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Experincias em Ensino de Cincias V. 9 , No. 3 201 4
COMPARTILHANDO AES E PRTICAS SIGNIFICATIVAS PARA O ENSINO
DE BOTNICA NA EDUCAO BSICA
Sharing meaningful actions and practices for the Teaching of Botanics in the primary and
lower secondary education
Cssia Lu Pires de Souza [[email protected]]
Eunice Aita Isaia Kindel [[email protected]] Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS
Faculdade de Educao Departamento de Ensino e Currculo rea do Ensino de Cincias
Av. Paulo da Gama, 110 Bairro: Farroupilha CEP: 90040-060 Porto Alegre RS
RESUMO
Muitos educadores vm criando propostas alternativas para se ensinar Botnica. Por meio do
compartilhamento de prticas significativas, este estudo tem como objetivo motivar docentes
da Educao Bsica a explorarem esta temtica de forma mais interessante, estimulando os
estudantes a gostarem das plantas. Esta pesquisa compreendeu a reviso bibliogrfica, o
levantamento de reas verdes, a busca por prticas em Botnica realizadas por instituies
pblicas e privadas, a realizao de entrevistas e a criao de um blog educativo. Os
resultados mostraram que algumas instituies tm trabalhado esta temtica de forma
agradvel e atrativa aos estudantes. Este trabalho, ao compartilhar prticas em Botnica, incita
o professor a despertar no estudante o interesse e a curiosidade pelas plantas para, assim,
valoriz-las.
Palavras-chave: Ensino de Botnica; reas verdes; Propostas alternativas.
ABSTRACT
Many educators have been working on alternative methods to teach Botanics. Through the
exchange of alternative practices, this study aims to induce teachers of the primary and lower
secondary education to explore this theme in a more interesting way, making students love
plants. This research comprised a literature review, an inventory of green zones, the search for
practices in Botanics carried through public and private institutions, a set of interviews and
the creation of an educative blog. The results showed than some institutions have worked this
theme in the most pleasant and attractive way for students. This study, by exchanging
practices in Botanics, incites the teacher to fill the student with interest and curiosity by plants
for therefore value then.
Keywords: Teaching of Botanics; Green zones; Alternative methods.
1 Introduo
A essncia de ensinar e de aprender Botnica na Educao Bsica est
profundamente vinculada compreenso do aluno juntamente com a de seu professor de que
as plantas so as principais responsveis pela manuteno da vida, pois conforme Schultz
(1959, p. 09) o verde do tapete que recobre a maior parte dos continentes e das algas que
povoam os oceanos imensos smbolo de fartura e a garantia da continuidade da vida no
planeta. Sendo assim, o Ensino de Botnica no deve ser ignorado principalmente neste
nvel da educao escolar.
Uma vez que as plantas sustentam quase toda a cadeia alimentar porque (de acordo
com Raven, Evert & Eichhorn, 2007) praticamente toda a vida na Terra depende, direta ou
indiretamente, dos produtos da fotossntese processo para o qual as plantas esto muito bem
adaptadas , no se pode desprezar o conhecimento botnico, o qual precisa ser
valorosamente instigado. Para Santos (2006) o entendimento acerca da histria da Botnica
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fundamental, j que as plantas sempre estiveram presentes na vida do homem, embora muitos
no percebam sua importncia. Para Raven, Evert & Eichhorn (2007) o conhecimento em
Botnica imprescindvel aos cidados, para que possam lidar com os desafios atuais (como,
por exemplo: alimentar a populao humana em rpida expanso, desenvolvendo novos
mtodos de engenharia gentica; fazer limpeza de ambientes poludos, utilizando a
fitorremediao) e na tomada de decises para reduzir e, consequentemente, prevenir
problemas futuros. J Guerra (2006) sugere que o Ensino de Botnica na educao ambiental,
mesmo que esteja embasado por uma perspectiva conservacionista, associado a outros saberes
pode contribuir no s para conservao da biodiversidade, mas tambm para mudanas de
comportamento no que se refere a hbitos, atitudes e valores.
Existe grande preocupao no que se refere ao Ensino de Botnica na escola: ensinar
e aprender Botnica no tem sido uma tarefa simples. H desinteresse dos alunos por essa
rea das Cincias Biolgicas e isso ocorre, em parte, devido ao distanciamento que os
humanos tm das plantas, como observar e interagir com os vegetais (Menezes et al., 2008), e,
sobretudo, pela maneira como a Botnica ministrada: aulas com excesso de contedos e
baseadas apenas no uso do livro didtico (Rockenbach et al., 2012). Alm disso, pelo fato da
taxonomia ser apresentada aos estudantes, simplesmente, como sinnimo de memorizao de
nomes difceis e no de forma contextualizada, torna-se mal vista por eles, assim como a
Botnica, em especial (Santos, 2006). Muitos professores repetem em suas aulas para a
Educao Bsica o mesmo modelo classificatrio que tiveram em seus cursos de formao
inicial, parecendo-nos ser necessrio que voltem a estudar (por meio de formao continuada)
a Botnica de modo mais didtico para construrem planejamentos pedaggicos mais
interessantes.
