O Modernismo brasileiro começa oficialmente em 1922, com a
realização da Semana de Arte Moderna (SAM).
• 1911 - Oswald de Andrade dirige a revista de arte “O Pirralho”, escrita num tom humorístico, irreverente e “moderno”.
E antes da SAM?
• 1912 - • Ele viaja para a Europa e
conhece as ideias Cubistas e Futuristas.
Fica impressionado! Começa a escrever em versos livres.
• 1912 - • Manuel Bandeira fica
marcado pelos poemas de Paul Eluard, poeta surrealista que conheceu na Suíça...
“Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que veem normalmente as coisas. (...) A outra espécie é formada pelos que veem anormalmente a natureza e interpretam-na à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. (...)”
As críticas refletiram o modo como os
apreciadores de arte encaravam a arte
moderna: arte passageira, impura, diferente
daquela produzida pelos grandes mestres.
Mas serviu para aproximar os jovens
artistas, que decidiram se unir para
mostrar ao público o que era a arte
moderna...
Planejaram e prepararam uma espécie de “Festival”...
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Participarampintores, escritores,
músicos, poetas, arquitetos,
intelectuais, todos
interessados em instalar a
modernidade em nosso país.
• Durante toda a semana o saguão do Teatro esteve aberto ao público, com exposição de obras de Anita Malfatti e de outros artistas.
2ª noite: a mais sensacional...
Foi lido o poema “Os sapos”, de Manuel Bandeira...
A plateia reagiu com vaias, gritos, patadas, interrompendo a
sessão...
Enfunando os papos,Saem da penumbra,Aos pulos, os sapos.A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,Berra o sapo-boi:
- “Meu pai foi à guerra!”- “Não foi!” – “Foi!” – “Não foi!”.
enfunar: incharaterra - aterroriza
O sapo-tanoeiro,Parnasiano aguado,
Diz: – “Meu cancioneiroÉ bem martelado.
Vede como primoEm comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimoOs termos cognatos.
O meu verso é bomFrumento sem joio.
Faço rimas comConsoantes de apoio.
Vai por cinquenta anosQue lhes dei a norma:
Reduzi sem danosA fôrmas a forma.
frumento: espécie de trigo selecionado
Clame a saparia Em críticas céticas:
Não há mais poesia, Mas há artes poéticas…”
Urra o sapo-boi:-“Meu pai foi rei” – “Foi!”
-“Não foi!” - “Foi!” - “Não foi!”
Brada em um assomoO sapo-tanoeiro:
-“A grande arte é comoLavor de joalheiro.
Ou bem de estatuário.Tudo quanto é belo,Tudo quanto é vário,Canta no martelo”.
lavor: o ocupação manual, trabalhoestatuário: relativo a estátuas
Outros, sapos-pipas(Um mal em si cabe),Falam pelas tripas:
-“Sei!” – “-Não sabe!” – “Sabe!”.
Longe dessa grita,Lá onde mais densa
A noite infinitaVerte a sombra imensa;
Lá, fugido ao mundo,Sem glória, sem fé,No perau profundo
E solitário, é
Que soluças tu,Transido de frio,
Sapo-cururuDa beira do rio...
perau: declive que dá para um rio.Manuel Bandeira
Qual sua impressão sobre esse texto?
Por que chocou a plateia?
O texto é marcado pela ironia, deboche e crítica em relação à cultura oficial. Quem é o alvo dessa crítica?
Os modernistas dos anos 1920 frequentemente tinham atitudes de ironia, deboche e crítica em relação à cultura
oficial.
A)Aponte no poema um exemplo de ironia ou deboche.
Que movimento literário, visto como representante da cultura oficial, é satirizado? Comprove sua resposta com
elementos do texto:
A fala do sapo-tanoeiro, delimitada pelas aspas, veicula o princípio básico do movimento literário satirizado. Qual
é esse princípio?
.Nesse poema, os sapos são metáforas de tendências estéticas da literatura brasileira.
Considerando-se a condição precária do sapo-cururu, o que ele pode representar no cenário
cultural brasileiro?
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