IANE RESENDE OLIVEIRA DE AMORIM
CÁRIE DENTÁRIA EM CRIANÇAS PRÉ-ESCOLARES:
CONHECENDO O PROBLEMA E BUSCANDO SOLUÇÕES
Faculdade de Odontologia Universidade Federal de Minas Gerais
Belo Horizonte 2018
Iane Resende Oliveira de Amorim
CÁRIE DENTÁRIA EM CRIANÇAS PRÉ-ESCOLARES:
CONHECENDO O PROBLEMA E BUSCANDO SOLUÇÕES
Dissertação apresentada ao Colegiado de Pós-Graduação em Odontologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Odontologia – área de concentração em Saúde Pública.
Orientadora: Dra. Patricia Maria Pereira de Araújo Zarzar
Coorientador: Dr. João Henrique Lara do Amaral
Belo Horizonte
2018
À memória das minhas queridas irmã Aline
e vó Sãozinha, que sempre acreditaram
em mim e não mediram esforços para me
dar apoio enquanto estavam comigo.
Vocês me deixaram há pouco tempo, mas
fizeram tanto por mim ao longo de suas
vidas.
AGRADECIMENTO
Agradeço, primeiramente, a Deus por guiar meus passos, iluminar meu
caminho e provar que vale a pena sonhar e acreditar.
Aos meus pais, Aparecida e Marcelo, por sempre primarem pela minha
educação e por estarem ao meu lado incondicionalmente.
Ao meu marido, Daniel, por suportar minha ausência em diversos
momentos e por seu valioso e incansável apoio.
À minha orientadora, professora Dra. Patricia Zarzar, pela total dedicação,
por me guiar nos caminhos da ciência, pela forma doce de compartilhar o saber, pelo
apoio e pela confiança depositada em mim.
Ao meu coorientador, professor Dr. João Henrique do Amaral, pela parceria
para realização deste trabalho.
À professora Dra. Efigênia Ferreira, muito mais que colaboradora, pelos
valiosos ensinamentos fundamentais para minha formação. Além da indiscutível
amizade e compreensão em momentos difíceis. Não tenho palavras suficientes para
agradecê-la.
Às professoras Dra. Raquel Conceição Ferreira e Dra. Fabiana Vargas
Ferreira pela excelente complementação do nosso trabalho.
À Secretaria Municipal de Saúde de Congonhas (MG), secretário de saúde
Rafael Cordeiro, secretária adjunta de saúde Célia Maria do Vale, diretor de atenção
básica em saúde Wesley Pereira e coordenador de saúde bucal Glayson Barbosa pela
autorização para cursar o mestrado e permitir o desenvolvimento da pesquisa no
serviço.
A todos os meus colegas do mestrado pelos momentos maravilhosos na
nossa formação e pela troca de experiências.
À Larissa e Jôice pela amizade, por estarem sempre ao meu lado e pela
hospitalidade em Belo Horizonte.
Às crianças, aos seus responsáveis, e aos profissionais de saúde da
atenção básica de Congonhas que participaram deste trabalho por toda a
colaboração. A esses voluntários pelo apoio que tornaram esta pesquisa possível e
real.
RESUMO
A cárie precoce de infância está relacionada à desnutrição, baixo peso, obesidade, pobreza, elementos culturais e étnicos, consumo de açúcar na mamadeira e doces entre as refeições, doenças crônicas na primeira infância e assistência deficiente dos serviços de saúde. O objetivo geral deste trabalho foi identificar a prevalência da cárie dentária e fatores associados em crianças de 3 a 5 anos, bem como, avaliar a percepção dos profissionais de saúde da Atenção Básica sobre a importância da inclusão do cirurgião dentista e do nutricionista na Puericultura no município de Congonhas, Minas Gerais. O presente estudo apresenta duas fases. A fase 1 trata-se de um estudo transversal com abordagem quantitativa que investigou a prevalência da cárie dentária e fatores associados. Esta coleta foi realizada nas unidades básicas de saúde pelas Equipes de Saúde Bucal da Estratégia Saúde da Família do município e incluiu exame clínico oral e avaliação do índice de massa corporal das crianças além da aplicação de questionários sócio demográfico e de frequência alimentar das crianças aos seus responsáveis. Os principais resultados encontrados foram: prevalência da cárie dentária 41%; as crianças com alta frequência de consumo de bebidas e alimentos açucarados, incluindo refrigerante (p=0,002), suco em pó (p=0,090) e biscoitos (p=0,314) apresentaram maior ocorrência do desfecho. Não houve associação entre IMC e cárie dentária. No modelo final ajustado, crianças cuidadas por parentes diretos, indiretos ou vizinhos (p=0,022) apresentaram maior prevalência de cárie dentária quando comparadas a crianças cuidadas pelas mães. Nunca consumir refrigerante (p=0,001) e biscoito (p=0,029) foi um fator de proteção para cárie dentária nas crianças. A fase 2 constou de um estudo qualitativo, na qual formou-se um grupo focal com os profissionais da atenção básica: enfermeiros, médicos, cirurgiões dentistas e nutricionistas. Para a realização do grupo focal foi utilizado um roteiro semiestruturado. Após a primeira conversa com objetivo de esclarecimentos e de descontração do grupo foi feita a pergunta motivadora “Como funciona o grupo de puericultura neste município?”. A seguir o roteiro foi explorado, em continuidade à conversa estabelecida procurando abordar qual a importância deste trabalho conjunto, qual o papel de cada um no grupo e como poderia ser a participação do dentista e do nutricionista nesta equipe. Conclui-se que a prevalência da cárie dentária nas crianças pré-escolares foi alta e associada com alta frequência de consumo de bebidas e alimentos com açúcar. Há necessidade de orientação sobre a alimentação, enfatizando a influência da dieta na obesidade e na cárie dentária, além de focar na prevenção dos fatores de risco comuns nas ações de saúde pública. Como produto técnico foi redigido o capítulo de um livro sendo o público alvo profissionais de saúde; a partir do estudo qualitativo pretende-se inserir no município, sob a forma de projeto piloto, atividades pró-saúde bucal no Grupo da Puericultura.
Palavras-chave: Cárie dentária. Crianças pré-escolares. Índice de massa corporal. Alimentação infantil. Fatores socioeconômicos. Cuidado da criança. Relações interprofissionais.
ABSTRACT
Dental caries in preschool children: understanding the problem and seeking
solutions
Early childhood caries is related to malnutrition, low weight, obesity, poverty, cultural and ethnic factors, sugar consumption in the baby bottle and sweets between main meals, chronic diseases in early childhood and poor health care assistance. The objective of this study was to identify the prevalence of dental caries and associated factors in children from 3 to 5 years old, as well as to evaluate the perception of health professionals of Primary Care on the importance of including the dentist and nutritionist in Child Care in municipality of Congonhas, Minas Gerais. The present study presents two phases. Phase 1 is a cross-sectional study with a quantitative approach that investigated the prevalence of dental caries and associated factors. This collection was carried out at the Basic Health Units by the Oral Health Teams of the Family Health Strategy of the municipality and included an oral clinical examination and evaluation of the children's BMI, besides the application of socio-demographic and food frequency questionnaires from the children to those responsible. The main results were: the prevalence of dental caries was 41%; children with high frequency of drinks and sugary foods, including soft drink (p = 0.002), powdered juice (p = 0.090) and cookies (p = 0.314) had a higher occurrence of the outcome. There was no association between body mass index (BMI) and dental caries. In the adjusted final model, children cared for by direct and indirect family or neighbors (p = 0.022) had a higher prevalence of dental caries when compared to children cared for by the mothers. Never consuming soda (p = 0.001) and cookies (p = 0.029) was a protective factor for dental caries in children. Phase 2 consisted of a qualitative study, in which a focus group was formed with Primary Care professionals: nurses, doctors, dentists and nutritionists. For the achievement of the focal group a semi-structured guide was used. After the first conversation that aimed at clarifying and relaxing the group, the motivating question was asked "How does the group of child care in this municipality?". Then the guide was explored, in continuity with the established conversation, trying to address the importance of this joint work, what is the role of each one in the group and what could be the participation of the dentist and the nutritionist in this team. It was concluded that the prevalence of dental caries in pre-school children was high and associated with high frequency of consumption of drinks and sugary foods. There is a need for food orientation, emphasizing the influence of diet on obesity and dental caries, as well as focusing on the prevention of common risk factors in public health actions. As technical product was written a book chapter being the target public health professionals; from the qualitative study it is intended to insert into the municipality, in the form of a pilot project, oral health activities in the Child Care Group. Keywords: Dental caries. Preschool children. Body mass index. Child nutrition. Socioeconomic factors. Child care. Interprofessional relations.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Curva de crescimento peso por idade menino ........................................ 17
Figura 2 – Curva de crescimento peso por idade menina ........................................ 17
Figura 3 – Curva de crescimento peso por estatura menino .................................... 18
Figura 4 – Curva de crescimento peso por estatura menina .................................... 18
Figura 5 – Curva de crescimento comprimento/estatura por idade menino ............. 19
Figura 6 – Curva de crescimento comprimento/estatura por idade menina ............. 19
Figura 7 – Curva de crescimento índice de massa corporal/idade menino .............. 20
Figura 8 – Curva de crescimento índice de massa corporal/idade menina .............. 20
Quadro 1 – Índices antropométricos para menores de 5 anos ................................ 21
Figura 9 – Determinantes e fatores de risco associados ao processo da cárie
precoce de infância ................................................................................. 27
Figura 10 – Localização geográfica do município de Congonhas ............................ 49
Artigo Qualitativo
Quadro 1 – Como funciona o serviço ........................................................................74
Quadro 2 – Como organizar o serviço ...................................................................... 76
Quadro 3 – A necessidade e possibilidade da equipe multiprofissional ................... 79
LISTA DE TABELAS
Table 1 – Characteristics of the sample of preschool children ………………………. 67
Table 2 – Intake of sugar-sweetened beverages and foods by preschool Children . 68
Table 3 – Negative binominal regression for carious deciduous teeth and
associated factors ..................................................................................... 69
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AAPD American Academy of Pediatric Dentistry
ECC Cárie Precoce de Infância
ECC-S Cárie Precoce Severa de Infância
ceo-d Dentes Decíduos Cariados, Perdidos e Obturados
COEP Comitê de Ética em Pesquisa
CPO-D Dentes Perdidos, Cariados e Obturados
ECA Estatuto da Criança e do Adolescente
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDHM Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
IMC Índice de Massa Corporal
IOTF International Obesity Task Force
MG Minas Gerais
OMS Organização Mundial da Saúde
PH Potencial Hidrogeniônico
QFAC Questionário de Frequência Alimentar de Criança
RP Razão de Prevalência
SES Socioeconomic Status
SISVAN Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional
SUS Sistema Único de Saúde
WHO World Health Organization
SUMÁRIO
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................ 13
2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 16
3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 45
4 OBJETIVOS .......................................................................................................... 47
4.1 Objetivo geral ...................................................................................................... 47
4.2 Objetivos específicos .......................................................................................... 47
5 HIPÓTESES .......................................................................................................... 48
6 METODOLOGIA .................................................................................................... 49
6.1 Localização geográfica ....................................................................................... 49
6.2 Delineamento do estudo ..................................................................................... 50
6.3 Fase 1 ................................................................................................................. 50
6.3.1 Amostra do estudo – plano de recrutamento .................................................. 50
6.3.2 Coleta de dados .............................................................................................. 50
6.3.3 Análise estatística ............................................................................................ 53
6.4 Fase 2 ................................................................................................................. 53
6.5 Considerações éticas ......................................................................................... 55
7 RESULTADOS ...................................................................................................... 56
7.1 Artigo quantitativo ............................................................................................... 56
7.2 Artigo qualitativo ................................................................................................. 71
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 86
9 PRODUTOS TÉCNICOS ....................................................................................... 87
10 PARTICIPAÇÃO EM CONGRESSO, CURSOS E APRESENTAÇÃO
DE TRABALHO ....................................................................................................... 89
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 90
APENDICES .......................................................................................................... 100
13
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
De acordo com o levantamento epidemiológico SB Brasil 2010, o índice
ceo-d (dentes cariados, perdidos e obturados) médio de crianças de 5 anos de idade
foi de 2,43. Enquanto a redução do índice de cárie (ceo-d) em crianças de 5 anos em
quase dez anos foi apenas de 6%, em crianças de 12 anos no mesmo período esta
redução foi de 12% (BRASIL, 2004; BRASIL, 2011).
Esse é um índice muito alto e pode repercutir na saúde geral da criança.
Clarke (2006) sugere que a cárie precoce de infância ou early childhood caries (ECC)
pode ser um marcador de risco para anemia por deficiência de ferro, o que acarreta
efeitos permanentes sobre o crescimento e desenvolvimento infantil. A chance de a
criança ter a função mastigatória comprometida é maior quanto maior for o número de
dentes cariados e não tratados que ela possuir (PERES et al., 2003).
Na faixa etária de 1 a 4 anos, as crianças ainda não terminaram o
desenvolvimento do sistema imunológico. Nessa época os principais problemas
nutricionais e de saúde são mais frequentes em população de baixa renda. O que
também acontece com a ECC, que tem a etiologia relacionada à desnutrição, baixo
peso, pobreza, elementos culturais e étnicos, consumo de açúcar na mamadeira e
doces entre as refeições, doenças crônicas na primeira infância e assistência
deficiente dos serviços de saúde (CAMPOS et al., 2006; ROSENBLAT; ZARZAR,
2003). Estudos demonstram associações contraditórias em que as crianças com ECC
possuem significativamente maior índice de massa corporal do que as livres de cárie
(DAVIDSON et al., 2016), mas também que ECC é mais prevalente em crianças
desnutridas (CHAUHAN et al., 2016; SO et al., 2017).
A prevalência e a incidência das patologias bucais não são apenas
decorrentes de interações biológicas na placa bacteriana dentária, mas são
determinadas por condições sociais, econômicas, políticas e educacionais (UNFER;
SALIBA, 2000). Devido a essa característica multifatorial da cárie dentária, é
necessário conhecer o que influencia a manutenção dos altos índices de prevalência
da cárie precoce de infância (PETERSEN, 2003). Vários autores, como Cohen-
Carneiro; Souza-Santos e Rebelo (2011) e Gomes e Da Ros (2008), comprovaram a
associação entre os determinantes sociais e os impactos negativos da saúde bucal
14
na qualidade de vida. Essa complexidade epidemiológica precisa ser trabalhada,
tendo que existir efetividade no controle da prevalência da cárie dentária. A solução
não ocorrerá somente com o aumento de procedimentos curativos, portanto é
necessário ir além do biológico e envolver os componentes socioculturais.
O modelo assistencial quanto a saúde bucal no país tem sido reorientado
pela Política Nacional de Saúde Bucal, “Brasil Sorridente” em busca de melhorias na
saúde bucal da população. Para a ampliação do acesso aos cuidados em saúde bucal
tem havido um direcionamento na organização em linhas por meio do ciclo de vida do
indivíduo, dentre as quais tem-se a linha do cuidado aos bebês e às crianças. Para a
faixa etária de zero a cinco anos, as ações de saúde bucal devem ser inseridas nas
ações realizadas pelas equipes de saúde da família, evitando-se a separação da área
médica e de enfermagem e também criação de programas específicos para este grupo
(BRASIL, 2004).
Deve-se trabalhar com a equipe interdisciplinar objetivando a integralidade
e, consequentemente, acolhimento, vínculo, autonomia, resolubilidade e
responsabilização na pratica diária da atenção à saúde (SANTOS; ASSIS, 2006).
A colaboração interprofissional entre cirurgiões dentistas, médicos e
enfermeiros tem a capacidade de melhorar a saúde bucal pediátrica em centros de
saúde levando a integração de prevenção de saúde bucal para as visitas de
manutenção ou bem-estar das crianças (BERNSTEIN et al., 2017). As ações de
trabalho da equipe de saúde podem acontecer na Puericultura, pois como uma sub-
especialidade da pediatria preocupa-se com acompanhamento integral do processo
de desenvolvimento da criança. O sucesso da colaboração interprofissional depende
de confluência de canais de processos interpessoais, comunicação dentro da
organização e no meio externo da organização (BERNSTEIN et al., 2017).
A inserção das crianças de zero a cinco anos no sistema de saúde deve
acontecer no máximo a partir dos seis meses, aproveitando momentos e espaços
variados. A faixa etária de dois a nove anos é ideal para o desenvolvimento de hábitos
saudáveis e para participação em programas educativos e preventivos de saúde bucal
(BRASIL, 2008).
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, artigo 4°, é dever
da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Estado, assegurar, com
prioridade, a efetivação dos direitos da criança. Porém, percebe-se que o direito a
15
saúde geral e bucal não têm sido garantidos, o que é demonstrado com os dados do
SB Brasil 2010 (BRASIL, 2011).
Desta forma, este estudo teve por objetivos identificar a prevalência da
cárie dentária em crianças e fatores associados, bem como, avaliar a percepção dos
profissionais de saúde da Atenção Básica sobre a importância da inclusão do cirurgião
dentista e do nutricionista na Puericultura, como um possível caminho para o
desenvolvimento de trabalho multidisciplinar entre os profissionais de saúde da
Estratégia de saúde da família que inclua a promoção da saúde e prevenção da cárie
dentária em crianças mais jovens.
