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  • 7/22/2019 Comentrios Cesare Brandi

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    Nerize Portela Madureira Lencio

    Artes Visuais 7 Semestre

    Conservao e Restauro em Meios Eletrnicos

    Ana Paula Pacheco

    Comentrio Texto 1 - Conservao versus Restauro

    Fato que me chamou mais ateno no texto, e que vale comentar, o dilema que se interpe

    entre os dois lados da balana e que esto diretamente na contramo de interesses: O proprietrio

    e o profssional de conservao ou restauro. Longe de parecer uma soluo simplista, o trabalhode conservao e restaurao bastante complexo. De um lado temos os proprietrios dos

    objetos, que, como exemplifcado no texto, em sua maioria buscam a total revitalizao do objeto,

    at mesmo no sentido de disarar o restauro para que ele no fque visvel, ou a preerncia que

    os objetos paream "limpos". E de outro lado temos os profssionais, que possuem toda uma carga

    de conhecimento e tica, tanto no que diz respeito a restaurar mantendo claras as alteraes

    com as tcnicas apropriadas, como no que diz respeito ao prprio valor da obra de arte, no

    quesito esttico e histrico.

    Para que o dilema se solucione, necessrio que o profssional, atento a todas essas questes

    aa um trabalho minucioso e tambm educativo, no sentido de mostrar os prs e os contras de

    um processo mais voltado soluo esttica. Pois o que fca claro que sempre um dos requisitos,

    esttico ou histrico, ou metaoricamente, um dos lados da balana sempre ir pesar. Isso

    implica em chamar ateno para os detalhes, que inicialmente aos olhos do proprietrio, podem

    ser vistos como degradados, (uma pintura descascada, uma rachadura) so, tambm, marcas de

    um determinado acontecimento, provas de uma histria, parte da memria daquele objeto.

    Muitas vezes essa carga de valor, passa desapercebida quando se trata de embelezar ou tornar

    esteticamente mais atraente um objeto, quando na verdade, essas marcas tem mais a dizer que o

    simples disarce.

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    Comentrio texto 2 Teoria da Restaurao Cezare Brandi

    A Teoria da restaurao ormulada por Cezare Brandi, um tanto dialtica, como afrma

    o prprio autor, assim como qualquer teoria diretamente vinculada arte. Primeiro porque, nada

    que se relacione a arte, pode ser tratado de orma simples, segundo porque, trata-se de uma

    interveno num objeto, cujo objetivo primordial a apreciao esttica, que j contraditria

    em si. J que por interveno, entende-se qualquer alterao na natureza de um objeto original,

    com algum objetivo especfco, de acordo com o objeto e sua fnalidade: industrial ou artstica.

    A teoria ormulada por Brandi, bastante esclarecedora e parece indicar um caminho

    metodolgico possvel, na conservao e restaurao de objetos de arte com vistas a sua

    transmisso para o uturo. O objetivo fnal louvvel, e acredito que at possvel, mas algumas

    lacunas e certas ormulaes tericas me incomodam como o 'juzo da artisticidade' de umobjeto, que ao meu ver pareceram um pouco vagos, ou pelo menos no abarcam a multiplicidade

    das situaes. Segundo o autor, em objetos industriais a restaurao, ter por fnalidade

    primordial o restauro da uncionalidade, o que no restauro de objetos artsticos ter um valor

    secundrio. No entanto, quando se trata de analisar objetos antigos, e que por isso merecem

    ateno especial, como resolver at que ponto o que vale realmente a uncionalidade nos

    objetos industriais, se hoje, a prpria noo de arte uida e relativa? Como no dizer que uma

    geladeira ou uma vitrola antigas no se constituem objetos de arte, devido a sua esttica

    dierenciada e em muitos casos artesanal? Quando o autor se reere a prpria noo de arte que

    ao meu ver as coisas se complicam, como oreconhecimento que a conscincia faz dele como obra

    de arte, ouquando comea a fazer parte do mundo, do particular ser no mundo de cada

    indivduo, ou o nvel deartisticidadedos objetos. Isso porque, como podemos dizer que objetos

    como estes, carregados de valor histrico no imaginrio das pessoas, mesmo se tratando de

    objetos industriais, no sejam reconhecidos como arte, ou no sejam carregados de artisticidade,

    apenas porque possuam uma uncionalidade em primeira mo? Pode ser que sim, no momento

    em que oram criados eram comuns, corriqueiros, aqueles designs extremamente coloridos e

    trabalhados das vitrolas antigas, dos gramoones, ou mesmo de um mobilirio antigo. Mesmo

    objetos industriais para aqueles colecionadores anticos, so considerados como tendo um

    valor enorme no mercado, muitos inclusive com preos equiparveis ao dos objetos de arte, e que

    para muitos se constituem como tal...no apenas devido sua uncionalidade, mas

    principalmente sua artisticidade, muitos sendo utilizados como objeto de apreciao esttica

    apenas.

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    O que desejo ressaltar, que muitas vezes certas qualifcaes e categorizaes prprios de

    uma teoria, por mais que seja um caminho metodolgico a ser seguido, muitas vezes, ogem a

    realidade dialtica das excees e das particularidades de cada situao, principalmente no que

    diz respeito a arte. Mesmo porque o caminho pela arte percorrido, trouxe uma srie de novas

    questes para dentro da arte contempornea e que hoje indissocivel. Como os ready-mades de

    Duchamp, que eram justamente os objetos industrializados (que no possuam um valor esttico

    a princpio), trazidos para dentro da galeria de arte e que passaram a ser concebidos como tal,

    no por sua artisticidade, mas sim como um veculo de idias, conceitos, e crtica dentro da

    prpria arte.

    Mas mesmo assim, necessrio tambm reconhecer o valor da teoria ormulada por

    Brandi, que se constitui um caminho metodolgico a ser seguido, pela sua proposio fnal, que

    a restaurao no-destrutiva, consciente e que requer um verdadeiro estudo do objeto, dos

    materiais e da histria a ele vinculados, e a sua conservao para o uturo. Mas sem cair no

    esquecimento de que sempre necessria uma releitura e o despertar de uma conscincia crtica

    para um caminho mais condizente com a alteridade de uma poca e dos valores a ela submetidos.