Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
Elaboração:
Associação dos Proprietários de RPPN do Estado do Ceará – Asa Branca
Coordenação:
Fábio de Paiva Nunes - Biólogo/UFC Samuel Victor da Silva Portela - Biólogo/UVA
Equipe Técnica:
Cristiano Alves da Silva – Geógrafo – UECE: Caracterização Abiótica e geoprocessamento.
Francisco José Freire de Araújo – Biólogo – UFC:
Caracterização Botânica.
Carla Clarissa Nobre de Oliveira - Bióloga UFC e João Marcelo Holderbaum - Biólogo – UFC:
Caracterização da Mastofauna e Avifauna.
João Marcelo Holderbaum - Biólogo – UFC: Herpetofauna
Daniel Vale de Araújo - Estudante de Geografia - UECE:
Caracterização Socioeconômica das comunidades de entorno da RPPN.
Hangley da Silva Félix - Estudante de Geografia - UECE: Estagiário da Associação Asa Branca
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Apoio:
Programa de Incentivo às RPPNs da Mata Atlântica
Parceria:
Confederação Nacional de RPPN - CNRPPN
Associação Caatinga
AQUASIS
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
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Agradecimentos: A elaboração deste Plano de Manejo foi realizada com o apoio de inúmeras pessoas
e instituições que há anos vêm contribuído de forma significativa para a conservação
da natureza e principalmente no incentivo às Reservas particulares.
Agradecemos imensamente aos proprietários da RPPN Sítio Palmeiras, Roberto
Proença de Macêdo e Tânia Rocha Lima de Macêdo, por idealizarem e se
responsabilizarem pela criação e gestão desta Unidade de Conservação.
Agradecemos ainda pelo apoio logístico e pelas inúmeras informações concedidas à
equipe executora do projeto.
Agradecemos enormemente à Associação Caatinga pelas várias formas de
contribuição técnico-institucional, as quais foram fundamentais para e execução
deste projeto.
Agradecemos ainda à AQUASIS por se mostrar sempre muito receptiva e disposta a
trocar informações técnico-científicas com a Associação Asa Branca, sempre no
intuito de garantir a conservação e manutenção dos recursos naturais, neste caso
específico, do Maciço de Baturité.
Nossos sinceros agradecimentos ao Programa de Incentivo às RPPNs da Mata
Atlântica, coordenado pela Conservação Internacional, Fundação SOS Mata
Atlântica e The Nature Conservancy que em seu sétimo edital contou com apoio do
Atlantic Forest Conservation Fund (AFCoF) - Fundo de Conservação da Mata
Atlântica – KfW/Funbio, co-financiado pela República Federal da Alemanha através
do KfW Entwicklungsbank.
E por fim, a todos aqueles que contribuíram de alguma forma para a realização e
confecção deste documento, seja no apoio logístico, nos levantamentos de campo
(mateiros e caseiros) ou com informações e conhecimentos populares de grande
valor sócio-cultural para este trabalho.
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Apresentação:
Este documento é resultante do projeto “Elaboração do Plano de Manejo da
RPPN Sítio Palmeiras” executado pela Associação dos Proprietários de RPPN do
Estado do Ceará – Asa Branca e apoiado pelo Programa de Incentivo às RPPNs da
Mata Atlântica, coordenado pela Conservação Internacional, Fundação SOS Mata
Atlântica e The Nature Conservancy.
A iniciativa dos proprietários Roberto Proença de Macêdo e Tânia Rocha Lima
de Macêdo de criar a RPPN Sitio Palmeiras foi de garantir a proteção legal e integral
dos atributos naturais da propriedade de mesmo nome, onde 95.5% da propriedade
foram convertidos em RPPN. O Plano de Manejo contribuirá e orientará a captação
de recursos para implementar as ações de gestão da Reserva previstas nos
programas, além de possibilitar a conservação da biodiversidade local com maior
efetividade.
A possibilidade de implementar esses objetivos é de total interesse do
proprietário, gestor da RPPN que hoje é mantida exclusivamente através de
recursos próprios. Portanto, uma das expectativas do Plano de Manejo é consolidar
um plano de sustentabilidade da Reserva, envolvendo também a captação de
recursos externos no sentido de viabilizar as ações propostas. Além disso, há a
preocupação do proprietário em adequar-se a legislação vigente que inclui o
compromisso e a obrigação de elaborar e aprovar um Plano de Manejo junto ao
órgão ambiental responsável, neste caso o ICMBio.
E finalmente, o Plano de Manejo da RPPN Sítio Palmeiras deverá servir de
referência e estímulo para as outras RPPN que estão em processo de criação nesta
área, já que estas tendem a acompanhar o exemplo de pioneirismo dessa que foi
catalisadora dessa categoria de manejo, Juntamente com a RPPN Serra da
Pacavira, ambas na APA da Serra de Baturité, além de fortalecer a categoria das
RPPN no Estado do Ceará e incentivar Políticas Públicas mais efetivas para a
conservação do Maciço do Baturité.
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SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................ 4
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................ 5
LISTA DE FIGURAS.............................................................................................................. 9
LISTA DE QUADROS ......................................................................................................... 10
LISTA DE MAPAS .............................................................................................................. 11
LISTA DE GRÁFICOS ......................................................................................................... 12
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................ 13
LISTA DE SIGLAS .............................................................................................................. 18
A - INFORMAÇÕES GERAIS ............................................................................................... 20
1. ACESSOS ...................................................................................................................... 20
2. HISTÓRICO DE CRIAÇÃO E ASPECTOS LEGAIS DA RPPN ................................................. 21
2.1. HISTÓRIA DA REGIÃO ................................................................................................ 21
2.2. HISTÓRIA DA PROPRIEDADE ...................................................................................... 22
3. FICHA-RESUMO DA RPPN ............................................................................................. 23
B - DIAGNÓSTICOS ........................................................................................................... 25
1. CARACTERIZAÇÃO DA RPPN ......................................................................................... 25
1.1. CLIMA ....................................................................................................................... 25
1.2. GEOMORFOLOGIA .................................................................................................... 30
1.3. SOLOS ....................................................................................................................... 33
1.4. GEOLOGIA ................................................................................................................ 34
1.5. HIDROGRAFIA ........................................................................................................... 37
1.6. FLORA E FITOFISIONOMIAS ....................................................................................... 41
1.6.1. LEVANTAMENTO FITOSSOCIOLÓGICO DE CAMPO ................................................... 53
1.7. FAUNA ...................................................................................................................... 68
1.7.1. MASTOFAUNA ....................................................................................................... 68
1.7.1.1. MAMÍFEROS NÃO VOADORES ............................................................................. 69
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1.7.1.2. MAMÍFEROS VOADORES ..................................................................................... 73
1.7.2. AVIFAUNA ............................................................................................................. 79
1.7.3. HERPETOFAUNA .................................................................................................... 90
CONTEXTO REGIONAL...................................................................................................... 90
1.8. VISITAÇÃO ................................................................................................................ 94
1.9. TRILHAS .................................................................................................................... 94
1.10. USO DA TERRA ........................................................................................................ 94
1.11. PESQUISA E MONITORAMENTO .............................................................................. 95
1.12. ATIVIDADES ............................................................................................................ 95
1.13. PONTOS NOTÁVEIS ................................................................................................. 95
1.14. PERFIL DO PROPRIETÁRIO E SISTEMA DE GESTÃO .................................................... 95
1.15. EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS ................................................................................... 96
1.16. RECURSOS FINANCEIROS ......................................................................................... 96
1.17. FORMAS DE COOPERAÇÃO ...................................................................................... 96
2. CARACTERIZAÇÃO DA PROPRIEDADE ........................................................................... 96
3. CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS DE ENTORNO ................................................................ 97
3.1. CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DO MUNICÍPIO DE BATURITÉ ......................... 97
3.1.1. DADOS POPULACIONAIS ........................................................................................ 97
3.1.2. INDICADORES SOCIAIS ........................................................................................... 98
3.1.3. INDICADORES DE SAÚDE E SANEAMENTO BÁSICO............................... 100
3.1.4. INDICADORES ECONÔMICOS ................................................................................ 101
3.1.5. CARACTERIZAÇÃO DAS COMUNIDADES DO ENTORNO DA RPPN SÍTIO PALMEIRAS 101
3.1.6. PRESSÕES ............................................................................................................ 105
4. POSSIBILIDADE DE CONECTIVIDADE ........................................................................... 106
5. DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA ................................................................................ 108
C - PLANEJAMENTO ....................................................................................................... 109
1. OBJETIVO ESPECÍFICO DO MANEJO ............................................................................ 109
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2. ZONEAMENTO ........................................................................................................... 109
2.1. ZONEAMENTO AMBIENTAL ..................................................................................... 109
2.2. RECOMENDAÇÕES PARA GESTÃO DAS ÁREAS ZONEADAS ....................................... 110
3. PROGRAMAS DE MANEJO .......................................................................................... 113
3.1. PROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO ........................................................................... 114
3.2. PROGRAMA DE PROTEÇÃO E FISCALIZAÇÃO ............................................................ 120
3.3 PROGRAMA DE PESQUISA E MONITORAMENTO....................................................... 121
3.4. PROGRAMA DE VISITAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL ............................................. 123
3.5. PROGRAMA DE SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA ................................................... 123
3.6. PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO E INTEGRAÇÃO COM A ÁREA DE INFLUÊNCIA ........ 126
D – INFORMAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 128
1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................... 128
2. ANEXOS ..................................................................................................................... 133
ANEXO 1: LISTA DAS AVES REGISTRADAS PARA A RPPN SÍTIO PALMEIRAS...................... 133
ANEXO 2 – LISTA DAS PRINCIPAIS ESPÉCIES VEGETAIS IDENTIFICADAS NO INTERIOR E ENTORNO DO SÍTIO PALMEIRAS .................................................................................... 138
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Lista de Figuras
FIGURA 01. CARTOGRAMA DE LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO DE BATURITÉ, CE. .................... 21
FIGURA 02: PERFIL PLUVIOMÉTRICO (1990-2005) FORTALEZA – CANINDÉ ........................ 29
FONTE: (SILVA, 2006). ...................................................................................................... 29
FIGURA 03: ZONA DE CONVERGÊNCIA INTERTROPICAL-ZCIT MOSTRADA ATRAVÉS DAS IMAGENS DO SATÉLITE METEOSAT-7 ............................................................................... 30
FIGURA 04: GEOMORFOLOGIA DA RPPN RESERVA NATURAL SÍTIO PALMEIRAS ................ 32
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Lista de Quadros
QUADRO 01 – FICHA-RESUMO DA RPPN SÍTIO PALMEIRAS............................................... 23
QUADRO 02: DADOS FITOSSOCIOLÓGICOS DA PARCELA 1 – RPPN SÍTIO PALMEIRAS ........ 57
QUADRO 03: DADOS FITOSSOCIOLÓGICOS DA PARCELA 2 – RPPN SÍTIO PALMEIRAS ........ 59
QUADRO 04: DADOS FITOSSOCIOLÓGICOS DA PARCELA 3 – RPPN SÍTIO PALMEIRAS ........ 62
QUADRO 05: DADOS FITOSSOCIOLÓGICOS DA PARCELA 4 – RPPN SÍTIO PALMEIRAS ........ 64
QUADRO 06: DADOS FITOSSOCIOLÓGICOS DA PARCELA 5 – RPPN SÍTIO PALMEIRAS ........ 67
QUADRO 07: POPULAÇÃO RESIDENTE EM BATURITÉ, 1991, 2000 E 2009* ........................ 97
QUADRO 08: ESTRUTURA ETÁRIA, 1991 E 2000 ................................................................ 97
QUADRO 09: INDICADORES DE LONGEVIDADE, MORTALIDADE E FECUNDIDADE, 1991 E 2000 ................................................................................................................................ 98
QUADRO 10: NÍVEL EDUCACIONAL DA POPULAÇÃO JOVEM, 1991 E 2000 ......................... 98
QUADRO 11: ENSINO - MATRÍCULAS, DOCENTES E REDE ESCOLAR 2008 ........................... 98
QUADRO 12: INDICADORES DE RENDA, POBREZA E DESIGUALDADE, 1991 E 2000 ............ 99
QUADRO 13: ACESSO A SERVIÇOS BÁSICOS, 1991 E 2000 ................................................. 99
QUADRO 14: INDICADORES DE VULNERABILIDADE FAMILIAR, 1991 E 2000 ...................... 99
QUADRO 15: PRINCIPAIS INDICADORES DE SAÚDE DE BATURITÉ – 2007......................... 100
QUADRO 16. PRINCIPAIS INDICADORES DE SAÚDE DE BATURITÉ – 2007. ........................ 101
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Lista de Mapas
MAPA 01. MAPA PLANIALTIMÉTRICO SÍTIO PALMEIRAS. 24
MAPA 02 CLIMA 27
MAPA 03 SOLOS 34
MAPA 04 GEOLOGIA 36
MAPA 05 HIDROGRAFIA 38
MAPA 06 LOCALIZAÇÃO DAS PARCELAS 54
MAPA 07 ZONEAMENTO 112
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Lista de Gráficos
GRÁFICO 01: TOTAL PLUVIOMÉTRICO (1990-2005) DO PERFIL FORTALEZA – CANINDÉ ...... 29
GRÁFICO 02: ALTURA (M) DOS INDIVÍDUOS AMOSTRADOS – PARECELA 1 RPPN SÍTIO PALMEIRAS ..................................................................................................................... 56
GRÁFICO 03: ALTURA (M) DOS INDIVÍDUOS AMOSTRADOS – PARECELA 2 RPPN SITIO PALMEIRAS ..................................................................................................................... 59
GRÁFICO 05: ALTURA (M) DOS INDIVÍDUOS AMOSTRADOS – PARECELA 4 RPPN SÍTIO PALMEIRAS ..................................................................................................................... 64
GRÁFICO 06: ALTURA (M) DOS INDIVÍDUOS AMOSTRADOS – PARECELA 5 RPPN SÍTIO PALMEIRAS ..................................................................................................................... 66
GRÁFICO 07: FREQUÊNCIA DE CAPTURA DE MORCEGOS DE ACORDO COM SEUS HÁBITOS ALIMENTARES ................................................................................................................. 78
GRÁFICO 08- FAMÍLIAS DE AVES MAIS ABUNDANTES NA RPPN SÍTIO PALMEIRAS. ........... 80
GRÁFICO 09- ESTRUTURA TRÓFICA DAS AVES DA RPPN SÍTIO PALMEIRAS ........................ 81
GRÁFICO 10 – MOSTRA A RELAÇÃO DAS AVES DA RPPN SÍTIO PALMEIRAS QUANTO À SENSITIVIDADE E COMPARANDO COM O RESULTADO ENCONTRADO PARA A AVIFAUNA DO HOTEL REMANSO E DO SÍTIO SINIMBU. ...................................................................... 82
GRÁFICO 11 – MOSTRA A RELAÇÃO DAS AVES DA RPPN SÍTIO PALMEIRAS QUANTO À DEPENDÊNCIA DE FLORESTA E COMPARANDO COM O RESULTADO ENCONTRADO PARA A AVIFAUNA DO HOTEL REMANSO E DO SÍTIO SINIMBU. .................................................... 83
GRÁFICO 12 - ABASTECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTAMENTO SANITÁRIO EM BATURITÉ... 100
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LISTA DE TABELAS
TABELA 01: LISTA DAS ESPÉCIES DE MAMÍFEROS NÃO VOADORES REGISTRADAS PARA O SÍTIO PALMEIRAS, BATURITÉ, CEARÁ. .............................................................................. 70
TABELA 02: LISTA DAS ESPÉCIES DE MAMÍFEROS NÃO VOADORES REGISTRADAS PARA O ENTORNO DO SÍTIO PALMEIRAS, BATURITÉ, CEARÁ. ........................................................ 71
TABELA 03: ESPÉCIES DE MAMÍFEROS NÃO VOADORES, HÁBITO ALIMENTAR, HÁBITO DE VIDA E PERÍODO DE ATIVIDADE. ...................................................................................... 72
TABELA 04: LISTA DE MAMÍFEROS VOADORES (ORDEM CHIROPTERA) CAPTURADOS NA RPPN SÍTIO PALMEIRAS, MUNICÍPIO DE BATURITÉ, ESTADO DO CEARÁ, DURANTE AS ATIVIDADES DE CAMPO. .................................................................................................. 74
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LISTA DE FOTOS
FOTO 01: RELEVO DO MACIÇO DE BATURITÉ .................................................................... 28
FOTO 02: MARMELEIRO-BRANCO (CROTON ARGYROPHYLLOIDES MÜLL. ARG.) ................ 42
FOTO 03: LIMÃOZINHO (ZANTHOXYLIUM PETIOLARE A. ST.-HL & TULL) ........................... 43
FOTO 04: PAU-FERRO (CAESALPINIA FERREA) .................................................................. 43
FOTO 05: BROMÉLIA (AECHMEA AQUILEGA) .................................................................... 44
FOTO 06: CAMARÁ-CHUMBINHO (LANTANA CAMARA L.) ................................................ 44
FOTO 07: URTIGA (URERA BACCIFERA) ............................................................................. 44
FOTO 08: TIRIRICA (SCLERIA BRACTEATA) ........................................................................ 45
FOTO 09: CAMARÁ-DE-FLECHA (WEDELIA SCABERRIMA BENTH.) ..................................... 45
FOTO 10: ORELHA-DE-ONÇA-RASTEIRA (HYDROCOTYLE LEUCOCEPHALA CHAM. & SCHLECTH.) ...................................................................................................................... 45
FOTO 11: VASSUORA DE BOTÃO (SPERMACOCE VERTICILLATA L.) .................................... 45
FOTO 12: FARINHA-SECA (BANARA GUIANENSIS AUBL.) ................................................... 46
FOTO 13: GUABIRABA (CAMPOMANESIA AROMATICA (AUBL.) GRISEB.) E CIPÓ DE FOGO (EUPHORBIA PHOSPHOREA MART.) ................................................................................. 46
FOTO 14: LACRE-BRANCO (MICONIA CECIDOPHORA NAUD.) ............................................ 46
FOTO 15: VISTA GERAL DOS BABAÇUS (ORBIGNYA MARTIANA) ....................................... 47
FOTO 16: ESPADA DE SÃO JORGE (SANSEVIERIA TRIFASCIATA VAR. LAURENTII (DE WILD.) N.E.BR) ............................................................................................................................ 48
FOTO 17: VISTA GERAL DA BORDA DA PROPRIEDADE - PLANTIO DE BANANEIRAS ............ 48
FOTO 18: MURICI (BYRSONIMA SERICEA DC.) E QUINA-QUINA (COUTAREA HEXANDRA (JACQ) K. SCHUM.) .......................................................................................................... 49
FOTO 19: PRAÍBA (SIMAROUBA AMARA AUBL.) ............................................................... 49
FOTO 20: GAMELEIRA (FICUS GUIANENSIS DESV. EX HAM.) E BABAÇU (ORBIGNYA MARTIANA B. RODR.) ...................................................................................................... 50
FOTO 21: CASCA-GROSSA (MAYTENUS SP) ....................................................................... 50
FOTO 22: COCO-CATOLÉ (SYAGRUS PICROPHYLLA BARB. RODR.) ...................................... 50
FOTO 23: PITIÁ (ASPIDOSPERMA ULEI MARKGR.) ............................................................. 50
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FOTO 24: CAMUNZÉ (PITHECOLOBIUM POLYCEPHALUM BENTH.) - IMBIRIBA (XYLOPIA SERICEA) - GARGAÚBA (CECROPIA PALMATA WILLD.) ...................................................... 51
FOTO 25: MAÇARANDUBA (MANILKARA RUFULA (MIQ.) H. J. LAM.) ................................ 51
FOTO 26: CASQUINHA (AMAIOUA INTERMEDIA MART.) E PAU-D'ÁRCO AMARELO (TABEBUIA SERRATIFOLIA (VAHL.) G. NICHOLSON) ........................................................... 52
FOTO 27: SABIÁ (MIMOSA CAESALPINIAEFOLIA BENTH.) .................................................. 52
FOTO 28: AROEIRA (MYRACRODRUON URUNDEUVA) ...................................................... 53
FOTO 29: CEDRO (CEDRELA ODORATA LINN.) ................................................................... 53
FOTO 30: VISTA GERAL DA PARCELA 1.............................................................................. 55
FOTO 31: VISTA GERAL DA PARCELA 1 PONTO EM ESTÁGIO INTERMEDIÁRIO DE REGENERAÇÃO ................................................................................................................ 55
FOTO 32: VISTA GERAL DA VEGETAÇÃO INSERIDA NA PARCELA 2 ..................................... 58
FOTO 33: VISTA GERAL DA VEGETAÇÃO INSERIDA NA PARCELA 3 ..................................... 60
FOTO 34: VISTA GERAL DO FRAGMENTO VEGETAL DA PARCELA 4 .................................... 63
FOTO 35: VISTA GERAL DO FRAGMENTO VEGETAL DA PARCELA 5 .................................... 65
FOTO 36: PEGADA DE VEADO-CATINGUEIRO (MAZAMA GOUAZOUBIRA) NA ÁREA DA RPPN SÍTIO PALMEIRAS, INDICADA PELA SETA .......................................................................... 69
FOTO 37: TOCA DE TATU-PEBA (EUPHRACTUS SEXCINCTUS) NA ÁREA DA RPPN SÍTIO PALMEIRAS. SETA VERMELHA INDICATIVA ....................................................................... 69
FOTO 38: SAGUI-DE-TUFOS-BRANCO (CALLITHRIX JACCHUS) VISUALIZADOS NA ÁREA DE ESTUDO E NO SEU ENTORNO ........................................................................................... 69
FOTO 39: EXEMPLAR DE MORCEGO-FRUTEIRO (STURNIRA LILIUM), MORCEGO FRUGÍVORO E IMPORTANTE DISPERSOR CAPTURADO NA ÁREA DE ESTUDO ........................................ 74
FOTO 40: EXEMPLAR DE FALSO-VAMPIRO-GRANDE (ARTIBEUS PLANIROSTRIS), MORCEGO FRUGÍVORO FREQÜENTE NA ÁREA DE ESTUDO ................................................................ 75
FOTO 41: EXEMPLAR DE MORCEGO-FRUTEIRO-GRANDE (ARTIBEUS LITURATUS) MORCEGO FRUGÍVORO DE MAIOR PORTE CAPTURADO NA ÁREA DE ESTUDO ................................... 75
FOTO 42: EXEMPLAR DE MORCEGO-FRUGÍVORO (ARTIBEUS CINEREUS), MORCEGO FRUGÍVORO CAPTURADO NA ÁREA DE ESTUDO ............................................................... 76
FOTO 43: EXEMPLAR DE SEBO-DE-CAUDA-CURTA (CAROLLIA PERSPICILLATA), MORCEGO FRUGÍVORO ABUNDANTE NA ÁREA DE ESTUDO ............................................................... 76
FOTO 44: MORCEGO-DE-CARA-BRANCA (PLATYRRHINUS LINEATUS), FRUGÍVORO, CAPTURADO NA ÁREA DE ESTUDO .................................................................................. 77
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FOTO 45: EXEMPLAR DE MORCEGO-BEIJA-FLOR (GLOSSOPHAGA SORICINA), NECTARÍVORO CAPTURADO NA ÁREA DE ESTUDO .................................................................................. 77
FOTO 46- SURUCUÁ-DE-BARRIGA-VERMELHA .................................................................. 81
(TROGON CURUCUI )– ESPÉCIE FRUGÍVORA-INSETÍVORA ................................................. 81
FOTO 47- JOÃO-DE-CABEÇA-CINZA .................................................................................. 81
(CRAMIOLEUCA SEMICINEREA)– ESPÉCIE INSETÍVORA ...................................................... 81
FOTO 48 – SAÍRA-MILITAR (TANGARA CYANOCEPHALA CEARENSIS) ................................. 84
FOTO 49 – CHOCA-DA-MATA (THAMNOPHILUS CAERULESCENS CEARENSIS) ..................... 84
FOTO 50– CHUPA-DENTE (CONOPOPHAGA LINEATA CEARAE) .......................................... 85
FOTO 51 – JACÚ (PENELOPE JACUCACA) ........................................................................... 86
FOTO 52 – PICA-PAU-ANÃO-DA-CAATINGA (PICUMNUS LIMAE) ....................................... 86
FOTO 53 – VIRA-FOLHA (SCLERURUS SCANSOR CEARENSIS) .............................................. 87
FOTO 54 – MARIA-DO-NORDESTE (HEMITRICCUS MIRANDAE).......................................... 87
FOTO 55 – ARAPAÇU-RAJADO (XIPHORHYNCHUS ATLANTICUS) ....................................... 88
FOTO 56: POIAEIRO-DE-PATA-CINZA (ZIMMERIUS GRACILIPES) ........................................ 89
FOTO 57: PERIQUITO-DE-ENCONTRO-AMARELO (BROTOGERIS CHIRIRI) ........................... 89
FOTO 58: BEIJA-FLOR-TESOURA-VERDE (THALURANIA FURCATA) ..................................... 89
FOTO 59: PATINHO (PLATYRINCHUS MYSTACEUS) ............................................................ 89
FOTO 60: ENFERRUJADO (LATHROTRICCUS EULERI) .......................................................... 89
FOTO 61: PIOLHINHO (PHYLLOMYIAS FASCIATUS) ............................................................ 89
FOTO 62 – GUATURAMO-VERDADEIRO (EUPHONIA VIOLÁCEA) - ESPÉCIE ASSOCIADA À MATA ÚMIDA .................................................................................................................. 90
FOTO 63 – UIRAPURU-LARANJA OU GUARAMIRANGA (PIPRA FASCIICAUDA SCARLATINA)90
FOTO 64 – RÃZINHA-DO-BATURITÉ (ADELOPHRYNE BATURITENSIS) ................................. 91
FOTO 65 – RÃ-DE-FOLHIÇO (ISCHNOCNEMA RAMAGII) ..................................................... 92
FOTO 66 – SAPO-FOLHA (RHINELLA HOOGMOEDI) ........................................................... 92
FOTO 67 – COBRA-CEGA (SIPHONOPS AFF. PAULENSIS) .................................................... 92
FOTO 68 – PAPA-VENTO-CINZA (POLYCHRUS ACUTIROSTRIS) ........................................... 93
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FOTO 69 - PAPA-VENTO-VERDE (POLYCHRUS MARMORATUS) .......................................... 93
FOTO 70 – SURUCUCU-PICO-DE-JACA (LACHESIS MUTA)................................................... 93
FOTO 71 – CORAL-VERDADEIRA (MICRURUS IBIBOBOCA) ................................................. 94
FOTO 72 - ENCANAMENTO USADO PELAS COMUNIDADES DO ENTORNO PARA USO DA ÁGUA ORIUNDA DA RESERVA. ....................................................................................... 102
FOTO 73 - ÚNICO POSTO DE SAÚDE DA REGIÃO SÓ FUNCIONA POUCAS VEZES POR MÊS, SEGUNDO LOCAIS. ......................................................................................................... 102
FOTO 74 - BANANEIRAL NO ENTORNO DA RESERVA. ...................................................... 103
FOTO 75 - ANIMAIS SILVESTRES ENGAIOLADOS. ............................................................ 103
FOTO 76 - OBRAS DA PREFEITURA DE BATURITÉ PARA MELHORAR O ACESSO DA REGIÃO, RESULTAM NA DESTRUIÇÃO DE VEGETAÇÃO DENTRO DA RESERVA E DESVIA O CURSO DE RIACHO IMPORTANTÍSSIMO NO MEIO. .......................................................................... 104
FOTO 77 - TORNA-SE PATENTE O GRANDE IMPACTO DA OBRA QUE CAUSOU A ALTERAÇÃO DO RIO. ......................................................................................................................... 104
FOTO 78 - FORNECIMENTO DE ÁGUA ORIUNDA DA RPPN PARA MORADORES DO ENTORNO ATRAVÉS DE ENCANAMENTO (FORNECIMENTO POR GRAVIDADE). ................................ 105
FOTO 79 - PAU-D'ÁRCO-AMARELO (TABEBUIA SERATIFOLIA NICHOLSON) ...................... 107
FOTO 80 - FREI-JORGE (CORDIA TRICHOTOMA (VELL.) ARRÁB. EX STEUD.) ...................... 107
FOTO 81 AMARELÃO (BUCHENAVIA CAPITATA (VAHL.) EICHLER) ................................... 107
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Lista de Siglas
ADA: ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL
APA: ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
APP: ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE
AQUASIS: ASSOCIAÇÃO DE PESQUISA E PRESERVAÇÃO DE ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS
CCIR: CERTIFICADO DE CADASTRO DO IMÓVEL RURAL
CREA: CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA
CNRPPN: CONFEDERAÇÃO NACIONAL DAS RESERVAS PARTICULARES DO PATRIMONIO NATURAL
CPF: CADASTRO DE PESSOA FÍSICA
CONAMA: CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
FNMA: FUNDO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
FUNBIO: FUNDO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
FUNCEME: FUNDAÇÃO CEARENSE DE METEOROLOGIA
IBAMA: INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS
IBGE: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA
ICMBIO: INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE
IDACE: INSTITUTO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO DO CEARÁ
INCRA: INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA
ITR: IMPOSTO TERRITORIAL RURAL
IUCN: INTERNATIONAL UNION FOR CONSERVATION OF NATURE
MMA : MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE
ONG: ORGANIZAÇÃO NÃO GOVERNAMENTAL
PIB: PRODUTO INTERNO BRUTO
PNMA: POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
PREVFOGO: SISTEMA NACIONAL DE PREVENÇÃO E COMBATE AOS INCÊNDIOS FLORESTAIS
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
19
PSF: PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
RPPN: RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL
SESA: SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE
SUDENE: SUPERINTENDÊNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE
TNC: THE NATURE CONSERVACY
UC: UNIDADE DE CONSERVAÇÃO
UECE: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
UFC: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
UVA: UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ
WWF: WORLD WILDLIFE FUND
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
20
A - INFORMAÇÕES GERAIS
A propriedade Sítio Palmeiras está localizada na porção ocidental do município de
Baturité que por sua vez faz parte da microrregião de Baturité, mesorregião do Norte
Cearense. Com uma área de 347 km² acomodada entre coordenadas 38º52’W /
4º19’S esse município faz, ao Norte, limite com os municípios de Pacoti, Redenção e
Guaramiranga; ao Sul com Itapiúna; a Leste com Aracoiaba; e a Oeste com Mulungu
e Capistrano. O município de Baturité juntamente com os municípios de Aratuba,
Capistrano, Guaramiranga, Mulungu, Pacoti, Palmácia e Redenção compõem a
região denominada Maciço de Baturité, cuja principal relevância ambiental é ser o
maior enclave de Mata Atlântica do Ceará, onde está inserida a APA Estadual da
Serra de Baturité, com 32.690 hectares. É a primeira e mais extensa Área de
Proteção Ambiental criada pelo Governo do Estado do Ceará. Delimitada pela cota
600 (seiscentos) metros, essa UC de uso sustentável é composta por oito municípios
no total.
