UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
THAIS HELENA ADAM DE OLIVEIRA
CONTROLE INTEGRADO DE ROEDORES SINANTRÓPICOS
COMENSAIS NO COMÉRCIO DE ALIMENTOS
CURITIBA
2012
THAIS HELENA ADAM DE OLIVEIRA
CONTROLE INTEGRADO DE ROEDORES SINANTRÓPICOS
COMENSAIS NO COMÉRCIO DE ALIMENTOS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao curso de Medicina Veterinária da
Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde
da Universidade Tuiuti do Paraná, como
requisito parcial para obtenção do grau de
Médica Veterinária.
Orientadora: Profª Drª Anderlise Borsoi.
CURITIBA
2012
Reitor
Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos
Pró-Reitor Administrativo
Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos
Pró-Reitora Acadêmica
ProfaCarmen Luiza da Silva
Pró-Reitor de Planejamento e Avaliação
Sr. Afonso Celso Rangel Santos
Pró-Reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão
Prof a Roberval Eloy Pereira
Secretário Geral
Prof. João Henrique Faryniuk
Coordenadora do Curso de Medicina Veterinária
Prof a Ana Laura Angeli
Coordenadora de Estágio Curricular do Curso de Medicina Veterinária
Prof a Ana Laura Angeli
Metodologia Cientifica
Prof. Jair Mendes Marques
CAMPUS: PROF. SYDNEI LIMA SANTOS (BARIGUI)
Rua: Sydnei A. Rangel Santos, 238 – Santo Inácio
CEP: 82010-330 – Curitiba - Paraná
Fone:(41)3331-7700
TERMO DE APROVOÇÃO
THAIS HELENA ADAM DE OLIVEIRA
CONTROLE INTEGRADO DE ROEDORES SINANTRÓPICOS
COMENSAIS NO COMÉRCIO DE ALIMENTOS
O presente Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção do título de
Médica Veterinária no Curso de Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do
Paraná.
Curitiba, 05 de dezembro de 2012.
_____________________________
Medicina Veterinária
Universidade Tuiuti do Paraná
Orientadora:________________________________________________
Profª Doutora Anderlise Borsoi
Universidade Tuiuti do Paraná
Membros:_________________________________________________________
Profª Doutora Silvana Krychak Furtado
Universidade Tuiuti do Paraná
___________________________________________________________
Profª Cássima Garcia Laureano dos Santos
Universidade Tuiuti do Paraná
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu Pai, meu Irmão, minha Dinda e minha família que
acreditaram e incentivaram este sonho de vida inteira e que são os responsáveis
pela minha orientação moral. Aos colegas de todos os períodos que estiveram
comigo nesta caminhada, em especial, Rosana, Nani, Lisis, Virgula, Paola, Lola,
Leila, Carol, Carolzinha, Maicon, que levemos nossa amizade para o resto da vida.
Aos meus orientadores Anderlise Borsoi e Eduardo A. S. Lobato que contribuíram
com seus conhecimentos em todos os sentidos de forma ampla e clara, ajuda na
vida acadêmica e por sua amizade e confiança em mim depositados e aos demais
professores da UTP que fizeram da universidade a extensão do meu lar, nesses
anos todos.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus e a minha Mãe por iluminar cada passo dado e
me afastado de todo perigo, e ao meu Pai por me dar a oportunidade de chegar até
aqui e me tornar uma Médica Veterinária.
RESUMO
Os Roedores Sinantrópicos Comensais conhecidos popularmente por ratazanas,
ratos de telhado e camundongos geram uma perda anual de cerca de 8% da
produção mundial de alimentos (cerais e grãos principalmente). Além de causarem
prejuízos econômicos, estão diretamente associados à Saúde Pública em
decorrência de serem reservatórios de agentes de zoonoses.
O Controle Integrado de Roedores ou de outras pragas num geral, tem como
objetivo de impedir a instalação e proliferação desses animais indesejados no
comércio, com a incorporação de medidas preventivas e corretivas no local,
utilizando raticidas apenas quando estas medidas não são efetuadas com sucesso.
Palavras chave: Roedores Sinantrópicos Comensais, Controle Integrado de Pragas,
Zoonoses.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – HIGIENIZAÇÃO CORRETA DAS MÃOS 18
Figura 1.1 – HOMOGENEIZADOR 19
Figura 1.2 - HIGIENIZAÇÃO DO HOMOGENEIZADOR 20
Figura 1.3 – EMBALAGENS EM PALETES DE PLÁSTICO 21
Figura 1.4 – ESBOÇO DA PLANTA DO AÇOUGUE 21
Figura 2 – PRODUTO DOM INDÍCIO DE RECONGELAMENTO 22
Figura 2.1- EXEMPLO DE PLANILHA DE HIGIENIZAÇÃO
PRESENTE NOS SETORES, COM OBJETIVO DE CONTROLE
DOS PROCEDIMENTOS DE HIGIENE 23
Figura 2.2- PEIXES COM COBERTURA DE GELO DENTRO DA
CÂMARA DE REFRIAMENTO 23
Figura 2.3 – ESBOÇO DA PLANTA DA PEIXARIA 24
Figura 3 – ÁREA DE VENDAS 24
Figura 3.1 – PARTE INTERNA DO MARACANÃ 25
Figura 3.2 – ESBOÇO DA PLANTA DA SALSICHARIA 26
Figura 4 – QUEIJO MUSSARELA PARA PRODUÇÃO DE
CROASSAINT IDENTIFICADO 27
Figura 4.1 – ÁREA DE MANIPULAÇÃO DA PADARIA 27
Figura 4.2 – ESBOÇO DA PLANTA DA PADARIA 28
Figura 5 – EXPOSITOR REFRIGERADO DE BOLOS 28
Figura 5.1 – AFERIÇÃO DE TEMPERATURA DO LOCAL
DE MANIPULAÇÃO 29
Figura 5.2 – PRODUTO PRONTO, EMBALADO E IDENTIFICADO 29
Figura 6 – ESBOÇO DA PLANTA DA CAFETERIA 30
Figura 7 – MELANCIA FRACIONADA SEM IDENTIFICAÇÃO
E MAMÃO FRACIONADO SEM DATA DE VALIDADE NA ÁREA
REFRIGERADA 31
Figura 7.1 – ESBOÇO DA PLANTA DO FLV 31
Figura 8 – PRODUTOS EXCEDENDO O LIMITE DE
ABASTECIMENTO 32
Figura 8.1 – ESBOÇO DA PLANTA DO PAS 32
Figura 9 – PRODUTOS DEVIDAMENTE ESTOCADOS 33
Figura 10 – MORFOLOGIA COMPARATIVA DAS ESPÉCIES DE
ROEDORES SINANTRÓPICOS 39
Figura 11 – RATAZANA OU RATO DE ESGOTO 39
Figura 11.1 – CARACTERÍSTICA DA RATAZANA 40
Figura 12 – RATO DO TELHADO OU RATO PRETO 41
Figura 12.1 – CARACTERÍSTICAS DO RATO DE TELHADO 42
Figura 13 – CAMUNDONGO OU RATO CASEIRO 43
Figura 13.1 – CARACTERÍSTICAS DO CAMUNDONGO 43
Figura 14 – QUADRO DEMONSTRATIVO DO CONTROLE INTEGRADO
DE PRAGAS 45
Figura 15 – HIGIENIZAÇÃO DIÁRIA DO ESTABELECIMENTO 46
Figura 15.1 – INSPEÇÃO DE VEÍCULOS E PRODUTOS
RECEBIDOS 47
Figura 15.2 – PRODUTO ARMAZENADO EM PALETE E
PROTEGIDO 47
Figura 15.3 – ACESSO PARA ROEDORES 48
Figura 15.4 – PRESENÇA DE FEZES DE ROEDORES 48
Figura 15.5 – PEGADAS DE ROEDORES 48
Figura 16 – BUEIRO FECHADO 49
Figura 16.1 – JANELA PROTEGIDA COM TELA 49
Figura 16.2 – ARMADILHA COM COLA ADESIVA PARA ROEDORES 50
Figura 16.3 – RATOEIRA 50
Figura 16.4 – GAIOLA PARA CAPTURA DE ROEDORES 50
Figura 17 – RATOL GRANULADO 53
Figura 17.1 - KLERAT BLOCO PARAFINADO 53
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DE BIOLOGIA DOS ROEDORES
SINANTRÓPICOS___________________________________________________44
LISTA DE ABREVIATURAS
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
MAPA – Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento.