Diante destes enfrentamentos, muitos pesquisadores tm estudado alternativas que
auxiliem os professores a reduzir os desafios encontrados para o Ensino de Botnica. Gllich
(2006), por exemplo, ao realizar uma anlise de trabalhos descritos em resumos dos
Congressos Brasileiros de Botnica na Sesso de Ensino de Botnica, reuniu algumas
metodologias para ensinar e aprender Botnica no mbito da Sociedade Brasileira de
Botnica, tais como: desenvolver aulas prticas em laboratrio, realizar passeios em jardins,
visitar herbrios, organizar oficinas de aprendizagem. Guerra (2006) mostra que as escolas
podem atuar na construo de hortas e pomares, passando pelo trabalho com conhecimentos
botnicos e usos medicinais. Neste sentido, no Ensino de Botnica, esto compreendidas a
educao formal, no-formal e informal. De acordo com Cavassan (2012), a formal, cuja
escola a principal responsvel, envolve um contedo existente no currculo e ocorre em
espaos formais como as salas de aula e os laboratrios didticos; muitas vezes, a educao
formal est ligada no-formal, a qual tambm tem a inteno de ensinar algo que no consta
no currculo e ocorre em espaos no-formais, como canteiros, praas, jardins botnicos,
unidades de conservao; a informal, que inicia a partir do nascimento, envolve as
experincias cotidianas.
Neste trabalho, buscamos contribuir para a formao continuada do professor da
Educao Bsica a respeito do Ensino de Botnica, de modo a motiv-lo a despertar em seus
alunos o gosto pelo estudo das plantas. Assim, tivemos por objetivo: (a) reunir um conjunto
de trabalhos j publicados referentes ao assunto Ensino de Botnica; (b) apresentar uma
compilao de aes e de prticas interessantes e contextualizadas sobre Botnica realizadas
por escolas e por outros espaos educativos e (c) indicar e divulgar reas verdes (praas e
parques de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil) para que professores possam desenvolver
suas aulas de uma forma mais interessante.
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2 Delineamento metodolgico
Este estudo foi desenvolvido em cinco etapas: a primeira consistiu na reviso
bibliogrfica; a segunda, no levantamento de reas verdes do municpio de Porto Alegre; a
terceira, na busca por aes e prticas de educao ambiental em Botnica em sites de
instituies pblicas e privadas existentes em Porto Alegre; a quarta tratou da realizao de
entrevistas, tambm nesta cidade, com sujeitos empenhados na execuo de propostas de
educao ambiental diversificadas, especialmente, direcionadas para o Ensino de Botnica e a
quinta consistiu na criao de um blog educativo para conhecimento e acesso a reas verdes
de Porto Alegre.
2.1 Reviso bibliogrfica
Primeiramente, foi feita uma reviso bibliogrfica de publicaes referentes ao
Ensino de Botnica. Para a anlise documental deste material foram selecionados trabalhos
que apresentassem propostas diferenciadas e tambm contextualizadas, alm de relatos de
experincias e desenvolvimento de estratgias alternativas, assim como reflexes relevantes
para se abordar a Botnica em diferentes nveis de escolaridade. Entre os selecionados, foram
escolhidos os que apresentassem melhor modo de acesso, ou seja, aqueles disponveis
digitalmente.
2.2 Levantamento das reas verdes
Inicialmente, obteve-se acesso pelo site da Prefeitura de Porto Alegre lista de
praas urbanizadas, parques e outras reas verdes1 da cidade atravs da atualizao trimestral
apresentada pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMAM) 2 . Aps, foram
selecionadas algumas destas reas para visitao pela facilidade de locomoo, pela
familiaridade para a realizao do registro fotogrfico e tambm para mostrar que estes
espaos podem ser utilizados para execuo de aulas. Foi utilizado o Google Maps3 para
encontrar estes locais. O Jardim Botnico (JB) que fica sob responsabilidade da Fundao
Zoobotnica do Rio Grande do Sul (FZB/RS) 4 tambm foi selecionado para visitao e
registro fotogrfico.
2.3 Seleo de rgos governamentais pblicos e instituies de ensino pblicas e
privadas que possuem projetos de educao ambiental
J se sabia previamente (pelas vivncias durante a graduao, nas atividades a campo
e participaes em congressos) que os seguintes rgos e instituies realizavam e ainda
realizam trabalhos voltados educao ambiental: a Fundao Zoobotnica do Rio Grande do
Sul que administra o Jardim Botnico e o Museu de Cincias Naturais (MCN), o Grupo
Viveiros Comunitrios (GVC)5 da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o
Museu Anchieta de Cincias Naturais (tambm referido como Museu Anchieta)6, localizado
no Colgio Anchieta e a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMAM) de Porto Alegre. 1 http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/smam/usu_doc/01completa.pdf 2 http://www2.portoalegre.rs.gov.br/smam/ 3 https://maps.google.com.br 4 http://www.fzb.rs.gov.br/ 5 http://www.ufrgs.br/viveiroscomunitarios 6 http://www.colegioanchieta.g12.br/museu-anchieta/
http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/smam/usu_doc/01completa.pdfhttp://www2.portoalegre.rs.gov.br/smam/https://maps.google.com.br/http://www.fzb.rs.gov.br/http://www.ufrgs.br/viveiroscomunitarioshttp://www.colegioanchieta.g12.br/museu-anchieta/
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Assim, alm da consulta ao site, foram realizadas visitas a estes locais e feitas
entrevistas com sujeitos atuantes nos projetos, buscando aes e prticas voltadas ao Ensino
de Botnica destinadas a escolas.