1. ACESSOS
Para chegar até a RPPN Sítio Palmeiras, foram identificadas duas rotas de
acesso, ambas partindo da Capital Fortaleza.
Fortaleza - Baturité – esta rota se dá saindo de Fortaleza pela CE-060
percorrendo 83km até a cidade de Baturité, passando pelas cidades de Pacatuba,
Guaiuba, Acarape, Redenção e Aracoiaba, chegando ao Sitio Palmeiras percorrendo
a partir de Baturité mais 15km pela CE-356 até o entroncamento com a CE-065,
seguindo deste local por mais 3,15km, em direção a cidade de Mulungu, até o Sítio
Jequitibá seguindo deste ponto por mais 8km por uma estrada vicinal calçamentada.
Fortaleza – Palmácia - esta rota se dá a partir de Fortaleza
percorrendo 100km pela CE- 065, passando pelas cidades de Maranguape,
Palmácia, Pacoti e Guaramiranga até o Sítio Jequitibá, chegando ao Sitio Palmeiras
percorrendo a partir deste ponto mais 8km por uma estrada vicinal calçamentada.
Ambas as opções de acesso podem ser contempladas no Mapa 01
(Localização e Acesso) realizado com base na digitalização das cartas topográficas
de Fortaleza (SB-24-Z-C-IV) e Baturité (SB-24-X-A-I), confeccionadas no ano de
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
21
1972 pela SUDENE – Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste e
atualizadas com base no Mapa Rodoviário do Estado do Ceará do DERT –
Departamento de Edificações, Rodovias e Transportes no ano de 2006.
Figura 01. Cartograma de localização, Município de Baturité, CE.
Alternativa: existem linhas de ônibus saindo do Terminal Rodoviário de Fortaleza,
percorrendo o acesso Fortaleza Baturté supracitados. A Viação Fretcar tem
disponível vários horários diariamente para o Minicípio onde esta inserida a RPPN
Sítio palmeiras. A viagem até o Município dura aproximadamente 2 horas e meia.
2. HISTÓRICO DE CRIAÇÃO E ASPECTOS LEGAIS DA RPPN
2.1. História da Região
À era da colonização do estado do Ceará, o processo de ocupação tardio da
então capitania ocorreu seguindo a busca da rentabilidade econômica, deixando em
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
22
seu rastro a destruição de povos e culturas indígenas. Ainda neste processo,
aqueles que resistiram e procuraram se adaptar, por exemplo, ao pastoreio e
uniram-se em aldeamentos jesuítas. A maior parte dos municípios do Maciço
seguem este padrão.
Naquela região, a colonização surgiu em meados do século XVII, marcada
principalmente pela doação da sesmaria do rio Choró por Sebastião Sá. Após um
longo processo de colonização, em 1860 a região foi batizada de “Baturité”,
significando Serra Verdadeira. Nesse período o grande fator econômico foi a
produção de algodão, que era a maior da província.
Depois, no século XIX vem o grande ciclo agroprodutivo da região: o café.
Este período foi o início do processo de degradação ambiental do Maciço. Daí
prossegue a ocupação da região serrana, elevação de vilas a cidade, o crescimento
demográfico.
Em meados do fim do século XX desponta a vocação turística da região e
subseqüente aumento da especulação imobiliária. Todos estes processos resultam
em um conjunto de atividades e métodos impróprios de uso e ocupação da terra,
culminando com a tomada de uma série de medidas por parte do governo e da
sociedade em relação à região. Entre estas medidas, ocorrem projetos de
conservação através da criação de Reservas Particulares.
2.2. História da Propriedade
A propriedade denominada Sítio Palmeiras, na qual está inserida a RPPN de
mesmo nome, foi adquirida no dia 22 de outubro de 1993. A intenção inicial quando
da aquisição da área pelo Proprietário era de usufruir da infra-estrutura existente
(engenho para produção de rapadura, casa de farinha, café e banana) e recuperar a
flora original não permitindo extrair sequer “um cabo de foice”. Na época da
aquisição da propriedade havia o cultivo de cana de açúcar, café, banana e pomar
de frutas cítricas. Em seguida, houveram alguns esforços de restauração da
propriedade, a área foi totalmente vigiada para evitar caçadores e plantadas mudas
de Pau d’arco. Todos estes esforços foram realizados com recursos advindos
exclusivamente do proprietário.
De acordo com os dados apurados com as entrevistas realizadas junto ao
proprietário e as comunidades do entorno, pode-se perceber que a propriedade
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
23
emergiu de um sistema de produção e uso da terra comum a toda a região. Neste
sistema, originalmente existia pouca ou nenhuma informação à respeito de práticas
ambientalmente corretas e predação indiscriminada dos recursos naturais,
resultados contraproducentes e negativamente impactantes ao meio (fauna e flora)
e às próprias comunidades circunvizinhas. A aquisição, modificação de manejo da
propriedade e sua subseqüente elevação de status a Unidade de Conservação,
refletem a adoção de uma mentalidade voltada para a manutenção da biota local e
seu uso manejado de maneira responsável, buscando o mínimo de impacto negativo
e maior integração ao meio, fatos atestados pelo esforço e pelos investimentos
(financeiros, temporais, emocionais) relatados na entrevista realizada com o
proprietário, a qual deu origem ao texto supracitado.
3. FICHA-RESUMO DA RPPN
Quadro 01 – Ficha-resumo da RPPN Sítio Palmeiras Ficha-resumo da RPPN Sítio Palmeiras
Nome da RPPN RPPN Sítio Palmeiras Nome do Imóvel Sítio Palmeiras
Logomarca
Nome dos Proprietários e representantes Roberto Proença de Macêdo Tânia Rocha Lima de Macêdo
Endereço da RPPN Mulungu, Estrada Sítio Tamandaré, SN
Endereço para correspondência Rua Benedito Macêdo, nº 79, 7º andar. Cais do Porto, Fortaleza – CE, CEP: 60.180-415
Telefone e email para contato (85)4060.8137 [email protected]
Município e Estado abrangido Baturité, Ceará
Área da propriedade 78,97 ha
Área da RPPN 75,47 ha
Coordenadas Sede UTM (SAD 69 – 24S) 508369E/9520550N
Data e número do ato legal de criação Portaria 46 – DOU 141 – 24/07/2008 Seção/pg.1/72.
Marcos e referências importantes nos limites confrontantes Comunidade Santa Maria no Limite Leste da Propriedade.
Distância do centro urbano mais próximo Mulungu 10Km; Baturité 17Km (CE 356 Baturité/Guaramiranga); Baturité 6Km estrada carroçal.
Meio principal de chegada à RPPN Automóvel
Bioma e ecossistemas Mata Atlântica Floresta Ombrófila Montana
Atividades ocorrentes Foram realizadas pesquisas para o plano de manejo (fauna, flora, meio físico e socioeconômico). Ocorrem apenas atividades de proteção.
A seguir, Mapa 01 Planialtimétrico Sítio Palmeiras.
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
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Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
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B - DIAGNÓSTICOS
1. CARACTERIZAÇÃO DA RPPN
CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES ABIÓTICOS
Contexto Regional
Conforme definido por Veiga (1999), a geodiversidade expressa as
particularidades do meio físico, compreendendo as rochas, o relevo, o clima, os
solos e as águas, subterrâneas e superficiais. Tais atributos resultam da atuação
cumulativa de processos geológicos múltiplos e, por sua vez, condicionam a
paisagem e propiciam a diversidade biológica e cultural nela desenvolvidas, em
permanente interação ao longo da evolução do planeta.
O conhecimento da geodiversidade é essencial à abordagem criteriosa de
qualquer região. Por preceder a biodiversidade, ajuda a entender a dinâmica
ambiental vigente. Além disso, o subsolo pode conter recursos minerais, hídricos e
energéticos, cujo aproveitamento precisa ser devidamente equacionado, para não
comprometer a própria biodiversidade e a qualidade de vida dos seus habitantes.
1.1. Clima
O Maciço Residual de Baturité é uma região considerada exceção no contexto
do Estado do Ceará, tendo em vista tratar-se, de acordo com Souza in (CEARÁ.
SEMACE, 1992 apud AB’SÁBER, 1970), de um enclave florestal submetido aos
processos engendrados por topoclimas úmidos, inserido no domínio morfoclimático
semiárido das caatingas.
De acordo com Souza (in IBAMA/UECE, 2001) o Maciço de Baturité
apresenta três classificações climáticas distintas: úmido, semiúmido e semiárido.
Neste contexto a RPPN Reserva Natural Sítio Palmeiras, localizada no platô úmido
do maciço, está inserida no clima úmido onde as condições de umidade, ritmo das
precipitações, índices pluviométricos e altitude, enquadra-se no tipo mesotérmico
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
26
(Thornthwaite), Aw’ (Köeppen) ou nos sub-domínios úmidos e sub-úmidos com três
a cinco meses secos.
Conforme mapeamento dos tipos climáticos do Estado do Ceará, realizado
pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos – FUNCEME, o
Maciço de Baturité apresenta duas classificações climáticas distintas: Tropical
Quente Úmido e Tropical Subquente Úmido, ficando a área da Reserva na transição
entre estes dois climas. (Vide Mapa 02)
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
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Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
28
Tal condição de excepcionalidade é explicada pela ação do relevo como
barreira natural frente aos deslocamentos dos ventos úmidos oriundos do litoral, que
ao encontrarem o anteparo do maciço se elevam, ocasionando o seu resfriamento e
conseqüentemente a precipitação abundante na região barlavento do maciço, onde
está localizada a RPPN Reserva Natural Sítio Palmeiras, como pode ser visto na
foto 01, exercendo também influência direta na temperatura local que varia em torno
de 19 e 22°C.
Foto 01: Relevo do Maciço de Baturité
Chuva Orográfica Local: Margem da CE-065 na subida do maciço, vertente
barlavento. Coordenadas: E523666; N9546351.
Foto: Cristiano Alves da Silva in (SILVA, 2006)
Já as vertentes sotavento, opostas ao litoral são mais secas, visto que
quando o vento alcança essas regiões já tem perdido em muito seu teor de
umidade. Tal fenômeno pode ser constatado através da observação do perfil
pluviométrico traçado por Silva (2006), onde o mesmo utilizou os totais
pluviométricos do período de 1990 a 2005, traçando um perfil no sentido Nordeste-
Sudoeste (sentido em que a massas úmidas oriundas do oceano adentram o
continente), entre os municípios Fortaleza e Canindé, cruzando a sede do município
de Mulungu, que dista apenas 8km da Reserva, ilustrado na figura 02, cujos totais
pluviométricos estão expressos no gráfico 01, onde fica evidente o declínio da
pluviometria na região sotavento do maciço em comparação a região serrana
localizada barlavento.
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
29
Figura 02: Perfil Pluviométrico (1990-2005) Fortaleza – Canindé Fonte: (SILVA, 2006).
0
5000
10000
15000
20000
25000
Fortaleza Maranguape Pacoti Mulungu Canindé
Plu
vio
me
tria
(m
m)
Municípios
Gráfico 01: Total Pluviométrico (1990-2005) do Perfil Fortaleza – Canindé
Fonte: (SILVA, 2006)
Como pode ser observado neste perfil, a sede do município de Mulungu,
próxima a RPPN Reserva Natural Sítio Palmeiras já apresenta um declínio da
pluviometria, sendo notável duas estações anuais bem definidas, sendo uma
chuvosa, correspondente ao primeiro semestre do ano, referente ao período de
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
30
verão-outorno, e outra seca no segundo semestre, correspondente ao período de
inverno-primavera.
Nesta região o mês de abril se destaca como sendo o mês com maior
incidência de chuvas. Essa intensificação das chuvas neste período é causada pela
influência da ZCIT – Zona de Convergência Intertropícal. De acordo com Ceará.
SEMACE (1992 apud NIMER, 1977), no setor setentrional da região Nordeste, a
marcha estacional das chuvas, que representa o principal componente do quadro
climático da região, é regido pelo comportamento da ZCIT, onde durante o período
correspondente ao verão-outorno o sistema de correntes pertubadas de oeste, com
pancadas de chuvas ocasionais, asseguram, quase exclusivamente, as máximas
pluviais (Vide figura 03). Já no inverno-primavera, com o aquecimento deste sistema,
essa região fica sob o domínio dos ventos anticiclonais de NE e E de alta sub-
tropical do Atlântico Sul, ocorrendo então o período de estiagem. Vale salientar que
o período de estiagem é atenuado na região serrana pelo orvalho e nevoeiro
comuns nesta região, possibilitando uma conservação da umidade do solo e
diminuindo assim os efeitos da evapotranspiração tão evidente nas áreas sertanejas.
Figura 03: Zona de Convergência Intertropical-ZCIT mostrada através das imagens do satélite METEOSAT-7
Fonte: (SILVA, 2006 apud CEARÁ. FUNCEME, 2006).
1.2. Geomorfologia
O Maciço de Baturité é classificado por Ceará. SEMACE (1992, apud SOUZA,
1988) como uma subunidade denominada planalto residual, correspondente à área
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
31
serrana, pertencente ao Domínio dos Escudos e Maciços Antigos compostos por
litotipos do embasamento cristalino datados do pré-cambriano.
A altimetria elevada do Maciço de Baturité em comparação com as áreas
sertanejas periféricas se deve ao fato de suas rochas terem se comportado de forma
mais resistentes às ações intempéricas em comparação com as litologias das áreas
sertanejas.
Este maciço residual possui uma geomorfologia variada, sendo comuns
feições como cristas – elevações com topos agudos e vertentes íngremes; colinas –
elevações com topos convexos, ligeiramente arredondados e vertentes curtas;
lombadas – elevação com topos arredondados que se alongam em sentido paralelo
aos fundos de vale; vales em V – depressão entre elevações profunda e estreita em
forma de V; vales em U – depressão entre elevações profunda e larga formando um
vale de fundo plano, em forma de U. (CAVALCANTE, 2005).
No tocante a RPPN Reserva Natural Sítio Palmeiras, a mesma possui três
destas feições geomorfológicas, sendo elas (vide figura 04):
Colina: localizada na porção sudoeste da Reserva, esta colina possui 820m
de altitude, sendo este o ponto mais alto da Reserva;
Lombada: esta feição pode ser observada na porção norte da Reserva;
Vale em U: esta feição, corta a propriedade no sentido NW/SE, estando
nela localizado o principal riacho da propriedade responsável pelo
abastecimento da propriedade e da comunidade de entorno.
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
32
Figura 04: Geomorfologia da RPPN Reserva Natural Sítio Palmeiras
Este relevo fortemente dissecado se deve a ação conjugada de influências
litológicas e estruturais do passado modeladas por variações no clima da região,
bem como por ação dos processos da morfodinâmica atual. De acordo com Souza
(in IBAMA/UECE, 2001) a influência das condições paleoclimáticas é evidenciada
pelos níveis tanto na superfície cimeira como nas vertentes que convergem para as
depressões sertanejas circunvizinhas, denotando a existência de superfícies de
aplainamentos elaborados em condições de morfogênese mecânica sob influência
de climas secos.
No presente, onde preponderam às condições climáticas úmidas, as
superfícies erosivas são desmontadas pela forte dissecação do relevo em condições
de morfogênese química, que possui efeitos de dissecação mais intensos.
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
33
1.3. Solos
Conforme o Mapa Exploratório – Reconhecimento de Solos do Estado do
Ceará (MA-SUDENE, 1973) citado por (CEARÁ-SEMACE, 1992) o Maciço Baturité
apresenta uma associação de solos PV1 – Associação de Podzólico Vermelho
Amarelo + Podzólido Vermelho Amarelo equivalente eutrófico, ambos A moderado e
textura argilosa, devido os elevados índices de umidade que favorecem a
intensificação dos processos de alteração química das rochas.
De acordo com Zoneamento Agrícola do Estado do Ceará (1988), Mapa 03,
na área onde está localizada a RPPN Reserva Natural Sítio Palmeiras prevalece
Podzólicos Vermelho-Amarelo Tb Distrófico A com proeminente textura
média/argilosa característico de florestas subperenifólia e relevo montanhoso.
São considerados solos de fertilidade de média a alta, entretanto o uso
agrícola é limitado pela acentuada declividade, que expõe o solo a erosão e limita o
uso de maquinário agrícola, bem como devido à falta de água nos longos períodos
de estiagem.
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
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1.4. Geologia
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
35
A RPPN Reserva Natural Sítio Palmeiras esta localizada na porção ocidental
do município de Baturité, na vertente oriental do Maciço Residual de Baturité, entre
as cotas 530m e 820m. De acordo com Souza in (IBAMA/UECE, 2001) essa região
está localizada sobre a Faixa de Dobramento Jaguaribana de Brito Neves (1975),
apresentando uma morfologia fortemente acidentada oriunda de um tectonismo
intenso que deu origem as zonas de cizalhamentos, fraturamentos, dobramentos e
falhamentos que podem ser encontrados por toda a área do maciço.
Quanto à litologia a RPPN está localizada na transição entre granitóides
diversos – biotita-granitos, monzogranitos, sienitos, quartzomonzonitos e granitos
porfiríticos, em parte somados num mesmo espaço cartográfado – com a Unidade
Canindé – com ocorrência de rochas metamórficas como paragnaisses,
ortognaisses, metabásicas e metacalcários (BRASIL. CPRM/CEARÁ, 2003).
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
36
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
37
1.5. Hidrografia
O Maciço de Baturité, devido seus elevados índices pluviométricos, com
média superior a do Estado do Ceará, tem a importante função de garantir o
suprimento hídrico de duas grandes bacias hidrográficas cearenses, sendo elas a
Bacia do Curu na vertente ocidental e a Bacia Metropolitana na vertente oriental.
Localizada na região cimeira do maciço, na vertente oriental, a RPPN
Reserva Natural Sítio Palmeiras esta localizada na Bacia Hidrográfica Metropolitana
na Sub-bacia do Rio Choró (SRH, 2003).
Todo escoamento superficial da área da Reserva alimenta o Riacho Putú que
corta a porção norte da propriedade onde está localizada toda a infra-estrutura do
Sítio Palmeiras, sendo o mesmo responsável pelo abastecimento da propriedade e
da comunidade de entorno da Reserva.
O Riacho Putú é um dos principais afluentes do Rio Aracoiaba, desaguando
no mesmo já no sopé do maciço, nas proximidades da sede do município de
Baturité. A jusante a cidade o rio é barrado pelo Açude Aracoiaba, construído em
2002 com capacidade para 170.700.000m³, para só então desembocar no Rio
Choró. (Vide Mapa 05)
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
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Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
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A rede de drenagem predominante no Maciço de Baturité onde esta
localizada a RPPN Reserva Natural Sítio Palmeiras, apresenta um padrão dendrítico
associado ao modelo retangular em áreas que sofreram tectônica ruptural, podendo
estas serem observadas nas vertentes mais escarpadas e com declividade superior
a 40%. Trata-se de uma rede excessivamente ramificada cujos cursos d’água
desenvolvem perfis longitudinais com elevados gradientes e perfis transversais
estreitos.
As características da hidrografia desta região são determinadas pela ação
conjugada de fatores climáticos, geológicos, geomorfológicos e pelas condições de
cobertura vegetal e de uso do solo.
A drenagem no maciço também sofre influência da geologia local e das
formações superficiais, principalmente devido às características de
impermeabilidade das rochas cristalinas, que provoca um maior adensamento dos
cursos d’água que tendem a uma elevada ramificação, favorecendo o escoamento
superficial, ficando as águas subterrâneas restritas a ocorrência de áreas
diaclasadas ou fraturadas, sendo característico deste terreno uma densa rede de
fraturas.
No tocante a influência da geomorfologia na hidrografia, o relevo influencia de
forma direta através dos perfis longitudinais e transversais dos rios. Os gradientes
que direcionam as ações de escoamento determinam à velocidade do fluxo hídrico
ou a retenção da água bem como condições de transporte ou de sedimentação nos
setores deprimidos.
As condições de cobertura vegetal e de uso do solo são fatores
preponderantes no tocante a hidrografia, visto que os mesmos são determinantes
quanto à proteção da superfície frente os elevados índices pluviométricos da região,
atenuando os efeitos das precipitações.
Quanto maior a densidade da vegetação menor os efeitos do escoamento
superficial através das vertentes íngremes, uma vez que a vegetação diminui o
impacto da chuva com o solo, fazendo com que apenas parte da água atinja os
fundos de vale e talvegues. Já nas áreas que não dispõem de cobertura vegetal, ou
com baixa densidade, o escoamento superficial é intensificado provocando
movimentos de massa, formando voçorocas e ravinas.
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
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CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES BIÓTICOS
A floresta atlântica ocupava uma área de cerca 12% do território nacional uma
área equivalente a 56.400 km² e possui apenas cerca de 5-12% da cobertura
original, sob a forma de fragmentos isolados e dispersos em uma matriz de
agricultura ou pastagens (Brown & Brown 1992). Tendo em vista o número de
espécies endêmicas e o grau de ameaça deste bioma, Myers et al. (2000)
classificou-o como área prioritária para a conservação da biodiversidade, sendo
considerado o quarto hotspot em prioridade por se tratar de uma área que possui
uma alta diversidade e elevada taxa de endemismo de espécies, associado a uma
alta incidência de perda de habitats.
Parte da floresta atlântica nordestina encontra-se na forma de Floresta
Estacional Semidecidual Montana e ombrófila densa Montana (Veloso et al. 1991),
distribuída nos Estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte sob
a forma de brejos de altitude, constituindo-se em enclaves de Floresta Atlântica
inseridos no bioma Caatinga. Propiciam clima e condições ambientais únicas dentro
da condição semi-árida da Caatinga, favorecendo a sobrevivência de diversas
espécies.
De acordo com Santos et al. (2008) a composição da vegetação de Baturité
se assemelha muito mais às regiões amazônica e a floresta atlântica sensu stricto do
que as outras áreas de serras úmidas nordestinas, fazendo uma interface com a
teoria dos refúgios, onde se acredita que existiu um continuum entre a floresta
Amazônica e os remanescentes florestais cearenses.
Contexto Regional
A micro-região de Baturité, em caráter atípico às condições do semiárido
nordestino, possui formações vegetais peculiares conhecidas como enclaves
residuais, os quais estão condicionados diretamente por fatores como altitude,
relevo, solos, hidrografia e atividades antrópicas. Esse fato remete a compreensão
do conjunto de conjecturas baseados na teoria dos refúgios que aponta o maciço
como um grande remanescente natural, de períodos paleoclimáticos mais úmidos, e
que ocupava uma contínua faixa de vegetação da costa leste ao norte do Brasil.
Além disso, vale destacar que a floresta tropical úmida presente no maciço de
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
41
Baturité está subsidiada principalmente pela altitude elevada, aliada a proximidade
do litoral, que funciona como barreira natural para os ventos oriundos do mar,
submetendo a região ao fenômeno das chuvas orográficas.
1.6. Flora e Fitofisionomias
De acordo com Cavalcante (2005), a heterogeneidade do ambiente físico na
serra de Baturité, que varia entre os locais secos, úmidos, planos, acidentados,
altos, baixos, açoitados pelo vento, protegidos do vento, quentes, frios, ensolarados
e sombreados, possibilitou a evolução de uma comunidade bastante diversificada de
plantas e animais, a qual supera a do semiárido nordestino. Assim, verifica-se a
ocorrência de formações vegetais, das quais destacam-se a Arboreto Climático
Estacional Caducifólico (Caatinga); Arboreto Estacional Sub-caducifólio (Mata Seca);
Arboreto Climático Perenifólio (Mata Úmida); Arboreto Climático Estacional
Caducifólio tipo mesófilo (caatinga) e Vegetação Ciliar.
