Comunicação é poder: Totalitarismo no filme “A Onda”1
Gabriel Pinheiro PIRES2
1. INTRODUÇÃO
Sendo a Alemanha um país marcado por regimes ditatoriais e que ainda tem cicatrizes das
barbáries geradas por estes poderes totalitários, é difícil debater o totalitarismo dentro da
Alemanha. Com essa preocupação, o longa trata o assunto sem mesmo reter-se no debate
das características dos regimes totalitários da história alemã, mas sim com um olhar atual
de um sociedade que ainda precisa se preocupar com as falhas que permitiram o
acontecimento de novos episódios semelhantes em sua história.
O filme discute os regimes em sua essência e trata da questão de “se” e “como” um regime
totalitário - seja qual for seu ideal - poderia emergir novamente no seio da sociedade alemã.
Uma história retratando a experiência de um professor de ensino médio para provar que
seus alunos precisam continuar os debates sobre autocracia e assim percebam como a
negligência do passado pode fazer com que essas histórias se repitam no futuro.
Naturalmente, entre os detalhes essenciais debatidos na trama, a contribuição dos Mass
Media tem papel central.
Com a simples observação da história dos regimes políticos autocráticos pelo mundo é fácil
encontrar pistas sobre como a manipulação das massas é fator comum a cada um deste, já
que manipulação é um fator de encontro entre política e comunicação de massa. Assim, o
presente ensaio busca traçar através das situações expostas no filme “A Onda” (Die Welle,
2002) um entendimento do papel das Mass Media na ascensão e perpetuação do
totalitarismo e ainda se essa comunicação pode auxiliar como força opositora a tais
regimes.
1 Ensaio para a disciplina de teorias da comunicação sob orientação da professora MsC. Rose Vidal.2 Aluno do curso de publicidade e Propaganda da Universidade Vila Velha. [email protected]
Finalmente, para compreender a relação entre a autocracia discutida em “A onda” - aqui
também tratada como totalitarismo ou ditadura - e os meios de comunicação de massa,
antes é preciso definir esse tipo de regime político e suas disparidades em relação aos
regimes democráticos. No totalitarismo as leis são definidas por um indivíduo ou grupo
que, segundo o próprio personagem Professor Wenger, “tem poder ilimitado para mudar as
leis se achar necessário”. Já na democracia a coletividade “vive sob leis que ela mesma
criou para si, e que podem ser modificadas quando ela mesma o desejar” (Todorov, 2002,
pág. 19).
3. “A ONDA”
Na trama do longa Alemão, o professor Rainer Wenger fica responsável por ministrar as
aulas sobre Autocracia em um projeto de uma semana organizado pela escola na qual
trabalha. Devido à própria insatisfação e também a dos alunos em debater o tema, Wenger
decide reformular o método didático das aulas do projeto e para isso cria um experimento
onde os alunos vivenciam as características de um regime ditatorial dentro da sala de aula.
A partir daí acompanhamos o desenvolvimento descontrolado da “onda” criada dentro da
classe durante o “projeto da semana”. Para que seja feita a análise dos elementos contidos
na trama, em paralelo aos estudos de Mass Media, esse tópico do ensaio é organizado em
outros sub-tópicos que correspondem aos dias passados no filme, sendo o primeiro dia
correspondente à introdução sobre o Projeto da Semana, os próximos cinco dias
correspondentes ao período de segunda à sexta-feira da semana na qual transcorre o projeto
e o último item corresponde ao sábado no qual ocorre uma reunião extraordinária. Desta
forma é possível tratar o enredo cronologicamente e analisar os acontecimentos na ordem
em que são mostrados na trama.
3.1. CONTEXTUALIZANDO O PROJETO DA SEMANA
É o professor Wenger quem protagoniza a trama, iniciando e conduzindo as atividades do
“projeto da semana” na turma de Autocracia. O professor no inicio está relutante em
assumir a turma já que seu desejo era ministrar as aulas de Anarquia - regime pelo qual ele
aparenta ser simpatizante.
Já na sequência inicial o longa usa Wenger para introduzir uma teoria da comunicação
importante na contextualização da trama. O professor está dirigindo enquanto ouve no som
do carro a música “Rock 'n' Roll High School” da Banda Ramones e usando uma camiseta
da banda. No figurino do professor, durante todo o longa, o uso de camisetas de bandas
torna-se uma constante
Uma camiseta de banda encaixa-se perfeitamente no entendimento de indústria cultural, já
que se aproveita da popularidade da banda para gerar mercadorias que aparentemente
auxiliam na individualidade, mas criam na verdade uma “pseudo-individualidade” (Wolf,
2003, pág 87). A indústria cultural é uma definição dos pesquisadores da teoria crítica e faz
parte de um sistema de manipulação onde “divertir-se significa estar de acordo [...]”
