ISSN 2176-1396
BRINCADEIRAS VIOLENTAS ― UM ESTUDO ETNOGRÁFICO DA
CULTURA ESCOLAR DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Josiane Rodrigues1 - SME-Sinop-MT
Grupo de Trabalho – Educação, arte e movimento
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
Este relato é um recorte de pesquisa de mestrado intitulada: Brincadeiras Violentas — um
estudo etnográfico das linguagens corporais agressivas, realizada com crianças e adolescentes
de nove a quatorze anos de idade, do quarto ao nono ano de Ensino Fundamental, de uma escola
estadual de Cuiabá/MT, considerada à época, com alto nível de violência. Com a rubrica homo
ludens, descrita por Huizinga (2010) vem a ideia de que a civilização surge e se desenvolve
pelo jogo; com Dadoun (1998) tem-se na metáfora do homo violens, uma violência considerada
como força vital, essencial ao homem; de Maffesoli (2004, 2010) o “estar-junto do tempo das
tribos”, e com Château (1987) a noção de brincadeiras ascéticas. O objetivo cardeal foi o de
interpretar as Brincadeiras Violentas no contexto escolar e a pesquisa qualitativa do tipo
etnográfico contemplou na investigação empírica os registros das observações livres e
sistemáticas, realizados por meio de anotações em caderno de campo, com captura de imagens,
vídeos e narrativas de episódios, que foram complementos da pesquisa bibliográfica e
documental, esta última realizada com a análise de alguns documentos da/sobre a escola. Foram
aplicados questionários e entrevistas com quarenta e seis participantes, entre líderes da sala,
“vítimas” e “autores” das brincadeiras violentas. A constatação foi que as brincadeiras violentas
ocorrem, com maior frequência, na sala de aula e algumas nos corredores, pátios e em frente à
escola, na opinião dos alunos. Dentre as violências observáveis na brincadeira, constataram-se
os xingamentos, agressões físicas, agressões verbais, bullying e “brincadeiras de mau gosto”.
Por fim, as brincadeiras violentas configuram-se como fenômenos que se mostram nas
linguagens corporais de crianças e adolescentes da cultura escolar. Complexos e quase
imperceptíveis, quando em excesso desestabilizam a convivência escolar e estorva a principal
função da escola que é de educar.
Palavras-chave: Brincadeiras Violentas. Linguagens Corporais. Violência.
1 Professora da Secretaria Municipal de Educação de Sinop/MT e aluna do doutorado em Educação, na
Universidade Federal de Mato Grosso. E-mail: [email protected]
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Introdução
Este texto é um recorte da dissertação “Brincadeira Violenta — um estudo etnográfico
das linguagens corporais agressivas”, pesquisa de mestrado2 da Linha Culturas Escolares e
Linguagens3, fruto também das discussões do grupo de pesquisa Corporeidade e Ludicidade4.
Um breve esclarecimento sobre brincadeira é preciso, pois algumas leituras indicam que jogo
e brincadeira é a mesma coisa, isto não é verdade! Após alguns estudos pode-se entender que
há uma distinção, notada apenas na idiossincrasia das línguas, isto é, para nós, usuários da
língua portuguesa do Brasil, jogo e brincadeira são diferentes simplesmente pelo fato que não
existe tradução literal para a palavra brincadeira nas demais línguas. Portanto algumas
literaturas estrangeiras traduzidas trarão a nomenclatura jogo como sinônimo de brincadeiras.
É provável que em algum momento de nossa infância, adolescência ou até mesmo na
vida adulta, fizemos algumas brincadeiras que hoje esta onda do “politicamente correto”5
classifica como violentas, mas estas brincadeiras fizeram parte de nosso cotidiano infantil,
muitos de nós fomos cruéis com animais, amigos ou familiares em brincadeiras violentas e que,
às vezes passa por gerações. Nesta ótica, o estudo buscou compreender a cultura das
brincadeiras violentas, enquanto fenômeno que compõe as rubricas de nossa existência e
atravessa as linguagens corporais da cultura escolar.
A pesquisa buscou observar as situações de conflito que envolve as brincadeiras
violentas, analisar as formas de prevenção e punição adotadas pela escola nos episódios de
brincadeiras violentas, diferenciar das brincadeiras violentas dentre as demais, analisar os
ambientes onde mais ocorrem as brincadeiras violentas dentro do espaço escolar, perceber a
incidência do indivíduo ou grupo nas brincadeiras violentas, mapear as expressões corporais
reconhecidas como agressivas com conotação de divertimento e listar os adjetivos que os alunos
usam para apelidar os colegas.
