COMUNICON 2013, São Paulo, Brasil
Memórias de agência, participação e resistência:
um recurso oculto nas estratégias de comunicação das ONGs e movimentos sociais?
Thomas Tufte
Universidade de Roskilde, Dinamarca
Estrutura da presentação
• Movimentos sociais, mídia digital e trajetórias de mobilização
• Comunicação para a mudança social em uma encruzilhada
• ‘Trabalho de memória’ (memory work) – 3 perspectivas analíticas
• Conclusão: En busqueda dum quadro mais abrangente em comunicação para a mudança social
Movimentos sociais e suas trajetórias de mobilização
comemoradas na esfera pública, como insurreições provenientes de experiências de exclusão imediatas
o discurso e a memória públicos já construídos em torno destas insurreições recentes enfatizaram explicações de curto prazo e superficiais
Trajetórias historicas
• longas lutas por justiça
• reivindicar uma voz e um espaço
• uma ação cívica e coletiva
• reivindicações dos cidadãos para conseguir um papel no desenvolvimento da sua sociedade
Occupy, Indignados, Pinguinos, Autónomos, Primavera Árabe, etc…
• um denominador comum: o apelo para um processo de desenvolvimento mais inclusivo
• reivindicações históricas
• carregam consigo o legado de exclusão mas, muitas vezes também histórias e memórias de agência, participação e resistência
A mascara de Guy Fawkes (1570-1606)
A nova mídia digital e o campo da comunicação para o desenvolvimento
• O papel crucial da mídia e da comunicação, envolvidas em processos de mudança social
• Não está, ironicamente, vinculado ao campo da comunicação para o desenvolvimento e mudança social nas organizaçoes
• Espaços verticais para participação• Lógica sistemica: USAID, DFID, ONGs, agências das Nações
Unidas.
Diversas abordagens da participação
• Participação como processos sociais estreitamente vinculados a ciclos de programas e de projetos e a lógica subjacente que informa sua inércia organizacional
• Processos participativos dirigidos por cidadãos
Movimentos fora de arenas institucionais
• Sem estruturas organizacionais claras, sem qualidade de membro fixada, sem estratégia de comunicação explícita no papel
• Redes segmentadas, policêntricas, integradas’: tipo SPIN (Gerlach e Hines 1968)
• Otros teoricos: Lance Bennet (2003), Anastasia Kavada (2011)
Comunicação para a mudança social em uma encruzilhada • Abismo entre os espaços convidados e promovidos pelo
sistema para a comunicação e a participação, e os espaços bottom-up, informais e não-institucionalizados
• America Latina: uma história e experiência de resistência, contrastando ao legado histórico de iniciativas controladas pelo governo
A ‘confluência perversa’
‘A natureza perversa da confluência entre os projetos participativos e neoliberais reside no fato de que ambos não somente requerem uma sociedade civil vibrante e pró-ativa, mas compartilham também noções centrais, tais como cidadania, participação e sociedade civil, embora usadas com sentidos muito diferentes’ (E. Dagnino, 2011: 419).
‘Trabalho de memória’ (memory work)
• Avaliar criticamente a prática comunicativa dos movimentos sociais e da sociedade civil.
• O trabalho de memória pode servir como uma perspective analítica
Memoria: recurso oculto e implícito
• Ao trazer à luz as histórias, trajetórias e experiências que são lembradas e usadas do passado, estrategistas de comunicação poderão trabalhar de maneira mais pró-ativa e consciente com memoria nas suas estratégias para a mudança
• Pode se abrir para um ‘diálogo com a sociedade’
• Memória como um recurso e um valor, para o trabalho estratégico de comunicar para uma mudança socia
1. Memória Pública como Estratégia Retórica (Kendall Phillips)
• memórias compartilhadas coletivamente
• memória pública se dá a través dos meios pelos quais divulgamos estas
• a construção de memória pública permanece um campo contestado onde ocorrem luta e negociação...
•
2. A Memória é Política
• memórias da injustiça (Thomas Olesen, 2013)
• As memórias de injustiça existem no mundo real, em relações, como normas e valores. Como tais, elas são intangíveis.... elementos de uma cultura política.
Expressões tangíveis - três sites
• Fotografias – iconicidade
• Arte e cultura popular
• Lugares
Perspectiva global
• O genocídio de Ruanda em 1994
• Apartheid na África do Sul
• As lutas de memória muito raramente estavam encerradas. Permanecem abertas em arenas constantes de concorrência e negociação ferozes …
O que está lembrado e o que não?
3. O desafio da tradução no trabalho de memória
Achille Mbembe: como a África do Sul pode lembrar sem cair na vingança violenta, no aprisionamento no passado?
Desafio: traduzir a memória em um discurso que é elaborável e factível para o presente e o futuro, e que evita incentivar um novo conflito
Soul City (cidade das almas)
ONG Sulafrica desde 1992Usa edu-entretenimento
http://vimeo.com/44087658
(comecar no minuto 7.50)
Tornar o privado público
‘Comparadas com a realidade, que vem do fato de ser visto e escutado, até as maiores forças da vida intima – as paixões do coração, os pensamentos do espírito, os deleites dos sentidos – levam a um tipo de existência incerto e sombrio, a menos que, e até que, elas sejam transformadas, desprivatizadas e desindividualizadas, de certo modo, em uma forma de adaptá-las para a aparência pública. A mais corrente de tais transformações ocorre na contação de histórias ‘ (H. Arendt, The Human Condition [A condição Humana] , 1958: 50)
Panelaço como estratégia de cambio?
• Memória viva dos tempos do regime do apartheid
• Panelaço, um símbolo global de resistência
• Mudança social em muitos níveis na África do Sul, de mudanca de normas socais a mudancas de lei
ConclusãoElementos para uma dimensão diacrônica na comunicação para o desenvolvimento e para e engajamento cívico:
1. A perspectiva estratégica2. A dimensão política3. A construção discursiva de memória.
Mirca Madianou (2012): Um “modelo triplice de engajamento”: discurso, ação e compreensão
Muito obrigado!
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