CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ
FACULDADE CEARENSE
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
FERNANDO ANTONIO DE SENA VIEIRA
A RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS: UM
ESTUDO DE CASO NO BANCO SANTANDER
FORTALEZA
2013
FERNANDO ANTONIO DE SENA VIEIRA
A RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS: UM
ESTUDO DE CASO NO BANCO SANTANDER
Monografia submetida à aprovação da
Coordenação do Curso de
Administração do Centro de Ensino
Superior do Ceará, como requisito
parcial para obtenção do grau de
Graduação.
Profª. Orientadora: Mônica Valesca
Veras Machado, Ms.
FORTALEZA
2013
FERNANDO ANTONIO DE SENA VIEIRA
A IMPORTÂNCIA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS INSTITUIÇÕES
FINANCEIRAS: UM ESTUDO DE CASO NO BANCO SANTANDER
Monografia como pré-requisito para
obtenção do título de Bacharelado em
Administração, outorgado pela
Faculdade Cearense – FaC, tendo sido
aprovada pela banca examinadora
composta pelos professores.
Data de aprovação: ___/___/___
MÔNICA VALESCA VERAS MACHADO
Orientador(a)
______________________________________________________________________
DENÍLSON ALBANO PORTÁCIO, Ms.
Membro
______________________________________________________________________
FRANCISCO NAZARENO MATOS RIBEIRO, Esp.
Membro
______________________________________________________________________
RICARDO CESAR DE OLIVEIRA BORGES, Ms.
Membro
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, a Deus, que iluminou meu caminho durante esta caminhada.
Aos meus colegas que contribuíram para um aprendizado geral.
À minha mulher Milena Machado, pelo carinho, dedicação e paciência.
Aos meus pais que sempre me incentivaram e apoiaram, nos momentos mais
difíceis da minha vida.
À minha tia Marlene Vieira, pelo apoio na criação da minha filha, durante este
momento tão corrido.
À Professora Orientadora, Mônica Valesca, que através de seus conhecimentos
contribuiu para a conclusão do presente trabalho.
À todos os professores que transmitiram a experiência e o conhecimento
acadêmico, indispensáveis na construção das bases necessárias para a realização e
conclusão deste TCC.
“Responsabilidade social corporativa vem consolidando-se
como um conceito intrinsicamente interdisciplinar,
multidimensional e associado à uma abordagem sistêmica,
focada nas relações entre stakeholders associados direta e
indiretamente ao negócio da empresa. Portanto, o conceito
requer a sua incorporação à orientação estratégica da empresa,
refletida em desafios ética para as dimensões econômica,
ambiental e social dos negócios”. (Enderle e Davis,1998).
RESUMO
Este Trabalho de Conclusão de Curso consiste em uma reflexão sobre as práticas de
Responsabilidade Social utilizada pelo Banco Santander, onde foi realizada uma
pesquisa com funcionários do banco, uma Instituição Financeira com sede em São
Paulo, com 17 agências em Fortaleza. O estudo teve como problemática: “Quais as
práticas de Responsabilidade Social utilizada pelas instituições financeiras que as levam
em busca da competitividade?”. O trabalho foi fundamentado com uma revisão
bibliográfica, baseada nos conceitos apresentado por renomados autores, que
apresentam contribuições sobre responsabilidade social empresarial e instituições
financeiras. A coleta de dados foi realizada em duas fases, em que a primeira
caracteriza-se em um estudo exploratório, com consulta de dados secundários, obtidos
por meio de pesquisas bibliográficas. Já na segunda fase, foi realizada uma pesquisa de
campo tendo como ferramenta para coleta de dados um questionário estruturado, com
perguntas abertas e fechadas. A amostra foi constituída por funcionários do Banco
Santander, selecionados pelo método não probabilístico. Nas conclusões da pesquisa,
percebeu-se que a responsabilidade social é bastante praticada na empresa. A pesquisa
também mostrou que o banco oferece benefícios que são bem visto pelos empregados,
inclusive com extensão para a família. Assim, entende-se que a Responsabilidade Social
Empresarial deve ser traçada junta com as estratégias da organização, com isso a
instituição será efetiva em suas ações voltadas à comunidade local.
Palavras – Chave: Responsabilidade Social. Instituições Financeiras. Comunidade
Local.
ABSTRACT
This Course Conclusion Work consists of a reflection on the Social Responsibility
practices used by Bank Santander, where a search was conducted with bank employees,
a Financial Institution based in São Paulo, with 17 branches in Fortaleza. The study was
problematic: “Which Social Responsibility practices used by financial institutions that
take in pursuit of competitiveness?”. The work was based with a literature review, based
on the concepts presented by renowned authors, presenting contributions on corporate
social responsibility and financial institutions. Data collection was conducted in two
phases, where the first is characterized in an exploratory study, with consultation of
secondary data obtained through literature searches. In the second phase, we conducted
a field survey taking as a tool for data collection a structured questionnaire with open
and closed questions. The sample consisted of employees of Bank Santander, selected
by the non-probabilistic method. The conclusions of the research, it was realized that
social responsibility is very popular in business. The survey also showed that the bank
offers benefits that are well regarded by employees, including extended family. Thus, it
is understood that social responsibility should be drawn together with the strategies of
the organization, with the institution that will be effective in their actions to the local
community.
KEYWORDS: Social Responsibility. Financial Institutions. Local Community.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Relação Empresa e seus diferentes públicos..............................................20
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - Questionários por área..............................................................................51
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - Distribuição etária dos respondentes.......................................................55
GRÁFICO 2 - Sexo dos respondentes.............................................................................56
GRÁFICO 3 - Tempo de Empresa dos respondentes.................................................................56
GRÁFICO 4 - Cargo dos respondentes...........................................................................57
GRÁFICO 5 - Pondera impactos ambientais..................................................................58
GRÁFICO 6 - Disponibilização de informações ambiental............................................58
GRÁFICO 7 - Utilização de sustentabilidade como vantagem competitiva...................59
GRÁFICO 8 - Proporciona formação à comunidade local .............................................59
GRÁFICO 9 - Empresa oferece apoio financeiro à comunidade local...........................60
GRÁFICO 10 - Documento sobre Responsabilidade Social...........................................61
GRÁFICO 11 - Disponibiliza informação sobre balanço social.....................................61
GRÁFICO 12 - Benefícios adicionais à família..............................................................62
GRÁFICO 13 - Dependências da empresa facilita deslocamento de pessoas
especiais...........................................................................................................................62
GRÁFICO 14 – Incentivo ao desenvolvimento profissional...........................................63
GRÁFICO 15 - Envolvimento dos funcionários na implantação da Responsabilidade
Social...............................................................................................................................63
GRÁFICO 16 - Benefícios da implantação da Responsabilidade Social........................64
GRÁFICO 17 - Tempo de empresa X Disponibiliza informações sobre balanço
social................................................................................................................................64
GRÁFICO 18 - Sexo dos funcionários X Envolvimento na implantação da RS............65
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BNDE Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
ECA Estatuto da Criança e do Adolescente
EUA Estados Unidos da América
FIDES Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social
FIEMG Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais
GIFE Grupo de Institutos, Fundações e Empresas
IPEA Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas
PIB Produto Interno Bruto
PNE Portadores de Necessidades Especiais
Proac Programa de Apoio Comunitário
RS Responsabilidade Social
RSE Responsabilidade Social Empresarial
SUMÁRIO
Capítulo 1: Introdução..................................................................................................13
Capítulo 2: Responsabilidade Social............................................................................16
2.1 Conceito e Histórico da RSE ..................................................................................16
2.2 A Responsabilidade Social no Brasil .....................................................................22
2.3 Tipos de Responsabilidade Social existente nas instituições financeiras............26
2.4 Responsabilidade Social e Governança Corporativa...........................................28
2.5 Responsabilidade Social e Balanço Social.............................................................31
Capítulo 3: Instituições Financeiras............................................................................36
3.1 Conceito e histórico das Instituições Financeiras.................................................36
3.2 As Instituições Financeiras no Brasil.....................................................................40
3.3 As Instituições Financeiras em Fortaleza..............................................................46
3.4 Consequências da implantação de RSE nas Instituições Bancárias...................47
Capítulo 4: Metodologia................................................................................................49
4.1 Tipo de Pesquisa......................................................................................................49
4.2 População e Amostra...............................................................................................50
4.3 Procedimentos e Instrumentos de Coleta de dados..............................................52
Capítulo 5: Estudo de caso............................................................................................53
5.1 Objeto de estudo......................................................................................................53
5.2 Perfis dos Respondentes..........................................................................................55
5.3 Apresentação dos Resultados.................................................................................57
Considerações Finais.....................................................................................................66
Referências Bibliográficas............................................................................................68
Anexos.............................................................................................................................72
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho irá tratar de responsabilidade social, mais especificadamente
da responsabilidade social no Santander, empresa objeto desta investigação. No mundo
dos negócios o comprometimento com os valores humanos e sociais evoluiu como
forma de garantia de desenvolvimento, uma vez que o capital humano qualificado se
torna o novo diferencial.
Por outro lado, acrescenta-se aos interesses econômicos a necessidade de
garantia da estabilidade social, neste contexto observa-se a questão ambiental, como
fator de ligação entre a empresa e a sociedade. Procurando restabelecer imagem ou
solidez, e buscando uma maior integração com seu ambiente externo e interno, as
empresas passam a assumir a responsabilidade social.
Destaca-se o fato de que a responsabilidade social não é modismo ou
ideologia, mas sim uma estratégia empreendedora que transforma uma organização
tornando-a competitiva, dinâmica, transparente, humana e ética, solidificando sua marca
e imagem, trazendo como consequência retorno financeiro aliado ao lucro social,
contribuindo para melhoria na qualidade de vida de todos seus stakeholders.
Para Zilberstajn (2000), ao passo que a empresa adota o uso de prática de
responsabilidade social, ainda que o capitalismo coloque esses empreendimentos como
buscadores constantes do lucro, ainda que a empresa não obtenha ganhos econômicos
diretos, os ganhos serão a elevação do seu conceito ético em relação ao mercado,
mantendo o alinhamento de interesses entre acionistas e demais atores do processo.
A indagação que orientou esta pesquisa foi: “Quais as práticas de
Responsabilidade Social utilizada pelas instituições financeiras que as levam em busca
da competitividade?”. A pesquisa limitou-se a estudar a opinião de uma parte dos
funcionários quanto às práticas exercidas dentro da empresa.
Esta monografia está estruturada da seguinte forma: na Introdução, faz-se
uma exposição do assunto em estudo, determina-se o problema, descrevendo-se o
objetivo geral e os objetivos específicos para a escolha do tema e apresentam-se as
justificativas do trabalho.
O primeiro capítulo trata da introdução, objetivo geral, objetivo específico e
justificativa. Já o segundo capítulo aborda a fundamentação teórica do estudo, que
demonstra cientificamente o estudo proposto, neste, serão apresentados assuntos como:
conceito e histórico da Responsabilidade Social Empresarial (RSE), A
Responsabilidade Social (RS) no Brasil, Tipos de RS existentes nas instituições
financeiras, Responsabilidade Social e Governança corporativa, Responsabilidade
Social e balanço social.
O terceiro capítulo expõe sobre as Instituições Financeiras, será dividido em
subtópicos como: Conceito e histórico das Instituições Financeiras, As Instituições
Financeiras no Brasil, As Instituições Financeiras em Fortaleza, e as Consequências da
implantação da Responsabilidade Social nas Instituições Bancárias.
Em seguida será abordada a metodologia, ou seja, o tipo de pesquisa e o
método, a área de execução da pesquisa, o sujeito da pesquisa; em seguida, definem-se
os procedimentos, o instrumento de coleta de dados e a amostra.
Logo após, será exposto os resultados alcançados com a pesquisa, dando-se
ênfase aos dados mais importantes para a resolução do problema proposto aqui. Em
seguida, apresenta-se a conclusão do trabalho.
OBJETIVO GERAL
Analisar as práticas de responsabilidade social utilizadas pelas instituições
financeiras em busca da competitividade.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Verificar se as instituições disponibilizam informações relacionadas ao balanço
social;
Analisar o envolvimento dos funcionários na implantação na Responsabilidade
Social;
Investigar se as instituições disponibilizam apoio financeiro a projetos da
comunidade local;
Verificar se as dependências das instituições atendem as necessidades de
portadores de diversas deficiências.
Analisar a importância da RSE para o alcance da competitividade da instituição.
JUSTIFICATIVA
Os motivos da escolha deste tema foram o interesse em demonstrar o lado
social das empresas, mais especificamente ligado ao setor financeiro; a facilidade aos
dados, devido a ser colaborador de uma deste ramo; e, descobrir as diversas maneiras
das empresas contribuírem para um desenvolvimento dos que as cercam.
2. RESPONSABILIDADE SOCIAL
Esse capítulo baseia-se em informações científicas de autores como Ashley
(2003), Duprat (2005), Rodrigues (2005), Savitz (2007), para demonstrar os temas
como: conceito e história da responsabilidade social (RS), a responsabilidade social no
Brasil, tipos de responsabilidade social nas instituições financeiras, responsabilidade
social e governança corporativa, responsabilidade social e balanço social.
