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GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Acio Neves
Governador
Secretaria de Estado de Agricul tura, Pecuria e Abastecimento
Gilman Viana Rodrigues
Secretrio
EPAMIG - Empresa de Pesquisa Agropecuria de Minas Gerais
Conselho de Administ rao
Gilman Viana Rodrigues
Baldonedo Arthur Napoleo
Silvio Crestana
Adauto Ferreira Barcelos
Osmar Aleixo Rodrigues Filho
Dcio Bruxel
Sandra Gesteira Coelho
Elifas Nunes de Alcntara
Vicente Jos Gamarano
Joanito Campos Jnior
Helton Mattana Saturnino
Conselho Fiscal
Carmo Robilota Zeitune
Heli de Oliveira Penido
Jos Clementino dos Santos
Evandro de Oliveira Neiva
Mrcia Dias da CruzCelso Costa Moreira
Presidncia
Baldonedo Arthur Napoleo
Diretoria de Operaes Tcnicas
Enilson Abraho
Diretoria de Administrao e Finanas
Luiz Carlos Gomes Guerra
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Cultivo de tilpiasem tanques-rede
Belo Horizonte2008
EMPRESA DE PESQUISA AGROPECURIA DE MINAS GERAIS
Boletim Tcnico no86ISSN 0101-062X
Vicente de Paulo Macedo Gontijo1
Giovanni Resende de Oliveira2
Elizabeth Lomelino Cardoso3
Bruno Olivetti de Mattos4
Marcelino Dias dos Santos5
1EngoAgro, M.Sc., Pesq. EPAMIG-FEFX, CEP 35794-000 Felixlndia-MG. Correio
eletrnico: [email protected], M.Sc., Pesq. EPAMIG-FEFX, CEP 35794-000 Felixlndia-MG. Correio
eletrnico: [email protected], M.Sc., Pesq. EPAMIG-DPPE, CEP 31170-000 Belo Horizonte-MG. Correio
eletrnico: [email protected] Pesca, Bolsista CNPq DTI-3, EPAMIG-FEFX, CEP 35794-000 Felixlndia-MG.
Correio eletrnico: [email protected]. Agrcola, Graduando em Administrao, EPAMIG-FEFX, CEP 35794-000 Felixln-
dia-MG. Correio eletrnico: [email protected]
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1983 EPAMIGISSN 0101-062XBoletim Tcnico, no86
A reproduo deste Boletim Tcnico, total ou parcial, poder ser feita, desde que citadaa fonte.Os nomes comerciais apresentados neste Boletim Tcnico so citados apenas para con-venincia do leitor, no havendo preferncia por parte da EPAMIG por este ou aqueleproduto comercial.
A citao dos termos tcnicos seguiu a nomenclatura proposta pelo autor.
PRODUO
Departamento de Transferncia e Difuso de Tecnologia: Mairon Martins MesquitaEditor:Vnia Lcia Alves Lacerda
Reviso Lingstica e Grfca:Marlene A. Ribeiro Gomide e Rosely A. R. Battista PereiraNormalizao:Ftima Rocha Gomes e Maria Lcia de Melo SilveiraFormatao: Maria Alice Vieira e Letcia Martinez MatosCapa:Letcia MartinezFoto da capa:Bruno Olivetti de Mattos
Av. Jos Cndido da Silveira, 1.647, Cidade NovaCEP 31170-000, Belo Horizonte-MG - site: www.epamig.brDepartamento de Transferncia e Difuso de Tecnologia - Diviso de Publicaes - Telefax:
(31) 3489-5072, e-mail: [email protected]
Aquisio de exemplares:Departamento de Negcios Tecnolgicos - Diviso de Produ-o e Comercializao - Telefax: (31) 3489-5002, e-mail: [email protected]
Empresa de Pesquisa Agropecuria de Minas GeraisSecretaria de Estado de Agricultura, Pecuria e AbastecimentoSistema Estadual de Pesquisa Agropecuria:EPAMIG, UFLA, UFMG, UFV
Cultivo de tilpias em tanques-rede/Vicente de Paulo Macedo Gontijo ...[et al.]. - Belo Horizonte: EPAMIG, 2008.
44p. -(EPAMIG. Boletim Tcnico, 86 ).
ISSN 0101-062X
1. Piscicultura . 2. Tilpia. 3. Tanque-rede. I. Gontijo, V. de P.M. II.Oliveira, G.R. de. III. Cardoso, E.L. IV. Mattos, B.O. de. V. Santos, M.D.
dos. VI. EPAMIG. VII. Srie. CDD 639.3
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AGRADECIMENTO
Agradecemos ao Instituto Estadual de Florestas (IEF) por meio dos senhores
Clio Murilo de Carvalho Valle, diretor de Biodiversidade; Miguel Ribon Jnior,
gerente de Proteo Fauna, Flora e Bioprospeco; Marcelo Coutinho Amarante,
gerente de Proteo da Fauna Aqutica e Pesca; e Humberto Candeias Cavalcanti,
diretor-geral, pelo apoio implantao do Centro de Pesquisa, Demonstrao e
Treinamento de Cultivo de Peixes em Tanques-rede da Fazenda Experimental de
Felixlndia (FEFX) da EPAMIG.
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APRESENTAO .................................................................................................. 9
INTRODUO ........................................................................................................ 11
DEFINIO E DESCRIO................................................................................... 11
LOCALIZAO DAS UNIDADES PRODUTIVAS.................................................. 12
VANTAGENS E DESVANTAGENS DO SISTEMA EM TANQUES-REDE ............. 13
QUALIDADE DA GUA ......................................................................................... 14
IMPLANTAO DE PROJETOS DE PRODUO ................................................ 16
USO DE AERADORES ........................................................................................... 16
DISPOSIO DOS TANQUES-REDE.................................................................... 17
DIMENSIONAMENTO DO PROJETO DE PISCICULTURA EM TANQUES-REDE ... 19
IMPLANTAO DE UMA UNIDADE PRODUTIVA ................................................ 20
BERRIOS ........................................................................................................... 22
COMEDOURO ........................................................................................................ 23
AQUISIO DOS ALEVINOS ................................................................................ 23
PEIXAMENTO DOS TANQUES-REDE .................................................................. 24
REPICAGEM........................................................................................................... 25
DENSIDADE DE ESTOCAGEM ............................................................................. 27
BIOMETRIA ............................................................................................................ 29
ALIMENTAO DOS PEIXES ............................................................................... 30
ENFERMIDADES E CONTROLE SANITRIO ...................................................... 34AVALIAO DO DESEMPENHO PRODUTIVO DOS PEIXES ............................. 35
MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA GUA .................................................. 36
AVALIAO DO IMPACTO AMBIENTAL .............................................................. 38
DESPESCA E TRANSPORTE DOS PEIXES......................................................... 39
COMERCIALIZAO DOS PEIXES ...................................................................... 39
AVALIAO ECONMICA DO EMPREENDIMENTO........................................... 41
CONSIDERAES FINAIS .................................................................................... 43
REFERNCIAS ...................................................................................................... 44
SUMRIO
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APRESENTAO
A tilpia foi escolhida como o peixe dos criadores pela alta capacidade
de desenvolvimento em tanques-rede, principal mtodo de criao atual, pelo for-
necimento de alevinos durante todo o ano e pelas qualidades nutricionais bastante
atraentes ao consumidor.
O Brasil produz cerca de 70 mil toneladas de tilpia. Esse negcio movi-menta 105 milhes de dlares por ano no Pas. Os Estados Unidos so os maiores
compradores do peixe e adquire 135 mil toneladas por ano no mercado mundial.
A China o maior produtor do planeta e responde por 45% da oferta global.
Plos de cultivo e de processamento de tilpia multiplicam-se no Brasil,
impulsionados, principalmente, pelo interesse dos consumidores dos Estados Unidos
e Europa. O fil branco sem espinhas e o sabor quase neutro possibilitam que essa
carne seja adaptada a qualquer cozinha internacional.
justamente o aquecimento da demanda externa que est dando novos
contornos aqicultura brasileira. O desenvolvimento da atividade no Brasil tende
a acompanhar o ritmo do mercado internacional.