2 Projeto de pesquisa vinculado ao projeto “De bullying, trotes, castigos e outras perseguições corporais: um
estudo sobre as linguagens agressivas na cultura escolar da violência” coordenado pelo professor doutor Cleomar
Ferreira Gomes, do grupo de estudos da Linha Culturas Escolares e Linguagens. 3 Do Programa de Pós-Graduação em Educação — PPGE, do Instituto de Educação — IE, da Universidade Federal
de Mato Grosso — UFMT. 4 Grupo de pesquisa registrado no site do Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil/CNPQ:
http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0332708JSMV3CO 5 Pondé (2012) esclarece que há um crescente desejo social de incluir os grupos de minorias, que é “todo tipo de
grupo ‘excluídos’: mulheres, negros, gays, aborígenes, índios, marcianos...” (p. 30) e com isso uma valorização
do “politicamente correto”, que é uma “mentira moral” e se define como “um movimento que busca moldar
comportamentos, hábitos, gestos e linguagem que indiquem uma recusa dessa inclusão” (p. 31).
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Pensando nas rubricas elementares homo sapiens, faber, ludens, demens/ violens é que
vem a inspiração ludo-violens, sustentadas basicamente de Johan Huizinga (2010) e por Roger
Dadoun (1998), mas outras rubricas seriam possíveis. O resgate da palavra homo das ciências
biológicas define o homem como uma das várias espécies do gênero homo sendo todos do
gênero homo chamados de humanos, nos estudos da paleontologia, área da antropologia.
Enquanto via régia de nossa existência o corpo nos permite mostrar várias faces, ora do homo
sapiens, aquele da razão, ora do homo faber, o “fazedor” de coisas, do homo ludens, o
brincalhão ou do homo demens/ violens, o violento que compõem este modelo tetragonal de
pensar nossa existência. É bem verdade que o sapiens tem largo prestígio na academia e por
este motivo ou não se está mais sensível ao homo ludens e ao violens.
Homo erectus
Muitas destas brincadeiras são práticas constantes da cultura infantil, juventude e pode-
se dizer que até mesmo dos adultos. Nos últimos anos o bullying6 tem se tornado foco de muitas
pesquisas, mas este se caracteriza como um tipo específico de brincadeira violenta. Todo
bullying é uma brincadeira violenta, mas nem toda brincadeira violenta é bullying, é outra ação
de maior ou menor amplitude e importância, mas certamente diferente. Ocorre, inclusive, uma
crescente moda de generalização e banalização deste termo inglês devido a grande exposição
da/na mídia. Situação que este estudo contrapõe. Com estas perspectivas buscou-se investigar
os fenômenos das brincadeiras violentas em sua complexidade, perseguir a sutura entre
brincadeira e violência ao considerar que as mesmas se constituem ambiguamente e se inter-
relacionam, as brincadeiras violentas nos afetam para o bem ou para o mal, nos aproximam ou
nos afastam das pessoas e seu canal comunicativo são as linguagens corporais.
Homo ludo-violens
Sobre jogos e brincadeiras toma-se o homo ludens, descrito por Johan Huizinga, para
considerar que ludens é a rubrica que explica o nosso lado brincante, divertido, extrovertido.
6 “Um tipo de intimidação direta ou indireta cujo leque de possibilidades varia desde simples gozações em tom
ofensivo até atitudes mais violentas que empreguem a força física. Dentre os elementos desencadeadores desses
ataques estão a incapacidade de se lidar com as diferenças em termos de raça, status, aparência, etc. (BEAUDOIN
e TAYLOR, 2006, p. 22)”. Ou ainda, em definição de Fante (2011), é uma violência intencional e contínua
realizada por uma pessoa ou grupo, contra uma pessoa ou um grupo, repetidamente, que ocorre sem motivos
aparentes, em uma relação desigual de poder e que resulta para a vítima perdas e sofrimento.
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Este espírito de ludicidade nos move enquanto humanos além de nos explicar enquanto
civilização, “sem o espírito lúdico a civilização é impossível” (2010, p. 114). Este estudioso
alerta para a pouca atenção dada ao fator lúdico no campo antropológico e nas ciências ligadas
a ela no que se refere à civilização e destaca o jogo como fenômeno cultural de modo muito
peculiar, considerando-o como mais antigo que a própria cultura, o jogo “é superior ou pelo
menos autônomo à cultura” (HUIZINGA, 2010, p. 23), ele faz parte de nossa essência e não
pode ser visto apenas como um fato social, o que joga é o ser instintivo, está em nós este anseio
atávico. Pelo jogo a civilização surge, surge por nós, através de nós. Esteja claro, ao que
Huizinga e demais autores aqui chamam de jogo interpreta-se como brincadeira, como já
explicada motivação.
