelmente. Imaginei seus rostos incontáveis vezes, mas
não substituía a imagem real. Absorvi cada detalhe: o jeito que a luz brincava no
cabelo de Adrian, o jeito que os lábios de Jill curvavam em um sorriso tímido. Eu
tive que engolir uma onda de emoção brotando dentro de mim. Talvez a intenção
de Sheridan fosse me punir os mostrando, mas isso acabou sendo mais como
uma recompensa – até ela falar de novo.
—O que você vê, Sydney?—
Abri minha boca, pronta para recitar aquela fala vazia, mas eu não podia.
Olhando naqueles rostos amados, seus olhos brilhando com felicidade… eu não
podia. Mesmo dizendo a mim mesma que era uma mentira, eu não poderia me
fazer condenar Adrian e Jill.
Sheridan não desperdiçou tempo em agir. O dispositivo da cadeira baixou meu
braço no líquido, mais do que tinha antes, assim meu braço ficou imerso quase
pela metade. O choque disso me pegou fora de guarda, e foi ainda pior por ela
ter deixado meu braço lá por ainda mais tempo do que antes. Qualquer que fosse
o acido que tinha naquela mistura queimou minha pele, ateando fogo em cada
nervo. Eu gritei em dor, e mesmo depois de ela erguer meu braço, eu ainda me
encontrei choramingando enquanto os efeitos se demoravam.
—O que você vê, Sydney?—
Eu pisquei de volta lágrimas de dor e foquei em Adrian e Jill. Apenas diga, eu
disse a mim mesma. Você precisa sair daqui. Você precisa voltar para eles. Ao
mesmo tempo, eu de repente ponderei, É assim que começa? Como eu me torno
como Keith? Será que eu começaria em dizer a mim mesma que o que eu
dissesse estaria tudo bem, contanto que eu soubesse que era uma mentira
usada para evitar a dor? Será que essa mentira eventualmente se tornaria
verdade?
Com o meu silencio, Sheridan baixou meu braço de novo, afundando ainda mais
do que antes. —Diga,— ela disse, sua voz desprovida de qualquer emoção
humana. —Me diga o que você vê.—
Um gemido baixo de dor escapou dos meus lábios, mas foi isso. Internamente,
eu tentava me dar uma conversa estimulante: Eu não direi isso. Eu não trairei
Adrian e Jill, mesmo com palavras vazias. Pensei que se eu pudesse aguentar
a dor um pouco mais, ela me daria uma trégua como antes, mas no lugar, ela
baixou meu braço ainda mais assim ficou completamente submerso no liquido.
Eu gritei quando senti queimar minha pele. Olhando para baixo, eu esperava ver
minha carne descascando, mas meu braço e mão estavam apenas rosa. O que
quer que fosse esse composto, foi designado para parecer estar causando mais
dano do que estava.
—Me diga o que você vê, Sydney. Me diga o que você vê, e eu acabarei com
isso.—
Eu tentei lugar contra a dor, mas foi impossível quando senti como se
estivesse sendo queimada viva.
—Me diga o que você vê, Sydney.—
A dor crescia e crescia quanto mais meu braço ficava submerso, e finalmente,
me sentindo como uma traidora quando encontrei os olhos daqueles que eu
amava, deixei escapar, —eu vejo criaturas malignas.—
—Eu não ouvi,— ela respondeu calmamente. —Diga mais alto.—
—Eu vejo criaturas malignas!— Gritei.
Ela tocou o controle remoto, e meu braço foi erguido e liberto daquela tortura
liquida. Eu comecei a respirar de alivio, e então de repente, sem uma palavra de
aviso, ela afundou meu braço de novo. Eu gritei de dor, o que durou mais dez
segundos até ela levar meu braço para cima de novo.
—O que você esta fazendo?— Eu exclamei. —Eu pensei que você tinha dito–—
—Esse é o problema,— ela interrompeu. Através de algum comando silencioso,
seus capangas voltaram e começaram a desprender minhas amarras. —Você
pensou. Bem como você pensou que estava tudo bem em ajudar Renee. A única
coisa que você precisa fazer é o que te mandaram. Você entendeu?—
Eu olhei para meu braço, o que estava um escuro, rosa nervoso, mas de jeito
nenhum mostrava a verdadeira extensão do que eu acabei de sofrer. Então olhei
de volta para Adrian e Jill, me sentindo culpada pela minha fraqueza. —Sim,
senhora.—
—Excelente,— disse Sheridan, baixando o controle remoto. —Então vamos para
a sua próxima aula, devemos?—
Capítulo 10 Adrian
—Adrian?—
Abri meus olhos e olhei vesgamente para o rosto de uma garota que eu não
conhecia. Ela estava completamente vestida, e eu estava completamente
vestido, de modo que pelo menos aquele era um sinal promissor. Vendo a
expressão confusa no meu rosto, ela me deu um sorriso torto.
—Sou Ada. Você capotou aqui noite passada. Mas agora você tem que ir antes
que meus pais cheguem em casa.—
Eu consegui sentar e vi que eu estive deitado em um piso de madeira, o que
explicava a dor nas minhas costas e cabeça. Olhando em volta, vi alguns outros
foliões de forma similar, se arrastando de pé e se dirigindo para porta. Satisfeita
de estar no meu caminho, Ada se ergueu de sua posição ajoelhada e foi chutar
para fora o próximo convidado noturno indesejado.
—Obrigado por me deixar ficar,— eu chamei atrás dela. —Ótima festa.—
Pelo menos, eu assumi que tinha sido, se eu capotei no chão. Uma garrafa vazia
de Martini repousava perto de onde eu tinha dormido, mas eu não sabia se era
minha ou não. Esperava que não. Ficar bêbado com Martini era simplesmente
triste. As últimas duas semanas haviam sido um borrão de decadência e
libertinagem, mas essa foi a primeira vez que eu realmente fiquei em algum
lugar. Normalmente, Nina conseguia se certificar de que eu estava de volta em
minha casa. Por um momento, me senti ferido por ela não estar aqui para olhar
por mim de novo. Então, me lembrei vagamente de que agora era segunda-feira,
e ela não queria ficar fora até tarde antes de sua semana de trabalho ter
começado.
Parecia ser cerca de seis horas da manhã quando eu pisei do lado de fora, e o
sol nascendo era impiedoso com a minha ressaca. Algumas pessoas estavam
do lado de fora ainda. No horário vampiro, era bem tarde da noite. As pessoas
estariam indo para a cama nas próximas horas. Até os guardiões tinham
patrulhas leves essa hora do dia, e eu passei apenas por uns dois enquanto me
arrastava de volta para a pensão. Um olhou duas vezes quando ele me viu.
—Adrian?—
Eu pensei que talvez minha reputação tivesse me precedido, e então eu vi que
era Dimitri. —Oh, hey,— eu disse. —Bom dia. Ou algo assim.—
—Parece que você já teve melhores,— ele observou. —Eu estou terminando
meu turno. Quer ir tomar algum café da manhã?—
Eu considerei, incerto sobre minha última refeição solida. —Meu estômago está
bem vazio. Eu não sei como ele vai reagir a isso.—
—O fato de você estar incerto provavelmente significa que você precisa muito
mais de comida,— ele disse, o que soou como a lógica mais estranha que eu já
ouvi. —Pelo menos com minhas experiências.—
Ponderei quanta —experiência— ele tinha nessas questões. Eu realmente não
sabia o que ele fazia em seu tempo livre. Talvez houvesse mais vodca Russa
sendo consumida do que eu soubesse. Sempre imaginei que quando não estava
trabalhando, ele e Rose se atacavam em esteiras de treino, ou seja lá o que for
o que esses dois tinham como preliminares.
—Você tem certeza que não quer ir para casa e se aninhar com Rose?— Eu
perguntei. —Espere… ela se quer está de volta? Elas não estavam em
Lehigh?—
—Elas estão de volta à uma semana,— disse Dimitri pacientemente. —Vamos,
por minha conta.—
Eu segui junto porque sério, era difícil dizer não para Dimitri Belikov para
qualquer coisa. Plus, eu ainda estava processando as novidades de que perdi
tempo o suficiente para Rose e Lissa estar de volta por todo esse tempo. —Eu
posso pagar. Ou, bem,— adicionei amargamente. —Meu pai pode, desde que
esse é o único modo em que aparentemente eu e minha mãe conseguimos
viver.—
A expressão de Dimitri permaneceu neutra enquanto andávamos em um prédio
que havia uma série de restaurantes, a maioria aos quais não estavam abertos
ainda. —Esse é o porquê de você estar vivendo em um poço de desespero
desde que voltou para cá?—
—Eu gosto de pensar nisso como uma escolha de estilo de vida,— eu disse a
ele. —E como você sabe o que eu estive fazendo?—
—Conversas correm,— ele disse misteriosamente.
O restaurante para qual ele nos levou estava lotado de guardiões que deviam ter
acabado de ter saído de seus turnos. Esse provavelmente era também o lugar
mais seguro da Corte, julgando pela quantidade deles.
—O que eu faço é assunto meu,— eu disse hostilmente.
—Claro que é,— ele concordou. —Esse apenas não tem sido o seu tipo de
assunto há um tempo. Estou surpreso por isso estar voltado.—
O restaurante servia café da manhã self-service, e embora minha mãe
desmaiasse só de pensar em servir a si mesma, eu amavelmente peguei um
prato e segui Dimitri na fila. Uma vez que tínhamos nossas bandejas, sentamos
em uma mesa pequena no canto. Ele não tocou sua comida, no lugar se inclinou
para mim com um olhar que significava apenas negócios.
—Você é melhor que isso, Adrian,— ele disse. —Qualquer que seja a razão,
você é melhor do que isso. Não se engane em pensar que você é mais fraco do
que você é.—
Isso foi tão parecido com o que Sydney me disse no passado que
momentaneamente me levou de volta. Então, minha raiva retornou. —Foi por
isso que você me convidou para cá? Não aja como se você soubesse qualquer
coisa sobre mim! Nós não somos tão bons amigos assim.—
Aquele comentário pareceu surpreendê-lo. —É uma pena. Eu esperava que
fôssemos. Eu esperava conhecer o verdadeiro você.—
—Você não conhece,— eu disse, empurrando minha bandeja de lado. —
Ninguém conhece.— Só Sydney, pensei. E ela estaria envergonhada de mim.
—Há um monte de gente que se importa com você.— Dimitri continuava a
imagem da calma. —Não se afaste deles.—
—Como eles se afastaram de mim?— Exigi, pensando na recusa de Lissa em
ajudar. —Eu tentei pedir ajuda, e fui rejeitado! Ninguém pode me ajudar.—
Levantei abruptamente. —Não estou mais com fome. Obrigado pela ‘conversa
encorajadora’.—
Eu deixei minha bandeja intocada e sai violentamente. Ele não me seguiu, pelo
o que fiquei grato, desde que ele provavelmente poderia ter me arrastado
literalmente de volta sem esforço. Eu parti por raiva – e também por humilhação.
Suas palavras machucaram, não apenas por que elas apontavam julgamento
para mim – julgamento que eu já estava dando a mim mesmo – mas porque elas
me lembravam de novo de Sydney. Sydney, que sempre disse que eu era muito
mais. Bem, fiz um trabalho muito bem feito em provar que ela estava errada. Eu
falhei com ela. As palavras de Dimitri levaram aquilo para casa, mesmo que ele
não tenha percebido.
Voltei para meu quarto e bebi algumas doses de vodca antes de cair na minha
cama e caindo quase imediatamente no sono. Eu sonhei com Sydney, não do
jeito mágico do espirito eu esperava, mas do jeito normal. Eu sonhei com sua
risada e com o jeito exasperado – e ainda divertido – em ela diz —Oh, Adrian,—
quando eu fazia alguma coisa ridícula. Sonhei com a luz do sol transformando
seu cabelo em ouro derretido e trazendo o brilho âmbar em seus olhos. E o mais
doce de tudo, sonhei com os braços dela ao meu redor, seus lábios pressionados
aos meus e o jeito que eles podiam preencher meu corpo com desejo e meu
coração com mais amor do que eu jamais pensei ser capaz de aguentar.
Meu mundo sonhando e acordado mudaram de lugar, e de repente, haviam
braços envoltos ternamente ao redor da minha cintura e lábios macios me
beijando. Eu respondi igualmente, aumentando o fervor naquele beijo. Eu estive
tão sozinho por tanto tempo, tão perdido e a deriva não apenas no mundo, mas
na minha própria cabeça. Tendo Sydney aqui na cama colocou meus pés no
chão e me trouxe de volta a mim mesmo de uma forma que eu não sabia que
era possível. Eu poderia enfrentar as tempestades em meu mundo, a loucura em
minha família… tudo isso poderia ser tolerado agora que Sydney estava aqui.
Exceto que ela não estava aqui.
Sydney se foi, mantida bem, bem longe de mim… O que significa que não eram
seus braços ao meu redor ou seus lábios que eu havia provado. Lutando com a
neblina sonolenta, abri meus olhos e tentei dar sentido ao meu redor. As
persianas filtravam a maior parte do sol da manhã, mas eu ainda podia ver o
suficiente para perceber que a garota na cama comigo tinha cabelos pretos, não
dourados. Seus olhos eram cinza, não castanhos.
—Nina?—
Eu a afastei gentilmente e fugi para o mais longe dela que eu pude ainda
conseguindo ficar na cama. Divertimento brilhou em seus olhos, e ela riu da
minha surpresa. —Estava esperando outra pessoa? Espera, não responda.—
—Não… mas o que você esta fazendo aqui?— pisquei para o quarto escuro. —
Como você entrou aqui?—
—Você me deu uma chave para emergências, não se lembra?— Eu não
lembrava, mas isso também não me surpreendia. Ela pareceu meio
decepcionada de isso ter sido apenas algo que eu fiz por impulso quando estava
bêbado. —Fiquei preocupada quando não soube de você está manhã, então eu
corri para te checar quando sai de pausa para o lanche. Peguei um turno tarde
estranho.—
—Assédio não é o mesmo que me checar,— eu disse.
—Assédio é meio que exagero,— ela me repreendeu. —Especialmente desde
que você foi aquele que procurou por mim quando sentei do seu lado na cama.—
—Procurei?— De novo, não poderia dizer que estava inteiramente surpreso. —
Bem… Sinto muito. Eu estava meio dormindo e não sabia o que eu estava
fazendo. Eu estava… sonhando.—
—Pra mim pareceu que você sabia o que estava fazendo,— disse Nina
roucamente. Ela se estendeu em minha direção. —Você estava sonhando com
ela?—
—Quem?—
—Você sabe quem. A garota que te atormenta. Não negue,— ela ordenou, me
vendo prestes a protestar. —Você não acha que eu possa dizer? Oh, adrian.—
Foi chocante ouvi-la dizer isso, depois de eu ter acabado de sonhar com Sydney
enunciando essas exatas palavras. Nina acariciou gentilmente meu pescoço. —
Eu pude dizer tão logo quanto você voltou para Corte que alguém havia partido
seu coração. Eu odiei vê-lo seguindo o caminho que você está. Isso me
consome.—
Balancei minha cabeça, mas não removi sua mão. —Você não entende. Há mais
nisso do que você sabe.—
—Eu sei que ela não está aqui. E que você está miserável. Por favor…— ela
correu de volta através da cama e se inclinou sobre mim, seu cabelo formando
uma cortina de cachos negros ao redor de nós. —Eu estive atraída por você
desde o momento em que nos conhecemos. Me deixe te fazer se sentir melhor.
…—
Ela se inclinou para baixo para me beijar, e eu ergui uma mão para pará-la. —
Não… Não posso.—
—Por que? Ela vai voltar?—
A voz de Nina não era cruel, mas havia certamente um desafio nela, e eu me
encontrei desviando o olhar. —Eu… Eu não sei. …—
—Então por que lutar contra isso?— ela perguntou implorando. —Eu sei que
você gosta de mim. Mais importante, eu sei que você me entende. Mais ninguém
entende como é, ser lançada de um lado para o outro nas ondas do espirito e
suportar o que suportamos. Isso não vale alguma coisa? Só ter alguém por perto
assim você não fica sozinho?—
Ela tentou me beijar de novo, e eu não a parei, em maior parte porque era difícil
de argumentar contra seu ponto, eu certamente não a amava como amava
Sydney, mas nós entendíamos pelo que o outro estava passando. Ela não julgou
o que eu fiz ou tentou me fazer encontrar formas melhores de lidar com meu
desespero. E sim, ela estava certa: era bom não estar sozinho.
Assim, as palavras de minha mãe de repente me atingiram como um tapa na
cara: Pare de buscar um sonho e foque em alguém com quem você possa
construir uma vida estável. Isso foi o que seu pai e eu fizemos.
Era isso que eu estava fazendo com Nina? Construindo uma relação estável com
alguém que compartilhava dos meus vícios e necessidade de escaparatória –
mas quem no fim das contas eu não amava? Seria certamente fácil. Nina se
certificou disso. Nós poderíamos passar uma vida juntos, solidarizando sobre o
quão difícil era ser um usuário de espirito, indo de uma festa para outra na
esperança de afastar a escuridão por um tempo maior. Seria uma vida
prazerosa. Estável, como minha mãe havia dito. Mas eu nunca tentaria melhorar.
Eu não alcançaria a grandeza, do jeito que Sydney sempre fezia eu sentir como
se eu pudesse. E eu nunca, jamais teria o amor eufórico, que consome
totalmente, que se envolvia ao meu redor a todo o momento em que eu estava
com Sydney, aquele sentimento de amor que constantemente me fazia pensar,
Sim, isso que significa estar vivo.
Seria fácil, sussurrou tia Tatyana, inconstante como sempre. Ela está aqui. Use-
a. Faça a dor desaparecer. Sua outra garota está muito longe, mas esta está
bem na sua frente. Se entregue. Apenas diga sim. Sim, sim, sim …
—Não,— eu disse.
Eu quebrei o beijo com Nina e efetivamente me levantando dessa vez, me
certificando de que ela estava fora de alcance. Eu fui um tolo. Um fraco, tolo
preguiçoso. Eu deixei minha depressão sobre meus pais e não ter nenhuma pista
de Sydney tirar o melhor de mim. Eu não estava apenas desistindo de Sydney.
Eu estava desistindo de mim mesmo, me perdendo na vida decadente das festas
da Corte e prazer porque era fácil – muito mais fácil do que encontrar Sydney e
permanecer forte quando as opções pareceram sem esperança.
—Nina, me desculpe, mas eu não posso fazer isso,— eu disse, colocando tanta
força em minhas palavras quanto eu pude. —Me desculpe se eu te guiei a isso,
mas não vai acontecer. Eu gosto de sair com você, mas eu não vou sentir nada
mais por você do que eu já sinto agora. E se eu não vou, então não é aceitável
para nenhum de nós. Me desculpe. Nós nunca, jamais teremos um futuro
juntos.—
Foi um pouco excessivo, em maioria porque eu estava censurando a mim
mesmo tanto quanto a ela. Ela estremeceu, e eu percebi tarde demais de que
talvez eu devesse ter encontrado um jeito mais gentil de expressar meus
sentimentos – especialmente, sabendo como eu sei, quão sensíveis usuários de
espirito são. Seu sorriso de mais cedo desapareceu, e ela realmente recuou
como se eu tivesse a golpeado. Piscando de volta lágrimas, ela se levantou da
cama com o tanto de dignidade que ela conseguiu reunir.
—Eu vejo,— ela disse. Havia um tremor em sua voz, e ela estava fazendo aquela
coisa de espremer a mão, ao alcance de suas próprias unhas estarem cavando
sua pele. —Bem, me desculpe por desperdiçar seu tempo essas últimas duas
semanas. Eu deveria saber que ajuda clerical não era boa o suficiente pra Lorde
Adrian Ivashkov.—
Agora eu estremeci. —Nina, não é de nenhuma forma assim. E eu realmente
gosto de te ter como amiga. Se você apenas me deixar explicar–—
—Não se incomode.— Ela virou suas costas para mim e foi em direção à porta
do quarto. —Eu não quero desperdiçar mais nada do seu tempo, e além disso,
eu preciso encontrar algo para comer antes que minha pausa para o lanche
acabe. Desculpe por tê-lo acordado. Estou feliz que esteja bem.—
—Nina–— tentei. Mas ela se fora antes que eu pudesse dizer mais qualquer
coisa, sua saída pontuada com uma batida forte na porta.
Afundei na cama, me sentindo como merda ambos física e mentalmente. Eu não
queria terminar as coisas assim com ela. Eu não queria que um monte de coisas
tivesse acontecido. E enquanto o estado esmagador da minha vida ameaçava
me engolir, eu tinha de lutar contra o impulso de preparar um drink.
—Não,— eu disse em voz alta. —Eu parei com isso.—
Aqui e agora, eu estava parando com meus vícios de uma vez. Eu estive me
iludindo (ainda mais do que o normal) pensando que eu poderia beber
esporadicamente ao decorrer do dia se eu procurasse por Sydney de vez em
quando. Falando nisso… quando foi a última vez que eu procurei por ela de noite
– a noite humana? Logo quando ela foi levada, eu procurei por ela sem parar.
Mas recentemente… bem, era comum uma tentativa vaga depois de eu ter
acordar de ressaca. Na hora em que a escuridão já havia caído – o horário mais
provável para ela estar dormindo, se ela realmente continuasse nos Estados
Unidos – eu normalmente já teria bebido alguns drinks em minha primeira festa.
Eu me deixei ficar desleixado, desmotivado por minha falha mais recente e
decisões da vida real. Eu não cometeria aquele erro de novo, no entanto. Eu
precisava me manter sóbrio e cheio de espirito, assim eu poderia checar
regularmente ao decorrer do dia. Não importava quantas vezes eu falhasse. Um
dia, uma hora, eu a pegaria.
Apesar da minha dor de cabeça pulsante, eu mudei para o transe necessário
para abraçar o espirito e alcança-la. Nada. Estava tudo bem, no entanto. Eu
deslizei de volta para mim mesmo, jurando procurar mais tarde de novo. Pulei
para o chuveiro e lavei para longe a festa de ontem à noite. Quando sai, achei
que podia digerir comida um pouco melhor do que mais cedo e comi a sobra de
um donut que eu trouxe para casa no dia anterior. Ou talvez no dia antes
daquele. Era velho, mas deu pra enganar.
Enquanto eu mastigava, eu fiz uma lista mental de coisas para fazer que não
incluía ir para festas de noite. Desculpas estavam em primeiro em minha lista.
Além de Nina, eu precisava concertar as coisas com Dimitri, depois do jeito
babaca que eu fui quando sai. Eu também precisava conversar com minha mãe.
Só porque ela desistiu de si mesma não era razão para eu também desistir. Eu
começaria com ela primeiro, tendo em vista que era com ela que eu não falava
a mais tempo. Antes de eu fazer, no entanto, eu deveria provavelmente parar
em um alimentador desde que eu não conseguia recordar minha ultima refeição
de sangue. Isso ajudaria a clarear minha mente.
Eu estava quase na porta da frente quando decidi procurar por Sydney. Talvez
procurar de hora em hora fosse exagero, mas isso me manteria em prática e
sóbrio. Era importante que eu pegasse o habito dos meus novos padrões se eu
estava mudando minha vida. Fechei meus olhos e respirei fundo.
Aspirais de espirito dispararam de mim cruzando o mundo dos sonhos, buscando
por Sydney como tantas vezes fizera…
… e dessa vez, eles se conectaram.
Eu estava pasmo. Já fazia tanto tempo desde que eu formara uma conexão por
sonho bem sucedida que eu quase não soube o que fazer. Eu nem tinha vindo
com uma determinação pré-planejada porque eu estava funcionando no piloto
automático, fazendo o esforço sem esperar resultados. Enquanto o mundo
brilhava ao nosso redor e eu sentia ela se materializando no sonho, eu
rapidamente invoquei nosso velho lugar de encontro: o Getty Villa em Malibu.
Colunas e jardins apareceram a nossa volta, rodeando o ponto focal do museu:
uma enorme piscina e fonte. Sydney apareceu do outro lado. Por vários minutos,
eu pude apenas encarar através da água para ela, certo de que eu estava
imaginando. Poderia eu alucinar em um sonho que eu criei? Com certeza era
muito cedo para qualquer sintoma louco da abstinência de álcool.
—Adrian?—
Sua voz era pequena, quase perdida no gotejamento da fonte. Mas o poder que
carregava – e o efeito que tinha em mim – era monumental. Eu ouvi a expressão
—pernas moles— antes, mas nunca a vivi até agora. Meus músculos não
pareciam como se pudessem me sustentar, e havia um grande inchaço em meu
peito, o resultado de um emaranhado de emoções que eu não poderia nem
começar a descrever. Amor. Alegria. Alivio. Incredulidade. E misturado com
todas elas estava igualmente as emoções que eu suportei esses últimos meses:
desespero, medo, tristeza. Elas se espalharam para fora do meu coração, e eu
senti lágrimas se formarem em meus olhos. Não era possível que uma pessoa
pudesse fazer você sentir tantas emoções de uma vez, que uma pessoa pudesse
engatilhar um universo de sentimentos, simplesmente com o som do seu nome.
Eu também soube que eles estavam errados – todos eles. Minha mãe. Meu pai.
Nina. Qualquer um que pensava que amor poderia simplesmente ser construído
sobre objetivos compartilhados, sozinho, jamais experimentou nada como que
eu tinha com Sydney. Eu não podia acreditar que eu quase perdi isso através da
minha própria ignorância. Até eu olhar em seus olhos agora, eu não tinha
realmente percebido que vida vazia eu estive vivendo.
—Sydney…—
Demoraria muito para dar a volta na fonte. Eu pulei na margem e depois dentro
da piscina, avançando através da água em direção a ela. Eu teria feito isso
mesmo que eu não estivesse usando roubas de sonho. Nenhum desconforto
físico importava. Apenas chegar a ela. Meu mundo inteiro, minha existência
inteira, se focou ao seu redor. A jornada levou segundos, mas pareceu que eu
estive viajando em direção a ela por anos. Alcancei o outro lado e sai, pingando
água nas pedras iluminadas pelo sol. Hesitei apenas um momento e então
envolvi meus braços ao seu redor, meio esperando ela desvanecer no ar fino.
Mas ela era real. Real e solida (no jeito do sonho de ser), e seu corpo inteiro
estremeceu com um soluço reprimido enquanto ela enterrava o rosto contra o
meu peito.
—Oh, Adrian. Onde você esteve?—
Não foi um castigo, simplesmente uma expressão de sua própria saudade e
medo. Ela não tinha como saber sobre os demônios que eu enfrentei essas
últimas semanas ou o quão perto eu cheguei de perder essa oportunidade.
Coloquei minhas mãos em seu rosto e olhei aqueles olhos castanhos que eu
amava tanto, olhos que agora brilhavam com lágrimas não derramadas.
—Eu sinto muito,— eu sussurrei. —Eu sinto tanto. Eu procurei por um longo
tempo… mas não consegui chegar até você. E então eu – eu reduzi a velocidade.
Eu sei que não deveria. Você não teria. Deus, Sydney, Eu sinto tanto. Se eu
tivesse tentando com mais afinco e mais cedo–—
—Não, não,— ela disse gentilmente, correndo sua mão pelo meu cabelo. —Não
havia nada que você pudesse fazer – não até recentemente. Eles regulam nosso
sono aqui com algum tipo de gás. Eu estive muito drogada para o espirito
conseguir me alcançar.— Ela começou a tremer. —Eu estava com tanto medo
de nunca conseguir chegar até você – tanto medo de nunca conseguir um
caminho para fora–—
—Shh. Você me encontrou agora. Vai ficar tudo bem. Onde está você?—
Uma transformação notável tomou lugar. Parecia como se não tivesse nada que
ela quisesse mais do que me segurar e chorar para fora todo o medo e frustração
que ela experimentou nos últimos meses. Eu sabia por que eu meio que me
sentia da mesma forma. Mas não importava seus próprios desejos, não
importava o que diabos ela havia suportado, ela ainda continuava a mais forte,
incrível mulher que eu conhecia. Diante dos meus olhos, ela colocou de lado
todos aqueles medos e inseguranças de lado, ignorando a parte dela que só
queria conforto em meus braços. Ela se tornou a Sydney Sage de quando a
conheci pela primeira vez: eficiente, forte, competente. Pronta para fazer as
decisões difíceis em ordem de concluir o que precisava ser feito.
—Certo,— ela disse. Ela parou para secar as lágrimas de seus olhos. —Nós não
devemos ter muito tempo para conversar. Eu não tenho certeza de quanto tempo
eu estive dormindo. E… não sei onde estou. Eu não vejo uma janela desde que
fui levada. Nós somos mantidos no subsolo.—
—Nós quem?— perguntei.
—Há doze outros – er, treze agora, acabamos de receber alguém novo – todos
são Alquimistas formados que entraram em confusão. Eles foram
reprogramados em diferentes níveis. Alguns estão apenas jogando, estou certa
disso, mas é difícil de dizer. Nós entramos em grandes encrencas por sair da
linha.—
—Que tipo de problemas?— perguntei. Embora eu estivesse embebedando-me
com todas suas feições desde que ela apareceu, apenas agora parei
verdadeiramente para estuda-la. Ela estava em roupas caqui horríveis, e seu
cabelo dourado parecia maior que antes. Ambos seu rosto e corpo pareciam
mais magros, mas eu estava incerto o quão preciso isso era. A menos que o
usuário de espirito especificamente alterasse a aparência da outra pessoa, a
pessoa normalmente aparecia no sonho como uma mistura do que ele ou ela
parecia na realidade e como a pessoa se via. Frequentemente, os dois não eram
o mesmo. Fiz uma nota mental de perguntar sobre sua condição física mais
tarde.
—Não importa,— ela disse bruscamente. —Estou bem, e eu tenho certeza de
que há outros como eu, eles estão apenas com muito medo para agir–— seus
olhos se arregalaram. —Keith. É isso.—
—Keith?— repeti estupidamente. Eu ainda estava pendurado em sua evasiva
sobre entrar em —grandes encrencas— e não vi onde seu antigo colega babaca
se encaixava nisso.
—Ele estava lá. Bem antes de mim. Na mesma base.— Ela agarrou minhas
mangas em sua empolgação. —Eles tem essa parede onde as pessoas
escrevem confissões, e ele escreveu uma – bem, uma desculpa na verdade,
para a minha irmã Carly. O ponto é, ele estava lá, e nós sabemos que ele partiu.
Talvez ele saiba onde a base é. Ele teve de sair quando partiu, certo?—
—Você não disse que ele estava muito fora do ar, no entanto?— perguntei. —
Ele vai ter pelo menos o senso de falar com a gente?—
Sua expressão escureceu. —Sim… ele estava mais do que fora do ar. Isso é o
que acontece quando você é recém-retocado. Mas na maioria dos casos, a maior
parte disso desaparece com o tempo, e mesmo que a pessoa ainda esteja
condescendente, eventualmente eles devem perder um pouco da morticidade do
cérebro. Ele pode ter algumas respostas se você puder encontrá-lo.—
—Encontrá-lo deve ser mais fácil de dizer do que fazer,— eu murmurei,
pensando nas dificuldades que eu tive localizando o pai de Sydney e Zoe. —Os
Alquimistas não são muito acessíveis quanto às atribuições de seus agentes.—
—Marcus pode te ajudar,— ela disse decisivamente. —E não olhe assim. Ele
pode. Ele tem recursos. Eu seu que vocês podem colocar suas diferenças de
lado e trabalharem juntos.—
Fiz uma careca para o nome dele, e ela interpretou mau, não percebendo que
Marcus e eu estivemos em contato extensivamente desde o desaparecimento
dela. Em grande parte porque eu fui lembrado de que ele era também uma
pessoa que eu não combinava muito, mas isso não era problema dela.
—Nós daremos um jeito,— a assegurei. —Bônus, ele conseguiu essa lista que–
—
Sua imagem começou a desvanecer diante dos meus olhos enquanto o mundo
real a convocava de volta. —Hora de acordar,— ela disse tristemente.
Agarrei-me a ela, mas ela estava perdendo substancia. Pânico me inundou.
Havia tantas coisas que eu ainda queria a perguntar, mas eu tinha apenas alguns
segundos para usar. —Vou falar com Marcus, e vou vir te encontrar de novo.
Esse é o seu horário de dormir habitual?—
—Sim. Eu te amo.—
—Eu também te amo.—
Eu não sei se ela me ouviu porque eu estava de repente parado sozinho no
jardim, com a fonte espirrando atrás de mim e o sol de Malibu brilhando em todo
arredor. Encarei onde ela esteve a alguns segundos antes por mais um tempo e
então deixei o sonho se dissolver, voltando para minha suíte na pensão. Eu ainda
estava na porta da frente, onde eu estava prestar a ir ver minha mãe. Mas agora,
tudo tinha mudado. Fiz contato com Sydney! Eu vi seu rosto, e ela estava bem…
Relativamente falando, claro.
Pensar em minha mãe trouxe aflição para meu coração, mas eu não podia ir até
ela. Eu não queria deixar as coisas ruins com ela – ou com Nina, Dimitri, Rose,
Lissa. Mas nenhum deles poderia me ajudar neste instante. Eles teriam de
esperar. Era hora de eu voltar para as pessoas que poderiam me ajudar a
encontrar Sydney.
Eu peguei meu celular e comecei a procurar preços de passagens para Palm
Sping.
Capítulo 11 Sydney
Ser arrancada de Adrian foi agonizante, mas eu ainda acordei com um senso
renovado de esperança, me sentindo ainda mais otimista do que quando
desativei o gás. Vi que Emma olhou duas vezes enquanto nos aprontávamos
para o dia, então meus pensamentos internos deviam estar aparecendo no meu
rosto. Eu rapidamente tentei corrigir aquilo e parecer vencida. Ela não se atreveu
dizer nada para mim enquanto nós estávamos sob a vigilância do nosso quarto,
mas eu podia ver a curiosidade queimando em seus olhos. Quando estávamos
no corredor cheio com os outros, no caminho para o café da manhã, diminui o
passo ao lado dela.
—Eu consegui,— murmurei. —Eu tenho uma mensagem de fora.—
Foi um sinal das coisas sobrenaturais aos quais tratamos não ter pedido
especificações. Ela acreditou em mim e focou em preocupações mais urgentes.
—Então, o que, ajuda está a caminho? Algum cavaleiro em armadura brilhante
vai vir para resgatar todos nós?—
—Não exatamente,— admiti. —Especialmente desde que eu não sei onde
estamos… você sabe?—
Ela deu um suspiro frustrado e rolou os olhos. —O que você acha? Nós dividimos
um quarto. Eu tenho minha própria janela privada?— Com isso, ela se apressou
para se juntar a Amelia e alguns outros.
Eu não estava completamente surpresa por Emma não saber onde a base era.
Ducan também não sabia. Esse era um segredo que nenhum detento parecia
ser capaz de desvendar, mas um que eu precisaria descobrir se eu fizesse
contato com Adrian – não, quando eu fizesse contato com Adrian.
A atitude brusca de Emma não era mais tão afiada, porque alguma atenção foi
tirada de mim, graças a um abalo nos detentos veteranos. Um cara chamado
Jonah, que tinha por volta da idade de Duncan, teve um deslize em nossa aula
de história e falou demais sobre suas opiniões recentemente – muito mais do
que eu no meu primeiro dia. Isso lhe rendeu uma viagem à purificação e
obviamente desaprovação dos nossos supervisores. Alguns dos outros detentos
também começaram a se afastar dele, mas Duncan e aqueles de sua mesa ainda
estavam o incluindo. Eu recentemente fui autorizada a sentar-me com eles e
estava conhecendo toda historia.
—Eu arruinei tudo,— Jonah murmurou, para que nenhum dos supervisores da
cafeteria ouvisse. —Eu estava indo tão bem. Eu poderia ter saído daqui! Mas
Harrison me irritou tanto quando começou seus tão aclamados fatos históricos
sobre dhampirs e –—
—Rapido,— disse Duncan. Ele tinha um sorriso fácil em seu rosto, sem duvida
para o beneficio daqueles nos observando. —Não se fixe nisso. Eles podem
dizer. Você fará as coisas piores. Sorria.—
—Como eu posso sorrir?— Jonah exigiu. —Eu sei o que está por vir. Vou ficar
como Renee. Eles vão retocar minha tatuagem com compulsão mais forte! Eles
vão tentar me forçar a mudar minhas ideias desse jeito.—
—Você não sabe disso,— disse Duncan. Sua expressão, no entendo, o traiu.
—E isso nem sempre domina,— adicionou Elsa. Ela era aquela que afastou seu
assento de mim no primeiro dia, mas desde lá aprendi que ela não era tão ruim
assim – apenas com medo, como todos eles estavam. —Nenhum de nós
estaríamos aqui se dominasse. Você pode passar por cima disso.—
Jonah parecia cético. —Depende de quão pesado eles me dosem.—
Pensei em Keith e em suas respostas automáticas quando o vi pela última vez.
Pelo que coletei, aquilo poderia apenas ter sido alcançado por alguma condição
muito severa aqui, bem como uma tinta, com compulsão muito forte, como a de
Renee. Silêncio caiu na mesa, e eu lutei contra uma decisão. Duncan tinha me
dito que minha aceitação pelo grupo precisaria ser em passos de bebê e que
embora estivesse tudo bem eu me sentar com eles agora, seria melhor se eu
permanecesse quieta por um tempo e não agir como se eu tivesse muitas
opiniões ou atitude sobrando. Aquele era provavelmente um bom conselho, e
ainda eu de repente me vi falando de qualquer forma.
—Eu poderia ser capaz de te ajudar,— eu disse. O olhar de Jonah se fixou em
mim.
—Como?— ele perguntou.
—Ela está brincando,— disse Duncan, uma nota de aviso em sua voz. —Não
está, Sydney?—
Eu apreciava sua ajuda, mas o medo no rosto de Jonah era muito forte. Se eu
pudesse impedir que ele se tornasse outro Keith, eu iria. Você tem certeza? Uma
voz interna me perguntou. Você na verdade fez progresso em alcançar Adrian.
Você precisa ficar nas sombras agora até ele falar com Marcus. Porque arriscar
tudo ajudando outra pessoa?
Era uma questão válida, mas eu soube a resposta imediatamente: porque era
coisa certa a se fazer.
—Não estou brincando,— eu disse firmemente. Duncan suspirou com desanimo,
mas me deixou continuar. —Eu posso fazer um composto que irá combater os
efeitos da compulsão.—
O rosto de Jonah caiu um pouco. —Eu quase acreditei em você. O que eu não
acredito, nem por um instante, é que eles te darão acesso ao banco padrão
Alquimistas de químicas.—
—Eu não preciso delas. Eu só preciso— – meus olhos caíram no centro da mesa
– —Desse saleiro. Especificamente, do sal. Você acha que eu conseguiria
contrabandeá-lo para fora daqui sem eles notarem?—
Os outros pareciam incrédulos, mas Elsa jogou junto. —Sim… mas acho que
eles notariam que está faltando no final das contas e viriam fazer perguntas.—
Ela provavelmente estava certa. Com a eficiência dos Alquimistas, eles
provavelmente contavam cada peça de talher depois que nós partíamos. Um
saleiro faltando poderia os fazer pensar que estávamos fazendo armas com seu
plástico ou algo assim. Eu casualmente deslizei meu guardanapo em direção ao
centro da mesa e então alcancei o saleiro. Enquanto eu o erguia para salgar
meus ovos mexidos, consegui desrosquear a tampa com uma mão. Quando eu
fui o devolvê-lo para o lugar, o saleiro escorregou da minha mão e caiu na mesa,
derramando sal no meu guardanapo.
—Oops,— eu disse, rapidamente juntando o saleiro. —A tampa estava aberta.—
Movi o guardanapo em volta como se eu estivesse limpando a mesa, mas na
verdade, sobrei o guardanapo enquanto trabalhava, fazendo uma bolsinha limpa
de sal. Então o deslizei de volta para o lado da minha bandeja. Ninguém iria
conta-los.
—Habilmente feito,— disse Duncan, que ainda parecia como se não aprovasse.
—Isso é tudo que precisa?—
—Em grande parte,— eu disse. Eu não era próxima o suficiente de nenhum deles
para revelar que usaria mágica para o resto dos componentes chave. —Seria
melhor se eu tivesse alguns dos componentes que vão na tinta, mas injetar você
com uma solução salina – uma vez que eu tratar o sal – deverá funcionar tão
bem quanto.— Tão logo que as palavras saíram da minha boca, avistei outro
problema e grunhi. —Eu não tenho nada com que injetar você.— Sal podia ser
uma mercadoria comum, mas agulhas geralmente não eram deixas jogadas por
ai dentro do nosso alcance.
—Você precisa de uma pistola de tatuagem?— perguntou Jonah.
Eu especulei, baseada no que eu sabia do processo de tatuagem dos
Alquimistas e os meus próprios experimentos. —Idealmente, isso seria ótimo.
Uma tatuagem plenamente desenvolvida com tinta solida iria provir proteção
permanente. Mas nós deveríamos ser capazes de conseguir uma boa proteção
de curta duração com uma seringa médica básica – como eles fazem para
retoques ordinários.—
Duncan ergueu uma sobrancelha. —Curta duração?—
—Irá anular o que quer que eles façam com você no futuro próximo,— eu disse,
sentindo confiança mesmo com uma solução improvisada. —Como, meses no
mínimo. Mas para proteção para vida toda, você eventualmente precisa disso
tatuado para valer.—
—Eu vou ficar com meses,— disse Jonah.
Era difícil manter o desanimo fora do meu rosto. —Yeah, mas eu não posso te
dar isso sem uma agulha apropriada. Essa é a única coisa que eu não posso
improvisar aqui. Eu… eu sinto muito. Eu fui muito precipitada com esse plano.—
—Pro inferno,— ele devolveu. —Há várias agulhas como essas na sala de
purificação. Elas estão no gabinete da pia. Eu vou me fazer ser mandado pra lá
e roubar uma.—
Do lado dele, Lacey zombou. —Se você sair da linha tão cedo, eles não irão te
mandar para a purificação. Você vai para o retoque – ou pior.— Essa ameaça
se estendeu pesadamente sobre nós por um momento. —Eu faço,— ela
declarou. —Vou fazer alguma coisa na nossa próxima aula.—
—Não,— eu disse rapidamente, —Eu faço. Terei a agulha diretamente desse
jeito. Vai poupar tempo em fazer chegar até mim, no caso de eles mandarem
Jonah para o retoque mais cedo do que mais tarde.— Havia verdade no meu
ponto, mas uma grande parte da minha motivação era que eu não deixaria mais
ninguém ser mandado para a purificação por um dos meus planos. Amelia ainda
olhava para mim quando fizemos contato visual. Eu não arriscaria mais nenhum
inimigo. A purificação era miserável, mas eventualmente acabava, e até agora,
não estava tendo o efeito desejado, considerando que meu primeiro impulso ao
ver Adrian noite passada foi beijar ele, não vomitar.
O resto dos meus companheiros de mesa pensava que era um ato heroico,
particularmente Jonah. Outros, como Duncan, pensava que eu estava prestes a
cometer um grande erro, mas nenhum deles iria intervir.
—Obrigado,— disse Jonah. —De verdade. Te devo uma.—
—Estamos nisso juntos.— Eu disse simplesmente.
Esse sentimento pegou algum deles de surpresa, mas o sino sinalizando o fim
do café da manhã preveniu qualquer outra conversa. Eu contrabandeei meu sal
com sucesso e o deslizei para meu sapato quando alcancei minha próxima aula,
com o pretexto de estar arrumando a meia. Enquanto os outros se sentavam em
seus lugares, decidi que era melhor manter o plano andando o mais cedo
possível. Eu não deixaria Lacey fazer meu trabalho por mim, mas a usei como
cumplice enquanto ela se sentava em uma mesa próxima.
—Olha, Lacey,— eu disse, como se estivéssemos continuando uma conversa
da cafeteria. —Eu não estou dizendo que você está errada… apenas
equivocada. Até os Stigoi serem erradicados, não tem nada de errado ser
civilizado com os Moroi.—
Para seu crédito, ela sacou rapidamente e entrou no jogo. —Você não estava
falando em ser civilizado. Você estava falando em ser amigável. E todos nós
sabemos que essa é uma área perigosa com você e sua história.—
Coloquei uma cara ofendida. —Então você está dizendo que não está tudo bem
ter uma refeição casual com um deles?—
—Se não for para negócios, então não.—
—Você está sendo completamente irracional!— exclamei.
Kennedy, nosso instrutor, olhou de sua mesa em direção as vozes altas. —
Ladies, algum problema?—
Lacey apontou acusadoramente. —Sydney está tentando me convencer de que
está tudo bem andar com Moroi de forma pessoal fora do trabalho.—
—Eu nunca disse pessoal! Só estou dizendo, se você estiver em uma
incumbência e tem um contato, qual é o mal em jantar ou ver um filme?—
—Isso leva a problemas, esse é o mal. Você precisa riscar uma linha e manter
as coisas em preto e branco.—
—Só se você for estupido o suficiente para achar que eles são tão perigosos
quanto Strigoi. Eu sei como andar nessa área cinza,— devolvi.
Aquele era um ponto particularmente satisfatório para compelir que Lacey
levantou porque justamente ontem, Kennedy tinha usado as metáforas das áreas
preto-e-branco e cinza. Ela tentou interpor, mas eu não iria deixar e continuei
discutindo com Lacey. Dez minutos depois, me encontrei dentro da sala de
purificação. Sheridan parecia parcialmente surpresa em me ver.
—Um pouco cedo, não é?— ela perguntou. —Isso, e você estava indo tão bem
essa semana.—
—Eles sempre retrocedem,— comentou um de seus assistentes.
Ela acenou em concordância e gesticulou de mim para a cadeira. —Você sabe
o que fazer.—
Eu sabia. Foi horrível como sempre era – talvez um pouco mais desde que o
café da manhã estava tão fresco em meu estômago. Quando fui capaz de
vomitar tudo depois do show de slide, eles me mandaram para a pia para escovar
os dentes. As escovas descartáveis estavam bem do lado do gabinete contendo
seringas. Liguei a água e fingi cuspir de novo, depois de olhar para trás. Os
outros não estavam me observando diretamente, presumivelmente porque eles
não achavam que houvesse muito que eu pudesse fazer nessa sala pequena.
Comecei a avançar para a escova de dente, planejando abrir o gabinete no
mesmo movimento.
Havia apenas um problema, e eu só tinha meio segundo para solucioná-lo. Como
eu iria sair com a seringa? Meus farrapos não tinham bolsos. A seringa estava
em um pacote e tinha uma capa sobre a agulha, então eu poderia teoricamente
deslizar para a minha meia ou mesmo para o sutiã sem me machucar. Todo esse
movimento chamaria poderia chamar a atenção.
Uma comoção na porta assustou a mim e aos outros, e nós viramos para ver
dois outros caras da segurança escoltando alguém para dentro: Duncan.
Ele fez o mais breve contato visual comigo e então começou a se contorcer. —
Vamos lá, eu estava só brincando! Foi uma piada, pelo amor de Deus.— Eles
tentaram o arrastar para a cadeira com amarras, e ele cravou seus pés. —Me
desculpe, eu nunca mais vou fazer isso! Por favor não me faça fazer isso. Já faz
séculos.—
Eu percebi então que não era coincidência ele estar lá bem quando eu estava
terminando. Ducan premeditou seja lá qual for a —piada— que ele fez, assim
ele seria levado e poderia fazer uma comoção aqui – uma comoção que eu
estava desperdiçando encarando estupidamente. Rapidamente, eu apanhei
ambos a escova de dentes e a seringa, deslizando a última para de baixo da
minha meia enquanto os outros estavam ocupados com Duncan. Eu então segui
escovando os dentes e não agindo como se um amigo estivesse prestes a
encarar algo terrível para me ajudar.
Duncan estava amarrado na cadeira quando eu fui escoltado para fora. Sheridan
balançava sua cabeça com exasperação. —Que manhã.—
Quando me juntei ao resto dos detentos na nossa próxima aula, eu vi Jonah e
alguns dos outros do café da manhã atirando furtivos, olhares curiosos. Eu dei
um aceno curto, indicando sucesso, e então falei com ele mais tarde quando
estávamos nos enfileirando para fora da sala. —Não está pronto ainda, mas eu
tenho o que preciso.—
—Eu não quero te apressar,— ele suspirou de volta, mantendo seus olhos
diretamente para frente. —Mas eu ouvi Addison contando para Harrison que com
toda a ação ultimamente, eles deveriam talvez considerar tomar ‘ações drásticas’
logo.—
—Anotado,— eu disse.
Duncan apareceu para a nossa próxima aula, Consciente e incorruptível,
vestindo os sinais que denunciavam uma recente purificação. Ele parecia
propriamente arrependido, mas eu consegui a história completa dele no caminho
para o almoço mais tarde.
—O que aconteceu com não fazer nada estúpido?— perguntei.
—Hey, eu não fiz nada estúpido. Eu parei você de fazer algo estúpido. Sem
chances de você conseguir pegar aquela seringa sem ser notada. Eu salvei você.
Agora eu ouvi que eles estão servindo Mannicotti* (N/T: tudo de macarrão
rechado) para o almoço – meu favorito.— Ele me deu um suspiro lamentável. —
De nada.—
—O que você disse a Lacey que te colocou em encrenca?— Perguntei.
Ele quase sorriu então se lembrou de que sempre tem olhos em volta. —Bem,
você acabou de ter sua pequena discussão, então eu segui isso e disse que
talvez ela não devesse ser tão contra a ideia de ficar pessoal com Moroi. Que
talvez um pouco de ‘tempo pessoal’ a faria menos nervosa.—
Eu tive que tentar não rir. —Ela sabia que você estava atuando, certo?—
—É melhor que saiba. Eu e você mantemos ela fora da purificação hoje. Hey,
onde você está indo?—
Nós quase alcançávamos a cafeteria, mas eu comecei a me virar. —Para o único
lugar onde uma garota pode conseguir alguma privacidade. Me junto a vocês
logo.—
Eu entrei em uma sala vizinha que continha banheiros. Eu tinha o direito de
visita-los na pausa pra o almoço, desde que eu não me demorasse e chamasse
a atenção de ninguém. Enquanto havia câmeras na área principal dos banheiros
(Acho que eles tinham medo que alguém pudesse quebrar um espelho e usar
como arma), as cabines individuais ofereciam uma das poucas áreas privadas
na base. Fechei a porta de um e trabalhei rápido, sabendo que eu tinha tempo
limitado.
Fazia meses desde que usei mágica pela ultima vez, mas eu estava surpresa
como o quão naturalmente e rápido ela voltou para mim. Eu peguei meu precioso
pacote de sal e derramei cuidadosamente no compartimento principal da
seringa, me dando um recipiente de armazenamento muito melhor quando
comecei o processo de encantamento. Primeiro foi terra. Eu propositalmente
toquei o vaso de plantas do professor na nossa ultima aula, pegando poeira nos
dedos. Dali, eu fui capaz de invocar a essência da terra, murmurando as palavras
que extraia seu poder e enviando-o para o sal. Uma onda de alegria tomou conta
de mim enquanto a magia dominava, e eu quase engasguei. Eu não percebi o
quanto eu sentia falta ou o quão viva me sentia a usando. Era especialmente
notável depois de viver em um lugar infernal como esse.
Invocar o ar foi o próximo, o que também era fácil, tento em vista que tinha em
todo lugar. Água também foi fácil, desde que tinha um toalete bem a minha
frente, e eu não tinha nenhuma preocupação sanitária desde que estava apenas
convocando propriedades mágicas e não usando realmente nenhuma água no
composto – ainda. Fogo provou ser o mais difícil, tendo em vista que os
Alquimistas não deixavam exatamente fósforos dentro do nosso alcance. Não
fora surpresa desde que, tão logo eu posso dizer, esse lugar era um enorme
risco de incêndio. Não havia fonte facilmente acessível para o elemento fogo,
então eu tive que criar o meu próprio.
Srta. Terwilling me treinou arduamente para lançar feitiços de bolas de fogo, e
eu tinha controle excelente sobre eles. Com algumas palavras sussurradas, eu
convoquei esse feitiço agora, invocando apenas uma centelha de chama em
minha palma, apenas o suficiente para ser vista. Sua essência era forte o
suficiente, no entanto, para eu colocar o poder do seu elemento no resto do sal
do composto. Uma vez feito, fiz mina-bola-de-fogo desaparecer.
Ocultando cuidadosamente a seringa em uma mão, dei descarga no banheiro e
sai da cabine.
Enquanto lavava minhas mãos, fiquei surpresa de estar um pouco tonta. Ficar
sem praticar teve o seu preço, especialmente ter que invocar fogo do que extraí-
lo ambiente. Ainda, esse cansaço foi justaposto com aquela sensação de mais
cedo inebriante que o uso da magia trouxe. Melhorar nisso me deu o
conhecimento de que eu não era impotente, que eu tinha habilidade de ajudar
outro alguém e frustrar a agente Alquimista. Esse foi uma alta em seu próprio
direito* (N/T: no original —That was a high in its own right— não consegui
entender, desculpem).
