CIEPH
CENTRO INTEGRADO DE ESTUDO E PESQUISA DO HOMEM
FABIANO GIACOMOLLI
ESTUDO DE CASO SOBRE O EFEITO DA AURICULOTERAPIA EM UM
PACIENTE COM HIPERTIREOIDISMO COM O CONTROLE FEITO ATRAVÉS
DE EXAMES LABORATORIAIS
Porto Alegre
2005
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FABIANO GIACOMOLLI
ESTUDO DE CASO SOBRE O EFEITO DA AURICULOTERAPIA EM UM
PACIENTE COM HIPERTIREOIDISMO COM O CONTROLE FEITO ATRAVÉS
DE EXAMES LABORATORIAIS
Trabalho de conclusão de curso
apresentado como requisito parcial para
obtenção do título de Especialista em
Acupuntura pelo Centro Integrado de
Estudo e Pesquisa do Homem
Orientador: Prof. Especialista Cleto Emiliano Pinho
Porto Alegre
2005
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Autor: Fabiano Giacomolli
Título: Estudo de Caso Sobre o Efeito da Auriculoterapia em um paciente com
hipertireoidismo com o controle feito através de exames laboratoriais
Aprovado em ____ / ____ / ________, pela banca abaixo assinada:
BANCA
Prof. Esp. Cleto Emiliano Pinho - Orientador:______________________________________
Prof. Dr. Carlos Gustavo - Metodólogo:___________________________________________
Fisioterapeuta Especialista Eduardo Giovane Martins:________________________________
4
DEICATÓRIA
Dedico este trabalho às pessoas mais
importantes da minha vida: meu pai, Valentin;
a minha mãe, Ignêz; a meu irmão, Leonardo,
pelo apoio e carinho nas horas difíceis; e a
Cristiane, amor da minha vida, pela sua
paciência, amor e dedicação.
5
AGRADECIMENTOS
Meus agradecimentos aos meus pais por
terem investido nos meus estudos e nos do
meu irmão.
Ao meu orientador, professor Cleto
Emiliano Pinho, por me passar conhecimento e
segurança na elaboração deste trabalho.
Agradeço a Cristiane Führ por sua
colaboração neste trabalho. Obrigado pelo seu
carinho e amor em todas as horas.
Obrigado especial a minha colega
Cristiane Boher, a meus amigos Rodrigo,
Cristiano e Fabrício, pela força e colaboração
para a realização deste trabalho.
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RESUMO
Este trabalho constituiu-se de uma pesquisa de caráter qualitativo que mostra a
ação da auriculoterapia sobre as taxas sangüíneas de T3, T4 e TSH de uma paciente que sofre
de hipertireoidismo. O interesse de realizar um estudo sobre este tema surgiu devido ao fato
de ter conhecido uma colega que sofre desta doença e de presenciar os sintomas maléficos
que a mesma produz no paciente. Foi realizado então um estudo de caso com uma voluntária
que havia realizado tratamento medicamentoso, conseguindo normalizar as taxas sangüíneas
de T3, T4 e TSH. Esta pesquisa teve como objetivo manter essas taxas sangüíneas
normalizadas após o uso do tratamento medicamentoso. A partir daí, foi feita uma avaliação
de acupuntura, traçada uma ação terapêutica com uma sessão semanal de auriculoterapia
durante cinco meses, no período de abril a agosto de 2004. No final do estudo pôde-se
observar que a auriculoterapia tem valor significativo na manutenção da normalidade das
taxas sangüíneas de T3, T4 e TSH.
Palavras-chaves:
Auriculoterapia, hipertireoidismo e exames.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................................
1 EMBASAMENTO TEÓRICO.......................................................................................
1.1 Glândula Tireóide..............................................................................................
1.2 Doenças da Tireóide..........................................................................................
1.2.1 Hipertireoidismo....................................................................................
1.2.1.1 Evolução Clínica.......................................................................
1.3 Auriculoterapia..................................................................................................
1.3.1 Pontos da Auriculoterapia para o Tratamento do Hipertireoidismo......
1.3.2 Explicação do Uso dos Pontos..............................................................
2 METODOLOGIA...........................................................................................................
2.1 Delineamento da Pesquisa..................................................................................
2.2 Procedimentos.....................................................................................................
2.2.1 Contato Inicial.........................................................................................
2.2.2 Projeto Piloto.........................................................................................
2.2.3 Estudo Principal.....................................................................................
3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS........................................................