2.1 Conceito e Histórico da Responsabilidade Social Empresarial (RSE)
Iremos abordar nesta seção o conceito da RSE e toda sua história ao longo
do tempo, bem como sua forma de utilização por meio das organizações e sociedade em
geral.
Nas décadas de 1930 e 1940, os estudiosos de negócios não se
concentravam nas consequências sociais das operações de negócios. A responsabilidade
social das empresas se resumia em doações a organizações filantrópicas. Conforme
disse Drucker (1973) em seu clássico Management, inicialmente, recorria-se aos ricos
empresários que doavam capital para construção de um hospital, depois da Segunda
Guerra Mundial, passou-se a esperar que as grandes empresas apoiassem as boas causas
(SAVITZ, 2007).
Em termos filosóficos, a noção de responsabilidade social das empresas
provavelmente se manifestou de início sob a forma de filantropia, na década
de 1920, conforme se constata pelas fundações caritativas criadas pelos
grandes capitalistas John D. Rockefeller, Henry Ford e Andrew Carnegie.
Depois de construírem enormes impérios de negócios [...]esses grandes
próceres decidiram, anos depois, restituir à sociedade parte da riqueza que,
por meio dela, conseguiram acumular. Com esse intuito, construíram
universidades, hospitais, museus, bibliotecas, escolas e igrejas que até hoje
são fatores importantes para melhorar a qualidade de vida. (SAVITZ, 2007,
p. 50)
Segundo Savitz (2007), durante as décadas de 1970, 1980 e 1990, surgiram
novos movimentos sociais, onde exerciam pressões sobre as empresas, para que
assumissem crescentes responsabilidades sociais, dentre eles, o movimento dos direitos
civis, movimentos pele direito das mulheres, movimento pelos direitos gays e outras
iniciativas semelhantes.
Pode-se observar que gradativamente a responsabilidade social foi se
aprimorando dentro das empresas. No inicio dava-se sob forma de doações e
filantropias, com o passar dos anos se estende para movimentos sociais, aos quais
atendiam diversas classes e categorias.
Fazendo uma retrospectiva da revolução deste conceito, são identificados
quatro momentos. O primeiro, durante o feudalismo na Europa, o compromisso social
das empresas era para com Deus, a Igreja e o povo em geral. Assim, era atribuída aos
donos de terra e aos comerciantes locais a responsabilidade na educação dos pobres, na
promoção dos artistas locais, na construção de hospitais e orfanatos. Naquele período,
em que o domínio da igreja era preponderante, acumulação de riqueza era considerada
como algo perverso e a ser evitado (WOOD, 1990 apud RODRIGUES, 2005).
O segundo momento foi com o mercantilismo, no qual o compromisso das
empresas na Europa passou a ser com e expansão e o fortalecimento do Estado-nação,
sobretudo por meio de participação nas expedições colonizadoras e do pagamento de
impostos à Coroa. Onde o comércio com os novos continentes tornou-se a principal
maneira de enriquecer o Estado, e os metais preciosos passaram a exercer posição
crucial (WOOD, 1990 apud RODRIGUES, 2005).
Observa-se que nos dois primeiros momentos o foco no povo e com o
Estado em geral era claro, como iremos constatar no terceiro e quarto período as
atenções voltam ao lucro, crescimento econômico e concorrência.
O terceiro período foi na fase da industrialização, iniciando entre os séculos
XV e XVIII prorrogando-se até a década de 1980, onde o foco da empresa passou a
estar na produção, na concorrência e nos aumentos de produtividade, eficiência e lucro.
Nesse período as empresas voltaram-se para expansão do capital, servindo
exclusivamente aos interesses dos seus proprietários (WOOD, 1990 apud
RODRIGUES, 2005).
O último momento, denominado como o período pós-industrial, a opinião
pública se tornou bastante negativa em relação ao desempenho tanto das empresas
quanto do próprio governo. É interessante destacar que, nestes últimos anos, as
empresas estão praticamente sendo obrigadas a atender aos interesses dos vários grupos
da população envolvidos com elas, e não apenas os de seus acionistas. (WOOD, 1990
apud RODRIGUES, 2005).
Vale destacar que num primeiro momento o domínio da igreja fazia com
que as empresas doassem bastante para a sociedade, porque o acumulo de riqueza não
era bem visto pela tal. Nos períodos seguintes as empresas tiveram maior foco em lucro,
concorrência, aumento de produtividade, eficiência, etc. Com isso ao perceber que a
responsabilidade social estava sendo deixada de lado, a opinião pública desaprovou a
relação das empresas e do governo. Como consequência, as instituições estão sendo
praticamente “obrigadas” a atender os interesses da comunidade que à cerca.
De acordo com Ashley (2003), a responsabilidade social é um
comprometimento que uma organização deve ter com a sociedade, com atitudes e atos
que ajam positivamente, de forma geral, ou específica a alguma comunidade, agindo
proativamente no que tange ao seu papel na sociedade e à sua prestação de contas para
com ela.
Para Fernandes (2000, p. 26), a responsabilidade social pode ser entendida
como:
O conjunto de obrigações inerentes à evolução de um estado ou condição
com forças ainda não reconhecidas pelo ordenamento jurídico positivo ou
desconhecido parcialmente, mas cuja força que se vincula e sua prévia
tipificação procede da íntima convicção social de que não segui-la constitui
uma transgressão da norma da cultura.
Já para Abbagnano (1970 apud ASHLEY, 2003, p. 6), com base em um
dicionário de filosofia, define a responsabilidade social como uma previsão dos efeitos
do próprio comportamento, e então, decide corrigir o mesmo com base em tal previsão.
A responsabilidade social além de corrigir algum efeito gerado à sociedade
tem como característica, desenvolver com atitudes proativas a mesma. Ou seja, a
Responsabilidade Social atua também de forma preventiva além de corretiva.
Segundo Fischer (2002), o conceito de responsabilidade social pode ser
definido como uma das funções organizacionais a serem administradas no fluxo de
interações e relações entre os sistemas empresariais específicos de um sistema social.
Camargo e Franco (2000, p. 92) afirma que,
Responsabilidade social – conceito adotado para organizações privadas
socialmente responsáveis – refere-se às estratégias de sustentabilidade em
longo prazo das empresas que, em sua lógica de desempenho e lucro, passam
a contemplar a preocupação com os efeitos sociais e/ou ambientais de suas
atividades, com o objetivo de contribuir para o comum e para a melhoria da
qualidade de vida das comunidades.
Na visão de Duarte e Dias (1986 apud ASHLEY, 2003), a responsabilidade
social representa, para alguns, a ideia de obrigação, para outros é um dever fiduciário,
entretanto, existem os que consideram como uma prática social, papel social e função
social.
Jaramillo e Ángel (1996, apud ASHLEY, 2003), definem que a
responsabilidade social pode estar ligada ao compromisso da empresa, que além do
desenvolvimento desta, a preocupação com o bem-estar e qualidade de vida dos seus
funcionários, suas famílias e a comunidade geral.
Portanto, é importante que além de executarem bem o seu papel no
ambiente econômico, as organizações devem olhar para seus funcionários e
comunidade. Fazendo isto como uma prática social e não como obrigação.
De acordo com a Agenda 21 Brasileira (2004), pode-se considerar uma
empresa socialmente responsável, quando possui capacidade de ouvir os interessados
das diferentes partes, conseguindo incorpora-los no planejamento de suas atividades,
para dessa forma, atender a demanda de todos, e não só dos acionistas ou proprietários.
É interessante que a RS faça parte do planejamento da empresa como uma
área estratégica para seu crescimento, e não ser tratada de forma isolada, como um fator
que não irá impactar em seu crescimento e que só gera prejuízos.
Duprat (2005) concorda com os autores anteriores, ilustrando a relação da
empresa com seus acionistas, fornecedores, clientes e outros como podem ser visto na
figura 1:
Meio Ambiente Governo Consumidores
Comunidade Acionistas
Público interno Fornecedores
Figura 1 – Relação Empresa e seus diferentes públicos
Fonte: DUPRAT, 2005, p.18
A partir da figura, pode-se entender que as empresas relacionam-se com
vários fatores ao mesmo tempo, cabe aos seus gestores buscar meios para que ao
atender um, o outro não seja desfavorecido. Ou seja, buscar a lucro, produtividade,
efetividade, mas paralelamente focar também o lado social.
Teixeira (1984 apud ASHLEY, 2003, p. 7), conclui que “a responsabilidade
social é resultado dos questionamentos e das críticas que as empresas receberam, nas
últimas décadas, no campo social, ético e econômico por adotarem uma política baseada
estritamente na economia de mercado”.
Para Srour (1998), a empresa capitalista só começa a comportar-se de modo
socialmente responsável quando seu futuro está em risco. Ou seja, enquanto o impacto
das práticas adotadas não representar ameaças à sobrevivência empresarial, a
maximização do lucro será o seu primeiro objetivo.
Entende-se daí que as empresas capitalistas só exercem uma atitude social
quando o malefício já esta instaurado, e não age de forma preventiva, para que a
sociedade nem experimente o problema gerada pela empresa.
EMPRESA
Algumas empresas destinam atenções para o modo social apenas quando o
futuro está ameaçado, e que o maior objetivo é o lucro, Daí pensamos como uma
empresa pode obter lucro daqui a 20 anos se a vida pode estar em ameaça.
Conforme Melo Neto e Froes (1999), a responsabilidade social abrange
características que englobam o público interno e externo, além do investimento da
preservação ambiental. Existem pelo menos sete vetores que os englobam:
Apoio ao desenvolvimento da comunidade no qual atua;
Preservação do meio ambiente;
Investimento no bem estar dos funcionários e dependentes, e em um
ambiente de trabalho agradável;
Comunicação transparente;
Retorno aos acionistas;
Sinergia com os parceiros;
Satisfação de clientes e consumidores.
Esses vetores servem como uma direção ao processo de gestão empresarial,
fortalecendo a dimensão social da empresa e facilitando o investimento das empresas na
responsabilidade social.
Pode-se perceber que o conceito de responsabilidade social está diretamente
ligado à preservação de práticas que possam resultar em ganhos múltiplos para todas as
partes envolvidas. Dessa forma, é interessante compreender o conceito de
responsabilidade social para que a empresas desenvolva ações com intuito de melhorar
as condições de vida da sociedade ao seu redor, e não simplesmente por cumprir
deveres e obrigações impostas pelo estado.
A ideia da exposição de práticas de negócios a um número maior de
interessados vem ocorrendo desde a Grande Depressão Americana dos anos 30. Porém,
foi em 1899 que a primeira abordagem referente à responsabilidade social das grandes
empresas surgiu.
Em 1919, a questão da ética, da responsabilidade e da discricionariedade dos
dirigentes de empresas abertas veio a público com o julgamento do caso
Dodge versus Ford, nos EUA, que tratava da competência de Henry Forrd,
presidente a acionista majoritário da empresa, para tomar decisões que
contrariavam interesses dos acionistas John e Horace Dodge. [...] A Suprema
Corte de Michigan foi favorável aos Dodges, justificando que a corporação
existe para o benefício de seus acionistas e que diretores corporativos têm
livre-arbítrio apenas quanto aos meios para alcançar tal fim, não podendo
usar os lucros para outros objetivos. (ASHLEY, 2003, p. 18 e 19).
Foi somente nos anos 50 e 60 que começou a se repensar a ideia da
responsabilidade social vigente e expandir seus horizontes nos Estados Unidos, a partir
da guerra do Vietnã. Nesta época, a sociedade repudiou a utilização de armamentos
bélicos produzidos por empresas norte-americanas, prejudiciais ao meio ambiente e ao
homem. (KARKOTLI; ARAGÃO, 2004, p. 50).
Nos anos 1970, predominava a visão clássica de preocupação com o retorno
sobre o capital investido. Já na década de 80, houve um crescimento dessa visão
buscando expandir os retornos financeiros não só aos acionistas, mas também à
comunidade e aos empregados, em suas diversas formas. Nos anos 1990 até a
atualidade, esta visão continuou crescendo, onde as empresas passaram a buscar o
caminho do desenvolvimento sustentável, ou seja, retribuindo à natureza, aos governos,
aos fornecedores, aos consumidores e à sociedade uma parte dos seus lucros.
Na sociedade pós-capitalista, o conceito de responsabilidade social amplia-
se, instituindo uma nova visão que vai além da obrigação com os acionistas, e passa a
incluir outros grupos constituídos na sociedade também. Assim como considera Druker
(1989 apud KARKOTLI, 2004, p. 52), a empresa deve assumir responsabilidade por
eventuais impactos causados para tudo e todos.
No próximo tópico será focado a RSE em nosso país, mostrando seu
crescimento ao longo do tempo, bem como sua grande importância.