FUNASA – Fundação Nacional de Saúde
POP – Programa Operacional Padrão
PAS – Programa Alimento Seguro
FLV – Frutas Verduras e Legumes
T°C – Temperatura em graus celsius
N° - Número
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO 14
2 OBJETIVO DO ESTÁGIO 15
3 LOCAL DA REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO 15
4 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 16
4.1 AÇOUGUE 18
4.2 PEIXARIA 22
4.3 SALSICHARIA 24
4.4 PADARIA 26
4.5 CONFEITARIA 28
4.6 CAFETERIA 30
4.7 FLV (Frutas, Legumes e Verduras) 30
4.8 PAS 32
4.9 RECEBIMENTO 33
4.10 DEPÓSITO 33
4.11 TREINAMENTO DE FUNCIONÁRIOS 33
4.12 CONTROLE DE PRAGAS 34
5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 36
5.1 ROEDORES SINANTRÓPICOS
COMENSAIS 36
5.2 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS
RATOS 37
5.3 RATAZANA – Rattus norvegicus 39
5.4 RATO DO TELHADO – Rattus rattus 41
5.5 CAMUNDONGO – Mus musculus 43
5.6 CONTROLE INTEGRADO DE PRAGAS 45
5.6.1 Medidas preventivas 46
5.6.2 Medidas corretivas 49
5.6.3 Controle químico 51
5.6.3.1 Ratol granulado 52
5.6.3.2 Klerat bloco parafinado 53
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 54
7 REFERÊNCIAS 55
14
1 APRESENTAÇÃO
Este Trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C), apresentado ao curso de
Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná, pela graduanda Thais
Helena Adam de Oliveira, como requisito parcial para a obtenção do grau de Médica
Veterinária, é composta pela Revisão Bibliográfica de Controle Integrado de
Roedores Sinantrópicos Comensais no comércio de alimentos e pelo Relatório de
Estágio, no qual são descritas atividades realizadas durante o período de 03 de
setembro a 30 de novembro de 2012 no Hipermercado Carrefour, localizado na
cidade de Curitiba – PR.
15
2 OBJETIVO DO ESTÁGIO
O estágio obrigatório supervisionado foi realizado no Hipermercado Carrefour
Comércio e Indústria Ltda Parolin, localizado em Curitiba-PR, tendo como objetivo
acompanhar a rotina e a importância do Médico Veterinário na área de higiene e
inspeção de produtos de origem animal e no controle de qualidade do mesmo, com
função de verificar vencimento de produtos, higiene e organização de todos os
setores, supervisão de reforma, presença de pragas, irregularidade na cadeia frio
quente, irregularidade de identificação, irregularidade de rotulagem e principalmente
orientação aos funcionários conforme o Manual de Boas Práticas de Fabricação
exigido pela ANVISA, disposto na RDC 216 de 15 de Setembro de 2004 (ANVISA,
2004).
3 LOCAL DA REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO
O estágio obrigatório foi realizado na empresa Carrefour Comércio e Indústria
Ltda, localizado na Avenida Marechal Floriano Peixoto, 3031, Rebouças, Curitiba-
Paraná, cep 80.220-000.
Nos últimos 40 anos, o grupo Carrefour cresceu e se tornou um dos grupos
mundiais líderes de distribuição, considerada a 2ª empresa varejista do mundo e a
maior da Europa. O Carrefour foi criado em 1963 na cidade de Sainte Geneviève
des Bois, perto de Paris na França, expandindo sua franquia em mais 32 países,
atuando na Europa, Ásia e América Latina, sendo a primeira loja inaugurada no
Brasil em 1975 (CARREFOUR, 2012).
O estágio supervisionado transcorreu no período de 03 de setembro a 30 de
novembro, tendo como orientador profissional o Médico Veterinário Eduardo
Augusto Scardanzan Lobato e como professora orientadora a Médica Veterinária
Dra. Anderlise Borsoi, com duração de 379,7 horas. Foi realizado também o
internato na fazenda e na clínica veterinária da universidade, totalizando a carga
horária exigida de 435,7 horas.
16
4 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
O estagiário quando chega ao local de trabalho divide suas 6 horas diárias
percorrendo 7 setores, fazendo em torno 40 minutos cada um, sendo que no final do
dia faz-se um relatório de todas as atividades desenvolvidas e enviando para a
matriz de São Paulo. O mesmo , ficava encarregado de verificar vencimento de
produtos, higiene e organização de todos os setores, presença de reforma, presença
de pragas, irregularidade na cadeia frio quente, irregularidade de identificação,
irregularidade de rotulagem de acordo com a RDC 216 (ANVISA, 2004).
Os procedimentos dos setores eram realizados conforme as diretrizes da RDC
216, que preconizava:
HIGENIZAÇÃO DE INSTALAÇÕES, EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS “...A área de
preparação do alimento deve ser higienizada quantas vezes for necessárias e
imediatamente após o término do trabalho; os produtos saneantes utilizados devem
estar regularizados pelo Ministério da Saúde...”.
CONTROLE INTEGRADO DE VETORES E PRAGAS URBARNAS ”...A edificação,
as instalações, os equipamentos, os móveis e os utensílios devem ser livres de
vetores e pragas, deve existir um conjunto de ações eficazes e contínuas de
controle, com objetivo de impedir a atração, o abrigo, o acesso e ou proliferação dos
mesmos; quando as medidas de prevenção adotadas não forem eficazes, o controle
químico deve ser empregado com produtos regularizados pelo Ministério da
Saúde...”.
ABASTECIMENTO DE ÁGUA “...Deve ser utilizado somente água potável para
manipulação de alimentos; o gelo utilizado em alimentos deve ser fabricado a partir
da água potável...”
MANIPULAÇÃO: “...Os funcionários devem apresentar-se, com uniformes
compatíveis à atividade, conservados e limpos; devem lavar cuidadosamente as
mãos; devem usar cabelos presos e protegidos por toucas, não sendo permitido o
uso de barba, unhas devem estar curtas e sem esmalte, e durante a manipulação,
devem ser retirados todos os objetos de adorno pessoal e maquiagem, os
manipuladores devem ser capacitados...”.
17
MATÉRIAS PRIMAS, INGREDIENTES E EMBALAGENS: “...A recepção destes itens
deve ser realizada em área protegida e limpa; as embalagens primárias das
matérias primas e dos ingredientes devem estar íntegras, a temperatura das
matérias primas e ingredientes que necessitem de condições especiais de
conservação deve ser verificada nas etapas de recepção e de armazenamento; o
armazenamento deve ser feito em local limpo e organizado, sobre paletes, estrados
e ou prateleiras de material liso, resistente, impermeável e lavável...”
