Brisa da liberdade
Astúrio Passos
Astúrio Passos
Este livro representa o marco inicial em minha carreira como escritor, pois é o
primeiro que levo ao público. Quero dedicá-lo aos muitos seres especiais que de
uma forma ou outra, em interseção com minha vida, forneceram a inspiração
necessária ou o apoio para escrevê-lo. Nominá-los seria redundante, pois povoam
todas as páginas. A vocês todos, meus queridos, meus mais sinceros
agradecimentos.
Astúrio Passos
Índice
A descoberta do amor 5 Brisa da liberdade 6 Águas profundas do mar do amor 7 O caminhar de uma senhora de oitenta anos 8 Intensidade subversiva de cada instante 9 Eu peregrino 10 Meu amigo imaginário 11 Minha beija-flor, meu amor 12 Demonstração de amor 13 O dia em que você nasceu no meu mundo 14 Operário das idéias 15 O tédio nosso de cada dia 16 Chuva na terra seca 17 A fome da carne 18 Passageiros para a estação felicidade 19 O pão nosso de cada dia 20 Arquétipos 21 Vida fora da terra 22 Paulo Adão 23 Imunidade ao preconceito ( Dia Mundial do Combate à Aids) 24 O ofício de ensinar 25 A descoberta da poesia 26 A jornada da alma 27 As cores de algumas flores 28 Auto-estrada do coração 29 Voluptuosa 30 Espatifou-se o meu bandolim 31 Como um cão indefeso 32 Jazidas adormecidas 33 Ave louca 34 Para sempre jovem 35
Doce nostalgia 36 Ainda que por um breve instante. 37 Flor misteriosa do amor 38 Os passarinhos 39 O lindo presente que eu ganhei 40 O cemitério 41 A fonte do meu coração 42 Completamente só 43 Estéreis labores 44 Um passo necessário 45 Êxtase 46 Tua decepção 47 Estranhamente concretas aquelas ponderações 47 A beija-flor que se foi... 49 Só faz sentido ao coração 50 Infindáveis tardes ressequidas 51 Aonde está você? 52 Não há pessoas por este caminho 53 Fachos incendiários da desilusão 54 Lágrimas que brotam do coração 55 Só dá você, no meu coração! 56 Cada dia, cada hora, cada minuto 57 Deusa da lua e da caça 58 Cataventos solitários 59 Inquietos instantes 60 Para sempre jovem 61 Confiança perdida 63 Ave louca 64 Inspiração fugaz 65 Auto-estima 66 Horizontes floridos 67 Avatares 68 Realidade 69 Tua nau 70 Anjo da amizade 71
Astúrio Passos
A morte e aquilo que somos 72 Para finalmente relaxar e voar... 73 Triste inverno do coração 74 Colméia dos penitentes 75 Ressurgindo 76 O seu amor há de encontrar-me 77 Meu mais íntimo desejo 78 A flor vermelha em sua trança 79 Há dias em que simplesmente erramos 80 Um pouco do que você é pra mim 81 As janelas de seu coração 82
Mesmo que venha devagarinho 83 O entardecer sobre a solidão 84 As flores que escolhi 85 Saudade vá embora... 86 A Estrela e o Planeta Errante 87 Esperando você chegar 88 Poemas pra você, meu anjo! 89 O muro das ilusões 90 Rosto delicado 91 Rumo ao infinito 92 Tudo o que me sobra 93
Astúrio Passos
A descoberta do amor
Suas almas carregavam sentimentos congelados
Fragmentos de pontiagudas emoções.
Sofriam ao açoite frio da solidão
Amenos instantes perdidos na aurora.
Na fatídica efemeridade do tempo
Apresenta-se pálida uma inspiração poética.
E em tão inóspito desfiladeiro
Renasce a essência radiante da descoberta.
Duas almas se encontram
Reconhecem-se seus corações
Desconheciam até então os apelos do desejo,
Descobriram juntos a mágica chave do encontro.
Vagavam claudicantes na alameda
Com tesouros escondidos de inestimável valor.
Tal qual uma frota de barcos
Chegando mensamente ao cais
Vão-se renovando as escassas provisões.
Delineando no coração as inscrições rupestres
Das mais inesquecíveis lembranças.
Marcadas para sempre no oceano da memória.
A suavidade dos contornos de seus seres.
E seus perfumes exalando das entranhas...
É o perfume da vida!
E nesse formidável encontro
Tornam-se mais do que são.
São de fato aquilo
Que encontraram na melodia desse amor.
Astúrio Passos
Brisa da liberdade
O vento sopra a brisa suave e voa sem direção
Folhas dançam à música do passageiro invisível Beijas em tua ternura a face rosada da criança
Secas, arrojado, o tépido suor do corpo dos amantes
Ao subir a incomensuráveis alturas. Põe-te raro e rarefeito Profundidades abissais sufocam a tua ausência
Branda suavidade esconde a tempestade Que na fúria ruidosa desnuda o poder da natureza.
Sou frágil e ávido do teu toque em minha face
Refrigera meus sentimentos Leva em tua viagem sem fim meus pensamentos
Amplia meus horizontes
Desejo um dia abrir minhas asas em tuas ventanias Soltar minha alma no vale das mais lindas emoções
Levitar solto nas amplitudes da felicidade E voar...voar...voar... livre! sem pressa de chegar
Astúrio Passos
Águas profundas do mar do amor
Nas perigosas águas do mar do amor
Há perigo em amar demais Há perigo em amar de menos
Há perigo em não amar Há perigo em ter medo de amar
Há perigo em amar displicentemente.