2.2 A Responsabilidade Social no Brasil
A Responsabilidade Social no Brasil ganhou força nos anos 90, a partir daí
observamos seu crescimento nas organizações, principalmente instituições financeiras.
Segundo Agenda 21 Brasileira (2004), no Brasil, a responsabilidade social
empresarial ganhou forte impulso na década de 90, por meio da ação de entidades não
governamentais, institutos de pesquisas e empresas sensibilizadas para a questão.
A partir da década de 1990, a responsabilidade social ganha novo vigor,
tanto em termos quantitativos, quanto qualitativos, com vistas a assumir caráter
estratégico para a empresa. Também só agora começam a ser desenvolvidos trabalhos
acadêmicos e pesquisas nessa área motivados pelo duplo interesse que ela vem
despertando, por ser um fenômeno organizacional novo no contexto brasileiro, e pelo
potencial da parceria com o Estado para a solução dos problemas sociais em nosso país.
(RODRIGUES, 2005).
Então, no Brasil, a partir da década de 90, as empresas passam a se utilizar
da Responsabilidade Social como uma estratégia empresarial e dar maior atenção aos
problemas social do país.
Para Duprat (2005, p. 15), “o Brasil é um país que enfrenta imensos desafios
ao seu desenvolvimento social. Ao mesmo tempo, é também repleto de recursos e
potencialidades que podem transformar a realidade de grande parte da população”.
O mundo empresarial vê, na responsabilidade social, uma nova estratégia
para aumentar seu lucro e potencializar seu desenvolvimento. Essa tendência
decorre da maior conscientização do consumidor e consequente procura por
produtos e práticas que gerem melhoria para meio ambiente ou comunidade,
valorizando aspectos éticos ligados à cidadania. Além disso, essas profundas
transformações mostram-nos que o crescimento econômico só será possível
se estiver alicerçado em bases sólidas. Deve haver um desenvolvimento de
estratégias empresariais competitivas por meio de soluções socialmente
corretas, ambientalmente sustentáveis e economicamente viáveis. (ASHLEY,
2003, p. 3).
Verifica-se que o consumidor está ficando cada vez mais atento a
responsabilidade social empresarial, e em muitos casos a aquisição de um produto ou
serviço está ligada a sustentabilidade do negócio.
Conforme Ashley (2003), os princípios que orientam a responsabilidade
social, de acordo com a interpretação comum no Brasil de assistência empresarial como
doação de bens e serviços, doações financeiras, voluntariado e filantropia, têm uma base
fixada nos princípios religiosos de caridade.
De acordo com Gonçalves (1980 apud ASHLEY, 2003), para que a
responsabilidade social exista é indispensável que as técnicas e filosofias das empresas
sejam refletidas, que o fim social não seja massacrado pelo desejo de lucro; que não
deve ser um fim em si e sim ocasionar uma atitude mais ética e responsável por parte
das empresas.
Segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (1998 apud
ASHLEY, 2003), os motivos pela qual as empresas se preocupam com a
responsabilidade social são os mais variados possíveis. Por exemplo, cerca de 90% de
empresas pesquisadas pelo Ipea começam a investir em ações sociais por acreditarem
que isso trás uma valorização da sua imagem. Poucas empresas, cerca de 19% acreditam
que ser socialmente responsável incrementa a lucratividade.
Para a Agenda 21 Brasileira (2004, p. 24),
“ as enormes carências e desigualdades sociais existentes em nosso país dão à
responsabilidade social empresarial relevância ainda maior. A sociedade
brasileira espera que as empresas cumpram um novo papel no processo de
desenvolvimento”.
A ética e a responsabilidade social no Brasil são temas ainda em
desenvolvimento, já que não houve ainda nenhum registro que merecesse uma extensa
divulgação nas mídias existentes. O mercado já mudou bastante e tende a se modificar
cada vez mais. Porém, existem no Brasil algumas empresas que tratam do tema de
responsabilidade social com um assunto constante, portanto, no cotidiano da empresa.
Já Ashley (2003), afirma que existe no Brasil uma grande valorização ao
tema, onde possui entidades representativas como Instituto Ethos de Responsabilidade
Social, o Instituto de Cidadania Empresarial, o Conselho de Cidadania Empresarial da
Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e o Grupo de Institutos,
Fundações e Empresas (Gife), além da ADCE-Brasil e da Fundação Instituto de
Desenvolvimento Empresarial e Social (Fides), que mostram bem a evolução. Junto a
crescimento, houve também uma preocupação no disciplinamento da prática social.
Onde o Gife, por meio de membros, elaborou um código de ética que tem como
principal objetivo coibir ações não relacionadas aos interesses do desenvolvimento
social.
A criação dos Indicadores Ethos faz parte do esforço do Instituto Ethos na
disseminação da responsabilidade social empresarial no Brasil. Os
indicadores Ethos, ao mesmo tempo em que servem de instrumento de
avaliação para as empresas, reforçam a tomada de consciência dos
empresários e da sociedade brasileira sobre o tema. (AGENDA 21
BRASILEIRA, 2004, p. 24).
Pela complexidade do tema, é possível que existam limitações quanto a sua
empregabilidade, principalmente se levarmos em conta a realidade brasileira. Não sendo
possível então, aplicar os conceitos difundidos pelos EUA e pela Europa, tendo em vista
que estão inseridos em outros aspectos culturais.
Para Cohen (2000 apud ASHLEY, 2003), um dos principais motivos para a
empresa ser socialmente responsável é que proporciona a ela consciência de si mesma,
já que, atualmente, a realidade de mercado muda cada vez mais rápida, a empresa
necessita saber exatamente qual a sua missão, e então buscar um sentido ético para a sua
existência. Assim, não é o lucro que define a organização, mas sim a organização que
proporciona o lucro.
Seria mais responsável, as empresas pensarem em longo prazo, pois se
agirem de forma correta e não tendo um lucro tão elevado, é melhor que obter lucros
altíssimos agir de forma irresponsável e quem sabe daqui a algum tempo não poder
mais atuar no mercado.
Srour (1999 apud ASHLEY, 2003) define que, apesar de existir na
sociedade vários códigos morais, a organização só se comporta de maneira socialmente
responsável se sua sobrevivência estiver colocada em risco, ou seja, se o público não for
ativo ou não cobrarem uma postura socialmente responsável da empresa, a maximização
do lucro será a sua prioridade.
Segundo Rodrigues (2005, p. 55),
“ no Brasil, 59% das pessoas com um ou mais empregados declararam
realizar, em caráter voluntário, algum tipo de ação social para a comunidade.
O valor investido pelas empresas em 2000 foi de R$4,7 bilhões, o equivalente
a 0,4% do produto interno bruto (PIB) do país [...]”.
Pode-se dizer que, se por meio da responsabilidade social a empresa
conseguir reduzir seus custos, melhorar sua imagem, aumentar a produtividade, ou seja,
trazer benefícios para ela, consequentemente essa ação social irá ser consolidada.
Após focar RSE no Brasil, será visto a seguir os tipos de responsabilidade
social nas instituições financeiras.
2.3 Tipos de Responsabilidade Social existente nas instituições financeiras
A responsabilidade social torna-se um importante instrumento gerencial
para capacitação e criação de condições de competitividade para as empresas, seja qual
for o segmento econômico.
Para Ashley (2003), é necessário considerar os aspectos sociais, políticos,
econômicos, ambientais e legais presentes nas relações com os stakeholders da empresa
como uma das etapas para posicionar a orientação estratégica quanto a responsabilidade
social nos negócios.
Para Karkotli (2006, p. 123),
Os bancos são, por sua vez, parte integrante desta sociedade cujo produto é o
dinheiro e seu valor, intermediando as relações entre clientes aplicadores e
tomadores de recursos, e quando a atenção recai sobre a aplicação
responsável do dinheiro faz-se necessário identificar que aspectos da
responsabilidade social no atual momento, estão sendo considerados na
análise do crédito.
Segundo Tachizawa (2008), as principais estratégias de gestão ambiental e
de responsabilidade social, que normalmente se aplica as empresas de serviços
financeiros, com baixo impacto ambiental são:
Projetos sociais em meio ambiente;
Projetos sociais em educação;
Projetos sociais em saúde;
Projetos sociais em cultura;
Projetos sociais em apoio a criança e ao adolescente;
Projetos sociais em voluntariado;
Imagem ambiental da empresa para fins de marketing;
Além dos diversos projetos citados acima, podemos destacar o papel das
instituições financeiras ao ceder crédito para empresas ou pessoas, ao gerar o crédito
pode-se verificar se realmente é necessário, se os compromissos terão condições de ser
honrados, se o negócio da empresa em questão é sustentável e responsável. Ao analisar
estas questões a instituição financeira estará prestando um excelente papel á sociedade,
pois isso afetará diretamente a mesma.
Para Tachizawa (2008), a estratégia utilizada pelas empresas do setor
financeiro combina a estrutura organizacional tradicional com a estrutura por processos.
Em geral, procura descentralizar suas atividades de atendimento a clientes, procurando
localizar suas agências e postos de atendimento em locais de alta concentração de
público. Onde, a função de gestão ambiental e da responsabilidade social constitui um
departamento, e como órgão de linha vincula-se diretamente ao Diretor de
Administração. Tal posicionamento, aparentemente enfraquecido, justifica-se pelo fato
da instituição financeira ter como característica um baixo grau de impacto ambiental.
De acordo com Karkotli (2006), os bancos públicos são, em sua esfera de
atuação, responsáveis pela promoção e desenvolvimento social nas regiões onde estão
inseridos, porém, para sua própria manutenção precisam gerar rentabilidade.
Dessa maneira, pode-se dizer que esses bancos foram criados para suprir a
necessidade de desenvolvimento da região, facilitando linhas de créditos e
financiamentos às empresas, que estão ampliando ou iniciando, ou seja, um banco que
foi criado para apoiar a sociedade e o estado.
Ainda segundo Karkotli (2006), os bancos privados, buscam a inserção nas
comunidades como forma de expansão, ou seja, propõe a aproximação do banco com a
realidade destas comunidades e a necessidade de compartilhar também seus problemas e
necessidades.
Com isso, ao desenvolver uma comunidade carente, o banco pode gerar um
crédito na medida das condições financeiras da mesma, e futuramente daí tirar mais um
meio para obter lucros e desenvolver. Pois assim os bancos terão um papel fundamental
no desenvolvimento da sociedade em geral. Para tanto é necessário aliar RSE e
governança corporativa, como será exposto a partir do próximo tópico.
2.4 Responsabilidade Social e Governança Corporativa
A ideia principal da responsabilidade social corporativa é que a atividade de
negócios e a sociedade são partes interligadas e não separadas. Todavia, a sociedade
tem expectativas em relação ao comportamento e resultados das atividades de negócios.
Para Hood (1998 apud ASHLEY, 2003, p. 18), “nos Estados Unidos e na
Europa, a ética e a responsabilidade social corporativa eram aceitas como doutrina até o
século XIX, quando o direito de conduzir negócios de forma corporativa era
prerrogativa do Estado ou da Monarquia e não um interesse econômico privado”.
Segundo Ashley (2003, p. 18), “ [...] as primeiras corporações nas colônias
americanas foram fundadas para prestas serviços de construção, transporte e
infraestrutura, sendo reguladas quanto a tamanho, tipo de negócios e estrutura de
capital”.
Há uma troca de recursos entre consumidores e a organização, eles recebem
seus produtos e/ou serviços e fornecem o recurso monetário vital para a sobrevivência
da organização.
Tachizawa (2008) cita que a responsabilidade social pode ser relacionada ao
conceito da governança corporativa e da gestão empresarial em situações cada vez mais
complexas, nas quais as questões sociais são crescentemente mais importantes para o
êxito e sobrevivência do negócio.
De acordo com Berle e Means (apud ASHLEY, 2003), após os efeitos da
Grande Depressão e da Segunda Guerra Mundial, a noção de que a corporação deve
responder apenas a seus acionistas sofreu muitos ataques, pois para eles os acionistas
eram passivos proprietários que abdicavam de controle e responsabilidade em favor da
diretoria da corporação.
A partir de então, defensores da ética e da responsabilidade social corporativa
passaram a argumentar que, se a filantropia era uma ação legítima da
corporação, então outras ações que priorizam objetivos sociais em relação
aos retornos financeiros dos acionistas seriam de igual legitimidade, como o
abandono de linhas de produto lucrativas, porém nocivas ao ambiente natural
e social. Começou-se a discutir, no meio empresarial e acadêmico, a
importância da responsabilidade social corporativa pela ação de seus
dirigentes e administradores, inicialmente nos Estados Unidos e,
posteriormente, no final da década de 1960, na Europa, por autores como
Bowen, Mason, Chamberlain, Andrews e Galbraith.(ASHLEY, 2003, p.19)
Conforme Jones (1996 apud ASHLEY, 2003), nos últimos 30 anos, a
responsabilidade social corporativa vem sendo apoiada e contestada por vários autores.
