COBERTURAS PLANAS DE EDIFCIOS LEVES
Anlise de Solues
NUNO MIGUEL ROCHA ESTEVES
Dissertao submetida para satisfao parcial dos requisitos do grau de MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL ESPECIALIZAO EM CONSTRUES
Orientador: Professor Doutor Hiplito Jos Campos de Sousa
MARO DE 2012
MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA CIVIL 2011/2012 DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
Tel. +351-22-508 1901
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Editado por
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Reprodues parciais deste documento sero autorizadas na condio que seja mencionado o Autor e feita referncia a Mestrado Integrado em Engenharia Civil - 2009/2010 - Departamento de Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Porto, Portugal, 2009.
As opinies e informaes includas neste documento representam unicamente o ponto de vista do respetivo Autor, no podendo o Editor aceitar qualquer responsabilidade legal ou outra em relao a erros ou omisses que possam existir.
Este documento foi produzido a partir de verso eletrnica fornecida pelo respetivo Autor.
A meus Pais
A nova fonte de poder no o dinheiro nas mos de poucos, mas informao nas mos de muitos
John Lennon
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AGRADECIMENTOS
Este trabalho resulta do culminar da minha formao enquanto aluno do curso de Mestrado Integrado em Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, a qual devo a todas as pessoas que me apoiaram na minha vida pessoal e acadmica e s quais gostaria de deixar o meu mais sincero agradecimento.
Ao Professor Hiplito Sousa, deixo-lhe um sincero agradecimento pela disponibilidade, dedicao e pacincia que desde incio demonstrou. Pelas ideias e orientaes claras e pela motivao que me procurou transmitir para que pudesse produzir um bom trabalho num to curto espao de tempo.
Aos meus amigos, em particular queles que me acompanharam e apoiaram durante o percurso acadmico e que estiveram presentes nos momentos bons e nos momentos maus, deixo-lhes aqui o meu agradecimento.
Aos meus pais pela presena constante na minha vida, pela educao exemplar que me transmitiram, pelos sacrifcios que passaram para me garantir a melhor formao que pude ter e pela confiana que depositaram em mim, deixo-lhes aqui o meu mais profundo agradecimento.
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RESUMO
O presente trabalho pretende dar a conhecer formas de construo de coberturas planas com componentes leves que constituam alternativas viveis s solues utilizadas tradicionalmente em Portugal, bem como documentar e organizar informao relativa aos constituintes de uma cobertura deste tipo.
Inicialmente, realizada uma descrio geral das utilizaes histricas de coberturas planas e as evolues que estas foram sofrendo. So tambm apresentadas algumas classificaes referentes a este tipo de coberturas segundo informaes tcnicas portuguesas.
Em seguida so dados a conhecer alguns tipos de aes a que este tipo de coberturas est sujeito, os sistemas estruturais mais usuais e os tipos de decks a utilizar. Na apresentao dos decks portantes de cobertura, abordam-se algumas caractersticas de materiais leves e de algumas normas tcnicas relevantes no seu estudo.
ainda feita uma descrio das restantes camadas como protees de revestimento, impermeabilizaes e isolamentos, onde so apresentadas as suas funes, materiais e algumas caractersticas construtivas ou de produo.
Por fim, so apresentados quatro exemplos de coberturas planas leves em edifcios j existentes, onde se procura perceber algumas das diferenas entre as solues de cobertura utilizadas, nomeadamente o peso prprio, a capacidade de carga e a capacidade de isolamento trmico.
PALAVRAS-CHAVE: Cobertura plana, terrao, construo leve, anlise de solues, deck de cobertura.
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ABSTRACT
The present work intends to make known some forms of flat roof construction using lightweight components that may be used as feasible alternatives to the Portuguese traditional forms of construction, and also document and organize information about components used on this type of roof.
Initially, it is performed an overview of the historical uses given to flat roofs and the evolutions that occurred. It is also presented some flat roof classifications according to Portuguese technical information.
It is also make known the main actions that this kind of construction is subjected, the most common structural systems and the loadbering decks. On the presentation of loadbering decks solutions, it is discussed some characteristics of lightweight materials and some relevant normalizations.
Following it is described the composing layers of a flat roof such as protections, waterproofing and insulation, where are presented its functions, composing materials and design principles.
Lastly, its presented four examples of lightweight flat roof construction, which are used to understand some differences between the variety of solutions, such as self-weight, loading capacity and thermal insulation.
KEYWORDS: Flat roof, terrace, lightweight construction, solution analysis, roof decking
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NDICE GERAL
AGRADECIMENTOS ................................................................................................................... I RESUMO ................................................................................................................................ III ABSTRACT .............................................................................................................................. V
1 INTRODUO ................................................................. 1 1.1 ENQUADRAMENTO ..................................................................................................... 1 1.2 OBJETIVOS E METODOLOGIA ...................................................................................... 3 1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ........................................................................................ 3
2 GENERALIDADES SOBRE COBERTURAS PLANAS .. 5 2.1 EVOLUO DA COBERTURA PLANA [3] ....................................................................... 5 2.1.1 COBERTURAS EM TERRA E BARRO ...................................................................................... 5 2.1.2 APARECIMENTO DAS PRIMEIRAS COBERTURAS EM TERRAO NA EUROPA CENTRAL ............... 8 2.1.3 AFIRMAO DAS COBERTURAS PLANAS EM CHICAGO ......................................................... 10 2.1.4 TIPOS DE CONSTRUO NO MOVIMENTO MODERNISTA ....................................................... 11 2.1.5 A EXPANSO DAS COBERTURAS PLANAS AT ARQUITETURA CONTEMPORNEA ................. 11
2.2 CLASSIFICAO DE COBERTURAS PLANAS SEGUNDO O ITE34 [11] ............................ 13 2.2.1 CLASSIFICAO QUANTO ACESSIBILIDADE ...................................................................... 13 2.2.2 CLASSIFICAO QUANTO CAMADA DE PROTEO ............................................................ 14 2.2.3 CLASSIFICAO QUANTO AO TIPO DE IMPERMEABILIZAO ................................................. 15 2.2.4 CLASSIFICAO QUANTO LOCALIZAO DA CAMADA DE ISOLAMENTO TRMICO ................. 15 2.2.5 CLASSIFICAO QUANTO PENDENTE............................................................................... 17 2.2.6 CLASSIFICAO QUANTO ESTRUTURA RESISTENTE .......................................................... 18
3 ESTRUTURA PORTANTE DE COBERTURAS PLANAS ....................................................................................... 21 3.1 CONSIDERAES GERAIS ........................................................................................ 21 3.2 TIPOS DE AES EM COBERTURAS PLANAS .............................................................. 22 3.2.1 PESO PRPRIO [3] ........................................................................................................... 22 3.2.2 AES IMPOSTAS ............................................................................................................ 23 3.2.3 AO DA NEVE ................................................................................................................. 24 3.2.4 AO DO VENTO .............................................................................................................. 26 3.3 SISTEMAS ESTRUTURAIS PRIMRIOS [3] ................................................................... 29 3.3.1 SISTEMAS COM ELEMENTOS MACIOS ............................................................................... 29 3.3.1.1 Viga simplesmente apoiada ...................................................................................... 29
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3.3.1.2 Viga contnua com trs vos ..................................................................................... 29 3.3.1.3 Prtico encastrado ..................................................................................................... 29 3.3.1.4 Prtico articulado ....................................................................................................... 30 3.3.1.5 Prtico isosttico ........................................................................................................ 30 3.3.1.6 Estrutura em grelha ................................................................................................... 30 3.3.2 SISTEMAS TRELIADOS .................................................................................................... 31 3.3.2.1 Trelia simplesmente apoiada ................................................................................... 31 3.3.2.2 Prtico treliado encastrado ...................................................................................... 31 3.3.2.3 Prtico treliado articulado ........................................................................................ 31 3.3.2.4 Prtico treliado isosttico ......................................................................................... 32 3.3.2.5 Grelha em trelia ....................................................................................................... 32 3.3.2.6 Trelia espacial plana ................................................................................................ 32 3.3.3 SISTEMAS DE OTIMIZAO DE ESTRUTURAS ....................................................................... 33 3.4 DECKS AUTOPORTANTES ......................................................................................... 34 3.4.1 DECKS METLICOS ........................................................................................................... 34 3.4.1.1 Perfis metlicos simples ............................................................................................ 35 3.4.1.2 Perfis metlicos compostos ....................................................................................... 40 3.4.2 DECK EM MADEIRA ........................................................................................................... 42
