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SINDICATO E MÉDICOS EM GRANDEMOBILIZAÇÃO NO INTERIOR E CAPITAL

Jornal do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais

ImpressoEspecial

9912163762/2007 DRMG

Sind. dos Médicos Estado MG

...CORREIOS...

Ano 5 - nº 22 - maio/junho 2009

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SEMINÁRIO

INFORMAÇÃO E PESQUISA COOPERATIVISMO

TRABALHO MÉDICO

Sinmed-MG participa deencontro da Fenam sobre médicos e mídia

Promovido pela Federação Nacional dos Médicos(Fenam), a quarta edição do seminário Médico/Midia,dias 16 e 17 de abril, no Rio de Janeiro, discutiu arelação entre o médico e a imprensa de uma formaenriquecedora para os dois lados. O departamento deComunicação do Sinmed-MG contou um pouco daexperiência do sindicato no relacionamento com aimprensa mineira.

SAÚDE PÚBLICA

Congresso internacional apontou caminhos para asaúde pública mundial

O Sindicato dos Médicos de Minas Gerais participoudo 12º Congresso Mundial de Saúde Pública, emIstambul, na Turquia. No encontro, especialistas detodo o mundo discutiram estratégias para a for-mulação de políticas eficazes para a saúde pública. Aexperiência do SUS no Brasil, relatada pelo ministroda Saúde, José Gomes Temporão, chamou a atençãodos países presentes.

Novo departamento vai

subsidiar o sindicato nas

campanhas nos vários

municípios do Estado

II Fórum Nacional de

Cooperativismo Médico

acontece em Brasília, com

presença do Sinmed-MGPÁG

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RETRATO DA PROFISSÃO

O médico João Batista

Marinho fala da profissão

de obstetra e do trabalho

no Hospital Sofia Feldman

PÁGINAS 4, 5, 6 e 7

PÁGINA 7 PÁGINA 9

PLANO DE CARREIRA

Médicos já têm umplano-modelo de carreiraelaborado pela Fenam

Depois de dois anos de trabalho, a Fenam concluiu oplano-modelo para a carreira do médico. O plano foielaborado com a consultoria da Fundação GetúlioVargas e será um importante referencial, tanto paraas lutas da categoria como para os gestores. Após olançamento, em data a definir, todos os esforços vãose concentrar na divulgação do documento nosdiferentes Estados.

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Em vários municípios do interior doEstado, cidades da região metropolitana ecapital mineira, o Sinmed-MG participadas lutas dos médicos por melhor re-muneração, condições de trabalho ade-quadas e respeito aos direitos da categoria.Barbacena, Betim, Belo Horizonte, Con-tagem, Pedro Leopoldo, Monte Carmelo,Ribeirão das Neves e Uberlândia sãoalguns dos municípios onde o sindicatoestá em negociação com as prefeiturasou governo do Estado. A base do Sin-med-MG compreende 729 municípiosem Minas Gerais, do total de 852.

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TRABALHO MÉDICO - MAIO/JUNHO 2009SINMED-MG EM FOCO2

O Sinmed-MG acaba de criar o departamento deInformação e Pesquisa, um importante passo parafortalecer a entidade na luta por melhores condiçõessalariais e de trabalho.

Geraldo Ribeiro, coordenador do projeto, explicaque o departamento tem o objetivo de aprofundar oconhecimento sobre a realidade dos municípios dabase do Sinmed-MG: "As informações vão servir deretaguarda para as ações do sindicato e tambémcomo um instrumento de argumentação na mesa denegociação", afirma.

O coordenador destaca que praticamente todas asinformações coletadas provêm de fontes públicascomo o Instituto Brasileiro de Geografia e Es-tatística (IBGE), DataSus, Ministério da Saúde, Fun-dação João Pinheiro e Controladoria Geral da União-Portal da Transparência. "O fato dos dados serempúblicos significa informação de qualidade combaixo investimento", afirma Ribeiro.

Entre os indicadores que o sindicato utiliza parafazer o retrato dos municípios estão orçamentospúblicos e dados demográficos, epidemiológicos eda rede de assistência. O sistema permite uma ava-liação da evolução histórica desses indicadores e jáestá sendo utilizado nas negociações em andamento.

Segundo ele, o sindicato sempre buscou conhecera realidade dos municípios, mas com o departamentoisso será feito de forma mais sistematizada. Asdiversas etapas do trabalho incluem: definição deindicadores, definição das fontes, coleta e siste-matização das informações, análise dos dados, dis-seminação e utilização das informações.

Inicialmente, as informações estarão disponíveispara a diretoria do Sinmed-MG. Na segunda fase, osrelatórios técnicos elaborados a partir dos dadoslevantados serão disponibilizados no site do sin-dicato e no jornal "Trabalho Médico".

A equipeO coordenador Geraldo Ribeiro é membro do

Conselho Diretor do sindicato, mestre em Epide-miologia e especialista em Gestão Estratégica daInformação. Também integram a equipe o admi-nistrador de empresas, Marcus Zattar, que atuou comogerente administrativo do Sinmed-MG por quatroanos, e Kátia Cirene de Aguiar Vieira, consultora emGestão de Processos e Informações e especialista emAdministração de Sistemas de Informação, com dezanos de experiência na área.

SINDICATO CRIA DEPARTAMENTO DE INFORMAÇÃO EPESQUISA PARA CONHECER A FUNDO CADA MUNICÍPIO

FIQUE POR DENTROEXPEDIENTE

Publicação do Sinmed-MG

Sindicato dos Médicos de Minas Gerais

Rua Padre Rolim, 120 - São Lucas 30130 090 - BH - MG Fone: (31) [email protected] – www.sinmedmg.org.br

Conselho Diretor - Diretoria Executiva: AméliaMaria Fernandes Pessôa, André Christiano dos Santos,Cristiano Gonzaga da Matta Machado, Fernando Luiz deMendonça, Jacó Lampert, Maria Madalena dos Santos e Souza,Paulo Eustáquio Marra Pinto.. Licenciados: Aroldo Gonçalvesde Carvalho e Élson Violante Conselho Diretor - Demais Membros: Aloísio Daherde Melo, Camilo Batista Goulart, Djard Lisboa MoreiraFilho, Eduardo Almeida Cunha Filgueiras, Geraldo JoséCoelho Ribeiro, Luís Edmundo Noronha Teixeira, LuizFelipe Viotti Fernandes, Margarida Constança Sofal Delgado,Maria de Fátima Braz, Regina Fátima Barbosa Eto, SalimAntônio Issa. Departamento estatutário: Marco AntônioTorres (Saúde do Trabalhador) Conselho Fiscal: Eliane de Souza, Helder Avelino YankousSantos (licenciado), José Alvarenga Caldeira, Josemar de AlmeidaMoura, Luciana Rabelo Ferreira, Maria Lucinda Macedo Foureaux. Ouvidoria Sindical: Ewaldo A. Fraga de MattosJúnior e Márcio Costa Bichara.Assessoria de Comunicação: Mônica Salomão - MT10.543/MG e Camila de Ávila - DRT 12.669/MG,Rosângela Costa - MT 11.320/MGJornalista Responsável: Regina Perillo - MT 11.697/SPTextos e Edição: Regina Perillo ComunicaçãoProjeto gráfico: Zoo ComunicaçãoDiagramação e ilustrações: Genin GuerraFotos: Gláucia RodriguesImpressão: Gold GráficaTiragem: 24.500 exemplares

OS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DERESPONSABILIDADE DOS AUTORES

EDITORIAL

O Sinmed-MG vive um momento de grandemovimentação, com várias campanhas em an-damento no interior e na capital. Algumas rei-vindicações fazem parte da pauta comum detodos os médicos do Estado, como a melhoriadas condições de trabalho, o que inclui desde arealização de concursos públicos até a garantiade equipes completas de serviços. A luta tam-bém é a mesma na busca de uma remuneraçãodigna e condizente com as exigências da pro-fissão de médico. O salário mínimo profissionaldefendido pela Fenam, de R$8.239,24 é umareferência nacional a ser alcançada.

Apesar dos pontos em comum, a realidade decada município é única, com diferentes gestorese problemas, diversidade que exige do sindicatoum olhar atento para seguir o caminho quelevará ao êxito das negociações.

Nesse aspecto, destacamos o importante passo

para fortalecer as lutas da categoria, com a criaçãodo departamento de Informação e Pesquisa. Ainiciativa vai subsidiar com informações o traba-lho do Sinmed-MG nas campanhas salariais. Osindicadores que levantaremos, em fontes pú-blicas, vão fundamentar as nossas argumenta-ções, nas mesas de negociação.

É importante lembrar que as lutas não acon-tecem apenas no campo da saúde pública. O sin-dicato tem estado presente, de várias maneiras,também na busca de melhorias para os médicos dasaúde suplementar. Um segmento já consolidado,mas que ainda precisa avançar em termos de re-muneração e respeito aos direitos da categoria. Es-tamos representados nas diversas comissões so-bre honorários médicos, nas lutas pela consoli-dação da CBHPM e fazemos questão de participarem todos os níveis de discussão sobre o assunto,em encontros dentro ou fora de Belo Horizonte.

No dia 28 de maio, as três entidades médicas– Fenam, CFM e AMB – promovem um grandeevento em São Paulo – o Fórum Nacional emDefesa do Trabalho Médico no SUS, e o Sin-med-MG estará lá.

Em junho, o II Fórum Nacional de Co-operativismo Médico debate questões relacio-nadas ao cooperativismo no SUS e na saúdesuplementar. Uma discussão importante quesempre contou com a participação do sindicato.

São muitas frentes e em cada uma delas temosprocurado fazer um trabalho permanente emdefesa dos médicos. Uma ação vigorosa em quecada conquista deve ser celebrada com a certeza queestamos sempre avançando na busca de um sistemade saúde justo e que respeita a força de trabalhode maneira geral e dos médicos em particular.