Ou seja, quem é contrário a este tema se baseia nos conceitos de direitos da propriedade
(de Friedman) e na função institucional (de Leavitt). Para Friedman, a direção
corporativa não tem o direito de fazer nada que não atenda ao objetivo de maximização
dos lucros, mantidos o limite da lei. Agir diferente é um descumprimento das
obrigações morais, legais e institucionais da direção da corporação, onde gerentes de
grandes empresas não têm competência técnica, tempo ou mandato para tais atividades,
que constituem uma tarifa sobre o lucro dos acionistas.
Dessa maneira, pode-se dizer que as organizações terão de aprender a
igualar a necessidade de obter lucros, obedecer às leis, ter um comportamento ético e
envolver-se em algumas forma de filantropia para com as comunidades que estão
inseridas.
Segundo Jones (1996 apud ASHLEY, 2003), o conceito de ética e
responsabilidade social precisam de mais coerência teórica, validade empírica e
viabilidade normativa, porém oferecem implicações para o poder e o conhecimento dos
agente sociais. Os argumentos a favor são divididos em duas linhas básicas: ética e
instrumental. Na qual os argumentos éticos derivam dos princípios religiosos e das
normas sociais predominantes, considerando que as empresas e as pessoas que nelas
trabalham deveriam se comportar de modo socialmente responsável por ser a ação
moralmente correta, mesmo que gere despesas improdutivas para a organização. Já os
argumentos na linha instrumental consideram que existe uma relação positiva entre o
comportamento socialmente responsável e o desempenho econômico da empresa.
Duprat (2005, p. 21) afirma que, “o investimento social corporativo é parte
da responsabilidade social, onde se dá a relação dá empresa com a comunidade. Pode
ser compreendido como sendo a alocação voluntária, por parte da empresa, de recursos
financeiros, humanos, técnicos, gerenciais ou em espécie, de forma planejada e voltada
para o interesse público”.
Na concepção de Ashley (2003), o conceito de responsabilidade social
corporativa vem aprimorando quanto à capacidade de sua operacionalização e
mensuração, subdividindo-se em vertentes de conhecimento. Entre elas estão:
responsabilidade, responsividade, retitude e desempenho social corporativo,
desempenho social dos stakeholders, auditoria e inovação social.
O modo como as atividades de responsabilidade social são implementadas
na empresa tem consequências para a governança corporativa, com isso há necessidade
de transparência e monitoramento no processo de execução das ações.
Mitnick (1995 apud ASHLEY, 2003) afirma que, todos os modelos de
responsabilidade, resposividade e retitude social corporativa integram ideias morais e
éticas, mesmo quando não expresso conscientemente, constituindo-se a referência
normativa. Assim, não há razão para exclui a busca de regularização dos estágios mais
desejados de referencia normativos.
A corporação tem sido historicamente vista como centro de referência para a
reflexão sobre ética e responsabilidade social nos negócios. Nesse eixo de
referência, a responsabilidade social corporativa tende a ser considerada uma
atividade destacada da lógica econômico-financeira da empresa,
categorizando-se a responsabilidade social como do tipo pós-lucro. Haveria
um foco na necessidade da corporação de realizar lucros para sobreviver, em
que a responsabilidade social corporativa torna-se, assim, uma ação
instrumental. (ASHLEY, 2003, p.24).
Para Duprat (2005), é responsabilidade dos acionistas ou da diretoria da
empresa definir a governança (isto é, a estrutura decisória) sobre o investimento social,
além de esclarecer o papel de cada um dos tomadores de decisão e capacita-los para a
gestão do processo de investimento social.
Essa categoria de responsabilidade social corporativa normativa do tipo pré-
lucro faz com que as corporações tenham o dever de cumprir suas responsabilidades
sociais antes de aumentar seus lucros, sendo um meio de controle social e uma forma de
adquirir confiança nas relações humanas e sociais. Ou seja, muitas empresas vêm
utilizando a responsabilidade social corporativa como forma de melhorar sua reputação,
identificando oportunidades de testar novas tecnologias e produtos e, dessa maneira,
adquirir vantagem competitiva.
Além de aplicar práticas de RSE é importante também a empresa informar o
balanço social para conhecimento de todos acionistas, funcionários e sociedade, como
será explanado a seguir.
2.5 Responsabilidade Social e Balanço Social
O Balanço Social além de ser um instrumento para a organização medir o
quanto está sendo eficazes seus projetos, pode servir como forma de divulgação externa
para a sociedade, como destacaremos no decorrer deste tópico.
Conforme Silva e Freire (2001), o balanço social pode ser definido como
um documento publicado anualmente, agrupando um conjunto de informações sobre
atividades desenvolvidas pela empresa, em promoção humana e social, direcionada a
seus empregados e a sociedade no qual esta inserida.
Para De Luca (1998), o balanço social é um instrumento utilizado para
comparar os resultados da organização na área socioeconômica, ou seja, divulgar os
fatos sociais ligados à empresa para o público interno (empresa e empregados) e público
externo (empresa e sociedade).
Portanto, pode-se afirmar que o balanço social visa dar conhecimento das
ações empresariais que tem impacto não apenas no desempenho financeiro, mas
também na relação capital-trabalho e na geração de riqueza e bem-estar para a
sociedade.
Já para Iudícibus e Marion (1999), o balanço social pode ser definido como
um relatório que possui dados, que permite identificar o perfil de atuação social da
empresa, a qualidade de suas relações com os empregados, a participação dos
empregados nos resultados econômicos, bem como a interação com a comunidade e a
relação com o meio ambiente.
A empresa que utiliza um programa social para explorar grupos ou causas
sociais por meio da comunicação inadequada certamente será facilmente identificada
pelo mercado como desonesta e hipócrita e terá sua marca seriamente prejudicada. Isso
porque “a organização mais ética do espaço econômico decorre da percepção de que
padrões de comportamento meramente oportunistas terminam por ser insustentáveis”
(AZAMBUJA, 2001).
O balanço social pode ser encarado por algumas empresas como prestação
de contas, mas também pode ser levado em conta que está sendo divulgado para a
sociedade o quanto que a empresa investe em responsabilidade social, passando uma
boa imagem para os clientes.
Kroetz (2000) cita que, o balanço social deve conter as seguintes
informações:
Geração de novos postos de trabalho;
Atividades realizadas no desenvolvimento profissional e bem estar dos
seus funcionários por meio de investimento em : relações profissionais,
formação/treinamento, segurança no trabalho, alimentação e transporte
de empregados, benefícios sociais concedidos e outros;
Demonstração da distribuição da riqueza gerada pela empresa (salários,
impostos, lucros);
Política de proteção ao meio ambiente;
De acordo com Tinoco (2001 apud TACHIZAWA, 2008), o balanço social
é uma ferramenta ainda pouco utilizada pelas empresas-cidadãs, apesar de a quantidade
de publicações aumentarem a cada ano.
Nos países desenvolvidos, o balanço social não é obrigatório, porém, as
empresas o divulgam, para assim, a população poder tomar conhecimento das políticas
sociais adotadas, havendo então maior receptividade das mesmas por parte das
comunidades (PEROTTONI, 1998)
Apesar da não obrigatoriedade de divulgação do balanço social nesses
países desenvolvidos, a empresa poderá obter retornos pela publicidade deste, fazendo
assim, com que a sociedade reconheça esta organização como uma entidade
responsável.
Segundo Silva e Freire (2001), afirmam que elaborar o balanço social é um
estímulo à reflexão sobre ações das empresas no campo social. O balanço social
estimulará o controle social sobre o uso dos incentivos fiscais e outros mecanismos de
compreensão de gastos com trabalhadores, auxiliando na identificação de políticas de
recursos humanos, servindo como parâmetro de ações dos diferentes setores e instâncias
da empresa, no campo das políticas sociais.
Kroetz (2000) afirma que, o balanço social tem como objetivo geral de
atender as necessidades de apresentação de informações de caráter social e ecológico,
destacando alguns objetivos como:
Revelar a solidez de estratégia de sobrevivência e crescimento da
entidade;
Evidenciar, com indicadores, as contribuições à qualidade de vida da
população;
Abranger o universo de interações sociais entre clientes, fornecedores,
acionistas, governo e outros;
Apresentar os investimentos no desenvolvimento de pesquisa e
tecnologia;
Formar um banco de dados confiável para análise e tomada de decisão
dos diversos usuários;
Ampliar o grau de confiança da sociedade na entidade;
Servir de instrumento para negociações entre a direção da entidade e os
sindicatos ou representantes dos funcionários.
O Balanço Social permite as empresa comparar vários períodos, com isso as
melhorias podem ser alcançadas à medida que os pontos fracos sejam melhorados e os
pontos fortes sejam mantidos.
Para Tachizawa (2008), as principais dificuldades encontradas na elaboração
de um balanço social são a mensuração e a correta identificação dos ativos e passivos
envolvidos. Onde muitas barreiras e dificuldades terão que ser ultrapassadas para que
possa ser difundida uma cultura empresarial convergente para a adequada divulgação
dos danos efetivados ou potenciais, decorrentes das atividades econômicas. Presume-se
então que no futuro as questões de responsabilidade social sejam incorporadas nos
registros dos eventos, contabilização e divulgação aos usuários da informação
econômica e empresarial.
Kroetz (2000), afirma que a demonstração do balanço social não necessita
ser regulada por legislação especial, tornando-se de caráter obrigatório para entidades
privadas. Porém, recomenda que sejam criados mecanismo de estímulos, como prêmios,
incentivos fiscais e outros, para que assim a divulgação seja espontânea, com o
propósito de apresentar para os administradores a relevância da prática e do
desenvolvimento de responsabilidade social ecológica das entidades. Já na área pública,
a obrigatoriedade da divulgação seria benéfica, uma vez que se encontra nos princípios
de tal administração a transparência dos atos de gestão, tendo no balanço social uma
demonstração capaz de transmitir ao cidadão, os procedimentos e atividades
desenvolvidas.
Portanto, toda a riqueza agregada pela organização por meio das suas
atividades econômicas é distribuída à comunidade onde ela se insere, sendo assim,
responsável pelo desenvolvimento econômico e social desta comunidade. Com isso, as
organizações têm aumentado preocupação em divulgar para a sociedade a sua
participação em ações que colaborem para o desenvolvimento da comunidade, o que
pode ser feito através do Balanço Social.
Terminada abordagem sobre RSE, no próximo capítulo serão focadas as
instituições financeiras, bem como suas relações com a responsabilidade social.
3. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
3.1 Conceito e histórico das instituições financeiras
Neste tópico da pesquisa, será dada ênfase sobre as instituições financeiras,
relatando seu conceito, bem como sua história, explorando suas características desde
seu início até os dias de hoje.
De acordo com História (1972), o grande templo vermelho, descoberto
pelos arqueólogos na Mesopotâmia, representa o primeiro banco conhecido. Os
sacerdotes, além de negociar por conta de terceiros as mercadorias deixadas sob sua
guarda, empregavam os fundos obtidos para manutenção do culto, com o objetivo de
obter lucros. As oferendas eram devidamente contabilizadas e aplicadas em
empréstimos aos agricultores e comerciantes. Como ainda não existiam as moedas, as
operações eram realizadas por permuta, o que exigia um maior aperfeiçoamento dos
processos de avaliação, registro e cálculo de lucros.
Ainda segundo História (1972), os primeiros registros foram de forma
pictogramas, ou seja, uma imagem estilizada, representado os objetos e artigos
permutados. Os escribas recebiam as dádivas e registravam em tábuas de argila, que
eram depois classificadas e contadas semanalmente. Onde os totais eram registrados em
outras tábuas de argila, semelhante aos grandes livros das empresas. Mensalmente era
efetuado um levantamento, que serviria como base para o ano em curso.
História (1972) afirma que o sistema bancário aperfeiçoa-se mais, nos
séculos XVI e XII antes de Cristo, quando a Babilônia é beneficiada por várias
descobertas de ordem técnica, na agricultura e metalurgia. O ferro acabara de ser
descoberto. O ouro e a prata têm a produção aumentada. O comércio ganha impulso,
intensificando-se a relação comercial entre Babilônia, Egito e Império Hitita. Em
decorrência do progresso, a atividade bancária se expande, passando dos templos para
as mãos de particulares.
Observa-se que ao longo do tempo o sistema bancário foi se aperfeiçoando
obtendo métodos mais avançados como podem ver nos próximos parágrafos, á medida
que o tempo passava a atividade foi ganhando mais características inovadoras.
Toda essa atividade comercial, que definia o manuseio das mais diversas
modalidades de produtos e o exercício do mais variado tipo de troca, mostrou a
importância da instituição de estabelecimento que se encarregava da escrituração e das
operações financeiras, para facilidade maior do comércio (HISTÓRIA, 1972).
Percebendo as vantagens do uso da moeda como agente intermediário,
passou-se a utilizar moedas nacionais nas mais variadas modalidades de comércio, com
mercadorias do próprio país. Desse modo, o mundo antigo passou a utilizar bastante das
moedas, passando da economia natural, baseada em trocas, para a economia monetária,
que, com decorrer dos anos, ia se aperfeiçoando.