16
2 REVISÃO DE LITERATURA
Infância
A infância é o período que vai desde o nascimento até o décimo-segundo
ano de vida incompletos (BRASIL, 2008). É um período de grande desenvolvimento
físico, marcado pelo gradual crescimento da altura e do peso da criança, ao mesmo
tempo do desenvolvimento psicológico (BRASIL, 2011). De zero a 6 anos,
considerada como primeira infância, é muito importante para a socialização da criança
com desenvolvimento mental e emocional. Estimular bem a criança nessa fase é
importante para o bom desenvolvimento dela com uma vida saudável na infância,
adolescência e vida adulta (BRASIL, 2018). É considerado o período ideal para que
os indivíduos desenvolvam hábitos saudáveis (BRASIL, 2008).
Curvas de crescimento da Organização Mundial da Saúde – OMS
O crescimento das crianças e adolescentes (0 a 19 anos) deve ser medido,
monitorado e avaliado usando as curvas de crescimento da Organização Mundial da
Saúde (OMS), para possibilitar a constatação precoce de desnutrição, sobrepeso,
obesidade e condições associadas à nutrição e ao crescimento da criança. Elas
descrevem como deve crescer uma criança saudável, sendo referência adequada
para a avaliação nutricional das crianças de acordo com a faixa etária e o sexo e
independente dos fatores socioeconômicos, étnicos ou alimentares. Para serem
utilizadas é necessário coletar os dados demográficos da criança: sexo e data de
nascimento; além dos antropométricos: estatura e peso (BRASIL, 2011).
As curvas de avaliação de crescimento da OMS de 2006 referem do
nascimento aos 5 anos (escores z):
Peso por idade: demonstra a relação entre a massa corporal e a idade cronológica,
utilizado para avaliar o estado nutricional da criança. É considerado um bom índice
para acompanhamento global do ganho de peso, mas não diferencia problemas
nutricionais atuais, agudos ou antigos (BRASIL, 2011).
17
Figura 1- Peso por idade – meninos
Fonte: Brasil, 2011. p. 60-61.
Figura 2- Peso por idade – meninas
Fonte: Brasil, 2011. p. 60-61.
18
Peso por estatura: relação entre as dimensões de massa corporal e estatura, identifica
emagrecimento ou excesso de peso da criança (BRASIL, 2011).
Figura 3- Peso por estatura – meninos
Fonte: Brasil, 2011. p. 62-63.
Figura 4- Peso por estatura – meninas
Fonte: Brasil, 2011. p. 62-63.
19
Comprimento/estatura por idade: crescimento linear da criança. Possui sensibilidade
para medir a qualidade de vida porque mostra o crescimento da criança com efeito
cumulativo de situações adversas (BRASIL, 2011).
Figura 5- Comprimento/estatura por idade – meninos
Fonte: Brasil, 2011. p. 64-65.
Figura 6- Comprimento/estatura por idade – meninas
20
Fonte: Brasil, 2011. p. 62-63.
Índice de Massa Corporal (IMC) por idade: relaciona o peso e o quadrado da estatura
da criança, identifica o excesso de peso (BRASIL, 2011).
Figura 7- Índice de Massa Corporal (IMC) por idade – meninos
Fonte: Brasil, 2011. p. 66-67.
Figura 8- Índice de Massa Corporal (IMC) por idade – meninas
21
Fonte: Brasil, 2011. p. 66-67.
Classificação do estado nutricional de crianças menores de cinco anos para
cada índice antropométrico, segundo recomendações do Sistema de Vigilância
Alimentar e Nutricional – SISVAN (BRASIL, 2011).
Quadro 1- Índices antropométricos para menores de 5 anos
VALORES CRÍTICOS
ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS PARA MENORES DE 5 ANOS
Peso para idade
Peso para estatura
IMC para idade
Estatura-
para-idade
< Percentil 0,1 < Escore-z -3 Muito baixo peso para a
idade
Magreza acentuada
Magreza acentuada
Muito baixa estatura para
a idade
> Percentil 0,1 e < Percentil 3
> Escore-z -3 e < Escore-z -2
Baixo peso para a idade
Magreza Magreza Baixa estatura para a idade
> Percentil 3 e < Percentil 15
> Escore-z -2 e < Escore-z -1
Peso adequado
para a idade
Eutrofia Eutrofia
Estatura adequada
para a idade
> Percentil 15 e < Percentil 85
> Escore-z -1 e < Escore-z +1 Risco de
sobrepeso Risco de
sobrepeso > Percentil 85 e < Percentil 97
> Escore-z +1 e < Escore-z +2
> Percentil 97 e < Percentil 99,9
> Escore-z +2 e < Escore-z +3 Peso elevado
para a idade
Sobrepeso Sobrepeso
> Percentil 99,9 > Escore-z +3 Obesidade Obesidade
22
Fonte. Brasil, 2011. p. 17.
Alimentação na infância
A nutrição é um componente essencial no crescimento humano,
desenvolvimento e manutenção de vida saudável (CHAUHAN et al., 2016), deste
modo é necessário a ingestão de determinados tipos de alimentos em quantidade
adequada principalmente entre crianças e adolescentes (GOLLEY; HENDRIE e
MCNAUGHTON, 2011).
Os hábitos alimentares saudáveis devem ser desenvolvidos idealmente na
infância, sendo a fase pré-escolar o momento em que a criança forma seus hábitos e
é importante que ela entenda que esses hábitos fazem parte de um modo de vida
saudável (BRASIL, 2008).
O 2015-2020 Dietary Guidelines for Americans – desenvolvido pelo
governo Norte Americano em 2015 para melhorar os hábitos alimentares da
população nos próximos 5 anos – considera ingestão saudável de alimentos como o
consumo de pelo menos 2 copos e meio de frutas e verduras por dia em uma dieta de
2000 calorias (U.S. DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES, 2015).
Igualmente, o Ministério da Saúde do Brasil, indicou as mesmas categorias de
alimentos, mas ao menos 400g consumidos por dia para ser realizada uma
alimentação saudável (BRASIL, 2014; COSTA; VASCONCELOS; CORSO, 2012).
Os pais devem ser estimulados à promoção da alimentação saudável
(BRASIL, 2008), já que os hábitos alimentares inadequados estão entre as maiores
causas de problemas de saúde atualmente (DANAEI et al., 2009; MURRAY et al.,
2013). Esses padrões alimentares inadequados na infância estão ligados ao risco de
sobrepeso e obesidade infantil (CRISTINA LINDSAY et al., 2017) e ao risco do
desenvolvimento de problemas de saúde na vida adulta como câncer (CANCER
RESEARCH UK, 2018; POTISCHMAN; LINET, 2013), obesidade (CRISTINA
LINDSAY et al., 2017), diabetes (REWERS; LUDVIGSSON, 2016), doenças
cardiovasculares e renais (SILVA; TAVARES; PENIDO, 2016).
Os filhos tendem a seguir a referência dos pais e responsáveis sobre toda
alimentação, por exemplo, tipo de alimentos e frequência (BRASIL, 2008). Assim, o
estudo de Silva, Tavares e Penido (2016) resultou em uma associação entre
sobrepeso e obesidade durante os anos pré-escolares e o estado nutricional de
23
sobrepeso e obesidade das mães correspondentes. As crianças analisadas também
mostraram altas taxas de inatividade física, altos níveis séricos de colesterol e alto
consumo de alimentos associados ao risco de doença cardiovascular e doença renal.
Portanto, deve-se incentivar mudanças nos hábitos no início do jardim de infância.
Os trabalhos de Hassapidou et al. (2006) e Assumpção et al. (2012)
mostram que há diferenças entre a alimentação de crianças e adolescentes com peso
normal e as com excesso de peso, sendo que os com sobrepeso consomem alimentos
não saudáveis com mais frequência.
Já o consumo de frutas e legumes promove a ótima saúde na infância,
crescimento e desenvolvimento intelectual, e níveis mais baixos de gordura corporal
(VATANPARAST et al., 2005). Entre os benefícios para as crianças há também os
efeitos protetores da institucionalização delas (permanecem tempo integral em
creches públicas e privadas) sobre a melhor adequação nutricional porque
complementam as refeições feitas no domicilio (CARVALHO et al., 2015).
No estudo de Soares et al. (2017), uma maior frequência de ingestão de
bebidas influenciou negativamente o desempenho mastigatório de crianças de 3 a 5
anos; já as que ingeriram alimentos sólidos com maior frequência exibiram melhor
desempenho mastigatório.
Os hábitos alimentares estão sendo alterados com aumento no consumo
de alimentos ultra-processados (MARTINS et al., 2013; MONTEIRO et al., 2010), que
possuem alta densidade energética, açúcar livre, sódio, gordura total e saturada e
baixo teor de proteínas e fibras. Assim, associam-se ao ganho excessivo de peso e
ao aumento do risco de doenças crônicas não transmissíveis (MOUBARAC et al.,
2013; WHO, 2003).
O guia alimentar do Brasil (2014) cita que alimentos ultra processados
contém uma quantidade desbalanceada de açúcares e gorduras, o que é crítico no
desenvolvimento de patologias como cânceres, doenças cardíacas e diabetes.
No trabalho de Batalha et al. (2017), com crianças brasileiras de 13 a 35
meses, houve uma maior proporção de alto consumo de produtos processados e ultra
processados entre as crianças cujas mães tinham menos de 12 anos de estudo e
entre as crianças com mais de 16 meses. Essas devem ser alvo de intervenções que
visem reduzir o consumo desses produtos alimentares e prevenir resultados adversos
à saúde na idade adulta.
24
O consumo alimentar das crianças pré-escolares brasileiras atualmente é
caracterizado por baixa qualidade da dieta (CARVALHO et al., 2015; MELLO;
BARROS; MORAIS, 2016) com pouco consumo de carnes, frutas, legumes e
verduras, elevado consumo de leite de vaca e inadequação no preparo de
mamadeiras, além de precoce e elevado consumo de frituras, doces, refrigerantes e
sal (MELLO; BARROS; MORAIS, 2016). Há prevalência alta de consumo inadequado
de micronutrientes como: ferro, vitamina A e zinco. As inadequações são tanto de
deficiência como também de excessos como acontece com o consumo energético.
Isso acontece como consequência de práticas alimentares incorretas na infância
causadas principalmente por interrupção precoce do aleitamento materno, introdução
inadequada de alimentação complementar e excesso de consumo de produtos
industrializados ricos em açúcares, gordura e sal (CARVALHO et al., 2015).
Na segunda etapa (2010/2011) do estudo de coorte nacional na Irlanda
“Growing Up in Ireland” com amostra de 9793 crianças de 3 anos, uma proporção
considerável consumiu alimentos “não saudáveis”, incluindo batatas fritas (47%),
salgadinhos (28%), bebidas contendo açúcar (30%) e doces (49%) (CROWE et al.,
2017).
Populações com níveis econômicos e educacionais mais elevados têm sido
associadas ao consumo de dieta seguindo diretrizes nutricionais de alimentação mais
saudável. A ligação entre um baixo nível socioeconômico e dieta insalubre é
multifatorial, sendo que: as pessoas com nível socioeconômico mais baixo tendem a
ter menos acesso a alimentos saudáveis, os preços mais altos impedem que elas
comprem alimentos mais saudáveis e elas também podem ter conhecimento limitado
sobre o efeito de uma dieta não saudável sobre a saúde (SUGIYAMA; SHAPIRO,
2014).
O estudo transversal de Deka et al. (2015), realizado com adolescentes de
escolas e universidades das áreas urbanas da Índia, revelou que a educação dos pais
e status socioeconômico dos adolescentes desempenham um papel fundamental no
seu estado nutricional. Os pais com escolaridade mais alta mostraram associação
significativa com o estado nutricional dos adolescentes, e também constataram que
as famílias com maior nível socioeconômico têm melhor estado nutricional dos filhos.
O trabalho de Azeredo et al. (2015) avaliou uma amostra representativa de
alunos de escolas públicas e privadas brasileiras, deste modo mostrou que a
frequência de ingestão regular de alimentos saudáveis como frutas e legumes é baixa,
25
enquanto a ingestão regular de alimentos não saudáveis como refrigerantes, doces e
biscoitos doces é prevalente.
Os pais devem introduzir para as crianças alimentos que: favoreçam a
mastigação e limpeza dos dentes; contenham açúcar natural como frutas e leite; e
diminuam o consumo e frequência do açúcar que é fator de risco para a cárie dentária
e outras doenças (BRASIL, 2008). Nesse sentido, Costa et al. (2017) encontraram que
o consumo de açúcar da criança maior que três vezes ao dia é um fator de risco para
ECC.
O açúcar é uma substancia que pode causar dependência. Seu consumo
de forma intermitente ou em grandes concentrações gera fatores desencadeadores
do vício com mudanças na estrutura neural e de comportamento do indivíduo (AVENA
et al., 2008).
Cárie dentária na primeira infância e fatores associados
A cárie dentária é a doença bucal mais prevalente em todo o mundo
(SCHWENDICKE et al., 2015), sendo uma das doenças mais prevalentes na infância
(MISRA; TAHMASSEBI; BROSNAN, 2007). É considerada uma doença multifatorial
influenciada por vários fatores determinantes: biológicos, socioeconômicos, culturais,
comportamentais e demográficos (LITT; REISINE; TINANOFF, 1995).
Os modelos conceituais ou hierárquicos atuais de diversos autores sobre a
cárie dentária mostram uma rede de variáveis que são agrupadas em diferentes
níveis, nos quais fica mais próxima a variável biológica e as que interferem mais no
percurso da doença e, mais distantes, as de menor influencia (MARIA AIELLO et al.,
2015).
Quando a cárie dentária ocorre nas crianças menores de 5 anos de idade
é denominada Cárie precoce de infância (ECC) ou cárie precoce da infância. Segundo
a American Academy of Pediatric Dentistry (AAPD), ECC é a presença de um ou mais
dentes decíduos (lesões cavitadas ou não), perdidos (devido à cárie), ou restaurados
antes dos 5 anos e 11 meses de idade (AAPD, 2007-2008). Ela é uma doença
multifatorial decorrente da interação de microrganismos cariogênicos, exposição a
carboidratos, práticas alimentares inadequadas e uma gama de variáveis sociais
(ANIL & ANAND, 2017).
26
Os principais indicadores de risco no desenvolvimento da ECC podem ser
categorizados como fatores de risco microbiológicos, genéticos, dietéticos e
ambientais, havendo uma superposição dos determinantes sociais da saúde bucal. O
que inclui fatores culturais e socioeconômicos (ocupação, renda, educação, classe
social e acesso à assistência), falta de acesso ao flúor, conhecimentos de saúde
bucal, comportamentos, deficiente controle mecânico do biofilme (placa bacteriana),
práticas alimentares inadequadas com consumo excessivo e frequente de açúcar,
hipossalivação, atitudes parentais como baixa escolaridade dos pais e falta de acesso
a atendimento odontológico – figura 9 (ANIL & ANAND, 2017; BRASIL, 2008; RAI e
TIWARI, 2018). Existem várias interações de fatores distais, intermediários e
proximais relacionados à ECC (RAI e TIWARI, 2018).
Figura 9 – Determinantes e fatores de risco associados ao processo da cárie precoce
de infância
27
Modelo elaborado, fundamentado na literatura, segundo Anil & Anand, 2017; Brasil,
2008; Rai & Tiwari, 2018.
Etiologia e determinantes da cárie dentária na primeira infância
Microrganismos cariogênicos
A cárie dentária resulta da interação simultânea de microrganismos
cariogênicos, substrato = carboidratos fermentáveis e hospedeiro com superfícies dos
dentes suscetíveis para iniciar e progredir a doença. Streptococcus mutans e
Streptococcus sobrinus são os microrganismos mais comuns associados à ECC,
Lactobacilos também participam do desenvolvimento de lesões de cárie tendo papel
importante na progressão da lesão, mas não na sua iniciação. Além deles também
28
são associados à cárie: Actinomyces gerencseriae, Bifidobacterium e Candida
albicans (ANIL & ANAND, 2017).
Status socioeconômico
A cárie dentária, apesar de ter grande prevalência no mundo todo, é
concentrada em poucos grupos, principalmente entre os desfavorecidos socialmente
(SCHWENDICKE et al., 2015). Em um nível amplo, as disparidades são produzidas e
reproduzidas por forças políticas, econômicas, sociais e culturais (PATRICK et al.,
2006).
Assim, a classe social e o status socioeconômico podem determinar as
crenças e a percepção da necessidade de serviços odontológicos pela família, o que
pode influenciar a saúde bucal das crianças e levar ao aumento da suscetibilidade à
cárie (MENON et al., 2013).
O menor status sociodemográfico foi associado ao aumento do risco de
ECC por Li et al. (2017), o que incluiu morar em região não desenvolvida, mãe com
menor escolaridade, família de baixa renda e cuidador com lesões de cárie. Para
Gerdin et al. (2008), a prevalência de cárie diminuiu com o aumento do status
socioeconômico em todas as idades.
Vários estudos constataram que as crianças pertencentes às famílias que
vivem em condições socioeconômicas mais baixas apresentam prevalência de cárie
maior (GOPAL et al., 2016; PINTO-SARMENTO et al., 2016; RAI e TIWARI, 2018).
Foram utilizados diversos métodos para medir o status socioeconômico, como menor
renda familiar anual / mensal, status de emprego na forma de nível de ocupação dos
pais e ambos os pais trabalhando e Índice de Vulnerabilidade Social (acesso das
populações aos serviços sociais básicos: habitação, escolaridade, renda, empregos,
assistência jurídica, saúde e nutrição) (RAI e TIWARI, 2018).