3.1 Categorias...........................................................................................................
3.2 Exames Realizados Antes do Tratamento com Auriculoterapia........................
3.3 Exames Realizados Durante do Tratamento com Auriculoterapia......................
CONCLUSÃO...................................................................................................................
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................
APÊNDICES......................................................................................................................
Apêndice A...............................................................................................................
Apêndice B...............................................................................................................
Apêndice C...............................................................................................................
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INTRODUÇÃO
Devido ao seu interesse pela área da saúde, o autor do presente trabalho decidiu
ingressar no curso de Fisioterapia. No decorrer do curso, começou a se interessar pela
Acupuntura, quando descobriu que ela poderia complementar a sua graduação, com técnicas
da milenar Medicina Tradicional Chinesa (M.T.C.), deixando-o ainda mais capacitado para
tratar o paciente.
No último ano da graduação, iniciou o curso de especialização, procedimento
este aprovado pelo COFFITO (Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional
Resolução COFFITO-60/85 E 97/98), onde obteve o primeiro contato com a Acupuntura.
Já no primeiro dia do curso, estando com dor de cabeça, perguntou ao
professor se ele poderia tratá-lo com Acupuntura. Usando apenas uma agulha aplicada num
ponto específico (VB20), conseguiu acabar com a sua dor em poucos minutos. A partir daí,
seu interesse foi aumentando cada vez mais, não só pela Acupuntura, mas também pela
Medicina Tradicional Chinesa (M.T.C.).
No término do curso de acupuntura, iniciou uma pesquisa com intuito de
utilizá-la como sua monografia, onde pesquisou a eficácia da acupuntura para perda de peso.
9
Foram quatro meses de tratamento onde obteve bons resultados, porém o que o impediu de
usar este trabalho como monografia foi a dificuldade de validar resultados encontrados.
Este fato deixou-o reflexivo e, conversando com uma das suas pacientes,
descobriu que esta sofria de hipertireoidismo. A partir daí, houve um interessei sobre esta
patologia e, conversando com o seu orientador, chegou à conclusão de que este caso seria o
tema da sua pesquisa.
Segundo Severino (2001), antes de se propor a realização de um trabalho
monográfico, é necessário elencar um universo familiar de problemas para se chegar à
definição de um problema específico.
O objetivo desta pesquisa é analisar os níveis sangüíneos de TSH, T3 e T4 em
uma paciente que apresentava alterações destes fatores por sofrer de hipertireoidismo.
Robbins (2001) descreve que o hipertireoidismo é um estado hipermetabólico, causado por
níveis elevados de triiodotironina (T3) e tiroxina (T4) na circulação. A proposta do presente
estudo é verificar a eficácia da auriculoterapia para que a paciente tenha uma melhor
qualidade de vida, sem o uso de medicamentos.
Para que esta pesquisa fosse realizada, foi selecionada uma colaboradora
voluntária, portadora de hipertireoidismo, com alterações no sangue constatadas por exames
laboratoriais.
Foram coletados os resultados dos exames com suas taxas sangüíneas de TSH,
T3 e T4 de antes e durante o tratamento com auriculoterapia para, posteriormente, serem
analisadas.
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Os principais autores desta pesquisa foram Garcia e Souza, que publicaram
livros sobre auriculoterapia; Guyton, que trata da fisiologia humana, e Henry, que enfoca
diagnósticos clínicos e tratamento por métodos laboratoriais.