A considerar o sujeito antropológico, a brincadeira só aparece, próxima da noção que
hoje temos, com o homem medieval. Já no contexto histórico a escola demorou a ver o brincar
como elemento da cultura infantil, reflexo da noção de infância, enquanto construto social, que
se construiu ao longo dos séculos. Por isso não se pode dizer que a brincadeira sempre foi uma
atividade comum na cultura escolar, mas pode-se dizer que na pós-modernidade as brincadeiras
tem espaço no ambiente escolar, mesmo que seja com o formato de jogos pedagógicos.
Apesar de serem raros os estudos sobre brincadeiras violentas, sobre brincadeira há
pesquisas em demasia e com isso, muitas são as noções para uma das questões centrais deste
estudo: o que é brincadeira? Entendendo a palavra jogo como sinônimo de brincadeira, “é
indiscutível que o jogo deve ser definido como uma atividade livre e voluntária, fonte de alegria
e divertimento.” (CAILLOIS, 1990, p. 26). E esta condição de liberdade, felicidade, gratuidade
e diversão une a rubrica homo ludens à homo violens, elas coexistem em nossa essência
biológica. Seríamos naturalmente seres brincantes e violentos? Tudo indica que sim, está ligado
a nossa animalidade, entretanto não haveremos de esquecer que estas rubricas também são, com
a mesma intensidade, do construto social.
Metáfora de Dadoun (1998) o homo violens está ligado ao nosso lado agressivo,
explosivo, de rebeldia, de pulsão que leva a violência. Dois acontecimentos são ilustrativos
neste sentido, de um lado está o nascimento, marco de início, um acontecimento violento,
quando sou expulso de um ambiente confortável, quando o fórceps é exemplo extremado do
ato; de outro a morte, marco de fim, que significa o último rastro da força criadora, quando o
ser é expulso, mais uma vez, de um plano para outro. A etimologia da violência tem muito a
dizer.
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A etimologia latina poderia ser aqui evocadora, e servir, quando necessário, de
caução. ‘Violência’ vem do latim vis que significa ‘violência’, mas também ‘força’,
‘vigor’, ‘potência’; vis designa mais precisamente o ‘emprego da força’, as ‘vias de
fato’, assim como as ‘força das armadas’. Muito esclarecedor para nós é o fato de que
vis serve para marcar o ‘caráter essencial’, a ‘essência’ de um ser – o que solidifica
nossa hipótese da violência como essência do homem (essência bem singular, na
verdade, posto que ‘autodestrutiva’ por vocação)” (DADOUN, 1998, p. 10).
Esta força autônoma, constituinte, é que nos move para o bem ou para o mal, mas é em
essência violenta. Que se dê à violência o caráter de naturalidade que ela merece! Isto significa
dizer que somos violentos em origem, esta rubrica já se encontra incrustada em nosso caráter,
marcada em nossa essência com as demais rubricas do homem brincador – homo ludens – do
homem pensador e do homem fazedor de coisas. “Para compreender os fenômenos sociais em
ação nos dias de hoje, é necessário mudar de perspectiva: não mais criticar, explicar, mas
compreender, admitir.” (MAFFESOLI, 2004, p. 19)
É difícil ou ao menos incômoda a ideia de que a violência, representada sempre pelo
lado mal, faz parte de nós e até mesmo pensar que ela nos constitui. Para exercitar esta
possibilidade de raciocínio convém afastar-se da concepção de bem como valor absoluto. Seria
o homem corrompido pela sociedade e puro por nascimento, conforme sugeria Rousseau? Ou
seria o homem educado pela sociedade e mau por nascimento?
Só podemos entender bem uma época sentindo seus odores. Os humores sociais e
instintivos são mais eloquentes a seu respeito do que muitos tratados eruditos. Neles
exprimem-se os afetos, as paixões, as crenças que a permeiam. É assim que se
manifestam os sonhos maus desvairados com que ela joga ou dos quais vem a ser
joguete. É assim que podemos entender que a ‘parte destruidora’, a do excesso ou da
efervescência, é exatamente o que sempre antecipa uma nova harmonia. (ibid, p.
17,18)
O mal está emaranhado na construção simbólica e social do ser e o comportamento tribal
não deixa de considerar o mal em sua essência, “esboça-se então uma nova postura, pessoal e
“tribal”, a da aceitação deste mal pelo que é: um elemento estrutural do dado mundano em suas
diferentes modulações.” (ibid, p. 185). A ludicidade da violência apresentada nesta comunidade
escolar não deixou de lado o instinto de sobrevivência do grupo, da tribo, o grupo dos grandes
demonstravam cuidados com o grupo dos pequenos, mostrando que “como estrutura
antropológica, a violência é certamente um bom exemplo do aspecto indivisível do dado
mundano. Em todas as coisas existe um misto de atração-repulsa, amor-ódio, generosidade e
egoísmo.” (ibid, p. 62)
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Brincadeiras Violentas
Ao que Jean Château (1987) denomina de jogos ascéticos traduz as brincadeiras
violentas e o que salta aos olhos é o fato de estes jogos também corroborarem com a conquista
de autonomia e do poder conferido ao jogador. A diferença está na presença do sofrimento, que
o jogador ou outra pessoa causa. A legitimação do poder conferido ao executor da tarefa vem
do público que se faz presente nestes espetáculos, ele valida sua ação, algumas peculiaridades
do aspecto cultural do grupo estão em jogo.