Quando alcancei a cafeteria e me aproximei da mesa Duncan com minha
bandeja, todo mundo parecia estar em uma conversa leve e fácil. Uma vez que
me sentei, pude sentir a tensão não falada entre eles. Eles continuaram a
conversar sobre algum tópico anterior de história, embora eu pudesse dizer que
nenhum deles estava realmente interessado naquilo. Por fim, sorrindo como se
nós fossemos apenas crianças de uma escola de ensino médio regular com
preocupações ordinárias, Jonah disse, —Addison me disse enquanto eu vinha
para cá para pular a aula de artes. Ela disse que Sheridan ia me encontrar do
lado de fora da sala.—
Uma nuvem caiu sobre nós com o subtexto. —Eles não perdem nenhum
tempo,— murmurou Lacey. Seus olhos pousaram em mim. —As falcatruas
dessa manhã valeram a pena?—
—Tipo isso,— eu disse, baixando minha voz enquanto mexia no meu manicotti.
Meu estômago não estava tão ruim quanto o de Duncan, mas eu ainda decidi
ficar com os acompanhamentos mais leves. —Consegui a seringa. O sal está
nela, pronto para aplicar. Eu só não tenho uma fonte de água purificada para
misturar a solução. Também seria melhor se pudéssemos ferver o sal junto,—
adicionei, —mas uma agitação rápida deve funcionar se conseguirmos a água.
Os professores sempre têm garrafas de água. Talvez possamos roubar alguma
deles.—
—Sem tempo,— disse Jonah. —Me dê a seringa. Vou encher com a torneira no
banheiro se alguém for me bloquear da câmera.—
Estremeci. —Você tem que injetar na sua pele. Você não quer água da
torneira.—
—A coisa é potável,— ele contrapôs. —E não pode ser pior do que o que eles
estão planejando injetar em mim. Eu vou arriscar.—
Minha sensibilidade sanitária ainda resistia. —Gostaria que tivéssemos mais
tempo.—
—Não temos,— ele disse sem rodeios. —Você fez muito, e estou grato. Agora é
minha vez de arriscar. Deslize a seringa para mim quando estivermos saindo
daqui. Tem algo especial que eu precise fazer com isso? Além do obvio?—
Balancei minha cabeça, ainda frustrada, mas sabendo que ele estava certo. —
Injete pequenas quantidades em sua tatuagem, bem como eles fazem no
retoque. Você não precisa ser preciso. Haverá o suficiente no seu sistema para
anular o que tem na tinta com compulsão.—
—O que tem na sua solução?— perguntou Elsa.
—Não pergunte isso,— avisou Duncan. —Quanto menos soubermos, melhor
para todos nós – especialmente Sydney.—
Quando a refeição acabou, nossos colegas de mesa propositalmente se
amontoaram em volta de Jonah e eu enquanto esperávamos para devolvermos
nossas bandejas, me permitindo passar a seringa. Depois disso, estava
literalmente fora das minhas mãos. Eu tinha de confiar que jonah encontraria um
jeito de misturar a solução com água por conta própria e injetar em si mesmo
antes que eles viessem por ele.
O resto do dia se arrastou, especialmente a aula de arte. Ele não apareceu, e
preocupação me preencheu enquanto eu ponderava que tipo de lavagem
cerebral ele estava enfrentando. Duncan, que tratava isso como uma piada e me
disse várias vezes o quão tola eu era, compartilhava da minha tensão.
—Jonah é um cara legal,— ele disse. —Eu realmente espero que o seu plano
funcione. Eu já vi o que eles podem fazer com as pessoas. Alguns voltam bem
ruins.—
Relembrando da longa detenção de Duncan, fui atingida por uma revelação
surpreendente. —Você alguma vez conheceu um cara chamado Keith aqui?
Com um olho?—
A expressão de Duncan escureceu. —Sim, eu conheço ele. Nós não éramos tão
próximos quando ele estava aqui. Ele foi um daqueles… um daqueles que
voltaram bem ruins.—
A hora da reflexão seguiu, e Jonah retornou. Ele parecia intimidado e não disse
nada enquanto nossa sessão usual seguia seu curso. Sheridan deixou ele em
paz e no lugar chamou o resto de nós, que éramos quase tão subjugados quanto,
nossos humores escureceram pelo conhecimento do que aconteceu com ele. Eu
quase desejei que ela o forçasse a falar então assim eu poderia ter um senso de
onde ele estava, mas ela deve ter decidido que ele mais do que cumpriu seu
horário hoje. Ele simplesmente sentou e ouviu com olhos vidrados, sua
expressão mudando pouco. Meu coração afundou.
Quando a sessão terminou, e nós fomos dispensados para jantar, sua atitude
não mudou. Duncan ordenou que ele sentasse em nossa mesa, bem como eu
tinha feito quando Renee retornou. Jonah não disse nada enquanto o resto de
nós conversava sobre coisas que não nos importava, todos nós muito nervosos
para perguntar o que realmente estava em nossas mentes. Esse comportamento
estava bem de acordo com o que acontecia depois de um retoque com uma dose
hardcore de compulsão.
O jantar seguiu tranquilamente em nossa mesa, e Duncan terminou o fim de sua
sobremesa, uma torta de cereja que parecia como se tivesse sido feita no
microondas. —O gosto disso é melhor do que eu esperava,— ele comentou,
mais para ele do que para nós.
—Você sabem o que mais foi melhor do que eu esperava?—
Todos nós olhamos, surpresos de ouvir Jonah pela primeira vez desde seu
retoque. Os sinos soaram, sinalizando o fim do jantar e induzindo o levantar
coletivo de todo mundo no cômodo. Jonah se levantou também, bandeja em
mãos.
—Eu,— ele disse em uma voz suave. —Me sinto ótimo. Nenhum pouco
diferente.— Ele me lançou um sorriso que se foi tão rápido quanto veio. —Você
salvou minha vida, Sydney. Obrigado.— Ele passou por mim para se juntar a fila
perto das latas de lixo, me deixando de boca aberta.
Eu segui alguns momentos depois, ainda atordoada. Ele não disse nada para
mim pelo resto da noite, mas eu vi aquele brilho em seus olhos quando ele sorriu.
Ele ainda estava lá. Sua personalidade e mente ainda estavam intactos. Eles
não chegaram a ele – e minha fórmula tinha ajudado a protegê-lo. Essa
realização permaneceu comigo pelo resto da noite, me capacitando. Por meses,
meus captores marcaram vitória atrás de vitória sobre mim, fazendo me sentir
como se eu nunca pudesse lutar de volta. Hoje à noite, eu tinha. Foi uma
pequena vitória, mas foi real, e eu coloquei para fora.
Eu estava tão orgulhosa da minha própria astucia que eu não estava prestando
atenção em mais nada quando me aprontava para cama mais tarde. Eu estava
no banheiro das garotas, com um punhado de outras, ainda me dando tapinhas
nas costas. Eu estava muito absorta para ver Emma vindo ou fazer tentar
qualquer defesa quando ela me encurralou no canto da parede. Por um
momento, eu não pude acreditar que ela fez isso sob vigilância. Então, percebi
que ela me posicionou em baixo da câmera, fora de vista. Amelia e algumas de
suas outras amigas começaram a falar alto, abafando a voz baixa e ameaçadora
de Emma enquanto ela me mantinha presa no canto e inclinava-se para frente.
—Jonah foi retocado hoje,— ela disse. —Um grande – do tipo que pode fazer a
pessoa esquecer seu próprio nome. E, ainda, as pessoas estão dizendo que isso
não o afetou. E eles estão dizendo que foi por alguma coisa que você fez com
ele.—
—Eu não sei do que você está falando,— retruquei. —Ele parecia fora de si para
mim.—
Ela me empurrou mais forte do que eu esperava ela ser capaz desde que era
menor do que eu. —Você fez ou não fez alguma coisa com ele?—
Eu encarei. —Por que? Assim você pode me reportar e sair mais cedo por bom
comportamento?
—Não,— ela disse. —Porque eu quero que você faça comigo também.—
Capítulo 12 Adrian
Fora apenas algumas semanas, mas eu sentia como se estivesse longe de Palm
Spring a meses. Eu não tinha ideia do que esperar quando entrasse em meu
apartamento e ponderei se encontraria Angeline coabitando com Trey. Eu
deveria saber melhor, no entanto. Por toda sua arrogância, Trey se reprimiu
quando a situação ficou critica, e eu o encontrei sentado na sala com livros
espalhados ao seu redor. Isso era tão Sydney que por um momento, emoção
ameaçou me dominar. Então, minha nova decisão tomou as rédeas, e eu
empurrei qualquer sentimento que me distraísse de lado.
Trey olhou para cima, inspecionando a mim e minha mala. —Você voltou, huh?
Como foram as férias?—
—Esclarecedoras,— eu disse. —Eu tenho uma pista de Sydney. Todo mundo
está a caminho.—
Seus olhos se arregalaram. —Você o que?—
Não tive a chance de responder, porque eu já estava na metade do corredor, em
direção ao meu antigo quarto. Quando entrei, vi que Trey o pegou, o que, eu
supunha, era seu direito de acordo com minha saída abrupta. Com um dar de
ombros, carreguei minha mala de volta à sala e a joguei no canto. Eu estava feliz
por ficar com um lugar no sofá por agora – se é que eu acabaria ficando aqui.
Eu não sabia realmente onde a procura por Sydney me levaria ou quanto tempo
eu permaneceria por aqui.
Dez minutos depois, uma batida na porta anunciou a chegada de Jill, Eddie,
Angeline, e Neil. Eles me encheram de me abraços – até o estoico Neil – embora
Jill tivesse dado o mais demorado. —Eu estive tão preocupada com você,— ela
disse, olhando para mim como olhos brilhando. —Tudo na Corte foi tão louco –
eu pude seguir apenas a metade de tudo–—
—E agora acabou,— eu disse firmemente. —E nós temos uma pista de
Sydney.—
—Isso você disse,— Trey comentou. —Mas não elaborou realmente.—
—Isso é porque eu–— antes que eu pudesse dizer mais, outra batida soou. Abri
a porta e deixei Marcus entrar. Eu estava tão feliz de vê-lo que o surpreendi com
um abraço também. —Bem em tempo,— eu disse.
Ele tinha sido o mais duvidoso de se conseguir contatar. O liguei para assim que
reservei minha passagem de volta para cá e fiquei aliviado em descobrir que ele
ainda estava na California, em seus lugares favoritos de Santa Barbra. Quando
o contei para o que fiquei sabendo, ele prometeu dirigir de volta e me encontrar
depois que meu avião posasse. Isso foi no inicio da noite, e a longa viagem foi
feita em um desgastante dia, mas eu estranhamente me encontrava energizado.
Era isso. Estávamos todos juntos, as pessoas que amavam Sydney, e nós
iriamos fazer acontecer.
—Você pode nos atualizar agora?— Trey pediu, uma vez que estávamos todos
sentados em circulo na sala. —Onde está Sydney? Ela está bem?—
—Eu não sei, e eu não sei,— Admiti. —Quero dizer. Ela estava bem o suficiente
para falar comigo em um sonho, mas não estava muito receptiva sobre o que
esta acontecendo naquele lugar. Ela continua parecendo como ela mesma, no
entanto.—
Marcus acenou em aprovação. —Ela tem força de vontade. Isso vai ajuda-la a
passar por muita coisa. O negócio é, se ficar muito notável, eles tentarão fazer
algo sobre isso. Ela tem uma linha perigosa a traçar.—
—Ela tem tido por um longo tempo agora,— eu disse, pensando em seu tempo
aqui em Palm Spring quando lutava com sua amizade com a gente e a doutrina
com a qual os outros a alimentavam. Ela finalmente escolheu um lado da linha
para ficar – e agora ela estava pagando por isso. —Ela também não sabe onde
está, mas ela sabe que Keith estava no mesmo lugar, então agora mesmo, ele
se torna nossa maior pista.—
—Uma bem difícil de encontrar,— disse Marcus. Ele encostou-se ao sofá e
suspirou. —Admitidamente, só fui capaz de fazer algumas ligações, mas ele está
ainda melhor escondido do que o normal para os Alquimistas. Eles assistem seus
agentes ‘reformados’ bem de perto e ainda não o querem muito exporto. Ele
provavelmente está preso atrás de uma mesa.—
Uma nuvem negra de desanimo começou a se abater sobre mim, e eu a empurrei
de lado. —Mas você pode continuar procurando.—
Marcos concordou. —Claro. Eu também perguntei para alguns dos meus outros
contatos que estiveram na reeducação se eles se lembravam de algum detalhe
sobre quando saíram, mas até agora, sem pistas. A maioria deles esteve lá há
muito tempo atrás. Keith é o mais recente que sabemos, então
esperançosamente sua memória é a melhor. Estou pedindo para minhas fontes
procura-lo. Alguma coisa deve aparecer em alguns dias. Mas… nesse meio
tempo, eu tenho um pista improvável que pode nos dar resultado antes, Eu sei
onde Carly Sabe está.—
Eddie franziu o cenho. —Você acha que ela sabe onde Sydney Está? Quero
dizer, eu não sei muito sobre ela, mas pensei que tivesse removida das relações
Alquimistas.—
—Ela está,— eu disse, adivinhando o que Marcus estava pensando. —Mas Keith
tem uma, uh, conexão com ela.— Eu contei para Marcus sobre o bilhete que
Sydney tinha visto, sobre Keith dizendo a Carly que sentia muito. Eu não elaborei
os detalhes sórdidos do passado deles, apenas que ele fez algo muito terrível
com ela. —Você acha que ele pode ter entrado em contato com ela?—
—Eu não sei, honestamente,— disse Marcus. —Nunca encontrei nenhum deles.
Mas eu sei que aquele lugar brinca com a culpa e a autoestima. Se Keith sente
que errou com ela, talvez ele tenha se aproximado quando ficou livre.—
—Seria a primeira coisa descente que ela já fez,— murmurou Jill obscuramente.
Por seu laço comigo, ela sabia o que ele tinha feito a Carly.
—Achei que não machucaria checar,— disse Marcus, —Especialmente desde
que temos de esperar qualquer pista sobre Keith. Ela está bem perto. Ela é uma
estudante da Universidade do Estado do Arizona.— Ele me atirou um sorriso
irônico. —A fim de uma viagem?—
—Absolutamente. Podemos partir agora mesmo.— Eu quase levantei de
prontidão, mas ele me segurou para baixo.
—Eu preferia que fôssemos pela manhã – ambos pela luz do dia e também você
pode falar com Sydney de novo hoje à noite. Veja se você consegue algo dela
que possamos usar para Carly confiar na gente. Tenho de imaginar se uma dupla
de caras estranhos aparecesse perguntando sobre sua irmã e a organização que
sua família te fez jurar segredo, se você seria assim tão receptivo.—
Relaxei um pouco. —Esse é um bom plano. E desde que não tem mais nenhum
gás a drogando, nós devemos estar em sincronia agora. Baseado em quando
ela estava acordando, eu acho que ela está nesse fuso horário. Posso estar
errado, no entanto. Quem sabe em que cronograma esses esquisitos a tem.—
Neil se esticou para frente. —Volte um momento. Você disse gás?—
Agora que havia um plano para encontrar Carly Sage, fui capaz de me acalmar
um pouco e contar aos outros exatamente o que eu sabia. Meu sonho com
Sydney tinha sido curto, mas dei os detalhes que podia, incluindo como ela
esteve sendo drogada e suas vagas referências a punições.
Angeline descansava sua cabeça no ombro de Trey. —É melhor que eles não
estejam a machucando. Ao contrário, eu vou machucar eles quando todos nós
entrarmos e a libertarmos.—
—Nós todos?— perguntou Marcus com diversão.
Eddie tinha sua mais feroz expressão de mini-Dimitri. —Você não acha que nós
vamos deixar vocês dois fazerem tudo sozinhos, acha?—
Tentei não sorrir. —Eu acho que a escola ainda está em sessão e sua primeira
prioridade é com a Jailbait.—
—Apenas por mais uma semana mais ou menos,— disse Jill. —E nós estamos
nas provas finais agora. Você deveria levar um dos Dhampir. Dois deles, na
verdade. Angeline pode ficar comigo.—
—Hey,— Angeline exclamou. —Como eu não vou chutar traseiros
Alquimistas?—
—Porque você é a única de nós que não terminou de fato o ensino médio,—
Eddie disse a ela.
—Mas todos vocês estão designados para proteger Jill,— alertei. —E vocês vão
ficar com ela, pelo menos por agora. Marcus e eu não precisamos de guarda-
costas para visitar algumas crianças festeiras na UEA.—
Conflitos guerreavam nas feições de Eddie. —Mas o que acontece depois disso?
E quando vocês descobrirem onde Sydney está?— Eu podia adivinhar suas
preocupações. Ele estava dividido. Sua designação – e seu coração – o ligava a
Jill. Mas Sydney era sua amiga também, e ele ainda se sentia culpado pela sua
perda em primeiro lugar.
Eddie não parecia feliz sobre isso, mas sério, não havia solução que o faria ficar
satisfeito. Se ele fosse com a gente amanhã, ele estaria se corroendo de culpa
por deixar Jill. Nenhuma parte dessa situação seria fácil para ele.
Marcus foi embora cedo, uma vez que eu e ele tínhamos nossos arranjos protos
para a viagem a Tempe. Os outros se demoraram, querendo se atualizar e
compartilhar o que aconteceu nas últimas semanas. Eu omiti os detalhes do meu
decline a decadência na Corte, muito envergonhado para deixa-los saber que eu
quase perdi Sydney. Apenas Jill sabia a verdade, e ela nunca me deduraria. Ela,
no entanto, dedurou outra coisa.
—Hey, Trey,— ela disse, olhos cheios de travessura. —Talvez você devesse dar
a Adrian aquele pedaço de carta muito importante.—
Um sorriso correspondente iluminou o rosto de Trey enquanto ele pulava e se
apressava para a cozinha. Quando voltou, ele segurava um envelope de
tamanho comercial que tinha sido aberto. Era do Colégio Carlon, endereçado a
mim.
—Você abriu minha correspondência?— eu exclamei.
—Eu disse pra ele abrir,— Jill disse, como se ela tivesse algum tipo de
autorização. —Olhe.—
Intrigado, ergui um único pedaço de papel e me encontrei olhando para o meu
primeiro boletim da faculdade. Ainda mais incrível que isso, vi que passei em
todas as minhas matérias. C, C-, e B-. Essa última me fez erguer uma
sobrancelha.
—Como diabos eu consegui um B- em óleo? O que vocês entregaram para o
meu projeto final?— perguntei a eles incrédulo.
—Eu escolhi,— Trey disse orgulhoso. —Foi aquele alto que você encostou no
canto, a coisa tipo nuvem-amarela-e-lilás estranha.—
Um caroço se formou em minha garganta. —A Aura de Sydney,— murmurei.
Guardei o boletim e abracei Jill e Trey. —Vocês me salvaram. Eu não teria
passado sem vocês.—
—Você salvou você,— Jill murmurou em meu ouvido. —E agora você vai salvar
ela.—
Ela e os outros partiram logo depois, quando o toque de recolher de Amberwood
se aproximava. Neil se demorou depois de o resto ter passado pela porta e se
voltou para mim —Adrian,— ele disse, incapaz de encontrar meus olhos. —
Suponho que Olive não estivesse na Corte, estava?—
Eu simpatizava com todos os apaixonados, e meu coração afundou por ele. —
Não, mas Nina estava. Olive está sem contatar ela também, mas Nina a checa
nos sonhos, e Olive está bem. Ela só quer algum tempo sozinha para pensar
sobre as coisas. Não deve ser fácil voltar depois de ser um Strigoi.—
Alivio inundou as feições angulares de Neil. —Sério? Isso é ótimo. Quero dizer…
não é ótimo que ela esteja atormentada, mas pensei que tivesse alguma coisa a
ver comigo. Nós estávamos nos dando tão bem, mantendo contato… então
nada.—
—Nope,— o assegurei. —Nina diz que Olive cortou todo mundo. De tempo a ela.
Ela vai voltar. Pelo que eu vi brevemente, ela estava bem louca por você.—
Neil ficou vermelho com isso, e eu rindo o mandei para se juntar aos outros. Trey
voltou para sua lição de casa, e eu comecei as checagens regulares para tentar
encontrar Sydney dormindo. Em algum momento, Trey ofereceu me dar o quarto
de volta, mas eu disse a ele que estaria pra lá e pra cá de qualquer forma. Melhor
para ele ficar descansado para os exames e suas perspectivas de bolça de
estudos.
Isso eventualmente me deixou sozinho na sala, e por volta da meia-noite, eu
finalmente me conectei com Sydney. Encontramo-nos no Getty Villa, e eu a puxei
para os meus braços, não percebendo completamente até aquele momento o
quão com medo eu estive de que o encontro por sonho da noite passada tivesse
sido um acaso. —Antes que eu comece a beijá-la e perca toda a coerência, me
diga por quanto tempo você esteve dormindo.—
Ela descansou sua cabeça dourada contra meu peito. —Eu não sei. Menos de
uma hora.—
—Hmm.— Escovei aqueles cabelos lindos para trás enquanto mastigava
números. —Eu pensei que você estivesse no horário do Pacifico, baseado em
quando você acordou. Isso seria por volta das, oh, cinco aqui. Mas não é muito
sono. Seis horas. Talvez sete.—
—Na verdade, isso é quase perfeito para eles,— ela disse. —É uma das coisas
que eles fazem para nos manter no limite. Nós dormimos o suficiente para
funcionar, mas nunca estamos nem perto de nos sentir descansados o suficiente.
Isso nos deixa agitados, mais suscetíveis ao que eles fazem e dizem a gente.—
Eu quase deixei esse comentário passar, mas a escolha de palavras prendeu
minha atenção. —O que você quer dizer com ‘uma das coisas?’— perguntei a
ela. —O que mais eles fazem?—
—Não importa,— ela disse. —Nós temos outras–—
—Importa sim,— insisti, me inclinando para mais perto dela. Eu tentei trazer isso
a tona antes, e ela continuou fugindo do assunto. —Você mesma disse que
aquele lugar deixou Keith no limite, e eu vejo como Marcus fica sempre que fala
da reeducação.—
—Uma pequena privação de sono não é nada,— ela disse, ainda não abordando
diretamente o que eu queria.
—O que mais eles estão fazendo?— exigi.
Fogo acendeu brevemente em seus olhos. —O que você faria se eu contasse?
Faria você trabalhar mais duro para me encontrar?—
—Eu já–—
—Exatamente,— ela interrompeu. —Então não crie mais preocupações –
especialmente quando já temos pouco tempo.—
Ela e eu permanecemos lá em um impasse por vários segundos tensos. Nós
raramente nos enfrentávamos antes de ela ser levada, e parecia particularmente
estranho fazer isso agora, com tudo que aconteceu. Eu discordava de que o que
ela estava experimentado na reeducação —Não importava,— mas odiava a ver
tão chateada agora. Ela também estava certa sobre a nossa falta de tempo,
então por fim eu dei um aceno relutante e mudei de assunto, contando a ela em
vez sobre o plano de visitar Carly com Marcus.
—Não é uma má ideia. Mesmo que Keith não tenha a procurado, Carly está em
uma família de Alquimistas e pode ser capaz de descobrir alguma coisa para
você.— Sydney ainda se segurava a mim enquanto falava, e enquanto eu
certamente não tinha nenhum problema com isso, não podia afastar o
sentimento de ansiedade que irradiava a sua volta, como se ela estivesse
literalmente com medo de se soltar de mim. Ela estava colocando uma cara
valente, mas aqueles bastardos tinham feito alguma coisa com ela, e eu os
odiava por isso. Intensifiquei meu aperto.
—Tem alguma coisa que nós podemos dizer para ela saber que estivemos
falando com você?— perguntei.
Sydney considerou por alguns segundos e então sorriu. —Pergunte pra ela se a
faculdade ainda a incita a adotar a filosofia de vida de Cicero.—
—Certo,— eu disse. Aquilo não fazia sentido para mim, mas então, esse era o
ponto.
—E pergunte pra ela…— O sorriso de Sydney murchou. —Pergunte para ela se
ela sabe como Zoe está. Se ela está bem.—
—Eu vou,— prometi, maravilhado por Sydney poder se importar tanto com uma
irmã que a traiu. —Mas agora, e você? Não tem nada que você possa me contar
da sua vida naquele lugar? Me preocupo com você.—
Sua ansiedade aumentou, e me preocupei que se chateasse de novo, mas ela
aparentemente decidiu me dar algo. —Estou bem… mesmo. E eu posso até ter
ajudado alguém. Eu meio que juntei ilegalmente alguma daquela magica de tinta
com sal e a usei para proteger uma pessoa do controle de mente dos
Alquimistas.
Eu me afastei um pouco assim eu podia encontrar seus olhar. —Você usou
mágica na reeducação dos Alquimistas? Você não acabou de dizer que se
encrencava por pisar fora da linha?—
—Eu não fui pega,— ela disse ferozmente. —E isso realmente ajudou alguém.—
A puxei para mim de novo. —Se preocupe em ajudar a si mesma.—
—Você soa como Duncan.—
—Duncan?— perguntei com ciúmes.
Ela sorriu. —Não precisa se preocupar. Ele é só um amigo, mas está sempre me
alertando sobre me manter fora de encrenca. Mas eu não posso evitar, no
entanto. Se eu puder ajudar essa gente, você sabe que eu vou.—
Eu estava prestes a lembra-la das muitas conversas que tivemos sobre mim e o
uso de espirito, como eu sempre insisti que o risco para mim mesmo valia a pena
se eu pudesse fazer o bem para os outros. Sydney constantemente argumentava
que eu tinha que olhar por mim porque se eu não fosse cuidadoso, eu não seria
capaz de ajudar ninguém.
Mas não tive a chance de dar um sermão agora porque ela inesperadamente me
puxou para mais perto, intensificando seu aperto e trazendo nossos lábios juntos.
Calor me inundou, junto com um desejo tão real e tão forte quanto o que
eu sentia no mundo real. Ela trilhou seus lábios para minha bochecha e então
para meu pescoço, me dando um breve momento para falar.
—Não é justo me distrair,— murmurei.
—Você quer que eu pare?— ela perguntou.
Como se eu precisasse pensar sobre isso. —Claro que não.—
Nossos lábios se encontraram de novo em outro beijo faminto, e eu mal tive
presença de espirito suficiente para mudar nosso cenário do pátio ensolarado
para um quarto em uma pousada na montanha. Sydney parou de novo, rindo
suavemente quando reconheceu a cena. —Vale das memórias,— provocou.
—De volta para a primeira vez. Você até fez nevar lá fora.—
Eu a deitei gentilmente na cama sumptuosa. —Ei, Adrian Ivashkov oferece
serviço completo.—
—E garantia de seu dinheiro de volta?—
—Eu não saberia,— disse a ela. —Ninguém nunca se desapontou.—
Sua risada se dissolveu em mais beijos, e com um último toque da transformação
dos sonhos, eu transformei seus trapos beges, feios em um vestido colocado
preto e marrom que uma vez a vi vestindo. Sua beleza me surpreendeu tanto
agora quanto havia antes, e eu corri uma mão por sua cintura, descansando na
curva de seu quadril. Suas próprias mãos, que estavam envoltas ao redor do
meu pescoço, agora viajavam para baixo e tiravam minha camiseta com uma
ousadia que eu nunca imaginara quando nos conhecemos. O toque de seus
dedos no meu peito era delicado e ainda capaz de transmitir um poder e urgência
que mandava ondas de choque através de mim. Algo me dizia que a paixão que
queimava nela agora era impulsionada por mais do que nossa atração usual –
havia uma necessidade nela, uma necessidade nascida de meses de desespero
e isolamento. Ela deu um pequeno suspiro de prazer e surpresa quando rocei
sua pele com meus dentes, embora eu fosse cuidadoso para não fazer nada
além dessa provocação.
Lentamente, provocativamente, deslizei a mão de seu quadril por seu corpo,
amando o jeito que eu a sentia e ela reagia ao meu toque. Eu finalmente tracei
meu caminho para o zíper em suas costas e tentei o puxar para baixo – algo que
era mais difícil com uma mão do que eu esperava.
Ela abriu seus olhos para me olhar tanto com divertimento quanto desejo. —
Você poderia apenas sonhar com o vestido fora do caminho.—
—Onde fica a diversão nisso?— devolvi, me sentindo triunfante quando o zíper
cedeu. O deslizei todo o caminho para baixo e comecei a tirar seu vestido.
—Oh, Adrian,— ela respirou. —Você não tem ideia do quanto–—
Eu não precisei perguntar o que a interrompeu. Eu podia sentir pelo jeito que ela
perdia substância sob minhas mãos: Ela estava sendo acordada.
—Não vá,— eu disse a ela futilmente. Era mais sobre um medo profundo que eu
não podia dar voz do que a realização física: Eu tenho medo de que se você
partir, eu nunca te verei de novo. Eu podia dizer pelo seu rosto, no entanto, que
ela sabia meus temores.
—Ficaremos juntos logo. Na vida real. O centro irá permanecer.— Ela estava
ficando translucida diante dos meus olhos. —Durma um pouco. Vá encontrar
Carly e Keith.—
—Eu vou. E então eu vou encontrar você, eu prometo.—
Ela já havia quase partido, e eu mal pude decifrar lágrimas brilhando em seus
olhos. —Eu sei que vai. Acredito em você. Sempre acreditei.—
—Eu te amo.—
—Eu também te amo.—
Ela se foi.
Acordei no sofá, sentindo um vazio e insatisfação que ia além do desejo físico.
Eu precisava de seu coração e mente tanto quanto de seu corpo. Eu precisava
dela, e sua falta causava dor em meu peito enquanto eu adormecia. Enquanto
fazia, eu envolvei meus braços apertadamente em volta de mim, fingindo ser
Sydney que eu segurava.
Marcus apareceu bem cedo na manhã seguinte, começando nossa viagem bem
– com uma exceção. Nós tivemos um pequeno desacordo sobre o carro de quem
pegar.
—O seu é provavelmente roubado,— eu disse.
Ele rolou seus olhos. —Não é roubado. E é um Pirus.—
—Mais uma razão para não levar ele.—
—Podemos chegar a Tempe sem nem parar para abastecer, diferente do seu.—
—Vale as paradas extras para ir com estilo,— argumentei de volta.
—Vale o atraso extra em conseguir as respostas que podem ajudar Sydney?—
Esse era seu trunfo, e ele sabia.
—Certo,— resmunguei. —Vamos levar seu carro manco mas ainda altamente
eficiente em termos de combustível.—
Apesar do nosso passado pedregoso – como quando eu tentei socar ele na
primeira vez que nos encontramos – Marcus e eu tivemos uma viagem muito boa
para UEA. Ele não esperava muito de conversa, o que estava tudo bem por mim.
A maioria dos meus pensamentos estava com Sydney. De vez em quando,
Marcus recebia ligações de um de seus contatos, perseguindo alguma pista que
fazia parte de seus negócios clandestinos. Algumas eram sobre Sydney e Keith;
algumas eram sobre outras pessoas e missões que pareciam todas muito
importantes quando você estava apenas ouvindo um lado da conversa.
—Você tem todos os tipos de coisas acontecendo,— comentei quando cruzamos
a fronteira para o Arizona. —Significa muito que você tenha tirado tempo para
ajudar Sydney. Soa como se ela não fosse a única contando com você.—
Ele sorriu com isso. —Sydney é especial. Eu não acho que ela saiba quantas
pessoas ajudou com aquela tinta que ela fez. É grandioso para eles saber que
os Alquimistas não podem corromper suas mentes – pelo menos através da
tatuagem. Eu devo isso a ela, ajuda-la, e …—
—E o que?— perguntei, vendo sua expressão escurecer.
—Quando alguém faz algo incrível, como ela fez, e é pego, como ela foi, eu
sempre penso que poderia ter sido eu. Em me ajudar, eu os vejo como se
recebendo o tempo que eu provavelmente mereço.—
—Sydney não veria isso dessa forma,— disse a ele, relembrando do seu plano
louco de ajudar seus companheiros de prisão. —Ela está feliz em fazer – pensa
que é seu próprio risco.—
—Eu sei,— ele disse. —E isso me faz ainda mais feliz em ajudar.—
Nós alcançamos a faculdade pelo meio da tarde. Foi no meio do dia acadêmico,
mas eles também estavam funcionando no período de verão, então a multidão
do campus era menor do que estaria caso contrário. A inteligência de Marcus
havia dito a ele que Carly participava o ano todo e era uma Residente Assistente*
(RA, é responsável pelos alunos no andar em que mora) em um dormitório misto.
Ninguém nos contestou durante luz do dia, e nós fomos capazes de ir direto até
sua porta, a qual estava coberta por posters de várias bandas e comícios. Depois
de conhecer Zoe, eu não poderia nem começar a dizer como a terceira irmã
Sage era, embora eu tivesse formado vagas ideias de alguém quieta e pacífica,
sabendo o que eu sabia sobre como Carly não denunciou Keith ou deixou
Sydney fazer tampouco.
A garota que atendeu não era o que eu esperava. Ela era alta e atlética, com um
corte de cabelo pixie* (curtinho estilo Joãozinho) e um pequeno piercing
vermelho no nariz. Mas ela tinha a cor do cabelo e dos olhos de Sydney, a
semelhança de família era mais do que o suficiente para me deixar saber que
encontramos a pessoa certa. Ela vestia um sorriso de despedida que esmaeceu
quando deu uma segunda olhada em mim. Ela podia não ser a família Alquimista,
mas reconhecia um Moroi quando via um.
—Seja lá o que for isso, eu não quero estar envolvida,— ela disse.
—É sobre Sydney,— disse Marcus.
—E ela disse para perguntar a você se a faculdade ainda a faz querer a adotar
a filosofia de vida de Cicero,— eu adicionei prestativo.
As sobrancelhas de Carly se ergueram com isso, e depois de um momento, ela
suspirou e abriu a porta para nos deixar entrar. Duas outras garotas,
aparentando a idade de calouras, sentavam no chão, e ela as deu um olhar de
desculpas. —Ei, eu tenho que cuidar de uma coisa com muita pressa. Podemos
terminar de planejar hoje à noite?—
Enquanto as meninas se levantavam e faziam comentários de despedida,
Marcus se inclinou em minha direção e sussurrou, —Tem certeza que passou a
frase de Sydney certo? Cicero era mais um estadista do que filosofo. Não que
ele não tenha tido alguns bons momentos.—
Eu dei de ombros. —Foi o que ela disse. E Carly nos deixou entrar, não
deixou?—
Uma vez que as garotas mais novas se foram, Carly sentou na beirada de sua
cama e acenou para que encontrássemos lugares no chão. —Certo. Então, a
que devo o prazer da visita de um Moroi e um cara que não é um Alquimista,
mas tem uma tatuagem muito suspeita bem colocada?—
—Precisamos da sua ajuda para localizar Sydney,— eu disse, sem necessidade
de perder tempo.
Carly inclinou sua cabeça surpresa com aquilo. —Ela está desaparecida?—
Marcus e eu trocamos olhares. —Não ouviu dela recentemente?— ele
perguntou.
—Não… há muito tempo que não ouço, na verdade. Mas isso não é incomum.
Papai costumava desaparecer por um tempo também. Faz parte do trabalho. Ele
nos disse que ela estava envolvida em algo super secreto.— Quando nem eu ou
Marcus respondeu, ela olhou entre nós dois. —Não é verdade? Ela está bem?—
—Ela está bem,— disse Marcus lentamente, e eu poderia dizer que ele estava
escolhendo suas palavras cuidadosamente. —Mas ela não está em uma
atribuição. Ela entrou em encrenca por algo, e nós estamos tentando chegar até
ela antes que essa encrenca fique pior.—
Carly atirou a ele um olhar feroz. —Não amenize as coisas. Eu sei o que entrar
em encrenca significa com os Alquimistas. Eles a trancaram em algum lugar, não
trancaram? Como fizeram com Keith?—
—Você falou com ele?— eu exclamei. —Pessoalmente?—
Seu rosto se encheu de nojo. —Pessoalmente e por e-mail. Ele apareceu do
nada como vocês, de volta em Março, com aquela grande história trágica sobre
o quão arrependido ele estava e o quanto ele precisava do meu perdão para
continuar e como eu deveria entregar ele para as autoridades.—
—Volte,— eu disse. —Keith disse pra você o entregar? Você entregou?—
—Não.— Ela cruzou os braços e colocou uma expressão satisfeita que parecia
estar em desacordo com o tema. —E ele não me disse muito mais além de
implorar. Ele estava apavorado de ser mandado de volta a custodia dos
Alquimistas um dia e parecia pensar que estaria mais seguro em uma prisão
regular. Então eu disse não. Agora ele pode viver com medo constante, bem
como eu costumava.—
Era uma distorção tão bizarra da lógica, que eu não sabia como responder
realmente. Marcus parecia perplexo, e eu lembrei que ele não sabia a história
toda. —Ela e Keith tiveram um, uh, rompimento,— eu disse, esperando amenizar
as coisas.
Carly olhou Marcus diretamente nos olhos. —Keith me estuprou enquanto nós
estávamos em um encontro e me fez pensar que eu o levei a isso e que se eu
contasse para alguém, eles pensariam que foi minha culpa. Eu me convenci
disso também e deixei que me corroesse por dentro. A única pessoa que para
quem eu contei foi Sydney, e foi nas condições de segredo. Levou anos para eu
perceber a idiota que eu estava sendo. Agora eu me certifico que outras garotas
não passem por isso.— Ela acenou em direção a mais posters em suas paredes,
que só agora eu percebi que eram todos contra a cultura do estupro. —Se eu
puder salvar ao menos uma pessoa de passar por essa vergonha e auto-
questionamento… bem, sentirei que vive o propósito da minha vida.—
Marcus, que não era facilmente surpreendido, parecia completamente
boquiaberto enquanto olhava para ela. Já vi varias garotas caindo a seus pés,
mas essa era a primeira vez que eu o via babar por uma. —É incrível você ter
sido capaz de fazer isso,— ele disse. —E muito corajoso.—
Tão divertido quanto vê-lo apaixonado, era que nós tínhamos que nos manter
nos trilhos. Estalei meus dedos na frente de seu rosto. —Foco.— Me virei para
Carly. —Mas você ainda não entregou Keith?—
Ela balançou sua cabeça. —Isso parece maluco, eu sei, mas ele sofre mais
desse jeito. Ele quer que eu faça isso. Estava quase em lágrimas quando eu não
o entreguei. Não me importo com ele. Me importo com Sydney. Me diga o que
posso fazer para ajuda-la e parar seja lá o que for que esses bastardos estão
fazendo.—
—Você conhece uma maneira de nos ajudar a encontrar Keith?— perguntei.
—Posso fazer mais do que isso,— Ela disse. Pescando um celular de seu bolso,
andou em volta, e o estendeu. —Isso serve?—
Peguei e vi o nome de Keith, junto com um número de telefone e um endereço
de Boise, Idaho, de todos os lugares.
—Boise?— perguntei. —Ele não sofreu o suficiente?—
Marcus olhou sobre meu ombro e sorriu. —Tem um centro de pesquisa dos
Alquimistas lá. É exatamente o tipo de lugar que eu esperava para ele – mesa
de trabalho, sem trabalho de campo real ou situações perigosas. Tem certeza
que ele ainda está lá?—
Carly rolou seus olhos. —Positivo. Ele me manda e-mail todo mês, me pedindo
perdão e pedindo para entrar em contato se eu mudar de ideia. Se ele mudasse,
tenho certeza que me deixaria saber milhares de vezes.—
Marcus copiou a informação em seu próprio celular e estendeu o dela de volta.
—Eu não acho que devemos lhe dar o beneficio de um aviso antes de falarmos
com ele. Está afim de outra viagem?—
Minha geografia não era ótima, mas até eu sabia que era um compromisso ainda
maior do que o que acabamos de fazer. —Desde que possamos comprar lanche
antes de ir.—
—Encontrar ele realmente vai ajudar Sydney?— Carly perguntou, rosto grave.
A expressão de Marcus suavizou enquanto ele a assegurava, mas eu não sabia
se era por seu afeto ou porque tinha noticias ruins. —Não sabemos com certeza,
mas esperamos que sim. Achamos que Keith foi mantido no mesmo lugar que
Sydney está. Se nós pudéssemos descobrir onde é, podemos ir busca-la.—
Carly empalideceu. —O mesmo lugar… você quer dizer o lugar que é tão ruim,
que Keith preferia ser mandado para prisão a arriscar voltar?—
—Nós iremos resgata-la,— disse Marcus galantemente. —Eu prometo.—
—Eu quero ajudar,— ela insistiu.
—Você já ajudou.— Ele ergueu o celular. —Esse endereço pode ter feito isso.
Você não precisa mais se arriscar.—
Carly pulou para seus pés, pulsos cerrados em desafio. A semelhança entre ela
e Sydney era particularmente notável assim. —Ela é minha irmã! Claro que eu
preciso me arriscar. Você acha que ela faria menos por mim?—
Senti um nó em minha garganta. —Você está certa. Ela não faria. Mas no
momento, nós estamos apenas coletando informações. Se conseguirmos uma
pista clara e você puder ajudar, deixaremos você saber.—
—É melhor que deixem,— ela rosnou. —Aqui, vou dar meu número de telefone
para vocês.—
—Eu pego,— disse Marcus rapidamente.
Enquanto ele pegava a informação, eu disse a ela. —Nesse meio tempo, a maior
coisa que você poder fazer é não contar a ninguém – especialmente nenhum
parente – que nós estivemos aqui.—
Ela zombou. —Eu assumo que você queira dizer meu pai e Zoey? Sem
problema. Eles dificilmente me checam, especialmente desde o divórcio.—
—Então acabou?— perguntei. Estive me perguntando, mas eu e Sydney não
tivemos tempo exatamente para conversa fiada no nosso sonho.
—Acabou.— O rosto de Carly ficou severo. —Fiz o meu melhor para ajudar
mamãe no caso da custódia, mas no final, a ‘evidência’ do papai era muito
substancial. Eu me perguntei por que Sydney não testemunhou para nenhum
dos lados… agora eu sei. Se ela se encrencou com essas pessoas,
provavelmente nem papai poderia livra-la.—
Obviamente, Carly não estava ciente o quão substancial o papel de seu pai tinha
sido em colocar Sydney em encrenca, e eu não estava prestes a incitar mais
revolta familiar dizendo-lhe a verdade. —Sydney estaria lá se pudesse.— A
assegurei. —Eu sei que ela realmente queria apoiar sua mãe.—
Carly acenou. —Queria que ela pudesse. Quero dizer, entendo porque os
Alquimistas fazem o que eles fazem, mas às vezes… eu não sei. É como se eles
se perdessem e perdessem de vista o quadro maior. Agora que Zoey está com
o papai o tempo todo, me preocupo que fique pior para ela. Pelo menos com
Sydney – as ultimas poucas vezes que eu falei com ela – ela parecia estar
ganhando mais perspectiva na vida. Eu não sei o que estava acontecendo, mas
ela parecia mais balanceada. Mais feliz. Eu esperava que ela pudesse fazer o
mesmo por Zoey, mas acho que não será possível tão cedo.—
Eu não sei o que estava acontecendo, mas ela parecia mais balanceada. Mais
feliz. As palavras de Carly engatilharam uma mistura de emoções, e eu não pude
dar uma resposta. Essa mudança que ela tinha observado havia sido minha
culpa. Carly achava que tinha sido para melhor, e eu gostava de pensar que
tinha também – mas não havia como negar que era também o que colocou
Sydney em encrenca.
Enquanto nos movíamos para porta, prontos para a próxima etapa da nossa
viagem, Marcus parou e olhou de volta para ela. Eu pensei que ele fosse a
chamar para sair, mas em vez ele disse, —E aquele Quote sobre Cicero? Eu
estudei muito sobre história Romana e nunca ouvi nada sobre sua filosofia de
vida.—
Carly sorriu. —Cicero é o gato da nossa família. Sydney e eu costumávamos
brincar que ele descobriu sobre o que a vida realmente era: comer, dormir, e
tomar banho. Ela estava tão triste de não ir para a faculdade também, e eu tentei
minimizar, dizendo que eu provavelmente não aprenderia nada melhor do que
Cicero me ensinou. Quando você mencionou isso, eu sabia que vocês eram
legítimos.—
Talvez fosse a semelhança de família aparecendo no sorriso de Carly de novo
ou apenas a menção de desejo de Sydney pela faculdade, mas eu senti uma dor
em mim começando a imergir que eu não sentia há um tempo. Vá embora, eu
disse para aquilo. Lamente por Sydney mais tarde. Foque agora em tê-la de
volta.
Marcus sacudiu a mãe de Carly, segurando um pouco mais do que
provavelmente precisava. —Obrigado de novo pela sua ajuda,— ele disse. —
Não a decepcionaremos.—
—Esqueça sobre mim,— ela disse. —Não decepcione Sydney.—
Capítulo 13 Sydney
Encantar sal durante a reeducação era mais complicado do que teria sido como
uma mulher livre, mas não era impossível. Era apenas um processo lento e
demorado, surrupiar pequenas quantidades de sal e então conseguir momentos
privados no banheiro para infundi-los com os elementos. O que se provou ser
bem mais difícil foi conseguir as seringas.
—Alguém vai para a purificação quase todo dia, ou porque é rotina ou porque
fizeram algo,— disse Emma, quando eu contei a ela que essa seria a parte mais
difícil colocar em pratica. —Nós só temos de espalhar a noticia de quem quer
que esteja lá precisa contrabandear uma seringa para você.—
—Mesmo que eles sejam capazes de fazer isso, os supervisores irão notar
eventualmente que várias seringas estão faltando,— apontei. —E eu não tenho
certeza se quero ‘espalhar a notícia’ para todo mundo.—
Ela balançou a cabeça. —Não sou estúpida. Só vou deixar saber pessoas
selecionadas que eu sei que podemos confiar, outros que valorizam suas mentes
mais do que entregá-la. Todos eles sabem que alguma coisa deu errada com
Jonah. Eles vão manter seu segredo pela chance de conseguir essa mesma
proteção para si mesmos.—
—Isso na verdade não me faz sentir melhor,— resmunguei. Meu último encontro
com Adrian me deixou sentindo otimista sobre o futuro, mas não significava que
o presente não estava carregado de complicações. —E isso não resolve o
problema das seringas.— Estávamos quase em nossa próxima aula,
significando que essa conversa estava prestes a acabar.
—Que pena que não podemos reutilizá-las,— meditou.
Fiz uma careta. —Ugh. Isso já não sanitário o suficiente, não ter acesso a água
purificada.—
—O que precisamos é acesso livre para aqueles armários de suplementos no
nível da purificação. Você sabe onde eles estão.—
—Yeah,— eu disse, em concordância. —Tem apenas o pequeno problema de
eu nunca ser capaz de chegar até eles de novo, com a segurança enorme que
tem por aqui.—
Ela deu de ombros e sorriu, —Eu não disse que era um plano perfeito.—
—Isso não é nenhum plano,—
Mas a sugestão remexeu em minha mente enquanto eu passava pela
escolarização Alquimista aquele dia. Falar com Adrian tinha levantado meu
espirito, como saber que ele falaria com Carly em breve. Eu esperava
desesperadamente que Keith os desse uma pista de onde eu estava. A partir
dai, eu não sabia exatamente como eles me tirariam, mas eu já estava
visionando liberar os outros daqui comigo. Se eu pudesse libertá-los no mundo
livre do controle de mente, seria um trabalho bem feito.
Eu desliguei as palavras de Emma em minha cabeça, tentando resolver a
confusão de problemas diante de mim. O que eu realmente precisava era de
acesso sem restrições ao andar com os armários de suprimentos, aqueles que
Sheridan me fez organizar. Para chegar até eles, eu precisava me mover sem
ser vista, o que não era fácil, mas era na verdade mais fácil do que escapar do
meu quarto em primeiro lugar. Aquelas travas noturnas eram um grande
problema.
Embora Emma – e alguns outros – me assistissem com olhos de águia durante
todo o dia e eram os mais ansiosos por resultados, foi com Duncan que e
finalmente abordei o tópico na aula de artes. Ele nunca falou extensivamente
sobre seu passado, mas eu pesquei algumas coisas que eram importantes para
ele. A misteriosa Chantal era uma, claro, e ele ocasionalmente se expôs em
atividades artísticas antes de vir para cá. Uma coisa que ele não falava muito
sobre, mas eu capturei era seu talento por dispositivos mecânicos. Quando
alguém tinha problemas com o cavalete no dia-a-dia, Duncan estava sempre era
a pessoa que ia ajustá-los. Eu até o observei ajudando nossos instrutores,
quando na vez que o projetor de Harrison parou de funcionar.
—Você sabe como as trancas dos nossos dormitórios funcionam?— perguntei
aquele dia. Natureza morta estava acabada por agora, embora Duncan tivesse
me assegurado de que era uma atribuição popular e voltaria. Agora nós
estávamos na tarefa tediosa de moldar tigelas de barro a mão.
—Elas trancam,— ele disse sem rodeios. —Eles param as portas de abrirem.—
Eu tentei não rolar meus olhos. —Eu sei disso. Quero dizer, você sabe como–—
—Sim, sim, eu sei o que você quer dizer,— ele interrompeu. —E não é algo com
o que você devesse se preocupar. Você já está jogando um jogo perigoso o
suficiente.—
Olhei ao redor, mas ninguém estava nos ouvindo enquanto trabalhávamos em
nossa mesa. —Não é um jogo!— assobiei. —Isso é sério. Eu posso impedir
outros de sofrerem lavagem cerebral. Como eu fiz por Jonah.—
—E você consegue ser mandada para a reflexão no processo.— Uma pequena
carranca entre suas sobrancelhas era o único sinal exterior de seu desconforto.
—Eu não posso suportar outro amigos desaparecendo, Sydney.—
Eu precisei de um momento para piscar as lágrimas de volta enquanto lembrava
que ele tinha sido meu primeiro aliado aqui, me oferecendo amizade por causa
do que ele gostou sobre mim e não por causa do que eu poderia potencialmente
fazer por ele.
—Não vou desaparecer,— eu disse, assumindo um tom suave. —Mas eu preciso
sair do meu quarto alguma noite. Hoje à noite, idealmente. É importante. Eu
posso ajudar um monte de gente.—
Sua tigela, bem como sua pintura, era quase perfeita. Eu estava começando a
me perguntar se aquela era uma habilidade inerente ou simplesmente o
resultado de estar aqui por tanto tempo. —As trancas são ligadas por uma central
de sistemas toda noite,— ele disse por fim. —É na verdade apenas um simples
piro disparado da porta na parede. É frágil. Se tiver um obstáculo, não
funciona.—
—Isso vai alertar a central de sistemas de que há um problema?— perguntei.
—Não a menos que eles tenham mudado no ultimo ano. A cerca de, oh, oito
meses atrás, a porta de alguém deu defeito, e os chefões nunca souberam. Eles
descobriram quando um dos caras no quarto viu a oportunidade e tentou
encontrar uma saída.—
Aquilo foi útil – mas também perigoso. —Eles concertaram?—
—Aquela porta em particular? Sim. Mas até onde eu sei, o pino continua frágil.
Não importa muito desde que mesmo se a segurança não pegasse ninguém
tentando bloquear, as câmeras na parede detectariam–— Duncan de repente
me lançou um olhar aflito. —Por favor, me diga que você não vai realmente tentar
escapar.—
—Vou por continuar aqui… por agora.— Olhei para baixo e toquei levemente o
crachá de identificação grampeado a minha camisa. Era um pouco menor que
um cartão de crédito. —Algo como isso poderia funcionar bem para bloquear o
pino.—
—Muito bem,— ele concordou. —Mas lembre-se tem aquela pequena fenda
entre a porta e a parede, mesmo quando a porta é fechada. Você não pode
simplesmente enfiar esse cartão lá.—
—Eu preciso de algum tipo de adesivo para segurá-lo lá.— Quebrei minha
cabeça, tentando lembrar quando vi pela última vez cola por aqui. Eu não tinha
visto. Mas quando meus olhos repousaram na mesa de Addison, encontrei algo
ainda melhor. —Chiclete funcionaria. Eu nem iria precisar usar meu cartão… eu
poderia apenas enfiar um amontoado na saída do pino, não poderia?—
Duncan riu apensar de si mesmo. —Infantil, mas sim, poderia.—
—Vá pedir ela para ajudar com alguma coisa,— eu disse, inspirada. —Eu vou
roubar o chiclete enquanto você fala com ela.—
—Sydney.— Ele apontou para minha tigela então para a dele. —Qual de nós
você acha que legitimamente precisa pedir ajuda.—
Olhei entre elas, não que a dele pudesse ir direto para o forno agora e a metade
da minha estava desabando sobre si mesma. —Você não é a favor do meu
plano. Eu não posso pedir que roube o chiclete.—
—Eu não sou a favor de planos sem lógica,— ele disse. —E é muito mais lógico
você ir pedir ajuda. Além disso, eu preciso de outra agulha de oleiro. Essa é
lenta.—
—Todas são lentas,— lembrei a ele. Mesmo pelo amor a arte terapêutica, os
Alquimistas não deixavam nada por perto que pudesse ser usado como arma.
—Mas eu vou pedir.—
Addison sempre parecia irritada quando feito perguntas a ela, mas ao mesmo
tempo, eu podia dizer que ela mantinha o olho em quem vinha e pedia ajuda. Eu
era uma dos poucos que em geral que sofria grandes dores antes de procurar a
ajuda dos nossos supervisores, e eu sabia que alguns deles nos viam cedendo
e confiando neles como um sinal de nós desfazendo nossa resistência. Então,
embora ela ainda vestisse aquela expressão perpetuamente desagradável
enquanto mastigava seu chiclete, não hesitou em me avisar o por que da minha
tigela continuar desmoronando, e eu tinha a sensação de que teria novas
anotações adicionadas a minha ficha mais tarde. Enquanto eu falava com ela, vi
Duncan se movendo em direção a mesa dela com o canto dos meus olhos. Eu
quase parei de respirar, apavorada de que ela se virasse e visse ele.