As vertentes ocidentais dos morros com altitudes menores que 650 metros de
altitude apresentam condições menores de umidade devido à localização do Sítio no
Maciço de Baturité (barlavento), desta maneira, apresentando característica de
transição entre a vertente úmida e a vertente seca (sotavento favorecendo a
presença de espécies arbóreas com deciduidade como o pau-d’arco-roxo (Tabebuia
impetiginosa), angico (Anadenanthera colubrina), aroeira (Myracrodruon urundeuva),
marmeleiro-branco (Croton argyrophylloides), trapiá (Crataeva trapia), mutamba
(Guazuma ulmifolia Lam.), imbiriba (Xylopia sericea) e folha-miúda (Myrtaceae sp)
(Foto 02).
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
42
Foto 02: Marmeleiro-branco (Croton argyrophylloides Müll. Arg.)
Espécie pertencente à Família Euphorbiaceae com casca cinza-clara. Apresenta em sua casca uma substância
cristalizável, termolábil, dotada de atividade antibiótica. Folhas alternas. Flores cheirosas e amarelas em
espigas. A infusão da casca é aplicada contra hemorragias uterinas e também possui propriedades anti-
herpéticas. Cresce em quase todos os tipos de solo, mesmo os mais pobres em nutrientes. (Coordenadas UTM:
507977 E / 9520202 N – Agosto 2009).
Na porção sudoeste da propriedade, onde algumas cotas podem atingir
altitudes acima dos 800 metros, verifica-se que nestes pontos apresentam
características de maior umidade. São nesses pontos que se destacam as espécies
arbóreas perenifólias, com grande ocorrência de murici (Byrsonima sericea),
limãozinho (Zanthoxylum rhoifolium), cajazeira (Thyrsodium schomburgkianum),
favinha (Stryphnodendron purpureum), jangada, (Apeiba tibourbou), pau-ferro
(Caesalpinia ferrea), pau-d’arco-amarelo (Tabebuia serratifolia) e babaçu (Orbignya
martiana), além de uma alta concentração de epífitas e trepadeiras, caracterizando a
formação ombrófila densa (Foto 03; Foto 04).
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
43
Foto 03: Limãozinho (Zanthoxylium petiolare A. St.-Hl & Tull)
Espécie da Família Rutaceae, possui porte mediano, tronco
linheiro, revestido de casca grossa e aculeada. Folhas compostas
de 2 a 7 pares de folíolos, ovais, oblongos, glabros e tendo 1
espinho duro na parte inferior dos pecíolos ou mesmo nos
folíolos. Flores em panícula. Os frutos desta espécie são do tipo
baga e oleosos. Possui madeira dura e amarelada. (Coordenadas
UTM: 508035 E / 9520630 N – Outubro 2009).
Foto 04: Pau-ferro (Caesalpinia ferrea)
Espécie pertencente à Família das
Leguminosas Caesalpinióideas. Árvore de
grande porte, tronco robusto e com casca lisa.
Madeira de cerne duro, fibras vermelho-
escuras. Madeira procurada para vigas,
esteios estacas, lenha e dormentes. Ocorre
comumente na zona litorânea. (Coordenadas
UTM: 508143 E / 9520158 N – Agosto
2009).
Nos pontos mais preservados da propriedade, definida no Mapa de
zoneamento como Zona Silvestre, o dossel médio é de 12m de altura, com alguns
indivíduos emergentes, os quais superam os 20 m. Estes espécimes de maior porte,
com expressivo diâmetro de caule, atestam a condição anterior dessa área, uma
mata ombrófila densa de porte e diversidade superior ao estado atual.
A maior parte dos sub-bosques dessa mata são constituídos por camará-
chumbinho (Latanda camara L.), espécies de Solanaceae, bromélias como a
Aechmea aquilega, bem como diversas outras espécies herbáceas como a pacavira
(Heliconia psittacorum), tiririca (Scleria bracteata), urtiga (Urera baccifera), erva-de-
rato-falsa (Psychotria colorata), orelha-de-onça-rasteira (Hydrocotyle leucocephala
Cham. & Schlecth.), Camará-de-flecha (Wedelia scaberrima Benth.), vassourinha-
de-botão (Spermacoce verticillata L.) e samambaias pertencentes às Famílias
Pteridaceae, Davalliaceae e Dicksoniaceae. Também se destaca a ocorrência de
grande quantidade de epífitas, principalmente do gênero Aechmea e Tillandsia,
vulgarmente conhecidas como croatas, bem como de lianas como o cipó-escada
(Bauhinia radiata Vell.), cipó-de-fogo (Euphorbia phosphorea Mart.) e cipó-de-cesta
(Melloa populifolia Burm.) (Foto 05; Foto 06; Foto 07; Foto 08; Foto 09; Foto 10; Foto
11).
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44
Foto 05: Bromélia (Aechmea aquilega)
Espécie herbácea terrestre, todavia, também podem ser encontradas nas copas ou troncos de árvores, perene e
de folhagem ornamental. A altura destes indivíduos podem varia entre 30 e 60 cm. Além disso, esta espécie é
nativa do nordete brasileiro. Possui folhas rosuladas e com poucos espinhos. A inflorescência desta espécie é
ereta, em panículas conjestas, disposta sobre escapo floral, flores pequenas envolvidas por bráctes. Esta planta
ornamental é bastante procurada por moradores ou turistas pela beleza. (Coordenadas UTM: 507713 E /
9520363 N – Agosto 2009).
Foto 06: Camará-chumbinho (Lantana camara L.)
Espécie pertencente à Família Verbenaceae também
conhecido como camará-de-cheiro, camará-juba,
chumbinho e capitão-do-campo. Ocorre do norte ao
sul do Brasil e litoral. Hábito arbustivo ou
subarbustivo e podendo chegar até 2 metros de altura.
As flores são dispostas em capítulos axilares ou
terminais com longo pedúnculo, produzem néctar e a
coloração pode variar entre amarelo e laranja-
avermelhado. (Coordenadas UTM: 508382 E /
9520477 N – Agosto 2009).
Foto 07: Urtiga (Urera baccifera)
Espécie comum para região e também conhecida
como erva-de-sabiá. que produz frutos bastante
apreciado por muitas espécies da avifauna.
(Coordenadas UTM: 508382 E / 9520477 N – Agosto
2009).
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
45
Foto 08: Tiririca (Scleria bracteata)
Espécie pertencente a Família Ciperaceae originária do
sul do país e introduzida no Ceará a partir de mudas de
espécies ornamentais que continham suas sementes.
Propaga-se por sementes ou tubérculos, tornando-se
praticamente impossível de erradicá-la. (Coordenadas
UTM: 508382 E / 9520477 N – Agosto 2009).
Foto 09: Camará-de-flecha (Wedelia scaberrima
Benth.)
Espécie pertencente à Família Asteraceae também
conhecida como margaridão, malmequer-do-brejo,
picão-da-praia e camará-de-boi. Ocorre em várzeas
úmidas do nordeste, sudeste e sul do país. Hábito
subarbustivo, caule lenhoso, ereto e ramificado.
Folhas opostas, simples, oval-lanceoladas e suas
flores são amarelas, em capítulos axilares e com
brácteas foliáceas. (Coordenadas UTM: 508390 E /
9520435 N – Agosto 2009).
Foto 10: Orelha-de-onça-rasteira (Hydrocotyle
leucocephala Cham. & Schlecth.)
Espécie pertencente à Família Umbeliferaceae. Planta
anual, quase sempre rasteira. Folíolos ovais ou rômbicos
e verdes. Resistente à seca, forrageira e bastante
recomendada para adubação verde ou cobertura contra
erosão. Ocorre da América Central até Minas Gerais.
(Coordenadas UTM: 507911 E / 9530715 N – Agosto
2009).
Foto 11: Vassuora de Botão (Spermacoce verticillata
L.)
Espécie pertencente à Família Ribiaceae também
conhecida como perpétua-do-mato, erva-de-botão e
vassourinha. Planta comum em pastos, jardins, beira
de estradas e zona litorânea. O hábito desta espécie é
herbáceo, seu caule é em forma de haste ereta que
pode chegar até 60 cm, ramificado, lenhoso na base,
folhas verticiladas, simples, lanceoladas, flores
pequenas, brancas, em capítulo globosos terminais e
axilares e brácteas semelhantes a folhas.
(Coordenadas UTM: 508210 E / 9520226 N – Agosto
2009).
As porções de mata com menor porte, definidas no Mapa de zoneamento
como Zona de Recuperação, encontram-se em significativo processo de
regeneração, segundo o histórico relatado dessa propriedade. A composição
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
46
florística desses trechos é caracterizada por estratificação arbórea em sucessão
secundária, com presença de espécies como o chifre-de-bode (Machaerium
angustifolim), farinha-seca (Banara guianensis Aubl.), lacre-vermelho (Vismia
guaramirangae), lacre-branco (Miconia cecidophora Naudin), a orelha-de-burro
(Clusia nemorosa), espinheiro-preto (Mimosa hostilis Mart.), espinheiro-branco
(Pithecalobium dumosuns), goiabinha (Alseis floribunda) a Canela-de-veado
pequena (Clidemia debilis Crueg.), a guabiraba (Campomanesia aromatica), dentre
outras (Foto 12; Foto 13; Foto 14).
Foto 12: Farinha-seca (Banara guianensis
Aubl.)
Espécie pertencente à Família
Flacourtiaceae bastante comum na região e
utilizada na construção civil. (Coordenadas
UTM: 507900 E / 9520233 N – Agosto
2009).
Foto 13: Guabiraba (Campomanesia aromatica (Aubl.) Griseb.) e
Cipó de fogo (Euphorbia phosphorea Mart.)
A primeira espécie pertence à Família Mirtaceae e muito
procurada pelos artesãos devido a forma do seu tronco. Além
disso, esta espécie possui potencial melífero. A segunda espécie
pertencente à Família Euforbiaceae bastante procurada por
artesãos da região para produção e venda de peças. (Coordenadas
UTM: 508075 E / 9520177 N – Agosto 2009).
Foto 14: Lacre-branco (Miconia cecidophora Naud.)
Espécie da América tropical pertencente à Família Melastomataceae com folhas opostas e flores pequenas. A
espécie também produz frutos pequenos do tipo baga dos quais podem ser extraídos corante. Além disso, esta
espécie possui grande importância ecológica devido pduzir alimento para muitas espécies da avifauna.
(Coordenadas UTM: 508382 E / 9520477 N – Agosto 2009).
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
47
A ocorrência da vegetação pioneira nas bordas da mata, como por exemplo a
gargaúba (Cecropia pachystachya), representa um vestígio de sucessão
intermediária, sugerindo desmatamentos ocorridos outrora nesta propriedade. Além
disso, considerou-se também a ampla distribuição do babaçu (Attalea speciosa)
como bioindicadora da atividade antrópica, pois a penetração de luz no interior do
fragmento vegetal criou condição necessária para o desenvolvimento desta espécie,
fato ocorrido pelos desmatamentos realizados para o plantio de culturas de interesse
econômico (Foto 15).
Foto 15: Vista Geral dos Babaçus (Orbignya martiana)
Ponta da propriedade onde se observa uma maior concentração de
espécimes de babaçu. Espécie importante economicamente em outras
partes do país por conta, principalmente, pela extração do óleo, além de
seus frutos servirem como alimento para muitas espécies locais.
(Coordenadas UTM: 508296 E / 9520666 N – Agosto 2009).
Ainda existem dúvidas quanto à ocorrência do babaçu no maciço de Baturité,
pois alguns especialistas ainda não sabem precisar se essa espécie pode ser
considerada um alóctone. Contudo, verificou-se a presença de outras espécies
exóticas de interesse econômico como a mangueira (Mangifera indica), café
sombreado (Coffea arabica) e bananeira (Musa sp). Observou-se também a
ocorrência de espécies exóticas como o nim-indiano (Azadirachta indica) e a
espada-de-são-jorge (Sansevieria trifasciata), entre outras (Foto 16; Foto 17).
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
48
Foto 16: Espada de São jorge (Sansevieria trifasciata
var. laurentii (De Wild.) N.E.Br)
Espécie pertencente à Família Liliaceae de hábito
herbáceo. Originária da África, caule do tipo rizoma e
a altura médias de suas folhas variam entre 70 e 90 cm.
Sua folhas são espessas e bordas creme-amareladas.
Além disso, possuem manchas verde-clara transversais.
Possuem inflorescências longas, espigas, com flores
pequenas, brancas e de inportância ornamental
secundária. Bastante cultivada em jardins e vasos.
Podem ser mantidas a pleno sol ou a meia-sombra.
Apresenta boa resistência a solos áridos e ao calor
tropical, bem como ao frio. Também multiplica-se por
divisão de touceira. (Coordenadas UTM: 507819 E /
9520035 N – Outubro 2009).
Foto 17: Vista geral da borda da propriedade - Plantio
de bananeiras
Cultura antrópica que possui grande relevância
econômica para o Maciço de Baturité e subsistência de
famílias de baixa renda. Contudo, a exploração desta
cultura vem contribuindo para o desmatamento e,
consequentemente, perda da biodiversidade, bem como
das características naturais do meio ambiente.
(Coordenadas UTM: 507583 E / 9520087 N – Outubro
2009).
Segundo Fernandes (2003), a ocorrência de algumas espécies nesta
propriedade como o limãozinho (Zanthoxylum rhoifolium), amarelão (Buchenavia
capitata), murici-vermelho (Byrsonima sericea), quina-quina (Coutarea hexandra
(Jacq) K. Schum.), ipê-amarelo (Tabebuia serratifolia), gargaúba (Cecropia
pachystachya) e imbiriba (Xylopia sericea), comuns em outros trechos de Mata
Atlântica do Nordeste como em Pernambuco e Rio Grande do Norte, reforçam a
idéia de que em tempos remotos (Cretáceo) as florestas Atlânticas do Nordeste
formavam um manto continuo, ou tinham conexão florística concreta com a floresta
amazônica. Neste caso, a gargaúba (Cecropia pachystachya), espécie comum da
Mata Atlântica do leste do país também tem ampla ocorrência na propriedade
estudada e finalmente, as espécies em comum com a região amazônica, como é o
caso, por exemplo, da favinha (Stryphnodendron purpureum) e da Paraíba
(Simarouba amara) (Foto 18; Foto 19).
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
49
Foto 18: Murici (Byrsonima sericea DC.) e Quina-quina
(Coutarea hexandra (Jacq) K. Schum.)
Espécies pertencentes às Famílias Malpighiaceae e
Rubiaceae, respectivamente. Sendo a primeira Importante
ecologicamente como produtora de frutos para muitos
animais e a segunda com propriedades medicinais.
(Coordenadas UTM: 508333 E / 9520324 N – Agosto
2009).
Foto 19: Praíba (Simarouba amara Aubl.)
Espécie pertencente à Família Simarubaceae de
porte arbóreo de casca esbranquiçada e meio
esponjosa. Folhas alternas, compostas, com
folíolos luzentes na página superior, flores
esverdeadas e em pequenos cachos. Madeira
branca, porosa e leve. Preferida para forro,
caixotaria e tamancos. Frutos e casca amargo-
tônicos, febrífugos, antielminticos e inseticidas.
(Coordenadas UTM: 508210 E / 9520226 N–
Agosto 2009).
No Maciço de Baturité, a RPPN Sítio Palmeiras, assim como em outros
pontos, é detentora de uma série de espécies que possuem estruturas foliares que
chamam atenção, principalmente, pela coloração e estruturas morfológicas. Por esse
motivo, muitas destas com potencial ornamental estão ficando cada vez mais difíceis
de serem encontradas como a Dicksonia sellowiana Hook., Guzmania monostachia
e Prosthechea fragrans, devido à extração indiscriminada realizada pelos moradores
locais que as comercializam com os turista.
Nas zonas mais conservadas da RPPN, definida no Mapa de zoneamento
como Zona Silvestre, predominam espécies com porte arbóreo com dossel médio
superior a 12 metros de altura. Nestes locais, verificou-se uma baixa luminosidade
em função das grandes copas das árvores e, conseqüentemente, predominando a
ocorrência de espécies ombrófilas. Desta maneira, observou-se a presença de lianas
como o cipó-escada (Bauhinia radiata Vell.), cipó-de-fogo (Euphorbia phosphorea
Mart.), briófitas, orquídeas e bromeliáceas. Para espécies de porte arbóreo destes
locais, desçam-se: Pau-d’arco-amarelo (Tabebuia serratifolia), camunzé
(Pithecolobium polycephalum Benth.), favinha (Stryphnodendron purpureum), lacre-
vermelho (Vismia guaramirangae), ingá (Inga sp.), murici (Byrsonia sericea),
imbiriba (Xylopia sericea), catolé (Syagrus picrophylla) orelhas-de-burro (Clusia
nemorosa), pitiá (Aspidosperma ulei) goiabinha (Alseis floribunda), cajazeira
(Thyrsodium schomburgkianum), maçaranduba (Manilkara rufula), casquinha
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
50
(Amaioua intermedia) gameleira (Ficus guianensis), embira-branca (Daphnopsis
racemosa Griseb.), casca-grossa (Maytenus sp), embiratanha (Pseudobombax
marginatum), paraíba (Simarouba amara), sabiá (Mimosa caesalpiniaefolia), angico
(Anadenanthera colubrina), jangada (Apeiba tibourbou), espinho-de-judeu (Xylosma
ciliatifolia), sabiá-da-mata (Hyeronima oblonga) (Foto 20; Foto 21;Foto 22; Foto 23;
Foto 24; Foto 25; Foto 26; Foto 27; Foto 28).
Foto 20: Gameleira (Ficus guianensis
Desv. Ex Ham.) e Babaçu (Orbignya
martiana B. Rodr.)
Vista geral da "árvore do abraço"
entrelaçada com uma espécime de
Babaçu (Orbignya martiana B. Rodr.).
(Coordenadas UTM: 507959 E /
9520199 N – Agosto 2009).
Foto 21: Casca-grossa (Maytenus sp)
Espécie pertencente à Família Celastraceae também conhecida como
Bom Nome. Arvoreta de folhas pecioladas, inteiras, coriáceas. Flores
pequenas, brancas e seus frutos são capsulares. (Coordenadas
UTM: 508313 E / 9520304 N – Agosto 2009).
Foto 22: Coco-catolé (Syagrus picrophylla Barb.
Rodr.)
Espécie comum para todo nordeste e norte de Minas
Gerais. Pertencente à Família Arecaceae. Os frutos
produzidos por esta espécie possuem grande
importância ecológica, pois são comestíveis,
procurados por muitas espécies locais. Produz óleo de
boa qualidade para alimentação e perfumaria, além de
serem utilizados no estado natural como tônico para os
cabelos. Esta espécie ocorre em toda região
nordestina, tabuleiros e regiões serranas. Bastante
conhecido no Ceará como Coco-babão.
(Coordenadas UTM: 508200 E / 9520206 N – Agosto
2009).
Foto 23: Pitiá (Aspidosperma ulei Markgr.)
Espécie pertencente à Família Apocinaceae também
conhecida como Piquiá, possui casca áspera e
acinzentada. Folhas alternas, pecioladas, lanceoladas e
glabras. Flores alvas, pequenas e agrupadas em
panículas multifloras terminais. Frutos capsulares,
coriáceos, sementes achatadas e aladas. A madeira é
bastante utilizada na carpintaria e também ocorre em
tabuleiros litorâneos. A palavra indígena "Pi-quiá"
significa pelo ou casca suja. (Coordenadas UTM:
508006 E / 9520208 N – Agosto 2009).
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
51
Foto 24: Camunzé (Pithecolobium polycephalum Benth.)
- Imbiriba (Xylopia sericea) - Gargaúba (Cecropia
palmata Willd.)
O camunzé pertence à Família das leguminosas
Mimosoídeas, árvore espessa, casca branco-acizentada,
quase lisa. Flores amarelo-pálidas, dispostas em capítulo.
Espécie aproveitada para o sombreamento do cafezal,
apesar da folhagem decídua. Madeira de cerne
avermelhado e bastante utilizada na carpintaria.
Conhecida na Paraíba e Pernambuco como Canzenzé e
Camondongo. A Imbiriba é uma espécie pertencente à
Família Annonaceae bastante usa na construção civil. A
gargaúba é outra espécie também conhecido como
"Torém" e pertencente à Família Cecropiaceae . Podem
atingir mais de 10 metros de altura, pouco ramificada e
com ramos alternos, caule cheio de cicatrizes anelares,
divididos em câmaras, onde vivem formigas do gênero
Azteca sempre dispostas a atacar quando se sentem
ameaçadas, Flores dióicas, agrupadas em densas espigas
no ápice do pedúnculo axilar. Furtos na forma de drupa,
pequenos e comestíveis. Comum para o norte e nordeste
do Brasil. Folhas lisas na página superior e coloração
esbranquiçada na página inferior. Por isso também
chamada de Imbaúba branca. (Coordenadas UTM:
507900 E / 9520233 N – Agosto 2009).
Foto 25: Maçaranduba (Manilkara rufula (Miq.) H. J. Lam.)
Espécie de porte arbóreo pertencente à Família Sapotaceae, possui madeira bastante dura, avermelhada,
excelente para contrução civil, naval e resiste bem à umidade. Casca adstringente . Algumas espécies
produzem uma goma e resinas de importância comercial. Folhas curtas, pecioladas, elípticas, com tamanho
variando de 24 - 90 mm de comprimento, coriáceas, espessas e duras. Os frutos maduros são vermelho-
alaranjados. Ocorrem nas serras do nordeste (Piauí à Bahia). Seu leite extraído serve como visgo para
captura de aves silvestres. (Coordenadas UTM: 507821 E / 9520196 N – Agosto 2009).
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
52
Foto 26: Casquinha (Amaioua intermedia Mart.) e Pau-d'árco amarelo (Tabebuia serratifolia (Vahl.) G.
Nicholson)
A "Casquinha" ou "Casquim" é uma espécie pertencente à Família Rubiaceae bastante comum para região,
todavia pouco utilizada na construção civil devido sua resistência. Existem indivíduos representantes desta
espécies que podem chegar a uma altura superior a 20 metros de altura. O "Pau-d'árco amarelo" ou "Ipê
amarelo" pertence à Família Bignoniaceae. Há representantes com altua superior a 15 metros. A casca é
parda, sua copa é alongada e irregular. As folhas são opostas, digitadas com 5 folíolos. As flores são
afunilado-campanuladas, com 5 a 6 cm de comprimento. Madeira dura, cerne cinza-claro, flexível o
suficiente para que os índios fizessem arcos. Crescem em altos de serras, porém também ocorrem em zonas
mais áridas. (Coordenadas UTM: 507670 E / 9520359 N – Agosto 2009).
Foto 27: Sabiá (Mimosa caesalpiniaefolia Benth.)
Espécie pertencente a Família Fabaceae Mimosoideae. Possui porte arbóreo, caule pouco
espinhoso, revestido com uma casca grossa, pardacenta e fendida longitudinalmente.
Folhas bipinadas, folíolos elíticos e ovais. As flores são brancas, pequenas e em capítulo.
Espécie comum em todo Ceará e cresce preferencialmente em solos profundos e excelente
para reflorestamento pelo seu rápido crescimento. Madeira bastante procurada para
construção civil, estacas, lenha etc. Sua folhas também são forraginosas. (Coordenadas
UTM: 507988 E / 9520351 N – Outubro 2009).
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
53
O Quadro 6 apresenta a lista das principais espécies da cobertura vegetal do
Sitio Palmeiras.
As espécies ameaçadas de extinção, Aroeira (Myracrodruon urundeuva -
Portaria Nº 37-N, de 3 de abril de 1.992) e de interesse econômico, Cedro (Cedrela
odorata Linn.), registradas para o Maciço de Baturité, são espécies arbóreas que
ainda ocorrem no interior da RPPN Sítio Palmeiras. Fato que corrobora com a
necessidade de se preservar esta UC e organizar campanhas de reflorestamento
com espécies nativas e que estão em processo de extinção a fim de contribuir para
manutenção destas espécies e dispersão por todo esse ecossistema (Foto 29; Foto
30).
Foto 28: Aroeira (Myracrodruon
urundeuva)
Espécie em extinção observada na
propriedade, todavia com poucos
representantes. Árvore bastante
procurada em todo nordeste devido suas
propriedades naturais como sua
densidade da madeira e propriedades
medicinais. (Coordenadas UTM:
507951 E / 9520470 N – Agosto 2009).
Foto 29: Cedro (Cedrela odorata Linn.)
Espécie pertencente à Família Meliaceae. Árvore de porte nobre,
casca fendida e rugosa. Possui folhas alternas, pinadas, 10 a 16
folíolos opostos. Flores brancas e dispostas em panículas. O cerne
tem as mesmas aplicações do que se segue, sendo a sua madeira rica
de vasos cheios de matéria resinosa. Esta espécie também é
conhecida como Cedro Cheiroso (Bahia) e Cedro Rosa (Rio e São
Paulo). Mandeira nobre e bastante procurada por lenhadores e
madeireiros. Excelente para utilização na construção civil.
(Coordenadas UTM: 507947 E / 9520049 N – Outubro 2009).
1.6.1. Levantamento Fitossociológico de Campo
Para o estudo fitossociológico realizado na RPPN Sítio Palmeiras foram
delimitadas cinco parcelas amostrais distribuídas na UC (MAPA 06) visando obter
algumas informações sobre a estrutura da vegetação e qual seu estado atual de
regeneração.
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
54
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
55
Vale salientar que a distribuição destas áreas amostrais se baseou em
imagens antigas e atuais da propriedade de forma a realizar uma comparação da
estrutura do fragmento florestal, bem como das espécies existentes (Foto 31)
contribuindo, juntamente com as informações levantadas nos diagnósticos de fauna,
para a delimitação das zonas no Mapa de Zoneamento (Mapa 07), onde as áreas
mais conservadas e com maior ocorrências de registros de animais, foram
nomeadas como Zona Silvestre e Zona de Proteção.
Foto 30: Vista Geral da Parcela 1
Vista geral da metodologia aplicada para o levantamento de dados para o estudo fitossociológico. As fotos da
esquerda para direita representam, respectivamente, a demarcação da parcela, identificação da espécie pelo
número do indivíduo, medição da Circunferência na Altura do Peito (CAP) e medição da altura da espécie
(Coordenadas UTM: 508010 E / 9520400 N – Outubro 2009).
O fragmento vegetal referente à parcela 1, apresentado na Foto 32, sugere
que a cobertura vegetal é definida como secundária aberta e em estádio
intermediário de regeneração devido algumas características apontadas pela
Resolução CONAMA 25 de 7 de dezembro de 1994. Contudo, este fragmento
vegetal ainda conserva algumas espécies heliófilas, presença de lianas, epífitas,
líquens, trepadeiras de porte herbáceo, pouca variedade de espécies no local e
presença de espécies pioneiras.