Diretoria Sinmed-MG

Geraldo Ribeiro (sentado) com Kátia e Marcus

RP Comunicação

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Assembléia elege delegados sindicais Eleitos ao final da assembléia do dia

2 de abril, os delegados sindicais deContagem, que irão representar a ca-tegoria junto aos gestores e à po-pulação, reuniram-se para levantar osprincipais problemas referentes à infra-estrutura e condições de trabalho esalários dos médicos do município.

Há um ano como delegado sindicalda UAI Ressaca, unidade onde atuadesde 2005, o clínico geral Ricardo doNascimento Rodrigues considera seupapel um importante elo entre o localde trabalho e o sindicato. "A luta éconjunta, mas um representante emquem os colegas confiam e respeitam éfundamental para a mobilização", diz.Salários defasados, sobrecarga de tra-balho e falta do Plano de Cargos,Carreira e Salários, para valorizar aprofissão e atrair os médicos, são osprincipais problemas apontados por ele.

O delegado do PSF e membrodo Conselho Municipal de Saúde,Jorge Henrique Kothe Jannuzzi, tam-bém acredita que o delegado sin-dical é uma referência para os cole-gas na discussão e na busca desoluções junto ao Sinmed-MG paraas dificuldades enfrentadas no dia-a-dia de trabalho. Há dois anos no

cargo, ele conta que as ações dosindicato tiveram a adesão da mai-oria dos colegas. “Estou sempre emcontato com os médicos do PSF,seja pessoalmente, por e-mail outelefone. Nossas principais lutas sãopela melhoria da estrutura física eda remuneração e diminuição daviolência”, declara.

Conheça os delegados sindicais deContagem:Hospital Municipal de Contagem:

Helena Pinheiro Garrido (CRM 9504);Antônio Coelho Neto (CRM 21.875);Leonardo Augusto Silva Machado(CRM 32.413); George Neves deAlmeida (CRM 33.051)Maternidade: Paulo Eduardo Ma-chado Filho (CRM 43.990)Programa Saúde da Família: An-tônio Américo Paiva da Silva Martins(CRM 5.088); Jorge Henrique KotheJannuzzi (CRM 35.017)Uai Ressaca: Márcia Lima da Silva(CRM 9.048); Ricardo do Nasci-mento Rodrigues (CRM 38.590)Uai Petrolândia: Aloísio Castro Cam-braia (CRM 8.849)Famuc: Antônio Coutinho Dolabella(CRM 5.088)

TRABALHO MÉDICO - MARÇO/ABRIL 2009LUTAS SINDICAIS 3

PREFEITURA NÃO NEGOCIA REAJUSTE E MÉDICOS FAZEM PARALISAÇÃO

Em protesto à resposta negativa daPrefeitura sobre o reajuste salarial, osmédicos da rede pública de Contagemdecidiram, durante Assembléia GeralExtraordinária, no dia 21 de maio, pararas atividades por 24 horas no dia 2 de

junho. Os profissionais irão se con-centrar em frente ao Centro de Espe-cialidades Iria Diniz para distribuirpanfletos à população e explicar asrazões da paralisação.

Segundo Djard Lisboa, diretor do

CONTAGEM

MONTE CARMELO

O Sindicato dos Médicosestá unindo esforços para as-segurar os direitos trabalhistasaos médicos contratados da redepública de Monte Carmelo. Noinício de abril, eles foramdemitidos e "obrigados" a ade-rirem à Cooperativa NacionalMédica, a nova gestora da saúdeno município, caso queiramcontinuar atendendo. "Comoessa ação é uma arbitrariedade,o sindicato orienta aos médicosque resistam à instalação dacooperativa até que sejam ar-ticuladas estratégias de barrar aterceirização", explica o diretorEduardo Filgueiras.

Segundo ele, o Sinmed-MGrealizou uma primeira assem-bléia com os profissionais en-volvidos, já está avaliando ocaso sob o ponto de vista jurí-dico e, em breve, pretendebuscar apoio do MinistérioPúblico, órgão que também seposicionou contrário à deci-são da Prefeitura, juntamentecom o Conselho Regional deMedicina.

Filgueiras lembra que amaioria dos médicos trabalhahá muitos anos no setor pú-blico no esquema de reno-vação de contrato, um víncu-lo que já era precário e que vaipiorar ainda mais. "Além dis-so, com a terceirização, o in-teresse é maior na gestão do quena assistência, sendo a popula-ção a maior prejudicada", diz.

Outro questionamento dosindicato é sobre a idoneidadeda Cooperativa Nacional Mé-dica, que tem sede em SãoPaulo. "Não será um modelode gestão democrático, pois de-vido à distância, os médicosterão pouca possibilidade deinterferir e participar das deci-sões", completa o diretor.

Sinmed-MG e membro da comissão demobilização dos médicos de Contagem,a Prefeitura não tem se mostrado abertaa negociações, principalmente quanto aoreajuste salarial. Em reunião com oSinmed-MG, no dia 13 de maio, repre-sentantes da Secretaria Municipal deSaúde de Contagem e Secretaria deGoverno declararam a inviabilidade deconceder qualquer aumento. "A justifica-tiva é a mesma de todos os outros gesto-res: que o município está no limite da Leide Responsabilidade Fiscal, além de terapresentado uma queda de receita sig-nificativa em abril", conta Djard.

Além de melhores salários, a categoriadefende a imediata implantação do Planode Cargos, Carreira e Vencimentos (PCCV)acordada na campanha de 2007; garantiada extensão de benefícios e reajustesconcedidos aos médicos da Famuc paraaqueles vinculados à Administração Di-reta e melhorias das condições de infra-estrutura nas unidades de saúde.

Segundo o diretor, entre os itens rei-vindicados pela categoria, o único re-torno positivo apresentado pelos gesto-res até o momento foi em relação à im-plantação e homologação da Mesa Per-manente de Negociações do SUS. "Ain-da não tem nada definido, mas ficaramde atender essa proposta", diz o diretor.

Aprovar PCCV é prioridade

Em reunião com a diretoria dosindicato, no dia 1º de abril, o secretáriomunicipal de Saúde de Contagem, Eduar-do Penna, afirmou que aprovar o PCCVé uma das prioridades da gestão. "Osecretário disse que pretende aprová-loainda neste semestre, mas vai dependerdo encerramento das propostas queestão sendo elaboradas pela comissãoque trata do assunto", conta Djard.

Segundo o gestor, também terão prio-ridades a implantação de um protocolode ações para melhorar o fluxo de aten-dimento, aumentando o número de mé-dicos plantonistas; e a continuidade dasreformas das unidades de saúde. Pennadeclarou que as obras para ampliação daUAI Petrolândia estão em andamento e,até julho, serão disponibilizados 16 leitos,sendo oito femininos e oito masculinos.Em Nova Contagem, a reforma está pre-vista para terminar em setembro.

Prefeitura querterceirizar gestão da saúde e demite médicos

Ricardo Rodrigues

Jorge Jannuzzi

Arquivo Pessoal Arquivo Pessoal

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tegoria precisam ser atendidas comurgência", diz.

Ainda no dia 19 de maio foi rea-lizada nova assembléia. Sem avançonas negociações com o governo, osmédicos decidiram estabelecer prazode até 30 dias para que a direção dainstituição responda às reivindicações.

A categoria também deliberou pe-lo preenchimento do Livro de Ocor-rência para registrar os relatos de si-tuações adversas que dificultam ouimpedem o exercício da medicina.Os profissionais que atendem emlocais onde não há esse livro, devemfazer a solicitação ao Sinmed-MG.Como forma de protesto, os profis-sionais vão usar colete preto com osdizeres: "Ajude os médicos a salvar oHGIP e o Ipsemg!".

Principais reivindicações

A pauta, encaminhada pelo Sinmed-MG) no dia 12 de maio, à direção doIpsemg, contem os seguintes pleitos:

- Reposicionamento na carreira donível I para o nível IV, o que vai pro-porcionar reajuste imediato do venci-mento básico de R$ 1.050 para R$ 1.906,64;

- Apresentação de cronograma ofi-cial para que seja concedido aumentoreal, tendo como parâmetro o saláriomínimo profissional defendido pelaFederação Nacional dos Médicos(Fenam), no valor de R$ 8.239,24.

- Melhoria nas condições de trabalho,já que o instituto apresenta déficit deaproximadamente 150 médicos, e oHGIP problemas como falta do serviçode biópsia e aparelho de hemodinâmica.

TRABALHO MÉDICO - MAIO/JUNHO 2009LUTAS SINDICAIS4

Dando continuidade à luta por me-lhores condições salariais e de trabalho,os médicos do Instituto de Previdênciados Servidores do Estado (Ipsemg)fizeram uma paralisação de advertênciade 48 horas, com início às 7 horas do dia18 e término às 7 horas do dia 20 demaio. A paralisação foi decidida emassembléia geral realizada no dia 29 deabril. Os profissionais se concentraramem frente ao Serviço Médico de Ur-gência (SMU) e no Centro de Especia-lidades Médicas, onde distribuiram pan-fletos para os usuários do instituto.

Segundo levantamento realizado peloSinmed-MG, a adesão foi de 100% dosmédicos do Centro de EspecialidadesMédicas (CEM). No Hospital Gover-nador Israel Pinheiro (HGIP) somenteos casos de urgência e emergência foramatendidos. Os pacientes internados rece-beram atendimento normal. Duranteo período do protesto, aproximada-mente 2.500 consultas e 120 cirurgiasforam canceladas.