3.4.2.1 Deck de tbuas e pranchas ....................................................................................... 43 3.4.2.2 Deck de derivados de madeira .................................................................................. 44 3.4.2.3 Painis canelados e formas em caixo ..................................................................... 45 3.4.2.4 Sistemas em madeira macia contralaminados (CLT) .............................................. 46 3.4.3 COBERTURA EM VIDRO ..................................................................................................... 47 3.4.3.1 Microestrutura e impurezas ....................................................................................... 47 3.4.3.2 Tipos de vidro [45] ..................................................................................................... 48 3.4.3.3 Vidro temperado [45] ................................................................................................. 49 3.4.3.4 Vidro termoendurecido [45] ....................................................................................... 50 3.4.3.5 Vidro laminado [3, 45] ................................................................................................ 50 3.4.3.6 Vidro com revestimento superficial [45] ..................................................................... 51 3.4.3.7 Vidro duplo [45] .......................................................................................................... 51 3.4.3.8 Conceo de envidraados suspensos [3] ................................................................ 52 4 PRINCIPAIS CONSTITUINTES DE COBERTURAS PLANAS .................................................................................. 55 4.1 PROTEO DA SUPERFCIE DA COBERTURA .............................................................. 55 4.1.1 MATERIAL LASCADO OU GRANULADO ................................................................................. 55
4.1.2 MATERIAL SOLTO ............................................................................................................. 56
4.1.3 LADRILHOS SOBRE BETONILHA E PLACAS PREFABRICADAS .................................................. 57
4.1.4 PROTEO ATRAVS DE VEGETAO ................................................................................ 57
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4.1.5 TIPO DE PLANTAO A COLOCAR ...................................................................................... 59 4.1.5.1 Plantao extensiva .................................................................................................. 59 4.1.5.2 Plantao intensiva ................................................................................................... 60 4.1.5.3 Plantao semi-intensiva........................................................................................... 61 4.1.5.4 Substrato ................................................................................................................... 61 4.1.5.5 Membrana filtrante (geotxtil) .................................................................................... 62 4.1.5.6 Membrana drenante e rega ....................................................................................... 62 4.1.5.7 Membrana protetora .................................................................................................. 63 4.2 REVESTIMENTOS DE IMPERMEABILIZAO ................................................................ 64 4.2.1 MATERIAIS BETUMINOSOS ................................................................................................ 65
4.2.2 PRODUTOS ELABORADOS [11] [65] ................................................................................... 65 4.2.2.1 Emulses betuminosas ............................................................................................. 65 4.2.2.2 Pinturas betuminosas ................................................................................................ 66 4.2.2.3 Produtos betuminosos modificados .......................................................................... 66 4.2.2.4 Cimento vulcnico ..................................................................................................... 66 4.2.3 MATERIAIS DE IMPERMEABILIZAO TRADICIONAIS PREFABRICADOS [66] ............................ 67 4.2.4 MATERIAIS DE IMPERMEABILIZAO NO-TRADICIONAIS APLICADOS EM PASTA [65] .............. 68 4.2.4.1 Emulses e solues de betume modificado por polmero ....................................... 69 4.2.4.2 Betumes modificados aplicados a quente ................................................................. 69 4.2.4.3 Resinas polimricas .................................................................................................. 69 4.2.4.4 Produtos cimentcios ................................................................................................. 70 4.2.5 MATERIAIS DE IMPERMEABILIZAO NO-TRADICIONAIS PREFABRICADOS ............................ 70 4.2.5.1 Betumes modificados [66] ......................................................................................... 71 4.2.5.2 Materiais plsticos [65] .............................................................................................. 72 4.2.5.3 Elastmeros [65] ........................................................................................................ 73 4.2.6 IMPERMEABILIZAO ATRAVS DE ELEMENTOS FOTOVOLTAICOS INTEGRADOS ..................... 74 4.2.7 IMPERMEABILIZAO ATRAVS DE CHAPAS METLICAS ....................................................... 75 4.2.7.1 Chapas metlicas perfiladas ..................................................................................... 75 4.2.7.2 Chapas em ao inoxidvel ........................................................................................ 77 4.2.8 IMPERMEABILIZAO ATRAVS DE VIDRO ........................................................................... 78 4.2.8.1 Construo ................................................................................................................ 78 4.2.8.2 Pendente ................................................................................................................... 79 4.2.8.3 Selagem das juntas ................................................................................................... 79 4.2.8.4 Montagem .................................................................................................................. 80 4.3 MATERIAIS DE ISOLAMENTO ..................................................................................... 81 4.3.1 ESPUMAS PLSTICAS ....................................................................................................... 81 4.3.1.1 Espumas rgidas de poliestireno ............................................................................... 81 4.3.1.2 Espuma rgida de poliuretano (PUR) ........................................................................ 83 4.3.2 LS MINERAIS (MW) ........................................................................................................ 84
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4.3.3 VIDRO CELULAR (CG) ....................................................................................................... 84 4.3.4 FIBRAS DE MADEIRA (WF) ................................................................................................ 85 4.4 MEMBRANAS DE PROTEO, DE DESSOLIDARIZAO, DE LIGAO E PRA-VAPOR ..... 86 4.4.1 MEMBRANAS DE PROTEO .............................................................................................. 86 4.4.2 MEMBRANAS DE DESSOLIDARIZAO OU SEPARAO ......................................................... 86 4.4.3 BARREIRAS PRA-VAPOR .................................................................................................. 86 4.4.4 MEMBRANAS DE LIGAO ................................................................................................. 88 4.5 PENDENTE .............................................................................................................. 89 4.6 DRENAGEM ............................................................................................................. 90 4.6.1 SISTEMA DE DRENAGEM GRAVTICA ................................................................................... 91 4.6.2 SISTEMA DE DRENAGEM SIFNICA [88] .............................................................................. 92 4.6.3 DRENAGEM DE EMERGNCIA ............................................................................................. 93
4.7 ILUMINAO - CLARABOIAS [3]................................................................................. 94 5 ANLISE DE SOLUES ............................................ 97 5.1 EXIGNCIAS FUNCIONAIS DE COBERTURAS PLANAS ................................................... 97 5.2 ANLISE DE SOLUES DE COBERTURAS PLANAS ................................................... 100 5.2.1 EXEMPLO 1 COBERTURA EM DECK METLICO COM REVESTIMENTO PLSTICO ................. 101 5.2.2 EXEMPLO 2 COBERTURA EM DECK METLICO COM PROTEO PESADA ........................... 102 5.2.3 EXEMPLO 3 COBERTURA EM DECK MADEIRA COM REVESTIMENTO METLICO ................... 102 5.2.4 EXEMPLO 4 COBERTURA EM DECK DE MADEIRA COM REVESTIMENTO VEGETALIZADO ...... 103 5.2.5 PESO-PRPRIO .............................................................................................................. 104 5.2.6 CAPACIDADE DE SUPORTE .............................................................................................. 108 5.2.7 ISOLAMENTO TRMICO .................................................................................................... 111 5.2.8 OUTRAS CARACTERSTICAS ............................................................................................ 115 5.2.8.1 Isolamento acstico ................................................................................................. 115 5.2.8.2 Refletividade do revestimento ................................................................................. 116 5.2.8.3 Instalaes na cobertura ......................................................................................... 116 5.2.8.4 Montagem ................................................................................................................ 116
6 CONCLUSES ........................................................... 117 6.1 PRINCIPAIS CONCLUSES ...................................................................................... 117 6.1.1 GERAIS .......................................................................................................................... 117 6.1.2 ANLISE DE SOLUES ................................................................................................... 118 6.2 DESENVOLVIMENTOS FUTUROS .............................................................................. 119 BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................................... 121
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NDICE DE FIGURAS
Fig. 1.1 Cobertura plana leve em madeira (novo hotel Mitland em Utrecht) [1] .................................. 2
Fig. 2.1 Tipo de coberturas existentes em Sana[4].............................................................................. 6
Fig. 2.2 Taos Pueblo no Novo Mxico[5] ............................................................................................. 6
Fig. 2.3 Habitaes do vale de Hunza, Caxemira, Paquisto [3]......................................................... 7
Fig. 2.4 Casa em Lhasa, Tibete [3] ...................................................................................................... 7
Fig. 2.5 Paisagem da cobertura do complexo do mosteiro de Laprang, Qinghai, China [3] ............... 8
Fig. 2.6 Sistema de 10 jardins terrao em Isola Bella, Lago Maggiore [6] .......................................... 9
Fig. 2.7 Colocao de camadas betuminosas segundo Hausler (sc. XIX)[3] .................................... 9
Fig. 2.8 Kaufmann Residence, Frank Lloyd Wright (1937)[7] ............................................................ 10
Fig. 2.9 Crown Hall (1956) [8] ............................................................................................................ 12 Fig. 2.10 Veldromo de Berlim (1997) [9] .......................................................................................... 12
Fig. 2.11 Muse des Beaux-Arts em Lille(1997) [10] ......................................................................... 12
Fig. 2.12 Esquema de cobertura quente [12] ..................................................................................... 15