Diante disso, piscicultores brasileiros organizam-se e investem no aumento
dessa produo nacional. Com o intuito de apoiar o crescimento dessa atividade, a
EPAMIG publica este Boletim Tcnico, que contm informaes e orientaes sobre
a produo de tilpias em Minas Gerais.
Baldonedo Arthur Napoleo
Presidente da EPAMIG
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INTRODUO
Para o cultivo de tilpias do Nilo, o sistema de produo em tanques-rede , sem dvida, aquele que apresenta a menor relao investimentoinicial:produo total. Quando comparado com o sistema tradicional, emviveiros escavados, pode-se observar que o valor inicialmente investidona implantao da piscicultura em tanques-rede de, aproximadamente,25%, tendo como base as mesmas produes anuais.
Ao considerar a rea total dos grandes reservatrios de Minas Gerais,cerca de 5 mil km2, alm dos incontveis audes e lagoas localizados empropriedades rurais, pode-se estimar um potencial de produo superiora 1 milho de toneladas mtricas anuais de pescado em sistema de tan-ques-rede. Esse valor foi calculado a partir da utilizao de 0,1% da reatotal dos reservatrios em tanques-rede e de produtividade mdia de 200kg/m2anuais. Produtividades dessa magnitude, correspondentes a 2 milkg/ha/ano, causam impacto ambiental insignificante no meio aqutico(KNSCHE et al., 2.000).
Neste Boletim Tcnico est descrito o sistema de produo de til-
pias em tanques-rede e relatadas as principais etapas do cultivo, desde aescolha do local de instalao dos tanques-rede at a despesca, passandopelas principais prticas de manejo. Estimativas de ganho em peso e deconsumo de rao, com base em curvas de crescimento de linhagens gene-ticamente melhoradas de tilpia, so apresentadas sob a forma de tabelase permitem fazer projees do desempenho produtivo e econmico docultivo. A apresentao do fluxo de produo, sob a forma de mdulo ou
unidade produtiva, possibilita ao produtor dimensionar o empreendimentotendo em vista a produo total desejada.
DEFINIO E DESCRIO
Tanques-rede so estruturas flutuantes, em rede ou tela revestida,
instaladas em ambientes aquticos abertos, onde se cultivam peixes demodo super-intensivo. Quando se usam telas revestidas, o termo gaiolaflutuante (floating-cage) mais adequado (Fig. 1). Essas estruturas so
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Figura 1 - Tanque-rede de 4 m2, com estrutura em ao galvanizado, tendo galescomo bias
BrunoOlivettideMattos
mais apropriadas quando h predadores (piranhas, lontras, etc.), no am-biente aqutico.
Os tanques-rede podem ter diversos formatos e dimenses. Tmsido recomendados tanques-rede menores 4 m2(2 x 2 m), com 1,2 m deprofundidade onde h facilidade de manejo tanto dos tanques (limpe-za, desinfeco, etc.), quanto dos peixes (biometrias, despesca). Tanquesmaiores, por outro lado, tm menor custo de implantao por volume epermitem reduzir o tempo gasto com alimentao dos peixes, sendo reco-mendados para projetos de grande porte.
LOCALIZAO DAS UNIDADES PRODUTIVAS
Os tanques-rede devem ser dispostos em ambientes aquticos, ditoslnticos reservatrios, audes ou lagos onde haja ligeiro fluxo de gua,
quer seja por corrente (eixos dos reservatrios), quer seja por ao dosventos. importante, nesses casos, que haja renovao constante, mesmoque lenta, da gua dos tanques-rede, a fim de remover a amnia excretada
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pelos peixes e repor o oxignio consumido. Devem-se evitar corredores devento e locais sujeitos a correntes muito fortes, como embocaduras de rios,por exemplo. Nesses casos, pode ocorrer rompimento de cordas e cabos,
comprometendo a segurana das instalaes.A profundidade mnima exigida de 2 m, permitindo que o fundo
dos tanques-rede fique, pelo menos, a 80 cm do solo (fundo do reservat-rio). Evita-se, assim, que o efeito nocivo dos processos bioqumicos queocorrem no sedimento, como fermentao e decomposio de fezes e desobras de rao, possam prejudicar a qualidade da gua dos tanques-rede.Por esse motivo, profundidades maiores (acima de 4 m) so recomendveis.Deve-se, portanto, ficar atento s variaes sazonais do nvel da gua emgrandes reservatrios.
VANTAGENS E DESVANTAGENS DO SISTEMA EM TANQUES-REDE
Alm do menor investimento inicial, configurado no Quadro 1, h
outras vantagens do sistema de produo em tanques-rede, ou seja:
a) menor tempo de implantao do projeto de produo: umavez obtida a regularizao do projeto (licena ambiental, ou-torga, etc.), o incio da produo imediato. Os tanques-redeso dispostos no ambiente aqutico e os alevinos podem serestocados no mesmo dia;
b) menor custo operacional: as prticas de manejo, como amos-
tragens para biometria, alimentao dos peixes e despesca sobastante simplificadas, demandando menos mo-de-obra do queaquela necessria em outros sistemas de produo;
c) ausncia de alteraes no sabor da carne dos peixes (off-flavor): aocorrncia de geosmina, substncia produzida por bactrias dosolo, no sedimento dos viveiros escavados e, ocasionalmente, demetil-isoborneol, produzido por algas cianofceas dos gneros
Anabaena e Oscillatoria, podem provocar sabores desagradveisde terra (geosmina) ou de mofo (metil-isoborneol) na carne dospeixes, depreciando ou mesmo desqualificando o produto.
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NOTA: Considerando oito anos de vida til dos tanques-rede, o custo da depreciaodas instalaes ser de, aproximadamente, R$ 0,09/kg de peixe produzido.
(1)Inclui equipamentos (pus , baldes, canoa, etc.).
QUADRO 1 - Investimento inicial e produtividade nos sistemas de produo emviveiros escavados e em tanques-rede
Viveiros 5 ha 125.000,00 40 3.120,00
Tanques-rede 42 (4m2) 30.000,00 40 750,00
Sistemas de produo Dimenso
(1)Custo deimplantao
(R$)
Produo
anual esperada(t)
Investimento
inicial(R$/t)
Entretanto, o sistema de tanques-rede apresenta algumas desvan-tagens:
a) baixo nvel de segurana: dependendo do local de implantao
dos projetos, os tanques-rede esto sujeitos s intempries do
clima, como enchentes, vendavais, etc;
b) impossibilidade de controle sanitrio e do ambiente aqutico:
problemas advindos de alteraes na qualidade da gua, como
contaminaes qumicas, quedas de temperatura, etc., podem ser
monitorados com freqncia, mas no podem ser controlados. Da
mesma forma, quando ocorre o surgimento de agentes patognicos,
primrios ou oportunistas, o produtor no tem como evit-los oucontrol-los, a no ser por meio da rao (adio de antibiticos,
por exemplo). impraticvel fazer o tratamento da gua.
QUALIDADE DA GUA
Os meios aquticos onde se pretende implantar sistemas de produ-
o em tanques-rede devem ter gua de boa qualidade. Locais onde hajaconcentraes significativas de metais pesados, de resduos de agrotxicos
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ou de nutrientes indicativos de ambientes hipertrficos, como nitrognioe fsforo, no so recomendados para a piscicultura. Assim, devem serevitados corpos dgua que recebam efluentes de indstrias, de esgotos
domsticos ou de reas intensamente cultivadas, onde haja uso intensivode defensivos agrcolas. Recomenda-se sempre uma anlise prvia da guae, se possvel, o monitoramento freqente da sua qualidade.
Algumas caractersticas da gua podem ser indicativas do processode eutrofizao. A multiplicao excessiva de macrfitas aquticas, comoo aguap,Eichornia crassipes, e a ocorrncia de bloomde algas clorof-ceas ou cianofceas, conferindo a colorao esverdeada, podem indicarexcesso de nutrientes na gua (Fig. 2). Nesses casos, o cultivo de tilpiasem tanques-rede, com o aporte elevado de nutrientes por meio da rao,contribuiria para agravar o problema da eutrofizao do ambiente aqu-tico, aumentando o risco de colapso da qualidade da gua e conseqentemortalidade de peixes.