[...] Um dos mais notáveis é o brinquedo da competição, cujo apogeu se situa mais ou
menos nos 11 anos. A competição nessa idade não é absolutamente uma mera briga,
como a das crianças da escola maternal e a dos animais (quando ainda não caçam).
[...] Ela começa por desafios, que se tornam mais importantes à medida que o público
dos pares competidores assiste a competição, aprecia as provas, e age como juiz. Se
as crianças lutam, é menos, frequentemente, por raiva do que porque não podem fazer
feio e recuar. (CHÂTEAU, 1987, p. 27, 28)
Sendo assim as brincadeiras violentas estão atreladas à formação da personalidade, com
uma conduta a se adquirir, uma fase a se transpor, a situações combinadas previamente, um
embate simbólico, “mas esse significado da luta não impede que ela seja às vezes violenta; após
o embate, os dois adversários que se cumprimentam com um aperto de mão podem muito bem
estar com o nariz sangrando ou com o olho inchado”. (ibid, p. 28). Em entrevista cedida a esta
pesquisa Bossle7, define:
Uma brincadeira violenta, seguindo este nosso raciocínio, é aquela que fere a
integridade física ou moral do sujeito, do indivíduo. Vê bem, eu incluí moral, ela fere
a integridade física e moral do indivíduo. [...] Então este é o ponto, uma brincadeira
violenta é aquela que fere a integridade do outro, que fere moralmente ou fisicamente
o outro.
Estando sustentada a Brincadeira Violenta no homo ludo-violens pode-se relativizar que
tanto as brincadeiras como a violência do ser humano, são ao mesmo tempo manifestações
naturais e fenômenos culturais. As brincadeiras violentas não tem certidão de nascimento na
história da humanidade e no tempo, apenas se manifestam! Estas manifestações provêm das
relações comportamentais, da natureza humana, para não dizer da natureza animal, mas é
também manifestação daquilo que foi apreendido, transmitido culturalmente. Para isso se
propõe desenhar as brincadeiras violentas no tempo e no espaço.
7 Fabiano Bossle – Professor doutor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul/ UFRGS, pesquisador da
temática violência escolar.
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Etnografia da cultura escolar – método e pessoas no espaço
Por extensão da definição de Geertz (2008) para cultura, a cultura escolar é uma teia de
relações com suas análises, ancora-se numa ciência interpretativa à procura do significado e
não na ciência experimental que busca leis como regras. Considerando esta teia de significados,
a escolha do lócus de pesquisa foi devido à indicação feita por um grupo de assessores da
Secretaria de Estado de Educação — SEDUC, após realizarem estudos sobre as escolas
estaduais com alto índice de vulnerabilidade à violência, na oportunidade do lançamento do
Projeto “Paz na escola”.
A instituição pesquisada é uma escola de porte médio e atendia a, aproximadamente,
novecentos alunos em dois turnos, no ano de 2011 e 2012, quando se realizou a pesquisa no
período vespertino. Eram utilizadas dezesseis salas de aulas, excetuando a sala de informática,
de vídeo e de Recurso Pedagógico, onde também funciona a emissora de Rádio da escola e
contava com sessenta funcionários entre professores, equipe técnica, zeladoras, merendeiras e
vigias. Dentre os espaços observados estão os arredores da escola, portão de entrada, quadra
poliesportiva, quadra do salão comunitário de uma igreja da comunidade, pátio, cantina privada
e da escola, cozinha, salas de aula, de vídeo, de informática, de recurso pedagógico onde
também fica rádio escolar, sala dos professores, da coordenação, da direção, secretaria e
banheiros.
A escola chama a atenção pelos altos muros brancos e pelo controle de acesso ao
interior, já que há dois portões na entrada da instituição, além do portão principal, que dá acesso
à rua, o que pode simbolizar ao mesmo tempo sinal de proteção e de reclusão dos alunos, assim
o controle dos corpos se evidencia na organização arquitetônica. Para o acesso à quadra
polidesportiva também é necessário passar por outros dois portões e pelo portão da quadra, mas
os alunos realizam este trajeto apenas acompanhados por uma pessoa responsável, professor,
inspetora, coordenadoras ou pelo diretor. No espaço central, além de árvores nos pátios, em
geral, mangueiras e coqueiros, espaço de muita circulação dos alunos, há um grande espelho na
parede do corredor central, algo pouco visto em outras escolas, sendo mais comum aos
banheiros. Este objeto não fica mais de alguns minutos sem refletir alguma imagem, mesmo
que passageira a imagem corporal é refletida e observada pelo senhor da imagem.