Mas ela não virou, e cinco minutos depois, quando ele e eu voltamos a nossa
mesa, ele discretamente me deslizou dois chicletes. —Use sabiamente,—
avisou. —Ou pelo menos não faça completamente nada estupido hoje à noite.
Por favor, me diz que tem um plano para não ser pega uma vez que tenha
escapado do quarto. Você sabe que tem câmeras nos corredores.—
—Eu não um plano,— eu disse hesitantemente. —Mas eu não posso te contar.—
Fora a ansiedade pela minha tarefa intimidadora, eu ainda me sentia triunfante
por essa pequena vitória. Eu voava alto e estava completamente despreparada
por ser derrubada quando Sheridan se virou para mim na hora comunicação e
disse, —Sydney, não tem algo que queria nos contar?—
Eu congelei e podia jurar que meu coração pulou algumas batidas. Meus olhos
percorreram em volta do circulo de rostos observando enquanto eu me
perguntava qual deles tinha me traído. —Eu imploro por seu perdão, Senhora?—
—Você tem estado com a gente por algum tempo agora,— ela explicou. —E
ainda assim falou muito pouco sobre seu passado. Todo dia, os outros se abrem,
mas você mantem para si mesma. Isso não é realmente justo, é?—
Eu queria dizer a ela que não era de sua conta, mas eu sabia que eu deveria
estar grata por não estar na berlinda aqui pelos crimes mais imediatos. —O que
você gostaria de saber, Senhora?—
—Você não nos conta por que está aqui?—
—Eu…— minha arrogância anterior secou. Fazer planos para escapar do meu
quarto sabotando a fechadura para que eu pudesse então criar proteção mágica
para meus colegas detentos não me perturbou tanto quanto o exame minucioso
de todos aqueles olhos. Não importava o quão amigável eu tenha ficado com
alguns deles. Eu não queria compartilhar minha história.
Mas você tem que jogar o jogo, Sdyney, lembrei a mim mesma. Não importa o
que você faça, com tanto que ganhe no final.
Foquei de volta em Sheridan. —Quebrei uma das regras fundamentais dos
Alquimistas. Fui contra as nossas crenças mais básicas.—
—Como?— ela solicitou.
Eu respirei fundo. —Porque eu me envolvi romanticamente com um Moroi.—
Meu olhar permaneceu em Sheridan. Eu estava com medo de olhar para os
outros porque embora fossemos todos rebeldes, havia diferentes graus de
pecado por aqui – e o meu era bastante extremo.
—Por que?— Sheridan perguntou.
Fiz uma careta. —Senhora?—
—Por que você se envolveu romanticamente com tal criatura imunda? Isso não
vai apenas contra as crenças Alquimistas. Vai contra as regras da natureza. Por
que você faria isso?—
Meu coração tinha uma resposta pronta, mas eu não a deixei cruzar meus lábios.
Porque ele é incrível e sensível e engraçado. Porque nós trazemos o melhor um
no outro e somos pessoas melhores por causa do nosso amor. Porque quando
estamos juntos, eu sinto como se entendesse meu lugar no mundo.
—Eu não sei exatamente,— eu disse, tentando encontrar uma resposta
acreditável que ela gostaria de ouvir. —Porque eu pensei que estava
apaixonada.—
—Por um deles?— ela perguntou. O tom em sua voz quando disse deles me fez
querer estapeá-la.
—Ele não parecia como um deles,— eu disse no lugar. —Ele parecia muito gentil
e muito charmoso. Ele era… é muito bom com compulsão. Eu não sei se é parte
do que aconteceu comigo. Talvez eu fosse apenas fraca.—
—Você não se sente envergonhada?— ela incitou. —Não se sente suja e usada?
Mesmo se você se graduar daqui, você acha que algum dos nossos iria algum
dia querer te tocar depois de ter deixado ser usada assim?—
Isso me pegou de surpresa por um momento porque ecoava tão próximo dos
temores que Carly teve um dia quando justificava o por que não podia contar
para ninguém sobre o que Keith tinha feito com ela. Eu deveria ter dado alguma
resposta penitente, mas no lugar respondi Sheridan com uma variação do que
eu tinha dito a Carly. —Eu espero que com quem quer que eu fique em seguida
me ver e me valorize pela pessoa que eu sou por dentro. Nada do resto irá
importar.—
A expressão de Sherian mudou para uma de pena. —Eu não acho que vá
encontrar ninguém assim.—
Eu já encontrei, pensei. E ele está vindo me tirar daqui e para longe de você.
Em voz alta, eu disse simplesmente, —Não sei, Senhora.— Admitir a própria
ignorância era sempre uma aposta segura por aqui.
—Bem,— ela disse. —Vamos esperar que esteja menos desiludida sobre
vampiros do que está sobre como você se maculou. Como você se sente sobre
ele agora?—
Eu sabia melhor do que até mesmo respirar a verdade sobre isso. —Ele me
traiu,— eu disse simplesmente. —Era supostamente para ele ter me encontrado
na noite em que fui trazida para cá, e ele nunca apareceu. Eu fui enganada.—
Era uma mentira que nenhum deles podia contestar. De fato, nenhum Alquimista
sabia inteiramente o que eu estava fazendo na noite em que fui pega. Vamos
deixá-los pensar que frustraram uma reunião entre Adrian e eu, deste modo me
ajudando a me virar contra ele.
—Isso é o que eles fazem, Sydney,— Sheridan disse, parecendo bastante
satisfeita. —Eles enganam,—
Quando nos debandamos, eu notei algum dos meus colegas detentos – alguns
os quais eu achei que tivesse feito avanços – me evitando fisicamente como
tinham nos primeiros dias. —Sobre o que foi isso?— Murmurei para Emma, que
estava andando perto de mim.
—Sheridan ajudou a lembra-los o quão contaminado você é,— ela explicou.
Meu coração afundou um pouco enquanto eu olhava além deles. —Eles
realmente acreditam nisso? Eu acho que alguns deles…—
Eu não pude terminar, mas Emma sabia meus pensamentos. —Estão apenas
remando com a maré para sobreviver aqui? Alguns estão, mas mesmo que eles
não foram reprogramados, eles aprenderam o suficiente para sobreviver aqui. E
parte da sobrevivência é ficar longe de pessoas que vão coloca-lo em encrenca.
Você cruzou uma linha – não, você a esmagou, e mesmo que eles achem que o
que você fez está ok, eles sabem que não podem deixar Sheridan e os outros
saberem.—
—O que você acha?— perguntei.
Ela me deu um sorriso apertado. —Eu acho que você e sua tinta são uma boa
precaução caso eles tentem bagunçar com minha cabeça. Mas eu também vou
manter minha distância. Vejo você mais tarde.—
Ela se apressou, e eu passei o resto do dia formulando meu plano, desejando
que fosse mais solido do que era. Quando eu estava no banheiro aquela noite,
eu atirei um dos chicletes de Addison em minha boca, mastigando até, eu
esperava, ter conseguido um resultado grudento o suficiente. Eu o menti em
minha mão até sair e então a rocei contra a porta enquanto eu entrava no meu
quarto, bem no lugar em que o pino entrava. Eu esperava que o sistema fosse
tão delicado quanto Duncan afirmou e que um pedaço tenha sido o suficiente.
Eu quase usei os dois, mas pensei que um segundo poderia ser útil no futuro. O
escorreguei para minha meia.
Mais tarde, quando as luzes se apagaram, ouvi um clique na porta, mas não
sabia se tinha sido bem sucedida. Me arrastei para fora da cama e timidamente
me aproximei do feixe de luz, esperando e ouvindo para ter certeza de que
ninguém estava do lado de fora. Não estavam. Cautelosamente, tentei deslizar
a porta aberta em uma fenda… e consegui. O pino não funcionou! Eu exalei
profundamente e abracei a mim mesma para a próxima fase da tarefa: sair sem
ser vista.
Usei feitiços de invisibilidade no passado, uma vez até mesmo para invadir uma
base Alquimista, o que parecia irônico na minha situação atual. Eles não eram
fáceis, caso contrario – Srta. Terwilliger notara – todo mundo os usaria. Para
melhor cobertura era necessário um monte de componentes de feitiços e um
amuleto idealmente. Mesmo assim, o feitiço muitas vezes era revelado se
alguém sabia que estava procurando por você. Eu não tinha nada para me ajudar
aqui, apenas o conhecimento de um pequeno feitiço e meu próprio poder para
lança-lo. Duraria no máximo trinta minutos e estaria suscetível a qualquer um
procurando por mim ou quem me olhasse direto nos olhos. Me protegeria das
câmeras, no entanto, e minha grande aposta era que os corredores estariam
desertos essa hora da noite, quando nossos mestres pensavam que estávamos
trancados e drogados.
Eu não sabia que tipo de turnos os Alquimistas tinham, mas eu tinha que assumir
que os funcionários diminuiriam cedo ou tarde. Então eu sentei de volta em
minha cama por meia hora, esperando que a aquela altura o pessoal tivesse se
estabelecido para uma noite tranquila. Antes de retornar para a porta, eu
coloquei meu travesseiro debaixo dos cobertores. Entre aquilo e a escuridão
próxima, eu esperava que não fosse obvio que a cama estava vazia para alguém
olhando para as telas de monitoramento. Na porta, eu murmurei o encantamento
tão rápido quanto pude. Não querendo indicar a Emma minha verdadeira
natureza. Significado e foco eram mais importantes do que volume, e eu senti
outro surgimento de poder estimulante percorrer através de mim quando terminei
de falar. O feitiço, tremendo como era, tinha funcionado, e agora o relógio estava
correndo. Depois de me certificar de novo de que ninguém estava no corredor,
eu deslizei lentamente a porta aberta, apenas o suficiente para deslizar por ela,
e então fecha-la de novo. Aquela era uma das outras partes difíceis do feitiço de
invisibilidade: só porque você está invisível, não significa que suas ações estão.
Alguém vendo uma porta abrindo sozinha me entregaria tanto quanto esbarrar
em uma pessoa, então eu tinha que ter certeza de que todos os meus
movimentos eram pequenos e cautelosos, atraindo tão pouca atenção quanto
possível.
O corredor dos dormitórios estava vazio, apenas com as câmeras de sentinela,
e eu me apressei em direção ao anexo onde outros corredores intercediam. Lá,
eu encontrei meu primeiro Alquimista no posto de guarda, um homem de cara
fechada que eu nunca tinha visto antes que estava mandando mensagem em
seu celular enquanto permanecia estacionado em um lugar que o deixava
supervisionar todos os corredores. Ele não olhou para cima nenhuma vez
enquanto eu me movia silenciosa e lentamente por ele, virando no corredor que
me guiava para os elevadores. Ainda era incrível para mim que a única saída do
andar nem se quer levava para fora em uma emergência, mas eu supunha que
os Alquimistas sentiam que era melhor arriscar nossas vidas do que nos dar mais
pontos para escapar.
Quando alcancei os elevadores, percebi que eles tinham tomado precauções ali
também – precauções que eu deixei escapar completamente da minha cabeça.
Você não podia nem apertar o botão do elevador sem primeiro scanear seu
cartão de identificação. Eu vi nossos carcereiros Alquimistas fazerem isso várias
vezes, mas deixei de fora do meu plano. O elevador era inacessível para mim,
como era a escadaria com controle de acesso similar ao lado. De outra forma,
nós detentos constantemente tentaríamos usa-las. Enquanto eu permanecia
olhando, tentando encontrar uma solução alternativa, um soar indicou a chegada
do elevador e que as portas estavam prestes a abrir. Eu apressadamente dei um
passo para o lado e para fora do olhar direto. Um momento depois, o elevador
abriu e Sheridan saiu.
Sem hesitar, eu deslizei atrás dela enquanto as portas ainda estavam abertas,
rezando para que o elevador ainda estivesse funcionando da ultima leitura do
seu cartão de identificação. Se não, eu poderia ficar presa ali por um longo
tempo. A sorte estava comigo, e o botão para o andar da sala de operações e
purificação acendeu quando eu apertei. Eu desci um andar, e as portas abriram
para um corredor vazio. Me apressei e tentei não pensar em como eu seria capaz
de usar o elevador de novo.
Eu lembrava onde os armários de suprimentos eram, mas quando os alcancei,
notei algo que não tinha notado antes: eles também requeriam um cartão para
serem abertos. Sheridan deve ter os destrancado primeiro na nossa visita
anterior. Infelizmente, eu aceitei que eu teria que voltar para o meu quarto e
tentar de novo com um plano melhor amanhã. Pelo menos eu ainda tinha o
segundo chiclete.
Risada tirou minha atenção do armário de suprimentos, e eu vi dois Alquimistas
virando na esquina e andando pelo corredor – em minha direção. Em pânico, me
achatei contra a parede. Não havia nenhum canto próximo ou recantos para eu
me encaixar. Se a sorte estivesse do meu lado, a dupla não passaria por mim de
forma alguma. Se passassem, eu esperava que olhar para baixo me salvasse do
contato visual e detecção. Até onde eu sabia, poderia ser o suficiente.
Os dois pararam na frente da sala de operações, e eu comecei a dar um suspiro
de alivio até que uma ideia veio a mim e eu percebi que eu podia estar perdendo
uma oportunidade de ouro. Corri em direção à sala que eles entraram e consegui
entrar antes que a porta – uma pequena e automática – fechasse. Eu congelei e
prendi o fôlego, apavorada de que alguém me notasse, mas os dois Alquimistas
que eu segui nunca nem se viraram. A única outra pessoa lá era um cara com
cara de tédio e fones de ouvido, que estava comendo iogurte perto de uma
parede de monitores. A maioria dos monitores estavam escuros, e eu percebi
que eram os monitores dos nossos quartos. Os outros monitores mostravam
salas de aula e corredores, a maioria aos quais estavam vazios.
Mesas e computadores enxiam a sala, e eu vaguei ao redor, de novo atingida
por um senso de déjà vu pelo tempo em que eu conduzi atividades similares em
uma base Alquimista. Só que antes eu tinha um feitiço de invisibilidade muito
mais confiável ao qual recorrer. Ainda me sentindo determinada, procurei ao
redor até eu achar o que eu esperava. O cara comendo iogurte tinha tirado seu
paletó e o envolveu em volta de uma cadeira. Grudado ao bolço do casaco
estava seu crachá de identificação. Eu não fazia ideia se alguns crachás tinham
mais acesso do que outros, mas pelo menos, aquele me colocaria de volta no
elevador antes que meu feitiço se desfizesse. Eu pensei primeiro quando vi seus
fones de ouvido que ele estava monitorando os sons da vigilância, mas estando
assim tão próxima a ele, eu percebi que ele estava ouvindo algum tipo de banda
de metal. Me perguntei como isso cairia com seus superiores.
Independentemente, eram boas noticias para mim, como era o fato de que as
duas pessoas que eu segui estavam amontoados sobre alguns computadores e
conversando alto. Eu tinha bastante certeza de que eu podia escapar, e ninguém
realmente notaria a porta abrindo. Antes que eu pudesse fazer meu caminho de
volta, no entanto, eu vi algo novo que me fez hesitar e então andar na direção
oposto. Era um painel touchscreen na parede rotulado controle de sedativo.
Leituras atuais indicavam que o sistema estava em ambiente noturno, e cada
região dos aposentos dos detentos estava listada: quartos, corredores, cafeteria,
e classes de aula. Todos os quartos estavam rotulados com 27 por cento, com
o resto dos quartos com 0 por cento.
Os níveis de gás, percebi. Quando eu estava no isolamento, tive a impressão de
que eles estavam controlando minha cela manualmente, o que fazia sentido
desde que eles podiam me apagar instantaneamente se a conversa não estava
indo do jeito deles. Desse monitor, contudo, estava claro que os detentos
regulares eram modulados por uma central, um sistema automático que
canalizava o nível correto para nos deixar dormindo pesadamente cada noite.
Três opções na parte de baixo do touchscreen sugeria que havia ocasionalmente
a necessidade de intervenção manual: OVERRIDE – PARAR TODO O
SISTEMA, RESET, E PROTOCOLO DE EMERGÊNCIA – TODAS AS REGIÕES
A 42 POR CENTO.
Por um momento, era apenas o numero que estava surpreendendo. Se a
concentração de sedativo a 27 por cento nos colocava em um sono pesado, o
que fazia 42 por cento? Eu soube quase instantaneamente. Esse tanto de
sedativo canalizado nos apagaria em um piscar de olhos. Não haveria cair no
sono em uma sonolência pesada. Nós capotaríamos onde estávamos e
praticamente entraríamos em coma – o que seria muito útil se houvesse algum
dia algum tipo de fuga em massa.
Eu não sabia o que o que Adrian e Marcus poderiam fazer quando me
encontrassem, mas eu sabia que isso podia causar algumas sérias reviravoltas
no plano. Desabilitar o gás no meu próprio quarto não fora bom o suficiente. Eu
precisava elimina-lo no andar inteiro, o que não seria pouca coisa. Desligar aqui
era inútil quando o toque de um dedo poderia trazer de volta. Em algum lugar,
tinha que ter um sistema mais mecânico que eu pudesse interferir.
Esse não era um problema ao qual eu pudesse focar hoje à noite, no entanto.
Com um ultimo olhar demorado no painel, eu me apressei e sai pela porta, sem
ser percebida como eu esperava. Dali, era uma viagem rápida até o armário de
suprimentos. Como todas as outras portas que eu encontrei, eu as abri tão pouco
quanto pude, me permitindo deslizar para dentro de cada uma e pegar o que eu
precisava onde não havia nenhuma vigilância. Eu logo tinha duas garrafas de
água purificada enfiadas na minha cintura e uma dúzia de seringas embrulhadas
e lacradas escondidas variadamente em minhas meias e sutiã. Não era
exatamente confortável, mas eu precisava que tudo permanecesse sob minhas
roupas para serem encobertas pelo feitiço. Minha surpresa da noite foi descobrir
que os condimentos extras eram também mantidos no armário de suprimentos
de comida: Ketchup, mostarda, e – sal. Eu planejava contrabandear pequenas
quantidades durante a semana, mas um saleiro roubado do armário resolveria
esse problema.
Carregada com meus bens roubados, fiz meu caminho de volta para o elevador.
Tendo visto como era relaxada a vigilância noturna na sala de controle, eu não
estava mais tão preocupada sobre eles notarem portas abrindo um pouco
sozinhas nas telas como eu estava antes. Quando alcancei o andar que os
detentos viviam, no entanto, o guarda das mensagens veio andando pelo
corredor quando ele viu o elevador e não viu ninguém saindo. Eu me pressionei
contra a parede de novo, congelada e olhando para baixo enquanto ele passava
por mim. Ele parou alguns passos distantes de mim e encarou o elevador com
uma carranca enquanto eu prendia o folego. Mesmo que ele não fizesse contato
visual, meu feitiço tinha que estar em seus últimos minutos.
Depois de vários segundos agonizantes, ele finalmente deu de ombros e voltou
ao seu posto. Eu passei por ele, misericordiosamente sem ser notada, e
finalmente voltei para meu quarto, onde eu quase desmaiei de alivio. Ali,
cuidadosamente escondi todo meu contrabando no bolso formado entre o
colchão e o lençol. Eles nos fazem trocar nossa própria cama uma vez por
semana, e fizemos isso há dois dias. O que significava que eu tinha cinco dias
para usar todo meu suprimento antes de correr o risco de alguém notar as
seringas caindo do lençol do meu colchão no dia de lavanderia.
Fraca com alivio, eu finalmente rastejei em meus cobertores. Apesar de sentir
cansaço no corpo, minha mente estava funcionando e agitada da investigação
dessa noite. Levou um tempo para eu conseguir dormir, e eu sabia que Adrian
se preocuparia.
Com certeza, quando materializei no jardim do Getty Vila, eu o vi andando para
lá e para cá. Ele se virou abruptamente para mim quando disse seu nome.
—Graças a Deus, Sydney.— Ele se apressou e me puxou para seus braços. —
Você não tem ideia de como eu fiquei preocupado quando você não estava aqui
no horário normal.—
—Desculpa,— eu disse, o segurando forte. —Eu tinha algumas coisas pra
fazer.—
Ele se afastou e me deu um olhar de conhecimento. —Que tipo de coisas?—
—Oh, você sabe, o tipo que envolve invadir e vasculhar e uso de magia.—
—Sydney,— ele grunhiu. —Nós estamos próximos de te encontrar. Você precisa
apenas esperar. Você percebe como é perigoso ficar perambulando fazendo
essas ‘coisas’ suas?—
—Eu sei,— eu disse, pensando de volta no painel de controle de gás. —E então
você não vai ficar feliz quando eu te contar que eu vou ter que fazer isso de novo
em breve.—
Capítulo 14 Adrian
Eu queria acreditar em Sydney quando ela dizia que estava tudo sob controle,
mas era difícil, especialmente quando ela ainda continuava vaga nos detalhes
do que exatamente estava fazendo na reeducação. Em vez de me preocupar, eu
tentei focar nas positividades, como, como eu era capaz de conversar com ela
completamente e quão ostensivamente, fora seus segredos sobre a reeducação,
ela parecia saudável e feliz.
Tia Tatiana, às vezes minha ajudante às vezes advogada do diabo, não facilitou.
Quem sabe o que eles estão fazendo com ela? Ela disse em minha mente. Ela
pode estar sofrendo agora, gritando para você ajuda-la, e aqui está você.
Sydney está bem, repliquei com firmeza. Obviamente não em condições ideais,
mas ela é durona.
Tia Tatiana foi implacável. Assim ela quer que você pense, quando
secretamente, ela deseja que você venha para ela.
Raiva ascendeu em mim – e culpa. Estou tentando! Eu estaria lá agora se eu
pudesse. Não faça eu me sentir pior do que já estou.
—Adrian?—
Foi Marcus, falando em voz alta. Ele me olhava através da mesa de jantar, me
tirando da conversa imaginaria.
—Onde você está?— ele perguntou. —Eu disse seu nome três vezes.—
—Desculpa, só cansado,— menti.
Ele acenou, acreditando em minha palavra. —Você está pronto pra ir então?—
Nós fizemos um rápido jantar depois de falar com Carly e agora estávamos
prontos retomar a viagem para Boise. Era uma viagem mais longa do que
poderíamos fazer aquele dia, então terminamos passando a noite nos arredores
de Las Vegas, em um hotel simples nada próximo da animação da Strip* (onde
se localiza a maioria dos hotéis e casinos da área de Las Vegas) que eu
normalmente frequentava quando estava na área. Eu dificilmente me importava,
no entanto. Minha preocupação agora era fazer um bom tempo e encontrar um
lugar decente para dormir onde eu poderia fazer contato com Sydney. A manhã
seguinte, após as metas cumpridas, Marcus e eu estávamos de volta na estrada,
fora do Estado da Batata.
—Estado das Pedras Preciosas,— Marcus corrigiu quando me ouviu chamar o
lugar assim.
—O que?—
—Idaho é o Estado das Pedras Preciosas, não o Estado da Batata.—
—Tem certeza?— perguntei, não fazendo nenhuma tentativa de esconder meu
ceticismo. —Eu ouço sobre as batatas de Idaho o tempo todo. Ninguém nunca
tipo, ‘Wow, meu anel de noivado tem um diamante raro de Idaho.—
Um sorriso brincou em seus lábios enquanto mantinha os olhos na estrada. —
Bastante certeza,— ele disse.
Eu não era masoquista o suficiente para argumentar trivialidades aleatórias com
um Alquimista formado, mas quando cruzamos a fronteira em Idaho e
começamos a ver placas que diziam FAMOSAS BATATAS, me senti bastante
confiante sobre quem estava certo nesse tópico.
Falar sobre pedras preciosas me lembrou de que eu ainda estava carregando as
abotoaduras de Tia Tatiana – no bolço do meu jeans, nada menos. Eu
originalmente fiz isso para que não as perdesse no avião, mas agora eu estava
cortejando outro tipo de perigo, carregar uma fortuna que poderia facilmente cair
se eu fosse descuidado. Eu erguia uma agora, as tendo comigo fazia eu me
sentir com sorte, como se eu tivesse Tia Tatiana por si mesma me ajudando – a
Tia Tatiana real, que era. Não meu tormento fantasma.
Marcus e eu alcançamos Boise por volta do horário do jantar, indo para o
endereço que Carly nos deu. Era um complexo de apartamentos modernos, e o
de Keith era um no primeiro andar com sua própria varanda pequenina que
fizemos uso quando ninguém atendeu a porta. Escuridão e falta de movimento
dentro sugeria que ele estava mesmo fora – e não apenas se escondendo da
gente. Era uma boa noite de verão, agradável tanto para Moroi quando para
humanos, mas eu estava preocupado por quanto tempo ficaríamos lá.
—Como sabemos que ele não está trabalhando em um turno noturno?—
perguntei a Marcus.
Marcus apoiou o pé no parapeito da varanda. —Porque ele é um Alquimista que
se encrencou por quebrar as regras e sair da linha. Se ele fosse um Alquimista
que tornou tão fascinado por vampiros que estivesse em perigo de colaborar com
Strigoi, eles o dariam um turno noturno para manter um olho nele. Mas por
insubordinação geral? Ele provavelmente esta em um horário oito por cinco, só
para lembra-lo de como a vida humana normal é – e para salvar esses turnos
noturnos para riscos reais.—
Marcus se provou certo dez minutos depois quando um Kia Sorrento parou no
estacionamento e Keith veio caminhando em direção ao apartamento. Quando
uma olhada na gente – especificamente em mim – ele paralisou e ficou
visivelmente pálido.
—Não. Não,— ele disse. —Vocês não podem estar aqui. Ah meu Deus. E se for
tarde de mais? E se alguém os viu?— ele olhou em volta freneticamente, como
se esperando um time Alquimista da SWAT saltar sobre ele.
—Relaxa, Keith,— eu disse, me levantando. —só queremos conversar.—
Ele balançou a cabeça veementemente. —Não posso. Não posso falar com a
sua espécie, a menos que seja negócios. E eu não estou autorizado em fazer
negócios com a sua espécie até–—
—É sobre Carly Sage.— Interrompi.
Ele parou abruptamente. Nos encarou por vários longos momentos, deliberação
escrita por toda sua feição. —Ok,— ele disse. —Podem entrar.—
Nervosamente, Keith foi adiante e destrancou a porta, continuando a lançar
olhares ansiosos para nós dois e o resto do estacionamento. Uma vez que
estávamos dentro, ele fechou todas as cortinas e se afastou de nós o tão longe
quanto possível, braços cruzados defensivamente sobre seu peito.
—O que está acontecendo?— exigiu. —Quem é esse cara? Carly está bem?—
—Esse é meu amigo, uh, John,— eu disse, percebendo que provavelmente não
deveria citar o primeiro nome de um dos renegados mais procurados dos
Alquimistas. Assim, ele aplicou algum tipo de maquiagem para cobrir sua
Tatuagem índigo. —E Carly está completamente bem. Nós acabamos de vê-la
ontem.—
O comportamento de Keith suavizou um pouco. —Você… você viu ela? Como
estão as coisas com ela?—
—Muito bem,— disse Marcus. —Ela quem nos deu seu endereço. Ela queria que
a gente viesse falar com você.—
—E-ela queria?— Os olhos de Keith se arregalaram com duvida, o era na
verdade meio bizarro, desde que um de seus olhos era feito de vidro.
—Sydney está desaparecida,— eu contei a ele. —Carly quer que nos ajude a
encontra-la.—
Keith parecia genuinamente surpreso em ouvir isso, então sua expressão mudou
para uma de cautela. —Desaparecia onde?—
—Ela está na reeducação,— eu disse sem rodeios.
—Não,— ele grunhiu. —Não. Eu sabia que não deveria ter deixados vocês
entrar. Eu não posso ter nada a ver com isso. Eu não posso ter nada a ver com
ela, não se ela está lá.— Ele fechou os olhos e afundou no chão. —Oh, Deus.
Eles vão descobrir que estiveram aqui e me mandar de volta.—
—Ninguém vai saber,— eu disse, esperando que fosse verdade. Até esse
momento, nunca pensei que teria pena de Keith. —Nós só precisamos saber
onde Sydney está. Ela está no mesmo lugar que você estava. Qual é a
localização?—
Ele abriu seus olhos e deu algum tipo de risada engasgada. —Você acha que
eles nos diziam? Eles nem deixavam a gente ver o sol! Nós tínhamos sorte de
ter luz de qualquer tipo.—
Congelei. —O que você quer dizer?—
Um olhar assombrado cruzou as feições de Keith. —É o que acontece quando
está no isolamento.—
—Sydney não está no isolamento,— eu disse, não seguindo inteiramente. —Ela
está com outras pessoas.—
—Esse é o próprio tipo de tortura,— ele disse amargamente. —Você aprende
bem rápido o que fazer e não fazer para tornar sua vida mais fácil.—
Eu estava meio que me coçando para conseguir mais detalhes, mas Marcus nos
colocou de volta nos trilhos. —Ok, eu entendo que eles não diriam onde você
estava, mas você partiu eventualmente. Você teve que ir para fora daquele lugar
para chegar aqui.—
—Sim. Vendado,— Keith disse. —Não me foi permitido ver nada até que eu
estivesse distante de lá. E não me peça para estimar distancias porque eu não
faço ideia. Eu estive em diferentes carros e aviões… perdi a noção depois de um
tempo. E honestamente, voltar para aquele lugar era a ultima coisa na minha
cabeça, então eu não estava realmente prestando atenção.—
—Mas você estava consciente,— Marcus o lembrou. —Você não podia ver, mas
você tinha seus outros sentidos. Se lembra de mais alguma coisa? Sons?
Cheiros?—
Keith começou a balançar sua cabeça, mas então eu vi uma fagulha de
lembrança ascender em seus olhos. Ele manteve sua boca fechada, a cautela
anterior voltando.
—Eu não sei se Carly algum dia vai te perdoar, mesmo que você nos ajude.—
Eu disse quietamente. —Mas eu sei por fato que ela não vai se você estiver
escondendo informações que podem ajudar sua irmã.—
Keith parecia como se eu tivesse batido nele. —Eu tentei de tudo,— ele
murmurou. —Implorei. Apelei. Eu até me ajoelhei.—
Percebi que ele estava falando de Carly agora, não sobre a reeducação. —Por
que?— eu perguntei, apesar de mim mesmo. —Por que você se importa agora
com o perdão dela? Onde esteve sua consciência há todos aqueles anos atrás?
Ou em qualquer ano desde então?—
—A reeducação faz isso,— ele disse, olhando para seus pés. —Eu nunca me
senti tão perdido – tão sem esperança – em minha vida como me senti lá. Estar
completamente sob o poder de alguém, sem ninguém para pedir ajuda, fazer
alguém se sentir culpado por você estar machucando ela… percebi que isso foi
exatamente o que eu fiz com Carly. Isso paira sobre mim todos os dias.—
De novo, me senti mal por ele de certa forma, embora ele não tivesse minha
simpatia sobre o que tinha feito com ela. Até eu já fui rejeitado por garotas, e
quando acontecia, eu lustrava meu ego e seguia em frente. Eu nunca considerei
fazer o que ele fez. Ele deveria saber que foi errado antes que os Alquimistas o
jogassem em algum tipo de campo de controle de mente. Era tudo entre ele e
Carly agora, e embora ele parecesse legitimamente arrependido, ela estaria
muito bem dentro dos seus direitos se o deixasse sofrer pelo resto da vida.
Falar isso pra ele provavelmente não iria me ajudar com a minha tarefa aqui,
então eu disse mais gentilmente, —Cabe a ela agora. Mas eu sei que ela ficará
grata se você puder nos oferecer qualquer coisa que possa nos ajudar com
Sydney. Qualquer detalhe que você se lembre de quando deixou a
reeducação.—
Um longo silêncio caiu, e parecia pesar sobre Keith tanto quando nossa
persuasão. Finalmente, ele respirou fundo. —Estava quente do lado de fora,—
ele disse. —Mais quente do que eu esperava. Mesmo no meio do dia. Eu sai no
fim de Novembro e achei que estaria frio. Mas não estava. Foi quase como se
eu ainda estivesse em Palm Spring.
Eu engasguei, e Marcus me deu um olhar afiado antes que eu pudesse pular
para alguma terrível conclusão. —Ela não está lá. Palm Spring não está na
lista.— Ele se voltou para Keith. —Quando você diz que era assim, quer dizer
que era um calor seco? Tipo deserto? Não tropical ou húmido?—
A testa de Keith franziu. —Seco. Com certeza.—
—O quão quente é quente?— pressionou Marcus. —Qual era a temperatura?—
—Eu não tinha um termômetro para olhar!— exclamou Keith, ficando frustrado.
Marcus estava igualmente impaciente. —Então de um palpite. Trinta graus?—
—Não… não assim. Mas quente pra Novembro – pelo menos para mim. Eu
cresci em Boston. Mais como… eu não sei uns vinte, eu acho.—
Minha atenção estava em Marcus agora. Eu secretamente esperava que ele
dissesse —Aha!— e tivesse todas as respostas. Ele não tinha, mas ele pelo
menos parecia como se essa informação fosse útil.
—Mais alguma coisa que você se lembre?— ele perguntou.
—É isso,— disse Keith sombriamente. —Vocês podem, por favor, ir embora? Eu
estou tentando esquecer aquele lugar. Não quero voltar por ajudar alguém
tentando achar.—
Encontrei os olhos de Marcus, e ele acenou. —Esperamos que seja o
suficiente,— ele disse.
Nós agradecemos Keith e fomos em direção a porta. Considerando sua
insistência pra partirmos, eu estava meio surpreso quando foi ele quem de
repente disse, —Espere. Mais uma coisa.—
—Yeah?— perguntei, esperando que significasse que ele tinha mais algum fato
útil sobre a reeducação para compartilhar.
—Se vocês virem Carly de novo… diga a ela que eu realmente sinto muito.—
—Você ainda quer que ela te entregue para a polícia?— perguntei.
Keith tinha aquele olhar distante em seu rosto de novo. —Seria melhor.
Certamente melhor do que voltar para lá. Talvez até melhor que isso.— Ele
gesticulou ao seu redor. —Tecnicamente, estou livre, mas eles estão sempre
assistindo, sempre esperando para eu ferrar tudo. Não foi assim que eu imaginei
minha vida.—
Quando Marcus e eu chegamos em seu carro, eu não pude deixar de observar.
—Dois meses. Ele só esteve lá por dois meses. E olha para ele.—
—Isso é o que aquele lugar faz com você,— disse Marcus sombriamente.
—Yeah, mas Sydney está lá mais de duas vezes esse tempo.—
Essas palavras se abateram entre nós por alguns momentos, e eu tive a
sensação de que Marcus estava tentando proteger meus sentimentos. —Ela
parece derrotada assim?— ele perguntou.
——Não.—
—Ela é mais forte que Keith é.—
Meu coração afundou um pouco. —E isso também é o motivo de ela ainda estar
lá provavelmente.— Quando ele não respondeu, tentei encontrar um tópico mais
otimista. —Alguma coisa foi útil pra você? A coisa do calor seco?—
—Acho que sim. Aqui. Vamos negociar.— Ele abriu a porta do lado do motorista.
—Você dirige, para que possamos ganhar algumas horas. Tenho ligações a
fazer.—
Eu troquei de lugar com ele, mas ainda não pode deixar de perguntar. —Você
tem certeza que é uma boa ideia? Talvez nós devêssemos ficar parados até a
gente capazes de descobrir onde ela está. Nós poderíamos estar indo para
direção errada.—
—Não se o que Keith disse for verdade. Ela pode não estar em Palm Spring,
mas ela definitivamente está a sul de nós.— Ele pegou seu telefone enquanto
eu nos dirigia em direção a I-84. —Eu estudei tanto essa lista de possíveis
localizações da reeducação, que praticamente memorizei. Não tem muitos
lugares nos Estados Unidos que estaria 20 graus em novembro.—
—Há vários,— argumentei, sentindo como se tivéssemos tendo a conversa do
Estado da Batata de novo. —Hawaii, Califórnia, Florida, Texas. Nós estávamos
em Las vegas, e estava um forno.—
Ele balançou a cabeça. —A maioria desses não tem calor seco. Eles têm
temperaturas quentes e chove no inverno. E um monte de lugares secos de alta
altitude com climas desérticos – como Las Vegas – não são quentes assim em
Novembro. O que eu posso dizer com base nessa lista, as informações de Keith,
e você estando certo de que ela está nesse fuso horário… bem, eu acho que
temos apenas duas paradas. Uma em Death Valley. A outra fora de Tucson.—
Eu quase dirigi para fora da estrada com a surpresa. —Califórnia e Arizona? Os
dois estados estão dentro de menos de vinte e quatro horas?—
—Eles são estados grandes,— ele disse ironicamente. —Mas, sim, são esses.—
Minha mente girava. Quaisquer desses lugares estavam a menos de um dia de
viagem de Palm Spring. Não era possível que ela estivesse tão perto o tempo
todo, que eu sofri como se tivesse a perdendo, e só havia horas entre a gente!
Marcus começou a discar em seu telefone, mas então pareceu notar minha
expressão aflita.
—Hey, tudo bem,— ele disse. —Você não poderia saber.—
Isso é verdade? Exigiu Tia Tatiana em minha mente. Ela estava tão perto! Todo
esse tempo. Você poderia praticamente ter se esticado e a tocado.
Eu não precisava de sua reprovação. Eu já estava fazendo isso por mim mesmo.
Um enjoativo, sentimento pesado de culpa e desespero se enraizou dentro de
mim. Tão perto! Sydney estava tão perto, e eu falhei com ela… bem como eu
falhava em tudo…
—Eu deveria saber,— sussurrei. —De alguma forma, eu deveria ter sentido
aqui.— Bati em meu peito. —Eu deveria saber que ela estava próxima.—
Marcus suspirou. —Primeiro de tudo, coloque as duas mãos de volta no volante.
Segundo, eu vou te dar crédito por ser um vampiro triste com poderes mágicos
fenomenais, mas nem mesmo você tem esse tipo de sexto sentido.—
Suas palavras não fizeram nenhuma fissura na nuvem de desespero agarrada a
mim. —Não é sobre mágica. É sobre ela e eu. Se os Alquimistas são distorcidos
o suficiente para manter ela próximo assim como algum tipo de tortura extra, eu
deveria ter sentido. Você não consegue entender.— Marcus, como Jackie
Terwilliger, era uma dessas pessoas a quem nunca foi dito explicitamente o que
estava acontecendo entre Sydney e eu, mas tinha entendido muito bem.
—Isso não foi nenhuma tortura extra,— ele insistiu. —É uma triste, coincidência
irônica. Os Alquimistas tem um centro de reeducação nesse país, e acontece de
ser a algumas horas de onde ela foi levada. Nós vamos ter nosso trabalho
encurtado para nós, mesmo que restringirmos a localização. Agora, você pode
focar na estrada, ou eu preciso assumir o volante?—
—Faça o que tem que fazer,— eu disse-lhe friamente.
Eu fiquei calado enquanto ele fazia ligações para seus olheiros, pedindo para
que parassem no que quer que estivessem trabalhando em ordem de determinar
onde a base era em Tucson ou Death Valley. Ele também arregaçou as mangas
para descobrir tudo possível sobre a base em si, para nos ajudar com o resgate,
e ele até fez alguns pedidos desconcertantes por armas tranquilizantes e —
outros suprimentos relacionados.— Todo o tempo, aquela depressão sombria
debilitante rodava dentro de mim, como fazia a reprovação de Tia Tatiana.
Quando Marcus finalmente terminou sua ultima ligação, ele me explicou que a
maioria das informações da logística dos lugares não viria até depois de ele ter
uma pista da localização.
—Uma vez que tivermos um lugar concreto, nós podemos desenterrar arquivos
antigos. Nem os Alquimistas podem construir um lugar invisível. Eles o tem
disfarçado, mas deve haver uma trilha de papel publico se nós soubermos pelo
que procurar. Eu tenho algumas pessoas do lado de dentro também que serão
capazes de ajudar uma vez que tivermos parâmetros melhores de pesquisa.—
Eu balancei minha cabeça em concordância e finalmente conseguindo me livrar
do meu desespero o substituindo com outra coisa: raiva. Não apenas raiva. Irá.
Fúria por aqueles que fizeram isso com Sydney. Esse tipo de verificação era
coisa de Marcus. A minha seria explodir a porta e tirar Sydney para fora daquele
buraco do inferno. Isso seria como eu faria aquilo certo.
Sim, assobiou Tia Tatiana. Vamos fazê-los pagar pelo que fizeram.
—Quanto tempo até eles descobrirem que lugar é?— perguntei. —Antes você
disse que poderia levar uma semana ou duas.—
—Isso foi quando estávamos palpitando as cegas. Saber que é definitivamente
um desses ajuda muito. Se for Deth Valley, nós devemos descobrir bem rápido.
Não há muito por lá. Tucson demoraria um pouco mais desde que tem uma área
metropolitana maior – e o deserto afastado – para esconder coisas. Eu tenho
pessoas trabalhando nos dois lugares. Talvez tenhamos sorte.—
Nós paramos para passar a noite no norte de Nevada, tomando um quarto em
um hotel anexado a um dos muitos cassinos tão presentes naquele estado. Era
dificilmente um lugar luxuoso, mas se provou descente o suficiente,
especialmente por estar em uma cidadezinha sem sono. Nós tínhamos TV a
cabo e internet, assim como um minibar que eu ansiava invadir. Parar como eu
tinha depois da Corte havia sido brutal, mas minha determinação para
permanecer em controle tanto do meu juízo quanto do meu poder por Sydney
era forte.
Uma vez que estávamos acomodados, mandei mensagem para Jill, e em pouco
tempo, tivemos uma chamava de vídeo com a gangue de Palm Spring no laptop
de Marcus. —Vocês encontraram Sydney?— Eddie perguntou imediatamente.
Jill sabia todos os detalhes do dia por causa do laço, mas ainda não tinha tido a
chance de informar os outros.
—Nós estamos prestes a conseguir sua localização,— disse Marcus. —E não
vai ser longe de vocês garotos. Death Valley ou Tucson. Estamos esperando
confirmação.—
Nossos amigos compartilharam da minha surpresa com a realização de que
Sydney estava tão perto o tempo todo. —Nos deixe saber tão logo vocês
descubram, e nós estaremos ai,— exclamou Angeline.
Por um momento, eu não quis nada mais do que ter todos eles me cobrindo
minhas costas. Mas algumas realidades me atingiram – como saber que Sydney
nunca me perdoaria se sua missão original falhasse. Na tela do Laptop, Jill fez
uma careta quando sentiu meus pensamentos.
—Não,— eu disse. —Vocês ainda estão em semana de prova. E Jill não vai
participar de nenhuma escapatória maluca. Sua vida ainda está em perigo.—
—Tem só mais dois dias de provas,— ela protestou. —E eu estou praticamente
fora de perigo. Você não ouviu quando estava na Corte? Lissa espera pela
votação dentro desse mês para reescrever a lei sobre como um monarca precisa
de um membro da família vivo. Uma vez que isso esteja mudado e eu não
importar, ela vai me levar de volta. Eu só vou permanecer no programa de verão
de Amberwood até que isso seja resolvido.—
Eu não tinha ouvido aquilo, possivelmente porque meu tempo na Corte foi gasto
em uma neblina da bebedeira. —Você sempre importa Jillbait. E você mesma
disse – a lei ainda não foi aprovada. Você ainda é a chave para o trono, e você
não vai deixar o paraíso seguro que todo mundo trabalhou tão duro para criar. E
não peça para os Dhampirs deixarem,— adicionei, lembrando como ela usou
esse argumento no nosso ultimo encontro. —Você precisa da proteção deles.—
—Eu não sou um Dhampir,— disse Trey, —E eu não estou sob ordens. Me diga
onde ir, e eu estarei lá.—
Eu hesitei, mas então balancei a cabeça lentamente. Ele estava certo. Ele não
tinha as mesmas obrigações que os outros, e ele era bom em uma luta. Angeline
deu um sono em seu ombro que pareceu doloroso, mas provavelmente o
encantou por ela ainda mais.
—Injusto,— ela disse. —Eu quero ajudar.—
—Todos nós queremos,— disse Neil.
—Você pode levar um Dhampir,— disse Jill calmamente. —Eu vou ficar bem
com dois, especialmente se eu ficar no campus o tempo todo. Leve Eddie.—
Ele se virou para ela surpreso. —Você não… quer que eu seja seu guarda?—
O sorriso que ela deu para ele foi muito majestoso, quase um espelho de algo
que eu vi Lissa fazer. —Claro que eu quero. Não tem ninguém que eu confie
mais do que em você. Mas você precisa fazer isso. E você sabe que ele é um
dos melhores, Adrian.—
Eu duvido que qualquer um deles, nem mesmo Eddie, percebia a magnitude do
que Jill oferecia. Eu não podia ler sua mente, mas eu a conhecia bem o suficiente
para entender que ela queria muito ser parte de qualquer missão para resgatar
Sydney. Eu também sabia que ela percebeu que ninguém deixaria isso
acontecer. Melhor do que protestar, ela estava colocando sua energia em me
fazer aceitar Eddie… não só porque ele era habilidoso, mas porque suas
palavras eram absolutamente verdade: ele precisava fazer isso. Eu o observei
desde que Sydney foi capturada e vi o quão isso o corroeu de um jeito diferente
do qual eu sofri. Meus sentimentos pela sua perda eram todos sobre solidão e
me sentir impotente para encontra-la. Os dele eram sobre culpa – ele ainda se
sentia culpado por ela ter sido levada em primeiro lugar. Ela o enganou, se
sacrificando para salva-lo, e ele não conseguia superar. Jill, sempre mais esperta
do que a davam crédito, entendia aquilo – e entendia que salvar Sydney podia
muito bem ser a única coisa que deixaria Eddie se sentir redimido. Jill entendia
isso porque ela era observadora e esperta.
Também porque ela o amava.
Eddie não percebia isso, no entanto, e principalmente se sentia em conflito. —
Eu estaria quebrando minhas ordens… minha promessa de te proteger.—
—Eu estou te liberando delas,— ela disse. —E eu tenho esse direito, tanto
porque essas promessas foram para mim e porque eu sou parte da família
governante. Como princesa coroada, eu estou pedindo que vá e resgate Sydney.
E então volte para mim.—
Eu nunca ouvi Jill invocar seu status real, muito menos seu titulo como princesa
coroada. Esse era todo o ponto da lei da família. Se alguma coisa acontecer com
a monarca governante e uma emergência acontecer que o Conselho Moroi não
puder lidar, um dos membros da família do ex-monarca seria feito governante
interino até um novo ser eleito. Essa lei não foi invocada quando Tia Tatiana
morreu. O Concelho tinha tomado conta das coisas, mas para manter o governo
funcionando sem problemas, as velhas leis ainda eram requeridas como o
membro da família vivo, apenas no caso.
Eddie olhou a olhou com adoração enquanto ela falava, não entendendo
completamente de que ela estava falando com ele como alguém que o amava e
não como uma princesa dando ordens. Mas funcionou. —Eu vou,— ele disse a
ela. —Eu vou trazer ela de volta. E então vou voltar para te proteger, eu juro.—
Marcus, não seguindo completamente o drama dentro do drama, concordou. —
Eu estou bem com isso. Eu nunca dispenso um Dhampir ou dois lutando ao meu
lado.—
O —ou dois— fez Angeline e Neil parecerem esperançosos, e eu rapidamente
frustrei seus sonhos. —Vocês ficam com Jill. Não baixem a guarda, e não tenha
nenhuma ideia louca sobre trazer ela junto assim podem ajudar. O fato de que
essa lei pode acabar pode também significar que seus inimigos estão
redobrando os esforços para chegar a ela enquanto ainda importa.—
Isso acalmou a todos, e Neil e Angeline acenaram em aceitação de má vontade.
O telefone de Marcus tocou, e ele foi para o lado para atender. Enquanto ele
deliberava com um de seus contatos, Trey disse, —Oh, hey. Eu tinha que te
dizer. Uma garota parou ontem procurando por você e por Sydney.—
—Por nós dois?— perguntei surpreso. Não tinha muitas pessoas que nos
tratavam como uma dupla.
—Ela parecia principalmente interessada em Sydney, mas aceitava você
também. Ela era humana,— ele adicionou, adivinhando minha próxima pergunta.
—Loira. Óculos. Ninguém que eu já tenha visto.—
Não era ninguém que eu pudesse lembrar também. A única humana que poderia
ter interesse em ambos Sydney e eu era Rowena, e ela tinha cabelo azul (da
ultima vez que eu vi), nem mencionar o numero do meu telefone se ela realmente
precisava entrar em contato. —Ela não disse mais nada?— perguntei. —Por que
ela queria nos ver? Quem ela era?—
—Nope. Ela só disse que era uma velha amiga que queria conversar. Quando
eu disse a ela que não sabia onde você estava, ela pareceu tão desapontada
que eu ofereci passar uma mensagem se eu ouvisse de você. Ela disse não,
usou o banheiro, e partiu com dificilmente outra palavra.—
—Sem tatuagem de lírio?— perguntei incisivamente.
Trey zombou. —Você acha que eu não olhei? Eu teria notado com certeza. Se
ela tivesse uma, estava coberta.—
Eu não tinha nenhuma resposta sobre a visitante misteriosa, e o retornou de
Marcus logo mandou minha mente para outro lugar. Animação praticamente
irradiava dele. —Lembra quando eu disse que poderíamos ter sorte?— ele
perguntou. —Nós tivemos. Death Valley. Eu tenho isso confirmado. Quero dizer,
a atual localização dentro dessa área ainda tem de ser verificada, mas parece
que sabemos para que direção estamos indo amanhã.—
—Trey e eu encontraremos vocês lá,— disse Eddie rapidamente.
—Vocês podem terminar as provas,— Marcus disse a ele. —Eu vou tirar alguns
dias para planejar e obter toda nossa informação. Como eu disse, nós temos que
encontrar o lugar, pelo menos descobrir como chegar.—
Death Valley. Menos de cinco horas de Palm Spring. Eu sabia que Marcus estava
certo - que realmente não havia como eu saber que Sydney estava lá – mas
ainda era algo difícil de aceitar. Tão perto, eu pensei. Tão perto esse tempo todo.
Era igualmente enlouquecedor que embora aquele fosse um grande salto de
informação para nós, ainda estávamos sem poder para agir. O melhor que
podíamos fazer era terminar de coordenar com Eddie e Trey antes que o toque
de recolher de Amberwood separasse os garotos e as garotas para noite.
Quando finalmente nos desconectamos, Marcus fez mais algumas ligações e
então reprimiu um bocejo.
—Eu tenho que descansar,— ele disse, rumo a uma das camas duplas no
quarto. —Deixe a TV ligada se quiser. Eu posso dormir com qualquer coisa.
Aprendi a tirar vantagem das condições solidas de sono quando as consigo.—
Eu não duvidei depois de seus anos fugindo, mas eu ainda baixei o volume e
apenas assisti a imagem enquanto me esparramava na minha cama e tentava
fazer contato com Sydney. Já tinha passado a hora que ela normalmente ia
dormir, mas eu não a alcancei, presumidamente porque ela estava fora em qual
quer que fosse a outra tarefa secreta que ela queria cuidar hoje a noite. TV sem
som aconteceu de ser bem entediante, e eu quase adormeci duas vezes antes
de encontrar um canal com legenda que eu pudesse ler. Eu assisti por uma boa
parte da noite, combatendo o sono enquanto eu fazia checagens periódicas por
Sydney. A última coisa que lembro era de um talk show por volta das quatro da
manhã…
… e então eu estava acordando para a luz do dia fluindo no quarto enquanto
Marcus emergia do banheiro.
—Bom dia,— ele disse. —Pronto pra pegar a estrada?—
—Eu…— olhei em volta estupidamente, tentando juntar o que aconteceu. —Eu
caí no sono.—
Ele ergueu uma sobrancelha. —Depois de falar com Sydney?—
—Sim, mas eu quero dizer, não foi por falta de tentativas… eu tentei uma dúzia
de vezes me conectar com ela. Não funcionou.—
—Talvez ela tenha ido para cama tarde,— ele disse.
—Depois das quatro?— mesmo com a missão secreta da noite anterior, eu
finalmente me conectei com ela depois da uma. —Estou preocupado que ela não
tenha ido dormir.—
—Isso é um problema?—
—Na verdade, não,— eu disse. —Pelo menos se foi por escolha porque ela
estava fazendo suas tarefas. Seria um problema é se ela estivesse dormindo…
e bloqueada de mim de novo.—
Capítulo 15 Sydney
O tempo não me permitiu encantar todas as seringas de uma vez, tendo em vista
que eu só podia fazer isso em meus raros momentos de privacidade. Eu
consegui fazer em cinco primeiro e as distribui para Emma e alguns selecionados
que Emma achava que podíamos confiar.
Eu me senti encorajada depois de Adrian ter dito que conseguiria o endereço de
Keith com Carly, e eu mal podia esperar para falar com ele hoje à noite sobre
maiores progressos. Saber que ele e Marcus estavam avançando em seus
objetivos enfatizou a importância de lidar com a situação do —protocolo de
emergência— tão logo quanto possível. Ainda mais urgente era saber que eu
faria maior progresso se o cartão de identificação roubado ainda estivesse
funcionando. Até onde eu sabia, uma vez que o cara reportasse que o perdeu,
os Alquimistas o desabilitariam, e sabotar um sistema inteiro ia ser difícil se eu
não conseguia nem usar o elevador. Eu precisava agir rápido.
