Considerações no projeto de
estruturas metálicas para
construção segura
Autora: Roberta Carvalho Machado Engenheira de Segurança do Trabalho e Arquiteta- Mestre e doutoranda em Construções metálicas
Coautores: Prof. Dr. Antônio Cleber Gonçalves Tibiriçá e Guilherme Sensato
Introdução
Construção civil
Atividades com altos índices de acidentes
Brasil (2010): aumento do ritmo de operação = elevação de acidentes
2007: cerca de 13,5 mil acidentes na Construção de Edifícios
2009: 19 mil - 40% maior
5° no ranking de setores com maior n° registro de acidentes
Concreto armado – construção tradicional
Crescimento do mercado da construção
metálica
Atividades específicas
Novas tecnologias
RISCOS PECULIARES
muitas vezes desconhecidos
SST
Acidentes mais graves na montagem de estruturas metálicas
(BCSA, 2006):
• quedas de altura, a partir de posições de trabalho ou
• durante o acesso a elas.
• devido à instabilidade estrutural durante o içamento e durante o
manuseio e transporte de materiais.
Medidas de SST durante montagem de estruturas metálicas
devem estar relacionadas à:
• à estabilidade da parte estrutural erguida;
• ao içamento e instalação de componentes de aço seguro e
• ao acesso seguro às posições de trabalho.
NR18
NR18- Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria
da Construção- 1992
• Inclui apenas algumas exigências específicas, sem
considerações suficientes para garantir a segurança do
trabalhador na atividade de montagem de estruturas metálicas;
• Muitas vezes não é possível a adaptação das medidas
normalmente adotadas em obras de concreto armado.
• Apresenta lacunas, principalmente em relação à necessidade
de previsão das medidas de segurança, ainda na etapa de
projeto- nível de precisão da montagem e o material não
admitem improvisos.
Proposta
Identificar os riscos associados às
atividades de montagem de estruturas
metálicas passíveis de serem
eliminados ou mitigados com a
incorporação de algumas medidas de
segurança do trabalho ainda nas
etapas de projeto.
Metodologia
Avaliar a fase de montagem do sistema estrutural de 2
edificações em estrutura metálica de médio porte numa instituição
de ensino superior, para identificar os riscos por observação
direta in loco.
Aplicação da técnica: matriz qualitativa de análise de risco.
Metodologia
Com base numa pesquisa documental traça-se um paralelo
entre os riscos e as medidas de proteção que podem ser
incorporadas no projeto.
RB: risco baixo RM: risco moderado RA: risco alto RE: risco extremo
Fonte: adaptado da norma AS/NZS 4360:2004.
SST incorporado no projeto
de estruturas metálicas
1) Marcação do centro de gravidade nas peças determinação do centro de gravidade (CG) é importante p/ levantamento de
cargas. Recomendação de:
• marcação de pesos e ou centros de gravidade em peças grandes ou de forma
irregular (CORUS, 2004);
• Indicação dos pontos de içamento nas próprias peças. (WORKSAFE
VICTORIA,2009).
PINHO, 2005.
BCSA, 2006.
SST incorporado no projeto
de estruturas metálicas
2) Desenvolvimento do plano de montagem
• assegurar estabilidade da estrutura;
• evitar obstrução de acessos para montagens seguintes.
2) Desenvolvimento do plano de rigging
• garantir a segurança da operação por meio do detalhamento da
movimentação vertical das peças, desde o local da
armazenagem até a sua posição final na estrutura.
PINHO, 2005.
SST incorporado no projeto
de estruturas metálicas
PINHO, 2005. Diagrama lateral de operação de um guindaste
Determinação de altura de montagem
2) Desenvolvimento do plano de montagem e do plano de
rigging
SST incorporado no projeto
de estruturas metálicas
3) Métodos de acesso seguro às posições de trabalho
• Escada permanente ou temporária; sistemas de
acessos temporários, como andaimes (NR18);
• pisos metálicos ou pranchas pré-moldadas
instaladas no andar inferior (CORUS, 2004);
• Prever, no projeto, plataformas modulares
temporárias e desmontáveis e modos para a
sua instalação (TOOLE, 2011).
plataforma
de segurança
temporária
TOOLE, 2011.
SST incorporado no projeto
de estruturas metálicas
3) Métodos de acesso seguro às
posições de trabalho
BCSA, 2006.
Beam glider.
• técnica para acesso temporário: ‘montar a
cavalo’ ou beam straddling;
SST incorporado no projeto
de estruturas metálicas
4) Métodos para instalação de sistema de proteção contra
quedas
• Sistema de prevenção de quedas: impede o trabalhador de ficar em uma
posição de onde poderia cair (ex: guarda-corpos, barreiras e sistemas de
proteção de periferia);
Disponibilizar pontos para a fixação da proteção, instalar ainda ao nível do solo
(BCSA, 2006; CORUS, 2004).