A pesquisa de campo na escola foi eivada de desconfianças por parte dos diretores e
funcionários que, reagindo ao estereótipo de escola violenta que a instituição carrega,
suspeitavam que a pesquisadora fosse na verdade uma policial infiltrada ou uma pessoa
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contratada pela Secretaria de Educação. Já as crianças e adolescentes participantes
manifestaram indiferença no início e aceitação no final, sendo a pesquisa foi realizada e
concluída com o apoio de uma das coordenadoras, de alguns funcionários e dos alunos. Logo
nos primeiros dias presencia-se a tentativa dos coordenadores de solucionar conflitos entre
alunos, algumas conversas acaloradas, discussões, bate-boca e relatos de violência entre aluno-
aluno e entre aluno-professor.
As primeiras atividades do pesquisador no seio da comunidade que interessa são de
natureza exploratória, tendentes à conscientização, tanto do pesquisador, como dos
integrantes do grupo social, dos problemas que existem, das dificuldades que se
apresentam, e de interesse coletivo, na vida das pessoas. (TRIVIÑOS, 2010, p. 94)
Na sistematização do estudo adotaram-se os procedimentos metodológicos da pesquisa
qualitativa do tipo etnográfico por entender que seria a mais adequada a este estilo de pesquisa,
pois era necessário perceber o fenômeno em sua dimensão, textura, forma, comportamento e
“odor”, dada a pretensão de analisar, interpretar e tentar compreender o processo, observando
diretamente os participantes pesquisados, bem como suas ações e descrever de modo detalhado
suas vivências e situações no contexto social que estes estavam inseridos.
A etnografia baseia suas conclusões nas descrições do real cultural que lhe interessa
para tirar delas os significados que têm para as pessoas que pertencem a essa realidade.
Isto obriga os sujeitos e o investigador a uma participação ativa onde se compartilham
modos culturais (tipos de refeições, formas de lazer etc.). Isto é, em outros termos, o
pesquisador não fica fora da realidade que estuda, à margem dela, dos fenômenos aos
quais procura captar seus significados e compreender. Pelo menos, isto é o que o
investigador intenta fazer. [...] (ibid, p.121)
Por esta vocação etnográfica a participação do investigador na vida da comunidade é
regida por estratégias e princípios gerais, regra comum a todos, mas esta ação será sempre
tendenciosa, pois depende do modo como se faz a descrição da cultura vivida e observada,
menos no estudo da pessoa e mais no “aprender da pessoa (ibid). Para este aprender da pessoa
a etnografia propõe uma “descrição densa” dos fatos, termo de Ryle, utilizado por Geertz (2008)
para definir o modelo de registro deste método de investigação.
A pesquisa se desenvolveu em dois semestres, o primeiro foi mais dedicado à
observação exploratória do ambiente escolar e seus arredores e o segundo às salas de aula e aos
ambientes específicos como quadra, pátio, corredores e a frente da escola, de modo sistemático
e assistemático. No segundo realizaram-se questionários com os alunos e professores, registros
de imagem e/ou de vídeos de brincadeiras violentas e entrevista com pesquisador do tema. Mas
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“os dados são considerados sempre inacabados [...], o que se busca, sim, é descrever a situação,
compreendê-la, revelar seus múltiplos significados [..]” (ANDRÉ, 2005, p. 37, 38). Através de
um questionário exploratório chegou-se aos “agressores” e “vítimas” das brincadeiras violentas,
com os quais foi realizado um questionário, diferenciado do anterior, para estes dois grupos de
alunos, totalizando quarenta e seis participantes. Os múltiplos significados, por vezes não
estiveram nos questionários, nas conversas formais, mas sim nas observações capazes de
capturar o não dito, apresentado na narrativa dos episódios.
Tomando a escola como um corpo, na tentativa de adentrar este corpo, seus órgãos vitais
são as salas de aula, a secretaria, a gestão, os locais para necessidades fisiológicas – de
alimentação, de excreções e os locais comuns – quadra, corredores e pátios.
Um dos órgãos vitais, para o qual chamamos a atenção é a sala de aula, o coração da
escola. A intenção foi de se observar melhor as linguagens corporais agressivas em sala de aula,
pela proximidade os sujeitos, suas atitudes, reações, pensamentos, enfim, conhecer o particular
daquele microespaço significa ter boa noção do macroespaço escolar. Um grupo de alunos do
6º Ano – antiga 5ª série foi observado diariamente, pois este seria um dos mais difíceis de
trabalhar, na visão dos professores, mas a permanência foi de um mês, uma vez que a direção
da escola adotou algumas medidas de “diminuição da violência” devido às inúmeras
reclamações dos professores e, muito provavelmente, pela escolha da sala para a observação na
pesquisa.