Os entrevistados e suas respectivas reas de atuao e instituio so a seguir
mencionados: Jos Fernando da Rosa Vargas (Engenheiro Agrnomo/ chefe do setor de
Educao Ambiental do Jardim Botnico); Dbora Balzan da Silva (graduanda em Cincias
Biolgicas e bolsista do GVC/UFRGS); Fernando Rodriguez Meyer (Graduado em Cincias
Naturais/ professor coordenador do Museu Anchieta de Cincias Naturais).
Para o MCN e para a SMAM, o levantamento das aes foi feito diretamente pelos
endereos7. Algumas publicaes tambm foram pesquisadas nos sites.
2.4 Busca por docentes que realizam aes e prticas diversificadas voltadas para o
ensino de Botnica
Durante a entrevista no JB e no GVC, alguns professores da Educao Bsica foram
mencionados como atuantes no desenvolvimento de propostas de atividades interessantes
relacionadas ao Ensino de Botnica. Estes profissionais foram contatados para serem
entrevistados. Outros foram escolhidos por j se conhecer previamente seu engajamento em
relao ao Ensino de Botnica em sua instituio.
Os entrevistados e suas respectivas rea de atuao e instituio foram: Eunice
Severo Spinosa (Graduada em Letras/ professora da Escola Municipal de Ensino Fundamental
Afonso Guerreiro Lima); Maria Gabriela Pires de Souza (Formada em Magistrio e
graduanda em Matemtica/ professora dos Anos Iniciais da Escola Municipal de Ensino
Fundamental Dolores Alcaraz Caldas); Odila Dalpiaz (Graduada em Cincias Biolgicas/
professora do Ensino Mdio do Colgio Estadual Florinda Tubino Sampaio) e Srgio Luiz de
Carvalho Leite (Engenheiro Agrnomo/ professor do Departamento de Botnica do Instituto
de Biocincias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
2.5 Procedimentos para as entrevistas
Os sujeitos entrevistados foram contatados por e-mail, por telefone (da instituio)
ou pessoalmente para realizao das entrevistas. Foram providenciados autorizao da
instituio para execuo das entrevistas e termos de consentimento informado assinados pela
instituio e pelos entrevistados.
As entrevistas que foram feitas pessoalmente no estabelecimento de trabalho foram
registradas por anotao ou por gravao e as demais foram realizadas pelo registro digital,
por e-mail. Os questionamentos das entrevistas baseavam-se nas aes e nas prticas de
Ensino de Botnica que realizaram ou realizam ou que promovem, suas motivaes e
objetivos, como elas foram planejadas e se algum tipo de material de divulgao foi ou
produzido.
2.6 Criao do blog
Um blog foi criado, apresentando, por meio do registro fotogrfico realizado na
segunda etapa deste estudo, alguns exemplos de reas verdes pblicas do municpio de Porto
7 http://www.mcn.fzb.rs.gov.br/conteudo/1982/?Educa%C3%A7%C3%A3o_Ambiental_e_Museologia e
http://www2.portoalegre.rs.gov.br/smam/default.php?p_secao=126, respectivamente.
http://www.mcn.fzb.rs.gov.br/conteudo/1982/?Educa%C3%A7%C3%A3o_Ambiental_e_Museologiahttp://www2.portoalegre.rs.gov.br/smam/default.php?p_secao=126
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Alegre, que podem ser utilizadas pelo professor da Educao Bsica para visitao,
observao e desenvolvimento de aulas.
3 Resultados
Os resultados obtidos por este estudo so apresentados a seguir.
3.1 Levantamento bibliogrfico
Apresentamos uma sntese dos artigos selecionados no sentido de mostrar seu carter
diferenciado em relao a outras produes que vm tradicionalmente sendo mais utilizadas
para o Ensino de Botnica nas escolas.
Artigo 1: Os tecidos vegetais tm trs dimenses.
Aborda a importncia do entendimento tridimensional das estruturas vegetais e como
isso implica nas atividades futuras de docncia e de pesquisa de licenciados e bacharis em
Cincias Biolgicas. Alm disso, destaca dificuldades encontradas no ensino de Anatomia
Vegetal, apresenta alternativas e compartilha experincias.
Artigo2: Herbrio escolar: suas contribuies ao estudo da Botnica no Ensino
Mdio.
Diante da constante preocupao de pesquisadores e de professores em relao ao
Ensino de Botnica, este trabalho visa contribuir ao estudo significativo em Botnica no
Ensino Mdio, utilizando como recurso pedaggico o Herbrio Escolar.
Artigo 3: Possibilidades de Ensino de Botnica em um espao no-formal de
educao na percepo de professores de Cincias.
Apresenta as concepes de professoras de Cincias sobre espaos no-formais de
Educao e uma atividade de Botnica no Museu DICA em Minas Gerais. Alm disso, mostra
que espaos no-formais podem ampliar possibilidades de ensino e fortalecer relaes com
escolas.