Para o diretor do Sinmed-MG JacóLampert, os médicos demonstram queestão mobilizados e organizados. "Osusuários foram avisados 15 dias antesda paralisação, o que prova que nossoobjetivo não é causar transtornos paraos servidores, mas mostrar aos ges-tores que as reivindicações da ca-

MÉDICOS FAZEM NOVA PARALISAÇÃO PORCONDIÇÕES DE TRABALHO E REENQUADRAMENTO

SEM RESPOSTA DA PREFEITURA, MÉDICOS DECIDEM PELA PARALISAÇÃO, MAS TJ IMPEDE O MOVIMENTO

IPSEMG

RIBEIRÃO DAS NEVES

Assembléia dia 29 de abril decide por paralisação de advertência

No dia 13 de maio, o Sinmed-MGrecebeu uma notificação do Tribunalde Justiça de Minas Gerais (TJMG)impedindo a paralisação dos médi-cos da rede pública de Ribeirão dasNeves, prevista para começar no dia14, por tempo indeterminado. O mo-vimento foi considerado ilegal e co-mo pena para quem descumprir adeterminação foi imposta uma multadiária de R$10 mil, inclusive para en-fermeiros e auxiliares, que estavamem greve desde o início do mês. "A pa-ralisação foi suspensa, mas o sin-dicato irá tomar as medidas judiciaiscabíveis para que essa liminar seja

anulada", declara o diretor do Sin-med-MG Fernando Mendonça.

O diretor explica que a decisão pelagreve foi tomada durante AssembléiaGeral Extraordinária, no dia 7 de maio,com a participação expressiva dos mé-dicos das unidades de saúde do muni-cípio, que continuam sem respostas so-bre os pleitos de reajuste salarial e me-lhoria das condições de trabalho. "Onosso objetivo é pressionar os gestores emostrar que a população vem sendoprejudicada com as deficiências do setorde saúde em Ribeirão das Neves", afirma.

Mendonça conta que todas astentativas de negociação foram frus-

tradas. Antes da assembléia que deli-berou pela paralisação, a SecretariaMunicipal de Saúde do municípioenviou ao sindicato um ofício co-municando a inviabilidade de reajustesalarial para os médicos, sendo "ne-cessário fechamento do primeiro qua-drimestre do ano para aferição doíndice e evolução da receita, a partirdo compromisso do governo federalem recompor as perdas do Fundo deParticipação dos Municípios (FPM)".Sobre a extensão da gratificação de30% aos médicos especialistas e comResidência Médica, a secretaria in-formou que está "realizando o estudo

do impacto para apresentar uma pro-posta concreta e justa".

O diretor diz que o fato dos repre-sentantes da Prefeitura atribuírem aquestões financeiras a falta de defi-nições sobre de quanto e quando seráo aumento é uma justificativa in-fundada: "A Prefeitura alega perda de15% no Fundo de Participação dosMunicípios, porém se esquece de dizerque, em Neves, de 2004 a 2008, essemesmo fundo cresceu mais de 95%.Então, dinheiro existe, a questão é deprioridade", diz Mendonça. A cate-goria volta a se reunir em assembléiadia 4 de junho.

Atenção médicosdo Estado, AGEdia 9 de junho

Está marcada para 9 dejunho, na sede do Sinmed-MG, a Assembléia Geral Ex-traordinária (AGE) com osmédicos do Estado para defi-nição da pauta de reivindi-cações que dará início àcampanha de 2009.

Além dos pleitos comunsde melhores salários e con-dições de trabalho para todacategoria, o diretor jurídicodo sindicato, Paulo Marra,destaca a situação dos mé-dicos da Secretaria de Estadode Saúde (SES), cerca de1.700 profissionais. Emboraconcursada há mais de 20anos, a maioria desses médi-cos recebe hoje um salário-base de pouco mais de R$1 mil,situação que está se refletindoem aposentadorias irrisórias.

A luta também será con-junta com os médicos daFhemig , da Hemominase Funed.

ESTADO

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TRABALHO MÉDICO - MARÇO/ABRIL 2009LUTAS SINDICAIS 5

Sindicato denuncia ao CRMredução de atendimento

Um outro assunto debatidopelos médicos que participaramda assembléia foi o fechamentodos atendimentos pediátricos etraumatológicos a partir das 19horas em quatro UAIs – Pampu-lha, Morumbi, Roosevelt e Mar-tins. Além de não terem recebidoesclarecimentos suficientes sobrea medida administrativa, os profis-sionais não sabem quem será oresponsável pelo paciente em ob-servação quando terminar oplantão do especialista e tememalguma penalização.

Preocupada, a médica JulianaMarkus afirma que a situação égrave e envolve vários aspectos."Primeiro, porque em caso de

complicação do quadro o especia-lista pode ser acusado de terpreenchido os últimos dados daficha do paciente", diz. Ela ressalta,ainda, que o clínico, diante dainabilidade para realizar determi-nado procedimento, mas se vendoobrigado, pode ser acusado de erromédico, ou até mesmo de omissãode socorro caso diga que somente oespecialista está capacitado a prestaro atendimento.

Para resguardar os profissionaisque estão submetidos a essa situação,o Sinmed-MG encaminhou ofício aoConselho Regional de Medicina paraformalizar a denúncia e pedir es-clarecimentos sobre as providênciasque devem ser adotadas.

SEM PRÓ-LABORE, PEDIATRAS SUSPENDEM O ATENDIMENTO

SECRETÁRIO DE SAÚDE VISITASINDICATO DOS MÉDICOS

REUNIÃO NA PROCURADORIA DO TRABALHO DECIDEPELA ELABORAÇÃO DE CONTRATO COLETIVO EM 30 DIAS

Os médicos pediatras do Hospitale Maternidade Eugênio Gomes deCarvalho, em Pedro Leopoldo, deli-beraram pela paralisação do aten-dimento a partir do dia 25 de maio,por tempo indeterminado até que aPrefeitura aceite a manutenção dopró-labore, uma negociação que jáse arrasta há cerca de seis meses. Adecisão foi tomada pela categoriadurante Assembléia Geral Extraor-dinária, no dia 12 de maio, nopróprio hospital. Segundo o diretorjurídico do Sindicato dos Médicos,Paulo Marra, a Prefeitura retirou o

pagamento pela produtividade de-pois que concedeu um reajuste nosalário fixo por plantão. "A propostado fixo é boa e os médicos concor-daram. O problema é que eles dei-xaram de receber o pró-labore. En-tão, esse aumento não fez diferença,o valor ficou o mesmo", explica.

Os médicos da maternidade tam-bém reivindicam o pagamento dossalários atrasados dos meses demarço e abril.

Uma nova assembléia com acategoria está agendada para o dia28 de maio.

O secretário de Saúde de Barba-cena, Edson Resende, visitou o Sin-dicato dos Médicos no dia 15 de abril,sendo recebido pelo presidente Cris-tiano da Matta Machado. Edson émédico e quando deputado estadualteve, segundo Cristiano, uma boaatuação na defesa da categoria.

Entre os principais problemas aserem enfrentados pela atual ad-ministração estão as condições pre-cárias de contratação. No último go-verno, o sindicato precisou fazer in-

tervenções no município, principal-mente por problemas relacionados aatrasos salariais.

"Acreditamos que com a experiên-cia do novo secretário as questões dasaúde vão avançar. O secretário con-corda com a realização de concursopúblico e mostrou-se contrário à ter-ceirização e outras figuras jurídicascomo ongs e fundações, tão comunsno interior, comungando com a idéiade que saúde é um dever do Estado",comenta o presidente.

Durante reunião com o procuradorregional do Trabalho, Fábio Lopes Fer-nandes, no dia 5 de maio, diretoria doSinmed-MG; membros da comissão demobilização dos médicos da rede pú-blica de Uberlândia; e representantesda Secretaria Municipal de Saúde e daFundação Maçônica firmaram o acor-do de apresentar dentro de 30 dias umaproposta de contrato coletivo de tra-balho. O objetivo é promover a uni-formidade salarial e de condições detrabalho entre médicos contratadospela Fundação Maçônica Manoel dosSantos e Missão Sal da Terra. A medidafoi um "paliativo" sugerido pelo Mi-nistério Público do Trabalho, já que nomomento a Prefeitura afirma que nãohá viabilidade de realização de con-curso público, a principal reivindi-cação da categoria e solução para aprecariedade da rede pública de saúdede Uberlândia.

Para a discussão e elaboração docontrato, será criada uma comissão es-pecífica composta por representantes detodas as partes envolvidas – sindicato,Prefeitura, Fundação Maçônica e aMissão Sal da Terra. "Caso não hajaacordo ao final do prazo de 30 dias, oSinmed-MG pode requerer que o Mi-nistério Público prossiga na mediaçãodas negociações. As orientações se es-

tendem à Missão Sal da Terra, quetambém foi convocada para a reunião,mas não compareceu", explica a médicaJuliana Markus, representante da co-missão de mobilização dos médicos.

Segundo Juliana, a categoria reivindicaque o acordo contemple os seguintesitens: definição do piso salarial e da data-base; definição de carga horária mensal;pagamento do adicional de insalubridadecalculado sobre o valor do vencimentobase do médico; pagamento de horasextras; e criação do Plano de Cargos,Carreira e Vencimentos (PCCV) comoforma de fixar os profissionais na rede.

Paralisações estão suspensas

Ainda no dia 5 de maio, reunidos emAssembléia Geral Extraordinária, osmédicos decidiram por suspender asparalisações durante esses 30 dias emque esperam pela vigência do acordo."No entanto, a mobilização continua.Não vamos deixar de nos reunir e deacompanhar a redação do contrato",afirma o conselheiro diretor do sin-dicato Eduardo Filgueiras.

Os médicos da rede pública deUberlândia, sob administração da Fun-dação Maçônica Manoel dos Santos eda Missão Sal da Terra, estão emcampanha por melhoria nas condições

PEDRO LEOPOLDO BARBACENA

UBERLÂNDIA

de trabalho e salário desde fevereirodeste ano. Devido à falta de enten-dimento com a Secretaria de Saúde, járealizaram duas paralisações – uma de24 horas, no dia 30 de março; e a outra

de 72 horas, do dia 22 a 25 de abril.Como os médicos tiveram esses dias

cortados na folha de pagamentos, Fil-gueiras informa que o ressarcimentodessa perda também fará parte da pauta.