Portanto, o ambiente que de início seria central para a pesquisa não se configurou no
principal para a obtenção dos dados, pois neste mês, houve baixa frequência dos alunos e a
dificuldade dos mesmos em acompanhar o desempenho da sala, a diminuição do número de
alunos pesquisados, devido à transferência inter e extraescolar, a falta de interesse dos alunos
em participar da pesquisa ― apenas quatro aceitaram, e o desconforto de alguns professores,
que foi percebido mais por suas posturas do que por suas palavras, visto que apenas uma
professora afirmava, veementemente, que os alunos se comportavam muito bem quando a
pesquisadora não estava em sala, chegando a fazer esta constatação às coordenadoras.
A violência brincante ― o momento
Dentre os momentos relevantes estão o intervalo na sala dos professores, o intervalo no
pátio, a entrada e saída dos alunos nos portões da escola, a festa junina, os ensaios da fanfarra,
a Olimpíada interna, a Feira de Ciências e as aulas de algumas turmas do 5º Ano. Quanto aos
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espaços virtuais se tem a rede social Facebook, vídeos e notícias referentes à escola e em outro
momento, ministrou-se uma palestra na “Sala do Professor”8 sobre bullying.
Por mais que se tenha cuidado para não estigmatizar, rotular, delatar ou até evidenciar
em algum registro uma pessoa ou grupo responsáveis pelas Brincadeiras Violentas, no decorrer
das questões alguns alunos diziam frases como: “Você quer saber quem é o aluno bagunceiro,
né?” O corpo apresentou-se com suas marcas e representações. De fato alguns alunos
demonstram ou revelam seu desprazer em frequentar a escola, mas em geral o que se vê é que
os alunos gostam da escola. É o que revela este garoto em seu relato para o seu grupo de amigos
em frente ao portão da escola: “Sem putaria cara, se eu pudesse morava na escola! Lá em casa
não tem nada pra fazer.” O tom sério do garoto dá a noção de como o ambiente familiar é
sucumbido pelo escolar.
Na corrente sanguínea, entre veias e artérias, há uma cena corriqueira, sempre que o
sino toca, enquanto os professores trocam de sala, os alunos tomam os corredores, praticamente
todos saem das salas alegando necessidade de beber água e usar os sanitários. Mas o que menos
se vê é alunos no bebedouro e nos sanitários, eles mais conversam e circulam pelo pátio, como
se estivessem a respirar para depois voltar a prender o fôlego e entrar na sala.
Em suas respostas, mais de dois terços dos alunos dizem que o melhor horário para se
brincar, apenas brincar, é o recreio, nele se observa muitas brincadeiras e se ouve uma profusão
de músicas, quem não tem seu celular ouve pela radio transmissão da escola, muitas delas
músicas do estilo MPB e dance, muitas evangélicas e várias do estilo sertanejo universitário. Já
nos celulares o que impera é o ritmo funk ou sertanejo universitário, com alguns cantores como
Luan Santana, Gustavo Lima e outros artistas regionais, como a Banda Scort Som ― uma banda
de lambadão9, de ritmo tipicamente cuiabano, o gênero do funk escutado é o “funk proibidão”10,
cujas letras denotam forte apelo sexual:
♪♫ Vou pra carcá de vagarinho...
♪♫ Vai mamar na van, vai mama na van [...] //
Vc chupa, chupa, chupa, chupa, chupa as cabecinha,
8 Programa de formação continuada da escola, proposto a todas as escolas estaduais do estado, de competência de
cada instituição. 9 Um ritmo que resulta da mistura entre Rasqueado e Lambada. 10 Um estilo música, que, assim como o Funk Melody é derivado do Funk Carioca.
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vc chupa, chupa, chupa, chupa chupa a bolinha.
♪♫ Quer que eu conte a mentira e te faço feliz?
Quer que eu conte a verdade e te deixo chorando?
Há uma tendência de se lavar toda sua animalidade do ser humano no processo de
escolarização, a fazer uma assepsia das coisas da carne para se chegar às coisas sociais, ao que
é aceitável pelo social. Mas neste processo de limpeza ou cerceamento do corpo há também as
válvulas de escape, as formas de burlar as regras, meios de mascarar a ordem, como neste
exemplo do cadeado:
Cena 19: Percebe-se que uma aluna entra na escola fora do horário, estando o portão
com cadeado. Pergunta-se como acontecera tal transposição e ela diz que não sabe,
desconversa e sai. Com a insistência da pergunta ela diz: “não posso te falar!” A
resposta é aceita e depois de alguns minutos, cerca de meia hora, a aluna volta, de
súbito, frente a frente e confessa: “eu vou te contar, mas não diga a ninguém! Eu sei
abrir o cadeado do portão, é fácil!” Se põe o desafio: “Ah é?! Então abre pra eu ver?”