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1 EMBASAMENTO TEÓRICO
1.1 Glândula Tireóide
A tireóide, a maior glândula endócrina do organismo, segundo Goldman e
Bennett (2001) pesa cerca de 20g, sendo o lobo direito, habitualmente, maior do que o
esquerdo. A glândula atinge seu tamanho adulto aos 15 anos de idade. Os dois lobos laterais,
situados anteriormente à cartilagem tireóidea, são unidos por um pequeno istmo, localizado
logo abaixo da cartilagem cricóide. Os lobos exibem um pólo superior pontudo e um pólo
inferior arredondado, com espessura de cerca de 2cm, comprimento de 4 a 5cm e largura de 2
a 3cm. Os lobos são divididos por septos fibrosos em pseudolobos, constituídos de estruturas
esféricas, denominadas folículos, ricamente inervados por terminações nervosas simpáticas e
parassinpáticas, sendo circundados por uma densa rede capilar. Os folículos consistem numa
camada única de células epiteliais que circundam uma luz preenchida por material colóide
proteináceo constituído por mais de 75% de tireoglobulina, sintetizada pelas células epiteliais
da tireóide, que sintetizam e armazenam hormônio.
A secreção do hormônio tireóideo é regulada por uma alça de retroalimentação
que envolve o hipotálomo, a hipófise e a glândula tireóide. O hipotálamo produz o hormônio
liberador da tireóide (TRH), para ativar a formação do hormônio tireoestimulante (TSH) pela
hipófise. Já o TSH estimula a secreção do hormônio tireóideo, que exerce efeito de
retroalimentação sobre hipotálamo e a hipófise, completando o círculo regulatório.
(GOLDMAN E BENNETT, 2001)
A glândula tireóide, que está localizada imediatamente abaixo da laringe a cada
lado e anteriormente à traquéia, secreta dois hormônios significativos: tiroxina e
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triiodotironina, comumente chamados de T3 e T4, que têm o efeito profundo de aumentar a
taxa metabólica do corpo. A falta completa da secreção da tireóide usualmente faz com que a
taxa do metabolismo basal caia 40 a 50% abaixo do valor normal, e os excessos extremos de
secreção da tireóide podem fazer com que a taxa do metabolismo basal suba 60 a 100% acima
do normal. A secreção da tireóide é controlada primariamente pelo hormônio tíreo-
estimulante (TSH).
Cerca de 93% dos hormônios metabolicamente ativos secretados pela glândula
tireóide são de tiroxina (T4) e 7% de triiodotironina (T3). No entanto, quase toda a tiroxina é
finalmente convertida a triiodotironina nos tecidos, de modo que ambas são funcionalmente
importantes. As funções destes dois hormônios são qualitativamente as mesmas, mas diferem
quanto à rapidez e à intensidade de sua ação. A triiodotironina é cerca de quatro vezes mais
potentes que a tiroxina, mas está presente no sangue em quantidades muito menores e persiste
por um tempo muito mais curto que a tiroxina (GUYTON & HALL, 1997).
A tiroxina (T4), cuja produção diária é de 80 a 100μg, constitui o principal
produto secertório da tireóide, sendo produzida apenas pela glândula tireóide. Por outro lado,
apenas 20% da produção diária da triiodotironina (T3) provêm da secreção tireóidea,
enquanto 80% originam-se da conversão periférica de T4. A produção diária de T3 é de 30 a
40 μg. A formação normal dos hormônios tireóideos exige níveis normais de TSH e
suprimento adequado, mas não excessivo, de iodo. A ingestão diária ótima de iodo é de 150 a
300 μg (GOLDMAN E BENNETT, 2001).
13
1.2 Doenças da Tireóide
As doenças da tireóide são de grande importância, pois são relativamente
comuns na população geral, e a maior parte é passível de tratamento clínico ou cirúrgico.
Incluem condições associadas a uma liberação excessiva de hormônio tireóide
(hipertireoidismo), condições associadas a uma deficiência de tireóide (hipotireoidismo) e
lesões expansivas focais ou difusas da tireóide (ROBBINS, 2001).
1.2.1 Hipertireoidismo
Segundo Robbins (2001), o hipertireoidismo é um estado hipermetabólico,
causado por níveis elevados de triiodotironina (T3) e tiroxina (T4) na circulação. Pode ser
causada por uma variedade de distúrbios:
- hiperplasia difusa das tireóide associada à doença de Graves (responsável
por 85% dos casos);
- ingestão de hormônio tireóide exógeno (administrado para tratamento do
hipotireoidismo);
- bócio multinodular hiperfuncional;
- edenoma hiperfuncional da tireóide;
- tireoidite.