Emma ficou impressionada em saber que eu estive na sala de operações, mas
não tinha muito com que ajudar com o problema maior. —Os controles de gás
não estavam lá?—
—Os controles estavam,— eu disse. —Incluindo o botão power para deixar todos
nós inconscientes de só uma vez, a qualquer hora e em qualquer lugar. Mas eu
preciso de acesso para as partes mais básicas – como de onde o gás vem em
primeiro lugar. Como entra naqueles tubos do sistema de ventilação.—
Ela balançou a cabeça, parecendo legitimamente sentindo muito porque não
podia ajudar. —Eu não faço ideia. Eu não conheço ninguém que faça.—
Eu conhecia, e eu trouxe isso a tona com Duncan mais tarde na aula de artes.
Enquanto Emma tinha ficado perplexa com as minhas perguntas, Duncan ficou
chocado. —Não, Sydney, pare. Isso é loucura. Já é ruim o suficiente você ter
desativado no seu quarto! O andar inteiro? Isso é insano.—
Nós ainda estávamos trabalhando em tigelas de barro, nossa tarefa agora era
fazer um par idêntico, o que estava bem de acordo com a ideologia Alquimista
de conformidade. —O que é insano é que com um aperto em um botão, eles
podem apagar todos nós dentro de segundos.—
—E dai?— ele perguntou. —Eles só fazem isso se tiver uma revolta ou algo
assim. Ninguém é tão estupido.— Quando eu não disse nada, seus olhos
arregalaram. —Sydney!—
—O que, você está dizendo que quer ficar aqui para sempre?— exigi.
Ele balançou a cabeça. —Apenas jogue o jogo, e você pode sair. É muito mais
fácil e muito menos problemático do que encenar uma brincadeira mal
sucedida.—
—Sair como você saiu?— minha réplica o fez recuar, mas só me senti um
pouquinho mal.
—Eu teria se eu pudesse,— ele murmurou.
—Eu não acredito nisso,— eu disse. —Você está aqui há tanto tempo, você
deveria conhecer o jogo melhor do que ninguém. Você deveria ser capaz de
dizer e fazer exatamente o que for preciso para conseguir sua carta de liberdade,
mas no lugar, você faz exatamente o que é preciso para permanecer! Você está
com medo de agir.—
O primeiro brilho de raiva que eu já vi nele lampejou em seus olhos. —Agir com
o que? O que você exatamente espera que eu faça, Sydney? O que tem lá fora
para mim? Não haveria segurança. Eles rastreiam Alquimistas reeducados para
sempre. Para não ser mandado de volta para cá, eu teeria que colocar de lado
toda a minha moral sobre Moroi ou constantemente me policiar para esconder
meus sentimentos verdadeiros. Não a vitória para nós. Estamos ferrados. Nós
nascemos em um sistema ao qual não concordamos, e fomos pegos. Aqui, lá
fora, não importa. Não resta nada para nós.—
—E Chantal?— perguntei calmamente. —Ela não está lá fora?—
Suas mãos, que trabalhavam tão habilmente no barro, vacilaram e caíram para
o lado. —Eu não sei onde ela está. Talvez tenha sido mandada para a
reeducação em algum outro país. Talvez ela se matou em vez de viver uma
mentira. Talvez ela tenha sido mandada para alguma punição pior. Você acha
que confinamento na solitária e projetos de arte monótonos são as únicas armas
que eles têm? Tem coisas piores que eles podem fazer com a gente. Pior do que
a purificação e ridícularização publica. Ser ousado soa ótimo em teoria, mas vem
com um preço.—
—Chantal era ousada, não era? E é por isso que você está com medo.— O pesar
em seu rosto era tão intenso, que eu queria abraça-lo… ainda ao mesmo tempo,
eu também queria sacudi-lo por sua covardia. —Você está com tanto medo de
agir! De terminar como ela!—
Engolindo, ele voltou a trabalhar em sua tigela. —Você não entende.—
—Então me ajude a entender.—
Ele permaneceu em silencio.
—Certo,— eu atirei. —Eu vou desvendar o sistema de gás sozinha e não vou
mais te incomodar. Eu suponho que você possa muito bem ir em frente e jogar
isso fora também.—
Ajoelhei como se eu tivesse derrubado alguma coisa e rapidamente transferi uma
seringa embalada da minha meia para a dele, cobrindo-a habilmente com a sua
calça antes que alguém visse. —O que é isso?— ele assobiou.
—A ultima do meu estoque atual de seringas com a solução de tinta repelente
nela. Eu guardei essa pra você, mas você provavelmente vai ficar mais feliz não
a usando. De fato, talvez você devesse ir pedir para eles um retoque extra-forte
assim você não precisa mais pensar por si mesmo.—
O sinal sinalizou o final da aula, e eu me virei para ir, deixando-o boquiaberto.
Aquela noite, enquanto me preparava para a cama no banheiro, fui capaz de
encantar mais algumas seringas que eu contrabandeei de volta para o meu
quarto. Eu também fiz o truque do chiclete de novo, o colocando no lugar na
porta para desabilitar a tranca depois das luzes se apagarem. Eu podia não
saber exatamente onde o controle de gás principal era, mas baseada na
exploração que eu tinha feito, eu podia fazer algumas suposições. Emma notou
quando eu coloquei o chiclete no lado da porta e disse, sua voz dificilmente
audível. —Você fala sério sobre isso?—
Eu dei a ela um aceno afiado e sentei em minha cama com um livro para a nossa
hora de leitura prescrita. Quando as luzes se apagaram mais tarde, eu de novo
esperei tempo o suficiente para que os Alquimistas em guardam caíssem em
seus turnos antes de eu entrar em ação. Eu rearrumei minha cama e travesseiro,
murmurando o encantamento de invisibilidade, e então coloquei o cartão de
identificação roubado na minha camisa antes de silenciosamente deslizar pela
porta destrancada. Do lado de fora no corredor, fiquei diante de um senário
similar ao de ontem: pouca atividade e o mesmo guarda estacionado nos
corredores anexos.
Eu me arrastei para o elevador e as escadas, passando a identificação na porta
do ultimo. Seu painel de segurança ficou verde, e eu dei um suspiro de alivio por
ainda ter acesso. Embora a porta da escadaria não fosse perfeitamente
silenciosa, fui capaz de abri-la cuidadosamente e deslizar por ela muito mais
silenciosamente do que quando usei o elevador com o seu ding que denunciava.
Eu só tinha que ser cautelosa em abrir o mínimo suficiente que precisava para
eu caber. Uma vez na escadaria, notei algo que também observara no elevador.
Não havia caminho para cima. O único caminho para ir era para baixo.
Como nós saímos daqui? Me perguntei pela centésima vez. Essa era a questão
que eu vinha ponderando desde que cheguei aqui. Nós tínhamos que ter entrado
de alguma forma, e obviamente, os Alquimistas que trabalhavam aqui saiam e
entravam. Duncan tinha me explicado que eles tinham seus próprios quartéis em
outro lugar e viviam lá por meses enquanto durava seus turnos até a rotação de
funcionários os substituírem. Como isso aconteceu? Esse era um quebra-cabeça
para mais tarde, no entanto, e por agora eu focaria em me dirigir aos andares de
operação e purificação. Eu chequei cada porta que eu sensatamente podia e não
encontrei nada que combinava bom o tipo de sala de mecanismos que eu estava
esperando. Ciente do tempo, voltei para a escadaria e reforcei o feitiço de
invisibilidade, conseguindo meia hora extra. Eu não seria capaz de fazer isso a
noite toda, não com a energia que requeria, mas pelo menos me permitiria
checar o próximo andar abaixo.
Eu não estive nesse andar a quase três semanas, e por um momento, fiquei
congelada quando pisei no corredor. Esse era o andar que minha cela ficava,
onde eles me mantiveram na escuridão por três meses. Eu não tinha pensado
muito sobre isso desde que me juntei aos outros, mas agora, enquanto eu
permanecia e encarava as portas idênticas, tudo voltou para mim. Eu estremeci
com a memória de como eu estive, o quão espasmódico meus músculos ficaram
por dormir no chão duro. A lembrança daquela escuridão era arrepiante, e eu
estava meio que impressionada com a diferença que a fresta de luz no final da
porta do meu quarto atual fazia. Foi preciso um aumento de força de vontade
para afastar essas antigas memórias e andar pelo corredor, relembrando meu
objetivo.
Eu não notei quando fui liberada, mas cada porta estava marcada com a letra R
e um número. O R era de reflexão? Havia vinte deles no total, mas não tinha
indicação se estavam todas ocupadas. Eu não me atrevi a scanear oo cartão de
identificação e tentar abrir uma. Algum instinto me dizia que só alguém com um
cargo alto poderia abri-las para começar, e além disso, se eles estavam
monitorados, qualquer fresta de luz iria instantaneamente aparecer na tela de
vigilância. Então, eu simplesmente passei por todas elas, apesar de me sentir
doente por dentro por outros poderem estar a apenas alguns metros de mim,
sofrendo como eu tinha.
Uma vez que me livrei dos quartos, fui parar em frente a portas duplas rotuladas
CONTROLE DE REFLEXÃO. Muitas portas administrativas e operacionais
tinham janelas de vidro, mas essas não ofereciam nenhuma indicação do que
poderia ter atrás. Eu hesitei pensando se deveria tentar scanear o cartão e entrar
quando a porta de repente balançou aberta, e dois Alquimistas emergiram de
dentro. Eu rapidamente me movi para fora de suas linhas de visão, e
agradecidamente, eles foram para uma direção diferente da minha em um ritmo
acelerado. As portas pesadas se fecharam rapidamente para eu conseguir
entrar, mas consegui dar uma boa olhada dentro antes de se fecharem com um
clang.
Vários Alquimistas sentavam em pequenas cabines com suas costas para mim,
olhando para monitores escuros e usando fones de ouvido. Microfones grandes
foram embutidos em suas mesas junto com um painel de controle que eu não
podia ler. Era onde os prisioneiros da solitária eram monitoras, percebi. Cada
prisioneiro devia sempre ter um observador, com um microfone mascarando
suas vozes e o painel permitindo controlar o gás e as luzes. Eu suspeitava que
eles revezavam o pessoal, e aqui estava minha prova. Eu não tive tempo de
obter uma contagem completa, especialmente com parte da sala bloqueada da
minha vista, mas eu vi pelo menos cinco observadores.
O que eu também vi, com absoluta clareza, foi uma placa de saída. Estava no
lado mais distante da sala, além dos observadores e monitores, mas não havia
duvidas sobre aquelas luzes vermelhas brilhantes. Era isso, o caminho para
dentro e fora! Por alguns segundos, eu ponderei o quão fácil seria entrar e sair
desse lugar. Não tão fácil, eu logo admiti. Por um lado, essa não era uma sala
simples de se infiltrar. Aquelas portas não permitiam entrada e saída, e elas
faziam barulho o suficiente quando abertas que alguém provavelmente as
notaria abrindo sozinhas. Mesmo com nenhum Alquimista as monitorando
diretamente, algum pessoal estava sentado muito perto para eu ficar confortável.
Também havia o fato provável de que ninguém poderia apenas —sair— por
aquela saída. Eu não ficaria surpresa se houvesse guardas de verdade, mais
leitores de cartão, e provavelmente códigos numéricos para saída e entrada. Os
Alquimistas já tinham criado um considerável risco de incêndio tendo tão poucas
saídas para começar. Se eles se sentiam tão poderosos sobre os prisioneiros
que estavam dispostos a correr esse risco, eles certamente não iriam deixar
aquela saída exposta.
Ainda, foi difícil me afastar daquela porta, sabendo o que havia além dela. Em
breve, eu disse a mim mesma. Em breve. Outra varredura no corredor não
revelou mais nada digno de nota, e eu me dirigi de volta às escadas. Enquanto
eu ia, a porta de lá se abriu, e Sheridan saiu. Eu imediatamente me achatei contra
a parede, desviando meus olhos para baixo. Com minha visão periférica, pude a
ver parando como se estivesse procurando por algo, e então ela começou a
andar de novo. Depois de ela ter passado por mim, eu levantei a cabeça e
observei enquanto ela continuava pelo corredor, quase em um ritmo calmo. Por
fim, alcançando o final, ela permaneceu lá por alguns momentos, e então dobrou
de volta para as portas da sala de controle, pelas quais ela logo desapareceu.
Eu me apressei para as escadas antes que ela voltasse, escolhendo a ultima
opção que me restava: descer para o ultimo nível.
Os elevadores não iam mais longe do que esse nível, e as escadas terminavam
aqui também. Esse era o único nível que eu nunca estive, e eu não podia
imaginar o que acontecia aqui em baixo. O que mais tinha ali para eles fazerem?
As portas que eu achei não ofereceram nenhuma resposta. Eles pareciam
idênticas as do tempo de reflexão, e eu quase me perguntei se tinha encontrado
outro conjunto de celas de solitária. Essas estavam rotuladas com a letra P e
números, no entanto, e eu não encontrei nenhuma sala de controle
correspondente para iluminar sobre o que aquela letra era. O que eu achei foi
três portas rotuladas MECANISMO 1, MECANISMO 2 e MECANISMO 3. Atrás
delas, eu pude ouvir o zumbido de geradores e outros equipamentos. Elas não
tinham nenhum leitor de cartão, mas requeriam uma chave mecânica a moda
antiga.
Vasculhando meu cérebro, me lembrei de um feitiço que tinha copiado para Srta.
Terwilliger, um que abriria uma fechadura comum. Eu murmurei as palavras em
Latim, invocando a magica dentro de mim, esperando que não tivesse nada de
muito incomum nessa fechadura. Poder surgiu através de mim, e um momento
depois, ouvi um clique. Uma tontura brevemente passou por mim, que eu ignorei
enquanto começava minha exploração, destrancando as outras escadas quando
necessário.
A primeira porta revelou uma sala com uma fornalha e outros equipamentos de
climatização, mas nada do que eu esperava ser os controladores de gás. A
segunda sala foi onde encontrei ouro. Junto com um gerador e alguns sistemas
de canalização, eu descobri um tanque enorme rotulado com uma formula
química que se lia muito como um sedativo pra mim. Quatro canos alimentavam
para fora dele, cada um rotulado com o número de um andar. Cada um também
tinha uma válvula manual que poderia ser ajustada. Todos eles estavam
atualmente na posição —ligado—.
Não vi nenhum sinal de que havia qualquer sensor de alerta da alteração nesse
nível. Arriscando, eu virei a válvula para o andar dos detentos para —desligado—
. Nenhum alarme ou luzes dispararam. Encorajada, eu quase considerei desligar
as outras, mas então eu percebi que estaria expondo o que eu fiz. Talvez não
houvesse sensores aqui, mas os Alquimistas notariam imediatamente se o gás
fosse interrompido no nível com as celas solitárias. Eles controlavam o gás lá
manualmente e eram capazes de obter resultados instantâneos. Desligar o gás
no nível dos detentos afetaria o sono agora mesmo, mas não seria facilmente
obvio para os Alquimistas. Não seria nem notável para os detentos. Eles não nos
deixam ter oito horas de sono de qualquer forma; era improvável que alguém
tivesse problemas em pegar no sono de noite.
Essa era um decisão difícil de tomar, abandonar os prisioneiros no tempo de
reflexão, mas não tinha nada que eu pudesse fazer por eles agora. O status quo*
(situação atual) teria que continuar para eles, e eu precisava do gás desligado
no meu andar tanto quanto eu conseguisse. Julgando pelo tamanho do taque,
provavelmente levava um tempo entre as recargas, mas eventualmente alguém
viria para manutenção e iria descobrir a válvula. Esse era o período de tempo
que eu tinha que me preocupar.
Na mesma sala, descobri outro tanque com uma formula química que eu não
estava inteiramente certa, mas apostava que era uma substância diferente, uma
que eu ocasionalmente senti em minha cela que me deixou agitada e paranoica.
Eles não a empregavam com a mesma regularidade que o sedativo, mas
desliguei também essa válvula no meu andar, apenas no caso. Nós não
precisávamos de nenhum incentivo extra para suspeitar um do outro.
Com esse trabalho feito, eu me apressei e ignorei a curiosidade sobre a terceira
sala de mecanismo e as portas marcadas com P. Alcancei meu objetivo essa
noite e precisava voltar para o meu quarto antes que o feitiço acabasse. Isso, e
eu sabia que Adrian se preocuparia se eu me atrasasse muito. Fui pelas escadas
para o nível de vivencia dos detentos e espiei pela janela da porta antes de abri-
la. Não tinha ninguém visível. Eu abri uma fresta, de modo a não chamar atenção
das câmeras, e me apertei para fora…
… e dei bem de cara com Sheridan.
Ela estava propositalmente escondida no recuo da parede feito pelas portas do
elevador, fora do alcance visual quando olhei pela janela. Eu estava procurando
por pessoas se movimentando com proposito em seus turnos – não por alguém
procurando por mim. E ela estava claramente procurando por mim – ou por
alguém como eu. Nós fizemos contato visual, e não havia duvida do
reconhecimento em seu rosto. O feitiço tinha acabado.
—Sydney,— ela exclamou. Essa foi a ultima coisa que eu escutei entes de eu
ver o que parecia ser um teaser* (arma de choque) em sua mão. Então, eu senti
um choque de dor, e tudo ficou preto.
Quando acordei, tudo ainda estava preto. Pela duração de uma batida do
coração, eu pensei que estava de volta na minha cela da solitária. Mas não, era
diferente. Não havia chão rustico de pedra aqui, e eu ainda tinha minhas roupas.
Em vez disso, eu estava deitada eu uma mesa gelada de metal, com meus
braços, pernas, e cabeça amarrados.
—Bem, Sydney,— uma voz familiar disse. —Lamento vê-la aqui.—
—Eu sei que é você, Sheridan,— eu disse através de dentes cerrados. Eu dei
as minhas amarras um puxão experimental. Sem sorte. —Você não tem que se
esconder no escuro.—
Uma pequena luz embutida no teto ascendeu, brilhando apenas o suficiente para
iluminar seu rosto adorável, mas cruel. —Não é para isso que a escuridão é.
Você está na escuridão porque sua alma também está envolta em escuridão.
Você não merece a luz.—
—Então por que eu estou aqui e não de volta na minha cela?—
—A cela é para refletir sobre seus pecados e os erros do seu caminho,— ela
disse. —Você encenou um ótimo show, mas com certeza não aprendeu nada.
Sua chance de refletir e se redimir passou. Isso, e nós precisamos de algumas
respostas sobre suas atividades recentes.— Ela segurava meu cartão de
identificação furtado. —Quando e como você conseguiu isso?—
—Encontrei no chão,— eu disse prontamente. —Vocês deveriam ser mais
cuidadosos.—
Sheridan deu um suspiro dramático. —Não minta para mim, Sydney. Eu não
gosto disso. Agora vamos tentar de novo. Onde você conseguiu o cartão?—
—Eu já te disse.—
Dor de repente disparou através de cada parte do meu corpo. Era uma estranha
mistura de coisas, rastejando por toda a minha pele e incendiado minhas
terminações nervosas. Se você pudesse de alguma forma combinar o
desconforto de choques elétricos, picadas de abelhas, e cortes de papel, seria
mais ou menos a sensação do que eu estava experimentando. Durou apenas
alguns segundos, mas eu me encontrei gritando de dor no entanto.
A luz em Sheridan se apagou, nos mergulhando na escuridão, mas quando ela
falou de novo, estava claro que não tinha se movido. —Essa foi a configuração
mais baixa e apenas um gostinho dela. Por favor, não me faça fazer isso de
novo. Eu quero saber como você conseguiu o cartão de identificação e o que
você estava procurando.—
Dessa vez, eu não menti para ela. eu simplesmente fiquei em silencio.
A dor voltou com a mesma intensidade, mas durou muito mais dessa vez. Eu
não conseguia formar nenhum pensamento coerente enquanto acontecia. Cada
partícula do meu ser estava muito fixada naquela terrível, excruciante agonia.
Uma das coisas que eu amava sobre ficar intima de Andrian – além do obvio,
como o quão ele era insanamente sexy e bom no que fazia – era que muitas
vezes comprovava ser um raro momento em que meu cérebro sempre pensante
dava uma pausa, me permitindo vivenciar apenas a experiência física do
momento. Isso era meio o que estava acontecendo agora, exceto que a
experiência física em questão era o mais distante do que eu tinha com Adrian do
que poderia ser. Meu cérebro não conseguia pensar em nada. Tudo que havia
naquele momento era meu corpo e sua dor.
Eu tinha lágrimas nos meus olhos quando a dor parou, e mal ouvi Sheridan
despejar suas perguntas de novo. Ela também adicionou mais algumas, como,
—Como você evitou ser detectada?— e —Como você saiu do seu quarto?— eu
mal tinha tempo para responder, mesmo se eu quisesse, antes de a dor retornar.
Quando acabava uma eternidade depois, ela voltava para mim com as
perguntas. Então o ciclo se repetia.
Durante uma das breves pausas, eu consegui pensar coerente o suficiente para
entender seu processo. Ela estava atirando diferentes perguntas na esperança
de eu ser tão forçada a um ponto de ruptura por causa da dor e deixar escapar
uma resposta para alguma coisa – qualquer coisa. Provavelmente não importava
para eles em primeiro lugar. Me fazer começar a falar era o objetivo deles, e eu
tinha a sensação que os prisioneiros na minha situação não paravam de falar
uma vez que as porteiras se abriam. Havia uma grande urgência em cortar tudo
para fazer a dor ir embora. Eu certamente estava sentindo essa urgência agora,
e tive que morder fisicamente meus lábios para me impedir de dizer a ela o que
quer que ela quisesse. Eu também tentei focar no rosto daqueles que eu amava,
Adrian e meus amigos. Funcionou um pouco durante a calmaria, mas uma vez
que a tortura começava de novo, nenhum pensamento ou imagem conseguia
ficar em minha mente.
—Eu vou vomitar,— eu disse em um ponto. Eu não sabia quanto tempo tinha
passado. Segundos, horas, dias. Sheridan pareceu não acreditar em mim até eu
realmente começar a tossir e dar ânsia. Era um tipo diferente de enjoo do que o
da purificação, que era medicamente induzido. Era a resposta do meu corpo para
mais do que ele poderia aguentar. Alguém veio até mim e do lado oposto da sala
e dela e desfez o suficiente das amarras para me virar de lado, onde eu vomitei
o pouco que tinha no meu estomago. Eu não sabia se eles eram rápidos o
suficiente para colocar um recipiente e eu realmente não me importava. Era
problema deles.
Quando o pior do vomito passou, mal pude decifrar Sheridan falando
quietamente com mais alguém pela sala.
—Vá pegar um ‘assiste’ para nos ajudar,— ela disse.
Uma voz masculina soou cética. —Não a amor entre nenhum deles.—
—Eu já vi o tipo dela. O que ela não desistiria por si mesma, ela faria por outro.—
O som de uma porta indicava que seu colega tinha partido, e enquanto eu era
reamarrada e limpa. As palavras dela desencadearam uma horrível realização.
Alguém me traiu! Sheridan esteve especificamente procurando por mim, que foi
como o feitiço tinha sido desvendado. Eu fui tola de pensar que fazer a tinta com
sal criaria algum tipo de laço entre os outros e eu. A única vantagem nisso era
que eu tinha desabilitado o gás, como planejado, mas agora qual seria o custo?
Esse foi o mais longe que eu pude especular porque a tortura tinha recomeçado
– e inacreditavelmente, piorou. Eu não vomitei, talvez porque o meu corpo não
podia reunir o esforço, mas não pude impedir meus gritos de preencher a sala.
Eu me odiei por mostrar a eles essa fraqueza, por admitir que eles estavam
chegando a mim … mas era tudo que eu podia fazer para não lhes contar todos
os segredos que eu tinha durante aquelas pausas. Eu não vou falar, jurei. Se eu
vou cair por isso, então eu vou com eles sabendo que não são tão poderosos
quanto pensam.
—Por que você nos faz continuar fazendo isso, Sydney?— Sheridan me
perguntou naquele triste tom de zombaria dela. —Eu não gosto disso tanto
quanto você.—
—Eu sinceramente duvido disso,— eu disse ofegante.
—E eu aqui pensando que você estava fazendo grande progresso. Eu estava
quase pronta para recompensa-la pelo seu bom comportamento. Talvez a visita
de sua família. Talvez isso.—
O pequeno holofote apareceu nela de novo, e algo em sua mão brilhou. Era
minha cruz, a pequena de madeira que Adrian tinha feito para mim, pintada com
glórias-da-manhã. Eles tentaram me subornar com ela quando eu cheguei, como
se um objeto material fosse todo o necessário para me quebrar. Vê-la agora fez
meu peito doer – embora pudesse ser possivelmente um pós efeito da tortura –
e meu olhos embaçaram com lagrimas de tristeza agora, não de dor.
—Você poderia tê-la agora,— ela disse agradavelmente. —Você poderia tê-la, e
nós poderíamos parar a dor. Tudo que você precisa fazer é nos dizer o que
queremos saber. É realmente uma peça adorável.— Ela segurou
admiradoramente e então, para meu completo e absoluto horror, a colocou ao
redor de seu próprio pescoço. —Se você não quer, eu posso muito bem ficar
com ela.—
Eu quase contei que foi feita por um vampiro, mas me preocupei que ela pudesse
destruir. Então fiquei em silencio, deixando a raiva fervilhar dentro de mim – pelo
menos até a tortura começar de novo, e apenas agonia fervilhar dentro de mim.
Perdi a noção do tempo de novo até seu colega retornar. Isso trouxe um alivio
da dor, e alguns novos holofotes de ascenderam, incluindo um brilhando
desconfortavelmente no meu rosto. A luz também revelou que o homem não
tinha voltado sozinho.
—Olha, Sydney,— Sheridan disse. —Nós te trouxemos uma amiga.—
O homem arrastou alguém até minha mesa. Emma. Eu quase a acusei de traição
bem ali. Afinal, ela era a candidata perfeita. Ela tinha os crimes da irmã para
compensar tanto quanto seus próprios. Ela já havia conseguido de mim a tinta
de sal e não tinha nada a perder me entregando, especialmente se pudesse
convencer eles da própria inocência. Ela também era a única pessoa que sabia
com certeza que eu estava percorrendo a base noite passada.
E ainda… havia um terror em seus olhos que me impediu de fazer qualquer
acusação. Talvez ela fosse a mais provável traidora, mas pela chance de não
ser, eu não pude insinuar que ela estava a par de qualquer dos meus planos. —
Quem disse que ela é minha amiga?— perguntei em vez.
—Bem, ela está prestes a partilhar da sua experiência,— disse Sheridan. —Se
não é uma base para amizade, eu não sei o que é.— Ela deu um aceno curto, e
Emma foi arrastada para fora da minha linha de visão. Outro assiste veio adiante,
me ajudando a sentar para assim eu ter uma visão melhor do que estava
acontecendo: Eles estavam amarrando Emma em uma mesa bem como a
minha.
—P-por favor,— ela balbuciou, tão desamparada na sua luta como eu tinha sido.
—Eu não sei de nada. Eu não sei sobre o que é isso.
—Ela está certa,— eu disse. —Ela não sabe de nada. Vocês estão perdendo
tempo.—
—Não nos importa o que ela sabe,— disse Sheridan alegremente. —Nós ainda
queremos saber o que você sabe. E se os métodos de persuasão que usamos
em você não funcionaram, talvez você fique mais receptiva os vendo em
outros.—
—Persuasão,— eu disse com nojo. —O P na porta é disso. Nós estamos no nível
mais baixo.—
—De fato,— disse Sheridan. —Você passeou bastante no pequeno tour de
ontem a noite, julgando por todas as portas que você usou aquele cartão. Diga-
nos por que fez isso e como não apareceu em nenhuma das câmeras, ou
então…—
Ela deu outro aceno, e meio segundo depois Emma começou a gritar, eu entendi
o que aconteceu. Ela não me traiu. Ninguém traiu. Eu estraguei tudo sozinha. Eu
me preocupei que o cara que eu tinha o cartão reportaria a perda e o
desabilitariam. Sem duvidas ele reportou, mas melhor do que desativar, eles
esperaram pra ver se alguém o usaria. Seu sistema deve ter registrado cada
lugar em que foi scaneado. Eu fui uma idiota, deixando a trilha perfeita para eles
seguirem, com apenas o feitiço de invisibilidade me salvando da captura
imediata. Esperançosamente chequei lugares o suficiente para obscurecer
minhas intenções, especialmente desde que as salas de mecanismo não
requeriam acesso com cartão. As chances de ninguém saber o que eu fiz eram
boas.
Mas isso não salvou Emma de ser submetida à mesma tortura que eu fui. Minha
pele formigou, assistindo aquela dor afundar seu corpo, e me senti doente em
um jeito inteiramente novo.
—Ela é inocente nisso!— exclamei quando deram seu tempo. —O quão doente
vocês têm de ser para fazer isso?—
Sheridan riu. —Ninguém é verdadeiramente inocente – pelo menos não por aqui.
Mas se acredita que ela é, é ainda mais triste você a deixar sofrer assim.—
Eu olhei para Emma e me senti rasgada com a indecisão. Como eu poderia
desistir de todos os meus planos? E ainda, como eu poderia deixar isso
acontecendo? Minha deliberação foi lida como desafio, e eles recomeçaram o
procedimento. Eu não podia suportar assistir, e quando a próxima pausa veio,
deixei escapar, —O que você acha que eu estava fazendo? Eu estava
procurando pela saída.—
Sheridan ergueu sua mão para parar seja lá quem era o torturador não visível
manejando os controles. —Você obteve sucesso?—
—Você acha que eu estaria aqui se tivesse?— rebati. —A única coisa que eu vi
foi na sala de controle da reflexão, e você a tem muito bem guardada.—
—Como você se moveu sem ser vista?— ela exigiu.
—Evitei suas câmeras,— eu disse.
Ao aceno de Sheridan, Ema foi submetida a mais dor, seu corpo se debatendo
como uma boneca de pano enquanto tentava lidar com as ondas de agonia
correndo através dela.
—Eu respondi!— exclamei.
—Você mentiu,— Sheridan devolveu friamente. —Não tem jeito de você ter
evitado todas elas. Ninguém notou nada nas câmeras, mas depois de extensa
revisão, nós encontramos um pequeno clip que mostra o que parece ser uma
porta de escadaria abrindo – bem pouco – sozinha. Nós quase perdemos isso e
só notamos em replays posteriores. —Explique.—
Eu permaneci em silêncio, pensando que poderia suportar assistir Emma ser
torturada de novo. Mas eu não podia. Não quando era por causa das minhas
ações. Seus gritos pareciam preencher cada parte da sala, e ela se contraia
contra as amarras em um esforço desesperado para aliviar a dor. Tentei
raciocinar comigo mesma enquanto aqueles gritos continuavam e continuavam,
aquele era apenas um desconforto temporário, e Emma sabia no que estava se
metendo quando começou a me ajudar. Certamente o bem maior valia o
sofrimento de uma pessoa?
Essa logica fria quase me convenceu até que eu finalmente vi lagrimas escorrer
de seus olhos. Eu cedi.
—Mágica!— gritei, tentando me fazer ser ouvida acima de seus gritos. —Eu usei
Mágica.— Sheridan sinalizou para a tortura parar e olhou para mim com
expectativa. —Eu me movi com mágica. Mágica humana. E se você acha que a
torturando vai conseguir que eu diga mais sobre isso, você está errada. Você
pode torturar ela e todo mundo desse lugar, e eu não vou dizer outra palavra.
Falar sobre isso envolve pessoas do lado de fora, e perto delas, as pessoas
daqui não significam nada.—
Foi uma espécie de blefe. Eu não sabia se eu podia verdadeiramente aguentar
tortura em massa contra os outros detentos, mas ou Sheridan acreditou em mim
ou tinha preocupações maiores.
—Eu não acho que isso fosse acontecer de novo,— ela murmurou.
—Isso sempre acontece. Eventualmente,— disse seu colega. Ele gesticulou
para um dos assistentes na escuridão em direção a Emma. —A levante e a leve
de volta para seu andar. Não há como dizer que tipo de propagando prejudicial
foi espalhada. Nós vamos ter que fazer um retoque em massa.—
Meu coração afundou. Eu só cheguei a metade dos detentos! O resto da tinta
ainda estava escondida na minha cama.
—Eu não converti ninguém se é isso que te preocupa,— eu disse.
—Eu te disse, não há inocentes aqui,— disse Sheridan. —Leve Emma de volta
para seu nível, e coloque Sydney de volta na mesa.—
—Eu já te disse tudo que eu tenho pra te dizer,— protestei enquanto os
assistentes iam adiante. Emma foi arrastada para fora. —Sua tortura não
funcionou em mim antes.—
Sheridan deu uma risada baixa e gutural, e todas as luzes de apagaram de novo.
—Oh, Sydney. Agora que eu sei o que você é, eu não me sinto nenhum pouco
mal em aumentar a intensidade. Nós não sabemos tudo sobre usuários de
mágica humanos, mas se tem uma coisa que aprendemos com o tempo: Eles
são notavelmente adaptáveis. Então vamos começar.—
Capítulo 16 Adrian
Quando a segunda noite sem contato com Sydney passou, eu soube que algo
definitivamente deu errado. Eu podia dizer que Marcus estava preocupado
também, mas ele deu seu melhor para tentar me relaxar.
—Olha, ela disse que tinha algum gás em seus quarto para apagá-los, certo?
Talvez os Alquimistas descobriram que estava desligado e consertaram de novo.
Ela viveu assim por três meses e não estava encrencada – quero dizer, não mais
que as encrencas habituais da reeducação.—
—Talvez,— eu admiti. —Mas mesmo que isso seja verdade, você não acha que
eles ponderam sobre quebrou em primeiro lugar? Ela poderia ser punida por
associação.—
O telefone de Marcus tocou antes que ele pudesse me responder, e eu gesticulei
para ele atender. Ele esteve no telefone quase sem parar desde que começamos
a nos aproximar de Death Valley, o que meio que fazia sentido. Nossa base de
operação havia, portanto, virado um hotel em uma cidade decadente quinze
milhas distante do parque estadual. Não havia restaurantes, então nós
conseguíamos toda nossa comida de uma loja de conveniência do outro lado da
rua dirigida por uma gentil mulher chamada Marvis, que constantemente se
preocupava comigo por causa do meu complexo. —Você precisa de mais sol,
querido.— Ela continuava dizendo.
O que você precisa é de sangue, Tia Tatiana havia comentado no momento. Não
dela, claro. Nós temos padrões. Ela estava certa sobre a primeira parte. Fazia
alguns dias desde que eu tive sangue na Corte, e embora eu pudesse aguentar
mais um pouco antes de notar qualquer desconforto físico maior, esse era um
problema que eu precisaria solucionar eventualmente.
Enquanto Marcus falava no telefone agora, eu vaguei para a janela do nosso
quarto, que dava para a Rua Principal e para a loja de conveniência, assim como
para o posto de gasolina. Pelos padrões do hotel, aquela era a melhor paisagem
do lugar. Para minha surpresa, um carro familiar de repente entrou no
estacionamento do hotel, sua cor ensolarada era um contraste brilhante nessa,
diferente dele, cidade sombria. Sem dizer uma palavra a Marcus, eu me dirigi
para fora do quarto e desci as escadas.
Eddie e Trey estavam saindo do meu Mustang quando pisei do lado de fora.
Mesmo a essa hora cedo do dia, o calor consideravelmente aumentando, criando
miragens cintilantes no asfalto. —Sobreviveram as provas?— perguntei.
—Pela segunda vez na minha vida, sim,— disse Eddie.
—Elas ainda continuam hoje,— disse Trey. —Mas a Srta. T mexeu alguns
pauzinhos com os outros professores assim pudemos terminar ontem. Ela
mandou isso – para quando tivermos Sydney de volta.—
Eu aceitei uma pequena sacola que estava cheia com todos os tipos de
apetrechos de bruxa – ervas, amuletos, e um livro que não significava nada para
mim, mas provavelmente entusiasmaria Sydney. Quando tivermos Sydney de
volta. Trey tinha falado com tanta confiança, e eu esperava que fosse garantido.
Essas duas últimas noites tinham sido duras para mim.
—E eu trouxe isso,— disse Eddie, com um sorriso irônico. Ele u Hopper, que eu
tinha deixado no apartamento, ainda imortalizado em ouro. Eu toquei as finas
escalas esculpidas e então escorreguei o pequeno dragão para a sacola com os
outros itens mágicos. —Alguma atualização sobre Sydney?—
Eu acenei para eles irem adiante. —Vemos subir para o quartel general e para
fora desse calor.—
Marcus estava fora do telefone quando voltamos para o quarto, e ele
cumprimentou os recém-chegados com acenos amigáveis. —Acabei de
confirmar que teremos três caras – bem, um é uma garota – vindo para nos
ajudar amanhã. Dois deles estiveram na reeducação. Eles não faziam ideia que
ficava aqui, claro, mas como pode imaginar, são do tipo que guardam rancor.
Eles tem alguma informação de como é o lugar por dentro, embora nem perto o
quanto eu gostaria. No entanto, nós finalmente conseguimos dados concretos
do exterior. Vocês não acreditariam, eles realmente se disfarçam como um
centro de pesquisa do deserto. Eles estão fora da propriedade do parque
também, provavelmente cerca de doze milhas de distancia de nós agora. Essa
é atualmente a cidade mais perto deles. Eu não ficaria surpreso se Alquimistas
parassem aqui para abastecer no caminho para o trabalho.—
Foram tudos bons dados, mas de repente pareceu defeituoso quando Eddie
perguntou, —Tiveram noticias de Sydney?—
O rosto de Marcus, que momentaneamente pareceu otimista, caiu de novo. —
Não. Estamos sem contato a duas noites.—
—Nós não precisamos fazer contato para invadir o lugar, certo?— perguntou
Trey. —Nós podemos apenas aparecer e libertá-la.—
—Claro,— concordou Marcus, —mas seria bom ter um contato do lado de dentro
enquanto acontece.—
Eu caí em uma das camas de canto do quarto, que rangeu sob meu peso. —E
seria bom apenas saber que ela está bem.—
—Uma pena não ter mais ninguém que possamos entrar em contato,— disse
Eddie. —Você não tem nenhum pista sobre os outros prisioneiros de lá?—
Marcus balançou a cabeça enquanto explicava o que eles sabiam, e o velho
desespero familiar começou se instalar sobre mim. Ficar sóbrio e usar espirito
diariamente era uma combinação mortal para minhas oscilações de humor, e eu
vinha lutando contra elas constantemente. O desaparecimento mais recente de
Sydney havia quebrado qualquer controle frágil ao qual eu vinha me agarrando
até esse ponto. Seria maravilhoso se minha sanidade durasse até termos ela de
volta.
Sanidade é superestimada, meu querido, ouvi Tia Tatiana dizer.
Apertei meus olhos fechados. Vá embora, eu disse silenciosamente a ela. Eu
preciso escutar eles.
Pra que? Ela perguntou.
Preciso me focar. Eu preciso entrar em contato com Sydney para me certificar
de que ela está bem e conseguir informações do que está acontecendo lá dentro.
Sua garota humana já te deu informações. O espectro de Tia Tatiana disse. Você
só não deu ouvido.
Abri meus olhos subitamente. —Duncan,— eu disse em voz alta. Meus três
amigos olharam para mim atônitos.
—Você está bem?— perguntou Eddie, que ocasionalmente havia visto meu pior
lado.
—Duncan,— repeti. —Uma das vezes que conversei com Sydney, ela
mencionou um amigo que fez lá chamado Duncan, alguém que está lá por um
tempo. Se nós pudermos descobrir seu nome, conseguir uma foto… seria o
suficiente para eu formar uma ligação por sonho. Assumindo que o gás está
desligado para ele também.— Eu não estava certo sobre a logística do que
Sydney tinha desativado. —Além do mais, não é um nome comum. Você pode
descobrir alguma coisa?—
Marcus fez uma careta. —Talvez… dependendo do quando ‘um tempo’ é, um
dos ex-prisioneiros se juntando a nós amanhã podem até conhecer ele.—
—Então ligue para eles,— eu disse com firmeza. —Agora.—
—Se Sydney não entrou em contato porque o gás está ligado de novo, você não
será capaz de chegar a ele também.— Alertou Marcus.
Levantei minhas mãos em exasperação. —Que outra escolha nós temos?—
Eu podia dizer que ele achava que era um tiro no escuro, mas algumas ligações
logo renderam resultados de um de seus caras – aquele que era uma garota. —
Ela disse que quando estava sendo mantida presa ano passado, havia um cara
chamado Duncan Mortimer lá,— Marcus nos disse um pouco depois. Ele já
estava em seu laptop, digitando enquanto falava. —Sem garantia de que seja o
mesmo cara, mas as chances parecem boas. Mortimer é um nome bem
conhecido. Me pergunto…—
Ele não elaborou sobre o que estava se perguntando e logo achou uma ficha de
Duncan, incluindo uma foto e algumas estatísticas breves. A maioria dos
usuários de espíritos não era capaz de formar uma ligação por sonho com
alguém que eles não conheciam, e eu senti de novo aquele lampejo ocasional
de orgulho por ser capaz de fazer algo que valia a pena. Quando fiquei satisfeito
com todas as informações que eu precisava dele, nós mudamos a marcha e
passamos o resto do dia debruçados nas informações de Marcus sobre a base
em si. Eu não tinha a mente tática que os outros tinham, mas tinha presença de
espirito considerável do meu lado e fui capaz de dar conselhos onde eu achava
ser útil.
Quando a noite – e o que eu denominava ‘hora de dormir da reeducação’ –
chegou, eu primeiro tentei alcançar Sydney e de novo não tive sorte. Isso nos
colocou no plano B, e eu coloquei Marcus no sonho. Ele foi dormir cedo por está
mesma razão. Como o cérebro da nossa invasão, era essencial que falasse com
Duncan. Marcus materializou perto da fonte do Getty Villa, examinando seus
braços e mãos como se nunca tivesse os visto.
—Isso nunca fica velho,— ele observou. —Você tem certeza que consegue
colocar esse cara aqui?—
Eu passei o dia memorizando a foto de Duncan e agora invocava aquela imagem
em minha mente enquanto usava espirito para tentar alcança-lo pelo mundo dos
sonhos, junto com o pouco que eu sabia sobre ele. Duncan Mortimer, idade 26,
originalmente de Akron, dormindo a doze milhas daqui. De novo e de novo, repeti
esse mantra improvisado e me concentrei em seu rosto. Nada aconteceu
imediatamente, e primeiro, eu duvidei das minhas próprias habilidades antes de
aceitar que ele podia estar bloqueado como Sydney esteve. Então, momentos
depois, uma terceira pessoa se materializou com a gente.
Alto e magro, seu rosto definitivamente combina com o da foto que eu tinha visto.
Isso, e ele estava usando aquele mesmo uniforme bege horrendo em que
Sydney continuava aparecendo. Ele olhou ao redor com aquele tipo de
expressão interrogativa que a maioria das pessoas tinha quando eu as invocava
pela primeira vez, quando eles entendiam completamente que não era um sonho
ordinário.
—Huh,— ele disse. —Faz um tempo que não sonhava.—
—Isso não é um sonho,— eu disse, caminhando em direção a ele. —Pelo
menos, não o tipo que você está pensando. Eu criei com espirito. Adrian
Ivashkov.— Estendi minha mão para ele. —Estou aqui para falar com você sobre
Sydney Sage.—
A expressão de Duncan ainda parecia um pouco entretida, como se tudo
pudesse ser algum truque estranho do seu subconsciente, quando minhas
palavras finalmente foram absorvidas. —Ah, Cara. Você é ele. Você é o
namorado vampiro bonito e filosofo.—
—Ela disse que eu era bonito e filosofo?— perguntei. —Deixa pra lá. Por que eu
não consigo alcança-la? Onde ela está?—
—Em algum lugar que eu nunca soube de ninguém que volto,— ele disse
sombriamente. —Um lugar que eu nunca soube que existia até Emma ver.—
—Quem é Emma?— perguntou Marcus, se juntando a nós.
Duncan pareceu um pouco surpreso de ver outra pessoa aqui, mas então
pareceu aceitar como parte dessa experiência estranha. —Colega de quarto de
Sydney. Ex-colega de quarto desde que Sydney ganhou novas acomodações.—
Eu estava à beira de mais um milhão de perguntas e então decidi ir direto a fonte.
—Você pode imagina-la? Essa garota Emma? Tipo, visualiza-la em sua cabeça
e pensar em tudo que sabe sobre ela.—
—Okay…— ele disse, uma pequena carranca aparecendo entre suas
sobrancelhas.
Se alguém que eu trouxe para o sonho pudesse imaginar alguém que eu nunca
conheci, eu poderia usar espirito para alcançar e usar a visualização como a
ancora para trazer a nova pessoa. Não era mais difícil do que trazer alguém que
nunca conheci, desde que meu foco mental estivesse no lugar. O de Duncan
devia estar porque alguns momentos depois, uma garota magra naquele mesmo
caqui apareceu ao lado dele. Nós rapidamente a atualizamos, explicando em
que tipo de sonho ela estava. O que pareceu a enervar mais do que fez a ele.
Mesmo Alquimistas liberais tinham problema com magica vampírica. Mas logo,
sua curiosidade ganhou.
—Foi assim que Sydney fez,— Emma disse. —Ela esteve em contato com você
via espirito. Por isso ela precisava do gás desligado.—
—Deve estar desligado para todos nós, se eu estou aqui,— disse Duncan. —
Não achei que ela conseguiria.—
Emma assentiu tristemente. —Era onde ela estava na noite em que foi pega.
Quero dizer, eu não acho que ela estava lá. Quando eu a vi, eles não pareciam
saber o que ela estava fazendo.—
—Okey, crianças,— eu disse. —Vocês precisam retroceder agora mesmo e
preencher com muito mais detalhes.—
Entre os dois deles, eles juntaram uma historia sobre como Sydney vinha
fazendo tinta anti-Alquimista às escondidas e então expandiu suas operações
para fechar um sistema de emergência que poderia render o lugar inteiro
inconsciente. Eu podia dizer que Marcus aprovava aquela estratégia, mas até
ele pareceu horrorizado quando Emma nos contou que o custo foi Sydney ser
pega.
—Foi horrível,— Emma disse estremecendo, pálida. —Eu não sei como eles
fizeram. Deve ter sido construído na mesa. Eu também não sei como Sydney
não confessou quando eles fizeram com ela. Eu teria despejado tudo, mas ela
permaneceu de boca fechada… pelo menos até ela os ver fazerem comigo. Ela
disse a eles que usou magica. Me salvou… e a colocou problemas maiores.—
Meu coração afundou. —Porque ela é assim. Você não sabe onde ela está
agora?—
—Continua no quarto andar, eu suponho.— Disse Emma. —A menos que
tenham a movido de volta para a solitária.—
Marcus suspirou. —Bem, pelo menos isso responde para que esses andares são
usados.— Ele mediu ambos os prisioneiros, os avaliando antes de deixar cair a
bomba. —Nós estamos indo para libertá-la em breve. Todos vocês, na
verdade.—
A diferença de reações foi notável. Emma se iluminou. Duncan jogou suas mãos
com desgosto e se afastou. —Duncan,— ela exclamou. —Volte.—
Ele parou e se virou. —Por que? Eu não quero ouvir isso. É fútil.—
—Você nem ouviu o plano,— disse Marcus, quase soando magoado.
—Não importa,— disse Duncan. —Vocês não podem chegar lá. Vocês não
podem nos soltar. Mesmo que possam, então o que? Para onde nós vamos?
Vocês não acham que eles vão procurar pela gente?—
—Eu sei que vão,— devolveu Marcus uniformemente. —E eu me certificarei que
estejam escondidos,—
Duncan ainda parecia cético, mas ema estava claramente a bordo. —O que você
precisa da gente?—
—O tanto de detalhes do lado de dentro que vocês possam nos contar,— disse
Marcus. —Idealmente onde é a porta principal para nos deixar entrar. Ninguém
que esteve lá alguma vez viu a saída.—
—Sydney viu,— disse Emma. —Eu ouvi. Fica no andar com as celas de solitária,
na sala de controle deles. Ela fez soar como se tivesse um monte de gente lá,
no entanto.—
—Eu imaginei,— disse Marcus. —Se for o único caminho de saída e entrada
deles. Esse lugar soa como um perigo de incêndio esperando para acontecer.—
—Na verdade alguma vez houve um incêndio?— perguntei. Eu queria participar
do plano, mas estava tendo um tempo difícil superando a ideia de Sydney
trancada e torturada em algum lugar. —Alguma razão para evacuar vocês?—
Emma olhou para Duncan para uma resposta. Ele balançou a cabeça. —Não.
Acho que teve um incêndio na cozinha uma vez, uns dois anos atrás, mas eles
agiram bem rápido para por fim naquilo. Teria que ser muito sério para tirarem
todos nós de lá.—
Eu podia ver as engrenagens na cabeça de Marcus girando. —Alguma chance
de vocês puderem começar um incêndio? Conseguir acesso a algo
inflamável?— ele perguntou.
—Sydney poderia incendiar todo o lugar se estivesse livre,— murmurei.
—Eles fazem de tudo para minimizar nossa exposição para coisas inflamáveis,—
disse Emma. Alguma coisa pequena mudou na expressão de Duncan, e ela
também notou. —O que, você sabe algo que eu não sei?—
Ele deu de ombros. —Não importa.—
—Sim, importa!— ela marchou até ele e bateu em seu peito com os punhos. —
Se você sabe algo que pode os ajudar, nos diga! Pare de ser um covarde. Atreva-
se a ter esperança de que possa haver um meio de sairmos disso! Se você não
estivesse com tanto medo de ajudar Sydney a encontrar aqueles controles de
gás, talvez ela não tivesse sido pega.—
Duncan se encolheu como se tivesse sido atingido na cara. —Não tinha nada
que eu pudesse fazer! Eles já estavam em cima dela.—
—Então faça o que ela fez ter valido a pena,— gritou Emma. —Você quer
realmente viver o resto da sua vida assim? Por que eu não quero. Eu quero sair.
Eu não me importo se tiver que ficar fugindo. É melhor do que viver nessa
existência presa. Você deveria se sentir da mesma forma.—
—Você acha que eu não sinto?— ele respondeu com raiva.
Ela jogou suas mãos. —Honestamente? Não. Tudo que eu vejo é que você é
muito covarde, mesmo para nossos captores.—
Ele deu uma risada áspera. —Você acha que é por isso que eu estou lá?—
—Você nunca saiu da linha. Porque mais eles o manteriam lá por tanto tempo?—
ela exigiu.
Ele não respondeu, mas Marcus sim. —Porque ele é filho de Gordon e Sheila
Mortimer.—
Os olhos de Emma se arregalaram levemente. —Sério?—
—Quem?— perguntei, me sentindo perdido.
—Eu descobri quando soube seu nome completo,— continuou Marcus. —Eles
são Alquimistas muito poderosos, Adrian.—
—Aqueles que não podem arriscar que o resto do mundo saiba como seu filho
quebrou as regras para ajudar algum Moroi enquanto estava em uma
atribuição.— Adicionou Duncan amargamente. Ele se voltou para Emma. —Por
isso eu estou sendo segurado por tanto tempo – e o porquê eles vão continuar
me segurando. Mesmo que eu seja o detendo mais bem comportado de lá, meus
pais não podem arriscar a vergonha do passado de seu filho voltar para
assombra-los.—
—Então não os deixe ganhar!— exclamou Emma. —Lute de volta. Não os deixe
te jogar de lado assim. Nos ajude com isso. Por si mesmo. Por Chantal, quando
você a encontrar.—
O nome não significava nada para mim, mas atingiu Duncan em cheio. —Não há
como encontra-la.— Ele disse melancolicamente.
—Eu posso encontra-la,— interrompeu Marcus. —Seja quem for, eu tenho
contatos ao redor do mundo todo – muitos deles ligados aos Alquimistas. Pode
levar um tempo, mas nós vamos encontra-la. Nós encontramos Sydney, não
encontramos?—
Duncan ainda parecia incerto, e Emma apertou sua mão. —Por favor, Duncan.
Faça isso. Arrisque. Comece a viver. Não deixe eles tirar tudo de você.—
Duncan fechou seus olhos e deu algumas respiradas firmes. Embora o quão
ansioso eu estivesse para salvar Sydney, não pude evitar me sentir um pouco
mal por ele. Alquimistas, mesmo imbecis como Keith, eram pessoas geralmente
brilhantes e competentes. Duncan sem duvida era igualmente capaz – e
provavelmente ainda era. Era terrível que pessoas como ele pudessem ser
desgastadas assim, e rezei para que pudéssemos chegar a Sydney antes que
fosse tarde de mais.
—Sim,— ele disse por fim, abrindo seus olhos. —Sim, eu sei como começar um
incêndio.—
Nós passamos o resto da noite fazendo planos com eles. Marcus e os
prisioneiros estavam dormindo o tempo inteiro, mas eu estava exausto quando
o sonho acabou, logo antes do nascer do sol. Meu corpo esteve acordado a noite
toda, e meus olhos, quando os vi no espelho, estavam injetados com sangue o
suficiente para ser de Strigoi. Eddie e Trey estiveram dormindo e estavam
ansiosos para ouvir o que havia acontecido durante a noite.