Ela facilmente abre e fecha o cadeado, lança um olhar vigilante em direção à
coordenação, coloca o dedo indicador na boca e sela o contrato de silêncio
estabelecido entre nós.
Na verdade, o cadeado era muito velho, com vícios de abertura. A menina alegava que
descobrira esta falha sozinha, “descobrindo!". O motivo para ela ter confiado o segredo não se
pode afirmar com certeza, mas esta era uma das participantes da pesquisa e eram constantes as
conversas sobre os mais variados assuntos, ela alegava gostar muito da escola e conhecia bem
seus funcionários. Em outro momento de pátio um jovem foi pego com uma arma artesanal de
pólvora e sendo delatado pelos próprios colegas, a arma foi recolhida e guardada pela direção.
Embora haja grande agitação nos pátios, corredores e arredores da escola, com muitos
episódios nestes locais, são nas salas, em horário de aula o local e o momento onde os alunos
alegam ocorrerem as brincadeiras violentas, possivelmente por ser onde passam a maior parte
do tempo. Algo a se notar é o movimento que ocorre no portão da escola, no qual muitos dos
alunos que estão em horário de aula querem sair, ao passo que outros, de outro turno ou escola
querem entrar, o que torna a vida das inspetoras um verdadeiro tormento. São “figuras
carimbadas”, dizem as inspetoras, para aqueles que sempre estão envolvidos neste movimento
de querer sair ou entrar quando não se deve. Cenas de humor dos alunos são formas encontradas,
às vezes, para se contornar algumas situações.
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Marcas do corpo ― marcas no corpo
Uma cena marcante é a de duas meninas do 7º Ano, elas possuíam quarenta e setenta
pequenos cortes nos braços, respectivamente, feitos com uma pequena lâmina, por devoção ao
cantor Luan Santana. Seria esta uma brincadeira violenta? Quando perguntadas, elas disseram
que era apenas uma forma de demonstrar que eram fãs. Le Breton (2003) relata a possibilidades
do ser humano tomar seu “corpo como acessório”, algo a se manipular a seu bel-prazer. O corpo
pode ser entalhado ou esculpido como se quiser, quando e pelo motivo que se julgar necessário.
Alguns apelidos registrados foram os seguintes: gordo, gorduchinho, gorducha, baleia,
balão, bujão, fofão, bolo-fofo, meio metro, formiga, palito, palito de fósforo, perna de pau,
girafa, suco de pneu, macaco, batidinha de carvão, Pelé. É evidente que o mais conhecido é o
apelido “gordo” e suas derivações. A terça parte da amostra demonstrou ser comum ouvirem
os apelidos relacionados com a aparência física, da pessoa que se difere do grupo.
Os vários tipos de xingamentos são violências verbais, às vezes naturalizadas como
brincadeiras. Se esses xingamentos forem constantes pode-se caracterizar como bullying. E, se
um xingamento é dificilmente tolerado, xingar a mãe é algo inaceitável, situação muito
delicada, uma ofensa mais pessoal que um simples xingamento, fere os sentimentos de quem é
xingado. “Se você quer xingar, xinga ele, não xinga a mãe dele, mãe é sagrado!”. Contesta uma
aluna ao presenciar um colega de sala xingando o outro de “filho da puta”, o que não ficou
barato para o provocador.
Sobre a imunidade do corpo, na escola há algumas ações de prevenção à violência, um
deles é o PROERD11, programa da polícia militar desenvolvido nas salas do 5º Ano. No caso
de fato ocorrido a escola adota a advertência verbal, que, a depender da gravidade, é realizada
com a presença de um responsável pelo aluno ou a transferência, que é mais conhecida pelos
alunos como expulsão, que de acordo com o regimento interno desta instituição são formas de
sansão à violência.
Quando se pediu uma definição de brincadeira violenta e algum exemplo aos
participantes, a maior parte não soube definir, alguns disseram ser apenas “brincadeiras de mau-
gosto”. Os exemplos dados foram bater, lutinhas, murro, porrada, tapa, xingar, machucar,
passou-levou. Nas observações foram muitas as cenas onde a coordenadora dizia: “isto não é
11 Programa de Educacional de Erradicação à drogas e à violência. Desenvolvido pela Polícia Militar. As aulas são
ministradas por um policial fardado e o programa é oriundo de um protótipo dos Estados Unidos.
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brincadeira!” Relacionada à dicotomia: brincadeira sadia x brincadeira violenta ou sem-graça.
Os professores diziam: “para de brincadeira!” Com relação à dicotomia brincadeira x seriedade.
Dos alunos se ouvia: “era só uma brincadeira!” Ligada à dicotomia: violência de verdade,
violência de mentira.