1.2.1.1 Evolução Clínica
De acordo com Robbins (2001), as manifestações clínicas do hipertireoidismo
incluem alterações associadas ao estado hipermetabólico induzido pelo excesso de hormônios
tireóideos, bem como alterações relacionadas com a hiperatividade do sistema nervoso
simpático.
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- Manifestações cardíacas estão entre as manifestações mais precoces e mais
consistentes do hipertireoidismo;
- Alterações oculares freqüentemente chamam a atenção para o
hipetireoidismo. Ocorre olhar fixo e retração palpebral devido à estimulação simpática
excessiva do músculo elevador da pálpebra superior. Apenas os pacientes com doença de
Graves apresentam oftalmopatia;
- Pele de pacientes com hipertireoidismo tende a ser quente, úmida e
ruborizada, visto que o aumento do fluxo sangüíneo e a vasodilatação periférica aumentam a
perda de calor;
- Sistema gastrointestinal: a perda de peso é causada primariamente pelo
aumento da calorigênese e, secundariamente, pelo aumento da motilidade intestinal devido à
maior atividade simpática. Ocorre a perda de peso a despeito do aumento do apetite e da
hiperfagia.
1.3 Auriculoterapia
Auriculoterapia é uma técnica da Acupuntura, que usa o pavilhão auricular
para efetuar tratamento de saúde, aproveitando o reflexo que a aurícula exerce sobre o sistema
nervoso central. Esta técnica é destinada ao tratamento das enfermidades físicas e mentais.
Cada orelha possui pontos de reflexo que correspondem a todos os órgãos e funções do corpo.
Ao se efetuar a sensibilização desses pontos por agulhas de acupuntura, o cérebro recebe um
impulso que desencadeia uma série de fenômenos físicos, relacionados com a área do corpo,
produzindo a cura (SOUZA, 2001).
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1.3.1 Pontos da Auriculoterapia utilizados para o Tratamento do Hipertireiodismo
Ponto Hipófise:
Localização: Encontra-se no bordo superior do antitrago, próximo à fossa
superior do antitrago.
Ponto Tireóide:
Localização: Encontra-se entre a área do pescoço e o ponto tronco cerebral.
Ponto Simpático:
Localização: Encontra-se sobre o terço interno da cruz inferior do anti-hélix
onde esta se insere no lado interno do hélix.
Ponto Shen Men:
Localização: Encontra-se traçando uma linha entre o ponto hipotensor e o
ponto pelve no primeiro terço da mesma.
Ponto Rim:
Localização: Este ponto localiza-se na pequena cavidade que se forma por
baixo da cruz inferior do anti-hélix, ao mesmo nível do ponto pelve.
Ponto Endócrino:
Localização: Encontra-se na parte mais baixa da incisura do intertrago, a 0,5
mm para dentro (GARCIA, 1999).
16
1.3.2 Explicação do Uso dos Pontos
Glândulas Tireóide e Hipófise – O hipertireoidismo é causado,
fundamentalmente, por uma desordem na atividade do SNC, mostrando-se instabilidade da
atividade nervosa com uma superexplicação excessiva; por isso, através destes pontos, regula-
se a atividade do córtex cerebral e da função endocrinometabólica.
Simpático – Através deste ponto, podem-se regular os transtornos do
sistema neurovegetativo, tratando a hiperidrose e a aversão ao calor.
Ponto Endócrino – É um regulador sistêmico da atividade endócrina e
metabólica do organismo. Este mantém o equilíbrio funcional das glândulas, vigorando a
função das que hipofuncionam e reprimindo as que hiperfuncionam, razão pela qual podemos
dizer que é o ponto central para o tratamento de qualquer enfermidade do sistema endócrino,
combinando-se, segundo seja o caso, com o resto das glândulas implicadas no processo
patológico (GARCIA, 1999).