(Horkheimer - Adorno, 1947, 156 apud Wolf, 2003, pág 87). Manipulação, com será visto
mais a frente, é uma palavra de muito peso quando se trata de política e comunicação.
Os alunos e suas particularidades, que são apresentados nesta parte do filme, ainda serão
aprofundados nos tópicos seguintes de acordo com suas contribuições à história, mas por
hora é importante destacar as coincidências entre eles. Primeiramente por se assemelharem
ao seu professor ao estarem naturalemente imersos na indústria cultural e portanto se
mostram também suscetíveis à serem manipulados
Outro ponto em comum é a apresentação das necessidades de integração presente em todos
os jovens alunos. Uma linha dentro do diálogo entre dois deles expressa exatamente essa
necessidade: “[...] não tem mais nada. Contra o que a gente vai se revoltar hoje em dia?
Parece que nada mais vale a pena. [...] a gente só quer se divertir. O que falta pra nossa
geração é um objetivo comum pra unir a gente, sabe?”.
Essa necessidade de integração fica mais clara quando o enredo apresenta alguns pequenos
grupos de alunos em busca dessa integração: um grupo de tetro que não consegue
concordar quanto ao rumo da peça, um time de polo aquático com problemas de jogo em
equipe e um pequeno grupo de estilo incomum, liderado pelo aluno Kevin, que se reúne
para usar drogas ilícitas. Nesse contexto destaca-se o personagem Tim, personagem chave
para o filme e que - querendo fazer parte do tal grupo de usuários - torna-se um fornecedor
de drogas dos novos “amigos”.
A busca por integração é análoga à outra importante teoria da comunicação: a Teoria
Funcionalista. Wolf (2003, pag. 67 e 68) mostra que entre as funções dos Mass Media
apresentadas por Lazarsfeld e Merton está “a atribuição de posição social e prestígio às
pessoas e aos grupos” e “o reforço das normas sociais”. Ora, se a comunicação é fator
determinante na construção do status e das normas sociais que organizam uma sociedade,
então ela tem participação na anomia gerada pela exclusão dos que não se adequam a tais
normas e status.
3.2. SEGUNDA-FEIRA: DISCIPLINA É PODER
O desinteresse dos participantes da aula de autocracia se origina em sua insatisfação por
estarem novamente em uma sala de aula discutindo sobre os regimes ditatoriais alemães,
especialmente o terceiro Reich. A insatisfação pode ser vista como influência da disfunção
apontada pelos pesquisadores da corrente Funcionalista que é o efeito narcotizante da
comunicação no qual “o cidadão interessado e informado pode deleitar-se com tudo aquilo
que sabe, não percebendo que se abstém de decidir e de agir” (LAZARSFELD - MERTON,
1948, 85 apud WOLF, 2003, pag. 68). Por se tornar um tema exaustivamente debatido ao
longo da história da comunicação na Europa, a fuga das discussões sobre os problemas
enfrentados em seus regimes ditatoriais é uma característica provavelmente intrínseca ao
povo alemão. A repetição de um tema faz com que esse se banalize e perca a força de sua
importância.
Finalmente Wenger resolve alterar a didática de sua turma no projeto e propõe a criação de
um experimento em que as aulas passam a ser dadas na forma de um regime totalitário.
Primeiramente uma votação extremamente duvidosa eleva o professor ao status de Füher e
a partir dali passa a ser dele o poder de criar leis para que todos obedeçam. O professor
organiza a sala de forma alinhada, impõe regras de postura e conduta dentro da classe e
começa a levantar, através dos alunos, as características de um regime totalitário.
Pensando na relação entre a instauração do pequeno regime ditatorial e a comunicação de
massa, tem-se aqui a utilização de uma fundamental teoria da comunicação: A teoria
hipodérmica. Ao caracterizar a teoria hipodérmica, WOLF (2003, pag. 23). diz que:
A principal componente da teoria hipodérmica é, de facto, a presença explícita de
uma “teoria” da sociedade de massa, enquanto no aspecto “comunicativo”, opera
completamente uma teoria psicológica da acção.