Foto 31: Vista Geral da
Parcela 1 Ponto em estágio
intermediário de regeneração
Dossel inferior a 20 metros de
altura e predominando
indivíduos com porte
arbustivo-arbóreo. O ponto
possui um estrato herbáceo
bem definido e com muitas
espécies heliófilas, além da
presença de lianas. Local
anteriormente utilizado para o
plantio de roça e cana-de-
açúcar. (Coordenadas UTM:
508010 E / 9520400 N –
Outubro 2009).
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
56
Além do tipo e variedade de espécies vegetais existentes em um ponto,
entende-se que o diâmetro na altura do peito (DAP) médio e a altura das espécies
são parâmetros fundamentais para se saber o tipo de fragmento florestal, bem como
seu estádio de regeneração. Assim, dentre os dados que levaram a definir este
fragmento secundário em estádio intermediário de regeneração foi o DAP médio de
8,98 cm e altura média de 10,7 m. Vale salientar que um fragmento vegetal em
estádio médio de regeneração possui 5 cm < DAP médio ≤ 14 cm, enquanto a 4 m <
Altura média ≤ 10 m .
O fragmento florestal amostrado nesta parcela 1, também possui outras
peculiaridades que o definem como uma cobertura que está em estádio
intermediário de regeneração como a presença de trepadeiras lenhosas, observa-se
in loco a existência de serrapilheira, subosque bem definido. Contudo, a ocorrência
do amarelão (Buchenavia capitata) indica que este fragmento vegetal encontra-se
em condições adequadas de regeneração.
O gráfico gerado a partir dos dados coletados das alturas dos indivíduos
amostrados na parcela 1 apresenta um dossel médio de 10,7 metros. Todavia,
verifica-se que nesta parcela existem espécies arbóreas com porte arbustivo como a
goiabinha (Alseis floribunda) e a canafístula (Cassia sp). A exemplo das espécies
emergentes, destaca-se a favinha (Stryphnodendron purpureum) com 17 metros de
altura (Gráfico 02).
Gráfico 02: Altura (m) dos Indivíduos Amostrados – Parecela 1 RPPN Sítio Palmeiras
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
57
O quadro 2 apresenta o resumo da análise fitossociológica a partir dos dados
levantados e verificou-se que para as 39 plantas amostradas na parcela 1, ganham
destaque a favinha (Stryphnodendron purpureum), goiabinha (Alseis floribunda) e a
orelha-de-burro (Clusia nemorosa) devido o número de indivíduos da espécie (Ni),
densidade relativa da espécie (Dri), dominância absoluta da espécie (DoAi) e o
Índice de valor de importância (IVI).
Quadro 02: Dados fitossociológicos da parcela 1 – RPPN Sítio Palmeiras
Legenda como os significados das siglas do Quadro 02: Dt= Densidade Total; Ni= Número de Indivíduos da Espécie; Daí= Densidade por Área da Espécie; Dri= Densidade Relativa da Espécie; Dot= Dominância Total; Abi= Área Basal da Espécie; DoAi= Dominância Absoluta da Especíe; DoRi= Dominância Relativa da Espécie; Fri= Frequência Relativa da Espécie; IVI= Indice de Valor portância da Espécie.
Os dados apresentados no quadro acima revelam que existe um número
bastante limitado de espécies arbóreas neste ponto, devido, sobretudo, ao histórico
de degradação ambiental da área em função das atividades agrícolas da
propriedade. Além disso, verifica-se que as espécies de importância local devido as
características de sua madeira estão apenas representadas por pouco indivíduos
como a embira-branca (Daphnopsis racemosa Griseb.) e o amarelão (Buchenavia
capitata). Vale salientar que, apesar dos valores de Ni e Dri da orelha-de-burro
serem menores que da unha-de-sangue, os valores de DoAi e IVI apontam a
importância desta espécie para área amostrada.
Parcela
1
Espécie
Dt
(ind/ha) Ni
Daí
(esp/ha)
Dri
(%)
Dot
(m2/ha)
Abi
(cm2)
DoAi
(m2/ha)
DoRi
(%)
Fri
(%) IVI
Amarelão 2 200 5,13 276,19 2,76 7,50 1,82 14,45
Canafístula 2 200 5,13 94,98 0,95 2,58 1,82 9,53
Casquinha 1 100 2,56 38,54 0,39 1,05 1,82 5,43
Embira-
branca 2 200 5,13 127,15 1,27 3,45 3,64 12,22
Favinha 1 100 2,56 844,67 8,45 22,94 5,45 30,96
Goiabinha 22 2200 56,41 1066,56 10,67 28,97 5,45 90,83
João-mole 1 100 2,56 249,68 2,50 6,78 7,27 16,62
Unha-de-
sangue 5 500 12,82 206,13 2,06 5,60 1,82 20,24
Orelha-de-
burro 3 300 7,69 777,79 7,78 21,13 5,45 34,27
Total 9 3900 39 3900 100,00 36,82 3681,70 36,82 100,00 34,54 234,54
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
58
O fragmento vegetal da parcela 2, apresentado na Foto 33, sugere que a
cobertura vegetal deste ponto é definida como secundária e em estádio
intermediário de regeneração segundo a Resolução CONAMA 25 de 7 de dezembro
de 1994. Este fragmento vegetal já possui algumas características de uma
vegetação em estádio médio de regeneração bem definidas como, por exemplo:
Ambiente com fisionomia arbustivo-arbórea fechada, subosque bem definido,
presença de espécies heliófilas, presença de lianas, epífitas, líquens, trepadeiras de
porte lenhoso, porém, predominantemente espécies ombrófilas. O número de
espécies desta parcela é superior ao levantado para parcela 1, sugerindo uma
melhor conservação do local nesta propriedade.
Foto 32: Vista Geral da Vegetação Inserida na Parcela 2
Ponto em estágio intermediário de regeneração. Predominância de indivíduos com porte arbóreo. Local
bastante utilizado para o plantio de café. (Coordenadas UTM: 507809 E / 9520219 N – Outubro 2009).
A parcela 2 possui o mesmo número de espécies da parcela 1, todavia, sabe-
se que o diâmetro na altura do peito (DAP) médio e a altura das espécies são
parâmetros importantes para caracterização da cobertura vegetal. Então, os dados
que levaram a definir este fragmento secundário em estádio intermediário de
regeneração foi o DAP médio de 17,92 cm e altura média de 12,7 m.
O gráfico produzido a partir dos dados levantados das alturas dos indivíduos
amostrados na parcela 2 apresenta um dossel médio de 12,7 metros. Contudo,
verifica-se que nesta parcela amostral existem espécies arbóreas com porte
arbustivo de aproximadamente 6 metros (João-mole - Guapira opposita (Vell.) Reitz
e orelha-de-burro - Clusia nemorosa) e espécies emergentes como, por exemplo, a
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
59
guabiraba (Campomanesia aromatica),e o rabujo (Platymiscium piliferum), ambas
com 25 metros de altura (Gráfico 03).
Gráfico 03: Altura (m) dos Indivíduos Amostrados – Parecela 2 RPPN Sitio Palmeiras
O quadro 2 resume a análise fitossociológica a partir dos dados levantados
em campo e os resultados apresentaram que para as 19 plantas amostradas na
parcela 2, ganham destaque a guabiraba (Campomanesia aromatica), o pau-d’arco-
amarelo (Tabebuia serratifolia) e o rabujo (Platymiscium piliferum) devido o número
de indivíduos da espécie (Ni), densidade relativa da espécie (Dri), dominância
absoluta da espécie (DoAi) e o Índice de valor de importância (IVI).
Quadro 03: Dados fitossociológicos da parcela 2 – RPPN Sítio Palmeiras
Parcela
2
Espécie
Dt
(ind/ha) Ni
Daí
(esp/ha)
Dri
(%)
Dot
(m2/ha)
Abi
(cm2)
DoAi
(m2/ha)
DoRi
(%)
Fri
(%) IVI
Goiabinha 1 100 5,26 147,21 1,47 1,81 5,45 12,53
Guabiraba 5 500 26,32 1833,28 18,33 22,60 7,27 56,18
João-mole 1 100 5,26 71,66 0,72 0,88 7,27 13,42
Maçaranduba 3 300 15,79 447,37 4,47 5,51 1,82 23,12
Pau-d'árco-
amarelo 1 100 5,26 2438,30 24,38 30,05 3,64 38,96
Pitiá 1 100 5,26 35,11 0,35 0,43 1,82 7,52
Rabujo 2 200 10,53 2565,13 25,65 31,62 1,82 43,96
Quina-quina 2 200 10,53 99,52 1,00 1,23 3,64 15,39
Orelha-de-
burro 3 300 15,79 475,24 4,75 5,86 5,45 27,10
Total 9 1900 19 1900 100,00 80,63 8112,82 81,13 100,00 38,18 238,18
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
60
Legenda como os significados das siglas do Quadro 03: Dt= Densidade Total; Ni= Número de Indivíduos da Espécie; Daí= Densidade por Área da Espécie; Dri= Densidade Relativa da Espécie; Dot= Dominância Total; Abi= Área Basal da Espécie; DoAi= Dominância Absoluta da Especíe; DoRi= Dominância Relativa da Espécie; Fri= Frequência Relativa da Espécie; IVI= Indice de Valor portância da Espécie.
Os dados apresentados no quadro acima revelam que, apesar de não existir
um número significativo de espécies arbóreas nesta parcela amostral em função do
histórico exploratório da área para as atividades agrícolas, observa-se que as
espécies de importância local devido as características de sua madeira estão
apenas representadas por pouco indivíduos como a maçaranduba (Manilkara rufula),
pitiá (Aspidosperma ulei) e o pau-d’arco-amarelo (Tabebuia serratifolia).
O fragmento vegetal da parcela 3 apresentado na Foto 34 sugere que a
cobertura vegetal é definida como secundária e em estádio intermediário de
regeneração devido algumas características apontadas pela Resolução CONAMA 25
de 7 de dezembro de 1994. Contudo, este fragmento vegetal possui algumas
características de uma vegetação em estádio avançado de regeneração como de um
ambiente com fisionomia predominantemente arbórea formando dossel contínuo e
uniforme no porte, além de apresentar árvores emergentes. Apresenta copas
horizontalmente amplas, o ponto apresenta um grande número de epífitas e o
subosque é menos expressivo que no estádio médio de regeneração, porém com a
presença, predominantemente, de espécies ombrófilas.
Foto 33: Vista geral da vegetação inserida na Parcela 3
Vista geral do fragmento vegetal em estágio intermediário de regeneração. Verifica-se que o ponto é bastante
sombreado em função das grandes copas das árvores, favorecendo a instalação de espécies ombrófilas. Grande
número de epífitas. Ponto bastante visitado por espécies pertencentes à mastofauna e avifauna. (Coordenadas
UTM: 507720 E / 9520543 N. – Outubro 2009).
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
61
Dentre os parâmetros fitossociológicos destacados neste estudo, verificou- se
que o DAP médio de 11,02 cm e altura média de 10,03 m. Desta maneira, entende-
se que os dados levaram a definir este fragmento secundário como de estádio
intermediário de regeneração.
O gráfico gerado a partir dos dados coletados das alturas dos indivíduos
amostrados na parcela 3 apresenta um dossel médio de 10 metros. No entanto,
observa-se que nesta parcela existem espécies arbóreas com porte arbustivo como
a guabiraba (Campomanesia aromatica), joão-mole (Guapira opposita) e lacre-
branco (Miconia cecidophora Naudin), ambas com aproximadamente 4 metros de
altura e espécies emergentes como, por exemplo, o sabiá (Mimosa
caesalpiniaefolia), (20 metros), favinha (Stryphnodendron purpureum), (20 metros) e
folha-miúda (Myrtaceae sp) (25 metros) (Gráfico 04).
Gráfico 04: Altura (m) dos Indivíduos Amostrados – Parecela 3 RPPN Sítio Palmeiras
O quadro 3 apresenta a análise fitossociológica a partir dos dados coletados
em campo e constatou-se que para as 34 plantas amostradas na parcela 3, ganham
destaque o espinho-branco (Guettarda angelica), folha-miúda (Myrtaceae sp) e
sabiá (Mimosa caesalpiniaefolia) pelos dados apresentados para o número de
indivíduos da espécie (Ni), densidade relativa da espécie (Dri), dominância absoluta
da espécie (DoAi) e o Índice de valor de importância (IVI).
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
62
Quadro 04: Dados fitossociológicos da parcela 3 – RPPN Sítio Palmeiras
Legenda como os significados das siglas do Quadro 04: Dt= Densidade Total; Ni= Número de Indivíduos da Espécie; Daí= Densidade por Área da Espécie; Dri= Densidade Relativa da Espécie; Dot= Dominância Total; Abi= Área Basal da Espécie; DoAi= Dominância Absoluta da Especíe; DoRi= Dominância Relativa da Espécie; Fri= Frequência Relativa da Espécie; IVI= Indice de Valor portância da Espécie.
Os dados apresentados no quadro 3 para o número de espécies maior que as
parcelas 1 e 2, porém, também revelam que o número de espécies arbóreas
apresentado também é considerado limitado devido ao histórico de exploração do
solo para desempenho das atividades agrícolas da propriedade.
O fragmento florestal da parcela 4 apresentado na Foto 35 aponta que a
cobertura vegetal é definida como secundária e em estádio intermediário de
regeneração. Dentre as características indicadas para o local, destacam-se:
vegetação com fisionomia arbustiva-arbórea aberta, com a ocorrência de lianas,
epífitas, líquens e trepadeiras de porte lenhoso.
Parcela
3
Espécie
Dt
(ind/ha) Ni
Daí
(esp/ha)
Dri
(%)
Dot
(m2/ha)
Abi
(cm2)
DoAi
(m2/ha)
DoRi
(%)
Fri
(%) IVI
Camunzé 1 100 2,94 81,53 0,82 1,61 1,82 6,37
Espinheiro-
preto 3 300 8,82 260,51 2,61 5,13 3,64 17,59
Espinho-
branco 5 500 14,71 150,16 1,50 2,96 3,64 21,30
Favinha 1 100 2,94 207,09 2,07 4,08 5,45 12,47
Farinha-
seca 1 100 2,94 326,11 3,26 6,42 1,82 11,18
Folha-
miúda 8 800 23,53 861,54 8,62 16,96 5,45 45,94
Gargaúba 1 100 2,94 258,68 2,59 5,09 1,82 9,85
Guabiraba 1 100 2,94 13,46 0,13 0,27 7,27 10,48
Ingazeira 1 100 2,94 103,18 1,03 2,03 3,64 8,61
João-mole 3 300 8,82 61,15 0,61 1,20 7,27 17,30
Lacre-
branco 1 100 2,94 25,80 0,26 0,51 1,82 5,27
Mangueira 1 100 2,94 346,82 3,47 6,83 1,82 11,59
Minhum 2 200 5,88 522,69 5,23 10,29 1,82 17,99
Quina-
quina 2 200 5,88 49,12 0,49 0,97 3,64 10,49
Sabiá 3 300 8,82 1811,23 18,11 35,66 3,64 48,12
Total 15 3400 34 3400 100,00 50,79 5079,07 50,79 100,00 54,56 254,56
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
63
Foto 34: Vista geral do fragmento vegetal da Parcela 4
Observa-se que a cobertura vegetal encontra-se em um estágio intermediário de regeneração e existe um
espaçamento entre as copas das árvores, o que favorece a penetração de bastante luz neste ponto e instalação de
espécies heliófilas. (Coordenadas UTM: 507876 E / 9520548 N. – Outubro 2009).
Os dados referentes ao DAP médio e altura média são, respectivamente, 7,01
centímetros e 11,35 metros. Assim, esses dados indicam que este fragmento
secundário enquadra-se como sendo de estádio intermediário de regeneração. Além
disso, verificou-se que a parcela 4 possui três espécies a menos que a parcela 3 e
três a mais que as parcelas 1 e 2.
O fragmento florestal amostrado nesta UC também possui outras
peculiaridades que o definem como uma cobertura que está em estádio
intermediário de regeneração como a presença de trepadeiras lenhosas, observa-se
in loco a existência de serrapilheira, subosque bem definido e com predominância de
espécies ombrófilas.
O gráfico referente às alturas dos indivíduos amostrados na parcela 4
apresenta um dossel médio de 11 metros. Todavia, verifica-se que nesta parcela
existem espécies arbóreas com porte arbustivo como o chifre-de-bode (Machaerium
angustifolim) e o espinheiro-preto (Mimosa hostilis) com 4 m de altura. Além disso,
verificou-se que algumas espécies emergentes como, por exemplo, a sabiá (Mimosa
caesalpiniaefolia), e a favinha (Stryphnodendron purpureum) alcançaram 25 e 28
metros de altura, respectivamente (Gráfico 05).
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
64
Gráfico 05: Altura (m) dos Indivíduos Amostrados – Parecela 4 RPPN Sítio Palmeiras
O quadro 4 apresenta o resumo da análise fitossociológica a partir dos dados
levantados e verificou-se que para os 52 indivíduos amostrados na parcela 4,
ganham destaque a favinha (Stryphnodendron purpureum),, ingazeira (Inga sp) e
sabiá (Mimosa caesalpiniaefolia) devido o número de indivíduos da espécie (Ni),
densidade relativa da espécie (Dri), dominância absoluta da espécie (DoAi) e o
Índice de valor de importância (IVI).
Quadro 05: Dados fitossociológicos da parcela 4 – RPPN Sítio Palmeiras
Legenda como os significados das siglas do Quadro 05:
Parcela
4
Espécie
Dt
(ind/ha) Ni
Daí
(esp/ha)
Dri
(%)
Dot
(m2/ha)
Abi
(cm2)
DoAi
(m2/ha)
DoRi
(%)
Fri
(%) IVI
Chifre-de-
bode 1 100 1,92 23,01 0,23 0,42 3,64 5,99
Espinho-
branco 1 100 1,92 20,38 0,20 0,38 3,64 5,94
Espinheiro-
preto 3 300 5,77 57,64 0,58 1,06 3,64 10,47
Favinha 8 800 15,38 1026,59 10,27 18,93 5,45 39,76
Folha-
miúda 1 100 1,92 15,61 0,16 0,29 5,45 7,66
Guabiraba 1 100 1,92 13,46 0,13 0,25 7,27 9,44
Ingazeira 4 400 7,69 106,53 1,07 1,96 3,64 13,30
Jangada 1 100 1,92 11,46 0,11 0,21 1,82 3,95
Lacre-
vermelho 2 200 3,85 41,40 0,41 0,76 3,64 8,25
Laranjeira 1 100 1,92 25,80 0,26 0,48 1,82 4,22
Pitombeira 2 200 3,85 45,30 0,45 0,84 1,82 6,50
Sabiá 27 2700 51,92 4037,26 40,37 74,43 3,64 129,99
Total 12 5200 52 5200 100,00 54,24 5424,45 54,24 100,00 45,47 245,47
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
65
Dt= Densidade Total; Ni= Número de Indivíduos da Espécie; Daí= Densidade por Área da Espécie; Dri= Densidade Relativa da Espécie; Dot= Dominância Total; Abi= Área Basal da Espécie; DoAi= Dominância Absoluta da Especíe; DoRi= Dominância Relativa da Espécie; Fri= Frequência Relativa da Espécie; IVI= Indice de Valor portância da Espécie.
Os dados apresentados no quadro acima revelam que existe um número
bastante limitado de espécies arbóreas na parcela 4 por conta das atividades
antrópicas ocorridas há décadas. Além disso, o inventário florístico aponta algumas
espécies que ainda são procuradas por lenhadores e moradores do entorno para
suas atividades domésticas das quais ganham destaque a avinha (Stryphnodendron
purpureum), folha-miúda (Myrtaceae sp), embira-branca (Daphnopsis racemosa
Griseb.), sabiá (Mimosa caesalpiniaefolia) e lacre-vermelho (Vismia guaramirangae).
A cobertura vegetal da parcela 5, apresentada na Figura 36, indica que a
cobertura vegetal é caracterizada como secundária e em estádio intermediário de
regeneração. O referente fragmento é detentor de algumas características peculiares
como uma fisionomia arbustiva-arbórea fechada, com espécies predominantemente
ombrófilas, presença de lianas, epífitas, líquens e trepadeiras de porte lenhoso.
O DAP médio e altura média para esta parcela foram, respectivamente, 12,90
centímetros e 6,73 metros. Assim, esses dados levaram a definir este fragmento
secundário em estádio intermediário de regeneração.
Foto 35: Vista geral do fragmento vegetal da parcela 5
Neste ponto, observa-se que a cobertura vegetal está em estágio intermediário de regeneração e bastante
sombreado em função das grandes copas. Verifica-se a presença no estrato herbáceo de espécies adaptadas a
pouca luminosidade. (Coordenadas UTM: 507904 E / 9519984 N. – Outubro 2009).
O gráfico gerado a partir dos dados coletados das alturas dos indivíduos
amostrados na parcela 5 apresenta um dossel médio de 6,73 metros. Entretanto,
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
66
observa-se que nesta parcela existem espécies arbóreas com porte arbustivo como
a goiabinha (Alseis floribunda) alcançando 3 metros de altura, e espécies
emergentes com 12 metros, como o pau-d’árco-amarelo (Tabebuia serratifolia)
(Gráfico 06).
Gráfico 06: Altura (m) dos Indivíduos Amostrados – Parecela 5 RPPN Sítio Palmeiras
O quadro 5 apresenta o resumo da análise fitossociológica a partir dos dados
levantados e verificou-se que para as 33 plantas amostradas na parcela 5,
destacam-se o goiabinha (Alseis floribunda), murici-da-serra (Byrsonia sericea) e a
orelha-de-burro (Clusia nemorosa) pelo número de indivíduos da espécie (Ni),
densidade relativa da espécie (Dri), dominância absoluta da espécie (DoAi) e o
Índice de valor de importância (IVI).
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
67
Quadro 06: Dados fitossociológicos da parcela 5 – RPPN Sítio Palmeiras
Legenda como so significados das siglas do Quadro 06: Dt= Densidade Total; Ni= Número de Indivíduos da Espécie; Daí= Densidade por Área da Espécie; Dri= Densidade Relativa da Espécie; Dot= Dominância Total; Abi= Área Basal da Espécie; DoAi= Dominância Absoluta da Especíe; DoRi= Dominância Relativa da Espécie; Fri= Frequência Relativa da Espécie; IVI= Indice de Valor portância da Espécie.
Os dados apresentados no quadro acima revelam que o número de espécies
arbóreas neste ponto não é tão expressivo devido à exploração da terra em outras
épocas para o plantio de culturas de importância econômica como o café e a cana-
de-açúcar. No entanto, verifica-se algumas espécies de importância local devido as
características das madeiras, seja para construção civil, fabricação de móveis ou
fabricação de lenha. Assim, destacam-se alguns representantes como a embira-
branca (Daphnopsis racemosa, folha-miúda (Myrtaceae sp), murici-da-serra
(Byrsonia sericea) e pau-d’arco-amarelo (Tabebuia serratifolia).
Então, com base nos dados analisados em cada parcela amostral foi possível
comparar as comunidades usando o Índice de similaridade. Neste estudo, adotou-se
o Índice de Similaridade de Sorenson a fim de se realizar uma comparação entre as
áreas, que varia de 0 (nenhuma similaridade) a 100 (comunidades totalmente
similares). Vale salientar que ambos os Índices de Sorenson e Jacart fazem uma
comparação entre duas comunidades.
Parcela
5
Espécie
Dt
(ind/ha) Ni
Daí
(esp/ha)
Dri
(%)
Dot
(m2/ha)
Abi
(cm2)
DoAi
(m2/ha)
DoRi
(%)
Fri
(%) IVI
Chifre-de-
bode 2 200 6,06 409,24 4,09 6,23 3,64 15,93
Embira-
branca 1 100 3,03 23,01 0,23 0,35 3,64 7,02
Folha-
miúda 2 200 6,06 48,81 0,49 0,74 5,45 12,25
Goiabinha 8 800 24,24 948,41 9,48 14,43 5,45 44,12
Guabiraba 1 100 3,03 11,46 0,11 0,17 7,27 10,47
João-mole 3 300 9,09 164,49 1,64 2,50 7,27 18,86
Lacre-
vermelho 2 200 6,06 49,76 0,50 0,76 3,64 10,46
Murici-
da-serra 2 200 6,06 1178,34 11,78 17,92 1,82 25,81
Pau-
d'árco-
amarelo 1 100 3,03 258,68 2,59 3,94 3,64 10,61
Orelha-
de-burro 11 1100 33,33 3481,61 34,82 52,96 5,45 91,75
Total 10 3300 33 3300 100,00 65,74 6573,80 65,74 100,00 47,27 247,27
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
68
O estudo comparativo foi conduzido de maneira a comparar as parcelas que
continham mais e menos espécies (P1/P3); as duas parcelas que continham mais
indivíduos (P1/P4) e as duas parcelas que continham o maior número de espécies
em comum (P3/P4).
Assim, os resultados encontrados para as respectivas análises revelaram que
a similaridade entre as parcelas 1 e parcela 3 foi de 16,67%, enquanto a análise
entre a parcela 1 e parcela 4 apresentou uma similaridade de 9,52. Porém, verificou-
se que as comunidades que possuíam maior similaridade, 51,85%, pertencem às
parcelas amostrais 3 e 4.
Então, mesmo sabendo que todas as parcelas amostrais encontram-se
classificadas como vegetação secundária em estádio médio ou intermediário de
regeneração, baseado na Resolução CONAMA no 25 de 7 de dezembro de 1994,
entende-se que as parcelas comparadas com maior índice de similaridade estão em
um estádio melhor de conservação em relação às outras comparações. Todavia,
vale destacar que, apoiado nos resultados encontrados no estudo fitossociológico,
as áreas onde foram feitas as parcelas 3 e 4 estão em estádio médio de
regeneração.
O estudo fitossociológico realizado na RPPN Sítio Palmeiras teve como
objetivo principal conhecer a estrutura do fragmento vegetal, as espécies que
ocorrem nesta propriedade, estádio de regeneração e como esse processo de
recuperação vem ocorrendo desde os últimos registros na década de 80. Desta
forma, faz-se necessário que os esforços amostrais sejam intensificados e
periódicos a fim de se acompanhar melhor o modo e velocidade de recuperação da
cobertura vegetal desta unidade de conservação.
1.7. Fauna
1.7.1. Mastofauna
Os levantamentos para a caracterização da mastofauna da RPPN Sítio
Palmeiras compreenderam os grupos de mamíferos voadores e não voadores
conforme disposto nos itens a seguir.
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
69
1.7.1.1. Mamíferos Não Voadores
Riqueza de espécies
No inventário de mamíferos não voadores foi utilizado o método de censo
visual onde as trilhas existentes na RPPN foram percorridas em busca de encontros
e visualizações dos exemplares. Para o complemento do inventário de mamíferos de
hábitos crípticos e/ou raros, foram feitos registros de pegadas e rastros deixados.
Adicionalmente aos métodos de busca, entrevistas informais foram feitas com
funcionários da área de estudo a fim de se obter informações sobre a ocorrência de
mais espécies não registradas por outros métodos.