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TRABALHO MÉDICO - MAIO/JUNHO 2009LUTAS SINDICAIS6

PBH E BETIM

Até início de julho estão sus-pensas todas as ações do movi-mento dos médicos do João XXIIIem defesa de melhores salários econdições de trabalho. A decisão foitomada durante reunião entre acomissão de mobilização do HPS,diretoria do hospital e representantesda Secretaria de Estado de Saúde(SES) e da Fundação Hospitalar doEstado de Minas Gerais (Fhemig),no dia 30 de abril.

Segundo a diretora do Sinmed-MG Regina Eto, que representou osindicato no encontro, os médicosconcordaram em interromper asmanifestações desde que, no prazode 60 dias, contados a partir de 4 demaio, os gestores apresentem umaresposta oficial às reivindicações."Apesar da 'pausa', a categoria con-tinua mobilizada, inclusive, já estãopré-agendadas, a cada 15 dias, reu-niões entre representantes do corpoclínico. Em 30 dias, será marcadauma nova reunião com a Fhemig,para análise e encaminhamento daspropostas", explica a diretora.

Além de cancelar as paralisações,também foram suspensas as ações de

pressão interna deliberadas em as-sembléias anteriores – não preencher aAutorização de Internação Hospitalar(AIH), a folha de pedido de exame dealto custo e o software Alert; e nãocarimbar documentos médicos (altas,pedidos de exames, dentre outros).

"Os médicos irão trabalhar nor-malmente, sem qualquer forma depressão, mas, se após esses dois mesesnão tiverem um parecer favorável,retomam o movimento, incluindonovas paralisações", afirma Regina.

A campanha dos médicos do JoãoXXIII começou em outubro do anopassado. Apesar das várias negocia-ções, a categoria continua sem as suasprincipais reivindicações atendidas:remuneração digna, reenquadramentono Plano de Carreira, condições detrabalho adequadas e garantia da nor-malização do pagamento dos abonosaos médicos que não estão recebendoo benefício no contra-cheque. Outraqueixa é a falta de profissionais nohospital. "Várias equipes estão in-completas, o que gera sobrecarga detrabalho aos outros médicos e acarretaproblemas no atendimento aos pa-cientes", ressalta a diretora.

JOÃO XXIII

NA EXPECTATIVA DE UMA PROPOSTAFAVORÁVEL, MÉDICOS SUSPENDEM AÇÕES SINDICATO ENVIA PAUTA DE

REIVINDICAÇÕES ÀS PREFEITURASDE BELO HORIZONTE E BETIM

O Sinmed-MG enviou, no dia 15de abril, ao prefeito Márcio Lacerdae ao secretário de Saúde do mu-nicípio, Marcelo Gouvêa Teixeira,a pauta de reivindicações da Cam-panha Salarial 2009, conformedeliberações em assembléia geral.Os médicos da PBH aguardamuma resposta até o dia 27 de maio,quando uma nova AGE será rea-lizada no sindicato para decidir osrumos da campanha.

Também no dia 15 de abril, foienviado ofício à prefeita de Betim,Maria do Carmo Lara Perpétua, eà secretária de Saúde do mu-nicípio, Conceição Aparecida Re-zende, com as reivindicações dosmédicos, votadas em AGE. No-va assemléia foi programada pa-ra 26 de maio.

Pontos comuns

As pautas têm em comum aexigência de melhoria das atuaiscondições de trabalho, conside-rando aspectos como garantia deequipes completas de serviços,com realização de concurso públi-co para preenchimento das vagas;garantia da disponibilidade cons-tante de medicamentos, materiaise equipamentos médicos em todasas unidades de saúde; e relaçãoadequada do número de médi-cos/pacientes em todas as uni-dades de atendimento.

No aspecto salarial, a luta,também unificada em todo o Es-tado, é pela recomposição dos ven-cimentos básicos de forma que atin-jam o salário mínimo profissionaldefendido pela Federação Nacionaldos Médicos (Fenam), de R$8.239,24,para 20 horas semanais. O sindicatotambém pede a revisão dos critériospara progressão por escolaridadeexigidos para os cursos que im-plicam na mudança de níveis noPlano de Cargo, Carreira e Ven-

cimentos do município.Segundo o presidente do Sin-

med-MG, Cristiano da Matta Ma-chado, as reivindicações, além derepresentarem legítima aspiração dacategoria, são fundamentais paraelevar a qualidade do atendimento àpopulação beneficiária do serviço.

Pontos específicos da PBH:

Aumento do valor nominal dovale-refeição, atualmente fixado emR$5, para R$15; readequação edefinição da carga horária dosmédicos que integram o PSF em 40horas semanais, sendo que atual-mente os mesmos cumprem 20horas regulares e 20 como extensãode jornada; correção dos valoresdos abonos de fixação e de urgênciapelos mesmos índices de correçãosalarial que vierem a ser aplicadossobre o vencimento básico; ex-tensão dos benefícios conquistadosaos médicos contratados; efetivaçãoimediata dos pontos acordados naMesa Permanente de Negociaçãodo SUS (MESUS) na última gestão.

Pontos específicos de Betim:

Garantia da efetivação das con-quistas da campanha salarial 2008,tais como o aumento do per-centual de gratificação, de 5%para 10% aos médicos que cum-prem a jornada de 20 horas se-manais em atendimento ambula-torial; extensão do percentual de20% para todos os médicos quetrabalham em Unidades de Ur-gência; revisão da lei que prevê aperda integral da gratificação domês na hipótese de falta ao tra-balho, mesmo mediante a justifi-cativa comprovada; e efetivaçãoda MESUS, com criação de co-missão permanente visando a dis-cussão e implantação de melhorescondições de trabalho.

A Fundação Hospitalar do Estadode Minas Gerais (Fhemig) publicou, nodia 8 de maio, o edital para abertura deconcurso público para diversos cargos,sendo 500 vagas para médicos, emvárias especialidades. O presidente doSinmed-MG, Cristiano da Matta Ma-chado, relata que a realização de con-curso para preenchimento das vagasque não foram assumidas em 2007 foiuma promessa do presidente da Fhe-mig, Luís Márcio Araújo Ramos, du-rante reunião realizada no dia 2 de abril,entre diretoria do sindicato, repre-sentantes do corpo clínico do HPSJoão XXIII, Fhemig, Seplag e SES.

"A medida é importante, mas semcondições salariais e de trabalho ade-quadas, os médicos aprovados não vãoquerer ficar, como aconteceu no últimoconcurso", ressalta Matta Machado.Ele lembra que, segundo informação

passada pela Fundação ao Sinmed-MG em outubro de 2008, apenas60% dos médicos aprovados to-maram posse e, desse total, 5% pe-diram exoneração poucos dias depoisde assumir os cargos.

Também na reunião, a sub-secre-tária de Saúde do Estado, Jomara Al-ves, disse que, em breve, será realizadoo reenquadramento dos médicos noPlano de Carreira, conforme seutempo de serviço, porém não é viávelcriar o cargo de médico emergencistado HJXXIII, proposta discutida natentativa de conceder aumento di-ferenciado à categoria que trabalhano serviço de urgência e emergência.Quanto ao reajuste salarial, nenhumaproposta foi apresentada sob a jus-tificativa da queda na arrecadação doEstado nos últimos meses somada àcrise financeira.

Fhemig abre concurso e SES prometePlano de Carreira ainda este ano

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TRABALHO MÉDICO - MAIO/JUNHO 2009 7

Sinmed-MG - Sr. ministro, sabemosque para garantir uma saúde pública dequalidade é necessário fixar o médico e, paraisso, é preciso carreira e salário. O que osenhor está pensando nessa direção?

Ministro - Todas as reformas desistemas de saúde realizadas em todomundo demonstraram que podemexistir polêmicas, divergências, con-cepções, opiniões conflitantes, masem um ponto todo mundo tem queconcordar: sem médico não dá parafazer a reforma no setor saúde.Médicos prestigiados, trabalhando

em condições seguras do exercícioprofissional e bem remunerados.

Duas medidas estão sendo pen-sadas para serem lançadas em breve.A primeira é a possibilidade de alu-nos que realizaram seus estudos nafaculdade, financiado pelo Programade Financiamento Estudantil (FIES),abaterem da sua dívida o tempo detrabalho em comunidades que o Mi-nistério indicaria. Ou seja, elemanteria o salário integral, além dis-so, por cada mês trabalhado abateria1% da dívida.

CONGRESSO INTERNACIONAL, EM ISTAMBUL, COM PRESENÇA DO BRASIL, DISCUTE OS CAMINHOS DA SAÚDE PÚBLICA

DESTAQUE

PROPOSTAS PARA A SAÚDE

Presença importante do BrasilO Brasil teve grande destaque no

congresso, com a presença de pales-trantes convidados e apresentação orale por meio de pôsteres de váriostrabalhos. A experiência do SistemaÚnico de Saúde (SUS) foi apresentadapelo ministro da Saúde, José GomesTemporão, e pelo seu secretário, Fran-cisco Campos, causando grande re-percussão entre os presentes.

Durante o congresso, o Sinmed-MG teve a oportunidade de realizaruma pequena entrevista com o ministroda Saúde, que aqui reproduzimos.

O Sindicato dos Médicos de MinasGerais participou do 12º CongressoMundial de Saúde Pública, realizadoem Istambul, Turquia, de 27 e abril a1ª de maio. O evento reuniu espe-cialistas do mundo inteiro paraanalisar e discutir estratégias para aformulação de políticas eficazes para asaúde pública.

Organizado pelo governo da Tur-quia e agências da ONU como OMS,FAO e Unicef, foram tratados temascomo a formação continuada e mul-tidisciplinar dos trabalhadores emsaúde, direitos em saúde e ética, go-vernança global, saúde e geopolítica,financiamento global para saúde pú-blica, pobreza, saúde e desenvolvi-mento, saúde mental, controle do ta-baco, discriminação de gênero e vio-lência contra mulher, doenças crôni-cas, ameaças à saúde provocadaspela urbanização, saúde ocupacionale ambiental.