Nas virtuosas águas do mar do amor É virtuoso amar com suavidade É virtuoso amar sem cobranças
É virtuoso amar sem falsas expectativas É virtuoso amar sem culpa
É virtuoso sacrificar-se pelo ser amado.
Navegar nas águas profundas do mar do amor É como flutuar sobre imensos precipícios escarpados
Há perplexidade e medo de perder-se na vastidão Mas encontrar-se é o prêmio dos navegantes.
Astúrio Passos
O caminhar de uma senhora de oitenta anos
Há doçura em seu caminhar A revelar o filme da sua vida
Tristezas e alegrias. Saudades e frustrações. Há dignidade em seu olhar
Nos passos vacilantes
Assisto aos efeitos do tempo
Há doçura em seu caminhar Em seus passos vejo meus passos
em seu caminho contemplo a minha vida
Erros e acertos. Dúvidas e respostas Um brilho intenso a guiar seus passos
Há algo nela que me fascina Que entorpece meus sentidos
Um mergulho profundo nas águas do tempo
Nem a conheço mas a sua vida... É como se fosse a minha.
Astúrio Passos
Intensidade subversiva de cada instante
Observo o mundo ao meu redor
Em instantes ele já não é mais o mesmo Observo tudo de novo
E novamente ele me foge das mãos
Sigo a perseguir o que vejo Cores, flores, amores e tempestades
Como quem segue a um cortejo Na despedida perene na estrada transitória da vida
Na realidade inalterável da existência efêmera
Pulsa a intensidade subversiva de cada instante Segredo oculto nas reentrâncias da consciência
Mergulho silencioso na fluidez de águas inconstantes.
Astúrio Passos
Eu peregrino
O meu eu peregrino caminha em busca de certezas
E distrai-se contemplando o que encontra pelo caminho É o brilho encantador das ilusões
A embotar o mistério do frescor de cada manhã
Revela-te! Realidade intransigente. Expõe-te sem tramelas
Porque o cansaço das muitas léguas caminhadas Mesclou-se com o medo de tudo o que é novo.
Vida professora! Senta-te ao meu lado
Admoesta teu aluno a ascender Martela meus sentimentos e forja um coração amoroso
Acende o farol que ilumina meus passos.
E navegarei confiante No rio caudaloso da vida
Para aportar seguro em algum porto distante Capitaneado pelo meu eu peregrino.
Astúrio Passos
Meu amigo imaginário
Eu tenho um amigo
Que as vezes fala comigo Ele me dá abrigo
Quando eu mesmo não consigo.
Ocorre que meu camarada Mesmo sem me exigir nada Perdoa minhas mancadas Mas não as alfinetadas
Ele transborda de esperança
Embora seja uma criança Sempre provocando mudança Me fazendo entrar na dança
Quero pra sempre esse amigo
Sempre comigo, nunca contido Bem presente, nunca escondido
Você no meu coração agradecido.
Astúrio Passos
Minha beija-flor, meu amor
Mulher de rara beleza
Musa felina de natureza indomável Excita minhas pupilas olhar tua pele branca
Me embriaga a fragrância do teu amor
Fêmea açoriana de traços impetuosos Despertaste em mim um vulcão
Minhas idéias entraram em erupção Teu sorriso maroto provocou turbulentos desejos
Gosto de olhar para os teus olhos verdes
Amo percorrer os traços da tua boca vermelha Sensualidade que brota de uma fonte mágica
Que jorra em minha pele ondas de prazer e luxúria
Ser sacudido pela tua presença me alimenta Na medida em que tua beleza aplaca
A inquietação do meu coração Na calma prazerosa da tua companhia
Em meu coração sinto-me teu
Tanto como te sinto minha Minha beija-flor
Dona do meu amor.
Astúrio Passos
Demonstração de amor
Um pequenino detalhe,
Bela demonstração de amor, No meu coração o entalhe De um querer arrasador
Se nos falta proximidade
E o carinho parece distante Não nos falta intimidade
Num coração que pulsa bastante
Vale verso carinhoso Um papo apaixonado
Sei que tudo é mais gostoso Quando fico do seu lado
Amei o seu presente Na forma de poesia
Quero retribuir serenamente Em versos de magia
Receba o meu afeto
Iluminado de sentimento Do seu rouxinol predileto
Direto pro seu pensamento
Astúrio Passos
O dia em que você nasceu no meu mundo
Guardei nas gavetas das minhas lembranças Um dia diferente de todos os outros
Foi o mais feliz da minha vida Nunca mais o esqueci
Foi tamanha a emoção
Que meu coração bateu ritmado Inusitadas cores surgiram no horizonte gris
E se foram pra sempre os matizes desbotados
Sem saber do que se tratava Fui sugado pelas correntezas
No rio agitado das suas emoções Seu sorriso angelical iluminou a minha vida
Mergulhei num oceano de água doce
Num ato voluntário de entrega ao nosso amor Fui absorvido pela sensação de pertencer ao seu mundo.
De ser parte de você e reencontrar a mim mesmo.
Astúrio Passos
Operário das idéias
Sou um operário das idéias Edifico onde foi necessário antes desconstruir
Inicio pelos alicerces Até que tudo esteja pronto
Não sei se a nova casa é melhor ou pior
Só sei que tem janelas amplas Com o sol arejando por todo o dia
Acompanhado do vento que sopra suave pelos cantos
Não tem tramelas Não tem grades nas janelas Não tem porão nem sótão
Só um frescor matinal e iluminado
Não sei se é mais forte que a anterior Só sei que é mais acolhedora
Se vai durar muito. Deus é que sabe. Só sei que sou feliz quando estou nela.
Dentro dela me sinto mais eu
Porque ela não me prende E me estimula a ser livre, por isso
Derrubo-a novamente para poder seguir em frente.