Artigo 4: A Zoologia e a Botnica do Ensino Mdio sob uma perspectiva
evolutiva: uma alternativa de ensino para o estudo da biodiversidade.
Este trabalho mostra que o ensino de Zoologia e Botnica no Ensino Mdio pode se
tornar mais interessante e dinmico a partir de uma abordagem evolutiva.
Artigo 5: O Ensino de Botnica em uma abordagem Cincia, Tecnologia e
Sociedade.
Apresenta uma estratgia para o Ensino de Botnica para os alunos de Cincias
Biolgicas a partir de uma abordagem em Cincia, Tecnologia e Sociedade.
Artigo 6: Hormnios Vegetais e Germinao: uma abordagem para o Ensino
Mdio baseada em conhecimentos prvios.
Mostra a aplicao das temticas Hormnios Vegetais e Germinao por meio de uma
abordagem baseada nos conhecimentos prvios e no cotidiano do educando, utilizando
recursos didticos simples e buscando o engajamento ativo dos alunos no processo de
aprendizagem.
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Artigo 7: Saberes escolares de Botnica nos livros didcticos de Cincias da
Natureza dos Ensinos Primrio e Bsico (1 ciclo): anlise ao seu estatuto curricular no
ltimo sculo em Portugal.
Analisa a importncia que tem sido atribuda rea da Botnica em livros didticos no
sculo XX em Portugal, mostrando como ocorreu a evoluo dos contedos de Botnica por
meio de onze princpios.
Artigo 8: Construindo o conhecimento de Botnica: uma experincia
interdisciplinar em Campinas.
Relata experincias significativas de um planejamento coletivo e interdisciplinar que
objetivou a melhoria do Ensino de Botnica.
Artigo 9: A aprendizagem de Botnica no Ensino Fundamental: dificuldades e
desafios.
Expe as dificuldades e os empecilhos para a aprendizagem em Botnica e tambm
busca alternativas para promover a alfabetizao cientfica nas aulas de Botnica.
Artigo 10: A Influncia da Imagem Estrangeira para o Estudo da Botnica no
Ensino Fundamental.
Discute sobre presena excessiva e marcante de estrangeirismos em livros didticos e
sua influncia no Ensino de Botnica no Brasil.
Artigo 11: Anlise do Contedo de Botnica no Livro Didtico e a Formao de
Professores.
Embora no deva ser o nico recurso pedaggico para o desenvolvimento das aulas, o
livro didtico ainda decisivo para a qualidade de ensino no Brasil. Neste artigo, foi realizada
uma anlise de um livro didtico de Biologia na unidade de Botnica de modo a promover
discusses que contribuam para a formao de professores e sua preparao para a utilizao
do livro didtico como ferramenta pedaggica.
Artigo 12: Aulas de campo em ambientes naturais e aprendizagem em Cincias -
um estudo com alunos do Ensino Fundamental.
Discute sobre como as aulas de Cincias desenvolvidas em ambientes naturais podem
colaborar na relao entre emoo e motivao dos alunos em um contexto educativo.
Artigo 13: Contribuio Reflexo sobre a Concepo de Natureza no Ensino de
Botnica.
Discorre acerca da relao homem-natureza inerente ao Ensino de Botnica e reflete
sobre a concepo de natureza no contexto do ensino superior.
Artigo 14: O Ensino de Botnica na Educao Fundamental II: anlise de uma
proposta educativa.
Analisa o Ensino de Botnica sob um aspecto evolutivo, baseado nas relaes
filogenticas e na contextualizao.
Artigo 15: Aprendizagem Significativa no Ensino de Botnica.
Discorre sobre como os professores devem abordar a Sistemtica Vegetal por meio da
teoria da aprendizagem significativa.
3.2 As reas verdes de Porto Alegre e o blog Ensino de Botnica
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Das 617 praas e dos 9 parques catalogados pela SMAM de Porto Alegre, foram
visitadas e fotografadas 34 praas e 3 parques. Alm destas reas, o Jardim Botnico da
FZB-RS tambm foi visitado e fotografado.
O blog desenvolvido que se intitula Ensino de Botnica e se direciona
preferencialmente a professores da Educao Bsica pode ser acessado em
http://ensinodebotanica.wordpress.com/. A pgina denominada Inicial a apresentao
do Blog em que, por meio de breves textos, mostrado o objetivo do mesmo, a motivao
para fotografar reas verdes de Porto Alegre, a importncia destas reas para a cidade e uma
apreciao do Jardim Botnico de Porto Alegre. A pgina denominada Galeria Botnica
possui o registro fotogrfico das reas verdes de Porto Alegre visitadas. A Galeria Botnica
contm 35 fotografias de praas administradas pela SMAM, 11 fotografias de parques
administrados pela SMAM e 18 fotografias do Jardim Botnico de Porto Alegre.