Os menores rendimentos familiares são determinantes significativos da
experiência de cárie (COSTA; DAHER; QUEIROZ, 2013; HONG et al., 2008; NUNN
et al., 2009). Crianças de famílias com renda familiar mais baixa ou classe social baixa
tem mais chances de sofrer qualquer cárie, cárie rampante, cárie com envolvimento
pulpar e maior probabilidade de apresentar lesões não cavitadas em comparação com
crianças pertencentes à classe alta. Além disso, a prevalência de ECC é
significativamente maior entre crianças de famílias de baixa renda (RAI e TIWARI,
2018).
29
A fluoretação sub-ótima do suprimento de água utilizando água da chuva
ou poço como água potável, mais frequente entre os indivíduos mais vulneráveis
socioeconomicamente, também é associada à maior prevalência de ECC em crianças
pré-escolares (PELTZER e MONGKOLCHATI, 2015).
No estudo transversal de Granville-Garcia et al. (2008) com 2651 pré-
escolares brasileiros, sendo 1338 pertencentes a escolas públicas e 1313 a escolas
privadas, os valores médios de cárie dentária, dentes perdidos e ceo-d foram mais
elevados entre as crianças de escolas públicas (25,4%) do que as de escolas
particulares (11,4%).
Os fatores socioeconômicos (etnia, riqueza, educação dos pais e emprego)
para indivíduos, pais e famílias são associados com a experiência de cárie dentária
em crianças e adolescentes, tanto como fatores únicos e como múltiplos fatores
combinados em um índice. As desigualdades socioeconômicas têm associações mais
fortes com a experiência de cárie em crianças pequenas do que em crianças mais
velhas e adolescentes (KRAMER et al., 2018).
O trabalho de revisão sistemática e meta-análise de Schwendicke et al.
(2015) mostrou que baixa posição socioeconômica está associada ao maior risco de
ter lesões ou experiência de cárie, podendo ter associação mais forte nos países
desenvolvidos. As chances de ter CPOD > 0 foram significativamente maiores
naqueles com baixa escolaridade própria ou parental, ou antecedentes ocupacionais,
ou renda.
Educação parental
De acordo com a revisão sistemática de Rai e Tiwari (2018), o nível de
escolaridade materna foi associado à ECC em vários estudos, seguindo diversos
formatos para medir o nível de educação. A ausência de escolaridade da mãe da
criança é fator de risco para maior prevalência da ECC (PELTZER e
MONGKOLCHATI, 2015), ou seja, a cárie tem uma relação inversa com o nível
educacional das mães (PINTO-SARMENTO et al., 2016).
Os filhos de pais com ensino superior têm mais chances de ter alta
qualidade de vida relacionada ao tratamento odontológico do que aqueles com
educação primária (KHATRI; ACHARYA; SRINIVASAN, 2014).
30
Conhecimentos Parentais de Saúde Bucal e Comportamentos de Saúde
Bucal
De acordo com a revisão sistemática feita por Rai e Tiwari em 2018, vários
estudos utilizaram questionários para avaliar conhecimentos e atitudes em saúde
bucal e descobriram que mães com alto conhecimento e atitudes positivas possuem
filhos que apresentam menos chances de terem ECC do que os filhos das mães com
conhecimentos e atitudes ruins. Isto ocorre, provavelmente, porque os pais com bons
conhecimentos tendem a ter boas atitudes que os levam a seguir as recomendações
de comportamento de saúde bucal para com seus filhos. Estes normalmente seguem
o comportamento de seus pais que desempenham papel essencial na prevenção da
cárie nos dentes decíduos. Deste modo, comportamentos parentais em relação à
saúde bucal dos filhos, abrangendo assistência na escovação e motivação para
escovar duas vezes ao dia, são protetores para a ECC.
O aumento na frequência de escovação dentária, limpeza assistida e uso
de dentifrício fluoretado mostrou-se benéfico contra ECC, sendo considerados fatores
de proteção (GOPAL et al., 2016). O comportamento arriscado de higiene bucal, como
iniciar a escovação dos dentes em idade avançada, é associado ao aumento do risco
de ECC (LI et al., 2017).
O leite materno contém componentes imunológicos e nutricionais
essenciais para a criança se desenvolver saudável. A amamentação exclusiva com
leite materno durante 6 a 11 meses é um fator protetor contra a cárie dentária nos
dentes decíduos (NIRUNSITTIRAT et al., 2016). Porém, a duração da amamentação
é associada ao desenvolvimento da ECC, sendo que a média é mais alta em crianças
que foram amamentadas por mais de um ano e com maior duração de amamentação
ou que nunca foram amamentadas. Além disso, as crianças amamentadas com maior
frequência ao dia (RAI e TIWARI, 2018), com frequência de sono durante o
aleitamento materno (NIRUNSITTIRAT et al., 2016) e que dormem com mamadeira
(NIRUNSITTIRAT et al., 2016; PELTZER e MONGKOLCHATI, 2015) possuem
também maior prevalência de cárie.
Fatores Psicossociais Parentais
Em casos graves de ECC, geralmente há um contexto de desvantagem
social associado a baixo status socioeconômico, status de etnia ou imigrante e baixo
nível de escolaridade materna. Esses fatores são comumente associados a estresses
31
econômicos e familiares que podem, por sua vez, resultar em sofrimento psicológico
materno. O sofrimento pode ser agravado por temperamentos difíceis das crianças e
pode levar a comportamentos parentais disfuncionais que colocam uma criança em
risco de ECC (KIM SEOW, 2012).
O sofrimento psíquico na mãe e falta de apoio na relação conjugal também
foram associados à maiores índices de ECC (PELTZER & MONGKOLCHATI, 2015).
O menor senso de coerência (como os indivíduos lidam com situações
estressantes) da mãe é associado com maior probabilidade de ter filhos com ECC,
exposição à polpa dentária ou dentes restaurados em comparação com as mães com
maior senso, independente da classe social e gênero da criança (BONANATO et al.,
2009). Filhos de mães com alto senso de coerência apresentam mais chances de ter
alta qualidade de vida relacionada à saúde bucal (KHATRI; ACHARYA; SRINIVASAN,
2014).
O estudo de caso-controle realizado por Menon et al. (2013) com 800
crianças pré-escolares entre 4 e 5 anos, sendo 400 casos (com cárie ativa) e 400
controles (sem cárie), juntamente com seus pais utilizou o Formulário de Índice de
Estresse Parental-Curto para determinar o estresse de cuidadores primários de
crianças pequenas, resultando em estresse parental significativamente
correlacionado com ECC e sendo considerado um dos melhores preditores para ela.
Acesso a serviços odontológicos
Quando os pais não visitam o dentista regularmente, as crianças e
adolescentes tem mais dentes afetados pela cárie dentária (GONÇALVES et al.,
2016).
No trabalho de Peltzer e Mongkolchati (2015), menos de 10% da amostra
teve uma consulta odontológica antes dos 30 meses de idade, significando que muitas
crianças pré-escolares com cárie dentária permaneceram sem tratamento, não sendo
encontrada associação entre a prevalência de cárie e a realização da consulta
odontológica da criança antes dos 30 meses de idade. .
Contraditoriamente, no trabalho de Li et al. (2017), o aumento do risco de
ECC foi associado ao uso do serviço odontológico caracterizado por visita ao dentista
no passado e pais que receberam instruções sobre cuidados com a saúde bucal. Esta
observação pode ser justificada porque a demanda por atendimento odontológico é
altamente motivada por sintomas juntamente com a escassez de serviços de saúde
32
bucal pode deixar o dentista com pouco tempo e sem oportunidade para práticas
preventivas.
Fatores maternos
A ECC se associa a experiências negativas da criança e da família
(CHAFFEE et al., 2017) além de diversos fatores maternos, como: colonização por
Streptococcus mutans, circunferência da cintura ≥ 80 cm, CPO-D e placa visível.
Assim, outros fatores além do mecanismo de colonização bacteriana devem ser
considerados nas díades mãe-filho, incluindo hábitos alimentares, práticas de higiene
bucal e história familiar de cárie (COSTA et al., 2017).
No trabalho longitudinal de Piva et al. (2017) que acompanhou durante 2
anos crianças de 3-4 anos, a progressão de cárie em pré-escolares pertencentes às
unidades de atenção primária em saúde foi diretamente associada com o estado
conjugal das mães. Para os pais que eram casados ou moravam juntos no início do
estudo, em comparação com aqueles que não eram casados, a taxa de progressão
da cárie nas crianças foi 27% menor.
No estudo de coorte no sul do Brasil de Pinto et al. (2017), as crianças que
apresentaram maior incidência de cárie dentária foram de mães de baixo nível
socioeconômico, ou daquelas com mais dentes cariados e maiores taxas de
sangramento gengival. Os resultados deste estudo sugerem que a saúde bucal das
mães é um fator de risco potencialmente importante para o desenvolvimento da cárie
dentária na primeira infância.
Além disso, a literatura fornece evidências das preferências alimentares da
mãe ao desempenhar um papel na influência das preferências alimentares da criança,
o que pode ser um fator de proteção ou de risco para a criança no desenvolvimento
da ECC (LONGBOTTOM; WRIEDEN; PINE, 2002). Longbottom; Wrieden e Pine
(2002) ao comparar o consumo de alimentos das crianças com o de suas mães,
encontraram correlações positivas e significativas para consumo de pão, frutas,
batatas, batatas fritas e confeitaria de chocolate. A ingestão de salgadinhos por parte
das crianças foi correlacionada com a de suas mães, enfatizando a necessidade de
mudança em nível familiar.
Dieta
33
Alimentação inadequada é um fator de risco comum para cárie dentária e
para aumento ou perda do peso. No trabalho de Elangovan et al. (2012), tanto lanches
quanto alimentos gordurosos foram mais consumidos por crianças obesas, tendo
correlação entre cáries e consumo de lanches; o que exige atenção. O aumento do
risco de ECC é associado ao comportamento alimentar de risco como consumo de
doces com alta frequência e muitas vezes antes de dormir (LI et al., 2017).
O aumento do consumo de açúcar pela criança (> 3 vezes / dia) é um fator
relacionado a ECC (COSTA et al., 2017). Quando seus pais não visitam o dentista
regularmente e consomem açúcar entre as refeições com mais frequência, as
experiências de cárie das crianças também são maiores (GONÇALVES et al., 2016).
As crianças com as melhores práticas dietéticas tem 44% menos
probabilidade de apresentar cárie precoce severa de infância (ECC-S) em
comparação com crianças com as piores práticas alimentares. Um padrão de
alimentação saudável voltado para a promoção do desenvolvimento infantil ideal e a
prevenção de doenças crônicas também pode reduzir o risco de ECC (NUNN et al.,
2009).
No trabalho de Palmer et al. (2010), as crianças com ECC-S tiveram
escores mais altos para consumo de suco entre as refeições, alimentos sólidos com
retenção, frequência alimentar e cariogênese alimentar estimada do que crianças
livres de cárie. Além das crianças com recidiva da lesão consumirem menos alimentos
protetores de cárie do que crianças sem novas lesões, Streptococcus mutans positivo
nas crianças apresentaram maiores escores de cariogenicidade alimentar. Assim,
frequência alimentar, cariogenicidade e Streptococcus mutans foram associadas ao
ECC-S individualmente e em combinação.
A alimentação de alta frequência diária na infância, aos 12 meses de idade,
incluindo o uso de mamadeiras e amamentação, é positivamente associada à cárie
dentária na primeira infância, aos 3 anos de idade. Assim, sugere-se que a prevenção
da cárie dentária pode ser realizada enfatizando que a criança amamentada ou
alimentada com mamadeira deve ser alimentada em intervalos menos frequentes,
uma vez que os alimentos complementares nutricionalmente forem introduzidos.
Limitar a frequência de outros lanches ou bebidas açucaradas também pode resultar
em prevenção de cárie. Importante, qualquer conselho de alimentação de
profissionais de odontologia e outros profissionais de saúde deve estar alinhado com
34
as necessidades nutricionais completas do filho em crescimento e com as crenças e
valores dos cuidadores (FELDENS et al., 2017).
Os resultados do estudo de Zaror et al. (2014) também mostraram uma
associação entre ECC e amamentação prolongada. O que deixou claro que a relação
entre cárie e dieta é complexa e há muitas variáveis biológicas, tais como infecção por
estreptococos, hipoplasia do esmalte, consumo de açúcar, nível educacional da mãe
e status socioeconômico.
A ECC é mais prevalente em crianças acostumadas à amamentação sob
demanda, mamadeira noturna, lanches entre refeições e uso de chupeta adoçada
(GOPAL et al., 2016). Além disso, a introdução de refrigerantes aos 12 meses, mamar
para dormir quando vai para a cama e ingestão mais frequente de alimentos doces
são associados com cárie severa na infância (PELTZER e MONGKOLCHATI, 2015).
Consequências da cárie dentária na primeira infância
A ECC compromete a saúde geral com eventos que incluem dor, perda de
apetite e sono interrompido podendo afetar a velocidade de crescimento do peso
desacelerado. Além disso, reconhece-se que a saúde de indivíduos com condições
específicas de comprometimento médico, como cardiopatias congênitas ou estados
de imunodeficiência, é colocada em risco quando lesões cariosas avançadas estão
presentes (ACS et al.,1999).
A dor associada à cárie dentária tem um impacto negativo no estado
emocional das crianças, nos padrões de sono e na capacidade de aprender ou realizar
suas atividades habituais (ANIL & ANAND, 2017).
A ECC pode afetar o bem-estar e a qualidade de vida das crianças (ACS
et al., 2001; ANIL & ANAND, 2017; CUNNION et al., 2010; KRAMER et al., 2013).
Após tratamento odontológico, os pais percebem melhor qualidade de vida em seus
filhos que tinham ECC, também acreditando que a saúde geral é melhorada (ACS et
al., 2001; CUNNION et al., 2010; GAUR et al., 2011). Sendo observada maior
recuperação na experiência da dor, seguida de melhores habilidades para comer e
dormir. As crianças com condições subjacentes de comprometimento médico ou
desenvolvimento tendem a ter relatado melhorias na alimentação, no sono e na saúde
geral (ACS et al., 2001). As crianças com ECC apresentam maiores impactos
negativos no funcionamento físico, mental e social, mas intervenções odontológicas
35
nessas crianças tiveram um impacto positivo significativo nas classificações parentais
de sua saúde bucal geral e funcionamento físico, mental e social (CUNNION et al.,
2010).
O aumento da experiência de cárie infantil é associado à piora da qualidade
de vida da criança em todos os grupos sociais; no entanto, as famílias que enfrentam
maior desvantagem relatam menor impacto no mesmo nível de experiência da doença
(CHAFFEE et al., 2017).
DADOS ANTROPOMÉTRICOS E CÁRIE NA INFÂNCIA
Durante a infância, assim como a cárie dentária, outros fatores merecem
atenção, já que trazem consequências negativas para a saúde da criança: alterações
nos índices antropométricos. No Brasil, a prevalência de obesidade infantil é de
aproximadamente 14,1% (MARIA AIELLO et al., 2015) e de déficit de crescimento em
crianças menores de cinco anos é de aproximadamente 7% (BRASIL – PNDS, 2006).
Existem relatos conflitantes na literatura de várias partes do mundo sobre
a associação entre alterações nas medidas antropométricas e cárie dentária. Uma
revisão sistemática concluiu que a cárie dentária está associada tanto ao índice de
massa corporal alto como ao baixo. Embora a natureza exata dessas associações
permaneça obscura, é possível que diferentes fatores estejam envolvidos no
desenvolvimento de cárie em crianças com IMC alto e baixo, necessitando uma
investigação mais aprofundada da associação entre as doenças e entre seus
preditores, avaliando dietas e fatores comportamentais na idade pré-escolar e as
influencias parentais ou familiares no desenvolvimento desses padrões (HOOLEY et
al., 2012). Outra revisão sistemática já concluiu que evidências da associação entre
as medidas antropométricas e a cárie dentária são conflitantes e permanecem
inconclusivas (LI et al., 2015).
Considerando esses resultados contraditórios, Chen et al. (2018) fizeram
uma revisão sistemática e meta-análise recentemente na qual, geralmente, nos
estudos não foram encontradas diferenças significativas na prevalência de cárie entre
qualquer grupo com peso anormal e o grupo com peso normal para dentes decíduos
e permanentes. Mas as análises de sensibilidade mostraram que o grupo obeso tinha
mais lesões de cárie que o grupo com peso normal em seus dentes decíduos. Sendo
que mais cárie foi encontrada entre as crianças com sobrepeso e obesidade em
36
dentes decíduos e permanentes em países de alta renda, mas não em países de baixa
e média renda.
O estudo transversal de Pikramenou et al. (2016), com 2180 crianças
gregas com idade entre 2,5 e 5,9 anos de 33 creches particulares, resultou em
crianças pré-escolares com sobrepeso e obesidade apresentando maior risco de cárie
dentária do que crianças normais e com baixo peso.
Os resultados do estudo de Acs et al. (1999) sugerem que a falta de
tratamento da cárie nas crianças se estende além de relatos de dor, noites sem dormir
e infecção; impactando também sobre o crescimento e desenvolvimento somático.
O pior desempenho mastigatório em crianças da pré-escola está associado
ao maior número de dentes cavitados por cárie dentária em ambas as regiões anterior
e posterior, à maior frequência de ingestão de bebidas e IMC. Dentes cavitados nas
regiões anterior e posterior proporcionam pior desempenho na mastigação, podendo
ser explicado pelo indivíduo evitar o uso desses dentes durante a mastigação uma
vez que o contato na cavidade leva a estímulos dos túbulos dentinários para a câmara
pulpar, causando dor. Portanto, melhorar a função mastigatória é fundamental para o
crescimento e desenvolvimento das crianças (SOARES et al., 2017).