Fig. 2.13 Cobertura invertida [12] ....................................................................................................... 16
Fig. 2.14 Cobertura fria ventilada [12] ................................................................................................ 16
Fig. 2.15 Estruturas resistentes do tipo A [13] ................................................................................... 19
Fig. 2.16 Estruturas resistentes do tipo B [13] ................................................................................... 19
Fig. 2.17 Estruturas resistentes do tipo C [13] ................................................................................... 19
Fig. 2.18 Estruturas resistentes do tipo D [13] ................................................................................... 19
Fig. 3.1 Classificao das zonas quanto possibilidade de ocorrncia de neve [18] ....................... 25
Fig. 3.2 Procedimento recomendado para a determinao do coeficiente de presso exterior cpe em edifcios para uma superfcie carregada A compreendida entre 1 m2 e 10 m2 [19] .............................. 27
Fig. 3.3 Zonas em coberturas em terrao [19] ................................................................................... 27
Fig. 3.4 Viga simplesmente apoiada [3] ............................................................................................. 29
Fig. 3.5 Viga contnua em trs vos [3] .............................................................................................. 29
Fig. 3.6 Estrutura em prtico encastrado [3] ...................................................................................... 29
Fig. 3.7 Prtico articulado [3] ............................................................................................................. 30
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Fig. 3.8 Prtico isosttico [3] .............................................................................................................. 30
Fig. 3.9 Estrutura em grelha [3] .......................................................................................................... 30
Fig. 3.10 Estrutura em trelia simplesmente apoiada [3] ................................................................... 31
Fig. 3.11 Prtico treliado encastrado [3] ........................................................................................... 31
Fig. 3.12 Prtico treliado articulado [3] ............................................................................................. 31
Fig. 3.13 Prtico treliado isosttico [3] .............................................................................................. 32
Fig. 3.14 Estrutura em grelha treliada [3] ......................................................................................... 32
Fig. 3.15 Estrutura em trelia espacial plana [3] ................................................................................ 32
Fig. 3.16 Envolvente de momentos fletores em viga simplesmente apoiada [3] ............................... 33
Fig. 3.17 Envolvente de momentos fletores em viga encastrada nas duas extremidades [3] ........... 33
Fig. 3.18 Envolvente de momentos fletores de viga simplesmente apoiada com consola [3] ........... 33
Fig. 3.19 Envolvente de momentos fletores em viga simplesmente apoiada com consolas nas duas extremidades [3] .................................................................................................................................... 34
Fig. 3.20 Envolvente de momentos fletores em viga simplesmente apoiada com consolas nas duas extremidades [3] .................................................................................................................................... 34
Fig. 3.21 Detalhe e terminologia para uma chapa metlica de perfil trapezoidal segundo a norma DIN 18807 [3] ......................................................................................................................................... 35
Fig. 3.22 Chapa metlica de perfil trapezoidal com nervuras transversais [21] ................................. 36
Fig. 3.23 Instalao positiva (esq.) e instalao negativa (dir.) [3] .................................................... 36 Fig. 3.24 Distribuio das cargas laterais num edifcio [23] ............................................................... 38
Fig. 3.25 Detalhe e terminologia para sistema em cassete segundo a norma DIN 18807 [3] ........... 39
Fig. 3.26 Detalhe de dobragem entre chapas [25] ............................................................................. 40
Fig. 3.27 Detalhe de painel sandwich [3]............................................................................................ 40
Fig. 3.28 Vigas de madeira macia colada [33] ................................................................................. 43
Fig. 3.29 Produtos derivados de madeira a LVL [34], b OSB [35], c MDF [36], d Aglomerado de partculas de madeira [37]............................................................................................ 43
Fig. 3.30 Sistema de deck em tbuas de madeira [3] ........................................................................ 44
Fig. 3.31 Sistema de deck de derivados de madeira [3] .................................................................... 44
Fig. 3.32 Sistema de deck canelado [3] ............................................................................................. 46
Fig. 3.33 Sistema de deck em caixo [3] ............................................................................................ 46
Fig. 3.34 Sistema de deck em madeira macia contralaminada [43] ................................................. 47
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Fig. 3.35 Vidro como material estrutural [44] ..................................................................................... 47
Fig. 3.36 Diagramas de esforos do ao e do vidro........................................................................... 48
Fig. 3.37 Exemplo de fragmentao do vidro temperado [47] ........................................................... 49
Fig. 3.38 Esquema do padro de quebra de: a vidro float; b vidro termoendurecido; c vidro temperado [52] ...................................................................................................................................... 51
Fig. 3.39 Pontos restringidos e no restringidos no suporte do vidro: a Ponto restringido; b Ponto restringido numa das direes; c ponto que permite deslocamentos em ambas as direes [3] ..... 53
Fig. 3.40 Definio de ngulo e espaamentos para vidro suportado em pontos perfurados [3] ..... 53
Fig. 4.1 Proteo granulada em tela impermeabilizante [54] ............................................................. 56
Fig. 4.2 Proteo de cobertura com godo [55] ................................................................................... 56
Fig. 4.3 Proteo de cobertura ladrilhos de beto [56] ...................................................................... 57
Fig. 4.4 Disposio tipo das camadas que compem uma cobertura ajardinada [57] ...................... 58
Fig. 4.5 Exemplo de cobertura ajardinada em edifcio leve [58] ........................................................ 58
Fig. 4.6 Tipos de sistemas de plantao em coberturas: a plantao intensiva; b Plantao semi-intensiva; c plantao extensiva [3] .......................................................................................... 59
Fig. 4.7 Exemplo de vegetao presente numa cobertura com plantao extensiva [59] ................ 60
Fig. 4.8 Exemplo de vegetao presente numa cobertura com plantao semi-intensiva [60] ........ 60
Fig. 4.9 Exemplo de vegetao presente numa cobertura com plantao semi-intensiva [61] ........ 61
Fig. 4.10 Substrato de uma cobertura ajardinada [62] ....................................................................... 62
Fig. 4.11 Geotxtil para coberturas ajardinadas [63] ......................................................................... 62
Fig. 4.12 Membranas de drenagem e rega [64] ................................................................................. 63
Fig. 4.13 Diferena esquemtica entre tela (esq.) e feltro (dir.) [66] .................................................. 67
Fig. 4.14 Membrana de impermeabilizao sem acamento (esq.) e com acabamento superior (dir.) [65] ......................................................................................................................................................... 72
Fig. 4.15 Membranas flexveis com elementos fotovoltaicos integrados [71] .................................... 75
Fig. 4.16 Juntas longitudinais entre chapas sobrepostas (a fixadas com seces de alumnio extrudido, b- fixadas com suportes prefabricados) [3] .......................................................................... 76
Fig. 4.17 Junta soldada de cobertura em ao inoxidvel [3] .............................................................. 77
Fig. 4.18 Clip fixo ( esq.) e clip de expanso ( dir.) ( [3] ................................................................ 78
Fig. 4.19 Impermeabilizao de uma cobertura envidraada com recurso a junta patenteada [3] .... 79
Fig. 4.20 Impermeabilizao de uma cobertura envidraada com recurso a silicone [3] .................. 79
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Fig. 4.21 Fixao pontual atravs de perfurao no vidro [3] ............................................................ 80
Fig. 4.22 Fixao pontual no vidro atravs das juntas [3] .................................................................. 80
Fig. 4.23 Poliestireno expandido [80] ................................................................................................. 82
Fig. 4.24 Poliestireno extrudido em cobertura invertida [81] .............................................................. 83
Fig. 4.25 Espuma rgida de poliuretano [82]....................................................................................... 83
Fig. 4.26 L de vidro (esq.) [83] e L de rocha (dir.) [84] .................................................................. 84
Fig. 4.27 Vidro celular [85] .................................................................................................................. 85
Fig. 4.28 Isolamento trmico base de fibras de madeira [80] ......................................................... 85
Fig. 4.29 Variao das caractersticas de permeabilidade ao vapor da membrana de poliamida em funo da humidade relativa ambiente [86] .......................................................................................... 88
Fig. 4.30 Pendente atravs do isolamento trmico [87] ..................................................................... 90
Fig. 4.31 Ralo para cobertura plana [88] ............................................................................................ 91
Fig. 4.32 Sistema de drenagem gravtica [89] .................................................................................... 91
Fig. 4.33 Sistema de drenagem gravtica [89] .................................................................................... 92
Fig. 4.34 Drenagem de emergncia em coberturas planas com platibanda [90]............................... 93
Fig. 4.35 Claraboias fixas [93] ............................................................................................................ 95
Fig. 4.36 Claraboias de abertura [94] ................................................................................................. 95
Fig. 4.37 Caixilho de montagem (1- Caixilho em madeira; 2- Isolamento trmico resistente compresso ou madeira) [3] .................................................................................................................. 96 Fig. 4.38 Ligao do caixilho de montagem estrutura de suporte [3] ............................................. 96