PREPARAÇÃO DO ALIMENTO: “...Matérias primas, ingredientes e as embalagens
utilizadas para preparação do alimento devem estar em condições higiênico-
sanitárias adequadas e em conformidade com a legislação específica; durante a
preparação devem ser adotadas medidas a fim de minimizar o risco de
contaminação cruzada, entre elas evitar contato direto ou indireto de alimentos crus,
semi-preparados e prontos para consumo; funcionários que manipulem devem
realiza a lavagem e a anti-sepsia das mãos; produtos perecíveis devem ser expostos
à temperatura ambiente somente pelo tempo mínimo necessário para preparação do
alimento; matérias primas e os ingredientes não utilizados por completo, devem ser
adequadamente acondicionados e identificados com data de fracionamento e prazo
de validade após retirado da embalagem original e designação do produto; o
tratamento térmico deve garantir que todas as partes do alimento atinjam a
temperatura de, no mínimo, 70°C (setenta graus celsius); os óleos e gorduras
utilizados devem ser aquecidos a temperatura não superior a 180°C; produtos
congelados, antes do tratamento térmico, deve-se proceder ao descongelamento, a
fim de garantir adequada penetração do calor; o descongelamento deve ser
efetuado em condições de refrigeração à temperatura inferior a 5°C (cinco graus
Celsius); produtos descongelados não devem ser recongelados; o prazo máximo de
consumo do alimento preparado e conservado sob refrigeração a temperatura de
4°C (quatro graus Celsius) ou inferior deve ser de 5 (cinco) dias...”
Com base nas exigências acima descritas o estágio foi realizado nos setores de:
açougue, peixaria, salsicharia, padaria, confeitaria, cafeteria, frutas verdura e
legumes, produtos de auto serviço (PAS), recebimento, depósito de produtos
perecíveis, treinamento dos funcionários e controle integrado de pragas.
18
4.1 AÇOUGUE
O estagiário instrui-se a seguir os padrões de higiene contidos na Resolução 216
– ANVISA, verificando-se os balcões de atendimento quanto à temperatura do
mesmo e do produto, presença do selo do fornecedor nas peças expostas, higiene
do balcão, se os produtos de diferentes espécies estão separados por divisórias
para evitar contaminação cruzada, a utilização completa de uniformes limpos,
higiene das mãos no momento do atendimento.
A higienização das mãos era feita da seguinte maneira (Figura 1): Molhar as
mãos; usar sabonete líquido; esfregar antebraço, mãos, unhas e dedos; Enxaguar;
Secar com papel toalha branco não reciclado. A higienização das mãos era
obrigatória: a cada troca de atividades; ao tossir, espirrar; ao tocar em sacarias e
caixas; ao recolher lixo; ao interromper o trabalho; ao utilizar sanitários; ao usar
produtos de limpeza e ao tocar em alimentos crus.
Figura 1 – HIGIENIZAÇÃO CORRETA DAS MÃOS
Fonte: CARREFOUR, 2012
Nos expositores refrigerados e ilhas de congelamento eram aferidas as
temperaturas quando necessário (a temperatura é aferida por um funcionário
específico, o estagiário afere a temperatura somente em casos que sejam notadas
irregularidades como: quando o produto apresenta-se descongelando, quando havia
19
problemas técnicos que possam danifica-lo de alguma forma), higiene dos mesmos,
validade dos produtos, aspecto da embalagem e rotulagem e qualidade dos
produtos expostos.
Na área de manipulação era verificado quanto aos manipuladores utilizando
toucas, uniformes completos e sem nenhum tipo de adorno no local, se o setor
apresentava papel de mão, detergente e álcool para higiene pessoal, ocorria à
verificação se os procedimentos estavam corretos na área de manipulação, se havia
presença de embalagens primárias e caixas de papelão no local, organização no
momento da manipulação se estava respeitando as mesas para cortes identificados
(ex: frango, bovino, suíno) para evitar a contaminação cruzada e se a serra fita era
higienizada após a mudança de espécie e/ou para mudança de lotes. Após a
manipulação era verificado se o setor foi higienizado de maneira correta, sendo
higienizado ralos, mesas, facas, serra fita, chão, embaladora, carrinho de inox, entre
outros, conforme a planilha de higienização presente no setor.
Câmara de moída – Verificava-se se o homogeneizador (Figura 1.1) era
higienizado a cada lote, quando havia presença de retalhos para moídas verifica-se
se estavam identificadas com o nome do produto e data de manipulação/ validade,
organização quanto ao armazenamento das bandejas dentro do armário suspenso.
Aferição da temperatura da câmara.
Figura 1.1 - HOMOGENEIZADOR
Fonte: O PRÓPRIO AUTOR, 2012
20
A higienização do homogeneizador (Figura 1.2) era feita da seguinte maneira: o
aparelho é retirado da eletricidade; remover as peças móveis; lavar peça por peça
com detergente neutro diluído na mangueira; enxaguar as peças em água corrente;
aplicar sanitizante e deixar agir por 15 min; enxaguar em água corrente e deixar
secar naturalmente. Lavar a máquina com detergente alcalino diluído na mangueira;
esfregar com esponja sintética por dentro e por fora e enxaguar; aplicar sanitizante e
deixar agir por 15 min; enxaguar novamente e deixar secar naturalmente.
Figura 1.2 - HIGIENIZAÇÃO DO HOMOGENEIZADOR
Fonte: CARREFOUR, 2012.
Câmara de frango – verificação da temperatura da câmara, organização no local,
se os produtos estão armazenados longe das paredes, data de validade dos
produtos estocados, em caso de bandejas prontas verificação da identificação de
manipulação e validade do produto.
Câmara de suínos – Verificação da temperatura da câmara, organização e
armazenagem correta dos produtos, carcaça com presença de selo do fornecedor e
carimbo.
Câmara de bovinos – Verificação da organização do local, se as meias carcaças
bovinas apresentavam selo do fornecedor e carimbo, se a temperatura estava
correta.
21
Estoque de embalagens – armazenadas em cima de paletes de plástico (Figura
1.3), longe de paredes e organizadas.
Figura 1.3 – EMBALAGENS EM PALETES DE PLÁSTICO
Fonte: O PRÓPRIO AUTOR, 2012
Figura 1.4 – ESBOÇO DA PLANTA DO AÇOUGUE
Fonte: O PRÓPRIO AUTOR, 2012
22
4.2 PEIXARIA
Balcão de atendimento – verificação da temperatura do balcão, se a camada de
gelo estava devidamente posta e verificava-se ascaracterísticas organolépticas dos
peixes expostos.
Expositor e ilha de congelados – aferição da temperatura dos produtos,
verificação de possível presença de produto descongelado, verificação da validade,
rotulagem e embalagem, verificação de presença de indícios de recongelamento
(Figura 2).
Figura 2 – PRODUTO DOM INDÍCIO DE RECONGELAMENTO
Fonte: O PRÓPRIO AUTOR, 2012
Manipulação – verificação da higiene do local conforme a planilha de
higienização presente no local (Figura 2.1), se a manipulação estava seguindo os
manuais de boas práticas, se os funcionários estavam utilizando uniforme completo,
com toucas e sem adornos, se não estava faltando produtos para higiene pessoal
como papel, sabonete líquido e álcool em gel.
23
Figura 2.1 – EXEMPLO DE PLANILHA DE HIGIENIZAÇÃO PRESENTE NOS
SETORES, COM OBJETIVO DE CONTROLE DOS PROCEDIMENTOS DE
HIGIENE
Fonte: CARREFOUR, 2012.
Câmara de resfriamento– Verificação dos produtos quanto à presença de gelo
como cobertura para peixes (Figura 2.2), qualidade do gelo, produtos armazenados
longe das paredes e em paletes de plástico, validade dos produtos estocados,
higiene do local.
Figura 2.2: PEIXES COM COBERTURA DE GELO DENTRO DA CÂMARA DE
REFRIAMENTO
Fonte: O PRÓPRIO AUTOR, 2012
24
Figura 2.3 – ESBOÇO DA PLANTA DA PEIXARIA
Fonte: O PRÓPRIO AUTOR, 2012
4.3 SALSICHARIA
Área de vendas (figura 3) – verificação dos balcões e dos produtos quando
necessário, avaliação da embalagem, verificação quanto à data de validade,
rotulagem e limpeza do local.
Figura 3 – ÁREA DE VENDAS
Fonte: O PRÓPRIO AUTOR, 2012
25
Manipulação - Verificação da utilização de uniformes completos pelos
funcionários, com utilização de touca e sem adornos, observação visual do
procedimento de higienização das mãos antes da manipulação, verificação da
higienização após a manipulação conforme a planilha de higienização, aferição da
temperatura do local, se não estava faltando papel, sabonete e álcool em gel para
higiene pessoal dos funcionários, se não havia produtos fora da temperatura
adequada por tempo excessivo e se não estava havendo ocorrência de produtos
reembalados.