Os autores Crowe et al. (2017) utilizaram a análise de árvore de
classificação de uma coorte nacionalmente representativa de crianças pré-escolares
irlandesas para classificar e descrever as interações entre múltiplas variáveis,
incluindo dados sócio demográficos, consumo alimentar, comportamento relacionado
à saúde, índice de massa corporal (IMC) e um problema odontológico. A maior
prevalência de problemas dentários foi entre as crianças que eram obesas ou com
baixo peso com uma doença de longa data e uma mãe com excesso de peso. A
frequência de ingestão de alimentos “não-saudáveis”, como citado anteriormente,
também mostrou interações com a presença de lesões cariosas.
Igualmente, o estudo de Aluckal et al. (2016) com crianças indianas de 2 a
6 anos concluiu que crianças com sobrepeso e obesas ou com baixo peso e
desnutridas apresentaram maiores superfícies dentárias cariadas e restauradas em
comparação com crianças com peso normal. Dessa forma, o estado nutricional tem
um efeito profundo na cárie dentária, tanto baixo peso e desnutrição quanto sobrepeso
e obesidade têm implicações adversas significativas para a saúde.
Desnutrição
37
A cárie dentária e a desnutrição são doenças multifatoriais com fatores de
risco únicos e com fatores de risco compartilhados (SO et al., 2017).
As reações da criança aos primeiros estímulos pulpares da ECC nem
sempre são reconhecidas pelos cuidadores, sendo alterações mais sutis nos padrões
de alimentação e sono. Portanto, esse reconhecimento acontece normalmente em um
estágio tardio, já caracterizado por padrões de alimentação e sono significativamente
alterados, que podem subsequentemente afetar o crescimento e o desenvolvimento
(ACS et al., 1999).
As crianças com IMC baixo podem estar em risco de desenvolvimento de
cárie, além do baixo IMC estar associado a hábitos alimentares que ameaçam a saúde
bucal (NORBERG et al., 2012).
O impacto das doenças crônicas sobre o crescimento em crianças está
bem estabelecido. Parece que a cronicidade da cárie pode ter a mesma influência na
capacidade de uma criança sustentar padrões de crescimento normais e, portanto,
pode afetar a saúde geral e o bem-estar (ACS et al., 1999).
Além das questões óbvias em relação à deterioração da qualidade de vida,
caracterizada pela dor e pela incapacidade de comer ou dormir, a cárie dentária
desenfreada na criança doente demonstrou afetar negativamente o crescimento (ACS
et al., 1999).
No estudo de Acs et al. (1999), crianças com ECC pesaram
significativamente menos em comparação às crianças livres de cárie e foram
representados por categorias de peso percentil significativamente menores antes de
passarem por intervenção odontológica. Os efeitos da cárie não tratada nos percentis
dos pesos das crianças também foram progressivos. Após a conclusão da reabilitação
odontológica, resultou um crescimento acelerado das crianças com ECC, de tal forma
que elas não diferiram mais nos pesos percentis dos sujeitos livres de cárie.
Sachdev; Bansal e Chopra (2016) comparando crianças com ECC-S e
livres de cárie concluiu igualmente que o tratamento odontológico integral resultou em
crescimento de recuperação, melhorando a saúde geral da criança. Antes do
tratamento, as crianças com ECC-S tiveram menos peso e altura. No geral, a
comparação intergrupos após o tratamento mostrou que o grupo ECC-S não diferiu
mais dos controles em relação ao peso.
No trabalho de Gaur et al. (2011) a ECC também influenciou negativamente
o peso das crianças, 46% das crianças com ECC apresentaram peso abaixo do 3º
38
percentil (baixo peso). Elas também se queixaram de dor (40%), evitaram alimentos
duros (24%), notaram perda de peso (18%) e distúrbios do sono (12%). Após 6 meses
de reabilitação odontológica, houve melhora significativa no peso e na qualidade de
vida.
A ECC também foi mais prevalente em crianças tribais desnutridas
(CHAUHAN et al., 2016; SO et al., 2017) e foi aumentada com a severidade da
desnutrição, além da alta ingestão de açúcar significativamente associada à
ocorrência de cárie (CHAUHAN et al., 2016). A dor na boca relatada pelos pais foi
associada à ECC, e a dor na boca que interferiu com o sono foi preditiva do estado
nutricional deficiente. Assim, em uma população com alta prevalência de cárie
dentária severa e desnutrição, a dor na boca relatada pelos pais pode prever com
segurança a presença de cáries severas em crianças pequenas e interferir no estado
nutricional de crianças (SO et al., 2017).
Khanh et al. (2015) observou alta prevalência de consumo de alimentos
não saudável, ECC e dor na boca associados a menor estado nutricional. Foram
encontradas correlações moderadas entre o consumo de refrigerante dos pais e das
crianças e salgadinho. A gravidade da cárie foi associada com diminuição do peso e
escore z do IMC para idade. A presença de cárie com comprometimento pulpar foi
associada com estatura para a idade menor, peso para idade e IMC para a idade
escores z. A dor bucal foi associada com menores escores z de IMC para idade.
O déficit antropométrico foi associado à um maior número de lesões de
cárie em crianças pré-escolares comparadas às livres de cárie, ou seja, gravidade da
cárie dentária e má nutrição coexistem por terem fator causal comum, como a
qualidade da dieta das crianças (RIBEIRO et al., 2014).
Sobrepeso/obesidade
A cárie dentária e o peso corporal são influenciados pela dieta. As crianças
com excesso de peso podem estar consumindo menos alimentos gordurosos, mas
parecem estar consumindo mais bebidas doces do que as crianças com peso normal,
o que pode levar tanto ao aumento de peso quanto à cárie dentária. Intervenções
dietéticas destinadas a reduzir o desenvolvimento de cáries dentárias também podem
reduzir o desenvolvimento e a manutenção do excesso de peso (HOOLEY;
SKOUTERIS; MILLAR, 2012).
39
No estudo de Arvidsson et al. (2016), com crianças entre 4 a 11 anos de
idade, maior escore z do IMC foi associado a maiores contagens de estreptococos
mutans que são responsáveis pela fermentação dos carboidratos da dieta e
contribuem para a cárie diminuindo o pH na placa dentária. As refeições mais
frequentes por dia e maior percentual de alimentos ricos em açúcar consumidos
também foram associados independentemente com maiores contagens de
estreptococos mutans. Portanto, os esforços de saúde pública destinados a reduzir a
cárie dentária e o excesso de peso podem trazer múltiplos benefícios.
Crianças com ECC são mais propensas a ter sobrepeso e obesidade em
comparação com crianças livres de cárie, tendo escores z e percentis z do IMC mais
altos (DAVIDSON et al., 2016). A obesidade está associada à cárie dentária na
dentição decídua de crianças pré-escolares (SANTOS JUNIOR et al., 2014;
VÁZQUEZ-NAVA et al., 2010; ZAROR et al., 2014), sendo que as crianças com
excesso de peso e obesidade são 1,40 vezes mais propensas a sofrerem novas
lesões de cárie do que as crianças com eutrofia (ZAROR et al., 2014).
Contraditoriamente, maior IMC foi associado com menor chance de cárie
(GONÇALVES et al., 2016; GOODSON et al., 2013; LIANG et al., 2016). Goodson et
al. (2013) descobriram relação inversa entre IMC e cárie dentária contradizendo a
hipótese obesidade-açúcar, sendo que a porcentagem de dentes cariados e/ou
restaurados diminuiu de 15,61% em crianças com baixo peso, para 13,03% em
crianças com peso normal e saudável, para 9,73% em crianças com sobrepeso e para
7,87% em crianças obesas. Gonçalves et al. (2016) relatou que quando as crianças e
adolescentes apresentaram maior índice de massa corporal e consumiram frutas ou
hortaliças como lanche com maior frequência, suas experiências de cárie foram
menores. Liang et al. (2016) afirmaram que crianças com sobrepeso e obesas tinham
maior probabilidade de não terem cárie dentária.
Já outros autores encontraram associação inversa, uma proporção menor
de crianças obesas e com excesso de peso apresentou cárie dentária na dentição
decídua do que crianças abaixo do peso/saudáveis (WERNER; PHILLIPS;
KOROLUK, 2012).
Macek e Mitola (2006) observaram que aproximadamente 36% das
crianças com sobrepeso de 2 a 6 anos tem cárie dentária. Controlando as covariáveis,
não houve associação significativa entre o IMC para a idade e a prevalência de cárie
dentária. Além disso, entre as crianças com história positiva de cárie dentária, o IMC
40
por idade foi significativamente associado à gravidade da cárie dentária na dentição
permanente - as crianças com sobrepeso apresentaram uma média geométrica mais
baixa do que as crianças com peso normal. Os autores até sugeriram estudos futuros
para abordar quais fatores específicos do excesso de peso em crianças podem ser
protetores contra a cárie dentária na dentição permanente.
Porém, em outros estudos não foram observadas relações
estatisticamente significativas entre cárie dentária e obesidade infantil (COSTA;
DAHER; QUEIROZ, 2013; GRANVILLE-GARCIA et al., 2008; HONG et al., 2008), nem
cárie dentária e o IMC para a idade em crianças, mesmo a prevalência de cárie sendo
maior em crianças obesas do que em outros grupos de IMC (ELANGOVAN et al.,
2012).
Uma revisão sistemática e meta-análise de artigos entre 1980 e 2010
abordando a obesidade infantil e cárie dentária resultou, no geral, em uma relação
significativa entre obesidade e cárie, sendo encontrada associação positiva em ambas
dentições (permanente e primária). Mas foram encontradas diferenças dependendo
da medida usada para avaliar o peso da criança, havendo relação apenas em estudos
que usaram medidas padronizadas, como percentis de IMC para idade ou limites de
IOTF (International Obesity Task Force); já os estudos que usaram escores z não
encontraram associações significativas. Cofatores como idade e classe
socioeconômica foram moderadores significativos podendo ser considerados
variáveis confundidoras (HAYDEN et al., 2013).
Outra revisão sistemática de artigos entre 2005 e 2012 não encontrou
associação entre obesidade e cárie dentária, nem esclareceu o papel da dieta e de
outros fatores de risco nessa associação (SILVA et al., 2013).
Elangovan et al. (2012) sugere a importância de novos estudos
direcionados à exploração de outros fatores que contribuem para a obesidade, como
atividade física, composição genética da criança e quantificação calórica da ingestão
alimentar em maior escala.
Trabalho multidisciplinar
A saúde bucal tem sido reconhecida como um componente essencial da
saúde geral e da qualidade de vida. Logo, a prevenção de doenças bucais e a
promoção da saúde bucal devem ser incluídas como parte integrante dos programas
41
de prevenção de doenças crônicas e de promoção da saúde em geral (ANIL &
ANAND, 2017).
No Brasil, o Ministério da Saúde orienta que o exame da cavidade bucal
das crianças seja uma atividade de rotina no trabalho multiprofissional na atenção
básica à saúde. Assim, quando os profissionais, como por exemplo médicos e
enfermeiros, observarem alguma alteração na saúde bucal durante o exame podem
encaminhar formalmente para o serviço odontológico (BRASIL, 2008).
O objetivo de melhorar a saúde bucal de todas as crianças começa com a
educação interprofissional que estabelece as bases para a prática interprofissional
(HALLAS et al., 2015), além de ser necessário o treinamento de cirurgiões dentistas
clínicos gerais da saúde pública para tratar crianças pequenas (DELA CRUZ;
ROZIER; SLADE, 2004).
No estudo qualitativo de Bernstein (2017), realizado com os enfermeiros
pediátricos da atenção primária em seis centros de saúde federais em Massachusetts
e Maryland sobre o potencial da prática de saúde bucal interprofissional, enfermeiros
reconheceram a importância da prevenção de saúde bucal nas visitas de manutenção
ou bem-estar da criança garantindo a saúde, mas não tinham conhecimento das
orientações profissionais para incorporar a saúde bucal pediátrica nos encontros com
as crianças. Eles valorizaram o cuidado colaborativo, especificamente a comunicação
interna, iniciativas conjuntas e formação em parceria com faculdades de Odontologia
ou práticas comunitárias de odontologia. As equipes de colaboração interprofissional
podem trabalhar juntas se houver política e suportes administrativos para fornecer
alguns apoios como a educação continuada para os profissionais, de tal modo
aumenta o acesso aos cuidados dentais para crianças de baixa renda e diminuem a
incidência da cárie da primeira infância.
Médicos e administradores de clínicas pensam que a promoção da saúde
bucal para crianças pequenas é crucial para que elas tenham boa saúde geral e é
importante nos cuidados de saúde. Os que trabalham em clínicas onde há integração
descreveram esforços de colaboração entre dentistas e médicos pediatras, com
funcionários participando em serviços regulares. Um dentista que tem integração
avançada relatou “Nós temos algumas reuniões de pessoal... mensalmente. Mas,
parece que estamos ocupados tentando combater um incêndio em vez de sair com
novas idéias para avançar” (BERSNTEIN et al., 2016).
42
Os clínicos expuseram os fatores facilitadores para colaboração
multidisciplinar, incluindo uma administração de nível superior com a visão de valorizar
a integração da saúde bucal em cuidados infantis pediátricos, foram aprovados por
vários profissionais uma abordagem colaborativa para a assistência médica e
reconheceram o impacto da saúde bucal em outras condições médicas. Um
enfermeiro que trabalha em uma clínica classificada como integração intermediária
ponderou: “Quero dizer, você não pode separar a boca da criança e nem o dentista
do médico. Tudo precisa ser integrado” (BERNSTEIN et al., 2016). A maioria dos
profissionais da atenção básica no estudo de Dela Cruz; Rozier e Slade (2004) tiveram
opiniões positivas sobre a prestação de serviços odontológicos em suas práticas,
tinham níveis elevados de conhecimento sobre doenças bucais, fatores de risco
avaliados em seus pacientes e encaminhamentos.
A revisão de escopo de Harnagea et al. (2017) pesquisou publicações de
1978 a 2016 com foco na integração da saúde bucal e cuidados primários, resultando
em facilitadores da integração: políticas de apoio e alocação de recursos com suporte
financeiro no domínio de integração do sistema no nível macro; educação
interdisciplinar, práticas colaborativas entre cirurgiões dentistas e outros profissionais
de saúde, presença de líderes estratégicos locais e proximidade geográfica no
domínio funcional.
Os funcionários de clínicas com diferentes graus de integração valorizam a
comunicação interna e trabalho em conjunto em iniciativas novas ou existentes e
compartilham recursos para entender o contexto da vida familiar de um paciente
(BERNSTEIN et al., 2016).
Os prestadores de cuidados de saúde primários pediátricos podem fornecer
atividades de promoção da saúde oral e de prevenção da doença, eliminando ou
atrasando assim as doenças bucais e a necessidade de tratamento numa idade muito
jovem. No entanto, o envolvimento efetivo e apropriado de médicos pediatras de
cuidados primários pode ser esperado somente depois que eles receberem o
treinamento apropriado e o encorajamento (DELA CRUZ; ROZIER; SLADE, 2004).
Apesar de sua importância, a integração da saúde bucal na atenção
primária ainda é uma prática emergente no campo dos serviços de saúde
(HARNAGEA et al., 2018). As relações interprofissionais são marcadas por
colaboração e conflito, que refletem um espaço de ação associado a diferentes
perspectivas de cuidado primário. Logo, representam restrições à implementação da
43
política de saúde bucal, reduzindo o potencial da atenção primária à saúde no Brasil
(AGUIAR et al., 2014).
Em estudo de abordagem qualitativa, clínicos expuseram várias barreiras
à integração entre saúde bucal e assistência médica, como falta de treinamento e
especialização, baixa escolaridade do cuidador e falta de registros médicos e
odontológicos compartilhados, sendo as principais dificuldades o tempo limitado e
ultrapassar o papel e o conhecimento definidos de um clínico pediatra (BERSNTEIN
et al., 2016). A maioria dos profissionais enfrenta dificuldades em fazer
encaminhamentos odontológicos, e mudanças na disponibilidade de atendimento
odontológico são necessárias para diminuir essas barreiras antes que o
encaminhamento seja eficaz (DELA CRUZ; ROZIER; SLADE, 2004).
A revisão de literatura das autoras Scherer e Scherer (2015), com artigos
brasileiros de 2000 a 2013 sobre avanços e desafios da saúde bucal após uma década
de Programa Brasil Sorridente, encontrou o trabalho em equipe entre as principais
dificuldades e desafios. A maioria dos cirurgiões dentistas relatou integração com a
equipe, porém poucos participavam das reuniões e utilizavam prontuários únicos,
além de não se inserirem em práticas partilhadas com profissionais de outras áreas.
Do mesmo modo, houve problemas para o trabalho em equipe entre os profissionais
da odontologia. Os cirurgiões dentistas reconheceram que a relação com os técnicos
em saúde bucal é prejudicada por desinformação sobre o processo de trabalho, falta
de clareza sobre a responsabilidade das atividades realizadas pelos técnicos, receio
que os técnicos se tornem dentistas práticos e tomem seu espaço no mercado de
trabalho.
A revisão de escopo de Harnagea et al. (2017) citada anteriormente,
também resultou em temas relacionados à barreira que abrangeram: falta de liderança
política e políticas de saúde; desafios de implementação; educação orientada para a
disciplina; falta de continuidade dos cuidados e serviços e das necessidades de saúde
bucal dos pacientes.
No Brasil em geral, os programas de cuidados integrados em saúde bucal
foram concebidos no setor de saúde pública e baseados em parcerias com várias
organizações de saúde pública, órgãos governamentais e instituições acadêmicas.