O inventário de mamíferos não voadores contou com treze espécies
pertencentes a seis Famílias, verificadas através de visualizações, registros de
rastros e entrevistas. Uma espécie registrada no entorno da RPPN, foi adicionada às
análises, tendo em vista as áreas estarem conectadas.
Foto 36: Pegada de veado-catingueiro (Mazama
gouazoubira) na área da RPPN Sítio Palmeiras,
indicada pela seta
Foto: Fabio Nunes.
Foto 37: Toca de tatu-peba (Euphractus sexcinctus)
na área da RPPN Sítio Palmeiras. Seta vermelha
indicativa
Foto: Fabio Nunes.
Foto 38: Sagui-de-tufos-branco (Callithrix jacchus) visualizados na área de estudo e no seu entorno
Foto: M. Luna
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
70
Tabela 01: Lista das espécies de mamíferos não voadores registradas para o Sítio Palmeiras,
Baturité, Ceará.
A forma de registro e o nome popular estão assinalados na tabela.
Ordem/Espécie Nome Popular Visualização Rastros Entrevista
ARTIODACTYLA
Cervidae
Mazama gouazoubira Veado-catingueiro X
CARNIVORA
Canidae
Cerdocyon thous Raposinha X
Felidae
Leopardus tigrinus Gato-do-mato-
pequeno
X
Puma yagouaroundi Gato-mourisco X
Procyonidae
Procyon cancrivorus Guaxinim X X
CINGULATA
Dasypodidade
Dasypus novemcinctus Tatu-galinha X
PILOSA
Euphractus sexcinctus Tatu-peba X
Myrmecophagidae
Tamandua tetradactyla Tamanduá-mirim X
DIDELPHIMORPHIA
Didelphidae
Didelphis albiventris Cassaco X
PRIMATES
Callitrichidae
Callithrix jacchus Sagui, Soim X
RODENTIA
Caviidae
Kerodon rupestris Mocó X
Cuniculidae
Cuniculus paca Paca X
Erethizontidae
Coendou prehensilis Coandú, Quandú X
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Tabela 02: Lista das espécies de mamíferos não voadores registradas para o entorno do Sítio
Palmeiras, Baturité, Ceará.
A forma de registro e o nome popular estão assinalados na tabela.
Espécie Nome Popular Visualização Rastros Entrevista
ARTIODACTYLA
Cervidae
Mazama americana Veado-mateiro X
Mazama gouazoubira Veado-catingueiro X
CARNIVORA
Canidae
Cerdocyon thous Raposinha X
PRIMATES
Callitrichidae
Callithrix jacchus Sagui, Soim X
RODENTIA
Erethizontidae
Coendou prehensilis Coandú, Quandú X
Importância Ecológica e Espécies Ameaçadas
A fauna de mamíferos não voadores observada para a área de estudo indicou
que a área, ainda que tenha sofrido o impacto de anos de monocultura de café e
banana aliada aos impactos da caça e da especulação imobiliária, ainda conserva
uma relevante fauna remanescente de mamíferos incluindo os de grande porte,
como Mazama gouazoubira e M. americana e felídeos que necessitam de uma
grande área de uso, como Leopardus tigrinus e Puma yagouaroundi.
L. tigrinus é classificado de acordo com a Red List da IUCN e de acordo com
o livro vermelho da fauna ameaçada de extinção como vulnerável com população
em decréscimo, enquanto os outros registros são de espécies possuem baixo risco
de extinção, ainda que suas populações estejam também em decréscimo, de acordo
com o critério da IUCN. M. gouazoubira e M. americana estão em listas locais de
fauna ameaçada, dos estados do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, o que inspira
cuidados no que diz respeito aos dados populacionais locais destas espécies para o
Ceará. Também se encontram em números baixos na região da floresta atlântica
acima do rio São Francisco.
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Aliada a sua grande importância ecológica, mamíferos não voadores são
altamente afetados pela caça, os quais podem ser utilizados para a subsistência de
populações humanas nas imediações. A maioria das espécies de mamíferos
registrada para a área de estudo apresenta algum registro de caça ou é
extensivamente caçada, como tatus, veados e pacas.
Hábitos Alimentares
Tabela 03: Espécies de mamíferos não voadores, hábito alimentar, hábito de vida e período de
atividade.
Espécies Hábito alimentar/ Hábito/ Período de
atividade
CARNIVORA
Canidae
Cerdocyon thous Frugívoro-onívoro / Escansorial /
Noturno
Felidae
Leopardus tigrinus Carnívoro / Escansorial / Noturno
Puma yagouaroundi Carnívoro / Terrestre/ Noturno
Procyonidae
Procyon cancrivorus Insetívoro-onívoro / Terrestre / Noturno
CINGULATA
Dasypodidade
Dasypus novemcinctus Insetívoro-onívoro / Terrestre / Noturno
Euphractus sexcinctus Insetívoro-onívoro / Terrestre / Noturno
PILOSA
Myrmecophagidae
Tamandua tetradactyla Insetívoro / Arborícola / Catemeral
PRIMATES
Callithrix jacchus Frugívoro-onívoro / Escansorial /
Diurno
RODENTIA
Caviidae
Kerodon rupestris Frugívoro-granívoro/Terrestre/ -
Cuniculidae
Cuniculus paca Frugívoro-granívoro / Terrestre /
Noturno
Erethizontidae
Coendou prehensilis Frugívoro-folívoro / Arborícola /
Catemeral
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Em relação aos hábitos alimentares, 45% das espécies registradas
apresentam hábito frugívoro, 36% insetívoros e 18% carnívoros. Apenas C.
prehensilis e T. tetradactyla possuem hábito arborícola enquanto os outros ou
apresentam hábitos arborícolas e terrestres (escansorial) ou são apenas terrestres.
Em relação ao período de atividade, apenas C. jacchus apresenta hábito de
atividades diurno.
A persistência de tais grupos em áreas de relevante importância ecológica
permite a manutenção em longo prazo de processos ecológicos, como a dispersão
de sementes, realizada por mamíferos de maior porte. Estas espécies são também,
extremamente dependentes de áreas florestais, como os felinos e, aliada a
existência de áreas florestais circundantes, permitindo a conectividade entre as
áreas e persistência de populações mínimas viáveis em longo prazo.
1.7.1.2. Mamíferos Voadores
Riqueza de Espécies
Para a amostragem referente a morcegos, foram armadas cinco redes-de-
neblina (12x3m) entre as 17h e 00h, nas áreas da RPPN. As redes foram estendidas
ao longo de trilhas pré-existentes próximo a árvores frutíferas e cursos d’água.
Também foram observados abrigos diurnos em ocos de árvores e sob folhagens. Os
exemplares capturados foram identificados de acordo com a literatura disponível,
sexados, tiveram as medidas do antebraço e de massa aferidas, sendo
posteriormente liberados na mesma área.
Alguns exemplares foram sacrificados para confirmação da identificação
prévia de campo, de acordo com o proposto pelo Animal Care and Use Comitee
(1998) e pela autorização para expedição de campo Nº: 19801-1. Os exemplares
foram fixados em formol 10% e posteriormente transferidos para álcool 70%. Foram
realizadas medidas cranianas e os dados foram confrontados com o disponível na
literatura. Nomenclatura seguiu Simmons (2005).
Os resultados das atividades de inventário realizados na RPPN Sítio
Palmeiras estão indicados na abaixo:
O inventário de mamíferos pertencentes à Ordem Chiroptera (morcegos)
realizados na área de estudo contou com um esforço de 2 160 m2. H (Straube e
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Bianconi, 2002), contou com a captura de 65 indivíduos pertencentes a oito espécies
de uma única Família, Phyllostomidae.
Tabela 04: Lista de mamíferos voadores (Ordem Chiroptera) capturados na RPPN Sítio
Palmeiras, município de Baturité, estado do Ceará, durante as atividades de campo.
Estão listadas as espécies e sua respectiva família, acompanhada do seu hábito alimentar
predominante.
Família/Espécie Hábito alimentar Número de Capturas
Phyllostomidae
Artibeus cinereus Frugívoro 3
Artibeus lituratus Frugívoro 2
Artibeus planirostris Frugívoro 21
Carollia perspicillata Frugívoro 28
Glossophaga soricina Nectarívoro 5
Phyllostomus discolor Onívoro 1
Platyrrhinus lineatus Frugívoro 2
Sturnira lilium Frugívoro 3
As espécies acima relacionadas apresentam importante papel na
regeneração e manutenção de áreas florestais e atuam como importantes
dispersores e polinizadores da maior parte das espécies vegetais descritas na região
neotropical.
Sturnira lilium
Espécie pouco freqüente na área de estudo, é um frugívoro com relatos de
preferência alimentar por espécies da Família Solanaceae, embora haja registro de
consumo e polinização de diversas famílias de plantas. Status IUCN: Baixo risco de
extinção.
Foto 39: Exemplar de Morcego-fruteiro (Sturnira lilium), morcego frugívoro e importante dispersor capturado na
área de estudo
Foto: D. Bezerra.
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Artibeus planirostris
Espécie abundante na área da RPPN Sítio Palmeiras é classificada como
frugívora, embora apresente registros de insetivoria, folivoria e consumo de partes
florais. É de ampla distribuição no Brasil. Status IUCN: Baixo risco de extinção.
Foto 40: Exemplar de Falso-vampiro-grande (Artibeus planirostris), morcego frugívoro freqüente na área de
estudo
Foto: D. Bezerra.
Artibeus lituratus
Espécie com baixa captura na área de estudo, frugívora amplamente
distribuída no Brasil, conta com registros de frugivoria, polinização e recentemente
registros de folivoria e consumo de partes florais. Status IUCN: Baixo risco de
extinção.
Foto 41: Exemplar de Morcego-fruteiro-grande (Artibeus lituratus) morcego frugívoro de maior porte capturado
na área de estudo
Foto: D. Bezerra.
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Artibeus cinereus
Espécie frugívora, com registros de consumo de diversos frutos, em especial
de Ficus sp. Espécie incluída na lista de ameaçadas do Estado do Rio de Janeiro.
Status IUCN: Baixo risco de extinção.
Foto 42: Exemplar de Morcego-frugívoro (Artibeus cinereus), morcego frugívoro capturado na área de estudo
Foto: C. Nobre.
Carollia perspicillata
Espécie mais capturada na área de estudo, é de ampla distribuição no Brasil,
ocorrendo em todos os biomas. Frugívoro de sub-bosque, com preferência por
espécies da Família Piperaceae, em especial as do gênero Piper. Ainda há relatos
de consumo de insetos e néctar para esta espécie. Status IUCN: Baixo risco de
extinção.
Foto 43: Exemplar de Sebo-de-cauda-curta (Carollia perspicillata), morcego frugívoro abundante na área de
estudo
Foto: R. Novaes/Pro-morcegos.
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Platyrrhinus lineatus
Morcego frugívoro de dossel, ocorrendo em todos os biomas brasileiros.
Importante consumidor de várias famílias de plantas como Arecaceae, Cecropiaceae,
Musaceae, e Solanaceae (Zortéa 1993). Apresenta também registro de consumo de
insetos, néctar, pólen e folhas (op.cit.). Foi capturado em área aberta, próxima a árvores
frutíferas, baixo número de indivíduos. Status IUCN: Baixo risco de extinção.
Foto 44: Morcego-de-cara-branca (Platyrrhinus lineatus), frugívoro, capturado na área de estudo
Foto: M. Holderbaum
Glossophaga soricina
É uma espécie de morcego nectarívora mais freqüente na área de estudo, é
encontrada em todo o país, incluindo áreas urbanas. Constitui-se num importante
polinizador de espécies de diversas Famílias de plantas, como Bombacaceae,
Myrtaceae, Passifloraceae, Leguminosae (Silva & Peracchi 1995; Reis & Peracchi
2007). Foi capturada em áreas abertas e no abrigo localizado atrás da cachoeira.
Status IUCN: Baixo risco de extinção.
Foto 45: Exemplar de Morcego-beija-flor (Glossophaga soricina), nectarívoro capturado na área de estudo
Foto: D. Bezerra
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Hábitos Alimentares e Importância Ecológica
Morcegos frugívoros representam mais de 90% das capturas na área da
RPPN Sítio Palmeiras (Gráfico 07) atuando como dispersores eficazes de plantas na
área. De acordo com Humphrei et al. (1983) morcegos são responsáveis pela
dispersão cerca de 25% das plantas em áreas florestais nos neotrópicos, além de
serem os principais polinizadores de mais de 500 plantas. Devido aos seus hábitos
alimentares, são extremamente importantes para a manutenção e regeneração de áreas
florestais, em especial para área de trabalho proposta. A maioria das espécies
capturadas de frugívoros também atua como polinizadores de diversas Famílias
vegetais e juntamente com as espécies nectarívoras, que constituíram em 7% das
capturas (n=5) atuam na fertilização e reprodução de tais espécies.
Gráfico 07: Frequência de captura de morcegos de acordo com seus hábitos alimentares.
Em azul morcegos frugívoros, vermelho morcegos nectarívoros e em verde morcegos onívoros.
Conservação
Mamíferos e aves estão entre os grupos mais relevantes para persistência de
áreas florestais nas regiões neotropicais, atuando para a manutenção de processos
ecológicos importantes em florestas, como a dispersão de sementes e polinização,
em especial, aves e morcegos, os quais além de contribuírem decisivamente com
esses processos, ainda contam com a insetivoria, os quais atuam controlando as
populações de pequenos artrópodes.
Mamíferos são importantes para a manutenção de processos ecológicos de
extrema relevância, como dispersão de sementes e controle da população de outros
animais. Especificamente sobre morcegos, estes atuam de forma decisiva na
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
79
manutenção e restauração de áreas florestais, sugerindo assim que este grupo é de
extrema relevância para a conservação dos remanescentes florestais do Maciço de
Baturité.
1.7.2. Avifauna
As aves são fundamentais para o equilíbrio das relações entre plantas e
animais, pois diversas plantas têm sua dispersão de sementes dependentes das
aves. Além disso, várias famílias de aves possuem espécies polinizadoras,
principalmente Trochilidae e Thraupidae (Rocca, 2008). Grande parte das aves atua
como controladora de insetos, sendo diversas espécies insetívoras e outras que
complementam sua dieta com artrópodos.
Da mesma forma que algumas plantas dependem de aves para polinização e
dispersão de sementes, várias espécies de aves dependem de espécies vegetais
epífitas (principalmente Araceae, Bromeliaceae, Cactaceae) que oferecem diversos
recursos como flores, néctar, sementes, frutos, matérias e locais de nidificação, água
para consumo e limpeza corporal. Além disso, raízes e folhas de plantas epífitas
constituem micro-hábitats para presas de aves (Cestari, 2009). Aproximadamente
um quinto das famílias de aves possui representantes que utilizam recursos
disponibilizados por plantas epífitas, principalmente na Mata Atlântica. (Cestari,
2009).
O maciço de Baturité consiste num importante refúgio de mata úmida para
espécies florestais, em meio ao semiárido nordestino, apresentando taxa
ameaçados, endêmicos e populações isoladas de seus semelhantes por centenas
de quilômetros (Girão et al., 2007). Representa assim, uma área de elevada
importância para a conservação de espécies de aves, contando com 235 espécies
de aves registradas (Girão et al., 2007 ) sendo treze taxa ameaçados de extinção de
acordo com o Livro Vermelho do MMA (2008) e cinco de acordo com a Red list
(IUCN, 2009).
Contexto Regional
O maciço de Baturité consiste num importante refúgio de mata úmida para
espécies florestais, em meio ao semiárido nordestino, apresentando taxa
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
80
ameaçados, endêmicos e populações isoladas de seus semelhantes por centenas
de quilômetros (Girão et al. 2007). Representa assim, uma área de elevada
importância para a conservação de espécies, em especial de aves, contando com
235 espécies registradas (Girão et al. 2007 ) sendo destas, treze taxa ameaçados de
extinção de acordo com o Livro Vermelho do MMA (2008) e cinco de acordo com a
Red list (IUCN, 2009).
Riqueza de espécies
Após o levantamento para o Plano de Manejo, chegou-se ao total de 85
espécies de 31 famílias, sendo Tyrannidae a família com maior número de
representantes (18), seguido das famílias Thraupidae (7), Trochilidae (6), Furnaridae
(6) e Emberizidae (4). Esse valor representa 36% das 235 aves registradas para o
Maciço de Baturité, e é superior o número de aves encontradas por Albano et al.
2008 em Guaramiranga-CE no Hotel Remanso (80 espécies) e próximo ao
encontrado no Sítio Sinimbu (90 espécies), ambos situados a aproximadamente 15
Km da RPPN Sítio Palmeiras. O bom número de troquilídeos (beija-flores) e
traupídeos (sanhaços) representa um fator positivo na regeneração da mata, visto
que essas aves podem ser polinizadoras naturais. Além disso, outras aves
frugívoras podem ser polinizadoras e dispersoras de sementes, contribuindo também
para a regeneração da vegetação nativa.
Gráfico 08- Famílias de aves mais abundantes na RPPN Sítio Palmeiras.
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
81
Hábitos alimentares
A análise da estrutura trófica das aves registradas na RPPN Sítio Palmeiras
mostrou a predominância das aves insetívoras (51%) seguida das aves frugívoras
que complementam sua dieta com insetos (21%). O total de aves que usam insetos
na sua dieta chega a 85% (insetívoras, frugívoras/insetívoras,
nectarívoras/insetívoras e granívoras/insetívoras). Esse grande grupo de aves tem
papel fundamental no controle de insetos. A soma das aves frugívoras com as
frugívoras/insetívoras dá um total de 23% de aves que utilizam frutos e sementes na
sua dieta.
Gráfico 09- Estrutura trófica das aves da RPPN Sítio Palmeiras
Legenda: Insetívoras (I); Frugívoras/Insetívoras (FI); Carnívoras (C); Nectarívoras/Insetívoras (NI);
Granívoras/Insetívoras (GI); Onívoras (O); Frugívoras (F); Necrófagas (N), Granívoras (G).
Os dados sobre os hábitos alimentares foram extraídos de Almeida et al.2003.
Foto 46- Surucuá-de-barriga-vermelha
(Trogon curucui )– espécie frugívora-insetívora
Foto: Fábio Nunes
Foto 47- João-de-cabeça-cinza
(Cramioleuca semicinerea)– espécie insetívora
Foto: Ciro Albano
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
82
Sensitividade e Dependência de Floresta
De acordo com dados disponíveis em literatura sobre sensitividade das aves
a distúrbios causados pela ação humana e dependência de ambientes florestados
foram feitas comparações da avifauna da RPPN Sítio Palmeiras com a avifauna do
Sítio Sinimbu e do Hotel Remanso. A sensitividade foi classificada em Alta (A),
Média (M) e Baixa (B). A dependência de ambientes florestados foi classificada em
Dependentes (D), Semi-dependentes (S) e Independentes (I). Os dados foram
extraídos de Silva et al. (2003).
Em relação sensitividade, aproximadamente 8% das aves apresentaram
sensitividade alta e 31% apresentaram sensitividade média. Apesar de parecerem
valores baixos, não houve diferença significativa quando comparado com os valores
encontrados para a avifauna do Hotel Remanso e do Sítio Sinimbu (H = 0.3616; p =
0.8).
Aproximadamente 78% das aves registradas na RPPN apresentaram algum
tipo de dependência de ambientes florestados (dependentes e semi-dependentes),
demonstrando as boas condições da vegetação encontrada na RPPN. Em
comparação com a avifauna do Sítio Sinimbu e o Hotel Remanso, não houve
diferença significativa (H = 0.6272; p = 0.7).
Gráfico 10 – Mostra a relação das aves da RPPN Sítio Palmeiras quanto à sensitividade e comparando com o
resultado encontrado para a avifauna do Hotel Remanso e do Sítio Sinimbu.
Legenda: Alta (A), Média (M) e Baixa (B).
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
83
Gráfico 11 – Mostra a relação das aves da RPPN Sítio Palmeiras quanto à dependência de floresta e comparando
com o resultado encontrado para a avifauna do Hotel Remanso e do Sítio Sinimbu.
Legenda: Dependentes (D), Semi-dependentes (S) e Independentes (I).
Espécies ameaçadas
Dos treze taxa considerados ameaçados no Maciço de Baturité segundo o
Livro Vermelho do MMA (2008), oito foram registrados na RPPN Sítio Palmeiras,
sendo três considerados ameaçados também na categoria vulnerável pela IUCN.
Os taxa ameaçados registrados para a RPPN apresentam dependência a floresta e
cinco destes apresentam sensitividade alta às perturbações causadas por ações
antrópicas.
Saíra-militar (Tangara cyanocephala cearensis) – Status de ameaça – Em Perigo
(MMA, 2008)
Espécie de colorido muito apreciado por traficantes de animais silvestres,
sendo esta sua principal ameaça. Esse táxon ocorre somente nas serras de Baturité,
Maranguape e Pacatuba. Durante o trabalho de campo, este táxon foi encontrado
poucas vezes, além de um indivíduo capturado sendo levado em alçapão por
caçadores. Sensitividade média.
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
84
Foto 48 – Saíra-militar (Tangara cyanocephala cearensis)
Foto: Fabio Nunes.
Choca-da-mata (Thamnophilus caerulescens cearensis) - Status de ameaça – Em
Perigo (MMA, 2008)
Táxon considerado endêmico da serra de Baturité, habitando matas úmidas
acima dos 600 m de altitude. Por ser dependente de florestas, é ameaçado devido à
perda de hábitat para agricultura. Apenas um indivíduo foi avistado, na borda da
mata próximo ao canavial. Sensitividade baixa.
Foto 49 – Choca-da-mata (Thamnophilus caerulescens cearensis)
Foto: Fabio Nunes.
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
85
Chupa-dente (Conopophaga lineata cearae) - Status de ameaça – Vulnerável (MMA,
2008)
Ocupa o sub-bosque e diversos indivíduos foram registrados na área de
estudo, dentro e fora das trilhas. Seu status de conservação é devido à perda de
hábitat, já que não é vítima de caça e tráfico. Sensitividade alta.
Foto 50– Chupa-dente (Conopophaga lineata cearae)
Foto: Fabio Nunes.
Jacú (Penelope jacucaca) - Status de ameaça – Vulnerável (MMA, 2008) -
Vulnerável (IUCN)
Espécie endêmica da caatinga habita também as serras do Ceará. Além da
perda de hábitat, sofre com a caça intensa. Durante o trabalho de campo, foram
localizados dois indivíduos na copa de uma árvore. Sensitividade alta.
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
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Foto 51 – Jacú (Penelope jacucaca)
Foto: Ciro Albano.
Pica-pau-anão-da-caatinga (Picumnus limae) – Status de ameaça – Em Perigo
(MMA, 2008) - Vulnerável (IUCN)
Espécie até pouco tempo considerada como endêmica das serras úmidas do
Ceará, porém, estudos recentes mostraram que é uma espécie que habita a
caatinga e até centros urbanos. Apesar de apresentar sensitividade média, habita
áreas degradadas. Na área de estudo foi encontrado somente indivíduo que
respondeu ao play-back. É considerado ameaçado somente devido a restrita área de
ocorrência. Sensitividade média.
Foto 52 – Pica-pau-anão-da-caatinga (Picumnus limae)
Foto: Ciro Albano.
Vira-folha (Sclerurus scansor cearensis) – Status de ameaça – Vulnerável (MMA,
2008)
Ave de sub-bosque que aparentemente não sai da mata, o que pode causar
quebra de fluxo gênico em caso de fragmentação da mata. De difícil visualização,
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
87
sua presença é facilmente detectada através de sua vocalização. Diversos
indivíduos foram localizados, tanto nas trilhas quanto fora delas. Não sofre com caça
e tráfico, sendo ameaçado devido à perda hábitat. Sensitividade alta.
Foto 53 – Vira-folha (Sclerurus scansor cearensis)
Foto: Fábio Nunes.
Maria-do-nordeste (Hemittricus mirandae) - Status de ameaça – Em Perigo (MMA,
2008) - Vulnerável (IUCN).
Ave típica de sub-bosque das florestas semideciduais densas e bem
preservadas do Nordeste brasileiro, que ocorrem em diferentes elevações. Vocaliza
durante muito tempo, completamente imóvel em um galho, interrompendo apenas
para capturar insetos nas proximidades e, retornando ao mesmo galho, continua a
vocalização Alimenta-se de pequenos insetos, que captura por meio de vôos
rápidos. Um indivíduo foi registrado através de play-back. Sensitividade alta.
Foto 54 – Maria-do-nordeste (Hemitriccus mirandae)
Foto: Patrick Scherler.
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
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Arapaçu-rajado (Xiphorhynchus atlanticus) – Status de ameaça – Vulnerável (MMA,
2008)
Estudos mostram que sua presença em fragmentos está mais associada às
condições da vegetação do que ao seu tamanho. Forrageia no sub-bosque da mata.
Sofre ameaça devido à perda de hábitat. Vários indivíduos foram registrados nas
trilhas e próximo ao canavial. Sensitividade alta.
Foto 55 – Arapaçu-rajado (Xiphorhynchus atlanticus)
Foto: Fabio Nunes.
Conservação
Além das espécies ameaçadas, a RPPN Sítio Palmeiras conta com outros
registros importantes por serem aves mais associadas às matas úmidas. São os
taxa a seguir: Juriti-gemedeira (Leptotila rufaxilla), Periquito-de-encontro-amarelo
(Brotogeris chiriri), Beija-flor-tesoura-verde (Thalurania furcata), Arapaçu-de-
garganta-amarela (Xiphorhynchus guttatus), João-de-cabeça-cinza (Cranioleuca
semicinerea), Piolhinho (Phyllomyias fasciatus), Guaracava-cinzenta (Myiopagis
caniceps), Poiaeiro-de-pata-cinza (Zimmerius gracilipes), Patinho (Platyrinchus
mystaceus), Assadinho-de-cauda-preta (Myiobius atricaudus), Enferrujado
(Lathrotriccus euleri), Uirapuru-laranja ou Guaramiranga (Pipra fasciicauda
scarlatina), Andorinha-serradora (Stelgidopteryx ruficollis), Guarrinchão-pai-avô
(Pheugopedius genibarbis) e Guaturamo-verdadeiro (Euphonia violácea).
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
89
Foto 56: Poiaeiro-de-pata-cinza
(Zimmerius gracilipes)
Foto 57: Periquito-de-encontro-
amarelo (Brotogeris chiriri)
Foto 58: Beija-flor-tesoura-verde
(Thalurania furcata)
Foto 59: Patinho (Platyrinchus
mystaceus)
Foto 60: Enferrujado
(Lathrotriccus euleri)
Foto 61: Piolhinho (Phyllomyias
fasciatus)
Fotos: Fabio Nunes
Todas estas possuem alguma dependência a ambientes florestados,
merecendo atenção especial o caso do táxon Pipra fasciicauda scarlatina por se
tratar de uma população separada por centenas de quilômetros de outras
populações semelhantes, fato que pode provocar especiação nesse táxon isolado.
Essa ave é facilmente encontrada em feiras livres, apreciada por sua bela coloração.
Apesar do tráfico, é facilmente encontrada na RPPN. Diversos indivíduos foram
encontrados durante o levantamento.