Câmara 1, 2 e 3 – Aferição da temperatura, vistoria de produtos estocados longe
das paredes, prazo de validade, qualidade do produto, embalagens sem danos,
produtos manipulados identificados com data de manipulação/validade, higiene do
local.
Laboratório frango – vistoria da limpeza e organização diária após manipulação e
se as embalagens estão devidamente guardadas nas prateleiras.
Maracanã (Figura 3.1) – subdivisão da salsicharia, é o local onde será vendido
produtos agranel como: presunto gordo e magro, peito de peru, mortadela, salame,
queijos, entre outro produtos , que são expostos em balcão fechado refrigerado até
7°C. Após a manipulação no local, era verificada a higienização de equipamentos,
mesas e chão, conforme a planilha de higienização presente no local, se os produtos
prontos estavam devidamente identificados com data de manipulação/validade.
Figura 3.1 – PARTE INTERNA DO MARACANÃ
Fonte: O PRÓPRIO AUTOR, 2012
26
Figura 3.2 – ESBOÇO DA PLANTA DA SALSICHARIA
Fonte: O PRÓPRIO AUTOR, 2012
.
4.4 PADARIA
Área de vendas – verificação de produtos vencidos, identificações e rotulagens
incorretas e se os produtos estavam sendo expostos de maneira correta.
Estoque seco - verificação de sacos de farinha ou outros produtos encostados na
parede, higiene do local, validade dos produtos presentes, produtos abertos
identificados com data de manipulação/validade.
Sala de carrinhos de pães - vistoria da higiene do local e dos carrinhos de pães.
Câmara – aferição da temperatura; verificação se os produtos estavam
identificados com data de manipulação/validade (Figura 4), higiene do local, validade
dos produtos fechados e se estavam armazenados longe das paredes.
27
Figura 4 – QUEIJO MUSSARELA PARA PRODUÇÃO DE CROASSAINT
IDENTIFICADO
Fonte: O PRÓPRIO AUTOR, 2012
Manipulação (Figura 4.1) – vistoria da utilização de uniformes completos pelos
funcionários com utilização de touca e sem adornos, se os produtos estavam
corretamente identificados e embalados, se os procedimentos de manipulação
seguiam o manual de boas práticas, verificação se não havia falta de papel,
sabonete e álcool em gel para higienização pessoal e se o local estava organizado
durante a manipulação. Após manipulação era verificado a higienização conforme a
planilha de higienização presente no local.
Figura 4.1 – ÁREA DE MANIPULAÇÃO DA PADARIA
Fonte: O PRÓPRIO AUTOR, 2012
28
Figura 4.2 – ESBOÇO DA PLANTA DA PADARIA
Fonte: O PRÓPRIO AUTOR, 2012
4.5 CONFEITARIA
Área de vendas (figura 5) – aferição da temperatura do expositor refrigerado,
verificação de datas de validade, qualidade das embalagens e produtos expostos, e
verificação de irregularidade de identificação ou rotulagem do produto.
Figura 5 – EXPOSITOR REFRIGERADO DE BOLOS
Fonte: O PRÓPRIO AUTOR, 2012
Manipulação – verificação da utilização de uniformes completos, com touca e
sem adornos pelas funcionárias, da higiene do local conforme a planilha de
29
higienização presente no setor, se os produtos estavam acondicionados de maneira
correta e identificados quando necessários, observação da organização e higiene
pessoal das funcionárias no momento da manipulação e aferição da temperatura do
local quando necessário.
Câmara – Aferição da temperatura (Figura 5.1) somente quando alguma
irregularidade aparente, como danos no motor que refrigera o local, se produtos
prontos estavam embalados e identificados individualmente com data de
manipulação/validade (Figura 5.2) e se os produtos estavam acondicionados de
maneira correta longe das paredes.
Figura 5.1 – AFERIÇÃO DE TEMPERATURA DO LOCAL DE MANIPULAÇÃO
Fonte: O PRÓPRIO AUTOR, 2012
Figura 5.2 – PRODUTO PRONTO, EMBALADO E IDENTIFICADO
Fonte: CARREFOUR, 2012.
30
4.6 CAFETERIA
Área de atendimento – aferição das temperaturas dos balcões quando
necessário, vistoria da data de manipulação e validade presente em cada expositor,
se os produtos manipulados estavam devidamente identificados com data de
manipulação/validade, verificação do procedimento de higiene pessoal das
funcionárias, higiene e organização do local.
Manipulação – Verificação da utilização de uniforme completo, com touca e sem
adornos, data de validade dos produtos, se os produtos manipulados estavam
devidamente identificados, higiene pessoal da manipuladora e higiene e organização
do local.
Figura 6 – ESBOÇO DA PLANTA DA CAFETERIA
Fonte: O PRÓPRIO AUTOR, 2012
4.7 FLV (Frutas, Legumes e Verduras)
Área de vendas – verificação de data de validade, qualidade dos produtos,
produtos refrigerados nas geladeiras, se os produtos fracionados estavam sendo
identificados e colocados na refrigeração (Figura 7), se estava sendo feita a higiene
dos expositores e se havia presença de vetores.
31
Figura 7– MELANCIA FRACIONADA SEM IDENTIFICAÇÃO E MAMÃO
FRACIONADO SEM DATA DE VALIDADE NA ÁREA REFRIGERADA
Fonte: O PRÓPRIO AUTOR, 2012
Manipulação – verificação da limpeza conforme a planilha de higienização do
setor e se produtos fracionados estavam sendo devidamente colocados em área
refrigerada.
Estoque climatizado – Vistoria quanto a produtos encostados nas paredes, se os
produtos de devolução estavam sendo sinalizados corretamente e se os produtos
estavam com qualidade para ir para área de vendas.
Figura 7.1 – ESBOÇO DA PLANTA DO FLV
Fonte: O PRÓPRIO AUTOR, 2012
32
4.8 PAS
Área de vendas – aferição da temperatura quando necessário, verificação se
havia produtos descongelados no local, verificação de validade, rotulagem e
embalagem, se os produtos não estavam excedendo o limite de abastecimento
(Figura 8), limpeza das prateleiras e ilhas conforme a planilha de higienização
presente no setor.
Figura 8 – PRODUTOS EXCEDENDO O LIMITE DE ABASTECIMENTO
Fonte: O PRÓPRIO AUTOR, 2012
Câmara 1 e 2 – Verificação se os produtos não estavam próximos das paredes,
se o local estava limpo, se não havia excesso de empilhamento, se os produtos
estavam sobre paletes de plástico ou em prateleiras, se a área de quebra estava
sinalizada e aferição do local quando necessário.
Figura 8.1 – ESBOÇO DA PLANTA DO PAS
Fonte: O PRÓPRIO AUTOR, 2012
33
4.9 RECEBIMENTO
Fazia-se a aferição da temperatura da parte interna dos caminhões e dos
produtos recebidos, verificava-se datas de validade, qualidade dos produtos
entregues, problemas de irregularidade da rotulagem e embalagem, se não havia
existência de vetores nas mercadorias e tempo de exposição da chegada até a
estocagem do produto.
4.10 DEPÓSITO
Verificação dos produtos estocados quanto a higiene do local e organização, se o
produto esta devidamente protegido com uma película plástica, sobre paletes ou
prateleiras, longe das paredes, tentando não exceder o limite de empilhamento.
Figura 9 – PRODUTOS DEVIDAMENTE ESTOCADOS
Fonte: O PRÓPRIO AUTOR, 2012
4.11 TREINAMENTO DE FUNCIONÁRIOS
O treinamento era feito pelo responsável técnico RT da loja a cada 15 dias,
tentando nesses dias dar palestras ao máximo de funcionários disponíveis pelos
34
gerentes no dia. As palestras eram oferecidas para todos os funcionários dos
perecíveis e nela era abordado os Manuais de Boas Práticas, enfatizando
higienização, modos corretos de manipulação, armazenamento, temperatura dos
produtos, higiene pessoal e recebimento de produtos.