Fig. 5.1 Corte de cobertura exemplo 1 ............................................................................................. 101
Fig. 5.2 Corte de cobertura exemplo 2 ............................................................................................. 102
Fig. 5.3 Corte transversal de cobertura exemplo 3 .......................................................................... 103
Fig. 5.4 Corte longitudinal b-b de cobertura exemplo 3 ................................................................... 103
Fig. 5.5 Corte de cobertura exemplo 4 ............................................................................................. 104
Fig. 5.6 Peso percentual de cada camada numa soluo do tipo 1 ................................................ 106
Fig. 5.7 - Peso percentual de cada camada numa soluo do tipo 2 ................................................. 106
Fig. 5.8 - Peso percentual de cada camada numa soluo do tipo 3 ................................................. 107
Fig. 5.9 - Peso percentual de cada camada numa soluo do tipo 4 ................................................. 107
Fig. 5.10 Diagrama de capacidade de suporte para um perfil 35/207 ............................................. 108
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Fig. 5.11 Diagrama de capacidade de suporte para um perfil 135/310 ........................................... 109
Fig. 5.12 - Diagrama de capacidade de suporte para um perfil 160/250 ............................................ 109
Fig. 5.13 - Diagrama de capacidade de suporte para um perfil 200/375 ............................................ 109
Fig. 5.14 Esquema de um deck em madeira LIGNATUR [104] ....................................................... 110
Fig. 5.15 - Diagrama de capacidade de suporte para caixotes de madeira LIGNATUR .................. 110
Fig. 5.16 Peso percentual de cada camada na resistncia trmica da cobertura do tipo 1 ............ 113
Fig. 5.17 - Peso percentual de cada camada na resistncia trmica da cobertura do tipo 2 ............. 113
Fig. 5.18 - Peso percentual de cada camada na resistncia trmica da cobertura do tipo 3 ............. 114
Fig. 5.19 - Peso percentual de cada camada na resistncia trmica da cobertura do tipo 4 seca .... 114
Fig. 5.20 - Peso percentual de cada camada na resistncia trmica da cobertura do tipo 4 saturada ............................................................................................................................................................. 114
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NDICE DE QUADROS (OU TABELAS)
Quadro 2.1 Classificao das coberturas quanto acessibilidade [11] ............................................ 13
Quadro 2.2 Classificao das coberturas quanto ao tipo de proteo e dos materiais que a constituem [11] ...................................................................................................................................... 14
Quadro 2.3 Classificao das coberturas quanto ao tipo de revestimento de impermeabilizao [11] ............................................................................................................................................................... 15
Quadro 2.4 Classificao das coberturas quanto localizao da camada de isolamento .............. 16
Quadro 3.1 Peso prprio indicativo para diferentes tipos de cobertura plana [3] .............................. 22
Quadro 3.2 Peso prprio indicativo para diferentes tipos de cobertura ajardinada [17] .................... 23
Quadro 3.3 Peso Volmico aparente mdio da neve [18] ................................................................. 24
Quadro 3.4 Coeficientes de presso exterior para coberturas planas [19] ....................................... 28
Quadro 3.5 Valores nominais mnimos de espessuras de placas metlicas autoportantes para coberturas [20]....................................................................................................................................... 35
Quadro 3.6 Capacidade de carga de chapas metlicas em perfil trapezoidal para cargas uniformemente distribudas q (kN/m2) [3] .............................................................................................. 37
Quadro 3.7 Capacidade de carga de chapas metlicas em cassete e chapas compostas, para cargas uniformemente distribudas q (kN/m2) [3] .................................................................................. 41
Quadro 3.8 Vos para decks portantes de produtos derivados de madeira, painis canelados e elementos em caixo [3] ....................................................................................................................... 45
Quadro 3.9 Tipos de vidro [45] ........................................................................................................... 48
Quadro 4.1 Tamanho das partculas para membrana drenante ........................................................ 63
Quadro 4.2 Classificao de materiais de impermeabilizao de coberturas segundo o ITE 34 [11] ............................................................................................................................................................... 64
Quadro 4.3 Classificao de materiais no-tradicionais aplicados na forma lquida ou pastosa [68] 68
Quadro 4.4 Classificao de materiais prefabricados no-tradicionais [68] ...................................... 70
Quadro 4.5 Formas e dimenses habituais de chapas metlicas perfiladas em alumnio, cobre (mais raro) e ao galvanizado[3] ..................................................................................................................... 76
Quadro 4.6 Parmetros fsicos de isolamentos trmicos [3] [73] ...................................................... 81
Quadro 4.7 Parmetros higromtricos de barreiras pra-vapor [3] ................................................... 87
Quadro 4.8 Sistemas de criao de pendentes em coberturas ......................................................... 89
Quadro 4.9 Vantagens do sistema sifnico [88] [90] ......................................................................... 92
Quadro 5.1 Exigncias funcionais em coberturas planas [11] ........................................................... 98
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Quadro 5.2 Exigncias essenciais para a conceo de edifcios definidas pela DPC [97] ............... 99
5.3 Comparao entre solues de coberturas ............................................................................... 101
Quadro 5.4 Valores de peso-prprio para os vrios elementos que compem as coberturas ........ 105
Quadro 5.5 Valores de resistncia trmica dos materiais que compem os tipos cobertura apresentados ....................................................................................................................................... 112
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Smbolos e Abreviaturas
qk carga uniformemente distribuda (kN/m2) Qk carga concentrada (kN) i coeficiente de forma para a carga de neve
s valor caracterstico da carga da neve na cobertura (kN/m2) sk valor caracterstico da carga de neve ao nvel do solo (kN/m2) Cz coeficiente dependente de zona para a possibilidade de ocorrncia de neve
H altitude (m) qb presso dinmica de referncia (kN/m2) densidade do ar (kg/m3) vb velocidade do vento (m/s) we presso do vento (kN/m2) qp(ze) presso dinmica de pico (kN/m2) ze altura de referncia para a presso exterior (m) cpe coeficiente de presso para a presso exterior
NiS sulfureto de nquel
RCCTE Regulamento das Caractersticas de Comportamento Trmico dos Edifcios
ITE Informaes Tcnicas de Edifcios
LNEC Laboratrio Nacional de Engenharia Civil
UEAtc Union Europenne pour l'Agrment Technique dans la Construction
DTU Document Technique Unifi
EC Eurocdigo
NP Norma Portuguesa
EN European Norm
CEN European Committee for Standardization
DIN Deutsche Industrie Norm
ECCS European Convention for Constructional Steelwork
CIB Conseil International du Btiment
OSB Oriented Strand Board
LVL Laminated Veneer Lumber
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xx
MDF Mdium-Density Fibreboard
HDF High- Density Fibreboard
CLT Cross Laminated Timber
PVB Polyvinyl Butyral
SGP SentryGlas Plus
ASTM - American Society for Testing and Materials
TRLV - Technical Rules for the Use of Glazing on Linear Supports
TRPV - Technical Rules for the Design and Construction of Point-Supported Glazing
APP Polipropileno atctico
CR Policloropreno
EMA Acetato de metil-etileno
EVA Etileno-acetato de vinilo
NR Borracha natural
PB Polibutileno
SBR Borracha de estireno-butadieno
SBS Estireno-butadieno-estireno
PVC Policloreto de vinilo
CPE Polietileno clorado
FTO Poliolefinas
TPO Poliolefinas
PP Polipropileno
PE Polietileno
EPDM Monmero de etileno-propileno-dieno
PIB Poli-isobutileno
MW L mineral
EPS Poliestireno expandido
XPS Poliestireno extrudido
PUR Espuma rgida de poliuretano
CG Vidro celular
WF Fibras de madeira
PA Poliamida
KMB Revestimentos betuminosos com polmeros modificados
PEAD Polietileno de alta densidade
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xxi
PMMA Polimetilmetacrilato
PC Policarbonato
PETG Poletileno tereftalado modificado com glicol
GFRP Polmero reforado com fibras de vidro
DPC Diretiva dos Produtos da Construo
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1 INTRODUO
1.1 ENQUADRAMENTO
A cobertura sempre foi um dos elementos fundamentais de qualquer edifcio construdo pelo Homem, e ainda hoje possui como principal funo a proteo face aos agentes atmosfricos. Com o passar dos anos, este elemento sofreu uma natural evoluo, da qual surgiram novas funes e formas de construo.
De uma forma simplificada, podem-se considerar dois grandes grupos de coberturas: as coberturas inclinadas e as coberturas planas ou em terrao. As coberturas inclinadas devem a sua forma necessidade de escoamento da gua proveniente das chuvas, e a menos que sejam aproveitados os vos criados abaixo desta, no apresentam muitas mais funcionalidades. As coberturas planas, em contrapartida, apresentam uma maior economia de espao e podem ser utilizadas, em certos casos, como um piso exterior adicional. A sua utilizao prtica tem sido demonstrada ao longo de vrios sculos pelas mais diversas culturas a nvel mundial e, aps uma evoluo tcnica dolorosa, assumem-se nos dias de hoje como uma das solues mais inteligentes para o total aproveitamento de um edifcio. Na sociedade contempornea industrializada, a sua evoluo deu-se, inicialmente, por uma necessidade arquitetnica para novos movimentos artsticos, mas rapidamente foi absorvida para construes de edifcios com grandes reas, como edifcios industriais e comerciais e edificaes em altura, onde, de resto, se apresentam em nmero muito significativo nos dias que correm. A sua aplicao em edifcios habitacionais tem particular significado para os referidos edifcios em altura, estando a sua utilizao ainda em expanso para o caso de habitaes mais pequenas.
Hoje em dia, a pele exterior de um edifcio encontra-se exposta, quase na sua totalidade, ao pblico, quer por acesso a edifcios mais altos, quer por acesso a imagens areas, e como tal, a cobertura assume cada vez mais um papel de quinta fachada. este um dos pontos em que a cobertura plana assume particular importncia, uma vez que permite no s criar uma maior variedade de solues arquitetnicas que possam ir de encontro envolvente do edifcio, como permitem a aplicao de solues de coberturas ajardinadas, que constituem um dos meios mais ecolgicos de cobrir um edifcio, j que reduzem o choque esttico que uma cobertura tem na paisagem, como tambm reduzem consideravelmente a pegada ecolgica das coberturas, nomeadamente na reduo de radiao refletida para a atmosfera e na capacidade de reteno de gua em pocas de elevada precipitao.