Esse táxon juntamente com os oito taxa ameaçados de extinção encontrados
na RPPN Sítio Palmeiras, também foram encontrados por Albano et al. (2008) no
estudo realizado na mata do Hotel Remanso e Sítio Sinimbu.
A criação de novas RPPNs no entorno da RPPN Sítio Palmeiras e no maciço
de Baturité pode ser uma forma de proteção a essas espécies mais sensíveis,
permitindo a existência de populações viáveis nessas áreas protegidas.
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
90
Foto 62 – Guaturamo-verdadeiro (Euphonia violácea) - espécie associada à mata
úmida
Foto: Fabio Nunes.
Durante o trabalho de campo foram encontrados vestígios de caça e de tráfico
de aves dentro da RPPN, como maçarandubas com marcas para extração de visgo,
utilizado em armadilhas para captura de aves, além de pessoas transportando aves
em alçapões, incluindo o Siara-militar (Tangara cyanocephala cearae), fato
preocupante por se tratar de uma subespécie ameaçada.
Foto 63 – Uirapuru-laranja ou Guaramiranga (Pipra fasciicauda scarlatina)
Foto: Fabio Nunes.
1.7.3. Herpetofauna
Contexto Regional
A herpetofauna do maciço de Baturité possui um caráter umbrófilo,
predominantemente atlântico, com espécies dependentes de úmida, mas também
com espécies típicas de caatinga e mata seca. Apresenta o padrão comum aos
brejos, com baixo número de espécies em relação à mata Atlântica nordestina e à
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
91
floresta Amazônica, tendo uma herpetofauna umbrófila mista, mas com forte
influência da caatinga.
A fauna de anfíbios do maciço é diferente da presente na caatinga,
apresentando elementos de mata atlântica, amazônica, de áreas abertas e alguns
endemismos para os brejos-de-altitude do Ceará.
Caracterização da RPPN
A RPPN Sitio Palmeiras, localizada no município de Baturité – CE, abrange
uma área de 75,47ha. Sua formação vegetacional é Floresta Ombrófila Densa,
inserida no bioma Mata Atlântica. É uma região bastante acidentada com inúmeras
nascentes responsáveis pela alimentação dos vários riachos intermitentes. Por ser
detentor de diversas fontes naturais d’água, córregos intermitentes e riachos, é um
excelente local para a herpetofauna do maciço.
O levantamento da herpetofauna da RPPN Sítio Palmeiras foi feito através de
dados secundários, consultando-se bibliografia disponível.
Algumas espécies mais comuns da herpetofauna do maciço de Baturité são
apresentadas abaixo:
Foto 64 – Rãzinha-do-baturité (Adelophryne baturitensis)
Foto: Igor Joventino Roberto.
Espécie endêmica do no maciço de Baturité, encontra-se distribuída pelas áreas mais elevadas do
maciço, sendo mais freqüente observá-la no folhiço, em bromélias e na beira de riachos das áreas
florestadas primárias e secundárias. É ameaçada de extinção, na categoria Vulnerável (IUCN, 2011;
MMA, 2008).
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
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Foto 65 – Rã-de-folhiço (Ischnocnema ramagii)
Foto: Francisco V. Souza.
No Ceará é endêmica dos brejos de altitude, ocorrendo na Ibiapaba e Maranguape. É abundante no
maciço de Baturité. População em decréscimo (IUCN, 2011)
Foto 66 – Sapo-folha (Rhinella hoogmoedi)
Foto: Flávio Mota.
É um caso de distribuição descontínua, occorendo no Ceará somente no maciço de Baturité.
Conhecido como sapo-folha, necessita de estudos taxonômicos.
Foto 67 – Cobra-cega (Siphonops aff. Paulensis)
Foto: Omar Entiauspe.
Conhecida como cobra-cega, no Ceará também é endêmica dos brejos-de-altitude.
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
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Foto 68 – Papa-vento-cinza (Polychrus acutirostris)
Foto: Guarino R. Colli.
É uma espécie arborícola, podendo às vezes ser encontrada em arbustos baixos e até no chão, com
preferência por formações abertas, típico da caatinga.
Foto 69 - Papa-vento-verde (Polychrus marmoratus)
Foto: Paulo S. Bernarde.
Espécie típica de mata, não vivendo em simpatria com P. acutirostris.
Foto 70 – Surucucu-pico-de-jaca (Lachesis muta)
Foto: L. Aguiar.
Caso interessante de isolamento geográfico, ocorrendo populações amazônica e atlântica. É a maior
serpente peçonhenta sulamericana.
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
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Foto 71 – Coral-verdadeira (Micrurus ibiboboca)
Foto: Cristiano Nogueira.
Habita florestas, sendo encontrada nos biomas mata atlântica, caatinga e cerrado, ocorrem em todo
nordeste brasileiro.
A herpetofauna do Maciço de Baturité apresenta-se bastante mista, com
espécies da mata Atlântica, Amazônia, Cerrado e Caatinga, sendo um importante
local para a conservação, pois além de servir como refúgio para várias espécies,
possui vários casos interessantes de isolamento geográfico, carecendo de mais
estudos de ecologia e taxonomia.
1.8. Visitação
A RPPN não possui atividades relacionadas à visitação.
1.9. Trilhas
As trilhas utilizadas para os trabalhos dos pesquisadores dos Levantamentos
Expeditos serão as mesmas a serem utilizadas para a fiscalização e monitoramento
da Reserva.
1.10. Uso da Terra
Não existe uso direto dentro da área da RPPN segundo determinação de lei.
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
95
1.11. Pesquisa e Monitoramento
Ainda não existe uma rotina de pesquisas e monitoramento além daquele que
foi empreendido para a criação da RPPN e deste que está originando o estudo para
a criação do Plano de Manejo.
1.12. Atividades
Atualmente foram constatadas atividades de visitação na RPPN para alguns
dos pontos notáveis, mas não com objetivos turísticos, uma vez que esta UC não
apresenta estrutura para tal. De acordo com dados obtidos em campo e com
moradores das comunidades de entorno, existe alguma atividade de caça e extração
de madeira, especialmente nas bordas da propriedade e RPPN.
1.13. Pontos Notáveis
A RPPN Sítio Palmeiras possui diversos pontos relevantes, em termos de
beleza cênica, de acessos, de potenciais mirantes, recursos hídricos, áreas
pReservadas de grande biodiversidade e mais importante ainda: localiza-se na
extremidade da cota 600m, possibilitando assim a conexão de novas áreas de
proteção e um corredor extrapolando assim a cota da APA.
Várias nascentes ocorrem dentro da RPPN e alimentam uma microbacia que
fornece todo o suprimento de água consumida pelas comunidades no entorno da
região.
Ocorrem também muitas áreas de bosques muito pReservados com espécimes
de alto porte e grande diversidade.
1.14. Perfil do Proprietário e Sistema de Gestão
O proprietário Roberto Proença de Macedo e Tânia Rocha Lima de Macêdo
que residem atualmente na Capital Fortaleza, tornaram-se proprietários da RPPN
Sítio Palmeiras criada em 24 de julho de 2008 pela portaria 46/2008. Residindo em
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
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domicílio diverso da RPPN procede a gestão da UC através do caseiro e sua família
que habita dentro da propriedade, em área da propriedade circundada pela RPPN,
onde é responsável pela administração da manutenção e quaisquer atividades
referentes à RPPN, segundo orientação dos proprietários. Afora isto, a gestão da
área será alvo de planejamento mais aprofundado e efetivo através deste plano de
manejo.
1.15. Equipamentos e Serviços
Estes recursos ainda não foram implantados na RPPN.
1.16. Recursos Financeiros
Todos os esforços de apoio financeiro desta RPPN partem, principalmente de
investimentos privados de seu proprietário e de editais de apoio à criação e gestão
de RPPNs - Programa de Incentivo às RPPNs da Mata Atlântica.
1.17. Formas de Cooperação
Para a realização das pesquisas e elaboração deste documento foram
estabelecidas parcerias com as Associações Asa Branca e Caatinga.
2. Caracterização da Propriedade
A propriedade Sítio Palmeiras localizada no município de Baturité possui uma
área de 78,97ha dos quais 75,47 foram transformados em RPPN no ano de 2008,
após aquisição da área pelos atuais proprietários no segundo semestre de 1993.
Hoje a área da propriedade não recoberta pela RPPN Sítio Palmeiras conta
apenas com a casa sede do sítio, um antigo engenho de cana-de-açucar, utilizado
durante certo período do ano para beneficiar a pequena produção local, remetendo
ao passado de produtor canavieiro da região, e uma pequena área onde é cultivada
a cultura do café, apenas para consumo dos proprietários, não havendo nenhuma
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
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prática que venha a causar danos ou pressão à área recoberta pela RPPN Sítio
Palmeiras.
3. Caracterização das Áreas de Entorno
3.1. Caracterização Socioeconômica do Município de Baturité
Para a descrição dos dados municipais de Baturité, foram utilizadas,
principalmente, informações das pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, 2009/2010).
3.1.1. Dados Populacionais
Quadro 07: População Residente em Baturité, 1991, 2000 e 2009*
Ano População
1991 27.147
2000 29.861
2009* 33.271
* Projeção. Fonte: IBGE – Perfil Municipal de Baturité. 1991 e 2000.
No período de 1991-2000, a população de Baturité teve uma taxa media de
crescimento anual de 1,99%, passando de 27.147 para 29.861 e com projeção de
33.271 habitantes em 2009.
Quadro 08: Estrutura etária, 1991 e 2000
Faixa Etária 1991 2000
Menos de 15 anos 10.478 10.111
15 a 64 anos 14.941 17.415
65 anos e mais 1.728 2.335
Fonte: IBGE – Perfil Municipal de Baturité. 1991 e 2000.
No quadro acima, observa-se o envelhecimento da população com predominância
contínua da faixa etária mediana (15 a 64 anos) e pouca variação na faixa etária
primária (menos de 15 anos).
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
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Quadro 09: Indicadores de Longevidade, Mortalidade e Fecundidade, 1991 e 2000
Indicadores 1991 2000
Mortalidade até 1 ano de idade (por 1000
nascidos)
84,1 60,3
Esperança de vida ao nascer (anos) 57,2 62,9
Taxa de Fecundidade Total (filhos por mulher) 5,0 3,3
Fonte: IBGE – Perfil Municipal de Baturité. 1991 e 2000.
No período 1991-2000, a taxa de mortalidade infantil do município diminuiu 28,25%,
passando de 84,10 (por mil nascidos vivos) em 1991 para 60,30 (por mil nascidos
vivos) em 2000, e a esperança de vida ao nascer cresceu 5,70 anos, passando de
57,20 em 1991 para 62,90 anos em 2000.
3.1.2. Indicadores Sociais
Educação
Quadro 10: Nível educacional da População Jovem, 1991 e 2000 Faixa
etária
(anos)
Taxa de
analfabetismo
% com menos de 4
anos de estudo
% com menos de 8
anos de estudo
% freqüentando
a escola
1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000
7 a 14 47,2 25,9 - - - - 75,7 92,9
10 a 14 37,9 12,9 81,1 51,0 - - 77,3 94,0
15 a 17 24,8 8,8 52,4 27,1 89,1 79,9 58,2 72,5
18 a 24 26,1 18,7 39,0 33,4 72,1 66,8 - -
- = Não se aplica. Fonte: IBGE – Perfil Municipal de Baturité. 1991 e 2000.
Em todas as faixas etárias houve queda na taxa de analfabetismo no período 1991-
2000 e aumento da freqüência escolar nas faixas de 7 a 14, 10 a 14 e 15 anos.
Quadro 11: Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2008 Matrícula – ensino fundamental – 2008 6.698 matrículas
Matrícula – ensino médio – 2008 1.335 matrículas
Docentes – ensino fundamental – 2008 252 docentes
Docentes - ensino médio – 2008 62 docentes
Fonte: IBGE < http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
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Renda
Quadro 12: Indicadores de Renda, Pobreza e Desigualdade, 1991 e 2000 Indicadores 1991 2000
Renda per capita Média (R$ de 2000) 71,0 106,2
Proporção de Pobres (%) 73,3 66,3
Índice de Gini 0,52 0,63
Fonte: IBGE – Perfil Municipal de Baturité. 1991 e 2000.
A renda per capita média do município cresceu 49,54%, passando de R$ 70,99 em
1991 para R$106,2 em 2000. A pobreza (medida pela proporção de pessoas com
renda familiar per capita inferior a R$ 75,50, equivalente à metade do salário mínimo
vigente em agosto de 2000) diminuiu 9,56%, passando de 73,3% em 1991 para
66,3% em 2000. A desigualdade cresceu: o índice de Gini(utilizado para mensurar
desigualdade de renda) passou de 0,52 em 1991 para 0,63 em 2000.
Quadro 13: Acesso a Serviços Básicos, 1991 e 2000 Serviços 1991 2000
Água Encanada 38,2 49,0
Energia Elétrica 67,9 91,1
Coleta de Lixo1 57,2 73,8
1 Somente domicílios urbanos Fonte: IBGE – Perfil Municipal de Baturité. 1991 e 2000.
No período de 1991-2000 ocorreu o aumento de acesso a serviços essenciais, o
menor índice sendo o de acesso a água encanada (10,8%) e o maior índice de
crescimento sendo o de coleta de lixo (23,2%), ainda que este último seja referente à
área urbana, apenas.
Quadro 14: Indicadores de Vulnerabilidade Familiar, 1991 e 2000 Indicadores 1991 2000
% de mulheres de 10 a 14 anos com filhos ND 0,6
% de mulheres de 15 a 17 anos com filhos 24,8 16,0
% de crianças em famílias com renda inferior à ½ salário mínimo 80,3 77,0
% de mães chefes de família, sem cônjuge, com filhos menores 7,6 4,8
ND = não disponível Fonte: IBGE – Perfil Municipal de Baturité. 1991 e 2000.
Os Indicadores de Vulnerabilidade Familiar indicam as realidades que são
potencialmente prejudiciais para o desenvolvimento de dado núcleo familiar. Com
exceção ao primeiro índice todos apresentaram redução em graus variados.
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
100
3.1.3. Indicadores de Saúde e Saneamento Básico.
Quadro 15: Principais indicadores de saúde de Baturité – 2007.
Discriminação Principais indicadores de
Saúde
Município Estado
Médicos/1.000 hab. 1,36 2,13
Dentistas/1.000 hab. 0,38 0,52
Leitos/1.000 hab 2,24 2,31
Taxas de internação por AVC(40 anos ou mais)
10.000 hab
21,1 22,47
Nascidos vivos(1) 577 136.385
Óbitos(1) 10 2.439
Taxas de mortalidade infantil/1.000 nascidos
vivos(1)
17,3 17,9
(1) Dados referente à 2006. Fonte: Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (SESA).
Os índices gerais apresentados seguem a tendência dos índices estaduais,
excetuando as taxas de Nascidos Vivos e óbitos.
Gráfico 12 - Abastecimento de água e esgotamento sanitário em Baturité.
No período de 2002 – 2007 a variação dos dois índices mostrados foram muito
pequenos.
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
101
3.1.4. Indicadores Econômicos
Quadro 16. Principais indicadores de saúde de Baturité – 2007.
Discriminação Município Estado
PIB a preços de mercado (R$ mil) 92.111 46.309.884
PIB per capta (R$ 1,00) 2.902 5.636
PIB setor (%)
Agropecuária 15,36 7,26
Indústria 10,05 23,53
Serviços 74,59 69,21
No período do ano 2007, uma análise dos indicadores econômicos básicos mostra
um PIB per capita do município do Baturité, inferior ao mesmo índice estadual
51,59%. A distribuição do PIB por setor aponta a economia do município como
predominantemente de serviços e agropecuária.
3.1.5. Caracterização das comunidades do entorno da RPPN Sítio Palmeiras
Segundo levantamento realizado em campo, utilizando a metodologia de
pesquisa com análise qualitativa por aplicação de questionários na população local,
dentro da comunidade do entorno da RPPN Sítio Palmeiras, conhecida como Santa
Maria além de outras aglomerações populacionais menores e mesmo sítios isolados,
os seguintes aspectos sobre as relações das comunidades de entorno e aos
acessos à área da Reserva.
Não existem grandes concentrações populacionais no entorno da RPPN, mas
vários núcleos de menor densidade demográfica. Grande parte dos
moradores trabalham na agricultura. 75% dos entrevistados tinham
conhecimento sobre a RPPN e reconheciam sua importância para a
sobrevivência das comunidades.
Todos os entrevistados admitem que a pReservação da natureza é
importante, mas por motivos diversos que vão desde sobrevivência das
comunidades, passando pelo aspecto cênico, até a importância da
continuidade da existência do bioma como uma fonte de subsistência.
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
102
Um dos fatores mais relevantes citados na pesquisa foi o fato de que muitos
dos agrupamentos populacionais do entorno obtém a sua água a partir de
uma nascente oriunda da RPPN.
Foto 72 - Encanamento usado pelas comunidades do entorno para uso da água oriunda da Reserva.
Os serviços básicos como coleta de lixo, saneamento básico, acesso de
serviços de saúde são escassos e mal distribuídos.
Foto 73 - Único posto de saúde da região só funciona poucas vezes por mês, segundo locais.
A educação é apenas em Baturité, poucos possuem PSF e apenas um dos
entrevistados recebia auxílios governamentais. Não houve registro de
trabalho com carteira assinada entre os entrevistados. Boa parte dos
entrevistados realizam queimada de lixo, retiram água para consumo de
mananciais locais (riachos e poços artesianos).
Todos os entrevistados possuem algum tipo de produção agropecuária,
predominantes na região da APA de Baturité, como por exemplo, a criação de
galinácios para consumo e algumas reses de asininos e bovinos como força
de trabalho e transporte. Criação de animais domésticos potencialmente
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
103
agressivos para a fauna local (cães e gatos). Agricultura: milho, feijão,
banana, mandioca e cana de açúcar. Todos estes fatores em uma área
produtiva significativa no entorno da UC, demandando considerar a forte
possibilidade de efeitos de borda.
Foto 74 - Bananeiral no entorno da Reserva.
De acordo com os dados levantados ocorrem pressões de caça no entorno da
UC de histórico com ocorrência de antiga atividade canavieira. Espécies como
Jacú, avoantes, aves ornamentais (espécies do bioma), pequenos mamíferos
são os alvos preferenciais. A utilização de visgo na caça a essas espécies
está documentada (foto) bem como o uso de gaiolas no cativeiro.
Foto 75 - Animais silvestres engaiolados.
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
104
Um fato chocante presenciado na ocasião dos levantamentos de campo foi o
fato de que uma obra que visava a melhoria do acesso à RPPN ocasionou na
mudança do curso do riacho que se origina na UC, derrubada indiscriminada
de espécies vegetais dentro da área da Reserva. Não existem informações
sobre possíveis estudos de impacto por parte da Prefeitura Municipal de
Baturité. São fortes os indícios de um grande prejuízo ambiental nesta área e
mais preocupante é seu impacto dentro da RPPN.
Foto 76 - Obras da prefeitura de Baturité para melhorar o acesso da região, resultam na destruição de vegetação
dentro da Reserva e desvia o curso de riacho importantíssimo no meio.
Foto 77 - Torna-se patente o grande impacto da obra que causou a alteração do rio.
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
105
3.1.6. Pressões
Neste estudo constatou-se um conjunto de fatores que causam pressões
sobre a RPPN e necessitam de atenção e acompanhamento, visando em um nível
mínimo a redução e em um nível ideal a mitigação desses fatores.
Em um cruzamento de dados entre a origem da RPPN e de suas
comunidades de entorno pode-se apurar que a propriedade foi originalmente
adquirida visando o usufruto da estrutura original, mas buscando uma harmonização
crescente no tocante à pReservação (e eventual retorno) do estado mais natural
possível da área, com um mínimo de impacto, prevenindo a caça, extração de
madeira, mantendo a capacidade hídrica da região beneficiando as comunidades do
entorno com a oferta do importante insumo da região: água.
Foto 78 - Fornecimento de água oriunda da RPPN para moradores do entorno através de encanamento
(fornecimento por gravidade).
No entanto, segundo informações levantadas entre os moradores ainda
existem atividades de caça e, mais eventualmente a retirada de madeira da Reserva
(embora em níveis menores que o esperado, devendo-se isso ao fato do
conhecimento comunal do status da Reserva).
Outro fator a ser combatido são os impactos causados pela recente obra de
acesso da prefeitura de Baturité à região que resultou em impactos dentro da
Reserva e à preocupante possibilidade de futuros empreendimentos tão ou mais
prejudiciais sem um estudo aprofundado e total conhecimento do proprietário da
RPPN.
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
106
4. POSSIBILIDADE DE CONECTIVIDADE
De acordo com Figueiredo e Barbosa (1990), o Maciço do Baturité é tido
como uma ilha verde localizada na paisagem semiárida e representa uma zona de
refúgio para muitas espécies. Assim, estas condições ambientais particulares de
florestas úmidas conferem a ocorrência de uma grande variedade de espécies e
certo grau de endemismo. Além disso, a localização deste refúgio em meio ao sertão
nordestino confere um ponto estratégico para muitas espécies migratórias e que
necessitam de paradas para recuperação, principalmente para avifauna, que
buscam nesses ambientes, abrigo e maior abundância de recursos.
O Decreto nº 6.660/2008 destaca a importância ecológica deste enclave de
Mata Atlântica no sertão cearense, apresentando este ambiente como uma área de
integração entre as unidades morfoclimáticas da Floresta Atlântica e Caatinga. Vale
destacar que em 2004, essa região também foi classificada como área de extrema
prioridade pelo Probio (MMA).
Segundo Cavalcante (2005), a conexão do Maciço de Baturité com outros
fragmentos úmidos como da Floresta Amazônica e Mata Atlântica é bastante
auxiliada pela rota migratória de muitas espécies da fauna que são comuns para
estes ambientes, por esse motivo, algumas espécies vegetais ocorrem nestes
biomas diferentes. Desta maneira, explica-se a ocorrência no Maciço de espécies da
Mata Atlântica como o limãozinho (Zanthoxylum rhoifolium), o amarelão (Buchenavia
capitata), o murici (Byrsonia sericea), pau-d’árco amarelo ou ipê-amarelo (Tabebuia
serratifolia), a imbiriba (Xylopia sericea), frei-jorge (Cordia trichotoma) e a gargaúba
(Schefflera morototoni). Além destas, ocorrem no Maciço de Baturité espécies
também comuns à região amazônica como a favinha (Stryphnodendron purpureum)
e a paraíba (Simarouba amara) (Figura 80; Figura 81; Figura 82).
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
107
Foto 79 - Pau-d'árco-amarelo (Tabebuia seratifolia
Nicholson)
Espécie pertencente à Família Bignoniaceae com
altura podendo superar os 15 mestros, copa longa,
casca parda, folhas opostas, flores amarelas e
afunilado-campanuladas de 5 a 6 cm. Cresce no alto e
nas quebras frescas das serras, especialmente
litorâneas. Também conhecida como Ipê-amarelo.
(Coordenadas UTM: 508211 E / 9520228 N – Agosto
2009).
Foto 80 - Frei-jorge (Cordia trichotoma (Vell.) Arráb.
ex Steud.)
Espécie pertencente à Família Boraginaceae com
casca acizentada , folhas inteiras, agudas, flores alvas
e dispostas em grande panículas. Madeira boa para
contrução civil, carpintaria e obras internas.
(Coordenadas UTM: 508211 E / 9520228 N – Agosto
2009).
Foto 81 Amarelão (Buchenavia capitata (Vahl.) Eichler)
Espécie pertencente à Família Combretaceae comum para a região, todavia sua ocorrência nas propriedades do
Maciço vem reduzindo em função da sua procura, principalmente para construção civil. (Coordenadas UTM:
507700 E / 9520361 N – Agosto 2009).
Atualmente estão sendo criadas no Maciço de Baturité várias UC’s a fim de
conterem os impactos antrópicos na região e contribuir para o fortalecimento da
conservação dos recursos naturais. Desta maneira, a RPPN Sítio Palmeiras faz
parte de um bloco de Reservas que estabelece ligação com outras áreas e
colaborando, estrategicamente, com o fluxo gênico.
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
108
5. DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA
A RPPN Sítio Palmeiras encontra-se inserida em uma área considerada pelo
Probio/MMA 2006, como Área Prioritária de Extrema Importância para a
Conservação da Biodiversidade. A criação de Unidades de Conservação nesta
Região é fundamental para reduzir a vulnerabilidade desse ambiente, cuja cobertura
vegetal, por ser complexa, serve de refúgio ecológico para uma fauna e flora
diversificada, tendo função vital para a manutenção dos processos ecológicos na
Caatinga.
Pesquisadores de diversas universidades vêm, nos últimos anos, promovendo
levantamentos e estudos na região. Foi publicado em 2006 uma importante
compilação de estudos envolvendo políticas públicas, biodiversidade da fauna e
flora, manejo de recursos, conservação e análise de impactos ambientais. Tais
estudos, publicados na forma de um livro1, apontam a riqueza biológica da região,
levantamentos de espécies ameaçadas e pressões antrópicas como desmatamentos
indiscriminados, fragmentação florestal, assoreamento de riachos, contaminação de
corpos d´água através do uso de agrotóxicos, agricultura em áreas com topografia
inadequada, dentre outras.
Segundo os levantamentos, essa floresta úmida subsidia uma alta
biodiversidade, incluindo espécies endêmicas e ameaçadas.
Dentre as espécies ameaçadas encontradas na Região onde está inserida a
RPPN Sítio Palmeiras, destaca-se o periquito cara-suja (Pyrrhura griseipectus), que
é considerado o periquito mais ameaçado das Américas, presente na lista nacional e
internacional da fauna ameaçada (MMA 2003 e BirdLife International 2007) como
“Criticamente em Perigo”. O tráfico de animais silvestres e a perda de habitat são
considerados suas principais ameaças de extinção. Pesquisas recentes indicam que
o maciço de Baturité é o último refúgio desta espécie, abrigando outros onze tipos
de aves ameaçadas de extinção.
1 Biodiversidade e conservação da biota na serra de Baturité, Ceará. 1 ed. Fortaleza: COELCE, 2006.
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
109
C - PLANEJAMENTO
1. OBJETIVO ESPECÍFICO DO MANEJO
Os objetivos específicos da RPPN Sítio Palmeiras:
Proteger as paisagens naturais de notável beleza cênica;
Preservar as fitofisionomias do Maciço de Baturité, com destaque para os
resquícios de Mata Atlântica do estado do Ceará;
Proteger espécies da fauna ameaçadas de extinção;
Proporcionar a pesquisa científica;
Aumentar a área protegida do Maciço de Baturité;
2. ZONEAMENTO
2.1. Zoneamento Ambiental
O zoneamento é o ordenamento territorial da unidade de conservação e
estabelece usos diferenciados para cada área, de acordo com as características
físicas, geológicas e estruturais, bem como suas potencialidades e especificidades,
como atrativos culturais, belezas cênicas. Então, para o gestor, o principal objetivo
do zoneamento ambiental é gerar um guia da UC, ou seja, um instrumento que
permite integrar o uso limitado da RPPN com a conservação e manutenção da
integridade da Reserva a longo prazo.