—Durma um pouco,— Marcus me disse. —Vou informa-los durante o café e
fazer arranjos com os outros. Vai acontecer hoje.—
Eu deitei na cama barata depois dos três partirem, certo de que eu nunca
dormiria estando tão perto de libertar Sydney. Era tudo em que minha mente
conseguia pensar. Meu corpo sabia melhor, no entanto, e pareceu apenas que
minutos tinham passado quando mais tarde eu encontrei Marcus me acordando.
—Levante e brilhe,— ele disse. —A cavalaria está aqui.—
Eu semicerrei contra a luz da tarde e acenei meu caminho através das
apresentações ao apoio de Marcus, um trio chamado Sheila, Grif, e Wayne.
Todos eles fizeram consideráveis planos enquanto eu dormia, me deixando
descansar o máximo possível. Marcus me acordou para me deixar a par com os
recém-chagados, me deixando explicar melhor meu papel para eles enquanto
eu, por minha vez, ficava sabendo dos pequenos ajustes que foram feitos
durante o dia. Não foram muitos, embora mais detalhes tivessem certamente
sido finalizados, e a equipe de Marcus tinha feito um bom reconhecimento ao
redor do lugar de fato. Depois de tudo decidido. Nos vimos na estrada, e eu tive
que aceitar a realidade impossível de que eu estava finalmente indo atrás de
Sydney.
Entre meus amigos e os recrutas de Marcus, nós tínhamos uma verdadeira
caravana. Ele conseguiu que um de seus caras trouxesse uma van, com o plano
de que ela seria utilizada para levar os detentos. Depois de ver a reticencia de
Duncan, eu questionei se sequer conseguiríamos que viessem com a gente, mas
Emma nos garantiu que conseguiríamos. Quando Sydney foi levada, Emma
tinha encontrou o resto da tinta de sal no quarto delas e a usou para comprar a
lealdade de alguns dos outros detentos. —Eles vão fazer o que nós dissermos,—
ela me disse com um sorriso. —E se certificarão que todo mundo faça também.—
A uma milha da base, nossa caravana se dividiu em duas. Marcus, além de tudo
no meu carro, e seus associados na van foram para um local onde pudessem
estacionar fora do perímetro da base, a qual eles iriam se aproximar a pé. Eddie,
Trey, e eu iriamos direto pela porta da frente dos Alquimistas, com lírios dourados
em nossas bochechas que Sheila havia pintado meticulosamente em nós para
parecermos indistinguíveis do real. Essa parte do plano tinha sido um pouco
controversa, já que Marcus teria sido a escolha ideal para ir e bancar ser o
Alquimista. Seu rosto era muitíssimo conhecido, no entanto, e eu não tinha a
habilidade magica pra alterar ambas minha aparência e a dele. Talvez se eu
precisasse apenas parecer com um Moroi que não se assemelhasse com Adrian
Ivashkov, eu pudesse obscurecer nós dois, mas eu tinha que mudar
completamente minha raça. Sob nenhuma condição normal nenhum Moroi iria a
um prédio de reeducação.
Nós estávamos no Pirus do Marcus (—É totalmente uma coisa Alquimista de se
dirigir,— ele nos assegurou) e dirigimos direto para garagem e um posto de
controle dirigido por um cara em uma cabine. Ele checou as Identidades
Alquimistas falsas que Marcus tinha feito para gente e então acenou para irmos
adiante. Isso correu de acordo com o plano. Marcus tinha explicado que um
guarda no portão iria eletronicamente combinar nossas identidades com
qualquer coisa no banco de dados deles. Isso tinha acontecido de fato quando
entramos no prédio.
—Sério, vocês não imaginam o déjà vu que eu estou sentindo agora,— Eddie
comentou, uma vez que estacionamos. E tinha vários outros veículos de uso
consciente de combustível sustentável. —Isso é estranhamente familiar a
quando Rose, Lissa, e eu soltamos Victor Dashkov. É meio perturbador.—
—Exceto que ele era um criminoso barra pesada que merecia seu destino,— eu
disse. —O que estamos fazendo agora é do lado da justiça, resgatando aqueles
que precisam.—
—Oh, eu sei,— ele disse. —Eu só estava pensando em como aquela fuga não
foi sem contratempos, e nós só soltamos uma pessoa – não uma dúzia.—
—Isso quase torna mais fácil,— disse Trey otimista. —Quero dizer, é tudo ou
nada. Você não tem que contar com a sutileza que teria soltando apenas uma
pessoa. Nós estamos abrindo as portas desse lugar.—
—Com isso que eu estou preocupado,— disse Eddie.
A entrada da suposta base de pesquisa do deserto certamente parecia
impressionante e cientifica. Toda a arquitetura era de vidro e metal, com
paisagens emolduradas que eram supostamente a chave para o funcionamento
do lugar. Uma porta de vidro levava para a esquerda, para uma ala onde o
contato interno de Marcus tinha nos dito ser onde os Alquimistas que
trabalhavam no local viviam. Uma mulher jovem sentava na recepção, com uma
porta mais sinistra e sem identificação atrás dela que foi nos dito que deveria
uma entrada para o covil da reeducação. Ela olhou para cima com a nossa
entrada, assustada.
—Meu Deus,— ela disse. —Eu nem vi vocês entrarem nas câmeras de
segurança.—
—Desculpe por isso,— eu disse, enviando carisma induzindo com espirito. —
Espero que não tenhamos te assustado,— Um dos homens alegres* (referência
a Robin Hood) entrou em campo mais cedo e encontro uma forma de deixar as
câmeras externas em loop, isso esconderia a aproximação de todos. Isso era
bom para mim, desde que meu disfarce com o espirito não funcionaria nas
câmeras, e bom para Marcus, cuja forma não estava nem tentando ser
subterfugiada.
—Não, nem um pouco.— A garota sorriu para nós, mostrando que minha ilusão
estava funcionando. —O que posso fazer por vocês?—
—Estamos aqui para ver Grace Sheridan,— eu disse, mostrando rapidamente
minha identificação. Eddie e Trey fizeram o mesmo. Conseguir o primeiro nome
dessa Sheridan tinha sido outra joia adquirida por Duncan.
As sobrancelhas da recepcionista se juntaram enquanto pegava nossas
identificações para scanear. —Eu não fui avisada de nenhum compromisso. Me
deixe ligar para ela.—
Sua conversa no telefone murmurada foi sobre o que esperávamos, como sua
surpresa quando scaneou nossas Identidades e seu computador disse que não
existíamos.
—Nossa departamento é um pouco – como eu devo dizer – clandestino,—
explicou Trey. —Não há registro de nós porque geralmente não gostamos de
anunciar o que investigamos. No entanto, nós estendemos que houve um
ressurgimento sobre isso aqui, e que a Senhorita Sheridan está no centro do
caso.—
A recepcionista transmitiu aquela mensagem enigmática pelo telefone e desligou
alguns minutos depois. —Ela verá vocês. Direto por essa porta, por favor.—
Eu fui adiante, incerto do que esperar. Pelas histórias, arames farpados e
correntes nas paredes não teriam me surpreendido. Os alquimistas ainda
estavam bancando o —Negócios casuais— no térreo, no entanto, enquanto
entravamos na sala que parecia bem de acordo com o estilo do lobby – com uma
exceção.
Seis homens permaneciam de guarda na sala, alinhados estrategicamente ao
redor de duas portas: um elevador e uma escadaria. Os homens vestiam ternos
e tinham lírios dourados nas bochechas e estavam entre os maiores e mais
bombados que eu já tinha visto entre os Alquimistas. O departamento de RH
deles deve ter procurado muito extensivamente para encontrar os espécimes
mais musculosos em seus bancos de genes. O mais intimidante de tudo, no
entanto, era que cada homem tinha visivelmente uma arma – uma arma real que
podia matar, não do tipo tranquilizante pequena e elegante ao qual Marcus havia
dissimuladamente armado Trey e Eddie. Marcus tinha dito que as consequências
já seriam grandes o suficiente sem nós deixando fatalidades para trás e também
se preocupava com inocentes sendo feridos na briga (é preciso dizer que
ninguém sugeriu me dar uma arma).
Eu mantive um sorriso tranquilo no rosto, como se fosse totalmente normal ver
um bando de caras armados lá para impedir um grupo indefeso de prisioneiros
de escapar e ter um pensamento livre. O elevador apitou, e uma mulher jovem e
bem vestida saiu. Ela era bonita no jeito que dizia que podia enfiar uma adaga
através do seu coração e ainda continuaria sorrindo o tempo inteiro. Ela manteve
aquele sorriso enquanto fazíamos as apresentações.
—Temo que tenham me pego fora de guarda aqui,— ela disse. Ela se inclinou
um pouco para frente para ler minha etiqueta de identificação. —Eu não estava
esperando por vocês. Eu não estava nem ciente que havia um Departamento de
Transgressões Ocultas e Secretas.—
—A TOS não faz muitas aparições – certamente não muitas públicas,— eu disse
com firmeza. —Mas quando um desastre dessa magnitude chega a minha mesa,
não temos outra escolha se não intervir.—
—Desastre?— Sheridan perguntou. —Isso é meio que um exagero. As coisas
estão sob controle.—
—Você está dizendo que um dos seus detentos não usou recursos mágicos
ilegais para escapar do seu controle e conduzir assuntos que você continua sem
entender completamente?— exigi. —Eu dificilmente chamaria isso de sob
controle.—
Ela corou. Sério, eu merecia um Oscar. —Como você sabe sobre isso?—
—Nós temos olhos e ouvidos que você nem sonha,— eu disse a ela. —Agora.
Vai cooperar com a nossa investigação, ou eu preciso ligar para ambos nossos
supervisores?—
Sheridan vacilou e então lançou um olhar constrangido aos guardas estoicos. —
Vamos conversar aqui,— ela disse, gesticulando para irmos para o que parecia
um pequeno escritório adjacente a sala. Nós seguimos, e ela fechou a porta tão
logo quanto todos nós entramos. —Olha, eu não sei quem vem lhes contando
histórias, mas nós realmente temos tudo bem em –—
O grito de um alarme de incêndio no canto do cômodo a interrompeu. Foi seguido
de um som de estalo, e uma voz de repente veio de um pequeno walkie-talkie
anexado a seu cinto. —Sheridan? É a Kendall. Nós temos uma situação.—
Sheridan ergueu o walkie-talkie. —Sim, posso ouvir o alarme. Onde é isso?—
—Múltiplas localizações no nível dois.—
Sheridan estremeceu com a palavra —múltiplas.— —O quão grande eles são?—
Ela gritou de volta. —Os irrigadores devem ser capazes de conter.— Ela olhou
para o teto e pareceu surpresa. —Os seus estão ligados? Eles deveriam disparar
universalmente em incêndios múltiplos. O lugar todo deveria estar em baixo
d’agua.—
—Não, nada aconteceu ainda,— a voz respondeu. —Devemos esperar? Ou quer
que evacuemos?—
Sheridan olhou para o walkie-talkie em descrença e então de volta para os
irrigadores no teto. Duncan tinha dito que havia poucas situações que de fato
causariam a evacuação de toda a base, então saímos do nosso caminho para
criar uma. Aparentemente, a professora de arte deles estava lutando contra o
habito de fumar, e junto com um estoque enorme de chiclete, ela mantinha
cigarros e fósforos em sua mesa. Entre aquilo e um suprimento de removedor
de tinta, ele fez arranjos com outros detentos de começar incêndios
simultaneamente no andar de vivencia deles. Era perigoso o suficiente naquelas
condições, mas um dos camaradas de Marcus tinha encontrado um controle
exterior do sistema de água da base e tinha sabotado para impedir os irrigadores
de dispararem.
O walkie-talkie estalou de novo. —Sheridan, copia? Você quer que
evacuemos?—
Estava claro pela cara de Sheridan que ela nunca, jamais esperava tomar uma
decisão como aquela. Depois de alguns segundos, ela finalmente respondeu. —
Sim – você tem minha autorização. Evacuem.— Ela nos deu um breve olhar
enquanto se lançava para porta. —Com licença, temos uma emergência.—
Na outra sala, os guardas estavam em alerta total pelo grito dos alarmes de
incêndio. —Nós temos um código laranja.— Ela gritou para eles. —Estejam
prontos. Vocês dois organizem os detentos ali. O resto de vocês, mantenham
suas armas em punho, e preste atenção em–—
O walkie-talkie estalou de novo, dessa vez com uma voz de homem. —Sheridan,
você está ai?—
Ela franziu. —Kendall?—
—Não, é Bexter. Algo está errado. Os detentos – eles estão tomando controle –
resistindo as nossas ordens.—
Sheridan empalideceu. —Faça com que o centro de controle comece a disparar
o gás. Apague todo mundo. Nós vamos conseguir mascaras e mandar gente
para tirar vocês e–—
—Já tentamos! O sistema parece estar desativado.—
—Desativado?— Exclamou Sheridan. —Isso–—
A porta que conduz vinda do lobby de repente arremessou aberta, e Marcus e
seus associados apressaram-se para dentro, empunhando aquelas pequenas
armas de dardos. Elas podiam não ser tão letais quanto às armas reais, mas
ainda eram efetivas, especialmente quando juntadas ao elemento surpresa.
Eddie e Trey tinham as suas sacadas em um piscar, e dentro de segundos, a
quantidade de Alquimistas diminuiu. Apenas dois deles conseguiram atirar – tiros
que foram selvagens – antes de colapsarem com os tranquilizadores. Marcus
empurrou uma recepcionista apavorada para a sala e avaliou a situação. Ele
ordenou que Grif e Wayne empilhassem os corpos inconscientes no escritório
enquanto Sheila ficava de guarda em Sheridan e a recepcionista. Eu deixei meu
disfarce de espirito cair, e ambas as Alquimistas engasgaram quando
perceberam que tinham socializado com um Moroi. O choque aumentou quando
Sheridan olhou duas vezes e percebeu quem Marcus era.
—Você!— ela cuspiu.
Ela não teve chance de elaborar. Momentos depois, a porta para as escadas
abriu, e foi quando o caos real começou. Uma mistura de detentos vestidos de
caqui vinha derramando-se ao lado de funcionários Alquimistas vestidos mais
formalmente. Alguns dos detentos pareciam com medo e sem vontade de estar
lá e estavam sendo literalmente arrastados por seus colegas, me lembrando de
como Emma disse que se certificariam de que todos sairiam. Marcus
rapidamente começou um sistema que era o oposto do que Sheridan tinha
intencionado na evacuação: Detentos e Alquimistas eram divididos quando
emergiam, com o ultimo – e muito chocado – grupo sendo posto sob guarda
pesada. Eu assisti a tudo ansiosamente, minha mandíbula apertada tão forte que
estava começando a machucar. Ninguém que eu conhecia estava com o grupo
saindo inicialmente, mas era de se esperar Quando eles começaram a diminuir,
meu nervosismo realmente aumentou.
É isso, eu pensei. A qualquer minuto agora, Sydney vai sair com Emma e
Duncan.
E então, Emma e Duncan emergiram – sem Sydney.
—Que diabos?— exclamei. —Cadê ela? Vocês disseram que iriam pegá-la!—
—Nós tentamos,— Emma chorou. Ela jogou quatro cartões de Identificação no
chão. —Nenhum desses abriu as portas do quarto andar. Eles não devem ter
acesso… mesmo embora eu tenha visto alguns deles indo para aquele andar no
passado.—
Me virei para Sheridan em fúria. —Por que as portas do quarto andar não
abririam?— Gritei. —Quem tem acesso?—
Sheridan deu um passo se afastando de mim. —Aqueles são os nossos
prisioneiros mais perigosos,— ela disse, reunindo a dignidade que pôde. —O
sistema os trancam automaticamente em um evento como esse. Acesso de
cartão normal é desativado. Eles são muito perigosos para escapar.—
A implicação completa de suas palavras me atingiu. —Então você apenas deixa
eles lá para morrer? Que tipo de bastardos doentes vocês são?—
Seus olhos estavam arregalados de medo, mas se era por causa da minha
indignação ou sua própria consciência, eu não podia dizer. —É um risco que
corremos – é um risco que meu próprio povo corre. Dois deles estão trancados
lá em baixo também, um com cada prisioneiro.—
—Vocês são ainda mais problemáticos do que eu imaginei,— rosnou Marcus. —
A identidade de alguém deve funcionar. A sua funciona?— quando ela
concordou relutantemente, ele arrancou de sua jaqueta. —Os irrigadores devem
ligar. Uma vez que fizerem, nós descemos e os pegamos. É improvável que o
fogo se espalhe para aquele andar, mas as escadas vão estar–—
—Uh, Marcus,— disse Grif inquieto. —Os irrigadores já deveriam ter ligado. Eu
não ajustei o atrasado por tanto tempo.—
Marcus ficou boquiaberto. —O que diabos você está dizendo? Você os sabotou
permanentemente?—
—Não intencionalmente! Era supostamente apenas para durar o suficiente para
instigar a investigação.—
—Então vá lá e de outra olhada!— gritou Marcus. —E traga o guarda do portão
de volta com você.—
Ouvi o suficiente. Mais do que o suficiente. Sydney estava lá em baixo, trancada
em um quarto enquanto um incêndio deflagrava três andares acima dela e
poderia estar a caminho. Eu caminhei até Marcus e tomei a Identificação de
Sheridan dele antes de voltar a ela. —Quantos estão lá em baixo? Você disse
dois prisioneiros e dois funcionários. Mais alguém?—
Ela fez uma contagem rápida dos Alquimistas encurralados. —Todo o m-meu
pessoal está aqui,— ela gaguejou.
—Estamos todos aqui também,— disse Emma. —Seis extras que pegamos do
andar da solitária. Nós invadimos cada cela.—
—Certo,— eu disse. Marchei até para a porta das escadas e a atirei aberta.
Enquanto não estava exatamente enfumaçada, havia uma leve névoa no ar que
não era um bom pressagio para o progresso do fogo. —Eu estou indo pelos
outros quatro. Alguém vem comigo?—
Eu imediatamente senti Eddie do meu lado. —Precisa perguntar?—
Capítulo 17 Sydney
Levou um tempo para eu perceber que o alarme de incêndio tinha disparado.
Primeiro, eu achei que fosse algum tipo de reviravolta nova na tortura.
Diferente do tempo de reflexão, quando os Alquimistas exibiam seu poder nos
colocando para dormir a força, aqueles liderando o assim chamado andar da
persuasão tinha uma grande ênfase em nos manter acordados. A estudiosa em
mim, que vagamente lembrava-se de ter lido artigos sobre técnicas de
interrogação e tortura, entendia isso. Quanto mais privada de sono você está, é
mais provável de escorregar e dizer algo que não tinha intenção. Na reflexão, e
mesmo enquanto vivendo com os outros detentos, nunca me senti inteiramente
descansada, mas o que eu experimentava agora estava em um nível
completamente diferente.
Quando eu não estava sendo torturada e recebendo as mesmas perguntas de
novo e de novo, eu era submetida a luzes cegante e barulhos irritantes para
terem certeza que eu não cairia em nenhum tipo de descanso real. Não havia
necessidade de gás para me impedir de sonhar; nunca cheguei nem perto o
suficiente do sono REM para isso ser um problema. Eu logo perdi a noção do
tempo de novo, e mesmo as refeições irregulares (mais mingau morno) e pausas
para o banheiro me ajudaram com isso.
Eu permaneci resistente, apesar do quão excruciante a experiência era. Eu
continuei com minha história de que eu estava procurando por um jeito de sair
na noite em que fui pega, e me recusei dizer a eles qualquer detalhe sobre a
quanto tempo eu vinha praticando magia e quem havia me ensinado. Não
parecia provável que eles fossem fazer alguma coisa para a Srtª Terwilliger, mas
sem chances eu arriscaria. Eu deixaria eles me dilacerarem antes de eu proferir
seu nome para eles.
Quando o alarme gritando e a luz estroboscópia no canto da sala pararam, me
despertou do estado de cochilo frágil que eu estava curtindo. Aqueles momentos
eram raros, e fiquei triste de o ver terminar, especialmente desde que eu sabia
o que estava por vir. Fora a luz do alarme, o quarto estava na escuridão, então
eu não fazia ideia de quantas pessoas estavam lá até eu ouvir um homem
falando em um telefone ou radio. Seu nome era Grayson, e ele vinha sendo uma
companhia constante na execução das minhas sessões de tortura e
interrogatório – quando Sheridan não fazia pessoalmente.
“Alô?” ele disse. “Aqui é Grayson em P2. Tem alguém ai? É uma simulação?”
Se houve alguma resposta, eu não ouvi. Depois de mais algumas tentativas, eu
o ouvi na porta, como se estivesse tentando abri-la.
“Algo não está de acordo com os planos dos Alquimistas?” eu perguntei. Eu não
tinha certeza se ele tinha me ouvido acima do barulho, especialmente desde que
eu não era capaz de colocar muito volume na minha voz. Mas quando ele falou
de novo, ele estava bem ao meu lado.
“Quieta,” ele mandou. “E reze para que nós realmente saiamos daqui. Não que
eu espere que as suas orações funcionem.”
A tensão em sua voz me disse mais que suas palavras, e eu me esforcei para
colocar meu cérebro apodrecido em foco e avaliar o que estava acontecendo.
Seja lá o que estivesse acontecendo, definitivamente não era parte de nenhum
plano, e Alquimistas odiavam quando seus planos davam errado. A pergunta era:
isso era uma vantagem para mim ou não? As coisas eram tão regimentadas na
reeducação que seria preciso algo extraordinário para realmente bagunça-los…
e Adrian era a pessoa mais extraordinária que eu conhecia.
Depois de Grayson falhar em se comunicar com o lado de fora mais algumas
vezes, eu me atrevi a falar de novo. “Realmente tem um incêndio?”
Alguns daqueles holofotes irritantes ascenderam, um iluminando ele, o outro
brilhando bem nos meus olhos. “Muito provável. E se tiver, nós também muito
provavelmente vamos morrer,” ele disse. Eu podia ver suor em sua testa, e tinha
uma margem de incerteza em sua voz, apesar da recepção fria. Notando minha
leitura minuciosa – e que eu observava suas fraquezas – ele fez uma careta.
“Quem sabe? Talvez no fogo, sua alma finalmente seja purificada de seus –“
Um clique na porta precedeu sua abertura, e Grayson se virou surpreso,
misericordiosamente terminando seu discurso. Eu não podia ver seu rosto, mas
eu meio que desejava poder quando ouvi uma voz familiar dizer, “Sydney?”
Meu coração saltou, e uma esperança que eu não sentia a anos me encheu de
novo. “Adrian?”
Imediatamente, minha esperança esmaeceu. Suspeita nascida de semanas
vivendo em paranoia tomou lugar. Isso era um truque! Tinha de ser um truque.
Eu perdi contato com Adrian. Ele não poderia já ter me encontrado. Ele não
poderia ter invadido aqui. Esse provavelmente era o mais recente em uma longa
lista de truques dos Alquimistas para tentar bagunçar com a minha cabeça… e
ainda, quando eu ouvi sua voz de novo, eu estava certa de que era ele.
“O que diabos você fez com ela?”
Eu queria vê-lo, mas as amarras não permitiam. O que vi foi Grayson puxar o
que parecia uma arma de seu lado e mirar. Isso foi o mais longe que ele
conseguiu antes de a arma literalmente voar de sua mão e desmoronar do outro
lado da sala. Ele ficou boquiaberto com descrença. “Que coisa maligna é –“
Alguém que parecia muito com Eddie entrou atropeladamente na sala escura,
derrubando Grayson de seus pés. Eles caíram fora da minha linha de visão, e
de repente, minha visão estava preenchida com a imagem mais bonita que eu
poderia esperar: Adrian.
Por alguns segundos, aquela duvida me atormentou de novo, de que era apenas
mais uma decepção por parte dos Alquimistas. Mas não, ele estava diante de
mim. Adrian. Meu Adrian, olhando para baixo com aqueles olhos verdes
penetrantes. Eu senti uma aflição no meu peito enquanto emoção
momentaneamente me dominava. Adrian. Adrian estava aqui, e eu me atrapalhei
em encontrar algo para dizer, alguma forma de transmitir todo o amor e
esperança e medo que tinha construído dentro de mim nesses últimos meses.
“Você está de terno?” eu consegui por fim, minha voz sufocando. “Você não tinha
que se produzir para mim.”
“Quieta, Sage,” ele disse. “Eu farei as piadinhas hilárias durante esse resgate
arriscado.” Seus olhos, quentes e cheios de amor, seguraram os meus por um
momento, e eu pensei que derreteria. Então se estreitaram com determinação
enquanto ele se focava nas varias amarras me segurando. “O que em nome de
Deus é isso? Algo da idade média? É preciso de uma chave?” Enquanto isso, no
fundo, Eddie e Grayson continuava jogando um ao outro pela sala.
“Eu nunca vi eles usando uma,” eu disse a Adrian.
Levou algumas tentativas, mas ele finalmente descobriu como desfazer uma
amarra. Uma vez que tinha pegado o jeito, o restante logo se seguiu, e eu estava
livre. Adrian cuidadosamente me ajudou a sentar, bem a tempo de eu ver Eddie
prender Grayson em um dos holofotes. Eddie apontou uma arma atrás da cabeça
dele, o que me surpreendeu de primeira, mas mesmo na luz fraca, eu podia dizer
que havia algo incomum sobre aquela arma.
“Levante,” disse Eddie, erguendo sua vitima. “Lentamente. E coloque as mãos
na cabeça.”
“Eu prefiro morrer queimado a ser prisioneiro de alguma criatura maligna do
inferno!” devolveu Grayson, embora ainda estivesse dominado.
“Fique tranquilo, nós não vamos manter você prisioneiro,” disse Adrian. “Nós
estamos salvando seu traseiro idiota assim você pode se juntar ao resto dos
seus colegas estúpidos.”
Eddie olhou ao redor. “Acha que tem algum tipo de amarra para ele por aqui?”
“Tenho certeza,” eu disse. Comecei a sair da mesa, mas uma onda de tontura
me atingiu. Me virei para Adrian. “Cheque os lados da sala. É onde os
suprimentos estarão.”
Adrian se apressou para olhar e primeiro encontrou algo igualmente útil: um
interruptor mestre de controle que ascendeu as luzes através do quarto. Isso me
fez semicerrar os olhos depois de tanto tempo no escuro, mas a visibilidade
adicional logo o permitiu encontrar prateleiras cheias de suprimentos, incluindo
algumas abraçadeiras de nylon que ele usou em Grayson. Varias químicas e
controles também estavam nas prateleiras, junto com cadeiras e óculos de visão
noturna para que os outros Alquimistas pudessem assistir ao show de tortura
quando as luzes estivessem apagadas. Isso me enjoou, e tive que desviar meus
olhos.
“Você consegue andar?” Adrian me perguntou.
“Eventualmente,” eu disse.
Ele deslizou um braço ao redor de mim, e minhas pernas ameaçaram ceder. Sua
força, me fortaleceu, tanto física quanto mentalmente e fui capaz de fazer um
lento progresso para fora da sala com a ajuda dele. Eddie se movia a nossa
frente, guiando Grayson em um ritmo acelerado. Quando alcançamos os
corredores, onde também tinha alarmes, mas sem sinal de fogo, Eddie virou para
seu prisioneiro.
“Qual é o outro quarto ocupado?” Quando Grayson não respondeu, ele olhou em
seu rosto. “Vamos lá! Estamos tentando salvar o seu colega aqui.”
“Eu prefiro morrer a abandonar meu dever ou pedir sua ajuda.” Rosnou Grayson.
Eddie suspirou e estendeu sua arma para Adrian. “Mantenha nele enquanto eu
checo os quartos.”
Eu tinha bastante certeza de que Adrian nunca tinha usado nenhum tipo de arma
em sua vida, mas ele conseguiu parecer bem convincente enquanto a mantinha
apontada para Grayson. Me encostei contra a parede e assisti enquanto Eddie
scaneava um crachá de identificação em cada porta, a abria, e olhava dentro.
Em sua terceira tentativa, eu o vi precipitar-se em uma sala. Eu não podia ver o
que aconteceu, mas podia ouvir os sons de discussão.
Adrian olhou para mim, uma carranca vincando a testa enquanto ele avaliava
minha aparência desgastada mais de perto. Qualquer avanço que eu tinha feito
depois de deixar o confinamento na solitária tinha provavelmente diminuído com
minha recente captura. “Você não contou a verdade. Todas aquelas vezes que
eu perguntei o que mais eles estavam fazendo com você–“
“Eu não estava mentindo,” eu disse, afastando os olhos.
“Você apenas não me contou,” ele disse. “Quando foi a ultima vez que comeu?”
Fui poupada de uma resposta quando Eddie saiu com outro Alquimista na mira
de uma arma. Dessa vez, Eddie definitivamente tinha uma arma de verdade,
então assumi que ele desarmou o cara na sala.
“Amarra esse cara com a abraçadeira,” Eddie disse a Adrian, “E vá soltar a
garota lá desde que você tem habilidade com essas mesas. Eu não poderia fazer
cara ou coroa nessas mesas.”
Eu dei um aceno encorajando Adrian, que parecia relutante em me deixar.
Depois de atar o segundo Alquimista, Adrian desapareceu na sala. Eu olhei para
Eddie. “Tem certeza que não tem um incêndio? O alarme ainda está disparando.”
“Oh, yeah,” disse Eddie, “Definitivamente tem um incêndio. Nós estamos
contando que não alcance a gente desde que está alguns andares a cima. Pelo
menos, estava.”
Girei suas palavras em minha cabeça, me certificando que tinha as entendido e
não estava apenas confundindo as coisas em meu estado esfarrapado. Eu na
verdade estava bem certa que eu podia cheirar fumaça, mas não estava certa
se era apenas minha imaginação. Mais ou menos um minuto depois, Adrian saiu
do quarto ajudando uma garota um pouco mais velha que eu, vestida nas
mesmas roupas bege que eu. Meu primeiro pensando quando a vi foi: Eu pareço
mal assim? Não, decidi, sem chance. Eu parecia bem mal, eu sabia, mas algo
sobre ela me dizia que ela estava a muito, muito mais tempo que eu. Seu rosto
estava esquelético e pálido abaixo do que parecia pele normalmente bronzeada.
Sua roupa era um número maior, sugerindo que ela perdeu peso considerável
desde quando a pegaram, e seu cabelo preto estava sem vida e com muita
necessidade de uma lavagem e um corte. Ela me lembrou de como eu me
parecia quando sai da solitária, só que dez vezes pior. Eu não estive nesse nível
por tanto tempo e tinha desfrutado do beneficio da comida e do sono pelas
ultimas semanas.
Compaixão brilhou no rosto de Eddie, mas então sua natureza endurecida tomou
lugar. “Vamos. Você consegue ajudar as duas?”
Me desencostei da parede e acenei para afastar Adrian. “Ajude ela. Eu posso
andar, só que lentamente.”
Adrian pareceu incerto, mas estava claro que essa outra garota precisava dele
mais que eu. Eu andei do lado dela enquanto nossa festa estranha se movia pelo
corredor e me encontrei tentando a assegurar sobre uma situação que eu não
sabia nada sobre. “Está tudo bem,” eu disse. “Vai ficar tudo bem. Nós vamos tirar
você daqui. Qual o seu nome?”
Seus olhos escuros olharam fixamente para frente, e me perguntei se ela sequer
tinha me ouvido. Talvez ela tenha sobrevivido a tortura por tanto tempo
desligando as vozes humanas. “Ch-chantal,” ela disse. Sua voz mal era um
sussurro, e eu não teria sido capaz de ouvir acima do alarme se eu não tivesse
inclinada perto dela.
“Chantal…” engasguei. “Eu acho que conheço você. Quero dizer, eu sei sobre
você. Eu conheço Duncan. Ele é meu amigo.”
Uma fagulha pequena, mal perceptível de vida apareceu em seus olhos.
“Duncan? Duncan está aqui?”
“Yeah, ele está esperando por nós.” Eu olhei questionando para Adrian enquanto
falava, e ele acenou confirmando, me encorajando. “Você logo o verá. Ele vai
ficar feliz em te ver. Ele sente muitas saudades sua. Ele não fazia ideia de que
você estava aqui esse tempo todo.”
Um arrepio me percorreu com as minhas próprias palavras. Esse tempo todo.
Duncan tinha dito que os Alquimistas a levaram há um ano. Ela estava na área
de “persuasão” por todo esse tempo? Isso era aterrorizante. Por isso ela parecia
do jeito que estava. E ainda, o fato de ela ter sobrevivido aquilo e aparentemente
ainda ser ameaça o suficiente para ainda ser mantida presa falava muito sobre
seu personagem. Talvez eu e ela devêssemos ficar lisonjeadas por estar nesse
clube exclusivo.
Eddie nos guiou para as escadas, e tudo pareceu limpo até abrirmos a porta e
sair no andar das solitárias. Uma parede de fumaça nos atingiu, pesada e nociva,
bloqueando o caminho entre nós e o centro de controle onde ficava a saída. Ele
fez uma careta. “Eu não esperava que se espalhasse aqui para baixo tão rápido
– especialmente se não está nas escadas.”
Nenhum de nós falou imediatamente, incerto sobre o que fazer. Foi uma
surpresa quando Chantal foi a primeira a comentar.
“É a forma que a ventilação foi criada,” ela murmurou. “Onde é o fogo?”
“No andar de vivencia,” disse Adrian.
Ela franziu a testa pensando e parecia estar vindo mais e mais a vida com cada
segundo passado. “Então é provavelmente só fumaça. Claro… Eu não devia
dizer ‘só.’ Pessoas com frequência pensam erroneamente que apenas o fogo em
si é perigoso, quando fumaça se prova tão letal quanto.”
“Você é realmente uma Alquimista,” disse Adrian, com um sorriso torto. O que
foi interrompido com a fumaça que se aproximava e ele começou a tossir.
Eu fui para frente, ainda instável sobre meus pés, mas relutante em fazer menos
do que meus amigos fizeram por mim hoje. Não muito tempo atrás, eu trabalhei
em feitiços de invisibilidade e encantos elementares… mas isso tinha sido depois
de algumas semanas de descanso moderado uma dieta aceitável. Poderia eu
fazer o que eu queria fazer agora, depois de ficar em um estado físico tão
danificado? Mais uma vez, eu não tinha componentes para o feitiço para me
ajudar com a mágica. Era tudo minha vontade e palavras. Pensando de volta em
meu trabalho conjurando ar para a tinta de sal, eu chamei por aquele elemento
agora e ergui minha mão. Uma brisa muito, muito fraca foi adiante e lentamente
começou a empurrar a fumaça para longe de nós. Foi um processo meticuloso
desde que eu não me atrevi a conjurar nada mais forte, correndo o risco de
alimentar um incêndio não visto nesse andar. Foi muito mais exaustivo do que
eu esperava. Mesmo depois de eu estar na metade, minhas pernas começaram
a tremer, e eu tive que usar minha outra mão para me apoiar contra a parede.
Os dois Alquimistas me assistiram com nojo e provavelmente teriam feito o sinal
contra o mal se suas mãos não estivessem amarradas.
Pelo menos, a fumaça foi afastada, abrindo nosso caminho para a sala de
controle. Adrian ignorou meu argumento de que eu estava bem e me agarrou
com um braço, enquanto continuava apoiando Chantal com o outro. Eddie
parecia que queria ajudar, mas não se atreveu baixar a guarda com Alquimistas
amarrados. Ele os mandou para a sala e então para a misteriosa porta que eu
vislumbrei em minha investigação noturna. Outra escada nos levou para cima…
… e eu vi a luz do sol pela primeira vez em quatro meses.
Eu estava tão atordoada que parei de andar, fazendo Adrian tropeçar. Do outro
lado dele, os olhos de Chantal estavam igualmente arregalados enquanto ela
também olhava para a luz do sol passando pela única janela pequena da sala.
Nuances de dourado e laranja sugeria que estava próximo do pôr do sol.
“Lindo,” eu murmurei.
“Eu concordo,” Adrian disse, e eu vi que seus olhos estavam em mim.
Dei a ele um sorriso, desejando que eu pudesse dizer mais, mas a sala estava
muito cheia de outras preocupações. Como a equipe inteira de Alquimistas da
reeducação escolhida em um canto, com Marcus, Trey, e outro cara em pé acima
deles.
“Onde está todo mundo?” perguntou Eddie.
“Onde está Duncan?” perguntou Chantal.
“Eu pedi a Sheila para leva-los para a casa segura,” disse Marcus. “Achei melhor
tira-los daqui.” Ele me mostrou seu sorriso de estrela de cinema. “Bom te ver na
vida real, Sydney.” Apesar de seu sorriso ensolarado, eu tinha pego um brilho
fugaz de raiva em seus olhos. Como Adrian, ele também havia notado minha
aparência suja.
“Casa segura?” assobiou Sheridan. Eu não havia a notado imediatamente. “Você
realmente acha que tenha algum lugar seguro que possam ir onde nós não–“
Suas ameaças foram interrompidas quando uma Chantal tremendo de repente
se soltou de Adrian e tentou atacar Sheridan. “Você!” Gritou Chantal. “Você fez
isso comigo! Sempre foi você, não importa quem estivesse fazendo. Você dava
as ordens.” Havia uma desesperada, natureza animalesca nela, e eu senti uma
angustia em meu peito enquanto eu ponderava se eu teria ficado do mesmo jeito
se eu tivesse sido presa por tanto tempo.
Seu ataque não foi muito longe, já que os outros Alquimistas fecharam o cerco
ao redor de Sheridan. Eu me apressei adiante, ainda fraca, e tentei puxar Chantal
de volta o mais gentilmente que pude. “Acabou,” eu disse. “Deixa pra lá.”
“Você sabe o que ela fez!” O odio e a dor no rosto de Chantal eram um espelho
para algumas das minhas próprias emoções obscuras que eu também tinha
trancadas dentro de mim, mas que ainda tinham que ser liberadas. “Você sabe
que monstro ela é!”
“Nós não somos os monstros nesse mundo,” assobiou Sheridan. “Nós
combatemos eles, e você traiu seu próprio povo.”
Chantal se lançou novamente, e dessa vez, Adrian me ajudou. “Acabou,” insisti.
“Ela não pode mais machucar você.”
“É isso que você acha, Sydney?” Um sorriso de escarnio marcava as feições
amáveis de Sheridan. “Você realmente acha que pode escapar de tudo isso?
Não há lugar que você possa ir. Não há lugar que nenhum de vocês possa ir,
mas você especialmente, Sydney. Isso é sua culpa, e nenhum Alquimista vai
descansar até nós a caçarmos e–“
Mais uma vez, seu momento dramático foi interrompido, desse vez pelo silencio
do alarme de incêndio e o sistema de irrigadores disparando. “Ora, ora,” disse
Marcus, enquanto todos nós nos encharcávamos de água. “Acho que Grief os
colocou para funcionar.”
“Nós devíamos dar o fora daqui,” disse o ex-Alquimista que eu não conhecia.
“Mesmo que os reforços deles estejam à milhas de distancia, as chances são
boas de alguém conseguir um telefone e ligar.”
Marcus acenou em concordância. “Vamos apenas garantir que este lote esteja
contido.”
“Aqui,” disse Adrian. Ele esvaziou o bolso do paletó com algumas dúzias de
abraçadeiras de nylon. “Eu achei que algumas extras pudessem ser uteis.”
Trey e o sócio de Marcus amarraram todos os Alquimistas, e o próprio Marcus
coletou todas as armas que pode encontrar. “Sem chance de eu deixar isso aqui.
Nós vamos levá-las e destruí-las.” Ele inspecionou o trabalho de sua equipe e
acenou satisfeito. “Vamos pegar a estrada.”
Me virei para seguir, mas a voz de Sheridan me fez parar. “Não há lugar que
você possa ir!” ela gritou. “Você não pode apenas sair disso.”
Eu olhei de volta, mas antes que eu pudesse responder, algo pequeno chamou
minha atenção. Na briga com Chantal, os dois botões de cima da camisa de
Sheridan desabotoaram. Eu dei passos largos a diante e estiquei minha mão em
direção a ela, fazendo-a se encolher. Sem duvida ela pensou que eu igual lançar
um feitiço nela. No lugar, eu arranquei o colar de Adrian de seu pescoço.
“Isso,” eu disse, “é meu.”
“Você não merece isso,” ela sibilou. “Não pense que acabou. Você só substituiu
Marcus Finch como o Alquimista mais procurado.”
Eu não respondi e simplesmente prendi a cruz ao redor do meu próprio pescoço.
Com isso, me virei e segui meus amigos para fora sem olhar para trás.
Pôr do sol ou não, estava escaldante do lado de fora, e nossas roupas molhadas
de repente se tornaram uma benção. “Onde estamos?” perguntei.
“Death Valley,” disse Marcus. “Você não pode dizer que os Alquimistas não têm
gosto pelo dramático.”
“Isso, ou a terra era barata,” eu disse.
Trey me surpreendeu me engolfando em um abraço gigante. “Você não tem ideia
do quanto eu senti sua falta, Melbourne.”
Senti meus olhos marejarem com lagrimas. “Senti sua falta também… obrigada
por isso. Eu não sei como retribuir.”
“Sem retribuição necessária,” uma pequena careca cruzou suas feições
enquanto ele me examinava. “Exceto talvez descansar e comer algo.”
Outro abraço me engoliu quando Marcus tomou sua vez. “Supercampeã,” ele
disse, sorrindo para mim. “Me substituindo na lista deles.”
Eu sorri de volta, escondendo o quanto as palavras de Sheridan estavam
verdadeiramente sendo levadas para casa comigo. “Obrigada, Marcus. Me
desculpa pela vez em que eu falei que você só falava e não agia.” Eu gesticulei
ao nosso redor. “Isso… isso é uma ação bem grande.”
“Yeah, bem, você foi mais do que um pouco de inspiração para mim e os outros,”
ele disse. “E provavelmente para muitos dos que tiramos daquele lugar também.”
Eddie ficou por ultimo, e enquanto mediamos um ao outro, as lagrimas pairando
em meus olhos finalmente se derramaram.
“Eddie, me desculpe por ter mentido para você naquela noite.”
Ele balançou a cabeça e me puxou para ele. Eu ouvi lagrimas engasgarem sua
voz. “Me desculpe por não ter conseguido para-los. Me desculpe por não ter sido
proteção o suficiente.”
“Oh, Eddie.” Eu disse, fungando. “Você é a melhor proteção. Ninguém poderia
ter um guardião melhor que você. Ou um amigo melhor.”
Até Marcus pareceu tocado. “Pessoal, eu odeio interromper, mas nós
precisamos sair daqui. Nós podemos rir e chorar no ponto de encontro.”
Enxuguei meus olhos e dei em Eddie um ultimo, rápido abraço. “Me faça um
favor,” eu disse a ele. “Volte para Jill.”
“Claro,” ele disse. “Eu vou tão logo todos estiverem a salvo. Ela é meu dever.”
“Eu não quero dizer voltar para ela porque ela é sua tarefa. Volte para ela porque
você a ama.”
Seu queixo quase caiu. Eu acho que ninguém nunca o intimou dessa forma, mas
depois do que passei, sutilezas e rodeios com a verdade de repente parecia
como desperdício de um tempo valioso. Eu voltei para me juntar a Adrian, e o
cara chamado Grief segurava um maço de chaves.
“Eu trouxe o Mustang enquanto estava fora. Quem vai dirigir?”
“Nós vamos,” eu disse, surpreendendo a todos. Peguei as chaves dele. “Isso é…
vocês têm outro carro?”
“Um Pirus,” disse Adrian tristemente.
Eu fiz uma contagem mental, verificando se todos caberiam, e então coloquei o
que eu esperava ser um sorriso apaixonado. “Está tudo bem se Adrian e eu
dirigirmos separadamente e encontrarmos o resto de vocês lá? Eu… gostaria de
algum tempo sozinhos.”
“Não vai ter lugar para as pernas naquela coisa,” exclamou Trey. Mas então ele
olhou para mim, e sua expressão suavizou. “Mas longe de mim entrar no
caminho do amor verdadeiro. Sofrerei por sua felicidade, Melbourne. Como
sempre.”
Adrian pegou uma bolsa do Prius e então deu as chaves para Marcus. Em troca,
Marcus me presenteou com algo inesperado. “Eu tinha feito essas pra você há
um tempo,” ele explicou. “Leve-as agora, apenas no caso. Vou conseguir
algumas para os outros detentos também.”
Ele me estendeu duas licenças de motorista. Uma era minha original de Utah, a
qual eu mal usei em Palm Spring enquanto vivia como Sydney Melrose. Fiquei
maravilhada de ele ter conseguido uma copia do DMV *(Departament of Motor
Vehicles: Departamento de Veículos motorizados). Mas isso não foi nem de perto
tão chocante quanto à segunda licença, uma falsa de Maryland com o
pseudônimo mais inesperado.
“Sério?” Perguntei. “Misty Steele?”
Marcus deu de ombros. “Foi sugestão de Adrian.”
Eu dei um rápido abraço de agradecimento em Marcus. Uma coisa que
aprendemos junto aos Alquimistas era que quando tentamos nos misturar com
o mundo moderno, identificações eram criticas. Boas Identidades falsas eram
difíceis de achar, mas o trabalho na de Misty Steele era incrível. Ele e os outros
entraram no carro, e Eddie me lançou um ultimo sorriso de despedida que quase
me fez chorar de novo.
“Eu nunca pensei que veria Castile ser levado às lágrimas,” disse Adrian
enquanto ligava o Mustang. “Isso realmente o atingiu com tudo. Infernos, isso
atingiu a todos nós com tudo. Mas ele realmente se castigou por isso. Ele nunca
se perdoou por você ter o enganado.”
“Vamos esperar que ele possa,” eu disse, colocando meu sinto de segurança.
“Porque está prestes a acontecer de novo. Nós não vamos encontrar eles na
casa segura.”
Capítulo 18 Adrian
Por um momento, havia uma parte de mim que estava um pouco mais
apaixonado por ela do que nunca. Você tem de admirar uma mulher que sai
andando de condições, incrivelmente terríveis e executa mágica sem perder o
ritmo, sem mencionar ter se mantido forte encarando seus torturadores. Outra
pessoa teria desmoronado ou imediatamente começado contar sua terrível
experiência. Mas, não. Sydney não estava apenas pronta para ação, ela também
estava pronta para desafiar com cuidado, bom senso, e planos seguros.
Era admirável. E também, fora de questão.
“Sydney, não. Marcus tem tudo sob controle. O que nós fizemos lá? O plano que
se desenrolou? Inferno, Eddie e eu fomos bons substitutos, mas a maior parte
do plano… foi tudo Marcus, toda sua perspicácia. Ele procurou por esse lugar
que vamos nos encontrar. É seguro até ele encontrar um jeito de esconder todos
nós pelo mundo.” Quando ela ainda pareceu teimosa, eu adicionei. “Isso é o que
ele faz. Ele esconde outros. Ele se esconde! Ele sabe o que está fazendo.”
“Ele esconde algumas pessoas por vez, Adrian,” ela disse calmamente. “Nunca
mais de uma dúzia. Não vai ser fácil, e vai levar um tempo antes que ele consiga
os distribuir. Essas pessoas recém-saídas da solitária não podem ficar por conta
própria! Elas precisam de orientação, não apenas um lugar para se esconder.
Ele terá um trabalho bem difícil com eles, eu sou uma suscetibilidade.”
Do outro lado do estacionamento, eu vi o Pirus saindo. Eu sabia onde o local de
encontro era, mas nós precisaríamos seguir logo. “Sydney você não é uma
suscetibilidade. Você é razão principal dele ter colocado em pratica toda essa
operação e os resgatar.”
“E agora eu estou os colocando em perigo,” Ela olhou para mim, seus olhos
castanhos tão sérios enquanto o pôr do sol os iluminava. “Adrian, você ouviu
Sheridan. Se eles conseguirem sequer uma pista do meu paradeiro, os
Alquimistas vão usar tudo o que eles têm em mim – e isso colocará os outros em
risco se eu tiver com eles. É mais seguro para eles se você e eu seguirmos
sozinhos. Nós teremos mais facilidade desaparecendo se for só você e eu de
qualquer forma.”
Agora aquele era um argumento convincente, muito além da segurança dos
outros. Não dizendo que eu seja um bastardo com coração de pedra que não
me importava com eles – porque eu me importava. Eu odiava o que eles haviam
passado. Mas minha primeira e maior prioridade sempre foi Sydney, e era de se
levar em conta duas pessoas desaparecendo em vez de vinte. A pergunta era,
ter um plano sólido compensava os números? Porque agora mesmo, um plano
era a única coisa que estávamos deixando passar.
“Para onde você propõe irmos?” eu perguntei por fim.
“Eu não sei,” ela admitiu. “Primeiro nós precisamos colocar alguma distancia
entre nós e esse buraco do inferno. Eu terei que pensar onde o lugar mais seguro
seria – dentro ou fora dos Estados Unidos. E eu não estou dizendo que nós
nunca vamos ter a ajuda de Marcus de novo. Nós podemos muito bem precisar.
Mas nos separando pode significar que os Alquimistas nos persigam em vez de
perseguir ele.”
“Você quer isso?” eu perguntei incrédulo.
“Não, claro que não. Eu não quero que eles sigam nenhum de nós. Mas se eles
fizerem, eu tenho fé de que você e eu possamos despista-los com mais facilidade
do que os outros.” Ela franziu a testa pensando. “Okay, você nos coloca na
estrada, e me deixa ver seu telefone.” Eu o estendi e fui para a estrada, mais do
que feliz de estar indo para longe desse lugar. “Para onde ele está os levando?”
“Sul. Em direção ao México, embora planejamos nos encontrar de novo a cerca
de uma hora de Death Valley. Ele não sabe se vai cruzar a fronteira ou não, mas
tem um lugar perto onde ele vai se esconder.”
Ela acenou e scaneou algumas coisas no meu telefone antes de abaixa-lo. “Ok,
então vamos para o Norte. Nordeste, na verdade.” Eu não conseguia vê-la com
meus olhos na estrada, mas eu podia ouvir um sorriso em sua voz. “Você
continua bom no pôquer?”
“Por que? Você finalmente vai jogar estripe pôquer comigo? Eu só pedi umas
cem vezes.”
“Sem tal sorte. Ainda. Mas nós vamos precisar de algum dinheiro, e Nevada é
logo além da esquina. Aposto que tem casinos assim que cruzarmos a fronteira.”
“Eu sei que tem,” eu disse a ela. “Eu dirigi por aqui duas vezes essa semana. Eu
não tenho muito a oferecer como aposta, então se você está esperando por uma
fortuna durante a noite, não posso ajudar.”
“Eu fico com um quarto de hotel, jantar, e mudança de roupas.”
“Isso eu posso fazer. Embora…” eu dei um olhar de esguelha a ela. “Pensei que
você não aprovasse eu usar espirito para jogar cartas?” eu não podia ler a mente
das pessoas, claro, mas ver auras era quase tão bom quanto. Eu sempre podia
dizer quem estava blefando e quem estava falando a verdade.
Ela suspirou e se encostou de volta no banco. “Não aprovo. Ou você usar espirito
para qualquer coisa. Mas essas são meio que circunstâncias incomuns que
estamos encarando. Talvez uma vez que tudo isso tenha acabado, e nós
estivermos estabelecidos, você possa voltar para as pílulas.”
“Você não estaria comigo agora se eu tivesse continuado com aquelas pílulas,”
eu disse quietamente.
“Eu sei… e você sabe que eu sou grata. O problema com o espirito é um que
teremos que lidar de novo alguma hora, mas…”
“Agora nós temos problemas maiores?” terminei.
“Nada é maior para mim do que você,” ela disse firmemente. “Como vem se
sentindo? Você disse que parou com as pílulas logo quando eu fui levada. Como
foi isso? Você parece que está indo bem, como se tivesse as oscilações de
humor sob controle.”
Havia uma nota de esperança em sua voz, e eu não poderia suportar dizer a ela
que a razão de eu ter as oscilações de humor sob controle era porque foram
substituídas pela alucinação da minha tia morta.
“Eu estou vivo e bem aqui, não estou?” eu disse levianamente. “Não tente mudar
de assunto. Você passou por um inferno de coisas muito mais do que eu.”
“Nós não precisamos falar sobre isso agora,” ela disse.
Nós caímos em silencio, ambos guardando nossos segredos sobre o que
sofremos na ausência do outro. Eu ponderei se estávamos tentando proteger um
ao outro ou simplesmente não queríamos admitir nossos próprios medos e
fraquezas. Não que eu pensasse que Sydney fosse minimamente fraca. Mas eu
vi sua aura quando estávamos no centro de reeducação, ao redor dos outros
Alquimistas, e definitivamente havia uma borda de medo rodeando ela e os
outros detentos. Eu sabia que ela provavelmente pensava que aquilo era uma
falha.
“Bem,” eu disse, tentando anima-la. “Pelo menos abra seus presentes.”
“Você me comprou um presente de ‘parabéns por ter saído da reeducação’?” ela
perguntou.
“Não exatamente. Veja a sacola que está ali.”
Ela viu, exclamando de surpresa quando abriu. “Meu Deus! Se eu tivesse esses
amuletos na reeducação, teria feito as coisas muito mais – Hopper!”
Com o canto do meu olho, eu a vi erguer o pequeno dragão dourado. Quando
falou de novo, eu pensei que ela começaria a chorar.
“Oh, Hopper. Eu pensei nele, você sabe. Me perguntei o que teria acontecido
com ele o que ele devia e estar passando…” Ela começou a dizer palavras de
um feitiço e então parou. “Ele vai estar com fome. Vamos esperar até
conseguirmos comida. Eu não me importaria com uma refeição real.”