4.12 CONTROLE DE PRAGAS
Era acompanhado a cada 7 dias o técnico de controle de pragas da empresa
Ambiente, verificando as armadilhas postas, se havia indícios de presença de
pragas e supostos abrigos para elas, acompanhamento na colocação de produtos
químicos quando havia infestação de pragas em algum local e troca de fitas
adesivas utilizadas para captura de moscas.
Como medidas preventivas e de controle, a empresa oferece treinamentos aos
funcionários enfatizando o Manual de Boas Práticas, que instrui o funcionário a
tomar precauções, entre elas à higienização e armazenagem corretas de alimentos
que tem como finalidade evitar oportunidades para a instalação de pragas no local.
Era acionado quando necessário, o departamento de manutenção para arrumar
como, por exemplo, portas de contenção, telas de janelas, vazamento de água,
orifícios em paredes, problemas de iluminação entre outros. Eram empregadas
também, caso havia presença de pragas, armadilhas com fita adesiva, gaiola para
captura e inseticidas e raticidas registrados no Ministério da Saúde. A empresa
Ambiente responsável pelo controle de pragas, tem autorização de utilizar os
seguintes inseticidas e raticidas registrados pelo Ministério da Saúde e permitidos na
utilização em mercados: inseticidas – DEMAND 2,5 CS, DDVP-DICLORVOS,
ALFATEK SC e BLATUM GEL F, e como raticidas – RATOL GRANULADO e
KLERAT BLOCO PARAFINADO.
Nas publicações das Portarias 326/1997 – ANVISA (ANVISA, 1997) e 368/1997 –
MAPA (MAPA, 1997), o Responsável Técnico era responsável pelo controle de
pragas urbanas, mas após a publicação da Resolução 275/2002 – ANVISA
(ANVISA, 2002), o Responsável técnico deixou de responder pelo controle,
direcionando estas ações para empresas prestadoras de serviço especializada,
porem cabe a ele a responsabilidade do acompanhamento das ações feitas pela
empresa especializada.
35
O objetivo do presente texto foi realizar a revisão bibliográfica sobre Controle
Integrado de Pragas, abordando Roedores Sinantrópicos Comensais no comércio de
alimento, visto que, esta praga representa problemas econômicos e sanitários de
relevância ao homem.
36
5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A qualidade do alimento oferecido à população sempre foi uma preocupação do
Governo Federal, observada com a publicação, em 27 de fevereiro de 1967, do
Decreto Lei 209 que institui o Código Brasileiro de Alimentos o qual em seu Art. 1°
diz: “a defesa e a proteção da saúde individual e coletiva, no tocante a alimentos,
desde a sua obtenção até o seu consumo, serão reguladas, em todo o território
brasileiro, pelas disposições deste Código” (SENADO FEDERAL, 1967; MATIAS,
2007)
Em 21 de outubro de 2002, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA),
estabeleceu em normas legais, o Procedimento Operacional Padrão (POP) com a
formulação da RDC 275. Este tem como objetivo instruir sequências para realização
de operações rotineiras e específicas, sendo estabelecido em 8 pontos principais,
entre eles: Higienização das instalações, equipamentos, móveis e utensílios;
Controle de potabilidade da água; Higiene e saúde dos manipuladores; Manejo de
resíduos; Manutenção preventiva e calibração de equipamentos; Controle Integrado
de Vetores e Pragas Urbanas; Seleção das matérias primas, ingredientes e
embalagens e Programa de recolhimento de alimentos (ANVISA, 2002; MATIAS,
2007).
Os POPs referentes ao controle integrado de vetores e pragas urbanas devem
contemplar as medidas preventivas e corretivas destinadas a impedir a atração, o
abrigo, o acesso e ou a proliferação de vetores e pragas urbanas (ANVISA, 2002;
MATIAS, 2007, SOUZA, 2011).
O Controle Integrado de Pragas tem como objetivo evitar que as pragas se
instalem no estabelecimento, visando métodos preventivos como a implantação de
Boas Práticas de Fabricação e métodos corretivos com a adoção de manutenção
das instalações e colocação de armadilhas para controle, e caso não haja resultado
a utilização de produtos químicos (GIORDANO, 2004).
5.1 ROEDORES SINANTRÓPICOS COMENSAIS
São considerados roedores sinantrópicos comensais ratos e camundongos que
dependem unicamente do homem para sua sobrevivência, em virtude de terem seus
ambientes naturais prejudicados pelo próprio homem, entre as espécies comensais
37
encontramos a ratazana (Rattus norvegicus), o rato do telhado (Rattus rattus) e o
camundongo (Mus musculus) (FUNASA, 2002; ISHIZUKA, 2008).
Estes animais competem diretamente com o homem por alimentos, estima-se
uma perda anual de até 8% da produção mundial de cereais e raízes, a perda pode
ser maior se for considerado contaminação dos alimentos, farelos e rações para
animais, por urina e fezes e o desperdício pelo rompimento de sacarias e outras
embalagens (ZUBEN, 2006; NAGANO, 2011).
Além de causarem prejuízos econômicos, estão diretamente associados à Saúde
Pública em decorrência de serem reservatórios para agentes de zoonoses (doenças
transmitidas do animal para homem), entre elas: Coriomeningingite Linfocitária,
Hantavirose, Leptospirose, Tifo Murino, Salmonelose, Peste, Raiva, Triquinelose e
toxoplasmose (ZUBEN, 2006; ISHIZUKA, 2008; NAGANO, 2011).
Rato é o nome comum dado a diferentes espécies de mamíferos da ordem dos
Roedores (PUZZI, 1986). Existem cerca de 2.000 espécies de roedores no mundo,
representando em torno de 40% de todas as espécies de mamíferos existentes
(FUNASA, 2002).
“ Vivem em qualquer ambiente terrestre que lhes dê condições de sobrevivência”
(FUNASA, 2002). Possuem extraordinária variedade de adaptação ecológica,
suportando os climas mais frios e os mais quentes, suportam grandes altitudes, em
cada região podem mostrar um grande número de adaptações fisiológicas, são
habilidosos e resistentes, devido a estas adaptações, o controle desta praga requer
o conhecimento de sua biologia e de seu comportamento. (PUZZI, 1986; FUNASA,
2002; ISHIZUKA, 2008).
5.2 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS RATOS
Os ratos são animais que possuem grande capacidade de reprodução. Regra
geral, uma fêmea produz cerca de 3 a 7 ninhadas por ano, com um período de
gestação de 25 dias, nascendo 6 a 14 filhotes, que por sua vez alcançam a fase de
reprodução após um período de 3 a 4 meses de idade. (PUZZI, 1986).
Para compensar a má visão, os ratos possuem excelente olfato, audição e tato
(localizado nos seus longos bigodes e em pelo maiores distribuídos em toda
extensão do corpo). Possuem também, dentes incisivos, que crescem até 3
milímetros por semana, que os permitem roer e abrir orifícios em madeira, sacarias,
38
tijolos, tubos de cobre e romper fios de condução elétrica, afim de desgastar os
dentes; possuem grande agilidade podendo passar de um local ao outro por cordas
e até mesmo saltar; podem cavar extensivos túneis horizontais e buracos;
apresentam facilidade em nadar desde o segundo mês de vida, podendo nadar de
500 a 800 metros contra corrente em redes de esgoto. (PUZZI, 1986; ZUBEN, 2006;
NAGANO, 2011; ENCOPPRAGAS, 2012).
Vivem em colônias, onde acumulam comida recolhida nos locais, migram em
massa por motivo de inundações, incêndios, falta de alimentos disponíveis, além da
migração sazonal (PUZZI, 1986). São ativos durante a noite, porém se o nível
populacional está muito elevado ou o alimento disponível é insuficiente para a
colônia, eles saem de seus abrigos durante o dia (PUZZI, 1986; ZUBEN, 2006).