O brasileiro Paulo Buss, da Asso-ciação Brasileira de Pós-Graduaçãoem Saúde Coletiva (Abrasco), pre-sidente do congresso, instigou, naabertura do encontro, os partici-pantes a atacar os verdadeiros deter-minantes da saúde no mundo, quesão os fatores sociais, e conclamou asociedade civil para participar dadefinição das políticas públicas.

Considerações sobre o congresso Algumas considerações sobre o

congresso:- Alguns aspectos fazem parte do

contexto de saúde de diversos países,independentemente da região geográ-fica ou do seu patamar de riqueza: afragmentação da atenção à saúde, acomercialização da saúde sem a realmelhoria do acesso e da qualidade, ossistemas centrados nos hospitais e asnovas dificuldades de financiamentosurgidas (ou ampliadas) com a criseeconômica mundial foram citadospelos diversos representantes das maisvariadas nações.

- Entre as palavras mais ouvidas noevento, estão "governança" e "lide-rança", como contraponto à cons-tatação de que a simples injeção derecursos nos sistemas de saúde nãotem trazido os resultados desejados em

termos de se propiciar maior acesso emelhorar a qualidade do atendimento.Há um consenso de que é essencial oredesenho dos sistemas, das redes deatenção, da implantação de métodos

A outra proposta é uma con-tratação direta de médicos peloMinistério da Saúde para atuar nos500 municípios que não possuemnenhum tipo de profissional. Essas eoutras estratégias, como o cresci-mento do Programa de Saúde daFamília, apontam para uma melho-ria do salário para os profissionais.

A implantação do Tele-Saúde éoutra proposta do ministério. Muitasvezes o médico tem medo ou nãoquer ir para o interior, não pelaquestão salarial, mas pela falta deuma segunda opinião e da proxi-midade com um centro mais apa-relhado. Com a Tele-Medicina, ele vaipoder consultar em tempo real umespecialista em qualquer universidadebrasileira e ter apoio, por exemplo,em caso de dúvida de diagnóstico ouem relação à conduta terapêutica.

Também acho importante queos médicos tenham assento, de-finitivo, no Conselho Nacional deSaúde. É um absurdo que hoje osmédicos não tenham uma re-presentação fixa no conselho. Essaé outra proposta que eu estou que-rendo levar para frente.

gerenciais e monitoramento de in-dicadores que permitam medir a efi-cácia desses sistemas.

- Vários países estão lidando com a"descoberta" de que a divisão dosistema de saúde em público e privadoperde força em vários aspectos e queas parcerias público-privadas junto àintegração dos sistemas podem trazerbenefícios reais para a população. Aquestão envolveu a definição das for-mas de financiamento, distribuiçãodos recursos e concretização das redesde atendimento, entre outras.

- A transição epidemiológica rece-beu grande destaque, sendo que mui-tos temas livres e palestras apresen-taram as abordagens e experiênciasdos diversos países na prevenção dasdoenças crônicas e na promoção dasaúde em todos os níveis.

- Houve várias discussões sobre aeducação em saúde pública, seja emnível acadêmico, seja em nível detreinamento dos trabalhadores desaúde. Notou-se uma tendência darevisão dos currículos no sentido dese aproximar a academia da realidadedas populações a serem atendidas,incluindo um grande foco nos tra-balhos de campo por parte dosacadêmicos. Em relação aos tra-balhadores da saúde, frisou-se a im-portância do trabalho multidisciplinare da redefinição das competências ne-cessárias para a formação da força detrabalho, incluindo, por exemplo, asdisciplinas de comunicação e plane-jamento para esses profissionais.

Compilação realizada por Geraldo Ri-beiro, conselheiro diretor do Sinmed-MG

Elza Fiuza/ABR

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TRABALHO MÉDICO - MARÇO/ABRIL 20098

Júlia Botelho, coordenadora do projeto eespecialista em clínica médica e medicina

interna; e o cardiologista Márcio Kalil

O departamento jurídico do Sin-med-MG irá propor ação em face àFundação Hospitalar do Estado deMinas Gerais – Fhemig a fim de exigira correta progressão na carreira dosmédicos. Segundo a advogada do sin-dicato Mariana Lobato, a fundaçãonão vem concedendo a devida pro-gressão por tempo aos seus servidores,causando-lhes lesão de ordem patri-monial e impedindo que progridam nacarreira. "A estimativa é que desde 1996os médicos estejam sofrendo dimi-nuições em seus vencimentos", diz.Com a ação, o departamento tambémexige a condenação da Fhemig ao pa-gamento de todas as parcelas re-troativas referentes à diferença dos va-lores devidos e não efetuados e osefetivamente recebidos, mês a mês.

A advogada alerta que os médicosque não foram reposicionados nacarreira em razão da não progressão,desde que estejam em efetivo exercíciodo cargo e não tenham sofrido puniçãodisciplinar no período exigido para aprogressão (dois anos), devem procurar,o quanto antes, o departamento jurídicodo sindicato e apresentar os seguintesdocumentos:

- Cópia da identidade e CPF;- Certidão que declare inexistência depunição disciplinar protocolada juntoà administração. O modelo pode serobtido na sede do sindicato ou pelosite www.sinmedmg.org.br - Histórico funcional protocolado juntoà administração (modelo no site dosindicato ou diretamente na sede).

A Coordenadoria de Doenças eAgravos Não Transmissíveis/SE/SES/MG já tem as datas e os temas daspróximas palestras do projeto ManhãsClínico-Epidemiológicas: "Leishmanio-se / Hanseníase e outras Dermatoses"(28/maio), "Pneumologia Sanitária /Infecção por HIV" (25/junho), "Meni-ngite / Encefalites" (27/agosto), "Aci-dentes por animais peçonhentos"(24/setembro), "Hepatites / AIDS"(29/outubro), e "Anemias Carenciais /Câncer de Pele" (26/novembro).

Voltadas para médicos da rede pú-blica e privada, as palestras são reali-zadas por médicos especializados, quetransmitem seus conhecimentos e ex-periência para clínicos que atuam noEstado de Minas Gerais.

A médica e coordenadora do projeto,Júlia Maria Antunes Botelho, explica quea idéia é capacitar e atualizar os médicosdas unidades básicas, requalificando-ospara a prevenção, promoção e proteçãoda saúde coletiva. Os temas abordadossão de relevância epidemiológica e vãoao encontro da necessidade da demandado clínico que atua no Estado.

Segundo ela, o projeto é tambémuma importante ferramenta para ogerenciamento e para a redução dos

custos do sistema. "O gestor que investeem educação continuada tem um custo-benefício que vai muito além de umasimples atualização do conhecimento".

As palestras acontecem no ConselhoRegional de Odontologia de MG –CRO/MG (rua Santa Catarina, 1631 -Lourdes, BH), com 110 vagas e ins-crições gratuitas. Mais informações pelotelefone (31) 3215-7254 ou pelo [email protected].

O departamento jurídico dosindicato está apto a entrar comações de cobrança em face doEstado e municípios, na ten-tativa de exigir o pagamento dasparcelas vencidas e que estãopor vencer do adicional deinsalubridade. A ação é válidatanto para o médico que nuncarecebeu o adicional, como paraaquele que o teve suspenso semque as condições insalubresdeixassem de existir.

O diretor jurídico do Sinmed-MG, Paulo Marra, explica que oadicional de insalubridade é umdireito de todos os servidores quetrabalham em condições insa-lubres, submetendo-se a agentesprejudiciais à saúde, a exemplodos médicos, que laboram emcontato direto com portadores dedoenças infecto-contagiosas emicroorganismos nocivos. "A Ad-

ministração se exime de efetuar opagamento alegando que a verbaestá condicionada à comprova-ção, por parecer técnico, da exis-tência dos agentes insalubres aque o médico está submetidodiariamente no desempenho desuas funções. No entanto, oEstado, na maioria das vezes, per-manece inerte e não realiza aperícia para comprovar a realcondição", afirma o diretor.

Paulo Marra orienta que osprofissionais que se enquadramnessa situação devem apresentarao sindicato requerimento pro-tocolado junto à Administraçãosolicitando a avaliação do técnico,condição essencial para a viabi-lidade do pedido (o modelo podeser obtido no site do Sinmed-MGou diretamente na sede). Tam-bém é preciso levar cópia daidentidade e CPF.

FHEMIG

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE

SES AGENDA PALESTRAS DO PROJETOMANHÃS CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICAS

VOTAÇÃO DE NOVO SALÁRIO MÍNIMOPROFISSIONAL PARA A CATEGORIA

AGENDA

PROJETO DE LEI

SEUS DIREITOS

Apesar das condições insalubres, médicos não recebem adicional

SINDICATO PROPÕE AÇÃO PARA EXIGIR PROGRESSÃO NA CARREIRA DOS MÉDICOS

Até o fechamento desta edição, o Pro-jeto de Lei 3.734/2008, que define osalário mínimo profissional dos mé-dicos, não foi votado pela Comissãode Trabalho, como estava previsto paraacontecer no dia 20/5. O PL 3.734, deautoria do deputado Ribamar Alves(PSB-MA), prevê mudanças na lei3.999, de 1961, sobre a alteração dosalário mínimo dos médicos e cirur-giões dentistas. O texto sugere que sejamodificada a redação da lei que es-tabelece o cumprimento de 2h a 4hdiárias, passando a estabelecer o perío-do de 20h semanais, como já con-sagrado hoje pelos médicos.

Já o relatório do deputado MauroNazif (PSB-RO) propõe ainda outrasalterações. A principal mudança seráno valor do piso salarial estipuladopelo projeto em R$ 7 mil. A Lei nº

3.999 previa que o salário mínimo dosmédicos fosse três vezes o saláriomínimo em vigor no país, o que, nosdias de hoje, corresponderia a umsalário de R$ 1.395,00. De acordo como projeto original, o reajuste seria ba-seado no salário mínimo. Agora, comas alterações de Nazif, o reajuste terácomo base o INPC.