Uso de braçadeiras; peças soldadas ao aço ou orifícios prévios no componente
de aço, executados durante a fabricação (BCSA, 2006).
BCSA, 2006.
CORUS, 2004.
SST incorporado no projeto
de estruturas metálicas
4) Métodos para instalação de sistema de proteção contra
quedas
• Sistemas de retenção ou contenção: restringe o usuário de atingir os locais
onde uma queda possa vir a ocorrer (ex: pontos de ancoragem e cabos-guia
p/ fixar cinto de segurança tipo abdominal);
• Sistemas de limitação de queda: dispositivos que limitam a extensão da
queda (ex: redes de segurança; pontos de ancoragem e cabos-guia p/ conectar
cinto de segurança tipo paraquedistas).
Cabo-guia fixado em acessórios soldados no pilar e pontos de ancoragem
TOOLE, 2011. MÉLO FILHO et al., 2008
SST incorporado no projeto
de estruturas metálicas
5) Redução dos trabalhos de união de peças em altura
• Reduzir a necessidade de trabalho em altura e construir o máximo de
estruturas de aço possível ao nível do solo, ou a partir de lajes de piso
construídos (WORKSAFE VICTORIA, 2009).
6) Preferência por ligações soldadas de fábrica ou
parafusadas em campo
• Sempre que possível, deve-se prever soldagem de fábrica e ligações
parafusadas em campo para evitar situações perigosas ou incômodas para o
trabalhador.
MARGARIDO, 2007.
MACHADO, 2012.
SST incorporado no projeto
de estruturas metálicas
7) Detalhamento de peças garantindo maior acessibilidade e
menores riscos durante o transporte das peças e a execução
das ligações • Evitar superfícies ásperas, cantos vivos, quinas em ângulos agudos, rebarbas
ou outras saliências em peças. Projeto dos pontos de ligações de forma a
evitar riscos ergonômicos, quando possível.
TOOLE; HERVOL;
HALLOWELL, 2006
Proporcionar espaço
suficiente para fazer as
conexões
SST incorporado no projeto
de estruturas metálicas
7) Detalhamento de peças garantindo maior acessibilidade e
menores riscos durante o transporte das peças e a execução
das ligações Eliminar cantos afiados
TOOLE; HERVOL;
HALLOWELL,
2006
Conclusões
Os riscos identificados podem ser mitigados ou eliminados
seguindo os requisitos da NR18, mas a norma apresenta
lacunas, pois não estabelece a necessidade de adoção das
medidas citadas e a previsão na etapa do projeto de
estruturas metálicas.
O projeto com aspectos de SST incorporados pode auxiliar na
facilidade de construção, aumentar a produtividade e resultar
em economia (tempo e custos).
Espera-se incentivar profissionais a incorporarem SST na
concepção no projeto, utilizando a compreensão dos
princípios estruturais de engenharia para tornar mais prático e
eficiente a instalação e a utilização dos sistemas de proteção
nos canteiros de obras.
Referências Bibliográficas
• AUSTRALIAN STANDARD /NEW ZEALAND STANDARD. AS/NZS 4360: 2004 – Risk
Management. Sidney, 2004.
• BRASIL. Ministério da Previdência Social/ Ministério do Trabalho e Emprego. Anuário
Estatístico de Acidentes do Trabalho: AEAT 2009. Brasília, DF, 2010.
• BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Normas Regulamentadoras de Segurança e
Medicina do Trabalho. NR18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da
Construção. 2011.
• BRITISH CONSTRUCTIONAL STEELWORK ASSOCIATION- BCSA. BCSA Code of practice
for erection of multi-storey buildings. No 42/06. Londres: BCSA Publication 2006.
• MACHADO, R. C. Avaliação de riscos na montagem de estruturas metálicas em duas
edificações públicas de médio porte. 2012. 15f. Trabalho de Conclusão de curso
(Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho) - Programa de Pós-graduação
Lato Sensu em Engenharia de Segurança do trabalho, Universidade Federal de Viçosa,
Viçosa, 2012.
• MARGARIDO, A. F. O uso do aço na arquitetura. Rio de Janeiro: IBS/CBCA, 2007.
• PINHO, M. O. Transporte e montagem. Rio de Janeiro: IBS/CBCA, 2005.
• TOOLE, M. Safety by design. Apresentação powerpoint. Disponível em:
www.designforconstructionsafety.org. Acesso em: setembro, 2011.
• TOOLE, M.; HERVOL, N.; HALLOWELL, M. Designing Steel for Construction Safety. North
American Steel Construction conference, San Antonio, TX, February, 2006.
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