Figura 2 - Aspecto caracterstico de gua eutrofizada
ElizabethLomelinoCardoso
Outro aspecto a ser considerado a temperatura da gua. A zona deconforto trmico da tilpia do Nilo est na faixa de 25C a 29C. Apesardisso, temperaturas mnimas pouco acima de 20C so bem toleradas pelos
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peixes. Nesse caso, haver apenas reduo do consumo de rao e, con-seqentemente, do desempenho produtivo. Temperaturas abaixo de 20Ccausam estresse trmico nos peixes, predispondo-os a doenas e parasito-
ses. Assim, com temperaturas baixas, deve-se evitar qualquer manejo dospeixes, para no agravar a condio de estresse. aconselhvel, portanto,que se evitem reservatrios onde a temperatura da gua permanea abaixode 20C por tempo prolongado.
IMPLANTAO DE PROJETOS DE PRODUO
Os projetos de piscicultura em tanques-rede podem ser implanta-dos em grandes reservatrios de domnio pblico ou em lagoas e audeslocalizados em propriedades rurais.
Em grandes reservatrios, recomenda-se a utilizao de no maisque 0,1% da rea total em tanques-rede, j que estudos recentes tmapontado para nveis mais baixos de capacidade de suporte. A legislaoatual permite a utilizao de at 1% do espelho dgua. Em reservatrios
menores, podem-se utilizar at 2% da rea em tanques-rede, dependendodo fluxo dgua, da relao permetro: rea do reservatrio e da vegetaoaqutica presente (taboas, nenfares, aguaps, etc.), que serve como filtrosbiolgicos.
Como exemplo, em um aude com 5 mil m2de superfcie, poderiamser utilizados at 100 m2 de tanques-rede, ou seja, 25 tanques-rede de 4 m2,o que equivale a 2% da rea.
importante que os tanques-rede sejam colocados em locais ondehaja circulao da gua. Eixos principais e secundrios dos reservatrios,desde que no sejam locais de circulao de embarcaes, so adequa-dos. Braos de reservatrios onde no haja circulao de gua podem serutilizados, quando sujeitos ao de ventos que promovam ondulaes,permitindo a renovao constante da gua dos tanques-rede.
USO DE AERADORES
Em locais onde a movimentao da gua insuficiente para pro-
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mover a renovao no interior dos tanques-rede, pode-se fazer uso deaeradores. Esses equipamentos tm alta capacidade de incorporar oxigniona gua. No caso de tanques-rede, devem-se utilizar aeradores de ps que
promovem movimentao horizontal da gua prxima superfcie, seme-lhante corrente. Desse modo, ocorre renovao da gua dos tanques-rede,removendo a amnia excretada e repondo o oxignio necessrio (Fig. 3).
Figura 3 - Aeradores de ps podem ser utilizados para incorporar oxignio e pro-mover a movimentao da gua
ElizabethLomelinoCa
rdoso
DISPOSIO DOS TANQUES-REDE
Os tanques-rede devem ser dispostos em linha simples, transversalao eixo da corrente dos reservatrios ou dos ventos predominantes. Desse
modo, a gua que passa por um tanque-rede no afetar os tanques adja-
centes (Fig. 4). Quando se tem um nmero maior de tanques-rede, que nopodem ser dispostos em linha nica, deve-se manter uma distncia entreas linhas de pelo menos 20 m umas das outras (Fig. 5). A distncia entre
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Figura 4 - Tanques-rede dispostos em linha simples, transversal ao eixo do reser-vatrio
BrunoOlivettideM
attos
Figura 5 - Tanques-rede dispostos em duas linhas, com distncia aproximada de
40 m entre siNOTA: Distncias maiores permitem reduzir o risco de deteriorao da qualidade
da gua dos tanques que ficam a jusante.
BrunoOlivettideMattos
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tanques-rede dentro das linhas deve levar em conta a velocidade de reno-
vao da gua. Quanto mais rpida for a remoo da gua do interior dostanques-rede, quer seja pela corrente, quer seja pelo efeito das ondulaes,
menor pode ser essa distncia. De qualquer modo, no se deve colocar ostanques-rede a menos de 2 m uns dos outros.
DIMENSIONAMENTO DO PROJETO DE PISCICULTURA EM
TANQUES-REDE
Para dimensionar um projeto de piscicultura em tanques-rede comproduo escalonada (35 dias de intervalo entre despescas), preciso
considerar o conceito de mdulo ou unidade produtiva. So necessrios14 tanques-rede para uma unidade produtiva que propicie despescas a
cada 35 dias, permitindo que os peixes atinjam peso mdio entre 900 e1.000 g.
necessrio, tambm, determinar a durao do ciclo produtivo. A
indstria que processa tilpias com vistas ao mercado externo, produzindofils para exportao, s adquire peixes com peso acima de 700 g. Consi-derando as curvas de crescimento de tilpias cultivadas em tanques-rede,com densidades de estocagem adequadas, e a variabilidade do peso corporaldos peixes, pode-se calcular o peso mdio final das tilpias despesca,para que pelo menos 90% dos indivduos atinjam o peso mnimo exigidopelas indstrias. Nessas condies, o peso mdio final de 950 g, aproxi-
madamente. Esse valor, se colocado na curva de crescimento, correspondea 210 dias de cultivo.Portanto, ao se cultivarem tilpias do Nilo durante 210 dias, com
densidade de estocagem (500 a 600 peixes por tanque-rede), manejo, ali-mentao e qualidade de gua corretos, o peso mdio desses peixes deveatingir 950 g, com 90% dos indivduos com peso corporal igual ou superior a700 g. interessante mencionar que j existem indstrias que pagam preosdiferenciados de acordo com o tamanho dos peixes. Tilpias maiores, porvia de regra, tm maior rendimento industrial (% de fils), o que resultaem menores custos de industrializao, justificando a diferenciao dos
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preos pagos aos piscicultores.
O clculo da produo anual por unidade produtiva bem simples.Considerando a densidade de estocagem de 150 tilpias/m2, equivalente
a 600 peixes por tanque-rede, tem-se uma produo de 3 x 600 x 950 g =1.710 kg a cada perodo de 35 dias, o que corresponde a 17.100 kg por
ano, sem considerar a mortalidade.A ttulo de exemplo, supondo que se deseje produzir cerca de 50 t
mtricas, anualmente, seriam necessrias trs unidades produtivas ou 42tanques-rede.
IMPLANTA O DE UMA UNIDADE PRODUTIVA
Como j mencionado, cada unidade produtiva consta de 14 tan-
ques-rede, sendo dois deles utilizados como berrio. A unidade produ-
tiva pode ser implantada de forma paulatina. Inicialmente, adquirem-se
os dois tanques-rede, que serviro como berrio. A partir disso, trs
tanques devem ser comprados a cada dois meses.A produo inicia-se com a aquisio de 2 mil alevinos, com peso
mdio de 0,5 g, que sero estocados no berrio 1. Trinta e cinco dias de-
pois, outros 2 mil devero ser adquiridos e estocados no berrio 2. Aps
novo perodo de 35 dias, os peixes do berrio 1, estaro completando 70
dias, devendo atingir peso corporal mdio de 70 g. Esses juvenis, aps
descarte de 10% de indivduos com menor crescimento, sero repicados
para trs tanques-rede (600 peixes em cada tanque). Devero ser descar-tados os peixes que no atingirem peso mnimo de 35 g e peixes com
defeitos fsicos. Ao mesmo tempo, outros 2 mil alevinos sero estocados
no berrio 1. Esse processo deve continuar indefinidamente. Depois de
seis perodos de 35 dias, totalizando 210 dias, o primeiro lote de 1.800
peixes dever atingir o peso mdio de, aproximadamente, 950 g por pei-
xe, estando prontos para a comercializao. A partir desse ponto, a cada
perodo de 35 dias, sero adquiridos 2 mil alevinos e comercializadoscerca de 1.800 peixes (Quadro 2), estabilizando-se a produo.