“Isso eu posso fornecer mesmo sem bater algumas mesas de pôquer,” eu disse
a ela. “Você está no humor para que? Bife? Sushi? Diga, e é seu.”
Ela riu. “Nada tão chique para mim. Eu não acho que meu estomago possa
aceitar bem depois –“ sua risada esvaneceu.
“Depois de que?” perguntei tranquilamente.
“Depois,” ela disse. “Vamos falar sobre isso depois.”
Suspirei. “Assim continuamos dizendo. Quando vai ser depois?”
“Quando estivermos a mais do que alguns minutos da base Alquimista,” ela
devolveu. “Nós precisamos focar nessa Fuga.”
Ela tinha um ponto. Mas não significa que eu gostava. De fato, me incomodou
mais e mais enquanto a viagem continuava, não saber a extensão completa do
que ela passou. Ela foi rápida em dizer que me amava e que sentiu minha falta
e que nada a fazia mais feliz do que estar comigo de novo. Eu acreditava em
tudo aquilo, mas não significava que eu podia deixar o passado para lá.
Tia Tatyana sussurrou: Tem certeza que isso é verdade? Talvez você não queira
de verdade saber o que aconteceu com ela. Você viu um vislumbre de como era
lá. Você quer confirmação das atrocidades que ela sofreu?
Se Sydney foi capaz de suportar, então o mínimo que eu posso fazer é ser capaz
de escutar. Silenciosamente devolvi. E ainda… me perguntei se a assombração
da minha tia tinha razão.
Atravessamos para Nevada a cerca de uma hora e meia mais tarde, sem sinal
de perseguição. Nós, no entanto, recebemos uma ligação de Marcus bem
quando estávamos entrando em um pequeno hotel com um casino anexo.
“Vocês se perderam?” Ele não soou exatamente com raiva, mas algo em seu
tom me disse que ele sabia perfeitamente bem que nós, de fato, não nos
perdemos.
“Mais como pegamos um desvio,” eu disse alegremente.
Ele grunhiu. “Adrian! Nós discutimos isso! Tudo correu perfeitamente até agora.
Por que você se quer pensaria em desviar do plano?”
“Um, porque é assim que fazemos?”
Sydney pegou o telefone de mim antes que eu pudesse oferecer mais alguma
explicação convincente. Ela usou os mesmos argumentos que usou comigo,
embora Marcus não fosse seduzido por seus lindos olhos como eu fui. Era claro
que ele não tinha ganhado no fim da ligação, e Sydney finalmente terminou com
um vago, “Manteremos contato.”
Eu me ofereci para lava-la para um jantar agradável, mas ela não queria ir nem
até a mesa da frente do hotel em suas roupas caqui, muito menos em uma
refeição publica. Fiz o check in e descobri que eu tinha dinheiro o suficiente para
uma pequena suíte. Não era nada glamoroso – certamente nem de perto tão
elegante quanto o lugar que ela e eu ficamos quando nevou na Pensilvânia –
mas tinha um quarto separado e banheiros maiores do que os quartos de hotel
normais. Talvez eu não soubesse de todos os detalhes sobre o que ela passou,
mas eu sabia o suficiente para dizer que ela precisava de algo aprimorado.
O olhar em seu rosto quando ela sentou na cama confirmou tanto quanto. Aquilo
era apenas médio para mim, mas pelo seu suspiro de prazer, você pensaria que
era feita de penas de asas de anjos. Ela se esticou e fechou os olhos.
“Isso. É. Glorioso.” Ela declarou. Me estendi ao seu lado e senti meu peito inchar
de alegria. Uma vez, pensei que se eu estivesse na cama com ela, haveria
apenas uma atividade que eu iria querer, mas honestamente, agora? Eu tinha
muita certeza que não havia contentamento maior do que vê-la segura e feliz
dentro do alcance dos meus braços. Depois de tanto tempo separados, só sua
presença era um milagre.
“Tem um shopping center do outro lado da rua,” eu disse. “Você pegar alguns
coisas para gente… a menos que você queira vir comigo? Me preocupo em te
deixar sozinha. …”
Ela balançou a cabeça. “Vou ficar bem. Além disso, tem um amuleto da sacola
da Srta. Terwilliger que poderia explodir um buraco naquela parece. Apenas de
apresse de volta.”
Eu tinha toda a intenção. Corri para o outro lado da rua, só percebendo na
metade do caminho que eu estava violando regras básicas da segurança Moroi
ficando do lado de fora de noite em uma área estranha. Inferno, nós erámos
ensinados desde jovens de que sair sozinho de noite em uma área conhecida
era perigoso. Eu nunca imaginei que chegaria a um ponto em minha vida onde
Strigoi não era mais minha primeira prioridade quando se tratava de segurança
pessoal.
Eu despi Sydney vezes o suficiente para saber seu tamanho e comprei a ela
algumas roupas básicas e produtos de higiene pessoal. Em uma loja de comida
vizinha, eu optei por sanduiches de peru e uma variedade de pequenos
aperitivos, esperando que fosse leve o suficiente depois de seja lá o que for que
seu estomago tinha passado. Eu me retirei de lá, desde que ainda precisava de
dinheiro para o jogo de pôquer. Toda a viagem de ida e volto durou cerca de
vinte minutos, mas quando voltei para o hotel, Sydney não estava na sala da
suíte ou no quarto. Meu coração parou. Me senti como alguém em um conto de
fadas, que acabou de acordar para perceber que tudo que pensou ter ganhado
era apenas um sonho, caindo aos pedaços para poeira estelar diante de seus
olhos.
Eu notei então que a porta do banheiro não estava fechada completamente e
que a luz estava acesa. Eu hesitei do lado de fora. “Sydney?”
“Entre,” ela disse.
Eu abri a porta e quase fui derrubado com o cheiro excessivo de essência de
jasmim. Sydney estava na banheira, coberta quase até o pescoço com bolhas,
e o cômodo parecia uma sauna. “O quão quente está esse banho?” perguntei,
de olho no vapor pairando no ar.
Ela riu. “Tão quente quanto consegui deixar. Você não sabe quanto tempo faz
desde que estive verdadeiramente, aquecida.” Um braço se estendeu e pegou
um pote de plástico com o logo do hotel. “Ou cheirei como algo… bonito. Tudo
era tão estéreo na reeducação, quase com cheiro medicinal. Eu meio que
enlouqueci com essa coisa e usei o pote todo.”
“Vamos pedir que mandem mais se você gostou tanto assim.” Eu ergui o pote e
li rótulo. Era apenas um gel de banho barato. “Ou conseguir para você um
perfume real de jasmim quando eu tiver meus ganhos com o pôquer em mãos.”
“Você não entende,” ela disse, afundando um pouco mais na espuma. “Depois
do que eu passei… Essa coisa está no nível mais alto do luxo. Eu não preciso
de nada mais chique.”
“Talvez pudéssemos conversar sobre o que você passou,” sugeri. “Você pode
me ajudar a entender.”
“Outra hora,” ela disse evasivamente. “Se você trouxe comida, eu prefiro isso
agora.”
“E deixar seu caldeirão fervendo para trás?”
“Haverá mais banhos,” ela disse simplesmente. “E eu já consegui depilar minhas
pernas, o que era a metade do meu objetivo. Quatro meses. Ugh.”
Ela então se levantou sem aviso, me presenteando com a visão de seu corpo,
nu exceto por algumas espumas agarradas e punhados de vapor. Isso aqueceu
meu coração – e meu sangue – de que as coisas tinham ficado as mesmas o
suficiente para ela não se sentir autoconsciente perto de mim. Eu tive de
trabalhar para deixar o choque fora do meu rosto, no entanto. Tinha notado que
ela perdeu peso quando a tiramos da base, mas eu não tinha percebido a
extensão disso até agora. Eu podia praticamente contar suas costelas, e até ela,
com seu histórico de controle obsessivo de peso, tinha de saber que excedeu de
longe limites saudáveis.
“Não é o que esperava, huh?” ela perguntou em uma voz triste.
Eu enrolei uma toalha em volta dela e a puxei para perto de mim. “Eu esperava
ver a mulher mais linda do mundo, sentir meu coração pular uma batida em sua
presença, e querer carrega-la para a cama para uma noite que nenhum de nós
esquecerá. Então para responder sua pergunta, eu consegui exatamente o que
eu esperava.”
Um sorriso separou seu rosto, e ela se inclinou para mim. “Oh, Adrian.”
No outro quarto, eu mostrei para ela minhas compras, e ela riu enquanto as
examinava, pausando para levantar uma camiseta fúcsia. “Você já me viu
usando essa cor?”
“Não,” eu disse. “E já passou da hora, especialmente depois daquilo.” Apontei
para a pilha das roubas caqui no chão. “As quais vamos queimar.”
Ela riu de novo, e foi o som mais esquisito que eu já ouvi. Ela ficou com a
camiseta fúcsia e um par de shorts brancos. “Você é o melhor,” ela me disse.
Eu logo descobri que não era o único em seu coração, no entanto, quando
sentamos para comer nosso jantar. Ela conjurou Hopper de seu estado inerte, e
lagrimas derramaram de seus olhos quando ele se transformou de uma estatua
rígida brilhante para uma criaturinha, amorfa com escamas que estava quase tão
magra quanto ela. Ela o embalou contra o peito e o balançou, dizendo a ele o
tipo de coisas sem sentido que pessoas usam para confortar animais de
estimação e crianças pequenas. Ela disse para ele de novo e de novo que tudo
ficaria bem agora, e eu quase me perguntei se estava confortando a si mesma
tanto quanto a ele. Ela continuava tirando pequenos pedaços de seu sanduiche
de peru e estava na metade quando eu finalmente percebi o que estava
acontecendo.
“Hey,hey,” eu disse. “Guarde um pouco pra você.”
“Ele está com tanta fome,” ela disse. “Ele não consegue nem fazer aquele som
de choramingo que normalmente faz quando quer comida.”
“E essa camiseta extra pequena continua muito grande em você. Termine o seu
sanduiche, e ele pode ficar com as minhas cascas.”
Ela relutantemente o entregou, e eu jurava que Hopper me olhava por ter privado
ele da atenção dela. Eu amava o carinha também, mas sem chance de ele
receberia tratamento preferencial de Sydney. Ela comeu o resto do sanduiche
sob meu olho vigilante, mas não tocou em nenhuma das barras de chocolate
sortidas que eu trouxe, não valia minha insistência. Eu honestamente teria
gostado de vê-la comer todas, mas eu sabia melhor do que apontar o quanto ela
precisava de açúcar e gordura.
Hopper adormeceu depois disso, e eu pensei que Sydney iria também. Em vez
disso, ela me convidou para o quarto e me puxou para a cama com ela. “Tem
certeza que não precisa descansar?” perguntei.
Ela envolveu os braços ao redor do meu pescoço. “Eu preciso de você.”
Nossos lábios se encontraram no primeiro beijo de verdade desde quando ela
foi levada. Isso me incendiou, me lembrando do quão agonizantemente eu sentia
falta dela. Eu queria mesmo dizer o que eu disse a ela: Não importava o quão
magra ela tinha ficado. Ela ainda era a mulher mais linda do mundo para mim, e
não havia ninguém que eu quisesse mais. Não apenas isso, não tinha mais
ninguém que eu sentia que a presença fosse mais certa. Mesmo no meio da
nossa fuga de Death Valley e nos situarmos nessas condições incertas, havia
uma certeza confortável só de estar com ela, não havia nada que não pudesse
ser feito.
Eu trilhei beijos por seu pescoço e mentalmente retirei o que eu disse sobre o
gel de banho ser barato. A mistura do Jasmim com seu perfume natural era
intoxicante, muito melhor do que qualquer perfume que eu tenha dado a ela.
Suas pernas pareciam seda sob meu toque, e eu estava surpreso com o quão
rápido meu desejo por ela cresceu – ainda mais surpreso com o quanto o dela
cresceu também. Eu me preocupei que pudesse ser muita coisa, muito rápido,
mas quando eu tentei dissuadir ela de novo, ela apenas me puxou mais para
perto.
“Você não entende,” ela murmurou, correndo uma de suas mãos pelo meu
cabelo. “Você não entende o quanto eu preciso disso, o quanto eu preciso de
você e me lembrar de que estou viva e apaixonada. Eles tentam tirar isso de
você naquele lugar, mas eu nunca esqueci. Eu nunca esqueci você, Adrian, e
agora que você está aqui, eu…”
Ela não conseguiu terminar, e não precisava. Eu sabia exatamente o que ela
queria dizer. Nos beijamos de novo, o tipo de beijo que nos ligava em um jeito
que era muito mais do que físico. Eu estava tentando tirar sua camiseta quando
ela de repente parou e perguntou sem fôlego. “Você pegou alguma coisa na loja,
certo?”
Meu cérebro estava muito desorientado com luxuria e pensamentos sobre ela
para processar completamente o que ela estava dizendo. “Huh? Eu peguei um
monte de coisas.”
“Proteção,” ela disse significativamente. “Não tem uma farmácia do outro lado da
rua? Maiores chances lá do que em outro lugar.”
“Eu – oh. Esse tipo de coisa. Uh, não, não peguei. Acho que esqueci.”
Antes de Sydney ser levada, ela tomava pílula, e eu nunca tinha que pensar em
controle de gravidez. Acho que ela preferia desse jeito, não confiando realmente
em ninguém além de si mesma para lidar com um assunto de tal importância.
Suspirei.
“Eu não ganho pontos por estar mais preocupado em te alimentar e te vestir em
cores vibrantes do que te levar para cama?”
Ela deu um beijo leve em meus lábios e sorriu. “Você ganha vários pontos. Mas
infelizmente, você não ganha isso.”
Me inclinei sobre ela e afastei fios dourados de seu rosto. “Você sabe o quão
despedaçado eu estou agora? Quero dizer, estou desapontado, obviamente…
mas ao mesmo tempo, eu estou apaixonado por você ainda mais por continuar
cuidando de si meticulosamente, apesar de tudo que aconteceu.”
“Mesmo?” Ela mudou de posição, então eu pude descansar minha cabeça em
seu peito. “Minha natureza meticulosa e cuidadosa é o que você ama?”
“Tem tanta coisa para amar, Sage. Quem pode acompanhar?”
Mesmo frustrante ser inesperadamente barrado da consumação física, eu ainda
me encontrava naquela sensação de mais cedo de alegria que vinha só de estar
perto dela. Eu queria sexo? Claro, mas eu a queria mais – sua presença, sua
risada, seu espirito. Os hormônios agitados em meu corpo logo se aquietaram,
e eu encontrei êxtase mais que o suficiente apenas deitando em seus braços. E
quando ela adormeceu logo depois, e eu tive a sensação de que meu descuido
de não passar na farmácia podia ter sido para o melhor, não importa o que ela
dissesse. A deixar completamente saudável era mais importante agora, e eu
estava bem certo de que descanso e chocolate era a melhor forma de ajudar.
Quanto a mim, eu estava muito inquieto. Parte era apenas pela emoção do dia
e estar com ela. Outra parte era por ser mais cedo do que eu costumava ir dormir.
Eu amava ficar entrelaçado com ela, mas depois de um tempo, eu
cautelosamente deslizei para fora da cama e prendi a coberta ao redor dela. Eu
a estudei carinhosamente por alguns momentos antes de apagar as luzes e
rastejar para sala, fechando cuidadosamente a porta atrás de mim para, assim,
não a perturbar.
Sentei no sofá com uma barra de chocolate e assisti TV em um volume baixo,
precisando acalmar minha mente girando. Eu sabia que Sydney teria sem
dúvidas todos os tipos de planos e deduções que eram melhores que as minhas,
mas era difícil não pensar sobre o futuro. Para onde poderíamos ir? Tinha um
lugar seguro? E ou fosse com Marcus ou por nossa conta, o que exatamente nós
iriamos fazer com a nossa vida? Tanta energia acabou de ser gasta apenas
ficando juntos – por si só uma tarefa difícil – que nós dificilmente já paramos para
discutir o que nós realmente fizemos. Um dos nossos planos de fuga remoto?
Faculdade para ela? Uma vida obscura no meio do nada? Lutar pela liberdade
de Moroi e ex-Alquimistas?”
Não haverá paz para vocês, sussurrou Tia Tatiana, em um dos seus humores
mais antagonistas. Nenhuma paz para você e sua garota. Isso foi um erro.
Não, eu disse a ela. Nós vamos fazer funcionar. Nós temos que fazer.
Como então? Ela exigiu.
Eu não tinha respostas depois de olhar para a TV por mais de uma hora e estava
considerando ir dormir quando ouvi gritos vindos do quarto. Num piscar de olhos,
eu estava fora do sofá, voando em direção ao quarto. Eu arremessei a porta
aberta e ascendi a luz, puxando poder de espirito para atacar o bando furioso de
Alquimistas que eu esperava ver vindo pela janela. Mas não havia nenhum –
apenas Sydney, sentada na cama, seus gritos perfurando a noite. Eu me soltei
do espirito e me apressei para cama, puxando-a para mim. Para minha surpresa,
ela bateu contra mim.
“Não! Não! Não me toque!”
“Sydney, sou eu,” eu disse, tentando segurar suas mãos antes de ela causar
danos reais. Mesmo meio dormindo, ela aparentemente tinha guardado lições
do nosso antigo instrutor de autodefesa, Malachi Wolf. “Está tudo bem. Você está
bem. Tudo está bem.”
Ela lutou contra mim um pouco mais, e na luz fraca, eu pude ver olhar frenético,
apavorado em seus olhos. Por fim, sua luta acalmou, e reconhecimento
ascendeu suas feições. Ela enterrou seu rosto em meu peito e começou a chorar
– não as lágrimas saudosas de amor de sua reunião com Eddie ou as pesarosas
pelo estado triste de Hopper. Esses eram soluços completos que quebrava seu
corpo e a deixava incoerente, não importava o quanto eu tentava conforta-la ou
perguntar o que estava errado. Eu não podia fazer nada além de segurá-la e
acariciar seu cabelo, esperando ela se acalmar. Quando se acalmou, soluços
intermitentes continuavam ocasionalmente interrompendo seu discurso.
“Eu… eu pensei que eu estava lá de volta, Adrian. Na reeducação. Quando eu
acordei. Estava tão escuro lá – quero dizer, até eu me juntar aos outros. Mas
quando eu estava na cela, não havia luz. Eles literalmente me mantinham no
escuro. Machucou quando eu sai – olhar para a luz. Três meses, Adrian. Três
meses eu fiquei em uma cela menos que nosso quarto aqui, no escuro. Eu
pensei que podia suportar… eu pensei que era mais forte do que isso… mas
quando eu acordei, e você não estava, e eu não pude ver nada.”
Ela desmoronou em lágrimas de novo, e era tudo que eu podia fazer para ter
controle sobre minhas próprias emoções. Eu estava triste por ela, claro. Triste e
machucado por ela ter sofrido como sofreu. Mas ao mesmo tempo eu estava
com raiva, com tanta raiva que se eu soubesse qualquer coisa sobre isso de
volta ao centro de reeducação, eu estaria bem ao lado de Chantal – para ajuda-
la, não para segura-la. Eu não era dado a violência ou tanta raiva, mas uma fúria
queimava em mim pelos Alquimistas terem feito isso com alguém tão espero e
brilhante, que serviu a eles tão fielmente e teria continuado a servir se tivesse
pelo menos uma forma de servir enquanto era verdadeira com seu coração. Eles
tentarem quebra-la – não apenas seus pensamentos, mas seu ser. Igualmente
apelativo era a realização de que poderia não ter acabado ainda, que tira-la
daquele lugar não foi o suficiente. Que tipo de dano mental eles fizeram? Isso
vai nos seguir para o resto de nossas vidas, mesmo se ela estiver livre? As
implicações eram atordoantes, e naquele momento, eu odiei os Alquimistas
como eu nunca odiei outro alguém.
Destrua-os! Tia Tatiana disse. Nós vamos encontrá-los e arrancar membro por
membro!
“Você não está mais lá,” eu disse a Sydney, apertando ela mais. “Você está
comigo, e eu não vou deixar nada acontecer com você de novo.”
Ela agarrou-se a mim e balbuciou, “Eu não quero dormir com as luzes
apagadas.”
“Você nunca mais terá que dormir no escuro de novo,” eu prometi a ela.
Eu permaneci na cama com ela dessa vez, luzes acesas como eu prometi. Levou
um pouco mais de tempo para ela se acalmar e adormecer do que antes, mas
quando fez, eu podia dizer que era um sono profundo e muito necessário. Meu
próprio sono não era nem de perto tão sólido, ambos por causa da luz e porque
eu continuava acordando para verifica-la. Valia meu próprio desconforto, no
entanto, saber que ela estava a salvo e segura.
Ela acordou brilhante e renovada, não dando nenhum sinal de que o colapso de
ontem a noite aconteceu. O melhor de tudo, ela estava com apetite. “Eu não sei
o que pedir,” ela disse, scaneando o cardápio de serviço de quarto com Hopper
em seu colo. “Obviamente, eu vou querer café – você não tem ideia do quanto
eu quero isso – mas eu estou dividida entre a omelete do fazendeiro e panquecas
de mirtilo.”
Me inclinei para baixo e beijei o topo da sua cabeça. “Peça os dois.”
“Como está nosso dinheiro?” ela perguntou ironicamente.
“Prestes a ficar melhor. Eu vou descer para o casino hoje. Você quer vir e ser
meu amuleto da sorte?”
Ela balançou a cabeça. “Prefiro ficar aqui e comer. Você não quer nada?”
“Eles vão me dar café lá embaixo. É tudo que eu preciso por agora.”
Isso, e eu poderia fazer bom uso de algum sangue, o que era outro problema
que não levamos em consideração quando começamos esse plano. Como
muitas coisas, em bora, isso era para mais tarde. Eu não estava em apuros
ainda, mas teria que lidar com aquilo.
Depois de ontem a noite, pensei que Sydney teria um problema comigo partindo,
mas ela era corajosa com a luz do diz e a sacola de truques de Jackie por perto.
Ela tomou banho comigo – o que foi tanto um prazer quanto uma tormenta – e
me mandou para fora quando seu café da manhã gigante apareceu. “Não dê
tudo para Hopper,” eu avisei. Ela sorriu e acenou um adeus.
No casino, as coisas estavam mais quietas do que estaria de noite, mas
continuava bem ativo. Essa era a beleza de Nevada. Não importava a hora do
dia, as pessoas sempre queriam tentar a sorte. Eu encontrei uma mesa com
quatro outros jogadores com auras fáceis-de-ler e estabelecidos para negócios.
Mesmo, embora, eu tivesse uma vantagem considerável, eu não poderia
ostentá-la, para não atrair a atenção daqueles dirigindo o casino. Então,
enquanto eu ganhava a maioria das vezes, me certifiquei em perder algumas
também, para afastar suspeitas. Ofereci também comprar um ronde Blood Marys
da manhã, o que caiu bem para promover a boa vontade e piorar o jogo dos
outros.
Eu não estava nem perto de me retirar, mas depois de umas duas horas, eu fiz
uma quantidade decente o suficiente para levar de volta para Sydney. Eu
planejava fazer mais um par de mãos primeiro, e enquanto eu fazia uma rápida
verificação de aura quando a aposta surgiu, algo chamou minha atenção. Na
verdade tinha chamado minha atenção mais cedo, mas eu não dei muita
atenção. Quando usei espirito para checar a aura dos meus competidores, eu
inadvertidamente vi a aura de todo mundo ao meu redor. O que foi estranho hoje
era que tinha um monte de gente com amarelo em sua aura. Amarelo – e
ocasionalmente laranja, o que eu também estava vendo bastante – era uma aura
de uma pessoa pensadora, a aura de um acadêmico. A aura de Sydney tinha
um monte de amarelo. Não era algo que você geralmente via muito em jogadores
crônicos, certamente não nessa hora do dia. Aqueles que jogavam apenas por
diversão casual e inovadora vinham à noite, não cedo na manhã. Essa era uma
quantidade hardcore, uma quantidade desesperada… e suas auras deveriam
refletir muito.
Eu ponderei enquanto fazia minha aposta e jogava minha mão. Acabei por dividir
o pote com o cara perto de mim, muito para seu prazer. Enquanto a próxima mão
era distribuída, eu chequei as auras ao redor de mim de novo e fui mais uma vez
atingido pela abundancia de amarelo. Eu também notei algo mais. Ninguém com
a aura amarela estava olhando diretamente para mim, mas eles estavam
posicionados ao meu redor muito simetricamente no cômodo. Apenas eu.
Quando eu olhei além deles, a cor dos outros clientes mudou de volta para o que
eu teria esperado em um casino.
Amarelo. A cor de uma pessoa pensadora.
A cor de um Alquimista.
Quando a próxima mão começou, eu acenei para sair e peguei meu celular,
desejando ter pensado em conseguir um pré-pago para Sydney. Essa teria de
ser nossa próxima prioridade com certeza. Tentando não parecer em pânico, eu
digitei um texto para Marcus.
Ligue para o Hotel Silver Spring em West Side, NV, e peça para falar no quarto
301. Diga a Sydney para pegar as coisas agora mesmo e me encontrar no carro.
Eu estava prestes a apertar “enviar” quando uma explosão em algum lugar do
lado de fora abalou o casino. As pessoas engasgaram, e copos sacudiram.
“Deixa pra lá,” eu murmurei, deletando a mensagem e me dirigindo para porta.
Capítulo 19 Sydney
Eu comi e comi, e foi maravilhoso. Não pensei que seria capaz tão cedo, mas
depois de uma noite real de um bom descanso, meu corpo parecia pronto para
começar a aceitar o que precisava. Hopper dividiu comigo meu café da manhã
gigante, claro, e eu estava contente em ver que ele também parecia muito
melhor.
Eu coloquei outra camiseta colorida brilhante escolhida por Adrian (turquesa
dessa vez) e considerei descer para o casino para torcer por ele. Eu sabia que
ele iria gostar de ver por aí, mas cada vez que eu pensava em encarar a multidão
lá embaixo, algo ficava tenso dentro de mim. Eu ansiava reentrar no mundo real,
mas eu ainda não estava muito pronta para algumas coisas. Era esmagador o
suficiente ligar nas notícias e ouvir referências a grandes eventos que
aconteceram enquanto eu estava na reeducação. Jornalistas falavam sobre eles
como se fossem de conhecimento comum para todo mundo – o que
provavelmente era, se você não teve quatro meses da sua vida tirados de você.
Eu fiz me atualizar com o mundo moderno meu novo objetivo, e depois de
empacotar tudo, eu sentei no sofá com Hopper enquanto eu também ponderava
nosso próximo passo. Depois disso, nós tínhamos que continuar nos movendo,
e tanto quanto eu odiava admitir, nossa próxima tarefa teria de ser trocar o
Mustang por algo menos notável. Dali, teríamos de fazer a mesma escolha que
Moroi sempre fazem em estratégias para, da melhor forma, ficarem longe de
Strigoi: Ir para algum lugar densamente povoado ou totalmente deserto? Cada
um tinha seus prós e contras.
Uma batida na porta me fez pular. Imediatamente, meus olhos dispararam para
a maçaneta, verificando se o aviso de “Não perturbe” tinha desaparecido. Nós
penduramos ontem de noite. Eu permaneci congelada e esperei para ver se a
pessoa que bateu iria reconhecer seu erro e ir embora. Alguns momentos depois,
outra batida veio, dessa vez com, “Serviço de Limpeza.” Aquilo selou. Serviço de
quarto teria batido, apesar do aviso, se você fizesse um pedido, mas servido de
limpeza quase nunca fazia. Nervosamente, me arrastei para a porta e arrisquei
dar uma olhada pelo buraco da fechadura. Uma mulher jovem permanecia lá,
sorrindo agradavelmente e usando o uniforme do hotel. Ela certamente parecia
inofensiva, e eu me perguntei se talvez nosso aviso tivesse caído.
Só então, algo em minha visão periférica chamou minha atenção. Uma sombra
ao seu lado – que não pertencia a ela. Aquilo mudou ligeiramente, e eu percebi
que tinha outra pessoa parada perto dela, fora do alcance de visão do buraco da
fechadura. Talvez mais de uma pessoa. Quietamente, eu me afastei e murmurei
o feitiço que transformava Hopper em uma estátua antes de coloca-lo na sacola
de shopping que continha nossas roupas. Eu a pendurei e a sacola de Srta.
Terwilliger no ombro e comecei avaliar minhas rotas de fuga. A janela do
banheiro não era grande o suficiente para escapar por ali. A sala de estar tinha
uma pequena porta de vidro deslizante e abria para um balcão de Julieta… no
terceiro andar.
Eu saí e analisei minhas opções. Não havia muitas. Nosso quarto tinha vista para
o estacionamento, e não tinha nada no chão para amenizar minha queda.
Diretamente abaixo do meu balcão tinha outro, e eu ponderei se eu era
fisicamente capaz de conseguir fazer aquela escalada. Seis meses atrás, eu teria
dito sim. Agora, eu não tinha certeza. Antes que eu pudesse decidir, uma SUV
preta grande estacionou, e dois homens com óculos de sol saíram, se colocando
de modo que pudessem me observar. Eu mal podia distinguir um fone de ouvido
em um deles, e ele parecia estar falando suavemente.
Devia ser para o grupo do lado de fora do meu quarto, porque a batida de repente
ganhou uma intensidade muito maior. Eles também desistiram de qualquer
fingimento de Serviço de limpeza: “Sydney, nós sabemos que você está aí. Não
faça isso mais difícil do que já é.” O que foi seguido pelo som de um cartão chave
do hotel deslizando na fechadura, mas quando eles tentaram abrir a porta, a
corrente o prendeu. Eu entrei de volta e vi um olho aparecer na fresta formada
pela corrente. “Você não tem para onde ir, Sydney.”
“Diga para os caras do lado de fora que eles vão querer ir para longe do carro
deles bem rápido!” Gritei para ela.
Eu saí de novo para o balcão e peguei um dos amuletos que Srta. Terwilliger
tinha me dado. Com a maior parte do trabalho tinha sido com a criação do
amuleto, requeria apenas um pequeno feitiço para ativa-lo. Eu falei as palavras
e o arremessei em direção a SUV, seguido de um feitiço secundário de ar
impulsionando o amuleto mais longe do que eu podia sozinha. Ou eles
perceberam o perigo eminente ou tiveram um aviso de seus colegas, os homens
com óculos de sol correram, mergulhando para o chão quando a SUV explodiu.
Eu afundei também, encolhendo-me com o calor e contente por não haver mais
ninguém por lá que pudesse se machucar.
Uma vez que a explosão inicial tinha passado, eu não perdi tempo em me
levantar e me pendurar sobre a borda do balcão. As barras e arabescos proviam
vários lugares de apoio para as mãos e pés, e eu não tive dificuldade em me
segurar do lado de fora. Foi quando eu tentei me pendurar e balançar para o
balcão vizinho que os resultados de quatro meses de atividades físicas mínimas
apareceram. Minha força na parte superior do corpo não estava nem perto de
ser como costumava, e de repente se tornou esmagador me pendurar lá, muito
menos me balançar para o outro balcão. Eu tentei escalar para baixo o mais
rápido que pude, até minhas mãos segurarem as partes inferiores do balcão e
meus pés penderem a apenas alguns centímetros do outro corrimão. Tocando-
o seria fácil se eu soltasse. Cair para dentro – em vez de para fora – não seria.
Os músculos dos meus braços gritavam, e meu aperto começou a escorregar.
“Sydney!”
Reconheci a voz de Adrian, mas não podia vê-lo. Eu só podia dizer que ele
estava em algum lugar atrás de mim, possivelmente perto da SUV.
“Solte!” ele gritou.
“Eu vou cair,” gritei de volta.
“Não, não vai!”
Eu soltei, e em metade de uma batida de coração, não havia nada para impedir
que eu caísse no chão. Então, uma força invisível me puxou forte pelas costas,
e eu fui tombando sobre a borda do balcão, aterrissando desajeitadamente –
mas em segurança – nele. Eu estava confusa sobre o que tinha me salvado até
eu me virar em direção a Adrian, onde ele permanecia no estacionamento a uma
distancia saudável da SUV queimando. Os Alquimistas em óculos de sol
estavam indo em direção a ele, e ele fixou seu olhar neles, os derrubando com
uma parede invisível de poder, bem como ele usou em mim. Eu estremeci com
aquele tipo de trabalho telecinético, sabendo que aquilo precisava de uma
quantidade incrível de espirito e não poderia durar o dia todo.
“A porta está aberta?” ele gritou.
Eu tentei e acenei.
“Me encontre no lugar que eu esqueci de ir ontem à noite. Vai!”
Os Alquimistas estavam começando a se levantar, e ele disparou pelo
estacionamento, correndo para trás do carro em chamas. Sirenes soavam a
distância, e curiosos estavam começando a sair. Eu me apressei para o quarto
do hotel e parei, aliviada de ver que estava desocupado. Eu corri por ele e emergi
no corredor do segundo andar e ponderei meu próximo passo. Me encontre no
lugar que eu esqueci de ir noite passada.
Fazia sentido não irmos para o carro. Os Alquimistas sem dúvida tinham o
demarcado. Mas, para onde ele quis dizer? Um momento depois, eu soube. De
um lado, o corredor levava para uma saída de emergência. Do outro, as escadas
e o elevador levavam para o lobby e o casino. Eu tentei pensar como uma
Alquimista e decidir ir pelas escadas para o lobby. Uma saída obscura para os
fundos estaria sendo monitorada com certeza.
Lá embaixo, no piso principal, encontrei caos, o que era bem o que eu precisava.
Todo mundo tinha ouvido o carro do lado de fora, mas ninguém sabia
exatamente o que tinha acontecido. Algumas pessoas estavam tentando
evacuar, enquanto outras, ouvindo que o fogo era do lado de fora, queria ficar
dentro. A segurança do hotel parecia estar discutindo o que fazer, até um guarda
finalmente decidir que seria seguro deixar as pessoas saírem por uma porta de
saída do lado oposto ao SUV pegando fogo. Eu rapidamente me juntei às
pessoas se aglomerando lá e tentei determinar se tinha algum Alquimista para
eu vigiar. Eu não fazia ideia de quem eles eram, se estavam com o uniforme do
hotel ou mesmo em roupas normais. Minha maior pista de que alguém era
seguro era se eles estivessem passando por mim empurrando, muito mais
preocupados com si mesmos do que comigo.
Eu estava quase alcançando a porta quando fiz contato visual com um homem
em uma camisa de estampa tropical que estava definitivamente mais interessado
em mim. Ele começou a empurrar seu caminho em direção a mim. E eu tive a
sorte de um guarda da segurança estar parado por perto, supervisionando a
evacuação. “Meu quarto da para a SUV que explodiu,” eu contei ao guarda. “E
eu vi aquele homem por lá bem antes de acontecer!”
Uma afirmação como aquela teria normalmente sido desconsiderada, exceto,
acho eu, que os detalhes do que aconteceu ainda estavam tão frescos que
especificamente mencionar a SUV dava credibilidade. Plus, o guarda era jovem
e tinha o olhar ardente de alguém que queria se destacar. Ele passou por mim,
bloqueando o homem na camisa havaiana, que estava a apenas um par de
pessoas distante agora.
“Senhor,” disse o guarda. “Posso falar com você?”
O homem, impaciente e fixado em mim, cometeu o erro de tentar passar pelo
guarda, que o empurrou de volta e começou a chamar por reforços.
“Me solte!” gritou o Alquimista. “Eu preciso passar!”
Não fiquei por perto para saber o que aconteceu. Eu os deixei brigando e
finalmente escapei pela porta. Ali, outro guarda bem intencionado tentava manter
todos os evacuados em um grupo ordenado. Eu o ignorei e imediatamente me
separei dos outros, tentando me orientar. Nós na verdade saímos perto da frente
do hotel, e através de uma avenida movimentada, eu pude ver o shopping center
que Adrian esteve noite passada. Eu comecei correr na direção dele, desejando
que estivéssemos em uma cidade mais movimentada – como Las Vegas – onde
eu teria uma multidão para me perder. Assim como era, eu estava muito visível,
e logo ouvi tiros. Olhando para trás, vi mais duas pessoas em óculos de sol
marchando em minha direção. Eu estava mais cansada da escalada de mais
cedo do que eu esperava, e aquele tipo de exaustão física era transferiu
dificultando o usa de mágica.
Eu estava chegando a uma faixa de pedestres que me atravessaria para o
shopping center, e eu comecei a desacelerar. Freneticamente, eu me perguntei
o que na Terra eles realmente esperavam fazer. Nós estávamos em público, em
plena luz do dia. Eles achavam que podiam apenas me arrancar para fora da
rua? Sim, eu percebi, era exatamente o que eles fariam, e encontrariam uma
forma de justificar depois e descrever para qualquer testemunha. Eles faziam
isso o tempo todo com fenômenos supernaturais. O quão difícil seria com uma
abdução humana?
O semáforo mudou, e eu corri para o outro lado da rua, me movendo o mais
rápido que os meus músculos fora de forma podiam me carregar. Não era o
suficiente, no entanto. Os Alquimistas estavam ganhando. Alcancei o
estacionamento do complexo comercial e fui direto para a loja de departamento
de onde minhas roupas tinham saído. Sem olhar para trás para ver o quão perto
meus perseguidores estavam, eu corri direto para um corredor de artigos de
papelaria e murmurei o fraco feitiço de invisibilidade. Eu senti a mágica se
instalar ao meu redor, e então me apressei para outro corredor no caso de eles
terem visto meu destino original. Ninguém veio imediatamente atrás de mim, e
peguei um desvio através de alguns outros corredores para finalmente circular
de volta e conseguir uma vantagem na entrada da loja. Um dos Alquimistas
estava parado na porta, e eu tive de assumir que o outro estava vasculhando a
loja. Com eles ocupados procurando por mim e esperando me ver, o feitiço não
permaneceria se nossos caminhos se cruzassem. Havia um amuleto muito mais
poderoso na minha bolça, mas eu odiava ter de desperdiça-lo quando eu estava
tão perto de me encontrar com Adrian. Ou eu tinha de achar outra forma de sair
dali – sem esbarrar nos Alquimistas perambulando – ou distrair aquele perto da
porta.
Continuamente me abaixando e olhando a toda minha volta, ziguezagueei em
direção a uma vitrine de roupas de banho que pareciam terem sido feitas de
material bem inflamável. Começar fogo não era um problema para mim. Eu
poderia fazer uma bola de fogo dormindo. O problema era, eu não queria chamar
atenção imediatamente. Tão logo o fogo fosse notado, toda a atenção – incluindo
dos Alquimistas – iria para aquela direção, o que era o que eu queria. Mas eu
precisava estar bem longe dali quando acontecesse.
Eu fechei meus olhos e conjurei a menor das faíscas na minha mão. Era difícil
impedir que crescesse porque meu trabalho com Srta. Terwilliger era focado em
fazer a pior e maior bola de fogo imaginável. Essa, no entanto, precisava ser
apenas mínima, como eu fiz na reeducação. Uma vez que eu tinha a
estabilizado, ateei-a em uma sunga caqui –por princípios – e então me afastei o
mais rápido possível, agachando perto de alguns carrinhos. Embora eu pudesse
ver espirais de fumaça, a sunga não pegou fogo tão rapidamente quanto eu
esperava, e um longo momento, agonizante passou enquanto eu esperava as
pessoas notarem. O Alquimista da porta manteve sua posição, e então para meu
horror, eu vi o segundo se aproximando, obviamente inconsciente sobre estar
vindo direto em minha direção. Eu estava tentando descobrir como sair de sua
linha de visão quando alguém gritou perto da vitrine, e finalmente, chamas
verdadeiras irromperam do material barato.
O Alquimista vindo em minha direção parou e olhou para o fogo enquanto o da
porta ficou boquiaberto também. Com a atenção desviada, eu fui capaz de
passar sorrateiramente por eles e correr para a farmácia a três lojas do
Shopping. Do lado de fora, um ônibus de turismo parado marcando LAS VEGAS
estava sendo preenchido por cidadãos idosos, e com a minha pressa, esbarrei
em um deles. Ele piscou surpreso quando fizemos contato visual. Eu devo ter
aparecido do nada para ele, mas como tantas vezes acontecia quando humanos
se deparavam com o inexplicável, ele balançou sua cabeça e se virou de volta
para o ônibus.
Eu me dirigi direto para os fundos da loja, em direção à farmácia, e encontrei
Adrian no setor de contraceptivos, como eu sabia que iria.
“Espero que tenha pegado algo bom,” eu disse.
“Graças a Deus,” ele respirou, me envolvendo em um abraço enorme, “Eu odiei
te deixar, mas pensei que nossas chances seriam melhores se nos
separássemos primeiro. Eu sabia que você era inteligente o suficiente para
chegar aqui.”
“Para o lugar que você esqueceu de ir ontem a noite?” perguntei com um sorriso.
“É, eu consegui, mas tive um par de companhias indesejadas. Eles estão na loja
de departamento … que está também prestes a receber a visita de um caminhão
de bombeiros, eu acho. Queria ter encontrado algo menos evidente.”
“Não pode ser pior do que eu,” ele disse. “Quando eu ouvi a explosão no casino,
usei espirito para jogar um bando inteiro de Alquimistas pelos ares para sair de
lá. Eu não acho que foi obvio que eu fui o responsável, mas esses lugares são
cheios de câmeras que agora provavelmente vão ter algumas imagens muito
questionáveis.”
“Na verdade,” eu disse. “os Alquimistas provavelmente desativaram todas as
câmeras ou as colocaram em um loop antes de se infiltrarem no lugar. Eles não
iriam querer suas atividades gravadas mais do que você.”
Adrian pareceu aliviado. “Bem, isso já é algo. Mas agora qual é o plano?
Devemos ligar para Marcus pedindo ajuda?”
“Não,” eu disse. “Eu não quero que ele voltando aqui e se arriscando enquanto
essa cidade está lotada de Alquimistas.”
“Como você acha que eles nos rastrearam? O carro?”
Suspirei, me sentindo tola sobre algo que o ocorreu a mim mais cedo.
“Honestamente, eu acho que eles têm olhos e ouvidos em todas as cidades
próximas ao centro de reeducação, no caso de um evento assim acontecer. Eles
provavelmente divulgaram nossa descrição, e alguém reportou. Talvez um
funcionário do hotel. Eu deveria ter considerado isso e ter ido muito mais longe
antes de parar e passarmos a noite. É minha culpa.”
“Os únicos culpados são aquelas aberrações que trancam pessoas em celas
escuras em Death Valley,” disse Adrian. “Então para de se punir, Sage, e use
esse lindo cérebro que eu conheço e amo.”
Engoli e concordei, me preparando. “Certo. Nós precisamos sair rápido dessa
cidade, e eu acho que sei como.”
“Isso envolve ligação direta em um carro?” ele perguntou esperançosamente.
“Eu desaprovo em níveis morais, mas Rose e Dimitri fizeram muito isso, e é meio
foda.”
Agarrei sua mão e o guiei para fora da loja. “Meu plano é muito menos foda.”
Saímos, e com certeza, havia um caminhão de bombeiros e uma multidão
crescente mais abaixo no shopping. Sem esperar para ver se havia Alquimistas
na multidão, eu me apressei adiante e entrei em um dos ônibus de excursão que
tinha acabado de embarcar todos. O motorista nos mediu cautelosamente.
“Vocês não estão nesse grupo,” ele disse.
Adrian olhou para os assentos do ônibus, notando todo o cabelo branco e cinza.
“Muito observador,” ele murmurou.
O cutuquei. “Tivemos sorte no casino mais cedo?”
Adrian pegou a dica e apanhou sua carteira. “Nós gostaríamos de nos juntar a
esse grupo,” ele declarou.
O motorista balançou a cabeça. “Não funciona desse jeito. É tudo arranjado por
uma empresa de excursão, que faz contrato com meu chefe para –“ Seus olhos
saltaram quando Adrian estendeu algumas notas de cem dólares. Após um
momento de hesitação, o motorista as pegou e as enfiou no casaco. “Entrem.
Acho que ainda há alguns lugares no fundo.”
Os clientes regulares do ônibus olharam para gente com assombro enquanto
passávamos por eles e sentávamos no último acento. Momentos depois, a porta
fechou, e o motorista saiu do estacionamento. Adrian passou um braço ao meu
redor e suspirou alegremente.
“Ah, mal posso esperar para contar isso aos nossos filhos. ‘Ei, querida, lembra
da vez em que fizemos suborno para embarcar em um ônibus de excursão com
cidadãos idosos indo para Las Vegas?’”
Eu ri apesar de mim mesma. “Grande Romance. Tenho certeza que eles ficarão
impressionados.”
A diversão permaneceu em seu rosto, mas estava manchada com tristeza. “Na
verdade, depois do que eu venho observado em casamentos recentemente, isso
é um grande romance.”
“Sobre o que você está falando?”
O resto do seu sorriso desapareceu. “Nada que valha a pena se meter. Vamos
apenas dizer que o casamento dos meus pais é uma farsa, e minha mãe está
bem vivendo com um homem que pensa pouco dela, desde que ele continue
pagando suas contas.”
“Adrian,” exclamei, descansando minha mão na dele. “Por que não me contou
nada sobre isso?”
Seu sorriso voltou, embora dessa vez irônico. “Bem, eu meio que tinha algumas
outras coisas para me preocupar.”
Ele se inclinou e me beijou na testa, mas suas palavras trouxeram algo que eu
mantinha no fundo da minha mente: meus próprios pais. “Você viu Carly,”
comecei. “Você sabe o que aconteceu com a minha família?”
A viagem para Las Vegas levava mais uma hora e meia, e Adrian recapitulou o
que ele soube sobre minha família e o divórcio. Meu coração afundou. Eu não
estava inteiramente surpresa de ouvir que meu pai ganhou a custódia de Zoe,
mesmo embora eu ainda tivesse esperança que minha mãe pudesse triunfar.
“Não significa que ela seja uma causa perdida,” disse para Adrian, tentando
convencer a mim tanto quanto a ele. “Zoe pode se livrar de tudo isso.”
“Ela pode,” ele concordou, mas eu podia dizer que ele não acreditava naquilo.
Quando alcançamos Las Vegas, descobrimos que o ônibus estava levando os
ocupantes para Tropicana. Nós desembarcamos na frente daquele hotel, onde
a guia da empresa de turismo esperava por sua gorjeta e a próxima parte da
jornada deles. Ela pareceu assustada quando saímos, e Adrian acenou para ela
amavelmente enquanto passávamos por ela, como se fosse totalmente normal
estarmos ali. Ela estava muito atordoada para dizer ou fazer qualquer coisa para
nos parar.
Infelizmente, nós descobrimos então que tinha alguém esperando por nós
também.
“Adrian,” eu disse advertindo.
Ele seguiu meu olhar para onde um homem e uma mulher parados perto da porta
do hotel estavam olhando direto para nós. “Filho da puta,” disse Adrian,
chagando a um impasse.
Eu quase esperava uma repetição do que deixamos para trás, com aqueles
Alquimistas olhando desconfiados direto em nossa direção. Em vez, a mulher
tocou o braço de outro homem cujas costas estava para nós. Ele virou, revelando
ser um guarda de segurança. Ela disse algo para ele e apontou para nós.
Imediatamente, ele deu passou largos, com os dois Alquimistas a tiracolo. Eu
olhei ao redor, tentando ver se podíamos correr para algum lugar ou pelo menos
pegar um taxi.
“São eles,” a mulher estava dizendo. “Eu disse a você.”
“Com licença,” disse o guarda. “Eu preciso leva-los para dentro e fazer algumas
perguntas. Eu entendo que vocês possam estar envolvidos em algo que
interesse as autoridades.”
“Adrian,” eu disse através de dentes serrados. “Não podemos ir com eles.” Eu
sabia como essas coisas funcionavam. Se acabássemos na custodia da policia
ou mesmo do hotel, os Alquimistas iriam simplesmente manejar um pequeno
trabalho magico de papelada para nos ter entregues a eles.
Adrian olhou o guarda diretamente nos olhos. “Deve haver algum engano,” disse
Adrian amigavelmente. Havia um qualidade acolhedora, adocicada em sua voz
que atraiu até a mim. “Nós estamos aqui para nos divertirmos, gastar montes de
dinheiro no casino. Esses dois são os únicos causando problema. Eles estão
tentando te distrair do que realmente estão tramando.”
A testa do guarda franziu enquanto a compulsão se derramava sobre ele. Eu
estremeci, ambos impressionada e um pouco inquieta com o quão poderoso
Adrian era. Os Alquimistas perceberam o que estava acontecendo também. “Ele
está mentindo,” o homem disparou. “Capture-os, e os traga para dentro. Vamos
ajudar a conte-los.”
“Capture-os, sério?” perguntou Adrian. “Eu sabia que vocês eram da idade
média. Eu só não tinha percebido que ainda tentavam viver nela.” Ele focou sua
energia de volta no guarda. “Deixe a gente ir. É o nosso taxi que acabou de
estacionar. E não deixe eles no parar.”
“Claro,” disse o guarda.
Adrian me conduziu em direção a um taxi que tinha, de fato, estacionado. Os
dois Alquimistas tentaram vir atrás de nós, mas o guarda, ainda sob a influência
de Adrian, bloqueou o caminho. O cara realmente chegou ao ponto de dar um
soco no guarda, permitindo sua colega correr para o taxi. Nessa hora, Adrian e
eu já estávamos dentro, e ele bateu a porta e trancou enquanto ela socava a
janela.
“Dirija,” ele disse para o motorista. “Agora.”
O motorista parecia mais que um pouco alarmado com a mulher batendo em seu
taxi, especialmente quando o Alquimista homem se juntou a ela. “Vai!” eu insisti.
O motorista entrou no gás. “Para onde?”
Por um momento, nenhum de nós falou. “Então, eu disse. “The Witching Hour.”
Adrian me deu um olhar afiado. “Tem certeza de que é uma boa ideia?” ele
perguntou em voz baixa, quando o motorista entrava no tráfico. “Moroi coopera
com Alquimistas.”
“Tenho uma intuição.” Vendo seu olhar surpreso, eu disse. “Bem, é Las Vegas.”
O taxi nos deixou na metade da Strip, e enquanto desembarcávamos, alertei
Adrian. “É provável que tenha um Alquimista ou dois aqui esperando por nós.
Não procure por eles ou aja como se tivesse notado um se você os vir. Apenas
ande direto para dentro e se dirija para o banheiro. Vou fazer o mesmo. Quando
você sair, não espere por mim. Vai jogar cartas ou alguma coisa. Eu vou te
encontro.”
Isso trouxe uma carranca para seu rosto, mas ele não argumento enquanto
pagava e saia do taxi. The Witching Hour não era um lugar em que eu já estive,
mas era bem conhecido no circulo Alquimista. Era um hotel e casino dirigido por
Moroi, e enquanto vários humanos o frequentavam, seus donos se certificavam
que estivesse repleto de montes de coisas que serviam as necessidades Moroi.
Nós andamos direto para dentro, e um carregador Moroi educadamente segurou
a porta aberta para nós. Do lado de dentro, era como qualquer outro
estabelecimento de Las Vegas: um conjunto de luzes e barulho e emoções de
longo alcance. Adrian seguiu as ordens perfeitamente, indo direto para o
banheiro do lado do lobby. Eu entrei no banheiro das mulheres e em uma cabine.
Lá, eu peguei o amuleto de invisibilidade da Srta. Terwilliger e coloquei ao redor
do meu pescoço, lançando o feitiço que o ativava. Mesmo com o amuleto para
ajudar, ainda requeria muito poder, mas os resultados eram igualmente
poderosos. Esse duraria muito mais tempo do que o que lancei na reeducação,
e agora eu poderia olhar as pessoas nos olhos. Apenas aqueles que sabiam que
Sydney Sage estava parada lá, invisível, bem na frente deles, seriam capazes
de ver através da mágica do feitiço. Com a minha camuflagem no lugar, eu sai
do banheiro, esperando por outro cliente abrir a porta primeiro.
Do lado de fora, Adrian acabava de sair do banheiro dos homens. Eu emparelhei
atrás dele enquanto ele pedia uma bebida no bar e procurava uma mesa de
pôquer. A bebida era sem álcool, mas continha sangue, o que era um bônus
adicional dessa parada desde que eu sabia que ele não tinha nenhum há um
tempo. Uma vez que ele estava sentado e negociando, eu fui para trás dele e
sussurrei em seu ouvido. “Não se vire. Eu estou aqui com você, invisível. Se
você olhar para mim, vai provavelmente quebrar o feitiço. Acene se você
entendeu.”
Ele acenou.
Varri ao redor e me inclinando de volta para ele. “Eu acho que avistei um
Alquimista no cômodo até agora, observando você. Continue jogando algumas
rodadas. Ninguém vai te apanhar ainda. Não seria surpresa se mais um ou dois
aparecessem logo.”
Eu dei uma rápida andada ao redor, tomando nota de que o escritório principal
da segurança e gerencial era no primeiro andar, e então voltei para Adrian.
Continuei monitorando o cômodo, enquanto continuava parando ocasionalmente
para apreciar como ele jogava. Ele era muito bom naquilo, me deixando feliz por
eu nunca ter cedido aos seus pedidos de estripe pôquer. Eu era na verdade boa
naquilo também, mas minhas jogadas vinham de análises estatísticas. Isso não
se sobressairia a habilidade de ler a verdade nos outros jogadores.