3.3 Aes e prticas voltadas para o ensino de Botnica do JB e MCN da FZB/RS,
GVC/UFRGS, Museu Anchieta e SMAM
3.3.1 Jardim Botnico e Museu de Cincias Naturais
O Jardim Botnico visitado a cada ano, segundo Jos Fernando da Rosa Vargas,
por escolas pblicas de Porto Alegre e Regio Metropolitana em sua maioria. O JB tem como
objetivo desenvolver atividades educativas e culturais, a fim de conscientizar sobre a
importncia da flora regional e o seu papel na proteo da biodiversidade. Para isso, na seo
de Educao Ambiental, trilhas interpretativas so oportunizadas a turmas de escolas e outros
grupos de visitantes com a presena de um monitor como guia, consistindo em uma
caminhada, na qual se pode observar e contemplar suas colees botnicas e tambm a fauna
que surgir durante o caminho. Entre outras atividades, o JB promove duas vezes ao ano, na
chegada do outono e na chegada da primavera, o JardinAo, evento para o pblico em
geral, em que se oportuniza, por exemplo, apresentaes musicais, palestras, oficinas, as
trilhas interpretativas, exposies com temticas de cultura, sade e ambiente. Uma
publicao da FZB/RS bastante relevante para se examinar o Guia do Jardim Botnico de
Porto Alegre8, o qual possui informaes importantes para conhecer o JB, auxiliando durante
a visitao.
O Museu de Cincias Naturais, na seo de Educao Ambiental e Museologia, alm
de proporcionar salas de exposies para intercmbio com o visitante, prope atividades
educativas, tendo em vista a socializao do conhecimento cientfico produzido pela
Instituio. Entre suas aes, pode-se citar as salas de exposies do Museu e as oficinas de
flora e fauna do Rio Grande do Sul. Estas exposies podem ter quatro tipos de durao:
longa (permanente, com vitrines iniciando dos organismos mais simples aos mais complexos,
terminando com as paleontolgicas, observando-se, no percurso, uma representao dos
ambientes que caracterizam o RS); curta e mdia (permanecem por curto perodo de tempo e
perodo maior, respectivamente, e ocorrem em salas diferentes, em que so mostrados os
resultados de trabalhos da Instituio e de convidados); itinerantes (quando as exposies de
curta e mdia durao percorrem outros locais, como escolas). J as oficinas objetivam,
principalmente, evidenciar a importncia dos componentes do ambiente em que se vive,
estimulando o interesse de alunos e professores por temas referentes biodiversidade.
Em resumo, para escolas, o JB oportuniza trilhas interpretativas, alm de permitir o
uso do espao fsico para que o professor desenvolva suas aulas; j o MCN promove a
8 http://www.jb.fzb.rs.gov.br/upload/20130514145558guiajb_2ed.pdf
http://ensinodebotanica.wordpress.com/
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exposio permanente sobre plantas (plantas medicinais, frutos carnosos, reproduo, por
exemplo), alm disso leva exposies itinerantes e promove oficinas pedaggicas sobre a
fauna e flora em escolas.
3.3.2 Grupo Viveiros Comunitrios
Na entrevista com Dbora Balzan da Silva, pode-se conhecer o seu trabalho
realizado por meio do GVC na UFRGS. Este grupo, desde 1997, dedica-se no s ao
conhecimento de espcies de plantas nativas do Rio Grande do Sul, como tambm produo
de mudas destas plantas at a sua comercializao. Para isso, foi fundado o Viveiro Bruno
Irgang (VBI), que consiste em um pequeno espao vivo, em que so executadas pesquisas e
experimentos de germinao e propagao de sementes, propiciando aes e prticas de
educao ambiental. As sementes cultivadas so de espcies importantes para a restaurao da
biodiversidade (alimentcias, ornamentais e recuperadoras de reas degradadas, sendo que a
atividades com essas foi denominada de Ocupao Verde). O processo de coleta de
sementes at a distribuio de mudas feito da seguinte maneira: depois de coletadas e
devidamente identificadas, as sementes so cultivadas em sementeiras no viveiro; quando
atingem um tamanho maior, as pequenas mudas so repicadas e transplantadas para um saco;
ento, so direcionadas para a rustificao (no viveiro, elas recebem outro tipo de iluminao
e continuam o crescimento) - neste momento que as mudas esto aptas para a distribuio.
Quando uma escola visita o VBI, apresentado o histrico do GVC, o processo de
coleta das sementes nativas at sua comercializao, alm de promover oficinas de semeadura
e repique aos estudantes, estimulando o conhecimento e a valorizao das plantas nativas da
regio.
O GVC ainda realiza minicurso sobre a flora destinado formao de professores da
Educao Bsica.
3.3.3 Museu Anchieta de Cincias Naturais
Desde de 1985, o Museu Anchieta de Cincias Naturais, situado no Colgio
Anchieta, desenvolve um projeto que tem por objetivo permitir a interao de crianas e de
adolescentes com a natureza. Alm de exposies permanentes e temporrias dentro dos
campos da Botnica, Zoologia, Geologia e Ecologia, o Museu produz variados materiais
didticos como, por exemplo, vdeos, jogos, painis e exerccios prticos relacionados as
quatro reas mencionadas. Este acervo utilizado para o desenvolvimento de cursos, oficinas
(Bonsai e de Mini-jardinagem, por exemplo) e diferentes atividades pedaggicas.
Para Fernando Rodrigues Meyer, o objetivo dessas atividades mostrar da maneira
mais real possvel a importncia das plantas, proporcionando o contato com elas, a fim de
preserv-las; alm disso, o Museu no tem como compromisso estimular a decoreba de
nomes de plantas, mas de observar e analisar comportamentos e adaptaes no ambiente.