Esses programas usaram estratégias para capacitar cuidados integrados de saúde
oral, incluindo a construção de redes interdisciplinares, prestadores de cuidados
odontológicos, possibilitando ligações de cuidados e processos coordenados de
44
cuidados. Apesar de pesquisas relacionadas aos resultados dos programas ainda
serem incipientes, estes poderiam ser considerados como um primeiro passo no
desenvolvimento de políticas de cuidados de saúde que apoiam práticas colaborativas
e cuidados centrados no paciente no setor dos cuidados primários (HARNAGEA et al.
2018).
Portanto, são necessárias futuras pesquisas e políticas para melhor
orientar a integração das práticas de saúde bucal entre a força de trabalho
odontológica e médica e os profissionais de saúde primários aliados (HARNAGEA et
al., 2017).
45
3 JUSTIFICATIVA
A realização desse estudo justifica-se pela prevalência de cárie dentária
nas crianças de 3 a 5 anos se constituir um problema a ser enfrentado em todo o
Brasil. O SB Minas (Minas Gerais, 2013), inquérito epidemiológico realizado em 2012,
mostrou, no Estado de Minas Gerais que, 41,7% das crianças de 5 anos, já
apresentava pelo menos um dente cariado. No ceo-d observado (2,1), os dentes
cariados representaram cerca de 75% do índice. Ainda nesta idade, crianças
atendidas no setor privado/convênios apresentou o índice ceo de 1,7 (IC95%; 1,3-2,1)
e no setor público, 3,1 (IC95%; 2,7-3,5).
Os fatores socioeconômicos são fortes preditores para a experiência de
cárie dentária e desigualdade na distribuição em crianças pré-escolares brasileiras.
Sendo importante aprofundar a relação da cárie dentária com fatores
socioeconômicos devido aos padrões da distribuição e da polarização da ECC não
terem sido totalmente descritos em crianças de 5 anos de idade, considerando
especialmente a associação com indicadores socioeconômicos em uma amostra
representativa (PIOVESAN, 2010).
Um dos problemas associados à presença da cárie dentária nesta idade é
o estado de saúde e má nutrição, incluindo o prejuízo na alimentação. Crianças com
ECC podem sofrer dor, infecção e incomodo que levam a alterações nos hábitos de
comer e dormir, alterações de crescimento (peso e altura) e comportamento.
Além das lesões cariosas na infância estarem associadas ao alto índice de
ingestão de açúcares e carboidratos, também estão associadas ao alto índice de
massa corporal que pode acarretar em malefícios para o estado de saúde geral como
diabetes e obesidade.
Assim, a criança deve ser vista em sua totalidade incluindo a saúde bucal
na saúde geral, tendo como importante ferramenta o trabalho multiprofissional no
serviço de atenção básica para o combate a ECC.
A abordagem qualitativa tem sido cada vez mais utilizada nas pesquisas
em saúde e pode viabilizar o melhoramento do trabalho multidisciplinar no serviço. O
Grupo Focal é uma ferramenta de coleta de dados que utiliza um grupo de discussão
informal dos profissionais de saúde com a possibilidade de alcançar as respostas para
46
questões particulares que envolvem o cuidado e a assistência em saúde. Esta
abordagem permite um maior aprofundamento e caminhos para a melhor organização
do serviço com a possível inclusão do cirurgião dentista e nutricionista na Puericultura.
Tal medida pode repercutir em políticas públicas futuras para ampliar e integralizar as
ações da promoção da saúde na primeira infância partindo de uma abordagem
multidisciplinar.
47
4 OBJETIVOS
4.1 Objetivo geral
Identificar a prevalência de cárie dentária e fatores associados em crianças
pré-escolares, bem como, avaliar a percepção dos profissionais de saúde da Atenção
Básica sobre a importância da inclusão do cirurgião dentista e do nutricionista na
Puericultura.
4.2 Objetivos específicos
Identificar a prevalência da cárie dentária.
Identificar a associação da cárie dentária com as condições socioeconômicas em
crianças de 3 a 5 anos de idade.
Identificar a associação da cárie dentária com a alimentação em crianças de 3 a 5
anos de idade.
Identificar a associação da cárie dentária com o Índice de Massa Corporal (IMC)
em crianças de 3 a 5 anos de idade.
Avaliar a percepção dos profissionais de saúde da Atenção Básica (enfermeiros,
médicos, cirurgiões dentistas e nutricionistas) sobre a necessidade da equipe de
saúde para prevenção e controle da cárie dentária em pré-escolares.
48
5 HIPÓTESES
A prevalência da cárie dentária em crianças de 3 a 5 anos é alta e está diretamente
associada as condições socioeconômicas, alimentação e Índice de Massa
Corporal (IMC).
O grupo de profissionais considera importante a presença da equipe de saúde para
prevenção e controle da cárie dentária em pré-escolares.
49
6 METODOLOGIA
6.1 Localização geográfica
Este estudo foi realizado com as equipes de Saúde Bucal pertencentes à
Estratégia de Saúde da Família do município de Congonhas, localizado na
microrregião de Conselheiro Lafaiete pertencente à macrorregião central do estado de
Minas Gerais, sudeste do Brasil. Segundo os dados do IBGE, a população aproximada
do município era de 53.843 habitantes em 2017, sendo 2614 crianças de 1 a 4 anos
e 3424 de 5 a 9 anos. Ele possui Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM
2010) de 0,753 e 88,20% de alfabetização.
Figura 10 – Localização geográfica do município de Congonhas
Disponível: https://pt.wikipedia.org/wiki/Congonhas
50
6.2 Delineamento do estudo epidemiológico
Trata-se de estudo transversal que adotou a abordagem quantitativa (fase
1) e qualitativa (fase 2).
Na fase 1, o universo de estudo exploratório foi constituído por crianças de
3 a 5 anos de idade (até 5 anos, 11 meses e 29 dias), faixa etária que apresenta
exclusivamente a dentição decídua, residentes no município, sendo aproximadamente
1044 crianças. As mães, pais ou responsáveis foram incluídos no estudo para
responder as questões relacionadas ás condições socioeconômicas e dieta das
crianças.
Na fase 2, o universo foi constituído por profissionais do sistema público de
saúde do município, com atuação na Atenção Primária à Saúde, que participam dos
Grupos Puericultura (3 enfermeiros e 2 médicos) além de 3 cirurgiões dentistas e 3
nutricionistas, ainda não formalmente incluídos nos grupos. Assim, foi garantida a
heterogeneidade e multivocalidade dos participantes, segundo os diferentes territórios
do município.
6.3 Fase 1
6.3.1 Amostra do estudo – plano de recrutamento
Os participantes do presente estudo foram recrutados e avaliados durante
a campanha de vacinação, nas unidades básicas de saúde do município. O programa
de vacinação no município tem uma cobertura de 94% na idade de 0 a 5 anos o que
favorece a chance de inclusão de quase todo o universo. Foi realizado estudo
exploratório com 100 crianças.
Os critérios de inclusão foram todas as crianças de 3 a 5 anos de idade que
os pais concordaram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(Apêndice 1) foram incluídas no estudo. Os critérios de exclusão foram as crianças
com síndromes, paralisias ou distúrbios de desenvolvimento.
Para garantir a representatividade, todas as 16 unidades de saúde foram
incluídas no estudo.
6.3.2 Coleta de dados:
51
A coleta de dados, foi realizada durante um sábado de campanha de
vacinação no município e complementada posteriormente em dias úteis nas UBS de
setembro de 2017 a janeiro de 2018 incluindo a tomada de medidas antropométricas
(peso em quilogramas e da altura em centímetros), um inquérito epidemiológico da
cárie dentaria, alguns dados relacionados às condições sócio-econômico-
demográficas e informações sobre a dieta das crianças.
O inquérito epidemiológico das crianças de 3 a 5 anos seguiu os
critérios preconizados pela OMS, utilizando-se o índice ceo-d (número de dentes
decíduos cariados, perdidos e obturados) (WHO, 2013).
Os exames clínicos foram realizados por 16 dentistas do município que
foram previamente treinados, segundo critérios determinados (WHO, 2013). O
processo de treinamento foi realizado sob a coordenação de um expert em diagnóstico
de cárie dentária. Houve uma sessão inicial com uma discussão teórica e slides. Ao
final deste treinamento foi realizado um diagnóstico de casos clínicos de carie dentaria
em slides, sendo este repetido após 15 dias. Os resultados das duas series de
diagnóstico foram comparados por meio do teste Kappa, avaliando-se a concordância
inter-examinadores (kappa inter-examinador = 0,821).
Para o exame clínico, a criança ficou sentanda em cadeira odontológica de
frente ao examinador ou no colo da mãe. Todos os dentes decíduos foram
examinados com uso de iluminação artificial com lampada Petzl (Ptezl America,
Clearfield, UT, USA). Os padrões de biossegurança foram seguidos tanto para o
controle de infecção quanto para a eliminação de resíduos durante a coleta de dados.
Quando necessário, antes do exame clínico, foi realizada limpeza bucal das crianças,
utilizando-se gaze embebida em soro fisiológico. Os dados observados foram
anotados em formulário próprio (apêndice 2).
Foram considerados como critérios de diagnóstico: total de dentes
decíduos inrompidos∕eruído (será considerado inrompidos∕eruído o dente que estiver
presente na cavidade bucal, em qualquer fase do processo de irompimento); dente
hígido – sem cavidade visível (1); dente cariado (2), dente extraído (3), dente ausente
(4).
As medidas antropométricas foram realizadas logo após o exame clínico.
As medidas foram avaliadas de forma cega, ou seja, os avaliadores pesaram e
52
mediram as crianças sem saber o índice ceo-d delas. Para as medidas de peso e
altura foi utilizada metodologia padronizada recomendada por ONIS (2006).
Para as medidas do peso foram utilizadas balanças eletrônicas padrão,
calibradas, disponíveis para atividade no serviço. As crianças foram pesadas com o
mínimo de roupas e sem sapatos. Para as medidas de altura foram utilizados
estadiômetros portáteis.
Posteriormente, foi calculado o Indíce de Massa Corporal (IMC) = peso
(kg)/altura (m) (ONIS, 2006).
As variáveis frequência alimentar, condições socioeconômicas e
demográficas foram coletadas por meio de questionário preenchido pelos pais e/ou
responsáveis junto com o termo de consentimento livre esclarecido antes da
realização do exame clínico e da coleta de dados antropométricos.
Para os dados socioeconômicos foram avaliadas: renda familiar (soma de
todos os salários recebidos pelos integrantes da família residentes na mesma casa e
classificados como menor/igual a R$1000,00 ou maior que R$1000,00); tipo de
escola/creche (pública ou privada); escolaridade da mãe e do pai (anos de estudo
classificados como menor/igual a 8 anos de estudo e maior que 8 anos de estudo).
Os dados do cuidador da criança incluíram a definição do responsável (pai, mãe, avó,
irmão, entre outros, classificados como mãe ou parentes diretos, indiretos e vizinhos),
idade e escolaridade do mesmo.
O questionário sócio demográfico (apêndice 3) foi separado em duas folhas
distintas. Na primeira folha constava a identificação do responsável e da criança e foi
codificada com um número. A segunda folha não constava identificação dos
participantes, mas sim a codificação referente a primeira folha. Assim, o responsável
não teve o formulário socioeconômico identificado na busca de minimizar o viés de
informação.
A frequência alimentar foi avaliada pela aplicação de Questionário de
Frequência Alimentar de Criança (QFAC) validado no Brasil em crianças com idade
entre 3 e 5 anos de idade (Colucci et al., 2004). Este questionário foi adaptado com
questões sobre a frequência alimentar nos últimos 6 meses, com as opções de
respostas categorizadadas como maior/igual a uma vez por dia, menor que uma vez
por mês a quatro vezes por semana ou nunca.
O QFAC também foi codificado (apêndice 2). Foi acrescentada ao
questionário de frequência alimentar uma pergunta sobre perda de peso por infecções
53
e doenças ocorridas na infância, bem como, sobre desnutrição, com finalidade de
minimizar os viéses quanto a uma possível associação entre presença de cárie severa
da infância e baixo peso.
6.3.3 Análise estatística
Os dados da pesquisa foram analisados de forma descritiva e analítica. A
análise foi realizada utilizando o software STATA versão 12.0 (Stata Corp., College
Station, TX, USA) e incluiu a distribuição de frequência e testes de associação. A
significância estatística para a associação entre a cárie dentária e as variáveis
independentes na análise bivariada foi determinada pela utilização do teste Mann
Whitney e análise por meio de correlação (p<0,05).
Na análise multivariada foi utilizada a Regressão Binominal Negativa com
variância robusta (Razão de Prevalência – RP com intervalo de confiança de 95%)
para avaliar a associação entre os preditores e o desfecho cárie dentária. Foram
incluídas as variáveis com p<0,20 na análise multivariada. O modelo hierárquico foi
composto por três níveis: distal – demográfico (sexo, idade da criança e materna);
intermediário – socioeconômico (renda familiar e escolaridade materna) e proximal –
comportamental (frequência alimentar, IMC). O procedimento adotado foi ‘backward
stepwise’ para selecionar as variáveis em cada nível. O modelo final estimou as RP
ajustadas para variáveis do mesmo nível e acima. Variáveis preditoras com p<0,05
foram mantidas no modelo de regressão final.
6.4 Fase 2
Ao se trabalhar com percepção dos profissionais de saúde, optou-se pela
metodologia qualitativa, voltada para os significados e intencionalidade das ações nos
contextos das estruturas sociais. O grupo focal foi a estratégia de coleta de dados
escolhida, por permitir, através de uma interação explícita entre os participantes, sob
a condução e facilitação do pesquisador, explorar as visões e experiências das
pessoas sobre diferentes aspectos do cotidiano. Assim, o pesquisador consegue ter
uma percepção compartilhada sobre o tema pesquisado, permitindo uma maior
variedade de discussões, abrangendo de forma mais ampla o objeto de estudo. Pode-
se conhecer o que as pessoas pensam e porque pensam sobre determinado tema,
54
nesse caso, a necessidade da equipe de saúde para prevenção e controle da cárie
dentária em pré-escolares (KITZINGER, 1995).
O pesquisador responsável pela coleta de dados entrou em contato com os
profissionais, momento em que foram feitos esclarecimentos sobre a pesquisa (o
objetivo, a importância de sua participação, o anonimato do material obtido), bem
como o convite para participação no grupo focal. Esta aproximação foi realizada por
um pesquisador com experiência prévia na condução de pesquisas qualitativas e sem
vínculo com os outros envolvidos.
A coleta de dados foi em uma sala especialmente cedida pela Prefeitura
Municipal de Congonhas, proporcionando a adequação necessária (conforto, silêncio,
tranquilidade) para a realização do grupo focal. Inicialmente os participantes foram
novamente esclarecidos quanto aos objetivos da pesquisa, orientados quanto à sua
participação no grupo, como se evitar a sobreposição de falas ou falar sempre em
direção ao gravador (no centro do círculo). Todos os sujeitos permaneceram até a
conclusão do grupo. Não houveram interrupções durante a coleta de dados.
Para a realização do grupo focal foi utilizado um roteiro semiestruturado.
Após a primeira conversa com objetivo de esclarecimentos e de descontração do
grupo foi feita a pergunta motivadora “Como funciona o grupo de puericultura neste
município? ”. A seguir o roteiro foi explorado, em continuidade à conversa estabelecida
procurando abordar qual a importância deste trabalho conjunto, qual o papel de cada
um no grupo e como poderia ser a participação do dentista e do nutricionista nesta
equipe.
Foi considerada terminada a atividade quando todos os tópicos definidos
no roteiro foram contemplados. O gravador somente foi desligado após todos se
retirarem do local, permitindo que se registrassem observações após o término formal
do grupo. O conteúdo obtido foi transcrito e os dados obtidos foram trabalhados pelo
método de análise de conteúdo.
A primeira etapa, chamada de pré-análise, envolveu os primeiros contatos com
os documentos analisados e a preparação formal do material. Posteriormente foi feita
leitura flutuante, exaustiva e repetida dos textos (MINAYO, 2014). Os dados foram
então submetidos à análise de conteúdo proposta por Graneheim e Lundman (2004).
Identificados os núcleos de significado nas falas, foram obtidos em seguida os núcleos
condensados (conteúdo manifesto) e a formulação dos principais subtemas (conteúdo
latente). A análise do conteúdo latente possibilitou a extração dos temas abordados.
55
Esse processo foi realizado por três pesquisadores, simultânea e
independentemente e após discussão entre os pesquisadores as categorias foram
levantadas e condensadas (MINAYO, 2014). Para a organização dos dados foi
utilizado o software MaxQDA.
6.5 Considerações éticas
O estudo foi submetido à aprovação da Prefeitura Municipal de Congonhas
– MG e do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG) – CAAE: 69604817.9.0000.5149. Todos os voluntários deste estudo ou seu
representante legal, como as mães das crianças, assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, após estarem devidamente informados.
56
7 RESULTADOS
7.1 Artigo 1
Artigo submetido à Revista Brazilian Oral Research com ID BOR-2018-0482:
Early childhood caries, food intake, and anthropometric and socioeconomic factors in preschool children
Abstract
Early childhood caries (ECC) is highly prevalent and has a negative impact on the
quality of life of children and of their families. The primary aim of this cross-sectional
exploratory study with a quantitative approach was to determine the prevalence of
dental caries and associated factors in children aged 2 to 5 years. Data on clinical oral
examination and on body mass index (BMI) were collected and sociodemographic and
food frequency questionnaires were administered to parents/legal guardians. Results:
The prevalence of dental caries was 41%. Consumption of sugar-sweetened
beverages and foods, including soft drinks (p=0.002), powdered drinks (p=0.090), and
cookies (p=0.314), was highly frequent among children. In the final adjusted model,
children looked after by close relatives, distant relatives, or neighbors (p=0.022)
showed a higher prevalence of dental caries when compared with children who were
taken care of by their mothers. Not drinking soft drinks (p=0.001) and not eating
cookies (p=0.029) were protective factors against dental caries among children.