Um segundo Alquimista logo apareceu no andar dos jogos. “Tudo bem,”
murmurei para Adrian. “Termine essa mão, e então consiga um quarto. Se
hospede com seu próprio nome, está tudo bem, e se certifique de repetir o
número do quarto alto. Então vá para ele. Eles vão te seguir. Quando eles
fizerem, não hesite em ser barulhento, lute chamativamente com eles – mas se
certifique que te ataquem primeiro. Eu cuido de todo o resto. E quando as
autoridades te questionarem, se certifique de fazer grande coisa sobre quem
você é e o quão injustiçado você está sendo.”
Ele obedeceu sem perder nenhuma parte, e eu cuidadosamente o segui para a
mesa da frente, ficando fora da sua linha de visão. Os Alquimistas também
seguiram, pairando ao alcance da voz. Quando ele pegou a chave do quarto, ele
disse, “Quarto 707, huh? Soa como um número da sorte.” Os dois Alquimistas
trocaram olhares e se dirigiram para o elevador. Adrian pegou o próximo para
cima. Quanto a mim, eu me dirigi para um corredor fora de mão no primeiro andar
e peguei um telefone interno, me certificando de que ninguém estivesse por perto
para ver o telefone pairando no ar. Disquei para segurança.
“Por favor ajude!” Exclamei. “Tem um homem sendo atacado no corredor do
decido sétimo andar!”
Depois disso, e tive esperar que essa aposta funcionasse. Eu voltei para onde o
escritório principal da segurança e esperei ali perto. Dez minutos depois, quatro
seguranças do hotel desceram as escadas com Adrian e os dois Alquimistas. O
grupo entrou no escritório da segurança, e eu escorreguei atrás deles, com
cuidado para ficar fora da linha de visão de Adrian. Nós fomos logo reunidos com
o gerente do dia.
“O que está acontecendo?” ele exigiu.
Um guarda começou a falar, mas Adrian o cortou. “Vou te dizer o que aconteceu!
Eu estava cuidando da minha vida, quando esses dois,” – ele apontou para cada
Alquimista por vez – “pularam em mim sem nenhuma razão! Você tem alguma
ideia de quem eu sou? Eu sou Adrian Ivashkov. Talvez você tenha ouvido falar
da minha falecida tia, sua majestade real Rainha Tatiana Ivashkov? E talvez você
conheça uma das minhas melhores amigas, a rainha atual?”
Isso chamou a atenção do gerente, e ele mediu os Alquimistas. Estava claro que
ele sabia quem e o que eles eram. “Nós não vemos muito de vocês por aqui.”
“Esse homem é um criminoso,” protestou um dos Alquimistas. “Ele e uma garota
humana destruíram uma das nossas bases! É nosso direito levar eles.”
“Eles?” perguntou o gerente. “Eu vejo apenas um.”
“Ela está aqui em algum lugar,” insistiu o outro Alquimista.
Um dos guardas gesticulou para um monitor grande. “Nós temos gravações do
casino, senhor. Lorde Ivashkov estava sozinho.” Ele passou um vídeo de Adrian
na mesa de pôquer, e eu rezei para que ninguém checasse o vídeo de nós
entrando. “E aqui está o ataque.”
Um novo vídeo mostrava os dois Alquimistas a espreita esperando no decimo
sétimo andar quando Adrian saiu do elevador. Eles claramente fizeram o primeiro
movimento, tentando agarrar e subjuga-lo com uma arma tranquilizadora deles
próprios. Adrian revidou elegantemente, não apenas com espirito – o que eu
esperava – mas de fato dando um soco em um deles. Wolf ficaria tão satisfeito.
Outros clientes emergiram de seus quartos, e logo os guardas chegaram,
separando tudo.
“Isso é inaceitável,” disse o gerente com raiva. “Vocês não podem entrar no meu
hotel e tentar atacar um Moroi! Eu não me importo com quem vocês são. Vocês
não têm direito de fazer isso com a gente.”
“Ele é culpado de todos os tipos de crime,” o primeiro Alquimista disse. “Você
não tem nenhum direito de nos impedir de leva-lo para interrogatório.”
“Onde estão suas provas?” perguntou o gerente. “E onde está sua garota
misteriosa? Você claramente cometeu um erro.” Ele se virou para outro guarda.
“Escolte-os para fora.”
“Eles tem me seguido o dia todo,” disse Adrian. “Como vamos saber que não vão
voltar?”
“Ninguém vai intimidar nossos cidadãos,” rosnou o gerente. “Alerte o resto do
seu pessoal. Vasculhe esse lugar por qualquer sinal de Alquimistas, bem como
os arredores e os tuneis. Remova qualquer um deles da nossa propriedade e
faça uma ligação para Corte. Você está seguro enquanto estiver aqui, Lorde
Ivashkov.”
“Obrigado,” disse Adrian solenemente. Ele se levantou. “Se isso terminou, eu
vou para meu quarto e fazer algumas ligações para Corte eu mesmo.”
Os Alquimistas protestando foram levados para fora, e o gerente acompanhou
Adrian para fora, oferecendo todos os tipos de desculpas e compensações pelo
que tinha acontecido. Quando Adrian estava finalmente sozinho no elevador, me
movi para trás dele e falei.
“Não se vire de novo. Nós precisamos de mim fora das câmeras.”
“Tudo foi de acordo com o plano?” ele perguntou.
“E além.”
Ele segurou a porta do seu quarto de hotel aberta um tempo extra para que assim
eu pudesse entrar. Uma vez fechada, eu fui para frente dele e disse, “Aqui estou
eu.” O feitiço se desfez, e ele me agarrou em um abraço gigante que me tirou
dos meus pés.
“Isso,” ele disse, “foi brilhante. Como você sabia o que iria acontecer?”
“Eu não sabia,” eu disse. “Não com certeza.” Ele me colocou no chão e sentou
no sofá. “Mas eu me senti muito confiante que o gerente Moroi não fosse deixar
um dos seus ser arrastado sem provas – o que não tinha chance deles terem.
Marcus desativou as câmeras em Death Valley. Os alquimistas poderiam apenas
acusa-lo baseado em testemunhas oculares, e eu sabia que isso não seria aceito
aqui. Oficiais Alquimistas teriam que apresentar queixas formais a rainha. Eu…
bem, essa é uma história diferente. Eles teriam me entregado. Os Moroi não têm
motivo para me proteger – dai a invisibilidade.
Adrian sentou do meu lado e beijou minha bochecha. “Eu disse isso antes, e eu
vou dizer de novo: você é um gênio, Sage. Eu continuo achando novas razões
para te amar, e eu não achava que isso fosse possível.”
“Não sou nenhum gênio,” eu disse, caindo no acento. Lagrimas se formaram em
meus olhos, e eu odiava aquilo. Eu odiava o que os Alquimistas tinham feito
comigo. Eu nunca fui tão emocional antes! Pra mim era tudo sobre logica quando
problemas surgiam, não lagrimas, e ainda agora, eu só queria me curvar em uma
bola e chorar. O estresse da reeducação e agora esse ataque estavam me
desgastando. “Eu deveria ter nos deixado ir com Marcus. Eu não sei se podemos
ultrapassar os Alquimistas! Você acha que eu sou esperta, mas onde acha que
aprendi? Você vê a extensão do que eles podem fazer? Eles têm agentes
esperando em cidades vizinhas de Death Valley. Então eles devem ter nos visto
entrando naquele ônibus de excursão, descobriram para onde estava indo, e nos
encontraram no Tropicana. Os Alquimistas lá ou pegaram a placa e nos
rastrearam até aqui, ou lá também já havia agentes esperando, desde que
aquele era um lugar provável para irmos.” Encontrei o olhar de Adrian
firmemente. “Como podemos fugir disso? Como fugimos de um grupo que tem
olhos e ouvidos em todo lugar? Quem pode nos proteger? Nós não podemos
usar invisibilidade e espirito para o resto de nossas vidas! Não podemos no
esconder nesse hotel para sempre!”
Eu sabia que devia soar histérica, e a calma de Adrian enfatizava aquilo. “Eu
acho que tenho uma ideia,” ele disse. “Uma ideia que vai nos render uma
proteção hardcore… mas eu não sei como você vai se sentir sobre isso.”
“Estou aberta a qualquer coisa,” o assegurei.
Ele hesitou por um momento e deu um aceno decisivo. Então, para minha
surpresa total e absoluta, ele se ajoelhou diante de mim e apertou minhas mãos
nas suas. “Sydney Katherine Sage,” ele disse, seus olhos verdes cheios de amor
e seriedade. “Você daria a um Moroi filosofo, que não paga as próprias contas,
a honra de ser sua esposa?”
Capítulo 20 Adrian
Eu esperava muitas reações diferentes à minha proposta. Chorar não era um
delas.
— Ok — Eu disse cautelosamente. — Provavelmente isso teria sido melhor com
um anel, certo?
Ela balançou a cabeça, furiosamente enxugando as lágrimas dos seus olhos. —
Não, não... foi ótimo. Quer dizer, eu apenas não sei. Eu não sei por que estou
chorando. Eu não sei o que há de errado comigo.
Eu sabia o que estava errado. Ela estava trancada por quatro meses, a maioria
deles havia sido no escuro, submetida à tortura psicológica e fisíca, e teve que
dizer que tudo o que ela acreditava era errado e distorcido — que ela estava
errada e distorcida. Acrescente a isso ao estresse da fuga — de várias fugas —
que nós tivemos que passar, e não era de admirar que ela estava quebrando.
Mesmo a mais forte pessoa teria dificuldade em se recuperar. Ela precisava de
um tempo, tempo para se curar mentalmente e fisicamente, e aqueles malditos
Alquimistas não dariam isso a ela.
— Tudo bem, vá em frente. — Disse ela, poucos momentos depois. Eu podia vê-
la endurecer, trabalhando duro para deixar de lado todas essas emoções, porque
ela achava que isso era o que significava ser forte. Eu queria dizer a ela que a
força não se tratava de esconder seus sentimentos, que estava tudo bem por ela
se sentir assim depois do que ela tinha passado. — Me explique como ser uma
noiva de dezenove anos de idade vai resolver nossos problemas.
Eu fiquei de joelhos. — Eu sei que não era parte de seu plano — eu disse. —
Ainda não, pelo menos. Eu sei. Idealmente, você estaria indo para a faculdade
agora, com o casamento na estrada.
Ela assentiu com a cabeça. — Você está certo. E não é por falta de amor por
você, acredite. Eu não posso nem imaginar se casar com ninguém. Mas ainda
somos tão jovens.
— Eu sei. — Eu apertei as mãos dela com mais força. — Aqui está o que eu
penso, no entanto. Pensei nisso quando você disse que sabia que o Moroi iriam
me proteger como um dos seus próprios. Se nos casarmos, se você for minha
esposa, os Morois terão que protegê-la também.
As palavras anteriores de Sydney me lembraram de algo que Lissa tinha dito,
quando eu lhe pedira para ajudar a Sydney: Se alguém do meu próprio povo
estiver em perigo por causa deles, então sim, eu tenho todo o direito de ir contra
os Alquimistas. Eu não tinha dúvida de que eu estaria seguro se eu fosse
correndo de volta para a Corte. Lissa iria me proteger, mesmo que eu não fosse
um bom amigo. Sydney estava certa de que ela não poderia esperar tais
garantias, e até mesmo o gerente do hotel havia insinuado isso. Mas se ela fosse
a Sra. Ivashkov...
Sydney franziu as sobrancelhas. — Você está pensando em como uma pessoa
recebe a cidadania quando se casa com alguém de um país diferente. Eu não
acho que funciona dessa maneira com os Moroi e os seres humanos. Eu não me
torno automaticamente uma Moroi me casando com você. O seu povo não vai
me aceitar como um deles. Seu povo vai pirar.
— É verdade — Eu admiti. — Mas isso não significa que vou deixar a minha
esposa ser punida. Vamos para a Corte e casamos. — Ela não respondeu de
imediato, e o silêncio me enervou. Comecei a me preocupar e encontrar outros
problemas, aqueles que não tinham nada a ver com a lógica questionável do
meu plano. — Mas, se você não tem certeza sobre nós...
Ela se concentrou de novo em mim. — Oh, Adrian, não. Não é isso. Quero dizer,
é como eu disse, eu nunca esperei me casar tão jovem, mas eu não consigo
imaginar passar a minha vida com alguém além de você, imaginei que isso iria
acontecer um dia. Isso é apenas uma espécie de choque. E também pense em
como seria a nossa vida se nós pedíssemos refúgio aos Moroi, isso significa que
teremos que ficar na Corte para sempre? Eu nunca vou poder ver minha família
de novo?
Isso me pegou de surpresa. As maiores complicações que eu tinha previsto eram
as reações dos meus familiares e outros, digo, como Nina. Isso seria um
problema sim, mas o que eu e Sydney estávamos enfrentando agora era muito
importante. Eu estava preparado para lidar com qualquer reação que meu povo
pudesse apresentar, mas eu sinceramente não tinha pensado o suficiente para
considerar o lado de Sydney. Eu não tinha respostas fáceis para essa pergunta,
mas respondi com confiança, como achei que eu fiz:
— Por um curto prazo. Quer dizer, eu não sei quanto tempo é esse 'curto
prazo', mas, eventualmente isso vai passar, e nós vamos ser livres para irmos
onde quisermos e ver quem a gente quiser ver.
Sua expressão irônica me dizia que ela não acreditava. — Como você sabe
disso?
— Eu apenas sei. E eu acredito que não importa as condições em que
estamos, nós estaremos bem enquanto estivermos juntos.
— Tudo bem — disse ela depois de deliberar mais um pouco. — Só
casamento não é apenas um pedaço de papel.
Levantei-me e sentei-me ao lado dela. — Eu sei que não é. — Eu disse.
— E eu sei que seria difícil, por todos os tipos de razões. Mas eu acho que
nós podemos lidar com o que vier no nosso caminho, contanto que continuemos
amando um ao outro como nos amamos. — Pensei nos meus pais e no
casamento de fachada deles. Isso parecia ser mais uma piada do que algo
precipitado Sydney e eu poderíamos fazer.
— Como é que você propõe que vamos sair daqui, então? — Ela perguntou.
—Tenho certeza que este hotel tem uma capela para casamentos, mas de
nenhum jeito nós poderíamos casar aqui.
— Não — eu concordei. Nenhum ministro Moroi iria abençoar esta união. —
Agora, nenhum alquimista está próximo a esse local, temos uma pequena janela
para sair. Nós podemos apenas ir até a Corte e... O que tem de errado?
Ela estava começando a chorar novamente.
— Nada, nada — disse ela. — É só que ... não. Deixa pra lá.
— Me fala — insisti.
— É só que... — Ela suspirou. — Qualquer outro plano que eu tinha saiu pela
janela. Faculdade, minha família... E agora adiantando meu casamento por
vários anos. E com isso, até mesmo o casamento mudou. Sempre pensei que
quando isso acontecesse, nós teríamos nossos amigos lá, um vestido, o negócio
inteiro. Sei que nada disso importa, e eu quero dizer isso: eu com prazer me
casaria com você em uma camisa azul-petróleo. É só que é tudo tão diferente.
Eu só preciso de um minuto para me adaptar a todas essas mudanças.
Eu acariciei o rosto dela. — Não, você não precisa. Não sobre isso, pelo menos.
Dê-me um segundo.
Eu me levantei e peguei meu celular, olhando para algumas coisas, enquanto
ela me olhava com curiosidade. Em poucos minutos, eu tinha um plano. Eu só
esperava que não causasse mais problemas do que resolvesse.
— Ok, vamos sair agora, enquanto os Alquimistas estão bloqueados deste
hotel. Eles vão eventualmente encontrar um jeito de voltar, apenas com as
tatuagens cobertas de maquiagem. Você tem mais amuletos de invisibilidade?
Ela balançou a cabeça. — Eu posso lançar um feitiço de invisibilidade menos
potente... mas não vai funcionar bem em um lugar lotado como este. Muitas
pessoas para se esbarrar.
— Eu vou nos cobrir, então. Vamos. — Eu estendi minha mão. — Temos que
sair daqui agora.
Quando descemos as escadas, eu coloquei uma onda de espírito ao nosso redor
que nos fazia esquecíveis e distorcia as nossas feições para qualquer um que
chegasse perto demais. Eu sabia que estava funcionando quando passamos por
um dos guardas que tinha me trazido mais cedo e ele não me deu uma segunda
olhada. Não funcionaria em ninguém que estivesse à distância, apesar de tudo.
Eu não poderia afetar mentes tão longe, e foi por isso que estávamos agindo
agora, antes que os Alquimistas conseguissem colocar espiões ao redor. Levei
Sydney para baixo através dos túneis subterrâneos que existiam debaixo do
Witching Hour que chegavam até determinados pontos do Strip. Havia um
número de saídas, e eu não duvido que os alquimistas logo teriam todas elas
monitoradas. Eu só esperava que estivéssemos à frente deles e que a saída que
eu escolhi ainda não havia sido monitorada.
Quando saímos, estávamos em um grande hotel na Strip. Nenhum de nós viu
qualquer sinal de que estávamos sendo seguidos, então eu relaxei o espírito
enquanto nós caminhávamos através do estabelecimento. Passei pouco tempo
lá e simplesmente fui direto para o ponto de táxi. Pegamos um carro e logo
estávamos em nosso caminho para o cartório mais próximo que nos daria uma
licença de casamento. Tivemos sorte pelo tempo estar ao nosso lado, e nós
chegamos a encontrar uma fila pequena, provavelmente graças ao fato de ser
uma tarde de semana. Nós oferecemos as nossas identidades quando chegou
a nossa vez, e eu dei um sorriso a Sydney enquanto o funcionário processava
nossa papelada.
— Vai se casar como você mesma, hein? Não como senhorita Steele?
— Isso seria mais seguro, absolutamente — Disse ela com um sorriso
irônico. — Mas se nós vamos tentar pedir asilo aos Morois, precisamos que isso
seja tão legal quanto possível. Você vai se casar com Sydney Sage, você
querendo ou não.
Eu beijei sua testa.
— É a única coisa que eu quero.
Nenhum Alquimista nos interrompeu durante esta missão, o que eu tomei como
um bom sinal. Uma vez com nossa licença, nós pegamos um táxi de volta para
a Strip, para outro hotel, desta vez ao lado de um enorme complexo subterrâneo
comercial. Eu verifiquei novamente o endereço no meu telefone e, em seguida,
guiei Sydney para o lugar que eu olhei mais cedo: um negócio cujo único
propósito era para preparar as pessoas para casamentos rápidos em Vegas. A
parte em que entramos estava cheio de vestidos de noiva, e além dele, eu podia
ver uma área de salão. A consultora saiu assim que entramos.
— Vocês parecem um casal feliz — disse ela.
Eu me perguntei se isso era verdade, pois nós dois estávamos muito tensos por
estarmos sendo seguidos. — Como posso ajudá-los?
— Nós vamos nos casar — declarei. — E você tem duas horas para dar a
ela tudo o que ela quer e o que ela precisa para se preparar.
Até mesmo Sydney pareceu assustada com isso. — Adrian... — Ela começou,
nervosa.
— Vocês fazem cabelo e maquiagem aqui? — Eu perguntei, apontando para
o salão de beleza. — Leve-a lá e também ajude-a a encontrar um vestido. Um
bom vestido, e não apenas qualquer um deles. — Eu balancei a cabeça em
direção a um cabide próximo a onde estávamos, que estava escrito PECHINCHA
DE VESTIDOS.
— Adrian... — disse Sydney novamente.
— Vou precisar de um smoking também — Eu disse. Peguei um pedaço de
papel do bolso e tirei a caneta que a consultora de vendas estava segurando. —
Aqui estão as minhas medidas. Pegue um que combine com ela. Eu confio em
seu julgamento. E então qualquer outra coisa que ela quiser.
— Você está indo embora? — Perguntou Sydney em uma súbita percepção.
— Eu tenho algumas coisas para fazer. Mas eu vou estar de volta em duas
horas. — Ela e a consultora ainda pareciam pasmas. — Ah — disse eu.
— Eu acho que nós precisamos conversar sobre dinheiro. Que bobagem a
minha.
Eu peguei a caneta novamente e escrevi um montante — um montante muito
grande — próximo às minhas medidas.
— Será que isso cobre tudo?
Sydney engasgou quando ela viu. A consultora simplesmente levantou uma
sobrancelha.
— Sim, senhor. Consideravelmente. Eu não suponho que você realmente
tem algum desse dinheiro em mãos?
— Não — eu disse. — Mas eu não preciso disso. Eu tenho uma cara honesta,
e você confia que eu vou pagar minhas contas.
Eu usei o máximo da minha compulsão, e depois de um momento de hesitação,
a consultora concordou em aceitação. O irônico é que eu poderia ter o compelido
o suficiente para ela nos dar tudo de graça. Eu sabia que Sydney nunca me
perdoaria por começar o nosso casamento com esse tipo de decepção, sem
mencionar que seria provável que a pobre mulher fosse demitida. Beijei Sydney
na bochecha. — Divirta-se. Eu estarei de volta em breve.
Sydney correu atrás de mim e pegou meu braço. — Adrian, o que você vai fazer?
Mesmo você não pode ganhar esse tanto de dinheiro em duas horas.
Beijei-a novamente. — Eu vou fazer o seu sonho se tornar realidade, Sage.
Tenha fé. E se os Alquimistas aparecerem... — Seria um infortúnio, e parecia
pouco provável, mas nós tínhamos que estar preparados. — Faça o
que tiver que fazer para escapar. Nos Encontraremos em um sonho ou através
de Marcus.
— Tenha cuidado — Disse ela, ainda parecendo compreensivelmente
preocupada.
— Sempre — menti.
Eu fui para fora, de volta ao complexo comercial, tentando esconder o quão
desconfortável eu me sentia. A coisa mais segura e inteligente teria sido usar
esta janela para escapar de Vegas e se casar em algum outro lugar, mas, além
do fato desta cidade ter sido construída em torno de casamentos rápidos, eu
realmente me importava e queria realizar um de seus sonhos. Eu só esperava
que não nos colocasse em problemas no final. Meu telefone soou com uma
mensagem de texto, e eu olhei para baixo, esperando algum aviso de sinistro de
Marcus. Em vez disso, eu vi uma mensagem de Jill:
“Esta é a coisa mais romântica que eu já vi. Eu me sinto como se eu estivesse
assistindo a um filme feito para a TV.”
“Obrigado” Eu escrevi de volta. “Alguma dica?”
“Não, você está indo muito bem. Eddie está furioso que vocês partiram.
Talvez isso faça ele se sentir melhor.”
Foi um alívio saber que ele estava de volta ao lado dela, e nenhum dano tinha
sido feito por pedir-lhe para ir ao salvamento. Eu escrevi:
“Mantenha isso em segredo por enquanto. Então esteja pronta para as
consequências. Logo que eu possa nos tirar daqui.”
“Eu poderia ser capaz de ajudar com essa parte” ela respondeu.
Eu não via como ela podia, mas ela não enviou nenhuma mensagem, e eu logo
eu me perdi em minhas outras tarefas. Não demorou muito tempo para chegar
ao meu destino: uma loja de jóias que tanto comprava quanto vendia itens. Ela
não era exatamente decadente nem era uma casa de penhores decente, mas
seu princípio de funcionamento era semelhante. Essa era Las
Vegas, depois de tudo. Um velho de cabelos brancos me cumprimentou quando
entrei, perguntando como ele poderia ajudar. Com uma respiração profunda, eu
fiz o impensável e tirei uma das abotoaduras da tia Tatiana.
— O que você pode me dar por isso?
Ele prendeu a respiração quando ele pegou e olhou-a com um óculos de
joalheiro.
Como você pôde fazer isso comigo? gritou a tia Tatiana. Como você pode jogar
fora as minhas jóias? futuro.
Eu não vou jogá-los fora, eu disse a ela. Isto é importante. Isso é para o
Um futuro com uma humana!
Um futuro com a mulher que eu amo, eu respondi. Eu te amo, tia Tatiana, mas
você se foi. Sydney está aqui, e meu lugar é com ela. Estas abotoaduras não
fazem bem a ninguém apenas ficando por aí.
O Fantasma da tia Tatiana ainda estava indignada. Você está me traindo!
Eu me senti um pouco mal por dentro, mas ainda estava decidido. Uma vez, eu
tinha tomado um rubi destas abotoaduras e dei para uma casa de penhores com
a intenção de comprá-lo de volta. Eu tinha pego de volta — por pouco — e aquela
experiência tinha sido mais do que um pouco traumática. Agora, não havia como
voltar atrás. Eu não só estava desistindo das abotoaduras, eu estava as
renunciando por completo. Com as nossas limitações de tempo, eu não seria
capaz de ganhar o suficiente e voltar aqui para comprá-lo de volta. Este foi o
meu sacrifício pelo sonho da Sydney.
O preço que ele deu foi baixo, é claro, e nós discutimos várias quantias.
Tínhamos quase chegado a um preço (embora fosse ainda menor do que o preço
de uma abotoadura) quando eu fiz o meu próximo movimento e tirei a segunda
abotoadura.
— Dê-me essa quantia — eu disse. — E eu vou te oferecer este negócio. Eu
quero essas pedras colocadas em uma aliança fina de ouro branco. Então eu
preciso de duas simples alianças. Você mantém a platina como pagamento. Vale
muito mais a pena do que aquilo que você estará me dando em troca. Oh, e eu
preciso dele feito em uma hora.
Nós discutimos mais alguns detalhes, mas ele sabia que estava fazendo um bom
negócio e queria muito fechá-lo. Nós finalmente resolvemos, e ele me mostrou
uma variedade de alianças. Eu não tinha muito tempo e escolhi um engajamento
com estilo simples que iria segurar um diamante retangular com rubis
retangulares menores em cada lado. Eu tinha planejado apenas alianças
simples, mas ele me mostrou um conjunto de alianças que combinavam, de ouro
branco com pequenos rubis espalhados em todo o anel, que me atraiu. Eles
pareciam como uma homenagem às abotoaduras que haviam sido sacrificadas
em nome deste esquema louco. Eu assinei tudo, levei meu dinheiro, e lembrei-
lhe que ele tinha uma hora.
A partir daí, eu fui para um cassino mais próximo — com salas de pôquer
milionária — com uma ligação muito importante feita ao longo do caminho. Jogar
com esse tipo de dinheiro foi um pouco difícil, especialmente sabendo que eu
tinha tão pouco tempo e que tanto estava dependendo nele. Se eu perdesse,
não haveria tempo para ganhá-lo de volta, e um monte de planos iria por água a
baixo. Mantive a calma e me recusei a entrar em pânico, eu tratei isso como um
jogo casual e contei com o meu truque habitual de leitura de auras. Os jogadores
aqui não eram diferentes dos outros que eu tinha jogado contra, eu disse a mim
mesmo. Eles estavam apenas fazendo apostas muito maiores.
Uma hora mais tarde, eu deixei a mesa com o suficiente para cobrir todas as
despesas do casamento, e também uma viagem de saída de Las Vegas. Voltei
até o joalheiro, que cumpriu o que ele prometeu. Eu embolsei os anéis e fiz outro
telefonema enquanto eu fazia duas paradas: uma na farmácia e uma na Loja de
vinhos. Com um suspiro de alívio, eu percebi que tinha concluído a última das
minhas tarefas, além do casamento em si. Eu voltei para a loja de noivas,
espantado ao descobrir que eu estava bem no horário.
As últimas duas horas tinham sido tão frenéticas, produzindo tanta ansiedade,
que eu senti como se meu mundo tivesse sido colocado em avanço rápido, com
tudo tendo a necessidade de ser feito agora agora agora. E assim, era mais do
que um pouco surreal quando entrei na loja e vi Sydney...
... E tempo que eu conhecia de repente congelou.
Eu tinha dito sério quando falei a ela para conseguir tudo o que queria. Eu não
me importava. Ela realmente poderia ter aparecido no altar em uma camiseta
azul-petróleo, e eu teria casado com ela, com o coração cheio de amor. Dito isto,
eu tinha algumas ideias de que tipo de vestido que ela iria usar. Algo modesto,
com mangas longas de renda, foi o meu maior palpite. Ou talvez um daqueles
tipos simples, com uma de manga curta que não tivesse nenhum enfeite extra.
Ela era Sydney, depois de tudo. Eu esperava o pragmatismo dela.
O que eu não esperava era o velho glamour de Hollywood. O vestido estava em
volta dela confortavelmente, mostrando um corpo que em nada parecia muito
magro, com dobras de organza e com enfeites de cristal frisado. Apenas abaixo
de seus quadris, ele se alargava em um estilo sereia numa explosão de tule, que
também foi decorado com enfeites dispersos. Apenas uma alça de renda e cristal
delicado descansava em seu ombro; o outro ombro estava nu. Seu cabelo, com
o seu novo comprimento extra, tinha sido preso em um coque simples, com um
pente de cristal segurando-o no lugar na parte de trás de sua cabeça, com um
enorme véu longo, arrastando com ele. Vibrantes brincos pendentes eram sua
única jóia, e algum maquiador magistral tinha coberto todos os sinais de sua
recente fadiga e de seu lírio dourado sem fazer com que parecesse excessivo.
Estava perfeito. Ela era perfeita. Radiante. Gloriosa. Uma visão.
— Eu sinto que eu deveria ficar de joelhos de novo — Eu disse em voz baixa
Ela me deu um sorriso nervoso e passou a mão sobre o brilhante vestido.
— Apenas me diga que você pode pagar tudo isso, porque eu poderia voltar
atrás no que eu disse sobre casar com a camiseta.
— Eu posso pagá-lo — Eu disse, ainda impressionado com sua beleza. Ela
me deu um pequeno empurrão. — Então é melhor você se vestir.
A consultora estava feliz em me mostrar a um quarto para me vestir, e ficou mais
feliz ainda quando viu o meu dinheiro. O smoking que tinham escolhido era
clássico e elegante, trespassado e preto. A consultora se certificou que eu queria
comprá-lo, em vez de alugá-lo, e eu a tranquilizei que eu queria. Alugar teria
exigido um cartão de crédito, e eu queria usar o meu tão pouco quanto possível,
uma vez que isso fornecia uma pista. Quanto mais eu pudesse pagar em
dinheiro, melhor.
Os olhos de Sydney brilharam quando eu saí do vestiário. Senti-me insignificante
ao lado de seu brilhantismo, mas ela me assegurou que eu parecia incrível. A
consultora me ajudou a fixar uma peônia branca no meu paletó, e notei que
Sydney estava carregando um pequeno buquê de rosas em uma das mãos. Na
outra mão, ela segurava os dois sacos que estávamos carregando desde que
chegamos à Nevada, e agora eu tinham mais a acrescentar à coleção. Nós
conseguimos colocar tudo em um saco só antes de sair da loja, e ela deu ao
saco da loja de vinhos um olhar intrigado.
— O que é isso?
— Para nossa lua de mel — Eu disse.
— Eu percebi que o saco de farmácia era para isso — Ela comentou.
— Isso também — Eu prometi.
Nós terminamos o último do nosso pagamento e, em seguida, saímos de mãos
dadas, completando o último pedaço da nossa jornada a pé. Nosso destino era
o Firenze, um novo hotel com um tema italiano que era ligado a um complexo
comercial. Eu poderia dizer que Sydney fez uma pequena caminhada
autoconsciente através das multidões em sua elegância de casamento, mas
não era de forma alguma uma visão incomum em Las Vegas. As pessoas
sorriram quando passamos e muitos nos felicitaram. Isso, talvez, atraiu mais
atenção do que nós queríamos, mas eu meio que gostava de fingir que todas as
pessoas que passaram foram convidados presentes no nosso casamento. Isso,
e eu tinha um pouco de orgulho em mostrar a noiva linda ao meu lado.
Assim que chegamos à entrada da Firenze, uma nova mensagem de Jill chegou.
Eu a li e encontrei um grande sorriso se espalhando pelo meu rosto.
— O que é isso? — Perguntou Sydney
— Espere para ver — eu disse. — Acabamos de receber um grande presente
de casamento.
O Firenze, como a maioria dos grandes resorts de Las Vegas, tinha uma seção
de capelas de casamento, e eu levei Sydney através do casino. Um homem de
aparência nervosa em um uniforme hotel passava pelo corredor e parou quando
nos viu.
— Você é Adrian? — Perguntou.
— Tenho certeza que sou.
Ele pareceu aliviado. — Ok, você tem 10 minutos para entrar e sair antes que eu
esteja em grandes problemas. Há uma grande festa que tem essa sala
reservada, e eles vão começar a aparecer em breve.
— Esse é todo o tempo que precisamos — eu disse a ele, entregando uma
pilha de dinheiro.
— Por aqui — disse ele, nos acenando uma porta escrita CAPELA
TOSCANO. Ele a abriu para nós.
Sydney me deu um olhar espantado. — Você subornou nossa entrada em um
casamento?
— Os bons lugares precisam ser reservados com antecedência, mesmo em
Las Vegas. — Fiz um gesto para dentro. — Esta foi a única maneira que eu
poderia levá-la para a Itália.
Ela entrou e riu, olhando em volta com prazer. A capela era pequena, projetada
para armazenar cerca de cinquenta pessoas, e foi pintada com uma ideia
americana de grandeza italiana. Murais nas paredes representavam campos de
uvas, enquanto o teto abobadado estava coberto de anjos. Uma abundância de
detalhes dourados por toda a sala questionava bom gosto, mas eu poderia dizer
pelos seus olhos brilhantes que não importava.
Na parte da frente da sala havia um pódio enfeitado com flores. Um ministro
estava atrás dele, com um dos fotógrafos do hotel pairando nas proximidades.
Eu lhes devia dinheiro. O cara que ia nos deixar entrar trabalhou para reservar a
recepção de casamento, e eu basicamente tive que fazer uma rápida ligação
hoje cedo, prometendo fazer com que este caso ilícito valesse a pena se ele
pudesse obter um quarto e o pessoal adequado. Deixamos nossas malas em um
banco vazio e começamos a nos aproximar do ministro quando eu lembrei de
algo.
— Oh, espere. Você precisa disso primeiro.
Eu peguei a mão dela e coloquei o anel de noivado feito recentemente. Sydney
prendeu a respiração com a peça brilhante, e então ela olhou para mim,
alarmada, finalmente percebendo de onde o financiamento para esta aventura
tinha vindo.
— Adrian, estas pedras eram da sua tia. Levei-a para frente. — E agora elas
são suas.
O ministro sabia sobre as nossas limitações de tempo e manteve o serviço
bastante básico, principalmente falando sobre o que era legalmente exigido, no
estado de Nevada. Ele adicionou uma parte que era de sua própria autoria,
palavras que ardiam em mim se repetiram no meu cérebro mais tarde, quando
eu coloquei o pequeno círculo brilhante de rubis no dedo da Sydney:
— Até agora, vocês sempre viveram sua vida sozinhos. Toda decisão que
vocês tomaram foram para vocês, como seres individuais. Agora, e para o resto
de seus dias, suas vidas estarão ligadas uma a outra. Toda decisão que vocês
fizerem vai ser para ambos. O que um faz afeta o outro. Vocês são uma família,
uma equipe... inseparáveis e inquebráveis.
Eram palavras poderosas para alguém como eu escutar, alguém que havia vivido
uma muito egoísta existência. Mas quando eu encontrei os olhos brilhando de
Sydney e vi a esperança e a alegria que irradiava deles, eu as senti em mim. Eu
estava pronto para dar esse passo altruísta com ela, saber que tudo o que
faremos daqui para frente era sobre nós dois e, eventualmente, à nossa família.
Esta foi a decisão mais importante que eu tinha feito na minha vida e... a que me
fez mais feliz.
Quando os votos foram ditos e os anéis estavam colocados, o ministro nos
declarou marido e mulher. Eu puxei Sydney para mim e a beijei, cheio de amor
e de vida e a felicidade que nos preparava o futuro. Quando finalmente nos
separamos, o ministro acrescentou:
— Estou muito satisfeito em apresentar ao mundo Adrian e Sydney Ivashkov.
O sorriso de Sydney ficou um pouco irônico para isso, e eu não pude deixar de
gemer. — Oh, não. O quê?
Ela riu. — Nada, nada. Eu sempre pensei que eu iria manter o meu próprio nome.
Ou, pelo menos, que juntaria com um hífen.
— Realmente, mulher? — Eu disse. — Você me diz isso agora? Me deve
outro beijo por isso.
Eu a puxei de volta para mim e na verdade ganhei dois beijos. Nós assinamos a
papelada com o ministro, e então eu paguei pelos bônus do fotógrafo. Eu
também comprei o cartão de memória da câmera do fotógrafo ali mesmo, apesar
de seus protestos sobre como ele normalmente carregava as fotos e nos enviava
para visualização online.
— Não temos tempo — eu disse, agitando o mágico maço de dinheiro.
Era quase tão bom quanto compulsão.
Com tudo feito, reunimos nossas coisas e dissemos adeus a nossa pequena fatia
da Itália.
— O que vamos fazer agora? — Perguntou Sydney, enquanto nos movíamos
em direção à porta, de mãos dadas.
— Agora nós sairemos daqui, e acredite em mim, nós vamos sair em grande
estilo.
O cara das reservas segurou a porta aberta para nós, mais do que aliviado que
sua pequena aventura tinha acabado. Eu agradeci-lhe de novo e saí para o
corredor principal...
... Onde um grupo de alquimistas estava esperando por nós.
Capítulo 21 Sydney
Uma força invisível de repente fez os Alquimistas voarem contra as paredes, e
eu não tive que perguntar para saber que foi obra de Adrian. Senti sua mão nas
minhas costas, me empurrando para frente.
— Venha.
Nós corremos pelo corredor, sem olhar para trás, ambos sabendo que os
Alquimistas não iriam ficar para trás por muito tempo.
— Nós apenas temos que chegar à Lagoa Azul — ele me disse.
— É uma piscina aqui, ou algo assim? — Perguntei. Meu vestido e meus
sapatos tornavam mais difícil de manter o passo, e ele pegou na minha mão para
me levar junto.
— É um novo hotel. Na extremidade sul da Strip.
— Extremo sul... — Eu visualizei o meu mapa mental de Las Vegas
Boulevard. — Isso fica a pelo menos um quilômetro e meio ou mais longe!
— Desculpe — disse ele. — Não havia nada a ser feito. Seguimos
Eu não pedi uma elaboração enquanto saíamos para o salão de jogos.
Normalmente, eu agradeceria por entrar em uma área congestionada em que
pudéssemos nos camuflar, mas Adrian e eu não nos misturávamos vestindo
nossos elegantes trajes de casamento. O fato de que estávamos correndo
furiosamente entre a multidão e esbarrando nas pessoas meio que nos fez se
destacar muito.
— Desculpe — Eu disse, quando Adrian acidentalmente esbarrou em uma
garçonete que levava uma bandeja de bebidas. Elas derramaram em algumas
pessoas muito surpreendidas em uma mesa de blackjack, mas não havia tempo
para mais desculpas ou reparações. Um rápido olhar para trás não revelou os
Alquimistas, mas eu podia ver sinais de comoção na multidão, fazendo-me
pensar que nossos perseguidores estavam quase ao nosso encalço.
Esse andar do cassino era como um labirinto para mim, mas Adrian parecia ter
um senso de orientação. Pouco tempo depois, saímos pela porta da frente, na
unidade circular da Firenze, que estava repleta de todos os tipos diferentes de
caos. A noite tinha caído, e o número de pessoas que se deslocavam para dentro
e em torno de nós tinha aumentado significativamente, enquanto os caçadores
de prazer saíam para jogar, para shows, e outras diversões. Os alquimistas não
estavam nos seguindo ainda, e nós dois olhamos ao redor para o nosso próximo
passo.
— Onde estão os táxis? — Exclamou Adrian.
Um grande grupo de mulheres jovens, vestidas para impressionar, estava perto
de nós. Uma delas usava uma faixa de "futura noiva" e uma tiara de Strass, e a
vibração em torno delas sugeriu que já tinham tomado mais de uma bebida em
sua honra esta noite. Elas fizeram “Ohhh” e “Ahhh” quando nos viram.
— Estamos à espera de um táxi também — Disse a menina mais
próxima de mim. Ela deu uma risadinha. — Alguns deles, na verdade.
— Vocês estão em algum tipo de problema? — Perguntou a outra.
— Sim — eu disse, pensando rapidamente. — Nós fugimos, e meu pai não
aprova. Ele e algumas pessoas da minha família estão bem atrás de nós,
tentando nos alcançar para conseguir uma anulação.
Isso não estava tão longe da verdade, e elas engasgaram e exclamaram em
desespero. Adrian varreu seu olhar sobre todas elas e disse com uma voz doce:
— Seria ótimo se vocês pudessem nos deixar pegar esse próximo táxi.
— Eu olhei para cima e vi um táxi amarelo se aproximando de onde
estávamos.
Compulsão em massa era difícil, mas beber tinha feito este grupo ter uma fraca
força de vontade. E, honestamente, elas poderiam ter ajudado de qualquer forma
em nome do romance. Elas começaram a tagarelar sobre o amor verdadeiro, e
a futura noiva acenou em direção ao táxi.
— Pegue esse, pegue esse!
Enquanto Adrian e eu entrávamos, os Alquimistas apareceram de portas de vidro
e as abriram.
— Hey! — Eu disse para as meninas, acenando com o meu buquê. — Vão
praticando mais cedo! — Eu atirei o buquê na direção a elas, com o objetivo de
que o buquê fosse em direção a porta, indo direto para os Alquimistas. As
meninas gritavam em delírio, se transformando em um pacote raivoso enquanto
todas elas foram atrás do buquê e colidiram direto com nossos perseguidores
assustados. Eu não vi como isso acabou, porque nessa hora eu estava no carro,
e Adrian estava dando ordens para irmos ao Lagoa Azul. O táxi começou a
andar.
— Vamos esperar que isso seja tão simples quanto conseguir uma carona
pela rua — disse Adrian severamente. — Como é que eles nos encontraram?
— É difícil dizer. Pode ter sido tão simples quanto seus olhos e ouvidos nos
avistando em algum lugar. — Eu suspirei em desânimo. — A culpa é minha. Se
eu não tivesse sido tão boba sobre um casamento "de verdade", estaríamos fora
da cidade há muito tempo.
Ele passou o braço em volta de mim. — De jeito nenhum — disse ele. — Eu
estou feliz que fizemos isso. Eles levaram muito de nós já. Eles não podem tirar
o dia de hoje de nós também.
— No mínimo — eu disse com ironia — Eu deveria ter esperado algo como
isso acontecer e ter escolhido um vestido que fosse mais fácil para me mover.
Este estilo sereia não tem muita mobilidade na perna, mas aquela senhora
garantiu-me que se o entrelaçasse corretamente na parte de trás, poderia fazer
parecer que eu tenho mais silhueta do que eu tenho.
— Sua silhueta parece muito boa de onde estou sentado — disse ele,
correndo os dedos ao longo das contas na minha alça de ombro.
Eu sorri para ele e, em seguida, olhei em volta, quando eu notei algo.
— Por que não estamos em movimento?
O motorista fez um gesto irritado em seu parabrisa.
— Típico esta hora da noite. Todo mundo vai à algum lugar. Vocês crianças
não estão tentando chegar a um compromisso na capela, estão?
— Já fomos — disse Adrian.
— Isso é bom — disse o motorista, que avançou para a frente. Eu vi seus
olhos olharem para o espelho retrovisor. — Porque vocês podem ter que esperar
aqui mais um pouco. A única maneira de contornar tudo isso é em uma
motocicleta, como aqueles loucos.
Adrian e eu olhávamos para trás. Tudo o que eu podia ver no início era um mar
de faróis na estrada lotada, mas, em seguida, um pouco mais atrás, vi quatro
faróis individuais em movimento e tecendo dentro e ao redor dos carros que
estavam parados ou em marcha lenta. Adrian, com sua visão superior à minha
à noite, fez uma careta.
— Sydney, eu tenho um mau pressentimento sobre isso.
— Precisamos sair — Eu disse de forma decisiva. — Agora.
Adrian não me questionou e simplesmente entregou o dinheiro para cobrir a
nossa tarifa atual, para o espanto do motorista.
— Você está louco? Você está no meio de um milhão de carros!
Isso ficou evidente quando saímos e tentamos atravessar para o lado mais
próximo da estrada. Buzinas soaram para nós enquanto nós corríamos por toda
Las Vegas Boulevard, mas pelo menos a maioria dos carros estava parada, por
isso, não estávamos correndo muito risco. Na verdade, os únicos veículos que
pareciam estar chegando a algum lugar eram as quatro motocicletas.
Mantiveram-se em movimento em sua trajetória mais cedo, simplesmente
tentando ir mais abaixo na estrada, e eu pensei que talvez nós tínhamos os
enganado. Mas então, quando chegamos ao meio-fio e nos aproximamos da
calçada, eu vi uma das motocicletas virar bruscamente em nossa direção. Os
outros logo o seguiriam.
A calçada estava cheia de gente, e como a estrada, ninguém parecia estar se
movendo.
— Eles não vão massacrar um grupo de pedestres com suas bicicletas, vão?
— perguntou Adrian enquanto corríamos no meio da multidão o mais rápido que
podíamos.
— Provavelmente não — eu disse — mas eles provavelmente vão nos
alcançar bem rápido uma vez que ficarem a pé. E eles não terão escrúpulos
quando abandonarem as motocicletas. — Paramos enquanto um grupo de
turistas com câmeras se recusavam a se separar, obrigando-nos a fazer um
grande círculo em torno deles. — Por que todo mundo está ao redor?
— Porque nós estamos na frente do Bellagio — disse Adrian, olhando para
um amplo hotel. — Provavelmente está quase na hora de suas fontes se
iluminarem. Tenho certeza de que há um bonde ou monotrilho aqui que nos
levará ao Strip se pudermos alcançá-lo.
— Melhor que correr — eu disse. Eu estava plenamente consciente de que
não só o meu vestido, mas também meus sapatos estavam retardando nosso
ritmo. Pelo menos eu tive o bom senso de recusar os sapatos de salto alto “de
morrer” de treze centímetros que inicialmente tinha recomendado a consultora,
mas mesmo estes pequenos saltos estavam beliscando e começando a cobrar
seu preço.
Adrian e eu fizemos o nosso caminho até a porta principal do Bellagio, uma
jornada complicada por causa das multidões entusiasmadas, que cresciam à
medida que nos aproximávamos das fontes. Tivemos que consideravelmente dar
a volta por eles estavam para fazer qualquer tipo de progresso, o que também
nos tirava do caminho mais rápido para a porta. Nós tínhamos acabado de
chegar do lado mais afastado das fontes quando eu olhei para trás e vi o quarteto
correndo em nossa direção, muito mais insensíveis com quem eles estavam
esbarrando do que nós.
— Eu não sabia que os Alquimistas tinham esses tipos de recrutas —
comentou Adrian.
— Às vezes eles terceirizam as forças extras de segurança para...
Minhas palavras foram cortadas por exclamações de prazer enquanto as fontes
de repente saltaram para a vida. Riachos de água dispararam centenas de
centímetros no ar, e as barras de "Viva Las Vegas" de abertura soaram. Adrian
começou a correr novamente, mas eu segurei-o de volta.
— Espere aí — eu disse.
Os alquimistas tinham feito seu caminho o mais próximo possível das fontes, o
que escandalizou quem estava esperando por um tempo. O quarteto olhou em
volta, usando o lugar com claridade para procurarem por nós. Fiz contato visual
com um, e ele gesticulou para seus colegas na minha direção. Chamei minha
magia, com base em longas horas de prática canalizando os elementos, invoquei
a essência da água perto de nós. Os Alquimistas só conseguiram dar alguns
passos em nossa direção, quando eu fiz uma das correntes da fonte de curvar-
se, quase como um braço, na direção deles.
Minha extensa prática elementar me fez chegar a um elemento puro mais fácil
do que poderia ter sido, mas eu não era usuária de água Moroi. Meu controle da
corrente de água era desleixado, inadvertidamente espirrando água nas pessoas
que estavam em um raio de seis metros dos alquimistas. Eu cerrei os dentes e
usei toda a minha magia e energia para dar à corrente de água o máximo de
solidez que eu poderia dar, enquanto a corrente se arrastava na direção dos
Alquimistas. Ela se envolveu em torno dos quatro e os levantou no ar,
provocando gritos de espanto e um monte de flashes de câmera. Neste ponto, o
feito tinha sido demais para as minhas forças, mas já tinha feito o que eu
precisava. Eu tinha os alquimistas sobre a fonte do lago neste ponto, e eu liberei
a magia que por sua vez, os tirou de sua suspensão. Eles caíram na água com
um esguicho.
— Wow — disse alguém perto de mim. — Eles não tinham isso no show da
última vez que estive aqui!
Enquanto Adrian e eu continuávamos nossa corrida para o hotel, a ex- Alquimista
em mim não poderia deixar de estremecer com a exibição pública do
sobrenatural que eu tinha acabado de fazer, especialmente com tantos
dispositivos de gravação em mão. Isso ia contra todos os princípios que eu tinha
sido ensinada sobre esconder o mundo paranormal das pessoas comuns, e eu
tentei me consolar com o conhecimento de que pelo menos ninguém seria
confiável para identificar exatamente como a fonte fez o que tinha feito. E se os
alquimistas estavam realmente preocupados com a reação do público, não tinha
dúvida de que iriam encontrar um jeito para distorcê-la no noticiário.
Chegamos ao Bellagio sem complicações, e eu só tive um momento para
admirar o bonito vidro de flores do salão, enquanto Adrian pedia a um trabalhador
informações de como chegar à estação de bonde. A estrada era simples, mas
era necessário sair do hotel novamente. Não nos atrevemos a andar devagar e
fizemos a viagem em um trote médio, o que em si foi notável. Tudo que os
Alquimistas tinham que fazer quando finalmente saíssem da água, era perguntar
se alguém tinha visto uma noiva e um noivo correndo por aí. Eu só podia esperar
que a segurança iria detê-los e que já tivesse um bonde na estação quando
chegássemos.
Não tinha, mas só tivemos que esperar cinco minutos, e ninguém apareceu
nesse tempo. Subimos a bordo e desabamos em um par de lugares, nós
estávamos exaustos.
— Recupere o fôlego — disse Adrian. — Estamos indo para o fim da linha.
Eu balancei a cabeça, cansada tanto por causa da corrida quanto pelo intenso
uso de magia. Eu cruzei as pernas e tirei um dos meus sapatos para que eu
pudesse massagear meus pés doloridos. Uma mulher sentada à minha frente
com tênis azuis vibrantes, estudou meus sapatos admiração.
— Eles são maravilhosos — disse ela.
— Qual é o tamanho que você usa? — Eu perguntei.
— Trinta e cinco.
— Eu também. Você quer trocar?
Os olhos dela se arregalaram. — Você está falando sério?
— Eu preciso de algo azul para completar o look. — Eu levantei um sapato
branco, brilhante com os enfeites de cristal. — Eles são Kate Spade.
Sua amiga deu uma cotovelada nela. — Faça isso! — disse ela em um sussurro.
Um pouco mais tarde, eu estava calçando sapatos novos. Eles não podiam me
salvar das bolhas que eu já tinha feito, mas quando chegamos a nossa parada
e eu fiquei em pé, meus pés certamente me agradeceram pela mudança de
apoio. O tule na parte inferior do vestido caiu sobre eles, e ninguém sabia sobre
o que estava por baixo. Nenhum perseguidor nos esperava quando saímos
do bonde, e andamos vagarosamente quase um quarteirão até o Lagoa Azul. Eu
me diverti com uma fantasia de cinco minutos que estávamos aqui para a nossa
lua de mel, para apreciar a vista, como qualquer outro casal normal. Esse
devaneio agradável foi quebrado quando entramos no lobby do Lagoa Azul e vi
uma mulher uniformizada contra uma parede. Quando ela nos viu, ela
imediatamente se endireitou e falou em um fone de ouvido.
— Ela está pedindo reforços — Eu disse, notando que ela só nos observava,
mas não se movia. — Eles tiveram toda a tarde para colocar espiões em cada
grande hotel aqui enquanto eu fazia compras.
Adrian não se intimidou. — Ignore. Estamos livres agora. Eles nunca vão
conseguir número suficiente de pessoas aqui a tempo para conseguirem nos
parar. — Ele foi direto para a recepção e perguntou:
— Desculpe-me, você poderia nos orientar para o seu heliporto?
Eu estava quase tão surpresa quanto o recepcionista ao ouvir essas palavras.
— Você tem autorização para acessá-lo? É em uma área muito segura,
geralmente não abre para os hóspedes do hotel. — Ele nos olhou mais em
dúvida. — Vocês estão pelo menos hospedados?
— Não — disse Adrian. — Mas estamos esperando, huh, uma carona lá em
cima. Deve haver um helicóptero vindo da Academia Olga de Dobrova, a
qualquer momento. — Essa foi outra surpresa. Olga Dobrova era uma pequena
e recente uma escola Moroi da fronteira ao norte da Califórnia e Nevada.
O recepcionista digitou algo em seu computador.
— Quais são os seus nomes? — Dissemos a ele, e negou com a cabeça. —
Desculpe. Vocês não estão na lista autorizada a ir até lá.
— Você pode pelo menos dizer-nos se ele está chegando? — Exclamou
Adrian. —Somos a razão por ele estar aqui!
O homem sacudiu a cabeça. — Sinto muito, não posso ajudá-lo a menos que
você obtenha autorização. Agora, vocês podem ir...
Adrian olhou fixamente para ele. — Não, você vai...
— Ele disse que não pode ajudar vocês.