Para o diretor administrativo-fi-nanceiro do sindicato profissionalda categoria, Jacó Lampert, o salá-rio mínimo é uma importante refe-rência, principalmente para os mé-dicos da iniciativa privada, e tam-bém para nortear as negociaçõesno setor público. O diretor lembraque os R$7 mil sugeridos estão bemmais próximos dos R$8.239,24, repre-sentando um avanço nas lutas dacategoria por um salário digno.

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TRABALHO MÉDICO - MAIO/JUNHO 2009 9ESPECIAL

A quarta edição do Seminário Na-cional Médico/Mídia, da Fenam, dias16 e 17 de abril, no Rio de Janeiro,contou com 150 participantes, entremédicos e profissionais da saúde, jor-nalistas e autoridades do meio políticode todo o país. O objetivo do eventofoi discutir a relação entre o médico eo jornalista e aproximar as duas cate-gorias. Foram abordados temas comoa visão do médico sobre a mídia; amídia como prestadora de serviços; di-cas para uma boa entrevista e para setornar fonte; geração de pautas; amídia e as novas tecnologias; o poder ea mídia; entre outros.

Na opinião do secretário de Comu-nicação da Fenam, Waldir Cardoso, o IVMédico/Mídia cumpriu plenamente seuobjetivo: ser um espaço onde médicos ejornalistas pudessem trocar idéias e seentender. "Compreender as diferenças esemelhanças entre as duas categorias nosajuda a trabalhar com mais parceria eprodutividade", declara o secretário, lem-brando que o seminário já está conso-lidado no calendário de eventos da Fenam.Ele adianta, ainda, que os sindicatos efederações de todo o país terão o incentivonecessário para a realização de semináriosregionais. "O ideal é abranger cada vezmais pessoas", completa.

Denise Teixeira, assessora de imprensada Fenam e idealizadora do seminário,destaca a importante contribuição dasassessorias de sindicatos e entidades médi-cas, em especial do Sindicato dos Médicosde Minas Gerais, do Rio Grande do Sul edo Pará, que não só marcaram presençacomo também enviaram sugestões eparticiparam das palestras. "A constru-ção do seminário é coletiva, só assim

conseguimos fechar uma programaçãoatrativa e útil para todos", ressalta.

Na avaliação do diretor de Comu-nicação do Sinmed-MG, Fernando Luizde Mendonça, o seminário traz ganhospara ambos os lados na medida em queo médico entende melhor a dinâmicade trabalho do jornalista; e o jornalistaamplia sua visão sobre as atividades dacategoria médica, principalmente asações sindicais, além de desvendar umasérie de termos e expressões, o famosomediquês.

Pauta factual e produzida

Um interessante tema abordado foi ageração de pautas, o que pode ou não setransformar em notícia. A jornalista Eleidade Góis, editora-chefe do Jornal do Rio,telejornal da TV Bandeirantes, explicouque pauta é uma conversa do produtor (doveículo de comunicação) com o seu repór-ter para que ele chegue na rua (até a repor-tagem) com os elementos que precisa parafazer a matéria (desenvolver o assunto).

Segundo ela, é necessário avaliar basi-camente dois tipos de pauta – a factual e aproduzida – e como o médico pode se in-serir em cada uma delas. A primeira é umfato que desperta o interesse da imprensa egera reportagens naquele momento. Comoexemplo, citou o caso de morte por me-ningite meningocócica, em Campos (RJ).Já o outro tipo de pauta, ela exemplificoucom uma reportagem sobre Doenças Se-xualmente Transmissíveis (DST) e sexoseguro na terceira idade, uma matériaproduzida e que não tem necessidade deser veiculada em um dia específico,diferente de um assunto factual, quenão pode esperar.

Direito de resposta ou retratação foi o tema abordado pelo Sinmed-MG

A jornalista Mônica Salomão, co-ordenadora do departamento de Co-municação do Sinmed-MG, foi umadas palestrantes do evento. Juntamentecom o presidente do Sindicato dosMédicos de São Paulo (Simesp) etambém advogado, Cid Carvalhaes, elafalou sobre o a tema: "Direito de res-posta ou retratação: quando e como usar".

Mônica apresentou o exemplo emque um veículo de comunicação dacapital mineira publicou matéria sobrea campanha dos médicos mencio-nando apenas a reivindicação salarial,desconsiderando o pleito de melhoriadas condições de trabalho. Além disso,não ouviu nenhum representante dosindicato e tratou de forma irônica opedido de reajuste de salário da categoria.

"Como a matéria era extrema-mente negativa para a classe, opta-mos pela 'via diplomática' e envia-

mos um ofício para esclarecer que oprofissional médico precisa investirno mínimo dez anos para sua forma-ção e, portanto, não pode ter a re-muneração comparada aos trabalha-dores que recebem salário mínimo,como foi divulgado. Depois disso,constatamos que houve melhora norelacionamento, já que agora os médi-cos são entrevistados", conta Mônica.

Já Carvalhaes falou sobre algunscasos de calúnia, difamação e injúriacometidos pela mídia, e sobre as con-seqüências que um erro de informaçãopode acarretar na vida de uma pessoa.Um exemplo foi a morte do jogador defutebol Serginho, do São CaetanoFutebol Clube, ocorrida em outubrode 2004. Segundo ele, a imprensajulgou o profissional responsável pe-lo departamento médico do clubeantes mesmo do processo ser aberto.

SEMINÁRIO MÉDICO/MÍDIA:UMA "PAUTA" COMUM ENTREOS MÉDICOS E A IMPRENSA

SEMINÁRIO NACIONAL

Seminário reúne 150 profissionais, entre médicos e jornalistas

Mônica Salomão, jornalista e coordenadora do departamento de Comunicação dosindicato, fala sobre direito de resposta ou retratação, um dos temas do evento

Dicas básicas para uma boa entrevista

Transmita a informação de for-ma clara, objetiva e direta. Evite ex-plicações extensas, principalmenteem entrevistas para rádio e TV (salvoexceções em programas especializa-dos) por questão de tempo limitado;

Antes de conceder entrevista,procure se atualizar sobre o temaabordado e esteja munido de da-dos, estatísticas e informações com-plementares. Se você não souberresponder algo, indique a fonteadequada para transmiti-la;

Evite utilizar o "mediques", ter-mos técnicos de difícil compre-ensão. A fala do entrevistado deveser clara, de forma que todos en-tendam, como se estivesse expli-cando o diagnóstico do pacienteaos seus familiares;

Vista preferencialmente de bran-co, cor culturalmente associada àprofissão médica.

Para outros esclarecimentos,encaminhe e-mail para [email protected]

Fotos Alexandre Vieira

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TRABALHO MÉDICO - MAIO/JUNHO 200910

A Federação Nacional dos Médicos(Fenam), o Conselho Federal de Medi-cina (CFM) e a Associação Médica Bra-sileira (AMB) promovem, dias 4 e 5 dejunho, o II Fórum Nacional de Coope-rativismo Médico, no auditório do CFM,em Brasília (DF). Programado para 200pessoas – representantes de cooperativase entidades médicas de todo o país – oevento abrange conferências, palestras,mesas-redondas e debates.

A exemplo do que aconteceu no anopassado, em Belo Horizonte, os sin-dicatos da Fenam, entre eles o Sinmed-MG, se reuniram, nos dias 21 e 22 demaio, no Espírito Santo, no II FórumFenam de Cooperativismo Médico paralevantar as principais demandas queserão levadas ao encontro nacional.

Para Márcio Bichara, ouvidor doSinmed-MG, um dos organizadores doevento e também representante da Fenamna Comissão de Cooperativismo Médico,o fórum é uma excelente oportunidadepara consolidar o que está dando certo,reavaliar o que não está e propor novoscaminhos para as relações que envolvem otrabalho médico.

Especialmente em relação ao SistemaÚnico de Saúde, Bichara diz que, dianteda realidade atual, a organização dosmédicos por meio de cooperativas temse mostrado um instrumento válido, masque a luta da Fenam vai ser sempre pelaadoção do salário mínimo profissionalda categoria e pela realização do con-curso público para o SUS.

Entre os temas previstos para o en-contro, Márcio Bichara destaca a discussãosobre o aspecto legal das cooperativas,causa de muitas polêmicas. Segundo Bi-chara, outro tema de interesse será o PL131/08 que dispõe sobre a regulamen-tação das cooperativas de trabalho. Reu-nida antes do evento, a Comissão deCooperativismo Médico elaborou um do-cumento reafirmando a posição de ficarde fora do projeto, por entender que, nascondições em que se apresenta, a lei fereos interesses das cooperativas de espe-cialidades médicas e de trabalho médico.

Como membro da diretoria do Sin-dicato dos Médicos de Minas Gerais,

Os médicos do setor público eprivado têm finalmente um modelo dePlano de Carreira, para orientar o mo-vimento médico sindical nas lutas pelaadoção do Plano de Cargos, Carreiras eVencimentos (PCCV) para a categoria.

O documento foi elaborado poriniciativa da Federação Nacional dosMédicos (Fenam), com assessoriatécnica da Fundação Getúlio Vargas(FGV) e apoio do Conselho Federalde Medicina (CFM) e da AssociaçãoMédica Brasileira (AMB).

Após dois anos de trabalho, odocumento conclusivo foi apresen-tado em reunião executiva da Fenam,em 13 de março. O Sindicato dos Mé-dicos de Minas Gerais teve presençaativa durante todo o processo, inclu-sive participando das várias reuniõesrealizadas no Rio de Janeiro para apre-sentação de sugestões e acompanha-mento do trabalho da Fundação Ge-túlio Vargas. Para marcar o lança-mento do plano para a categoria mé-dica, a Fenam realizará um evento, noRio de Janeiro, em data a ser definida.