Segundo o entrevistado, depois que o professor escolhe a temtica a ser abordada, o
Museu seleciona as atividades. Quando os alunos chegam ao local, so levados para uma sala
(pertencente ao Museu) onde so propostas as atividades prticas dirigidas, como, por
exemplo, conhecer, observar e desenhar tipos de folhas, de frutos, de esporos, de sementes.
Tambm apresentado o jardim interno para mostrar a coleo de plantas, por exemplo, as
suculentas e as carnvoras. Pode ser utilizada a rea verde externa da escola para que
observem a interao inseto-planta (por exemplo, lagartas alimentando-se de plantas) e
visualizem adaptaes das plantas no ambiente.
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3.3.4 Secretaria Municipal do Meio Ambiente
As aes de Educao Ambiental da SMAM so coordenadas pelo Centro de
Educao e Informao Ambiental. Entre elas, pode-se destacar o projeto Coletivos Verdes
(o qual incentiva o bom uso de praas por escolas do entorno, introduzindo conceitos de
Educao Ambiental), peas teatrais pedaggicas como, por exemplo, A Incrvel Descoberta
da Natureza (cujo propsito trabalhar a reflexo, incluso e transformao social, por meio
de representao ldica de teatro de bonecos), as trilhas interpretativas nos parques urbanos
de Porto Alegre (que consistem em uma caminhada pelo parque escolhido com explicaes,
reflexes e atividades ldicas), o Curso Formao para Educadores, Vivncias e Prticas em
Educao Ambiental (cujo objetivo formar multiplicadores dentro das comunidades da
Cidade) e as palestras de Educao Ambiental (em escolas, universidades e empresas com
diferentes temas ligados educao ambiental, como, por exemplo, a arborizao urbana de
Porto Alegre).
Uma interessante e importante publicao da SMAM o Cadastro Fotogrfico da
Vegetao de Porto Alegre9 lanado em 2011, o qual formado por espcies vegetais de
Porto Alegre nativas ou exticas. A consulta disponibiliza a ficha tcnica do vegetal com suas
caractersticas e fotografias. possvel pesquisar por nome popular, cientfico ou
caractersticas do vegetal.
3.4 Aes e prticas voltadas para o ensino Botnica por docentes
O registro das aes e prticas de Ensino de Botnica realizadas pelos docentes
entrevistados foi organizado da seguinte forma: (a) nome do entrevistado; (b) rea de
atuao/formao; (c) objetivos e motivao para o trabalho de Botnica; (d) quais aes e
prticas efetuaram ou efetuam.
3.4.1 Entrevistada 1:
a) Eunice Severo Espinosa
b) Professora da Rede Municipal de Porto Alegre/graduao em Letras
c) A partir de sua participao em minicurso promovido pelo GVC, elaborou um
projeto, criando um roteiro simples e didtico para que os professores da sua escola possam
explorar as reas vegetadas. Esse trabalho tambm tem o intuito de oportunizar aos alunos o
conhecimento de outros projetos de educao ambiental j existentes na escola (como o
Laboratrio de Inteligncia do Ambiente Urbano 10 ) e, sobretudo, despertar nos alunos
relaes de respeito e comprometimento com a vegetao que se desenvolve no entorno.
d) O roteiro elaborado consiste em um desenho esquemtico da rea escolar,
mostrando e percorrendo as reas verdes explorveis para promoo de trilhas interpretativas.
9 A verso impressa est disponvel na biblioteca SMAM e online em: http://www.portoalegre.rs.gov.br/smamcpl/default.asp 10 Os Laboratrios de Inteligncia do Ambiente Urbano (LIAU) so projetos que foram inicialmente organizados
pela professora Cleonice Silva na Escola Municipal de Ensino Fundamental Judith de Arajo. Por ter sido uma
experincia exitosa, foi implantada por vrias outras escolas pblicas pertencentes rede municipal de Porto
Alegre, contemplando trabalhos sobre paisagismo, vegetao e fauna do entorno destas escolas (Silva &
Menegat, 2012).
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3.4.2 Entrevistada 2:
a) Maria Gabriela Pires de Souza
b) Professora dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Porto
Alegre/ Formada em Magistrio e graduanda em Matemtica.
c) A partir de sua participao em minicurso promovido pelo GVC e do
conhecimento do processo histrico do bairro da escola, percebeu a necessidade da
implantao de aes de educao ambiental. Assim, elaborou um projeto interdisciplinar
tendo como objetivos resgatar a identidade cultural do bairro e oportunizar o conhecimento e
a constituio de espaos verdes que possam ser ocupados e experimentados pela comunidade
escolar. Para isso, prope atividades diferenciadas que permitam, principalmente, a interao
entre alunos e natureza, valorizando a flora nativa.
d) O que j realizou com os alunos: problematizou com os educandos a partir de seus
conhecimentos prvios a proposta do projeto; foi iniciada a recuperao de uma rea verde da
escola, plantando sementes de espcies vegetais para discutir o processo de fixao do
nitrognio; realizaram a trilha interpretativa no JB, conhecendo um pouco sobre diferentes
grupos de plantas, principalmente as nativas, e tambm visitaram o MCN; elaboraram
relatrios do que aprenderam nestas visitas; construram cartazes acerca da visita ao JB,
pesquisando o Guia do Jardim Botnico de Porto Alegre.