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QUADR
O2-Fluxodeproduoparaociclodeproduode
210diasemseisetapasde
35dias
Berr
io1
2000(0-1)
2000(12)
2000(0-1)
2000(1-2)
2000
(0-1)
2000(1-2)
2000(0-1)
Berr
io2
_
2000(0-1)
2000(1-2)
2000(0-1)
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(1-2)
2000(0-1)
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Tanque-rede1
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600(2-3)
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600(4-5)
(1)600(5-6)
6
00(2-3)
Tanque-rede2
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(1)600(5-6)
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00(2-3)
Tanque-rede3
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(1)600(5-6)
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00(2-3)
Tanque-rede4
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Tanque-rede5
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Tanque-rede6
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Tanque-rede7
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6
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Tanque-rede8
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600(2-3)
600(3-4)
6
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Tanque-rede9
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600(3-4)
6
00(4-5)
Tanque-rede10
_
_
_
_
_
600(2-3)
6
00(3-4)
Tanque-rede11
_
_
_
_
_
600(2-3)
6
00(3-4)
Tanque-rede12
_
_
_
_
_
600(2-3)
6
00(3-4)
NOTA:Produototalanual=
16,2t;Produoanual/m2=
2
90kg.
(1)Despescaparavenda.
Insta
lao
Perodo
1
(35dias)
Perodo
2
(3
5dias)
Perodo
3
(35dias)
Perodo
4
(35dias)
Pero
do
5
(35dias)
Perodo
7
(
35dias)
Perodo
6
(35dias)
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BERRIOS
Para a primeira fase do crescimento dos alevinos, denominada fasede alevinagem, que vai do peixamento at os 60 g ou 70 g de peso mdio,alguns tanques-rede so usados como berrio. Para que isso seja possvel, preciso colocar redes, com malha de 5 mm entrens, no interior dostanques-rede (Fig. 6). Essas redes devero ser justapostas internamentes telas, para permitir o mximo volume de gua dentro do berrio. Amalha de 5 mm suficientemente pequena para a conteno de alevinosde tilpia com 2 cm de comprimento total. Por outro lado, a circulao ea renovao da gua do interior dos tanques-rede com berrio so difi-
cultadas. Por esse motivo, o berrio deve ser usado no tempo mais curtopossvel (60 a 70 dias).
BrunoOlivettideMattos
Figura 6 - Tanque-rede com berrioNOTA: Nesse caso, o berrio no fica justaposto tela lateral, restringindo a
rea de permanncia dos juvenis.
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Figura 7 - Tanque-rede com comedouro justaposto com a tela lateral
NOTA: Aproveita-se, assim, toda a rea do tanque para a alimentao dos peixes.
Elizabeth
LomelinoCardoso
COMEDOURO
Para evitar que a rao, em p ou extrusada, que flutuante, saiados tanques-rede, necessria a utilizao de comedouros. So redes demalha mosquiteira (1 mm), que devem ser justapostas no interior dosberrios e dos tanques-rede, altura da linha dgua (Fig. 7). No casode tanques-rede com 4 m2, recomendam-se comedouros com 8,0 m (4x 2,0 m) de comprimento e 40 cm de largura. O aproveitamento de todaa superfcie do tanque-rede permite atenuar a competio dos peixes nomomento em que se fornece a rao. A borda superior dos comedourosdeve ficar de 15 a 20 cm acima da tona e a borda inferior, de 20 a 25 cm
abaixo da linha dgua.
AQUISIO DOS ALEVINOS
Os alevinos de tilpia devem ser adquiridos de empresas idneas,que trabalhem com linhagens geneticamente melhoradas. De maneira geral,
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os produtores de alevinos de tilpia do Nilo realizam a coleta dos ovos,ainda na boca das fmeas, e promovem a incubao artificial desses ovos.Completada a incubao, as larvas so transferidas para as instalaes de
reverso sexual (hapas ou tanques), onde so alimentadas com rao quecontm metil-testosterona, por cerca de 28 a 30 dias, para que a reversoseja completa. Findo esse perodo, os alevinos so classificados segundo otamanho e comercializados. Se todos esses processos forem bem conduzi-dos, ao final da reverso, deve-se ter pelo menos 60% a 70% dos indivduosclassificados na categoria 2, quando o comprimento total dos alevinos variaentre 2 e 3 cm e o peso corporal mdio de 0,5 a 0,6 g. Lotes de alevinos
de tilpias revertidas com medidas inferiores s mencionadas indicama existncia de um dos seguintes problemas: menos tempo de reverso;baixa qualidade da rao utilizada na reverso; baixa qualidade genticada linhagem utilizada; problema de qualidade da gua das instalaes dereverso (inclusive a temperatura) ou uma combinao desses fatores.
Pode ocorrer que alguns produtores de alevinos comercializemaqueles indivduos de classificaes inferiores (categorias 0 e 1), quecorrespondem frao de 30% a 40% dos peixes oriundos da reverso.Esses alevinos tm menor potencial de crescimento e deveriam ser des-cartados. Portanto, aconselhvel que se evite a aquisio de alevinoscom medidas inferiores s descritas para a categoria 2, ou seja, 2 a 3 cmde comprimento total e 0,5 a 0,6 g de peso corporal mdio, para quaisquerdas razes referidas.
PEIXAMENTO DOS TANQUES-REDE
O primeiro cuidado que se deve ter durante a introduo dos alevinosde tilpia nos tanques-rede com a diferena de temperatura da gua dosrecipientes de transporte daquela dos tanques-rede. Quando essa diferenafor superior a 1C, deve-se promover a equalizao das temperaturas. Nocaso de transporte em sacos plsticos, estes devem permanecer fechadosdentro dos tanques-rede por 30 min, aproximadamente, tempo suficientepara que a temperatura da gua dos recipientes se aproxime daquela dostanques-rede. J no caso de transporte dos alevinos em caixas dgua, deve-
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se misturar a gua do reservatrio, onde se encontram os tanques-rede, atque a diferena de temperaturas fique abaixo de 1C.
Mudanas bruscas de temperatura so danosas para os peixes.
Quando a diferena for maior que 5C, a mortalidade significativa, ca-racterizando o choque trmico.
Os alevinos no devem ser alimentados nas primeiras horas apso peixamento, at que os peixes estejam adaptados ao novo ambiente. Oestresse da viagem afeta o sistema imune dos peixes, predispondo-os adoenas e parasitoses. importante, nesses primeiros dias, que a quali-dade da gua permanea boa. Sobras de rao devem ser evitadas, para
que no se tenham processos de fermentao e de putrefao, que afetema qualidade da gua.
REPICAGEM
Ao atingirem o peso de 60 g a 70 g, os juvenis devem ser transferidosdos berrios para os tanques-rede definitivos, onde permanecero at a
despesca (Fig. 8 e 9). Essa repicagem deve seguir um protocolo, para que ospeixes sejam minimamente afetados pelo manejo a que sero submetidos.Recomendam-se os seguintes procedimentos:
a) no manejar os peixes, quando a temperatura da gua estivermuito distante da zona de conforto trmico. Evitar temperaturasabaixo de 21C ou acima de 30C;
b) fazer a amostragem prvia, para definir o limite de tamanho e o
porcentual de descarte;c) suspender a alimentao dos peixes 24 horas antes da repica-gem;
d) evitar capturar muitos peixes no mesmo pu, para evitar trau-matismos fsicos nos peixes, principalmente naqueles que ficampor baixo, dentro do pu;
e) durante a transferncia, evitar o acmulo de muitos peixes nosbaldes ou caixas dgua (100 indivduos, no mximo), a fim deimpedir a depleo do oxignio da gua. A transferncia dos peixesdeve ser realizada aos poucos;
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f) evitar, ao mximo, manipular (pegar com as mos) os peixes.Deve-se fazer uso de peneiras, escorredores de arroz ou outrosutenslios. A manipulao pode retirar parcialmente o muco que
reveste as escamas, facilitando o ataque de fungos (saprolegnia)e bactrias oportunistas;
g) aps a transferncia dos juvenis, reduzir a quantidade de raoa ser fornecida nesse dia e no dia seguinte. O estresse reduz oapetite dos peixes;
h) recomendvel que a gua usada nos recipientes de transfernciaseja salinizada por meio da adio de sal comum, isto , 3,0 kg desal por 1.000 L de gua;
i) evitar repicagens intermedirias para uniformizao de lotes,que, alm de ser pouco eficazes, provocam estresse nos peixes.Ao quebrar a hierarquia que se estabelece nos tanques, enseja-seum novo processo de disputa dos peixes dominantes por espaoe por alimento, o que provocar nova disperso no peso corporaldos indivduos.