Os ratos podem fazer comunicação química através de uma substância
secretada pelo próprio organismo, que influenciam no comportamento de outro da
mesma espécie, chamada de feromônios. Os feromônios podem envolver diversas
mensagens específicas, quase sempre relacionadas com a preservação da espécie
(PUZZI, 1986), como por exemplo, o Efeito Bumerangue.
Podemos exemplificar como efeito bumerangue, quando ocorre excesso de
indivíduos numa colônia e a oferta de alimento é escassa, os animais começam a
apresentar mecanismos biológicos ocasionando baixa fecundidade e baixa
fertilidade, diminuição ou supressão dos cios e, principalmente canibalismo dos
recém-nascidos, como objetivo de auto regulação da colônia a níveis populacionais
compatíveis com a própria sobrevivência. Suponha que uma colônia apresente 10
ratos e que 4 desses ratos tenham sido eliminados restando apenas 6 adultos,
começará a haver sobra de alimento devido a falta dos 4 ratos, neste momento irá
desencadear uma série de mecanismos biológicos inversos aos que vinham
limitando o crescimento excessivo da colônia, entre os quais as fêmeas entrarão no
cio, voltarão a ser férteis e os recém-nascidos não serão canibalizados, com o
objetivo de preservar a espécie (FUNASA, 2002; NAGANO, 2011).
39
Figura 10 – MORFOLOGIA COMPARATIVA DAS ESPÉCIES DE ROEDORES
SINANTRÓPICOS
Fonte: ISHIZUKA, 2008.
5.3 RATAZANA – Rattus norvegicus
Conhecida também como rato de esgoto (Figura 11) é a espécie mais comum na
faixa litorânea brasileira, dos ratos comensais a ratazana é considerada a maior e
mais pesada. Apresenta coxas robustas, orelhas pequenas, cauda menor que o
corpo, podendo pesar 150 a 600 gramas, com um comprimento podendo chegar a
22 centímetros (Figura 11.1) (PUZZI, 1986; FUNASA, 2002).
Figura 11 – RATAZANA OU RATO DE ESGOTO
Fonte: FUNASA, 2002.
40
Figura 11.1 – CARACTERÍSTICA DA RATAZANA
Fonte: ISHIZUKA, 2008.
É uma espécie de hábito fossorial (hábito de cavar) (FUNASA, 2002; ISHIZUKA,
2008). Abrigando-se abaixo do solo, as ratazanas são encontradas em galerias de
esgoto ou pluviais, caixas subterrâneas de telefone, margens de córregos e interior
de instalações (ZUBEN, 2006).
O território ou raio de ação raramente ultrapassa 50 metros, este é ativamente
defendido de intrusos, que são expulsos pelos indivíduos dominantes da colônia
(FUNASA, 2002; ISHIZUKA, 2008). A ratazana possui vida média de 24 meses,
chegando a sua maturidade sexual entre 60 a 90 dias de idade, quando fertilizada, a
fêmea tem sua gestação em média de 22 a 24 dias, podendo dar uma ninhada entre
7 a 12 filhotes (FUNASA, 2002; NAGANO, 2011).
Apresentam neofobia marcante, caracterizada pela desconfiança por objetos e/ou
alimentos novos colocados no seu território, embora este comportamento apresente
variação individual e ou populacional, sendo mais acentuado nos locais de pouco
movimento de pessoas e objetos. Assim sendo, as medidas de controle são de difícil
aplicação e os resultados são obtidos a longo prazo, em decorrência da natural
aversão inicial por iscas, porta-iscas e armadilhas colocadas no ambiente. Em locais
de movimento contínuo de pessoas, objetos e mercadorias, a neofobia é menos
acentuada ou inexistente e os novos alimentos (iscas) e objetos (armadilhas)
41
despertam imediata atenção, facilitando o controle (FUNASA, 2002; ISHIZUKA,
2008).
A dispersão das ratazanas ocorre por razões diversas e atribui-se,
principalmente, à redução da disponibilidade de alimento e de abrigo por alterações
ambientais, mas também podendo ocorrer passivamente, sendo transportadas em
caminhões, navios, trens e containers. A urbanização desenfreada e sem
planejamento como as expansões de favelas e loteamentos clandestinos tem
favorecido o crescimento da população e dispersão da ratazana (FUNASA, 2002;
ZUBEN, 2006; ISHIZUKA, 2008).
5.4 RATO DO TELHADO – Rattus rattus
Conhecido também como rato preto e rato do silo (Figura 12) é predominante na
maior parte do Brasil, sendo comum nas propriedades rurais e pequenas e médias
cidades do interior (ISHIZUKA, 2008). Apresenta coxa delgada, pele dura, orelhas
grandes e cauda mais comprida que o corpo, podendo pesar 100 a 350 gramas,
com um comprimento podendo chegar a 20 centímetros (Figura 12.1) (PUZZI, 1986;
FUNASA, 2002).
Figura 12 – RATO DO TELHADO OU RATO PRETO
Fonte: FUNASA, 2002.
42
Figura 12.1 – CARACTERÍSTICAS DO RATO DE TELHADO
Fonte: ISHIZUKA, 2008.
É uma espécie de hábitos elevados, vivendo em forros, telhados e sótãos, onde
constroem ninhos e descem ao solo somente para buscar alimentos e água
(FUNASA, 2002; ZUBEN, 2006; ISHIZUKA, 2008).
Seu raio de ação tende a ser maior que o da ratazana, devido à sua habilidade
em escalar superfícies verticais e à facilidade com que anda sobre fios, podendo
atingir a um raio de 60 metros. (FUNASA, 2002; ISHIZUKA, 2008). O rato de telhado
possui vida média de 18 meses, chegando a sua maturidade sexual entre 60 a 75
dias de idade, e quando fertilizada, a fêmea tem sua gestação em média de 20 a 22
dias, podendo dar uma ninhada entre 7 a 12 filhotes (FUNASA, 2002; NAGANO,
2011).
A dispersão do rato de telhado em zonas urbanas tem sido facilitada pelas
características de verticalização das grandes cidades aliadas aos modelos de
construção e decoração dos modernos prédios de escritório: forros falsos e galerias
técnicas para passagem de fios e cabos, permitem o abrigo e a movimentação
vertical e horizontal desta espécie (FUNASA, 2002; ISHIZUKA, 2008).
43
5.5 CAMUNDONGO – Mus musculus
Conhecido também como mondongo, rato de gaveta e rato caseiro (Figura 13), é
a espécie que atinge maior nível de dispersão, sendo encontrado praticamente em
todas as regiões (FUNASA, 2002; ISHIZUKA, 2008). São roedores de pele macia,
orelhas grandes, comparadas com seu porte pequeno, o comprimento de sua cauda
é igual ao do seu corpo, podendo pesar 10 a 30 gramas, com um comprimento
podendo chegar a 8 centímetros (Figura 13.1) (PUZZI, 1986, FUNASA, 2002).
Figura 13 – CAMUNDONGO OU RATO CASEIRO
Fonte: FUNASA, 2002.
Figura 13.1 – CARACTERÍSTICAS DO CAMUNDONGO
Fonte: ISHIZUKA, 2008.
44
Seu raio de ação é pequeno podendo chegar até 5 metros seu território, fazem
seu ninhos no interior de gavetas, estufas e podem também cavar pequenos ninhos
no solo, semelhante aos das ratazanas (FUNASA, 2002; ISHIZUKA, 2008). O
camundongo possui vida média de 12 meses, chegando a sua maturidade sexual
entre 42 a 45 dias de idade, quando fertilizada, a fêmea tem sua gestação em média
de 19 a 21 dias, podendo dar uma ninhada entre 3 a 8 filhotes (FUNASA, 2002;
NAGANO, 2011).