3.4.3 Entrevistada 3:
a) Odila Dalpiaz
b) Professora do Ensino Mdio da Rede Estadual/graduao em Cincias Biolgicas
c) Prepara as aulas utilizando todos os recursos possveis que obtm e cria para
desenvolver o contedo de Botnica. H 10 anos realiza a aula de fechamento sobre o
contedo de Botnica na visita ao JB. O propsito associar/relacionar os contedos
trabalhados em aula a partir do contato dos alunos com o ambiente natural proporcionado pelo
JB, a fim de conscientizar os alunos, sobretudo, sobre a importncia da biodiversidade.
d) Proposta: inicia o trabalho sobre botnica na sala de aula, realizando aulas
expositivas, prticas em laboratrio (usando exsicatas de vrios grupos de plantas, observao
e anlise de lminas histolgicas) e o canteiro da escola. Prximo visita ao JB realizada
uma aula de preparao em que os alunos obtm informaes sobre o parque como o
histrico, o acervo disponvel e outras informaes. Os alunos recebem um estudo dirigido
para o trabalho no JB. No JB, a professora d uma aula de Botnica, utilizando a trilha
interpretativa como recurso. Os alunos tambm conhecem o viveiro de mudas, a horta com
plantas medicinais, visitam o MCN e respondem o estudo dirigido. Aps a entrega e correo
do relatrio, esse devolvido aos alunos e feita uma discusso em sala de aula sobre o que
produziram.
3.4.4 Entrevistado 4:
a) Srgio Luiz de Carvalho Leite
b) Professor universitrio/engenheiro agronmo
c) Foi convidado por uma escola privada, que participou em evento promovido pela
UFRGS, a realizar um trabalho relacionado Botnica e Ecologia Vegetal na mesma. A partir
54
Experincias em Ensino de Cincias V. 9 , No. 3 201 4
disso, desenvolveu-se um projeto de extenso na UFRGS para trabalhar com turmas de 3 ano
do Ensino Fundamental nesta escola privada. O objetivo principal foi o de promover o contato
(visual, ttil, olfativo, gustativo) do aluno com o ambiente de uma forma motivadora, por
meio da ludicidade. Os docentes tambm podem participar das atividades propostas.
d) Foram realizadas: assessoria em Botnica e Ecologia vegetal com os membros da
escola para o devido manejo da vegetao da escola; identificao as espcies vegetais
existentes; trocas de ideias sobre prticas didticas entre a equipe da universidade e da escola;
oficinas na escola e na universidade (Herbrio); trilhas interpretativas dentro da rea da escola
e na mata do Morro Santana (no entorno da UFRGS), oportunizando o contato direto com as
plantas.
4 Discusso
4.1 Reviso bibliogrfica
A seleo de artigos (115) demonstra que, embora haja dificuldades para o Ensino
de Botnica na Educao Bsica e - at mesmo - no contexto da Educao Superior (a
exemplo do Artigo 1), o Ensino de Botnica pode ocorrer de forma que faa sentido aos
estudantes: pesquisadores tm desenvolvido alternativas promissoras para se ensinar e
aprender Botnica, sobretudo na Educao Bsica.
Muitos destes enfrentamentos, como o desinteresse pela Botnica na escola, esto
pautados em uma relao de afastamento homem-planta, no que se refere observao e
interao (Menezes et al., 2008). Isso pode ser explicado pelo fato das plantas serem to
diferentes dos humanos quanto a adaptaes e a comportamentos que se torna mais promissor
para o professor ensinar sobre quem mais prximo de ns, os outros animais, e sobre o
prprio humano. Alm disso, na maioria das vezes, ao se trabalhar Botnica na escola, so
desenvolvidas aulas baseadas no livro didtico, nas quais apresentada uma grande
quantidade de conceitos e nomes complicados, conforme afirma Rockenbach et al. (2012),
que precisa ser, quase sempre, memorizada pelos alunos para uma avaliao (em geral,
provas). Parte dos professores ainda prefere ministrar aulas desta forma e, nesta concepo, as
plantas acabam passando despercebidas (tanto pelo professor como para o aluno) ou notadas
somente por serem capazes de embelezar o ambiente. Assim, o conhecimento em Botnica,
para os alunos, parece no ter muito significado.
Ento, pergunta-se: seria por dificuldades em acessar e em criar novas propostas que
parte dos docentes no se arriscaria a realizar atividades diferenciadas em Botnica, em um
momento que muitos pesquisadores tm apresentado propostas interessantes sobre Botnica?
As publicaes escolhidas que esto disponveis na Internet e que apresentam, por exemplo,
propostas de atividades diferenciadas e contextualizadas, reflexes e trocas de experincias
sobre o Ensino de Botnica, tm como principal finalidade a de contribuir para o trabalho do
professor da Educao Bsica. O fato delas estarem disponveis digitalmente pode colaborar
para a formao do professor, uma vez que o impulsiona a buscar informao para aprimorar
seu trabalho.