Devido sua rea de interveno e s aes a que se encontram expostas, as coberturas constituem uma carga estrutural importante para os edifcios, e neste ponto em que assenta a necessidade de uma construo leve. A economia de recursos e a necessidade de otimizao de sistemas com que a construo se depara, leva a que a utilizao de elementos leves na construo seja uma opo com futuro, e que j amplamente utilizada em edifcios com grandes reas. O mesmo no se verifica para
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2
construes habitacionais de pequeno porte, onde, em Portugal, se continua a dar grande importncia construo instituda em beto armado, e onde se tem verificado uma certa falta de capacidade de incorporar e adaptar outros sistemas de construo que podem potenciar setores de produo de matrias-primas do pas, como o caso da produo de madeira.
Fig. 1.1 Cobertura plana leve em madeira (novo hotel Mitland em Utrecht) [1]
Neste momento no est estabelecido por nenhum organismo ou entidade oficial a fronteira que define se um dado elemento da construo considerado leve ou pesado. Por esta razo, foi considerada uma classificao pessoal baseada na classificao de inrcia trmica do RCCTE [2]. Neste regulamento, a inrcia trmica interior de um elemento considerada de fraca para elementos com massa superficial inferior a 150 kg/m2, mdia para uma massa superficial entre 150 400 kg/m2, e forte para uma massa superficial superior a 400 kg/m2. Tendo em conta estes valores e os pesos prprios de lajes de coberturas tipo que podem ser consultadas no Quadro 3.1, sero consideradas para o presente estudo coberturas leves aquelas que apresentem um peso prprio inferior a 250 kg/m2, independentemente da rea que cubram. Desta forma sero abordadas, nesta dissertao, solues de coberturas planas que envolvam materiais como madeira e metal, fazendo a abordagem tambm a algumas especificidades de coberturas em vidro e coberturas com ajardinamentos. As solues base de beto no sero abordadas devido ao seu peso e sua elevada divulgao, procurando-se com isto apresentar solues alternativas s tradicionais.
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1.2 OBJETIVOS E METODOLOGIA
Como j foi referido, esta dissertao procura abordar e estudar o tema das coberturas planas base de componentes leves. A anlise realizada sobre este tema procurar desenvolver os seguintes objetivos:
desenvolver o conhecimento sobre o tema das coberturas planas com base em componentes leves, compreendendo a sua importncia;
compilar e resumir informao relativa construo de coberturas deste tipo, apresentando algumas classificaes e tipificaes de coberturas;
perceber e apresentar as principais aes a que se encontra sujeita uma estrutura deste tipo compreender a complexidade e o funcionamento das diferentes camadas que constituem uma
cobertura deste tipo, descrevendo os tipos de materiais que as compem e as suas especificidades;
analisar de forma qualitativa e exigencial algumas solues de cobertura com componentes leves que possam constituir alternativas viveis na conceo de coberturas de edifcios.
A informao sobre este tema em lngua portuguesa ainda escassa, visando, maioritariamente, questes relacionadas com as camadas de impermeabilizao. Este trabalho apresenta-se, por isso, como um estado de arte abrangente sobre vrios temas relacionados com as coberturas planas de edifcios leves, no qual foram utilizadas, preferencialmente, referncias bibliogrficas estrangeiras. Pretende-se com isto criar uma base de informao atualizada e em portugus sobre o tema das coberturas planas e sobre a construo leve, que sirva para consulta e para o desenvolvimento de futuros trabalhos mais aprofundados sobre este tema.
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO
Com vista a desenvolver os objetivos propostos, o presente trabalho encontra-se organizado em 6 captulos.
O presente captulo destina-se a esclarecer o tema abordado, explicar os objetivos a que se prope e a apresentar a organizao do trabalho.
No captulo 2, comea-se por se apresentar a evoluo da tecnologia da cobertura plana, fazendo-se referncia s aplicaes dadas a este tipo coberturas em algumas culturas e civilizaes, seguido da descrio de algumas classificaes importantes no tema das coberturas planas, em que se abordam questes como a acessibilidade, proteo, tipo de impermeabilizao, localizao da camada isolamento trmico, a pendente e estrutura resistente.
A estrutura de suporte de uma cobertura abordada no captulo 3, onde so apresentadas inicialmente as aes atuantes mais significativas em coberturas deste tipo. Segue-se um ponto em que se procura esquematizar de forma simplificada os sistemas de estrutura primria mais comuns, tanto em seco cheia como em sistema de trelias. Este captulo finaliza-se com uma apresentao de dois tipos de sistemas leves de decks de cobertura, deck metlico e deck em madeira, onde se descrevem algumas das suas caractersticas de montagem, capacidade de carga e algumas normas a ter em conta. ainda realizada uma apresentao de algumas caractersticas de coberturas em vidro.
No captulo 4 feita uma descrio de especificidades das vrias camadas utilizadas em coberturas planas alm do suporte, como so o caso das camadas de proteo de superfcie, revestimentos de impermeabilizao, isolamentos trmicos e outras membranas. So ainda referidas algumas questes sobre a conceo de pendente, drenagem e iluminao.
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No captulo 5 so apresentadas, inicialmente, exigncias funcionais importantes em coberturas planas. Segue-se a apresentao de 4 exemplos de coberturas planas leves, duas em deck metlico e duas em deck de madeira, onde se procura interpretar a influencia que a aplicao, ou no, de determinadas camadas ou materiais tem no peso final do elemento cobertura e no isolamento trmico. So, ainda, discutidas algumas caractersticas da capacidade de carga de decks metlicos e em madeira.
O captulo 6 apresenta as concluses finais do trabalho e alguns desenvolvimentos futuros.
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2 GENERALIDADES SOBRE COBERTURAS PLANAS
2.1 EVOLUO DA COBERTURA PLANA [3]
2.1.1 COBERTURAS EM TERRA E BARRO
No incio do sculo XX, assim que as coberturas planas comearam a sua expanso gradual pela Europa Central, os seus maiores defensores, como Adolf Loos ou Le Corbusier, elevaram esta soluo a um patamar mtico. Esta soluo tornava possvel o cubismo nos edifcios, movimento muito procurado ento por razes estticas, mas fundamentalmente pela sua utilidade. Isto porque, quando usada de forma racional, esta tecnologia devolvia aos seus ocupantes o espao ocupado pelo edifcio em si. As coberturas planas so, por isso, mais que uma indispensvel terminao superior do edifcio ou uma proteo contra os agentes atmosfricos.
Sempre que existiam condies tcnicas viveis ou onde as condies climatricas permitissem, existiram populaes por todo o mundo que usaram as coberturas planas como uma mais-valia para as suas habitaes, quer fosse como zona auxiliar de circulao, como terrao, ou como meio de iluminao e ventilao dos compartimentos subjacentes. Tradicionalmente, encontram-se coberturas planas em regies quentes, com um baixo nvel de precipitao, sendo mais raras em zonas frias com elevada humidade ou em zonas propcias formao de neve. Os materiais disponveis na regio so outro fator importante. Em zonas onde a precipitao escasseia, o acesso madeira torna-se difcil, e a construo de coberturas horizontais consome uma quantidade muito inferior desse recurso valioso, comparativamente com as coberturas inclinadas mais complexas, onde so necessrias mais seces transversais no seu suporte. Apenas uma camada de ramos naturalmente tortos permite um adequado suporte das cargas de um pequeno painel ou troo de cobertura. A camada sobrejacente est, mais uma vez, dependente do que a natureza fornece e do tipo de controlo que queremos ter sobre a temperatura e humidade interiores, podendo-se encontrar solues como ramos de mato, razes, bambo, folhas de palmeira secas, pedras ou areia. A impermeabilizao , normalmente, garantida com materiais encontrados nas redondezas: terra e barro, que quando compactados formam uma superfcie macia e plana. No obstante, as coberturas planas requerem permanente manuteno, sendo esta efetuada, em muitas regies, aps a poca das chuvas.
Ao longo dos sculos, as populaes conceberam engenhosos mtodos de impermeabilizao. Tomemos como exemplo a capital do Imen, Sana, onde utilizado o qadath, um tipo de argamassa prova de gua feita a partir de uma mistura de gua, cal e lava basltica com uma sofisticada impregnao de gordura cozida.
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Fig. 2.1 Tipo de coberturas existentes em Sana[4]
Recentemente a empresa Phillips atribuiu o Phillips Livable Cities Award a um projeto desenvolvido na capital do Imen, que pela muito fraca pluviosidade desta regio e pelo difcil acesso a gua potvel, visava o aproveitamento das coberturas planas existentes na maioria dos edifcios para captao da gua das chuvas, que seriam depois filtradas e armazenadas em depsitos, garantindo um mais fcil acesso a gua potvel em pocas de seca intensa.
J para o Pueblo do sudoeste dos Estados Unidos da Amrica, foi a constante necessidade de expanso bem como o controlo de gastos de material e a capacidade de utilizao de espao que levaram a adoo de coberturas planas nas suas construes. As suas habitaes, os pueblos, baseavam-se numa espcie de sistema modular, com divises de dimenses semelhantes que facilitavam a adio vertical ou horizontal de novas divises consoante as necessidades logsticas familiares. Existia tambm a facilidade de trocar as funes das diferentes divises. (Fig. 2.2)
Fig. 2.2 Taos Pueblo no Novo Mxico [5]
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A populao do vale de Hunza, na parte de Caxemira pertencente ao Paquisto, vive em habitaes tpicas das regies estreis entre o Cucaso e os Himalaias (Fig. 2.3). So habitaes pequenas, densamente dispostas, contendo uma simples diviso cuja entrada se faz por um retngulo existente na cobertura e que serve para admisso de luz solar e ar e como ventilao do fumo gerado no interior da habitao. Esta abertura pode ser fechada quando necessrio.