A presença da teoria da sociedade de massa, já se torna explícita em dois elementos aqui já
analisados: (1) a imersão na indústria cultural que elimina a individualidade e submete a
massa a um estado de acríticidade e (2) a falta de integração que faz com que as
informações sejam aceitas e assimiladas sem qualquer discussão. Estes elementos
característicos de uma sociedade de massa tornam aquela sala de aula um terreno fértil para
ideias manipuladas de coletividade em busca de um bem maior.
Já a teoria psicológica apontada por Wolf, trata-se do modelo “estímulo-resposta” da teoria.
Em si o modelo de comunicação já mostra como a teoria hipodérmica está ligada a
manipulação, já que condiciona o público a informações sem que este tenha espaço para
nenhum tipo de réplica. Exemplos dessa manipulação não faltam dentro do filme “A
Onda”, vide as imposições feitas pelo Sr. Wenger que passaram a ser aceitas pela classe em
quase toda sua totalidade.
Os que não aceitam as imposições que saiam - espontaneamente ou à força - como é o caso
de Kevin e seus companheiros Sinan e Bomber que se recusam a levantar e participar do
exercio de “respirar coletivamente” proposto pelo Sr. Wenger. Os últimos se arrependem
em seguida. Enquanto isso a aluna Mona já mostra insatisfação para com a metodologia do
professor, mas ainda cede às atividades para que não seja expulsa da aula. O mais
importante em uma ditadura é a disciplina.
A disciplina e a ordem da sala de aula contrastam com os ambientes familiares
desordenados e longes de tradicionalismos. Neste contexto pós-aula, é preciso observar
outro fator causado pela teoria hipodérmica: Em cada casa mostrada, um aluno expressa
para sua família as suas impressões sobre o projeto e surpreendentemente todos
demonstram estarem satisfeitos com a experiência de participar do sistema ditatorial,
inclusive o próprio professor.
Uma fala de Caro serve perfeitamente para mostrar a impressão geral sobre a aula: “De
repente todo mundo ‘tava’ (sic) fazendo. Era uma energia estranha que pegou todo mundo”.
Temos aqui a exata ilustração do efeito da teoria hipodérmica em que “cada elemento do
público é pessoal e diretamente ‘atingido’ pela mensagem” (Wright, 1975, 79 apud Wolf,
2003, pag. 22). Em uma escala maior, essa manipulação não seria eficaz em nossa
atualidade devido à diversidade das fontes de informação, porém dentro do ambiente da
classe de Autocracia a figura do professor é fonte inquestionável da informação e a
manipulação em pequena escala torna-se possível.
No fim do dia, o professor se enche de curiosidade para tentar novos elementos de uma
ditadura e novas formas de manipulação, enquanto os alunos começam a fazer com que o
sistema tenha vida além da sala de aula.
3.3. TERÇA-FEIRA: UNIÃO É PODER
Para dar início à segunda aula, o Sr. Wenger faz novas experiências que continuam se
aproximando da linha da Teoria Hipodérmica. Ao pedir que todos se levantem, a turma
toda fica de pé; Ao pedir que todos façam movimentos com braços e pernas, a resposta da
turma é imediata; Só a partir do terceiro pedido - que é o de imitarem um movimento de
marcha - algumas contestações surgem com Mona. Para justificar as atitudes o professor
usa dois argumentos básicos: gerar união e incomodar os inimigos da aula de Anarquia.
Para unir os membros da turma/ditadura são usados os artifícios do alinhamento das
posições, da divisão em duplas - organizadas para unir alunos com notas altas e baixas - e
por fim a proposição de um uniforme. Para o uso do uniforme Mona é novamente a única
aluna relutante, enquanto todos os outros concordam com os argumentos de que a
uniformidade é capaz de fortalecer a união e eliminar diferenças sociais. A participação dos
alunos chega ao ponto de alguns deles argumentarem defendendo a ideia dos uniformes
enquanto ajudam uns aos outros para que todos se adequem ao uso.
A definição de um inimigo também deixa claro como o efeito da mensagem à qual os
alunos são submetidos está gerando um efeito completamente manipulador. Ela apresenta
um ideal de coletividade que está acima do indivíduo e que precisa combater um inimigo
comum: A anarquia; O caos; a falta de ordem.
No extremo da manipulação encontra-se Tim, que assimila o ideal coletivo de modo tão
doentio que chega a um ponto em que ateia fogo a todas suas roupas que ostentem marcas
famosas - rejeitando a Indústria cultural. Porém, no extremo da contestação encontra-se
Mona que desde o princípio demonstrou ser um personagem não manipulável e que não
deixa passar ordens sem antes questioná-la.