BrunoOlivettideMattos
Figura 8 - Juvenis de tilpia do Nilo, com peso corporal mdio de 60 g
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Figura 9 - Juvenis de tilpia do Nilo, sendo transferidos do berrio para o tanque-rede definitivo
BrunoOlivettideMattos
DENSIDADE DE ESTOCAGEM
Ao se definir a densidade de estocagem de tilpias em tanques-rede,devem-se levar em conta dois fatores: a qualidade da gua residente nointerior dos tanques-rede e a rea disponvel para a alimentao dos peixes,no caso, a superfcie no interior do comedouro. O primeiro fator dependeda velocidade de renovao da gua (corrente e ventos) e, normalmente,
no limitante utilizao de altas densidades, de at 300 peixes/m3,como tem sido comumente recomendado. O segundo fator, no entanto, que vai definir a densidade mxima adequada. Em trabalhos experimentaisrecentemente conduzidos na Estao de Piscicultura de Felixlndia, MG,pertencente EPAMIG, observou-se reduo linear significativa (Grficos1 e 2) do desempenho produtivo dos peixes, medida que se elevou adensidade de estocagem. Essa diferena comeou a se manifestar apsos peixes terem atingido peso corporal mdio de 250 g, indicando que apartir desse tamanho a competio por espao, no momento da alimen-tao passa a restringir o seu crescimento. Com base nesses resultados,
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definiu-se a densidade de 150 peixes/m2de superfcie como a mais ade-quada. Isso equivale a 600 peixes por tanque-rede de 4 m2. Densidadessuperiores a essa, alm de deprimir o ganho em peso dos peixes, resultam
em aumento da variabilidade do peso final dos peixes, produzindo lotesbastante heterogneos.No caso dos berrios de 4 m2, recomenda-se densidade de estocagem
de 2 mil alevinos, durante toda a fase de alevinagem. Embora 55 dias seja operodo mnimo necessrio para que os peixes atinjam o peso mdio de 50g, garantindo que 90% dos indivduos tenham peso corporal superior a 35g, recomenda-se um perodo de 70 dias no berrio, de forma que permitao parcelamento do ciclo produtivo, de 210 dias, em trs fases, seguindo o
fluxo de produo proposto para a unidade produtiva de 14 tanques-rede.Nesse perodo, os peixes devero atingir peso mdio de 70 g, sendo entorepicados para os tanques-rede de crescimento e terminao.
Grfico 1 - Peso mdio final de tilpias, sob diferentes densidades de estocagem
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Grfico 2 - Curvas de crescimento de tilpias do Nilo, cultivadas em tanques-rede,em diferentes densidades
BIOMETRIA
Apesar de causar estresse aos peixes, biometrias peridicas so ne-cessrias (Fig. 10). Como a definio da quantidade de rao a ser fornecidaaos peixes tem como base a biomassa presente, calculada pela multipli-cao do peso mdio pelo nmero de peixes presentes nos tanques-rede,h necessidade de algumas biometrias durante o ciclo produtivo. Essasmedies permitem verificar se o desenvolvimento dos peixes est corres-pondendo quele previsto por meio das curvas de crescimento.
Devem-se manipular os peixes o mnimo possvel. Recomenda-seescolher alguns tanques-rede 10% a 20% do nmero total e, dentro decada um desses tanques, colher amostras de 30 a 50 peixes. Dessa maneira, possvel observar se existe algum local onde o desempenho produtivodos peixes esteja abaixo do previsto.
Sugere-se a realizao de trs biometrias intermedirias durante ociclo produtivo: aos 35 dias, ainda no berrio, aos 70 dias, na ocasio da
transferncia dos alevinos para os tanques definitivos, e aos 140 dias. Aofim do ciclo produtivo, aos 210 dias, deve-se realizar a ltima biometria,
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Figura 10 - Pesagem individual de tilpia do Nilo, para se estimar a biomassa totale definir o peso mdio despesca
para estimar a biomassa final a ser comercializada e observar o grau deuniformidade dos lotes comerciais, fator importante para o caso de vendapara a indstria.
ALIMENTAO DOS PEIXES
A alimentao dos peixes uma das prticas de manejo mais im-portante no cultivo de tilpias ou de qualquer outra espcie de peixe, emtanques-rede. Nesse sistema de produo, a rao praticamente a nicafonte de nutrientes para os peixes e representa cerca de 80% do custo finalde produo. Assim sendo, importante fornecer raes de boa qualidade,produzidas por empresas idneas. As raes devem apresentar elevadadigestibilidade dos nutrientes nelas contidos, ter boa flutuabilidade e ser
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estveis na gua, ou seja, no devem absorver gua rapidamente, inchan-do-se, perdendo nutrientes hidrossolveis e desmanchando-se.
As raes devem ser fornecidas em quantidades que garantam a
saciedade dos peixes, no havendo sobras. Alm do custo elevado, hprejuzo na qualidade da gua, resultante de processos bioqumicos comofermentao e putrefao.
Na definio das quantidades de rao a serem fornecidas diariamen-te aos peixes, levou-se em conta que, embora os porcentuais em relao biomassa presente sejam sempre decrescentes, a quantidade absolutaa ser consumida por peixe sempre crescente. Qualquer deteriorao da
qualidade da gua ou queda de temperatura pode alterar essa regra.Recomenda-se a utilizao de cinco tipos de rao durante todo o
ciclo produtivo (Quadros 3 e 4). Considerou-se, nessa recomendao, onvel de protena bruta da rao, que, por via de regra, est correlacionadocom a qualidade da protena e com a granulometria das raes. Esse ltimofator muito importante, pois a tilpia, espcie filtradora, no consegueingerir partculas muito grandes.
Algumas indstrias tm produzido raes para peixes com 28% e at22% de protena bruta. Esses nveis de protena so obtidos pela reduodas quantidades de fontes proticas de origem animal, que so substitudaspor farelos vegetais: milho, trigo, arroz, etc. Nesses casos, h, tambm,reduo significativa da qualidade da protena ingerida pelos peixes. Nos o perfil de aminocidos presentes, mas tambm a seqncia de ami-nocidos na cadeia peptdica tem grande influncia na digestibilidade daprotena e, posteriormente, na sntese protica (miognese), que ocorrenas fibras musculares dos peixes.
O que se tem observado em trabalhos de produo de tilpias emtanques-rede e em fluxo contnuo de gua a reduo drstica do desem-penho produtivo dos peixes, tanto em relao ao ganho em peso, quanto converso alimentar, quando se fornecem raes com menos de 30% deprotena bruta. Assim sendo, as recomendaes mostradas nos Quadros 3e 4 podem contribuir para elevar a rentabilidade das pisciculturas e para
reduzir o impacto ambiental da atividade, pois maior reteno de nitrogniopelos peixes resulta em menor excreo de amnia.