Em montanhas ngremes, as coberturas planas so, muitas das vezes, a nica zona plana no exterior. Estas so usadas para todo o tipo de tarefas domsticas, servindo ocasionalmente para debulhar gros ou at mesmo de dormitrio nas noites quentes de Vero. Tm ainda uma funo especialmente importante na secagem de fruta, j que os habitantes destas zonas ridas dependem de um estilo de vida elaborado de armazenagem de alimentos devido aos Invernos rigorosos que enfrentam e s dificuldades que existem em desenvolver a atividade pecuria.
Fig. 2.3 Habitaes do vale de Hunza, Caxemira, Paquisto [3]
As coberturas planas esto tambm muito difundidas no Tibete pelas razes j explicadas anteriormente. As coberturas das casas agrcolas em zonas rurais, impermeabilizadas com uma camada achatada de barro, servem de extenso a zonas de habitao e de trabalho, existindo terraos em diferentes andares. Este tipo de coberturas tambm encontrado em casas citadinas onde funciona at como caminho.
Fig. 2.4 Casa em Lhasa, Tibete [3]
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Os grandes complexos dos mosteiros, onde habitam alguns milhares monges, assemelham-se a uma cidade cujos edifcios so cubculos densamente implantados, e cujas coberturas so tambm planas. No centro destes complexos existem santurios e templos com telhados dourados tpicos da cultura chinesa, no entanto estes telhados no tm apenas como funo a proteo contra os agentes naturais, funcionando smbolos da cidade (Fig. 2.5).
Fig. 2.5 Paisagem da cobertura do complexo do mosteiro de Laprang, Qinghai, China [3]
2.1.2 APARECIMENTO DAS PRIMEIRAS COBERTURAS EM TERRAO NA EUROPA CENTRAL
Apesar das coberturas planas serem usadas nos pases Mediterrnicos, na sia e nas Amricas desde que h memria, a sua utilizao em pases do Centro e Norte da Europa foi quase inexistente durante vrios sculos. Assim foi at ao aparecimento do movimento Renascentista, onde a geometria simples e linear dos edifcios comeou a substituir a arquitetura Gtica de arcos pontiagudos e arcobotantes. Surgia uma vontade de ver coberturas horizontais, mas a sua execuo revelava-se ainda muito complexa face s tecnologias existentes, tendo-se optado por executar telhados com uma inclinao mais reduzida, com impermeabilizao tradicional em cermico ou pedra, que ficavam escondidos atrs de elementos altos como balastres e platibandas que tinham como que um funcionamento independente.
Alguns arquitetos de renome como Leonardo da Vinci, inspirados pelos jardins suspensos da Babilnia, tentaram transformar esta tecnologia num conceito vivel, que se concretizou num aparecimento de algumas rplicas de jardins suspensos por toda a Itlia, culminando com a conceo, em 1630, de um sistema de 10 terraos ajardinados em Isola Bella (Fig. 2.6), no Lago Maggiore. Pouco tempo depois iniciou-se o aparecimento das primeiras coberturas jardim a Norte dos Alpes, apesar de serem exemplos espordicos e ligados a edifcios prestigiados para os quais se dispunha do poder econmico necessrio para cobrir as despesas inerentes grande quantidade de trabalho necessria para trabalhar materiais caros como alcatro, cobre e chumbo utilizados na impermeabilizao das superfcies.
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Fig. 2.6 Sistema de 10 jardins terrao em Isola Bella, Lago Maggiore [6]
Por volta de 1722, o Vereador de Dresden para a construo e comrcio, Paul Jacob Marperger, defendeu que o uso de coberturas em terrao no deveria ser visto apenas como um smbolo de luxo, mas fundamentalmente como um elemento prtico da edificao para a populao em geral. Apesar da sua ideologia ser vista como uma utopia, Marperger dedicou-se apaixonadamente adoo universal da cobertura plana, e antecipou muitos dos argumentos que viriam a ser utilizados 200 anos mais tarde. Destes argumentos destacavam-se no s a esttica, bem como a poupana em madeira, o reduzido risco de incndio e o ganho de espao no edifcio.
Aproximadamente um sculo mais tarde, surgiria um avano crucial na viabilidade deste tipo de solues pela mo de Samuel Hausler, que criara um sistema que envolvia a colagem de vrias camadas de betuminosas com alcatro in situ, colocando posteriormente areia ou gravilha (Fig. 2.7). Este tipo de soluo foi rapidamente adotada na segunda metade do sc. XIX, inicialmente em edifcios auxiliares, devido ao seu risco de incndio reduzido comparativamente s coberturas inclinadas com estrutura de madeira, e devido s suas relativamente boas capacidades de isolamento trmico. Um dos impulsionadores desta tecnologia foi o Romantismo, que trouxe novamente importncia aos terraos ajardinados. O impulsionador que se seguiu foi o beto armado que permitia tanto a simples construo de pisos e coberturas planas, como a moldagem do material aos desgnios da arquitetura.
Fig. 2.7 Colocao de camadas betuminosas segundo Hausler (sc. XIX)[3]
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2.1.3 AFIRMAO DAS COBERTURAS PLANAS EM CHICAGO
Foi na 2 metade do sc. XIX nos Estados Unidos da Amrica, fundamentalmente em Chicago, que se iniciou a construo de coberturas planas a larga escala. Aps o devastador incndio de 1871, no qual cerca de 18 000 edifcios foram destrudos, gerou-se um crescimento massivo da cidade. Devido aos preos dos terrenos e escassez de espao, surgiu uma configurao urbana onde os edifcios eram construdos at aos limites do terreno, sendo o limite em altura imposto pela tecnologia existente. A maioria destes novos edifcios eram utilizados para servios e era dado maior valor economia na construo e segurana contra incndio do que esttica, facto que levou a que estes edifcios tivessem coberturas planas. Mais uma vez o fator aproveitamento de espao tinha um peso importante especialmente numa cidade em que este escasseava.
Mas esta proliferao de coberturas horizontais s foi possvel com o desenvolvimento de feltros betuminosos que possibilitaram a utilizao de betume como elemento impermeabilizante de coberturas. Este betume era um dos desperdcios da destilao do petrleo e passou a estar disponvel a grande escala nos Estados Unidos a partir da segunda metade do sc. XIX.
Umas dcadas mais tarde, Frank Lloyd Wright procurou transferir as ideias implementadas nos edifcios de servios de Chicago para edifcios mais pequenos dos subrbios, tendo aplicado a tecnologia de coberturas em terrao numa das suas mais famosas obras, segundo o prprio, por razes de economia (Fig. 2.8).
Fig. 2.8 Kaufmann Residence, Frank Lloyd Wright (1937)[7]
Na Europa Central, a tentativa de implementar coberturas planas em edifcios de habitao foi feita por Adolf Loos com a casa Scheu em Viena (1912). A sua tentativa no foi vista com bons olhos pela populao de Viena que no compreendeu a verdadeira utilidade dos elementos horizontais e considerou a obra em geral como uma afronta arquitetnica.
Durante este periodo, a cobertura horizontal difundiu-se rapidamente em edifcios industriais onde eram vistas como estruturas teis onde a economia tinha maior importncia que a esttica.
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2.1.4 TIPOS DE CONSTRUO NO MOVIMENTO MODERNISTA
No incio do movimento modernista, quando a cobertura plana era j um elemento permanente na linguagem dos arquitetos vanguardistas, havia ainda um grande fosso entre aquilo que era o desejo da arquitetura e aquilo que era tecnicamente possvel executar. Muitos novos materiais de impermeabilizao e patentes surgiram no mercado, mas faltava ainda um grau de experincia que permitisse executar solues fiveis.
No arranque dos anos vinte prevaleciam ainda as solues com cimento e madeira, no que s coberturas planas diz respeito. No entanto, o beto reforado comeava a ganhar terreno em relao s vigas em madeira utilizadas para suporte estrutural.
Do ponto de vista da fsica dos edifcios, existiam ainda questes importantes por resolver. O isolamento trmico era mnimo e usualmente colocado no interior e as pontes trmicas eram mal resolvidas. Para evitar condensaes, era criado uma camada adicional de ar subjacente estrutura resistente, atravs da aplicao de uma rede metlica. Como impermeabilizao exterior, os acabamentos entre madeira e argamassa eram unidos por asfalto ou feltros prprios para coberturas.
A drenagem das guas pluviais, por esta altura, era ainda feita pelo exterior e para o permetro, o que requeria uma ligeira pendente para uma das direes, embora j existissem exemplos que demonstravam que era possvel drenar grandes superfcies de cobertura pelo interior, como era o caso do Sanatrio Schatzalp em Davos, construdo em 1900.
Foi neste contexto que um estudo sobre o estado de arte da dcada de 20, levado a cabo por Walter Gropius em 1926, atravs do contacto com os mais conceituados arquitetos da altura, revelou que, salvo algumas excees, os especialistas pensavam ter sob controlo os problemas da construo de coberturas planas. Tal no se viria a verificar pela divergncia de opinies sobre variados aspetos, como era o caso da disposio das diferentes camadas que compunham as coberturas, o tipo de materiais a utilizar, as camadas que se deviam utilizar e os remates que deviam ser executados no permetro da cobertura ou em zonas com elementos ascendentes.
