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REPORTAGEM
ComputadorComputador
s tecladistas Hiroshi Mizutani, atualmente com
Lulu Santos, e Roberto Pollo, que viaja com Fer-
nanda Abreu, têm intimidade com a informática
na música.
Hiroshi, por exemplo, em meados da década de 80, já ti-
nha um Cassiotone de 4 oitavas com teclas pequenas, além de
tocar um sintetizador Yamaha CS15 do primo Ricardo
Mizutani, que o ensinou o básico de sintetizador. Roberto Pollo
tinha 15 anos quando
começou a tocar nas
primeiras gigs no iní-
cio da década de 90,
com um sintetizador
Korg M1.
Os músicos conta-
ram à Backstage um
pouco da sua experi-
ência com a informá-
tica no palco e onde
chegaram com ela. Se-
rá que vale a pena ter
computador no palco?
Miguel Sá[email protected]
Hiroshi Mizutani: mesclando tecnologias
Mizutani conta que o seu setup aumentou e diminuiu
no decorrer dos anos de acordo com os avanços tecno-
lógicos. “No início trocava dois teclados de médio porte
por um workstation de 76 teclas. Mas depois ia acrescen-
tando teclados controlers e posteriormente os módulos que
iam aumentando o setup. Em outra fase, comecei tirando os
módulos. Era cansativo ter sempre que programar no rack e de-
pois no teclado os PCs e
CCs (Program Changes
e Control Changes).
Então, consegui elimi-
nar aquele case de rack
da estrada”. No entan-
to, o tecladista come-
çou a usar mais samples
de efeitos e loops em
samplers com saídas se-
paradas para click na
época em que tocou com
Gabriel Pensador, subs-
tituindo Dudu Trintim
amplia as possibilidades dosmúsicos e da banda
A informática já está presente no palco há muito tempo, nos teclados eseqüenciadores. No entanto, só há cerca de três anos os computadorescomeçaram a ser usados nos palcos. Máquinas cada vez mais estáveis esoftwares mais ágeis ampliam as possibilidades dos músicos nos shows
O
no palco
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“que me ensinou vários macetes”. A
partir daí, o músico fez a sua primeira
tentativa de usar um computador no
palco usando um laptop Ibook 600mhz
e uma M Audio Quattro. Isto no ano
de 2001. “Achei que seria meu super
sampler com mais alguns synths que
estavam aparecendo no mercado, mas,
para mim, não deu certo”. Hiroshi fi-
cou mais dois anos sem usar com-
putadores no palco, mas conseguiu se
livrar dos racks usando uma work-
station Kurzweil K2600 com sampler
embutido. “Ele é muito bom. Tem vá-
rias funções e controlers para isso.
Bastava o K2600 e um teclado para
fazer qualquer gig”.
Entretanto, o músico não havia
desistido dos computadores. “Sabia
que o futuro dos softsynths era pro-
missor. Peguei um powerbook 1ghz e
fui testando aos poucos. Depois de ter
usado o simulador de Hammond B4
em estúdio, montei um PC (CPU-
pentium IV 3Ghz) para tocar apenas
órgão e alguns loops. Funcionou bem
nos ensaios, mas, no primeiro show, o
Windows não reconhecia a M-Audio
410 e em outro queimou a placa de
vídeo”. Hiroshi então optou por um
mini MacIntosh menos poderoso que
o PC, “porém com o sistema mais
confiável”. Ele usou – e usa até hoje –
um G4 de 1.42Ghz com 1Gb de Ram.
“Tem funcionado bem durante os
dois últimos anos, porém, faço um
uso bem restrito: Hammond B4, Pro
53 e 8 canais de áudio com as progra-
mações do show do Lulu Santos, mas,
com os novos computadores, tenho
certeza de que poderei ampliar o uso
de teclados, efeitos e áudios em BG
em um único computador de palco.
Atualmente o músico usa, no show
de Lulu Santos, um Roland XP-80
com a placa 60&70 controlado por
um teclado Alesis QS8. “Do XP 80 eu
uso Piano, Rhodes, Clavinet, Strings
e Pads. Uso um Roland JP 8000 para
Synths, Pads e Efeitos. No computa-
dor eu uso o B4II e o Pro 53”, diz. A
partir da máquina, ele ainda envia um
sinal MIDI para sincronizar o painel
de LEDs com os videoclips .