Para História (1972), a igreja, além de gerir os bens alheios, tornou-se
depositária de grandes valores, representando enormes capitais, formados por objetos de
culto, em ouro e prata, resultantes das oferendas dos fiéis, e de quantias em dinheiro.
Então se iniciou o costume de depositar dinheiro em um Banco, onde passava por um
exame eficiente, e em troca do mesmo dava-se ao depositante um certificado (ou papel
escrito) pelo qual o banqueiro se comprometia a restituir a ele ou ao seu procurador a
quantidade de moeda depositada. Daí se origina o “bilhete de banco”.
Em 1609 foi criado o Banco de Amsterdam, onde esse banco recebia todas
as moedas em circulação, e dava em troca aos depositantes o que se chamava de “money
bank”, isto é, um crédito aberto nos livros do Banco, até a soma das moedas entregues,
calculadas segundo o valor de cada peça, menos uma pequena parte, utilizada para
despesas de recunhagem e administração (HISTÓRIA, 1972).
Conforme História (1972), o ano de 1694, com a fundação do Banco da
Inglaterra, são consideradas como um dos mais notáveis eventos no mundo do dinheiro
e do crédito. Dessa data em seguida, a evolução do sistema bancário caminhou para as
formas definitivas que se acentuaram no princípio deste século, cobrindo a feição
moderna com que esses estabelecimentos se apresentam hoje.
Para Cruvinel (2008, p. 75), “a partir dos anos 70, critérios socioambientais
passam a ter algum impacto no sistema financeiro, na medida em que a consciência
social em relação aos impactos do desenvolvimento sobre o meio ambiente e sobre a
sociedade vai se intensificando”.
Desse modo, pode-se dizer que a década de 1970 é entendida como o início
de uma transformação dos bancos em seu relacionamento com a sociedade, porém não
existia algo semelhante ao atual conceito de responsabilidade social empresarial.
É somente a partir de meados da década de 1990 que a RSE se torna um
fenômeno divulgado e disseminado no Campo das Organizações Bancárias, consoante à
inserção das organizações brasileiras, de forma geral, no movimento. (CRUVINEL,
2008).
Segundo Gitman (2004), as instituições financeiras atuam geralmente como
intermediárias, promovendo a distribuição de poupanças de indivíduos, empresas e
órgão do governo para aplicações ou empréstimos. Onde muitas destas instituições
pagam juros pelos fundos nelas depositados, já outras prestam serviços em troca de
tarifas, algumas aceitam depósitos de clientes e emprestam esse dinheiro a outros
clientes ou empresas. Porém, essas instituições são obrigadas pelo governo a atuar
dentro de diretrizes regulamentadoras bem definidas.
Ou seja, os bancos passam a ter de se preocupar com suas operações de
crédito, na medida em que a legislação ambiental torna-se mais severa em todo o
mundo, como resultado das pressões e dos movimentos sociais nesse sentido.
Para Tachizawa (2008), as instituições financeiras pertencem a um setor
financeiro que abrange organizações como bancos, seguradoras, financeiras, crédito
imobiliário, leasing, corretoras e distribuidoras de valores, que se caracterizam por:
a) existência de barreiras institucionais e governamentais à entrada de novas
empresas;
b) elevada regulamentação estatal;
c) competição básica via lançamento de novos serviços financeiros, em busca da
conquista de novos clientes;
d) significativo volume de investimento e de capital para entrada no setor.
Segundo Cruvinel (2008, p. 76), “consideram-se instituições financeiras as
pessoas jurídicas públicas ou privadas que tenham como atividade principal ou
acessória a coleta, a intermediação ou a aplicação de recursos financeiros próprios ou de
terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de
terceiros”.
É um setor cuja rentabilidade das empresas que o compõem está diretamente
vinculada às macropolíticas econômicas, em que períodos de alta
inflacionária estão associados a altas margens de rentabilidade, ou
alternativamente, em períodos normais da economia, rentabilidade baseada
na intermediação financeira e expansão de suas operações normais.
(TACHIZAWA, 2008, p.235).
Conforme Saunders (2000), no ano 1994 os Estados Unidos apresentava
10.384 bancos comerciais. Apesar de parecer um número elevado, na verdade o número
de bancos tem diminuído, em decorrência de consolidações por meio de fusão e as
saídas do setor motivadas por falências. Por exemplo, em 1985 havia 14.416 bancos; já
em 1989 o número era de 12.744.
Apesar da diminuição do numero de bancos, observa-se um aumento no
número de contas correntes e de contas de poupança, principalmente a partir do ano
2000, mostrando um maior acesso da população ao sistema financeiro, o que pode ser
explicado pelas políticas públicas, como a possibilidade de instituição de
correspondentes bancários e contas simplificadas, aliado ao quadro de estabilidade
monetária, bem como pelo investimento dos bancos em tecnologia da informação, que
teve papel fundamental nas mudanças ocorridas. (CRUVINEL, 2008).
Para Aguiar (1960 apud CRUVINEL, 2008 p.75), “secularmente, a
atividade bancária é malvista pela sociedade: usura e especulação, como exemplos, são
palavras históricas e pejorativamente associadas ao negócio bancário, conferindo-lhe
um papel de vilão na sociedade”.
Na visão de Almeida (2006 apud CRUVINEL, 2008), sendo o capital
financeiro um dos pilares do sistema econômico, as instituições financeiras têm a
capacidade de assumir uma função indutora de sustentabilidade, estimulando de
maneira proativa empreendimentos, que além de eficientes economicamente, sejam
capazes de ampliar a inclusão social e utilizar, de forma sustentável, os recursos
naturais.
Portanto, as instituições tem como atividade principal a concessão de
crédito, para isso capta de poupanças dos agentes econômicos, em especial das famílias.
Com isto, caracterizam-se como um intermediário de grande importância na
transferência de fundos das entidades que possuem poupanças para aquelas que delas
necessitam para financiar os seus investimentos ou gastos. As mais importantes
instituições financeiras são as instituições de crédito, porém as primeiras também
englobem os chamados auxiliares financeiros, que são as sociedades de corretagem,
mediadoras, gestoras de patrimônio, entre outras.
3.2 As instituições financeiras no Brasil
A primeira instituição financeira no Brasil ocorreu no século XIX, com a
criação do Banco Nacional, dando seguimento à pesquisa poderá ser percebido o
desenvolvimento destas instituições no Brasil.
De acordo com História (1972), em 12 de outubro de 1808 foi expedido o
alvará autorizando a criação de um “Banco Nacional”, o que veio a ser o 1º Banco do
Brasil. No alvará foi mencionado que o Banco deveria promover “a indústria nacional
feita pelo giro, e combinação dos capitais isolados, e facilitar juntamente os meios e
recursos, de que as Minhas Rendas Reais e as públicas necessitam para ocorrer as
Despesas do Estado”, o Príncipe determinava a mais urgente tarefa do estabelecimento:
a emissão do papel-moeda.
Para História (1972), o Banco tinha outras finalidades como desconto
mercantil de letras de câmbio sacadas ou aceitas por negociantes; comissão dos
cômputos que arrecadasse por conta de particulares ou estabelecimentos públicos, ou
sobre eles adiantasse importâncias mediante hipotecas; o depósito de prata, ouro,
diamante e dinheiro; a comissão de cheques por conta de particulares ou do Real Erário,
a fim de realizarem fundos tidos no estrangeiro ou em local nacional remoto. Ou seja,
dessa maneira procurava-se estruturar toda uma engrenagem bancária.
Os instrumentos de pagamento, ou seja, os signos monetários, não eram
suficientes para atender às necessidades expressas nos efeitos de comércio ou nos
produtos em circulação. Poderia haver numerário insuficiente, pois como se sabe, dadas
as dificuldades decorrentes dos sistemas monetários e do crédito, os agricultores
empregavam suas reservas em escravos, em “peças”, como eram chamados
(HISTÓRIA, 1972).
Percebe-se, que a partir da criação do Banco Nacional, uma estrutura
bancária começa a ser estabelecida entre a sociedade em geral, os bancos e os
produtores rurais.
O primeiro instituto de crédito no Brasil foi criado em 12 de outubro de
1808 por iniciativa do Conde de Linhares, com o nome de Banco do Brasil. A ele foram
concedidos todas as regalias e privilégios (COLLI E FONTANA, 1996).
História (1972) afirma que, em 8 de outubro de 1833, a lei de Regência, de
nº 59, criou o novo Banco do Brasil, com poderes para fixar o preço do ouro e prata em
barras e sua equivalência em moedas nacionais e estrangeiras. No Maranhão, em 1833,
foi tentada a organização de um banco, porém a ideia não foi levada adiante e só depois
da Regência viria a se concretizar. Em 1834, foi constituída a Caixa Econômica da
Bahia, que depois se transformaria em Banco Econômico da Bahia, já em plena
República, em 1893.
Percebe-se que os primeiros bancos criados no Brasil foram: Banco do Brasil
e Caixa Econômica, no século XIX, sendo que o banco do Brasil passou por uma
transformação em 1833, fixando o preço do ouro e da prata.
Nessa fase de grande expansão bancária, Irineu Evangelista de Sousa (Barão
e Visconde de Mauá), organizou o 2º Banco do Brasil, em caráter particular, sob novas
normas e seguindo o modelo inglês. Sendo o maior estabelecimento do gênero, nessa
fase bancária do II império. (HISTÓRIA, 1972).
Para História (1972), após a extinção do 1º Banco do Brasil e a tentativa
frustrada do 2º, o governo brasileiro organizou, a 5 de julho de 1853, sob a lei 863, um
terceiro, dessa vez sob melhores proteções. Sendo o Visconde de Itaboraí, o responsável
pela criação de um banco nacional, de depósitos e descontos, com a finalidade de
monopolizar as emissões.
Constata-se que após duas tentativas de organizar um banco nacional, um
terceiro banco foi criado, tendo este papel centralizador de depósitos e descontos, além
de contar com uma maior proteção.
Segundo História (1972), em 1900, uma grave crise ameaçou os bancos e
quase pôs em perigo a execução do junding, o plano de capitalização. Mas ela foi
resolvida, com a promulgação de leis de emergência, para efeito de aumento de receita,
como a introdução de cláusula ouro na arrecadação do imposto de importação, o
incremento da exportação, a redução dos gastos. A missão era difícil tanto para o
governo quanto para contribuinte. Mas tinha de ser cumprido e, com isso, dentro dos
prazos contratuais o Brasil retornou a normalidade dos seus compromissos. Já em 1950,
foi instituído por lei o Banco de Crédito da Amazônia, que veio substituir o Banco de
Crédito da Borracha, tendo por objetivo principal o fomento da extração da borracha
natural da Região Amazônica e a criação de indústrias de artefatos de borracha. O
Banco é controlado, quase que totalmente, pelo Governo Federal.
No Banco do Brasil o impulso para a criação de uma área que tratasse da
RSE, de forma ampla, não somente do investimento social, veio com a mudança de
governo em 2003. O banco do Brasil avaliou que estava demasiadamente voltado para o
lado comercial, tendo abandonado sua vocação de promotor do desenvolvimento.
Assim, com a entrada da nova diretoria em 2003, e dentre os objetivos institucionais
definidos – “fortalecer a atuação como empresa socialmente responsável e fortalecer o
vínculo entre o banco e os funcionários”- o Banco do Brasil criou unidade específica
para tratar das relações como os funcionários e da RSE, agrupando as iniciativas e
projetos antes dispersos na empresa, o que proporcionou os resultados pretendidos
(CRUVINEL, 2008).
Embora que, somente depois de 195 anos, o Banco do Brasil deu maiores
atenções a RSE, pode perceber que o banco modifica suas características em relação a
este assunto, pois altera seus objetivos institucionais, incluindo a Responsabilidade
Social dentre seus principais focos e procurando obter resultados positivos com isto.
Em 1952, foi criado o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
(BNDE), a maior instituição financeira de fomento do País, e o principal executor da
política de investimentos do Governo Federal, e o Banco do Nordeste do Brasil, com o
Governo Federal detendo cerca de 70% de suas ações (HISTÓRIA, 1972).
O Banco do Nordeste (BNB), por ser um banco de vocação regional, tem
uma atuação voltada para o desenvolvimento social e ambiental. Assim, em que pese à
existência de algumas áreas específicas, como a gerência executiva de Ambiente e
Responsabilidade Social, criada em 2003. A origem dessa Gerência pode ser buscada no
Projeto Temático de Meio Ambiente, que se deu a partir da participação do BNB no
Protocolo Verde. O projeto, que desenvolve ações desde 1996, é o responsável pela
sistematização dos procedimentos do BNB no que concerne às questões ambientais. Em
2007, é criada área focada na responsabilidade socioambiental da organização,
denominada Ambiente de Responsabilidade Socioambiental, subordinada ao Gabinete
da Presidência (CRUVINEL, 2008).
O Banco do Nordeste tem como forte característica apoio aos pequenos
empresários, dentre eles os agricultores, que exercem atividade ligada ao ambiente, daí
a grande importância do Banco possuir programas voltados para RSE.