Ponto Shen Men – Esse ponto significa “Porta da consciência” e sua ação
atinge o sistema nervoso central em sua totalidade anatômica e funcional. O seu reflexo se faz
sentir um todo o organismo, sendo usado sempre como ponto inicial de qualquer esquema de
auriculoterapia (SOUZA, 2001).
Ponto Rim – É um ponto importante para a manutenção e conservação do
estado de saúde, armazena a essência vital, controla o fogo do Ming Men (porta da vida). É
considerado como base e sustentáculo da atividade vital do homem (GARCIA, 1999).
17
2 METODOLOGIA
2.1 Delineamento da Pesquisa
Esse estudo caracteriza-se por uma pesquisa de paradigma qualitativo de
metodologia experimental, da ação da auriculoterapia sobre os valores sanguíneos de um
paciente com hipertireoidismo.
A coleta de dados foi feita através de uma pesquisa feita com exames
sangüíneos do paciente desde 2002, onde se analisaram as taxas dos hormônios T3, T4 e TSH.
Os instrumentos de pesquisa englobaram o uso de uma ficha de avaliação,
constando todos os dados para a realização da pesquisa; um diário de campo, para relatar os
dados colhidos da paciente durante o período de tratamento, junto à análise dos exames de
sangue para controle dos níveis hormonais. Os materiais utilizados foram: agulha auricular
fixa 0,20 x 1,5, bandeja inox, algodão hidrófilo (Apolo), pinça, álcool etílico hidratado
(Parati) e micropore (Cremer).
Este estudo foi baseado nas considerações éticas, segundo a Resolução 196/96
do Conselho Nacional de Saúde do ano de 1996. Para a discussão e análise dos resultados
poderá ser usado um nome fictício para o voluntário (Comissão Nacional de Ética em
Pesquisa, 2000).
18
2.2 Procedimentos
2.2.1 Contato Inicial
Primeiramente foi feito um contato com a voluntária para explicar os objetivos
da pesquisa. Ela assinou um termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice A) e após
foram verificados os exames da paciente para constatar se existiam alterações. No dia 28 de
abril de 2004, foi feita uma avaliação de acupuntura (Apêndice B). Juntamente com o
professor fisioterapeuta especialista em acupuntura Dr. Cleto Emiliano Pinho, foi traçado um
plano de tratamento.
Na avaliação, a paciente relatou que os primeiros sintomas do hipertireoidismo
iniciaram em dezembro de 2001 e, em junho de 2002, o quadro agudizou criticamente,
quando consultou um médico endocrinologista que diagnosticou a doença. Este lhe receitou
Tapazol (Tiamazol), que lhe causou um quadro alérgico grave, gerando anasarca com
erupções cutâneas. Diante deste quadro, o médico alterou a medicação, receitando o Propil
(Propiltiouracil). Após a adaptação da nova medicação, foram constatados pelo especialista
traços depressivos resultantes de alterações emocionais e hormonais.
Não satisfeita com o tratamento deste profissional, a paciente sentiu
necessidade de procurar outro profissional da área. Este permaneceu com a mesma conduta,
porém com a dose mais elevada, caracterizando um quadro de hipotireoidismo. A partir deste
fato, foram realizados novos exames de sangue para verificação dos níveis de T3, T4 e TSH,
os quais comprovaram alterações. Através destes dados, o médico manteve o uso do
Propiltiuracil, associado ao Shyntroide (o hormônio que fez a bolck dose, ou seja, regulou o
estímulo).
19
Desde o uso destes medicamentos, foi constatado através da realização
rotineira de exames de sangue para verificação dos níveis de T3, T4 e TSH, a ausência de
qualquer alteração, permanecendo este resultado até início de 2004. Após reconsulta médica,
constatou-se a normalização dos níveis dos hormônios tireoidianos, finalizando o tratamento
medicamentoso, de acordo com a prescrição médica. Após um mês foi realizado um novo
exame de rotina, que apresentou mínimas alterações relacionadas aos exames realizadas no
mês anterior, porém manteve-se dentro dos parâmetros normais.