Roberto Pollo:
computador no centro
do sistema
Na primeira gig, com 15 anos,
Roberto usou o sintetizador Korg M1.
Depois partiu para o K2000, da Kurzweil,
mas, em casa, o músico já usava um
pouco da tecnologia que então ensai-
ava os primeiros passos. “Sempre fui
vidrado nas possibilidades do compu-
tador. Tinha a intuição de que aqui-
lo ia chegar a algum lugar. A ques-
tão é que hoje os teclados já não
acompanham a qualidade de som de
um computador. São 350 mega na
workstation para vários sons. No
computador, apenas para um som,
tenho dois giga”.
O músico afirma que o computador
começou a fazer parte da sua realidade
no palco há cerca de três anos, quando
tocou com Gabriel o Pensador. “Tecla-
do era mais confiável, mas começou a
mudar de uns três anos pra cá. Hoje já
tem menos latência”. Para Pollo, o
momento da mudança aconteceu com
um software: o Live. “Com ele, o com-
putador começou a ir atrás do músico”.
O tecladista ressalta que, no show do
rapper, há muito improviso, situação
na qual a flexibilidade do Live fica bas-
tante evidente. Com Fernanda Abreu,
Roberto Pollo usa o Logic Studio 8
para disparar os sons de piano elétrico
Wulitzer e Rhodes do Scarbee e o Live
7 para disparar os dez canais seqüen-
ciados de base do show e rodar os
sintetizadores. Roberto gosta do som
dos simuladores destes teclados analó-
gicos. “Para quem ouve, a diferença é
quase imperceptível. Ela é mais evi-
dente para quem toca”.
Os programas rodam em um Mac
Book Pro, 2.33 gHz, com três giga de
memória e monitor de 17 polegadas.
Ainda no terreno dos hardwares, o
instrumentista usa dois HD firewire
800 Little Big Disk para rodar no
computador os samplers do disco de
Lulu Santos e Hiroshi Mizutani
Roberto Pollo
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Fernanda Abreu. No total, ele gerencia pelo computador
dez canais de áudio mais as livrarias de timbre do HD in-
terno e externo. Roberto usa a porta firewire 800 para ligar
o HD e a firewire 400 para a interface RME.
Roberto Pollo ressalta que é necessário fazer algu-
mas escolhas para que o computador rode bem. Os ar-
quivos de áudio da base, por exemplo, ele converteu de
24 bits para 16. “Faço uma matemática entre o que o
equipamento pode oferecer e as necessidades artísti-
cas”, coloca o músico. Ele ainda toma muitos cuidados
com a manutenção do computador, além de carregar a
máquina sempre com ele. “Não despacho o computa-
dor, sempre me preocupo com a máquina, faço desfra-
gmentação”, enumera o tecladista. Ele hoje tem um
setup com teclados Yamaha S80, Korg Kontrol 49 e
Kurzweil K2000VP. O hardware “informático” é com-
posto por interface de áudio RME Fireface 400 e Emu
Darwin (backup e conversor ótico quando necessário),
além do já citado computador Apple Macbook pro 2.33
(17") 3gb RAM com HD firewire 800 Little Big disk
(2x 7200rpm RAID) com sistema OS 10.4.11. Os
softwares são Apple Logic 8 (EXS24 & EVD6), Able-
ton Live 7, Native instruments (Reaktor, B4 &
Pro53), Scarbee KGB & VKFX, Refx Vanguard, Pre-
dator, Ohmboyz e Sugarbytes Artillery.
Sempre computador?
Dos primeiros teclados digitais e seqüenciadores da
década de 80 e início dos 90 aos poderosíssimos com-
putadores responsáveis pelos timbres de teclados e
verdadeiras bandas virtuais nos palcos, muito se evo-
luiu nos últimos 20 anos. Mas não é em qualquer traba-
lho que vale a pena ligar os computadores. Dependen-
do da gig, pode ser um tiro de escopeta na formiga. Afi-
nal, se o show é pequeno, pode bastar um bom sinte-
tizador ou um sampler com bons timbres, ou até mes-
mo um piano ou um Hammond original, por exemplo.
Mas quando se fala de 10 pistas de instrumentos grava-
dos tocando junto com a banda, além dos timbres de
teclado, uma máquina potente com bons softwares ro-
dando pode ser a melhor solução.
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