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5 5 0,5 1,0 45-55 p 6 vezes 30
5 10 1,0 1,7 45-55 p 6 vezes 20
5 15 1,7 2,5 45-55 p 6 vezes 15
5 20 2,5 3,5 45-55 p 6 vezes 13
5 25 3,5 5,0 45-55 p 6 vezes 116 31 5,0 8,5 40-42 1 a 2 4 vezes 10
6 37 8,5 13,0 40-42 1 a 2 4 vezes 8,5
6 43 13,0 19,0 40-42 1 a 2 4 vezes 7,5
6 49 19,0 27,0 40-42 1 a 2 4 vezes 7,0
7 56 27,0 39,0 35-36 2 a 4 4 vezes 6,5
7 63 39,0 54,0 35-36 2 a 4 4 vezes 6,0
7 70 54,0 72,0 35-36 2 a 4 4 vezes 5,57 77 72,0 93,0 30-32 4 a 6 3 vezes 5,0
7 84 93,0 117,0 30-32 4 a 6 3 vezes 4,5
7 91 117,0 143,0 30-32 4 a 6 3 vezes 4,0
7 98 143,0 172,0 30-32 4 a 6 3 vezes 3,7
7 105 172,0 205,0 30-32 4 a 6 3 vezes 3,5
7 112 205,0 240,0 30-32 4 a 6 3 vezes 3,3
7 119 240,0 278,0 30-32 4 a 6 3 vezes 3,17 126 278,0 318,0 30-32 4 a 6 3 vezes 2,9
7 133 318,0 360,0 30-32 4 a 6 3 vezes 2,7
7 140 360,0 405,0 30-32 6 a 8 3 vezes 2,6
14 154 405,0 500,0 30-32 6 a 8 3 vezes 2,5
14 168 500,0 603,0 30-32 6 a 8 3 vezes 2,3
14 182 603,0 718,0 30-32 6 a 8 3 vezes 2,1
14 196 718,0 840,0 30-32 6 a 8 3 vezes 1,9
14 210 840,0 961,0 30-32 6 a 8 3 vezes 1,7
QUADRO 3 - Recomendaes para o fornecimento de raes, em funo do tempo decultivo e do peso corporal dos peixes
Durao
doperodo(dias)
Tempo
acumu-lado
(dias)
Peso
mdioinicial
(g)
Peso
mdiofinal(g)
Tipo de
rao(% PB)
Granulo-
metria(mm)
Freqncia
diria
Rao
diria(% da
biomassa)
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Tempo decultivo(dias)
Peso iniciale final dospeixes noperodo
(g)
Consumodirio de
rao(g/peixe)
(1)Ganhoem pesodirio
(g)
Conversoalimentaraparente
Consumoacumulado
de rao(g/peixe)
(2)Conversoalimentar
acumulada
QUADRO 4 - Consumo dirio de rao, ganho em peso dirio e converso alimentar detilpias do Nilo, estimados em funo do tempo de cultivo e do tamanhodos peixes
5 0,5 a 1,0 0,15 0,10 (3)1,5 0,75 1,5 10 1,0 a 1,7 0,20 0,14 (3)1,45 1,75 1,46
15 1,7 a 2,5 0,255 0,16 (3)1,6 3,025 1,51 20 2,5 a 3,5 0,325 0,20 (3)1,61 4,65 1,55 25 3,5 a 5,0 0,385 0,30 (3)1,3 6,575 1,46 31 5,0 a 8,5 0,500 0,583 0,86 9,575 1,20 37 8,5 a 13,0 0,722 0,750 0,96 13,907 1,11 43 13 a 19 0,975 1,00 0,975 19,757 1,07
49 19 a 27 1,330 1,33 1,00 27,737 1,07 56 27 a 39 1,755 1,715 1,024 40,022 1,04
63 39 a 54 2,340 2,145 1,091 56,40 1,05 70 54 a 72 2,970 2,570 1,155 77,20 1,08 77 72 a 93 3,600 3,00 1,2 102,4 1,11
84 93 a 117 4,185 3,43 1,22 131,7 1,13 91 117 a 143 4,680 3,75 1,25 164,45 1,15 98 143 a 172 5,290 4,10 1,29 201,5 1,17 105 172 a 205 6,020 4,525 1,33 243,65 1,19 112 205 a 240 6,765 4,975 1,36 291 1,21
119 240 a 278 7,440 5,355 1,39 343,1 1,14 126 278 a 318 8,060 5,676 1,42 399,5 1,26 133 318 a 360 8,585 6,010 1,45 459,6 1,28 140 360 a 405 9,360 6,365 1,47 525,1 1,30 154 405 a 500 10,125 6,795 1,49 666,8 1,33 168 500 a 603 11,150 7,335 1,52 822,9 1,36
182 603 a 718 12,665 8,17 1,55 1000,2 1,39 196 718 a 840 13,640 8,635 1,58 1191,2 1,42 210 840 a 961 13,840 8,650 1,60 1384,9 1,44
(1)Estimado a partir de curvas de crescimento. (2)A partir do incio do cultivo. (3)Hgrandes perdas de rao em p.
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ENFERMIDADES E CONTROLE SANITRIO
A alta densidade de animais, que visa maximizao dos cultivos,propicia o aparecimento de enfermidades e sua propagao no plantel.Nos peixes pode ocorrer uma srie de doenas ocasionadas pelo ambientee por agentes patognicos e, ainda, por fatores nutricionais, fisiolgico egenticos. Mas, seguramente, o estresse um dos mais importantes desen-cadeadores do processo sade/doena em peixes. Vrias doenas dependemdo quadro de estresse e somente assumem importncia sanitria, quandoeste est presente. As variaes trmicas e luminosas, a composio fsico-qumica da gua e os constantes traumatismos causados pelo manejo so
os maiores agentes estressantes para os peixes.Nos tanques-rede, devido alta densidade de estocagem, a possi-
bilidade de os peixes sofrerem estresse e adoecerem maior. Portanto, opiscicultor dever ficar mais atento e ser mais rigoroso no controle da suaproduo. Um bom programa profiltico pode garantir a sanidade de umcultivo por tempo indeterminado. O piscicultor deve ficar atento possvelentrada de patgenos nos tanques, que pode ocorrer pela introduo depeixes doentes e pelo carreamento de gua. O controle da procedncia dosalevinos de suma importncia, bem como a gua do sistema, que deveser monitorada periodicamente.
Controlar o pessoal envolvido na rotina diria do criatrio rele-vante. Alguns patgenos podem ser transferidos por meio de utensliose apetrechos de pesca (redes, pus e bias). O uso de desinfetantes aconselhado para diminuir essa via de infeco. No entanto, esses de-sinfetantes devem ser escolhidos cuidadosamente, pois podem provocar
intoxicaes.O manejo inadequado o grande causador das intoxicaes nos
cultivos de peixes, especialmente naqueles sob regime de exploraointensiva, como os tanques-rede.
As raes estocadas sob condies inadequadas podem provocarintoxicaes; raes mofadas so fatais para determinadas espcies. Arao deve ser conservada em local limpo, seco, ventilado e longe depragas e animais. Nunca usar rao mida, mofada, ou que esteja fora dadata de validade.
Vrios tipos de doenas so responsveis pela mortandade de peixes,
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o que ocasiona prejuzo financeiro ao piscicultor. Para reconhecer a pre-sena de peixes doentes no cultivo, alguns sinais so facilmente visveis,ou seja: peixes nadando lentamente na superfcie da gua ou tentando
pular para fora, isolados do cardume, presena de feridas, eroses nasnadadeiras, escamas arrepiadas, inchaos, colorao modificada, olhoesbugalhado e parasitos agarrados s brnquias e pele.
Observar o comportamento dos animais diariamente muito im-portante para o sucesso do empreendimento e, ao suspeitar de doenasno criatrio, entrar imediatamente em contato com o tcnico responsvelpelo criatrio ou com um mdico-veterinrio.
Diversos tipos de microrganismos podem ocasionar doenas aospeixes: bactrias, parasitas, fungos e vrus. Especialistas consideram queas doenas mais comuns encontradas nos cultivos brasileiros so:
a) saprolegnia: a parasitose mais comum. Ataca ovos, devido falta de higiene e limpeza das incubadoras, cresce tambm emferidas na pele e brnquias. Apresenta-se sob a forma de tufosde algodo;
b) lernaea: causa leses generalizadas nos peixe. Provoca halosavermelhados na superfcie corporal e d condies para outrosparasitas instalarem-se;
c) ichthyophthirius: conhecida tambm como doena do ponto branco.O parasita provoca irritao na pele e penetra no interior do orga-nismo atravs das brnquias. A disseminao ocorre rapidamente,porque estes parasitos multiplicam-se rapidamente e so levadospela gua, sem que o piscicultor perceba;
d) arculose: chamada, tambm, piolho do peixe. O parasita locali-za-se na pele, brnquias e nadadeiras e provoca leses, necrose,lcera e infeces secundrias. A doena passa de um peixe aoutro.
AVALIAO DO DESEMPENHO PRODUTIVO DOS PEIXES
Se todas as condies de cultivo estiverem adequadas, os peixes de-vero manifestar todo o seu potencial de crescimento. Cada linhagem tem
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uma curva de crescimento potencial, que no ser atingido se algum fatorde produo for restritivo, assim como baixa temperatura ou qualidaderuim da gua, rao de m qualidade, manejo inadequado, densidade de
estocagem muito elevada, etc.Para as linhagens melhoradas de tilpia do Nilo mais comercializadas
no Brasil, as curvas de crescimento no so muito discrepantes. Diferenasinferiores a 15% no peso mdio final dos peixes tm sido observadas emcultivos com durao de 180 a 230 dias, em tanques-rede ou em fluxocontnuo de gua (Grfico 3).