2.2.2 Projeto Piloto
Primeiramente, entrou-se em contato com o paciente voluntário quando foram
explanados os objetivos da pesquisa e entregue o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (Apêndice A) para viabilizar a concordância da paciente com a pesquisa. Após,
foram verificados os exames da paciente para constatação de alterações. No dia 28 de abril de
2004 foi feita uma avaliação de acupuntura (Apêndice B), juntamente com o professor
fisioterapeuta especialista em acupuntura Dr. Cleto Emiliano Pinho. A partir disto, foi traçado
um plano de tratamento, sendo incluídos exames de sangue para controle.
Com o início das sessões de auriculoterapia, foram selecionados os pontos
propostos pelo pesquisador e avaliados pelo professor, baseados na Escola de Auriculoterapia
Chinesa.
O tratamento teve duração de um mês, sendo realizado uma vez por semana,
quando se orientou a estimulação diária das agulhas. Os instrumentos de pesquisa englobaram
o uso de uma ficha de avaliação, constando todos os dados para a realização da pesquisa; um
diário de campo, para relatar os dados colhidos da paciente durante o período de tratamento,
20
junto à análise dos exames de sangue para controle dos níveis hormonais. Os materiais
utilizados foram: agulha auricular fixa 0,20 x 1,5, bandeja, algodão hidrófilo (Apolo), pinça,
álcool etílico hidratado (Parati), e micropore (Cremer).
2.2.3 Estudo Principal
Após a validação do projeto piloto, deu-se início ao estudo principal, que teve a
duração de cinco meses, sendo realizada uma sessão por semana. Neste intervalo, foram
realizados três exames de sangue para verificação dos níveis dos hormônios T3, T4 e TSH
para controle.
21
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A análise dos resultados foram realizadas através dos dados obtidos dos
exames laboratoriais da paciente, realizados desde 2001 até 28 de agosto de 2004 quando se
finalizou o tratamento.
3.1 Categorias
Os resultados foram obtidos através das informações colhidas dos exames de
sangue para verificar os níveis dos hormônios tireoidianos, sendo divididos em duas
categorias: exames realizados antes e após o tratamento com auriculoterapia. Serão analisados
os níveis sangüíneos de T3, T4 e TSH.
3.2 Exames Realizados Antes do Tratamento com Auriculoterapia
Exame realizado no mês 11/06/02:
- T3: superior a 9,00 (0,95 a 102 nmol/l)
- T4: superior a 320 (60 a 120 nmol/l)
- TSH: inferior a 0,05 uUI/ml (0,30 a 0,50 uUI/ml)
Exame realizado no mês 18/11/02:
- T3: 2,20 nmol/l (0,95 a 2,5 nmol/l)
- T4: 68 nmol/l (60 a 120 nmol/l)
- TSH: 6,42 uUI/ml (0,25 a 5,00 uUI/ml)
Exame realizado no mês 28/04/03:
- T3: 64 ng/dl (45 a 137 ng /dl)
- T4: 0,86 ng/dl (0,71 a 1,85 ng/dl)
- TSH: 1,01 uUI/ml (0,49 a 4,67 uUI/ml)
22
Exame realizado no mês 30/06/03:
- T3: 113,6 ng/dl (60,0 a 215,0 ng/dl)
- T4: 0,91 ng/dl (0,83 a 1,80 ng/dl)
- TSH: 0,95 uUI/ml (0,2 a 6,0 uUI/ml)
Exames realizados no mês 03/11/03:
- T3: 92 ng/dl (60 a 215 ng/dl)
- T4: 10,78 mcg/dl (4,5 a 12,0 mcd/dl)
- TSH: 0,80 uUI/ml (0,49 a 4,67 uUI/ml)
Exame realizado no mês 26/02/04:
- T3: 106 ng/dl (60 a 215 ng/dl)
- T4: 0,98 mcg/dl (0,83 a 180 mcg/dl)
- TSH: 0,57 uUI/ml (0,49 a 4,67 uUI/ml)
Para podermos analisar os dados acima é importante saber que um paciente
portando hipertireoidismo vai apresentar nos exames laboratoriais T3 e T4 elevados e TSH
diminuídos; já no hipotireoidismo, T3 e T4 estarão diminuídos e TSH elevado. Henry (1999)
relata em seus estudos que hipertireoidismo freqüentemente ocorre quando os tecidos são
expostos a quantidades excessivas de hormônios tireoidianos.