A atitude de Mona rejeita justamente uma característica da teoria hipodérmica que é
comum à teoria funcionalista: ambas se baseiam em paradigmas que não admitem resposta
do público. O modelo de “estímulo-resposta” da Teoria Hipodérmica - já tratada neste
ensaio - vai de perfeitamente ao encontro do Paradigma de Laswell usado na Teoria
Funcionalista para explicar como acontece o ato comunicativo. (citação direta sobre ato
comunicativo). Este paradigma de Laswell é baseado nas seguintes perguntas:
“ [...] quemdiz o quêatravés de que canalcom que efeito? [...]” (Lasswell, 1984, 84 apud Wolf, 2003, pag. 29)
3.4. QUARTA-FEIRA: AÇÃO É PODER
Aplicando o paradigma de Lasswel a uma as atitudes do professor no dia anterior temos o
seguinte:
Quem? O professor
Diz o que? Que imitem o ritmo de seus passos
Em que canal? Oralmente em sala de aula
Com que efeito? Todos os alunos acompanham seus passos
É importante lembrar que a comunicação oral não é necessariamente um meio que atinge
massas e, portanto não deve ser usada como prova perfeita dos efeitos manipuladores de
teorias do estudo de comunicação de massa. Na situação analisada na tabela, por exemplo,
é preciso levar em conta a reação de Mona em contestar antes de aceitar a mensagem, já
que esta não é uma atitude cabível em canais como televisão e rádio. Depois dessa situação
o que acontece é a desistência de Mona em fazer parte do regime da sala de aula.
Combater inimigos é a nova palavra de ordem do projeto da semana. Mesmo que não
admitido verbalmente, o uso da exclusão fica obvio neste ponto da trama. A começar por
Karo que não está usando o uniforme de camisas brancas proposto na aula anterior e por
isso passa a ser quase que totalmente ignorada pelo professor. A partir daí a turma passa a
adotar este sistema de exclusão para com pessoas que não fazem parte do movimento.
A escolha do nome “A Onda” vem justamente no momento em que, mesmo com a saída de
Mona, a sala recebe novos alunos - suficientes para lotar a sala - seduzidos pela estranha
didática do professor. Um nome muito justo, já que define poéticamente o regime iniciado
dentro da sala, mas que já está crescendo e captando adeptos fora dos limites da classe.
Dentro da sala os alunos são incentivados a contribuírem com suas ações em prol da
“Onda” e todos demonstram-se extremamente entusiasmados em fornecer suas forças e
ideias para o crescimento do movimento. Naturalmente essas ações reverberam para o
exterior.
No grupo de teatro de alunos os sentimentos de união e disciplina já mostram seus efeitos
quando Bomber e Sinan defendem Tim das agressões de Anarquistas e quando Dennis, o
diretor da peça de teatro e um dos alunos mais entusiasmados com a Onda, assume uma
postura de pulso firme ao substituir Karo no papel principal e também proibir os
improvisos. Entretanto, a ação externa d’A Onda se mostra grande de verdade quando todos
os membros se reúnem à noite para fazer um arrastão e invadir toda a cidade. Adesivos e
pichações com o símbolo do grupo são espalhados pelas ruas e agora até mesmo quem não
participa da turma de Anarquia - como Kevin e o irmão de Mona - contribui para as ações
da Onda.
3.5. QUINTA-FEIRA: ESTÁ FORA DE CONTROLE
Os problemas acontecem longe da vigilância de Wenger que está inebriado com os
resultados positivos de seu experimento. Quem realmente enxerga os males causados pela
Onda são os que estão de fora da mesma e é aqui que finalmente a trama vai ajudar a
refletir uma nova forma de influência dos meios de comunicação: sua contribuição no
combate a um regime totalitário.
Para sustentar-se o totalitarismo usa os meios de comunicação por ele dominados a favor de
seus propósitos e faz com que seus ideais e métodos sejam bem vistos enquanto os
malefícios são disfarçados e ignorados. As funções manipuladoras são vistas em plena
atividade para justificar as aberrações das Ditaturas. Logo, a única forma de descontruir as
“verdades” impostas por uma ditadura é através de meios alternativos de comunicar,
provenientes de uma força alheia aos ideais do regime. Se todos os meios de comunicação
de massa estão sobre controle fica quase impossível se impor a ela.