Para o desenvolvimento do zoneamento da RPPN Sítio Palmeiras foram
delimitadas áreas com finalidades específicas de uso e ocupação com o propósito
de aumentar o grau de proteção da UC, através da determinação de normas de uso
nas áreas internas e circunvizinhas. Então, seguem as categorias destacadas por
Ferreira et al. (2004) e apresentadas no Roteiro Metodológico para Elaboração de
Plano de Manejo para Reservas Particulares do Patrimônio Natural.
Zona Silvestre: Área considerada de extrema importância; apresenta
poucos indícios de alterações; possui alto grau de conservação, que se
destina à preservação da biodiversidade local, monitoramento e pesquisas
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
110
científicas, além de servir como banco natural de sementes para
processos naturais de sucessão secundária na zona de regeneração.
Zona de Proteção: Áreas com poucas intervenções antrópicas, destinadas
à pesquisa, monitoramento da biodiversidade, proteção dos recursos
naturais, bem como contribuírem para dispersão das espécies em áreas
que se encontram em estádio de regeneração.
Zona de transição: Faixa ao longo do perímetro da Reserva. Área
responsável por promover o amortecimento de intervenções antrópicas e
contribuir com a integridade da RPPN.
Zona de recuperação: Área com alto grau de significância ambiental em
função das alterações antrópicas ocorridas para instalação de
comunidades, assentamentos, especulação imobiliária ou mesmo para
práticas agropecuárias. Locais destinados para recuperação das
condições originais da cobertura vegetal através do plantio de mudas de
espécies nativas, baseado em estudos florísticos realizados no entorno da
RPPN.
2.2. Recomendações para Gestão das Áreas Zoneadas
No entanto, vale destacar que, apesar do zoneamento elaborado para
proteção da RPPN, algumas pressões antrópicas ainda são bastante evidentes para
muitas destas UC’s. Deste modo, destacam-se alguns impactos que devem ser
evitados para cada área zoneada:
Zona Silvestre: Não será permitida poluição sonora; presença de animais
domésticos; presença de gado; visitas de pessoas não autorizadas; coleta
de plantas, caça de animais silvestres ou extração de quaisquer outros
produtos naturais sem a devida autorização do órgão ambiental
competente; não será permitida a soltura de animais e plantio de espécies
exóticas; invasões ou instalação de assentamentos.
Zona de proteção: Não serão permitidas quaisquer atividades ou
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
111
intervenções antrópicas que comprometam a pReservação ambiental,
processos naturais e a evolução do ecossistema; visitação, com exceção
de pesquisadores com permissão do gestor da unidade e órgão ambiental
competente; coleta de plantas, caça de animais silvestres ou extração de
produtos naturais sem a devida autorização do órgão ambiental
competente; não será permitida a soltura de animais e plantio de espécies
exóticas; invasões ou instalação de assentamentos. Por esses motivos, tal
área necessita de uma fiscalização intensa a fim de coibir as pressões
antrópicas.
Zona de transição: Não será permitido qualquer tipo de visitação sem o
acompanhamento do gestor ou monitor da RPPN; coleta de plantas, caça
de animais silvestres ou extração de produtos naturais sem a devida
autorização dos órgãos ambientais competentes; pesquisas sem
autorização do órgão ambiental competente; não será permitida a soltura
de animais e plantio de espécies exóticas; invasões ou instalação de
assentamentos; remoção da cobertura vegetal para plantio de culturas de
subsistência.
Zona de recuperação: Não será permitida visitação nesta área, com
exceção de visitação com fins científicos, estando os pesquisadores
devidamente autorizados pelo órgão ambiental competente e gestor da UC
para tais atividades; também não será permitida a coleta de plantas, caça
de animais silvestres ou extração de produtos naturais sem a devida
autorização do órgão ambiental competente; não será permitida a soltura
de animais e plantio de espécies exóticas; invasões ou instalação de
assentamentos; os visitantes autorizados devem observar atentamente as
normas de comportamento vigentes, sendo os infratores responsabilizados
criminalmente por quaisquer danos ambientais causados.
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
112
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
113
3. PROGRAMAS DE MANEJO
Os Programas de Manejo têm como objetivos gerar diretrizes e agrupar
atividades para uma adequada implementação da RPPN. A estrutura do Plano de
Manejo em Programas permite que as atividades sejam descritas em grupos
temáticos, facilitando a gestão e o manejo da RPPN.
Os programas descritos são o de Administração, de Proteção, Fiscalização e
Manejo de Recursos, de Pesquisa e Monitoramento, de Sustentabilidade Econômica
e de Comunicação e Integração com a Área de Influência. Para um melhor
detalhamento, o Programa de Administração possui o Subprograma de Infra-
estrutura e equipamentos.
Cada programa constará da seguinte estrutura:
Objetivos e Resultados Esperados: são situações positivas desejadas;
Atividades, Sub-atividades e Normas: são as ações a serem desenvolvidas e
acompanhadas de normas específicas;
Para a distinção das atividades e normas em cada programa e subprograma,
deve-se considerar a seguinte legenda de marcadores:
1. Atividade
1.1 Sub-atividade
Norma
Normas Gerais da Reserva Particular do Patrimônio Natural Sítio Palmeiras
Os projetos específicos de pesquisa e monitoramento deverão ser elaborados e
desenvolvidos, preferencialmente, sob orientação de profissionais especializados;
São proibidas a caça e coleta de espécimes da fauna e da flora, ressalvadas
aquelas com finalidades científicas, desde que autorizadas pelos proprietários e,
obrigatoriamente, pelo ICMBio;
Caso o desenvolvimento de alguma atividade apresente indícios de danos à
RPPN, deverá ser suspensa para avaliação, bem como para elaboração e adesão
de procedimentos corretivos;
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
114
São proibidos o ingresso e a permanência na RPPN e propriedade, de pessoas
portando armas, materiais ou instrumentos destinados ao corte, caça ou quaisquer
outras atividades prejudiciais à fauna, flora ou recursos naturais;
É proibida a entrada de animais domésticos.
As plantas utilizadas nas áreas de recuperação deverão, preferencialmente, ser
nativas, com origem de viveiros a serem implantados na propriedade cuja RPPN
encontra-se inserida, ou de outras instituições afins.
Sugere-se o controle ou a erradicação de animais domésticos (gatos e cachorros
predadores de animais nativos) no interior da RPPN utilizando métodos legais e
apropriados.
3.1. Programa de Administração
Objetivo
O principal objetivo deste programa é organizar e facilitar o processo de
gestão e gerenciamento adequado da RPPN.
Nota:
Tendo em vista o principal objetivo da RPPN – pesquisas e monitoramento
para a conservação da biodiversidade - a sua gestão apropriada demandará,
minimamente, uma pessoa e um local específico, que poderá ser na própria sede do
Sítio Palmeiras. A gestão da RPPN estará sob a responsabilidade dessa pessoa,
que deve atuar de acordo com o disposto nesse plano de manejo. Essa pessoa será
responsável por:
Pesquisa e Monitoramento:
- Agendar as expedições de campo de pesquisas;
- Controlar o fluxo de pessoas no interior da RPPN;
- Desenvolver e manter sistema de armazenamento de informações, ou seja, o
acervo da RPPN, que será composto por:
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
115
Documentação relativa à UC, como portaria do IBAMA, Ato Declaratório
Ambiental, CCIR, ITR, eventuais laudos e pareceres técnicos, etc.;
Projetos e respectivas autorizações de pesquisas, relatórios, publicações
científicas, materiais audiovisuais, etc.;
Convênios, acordos de cooperação técnica, termos de parcerias e outros
instrumentos formais de cooperação técnica e científica;
Manter infra-estrutura de apoio à pesquisas e monitoramento, como
alojamento para pesquisadores, trilhas, etc.
Comunicação:
- Construir e manter uma boa relação com as comunidades locais e instituições de
pesquisa;
- Identificar especialista em comunicação e marketing, para criação da identidade
visual da RPPN, folheto de divulgação da RPPN junto às instituições acadêmicas;
Adequação Ambiental do Sítio Palmeiras:
A adequação ambiental da propriedade rural consiste na adoção de medidas
administrativas e práticas, visando o cumprimento da legislação vigente. Esses
procedimentos são importantes para assegurar a sustentabilidade econômica e
socioambiental da propriedade. No caso do Sítio Palmeiras, o proprietário deverá
fazer o ADA - Ato Declaratório Ambiental. Toda propriedade rural deve apresentar ao
IBAMA, anualmente, o Ato Declaratório Ambiental, que é feito em formulário próprio,
no qual se informa o tamanho da propriedade, da Reserva Legal, das áreas de
preservação permanente e da RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural; as
atividades econômicas e o tamanho respectivo de cada área utilizada; se há
captação de água para irrigação; a quantidade de fertilizantes, defensivos e produtos
químicos utilizados ao longo do ano, dentre outras. O proprietário deve estar atento
para o prazo anual de apresentação do ADA, geralmente em setembro. A não
entrega sujeita o proprietário às sanções da Receita Federal. O ADA pode ser
preenchido e entregue via Internet, no site www.ibama.gov.br .
Resultados Esperados
Pessoas que trabalham na RPPN capacitadas
Rotinas de serviço estabelecidas
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
116
Orçamentos anuais elaborados
Sinalização implementada
Atividades e Normas
1. Designar pessoa responsável pela gestão da RPPN
Caso haja um consenso do proprietário, o gestor poderá administrar a Reserva,
desde que capacitado e munido de conhecimentos suficientes sobre a área e os
procedimentos legais de gestão.
2. Designar responsável(is) pela execução das atividades relacionadas a
proteção, fiscalização, manejo de recursos da RPPN
Este(s) responsável(is) deverá(ão) desempenhar as atividades listadas nos
respectivos Programas de Manejo, além de suprir de mão-de-obra todas as
demandas cotidianas da RPPN;
Em caso de contratações, estas deverão ser realizadas conforme a legislação
trabalhista.
3. Capacitar as pessoas que trabalham na RPPN no desenvolvimento das
atividades
O funcionário deverá ser capacitado em temas relacionados à função de guarda-
parque;
A união com os demais proprietários de RPPN e chefes de UCs do município e
adjacências para a realização dos cursos de forma conjunta poderá constituir uma
boa estratégia, reduzindo os custos e compartilhando experiências.
4. Aderir a rotinas e escalas de serviço
Proteção e fiscalização – deverão ser consideradas as demandas de serviço em
diferentes épocas sujeitas a: a) riscos de incêndios, b) períodos mais propícios para
apanha de animais e caça, c) rondas e segurança intensificadas, d)
acompanhamento de técnicos e pesquisadores no desenvolvimento de pesquisas,
dentre outros;
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
117
Para o funcionamento do sistema de proteção, fiscalização e manejo de recursos
deverão ser adquiridos equipamentos e materiais específicos para este fim. A
relação de equipamentos é indicada no Subprograma de Infra-estrutura e
Equipamentos;
5. Elaborar o planejamento anual, incluindo a previsão de custos para atender
a estrutura e demandas da RPPN.
Subprograma de Infra-Estrutura e Equipamentos
Objetivo
O Subprograma de Infra-estrutura e Equipamentos visa garantir a instalação da
infra-estrutura, bem como a aquisição de equipamentos para o atendimento das
atividades previstas nos demais programas.
Normas gerais para implantação de infra-estrutura
Deverão ser consideradas as Áreas de PReservação Permanentes (APP),
respeitando os limites estabelecidos na legislação ambiental;
A infra-estrutura deverá ser implantada mediante projeto específico;
Os projetos deverão prever todos os impactos possíveis, principalmente erosões
e contaminação das águas subterrâneas e superficiais;
As infra-estruturas deverão ser instaladas privilegiando o sombreamento natural,
as curvas de nível e, de preferência, utilizando materiais e a mão-de-obra local;
Todo o conjunto deverá seguir um padrão estético e estar em harmonia com o
ambiente circundante, considerando as características histórico-culturais da região;
Deverá ser prevista a disposição adequada de restos de construção, tubulações e
outros resíduos;
Deverá ser promovida a manutenção regular de toda a infra-estrutura e
equipamentos.
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
118
Normas gerais para aquisição, utilização e manutenção de equipamentos
e materiais permanentes
Recomenda-se que os materiais de segurança, apoio ao combate a incêndios
sejam de boa qualidade e armazenados em depósito específico;
É necessário organizar e manter um inventário atualizado de todo o patrimônio,
bem como uma rotina de manutenção;
Todos os produtos que vierem acompanhados de manual deverão ter suas
indicações de uso adotados à risca pelos usuários, visando sua otimização e
durabilidade.
1. Adequar a trilha para minimização dos impactos e contenção de erosões
Deverão ser melhorados os drenos já existentes, visando minimizar o
escoamento superficial da água nas épocas de chuva;
Em locais de descida sem afloramentos rochosos, indica-se a disposição de
pedras formando uma escadaria e saídas laterais para água, visando tanto a
redução de acidentes quanto a utilização de um caminho único;
Na trilha onde o trecho possui raízes expostas deverá ser feito uma passarela
gradeada, de forma que o seu crescimento não seja prejudicado;
Nos casos de focos de erosão deverá haver um trabalho mais intenso, com o
manejo de troncos caídos e ações de redução da velocidade da água e carreamento
do solo;
2. Implantar e manter a cerca nos limites secos da RPPN
É recomendável a utilização de cinco fios de arame farpado, e que o último fio
(arame liso) esteja a aproximadamente a 50 cm do chão, facilitando o fluxo de
animais silvestres.
3. Implementar a sinalização na área de acesso
A sinalização deverá ser de dois tipos: indicativa e informativa. A indicativa deverá
orientar a população sobre a existência de uma Reserva no local. A informativa tem
a função de ilustrar (mapas e fotos) e informar/interpretar, por meio de painéis, por
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
119
exemplo, com dados da RPPN e região, sobre a flora e fauna ou histórico/culturais,
placas no perímetro da Reserva próximo às comunidades do entorno alertando para
a não realização de práticas que possam colocar em risco a Reserva, tais como
queimar lixo, entrar sem autorização e controle de animais de criação.
Para os dois casos, deverão ser priorizados materiais rústicos e harmônicos ao
meio ambiente, podendo utilizar os modelos já existentes;
4. Implementar marcos nos limites da RPPN com a área remanescente da
propriedade
Todos os vértices mapeados no memorial descritivo da RPPN correspondestes
aos limites da Reserva com a área remanescente do Sítio Palmeiras devem ser
materializados por meio de marcos de concreto.
5. Adquirir equipamentos e materiais permanentes de apoio às atividades de
primeiros socorros, proteção e fiscalização, tais como:
a. Proteção e fiscalização - calças e jaquetas resistentes, camisas identificando as
pessoas da RPPN, botas, chapéus, luvas de couro, cantis, lanternas, canivetes,
facões, radio comunicadores e kit primeiros socorros;
b. Combate a incêndios florestais - equipamentos individuais (EPIs), abafadores,
enxadas, facões, bombas costais, dentre outros;
É recomendável a obrigatoriedade na adoção de uniformes e equipamentos de
segurança específicos para as atividades de proteção e fiscalização, garantindo o
conforto e segurança dos funcionários;
Para evitar acidentes é recomendável o uso de botas de couro ou borracha e
luvas de couro, principalmente quando o funcionário estiver manuseando
diretamente com entulhos ou materiais estocados. Essas providências reduziriam
sensivelmente a quantidade de acidentes, principalmente com animais peçonhentos.
A validade dos medicamentos constantes no kit de primeiros socorros deverá ser
constantemente revisada.
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
120
3.2. Programa de Proteção e Fiscalização
Objetivo
O Programa visa garantir a proteção dos ecossistemas e a manutenção da
biodiversidade.
Resultados Esperados
Rondas periódicas de fiscalização
Implementação e manutenção de cercas
Sistema de Prevenção e combate a incêndios
Placas informativas em pontos estratégicos da RPPN
Abertura de trilhas rústicas para a fiscalização
Implementar ações de prevenção e controle de erosões em trilhas
Atividades e Normas
1. Realizar rondas periódicas de fiscalização
1.1. Realização de rondas periódicas de prevenção à caça (desarmamento de
armadilhas e vistoria das cercas) e coleta ilegal de plantas nas trilhas
desativadas e limites da propriedade pelo(s) funcionário(s) da RPPN;
1.2. O(s) responsável(is) pela realização das rondas deverão ser capacitados para
o desempenho das atividades;
2. Sistematizar o combate a incêndios
2.1. Firmar parceria com a brigada de incêndio do Conselho Consultivo da APA da
Serra de Baturité para combater eventuais focos de incêndio, através do
órgão ambiental responsável (SEMACE);
2.2. Denunciar queimadas não autorizadas no entorno da Reserva à SEMACE e
ao Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais
(PREVFOGO/IBAMA);
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
121
2.3. Capacitar o(s) funcionário(s) responsável(is) pela RPPN para atuar(em) no
combate eventuais focos de incêndio, com o apoio do PREVFOGO/IBAMA.
3. Implementar ações de prevenção e controle de erosões em trilhas
3.1. Contratar um especialista em prevenção e controle de erosão em trilha para
capacitar o(s) funcionário(s) responsável(is) pela atividade;
3.2. Identificar pontos estratégicos de intervenção, visando minimizar os impactos;
3.3. Adotar ações de redução da velocidade de águas pluviais a fim de diminuir
sua capacidade de carrear o solo. O manejo de troncos e galhos caídos
constitui ótima barreira tanto para diminuir a velocidade da água, como para
fechar atalhos e caminhos paralelos;
3.4. Evitar que o material orgânico do solo não seja retirado totalmente, pois forma
camada natural de proteção ao impacto mecânico da chuva, prevenindo
erosões;
3.5. Realizar a drenagem da trilha por meio de canais laterais, em sentido
perpendicular ou diagonal a trilha (tanto em nível, quanto subterrâneo);
3.6. Adotar valas e barreiras oblíquas à superfície da trilha facilitando o
escoamento e diminuindo a velocidade da água;
O corredor da trilha inclui as áreas acima e nas laterais do caminho. Este é o
espaço limite para fazer o desbaste da vegetação, sendo que a roçagem, a capina e
a poda são corriqueiras formas de manejo;
Todas as trilhas deverão receber constante manutenção quanto às medidas de
contenção de erosões, invasão de plantas de rápido crescimento e presença de
animais que possam causar acidentes, como abelhas e vespas.
3.3 Programa de Pesquisa e Monitoramento
Objetivos
O Programa de Pesquisa e Monitoramento tem como objetivo proporcionar
subsídios mais detalhados para a proteção e o manejo ambiental. Está relacionado
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
122
às pesquisas científicas a serem complementadas, na definição de outros temas,
auxiliando as ações de monitoramento a serem desenvolvidos na RPPN, bem como
outros estudos que se fizerem necessários.
As pesquisas não devem ser limitadas à RPPN, tendo em vista que o seu
entorno possui ecossistemas relevantes e funciona também para amortecer
possíveis impactos. A propriedade será igualmente abordada nas atividades e
normas que se seguem, embora a prioridade, maiores restrições e cuidados, sejam
indicados para a área da UC.
Atividades e Normas
Normas gerais para as atividades de Pesquisa e Monitoramento
A realização de pesquisa deverá ter autorização dos proprietários e do ICMBio,
conforme legislação;
Deverão ser evitadas coletas de material biológico, mesmo para fins científicos;
Os procedimentos deverão levar em conta o mínimo impacto ao ambiente e sua
dinâmica, respeitando sempre as restrições estabelecidas pelo zoneamento da
RPPN;
As pesquisas deverão ser coordenadas por profissionais especializados nas
respectivas áreas de abordagem;
Sugere-se que todos os estudos sejam precedidos de um projeto de pesquisa e
de um termo de compromisso, disciplinando a conduta, o uso das instalações e
manuseio adequado dos equipamentos da propriedade e firmando a obrigatoriedade
de entrega dos resultados finais;
Cópias de todas as pesquisas realizadas deverão ser arquivadas, incrementando
o acervo da RPPN, e cadastradas num banco de dados;
Os proprietários poderão fornecer aos pesquisadores dados de pesquisas já
disponíveis sobre a área, otimizando as oportunidades de aprofundamento das
informações geradas anteriormente.
1. Incentivar a realização de pesquisas científicas
1.1. Incentivar a realização de pesquisas científicas por parte de instituições
acadêmicas e conservacionistas de interesse da RPPN a fim de se fazer um
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
123
estudo detalhado da fauna e flora local, acompanhar e avaliar o estado de
conservação e regeneração das áreas apontadas como Zona de
Recuperação da RPPN;
1.2. Elaborar um projeto de pesquisa visando o estudo e o possível controle de
espécies vegetais invasoras no interior da RPPN, mais específicamente da
palmeira denominada Babaçú (Orbignya phalerata).
1.3. Elaborar um Sistema de Informação Geográfica – SIG composto por todos os
dados levantados durante os estudos para a elaboração do plano de manejo,
bem como informações geradas em pesquisas futuras.
3.4. Programa de Visitação e Educação Ambiental
Na RPPN Sítio Palmeiras não está prevista atividades relacionadas à visitação e
Educação Ambiental.
3.5. Programa de Sustentabilidade Econômica
Objetivos
O Programa de Sustentabilidade Econômica tem como objetivo apresentar
diretrizes gerais para a avaliação das atividades econômicas a serem desenvolvidas
para a aplicação de investimentos e redução dos riscos.
A RPPN Sítio Palmeiras possui duas possibilidades de receita, conforme os
itens abaixo.
- A primeira possibilidade de receita é a proveniente de fundos, financiamentos e
doações, tais como:
1. Concorrer aos Editais de apoio a Projetos Ambientais do Fundo Nacional
do Meio Ambiente (www.mma.gov.br)
Criado pela Lei 7.797 de 10 de julho de 1989, o Fundo Nacional do Meio
Ambiente (FNMA) tem por missão contribuir, como agente financiador e por meio da
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
124
participação social, para a implementação da Política Nacional do Meio Ambiente
(PNMA).
O FNMA é hoje referência pelo processo transparente e democrático na seleção
de projetos. Seu conselho deliberativo, composto de 17 representantes de governo e
da sociedade civil, garante a transparência e o controle social na execução de
recursos públicos destinados a projetos socioambientais em todo o território
nacional.
Ao longo de sua história, foram 1.400 projetos socioambientais apoiados e
recursos da ordem de R$ 230 milhões voltados às iniciativas de conservação e de
uso sustentável dos recursos naturais.
O proprietário poderá concorrer aos editais de apoio do FNMA a projetos por meio
de duas modalidades:
Demanda Espontânea, por meio da qual os projetos podem ser apresentados
em períodos específicos do ano, de acordo com temas definidos pelo
Conselho Deliberativo do FNMA, divulgados por meio de chamadas públicas;
e
Demanda Induzida, por meio da qual os projetos são apresentados em
resposta a instrumentos convocatórios específicos, ou outras formas de
indução, com prazos definidos e priorizando um tema ou uma determinada
região do país.
2. Concorrer aos Editais de apoio a Projetos Ambientais do Programa de
Incentivo às RPPNs da Mata Atlântica (www.soscma.org.br)
Este programa apóia projetos voltados à conservação da biodiversidade em
regiões que ainda apresentam fragmentos de Mata Atlântica no Brasil, como é o
caso do Maciço de Baturité, local onde está inserida a RPPN Sítio Palmeiras.
Ao longo de nove anos, o Programa investiu cerca de R$ 8 milhões, sendo mais
de cinco milhões de reais em projetos dedicados às RPPNs, apoiando a criação de
467 novas RPPNs que protegerão 29.125 hectares e a gestão de 84 reservas
contribuindo para a consolidação de 28.500 hectares de áreas protegidas
particulares. O Programa contribuiu com um aumento de 110,6% no número de
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
125
RPPNs no bioma, considerando o número de reservas existentes no bioma até
2002.
O proprietário poderá concorrer aos financiamentos de projetos através de editais
de chamada de propostas que são lançados periodicamente pelo Programa em
datas anunciada no sítio web institucional.
3. Concorrer aos Editais de apoio a Projetos Ambientais da Fundação Grupo
Boticário de Conservação da Natureza (www.fbpn.org.br)
O Programa de Incentivo à Conservação da Natureza tem por objetivo financiar
projetos que contribuam efetivamente para a conservação da natureza no Brasil,
através do apoio a ações de: manejo de unidades de conservação, conservação e
manejo de espécies ameaçadas, fiscalização e proteção ambiental, valorização e
manejo de áreas verdes urbanas, controle de espécies exóticas invasoras,
restauração de ecossistemas, desenvolvimento e implementação de políticas
públicas e legislação ambiental e pesquisa aplicada em ecologia e conservação da
natureza.
O proprietário poderá concorrer aos Editais lançados duas vezes por ano, no
início de cada semestre, por meio de pessoas jurídicas sem fins lucrativos, como
organizações não-governamentais, fundações ou associações privadas.
4. Concorrer aos Editais de apoio a Projetos Ambientais de ONGs
Internacionais
The Nature Conservancy – TNC (www.tnc.org.br)
Conservation International – CI (www.conservation.org.br)
World Wildlife Fund – WWF (www.wwf.org.br)
- A segunda possibilidade de receita é a proveniente de isenção de taxas, ex:
Imposto Territorial Rural (ITR), conforme orientações contidas no sítio web do
IBAMA: http://servicos.ibama.gov.br/index.php/relatorios-e-declaracoes/ato-
declaratorio-ambiental-ada ;
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
126
3.6. Programa de Comunicação e Integração com a Área de Influência
Objetivo
O Programa de Comunicação e Integração com a Área de Influência visa
abordar as necessidades e formas de lidar com o público externo, institucional ou
não, e comunidade local. Inclui questões como a divulgação da interação da área
com seu ambiente de entorno direto e possíveis parceiros.
Resultados Esperados
Logomarca aplicada em materiais
Materiais de apoio e divulgação elaborados e confeccionados
Parcerias para o desenvolvimento de atividades da RPPN estabelecidas
RPPN divulgada
Atividades e Normas
1. Utilizar a logomarca da RPPN
A logomarca da RPPN deverá ser utilizada em todo material produzido, incluído
uniforme do funcionário, painéis, etc;
2. Estabelecer parcerias para o desenvolvimento das atividades da RPPN
O estabelecimento de parcerias é importante porque fortalece a RPPN, além do
apoio técnico e da troca de experiências, também poderá reduzir os custos. Podem
ser feitos acordos com diferentes parceiros: (a) vizinhos; (b) RPPNs da região; (c)
ONGs; (d) instituições de pesquisa; (e) prefeitura municipal; (f) instituições
governamentais ambientalistas, dentre outros.
3. Estabelecer parceria com os vizinhos da RPPN
O envolvimento da vizinhança poderá se dar de várias maneiras: (a) gestão
integrada da RPPN Sítio Palmeiras; (b) formação de brigadas de incêndios florestais;
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
127
(c) proteção de fauna e flora através de boa conduta e denúncias; (d) adesão de
melhores práticas ambientais, entre outros.
4. Integrar a RPPN às Redes de Reservas Particulares
A RPPN Sítio Palmeiras se manterá incorporada à Associação de Proprietários de
RPPNs do Estado do Ceará - Asa Branca – e à Confederação Nacional de RPPNs.