Analisando os dados acima, podemos notar que, no mês de junho de 2002, a
paciente apresentava um quadro de hipertireoidismo, pois o hormônio T4 estava aumentado e
TSH diminuído. Já no mês de novembro de 2002,os exames mostravam um leve indicio de
hipotireoidismo, pois o hormônio TSH se encontrava levemente aumentado. Nos meses de
abril de 2003 a fevereiro de 2004, os exames realizados se mostraram dentro dos parâmetros
23
normais. Ressaltamos que a paciente fez uso da medicação prescrita pelo seu médico até
fevereiro de 2004. Após esta data, o médico suspendeu o tratamento medicamentoso.
3.3 Exames Realizados durante o Tratamento com Auriculoterapia
Exame realizado no mês 12/04/04:
- T3: 131 ng/dl (60,0 a 215,0 ng/dl)
- T4: 10,27 mcg/dl (4,5 a 12,0 mcg/dl)
- TSH: 0,97 uUI/ml (0,49 a 4,67 uUI/ml
Exame realizado no mês 18/06/04:
- T3: 110 ng/dl (60 a 215 ng/dl)
- T4: 0,95 mcg/dl (0,71 a 1,85 mcg/dl)
- TSH: 0,69 uUI/ml (0,49 a 4,67 uUI/ml)
Exame realizado no mês 25/08/04:
- T3: 134 ng/dl (60 a 215 ng/dl)
- T4: 11,09 mcg/dl (4,5 a 12,0 mcg/dl)
- TSH: 0,34 uUI/ml (0,49 a 4,67 uUI/ml)
Analisando os resultados dos exames realizados durante o tratamento com
auriculoterapia, podemos notar que, no primeiro período de tratamento (12/04/04), os valores
encontrados nos exames estavam dentro dos parâmetros normais, porém se encontravam
levemente aumentados em relação ao mês anterior. No segundo período de tratamento os
valores também se encontravam dentro dos parâmetros normais porem já notamos que houve
uma diminuição dos índices de T3, T4 e TSH. Isto mostra que se alcançou o objetivo proposto
24
pelo presente estudo, uma vez que T3 e T4, mesmo estando dentro dos parâmetros de
normalidade encontraram-se em níveis mais satisfatórios.
No terceiro período de tratamento, notamos que os valores de T3 e T4 se
encontraram dentro dos parâmetros normais, porém o hormônio TSH apresentou uma leve
diminuição, indicando um início de quadro de hipertireoidismo. Este fato pode estar associado
ao fato de a paciente ter passado por momentos decisivos e estressantes de sua carreira
profissional, que poderiam estar relacionados à alteração ocorrida no último exame. Xinnung
(1980) relata em seus estudos que a tensão excessiva ou o estresse enfraquecem o Qi
antipatogênico, resultando em manifestações clínicas tais como: perda de peso, palpitações e
insônia.
É importante frisar que, durante o tratamento, a paciente não estava fazendo
uso de medicamentos por decisão do medico endocrinologista sem interferência do
pesquisador ou da paciente.
25
CONCLUSÃO
Com o término desta pesquisa, pode-se chegar à conclusão de que um paciente
portador de hipertireoidismo apresenta varias alterações no seu organismo, interferindo
negativamente na sua qualidade de vida. Segundo Henry (1999), os pacientes com
hipertireoidismo podem apresentar intolerância ao calor, taquicardia, perda de peso, fraqueza,
labilidade emocional e tremores.
O presente estudo mostra que a auriculoterapia como método de tratamento
para o hipertireoidismo, é eficaz, ainda mais se nos apegarmos aos resultados encontrados no
segundo mês de tratamento, quando os valores se encontraram mais satisfatórios.