Prevalence of dental caries was high among preschool children and was associated
with the high intake of sugar-sweetened beverages and foods. There was no
association between BMI and dental caries. Dietary counseling should be given,
underscoring the influence of diet on the development of obesity and of dental caries,
in addition to focusing on the prevention of risk factors through public health actions.
Keywords: Dental Caries. Preschool Children. Body Mass Index. Child Nutrition.
Socioeconomic Factors.
57
Introduction
Early childhood caries (ECC), according to the American Academy of Pediatric
Dentistry, is the presence of one or more deciduous teeth (cavitated or noncavitated
lesions), lost teeth, or restored teeth before the age of 5 years and 11 months.1 The
2010 Brazilian epidemiological survey revealed a dmft (decayed, missing, filled teeth)
index of 2.43 among five-years-old. While the dmft index decreased by only 6% among
five-year-olds in nearly 10 years, a 12% reduction in DMFT was observed among 12-
year-olds for the same period.2,3 A survey conducted in the state of Minas Gerais4 in
2012 showed that 41.7% of 5-year-old children had at least one decayed tooth. In the
dmft index (2.1) detected by this survey, decayed teeth accounted for approximately
75%, similar to the findings of the national survey.
Studies have often demonstrated conflicting associations in which children with
ECC have a significantly higher body mass index (BMI) than caries-free children,5 but
also a higher prevalence of ECC among malnourished children.6,7 However, as dental
caries is a multifactorial disease, it includes other variables besides malnutrition, low
weight, and overweight, such as lower socioeconomic status, cultural and demographic
elements, high sugar intake during bottle-feeding, consumption of sweets in between
meals, chronic diseases in early childhood, and poor healthcare delivery.8,9 The
literature points out that preschool children with a larger number of decayed teeth have
had worse masticatory performance, which has increased the frequency of intake of
beverages and reduced the intake of solid foods due to pain and discomfort.10,11 This
worse masticatory performance can change the BMI and cause permanent effects on
child growth and development.12
An inappropriate diet is a common risk factor for dental caries and for weight
gain or loss. Elangovan, Mungara, and Joseph13 observed that both snacks and greasy
foods were consumed more often by obese children, showing a correlation between
caries and snacking. The increase in ECC risk is associated with risky eating behavior
such as the frequent consumption of sweets, especially before bedtime.14 Healthy diet
was linked to a reduction in the prevalence of untreated caries in preschool children.15
Investigation of the factors associated with ECC is crucial because it allows
determining the oral health status, planning services and preventive measures, and
devising educational and health promotion strategies. This way, actions and health
services tend to achieve more definitive results.
58
The goals of the present study were to estimate the prevalence of dental caries
and to investigate its association with socioeconomic status, anthropometric
parameters, and diet in children aged 3 to 5 years in a town located in southeastern
Brazil.
Methodology
Study design
This cross-sectional exploratory study utilized a convenience sample of 100
children aged 3 to 5 years enrolled in the Family Health Strategy, which included oral
health.
According to data obtained by the Brazilian Institute of Geography and Statistics
(IBGE), the municipality had 53,348 inhabitants in 2016, among whom there were
2,614 children aged 1 to 4 years and 3,424 aged 5 to 9 years. The municipal human
development index was 0.753 (high) in 2010, the Gini coefficient was 0.5052 in 2010
(high average inequality), and the literacy rate was 88.2%.
Study participants were recruited and assessed during a local multi-antigen
vaccination campaign (with a 94% coverage) in September 2017. Children whose
parents signed a free informed consent form were included in the study, considering
the percentage of individuals for each region covered by the vaccination campaign. All
of the 16 health units were included in the study.
The study protocol was approved by the city hall and Research Ethics
Committee of Universidade Federal de Minas Gerais (CAAE: 69604817.9.0000.5149).
Data collection
The data were collected by 16 examiners, all of whom were dental surgeons
working in the public sector. Anthropometric measurements (weight and height) for
BMI16 calculation were made by professionals who had been trained by experienced
researchers. Standard calibrated electronic digital scales were used for weight
measurements. The children were weighed in light clothing and barefooted. Portable
stadiometers were used for height measurements. The measurements were assessed
blindly, i.e., the examiners performed the weight and height measurements without
previous knowledge of the children’s clinical characteristics.
Information on the frequency of food intake, socioeconomic status, and
demographic variables was collected before clinical examination by administration of
59
an interview questionnaire to the parents and/or legal guardians. The questionnaire
was handed back to the examiners after completion.
Food intake was assessed by the food frequency questionnaire (FFQ) validated
in Brazil for children aged 3 to 5 years.17 This questionnaire contains questions about
the frequency of food intake within the past 6 months. A question about weight loss
caused by infections and diseases experienced in childhood and about malnutrition
was added in order to minimize any biases towards a possible association between
presence of severe ECC and low weight.
Sociodemographic variables included data on sex, child’s age, and mother’s
age. Socioeconomic variables included household income (sum of all wages paid to
family members living in the same household and classified according to the Brazilian
minimum wage at the time), family structure, and parent’s education (years of
schooling). The data on the child’s caregiver included the designation of the person
who looked after the child (father, mother, grandmother, brother, among others),
his/her age, and his/her level of education.
The dental caries outcome followed the criteria established by the World Health
Organization – dmft index.18 The diagnostic criteria were as follows: (1) healthy tooth
with possible presence of white spot, but no cavitated lesions, (2) decayed tooth with
cavitated lesion, (3) tooth extracted due to caries, and (4) missing tooth. Clinical
examination was carried out by 16 previously trained dentists following strict criteria.18
The training process was managed by a researcher with expertise in epidemiological
surveys. A preliminary session was held, in which theoretical and evaluation aspects
were discussed and images (in lux) were shown. A new session (retest) was held after
15 days and the interexaminer reliability was measured (kappa= 0.821).
Statistical analysis
The data were subjected to descriptive and analytical statistics, using STATA
version 12.0 (Stata Corp., College Station, TX, USA) and including frequency
distribution and tests of association. The statistical significance for the association
between dental caries and independent variables in the bivariate analysis was
determined by the Mann-Whitney test and correlation analysis (p<0.05).
Negative binomial regression with robust variance (prevalence ratio – PR with
a 95% confidence interval) was used in the multivariate analysis to evaluate the
association between independent variables and the dental caries outcome. Variables
60
with p<0.20 were included in the multiple variable. The hierarchical model had three
levels: distal – with demographic variables (sex, child’s age, and mother’s age);
intermediate – with socioeconomic variables (household income and mother’s level of
education), and proximal – with behavioral variables (frequency of food intake, BMI).
A backward stepwise procedure was used to select the variables at each level. The
final model estimated the adjusted PR for variables at the same level and above.
Independent variables with p<0.05 were kept in the final regression model.
Results
The total sample was comprised of 100 children aged 3 to 5 years, most of
whom were female (52.0%). Mother’s age ≥ 31 years (51.02%) was the most frequent,
and 65.31% of the mothers had > 8 years of schooling and 62.63% were married. Most
families had a monthly income > R$1,000.00 (63.64%). Most children were cared for
by their mothers (73.74%) or by relatives and neighbors (26.26%). The prevalence of
dental caries was 41% and the mean dmft index was 2.24±3.94. The significant caries
index (SiC) was used to determine the disease burden in this group.19 The mean dmft
index in the one third with the highest prevalence of the disease (SiC third) was
6.38±4.42. The mean dmft index of the other two thirds (non-SiC thirds) was 0.11+0.36.
The general characteristics of the sample are shown in Table 1.
Table 2 shows the intake of sugar-sweetened beverages and foods by the
children. The daily consumption of soft drinks, powdered drinks, and plain cookies was
20.0%, 47.0%, and 60.0%, respectively.
Table 3 shows the association between dental caries and sociodemographic
and socioeconomic variables, diet, and nutritional status of preschool children.
In the bivariate analysis, children with a high intake of sugar-sweetened
beverages and foods, including soft drinks (p=0.002), powdered drinks (p=0.090), and
plain cookies (p=0.314) had a higher caries frequency. There was no significant
association between dental caries and BMI, nor with sex, child’s age, mother’s age and
education, family structure, and household income (p > 0.05).
In the final adjusted model, children looked after by close or distant relatives or
by neighbors (p=0.022) had a higher prevalence of dental caries. Not drinking soft
drinks (p=0.001) and not eating cookies (p=0.029) were protective factors for dental
caries.
61
Discussion
In Brazil, the latest epidemiological surveys have shown that 59.4% of children
aged 5 years in 2003 and 53.5% at the same age in 2010 had at least one carious
lesion in deciduous teeth.2,3 In the present study, the prevalence of caries in deciduous
teeth was 41.0%, in line with the findings obtained for Minas Gerais.4 The mean dmft
index was 2.24±3.94, but the highest prevalence was found in a small group of children
(34 children), whose mean dmft index was 6.38±4.42. Once the mean among the other
children (66 children) was 0.11±0.36, 96.81% of the disease burden was concentrated
in 34 children. Considering the GINI index for the municipality (0.5052), it was observed
in the dental caries, the expression of the inequality
The consumption of sugar-sweetened beverages and foods by most of the
children is high and way above recommended levels. Coincidentally, the food intake
by preschool children is currently characterized by poor dietary quality.20,21 Their diet
includes a low intake of meat, fruits, legumes, and vegetables, in addition to early and
high consumption of fried and salted foods, sweets, and soft drinks.21
The increase in the risk of ECC is associated with risky eating behaviors such
as the frequent consumption of sweets14 and with children’s intake of sugar more than
three times a day,22 as also observed in the present study.
In the study conducted by Barbosa, Croccia, Carvalho, Franco, Salles-Costa,
and Soares,23 sugar intake was three times higher than the recommended levels for
both during the week and on weekends, especially because of the high consumption
of processed juices, soft drinks, candies, and added sugar. The findings were similar
in the present study, showing a daily consumption of 20.0% for soft drinks, 47.0% for
powdered drinks (juices), and 60.0% for plain cookies. Processed juices do not have
the same amount of nutrients as 100 percent fruit juices and, in addition, they have
high contents of added sugars.
In the present study, not drinking soft drinks and not eating cookies were
protective factors against dental caries for children, corroborating the result of another
recent study in which healthy diets are associated with a lower prevalence of caries
even among Brazilian preschool children who eat cariogenic foods.15
Despite the high prevalence of caries worldwide, it affects few groups, mainly
those who are socially underprivileged.24 Broadly speaking, disparities are produced
and reproduced by political, economic, social, and cultural forces.25 A lower
sociodemographic status is associated with an increased risk of ECC, which includes
62
living in an undeveloped region, having a poorly educated mother, belonging to a low-
income family, and having a caregiver with carious lesions.14 Our study did not find any
significant association with socioeconomic factors, probably because of the small
sample size and of the good socioeconomic status of the study population, with 63.64%
of families with a household income greater than R$1,000.00 (US$269,76). However,
the group with a significant dmft index is represented among these children by 34% of
the total sample.
Just as caregivers with carious lesions were associated with an increased risk
of ECC,14 children looked after by close or distant relatives or neighbors had a higher
prevalence of caries than those taken care of by their mothers. Therefore, mothers
play an important role as caregivers, but that occurs in a small segment of the
population as most women need to work outside the home to help provide for the
family. Thus, children end up being cared for by close or distant relatives or neighbors,
who do not always have a positive influence on children’s eating habits. A mother’s
food preferences influence her child’s/children’s preferences, which could be a
protective or risk factor for the development of ECC among children.33
Regarding the lack of association between dental caries and BMI found in the
present study, there have been antagonistic reports elsewhere. Even though the very
nature of these associations remains unclear, different factors are likely involved in the
development of caries in children with high and low BMI. Further investigation is
therefore warranted to determine the association between the diseases and their
predictors, and should include the evaluation of diets and of behavioral factors among
preschool children as well as the influence of parents or relatives on the development
of these patterns.26 A systematic review revealed conflicting and inconclusive evidence
of an association between anthropometric measures and dental caries.34
Studies have had some difficulty finding an association of dental caries with BMI
or even with weight and height, yielding controversial results. Several authors27,28 have
not found any association at all. An author observed that 11% of children aged 2 to 6
years were at risk for overweight, 11% suffered from excess weight, and 58% did not
have dental caries.27 Another author also found that 36.3% of 91 children aged 2 to 5
years were at risk for overweight or obesity, and that 30.3% of them had a dmft index
>1. 28
Given such contradictory findings, a systematic review and meta-analysis has
been performed recently, but no significant differences were observed in caries
63
between any group with abnormal weight and the group with normal weight for
deciduous and permanent teeth. However, sensitivity analyses demonstrated that the
obese group had more caries in deciduous teeth than the group with normal weight. In
addition, more caries were detected in deciduous and permanent teeth among
overweight and obese children from high-income countries than among children from
low- and middle-income countries.32
Among some limitations of the present study, the low prevalence of malnutrition
and of obesity interfered with the accuracy of some estimates, increasing the possibility
of error in hypothesis testing. Also, a cross-sectional design was used and, therefore,
it is not possible to assert that the severity of dental caries is a risk factor for changes
in BMI, or that their co-occurrence results from an inappropriate diet.
A strength of the study was the use of WHO18 growth curves for anthropometric
classification, with the inclusion of data on the Brazilian population, which were also
included in the epidemiological survey and food frequency questionnaire. Dentists
should not focus exclusively on sugar intake, but also on the nutrients that are essential
for good general and oral health.
Conclusions
The high prevalence of dental caries in preschool children was associated with
the frequent consumption of sugar-sweetened beverages and foods. Being looked
after by their mothers and not drinking soft drinks and not eating cookies were
considered protective factors against caries among children.
The data demonstrated the need for dietary counseling for improvement of
general and oral health. Moreover, dentists should inform parents or legal guardians
about and raise their awareness of the influence of the diet on the development of
obesity and of dental caries and focus on the prevention of risk factors commonly
observed in public health.
Nonetheless, this requires a more comprehensive intervention, a
multiprofessional one, to say the least, as the problem will definitely not be solved with
dietary counseling alone.
Special attention should be given to longitudinal studies, which can evaluate the
association between dental caries and BMI in children.
64
References
1. American Academy of Pediatric Dentistry. Definition of early childhood caries (ECC). Review Council, Revised 2007-2008. Available at: http://www.aapd.org/assets/1/7/D_ECC.pdf
2. Brasil. Ministério da Saúde. Projeto SB Brasil 2003: condições de saúde bucal da população brasileira 2002-2003: resultados principais. Brasília: Ministério da Saúde; 2004. Available at: http://cfo.org.br/wp-content/uploads/2009/10/04_0347_M.pdf
3. Brasil. Ministério da Saúde. Projeto SB Brasil 2010: pesquisa nacional de saúde bucal 2010: resultados principais. Brasília: Ministério da Saúde; 2011. Available at: http://dab.saude.gov.br/cnsb/sbbrasil/index.html
4. Minas Gerais. Secretaria de Estado de Saúde. SB Minas Gerais: Pesquisa das condições de saúde bucal da população mineira: resultados principais. Belo Horizonte: SES-MG, 2013. 73 p
5. Davidson K, Schroth RJ, Levi JA, Yaffe AB, Mittermuller BA, Sellers EA. Higher body mass index associated with severe early childhood caries. BMC Pediatr. 2016;16(1):137.
6. Chauhan A, Nagarajappa S, Dasar PL, Mishra P. Association of body mass index with dental caries among malnourished tribal children of Indore division. Clujul Med. 2016;89(4):542.
7. So M, Ellenikiotis YA, Husby HM, Paz CL, Seymour B, Sokal-Gutierrez K. Early childhood dental caries, mouth pain, and malnutrition in the Ecuadorian Amazon region. Int J Environ Res Public Health. 2017;14(5):550.
8. Campos GWDS, Minayo MCDS, Akerman M, Drumond Júnior M, Carvalho YMD. Tratado de saúde coletiva. São Paulo: Hucitec, 2006.
9. Rosenblatt A, Zarzar PMPA. A cárie precoce da infância, iniquidade social: reflexão sobre a beneficência da terapia pulpar com formocresol em crianças. Rev Bioét. 2009;11(1).
10. Soares MEC, Ramos-Jorge ML, de Alencar BM, Marques LS, Pereira LJ, Ramos-Jorge J. Factors associated with masticatory performance among preschool children. Clin Oral Investig. 2017;21(1), 159-166.
11. Soares ME, Ramos-Jorge ML, de Alencar BM, Oliveira SG, Pereira LJ, Ramos-Jorge J. Influence of masticatory function, dental caries and socioeconomic status on the body mass index of preschool children. Arch Oral Biol. 2017;81,69-73.
12. Clarke M, Locker D, Berall G, Pencharz P, Kenny DJ, Judd P. Malnourishment in a population of young children with severe early childhood caries. Pediatr Dent. 2006;28(3):254-259.
13. Elangovan A, Mungara J, Joseph E. Exploring the relation between body mass index, diet, and dental caries among 6-12-year-old children. J Indian Soc Pedod Prev Dent. 2012; 30(4), 293.
14. Li Y, Wulaerhan J, Liu Y, Abudureyimu A, Zhao J. Prevalence of severe early childhood caries and associated socioeconomic and behavioral factors in Xinjiang, China: a cross-sectional study. BMC Oral Health. 2017;17(1), 144.