Em um episódio vários alunos vão para a coordenação, pois haviam brigado no
bebedouro. O fato ocorrido era que um dos alunos estava bebendo água, quando bateram em
sua cabeça e ele pensando que tinha sido agredido pelo colega de trás começa a estapear o
possível agressor e distribui tapas também aos que riam dele em sua volta. Tudo isso começou
de uma brincadeira.
Exemplos de algumas brincadeiras violentas e seu desenvolvimento: Hoje não!: é
necessário ter “tratado”12 com alguém e em dado momento, um dos participantes se aproxima
sem que a vítima o veja e começa a bater, o que não ocorre se a vítima perceber a aproximação
e disser “hoje não!”; Pirulito: depois de tratar, os participantes não podem pronunciar palavra
que comecem com a letra P, se isto acontecer, ele deve rapidamente dizer “pirulito!”, se não
disser ganha murros, tapas, croque e chutes no mesmo instante. Há ainda outras brincadeiras de
mesmo tom de violência como Peta, Passou-levou, Lutinha – individual ou em grupos,
Mosquitão, Pedala Robinho, “Pintinho”, “Peitinho”, Surdão e UFC13. Mancada: é uma situação
vexatória, semelhante ao “pagar mico”, é uma das poucas brincadeiras das meninas citadas pelo
grupo das meninas.
Notou-se certo pudor dos alunos ao mencionar as brincadeiras com apelo sexual, eles
comentavam, com reticências e com frequência diziam já dando as costas e saindo de perto.
Aceitar estas brincadeiras é fazer parte do grupo, é estar com, ao modo de Château (1987), seria
parte da “liturgia do jogo”, uma formalidade que pode ser subjetiva, pois na maioria das
brincadeiras relacionadas não se precisa tratar, ou seja, se elas existem é porque há um
consentimento inconsciente do grupo, é a adesão ao espaço de convívio.
Últimas Palavras
O presente estudo etnográfico da cultura escolar de crianças e adolescentes possibilitou
dizer que as Brincadeiras Violentas só podem ser percebidas na passagem, como um reflexo no
12 Em geral é combinada entre duas ou mais pessoas, para se começar a brincadeira, este pacto é selado na união
dos dedos mínimos dos participantes ou apenas oralmente. 13 UFC (Utimate Fighting Championship): é uma organização americana de artes marciais ou MMA (Mixed
Martial Arts)
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espelho do corredor e não em uma imagem estática, estão nos entremeios dos episódios, dos
relatos e respostas dos questionários, na subjetividade. Assim, não se pode apresentar o
fenômeno por uma imagem, mais conveniente seria apresentá-lo por um movimento, pois
aquele que “tenta ler por sobre os ombros daqueles a quem eles pertencem” (GEERTZ, 2008,
p. 212) só pode fazer uma leitura interpretativa e subjetiva, que apenas uma imagem não é capaz
de traduzir, significar.
Ao contrário do que se pode supor, a pesquisa mostrou que as brincadeiras violentas
ocorrem, de preferência, em sala de aula, é onde surgem rituais de humilhação, “chacota”,
escárnio... no principal órgão vital da escola. Também os corredores, pátios e a frente da escola
foram eleitos como locais passíveis destas práticas, em menor proporção, segundo os alunos.
Os xingamentos, agressões físicas, verbais, bullying e “brincadeiras de mau gosto” são as
assinaturas da violência observáveis dentro da brincadeira no ambiente escolar. Os alunos
sempre têm algo a falar a respeito, já viram ou ouviram falar de coisas do gênero.
Nos intervalos, há visível separação de brincadeiras de meninas e brincadeiras de
meninos, assim como as brincadeiras dos grandes e as brincadeiras dos pequenos são grupos
são bem definidos. A predominância dos meninos nas brincadeiras violenta é notória, enquanto
que as meninas possuem apenas algumas, poucas, brincadeiras desse gênero, com mais apelo
sexual. Na sala observada registrou-se tanto a dificuldade de aprendizagem como de
relacionamento entre os alunos.
Não há dúvidas de que a violência é algo que atrapalha a vida social e, na escola, ela
destorce sua principal função que é educar. Neste ambiente temos que se considerar outros
aspectos, como as práticas corporais institucionais, a cultura lúdica, a cultura escolar, os
sentimentos e impressões das pessoas, ou seja, tudo está em uma “rede de significações”. Não
estamos em tempos onde se deve “reprimir tudo que vem da animalidade, para que as energias
se finalizem em direção ao alto, se orientem para um alvo a ser alcançado, projetem-se num
ideal a realizar.” (MAFFESOLI, 2004, p. 45). Estamos em tempos onde as pessoas são
diferentes, suscetíveis de serem tomadas pela rubrica atávica do homo-violens que em nós
habita.
REFERÊNCIAS
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