Na Caixa Econômica Federal, em 2004, com a aprovação do Projeto
Corporativo de Responsabilidade Social, foi criada uma célula de trabalho específica
para Responsabilidade Social, dentro da Gerência Nacional de Planejamento
Estratégico. Com uma estrutura enxuta, três analista e uma função gerencial, a célula
não tinha papel executivo, mas de coordenação. Onde o conceito deveria permear toda a
organização, na qual cada área cuidaria de sua responsabilidade social, restando ao
grupo o papel de coordenação (CRUVINEL, 2008).
Com isso a Caixa Econômica inclui em suas estratégias organizacionais a
Responsabilidade Social, pois uma área específica coordena as demais no tocante a
RSE.
Para Cruvinel (2008), o movimento pela responsabilidade social no setor
financeiro tem avançado em todos os países, até nos mercados emergente. Uma das
razões para esse crescimento é o aumento da complexidade do setor nesses mercados,
deixando os bancos mais vulneráveis aos riscos financeiros e não financeiros, bem
como o aumento da competitividade. O setor bancário brasileiro tem se destacado em
relação aos demais mercados emergentes por incorporar avaliação socioambiental em
seus negócios desde o ano de 2000.
Em relação aos bancos privados nacionais, o Bradesco se destaca como um
banco que tem dinâmica própria na institucionalização da responsabilidade social,
derivada de seu foco de atuação. Trata-se de um banco com vocação doméstica e de
varejo, em termos nacionais, e seu relacionamento com o público sempre foi uma marca
forte. Um dos empreendimentos do Bradesco, em relação a área social, é a Fundação
Bradesco, que existe de 1956, desenvolvendo amplo trabalho de educação, atendendo
gratuitamente em 40 escolas , distribuídas em 38 cidades, em todos os estados, contando
com cerca de 110 mil alunos em 2007. Existem outros projetos fora da Fundação, como
o Finasa Esportes, por exemplo. Em 2007, o Bradesco lança o Banco do Planeta, com o
propósito de “unificar as ações socioambientais, criar novos produtos e serviços e
investir numa interação harmoniosa com o meio ambiente, contribuindo para garantir a
perenidade do planeta” (CRUVINEL, 2008).
O grupo Itaú tem uma característica muito marcante, como todas as grandes
empresas de êxito. É um banco de cultura muito forte, onde os valores são muito
importantes em toda a sua história. O grupo Itaú preocupado com o relacionamento com
a sociedade cria em 1989, o Itaú Cultura, já em 1993, surgiu o Programa de Apoio
Comunitário (Proac), que se transformou depois em Programa Itaú Social. Percebe-se
que o gestor entende a necessidade de que ações organizacionais traduzam expectativas
e pressões sociais, de que a organização é veículo para processar mudança e internalizar
valores. Assim, a visão dos gestores é de uma RSE integrada, incorporada aos valores e
negócios da empresa (CRUVINEL, 2008).
Na mesma linha do Bradesco e do Itaú, o Unibanco atribui seus valores aos
fundadores da organização, remetendo-os a uma postura socialmente responsável. Nesse
sentido, a missão do Unibanco insere-se no contexto da RSE, contemplando as partes
interessadas e o desenvolvimento do país. O Instituto Unibanco foi criado em 1982,
com o objetivo de coordenar as atividades sociais da corporação Unibanco. Em seus
primeiros anos, apoiou programas de proteção à infância, auxílio a desabrigados e
inclusão social, cobrindo um diversificada gama de interesses. A partir da década de
1990, passa a concentrar seu foco em duas frentes, a preservação do meio ambiente, por
meio do Unibanco Ecologia e a redução do analfabetismo, como importante
patrocinador do Programa de Alfabetização Solidária. Em 2002, o Instituto passou por
uma reconfiguração, concentrando seu foco em Educação (CRUVINEL, 2008).
O Votorantim e o Safra, dentre os 10 maiores bancos no país atualmente,
mas com perfil diferenciado dos demais que atuam fortemente no varejo, não possuíam
estruturas específicas como nos demais bancos. O primeiro ligado a um grupo
industrial, possui desde 2001 uma associação para atender a comunidades carentes. Em
novembro de 2007, criou uma gerência de Responsabilidade Social e Diversidade,
subordinada à diretoria de Recursos Humanos. Já o Safra, não divulga aquilo que faz,
mas contribui com projetos culturais há mais de 20 anos. Entretanto, os dois passam a
fazer parte em 2008 da Comissão de Responsabilidade Social e Sustentabilidade da
Febraban, evidenciando a percepção da necessidade de participar da discussão e do
movimento em torno da Responsabilidade Social (CRUVINEL, 2008).
Em relação aos bancos estrangeiros, no Santander, de origem europeia,
remodelando-se após período de aquisições, entre elas o Banespa, foi criada em 2002 a
Superintendência de Responsabilidade Social, cuja missão era “criar e desenvolver
instrumentos, projetos e programas com os quais o Santander Banespa possa contribuir
para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental, favorecendo a melhoria da
qualidade de vida da comunidade onde atua e da sociedade com um todo”.
(SANTANDER, 2004 apud CRUVINEL, 2008).
Depois de criada a área de RSE no Brasil, o Santander criou também uma na
matriz, em Madri, em setembro de 2002. Com a implantação de uma área semelhante na
matriz, a área de RSE no Brasil ganhou força, podendo fazer coisas que achava que
inicialmente não iria conseguir (CRUVINEL, 2008).
Como foi visto anteriormente, além dos bancos públicos, a RSE está
também presente nos bancos privados, pois eles perceberam a grande importância de
dividir com a sociedade seus ganhos, desenvolvendo projetos que melhoram a vida das
pessoas, propiciando um futuro melhor, principalmente para as pessoas que mais
precisam.
3.3 As instituições financeiras em Fortaleza
No estado do Ceará, a primeira instituição financeira estabeleceu-se no
século XIX, contudo não durou muito tempo. Em seguida, poderá ser visto que,
atualmente, Fortaleza conta com diversas agências espalhadas pela cidade.
De acordo com História (1972), no Ceará, também chegou a ser fundado um
banco particular, em 1836. Contou com o auxilio oficial, mas por não ter conseguido
reunir o capital necessário, acabou fechando as portas ao fim de três anos.
Para História (1972), o banco na transformação de sua imagem deixou de
ser, apenas um grande depósito de economias, que subsistia através dos cheques, das
cobranças e dos empréstimos, para ser uma grande entidade de prestação de serviços.
Atualmente, em Fortaleza funcionam 185 agências bancárias, sendo 32 da
Caixa Econômica, 44 do Banco do Brasil, 1 do Banco Banrisul, 17 do Banco Santander,
41 do Bradesco, 26 do Banco Itaú-Unibanco e 23 dos demais bancos.
Hoje, basicamente, todos os bancos prestam os mesmos serviços, e com o
crescente número de agências, aumentam os seus custos operacionais, assim, como
forma de minimizar esses custos, os bancos procuram atrair e manter o maior número de
clientes.
3.4 Consequências da implantação de RSE nas instituições bancárias
A RSE além de desempenhar seu papel principal, pode também resultar em
muitos benefícios para as empresas. Certificações e boa reputação estão entre os
principais benefícios para a organização.
Segundo Cruvinel (2008), a responsabilidade social tem sido motivo de
debates em todo o mundo globalizado, e representa hoje uma crescente preocupação
para os líderes empresariais. De um lado, tem-se a crescente conscientização dos
empresários, de outro lado, o maior entendimento de parte significativa da população de
que todos são responsáveis pela busca de um mundo melhor.
Os riscos ambientais tornam-se cada vez mais determinantes para o negócio.
A gestão inadequada das questões ambientais pode causar perdas financeiras
irreparáveis para a empresa e, em decorrência, para os bancos ( AGENDA 21
BRASILEIRA, 2004).
De acordo com Cruvinel (2008), a responsabilidade social é uma prática
social que está sendo incorporada no cotidiano das empresas e da sociedade, um
fenômeno que, impulsionado pelas críticas à conduta empresarial, desloca o
capitalismo.
A partir da conscientização das pessoas as empresas além de visar o lucro,
tem que alinhar a isso a Responsabilidade social, tendo em vista que este aspecto pode
levar os consumidores a adquirirem ou não o produto ou serviço oferecido.
Conforme Cheibub e Locke (2002 apud CRUVINEL, 2008 p. 43),
“argumentam que não existe base moral ou política que possa obrigar empresas a
assumir responsabilidades sociais – no sentido de algo além de suas obrigações legais- o
que deixa sua assunção em bases frágeis [...]”.
Para a Agenda 21 Brasileira (2004), uma das consequências para as
empresas que tem investido na responsabilidade social empresarial é a obtenção de
certificados de padrão de qualidade e de adequação ambiental, como por exemplo, as
normas ISO.
Dentre as razões para os bancos considerarem aspectos de sustentabilidade
em seus negócios é que aumenta a credibilidade e melhora sua reputação, reduz os
riscos e melhora os retornos, aumenta valor para os stakeholders, dentre outros, o que
sinaliza os interesses envolvidos na questão (CRUVINEL, 2008).
Com as certificações as empresas podem utilizar isto como um marketing,
divulgando para o mercado suas preocupações sociais, retirando daí uma vantagem
competitiva.
4. METODOLOGIA
Nesse capítulo, será apresentada a metodologia utilizada para a elaboração
deste trabalho. O tipo de metodologia utilizada em uma pesquisa depende do problema
em estudo, da sua natureza e da abrangência. Portanto, não existe exatamente uma
metodologia definida, o que existe são critérios e formas a serem seguidas.
4.1 Tipo de pesquisa
De acordo com os objetivos traçados nesta pesquisa, foi realizada uma
pesquisa exploratória, com bases em pesquisa bibliográfica e questionário, nos quais os
resultados foram submetidos a uma abordagem quantitativa.
Segundo Cervo e Bervian (2002), a metodologia tem como função indicar o
caminho a ser seguido, direcionando as ações do pesquisador e utilizando de fontes e
ferramentas disponíveis. Assim, diferentes metodologias requerem diferentes formas de
coleta e análise de dados.
Para Gil (2002, p. 41), a pesquisa exploratória “tem como objetivo
proporcionar maior familiaridade com problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou
a construir hipótese. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o
aprimoramento de idéias ou descobertas de intuições [...]”.
A pesquisa em estudo pode ser caracterizada como bibliográfica, pois o seu
referencial teórico é fundamentado em pesquisas de livros, periódicos e outros. Este
estudo bibliográfico serviu de base para o desenvolvimento do trabalho sobre
responsabilidade social nas instituições financeiras.
Segundo Gil (2002), a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em
material já elaborado, na maioria das vezes por livros e artigos científicos. Pode-se dizer
que em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza,
existem outras pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas.
Segundo Martins (2009), estudo de caso é uma técnica de pesquisa que tem
como objetivo é o estudo de uma unidade que se analisa profunda e intensamente. Dá
importância a unidade social estudada em sua totalidade, seja um indivíduo, uma
família, uma instituição, uma empresa, ou uma comunidade, com a intenção de estudá-
los em seus próprios termos.
4.2 População e Amostra
Considerando o universo dos funcionários da instituição em Fortaleza,
decidiu-se explorar uma amostra que pudesse representar uma fatia considerável, sem
comprometer os resultados.
Na concepção de Oliveira (2002), quando se deseja coletar informações
sobre um ou mais aspectos de um grupo grande ou numeroso, pode-se dizer que é
praticamente impossível fazer um levantamento do todo. Surge então a necessidade de
investigar apenas uma parte dessa população ou universo.
Conforme Rudio (1986), população, significa um conjunto de pessoas que
habita determinada área geográfica. Ou seja, a população pode ser referida como
totalidade de indivíduos que possuem as mesmas características, definidas para um
determinado estudo.
De acordo com Rudio (1986), amostra é uma parte da população
selecionada de acordo com uma regra ou plano. Ao selecionar uma amostra é
importante seguir determinados procedimentos, que pode garantir ser ela uma
representação adequada da população, de onde foi retirada, passando-nos assim
confiança de generalizar para o universo o que nela for observado.
O universo ou população de uma pesquisa depende do assunto a ser
investigado, e a amostra, porção ou parcela do universo, que realmente será submetida a
verificação, é obtida ou determinada por uma técnica específica de amostragem.
(OLIVEIRA, 2002, p.160).
A população total é representada pela quantidade de 247 funcionários nas
agências do Banco Santander em Fortaleza. Já a amostra escolhida é representada por
30 respondentes que corresponde o número total de funcionários entrevistados. O tipo
de amostra utilizado foi a estratificada uniforme, na qual foi dividida em três grandes
áreas de Fortaleza - Centro, Aldeota e Montese, pelo motivo destas áreas localizarem as
maiores quantidade de agências.
Para Santos (2009), amostragem estratificada é quando se divide a
população em grupos menores, selecionando uma amostra representativa de cada grupo.