15. Morikava FS, Fraiz FC, Gil GS, Abreu MHNG de, Ferreira FM. Healthy and
cariogenic foods consumption and dental caries: a preschool‐based cross‐sectional study. Oral Dis. 2018, Accepted Author Manuscript. doi:10.1111/odi.12911.
65
16. Onis M. WHO Child growth standards based on length/height, weight and age. Acta Paediatr. 2006;95(S450),76-85.
17. Colucci ACA, Philippi ST, Slater B. Development of a food frequency questionnaire for children aged 2 to 5 years. Rev Bras Epidemiol. 2004;7(4),393-401.
18. WHO. World health organization. Oral health surveys: basic methods. World Health Organization, 2013
19. Bratthall, D. Introducing the significant caries index together with a proposal for
a new global oral health goal for 12‐year‐olds. Int Dent J. 2000;50(6),378-384. 20. Carvalho CAD, Fonsêca PCDA, Priore SE, Franceschini SDCC, Novaes JFD.
Food consumption and nutritional adequacy in Brazilian children: a systematic review. Rev Paul Pediatr. 2015;33(2),211-221.
21. Mello CS, Barros KV, Morais MBD. Brazilian infant and preschool children feeding: literature review. J Pediatr. 2016;92(5),451-463.
22. Costa EL, Costa JF, Santos MP, Ladeira LL, Silva RA, Ribeiro CC. Streptococcus mutans in mother-child dyads and early childhood caries: examining factors underlying bacterial colonization. Caries Res. 2017;51(6), 582-589.
23. Barbosa RMS, Croccia C, Carvalho CGDN, Franco VC, Salles-Costa R, Soares EA. Food intake by children based on the brazilian food guide pyramid for young children. Rev Nutr. 2005;18(5),633-641.
24. Schwendicke F, Dörfer CE, Schlattmann P, Page LF, Thomson WM, Paris S. Socioeconomic inequality and caries: a systematic review and meta-analysis. J Dent Res. 2015;94(1),10-18.
25. Patrick DL, Lee RSY, Nucci M, Grembowski D, Jolles CZ, Milgrom P. Reducing oral health disparities: a focus on social and cultural determinants. BMC Oral Health. 2006, June;6(1),S4.
26. Hooley M, Skouteris H, Boganin C, Satur J, Kilpatrick N. Body mass index and dental caries in children and adolescents: a systematic review of literature published 2004 to 2011. Syst Rev. 2012;1(1),57.
27. Hong L, Ahmed A, McCunniff M, Overman P, Mathew M. Obesity and dental
caries in children aged 2‐6 years in the United States: National health and nutrition examination survey 1999‐2002. J Public Health Dent. 2008;68(4),227-233.
28. Martins RJ, Moimaz SAS, Silva MR, Saliba O, Garbin CAS. Body mass index, dental caries and sugar intake in 2-5 year-old preschoolers. Braz J Oral Sci. 2014;13(3),209-212.
29. Vázquez‐Nava F, Vázquez‐Rodríguez EM, Saldívar‐González AH, Lin‐Ochoa
D, Martínez‐Perales GM, Joffre‐Velázquez VM. Association between obesity and dental caries in a group of preschool children in Mexico. J Public Health Dent. 2010;70(2),124-130.
30. Silva AER, Menezes AMB, Demarco FF, Vargas-Ferreira F, Peres MA. Obesity and dental caries: systematic review. Rev Saúde Pública. 2013;47,799-812.
31. Norberg C, Hallström Stalin U, Matsson L, Thorngren‐Jerneck K, Klingberg G. Body mass index (BMI) and dental caries in 5‐year‐old children from southern Sweden. Community Dent Oral Epidemiol. 2012;40(4),315-322.
32. Chen D, Zhi Q, Zhou Y, Tao Y, Wu L, Lin H. Association between dental caries and BMI in Children: a systematic review and meta-analysis. Caries Res. 2018;52(3),230-245.
66
33. Longbottom PJ, Wrieden WL, Pine CM. Is there a relationship between the food
intakes of Scottish 5½− 8½‐year‐olds and those of their mothers?. J Hum Nutr Diet. 2002;15(4),271-279
34. Li LW, Wong HM, Peng SM, McGrath CP. Anthropometric measurements and dental caries in children: a systematic review of longitudinal studies. Adv Nutr. 2015;6(1),52-63.
67
Table 1 – Characteristics of the sample of preschool children (n=100), 2018.
Variables N (%)
Prevalence of dental caries (dmft) Absence (dmft=0) 59 (59.0) Presence (dmft≥1) 41 (41.0) Sex Female 52 (52.0)
Male 48 (48.0)
Child’s age (years) 3 37 (37.0) 4 34 (34.0) 5 29 (29.0) Mother’s age (years) 21 to 30 years 48 (48.98) ≥ 31 years 50 (51.02) Household income (in Brazilian currency) ≤ 1,000.00 28 (36,36) >1,000.00 49 (63,64) Mother’s marital status Single 7 (7.07) Married 62 (62.63) Widowed, separated, or divorced 4 (4.04) Common-law wife 26 (26.26) Mother’s education ≤ 8 years of schooling 34 (34.69) > 8 years of schooling 64 (65.31) Caregiver Mother 73 (73.74) Close or distant relatives, neighbors 26 (26.26)
68
Table 2 – Intake of sugar-sweetened beverages and foods by preschool children
(n=100), 2018.
Beverages and foods
≥ once daily
n (%)
<1 once monthly to
4 times weekly n (%)
Never
n (%)
Fermented milk (Yakult, Chamyto) 27 (27.00) 45 (45.00) 28 (28.00) Danoninho/Chambinho 19 (19.00) 54 (54.00) 27 (27.00) Instant chocolate mix 54 (54.00) 29 (29.00) 17 (17.00) Regular cake or chocolate cake 32 (32.00) 60 (60.00) 8 (8.00) Chocolate bar or chocolates 18 (18.00) 75 (75.00) 7 (7.00) Sandwich cookies (wafer, chocolate) 28 (28.00) 58 (58.00) 14 (14.00) Plain cookies (cornstarch, water cracker) 60 (60.00) 30 (30.00) 10 (10.00) Powdered drinks 47 (47.00) 34 (34.00) 19 (19.00) Soft drinks 20 (20.00) 65 (65.00) 15 (15.00)
69
Table 3: Negative binominal regression for carious deciduous teeth and associated factors (n=100), 2018.
Independent variables Unadjusted PR (95%CI)
p value
Adjusted PR p value
Sex Female 1 Male [PR = 0.671 (95%CI: 0.307 – 1.468)] 0.318 [PR = 0.28 (95%CI: 0.527 – 2.340)] 0.783 Child’s age 3 years 1 4 years [PR = 0.965 (95%CI: 0.343 – 2.717)] 0.947 5 years [PR = 1.358 (95%CI: 0.528 – 3.493)] 0.525 Household income ≤1,000 1 >1,000 [PR = 0.505 (95%CI: 0.220 – 1.157)] 0.106 [PR = -1.69 (95%CI: 0.153 – 1.146)] 0.090 Mother’s age 21 to 30 years 1 ≥ 31 years [PR = 0.884 (95%CI: 0.388 – 2.014)] 0.769 Mother’s marital status Single, widowed, or divorced Married or common-law wife [PR = 0.780 (95%CI: 0.176 – 3.454)] 0.743 Mother’s education ≤ 8 1 > 8 [PR = 0.581 (95%CI: 0.263 – 1.284)] 0.179 [PR = -1.28 (95%CI: 0.287 – 1.298)] 0.200 Caregiver Mother 1 Close or distant relatives [PR = 2.599 (95%CI: 1.186 – 5.695)] 0.017 [PR = 2.29 (95%CI: 1.155 – 6.283)] 0.022 BMI [PR = 0.895 (95%CI: 0.719 – 1.115)] 0.325* 1BMI 1 2BMI [PR = 0.753 (95%CI: 0.289 – 1.959)] 0.561 3BMI [PR = 1.107 (95%CI: 0.423 – 2.897)] 0.835 Weight [PR = 1.011 (95%CI: 0.891 – 1.147)] 0.867* Consumption of soft drinks ≥ once daily 1 <once monthly to 4 times weekly [PR = 0.255 (95%CI: 0.139 – 0.468)] 0.110 [PR = -0.64 (95%CI: 0.277 – 1.912)] 0.521 Never 0.000 [PR = -3.33 (95%CI: 0.156 – 0.341)] 0.001 Consumption of powdered drinks ≥ once daily 1 < once monthly to 4 times weekly [PR = 0.686 (95%CI: 0.390 – 1.206)] 0.009 [PR = -1.89 (95%CI: 0.208 – 1.028)] 0.059 Never 0.353 [PR = -0.02 (95%CI: 0.340 – 2.875)] 0.984 Consumption of sandwich cookies ≥ once daily 1 < once monthly to 4 times weekly [PR = 0.632 (95%CI: 0.325 – 1.227)] 0.713 Never 0.123 Consumption of plain cookies ≥ once daily 1 < once monthly to 4 times weekly [PR = 0.378 (95%CI: 0.172 – 0.829)] 0.314 [PR = -1.48 (95%CI: 0.194 – 1.257)] 0.139 Never 0.001 [PR = -2.19 (95%CI: 0.009 – 0.774)] 0.029 Consumption of chocolate ≥ once daily 1 < once monthly to 4 times weekly [PR = 0.625 (95%CI: 0.249 – 1.566)] 0.945 Never 0.016 Consumption of yogurt ≥ once daily 1 < once monthly to 4 times weekly [PR = 0.649 (95%CI: 0.283 – 1.491)] 0.496 Never 0.000 Consumption of Danoninho (petit suisse sweetened cheese)
≥ once daily 1 < once monthly to 4 times weekly [PR = 0.411 (95%CI: 0.231 – 0.729)] 0.038 Never 0.002 Consumption of sugar ≥ once daily 1 < once monthly to 4 times weekly [PR = 0.963 (95%CI: 0.468 – 1.980)] 0.867 Never 0.485 Consumption of instant chocolate mix ≥ once daily 1 < once monthly to 4 times weekly [PR = 0.949 (95%CI: 0.560 – 1.606)] 0.932 Never 0.847 Consumption of regular cake ≥ once daily 1 < once monthly to 4 times weekly [PR = 0.875 (95%CI: 0.475 – 1.611)] 0.353 Never 0.949 Consumption of other fruit juices
70
Mann-Whitney test *Correlation analysis
≥ once daily 1 < once monthly to 4 times weekly [PR = 0.955 (95%CI: 0.546 – 1.671)] 0.396 Never 0.752 Consumption of orange juice ≥ once daily 1 < once monthly to 4 times weekly [PR = 1.487 (95%CI: 0.801 – 2.761)] 0.540 Never 0.175 Consumption of fermented milk ≥ once daily 1 < once monthly to 4 times weekly [PR = 0.865 (95%CI: 0.526 – 1.424)] 0.042 Never 0.540
71
7.2 Artigo 2
Resultados preliminares.
Artigo a ser submetido à Revista Cadernos de Saude Publica
Equipe multiprofissional e a saúde bucal de pré-escolares: a percepção dos
profissionais da Atenção Primaria.
Introdução
Visando a ampliação do acesso à assistência de saúde bucal no Brasil, a
Política Nacional de Saúde Bucal orienta a organização por meio do ciclo de vida do
indivíduo, o que inclui a linha do cuidado aos bebês e às crianças. Para a linha do
cuidado aos bebes e às crianças – faixa etária de zero a cinco anos, as ações de
saúde bucal devem ser inseridas nas ações realizadas pelas equipes de saúde da
família, evitando-se separação das áreas médica e enfermagem e criação de
programas específicos para este grupo (BRASIL, 2004).
Na prática diária da atenção à saúde deve-se trabalhar com a equipe
interdisciplinar objetivando a integralidade e, consequentemente, acolhimento,
vínculo, autonomia, resolubilidade e responsabilização (SANTOS; ASSIS, 2006).
A colaboração interprofissional entre cirurgiões dentistas, médicos e
enfermeiros tem a capacidade de melhorar a saúde bucal pediátrica em centros de
saúde levando a integração de prevenção de saúde bucal para as visitas de
manutenção ou bem-estar das crianças. O sucesso da colaboração interprofissional
depende de confluência de canais de processos interpessoais, comunicação dentro
da organização e no meio externo da organização (BERNSTEIN et al., 2017).
A inserção das crianças de zero a cinco anos no sistema de saúde deve
acontecer no máximo a partir dos seis meses, aproveitando momentos e espaços
variados. A faixa etária de dois a nove anos é ideal para o desenvolvimento de hábitos
saudáveis e para participação em programas educativos e preventivos de saúde bucal
(BRASIL, 2008).
Desta forma, este estudo teve por objetivos avaliar a percepção dos
profissionais de saúde da Atenção Básica (enfermeiros, médicos, cirurgiões dentistas
e nutricionistas) sobre a necessidade da equipe de saúde para prevenção e controle
da cárie dentária em pré-escolares.
72
Metodologia
Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa, realizado com profissionais
do Sistema Único de Saúde de um município mineiro. Segundo os dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população do município era 53.348
habitantes em 2016, possuindo Índice de Desenvolvimento Humano (2010) de 0,753,
índice de GINI (2010) de 0,5052 e 88,2% de alfabetização.
O universo foi constituído por profissionais do sistema público de saúde do
município, com atuação na Atenção Primária à Saúde, que participam dos Grupos de
Puericultura (3 enfermeiros e 2 médicos) além de 3 cirurgiões dentistas e 3
nutricionistas, ainda não formalmente incluídos nos grupos. Assim, foi garantida a
heterogeneidade e multivocalidade dos participantes, segundo os diferentes territórios
do município.
Ao se trabalhar com percepção dos profissionais de saúde, optou-se pela
metodologia qualitativa, voltada para os significados e intencionalidade das ações nos
contextos das estruturas sociais. O grupo focal foi a estratégia de coleta de dados
escolhida por permitir, por meio de uma interação explícita entre os participantes, sob
a condução e facilitação do pesquisador, explorar as visões e experiências das
pessoas sobre diferentes aspectos do cotidiano. Assim o pesquisador consegue ter
uma percepção compartilhada sobre o tema pesquisado, permitindo uma maior
variedade de discussões, abrangendo de forma mais ampla o objeto de estudo. Pode-
se conhecer o que as pessoas pensam e porque pensam sobre determinado tema
(KITZINGER, 1995).
O pesquisador responsável pela coleta de dados entrou em contato com os
profissionais, momento em que foram feitos esclarecimentos sobre a pesquisa (o
objetivo, a importância de sua participação, o anonimato do material obtido), bem
como o convite para participação no grupo focal. O pesquisador tem experiência
prévia na condução de pesquisas qualitativas e não mantém vínculo com os outros
envolvidos.
A coleta de dados foi em uma sala especialmente cedida pela Prefeitura
Municipal, proporcionando a adequação necessária (conforto, silêncio, tranquilidade)
para a realização do grupo focal. Inicialmente os participantes foram novamente
esclarecidos quanto aos objetivos da pesquisa, orientados quanto à sua participação
no grupo, como se evitar a sobreposição de falas ou falar sempre em direção ao
73
gravador (no centro do círculo). Todos os sujeitos permaneceram até a conclusão do
grupo. Não houveram interrupções durante a coleta de dados.
Para a realização do grupo focal foi utilizado um roteiro semiestruturado. Após
a primeira conversa com objetivo de esclarecimentos e de descontração do grupo foi
feita a pergunta motivadora “Como funciona o grupo de puericultura neste município?
”. A seguir o roteiro foi explorado, em continuidade à conversa estabelecida
procurando abordar qual a importância deste trabalho conjunto, qual o papel de cada
um no grupo e como poderia ser a participação do dentista e do nutricionista nesta
equipe. Toda a atividade do grupo foi gravada em áudio.
Foi considerada terminada a atividade quando todos os tópicos definidos no
roteiro foram contemplados com saturação das respostas dos participantes. O
gravador somente foi desligado após todos se retirarem do local, permitindo que se
registrassem observações após o término formal do grupo. O conteúdo obtido foi
transcrito e os dados obtidos foram trabalhados pelo método de análise de conteúdo.
A primeira etapa, chamada de pré-análise, envolveu os primeiros contatos com
os documentos analisados e a preparação formal do material. Posteriormente foi feita
leitura flutuante, exaustiva e repetida dos textos (MINAYO, 2012). Os dados foram
então submetidos à análise de conteúdo proposta por Graneheim e Lundman (2004).
Identificados os núcleos de significado nas falas, foram obtidos em seguida os núcleos
condensados (conteúdo manifesto) e a formulação dos principais subtemas (conteúdo
latente). A análise do conteúdo latente possibilitou a extração dos temas abordados.
Esse processo foi realizado por três pesquisadores, simultânea e
independentemente e após discussão entre os pesquisadores as categorias foram
condensadas. (MINAYO, 2014).
O estudo foi submetido à aprovação da Prefeitura do município e do Comitê de
Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – CAAE:
69604817.9.0000.5149.
Resultados preliminares
O grupo focal foi caracterizado pelas falas espontâneas entre os participantes
durante 60 minutos. Considerado um tempo bom para não se tornar excessivo e
fatigante, nem haver desatenção dos participantes. Foram convidados doze
participantes, três de cada categoria profissional, mas uma médica não pode
74
comparecer. O grupo foi constituído por nove mulheres (81,82%) e dois homens
(18,18%).
As falas dos participantes foram identicadas pela inicial do nome da profissão
(E – enfermeira, D – cirurgiã-dentista, M – médico, N - nutricionista) e número para
manter o sigilo.
