Corte
Prova Americana
touro
Como ler a
e o que PRIORIZARna escolha de um
A escolha do touro para utilizar em um rebanho está entre as decisões mais
importantes que os produtores tomam em suas atividades. Isto é justificável,
pois a descendência deixada por um único animal influirá diretamente no
resultado econômico da atividade. Quando falamos em touros de IA provados
com Diferenças Esperadas nas Progênies (DEP’s), baseamos a seleção nos
descendentes comparados em vários rebanhos e ambientes distintos. Uma
escolha por determinada genética é permanente e ficará no rebanho por várias
gerações através de suas filhas até que se introduza um novo touro neste rebanho.
Fala-se muito de gestão e tecnologia e, dentro deste raciocínio, as provas de
touros com informações de DEP´s e de DNA aumentam a complexidade nos
processos de seleção, mas nos dão mais chances de acertar.
Espera-se que, ao escolher touros melhoradores, os produtores possam
aumentar a performance de seus animais com maiores pesos a desmama e
abate com animais mais precoces e adaptados.
A grande questão é como fazer isto e que ferramentas podemos nos valer para
tentar minimizar os erros quando da eleição de determinado reprodutor.
Assim sendo, vamos tentar entender as provas americanas:
Como somos da equipe CRI Genética Brasil Ltda., usaremos exemplos de
touros que esta empresa comercializa no Brasil.
À primeira vista, as provas de touro realmente assustam. Trata-se de um
um aglomerado de números, sem referência de unidade de medida e, para
complicar mais, vêm precedidos de siglas. Aí o produtor, que tem que saber
do manejo, do mercado, do clima, dos insumos, dos funcionários e também
se obriga a saber que a “DEP” de “PN” de 0,3 do touro Bando 9074 é um
ótimo número ainda mais com uma “AC” de 0,95!
Tamanha é a confusão que muitos criadores acabam por levar em conta
somente o número que eles entendem bem: o preço. E o curioso é que é
para os dois lados: alguns querem o sêmen mais barato, outros querem o
mais caro, supondo que este seja o melhor. Mas, acontece que, até aí, o
mercado de genética é confuso. Muitas vezes, touros excepcionais podem
ser comercializados a preços baixos, pois também são ótimos produtores de
sêmen. Ou seja, seu preço fica menor se ele tiver mais esta virtude genética,
enquanto outro pode ser mais apreciado se tiver esta limitação de fertilidade.
Coisas do mercado e a velha lei de oferta e procura.
A prova de touro é o resultado estatístico do desempenho dos touros e seus
familiares, principalmente dos filhos. Através da avaliação destes animais, se
“espera” tal resultado para esta ou aquela característica. Um touro com uma
boa prova para ganho de peso será aquele animal cuja família teve bons
resultados de Peso ao Desmame (PD) e ao Ano (P Ano). Desta forma, se
“espera” que as vacas inseminadas com esta genética produzam filhos com
uma “diferença” positiva para ganho de peso.
Mas, “diferença” de quem? Dos filhos de outros touros.
Por isso, chamamos de DEP (Diferença Esperada de Progênie). É o quanto
esperamos que a Progênie (filhos) de um touro seja de diferente dos outros.
Por exemplo, o touro Stout tem DEP de peso ao ano de +128 Libras (58kg)
enquanto o Traveler 004 tem +103 libras (46kg). Simplificando, se espera
que os filhos do Stout tenham, em média, algo em torno de 12 kg a mais
que os do Traveler. A medida em libra é porque os estadunidenses gostam
de complicar mesmo: medem peso em libra, altura em pés e temperatura
em Fahrenheit.
Pronto, agora você já entende o princípio básico da prova. Só nos resta
decifrar a prova em si. As legendas das siglas devem aparecer em algum local
do catálogo. Normalmente, no começo ou no fim.
A prova de touro é apresentada da esquerda para a direita como se fosse uma
linha de tempo na vida do animal. Começa ao nascimento com Facilidade
de Parto Direta (FPD) e o Peso ao Nascer (PN). Quanto mais baixo o peso
ao nascer, melhor, pois haverá menor chance de problemas ao parto.
Normalmente, animais de baixo PN terão alta FPD; mas não obrigatoriamente.
O FPD é o quanto o touro gera de distocia, partos assistidos.
Posteriormente, vêm as características de Peso ao Desmame (PD) e ao Ano
(P ANO), seguidas de altura ao ano e circunferência escrotal.
Como os animais que permanecem na fazenda são as fêmeas, as características
que seguem ao ano são as maternais. Começamos com Facilidade de Parto
de Fêmeas (FPF). Não confunda com a facilidade de parto direta! Na FPF,
avaliamos a chance das FILHAS do touro ter partos fáceis, não assistidos.