Um homem com uma camisa do Elvis estava diante Adrian, seguido por uma
mulher vestida do mesmo jeito e um grupo de crianças. Eles começaram a falar
imediatamente, correndo para contar uma história de aflição sobre como o ar
condicionado não funcionava. Saímos do caminho com desânimo, e notei que a
Alquimista que estava nos vigiando não estava lá.
— O que está acontecendo? — Perguntei.
— O melhor plano de fuga está dando errado — Adrian murmurou. — Este
foi o presente de casamento de Jill: o nosso plano de fuga para fora de Vegas.
Ela convenceu Lissa de que eu estava em grande perigo e conseguiu que ela
enviasse um helicóptero aqui para nos levar de volta para Dobrova e depois
pegaríamos um de seus aviões particulares para voltar a Corte. Uma viagem
longa por causa de todo o reabastecimento, mas gostaria de evitar lugares
públicos e não haveria possibilidade de esbarrarmos com os Alquimistas. Jill
disse que o helicóptero estava para vir aqui, mas eu acho que ninguém percebeu
que para a gente chegar até ele, era preciso resolver algumas papeladas por
aqui.
Embora ele continuasse usando o "nós", eu me perguntava se Lissa sabia que
eu estava com ele ou se Jill tinha simplesmente convencido Lissa a utilizar os
recursos reais baseado em uma história-ainda que verdadeira, sobre a
segurança de Adrian.
Adrian logo se recuperou. — Ok. Sem problemas. Temos dinheiro e compulsão.
Assim que o Elvis e sua família forem embora, nós vamos voltar para aquele
cara e... — Seus olhos percorreram o lobby, após vários funcionários cumprindo
suas funções. — Risque isso. Nós não precisamos dele. Alguém por aqui vai
rachar e nos dizer o caminho para o heliporto. Não importa se o hotel não acha
que nós deveríamos estar lá. Se nós estivermos lá e o helicóptero nos levar, isso
é tudo que importa.
Dois funcionários ficaram completamente perdidos quando ele perguntou, mas
um porteiro de folga hesitou tempo suficiente para Adrian entrar e aproveitar a
oportunidade.
— Você não tem que fazer nada — Adrian assegurou. — Só nos dizer onde
ele está, e há uma centena de dólares em dinheiro para você.
O homem hesitou e depois abanou a cabeça.
— Você nunca vai chegar ao heliponto. Sem o cartão correto de acesso, o
elevador não vai até aquele nível na Torre Starlight, e quase ninguém tem. Mas...
— Sim? — Perguntou Adrian. Ele não estava exatamente usando
compulsão, mas ele certamente parecia muito atraente. Ou talvez eu só estava
sendo tendenciosa.
— Com uma chave comum de hóspede, vocês poderão ir para o topo da
Torre Aurora. De lá, desçam e vão pelo corredor oeste, e há uma porta que vai
para o telhado. Nesse ponto, vocês teoricamente poderiam atravessar pela
ponte de manutenção e subir a escada até o heliporto. — Ele olhou para o meu
vestido com ceticismo. — Teoricamente.
— Teoricamente é bom o suficiente para nós. — disse Adrian. — Mas nós
não somos hóspedes. Vou te dar mais cem se você puder nos dar a chave de
acesso.
— Fácil — disse o rapaz. — Mas eu não consigo um que desbloqueie a porta
de acesso ao telhado.
— Nós vamos lidar com isso — eu disse, esperando que isso fosse verdade.
O porteiro se manteve fiel à sua palavra, e poucos minutos depois, ele nos
forneceu um cartão de acesso de hóspede. Adrian deu-lhe o dinheiro, e fomos
para o elevador da Torre Aurora.
— Quanto dinheiro que nos resta? — Perguntei.
— Não muito — Adrian admitiu. — Duzentos. Mas uma vez que estivermos
no vôo de volta a Corte, isso não importa.
As orientações e o cartão funcionaram bem, e em pouco tempo, nós nos
encontramos na porta que dava para o telhado. Era uma pesada porta de vidro,
dividida verticalmente com dois painéis de vidro, e que tinha um cartaz que dizia
que um alarme soaria, se ela for aberta sem aviso.
— Se é aberta — eu murmurei. — Eu me pergunto o que vai acontecer se
nós removermos um painel de vidro? Deveríamos ser capazes de passar.
— Você está pensando em quebrá-lo? — Perguntou Adrian. — Hopper está
na forma de estátua, certo? Talvez pudéssemos esmagá-lo no vidro.
— Eu tinha uma solução mais elegante em mente.
Entre as fontes de Ms. Terwilliger, eu encontrei uma pequena bolsa de ervas
amargas com cheiro. Eu as polvilhei no painel inferior de vidro e, em seguida,
verifiquei um feitiço no livro que ela forneceu. Depois de ter sido forçada a
exercer tanta magia improvisada, um feitiço padrão com componentes
parecia quase luxuoso. Acenei minhas mãos sobre o vidro e gritei palavras
gregas. Momentos depois, o vidro no painel começou a derreter como gelo,
escorrendo até formar uma poça no chão. A poça logo se solidificou, mas a
metade inferior da porta estava agora aberta e exposta ao ar exterior. O melhor
de tudo, nenhum alarme disparou.
— Não há dúvida — disse Adrian. — Eu definitivamente me casei com
alguém superior.
Cada um de nós passou pela abertura e atravessamos o telhado, que estava
cheio de aberturas de ventilação e vários sinais de manutenção. A passarela que
ligava esta torre para a Starlight, felizmente, era sólida e estável, mas a escada
na lateral do prédio era uma questão muito mais intimidante. Ela exigia subir três
andares, o que não era uma enorme distância em um hotel que tinha vinte
andares, mas estar em um vestido, certamente complicava tudo, não importa o
quão seguros eram os meus sapatos.
Qualquer medo que eu pudesse ter sentido foi embora assim que reconhecemos
o barulho revelador de um helicóptero nas proximidades. Trocamos olhares
excitados.
— Você primeiro — disse Adrian enquanto estávamos na parte inferior da
escada e ele pegou a bolsa de mim. — Se algo acontecer, eu vou usar o espírito
para te manter lá em cima.
Eu neguei com a cabeça.
— Não, você primeiro. Haverá guardas no helicóptero. Será melhor se eles
virem um Moroi primeiro. Eu devo ser capaz de chamar a mágica do ar o
suficiente para me ajudar se eu escorregar.
— Deve? — Ele perguntou incisivamente.
— Não planejo escorregar.
Adrian me beijou e começou a subir. O vento se agitava em torno de mim
enquanto eu observava com a respiração pesada, cada parte de mim estava
tensa, enquanto ele fazia a minuciosa jornada um passo de cada vez. Mas ele
não escorregou ou pareceu vacilar nem um pouco. Depois do que pareceu uma
eternidade, ele chegou no topo e manteve-se firme no telhado superior. Ele
acenou para mim e, em seguida, deu alguns passos, e isso o deixou fora da
minha vista. O barulho do helicóptero tinha ficado mais alto, e eu esperei que
ele estivesse lá esclarecendo as coisas com os guardiões Dobrova.
Depois foi a minha vez. Meus sapatos novos tinham boa aderência, e as
limitações do vestido não importavam tanto, desde que os degraus da escada
fossem próximos e fossem fácil de se sustentar. A escada não foi feita para ser
um empecilho. Ela estava lá para trabalhadores de manutenção, projetada para
ser tão fácil para eles quanto possível. Minhas dificuldades vieram de outras
coisas, como a forma como o meu vestido e véu foram jogados ao vento e à
desorientação que eu tive quando cometi o erro de olhar para o lado. Las Vegas
se estendia abaixo de mim, em uma exibição noturna de luzes brilhante que era
tão deslumbrante quanto aterrorizante quando eu percebi o quão longe ela
estava abaixo de mim.
Mas eu também não escorreguei, e depois do que pareceu três horas, eu estava
fazendo meu caminho para o telhado também, e consegui meu primeiro
vislumbre do heliporto e a pista de aterrissagem.
E foi aí que as coisas deram errado.
Tinha um helicóptero, sim, mas ele não poderia pousar porque dois alquimistas
ou subcontratados dos Alquimistas, estavam bloqueando o heliporto. Mais dois
alquimistas estavam mais perto de mim, com armas apontadas na minha
direção. Isso realmente não foi o que fez meu sangue congelar, no entanto. O
que fez o meu coração querer saltar do meu peito foi a visão de Adrian - no lado
oposto do telhado de onde o Alquimistas estavam apontando as armas para mim
- de joelhos. Tinha uma arma apontada para ele também, tão perto que quase
tocava sua cabeça...
...e era Sheridan que estava segurando.
— Estou decepcionada — ela disse, tendo que gritar para ser ouvida sobre o
barulho do helicóptero. O vento gerado pela rotação das lâminas incomodava a
todos. — Se eu fosse você, eu já estaria há dez estados de distância. Em vez
disso, acho que apenas algumas horas de onde eu vi pela última vez tempo. Em
vez disso, eu te encontrei a apenas algumas horas de onde eu a vi pela última
vez.
Eu não conseguia formular uma resposta, ou mesmo qualquer pensamento
coerente de imediato. Tudo que em que eu podia me fixar era a vista de Adrian,
com a arma ao lado de sua cabeça. Nenhuma tortura que eu tinha enfrentado
nestes últimos meses estava perto do terror que eu sentia ao pensar em perdê-
lo. Tudo pelo que eu tinha lutado, cada desafio, cada vitória... tudo isso seria em
vão, se algo acontecesse com ele. Sem ele, eu não teria tido a coragem de me
tornar a pessoa que eu era. Sem ele, eu não teria percebido o que realmente era
viver e amar a vida. Centrum permanebit. Ele era o meu centro, e não existe
nada que eu não faria, nada que eu não desistisse, para mantê-lo seguro.
Quando encontrei seus olhos, eu sabia que ele sentia exatamente a mesma
coisa.
Em meu silêncio, Sheridan continuou seus insultos. — Eu admito, a coisa toda
do casamento em Vegas ganha pontos pelo romance. Temo que você também
ganhe pontos por estupidez, especialmente por colocar em sua licença seus
nomes reais. Foram monitorados os escritórios do governo local como medida
de precaução, mas eu realmente não achei que você fosse se entregar assim.
Reservar uma capela fora dos registros foi muito inteligente, apesar de tudo. Nós
tínhamos que ligar para quase todos eles na cidade, alegando ter um "presente
de casamento surpresa para vocês”. Eles quase disseram que não sabiam de
nada no Firenze, em seguida, um de seus coordenadores se lembrou que um
colega de trabalho falou com o seu "marido" lá.
— Deixe-o ir! — Eu gritei. — Você veio aqui por mim, não por ele.
— Claro — respondeu ela. Seu rosto parecia mais medonho do que bonito
no estranho jogo de iluminação e sombras daqui, provocada por uma mistura
dos holofotes do helicóptero e das luzes menores incorporadas no telhado.
— Ande e se renda à um dos meus agentes, e eu vou deixá-lo ir.
— A aura dela está cheia de mentiras, Sydney — Adrian gritou. Sheridan
pressionou mais a arma contra ele e ordenou-lhe que se calasse.
Eu sabia que mentir era parte de sua natureza, mas era difícil dizer se ela estava
mentindo sobre machucá-lo. Havia sérias consequências por matar qualquer
Moroi desse jeito, ainda mais um da realeza, especialmente quando tinha
testemunhas. Na porta do helicóptero pairando, eu podia ver uma escura e
musculosa figura, sem dúvida era algum guardião da Academia Olga Dobrova.
Devia ser difícil para ele para saber o que estava acontecendo aqui embaixo,
mas eu não tinha dúvida de que se ele fizesse, estaria lutando ao meu lado para
salvar Adrian.
Eu não me importaria em ter um recurso assim, mas o guardião não estava em
condições de ajudar de uma maneira que eu pudesse ter certeza que não
acabaria machucando Adrian se Sheridan fosse rápida no gatilho. Havia muitas
incógnitas agora, e eu precisava tomar o controle da situação rapidamente.
Mais magia elementar irrompeu em mim, e eu misturei o que eu sabia da magia
bola de fogo com alguma improvisação própria. A parede de fogo irrompeu a
partir do solo, espalhando-se até se formar um retângulo enorme e em torno dos
dois Alquimistas que estavam impedindo a aterrissagem. A quantidade de magia
necessária para invocá-la, ainda mais para sustentá-la, era impressionante, e eu
lutei para manter meu rosto frio e esconder toda a tensão.
— O que você está fazendo? — Exclamou Sheridan.
— Oferecendo-lhe um acordo — Eu disse. — Me dê Adrian, e você pode ter
de volta seus quatro agentes. Vivos.
Sheridan não se moveu - nem moveu sua arma - mas havia um medo definitivo
em seu rosto enquanto seus olhos disparavam para os Alquimistas presos no
fogo. Eles ficaram ainda mais apavorados e já não apontavam suas armas. Na
verdade, eles tinham se aproximado um do outro tentando se manter longe do
fogo. Os da pista de aterrissagem se perderam em seu medo movendo-se até
que estivessem quase encostando nas costas um do outro. Isso me permitiu
estreitar o cerco e liberar a pista, embora o helicóptero não tentaria uma
aterrissagem com as chamas ainda relativamente próximas.
— Eles conhecem os riscos — Sheridan falou de volta. — Eles preferem
morrer a deixar a escuridão triunfar. Eles estão preparados.
— E você? — Eu exigi. — Você está preparada para assistir a isto?
Com um movimento rápido da minha mão, o círculo de fogo ficou cada vez
menor, forçando os Alquimistas a se amontoarem. O círculo menor me ajudava,
mas ainda era dolorosamente difícil manter o fogo no seu nível atual, mantendo-
o perto o suficiente para que os Alquimistas sentissem o calor, mas que não
fossem prejudicados de verdade. Seus gritos de horror fizeram meu estômago
revirar. Isso trouxe de volta muitas memórias do que eu tinha suportado na
reeducação. Durante quatro meses, a minha vida estava cheia de medo e
intimidação. Eu estava tão, tão cansada disso. Eu queria que acabasse. Eu
queria estar em paz. Eu não queria machucar essas pessoas. Eu nem sequer
queria assustá-los. Sheridan tinha me empurrado para este ponto, e eu a odiava
por isso, a odiava por me fazer agir como esse tipo de pessoa violenta.
E, possivelmente, por me tornar essa pessoa violenta.
— Mate eles, e eu vou matá-lo — ela me disse.
— E então não haverá nada para me impedir de dirigir o fogo na sua direção
— Eu retruquei. — Em todos os cenários, eu saio daqui livre. Você está disposta
a escolher o que resulta em você e seus colegas queimados vivos?
— Você não faria isso — disse ela, mas mesmo com todo o barulho e caos
ao nosso redor, eu podia sentir a sua incerteza.
— Não faria? — Eu não poderia levar as chamas para mais perto dos
Alquimistas presos sem lhes causar ferimentos, mas eu era capaz de fazer as
paredes de chamas se elevarem mais. Os olhos de Sheridan se arregalaram, e
me custou muito agir como se eu não ouvisse ou me importasse com os gritos
lamentáveis dos que estavam presos lá dentro.
— Teste-me, Sheridan! Teste-me e veja do que eu sou capaz! Veja o que eu
não faria por ele!
Com outro movimento de minha mão, as paredes de fogo se elevaram uma vez
mais provocando novos gritos. O esforço deste tipo de magia me deixava tonta,
mas eu mantive meu olhar fixo e duro enquanto eu olhava para Sheridan. Ela
acreditava que eu era uma vilã de coração escuro que tinha virado as costas
para humanidade. Ela também acreditava que eu estava profundamente,
loucamente apaixonada por um vampiro e que eu faria qualquer coisa por ele.
Só um desses era verdade, mas eu precisava convencê-la de ambos.
— Teste-me! — Eu gritei novamente.
— Tudo bem, acalme-se, Sydney. — Sheridan olhou entre mim e os outros
Alquimistas, dos quais apenas sua prisão de fogo era visível. — O que você quer
que eu faça? — Ela gritou por fim.
— Dê a arma para Adrian — disse eu.
A tensão ficou incrivelmente espessa ao nosso redor enquanto ela considerava
isso. Eu estava prestes a perder o meu controle na magia e estava preocupada
que a sua indecisão revelaria meu blefe. Mas, finalmente, ela abaixou a arma de
sua cabeça e entregou a ele. Ele pegou a arma e não perdeu tempo correndo ao
meu lado, com o rosto pálido e preocupado.
— Mantenha a arma apontada para ela — eu disse a ele. Para ela, eu disse: —
Quando eu acabar com o fogo, ordene que coloquem suas armas no chão e que
coloquem as mãos sobre suas cabeças.
Com um alívio que quase me fez desmaiar, eu liberei a magia. As paredes de
fogo desapareceram, e Sheridan gritou imediatamente os comandos que eu
tinha dado a ela. Os Alquimistas obedeceram, e uma vez que eles estavam
desarmados, eu pedi para que fossem para o outro lado do telhado onde ela
estava. Longe de todos nós, o helicóptero finalmente estava tentando pousar,
agora que o fogo tinha acabado.
— Todos vocês, deitem-se no chão — eu disse à Sheridan e aos outros
alquimistas. — E ninguém sequer pense em se mover até que o helicóptero
esteja muito longe. Vamos, Adrian.
Eu e ele lentamente fizemos nosso caminho através do telhado para o
helicóptero, inclinando-nos de uma forma que conseguíamos observar os
Alquimistas. Adrian admiravelmente manteve a arma apontada em sua direção,
mesmo que eu estava certa de que não havia nenhuma chance que ele pudesse
realmente atingir alguém com precisão, mesmo se ele quisesse. Um guardião
que eu não conhecia estava ao lado de porta do helicóptero, olhando
compreensivelmente confuso.
— Estou contente de ver você — Adrian disse a ele.
— Ainda bem que pude ajudar — disse o outro homem inquieto. Ele olhou para
os Alquimistas no terreno. — Ainda que eu sinta que eu deveria ter feito mais. O
que está acontecendo?
— Não se preocupe, você está fazendo muito — disse Adrian. — Podemos ir
agora?
O guardião apontou para o helicóptero. — Depois de você, Senhor Ivashkov. —
Ele hesitou. — Você é Adrian Ivashkov, certo?
— Claro que sou — disse Adrian. Ele chamou-me para a frente. — E esta é a
minha esposa.
Capítulo 22 Adrian
EU NÃO ACHO QUE Sydney ou eu realmente relaxamos até que
estávamos no jato particular de Olga Dobrova horas mais tarde, já no ar e a
caminho para a Corte, do outro lado do país. Nós fomos avisados que teríamos
que parar para reabastecer, afinal era um avião pequeno, mas eu não estava
preocupado. Eles o fazem em lugares discretos, e, além disso, os alquimistas
não ousariam atacar um avião Moroi sob ordens da realeza. Dois guardiões
estavam voando de volta conosco, mas, além disso, tínhamos o jato para
nós mesmos.
Os guardiões se sentaram na parte mais a frente do avião, enquanto eu ocupei
um assento confortável na parte de trás, com meus pés escorados em uma mesa
larga. Sydney tinha desaparecido dentro do banheiro logo após a decolagem,
com o objetivo de arrumar seu cabelo após o helicóptero e o vento terem o
desgrenhado. É o dia do meu casamento – ela tinha me explicado. – eu preciso
de alguma dignidade.
Quando ela ressurgiu, eu vi que ela tinha conseguido arrumar o penteado de um
modo bem próximo ao que os estilistas tinham feito não que eu me importasse.
Eu achei que ela estava linda com o cabelo selvagem e varrido pelo vento. Os
guardiões acenaram educadamente enquanto ela passava ambos claramente
tensos e incertos sobre a presença dela. Ninguém tinha os informado que eu
estava trazendo uma noiva humana de volta comigo, e estava claro que mesmo
que seu treinamento os tinha preparado para varias situações medonhas, essa
não era algo no qual eles tinham experiência.
Eu afaguei meu colo enquanto ela se aproximava.
- Venha aqui, Srª Ivashkov.
Ela revirou os olhos.
- Você sabe como eu me sinto sobre isso. – avisou.
Mas para o meu prazer, ela realmente sentou no meu colo, talvez apenas porque
um recém-desperto Hopper tinha se enrolado e caído no sono na cadeira oposta
a minha na mesa. Eu pus um braço ao redor de sua fina cintura e ergui minha
aquisição da loja de vinhos com a outra mão.
-Olhe o que eu abri para celebrarmos – eu disse - Champagne. Sydney espiou
o rótulo.
-Aqui diz um espumante a base de uva da Califórnia.
- Quase isso – eu disse
ele estalou quando eu abri a cortiça.
- E o cara da loja me deu essas taças para champagne de plástico de graça. Ele
também falou algo sobre um bouquet cítrico e uma colheita tardia. Eu não
entendi tudo, mas pareceu comemorativo para mim.
- Álcool entorpece mágica Moroi e humana – Ela avisou.
- E este ainda é o dia do nosso casamento - rebati – Sem contar que esse é
provavelmente o único momento que teremos para fazer isso, uma vez que ao
chegarmos na Corte, devemos estar alerta… Não que eu espere nada como o
que acabamos de passar. Comparado aquilo, a vida na Corte será uma brisa.
Eu previ outro protesto, mas para a minha surpresa, ela aceitou e deixou que eu
servisse duas taças para nós, o que eu habilmente fiz enquanto a
mantinha em meu colo. Eu ofereci um pouco aos guardiões, o que apenas fez
com que eles parecessem mais desconfortáveis do que antes.
- Sabe – Sydney disse após um pequeno gole – Eu meio que consigo sentir o
cítrico aqui. Bem fraco. Como um toque de laranja. E é mais doce do que eu
esperava, mas faz sentido já que é de uma colheita tardia. Uvas retém mais
açúcar quando ficam mais tempo na videira.
-Eu sabia. – Eu disse triunfante – Eu sabia que seria isso que isso aconteceria
se algum dia eu te fizesse beber.
Ela pendeu a cabeça, intrigada.
-Como assim?
-Não importa.
Eu rocei um beijo sobre seus lábios, finalmente ousando acreditar que essa linda
e corajosa mulher realmente era a minha esposa. Seu rosto estava adorável no
brilho do interior do jato, e eu esperei que eu pudesse lembrar exatamente como
ela parecia, nesse momento, para o resto da minha vida.
-Huh. Veja isso.
-Veja o que? – ela perguntou.
Eu toquei a bochecha dela. A maior parte de sua maquiagem tinha se mantido
intacta, mas um pouco da cobertura na sua tatuagem tinha saído, mostrando
partes do lírio.
-Está ficando prateada. – eu disse.
-Está? - Ela parecia espantada. – A do Marcus mudou, mas levou anos após ele
a ter selado.
-Não mudou completamente – eu disse – Ainda é predominantemente dourada.
Mas definitivamente a prata está começando a parecer aqui e ali. Pequenas
sombras sobre o dourado.
Eu tracei meus dedos descendo por seu pescoço, em direção ao seu requintado
ombro nu.
-É lindo. Não se preocupe.
-Não estou preocupada, só surpresa.
-Talvez tudo que você tenha feito recentemente tenha acelerado o processo.
-Talvez. Concordou.
Ela tomou outro sorvo e se deitou sobre mim com um suspiro satisfeito.
– Eu não suponho que quando chegarmos na Corte, eles nos deixarão a sós e
nos deixarão ter nossa noite de núpcias em alguma suíte de lua de mel bem
cara?
Eu encolhi os ombros, sem querer preocupá-la.
-Nós provavelmente teremos que responder algumas perguntas entediantes, e
será tudo. Mais um motivo para aproveitar a vida agora.
-Eu estou bem com entediante – Ela disse com seus olhos castanhos perdidos
– Eu gostaria de paz por um tempo. Sem drama. Sem situações de vida ou morte.
Eu estou tão cansada disso tudo, Adrian. Talvez eles não me tenham destruído,
mas os alquimistas definitivamente me exauriram com a reeducação. Estou
cansada de dor e violência. Eu quero ajudar a parar isso com os outros… Mas
primeiro eu preciso de uma pausa para mim mesma.
-Teremos isso.
Meu coração doeu por ela enquanto eu pensava sobre todos aqueles momentos
horríveis no topo do hotel, quando ela enfrentou Sheridan, para lá nesse vestido
brilhante dominando as chamas como algum tipo de deusa da vingança. Ela
tinha sido linda e terrível de se ver, exatamente o que ela precisava para fazer
Sheridan se curvar. Apenas eu entendi o que aquilo tinha custado para Sydney
ter se colocado naquela posição, e se eu pudesse evitar, ela nunca mais teria
que enfrentar algo como aquilo.
-Estou orgulhosa de você – Ela adicionou inesperadamente. – Você usou tanto
espirito durante isso tudo e ainda conseguiu se manter no controle. Isso não
significa que eu aprovo isso virando um hábito, mas você realmente mostrou que
você pode controlar isso sem nenhum dos efeitos colaterais terríveis.
Sim, concordou Tia Tatiana. Com certeza conseguimos.
Indecisão queimou dentro de mim. Eu pretendia contar tudo para Sydney ela era
minha esposa, afinal – mas admitir que eu estava sendo atormentado por uma
criação da minha imaginação era demais. Além do mais, uma vez que tudo isso
estivesse resolvido, eu encontraria uma maneira de me livrar da Tia Tatiana, e
nada disso iria importar.
Boa sorte com isso. – ela sussurrou na minha mente. Para Sydney eu disse:
– Apenas parte da nossa nova vida. Como eu disse, tudo vai ser bem mais fácil
daqui para frente.
Eu recolhi nossas taças, mas ao invés de causar uma comemoração selvagem,
a bebida extra apenas se adicionou aquele cansaço severo para nós dois. Nós
tínhamos nos drenado mentalmente, fisicamente e magicamente hoje e
ambos, eventualmente, cochilamos com ela ainda curvada em meu colo e sua
cabeça descansando em meu ombro. Suas ultimas palavras antes de dormir
foram:
- Eu queria ainda ter meu bouquet.
-Você fez a noite de alguma garota, - Eu disse à ela, abafando um bocejo. - E eu
te comprarei Peônias em cada aniversário, pelo resto das nossas vidas.
A próxima coisa que eu me lembro, foi um dos desconfortáveis guardiões nos
acordando e o jato estava em terra firme. Espiando pela janela eu vi que
tínhamos pousado na Corte, um privilégio de poucos. A maioria dos visitantes
pousava em algum aeroporto nas proximidades ou alugava um carro em um dos
maiores, como em Philadelphia. Era o preço de ser assunto da rainha, eu supus.
Eu também notei que parecia ser por volta do meio-dia, que era a hora que
maioria dos Morois em horário vampiro estavam adormecidos. Eu esperava que
isso significasse que nós realmente iriamos para algum quarto por um tempo
até todos estiverem acordados. Estávamos sem sorte.
Nós fomos escoltados imediatamente, direto do avião para o palácio, onde nos
falaram que Lissa “e outros” queriam falar conosco imediatamente. Nós nem
mesmo tivemos chance de trocar de roupa, e mesmo que eu nunca me cansasse
de Sydney naquele vestido maravilhoso, eu sabia que ambos estávamos abertos
à ideia de vestir jeans e camisetas a qualquer momento. Se isso não seria uma
opção, então, eu decidi que iria com o que eu poderia. Eu tirei minha gravata
borboleta e coloquei de volta meu terno.
-Vamos fazer isso, - Eu disse para os guardiões esperando.
Nós fomos levados para um cômodo do palácio que eu não ia comumente, já
que a maioria dos meus encontros com Lissa – e, no passado, minha tia
– Foram de modo casual. A sala que íamos agora era usada para ocasiões muito
mais formais, quando Lissa de fato tinha que ter reuniões de estado e tratar de
assuntos da realeza. Tinha até mesmo um trono para ela se sentar – Embora
um bem modesto e feito de carvalho com nenhum detalhe extra.
Suas roupas eram boas, mas não glamorosas, e a única indicação de seu titulo
era uma pequena tiara posicionada no seu cabelo solto. Guardiões silenciosos
cercavam as paredes do salão, mas eu não prestei mais atenção neles do que
na decoração. Eu estava muito mais interessado naqueles com que Lissa estava
falando: uma diversidade de pessoas ambas sentadas ou em pé, todos
parecendo irritadas, como se estivessem esperando por algo. Por nós, eu
percebi. Rose, Dimitri e Christian estavam lá, o que não era nenhuma surpresa.
Lissa não estaria sem seus confidentes, especialmente quando o assunto era
eu.
Marie Conta, uma Moroi antiga que era uma conselheira de natureza mais oficial,
também estava por perto. Ela ficou com Lissa e a ajudava em meio a sua função
controversa, então fazia sentido Marie vir para algo como isso. Não era nem tão
inesperado ver meus pais em algo como isso. O que me fez hesitar – e Sydney
também, julgando pelo aperto da mão dela na minha
–Era que já havia alquimistas lá. Não apenas quaisquer alquimistas: Eram o pai
de Sydney sua irmã Zoe, e um cara que me levou um momento para reconhecer.
Era Ian. Um cara que tinha tido uma queda daquelas pela Sydney.
Essa era a bagunça para a qual caminhávamos, inteiramente embonecados com
as elegantes roupas do nosso casamento. Eu fui responsável por todo tipo de
travessuras na minha vida, mas essa era primeira vez que eu rendi uma sala
inteira sem falar. Olhos se arregalaram. Mandíbulas caíram. Até mesmo alguns
dos inexpressivos guardiões estendidos pelas paredes pareciam chocados.
-Não falem todos de um vez - eu disse.
O pai de Sydney ficou de pé, o rosto vermelho de raiva.
-O que no mundo é essa abominação?
Lissa, apenas um pouco mais delicada, perguntou.
-Adrian, isso é algum tipo de brincadeira?
-O que é uma brincadeira é acordar todos por isso – eu disse levianamente
– Eu digo eu sei que vocês estão todos animados em nos ver, mas não era
necessário…
-Eu exijo que você a entregue em nossa custódia imediatamente – exclamou o
pai de Sydney – Para que possamos parar essa farsa antes que vá longe demais.
Nós assumiremos daqui.
-O Sr. Sage diz que Sydney cometeu crimes terríveis entre os Alquimistas – disse
Lissa – Eles alegam que você também o fez, Adrian, mas eles estavam dispostos
a ignorar isso se nós entregarmos ela, já que você é um dos meus súditos.
Eu mantive minha posição.
-O único crime que cometemos foi tirar ela e um punhado de outros pobres
miseráveis daquele show de horrores em versão de Centro de Reabilitação.
– Um que eles estavam para abandoná-la para queimar. E você sabe por quais
crimes ela e os outros tinham cometido? Tratado Dhampirs e Moroi como
pessoas. Imagine só.
-De acordo com eles – Lissa falou calmamente – Sydney tentou queimar alguns
de seu próprio povo na noite passada.
-Era um blefe. – afirmei – Eles ainda estão vivos, não estão?
-Isso é irrelevante – contra argumentou Ian. Ele ficou sentado, e ao julgar pela
sua proximidade com Zoe, parecia que ele mudou sua atenção de uma irmã
Sage para outra. – Não cabe a vocês julgar nosso povo. Nós lidaremos com isso.
Era isso, o momento em que eu iria detonar a bomba neles.
-Bem, ai que está, Vossa Majestade. Sydney é um de seus súditos, agora que
ela é minha esposa. Você disse que não me entregaria a eles porque eu estou
sob a sua proteção, certo? Você está dizendo que abandonaria minha esposa
por menos que isso?
Aquilo levou a sala de volta para o silêncio de novo até Lissa encontrar sua voz.
-Adrian … Então esse é o motivo para isso?
Ela apontou de Sydney para mim em nossas roupas formais quando disse
isso mas não conseguiu articular nada mais preciso.
-Porque você fez, um, isso? Você acha que isso fará dela uma cidadã Moroi ou
algo assim? Não é assim que isso funciona. Não mesmo. Eu sei que você se
importa com ela…
-Me importo com ela? – eu exclamei.
Então eu percebi que nenhum deles tinha realmente entendido. Todo esse tempo
que eu tinha irritado Lissa para ajudar Sydney pelo últimos meses, Mas Lissa
tinha assumido que tinham sido pela minha amizade para com Sydney. E agora,
ela e os outros da Corte pensaram que era apenas alguma tentativa maluca que
eu tentei para ter o que eu queria. Apenas os Alquimistas tinha uma dica da
sinceridade dos meus sentimentos, mas eles eram retorcidos e errados aos seus
olhos.
-Lissa, eu amo ela. Eu não casei com ela como algum tipo de jogo! Eu casei com
ela porque eu a amo e quero passar o resto da minha vida com ela. E eu
esperava que, como minha soberana, você me apoiasse para proteger a mim e
os meus amados – especialmente desde que eu acho que eles não tenham
nenhuma prova real dos crimes que estamos sendo acusados. Você me disse
no ultimo mês que você não poderia se arriscar por ninguém além de seus
súditos, eu sei que ela não é tecnicamente sua súdita ou Moroi, mas eu sou, e
se as promessas que você fez para mim, como um de seu povo, realmente
significa algo, elas iram se estender a ela. Nós somos casados. Ela é minha
família agora. Nós estamos ligados pelo resto das nossas vidas, e se você está
para deixar eles a levarem, você pode me dar o mesmo tratamento a partir de
agora.
Lissa pareceu pega de surpresa, mas Jared Sage – Meu sogro agora, eu me dei
conta – demonstrou nada além de desprezo.
- Isso é ridículo. Humanos e Moroi não podem se casar. Esse é o nosso modo,
assim como é o de vocês. Isso nem é um casamento verdadeiro.
-É de acordo com o estado de Nevada – eu disse alegremente – Nós temos a
papelada para provar. Nos dê um laptop, e poderemos todos ver as fotos do
casamento juntos.
A expressão de Rose era difícil de se ler. Eu tinha certeza que ela estava
chocada por esses novos acontecimentos como todos os outros, mas algo me
disse que ela tinha tomado uma atitude similar ao dos nossos amigos de Palm
Springs: aceitação e suporte.
- Liss – ela disse – Deixe-os ficar. Não entregue Sydney.
Marie Conta, em pé perto do trono de Lissa, se curvou e murou algo no ouvido
da Rainha. Ao julgar pela expressão de Marie, eu achava que era exatamente o
oposto do que Rose tinha defendido. Dessa vez, Ian se pôs em seus pés.
-Essa não é uma decisão que você deve fazer! – Ele disse incredulamente
– O destino de Sydney Sage não esta em suas mãos. Você não tem nenhum
direito de…
-Ivashkov – Sydney o interrompeu. Era a primeira vez que ela tinha falado desde
que entramos na sala.
Ian virou sua expressão ultrajada do trono para ela.
-Perdão?
-Ivashkov – ela repetiu, seu rosto a imagem da serenidade. Apenas eu poderia
falar, pelo suor de sua mão, que ela estava ansiosa. Os Alquimistas tinham
jogado baixo com ela ao mandar esses três.
-Meu nome é Sydney Ivashkov agora, Ian.
-O inferno que é! – Exclamou o pai dela, o rosto repleto de fúria. – EU estou
cansado dessa maluquice. Eu a tirarei para fora daqui eu mesmo, se isso for o
necessário para salvar a alma dela dessa imundice.
Lançou-se em direção a Sydney e eu, e num piscar de olhos, Dimitri voou e
colocou-se entre nós.
-Sr. Sage – ele disse calmamente – Ninguém vai retirar ninguém para fora daqui,
a não ser que a sua majestade, a rainha, comande.
Todos os olhos foram em direção a Lissa. Seu rosto estava imponente e
composto. Nós tínhamos a colocado em uma posição que nenhum outro
monarca Moroi provavelmente nunca esteve. Eu me senti um pouco mal sobre
isso, vendo isso como seu amigo, mas eu mantive a minha posição.
-Eu quis dizer cada palavra dos meus votos matrimoniais e farei de tudo para
manter Sydney segura.
- Adrian Ivashkov é meu súdito – Lissa finalmente falou – E como tal, ele é
beneficiado com todos os direitos e privilégios dessa posição. Sua esposa vem
aqui em busca de refúgio – e eu estou garantindo isso a ela. Eles estão ambos
sob a minha proteção agora, e enquanto eles estiverem na Corte, você não tem
jurisdição nenhuma sobre eles. Eu não irei os liberar em sua custódia,
especialmente levando em conta que eu não vi nenhum evidência real de seus
crimes alegados.
-O crime deles é este em pé bem na sua frente, sem nenhuma vergonha –
exclamou Ian.
O pai de Sydney claramente concordava.
-Isso é um ultraje. Se você fizer isso, terá que lidar com a irá da organização
Alquimista! Você acha que pode se livrar de metade das coisas que se livram
agora? Nós encobrimos tudo por vocês! Sem nós vocês não são nada. Como
vocês acham que iriam existir nessa sociedade sem nós para ajudar? Se você
não tiverem a nós…
-Então o mundo inteiro iria saber que vampiros existem – Sydney falou friamente
– Você deixaria isso acontecer, pai? Você não está preocupado com outros
humanos fracos que podem vir a cair em seus truques se os Alquimistas não os
ajudarem a se esconderem?
A expressão do pai dela ficou ainda mais escura, e ele parecia querer falar
inúmeras coisas para ela. Ao invés disso, ele tomou uma respiração profunda e
se virou para Lissa. Os Alquimistas têm sido aliados muito poderosos para você.
Não queira saber que tipo de inimigos nós podemos ser.
-Obrigada por seu conselho – Lissa parecia destemida, mas eu vi sua aura
vacilar. – Glen? – ela preguntou, direcionando sua atenção para um dos
guardiões na porta. – Você e seu pessoal poderia garantir que o Sr. Sage e os
outros fossem escoltados para fora da Corte apropriadamente?
O guardião fez-lhe uma reverência e, em seguida, caminhou para frente,
acenando cinco outros guardiões para se juntarem a ele.
-Claro, Vossa Majestade.
Os guardiões guiaram os contrariados Alquimistas para fora da sala, e mesmo
assim nós continuamos a ouvir eles fazendo ameaças até que estivessem bem
longe no corredor. Pelo menos dois deles. Zoe não disse uma só palavra o tempo
todo e tinha simplesmente observado a irmã com seus amplos e inquietos olhos.
Se Zoe se sentia culpada pelo seu papel na ida de Sydney para a reeducação
ou era apenas o choque para com esses novos acontecimentos, eu não saberia
dizer. Do meu lado, Sydney estava tremendo. Não poderia ter sido fácil para ela
ver a família ser arrastada para fora de lá daquele jeito. Ainda segurando sua
mão, eu dei um passo à frente antes que o silêncio ficasse ainda mais
desagradável.
-Obrigada, Lissa. Você não sabe o quanto…
Lissa levantou sua mão para me parar, mão que ela também usou para
massagear sua testa, como se ela estivesse com dor de cabeça.
-Não, Adrian. Você não tem ideia do tamanho do problema que isso pode me
gerar. Eu estou feliz, de verdade. Mas por hoje, eu estou cansada de conversas.
Eu preciso dormir para refletir sobre isso e as consequências. Nós iremos te
arrumar um lugar para ficar e…
-Espere um momento – Alguém me ajude, meu próprio pai se pronunciou agora,
e pela sua expressão, é um feito que ele não estivesse apoiando Jared Sage há
alguns minutos atrás. – Você está dizendo que vai deixar esse… esse… suposto
casamento passar assim? Que você o considera real?
Lissa, que parecia realmente exausta, acenou.
-Parece muito real para eles, Lord Ivashkov, e isso é o suficiente para mim.
-Eu achei que você estava apenas atuando para levar aqueles alquimistas para
fora daqui! Não há condição de que você possa considerar isso um casamento
legítimo. Nenhum Moroi civilizado chegou tão baixo quanto…
Meu pai conteve suas próprias palavras enquanto olhava rapidamente para
Sydney e eu. Ele correu em direção a nós com uma velocidade que os guardiões
devem ter admirado e teve a audácia de agarrar a mão esquerda de Sydney.
-Eu conheço isso! Era da sua tia! Como se atreve! Você teve a coragem – a
audácia – de colocar relíquias de uma rainha na mão dessa… dessa…
Alimentadora!
Eu retirei Sydney de perto dele.
-Pai, - eu disse calmamente, - Eu sempre tive como regra de vida não me meter
em brigas com crianças, animais fofos, ou velhos ignorantes. Eu irei, entretanto,
fazer uma exceção por você caso toque ou insulte minha esposa outra vez.
- Nathan, - Minha mãe disse, indo para o seu lado. – Ela é nossa nora agora.
Mostre algum respeito.
Agora meu pai virou sua fúria para ela.
-Eu não farei isso! Isso é absurdo, para não falar ultrajante. Isso é…
-O que o nosso filho quer - minha mãe disse – e eu o apoiarei.
Eu olhei nos olhos dela e senti um inchaço no peito. Eu nunca tinha consertado
as coisas com ela após nossa discussão. Eu nem mesmo tentei ligar ou mandar
mensagens. Não foi por desleixo, foi minha preocupação com Sydney, mas
olhando para ela agora, eu estava surpreso de ver algo que não tinha visto antes:
desafio.
-Por Deus, Daniella – meu pai grunhiu – não acrescente mais um erro para a sua
já grande lista. Agora se quer voltar comigo para casa essa noite, fique quieta
e…
Não – ela disse, interrompendo ele de novo. – Eu, na verdade, não quero ir para
casa com você, essa noite ou nenhuma outra.
-Você não tem ideia do que está dizendo – ele chiou – ou quais serão as
consequências.
-Na verdade, Nathan, eu as entendo perfeitamente.
Eu me virei para Lissa, que parecia mais do que um pouco surpresa com o novo
drama que se formava.
- Vossa majestade – eu disse. – você mencionou um lugar para ficar para mim e
minha noiva. Algum modo que arrumar um para a minha mãe também?
Lissa pode ter se preocupado com as consequências das suas atitudes com os
Alquimistas, mas ela não tinha os mesmos medos com meu pai.
-Sim, - ela disse. – Eu tenho certeza que isso pode ser providenciado.
Quando nós finalmente saímos, uma pequena multidão tinha se juntado do lado
de fora do palácio. As fofocas tinham se espalhado no curto tempo que
estivemos lá, e curiosos tinham aparecido, apesar da hora avançada. As roupas
do casamento atingiram multidões, e eu podia ver o choque e a descrença em
seus rostos – em Nina inclusive. Eu não esperava que ela estivesse lá. Como
com a minha mãe, eu não tinha falado com ela desde que tinha deixado a Corte,
era óbvio que nada poderia ter preparando-a para a visão da minha noiva
humana. Ela parecia tão arrasada, que eu me preocupei se ela não desmaiaria.
Suas mãos estavam apertadas firmemente juntas, e enquanto passávamos, eu
tive a impressão de ter visto sangue nelas aonde ela tinha arranhado.
Não muito longe dela estava Wesley Drozdov, e ele, diferente de todos os outros,
não parecia chocado. Ele parecia preocupantemente malicioso na verdade.
Dificilmente, eu me lembrei o que eu tinha dito a Sydney no avião, como as
coisas seriam mais fáceis a partir de agora.
A vida na Corte será uma brisa, Eu disse.Com angustia, eu me perguntei se eu
não teria mentido sem saber para Sydney, e estava feliz quando ela, minha mãe,
e eu ultrapassamos os curiosos.
Rose e Dimitri escoltaram a nós três até a casa de hospedes e tiveram tato o
suficiente para não nos encherem de perguntas – Mas eu podia ver Rose se
corroendo para faze-las. Ela admiravelmente manteve seu autocontrole até
Sydney se sentar no lobby da ala de hóspedes enquanto eu fazia o cheking. O
dedo do pé de um dos sapatos azuis espiou debaixo de seu vestido, e Rose não
se conteve.
-Esses sapatos são de arrasar, - Ela declarou – Tem alguma história por trás?
Sydney sorriu para ela.
- Há várias histórias.
Amanhã Rose – eu disse – Nos dê o resto da noite de descanso, e lhe daremos
a versão completa amanhã. E de extra te dou a chance de nos dar um presente
de casamento. Não temos nenhuma lista, mas realmente poderíamos achar um
uso para chá chinês e um liquidificador.
-Lorde Ivashkov? – a atendente ao balcão perguntou, parecendo embaraçada
por ter nos interrompido. – Receio que temos poucos quartos disponíveis, entre
as renovações e um grupo turístico da Bulgária. Não temos dois quarto
separados, mas nós temos uma suíte família que abrigaria seu grupo inteiro.
Eu olhei entre Sydney e minha mãe, ambas pareciam estar mantendo seus
rostos extremamente neutros.
- Bem, nós somos família agora.
Rose e Dimitri se despediram de nós uma vez que tudo estava organizado, e nós
três fizemos nosso caminho para a suíte que nos fora designada. Eu destranquei
a porta e, em um impulso, peguei Sydney nos meus braços e a carreguei para
dentro.
Eu sei que ainda não é tecnicamente nossa casa de verdade – eu disse – mas
com tantas irregularidades que tivemos no nosso casamento, eu sinto como se
precisassem manter algumas tradições.
-Certamente. – Sydney riu.
Eu a abaixei cuidadosamente, e minha mãe sorriu educadamente. Ela pode ter
ficado do meu lado e apostado em nós, mas eu a conhecia o suficiente pra
entender que levaria algum tempo para acolher uma nora humana.
-Obrigada, Mãe – eu disse, puxando-a para um abraço.
-Eu achei que tinha aprendido minhas lições na prisão, - ela disse – Mas só após
você ter partido que eu realmente e verdadeiramente absorvi isso. Não posso
falar que essa é minha situação ideal, mas eu prefiro ter esse tipo de vida com
você do que não o ter de modo algum – ou ao meu amor próprio.
Eu a soltei do abraço.
-Eu estou orgulhoso de você. Nós faremos isso funcionar. Você vai ver. Isso será
ótimo e nós seremos uma grande família feliz.
As duas mulheres da minha vida pareciam incertas daquilo, mas ambas
pareciam convictas do seu amor por mim, e por agora, isso teria que ser o
suficiente. Minha mãe logo percebeu que podia esconder seu desconforto
encontrando coisas para criticar sobre nossas acomodações, que eram tão
luxuosas quanto as minhas últimas, só que maiores. Deixei-a fazendo isso e
estava mais do que aliviado por finalmente conseguir um pouco de privacidade
com Sydney.
Ela sentou na nossa cama e chutou os sapatos azuis para longe.
-Não sei que parte desse dia parece mais irreal. Eu sentei ao seu lado.
-Esse é o ponto. É tudo real, especialmente a parte mais importante: você e eu,
juntos para sempre, nosso casamento reconhecido aos olhos humanos e Morois.
-Mas não alegremente. – o sorriso dela desapareceu – Metade da minha família
não quer me ver nunca mais. E a outra metade que quer… bem, eu posso não
ser capaz de vê-las novamente.
-Você irá – eu disse – Eu me assegurarei disso.
Eu estava agindo com mais confiança do que eu sentia, e eu sabia que ela sabia
disso. Ela tinha se separado de sua família – de sua espécie – por mim, e mesmo
que eu ainda não pudesse dizer o que ela iria enfrentar, eu orei silenciosamente
para que eu fosse capaz de ajuda-la em tudo o que fosse possível.
-Você estava certo, - ela me puxou para mais perto – Sobre termos proteção.
Mesmo com todas as complicações, você fez tudo funcionar.
-Nós fizemos funcionar, e todas as complicações não iram durar. Por enquanto,
nós podemos sentar e aproveitar as recompensas. – Eu falei galantemente, sem
dar voz a alguns medos que eu tinha. Depois de ter visto as reações do pai dela,
do meu pai, e até de Wesley, eu tinha um sentimento inquietante que nós não
iríamos ter a paz que ela tanto queria tão cedo. Eu me recusei a demonstrar isso,
entretanto. Pelo menos não hoje à noite.
-E eu tenho todo o tipo de recompensa em mente. A não ser que você queira
dormir.
Ela laçou seus braços em volta do meu pescoço e roçou seus lábios contra os
meus.
-Depende. Você parou na farmácia, durante a sua ida a adega?
-Parei lá? Inferno, eu comprei o lugar todo, Sydney. Eu não terei repetições da
última vez.
Ela riu e deixou-me colocá-la de costas na cama, onde eu comecei o
emocionante, embora um pouco frustrante, processo de tentar descobrir como
tirar aquele vestido elaborado. E o esforço acabou por valer a pena, no entanto,
e quando adormecemos nos braços um do outro muito mais tarde, nus, exceto
para os nossas alianças, eu sabia que tinha valido a pena todo o esforço. Todas
as provas e provações que tinha experimentado levaram a este momento, este
momento perfeito. Nós estávamos exatamente onde nós fomos feitos para estar.
Eu fui acordado horas mais tarde por uma batida na porta e a gentil voz da minha
mãe:
-Adrian? Vocês tem visita.
Sydney se agitou em meus braços, parecendo linda e feliz enquanto a luz no fim
de tarde entrava pelas persianas, iluminando suas feições. Ela estava tão
maravilhosa e sexy que eu estava tentado a fingir não ter escutado minha mãe,
quando uma segunda batida, mais forte, soou.
-Adrian? Sydney? É Rose. Nós temos que conversar.
Aquilo acordou Sydney e eliminou qualquer manhã romântica que eu poderia ter
imaginado. Nós nos vestimos e eventualmente fomos para a sala de estar da
suíte. Lá minha mãe estava sentada com ambos, Rose e Dimitri. Eu quase zoei
Rose por não ter sido capaz de esperar para ouvir histórias sobre nossas
excitantes… Então eu vi seu rosto.
-O que houve? – eu perguntei. Ela e Dimitri trocaram olhares.
-Jill desapareceu.
-O que você quer dizer com Jill desapareceu? – eu exigi – Ela está na escola.
Eu recebi uma mensagem dela ontem. Ela quem organizou nossa viagem.
-E ela tinha todos os seus guardiões. – Sydney adicionou. – Eddie voltou, certo?
Rose confirmou.
Todos os três Dhampir estavam no campus. Angeline estava até mesmo no
quarto quando ela foi levada.
-Espera… A Angeline viu acontecer? – Perguntei.
-Não. – Disse Dimitri. – Isso é o mais estranho. Angeline foi para cama com Jill
no quarto… e quando acordou ela tinha sumido.
-Ela não ouviu ou viu nada. Jill apenas desapareceu como mágica. - Rose
estalou os dedos para dar efeito. – Angeline se sente péssima.
Senti um aperto no meu peito, e o quarto cambaleou. Jill… desaparecida? Isso
não era possível. Não depois de tudo que eu fiz por ela. Eu a trouxe de volta a
vida! Isso não poderia estar acontecendo. Houve algum erro. Eddie não teria
deixado isso acontecer.
Viu? Perguntou Tia Tatiana. Eu disse que não haveria paz para você. De um
jeito ou de outro, sempre terá algo para te atormentar. Bom que você tem a mim
para te ajudar.
Sydney desmoronou sobre uma cadeira, mãos entrelaçadas em seu colo.
-Angeline se sente péssima? Eu me sinto péssima! Jill era minha principal
responsabilidade, toda a razão para eu estar lá! Se eu não tivesse…
-Nem começe - Eu me adiantei, colocando meu braço sobre seus ombros. Isso
era tanto para me confortar quanto à ela. – Você não a abandonou. Você foi
levada. Isso não é culpa sua de maneira nenhuma.
Eu me virei de costas para os outros, tentando desesperadamente achar um
sentido para isso. Se eu pensasse logicamente, eu não entraria em pânico.
-Nós temos que encontra-la. Vocês tem alguma pista?
Ainda não, mas temos pessoal revirando cada canto daquele lugar como loucos,
a procura de algo.
Rose suspirou de desânimo.
-Ela estava à um mês de voltar para casa.
-Bem, nós iremos ajudar. – Eu disse. – Nos arrume um vôo para lá. Sydney
acenou ansiosa.
-Vocês estão malucos? – Perguntou Rose. – Não respondam. Olha, vocês não
vão a lugar nenhum. Não há nada que vocês possam fazer lá por agora.
-Além de que, a proteção pela qual vocês lutaram tanto na noite passada não se
estende para fora da Corte – Dimitri nos lembrou. – Vocês precisam ficar aqui –
para a sua própria proteção – Até estarmos mais preparados. Isso, e nós não
precisamos de nenhuma atenção desnecessária indo atrás de Jill.
Ele olhou para minha mão.
-Isso significa, Lady Ivashkov, que o que você acabou de ouvir não pode sair
desse quarto. Ninguém pode saber que Jill desapareceu, porque enquanto ela
estiver desaparecida não podemos provar se ela está viva ou morta. E não
podemos provar isso…
-Então vocês não podem provar que a Rainha tem um parente vivo. – Sydney
terminou.
Eu não tinha sido rápido o suficiente para pensar tão à frente. Eu ainda estava
parado em Jill – Jill, minha doce e generosa Jill – ter desaparecido sem rastros.
Agora, eu repentinamente compreendi as outras consequências.
-A votação ainda não aconteceu – eu murmurei. – A votação para mudar a lei.
Exato. – Disse Rose, sua expressão sombria. – E se a noticia do
desaparecimento de Jill se espalhar, Lissa pode perder o trono.
Continua….
Bloodlines 06 - The Ruby Circle
Richelle Mead
Richelle Mead é uma leitora voraz, fascinada por mitologia e folclore. Autora reconhecida tanto pelo público como pela crítica na área da fantasia urbana para adultos. Autora da série bestseller, Vampire Academy, com fãs pelo mundo todo, e que ja ganhou honras da American Library Association.
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