De qualquer maneira, preciso estabelecer um padro mnimo de
desempenho produtivo para linhagens melhoradas de tilpia cultivadasem tanques-rede. Com base nas curvas de crescimento, no acompanha-mento do consumo de rao e na avaliao de carcaa de algumas dessaslinhagens, podem-se definir como satisfatrios os seguintes coeficientestcnicos para a piscicultura em tanques-rede, aps 210 dias de cultivo:
a) peso mdio final aps 24 horas de jejum: 900 a 1.050 g;
b) consumo total de rao por peixe: 1.300 a 1.700 g;c) converso alimentar acumulada: 1,4 a 1,6;d) rendimento industrial (% de fils): 30% a 32%;e) taxa de sobrevivncia durante todo o ciclo: >90%.
MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA GUA
Embora seja prtica pouco comum entre os piscicultores, o mo-nitoramento da qualidade da gua importante. Algumas variveis dequalidade da gua so bastante influenciadas pelo cultivo de peixes emtanques-rede. Duas delas as concentraes de amnia e de oxigniodissolvido podem ter grande influncia no desempenho produtivo dospeixes. Por isso, importante a movimentao da gua. Em locais onde noh corrente, a renovao da gua dos tanques-rede depende basicamentedas ondulaes provocadas pelo vento. A simples difuso provocada pelomovimento dos peixes no suficiente para manter nveis adequados de
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Grfico 3 - Curvas de crescimento de duas linhagens de tilpia do Nilo, cultivadasem sistema de recirculao de gua
NOTA: Aos 230 dias, a diferena entre o peso corporal mdio dos peixes da linha-gem A e da linhagem B foi de 14% (1.140 g versus 1.000 g).
amnia e oxignio dissolvido, sendo que, em dias de pouco vento, podehaver acmulo de amnia e depleo de oxignio dissolvido nos tan-
ques-rede. Normalmente, determinados comportamentos dos peixes soindicativos de baixa qualidade da gua. Reduo no consumo de raoou respirao junto tona (boquejamento) pode indicar deteriorao daqualidade da gua. Nveis de amnia acima de 0,15 mg/L ou concentraesde oxignio dissolvido abaixo de 4 mg/L j so prejudiciais ao desempenhodos peixes. Essas concentraes, embora distantes dos nveis letais, socrticas, pois podem representar a diferena entre o sucesso e o fracassodo empreendimento. O uso de aeradores de ps, que, alm de incorporaroxignio, promovem a movimentao horizontal da gua, pode ser til namanuteno da qualidade da gua dos tanques-rede.
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Outras variveis podem ser medidas com menor freqncia: fosfato,nitrito, alcalinidade, pH, etc. Em casos de suspeita de contaminaes pormetais pesados ou resduos de agrotxicos, as anlises da gua devem ser
realizadas com a mxima urgncia, para evitar problemas com mortalidadeou contaminao dos peixes.
AVALIAO DO IMPACTO AMBIENTAL
O monitoramento da qualidade da gua pode, tambm, ser til na
avaliao do impacto ambiental da piscicultura em tanques-rede. De maneirageral, os peixes retm parte reduzida dos nutrientes ingeridos cerca de30% do nitrognio e de 15% do fsforo (RAFIEE; SAAD, 2005). A parte noretida nos tecidos corporais excretada na gua, via brnquias ou via fezese urina. Pode-se estimar que, para cada quilograma de peixe produzido, hexcreo de 50 a 60 g de nitrognio e de 6 a 7 g de fsforo. preciso que essefato seja considerado pelas indstrias de raes. A utilizao de alimentos
com baixa digestibilidade de nutrientes pode contribuir para elevar o impac-to ambiental dos empreendimentos aqcolas. Fontes proticas, de origemanimal ou vegetal, com baixa qualidade de protena e alimentos energticosde origem vegetal, que contm fsforo na forma de fitatos, devem ser usadascomedidamente na formulao de raes para peixes, j que esses alimentosso usados no balanceamento de raes com o objetivo de baixar custos.Para os piscicultores, no entanto, nem sempre as raes mais baratas so
as mais econmicas.Deve-se, alm disso, considerar a tendncia, j observada em algunspases, de adoo de boas prticas de manejo, best management practices(BMP), em que h srias restries emisso de efluentes de pisciculturas(BOYD; QUEIROZ, 2001). No caso de projetos de piscicultura em tanques-rede, importante que se avalie previamente a capacidade de suporte doscorpos dgua, onde se deseja implant-los. Quer seja em pequenos audes oulagoas, quer seja em braos de grandes reservatrios, no se deve ultrapassar
a capacidade de suporte definida na implantao de parques aqcolas, pois,alm do impacto ambiental, coloca-se em risco todo o empreendimento.
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DESPESCA E TRANSPORTE DOS PEIXES
A despesca ou captura dos peixes pode ser realizada de duas ma-neiras: parcial ou total. Na despesca parcial, pode-se selecionar ou no ospeixesa serem comercializados.Nesse caso, importante que os peixes re-jeitados no sejam devolvidos ao mesmo tanque-rede, evitando capturar osmesmos peixes vrias vezes. No caso de despesca total de um tanque-rede,este pode ser transportado (rebocado) at a margem, facilitando a captura.Se os peixes forem vendidos vivos, para indstria ou pesque-pague, essaprtica propicia reduo do estresse, pois os peixes podem ser pesados etransferidos rapidamente para as caixas de transporte, que, geralmente, se
encontram em caminhes estacionados prximo margem.Os peixes podem ser transportados vivos ou abatidos, dependendo
do canal de comercializao do piscicultor. Se a venda for para pesque-pague ou indstria, que necessita abater os peixesin loco, geralmentepor choque trmico, os peixes devero ser transportados vivos. Nessecaso, devem-se usar caixas de transporte apropriadas, que tenham me-canismo de oxigenao. A gua usada no transporte deve ser salinizada,
com 3,0 kg de sal comum para 1.000 L de gua. A temperatura da guano deve estar acima de 25C, podendo-se adicionar gelo, se for preciso. Acarga mxima recomendada de 350 kg de peixes para 1.000 L de volume.Para distncias maiores, essa carga deve ser reduzida. O transporte de pei-xes abatidos, processados ou no, destinados a peixarias, supermercados,restaurantes ou feiras, deve ser feito em caixas trmicas, com a utilizaode gelo. Normalmente, recomenda-se adicionar gelo em partes iguais quantidade de peixe.
importante que o produtor tenha em mente que o peixe devechegar ao consumidor final sem qualquer alterao em sua qualidade,principalmente no que concerne ao sabor e ao odor. Afinal, o melhorpeixe o fresco.
COMERCIALIZAO DOS PEIXES
O peso dos peixes para comercializao deve ser definido em funodo mercado. importante que se estime o peso mdio final dos peixes
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para que, pelo menos, 90% dos indivduos tenham atingido o peso m-nimo desejado. No caso de venda para pesque-pague, peixarias e feiras,em que so aceitos peixes de menor porte, o peso mnimo adequado pode
ser de 500 g. Se a venda for realizada para restaurantes ou indstrias, quetrabalham com fils, o peso mnimo de 700 g. Atualmente, algumas in-dstrias tm incentivado os produtores a trabalharem com pesos mdiosmais elevados despesca. Considerando a variabilidade do peso corporalde tilpias cultivadas em tanques-rede, pode-se definir o peso mdio finalde cada lote para satisfazer a condio j mencionada:
a) peso mnimo de 500 g corresponde a peso mdio de 700 g;
b) peso mnimo de 700 g corresponde a peso mdio de 950 g;c) peso mnimo de 900 g corresponde a peso mdio de 1.250 g.