2.1.5 A EXPANSO DAS COBERTURAS PLANAS AT ARQUITETURA CONTEMPORNEA
Nos anos que se seguiram Segunda Grande Guerra a tecnologia das coberturas planas tornou-se a norma, porm os seus problemas tcnicos ainda no haviam sido resolvidos. Na Alemanha, e em muitos outros pases que enfrentaram anos de reconstruo, a prosperidade econmica fez erguer um grande nmero de edifcios num curto espao de tempo, o que, aliado a deficincias tcnicas e estticas, viria a causar danos permanentes na reputao das coberturas planas. Por outro lado haveria arquitetos dedicados que conseguiram explorar as vantagens arquitetnicas e funcionais deste tipo de coberturas ao mximo, como o caso do Crown Hall (1956), em Chicago, desenvolvido por Ludwig Mies van der Rohe (Fig. 2.9). A cobertura plana do edifcio parece flutuar, suspensa por quatro vigas de ao sob as quais existe um espao amplo e flexvel onde no existem pilares, uma vez que toda que toda a estrutura de suporte do edifcio se apresenta como um elemento externo.
At dcada de 1980, a escolha da correta forma a dar a uma cobertura traduzia-se numa questo de crena do arquiteto. Aqueles que optavam pela cobertura horizontal eram vistos como modernistas, e aqueles que optavam por uma vertente inclinada eram vistos como da velha guarda. Esta ideia tornou-se obsoleta nos dias de hoje e as coberturas planas coabitam com as coberturas inclinadas, e o constante desenvolvimento de novos materiais e formas de construo vo atenuando as diferenas entre os dois tipos de construo referidos.
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Principalmente em edifcios prestigiados, a cobertura passou a ser vista como uma 5 fachada, procurando tornar cada vez mais o edifcio num invlucro nico. Exemplo disto o veldromo de Berlim, cuja cobertura e fachada so compostas por um mesmo material (Fig. 2.10). Outras solues mais ousadas como as utilizadas pelos arquitetos franceses Jean-Marc Ibos e Myrto Vitart, em Lille, contemplavam a utilizao de vidro numa cobertura plana de tal forma que se confundia com uma lagoa refletora na praa em frente ao Muse des Beaux-Arts (Fig. 2.11)
Fig. 2.9 Crown Hall (1956) [8]
Fig. 2.10 Veldromo de Berlim (1997) [9]
Fig. 2.11 Muse des Beaux-Arts em Lille(1997) [10]
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2.2 CLASSIFICAO DE COBERTURAS PLANAS SEGUNDO O ITE34 [11]
As coberturas planas podem ser classificadas de diversas formas. A classificao que se segue procura contemplar os principais parmetros a ter em conta na sua conceo e execuo e tem por base, preferencialmente, informao recolhida em bibliografia portuguesa.
Sem estabelecer nenhuma hierarquia, as coberturas planas podem classificar-se, segundo a sua acessibilidade, quanto camada de proteo, segundo o tipo de revestimentos de impermeabilizao, quanto localizao da camada de isolamento trmico, quanto pendente e quanto estrutura resistente.
2.2.1 CLASSIFICAO QUANTO ACESSIBILIDADE
Quanto acessibilidade podem-se distinguir as seguintes classes: coberturas de acessibilidade limitada; coberturas acessveis a pessoas; coberturas acessveis a veculos; coberturas especiais.
As coberturas no-acessveis ou, preferencialmente, de acessibilidade limitada so aquelas em que, devido dificuldade de acesso, natural ou propositadamente criada, apenas permitida a circulao ou permanncia de pessoas para a realizao de trabalhos de manuteno ou de reparao. Estas zonas de circulao temporria merecem cuidados especiais, nomeadamente atravs da criao de caminhos de circulao que protejam o revestimento de impermeabilizao das aes no previstas na generalidade da sua superfcie corrente.
Nas coberturas acessveis distinguem-se as que so destinadas circulao de pessoas daquelas destinadas circulao ou permanncia de veculos. Nas coberturas destinadas a veculos feita ainda a distino entre coberturas para veculos ligeiros das de veculos pesados.
Nas coberturas especiais temos os exemplos de coberturas ajardinadas ou heliportos. Quadro 2.1 Classificao das coberturas quanto acessibilidade [11]
Classe de coberturas Tipos de utilizao
Acessibilidade limitada Acesso limitado a trabalhos de manuteno ou reparao
Acessveis a pessoas Acesso limitado circulao de pessoas
Acessveis a veculos Ligeiros Acesso limitado circulao de veculos ligeiros e de pessoas
Pesados Permitida a circulao de veculos pesados, ligeiros e de pessoas
Coberturas especiais Coberturas com jardins, equipamentos industriais ou de outro tipo
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2.2.2 CLASSIFICAO QUANTO CAMADA DE PROTEO
Relativamente ao tipo de proteo utilizado, as coberturas podem enquadrar-se da seguinte forma:
coberturas sem proteo; coberturas com proteo leve; coberturas com proteo pesada.
O caso das coberturas sem proteo refere-se quelas coberturas cujo revestimento de impermeabilizao fica aparente, isto , sem qualquer camada aplicada sobre o mesmo ou integrada nesse revestimento.
A proteo leve duma cobertura plana pode ser de dois tipos: a que aplicada em fbrica sobre a superfcie superior do revestimento de impermeabilizao e aquela que executada em obra sobre esse revestimento. A proteo leve aplicada em fbrica sobre o revestimento de impermeabilizao, tambm designada por autoproteo, pode ser constituda por materiais de origem mineral, metlica ou orgnica. Os materiais de origem mineral mais utilizados so materiais granulares como areia fina, areo, gravilha, ou lamelas de xisto. Relativamente aos materiais de natureza metlica, destacam-se as folhas de alumnio e de cobre, e entre os materiais orgnicos encontram-se as folhas de plstico.
A proteo leve aplicada em obra constituda, geralmente, por uma pintura ou por materiais granulares. Ao primeiro grupo pertencem as tintas de alumnio ou as pinturas com cal, e ao segundo grupo, o areo e a gravilha.
No que proteo pesada diz respeito, tambm se podem distinguir dois grupos: aquele em que a proteo do revestimento de impermeabilizao formada por uma camada rgida, e a que constituda por materiais soltos. Todos os materiais que formam a proteo pesada so aplicados em obra, embora possam ser constitudos por elementos pr-fabricados. A proteo pesada rgida pode ser realizada com betonilha de argamassa armada ou no, ladrilhos cermicos ou hidrulicos assentes sobre betonilha, ou placas pr-fabricadas. Quanto proteo pesada constituda por materiais soltos, os godos (calhaus e seixos) so os mais eficazes, embora sejam muitas vezes utilizados materiais britados.
Quadro 2.2 Classificao das coberturas quanto ao tipo de proteo e dos materiais que a constituem [11]
Classe de cobertura
Tipos de utilizao
Aplicao Natureza Designao
Sem Proteo - - -
Com proteo leve Em fbrica Mineral Areia fina, areo, gravilha, lamelas de xisto
Metlica Folha de alumnio ou cobre
Orgnica Folha de plstico
Em obra Mineral Areo, gravilha
Orgnica Tintas de alumnio, pinturas com cal
Com proteo pesada
Em obra, em camada rgida Betonilha, ladrilhos sobre betonilha, placas pr-fabricadas
Em obra, em camada com material solto Godo, calhau ou seixo, material britado
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2.2.3 CLASSIFICAO QUANTO AO TIPO DE IMPERMEABILIZAO
Os revestimentos de impermeabilizao, como alis todos os produtos da construo, podem agrupar-se em revestimentos tradicionais e no-tradicionais.
Enquadram-se no primeiro tipo, os revestimentos relativamente aos quais se conhecem suficientemente bem as suas caractersticas e existe prtica suficiente da sua utilizao. Os revestimentos no-tradicionais so aqueles em que estas condies no se verificam. Nestes casos a caracterizao e a definio do seu campo de aplicao so feitas atravs de estudos mais ou menos complexos, que envolvem, no s uma campanha experimental, mas tambm visitas a obras onde o material tenha sido e esteja a ser aplicado. Estes estudos so traduzidos, em geral, num Documento de Homologao do LNEC, quando os resultados destas aes so favorveis.
Qualquer dos revestimentos referidos, tradicionais ou no, pode ser constitudo por materiais aplicados in situ ou por produtos pr-fabricados. Estes podem apresentar-se em forma lquida ou pastosa no primeiro caso, e sob a forma de membranas em pea para o caso dos produtos pr-fabricados. Dentro dos materiais in situ podem ainda distinguir-se aqueles que so aplicados a quente e a frio.
Quadro 2.3 Classificao das coberturas quanto ao tipo de revestimento de impermeabilizao [11]
Tipo de revestimento Tipo de materiais constituintes
Tradicionais Aplicados in situ
Pr-fabricados
No-tradicionais Aplicados in situ
Pr-fabricados
2.2.4 CLASSIFICAO QUANTO LOCALIZAO DA CAMADA DE ISOLAMENTO TRMICO
Esta classificao de alguma importncia, uma vez que consoante a disposio do isolamento trmico na cobertura, diferentes aes mecnicas, trmicas, ou de outro tipo vo surgir nas restantes camadas da cobertura.