No mesmo grupo de características maternais temos leite. Mas, como medir o
leite de uma vaca de corte? Se não as ordenhamos, só podemos estimar sua
produção pelo peso dos seus filhos ao desmame. Quanto mais pesados os
bezerros, logicamente, mais leite... Mas, cuidado! Alguns produtores procuram
sempre touros que aumentem leite! Vacas que produzem muito leite têm
mais dificuldade de repetir prenhês, pois são mais exigentes em alimentação
justamente pela quantidade de nutrientes consumidos pelo úbere.
Em seguida, temos Peso Adulto (PA) e Altura Adulta (AA), que são as medições
da progênie desses touros ao atingir a maturidade. Animais com maiores PAs
e AAs tem maior capacidade de produzir carcaças pesadas, contudo, tendem
a ser mais tardios em acabamento. Animais grandes tendem a crescer por
mais tempo, o que pode não ser positivo economicamente, pois demoram
demais para serem terminados. Como selecionamos animais pelo ganho de
peso, a tendência é a seleção de animais grandes, por isso são fundamentais
estas DEP´s. Muita gente avalia o “frame” (tamanho relativo à idade) do touro,
porém os dados do animal são bem menos representativos do que as DEP´s
em relação à sua genética. O frame, assim como as outras características do
animal, devem ser avaliadas em animais jovens que ainda não tenham boa
acurácia nas DEP´s.
E o que diabos é Acurácia (AC)?
Precisão. A precisão ou a confiabilidade de uma DEP é determinada pela
quantidade de filhos e fazendas em que a genética de um animal foi testada.
Quanto mais filhos testados em diferentes ambientes um touro tiver, maior
a acurácia dos seus dados será. Lógico, se um touro é provado em várias
condições gerando vários filhos, podemos confiar muito mais do que outro
que tenha dois ou três filhos. Por isso, cuidado ao utilizar touros jovens!
Temos também as características de carcaça: Peso de Carcaça (PC),
Marmoreio (gordura intramuscular), Área a Olho de Lombo (AOL) e gordura.
Embora ainda estejamos longe das premiações do mercado americano por
carcaça, é interessante observar estas DEP´s, pois nelas estão realmente o
rendimento e a qualidade do produto final.
Por fim, no quadro acima, temos índices que são um combinado de outras
característica para facilitar a interpretação e correlação dos diferentes dados.
E, como saber quando um touro é bom para uma característica?
PRODUÇÃO FPD PN PD PANO GPD Alt. CE DOC
DEPs 3 4,7 58 107 0,17 0,7 0,94 -10AC% 88 98 97 96 82 94 95 91TOP% 15% 10% 25%
MATERNALPNV FPF Leite Reb. Filhas PA AA $EN
DEPs 5,3 8 30 1236 51 0,4 -10,35AC% 52 89 94 4644 82 81TOP% 15% 20%
CARCAÇAPC Marm. AOL G Reb. Filhos NAGM NCGM
DEPs 51 0,72 0,60 0,043 15 2930AC% 69 73 73 71 54 7566TOP% 3% 15% 20%
ÍNDICES$Desm. $Conf. $Qual. Carc. $GQ $Rend. $Valor Carne
DEPs 38,24 53,54 33,46 34,64 -1,18 100,04TOP% 15% 10% 15% 3%
AMERICAN ANGUS ASSOCIATION - 03/2014
Você já viu que o Matrix, por exemplo, tem 106 libras de Peso ao Ano.
Isso é bom? Um recurso muito prático e rápido é o “TOP”. Ele é TOP 5%
para peso ao ano. Isto significa que ele é superior a 95% dos touros Angus
americanos para esta característica. Para Peso ao Desmame ele é TOP 4%, ou
seja, superior a 96% da população. Estas comparações são feitas anualmente
e, em algum lugar do catálogo, devem aparecer os resultados gerais da raça
Angus na última primavera. Assim, você sabe a posição do animal em relação
à média da raça.
IMPORTANTENão compare dados de raças diferentes nem de Angus Vermelho e Preto no catálogo americano! Nos EUA, Red Angus e Aberdeen Angus
são avaliados por associações diferentes como se fossem raças diferentes,
portanto um número não pode ser diretamente comparado ao outro!
O catálogo deve ser uma ferramenta utilizada pelo produtor juntamente com
o seu controle de rebanho. Saber o que se precisa melhorar e qual estratégia
utilizar já facilita bastante a escolha de um reprodutor. Converse com seu
representante para saber que genética utilizar para atingir seus objetivos. A
utilização de programas internos de controle e programas estatísticos como
o PROMEBO (Programa de Melhoramento Bovino) também ajudam a focar
nos pontos específicos. Quanto mais dados o produtor conseguir interpretar e
correlacionar, maior a chance de obter um rebanho adaptado ao seu ambiente
e/ou mercado. Desta forma, ele pode utilizar a genética para melhorar seu
lucro e a compra de sêmen deve ser encarada como investimento de longo
prazo em seu rebanho.
www.CRIgenetica.com.br
MARCELO MARONNA DIASSupervisor Regional da CRI Genética
Brasil no RS e SC.
MARCOS FERNANDES DA SILVEIRAMédico Veterinário, criador e representante
da CRI Genética Brasil no RS.
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