Os professores se mostram insatisfeitos com as proporções das atividades da aula de
Autocracia, até a Sra. Wenger já se mostra preocupada e as ex-alunas Mona e Karo se unem
para usar um meio alternativo de alertar à escola do risco que A Onda representa.
No período deste dia o longa nem mesmo se prende a apresentar os acontecimentos dentro
da turma de Autocracia, com exceção de alguns minutos para mostrar a adoção de um sinal
que serve apenas para reforçar a imagem de união do grupo. Fora da sala, Tim demonstra
estar ainda mais afetado: saca uma arma numa discussão com um grupo de uma tribo
urbana anarquista e mais tarde se oferece como guarda-costas de seu Füher. Uma festa com
os membros d’A Onda marca o ápice do movimento enquanto Karo se arisca numa
tentativa de comunicar a escola sobre os efeitos nocivos do grupo.
3.5. SEXTA-FEIRA: É POSSIVEL UMA NOVA DITADURA NA ALEMANHA?
Já na sexta, Karo é frustrada em sua tentativa - feita na noite anterior - de espalhar folhetos
de repudio à Onda. Para o jogo do time de polo aquático há mais uma nova ação de poder
desmedido por parte dos membros d’A Onda: todos os alunos da escola são obrigados a
usar camisas brancas - que são o uniforme da Onda - e mais uma vez Karo e Mona se
recusam a participar. Ambas se lançam em uma última forma desesperada de informar a
escola sobre o risco que o movimento representa. Tentam distribuir folhetos para o público
do jogo e o resultado desta ação é uma grande briga dentro e fora da piscina. Mais tarde em
uma discussão Karo é agredida por seu namorado Marco que logo após o ocorrido vai a
procura do professor para clamar que este acabe com a A Onda por ser, em suas palavras,
uma “disciplina extremamente fascista”.
Finalmente os defeitos da Onda ficam visíveis aos olhos do Sr. Wenger e cabe a ele decidir
se A Onda tem que ser extirpada pelas óbvias consequências desastrosas ou se vale a pena
manter o experimento e transforma-lo em algo maior graças aos bons resultados na
disciplina dentro da sala de aula.
4. SÁBADO: SOBRE O FUTURO D’A ONDA
Em um auditório lotado de camisas brancas o Sr. Wenger discursa sobre os acontecimentos
daquela semana, usando as palavras dos alunos que pontuam os benefícios do movimento
na vida de cada um deles. Logo a seguir o Füher inflama a multidão com suas palavras ao
dizer que não é possível deixar que A Onda acabe ali e que é possível leva-la a um novo
nível e espalhar suas vantagens por toda a Alemanha.
Não é mais um experimento escolar, mas um verdadeiro regime ditatorial com plena adesão
de membros dispostos a sacrificar-se pela causa. Cada elemento que foi tratado até aqui
serviu de base para o que A Onda se tornasse a tsunami vista nessa cena. Marco, do meio
das cadeiras do auditório grita: “vocês não entendem o que ele está fazendo? Ele está
manipulando todos vocês.”. A resposta é hostil e Marco é arrastado até o palco. O Sr.
Wenger instiga seu público e pergunta o que deve ser feito com o traidor, deixando na mão
de Bomber o poder de decisão já que foi ele quem o arrastou até ali. O aluno diz que só fez
aquilo porque foi mandado e essa é a deixa para o professor mostrar o real motivo daquela
reunião extraordinária ao perguntar: “você mataria ele se eu mandasse?”.
“É isso que fazem na ditadura” completa o professor para a surpresa geral. Um vazio toma
conta do local enquanto a compreensão da loucura fascista começa a ser entendida pelos
jovens membros d’A Onda. Achar-se superior e ferir os que não concordam seria só o
começo. Prova disso é o último momento de Tim que não aguenta o estado de anomia que é
perder aquilo que dá sentido a sua vida e ali mesmo fere um colega e dá fim a própria vida
com sua arma. No fim, Rainer Wenger é levado pela polícia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
WOLF, Mauro. Teorias da Comunicação. São Paulo, Editora Anablume, 2003.
TODOROV, Tzvetan. Memória do mal, tentação do bem: Indagações sobre o século XX.
São Paulo, Editora Arx, 2002.
REFERÊNCIAS CINEMATOGRÁFICAS
DIE WELLE. Direção de Dennis Gansel. Produção de Nina Maag. Alemanha:
CONSTANTIN FILM PRODUKTION, 2002. 1 DVD (107 minutos).
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