No terceiro mês de tratamento, é importante salientar que a paciente passou por
momentos decisivos na iniciação de sua carreira profissional, o que alterou seu estado
emocional, modificando o resultado do ultimo exame onde TSH se encontrou levemente
abaixo da normalidade. Segundo Filho (1992), a resposta ao estresse dá-se através da ação
integrada dos sistemas nervoso, endócrino e imune, num processo de alteração e recuperação
da homeostasia. Quando a reação de adaptação ao estresse não é adequada ou suficiente,
aparece a doença, mediada por alterações no funcionamento daqueles sistemas.
26
Em vista desses fatos, concluiu-se que a auriculoterapia é um tratamento eficaz
e que deveria ser usado como auxiliar no tratamento dessa patologia.
Como este estudo se atém a apenas um paciente de amostra, constatou-se total
satisfação com os resultados, sugerindo mais pesquisas sobre o assunto, já que a bibliografia
sobre esse tema ainda é escassa e a importância sobre essa patologia é imensa.
O término desta pesquisa causou satisfação pela escolha do tema, pois superou
todas as expectativas; contudo, trouxe estímulos para continuar a aperfeiçoar as técnicas,
podendo melhorar assim a qualidade de vida das pessoas.
27
BIBLIOGRAFIA
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GARCIA, E.G Auriculoterapia. São Paulo: Roca Ltda., 1999.
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Paulo: Manole Ltda, 1999.
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Funcional. 6ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 2001.
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XINNONG, Cheng. Acupuntura e Moxabustão Chinesa. Publicado pela Foreign
Languages. Editora Roca, 1980.
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APÊNDICES
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APÊNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Ao assinar esse termo, estou consentindo formalmente em ser entrevistado,
avaliado e atendido pelo pesquisador Fabiano Giacomolli, aluno do curso de pós-graduação
em especialista em Acupuntura do Centro Integrado de Estudo e Pesquisa do Homem.
O objetivo desse estudo é de analisar se o tratamento com auriculoterapia para o
controle das taxas hormonais de T3, T4 e TSH é ou não eficaz e possíveis melhoras na
qualidade de vida da pessoa.
Recebi do pesquisador as seguintes informações:
1. A avaliação será feita entre eu, o pesquisador e um acupunturista responsável,
onde o pesquisador preencherá uma folha com minhas respostas e características.
2. As sessões serão feitas com dias e locais combinados pelo colaborador.
3. Terei garantido total sigilo referente a minha pessoa.
4. As informações serão expostas somente aos objetivos citados acima.
5. Minha participação é totalmente voluntária. Não serei obrigado a responder a
todas perguntas, podendo parar ou cancelar a avaliação a qualquer momento. Não haverá
retorno financeiro para nenhuma das partes envolvidas.
6. Qualquer esclarecimento sobre minha participação na pesquisa ou querendo
cancelar a pesquisa, poderei entrar em contato com o pesquisador pelos telefones: 582-9355
ou 92591552.
Colaborador (rubricar): _________________________ Data: _________________
30
APÊNDICE B
AVALIAÇÃO
IDENTIFICAÇÃO
Nome:........................................................................................................................ ..................................................
Sexo:....... Data de Nascimento:....................... Idade:.......... Estado civil:............................ Filhos:..... ...................
Profissão:........................................................................................................... Telefone:.........................................
Endereço:...............................................................................................................Bairro:..........................................
CEP:............................Cidade:..........................................Estado...........P. referência:............. .................................
QUEIXA PRINCIPAL:...........................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................................................
Histórico da doença:.....................................................................................................................
.....................................................................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................................................
Exames Feitos:.......................................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................................................
.............................................................................................................................Data:...................
Nome do médico Responsável:.........................................................................................................................
...........................................................................................................................Fone:...................
Cirurgias Feitas:............................................................................................................................
.....................................................................................................................................................................................
.................................................................................................................................................................................
............................................................................................................................Data:..................
Remédios que foram receitados ou que estão sendo administrados:.....................................................
.....................................................................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................................................
Histórico Familiar de Doenças:.........................................................................................................................
.....................................................................................................................................................................................
Fumo ( )Bebidas( ).........................................................................................................................................
Droga ( )............................................................................................................................................. .................
Faz atividade física?:........................................................................................... .................................................
.....................................................................................................................................................................................
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APÊNDICE C
DIÁRIO DE CAMPO
Data: ____/____/____.
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