Assim, essa técnica é utilizada quando algumas características da população precisam
ser consideradas na amostra, separando em níveis econômicos, classe social, idade, etc.
A seguir vê-se a distribuição de questionários enviados e respondidos por
área.
ÁREA QUESTIONÁRIOS ENVIADOS QUESTIONÁRIOS RESPONDIDOS
CENTRO 15 11
ALDEOTA 15 11
MONTESE 15 8
TOTAL 45 30 Quadro 1 – Questionários por área
Fonte: Dados da pesquisa, 2013
Crespo (2002) revela com relação à amostragem proporcional estratificada,
como provável que a variável em estudo apresente, de estrato em estrato, um
comportamento heterogêneo e, dentro da cada estrato, um comportamento homogêneo,
convém que o sorteio dos elementos da amostra leve em consideração tais estratos.
Amostra de 10% por estrato representa quantidade suficiente para realização de
pesquisa.
Segundo Oliveira (2002), a amostragem não probabilística tem como
característica incluir em uma pesquisa grande variedade de técnicas, possibilitando ao
pesquisador a escolha de um determinado elemento do universo, de forma totalmente
aleatória e não especificada.
4.3 Procedimentos e instrumentos de coleta de dados
A coleta de dados foi feita em duas fases, na primeira fase foi executado um
estudo exploratório, com consulta de dados secundários, obtidos de pesquisas
bibliográficas, como livros, artigos e monografias, que constituíram o referencial teórico
desta monografia.
Para Churchill (2003), dados secundários são reunidos para algum outro
propósito que não o estudo imediato em mãos. As principais fontes para dados
secundários são publicações oriundas de institutos de pesquisa. Estas publicações estão
muitas vezes disponíveis gratuitamente na internet, ou podem ser compradas nos sites
dos institutos.
O instrumento de pesquisa utilizado para coletar os dados, necessários para
conclusão deste trabalho, foi por meio de um questionário.
O questionário se caracteriza por conter um conjunto de itens bem ordenados
e bem apresentados. Outra particularidade é a exigência de resposta por
escrito e a limitação nas respostas. Além de ser observada a clareza das
perguntas, o tamanho, conteúdo e organização de forma que o respondente
seja motivado a respondê-lo (SANTOS, 2009, p. 258).
O questionário utilizado para o trabalho em estudo é composto por doze
questões fechadas, ou seja, questões objetivas classificadas como escala de avaliação, o
mesmo foi delimitado o período para resolução entre os dias, 16/05/2013 e 24/05/2013,
sendo enviado para o e-mail dos funcionários, em seguida, estes respondiam via e-mail.
Para Mattar (2008), em relação a perguntas fechadas com resposta formando
escalas (escala de avaliação), os respondentes são solicitados a responder qual ponto da
escala melhor corresponde a sua opinião a respeito do que está sendo perguntado.
Portanto, foi dado quatro escalas para os respondente analisarem as
questões, foram elas: Sim, Não, Em parte ou Não Sei. Com estas escalas foi possível
aos funcionários optarem qual que mais se encaixava em seu entender os itens.
5. ESTUDO DE CASO
5.1 Objeto de Estudo
Com mais de 150 anos de atuação, o Grupo Santander, sediado em Madri,
na Espanha, está entre as maiores instituições financeiras do mundo por capitalização
em bolsa. Originário da cidade de Santander, na província de Cantábria, atua em muitos
países e possui grande diversificação geográfica (SANTANDER, 2013).
Em junho de 2011, mantinha 14.679 agências, em torno de 191 mil
funcionários, mais de 100 milhões de clientes, mais de 3 milhões de acionistas e volume
de recursos administrados de 1.986 bilhões de dólares. O lucro líquido do 1S11
alcançou 4,9 bilhões de dólares. A rede de atendimento é composta de 3.728 pontos de
venda, entre agências e postos de atendimento (SANTANDER, 2013).
O Santander Brasil, em junho de 2011, registrou ativos totais de R$ 407
bilhões, R$ 288 bilhões de captações totais, R$ 175 bilhões em captações de clientes e
R$ 113 bilhões em fundos de investimentos, em torno de 24 milhões de clientes e mais
de 9,3 milhões de contas correntes, com depósitos à vista (SANTANDER,2013).
O Santander direciona seu investimento social de modo a promover
transformações na realidade de comunidades carentes, colaborando desta maneira para
uma sociedade mais justa e sustentável. Para isso, o Santander apoia projetos sociais,
ambientais e culturais de diversas instituições beneficentes (SANTANDER, 2013).
O Santander busca através de programas a melhoria da educação, a garantia
dos direitos humanos, a valorização da diversidade, além do estímulo ao
empreendedorismo e geração de renda, o Santander contribui para o desenvolvimento
sustentável da sociedade (SANTANDER, 2013).
Além do apoio financeiro aos projetos, o banco disponibiliza também
diversos recursos e ativos, oferecendo suporte técnico de especialistas em cada área de
atuação e monitorando a realização das iniciativas, por meio de assessoria, encontros
presenciais e visitas in loco (SANTANDER, 2013).
Segundo (SANTANDER, 2013), as principais iniciativas institucionais são:
Projeto Escola Brasil – PEB
O Projeto Escola Brasil (PEB) tem o objetivo de contribuir para a melhoria
da qualidade da escola pública de Educação Básica, por meio da participação voluntária
de funcionários do Santander, seus familiares, amigos, clientes, fornecedores, entre
outros públicos de relacionamento.
Programa Educação Infantil
Lançado em abril de 2011, o propósito do Programa de Educação Infantil do
Santander, desenvolvido em cooperação com o MEC, é melhorar a qualidade do
atendimento oferecido a crianças de 0 a 05 anos de idade nas unidades de creche e pré-
escola construídas com recursos do PROINFÂNCIA.
Programa Amigo de Valor
Baseado no Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, o Amigo de Valor
é um programa que facilita aos clientes, funcionários e fornecedores do Santander e das
empresas que fazem parte do grupo o direcionamento de recursos financeiros
(dedutíveis e não dedutíveis) aos Fundos Municipais dos Direitos da Criança e do
Adolescente.
Talentos da Maturidade
Talentos da Maturidade é um concurso cultural que objetiva incentivar a
produção artística das pessoas com 60 anos ou mais, por meio de conteúdos relevantes e
a promoção da produção artística.
Programa Parceiras em Ação
O Programa Parceiras em Ação é destinado a organizações e instituições
sociais que apoiam microempreendimentos formados por mulheres de baixa renda.
Prêmio Santander Universidades - Universidade Solidária
Reforçar o compromisso do Santander Universidades com a educação
superior e com o desenvolvimento do País. Esses são os objetivos do Prêmio Santander
Universidades.
O Prêmio Santander Universidade Solidária, que compõe os Prêmios
Santander Universidades, investe em projetos sociais que tenham como tema:
Desenvolvimento Sustentável, com ênfase em geração de renda. Elaborados e
executados por universidades, com a participação de professores, de estudantes e da
comunidade local.
A seguir, serão apresentados os resultados da pesquisa. Para análise desses
resultados, foram considerados os dados obtidos durante a coleta. Primeiramente, os
resultados são analisados e, em seguida, organizados em forma de gráfico e
comentados.
5.2 Perfil dos respondentes
Os dados apresentados resultam de uma pesquisa primária, realizada com
uma amostra de funcionários do Banco Santander, em Fortaleza/CE.
O gráfico 1 mostra o perfil dos entrevistados, considerando o faixa etária
dos respondentes.
Gráfico 1: Distribuição etária dos respondentes
Fonte: Dados da pesquisa, 2013.
Com relação à distribuição etária dos respondentes, a pesquisa apresentou
que 23% ou 7 funcionários tem até 25 anos, 47% ou 14 funcionários entre 26 a 30 anos,
17% ou 5 funcionário possuem até entre 31 e 35 anos , 3% ou 1 funcionário têm entre
36 e 40 anos, e, finalmente, 10% ou 3 funcionários possuem idade acima de 41 anos,
conforme o gráfico 1.
Percebe-se que a maioria dos respondentes obtém idade entre 26 e 30 anos,
considerando então que a maior parte trata-se de um público jovem.
No gráfico 2 será demonstrado o perfil dos respondentes quanto ao sexo.
Gráfico 2: Gênero dos respondentes
Fonte: Dados da pesquisa, 2013
Quanto ao sexo dos respondentes, verifica-se que há maior númer o de
pessoas do sexo feminino, com 53% do total, já o sexo masculino representa 47% dos
funcionários pesquisados, isto, demonstra a crescente participação feminina no mercado
de trabalho.
No gráfico 3 será exposto o perfil quanto ao tempo de empresa.
Gráfico 3: Tempo de Empresa dos respondentes
Fonte: Dados da pesquisa, 2013
No tocante ao tempo de empresa, percebe-se abaixo que, 54% ou 16
funcionários têm até 5 anos de instituição, 33% ou 10 obtêm entre 6 e 10 anos no banco
Santander, e, 13% ou 4 colaboradores estão a mais de 11 anos na empresa.
No gráfico 4 será o perfil dos respondentes quanto ao cargo exercido na
instituição.
Gráfico 4: Cargo dos respondentes
Fonte: Dados da pesquisa, 2013
No que diz respeito aos cargo ocupados pelos funcionários questionados,
apresenta-se a maioria ou 27% sendo 8 funcionários na função de caixa, 17% ou 5
cordenadores de atendimento, igual a função de gerente de relacionamento pessoa
física, que também apresentou 17% ou 5 funcionários, logo após vem as funções de
gerente de relacionamento pessoa jurídica e gerente geral apresentando 13% ou 4 do
total cada, em seguida apresenta-se as funções de assistente comercial e gerente de
atendimento, com 6% e 7%, respectivamente.
5.3 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Nessa etapa da pesquisa, foram feitas perguntas referentes à
responsabilidade social no Banco Santander. No gráfico 5, a pesquisa questionou aos
respondentes quanto ao desenvolvimento de novos produtos e serviços, se a empresa
pondera os potenciais impactos ambientais (por exemplo, avaliando a utilização de
energia, as possibilidades de reciclagem ou a emissão de substâncias poluentes).
Gráfico 5: Pondera impactos ambientais
Fonte: Dados da pesquisa, 2013
Percebe-se que 70% responderam que sim, 17% afirmam que a empresa
pondera em parte, 10% não sabem, e, 3% disseram que a banco não pondera os
impactos ambientais de seus produtos e serviços.
Para Ashley (2003), é necessário considerar os aspectos sociais, políticos,
econômicos, ambientais e legais presentes nas relações com os stakeholders da empresa
como uma das etapas para posicionar a orientação estratégica quanto à responsabilidade
social nos negócios.
No gráfico 6, será demonstrado a ilustração do seguinte indagação: A sua
empresa disponibiliza informação ambiental clara e precisa sobre os seus produtos,
serviços e atividades aos clientes, fornecedores, comunidade local, etc.?
Gráfico 6: Disponibilização de informações ambiental
Fonte: Dados da pesquisa, 2013
Verifica-se que 56% afirmam que a empresa disponibiliza informações
ambientais, 27% disseram que disponibiliza em parte as informações, 10% não sabem,
e, 7% colocam que não disponibiliza nenhum tipo de informação ambiental.
No gráfico 7, é o exposto da seguinte pergunta: Você consegue identificar
formas de a sua empresa utilizar a sustentabilidade dos seus produtos e serviços para
obter uma vantagem sobre a concorrência?
Gráfico 7: Utilização de sustentabilidade como vantagem competitiva
Fonte: Dados da pesquisa, 2013
Observa-se que 47% afirmam que conseguem identificar, 33% disseram que
consegue identificar em parte,e, 20% não identificam.
Dentre as razões para os bancos considerarem aspectos de sustentabilidade
em seus negócios é que aumenta a credibilidade e melhora sua reputação, reduz os
riscos e melhora os retornos, aumenta valor para os stakeholders, dentre outros, o que
sinaliza os interesses envolvidos na questão (CRUVINEL, 2008).
Já no gráfico 8, representa a seguinte pergunta: A sua empresa proporciona
oportunidades de formação a membros da comunidade local?
Gráfico 8: Proporciona formação à comunidade local
Fonte: Dados da pesquisa, 2013
Constata-se o seguinte, 40% afirmaram que sim, 30% não sabem, 17%
disseram que proporciona em parte, e, 13% colocaram que a empresa não proporciona.
Coforme Ashley (2003), a responsabilidade social é um comprometimento
que uma organização deve ter com a sociedade, com atitudes e atos que ajam
positivamente, de forma geral, ou específica a alguma comunidade, agindo
proativamente no que tange ao seu papel na sociedade e à sua prestação de contas para
com ela.
Com relação ao gráfico 9, ele representa a ilustração da seguinte indagação:
A sua empresa oferece um apoio financeiro regular às atividades e projetos da
comunidade local?
Gráfico 9: Empresa oferece apoio financeiro à comunidade local
Fonte: Dados da pesquisa, 2013
Vê-se que, 70% informaram que sim, 13% disseram que a empresa oferece
apoio em parte, 10% não sabem, e, 7% afirmaram que não a empresa não oferece.