Cristiano da Matta Machado,presidente do Sinmed-MG, destacaque o Plano de Carreira era umaaspiração antiga das entidades mé-dicas e traz uma nova perspectivapara o trabalho médico: "A adoçãode um plano especialmente elabo-rado para a categoria médica, con-templando as especificidades daprofissão, será um referencial im-portante na luta dos sindicatos pormelhores condições de trabalho, enas negociações com os gestores".

Vantagens para médicos e gestores

Em entrevista à Fenam TV, osecretário de Comunicação da fe-deração e coordenador da elaboraçãodo PCCV, Waldir Cardoso, destaca aexigência de educação continuada; aproposição de uma gestão partilhada,com a participação dos trabalhadorese gestores; e a flexibilidade comopontos importantes do projeto. Se-gundo consta do documento da FGV,"a carreira médica, conforme conce-bida no plano, pode ser aplicada nosetor privado e no setor público, nos

três níveis político-administrativos dedescentralização do SUS, no regimeestatutário ou celetista, como carreiraindependente ou integrante de car-reira de profissionais da saúde, desdeque observem as diretrizes esta-belecidas no modelo".

Entre outros tópicos, o plano es-tabelece diretrizes para: estrutura edescrição de cargos; vencimentos,salários e remuneração; gratifica-ções; ingresso na carreira no serviçopúblico; desenvolvimento na car-reira; capacitação; avaliação indi-vidual de desempenho; mobilidadedo médico dentro da unidade fe-derativa na qual ele ingressou nacarreira e cessão do profissional mé-dico de uma para outra esfera políti-co-administrativa (União, EstadosDistrito Federal e municípios).

Segundo o coordenador, todosos esforços serão agora no sentidode divulgar o plano, em busca da suaaprovação no Executivo: "Com oauxílio das outras entidades mé-dicas, pretendemos mostrá-lo emtodas as bases, e com isso fazer comque os companheiros e dirigentesmédicos estejam aptos a entender,discutir e defender o nosso Plano deCarreira em seus Estados".

Também para Cristiano da MattaMachado, a união da classe será fun-damental para pressionar o governoa adotar o novo modelo: "Minasainda tem muito a avançar emtermos de implantação de Plano deCarreira e, também aqui, vamosaproveitar todas as oportunidadespara apresentar o plano aos médicose aos gestores".

II FÓRUM NACIONAL DE COOPERATIVISMOMÉDICO, DIAS 4 E 5 DEJUNHO, EM BRASÍLIA

DEFESA DA SAÚDE

DEBATEPLANO DE CARREIRA

Bichara afirma que o Estado tem umaexperiência importante com coopera-tivismo médico e tem contribuído muitopara o avanço nas discussões sobre oassunto. Ele lembrou um pioneirismomineiro, na relação com os gestores,quando da extinção do Código 7: "Emação regulamentada pela Portaria 48, dedezembro/2004, a Secretaria Municipalde Saúde de Belo Horizonte permitiuque os honorários dos médicos do SUSfossem repassados diretamente pelascooperativas e não mais pelos hospitais,com vários benefícios para a categoria".

Programação

Abertura: José Gomes Temporão - minis-tro da Saúde, Edson Andrade - presidente doCFM, Paulo de Argollo - presidente da Fenam,Roberto Gurgel - diretor da AMB, HiranGallo - tesoureiro do CFM e coordenador daComissão de Cooperativismo Médico.

Painéis: Cooperativismo Médico noSUS, Cooperativismo CBHPM e SUS,Sistema Unimed, Cooperativas de TrabalhoMédico, Promoção e Prevenção da Saúde noSistema Suplementar.

Conferências: Aspectos Legais, PLC131, de 2008 - Cooperativas de Trabalho,Cooperativas de Trabalho e TerceirizaçãoProcuradoria Geral do Trabalho.

Mesas Redondas: Cooperativismo Médi-co, CBHPM e SUS, Desafios e Perspectivas,Porte e Viabilidade das Unimeds, O "Co-nundrum" de Especialidades Médicas noSistema Unimed, Alternativas de Remu-neração e Incorporação de Novas Tecno-logias, Cooperativas de Trabalho Médico:Experiências no Brasil.

Plano-modelo da Fenam para a carreira demédico foi concluído com a consultoria da FGV

Márcio Bichara, um dos organizadores

Waldir Cardoso, secretário deComunicação da Fenam

Divulgação da Fenam

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A crise econômica em cursotem tirado o sono de muita gente.Na verdade, está longe de ter pro-duzido uma insônia universal. Pes-quisa recente do instituto Ipsosaferiu que 55% dos entrevistadosbrasileiros não sentiram os efeitos

da crise e 60 % nada sabem das ações gover-namentais de combate à crise. Em Minas, o desin-teresse não é menor. Pesquisa recente da VoxPopuli aferiu que dois terços dos mineiros entre-vistados não se preocupam ou pouco se preo-cupam com a crise. Entre esses, 51 % acham atéque a vida vai melhorar nos próximos seis meses.

O curioso é que Minas é um dos Estados maisduramente afetados. A crise martelou com força ossetores produtores-exportadores de commodities,segmentos historicamente dependentes das grandeseconomias maduras ou emergentes.

Enquanto os analistas convergem para a cons-tatação de que já chegamos ao fundo do poço, ascontendas se transferem para a previsão do tempoem que permaneceremos na planície. De qualquerforma, há vários sinais de incremento da atividadeeconômica. Os consumidores brasileiros – a legiãode São Jorge contra o dragão da má economia –têm progressivamente perdido o medo. Algunsanalistas afirmam que, diante da crise, muitosconsumidores adiaram gastos com os itens maiscaros do tipo casa e automóvel. Neste mesmoperíodo, vários consumidores voltaram-se para

aquisição de serviços. No Brasil, a compra de pla-nos de saúde aumentou no período.

Passado o medo imediato dos mais atentos, osconsumidores brasileiros retornam às grandes des-pesas. Por exemplo, a nossa Credicom registrouem março mais de 100 pedidos de financiamentopara a aquisição de veículos. Certamente, o prazoda redução do IPI que inicialmente se encerrava aofinal de março contribuiu para isso. Contudo, adecisão de contrair uma dívida de médio ou longoprazo não se dá sem uma perspectiva otimistaquanto ao futuro da economia.

Tanto otimismo e alheamento não são fáceis deser explicados. Esta crise não é como as outras. Églobal, profunda e atinge vastos setores da economiareal. Alem disso, nunca se soube tanto sobre umfenômeno econômico na história humana.

Com isso tudo, os consumidores, bombar-deados pelas informações, vão selecionando o quequerem aprender, definindo métodos muitopróprios para traçar suas economias pessoais. Se oentorno imediato não sucumbe à crise, a vidamantém seu curso. Uma cautela ali, outra acolá,mas na essência as famílias vão mantendo seusplanos de consumo. Felizmente, é assim. Docontrário, estaríamos virando noites em busca daimpossível predição econômica perfeita.

Rômulo Paes é médico, PhD em epidemiologia pelaLondon School of Hygiene and Tropical Medicine, e assessor de avaliação estratégica da UNIMED-BH

TRABALHO MÉDICO - MAIO/JUNHO 2009 11

ARTIGO: BONS DE SERVIÇO

ESPAÇO OPINIÃO

ARTIGO

Recente publicação do Institutode Pesquisa Econômica Aplicada(IPEA), órgão ligado ao Ministériodo Planejamento, comparou os sis-temas de saúde do Brasil e das na-ções que compõem a Organizaçãopara a Cooperação e o Desenvol-

vimento Econômico (OCDE), que reúne os paísesdesenvolvidos mais México e Turquia. O resultadoaponta que o Brasil possui o mais eficiente sistemade saúde entre os países desse grupo e essa eficiênciadeve-se ao fato de que gastamos menos no Brasil pa-ra obter os mesmos resultados em termos de in-dicadores de saúde.

O Brasil vem construindo, nos últimos 20 anos, omais generoso projeto de atenção à saúde pública domundo. Os princípios que norteiam o Sistema Únicode Saúde, especialmente a universalidade e a equidade,são internacionalmente reconhecidos e, por isso, mui-tos países têm procurado seguir a mesma linha.

A pesquisa, ao retirar a influência estatística defatores como a situação anterior dos indicadores, otamanho da população, do território e a densidade

demográfica, concluiu que 1% de aumento no gastoper capita em saúde no Brasil representaria cinco anosa mais na expectativa de vida e um decréscimo de 10para cada 1.000 na mortalidade infantil.

O SUS foi criado no bojo da luta pela redemo-cratização do país e é resultado de ampla dis-cussão desenvolvida pelos profissionais da saúdeno grande movimento que ficou conhecido comoReforma Sanitária Brasileira. Além dos princípiosjá citados, a hierarquização, a regionalização, adescentralização e o controle social garantem queesse sistema tenha uma gestão adequada, voltadapara o interesse da maioria da população, o quecertamente contribui para o resultado encontra-do na pesquisa.

Entretanto, quando tratamos de recursos hu-manos, vemos que há muito a avançar. Por todo opaís, a precarização, as péssimas condições detrabalho e os baixíssimos salários são a tônica. Oprincípio constitucional do acesso ao serviço públicopor concurso tem sido constantemente ignorado porgestores de todas as esferas, que transformam aterceirização em política de governo. O excesso de

demanda, as condições inadequadas e os saláriosaviltantes revelam um quadro de completo des-respeito pela força de trabalho no SUS.

Fomos nós, trabalhadores do SUS, que con-cebemos e lutamos, em conjunto com a sociedadebrasileira, pela implantação desse sistema que vemsendo indicado para o título de patrimônio cul-tural da humanidade. Certamente, a eficiência apon-tada pelo IPEA deve-se, em grande medida, àqualidade do serviço ofertado, ainda que comvencimentos irrisórios. Porém, precisamos res-gatar essa dívida histórica dos governantes paracom os trabalhadores da saúde. Ajudamos a cons-truir um sistema que se tornou reconhecido emtodo o mundo, a pesquisa aponta sua eficiência,mas, contraditoriamente, quem o concebeu e o fazfuncionar não é valorizado. Será que merecemospunição por sermos bons de serviço?