Quadro 1 – RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DE BIOLOGIA DOS ROEDORES
SINANTRÓPICOS
Caracteristicas
Rattus
norvegicus Rattus rattus Mus musculus
Peso 150g a 600g 100g a 350g 10g a 21g
Comprimento 22 cm 20 cm 9 cm
Habitat
tocas galerias no
subsolo,
Forros, sótons, paióis,
silos
interior de
moveis, dispen-
beira de córregos,
lixões,
e armazéns; podem
viver sas, armários.
Interior de
instalações. Em arvores.
Raio de ação 50 m 60 m 3 a 5 m
Habilidades
nadador, cava
tocas
escalador, raramente
cava
escalador, pode
cavar
Gestação 22 a 24 dias 20 a 22 dias 19 a 21 dias
ninhadas/ano 8 a 12 4 a 8 5 a 6
Filhotes/
ninhada 7 a 12 7 a 12 3 a 8
maturidade
sexual 60 a 90 dias 60 a 75 dias 42 a 45 dias
vida média 24 meses 18 meses 12 meses
Fonte: FUNASA, 2002; NAGANO, 2011.
45
São considerados animais curiosos, isto é, não apresenta comportamento de
neofobia, característico das ratazanas e ratos de telhado. Podem penetrar em 20 a
30 locais por noite em busca de alimento, podendo trazer sérios problemas de
contaminação de alimentos em dispensas e depósitos em geral, além de dificultar o
seu controle por raticidas (FUNASA, 2002).
5.6 CONTROLE INTEGRADO DE PRAGAS
O controle integrado de pragas foi um conceito originalmente criado para
combater pragas na agricultura e adaptou-se perfeitamente ao combate de pragas
urbanas (BIOMAX, 2012).
Pode-se dizer que o controle integrado divide-se em 3 partes: as medidas
preventivas que tem como intuito principal de treinar e aplicar as boas práticas de
fabricação para os funcionários da empresa, as medidas corretivas que engloba toda
parte de manutenção do local e colocação de armadilhas, e por fim, o controle
químico que entra apenas quando as medidas preventivas e medidas corretivas não
são efetivas (Figura 14) (VIEIRA, 2003; GIORDANO, 2004; MATIAS, 2007).
Figura 14 – QUADRO DEMONSTRATIVO DO CONTROLE INTEGRADO DE
PRAGAS
Fonte: O PRÓPRIO AUTOR, 2012
46
5.6.1 Medidas preventivas
As medidas preventivas visam eliminar ou minimizar os riscos de ocorrência de
roedores (GIORDANO, 2004). Compreendem trabalhos de educação dos
funcionários e implantação de Boas Práticas de Fabricação, recomendando-se:
programa de higienização diária dos locais (Figura 15); inspeção de veículos (Figura
15.1), embalagens e produtos recebidos para evitar a entrada da praga no
estabelecimento; evitar produtos diretos ao chão e perto das paredes e fazer a
limpeza diária nos depósitos de estocagem; Não devem existir sacarias abertas com
vazamento de produtos; produtos devem ser estocados em paletes e protegidos
(Figura 15.2); instalar dispositivos de auto fechamento nas portas; vistoriar possíveis
acessos (Figura 15.3) e abrigos; os lixos devem ser devidamente acondicionados
em lixeiras fechadas, e retirado com frequência; os alimentos devem ser protegidos,
guardados em prateleiras ou armários fechados, em locais de difícil acesso para
roedores; evitar materiais em desuso e mato não aparado; ao instalar ratoeiras,
aplicar com antecedência inseticida no local contra ectoparasitas que habitam o rato;
armadilhas de mola ou adesivas devem ser instaladas em base próprias que evitem
contaminação do ambiente pela praga capturada; presença de fezes (Figura 15.4),
roeduras, trilhas, pegadas (Figura 15.5) e ninhos de ratos devem ser notificados à
empresa para tomar providências; fornecer palestras de educação sanitária a todos
os envolvidos com a fabricação e operação de produtos alimentícios (PUZZI, 1986;
VIEIRA, 2003; GIORDANO, 2004; ZUBEN, 2006).
Figura 15 – HIGIENIZAÇÃO DIÁRIA DO ESTABELECIMENTO
Fonte: VIEIRA; CABRAL, 2001.
47
Figura 15.1 – INSPEÇÃO DE VEÍCULOS E PRODUTOS RECEBIDOS
Fonte: MECALUX, 2002.
Figura 15.2 – PRODUTO ARMAZENADO EM PALETE E PROTEGIDO
Fonte: LEITE; NASCIMENTO, 2011.
48
Figura 15.3 – ACESSO PARA ROEDORES
Fonte: NAGANO, 2011.
Figura 15.4 – PRESENÇA DE FEZES DE ROEDORES
Fonte: NAGANO, 2011.
Figura 15.5 – PEGADAS DE ROEDORES
Fonte: NAGANO, 2011.
49
5.6.2 Medidas corretivas
As medidas corretivas visam à instalação de barreiras físicas que impeçam o
acesso da praga no local e a colocação de armadilhas, para captura e também
identificação da espécie infestante (GIORDANO, 2004). Recomenda-se: que as
linhas de esgoto e efluentes sejam totalmente isoladas (Figura 16); válvulas anti
refluxo devem ser instaladas na saída de tubulação de esgoto; eliminar ou proteger
fontes de água como poços, caixas de água e outros reservatórios; as paredes das
instalações devem ser lisas e sem rachaduras ou buracos que possam servir de
abrigo para o roedor, devem ser fechados; locais de acesso como por exemplo,
ralos e janelas, devem ser telados (Figura 16.1); alicerces devem ser providos de
chapas metálicas nas junções com as paredes, para evitar que o roedor consiga
subir; colocação de armadilhas com cola adesiva (São excelentes, mas sofrem
restrições de carácter humanitário em virtude da lenta agonia a que o animal
capturado é submetido) (Figura 16.2), ratoeiras (Figura 16.3) e gaiolas (Figura 16.4)
(PUZZI, 1986; GIORDANO, 2004; ZUBEN, 2006).
Figura 16 – BUEIRO FECHADO
Fonte: LEITE; NASCIMENTO, 2011.
Figura 16.1 – JANELA PROTEGIDA COM TELA
Fonte: NAGANO, 2011.
50
Figura 16.2 – ARMADILHA COM COLA ADESIVA PARA ROEDORES
Fonte: SOLO STOCKS, 2012.
Figura 16.3 – RATOEIRA
Fonte: LEITE; NASCIMENTO, 2011.
Figura 16.4 – GAIOLA PARA CAPTURA DE ROEDORES
Fonte: FUNASA, 2002.
51
5.6.3 Controle químico
O controle químico será empregado, quando as medidas preventivas e corretivas
de controle de roedores não tiver êxito. Lembrando, que o controle químico constitui
um complemento, mas nunca poderão substituir as Boas Práticas de Higiene nos
estabelecimentos alimentícios (GIORDANO, 2004).
O controle é praticado através de substâncias naturais ou sintéticas, capazes de
promover a morte dos roedores que as ingerirem. São chamadas genericamente de
raticidas, ainda que o termo correto devesse ser rodenticidas. Os raticidas podem
ser divididos, quanto à rapidez de sua ação, em agudos que provocam a morte do
roedor nas primeiras 24 horas após a ingestão, e em crônicos que provocam a morte
do roedor após as primeiras 24 horas (FUNASA, 2002).
Os raticidas agudos foram amplamente utilizados até a primeira metade do
século XX, são compostos inespecíficos, geralmente de formulações líquidas
(ZUBEN, 2006) e a maioria não possui antídoto, podendo levar o homem ou animais
a óbito na ingestão acidental. Devido a isso foram proibidos no Brasil, entre eles:
Estricnina e Arsênico; Monofluoracetato de sódio, Sulfato de Tálio, Chumbinho e
Piriminil-uréia (FUNASA, 2002; NAGANO, 2011). A estricnina e o arsênico são
alcalóides de sabor amargo, eram frequentemente rejeitados pelo roedor e também
responsável por graves acidentes com morte de outros animais, sua apresentação
geralmente é na forma líquida; o Monofluoracetato de sódio até 1982 era liberado
apenas para utilização em campanhas de saúde pública, apresentava-se em forma
líquida inodora; o sulfato de tálio era apresentado na forma de pasta, eficaz no
combate a roedores porem possui um risco elevado para o manipulador, sendo
banido (ISHIZUKA, 2008).