H diversas formas de comercializao de tilpias (Fig. 11): peixesvivos, eviscerados e descamados, fils sem toalete (inclui a pele, as coste-las e as nadadeiras peitorais), fils com toalete, etc. As diversas formas deprocessamento de tilpias, com peso corporal que varia de 500 a 1.200 g,
tm rendimentos maiores para peixes mais pesados:
a) peixe eviscerado e descamado: 85% a 88%;b) fils sem toalete: 48% a 52%;c) fils com toalete: 30% a 32%.
Levando em conta esses rendimentos, podem-se definir, a ttulo deexemplo, as seguintes relaes de preos dos diversos produtos, calculados
a partir do preo do peixe vivo:
a) peixe vivo: R$3,00/kg;b) peixe eviscerado e descamado: R$3,70/kg;c) fils sem toalete: R$7,00/kg;d) fils com toalete: R$12,00/kg.
Esses preos incluem, alm da matria-prima, os custos de mo-de-obra familiar, o resfriamento e a embalagem simples do produto. Noincluem a margem de lucro do agente processador.
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As diferentes formas de processamento das tilpias so adequadasaos diversos canais de comercializao. Peixes vivos podem ser comercia-lizados para indstrias ou para pesque-pague. Peixes eviscerados e desca-
mados so mais adequados para venda a peixarias e em feiras livres. Filssem toalete podem ser vendidos em feiras livres, peixarias e restaurantespopulares ou de empresas. Fils com toalete so mais apropriados pararestaurantes e supermercados. Excetuando-se os peixes vivos, os demaisprodutos podem ser vendidos congelados ou, simplesmente, resfriados. importante que, no momento da venda do seu produto, o piscicultorj tenha definido o canal de comercializao. Essa atitude pode auxiliarna definio do tamanho dos peixes despesca, do escalonamento das
capturas e da forma com que os peixes sero comercializados, j que oprocessamento dos peixes (eviscerao, filetagem, etc.) exige equipamen-tos e instalaes apropriadas: facas, tbuas para filetagem, mesa de aoinoxidvel,freezer, caixas trmicas, etc.
Figura 11 - Diferentes formas de comercializao da tilpia
NOTA: A - Fils de tilpia sem toalete; B - Fils de tilpia com toalete.
Fotos:GiovanniResendedeOliveira
AVALIAO ECONMICA DO EMPREENDIMENTO
Ao se analisar econmica e financeiramente o empreendimentoaqcola, deve-se definir, inicialmente, a composio dos custos envol-vidos na produo.
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Custos fixos so aqueles representados por estruturas fixas e/oupermanentes, que possuem uma vida til maior. Nesse item podem-seincluir: juros sobre o capital investido, depreciao de instalaes e
equipamentos, algumas taxas e impostos, etc. J os custos variveisso aqueles derivados diretamente da confeco (ou transformao)do produto. A esto includos os custos com rao, mo-de-obra,alevinos, medicamentos e alguns equipamentos de uso dirio. Os cus-tos fixos representam, em sua maior parte, o que chamamos capitalimobilizado e os custos variveis so tambm conhecidos como bensde consumo ou bens intermedirios. A identificao do tipo de cada
custo importante para a anlise correta dos resultados econmicosdo empreendimento.Alguns ndices podem ser utilizados para avaliar os resultados
econmicos da piscicultura. So eles: a rentabilidade, a liquidez e a taxade retorno do capital investido, dentre outros.
A rentabilidade representa a relao entre o montante investido(valor dos investimentos) e o valor resultante dessa aplicao (lucro).O meio mais utilizado para isto a taxa de rentabilidade ou taxa de
retorno (TR):
TR = Lucro/Valor dos investimentos
A TR permite uma comparao com o desempenho econmicode outras atividades e/ou entre diferentes estratgias dentro do prprioramo de negcio, sendo assim um importante referencial nas anlises de
eficincia econmica.Nesse sentido, analisando dois diferentes sistemas de produo
de peixes, percebe-se a vantagem do sistema de cultivo em tanques-redeem comparao ao de tanque escavado, pois ao imobilizar menos capitalem estruturas de produo (custos fixos como tanque-rede, canoa, etc.),h um menor nus a ser pago por meio da comercializao dos produtosgerados. Alm disso, o fato de ter uma estrutura mais enxuta e mvel
permite uma maior liquidez, ou seja, o piscicultor tem a opo de recu-perar boa parte dos investimentos em dinheiro, sem grande dificuldadee/ou perda econmica.
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A TR, ouPay-Back, uma ferramenta que permite prever o momentono qual os ganhos (lucro lquido) iro pagar os gastos com a implantaodo projeto. Ele est intimamente ligado ao volume de produo (economia
de escala) visto que, quando se tem um volume maior por intervalo detempo, os custos fixos diluem-se mais, permitindo que os produtos sejammais competitivos no mercado, em termos de preo.
Nesse sentido, importante saber qual o ponto de equilbrio donegcio (relao entre quantidade produzida e preo), para que os custosfixos no onerem demasiadamente o custo total do peixe.
Antes de qualquer investimento, o piscicultor deve ter em mente
qual ser o foco do seu negcio e, conseqentemente, quais as estratgiasde marketing, comercializao e logstica sero adotadas, em menor oumaior intensidade e a combinao entre eles.
Nesse sentido, o piscicultor pode-se beneficiar da realizao desimulao de cenrios, onde, a partir de um pr-diagnstico das poten-cialidades e demandas locais, possvel ter uma idia ou estimativa deganhos por meio da explorao dos diversos nichos de mercado, nveise tipos de negcio dentro do segmento da piscicultura. bom frisar quepoucas atividades agropecurias apresentam leque de possibilidades denegcios como a piscicultura.
Portanto, quando se fala em rentabilidade na piscicultura, no sedeve pensar apenas em volume de produo, mas tambm no nvel detecnificao do cultivo e no grau de agregao de valor ao produto, sendoque o importante despertar no consumidor final a sensao de que oproduto vale realmente o preo que est indicado na etiqueta.
CONSIDERAES FINAIS
Com a implantao de parques aqcolas em Minas Gerais, cujaslocalizaes e dimenses j foram definidas para os reservatrios de TrsMarias e de Furnas, de se prever que o cultivo de tilpias em tanques-rede desenvolva-se rapidamente no Estado. Para isso, necessrio queos outros elos da cadeia produtiva da piscicultura sejam implementadosnas regies abrangidas pelos referidos parques: pontos de distribuio
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de raes comerciais para peixes, unidades produtoras de alevinos delinhagens geneticamente melhoradas de tilpia do Nilo e indstrias parao processamento dos peixes produzidos, por exemplo. Nesse contexto,
a pesquisa, acompanhada dos aparelhos de difuso de tecnologia e defomento e extenso rural, assume papel fundamental para gerar e adaptarnovas tecnologias aplicveis ao processo produtivo e prover conhecimentoque auxilie na resoluo de problemas que, certamente, vo surgir com aintensificao da atividade.
preciso estudar e definir combinaes e nveis adequados dos di-versos fatores de produo, num processo de sintonia mais fina no sistema
de produo de tilpias em tanques-rede, para que se consiga melhoraro desempenho produtivo dos peixes. Alm disso, importante que seimplementem mtodos de avaliao do impacto ambiental, para ratificarou no os valores previamente definidos para capacidade de suporte decada parque aqcola.
Espera-se que este Boletim Tcnico possa auxiliar os piscicultores,atuais e futuros, e os tcnicos envolvidos com a atividade, na implan-tao, no acompanhamento e na avaliao tcnica e econmica de seusempreendimentos.
REFERNCIAS
BOYD, C.E.; QUEIROZ, J.F. Feasibility of retention structures, settlingbasins, and best management practices in effluent regulation for Alabama
channel catfish farming. Reviews in Fisheries Science, v.9, n.2, p.43-67,Apr./June 2001.
KNSCHE, R.; SCHREKENBACH, K.; PFEIFER, M.; WEISSENBACH, H.Balances of phosphorus and nitrogen in carp ponds. Fisheries Managementand Ecology, v.7, n.1, p.15-22, Feb. 2000.
RAFIEE, G.; SAAD, C.R. Nutrient cycle and sludge production duringdifferent stages of red tilpia (Oreochromis sp.) growth in a recirculatingaquaculture system.Aquaculture, v.244, n.1/4, p. 109-118, 2005.
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