Cristiano da Matta Machado - médico anestesista, presidentedo Sindicato dos Médicos de Minas Gerais e presidente da

Federação Nacional dos Médicos - Regional Sudeste(Fonte: Jornal Estado de Minas - Caderno Opinião)

A CRISE ECONÔMICA E A PERCEPÇÃO DA CRISE SALÁRIOS DA FHEMIG

TRANSPLANTE

Há algum tempo, vem sendo mostrada na imprensa acampanha salarial dos médicos do HPS João XXIII –Fhemig. Um dos maiores pontos de discórdia entre as partesenvolvidas é a questão salarial. Por um lado, os médicosafirmam que o salário seria inferior a R$3 mil, para 24 horassemanais, enquanto a diretoria da Fhemig rebate com aafirmação de que o salário seria superior a R$ 5 mil. Com adivulgação do edital para o concurso publico da Fhemig,nesta semana, podemos chegar a um veredicto. O saláriooferecido para médicos em regime de plantão em urgência,com carga de 24 horas semanais, é de R$ 2.941,57, ondeestão compreendidos o vencimento básico e a gratificaçãocomplementar. Seria importante para a classe médica que aFhemig explicasse essa disparidade, já que afirma valorizarcada vez mais o médico e a medicina. PS: sem falar nas con-dições de trabalho. (Celso Furtado, ortopedista - CRM 42.373)

CARTA DO LEITOR

Externo meu descontentamento com a reportagemexibida dia 12 de abril, no Fantástico. Por vários minutos,desfilaram vaidosos doutores, sob a batuta do globalDráuzio Varella, que versaram sobre as dificuldades nacaptação de órgãos para transplantes. Como se não bastassecolocar a culpa integralmente nos médicos, que segundoeles não sabem diagnosticar morte encefálica, aindaproferiram aula magna na TV para leigos de como fazê-lo.As dificuldades do dia-a-dia na UTI, a necessidade pre-mente de uma nova vaga para um doente que teria chancesde vida não foram levadas em conta. Se precisamos educaros colegas quanto ao diagnóstico rápido e correto da morteencefálica, então o façamos por meio de nossas entidadesmédicas e sociedades científicas. Agora, assistir, junto amilhões de espectadores, a um espetáculo em que poucoscolegas de profissão são os protagonistas e todos os outrosmédicos carregadores de piano ou bandidos foi triste epatético. (Ewaldo Mattos, pediatra - CRM 26.794)

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dor, desde que estejam presentes profis-sionais experientes e capacitados paraprestar essa assistência. Não vale a penase submeter a um procedimento cirúr-gico, que envolve riscos e complicações,por comodidade, seja por parte da pa-ciente ou do médico. Do ponto de vistapessoal e profissional, é muito mais gra-tificante assistir um parto normal, com amulher e a família mais felizes e tran-qüilas. Também faço cesariana com muitasatisfação, mas quando sei que é preciso.

Falta de profissionais

Em Belo Horizonte, são sete ma-ternidades do SUS e está faltandoprofissional. Não está fácil encontrarobstetra. Várias residências na áreadeixaram de funcionar por falta decandidatos. Isso mostra o quanto ointeresse pela obstetrícia está dimi-nuindo, uma profissão essencial en-quanto a humanidade existir. Achoque a questão ética tem a ver com isso.Como lidamos quase sempre comalegrias, quando algo ruim acontece,sofre a família e também o médico. Eé o medo de enfrentar esses impre-vistos e as suas conseqüências, comoum processo na justiça, por exemplo,que está afastando os estudantes. Aobstetrícia é a segunda especialidadeque mais sofre processos. Então, elesacabam procurando áreas em que orisco de questionamentos na justiçaseja menor. Além disso, a sobrecargade trabalho e os baixos salários tam-bém desmotivam. Hoje, é difícil en-contrar um obstetra que trabalhamenos de 60 horas por semana, paramanter uma renda razoável. Tanto noserviço público quanto no privado, eletem que multiplicar seus empregospara aumentar o ganho. No setor pú-blico mais ainda.

Defesa do trabalho médico

Acho que a principal luta da ca-tegoria deve ser pela criação de umPlano de Cargo, Carreira e Salários. Afalta desse plano é a maior prova de

desvalorização dos médicos, um ab-surdo. Em todos os países onde exis-tem sistemas públicos organizados desaúde os médicos têm progressão nacarreira e bons salários. Eles se de-dicam ao serviço com qualidade ecompetência sabendo que daqui unsanos podem ocupar um posto melhor,aumentar seu salário, investir na qua-lificação e planejar a aposentadoria,muito diferente da realidade daqui.

Tenho acompanhado muito o tra-balho das entidades médicas. Achoque o sindicato tem um papel muitoimportante para defender o empregodo médico, a qualidade desse em-prego, salários dignos e também narelação com as operadoras de saúde.A luta pela implantação da CBHPMmostra que as entidades estão pre-ocupadas não só com o médico dosistema público de saúde, mas tambémcom as questões da área privada. Otrabalho da Associação Médica éfundamental para a capacitação cien-tífica, para manter a qualidade do mé-dico. Já os conselhos são os guardiõesda ética e não podem deixar isso seperder de vista.

Perspectivas

A evolução tecnológica tem sido,sem dúvida, a maior conquista damedicina. No entanto, esse mesmoavanço está levando à perda da relaçãohumana. O médico ficou tão voltadopara as novidades em equipamentos emedicamentos que perdeu a pers-pectiva humana da assistência. Paramim, o mais importante é o meupaciente. É lógico que não vou deixarde correr atrás do meu ganho, masnão coloco isso acima dos valores edas preocupações com a qualidade daassistência. Então, para os futurosmédicos e aqueles que estão iniciandoa carreira, gostaria de reforçar que ofoco de sua atenção deve ser o bem-estar do paciente. Que a medida dosucesso não seja avaliada apenas pelaremuneração, mas sim pela satisfaçãodas pessoas atendidas.

TRABALHO MÉDICO MAIO/JUNHO 2009

ENDEREÇO PARA DEVOLUÇÃO: Sindicato dos Médicos de Minas Gerais – Sinmed-MG

Rua Padre Rolim, 120 - São Lucas

CEP: 30130 090 - BH - MG

RETRATO DA PROFISSÃO12

RP Comunicação

Modelo de assistência no Brasil

Acredito que o modelo de assistênciaobstétrica no Brasil precisa ser melhororganizado. Falta um trabalho em equipeeficaz, para que o obstetra possa sededicar à resolução de problemas ecomplicações. Em clínicas privadas, atuaisolado. Quando chega ao hospital, é sóele e a paciente, mais ninguém. Esse éum dos motivos por que muitosmédicos optam pela cesariana com horamarcada. No sistema público, isso nãoacontece tanto porque o médico dáplantão no hospital com horário fixo.Em compensação, uma das grandesdificuldades é a falta de uma relaçãoindividualizada com a paciente, pois aparturiente chega ao hospital sem saberquem vai atendê-la e da mesma forma omédico não sabe nada sobre ela. Issotorna a profissão bastante estressante.

Parto normal

O parto normal é natural, fisiológico.O médico só precisa assistir para intervirno caso de algum problema. Então, nãose justifica fazer uma cesariana apenaspela "praticidade" de ser algo progra-mado. Não se pode pensar mais naqueleparto horroroso, sofrido. A mulher hojepode ter um parto normal seguro, pra-zeroso, sem complicações e quase sem

O INTERESSE PELA OBSTETRÍCIA ESTÁ DIMINUINDOJOÃO BATISTA MARINHO

Opção pela ginecologia/ obstetrícia

Meu primeiro estágio foi na área deobstetrícia, em uma maternidade, e desde oinício fiquei muito fascinado pelo processodo nascimento. Como médico, o que memotivou foi o papel que poderia exercerpara ajudar as pessoas nesse momento.Resolvi me dedicar em particular à obs-tetrícia, mais do que à ginecologia.

Sofia Feldman

Não passei por muitos lugares. Háquase 30 anos, dedico praticamente todo omeu tempo ao Sofia Feldman. Quandoestudante, tive a oportunidade de estagiarno hospital, que ainda estava em cons-trução, com a participação da comunidade.Resolvi abraçar o projeto. Sempre acrediteique iria dar certo. Tínhamos em mente queera preciso construir um novo modelo deassistência à saúde, sem exclusão e comqualidade. Naquela época, não existia oSUS. Sou do grupo de estudantes e demédicos que participaram e lutaram pelacriação do Sistema Único de Saúde. E foino Sofia que encontrei um local onde pudecolocar em prática todas essas idéias. Atéhoje, o hospital é mantido com a par-ticipação completa da comunidade. Osusuários têm vozes dentro da instituição– ajudam no processo administrativo etambém reclamam e exigem melhoriasna qualidade da assistência.

O dia-a-dia de um obstetra

Considero que nós obstetras somosseres privilegiados porque participamosdo nascimento de um ser humano, ummomento de alegria. Cada parto é único,não importa quantos já assistimos aolongo da carreira. No Sofia, atuo prin-cipalmente em gestações de alto risco.Estou preparado e continuo me aper-feiçoando sempre para lidar com ascomplicações, com problemas que amea-çam a vida. Aí é onde meu papel se tornamais importante. É claro que existemcasos tristes, mas as alegrias superam emuito. O abraço e o agradecimento deum pai ou uma mãe valem tudo.

Obstetra há quase 30 anos, formado pela UFMG, João Batista Marinho é um exemplo de dedicação à profissão, em especial ao Hospital Sofia Feldman,na periferia de Belo Horizonte, um projeto que ajudou a construir quando ainda era estudante, juntamente com a comunidade. Defensor do parto normal,ele fala das alegrias, dificuldades, mercado de trabalho, modelo de assistência e perspectivas para os obstetras no Brasil