5. Estabelecer parcerias com a prefeitura municipal de Baturité e Conselho
Gestor da APA da Serra de Baturité
5.1. O gestor da RPPN deverá articular-se para participar de conselhos e outros
coletivos.
A Secretaria de Meio Ambiente poderá colaborar na realização de atividades de
sensibilização e conscientização quanto à questão ambiental;
6. Estabelecer parceria com o ICMBio e SEMACE
O ICMBio e a SEMACE deverão ser informados sobre todas as ameaças à RPPN
e deverá ser solicitado sempre que necessário ações de fiscalização no seu entorno;
A RPPN poderá integrar-se aos programas de governo desenvolvidos na região.
7. Estabelecer parceria com instituições de pesquisa
Alunos de graduação e pós-graduação poderão realizar suas pesquisas na
RPPN. As universidades podem ser parceiras, colaborando com informações
científicas.
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
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D – INFORMAÇÕES FINAIS
1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Abiótico
IBAMA / UECE. Gestão Biorregional do Maciço de Baturité (CE). Ministério do Meio Ambiente / Universidade Estadual do Ceará. Fortaleza, 2001. BRASIL. CPRM. Ministério de Minas e Energia. Atlas Digital de Geologia e Recursos Minerais do Ceará. Fortaleza, 2003. Superintendência Regional de Fortaleza. CD-ROM.
CEARÁ.SEMACE. Zoneamento Ambiental da APA da Serra de Baturité: Diagnóstico e Diretrizes. Fortaleza: Semace, 1992.
SILVA, Cristiano Alves da. Geoprocessamento aplicado ao mapeamento de vulnerabilidade ambiental: uma análise integrada do ambiente para suporte à decisão no município de Pacoti – CE. Fortaleza, 2006. 135p.
CAVALCANTE, A. M. B. A Serra de Baturité. Fortaleza: Edições Livro Técnico, 2005. 84 p.
SEAGRI. Secretaria da Agricultura e Pecuária. Zoneamento Agrícola do Estado do Ceará. Escala 1:800.000. Fortaleza, 1988.
Botânica
BRAGA, R. Plantas do Nordeste: Especialmente do Ceará. Fundação Guimarães Duque. 5a Ed.
Vol. 1204. Coleção Mossoroense, 2001. 496p. CAPOBIANCO, J. P. (org). Dossiê Mata Atlântica: Projeto monitoramento participativo da Mata Atlântica. Rede de ONGs da Mata Atlântica, Instituto Socioambiental e Sociedade Nordestina de Ecologia, Brasília, 2001.15p. CAVALCANTE, A. M. B. A Serra de Baturité. Fortaleza: Livro Técnico, 2005. 84p. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA. Resolução CONAMA nº 25, de 7 de dezembro de 1994. Biomas – Estágios sucessionais da vegetação da Mata Atlântica. Publicada no DOU n
o 248, de 30 de dezembro de 1994, Seção 1, páginas 21346-21347.
CORRÊA, F. A Reserva da biosfera da Mata Atlântica: Roteiro para o entendimento de seus objetivos e seu sistema de gestão. Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, Secretaria do Meio Ambiente: São Paulo (Série Cadernos da Reserva da Biosfera n
o 2). 1995. 49p.
Disponível em: <http://www.semarh.pb.gov.br/comites/rbma/pdf/cad2.pdf.> Acesso: 15 de dezembro de 2009. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA (EMBRAPA). Sistema brasileiro de classificação de solos. EMBRAPA. Rio de Janeiro, 1999. 412p. FIGUEIREDO, M. A.; BARBOSA, M. A. A vegetação e flora na serra de Baturité. Coleções mossoroense. Série B, 1990. 747p. FERREIRA, L. M.; SÓ-DE-CASTRO, R. G.; CARVALHO, S. H. C. Roteiro Metodológico para elaboração de plano de manejo para Reservas particulares do patrimônio natural. Brasília: IBAMA, 2004. 96p. INSTITUTO BRASILEIRO DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS (IBAMA). Planejamento Biorregional do Maciço de Baturité (CE). IBAMA, Universidade Estadual do Ceará. Fortaleza: Banco do Nordeste, 2002. 179 p.
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
129
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Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
133
2. ANEXOS
Anexo 1: lista das aves registradas para a RPPN Sítio Palmeiras. Legenda: Sensitividade: Alta (A), Média (M) e Baixa (B); Uso de hábitat: Dependentes (D), Semi-dependentes (S) e Independentes (I); Dieta: Insetívoras (I), Frugívoras/Insetívoras (FI), Carnívoras (C), Nectarívoras/Insetívoras (NI), Granívoras/Insetívoras (GI), Onívoras (O); Frugívoras (F), Granívoras (G) e Necrófagas (N).Espécies grifadas em vermelho estão na lista de ameaçadas.
Nome comum Nome científico uso de hábitat sensitivid
ade
dieta
CRACIDAE
Jacú Penelope jacucaca D A O
CATHARTIDAE
Urubu-comum Coragyps atratus I B N
ACCIPITRIDAE
Gavião-pernilongo Geranospiza caerulescens S M C
Gavião-pega-pinto Rupornis magnirostris I B C
Gavião-pedrês Buteo nitidus S M C
FALCONIDAE
Acauã Herpetotheres cachinnans S B C
RALLIDAE
Três-potes Aramides cajanea S A I
Pinto-d'água-comum Laterallus melanophaius S B I
COLUMBIDAE
Juriti-gemedeira Leptotila rufaxilla D M F
Rolinha-caldo-de-feijão Columbina talpacoti I B G
PSITTACIDAE
Periquito-de-encontro-
amarelo
Brotogeris chiriri S M F
CUCULIDAE
Alma-de-gato Piaya cayana S B I
Anu-branco Guira guira I B I
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
134
TYTONIDAE
Suindara Tyto Alba I B C
STRIGIDAE
Corujinha-do-mato Megascops choliba S B C
Murucututu Pulsatrix perspicillata D M C
CAPRIMULGIDAE
Curiango Nyctidromus albicollis S B I
TROCHILIDAE
Besourinho-da-mata Phaethornis ruber D M NI
Beija-flor-rabo-branco-de-
sobre-amarelo
Phaethornis pretrei S B NI
Beija-flor-de-garganta-
azul
Chlorestes notata D B NI
Beija-flor-tesoura-verde Thalurania furcata S M NI
Beija-flor-de-banda-
branca
Amazilia versicolor D B NI
Beija-flor-de-garganta-
verde
Amazilia fimbriata S B NI
TROGONIDAE
Surucuá-de-barriga-
vermelha
Trogon curucui D M FI
GALBULIDAE
Ariramba-de-cauda-
ruiva
Galbula ruficauda S B I
PICIDAE
Pica-pau-anão-da-
caatinga
Picumnus limae D M I
Picapauzinho-anão Veniliornis passerinus S B I
Pica-pau-de-cabeça-
amarela
Celeus flavescens D M I
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
135
THAMNOPHILIDAE
Choro-boi Taraba major S B I
Choca-da-mata Thamnophilus caerulescens D B I
Chorozinho-de-chapéu-
preto
Herpsilochmus atricapillus D M I
CONOPOPHAGIDAE
Chupa-dente Conopophaga lineata D A I
SCLERURIDAE
Vira-folha Sclerurus scansor D A I
DENDROCOLAPTIDAE
Arapaçu-de-bico-branco Dendroplex picus S B I
Arapaçu-rajado Xiphorhynchus atlanticus D A I
Arapaçu-de-garganta-
amarela
Xiphorhynchus guttatus D B I
FURNARIIDAE
Casaca-de-couro-da-
lama
Furnarius figulus I B I
Casaca-de-couro-
amarelo
Furnarius leucopus S B I
Petrim Synallaxis frontalis D B I
Estrelinha Synallaxis scutata S M I
João-de-cabeça-cinza Cranioleuca semicinerea S M I
Curutié Certhiaxis cinnamomeus I M I
TYRANNIDAE
Maria-do-nordeste Hemitriccus mirandae D A I
Ferreirinho-relógio Todirostrum cinereum S B I
Piolhinho Phyllomyias fasciatus S M FI
Guaracava-cinzenta Myiopagis caniceps D M FI
Guaracava-de-barriga-
amarela
Elaenia flavogaster S B FI
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
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Risadinha Camptostoma obsoletum I B I
Poiaeiro-de-pata-fina Zimmerius gracilipes D M FI
Bico-chato-amarelo Tolmomyias flaviventris D B I
Patinho Platyrinchus mystaceus D M I
Assadinho-de-cauda-
preta
Myiobius atricaudus D M I
Enferrujado Lathrotriccus euleri D M I
Lavadeira-mascarada Fluvicola nengeta I B I
Bentevizinho-de-
penacho-vermelho
Myiozetetes similis S B I
Bem-te-vi Pitangus sulphuratus I B I
Bem-te-vi-de-barriga-
sulfúrea
Myiodynastes maculatus D B FI
Neinei Megarynchus pitangua S B I
Suiriri Tyrannus melancholicus I B I
Maria-cavaleira Myiarchus ferox S B I
PIPRIDAE
Uirapuru-laranja ou
Guaramiranga
Pipra fasciicauda D M FI
VIREONIDAE
Pitiguari Cyclarhis gujanensis S B I
HIRUNDINIDAE
Andorinha-serradora Stelgidopteryx ruficollis I B I
TROGLODYTIDAE
Corruíra Troglodytes musculus I B I
Garrinchão-pai-avô Pheugopedius genibarbis D B I
TURDIDAE
Sabiá-laranjeira Turdus rufiventris I B FI
Sabiá-barranco Turdus leucomelas S B FI
COEREBIDAE
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
137
Cambacica Coereba flaveola S B NI
THRAUPIDAE
Saíra-canário Thlypopsis sordida S B FI
Sanhaçu-cinzento Thraupis sayaca S B FI
Sanhaçu-do-coqueiro Thraupis palmarum S B FI
Saíra-militar Tangara cyanocephala D M FI
Saíra-amarela Tangara cayana I M FI
Saí-azul Dacnis cayana S B FI
Saíra-de-papo-preto Hemithraupis guira D B FI
EMBERIZIDAE
Tico-tico Zonotrichia capensis I B GI
Papa-capim Sporophila nigricollis I B GI
Tiziu Volatinia jacarina I B GI
Tico-tico-de-bico-preto Arremon taciturnus D M GI
PARULIDAE
Mariquita Parula pitiayumi D M I
Pula-pula Basileuterus culicivorus D M I
Canário-do-mato Basileuterus flaveolus D M I
ICTERIDAE
Vira-bosta Molothrus bonariensis I B O
FRINGILIDAE
Fim-fim Euphonia chlorotica S B FI
Gaturamo-verdadeiro Euphonia violacea D B FI
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
138
Anexo 2 – Lista das principais espécies vegetais identificadas no interior e entorno do Sítio Palmeiras, Município de Baturité – Ceará.
NOME VULGAR NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA USOS E UTILIDADES
Almécega Protium heptaphyllum (Abl.) Marchand
1;3
Burseraceae Alimento; Construção Civil; Medicinal; Lenha
Amarelão Buchenavia capitata (Vahl) Eichler
1;3 Combretaceae Construção Civil; Lenha
Amarelo Tabebuia serratifolia2;3
Bignoniaceae Construção Civil; Medicinal; Lenha
Andiroba Carapa guianensis Aubl.
2;4 Meliaceae
Construção Civil; Arborização Urbana; Medicinal; Lenha; Industrial
Angico Anadenanthera colubrina var. cebil (Griseb.) Altschul
1;3
Mimosoideae Construção Civil; Medicinal; Forrageira; Lenha; Industrial
Aroeira Myracrodruon urundeuva Allemão
2;3;5
Anacardiaceae Construção Civil, Medicinal; lenha
Azeitona-da-mata
Erythroxylum distortum Mart.
1;3 Erythroxylaceae
Alimento; Construção Civil, Lenha
Babaçu Orbignya martiana2;4
Palmae Alimento; Construção Civil; Ornamental
Bambu gigante Dendrocalamus giganteus
2;4 Gramineaceae Artesanato; Ornamental
Bananeira Musa sp2;4
Musaceae Alimento
Barriguda Ceiba glaziovii (Kuntze) k. schum
1;3 Bombacaceae Artesanato; Ornamental
Burra-leitera Sapium obovatum Klotzsch ex Müll. Arg.
1;3 Euphorbiaceae Alimento; Medicinal
Cabeleira-de-rapaz/zebrinha
Tradescantia zebrina Heynh
2;4 Commelianaceae Ornamental
café Coffea arabica Linn. 2;4
Rubiaceae Alimento; Medicinal
Café-bravo Casearia guianensis Urb.
2;4 Flacurtiaceae Alimento; Medicinal
Café-bravo Erythroxylum mucronatum Benth.
2;4 Erythroxylaceae Alimento; Medicinal
Cajazeira-brava/cajazeira
Thyrsodium schomburgkianum Benth.
1;3
Anacardiaceae Construção Civil; Alimento; Lenha
Cajueiro-bravo-da-serra / Maritacaca
Roupala cearensis Sleumer
2;4 Proteaceae
Carpintaria / lenha
Camará/ Camará-chumbinho
Latanda camara L. 1;4
Verbenaceae Ornamental
Camará-de-flecha
Wedelia scaberrima Benth.
2;3 Asteraceae
Ornamental; Construção Civil; Alimento; Lenha
Camunzé Pithecolobium polycephalum Benth.
2;3 Mimosoideae
Sombreamento; Construção Civil; Lenha
Cana-de-macaco Heliconia spathocircinata Aristeg.
2;3 Heliconiaceae Ornamental
Canafístula Cassia sp2;3
Casealpinioiadeae Ornamental; Construção Civil; Lenha
Canela-de-veado pequena
Clidemia debilis Crueg. 1;3
Melastomataceae Artesanato; Estabilização do Solo
Caroba / Jacaranda brasiliana Bignoniaceae Medicinal / Construção civil
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Jacarandá (Lam.) Pers. 2;3
/ lenha
Casca Grossa Maytenus sp2;3
Celastraceae Construção Civil; Lenha
Casquinha / Casquim
Amaioua intermedia Mart.
2;3 Rubiaceae Construção Civil; Lenha
Cedro Cedrela odorata L. 2;3;5
Meliaceae Construção Civil; Lenha
Chifre-de-bode Machaerium angustifolim
2;3
Leguminosae Papilionaceae
Lenha; Carvão; Ornamental
Cipó-de-cesta
Pyrostegia sp 2;3
Bignoniaceae Artesanato
Cipó-escada Bauhinia radiata Vell. 2;3
Fabaceae Artesanato
Cipó-de-fogo Euphorbia phosphorea Mart.
2;3 Euphorbiaceae Artesanato
Cocão
Esenbeckia macrocarpa Hub.
2;3 Rutaceae
Construção Civil; Alimento; Lenha
Coco-babão / Catolé
Syagrus picrophylla Barb. Rodr.
2;3 Arecaceae Alimento; Ornamental
Coração-de-Cristo
Caladium bicolar2;3
Araceae Ornamental
Crista-de-galo (Amaranthus cruentus Linn.),
2;4 Amarantaceae Ornamental
Croatá Aechmea bromeliifolia2;3
Bromeliaceae Ornamental
Croatá Guzmania sp2;3
Bromeliaceae Ornamental
Croatá Tillandsia sp2;3
Bromeliaceae Ornamental
Croatá Vriesea sp2;3
Bromeliaceae Ornamental
Embaúba /
Torém / Gargaúba
Cecropia palmata Willd.
2;3 Cecropiaceae
Medicinal; Lenha
Embira-branca Daphnopsis racemosa Griseb.
2;3 Thymeleacea
Construção Civil; Artesanato; Marcenaria; Lenha
Embiriba/Imbiriba Xylopia sericea2;3
Annonaceae Construção Civil; Artesanato; Marcenaria; Lenha
Embiratanha
Pseudobombax marginatum (A. St. –Hil., Juss & Cambess) A. Robyns
2;3
Bombacaceae
Construção Civil; Artesanato; Marcenaria; Lenha
Erva-de-rato-falsa
Psychotria colorata (Willd. Ex Roem. & Schult.) Müll. Arg.
2;3
Rubiaceae Ornamental
Espada-de-são-jorge
Sansevieria trifasciata var. Laurentti (De Wild.) N.E. Br
2;4
Liliaceae Ornamental
Espinho-de-judeu
Xylosma ciliatifolium (Clos) Eichler
2;3 Flacourtiaceae
Construção Civil; Lenha
Espinho-branco Guettarda angelica Mart. Ex Müll. Arg.
1;3 Rubiaceae Lenha
Espinheiro-branco/jurema-branca
Pithecalobium dumosuns
2;3 Mimosoideae Lenha; Forrageira
Espinheiro-preto/Jurema-preta
Mimosa hostilis Mart. 2;3 Mimosoide
ae Lenha; Forrageira
Eucalipto Eucalyptus sp2;4
Mirtaceae, Construção Civil; Industria de Papel; Quebra-vento;
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
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Lenha
Farinha-seca Banara guianensis Aubl.
2;3 Flacourtiaceae Construção Civil; Lenha
Favinha Stryphnodendron purpureum Ducke
2;3 Mimosoideae
Construção Civil; Forrageira; Lenha
Folha-dura Maytenus obtusifolia Mart.
2;3 Celastraceae Construção Civil; Lenha
Folha-miuda Eugenia sp2;3
Myrtaceae Construção Civil; Lenha
Folha-miuda Myrtaceae sp2;3
Myrtaceae Construção Civil; Lenha
Frei-jorge / Freijó Cordia trichotoma (Vell.) Arráb. Ex Steud.
2;3 Boraginaceae Construção Civil; Lenha
Gameleira Ficus guianensis Desv. Ex. Ham.
2;3 Moraceae
Construção Civil; Ornamental; Medicinal; Lenha
Gargaúba Schefflera morototoni (Albi.) Maguiri, Steyerm. & Frodin
2;3
Araliaceae Medicinal, Lenha
Goiabinha Alseis floribunda Schott2;3
Rubiaceae Construção Civil; Lenha
Gonçalo-alves Astronium fraxinifolium Schott ex Sreng.
2;3;5 Anacardiaceae
Construção Civil; Medicinal; Lenha
Guabiraba Campomanesia aromatica (Aubl.) Griseb.
1;3 Myrtaceae
Construção Civil; Ornamental; Frutífera; Lenha
Guapuruvu Schizolobium parahyba2;4
Fabaceae Construção Civil; Lenha
Guaritana Geonoma elegans Mart.
2;3 Palmae Ornamental
Helicônia Heliconia sp2;3
Heliconiaceae Ornamental
Imburana Commiphora leptophloeos (Mart.) J. B. Gillette
1;3 Burcearaceae
Construção Civil; Ornamental; Lenha
Ingá Inga sp2;3
Mimosoideae Sombreamento; Forrageira; Lenha; Recondicionador de solo
Ingaí Inga bollandii Sprague & Sandwith
2;3 Mimosoideae
Sombreamento; Forrageira; Lenha; Recondicionador de solo
Inharé Brosimum gaudichaudii Trécul.
1;3 Moraceae Construção Civil; Lenha
Jangada Apeiba tibourbou Aubl. 2;3
Tiliaceae Construção Civil; Lenha
Jaracatiá Carica dodecaphylla Vell.
2;4 Caricaceae
Construção Civil; Alimento; Ornamental
Jatobá / Jataí Hymenea sp1;3
Casealpinioiadeae Construção Civil; Ornamental; Lenha
João-mole Guapira opposita (Vell.) Reitz
2;3 Nyctaginaceae Lenha; Alimento; Medicinal
Lacre-branco Miconia cecidophora Naudin.
2;3 Melastomataceae
Construção Civil; Lenha; Pigmento
Lacre-vermelho Vismia guaramirangae2;3
Clusiaceae Construção Civil; Lenha
Limãozinho Zanthoxylum rhoifolium Lam.
2;3 Rutaceae Construção Civil; Lenha
lírio-d'água Nymphaea rubra Roxb. 2;4
Nymphaeaceae Ornamental
Maçaranduba Manilkara rufula (Miq.) H. J. Lam.
2;3 Sapotaceae Construção Civil; Lenha
Mangueira Mangifera indica2;4
Anacardiaceae Alimento
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
141
Marmeleiro-branco / Marmeleiro-da-serra
Croton argyrophylloides Müll. Arg.
2;3 Euphorbiaceae
Forrageira; Medicinal
Mium / Mium-de-sangue-branco
Heisteria perianthomega (Vell.) Sleumer
2;3 Olacaceae Construção Civil; Lenha
Murici / Murici-
da-serra Byrsonia sericea
2;3 Malpighiaceae
Alimento; Construção Civil; Lenha
Mulungu Erythrina glauca Willd. 1;4
Leguminosae Papilionaceae
Sombreamento; Medicinal
Munguba Bombax aquaticum Schum.
1;3 Bombacaceae
Sombreamento; Arborização Urbana
Mutamba / mutamba-brava
Guazuma ulmifolia Lam.
2;3 Sterculiaceae
Carpintaria; Construção Civil; Forrageira; Medicinal
Nim-indiano Azadirachta indica1;4
Meliaceae Inseticida
Orelha-de-burro Clusia nemorosa G. Mey
2;3 Clusiaceae
Construção Civil; Artesanato
Orelha-de-onça-rasteira
Hydrocotyle leucocephala Cham. & Schlecth.
2;3 Apiaceae
Estabilização de encostas de morros
Pacavira Heliconia psittacorum2;3
Heliconiaceae Ornamental
Pacotê Cochlospermum vitifolium (Willd.) Spreng.
2;3 Cochlospermaceae Artesanato; Medicinal
Paraíba / Praíba Simarouba amara Aubl. 2;3
Simaroubaceae Construção Civil; Medicinal
Pau-d’arco-amarelo
Tabebuia serratifolia
(Vahl) G. Nicholson2;3
Bignoniaceae Construção Civil; Ornamental
Pau-d’arco-roxo Tabebuia impetiginosa (Mart. Ex DC.) Standl.
2;3 Bignoniaceae
Construção Civil; Ornamental
Pau-de-ferro / Jucá
Caesalpinia ferrea var. férrea Mart.
2;3 Caesalpinioideae
Construção Civil; Ornamental; Lenha
Pau-d’óleo Copaifera langsdorffii Desf.
2;3
Fabaceae Caesalpinioideae
Construção Civil; Medicinal; Lenha
Pitiá / Piquiá Aspidosperma multiflorum A. DC.
2;3 Apocynaceae Construção Civil; Lenha
Quina-quina Coutarea hexandra (jacq.) K. Schum.
2;3 Rubiaceae
Construção Civil; Medicinal; Lenha
Rabugem / Rabugeira / Carne-de-lata/Rabujo
Platymiscium piliferum Taub.
2;3
Leg. Papilionoideae
Construção Civil; Marcenaria; Lenha
Sabiá Mimosa caesalpiniifolia Benth.
2;3 Mimosoideae
Construção Civil; Forrageira; Lenha
Sabiá-da-mata Hyeronima oblonga2;3
Euphorbiaceae Forrageira
Samambaia-espada / Samambaia-de-boston
Nephrolepis biserrata (Sw.) Schott
2;3 Davalliaceae
Ornamental
Taboquinha Olyra latifolia L. 2;3
Gramineaceae Ornamental
Tiririca Scleria bracteata2;4
Cyperaceae Ornamental
Trapiá Crataeva tapia Linn.2;3
Capparaceae Construção Civil; Medicinal; Lenha
Urtiga Urera baccifera (L.) 2;3
Urticaceae Ornamental
Vassourinha-de-botão
Spermacoce verticillata L.
2;3 Rubiaceae Ornamental
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
142
Visgueiro Parkia pendula (Willd.) Benth. ex Walp.
2;3 Mimosoideae
Forrageira; Ornamental; Lenha
Aechmea aquilega2;3
Bromeliaceae Ornamental
Dicksonia sellowiana Hook.
2;3 Dicksoniaceae Ornamental
Guzmania monostachia
2;3;5 Bromeliaceae Ornamental
Prosthechea fragrans2;3
Orchidaceae Ornamental
Tipo de Registro: 1 – Entrevista de campo; 2 – Visualizada em campo; 3 – Espécie nativa; 4 – Espécie exótica; 5 – Espécie ameaçada de extinção.
Anexo 03 - Lista da herpetofauna que ocorre no maciço de Baturité (Borges-Nojosa,
2007).
Anfíbios Bufonidae Rhinella crucifer
Rhinella granulosus
Rhinella gr. margaritifer
Rhinella schneideri
Hylidae Corythomantis greeningi
Dendropsophus aff. decipiens
Dendropsophus gr. microcephalus
Dendropsophus minutus
Hypsiboas raniceps
Phyllomedusa gr. hypochondrialis
Scinax aff. fuscovarius
Scinax x-signatus
Trachycephalus venulosus
Eleutherodactylidae Adelophryne baturitensis
Brachycephalidae Ischnocnema gr. ramagii
Leptodactylidae Leptodactylus furnarius
Leptodactylus labyrinthicus
Leptodactylus mystaceus
Leptodactylus natalensis
Leptodactylus gr. ocellatus
Leptodactylus aff. pustulatus
Leptodactylus syphax
Odontophrynus carvalhoi
Physalaemus gr. cuvieri
Proceratophrys cristiceps
Microhylidae Dermatonotus muelleri
Caeciliidae Syphonops aff. paulensis
Chthonerpeton aff. arii
Répteis Amphisbaenidae Amphisbaena alba
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
143
Anguidae Diploglossus lessonae
Gekkonidae Hemidactylus mabouia
Sphaerodactylidae Coleodactylus meridionalis
Phylodactylidae Gymnodactylos geckoides
Phyllopezus pollicaris
Gymnophthalmidae Colobosauroides cearensis
Leposoma baturitensis
Micrablepharus maximilani
Stenolepis ridleyi
Iguanidae Iguana iguana
Leiosauridae Enyalius bibronii
Polychrotidae Anolis fuscoauratus
Polychrus marmoratus
Polychrus acutirostris
Scincidae Mabuya heathi
Mabuya nigropunctata
Teiidae Ameiva ameiva
Kentropyx calcarata
Tupinambis merianae
Strobilurus Strobilurus torquatus
Tropiduros hispidus
Tropiduros semitaeniatus
Boidae Boa constrictor
Epicrates cenchria
Dipsadidae Apostolepis cearensis
Apostolepis gr. pymi
Atractus gr. maculatus
Dipsas albifrons
Echinanthera occipitalis
Imantodes cenchoa
Leptodeira annulata
Liophis peocilogyrus
Liophis reginae
Liophis viridis
Oxyrhophus aff. guibei
Oxyrhopus trigeminus
Phylodryas olfersi
Sibon nebulata
Spilotes pullatus
Tamnodynastes aff. pallidus
Waglerophis merremii
Colubridae Chironius bicarinatus
Drymarchon corais
Drymoluber dichrous
Plano de Manejo RPPN Sítio Palmeiras
144
Mastigodryas boddaerti
Oxybelis aeneus
Pseutes sulphureus
Tantilla melanocephala
Leptophis aff. ahaetulla
Elapidae Micrurus ibiboboca
Micrurus lemniscatus
Micrurus aff. corallinus
Viperidae Botrhops erythromelas
Crotalus durissus
Lachesis muta
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