A camada de isolamento trmico pode ser colocada ou executada em trs zonas distintas. A soluo mais comum consiste na aplicao do isolamento trmico em camada intermdia como suporte da impermeabilizao, ou ainda, embora menos usual, como suporte duma camada de forma. Este tipo de cobertura pode ser tambm designado por cobertura quente (warm roof).
Fig. 2.12 Esquema de cobertura quente [12]
Impermeabilizao
Isolamento trmico Barreira pra-vapor Deck de cobertura
Vigas de cobertura
Teto falso
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Outra soluo que tem vindo a ter uma utilizao cada vez maior, consiste na aplicao da camada de isolamento trmico sobre o sistema de impermeabilizao. Esta soluo correntemente designada por cobertura invertida, dada a inverso de posicionamento das camadas de isolamento trmico e de impermeabilizao, relativamente a uma soluo norma.
Fig. 2.13 Cobertura invertida [12]
Uma terceira soluo aquela que resulta da aplicao do isolamento trmico pela face interior da estrutura resistente, quer em tetos falsos, quer como camada ou revestimento aderente a essa estrutura. A este tipo de soluo d-se a designao de cobertura fria e pode ou no ser ventilada (Fig. 2.14). A utilizao desta soluo deve, contudo, ser evitada pelo facto de conduzir a uma reduo significativa da inrcia trmica, especialmente quando a estrutura resistente da cobertura pesada.
Fig. 2.14 Cobertura fria ventilada [12]
Quadro 2.4 Classificao das coberturas quanto localizao da camada de isolamento
Localizao do isolamento trmico
Cobertura com isolamento trmico sobre a estrutura resistente
Isolamento trmico intermdio Suporte de impermeabilizao
Suporte de camada de forma
Cobertura invertida Sobre a impermeabilizao
Cobertura com o isolamento trmico sob a estrutura resistente
Em tetos falsos
Aderente estrutura resistente
Proteo pesada
Isolamento trmico
Barreira pra-vapor/impermeabilizao
Deck de cobertura Vigas de cobertura
Teto falso
Impermeabilizao Deck de cobertura Espao de ar ventilado Viga de cobertura Isolamento trmico Teto falso
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2.2.5 CLASSIFICAO QUANTO PENDENTE
Geralmente considera-se uma cobertura plana ou em terrao quando a sua pendente assume valores muito baixos, tornando quase horizontais, ou mesmo horizontais, as camadas que as constituem. O valor da pendente abaixo da qual as coberturas podem ser consideradas em terrao varia de pas para pas, embora na maior parte dos casos as diferenas estipuladas por cada um deles sejam pouco significativas. Neste caso sero utilizados os conceitos contemplados na norma francesa pelo facto de corresponderem a valores intermdios de entre as vrias classificaes existentes [13]. Podem-se definir coberturas de pendente (p) nula, aquelas em que a sua pendente inferior a 1 %. Quanto s coberturas planas, estas podem-se subdividir consoante os seus elementos portantes[13]:
Elementos portantes em alvenaria ou base de madeira: 1 % < p 15 % Elementos portantes em chapa de ao nervurado: 1 % < p < 7 %
As coberturas inclinadas so aquelas em que a pendente adquire valores superiores aos referidos acima [13]:
Elementos portantes em alvenaria ou base de madeira: p > 15 % Elementos portantes em chapa de ao nervurado: p > 7 %
A deformao da cobertura particularmente importante em pendentes inferiores a 2 %, podendo-se formar depresses que retenham a gua em ponto indesejveis. A classificao das coberturas em planas quanto sua pendente est intimamente relacionada com a sua constituio e acessibilidade.
obvio que em coberturas acessveis a pessoas, as suas pendentes no deveram exceder valores que ponham em causa a facilidade de circulao.
Em relao ao tipo de proteo do sistema de impermeabilizao, as solues de proteo pesada, principalmente as que so constitudas por materiais soltos, restringem-se a coberturas de baixa pendente.
Outro aspeto que pode limitar a pendente da cobertura relaciona-se com o tipo de materiais utilizados no sistema de impermeabilizao. Por exemplo, no caso de sistemas com base em materiais betuminosos, a escolha de solues utilizando membranas constitudas por misturas betuminosas com temperaturas de amolecimento mais elevadas que as dos tradicionais betumes insuflados, possibilita a aplicao desses sistemas em coberturas com maiores pendentes, sem o eventual risco de escorrimento ou de deslizamento, devido ao do calor, respetivamente da mistura betuminosa ou das camadas desse sistema.
Uma classificao, mais antiga, pode ainda ser feita duma forma indireta, atravs de fatores como a facilidade de escoamento da gua e a possibilidade de aplicao de determinados tipos de proteo. Este critrio o adotado pelas diretivas UEAtc [14] que especificam quatro classes de coberturas:
Classe I coberturas cuja pendente origina estagnao de gua e permite a aplicao de proteo pesada;
Classe II coberturas cuja pendente permite o escoamento de gua e a aplicao de proteo pesada
Classe III coberturas cuja pendente, embora permitindo o escoamento fcil da gua, no aceita a aplicao de proteo pesada;
Classe IV coberturas cuja pendente impe medidas especiais na aplicao das suas camadas.
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2.2.6 CLASSIFICAO QUANTO ESTRUTURA RESISTENTE
Relativamente deformabilidade da estrutura resistente duma cobertura plana, podemos distinguir estruturas flexveis ou rgidas, consoante as deformaes relativas que se verificam na direo perpendicular ao plano da cobertura. Este aspeto da deformabilidade importante, dado que, para alm de poder ser fator limitativo da acessibilidade da cobertura, pode ter influencia substancial nas camadas sobrejacentes, nomeadamente na impermeabilizao. As estruturas rgidas podem ainda subdividir-se em contnuas ou descontnuas, conforme sejam executadas sem juntas (no incluindo as juntas de dilatao, caso estejam previstas), ou com juntas distribudas duma forma regular e com espaamento reduzido (correspondente s dimenses faciais dos painis que constituem geralmente este tipo de estrutura). As estruturas flexveis so normalmente descontnuas.
Entre as estruturas rgidas contnuas esto as prlajes e as lajes macias de beto armado ou pr-esforado, e como estruturas resistentes rgidas descontnuas, podem citar-se as pranchas vazadas prefabricadas de beto aramado ou pr-esforado e alguns perfis prefabricados especiais, do mesmo material, que vencem grandes vos e constituem lajes nervuradas. O DTU 20.12 [13], documento francs onde se especificam caractersticas e condies de aplicao de estruturas resistentes em beto para coberturas planas, tem tambm em conta, pare este caso de estruturas rgidas, o facto de existir ou no continuidade da estrutura. So consideradas as seguintes quatro classes:
Tipo A Estruturas de beto armado ou pr-esforado, em que pelo menos a camada superior da seco resistente constituda por beto aplicado em obra de forma contnua, cobrindo toda a superfcie corrente (Fig. 2.15)
Tipo B Estruturas constitudas por pranchas prefabricadas de beto armado ou pr-esforado, solidarizadas entre si por armaduras de amarrao salientes das pranchas e envolvidas por beto aplicado em obra (Fig. 2.16)
Tipo C Estruturas constitudas por pranchas de beto armado ou pr-esforado, apoiadas em elementos resistentes do mesmo material, e solidarizadas apenas pelo beto, aplicado em obra, de enchimento entre esses elementos resistentes (Fig. 2.17)
Tipo D Estruturas constitudas por elementos prefabricados de beto armado ou pr-esforado, colocados lado a lado, e solidarizados entre si apenas com o beto, aplicado em obra, de enchimento das juntas entre eles (Fig. 2.18)
Quanto s estruturas resistentes flexveis, que sero as mais abordadas no presente trabalho, citam-se como solues mais correntes as constitudas por chapas metlicas nervuradas ou por placas de madeira e seus derivados.
Quadro 2.5 Classificao das coberturas estrutura resistente Classe de cobertura Solues correntes
Com estrutura resistente rgida
Contnua Prlajes Lajes macias e aligeiradas de beto armado ou pr-esforado
Descontnua Pranchas vazadas Perfis especiais
Com estrutura resistente flexvel (geralmente descontnua)
Chapas metlicas nervuradas Pranchas de madeira e seus derivados
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Fig. 2.15 Estruturas resistentes do tipo A [13]
Fig. 2.16 Estruturas resistentes do tipo B [13]
Fig. 2.17 Estruturas resistentes do tipo C [13]
Fig. 2.18 Estruturas resistentes do tipo D [13]
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3 ESTRUTURA PORTANTE DE COBERTURAS PLANAS
3.1 CONSIDERAES GERAIS
Os edifcios e estruturas encontram-se expostos a variados tipos de aes das quais se podem destacar, o seu peso prprio, o vento, carregamentos de neve ou gelo, variaes de temperatura e carregamentos especiais que possam surgir durante a sua construo. A estrutura portante ter como objetivo resistir a estas aes e garantir a estabilidade, durabilidade e uso da construo. O correto dimensionamento dos elementos resistentes deve prevenir futuras deformaes e vibraes que possam levar ao colapso da estrutura. A imposio de certos limites de deformao em situaes de coberturas planas tem muita importncia para prevenir a acumulao de gua em zonas indesejadas da cobertura e para evitar a danificao da fa
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