4.2 Aes e prticas voltadas para o ensino Botnica do JB e MCN da FZB/RS,
GVC/UFRGS, Museu Anchieta e SMAM
A partir dos resultados, pode-se observar que aliados s escolas esto os museus, os
jardins botnicos e as secretarias (municipais e estaduais) que, ao criarem sees direcionadas
educao ambiental, difundem a cultura, por meio dos projetos e atividades educativas que
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Experincias em Ensino de Cincias V. 9 , No. 3 201 4
desenvolvem. Estes projetos e atividades colaboram para sensibilizar a populao para a
proteo do ambiente e da biodiversidade, pois fornecem conhecimento acerca das questes
ambientais, permitem a reflexo e possibilitam, sobretudo, mudanas de conduta quanto a
prticas e atitudes em relao ao meio.
Alm disso, notou-se a importncia de iniciativas via universidades (como ocorrem
nos trabalhos do GVC/UFRGS e do Entrevistado 4). Os projetos de extenso originados por
universidades, dependendo do assunto e do objetivo, so direcionados para um pblico-alvo e
diferentes abordagens so possveis de serem executadas. Desta forma, a Extenso possibilita
a aproximao da universidade com a comunidade, uma vez que contribui no s para a
formao do professor e do aluno da Educao Superior, mas tambm, para a do docente e do
estudante da Educao Bsica.
4.3 Aes e prticas voltadas para o ensino Botnica por docentes
Por meio dos resultados das entrevistas com os docentes (Entrevistados 14),
percebeu-se que, para promover atividades interessantes de Botnica, muitos dos docentes
tinham uma motivao pessoal (exemplo: Entrevistada 1, a qual possui formao em Letras)
pelo estudo dos vegetais, outros passaram a ter porque algum ou um acontecimento o
estimulou e/ou pelo fato de ter conscincia de que para ensinar e aprender Botnica
necessria a interao com as plantas, especialmente, em um espao vivo.
Nota-se, ento, a existncia de uma integrao da educao formal no-formal e
informal, todas largamente defendidas por Cavassan (2012) nas propostas destes professores,
pois eles conseguiram congregar estas trs configuraes de educao; portanto, elas se
tornam aliadas do Ensino de Botnica na Educao Bsica. Assim, para os entrevistados, o
desejo de ensinar sobre os vegetais pareceu ser intenso e a Botnica no era mais um
contedo a ser vencido, pelo contrrio foi apresentada como uma temtica agradvel, que
associa diferentes saberes (como ressalta Guerra, 2006) para se entender o papel das plantas
no ambiente e o papel do aluno nesta relao, contribuindo para a educao ambiental.
Mesmo com recursos simples, excelentes atividades so e foram propostas pelos docentes
entrevistados, demonstrando que nem sempre existem empecilhos para o Ensino de Botnica.
4.4 As reas verdes de Porto Alegre e o blog Ensino de Botnica
As reas verdes que foram registradas e esto disponveis no blog Ensino de
Botnica s tm a cooperar com as aulas propostas pelo professor da Educao Bsica. Este
resultado evidencia que a cidade de Porto Alegre abrange uma flora exorbitante, a qual tem,
segundo Ldke (1998), funo importante para a dinmica do ambiente urbano. Os professores podem utilizar estas reas para visitao e para realizao de atividades, como,
por exemplo, pedindo para os alunos pesquisarem sobre a rea, promovendo discusses e
reflexes para o uso adequado e proteo deste espao.
5 Concluso
Este trabalho evidencia que pesquisadores, professores atuantes na Educao Bsica
e outras instituies pesquisadas buscam que a compreenso da Botnica pelos estudantes
torne-se mais efetiva, ao produzirem atividades atrativas para se aprender sobre as plantas.
Alm disso, faz-nos perceber que necessria a reavaliao da prpria atuao de docentes da
Educao Bsica. Muitos deles insistem na reproduo do contedo e, at mesmo, em atitudes
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Experincias em Ensino de Cincias V. 9 , No. 3 201 4
e tipologias de avaliao a que foram submetidos em seus cursos de formao inicial.
Quando se segue um modelo tradicional para ensinar Botnica - ou seja, arraigado na
taxonomia e combinado ao mal uso do livro didtico, o qual deveria ser um apoio tanto para o
aluno quanto para o professor -, o conhecimento do local em que se vive (como, por exemplo,
das espcies vegetais nativas, das praas, dos parques e de outras reas verdes) torna-se
nfimo e sem sentido para o professor. Consequentemente, isso se reflete no aluno. Logo, ao
compartilhar as aes e/ou prticas em Botnica, este estudo incita o professor a despertar no
estudante o interesse e a curiosidade pelas plantas para, assim, valoriz-las como provedoras
da vida.
Portanto, a formao do professor da Educao Bsica precisa ir alm da de seu
curso inicial. Ela deve ser permanente e tendo em vista esta continuidade que apresentamos
propostas diversificadas de Ensino de Botnica. Nosso desejo que este trabalho possibilite
que outros professores da Educao Bsica tomem conhecimento das propostas apresentadas
e sejam capazes de analisar seu exerccio docente, extraindo ideias deste material para
planejar suas aulas, adequando-se necessidade da escola/turma e at mesmo agregando toda
comunidade escolar em projetos desta ordem. fundamental a troca de experincias e o
confronto com dificuldades neste caminho em que o docente tenta tornar o aprendizado em
Botnica significativo e prazeroso.
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