Os raticidas crônicos foram descobertos devido à busca de uma solução para o
problema de transmissão de doenças ao homem por roedores em trincheiras na
Segunda Guerra Mundial, quando foi desenvolvido o raticida anticoagulante
denominado de Warfarina pertencente ao grupo dos Hidroxicumarínicos, conhecido
no Brasil como Cumafeno. Os raticidas anticoagulantes apresentam relativa
segurança de uso e existem antídotos confiáveis como tratamento, devido a isso
estes raticidas dominam o cenário até os dias atuais (FUNASA, 2002). Agem na
inibição da síntese de protrombina (causa deficiência nos fatores II, VII, IX e X)
52
causando a morte do roedor por hemorragias de órgãos internos depois de alguns
dias da ingestão (PUZZI, 1986; ISHIZUKA, 2008).
Os hidroxicumarínicos apresentam-se como ação de dose múltipla e ação de
dose única. O hidroxicumarínico de dose múltipla tem efeito cumulativo, isto significa
que o roedor terá que ingerir mais de uma vez a isca envenenada, ocorrendo num
prazo médio variável entre 2 e 5 dias o óbito, o que impede que os demais membros
da colônia percebam o que os está eliminando, porém os roedores acabaram
adquirindo resistência no início de 1976 incentivando a criação dos
hidroxicumarínicos de dose única (FUNASA, 2002; ISHIZUKA, 2008).
Ao contrário da dose múltipla, a dose única não tem efeito cumulativo,
necessitando que o roedor ingira apenas 1 dose, para entrar em óbito entre 3 a 7
dias após ingerir a isca envenenada. Devido a maior toxicidade que os de dose
dupla, devem ser empregados com bastante cuidado para evitar acidentes por
intoxicação. (FUNASA, 2002; ISHIZUKA, 2008).
Os primeiros compostos do grupo dos hidroxicumarínicos de dose única foram os
brodifacoum e o bromadiolone, são utilizados no mundo todo em campanhas de
saúde pública e nas desratizações isoladas com muito sucesso. Os raticidas podem
ser formulados em forma de iscas, pós de contato e blocos impermeáveis (FUNASA,
2002).
Dentre os produtos comerciais de raticidas permitidos pelo Ministério da Saúde e
autorizados para utilização em indústrias alimentícias, encontramos 2 produtos do
grupo brodifacoum, o ratol granulado (formulado em forma de isca) e o klerat bloco
parafinado (formulado em forma de blocos impermeáveis) (CARREFOUR, 2012).
5.6.3.1 Ratol granulado
Pertence ao grupo químico de ação anticoagulante, derivado do cumarínico, é
formulado pela empresa Chenome Industrial Química do Nordeste Ltda. É um
raticida à base de Brodifacoum, formulado com 100% de semente de girassol. Dose
única é indicado para aplicação em áreas internas e externas. Registro no Ministério
da Saúde sob o n° 3.2398.0021.001-2. (CHENOME, 2012).
53
Figura 17 – RATOL GRANULADO
Fonte: CHENOME, 2012.
5.6.3.2 Klerat bloco parafinado
Raticida a base de Brodifacoum de dose única de alta eficiência, apresentando o
composto Bitrex que é uma substância amargante especialmente para prevenir a
ingestão por animais domésticos e seres humanos, não sendo detectada pelos
roedores. Registro no Ministério da Saúde sob n° 3.0119.0024 (SYNGENTA, 2012).
Figura 17.1 – KLERAT BLOCO PARAFINADO
Fonte: SYNGENTA, 2012
54
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vários fatores podem influenciar diretamente ou indiretamente na contaminação
dos alimentos como: irregularidades na produção dos alimentos, no processamento,
no transporte, na conservação, na comercialização e principalmente nas más
condições de higiene na manipulação. Devido a isso, ressalta a importância do
Médico Veterinário em treinar e supervisionar os funcionário, e inspecionar as
condições higiênico sanitárias dos estabelecimentos e as práticas de manipulação
de alimentos, sob conduta de orientação, para prevenir que Produtos de Origem
Animal de qualidade insatisfatória chega à mesa do consumidor.
O grande desafio do Médico Veterinário atualmente é se fazer entender para a
conscientização dos funcionários, devido a falta de instrução pessoal e profissional
que estes apresentam, a respeito de Segurança Alimentar, Higiene, Trabalho em
equipe e disciplina
Devido aos danos possíveis causados por roedores à Saúde Pública, o controle
integrado de pragas tem papel fundamental no combate deste mal, dai a importância
dos estudos nesta área serem cada vez mais constantes para que se aumente as
possibilidades de diminuir a contaminação de alimentos, fazendo com que as
pessoas tenham uma maior qualidade de vida.
55
7 REFERÊNCIAS
ANVISA, 1997. RDC 326, Regulamento Técnico sobre as Condições Higiênico-
sanitárias de fabricação para estabelecimentos Produtores e Industrializadores de
alimentos. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/legis/portarias/326_97.htm.
ANVISA, 2002. RDC 275, Regulamento Técnico de Procedimento Operacionais
Padronizados aplicados aos estabelecimentos Produtores e Industrializadores de
alimentos e a lista de verificação das Boas Práticas de Fabricação. Disponível em:
http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/2002/275_02rdc.htm
ANVISA, 2004. RDC 216, Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de
Alimentação.Disponível: http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/2004/rdc/216_04rdc.htm
CHENOME, 2012. Disponível em: http://www.chemone.com.br/index.php/nossos-
produtos/saude-ambiental/raticidas-profissionais/ratol-granulado-profissional-gs/
ENCOPPRAGAS, Baratas, Moscas e Ratos. Disponível em
http://www.encoppragas.com.br/baratas_12.html. Acesso em 20/10/2012.
FUNDAÇÃO NACIONAL DA SAÚDE. Manual de Controle de Roedores. Brasília,
2002.
GIORDANO, José C. Controle Integrado de Pragas – C.I.P. 2004.
ISHIZUKA, Masaio M. Controle de roedores na suinocultura moderna. Porkworld 44,
ano 7, 2008.
LEITE, Germano L.D; NASCIMENTO, Aline F. Pragas de Instalações. Minas Gerais,
2011.
56
MAPA, 1997. Portaria n° 368, Regulamento Técnico sobre as condições Higienico-
Sanitárias e de Boas Práticas de elaboração para estabelecimentos Elaboradores e
Industrializadores de alimentos. Disponível: http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-
consulta/consultarLegislacao.do?operacao=visualizar&id=3015
MATIAS, Ricardo S. O controle e pragas urbanas na qualidade do alimento sob a
visão da legislação federal. Campinas, 2007. P 93-98.
NAGANO, Maria H. Baratas- Biologia e Controle, Pombos e Ratos- Biologia e
Controle. Curitiba, 2011.
PUZZI, domingos. Abastecimento e armazenagem de grãos. Campinas, 1986. P
319-338.
SENADO FEDERAL. Decreto lei nº209, de 27 de fevereiro de 1967. Brasília, 1967.
Disponível em: www.senado.gov.br/legislação. Acessado em 20/10/2012.
SYNGENTA,2012.Disponível:http://www.syngenta.com/country/br/pt/produtosemarca
s/controle-de-pragas-urbanas-e-de-jardim/produtos/Pages/klerat.aspx
SOUZA, Almir L. Introdução ao Manejo Integrado de Pragas. Curitiba, 2011.
VIEIRA, Guilherme A. Controle de pragas em frigoríficos, 2003.
Top Related