Para Duprat (2005, p. 21) “o investimento social corporativo é parte da
responsabilidade social, onde se dá a relação dá empresa com a comunidade. Pode ser
compreendido como sendo a alocação voluntária, por parte da empresa, de recursos
financeiros, humanos, técnicos, gerenciais ou em espécie, de forma planejada e voltada
para o interesse público”.
No gráfico 10, observa-se a representação da seguinte pergunta: A empresa
possui um documento escrito que esclarece quais são os comportamentos incentivados
por ela no que se refere às responsabilidade socioambiental?
Gráfico 10: Documento sobre responsabilidade social
Fonte: Dados da pesquisa, 2013
Vê-se que 73% informaram que a instituição possui um documento que
esclarece os comportamentos incentivados por ela no que se refere a Responsabilidade
Social, 20% não sabem se a empresa possui, e, 7% afirmam que não sabem se possui.
Com relação ao gráfico 11, ele demonstra as respostas dos funcionários com
relação a seguinte pergunta: A empresa disponibiliza informações sobre o balanço
social?
Gráfico 11: Disponibiliza informações sobre balanço social
Fonte: Dados da pesquisa, 2013
Percebe-se que 80% informaram que sim, 10% não sabem, e, 10% afirmam
que a empresa não disponibiliza.
Para De Luca (1998), o balanço social é um instrumento utilizado para
comparar os resultados da organização na área socioeconômica, ou seja, divulgar os
fatos sociais ligados à empresa para o público interno (empresa e empregados) e público
externo (empresa e sociedade).
No gráfico 12, observa-se as respostas da seguinte questão: A empresa
oferece benefícios sociais adicionais que se estendem à família do colaborador?
Gráfico 12: Benefícios adicionais à família
Fonte: Dados da pesquisa, 2013
Os funcionários em sua maioria, 93%, afirmam que o banco oferece
benefícios que se estendem a família, 7% disseram que oferece em parte, percebe-se que
quase a totalidade dos funcionários reconhecem os benefícios não só para ele, mas para
a família também.
De acordo com Jaramillo e Ángel (1996, apud ASHLEY, 2003), definem
que a responsabilidade social pode estar ligada ao compromisso da empresa, que além
do desenvolvimento desta, a preocupação com o bem-estar e qualidade de vida dos seus
funcionários, suas famílias e a comunidade geral.
No gráfico 13, vê-se a representação quanto a pergunta: As dependências da
empresa possuem recursos que facilitam o deslocamento e a convivência de pessoas
com deficiência motora, auditiva e visual (por exemplo, rampas, avisos de segurança,
sinais luminosos e sonoros em áreas de circulação de veículos ou máquinas)?
Gráfico 13: Dependências da empresa facilita deslocamento de pessoas especiais
Fonte: Dados da pesquisa, 2013
Nota-se que, 53% disseram que possui em parte, 44% afirma que sim, o
banco possui recursos que facilita o deslocamento, e, apenas 3% acham que não o banco
não possui. Portanto, vê-se que algumas agências não oferecem totalmente acesso para
deslocamento e convivência de pessoas especiais.
O gráfico 14 demonstra a seguinte indagação: A empresa incentiva e
valoriza o desenvolvimento profissional de seus empregados?
Gráfico 14: Incentivo ao desenvolvimento profissional
Fonte: Dados da pesquisa, 2013
Dos questionados, 53% disseram que incentiva em parte o desenvolvimento
profissional, já 47% afirmam que a instituição incentiva o desenvolvimento. Isto
demonstra que a empresa valoriza o crescimento profissional de seus empregados.
Já no gráfico 15, constata-se a representação da pergunta: A empresa
incentiva e valoriza o desenvolvimento profissional de seus empregados?
Gráfico 15: Envolvimento dos funcionários na implantação da RS
Fonte: Dados da pesquisa, 2013
Portanto, 64% disseram que sim, 23% acham que em parte, 10% afirma que
não são envolvidos, e, 3% não sabem. Isto, esclarece que não há um envolvimento total
na implantação da RS.
De acordo com a Agenda 21 Brasileira (2004), pode-se considerar uma
empresa socialmente responsável, quando possui capacidade de ouvir os interessados
das diferentes partes, conseguindo incorpora-los no planejamento de suas atividades,
para dessa forma, atender a demanda de todos, e não só dos acionistas ou proprietários.
O gráfico 16 demonstra a ilustração da seguinte indagação: A implantação
da responsabilidade social traz impactos positivos para você como funcionário?
Gráfico 16: Benefícios da implantação da responsabilidade social
Fonte: Dados da pesquisa, 2013
Vê-se que, 53% disseram que traz benefícios, 30% afirmam que traz
benefícios mas apenas em parte, e, 17% colocaram que não traz benefícios algum.
Portanto ao implantar a responsabilidade social, o banco beneficia a maiora de seus
funcionário, sejam na totalidade ou em parte.
No gráfico 17, foi feita a junção dos dados do sexo dos respondentes, com
os dados do gráfico envolvimento dos funcionários na implantação da RS.
Gráfico 17: Gênero dos funcionários X envolvimento na implantação da RS
Fonte: Dados da pesquisa, 2013
O resultado foi, as funcionárias do sexo feminino se envolvem mais na
implantação da RS, seja na totalidade ou em parte, já alguns respondentes do sexo
masculino não participam e também não sabem se há envolvimento.
Foi elaborado no gráfico 18, os dados do tempo de empresa dos
funcionários com os dados que verificou se o banco disponibiliza informações sobre
balanço social.
Gráfico 18: Tempo de empresa X disponibiliza informações sobre balanço social
Fonte: Dados da pesquisa, 2013
Observa-se que, a maioria dos funcionários que tem até 5 anos de empresa
respondem que a empresa disponibiliza informações sobre o balanço social, embora
uma pequena parte tenha dito que não informa ou não sabem. Quando se analisa os
respondentes que tem entre 6 e 10 de empresa, os que responderam sim aumentaram,
com apenas 1 informando que não. Pra finalizar, a totalidade dos funcionários com mais
de 11 anos de empresa, responderam que a empresa disponibiliza informações sobre
balanço social.
Portanto no cruzamento de dados do perfil dos respondentes com algumas
indagações do questionário, observou-se que os funcionários com mais tempo de
empresa tendem a conhecer mais as práticas utilizadas pelo banco com relação a
Responsabilidade Social. Constata-se também que as respondentes do sexo feminino
tendem a ter um maior envolvimento na implantação da Responsabilidade Social com
relação ao sexo masculino.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando a problemática desta pesquisa ”Quais as práticas de
Responsabilidade Social utilizada pelo Banco Santander”, tendo em vista o perfil dos
respondentes, como, cargo, sexo, idade e tempo de empresa, percebe-se que de acordo
com as variáveis acima as respostas mudam, formando um padrão de acordo com o
tempo de empresa.
A partir da problemática, percebe-se que o banco tem práticas de
responsabilidade social bem definida, de acordo com os respondentes verificou que a
maioria reconhece que a empresa oferece apoio financeiro em atividades e projetos da
comunidade local.
O objetivo geral do trabalho “Analisar as práticas de responsabilidade social
utilizada pelo Banco Santander.”, pode-se afirmar que foi atingido. Com relação aos
objetivos específicos, o primeiro foi “Verificar se a empresa disponibiliza informações
relacionadas ao balanço social” foi alcançado, percebeu-se que a grande maioria dos
respondentes afirmou que a empresa disponibiliza (80%), ou seja, além da divulgação
do balanço social a empresa passa a seus funcionários sobre suas ações.
O segundo objetivo específico “Analisar o envolvimento dos funcionários
na implantação na Responsabilidade Social”, foi atendido, tendo em vista que 64% dos
entrevistados disseram que são envolvidos na implantação, ou seja, há na empresa uma
agregação de todas as partes para desenvolver a RSE.
O terceiro objetivo também foi alcançado, ele pretendia “Investigar se a
empresa disponibiliza apoio financeiro a projetos da comunidade local”; o resultado foi
que 70% dos funcionários informaram que a empresa disponibiliza, ou seja, o apoio que
a empresa oferece a comunidade local é de conhecimentos da maioria dos funcionários.
O quarto objetivo “Verificar se as dependências da empresa atende as
necessidades de portadores de diversas deficiências”, foi alcançado,verificou-se que a
empresa não atende em sua totalidade, haja vistas que 53% dos entrevistados
responderam que a instituição atende em parte, com isso, entende-se que ainda há locais
que pessoas com deficiência têm certa dificuldade para se locomover. Portanto a
empresa deve tomar medidas que melhorem o convívio e tráfego seja de Funcionários
ou cliente PNE (Portadores de Necessidades Especiais).
Das limitações que a pesquisa apresentou, destaca-se a dificuldade para
coletar os dados, devida o meio utilizado, e os respondentes estarem em seus horários
de expediente, ou às vezes não verificarem no momento do envio das perguntas,
fazendo com que o período de coleta dos dados seja extenso.
Considerando a importância do assunto analisado e para uma conclusão
mais específica do objeto de estudo que justificou esta pesquisa, os resultados foram
suficientes para responderem aos objetivos geral e específico. Sugere-se que seja
verificada periodicamente se as práticas de RSE estão beneficiando tanto os clientes
externos quanto internos e se há envolvimentos deste no processo. Além disso, é de
grande importância que a Responsabilidade Social esteja sempre aliada a Governança
Corporativa, para tornar-se eficaz em seus propósitos sociais.
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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ
FACULDADE CEARENSE
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
Aos Funcionários do Banco Santander, situado em Fortaleza – Ceará;
Cumprimentando-os, cordialmente, informamos que este instrumento de
pesquisa acadêmica tem a finalidade de levantar informações para subsidiar a
elaboração de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do curso de Administração
da Faculdade Cearense.
Por este instrumento, estamos objetivando obter informações sobre as
práticas de responsabilidade social no Banco Santander.
Desde já, agradecemos pelo valoroso tempo destinado a responder os
questionamentos abaixo e pela inestimável colaboração.
Período para Resolução: 16/05/2013 a 24/05/2013.
CARGO:
SEXO: ( )M ( )F
TEMPO DE EMPRESA:
IDADE:
1- No desenvolvimento de novos produtos e serviços, a empresa pondera os potenciais
impactos ambientais (por exemplo, avaliando a utilização de energia, as possibilidades de
reciclagem ou a emissão de substâncias poluentes)?
( ) Sim ( ) Não ( ) Em parte ( ) Não sei
2- A sua empresa disponibiliza informação ambiental clara e precisa sobre os seus
produtos, serviços e atividades aos clientes, fornecedores, comunidade local, etc.?
( ) Sim ( ) Não ( ) Em parte ( ) Não sei
3- Você consegue identificar formas de a sua empresa utilizar a sustentabilidade dos seus
produtos e serviços para obter uma vantagem sobre a concorrência (por exemplo, através
da possibilidade de reciclagem dos produtos, da eficiência energética, etc.)?
( ) Sim ( ) Não ( ) Em parte ( ) Não sei
4- A sua empresa proporciona oportunidades de formação a membros da comunidade
local (como, por exemplo, estágios ou oportunidades de trabalho para jovens ou pessoas
pertencentes a grupos desfavorecidos)?
( ) Sim ( ) Não ( ) Em parte ( ) Não sei
5- A sua empresa oferece um apoio financeiro regular às atividades e projetos da
comunidade local (por exemplo, através de donativos a organizações de beneficência ou de
patrocínios)?
( ) Sim ( ) Não ( ) Em parte ( ) Não sei
6- A empresa possui um documento escrito que esclarece quais são os comportamentos
incentivados por ela no que se refere às responsabilidade socioambiental?
( ) Sim ( ) Não ( ) Em parte ( ) Não sei
7- A empresa disponibiliza informações sobre o balanço social?
( ) Sim ( ) Não ( ) Em parte ( ) Não sei
8- A empresa oferece benefícios sociais adicionais que se estendem à família do
colaborador (por exemplo, plano de saúde, orientação sobre prevenção de doenças) ?
( ) Sim ( ) Não ( ) Em parte ( ) Não sei
9- A inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho é crescente. As
dependências da empresa possuem recursos que facilitam o deslocamento e a convivência
de pessoas com deficiência motora, auditiva e visual (por exemplo, rampas, avisos de
segurança, sinais luminosos e sonoros em áreas de circulação de veículos ou máquinas)?
( ) Sim ( ) Não ( ) Em parte ( ) Não sei
10- A empresa incentiva e valoriza o desenvolvimento profissional de seus empregados?
( ) Sim ( ) Não ( ) Em parte ( ) Não sei
11- Os funcionários são envolvidos na implantação e conscientização da responsabilidade
social na empresa?
( ) Sim ( ) Não ( ) Em parte ( ) Não sei
12- A implantação da responsabilidade social traz impactos positivos para você como
funcionário?
( ) Sim ( ) Não ( ) Em parte ( ) Não sei
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