Elas foram agrupadas em três temas principais: como funciona o serviço, como
organizar o serviço e a necessidade e possibilidade da equipe multiprofissional.
Depois, foram divididas em núcleos de sentidos, núcleos de sentido condensado e
informação latente demonstrados no quadro 1.
Tema 1: Como funciona o serviço
Núcleos de significado Núcleos de significado condensados
Conteudo latente
É, a unidade onde eu trabalho, ela tem uma realidade de ter bastante criança e, não é possível. Sozinha não, fica difícil. E1
É, a unidade onde eu trabalho, ela tem uma realidade de ter bastante criança e, não é possível. Sozinha não, fica difícil. E1
Demanda X capacidade de trabalho
A gente é só PSF mesmo. Às vezes a gente tenta marcar mas elas, as mães não aderem porque tem o serviço centralizado na clínica da criança. Ah eu já faço acompanhamento na clínica da criança, então eu não vou vir! [...] porque já tá lá e a primeira consulta com um mês do pediatra é também na clínica. Então existe uma resistência né? E2
A gente é só PSF mesmo. Às vezes a gente tenta marcar mas elas, as mães não aderem porque tem o serviço centralizado na clínica da criança. [...] porque já tá lá e a primeira consulta com um mês do pediatra é também na clínica. E2
Maior credito das mães para a clínica da criança Profissional da UBS é só PSF Clínica de pediatria é melhor que PSF
[...] mas prefere a clínica da criança por ser um atendimento individualizado. Lá não é dentista clinico, é odontopediatra! [...] é como se fosse um atendimento particular. E o PSF [...] aprendizado em conjunto... que às vezes, as pessoas ainda não aprenderam a importância disso, da troca de informações. D1
[...] mas prefere a clínica da criança por ser um atendimento individualizado. Lá não é dentista clinico, é odontopediatra! [...] é como se fosse um atendimento particular. E o PSF [...] aprendizado em conjunto... que às vezes, as pessoas ainda não aprenderam a importância disso, da troca de informações. D1
Cuidado da criança Importância do coletivo
A minha criança tem que ir lá na clínica da criança. É lá que é o lugar dela. N3
A minha criança tem que ir lá na clínica da criança. É lá que é o lugar dela. N3
Clínica da criança
É que na clínica da criança os atendimentos são individuais. Conosco, nutricionistas do NASF, a gente faz grupos né? Então, as vezes as mães têm esta opção ne? Pra ela é como se fosse um atendimento
É que na clínica da criança os atendimentos são individuais. Conosco, nutricionistas do NASF, a gente faz grupos né? atendemos cinco crianças de uma vez né? [...] porque
Clínica de pediatria: atendimento individual, como particular.
75
particular, né? E com a gente, se a gente fosse fazer seria um atendimento coletivo, não precisa de encher de crianças exatamente porque atendemos cinco crianças de uma vez né? N3
atendemos cinco crianças de uma vez né? N3
Muitos pais também não valorizam a puericultura na odontologia. Fala assim, meu filho nem tem dente ainda, pra que que ele vai no dentista? [...] por exemplo, perde a vaga, aí vai lá pra nossa unidade querendo marcar por exemplo uma consulta. Mas na clínica da criança é um odontopediatra que atende... eu, por exemplo, não sou odontopediatra, não me sinto tão segura para atender uma criança menor. Tem esse vácuo também... e eles não valorizam. Eu acredito muito... D3
[...] não valorizam a puericultura na odontologia. Fala assim, meu filho nem tem dente ainda, pra que que ele vai no dentista? D3
Percepção das mães Dificuldade de trabalho UBS como segunda opção Insegurança do CD clinico
Mas eu... essa situação mesmo de correria de mãe, falta de tempo, tem interferido muito no cuidado com criança. N3
[...] correria de mãe, falta de tempo, tem interferido muito no cuidado com criança. N3
Vida da mãe e cuidado da criança
O serviço não tem essa, essa atribuição, digamos assim, pro médico que é o cuidado da criança. É mais pra uma urgência, né? Mas, não está no programa também, não está no script, né? O script não é esse. M2
O serviço não tem essa, essa atribuição, digamos assim, pro médico que é o cuidado da criança. É mais pra uma urgência, né? M2
Atribuições para o trabalho médico Protocolo
Às vezes é raro os casos de algum médico, algum colega fazer puericultura. É, geralmente assim, acho que a demanda muito grande de outros pacientes, geralmente a gente não realiza esses procedimentos de puericultura. M1
[...] acho que a demanda muito grande de outros pacientes, geralmente a gente não realiza esses procedimentos de puericultura. M1
Grande demanda de consultas médicas fora da puericultura
Pouca adesão ao aleitamento materno que a gente tá trabalhando bastante, né. A gente vê muito criança com bala, pirulito, salgadinho de pacote, nossa... é muito complicado. Eu tenho em todas as unidades um dia no mês que eu atendo as crianças de 0 a 6 para fazer essa introdução de alimentos. E tem um outro horário de 6 meses a 2 anos, pra ver se tá tudo bem, para não incentivar as guloseimas, incentivar os alimentos mais saudáveis. É, e a gente vem fazendo um trabalho com as de 0
Pouca adesão ao aleitamento materno que a gente tá trabalhando bastante, né. A gente vê muito criança com bala, pirulito, salgadinho de pacote, nossa... é muito complicado. Eu tenho em todas as unidades um dia no mês que eu atendo as crianças de 0 a 6 para fazer essa introdução de alimentos. E tem um outro horário de 6 meses a 2 anos, [...] incentivar os alimentos mais saudáveis. N2
Processo de trabalho Cuidado da criança Orientação da alimentação
76
a 6 [meses] com incentivo ao aleitamento materno. N2
Essencial, né? Acho que tem feito um trabalho maravilhoso aqui em Congonhas, a equipe toda né? Nossa mãe... Saúde bucal daqui é um... sem palavras! Zero a cinco deveria ser mesmo só na clinica da criança? Isso sempre foi muito discutido, mas eu acho maravilhoso o trabalho. A mulher chegou, descobriu que está gestante, né? Fez a primeira consulta com o enfermeiro ou com o médico, já sai dali com o encaminhamento pra dentista e pra nutricionista. Já sai agendado na primeira vez que ela vai lá no posto. Isso [...] pelo menos na maioria, já tá funcionando, né? Pega da gestante. Eu já tenho em vários lugares o acompanhamento mesmo, desde a primeira consulta da gestante até o atendimento da criança de um ano e pouquinho pra saber se tem erro alimentar acontecendo. Aí a gente vai acompanhar mais na escola né? A gente perde um pouquinho a linha aí. Aí a gente tem até que rever. Mas até um ano e pouco a gente consegue acompanhar, eu acho. nas escolas a gente sempre faz uma... a odonto faz direto, e a gente tem feito o trabalho do PSE que é o Programa de Saúde na Escola. N2
A mulher chegou, descobriu que está gestante, né? Fez a primeira consulta com o enfermeiro ou com o médico, já sai dali com o encaminhamento pra dentista e pra nutricionista. Já sai agendado na primeira vez que ela vai lá no posto. [...] pelo menos na maioria, já tá funcionando, né? Pega da gestante. Eu já tenho em vários lugares o acompanhamento mesmo, desde a primeira consulta da gestante até o atendimento da criança de um ano e pouquinho pra saber se tem erro alimentar acontecendo. Aí a gente vai acompanhar mais na escola né? A gente perde um pouquinho a linha aí. Aí a gente tem até que rever. Mas até um ano e pouco a gente consegue acompanhar, eu acho. N2
Cuidado da criança Relações interprofissionais Funcionamento do atendimento à gestante
Tema 2: Como organizar o serviço
Núcleos de significado Núcleos de significado condensados
Conteudo latente
Eu acho que essa cobertura da gestante na primeira consulta ser encaminhada, tem de ser de 100%, não? M1
Eu acho que essa cobertura da gestante na primeira consulta ser encaminhada, tem de ser de 100%, não? M1
Relações interprofissionais Processo de trabalho Funcionamento do atendimento á gestante
A maioria das crianças que precisam de procedimento invasivo, elas não vão na clínica da criança e elas não vão na gente. Elas ficam lá na casa delas quietinhas D3
A maioria das crianças que precisam de procedimento invasivo, elas não vão na clínica da criança e elas não vão na gente. D3
Cuidado da criança Busca ativa da criança com problemas
O ponto chave eu acho que era mudar esse atendimento na
O ponto chave eu acho que era mudar esse atendimento na
Processo de trabalho
77
clínica da criança mesmo, porque... Descentralizar... É... porque pra elas chegarem até a gente, porque se não... a gente não vai conseguir participar. (Silêncio) E é um protocolo igual ela falou, porque senão também tem dentista que as vezes não gosta de atender criança... Se eu não preciso, pra que que eu vou atender? Né? Então, tem que criar um protocolo pra todos atenderem igual. D2
clínica da criança mesmo, porque... É! Descentralizar! [...] se também tem dentista que as vezes não gosta de atender criança... [...] Então, tem que criar um protocolo pra todos atenderem igual. D2
Proposta para melhoria do trabalho Descentralizar Equipe
Eu já perguntei isso pro coordenador de saúde bucal... Como que a gente ia fazer com questão da clinica da criança? E é uma preocupação que ele também tem, é uma discussão frequente de como que a gente vai solucionar isso, mas como ela disse falta um pouco de pulso pra falar como que a gente vai solucionar, vamos fazer o trabalho em conjunto. Mas como? Quem vai tomar essa iniciativa? É bem complicado. Né? Mas existe essa discussão sim, e já é velha (Risos) Né gente? D1
Como que a gente ia fazer com questão da clínica da criança? [...] é uma preocupação que ele também tem, é uma discussão frequente de como que a gente vai solucionar isso. [...] falar como que a gente vai solucionar, [...] fazer o trabalho em conjunto. Mas como? Quem vai tomar essa iniciativa? [...] Mas existe essa discussão sim, e já é velha. [risos] Né gente? D1
Dificuldade de trabalho Processo de trabalho Proposta para melhoria do trabalho Discussão é antiga
A gente tem uma população que tem plano de saúde, então a população que tem acesso prefere ou ir particular ou ir na clinica da criança. Então, Congonhas né? já tem aquela situação politica mesmo, cultura de que algumas situações tem que ser feitas por especialistas........ A gente tem muitos pacientes vindos de Alagoas e da Bahia, especificamente, então já tem aquela cultura de lá de não cuidar da saúde e aqui também não dá valor a essas consultas de prevenção. Geralmente eles vem muito nos casos de agudo e quando resolve aquele agudo some, as vezes nem termina o tratamento mas melhorou vai embora, difícil de captar esse paciente. E3
A gente tem uma população que tem plano de saúde, então a população que tem acesso prefere ou ir particular ou ir na clínica da criança. [...] cultura de que algumas situações têm que ser feitas por especialistas. [...] A gente tem muitos pacientes vindos de Alagoas e da Bahia, [...] tem aquela cultura de lá de não cuidar da saúde. Geralmente eles vêm muito nos casos de agudo e quando resolve aquele agudo some, as vezes nem termina o tratamento mas melhorou vai embora, difícil de captar esse paciente. E3
Percepção do usuário Processo de trabalho Demanda de atendimento curativo
É... eu... até eu já atendi muitas de plano de saúde já passaram por mim, gestantes. N2
Eu já atendi muitas de plano de saúde já passaram por mim, gestantes. N2
Processo de trabalho
A maioria vem de Goias e, oh... da Bahia pra trabalhar, o marido consegue emprego aqui
A maioria vem de Goias e da Bahia pra trabalhar, o marido consegue emprego aqui e acaba trazendo a família. E a gente tem
Percepção do profissional Migração por trabalho
78
e acaba trazendo a família. E a gente tem um um... espaço de ocupação muito grande, lá tem muito terreno então vai chamando a família “vem pra cá que tem lote, vem”... que tem um pedaço de terra aqui! E vai agregando. E3
um espaço de ocupação muito grande [...] “vem pra cá que tem lote, vem que tem um pedaço de terra aqui!” E vai agregando. E3
Porque você chega na UPA, você espera quatro horas mas é atendido. Eventualmente... Você perde pro especialista, eventualmente. Então, muita gente vai no médico particular, sendo que as vezes é uma coisa que é acessível da atenção primária. Eu acho que... que isso atrapalha o vínculo e atrapalhando o vínculo eu acho que... você tem dificuldade de combater essa coisa assim: Ah, a criança é na clínica da criança. Gestante ou a mulher com problema ginico-obstetrico é na clínica da mulher né? M2
Porque você chega na UPA, você espera quatro horas mas é atendido. Eventualmente, você perde pro especialista. Então, muita gente vai no médico particular, sendo que as vezes é uma coisa que é acessível da atenção primária. Eu acho que isso atrapalha o vínculo e atrapalhando o vínculo eu acho que você tem dificuldade de combater essa coisa. Assim: Ah, a criança é na clínica da criança. Gestante ou a mulher com problema gineco-obstetrico é na clínica da mulher né? M2
Dificuldade de trabalho Processo de trabalho Atenção básica desvalorizada
Mas especificamente em relação a faixa etária de 0 a 5 anos, embora a clinica da criança ela não é... está longe de ser um problema, pelo contrário, ela nos apoia em vários sentidos né? na questão multiprofissional, mas enquanto ela for uma centralizadora mesmo da atenção é... bucal das crianças de 0 a 5, a importância dos dentistas pras crianças de 0 a 5 na unidade ela fica um pouco minimizada justamente por... por já existir esse fluxo. Ah tem uma criança aqui que... que acabou de cair na escola e tá com o dentinho aparentemente quebrado. Ah ta, vou pedir um raio x e as vezes já encaminhar pra clinica da criança. Nem sempre é resolutivo justamente pelo fluxo de ser atendida na clinica da criança. Então, pra esse... pra importância dele se tornar ainda mais relevante só havendo uma descentralização, talvez. Como que eles são loucos né? Com a odontologia inteira que vai... que faz o trabalho na escola. Então, não é difícil criar o vínculo não... Tem terreno. Porque eles sabem trabalhar com crianças... E2
[...] a clínica da criança ela [...] está longe de ser um problema, pelo contrário, ela nos apoia em vários sentidos né? Na questão multiprofissional, mas enquanto ela for uma centralizadora mesmo da atenção bucal das crianças de 0 a 5, a importância dos dentistas pras crianças de 0 a 5 na unidade ela fica um pouco minimizada justamente por já existir esse fluxo. Ah tem uma criança aqui que acabou de cair na escola e tá com o dentinho aparentemente quebrado. Ah ta, vou pedir um raio x e as vezes já encaminhar pra clínica da criança. Nem sempre é resolutivo justamente pelo fluxo de ser atendida na clínica da criança. Então, pra importância dele se tornar ainda mais relevante só havendo uma descentralização, talvez. Então, não é difícil criar o vínculo não. [...] Tem terreno. Porque eles [dentistas] sabem trabalhar com crianças. E2
Dificuldade de trabalho Proposta para melhoria do trabalho Clínica da criança como porta de entrada
79
Trabalho de escovação é perfeito aqui... muito bom... N3
Trabalho de escovação é perfeito aqui [refere-se ao município], muito bom. N3
Percepção do profissional Processo de trabalho Trabalho na escola é bom mas tardio
O lugar onde eu trabalho, ele é muito afastado do centro, é uma população bastante carente, muito SUS dependente e muitas pessoas elas realmente não tem um dinheiro da passagem do ônibus pra virem até o centro. Então, é... certamente elas prefere... elas prefeririam é... ter esse acesso odontológico mesmo na unidade de saúde por ser muito mais prático. Então, é também tem que verificar isso né? porque o próprio transporte pode dificultar a adesão ao tratamento, a essa questão da prevenção e aí quando chega com cinco anos que tem avaliação na escola já... o dente já tá todo comprometido. E1
O lugar onde eu trabalho, ele é muito afastado do centro, é uma população bastante carente, muito SUS dependente e muitas pessoas não tem um dinheiro da passagem do ônibus pra virem até o centro. Então, certamente elas prefeririam ter esse acesso odontológico mesmo na unidade de saúde por ser muito mais prático. [...] o próprio transporte pode dificultar a adesão ao tratamento, a essa questão da prevenção e aí quando chega com cinco anos que tem avaliação na escola o dente já tá todo comprometido. E1
Proposta para melhoria do trabalho Trabalho na escola é bom mas tardio
Tema 3: Necessidade e possibilidade da equipe multiprofissional.
Núcleos de significado Núcleos de significado condensados
Conteudo latente
A carteira de serviços que Congonhas vai ofertar, a partir de ano que vem, 2018. A participação do enfermeiro e do médico junto na puericultura. Além dos outros profissionais: nutricionista, dentista... M1
A carteira de serviços que Congonhas vai ofertar, a partir de ano que vem, 2018. A participação do enfermeiro e do médico junto na puericultura [...] além dos outros profissionais: nutricionista, dentista... M1
Processo de trabalho Relações interprofissionais Proposta oficial para equipe multiprofisional
Igual o teste do pezinho que tende a levar pra unidade né? Então já vai ser mais fácil talvez né... de abordar. E1
Igual o teste do pezinho que tende a levar pra unidade. Então, já vai ser mais fácil talvez de abordar. E1
Processo de trabalho Descentralização de procedimentos
Porque assim, por mais que eu faça, igual minha colega citou ali eu não acho que é o suficiente porque a gente atende muito esporadicamente. Não tem um... um trabalho definido. Então, eu acredito que teria que ter sim um programa... uma coisa bem elaborada, com datas... ... A gente não pode falar que tá dando certo o que que a gente tá fazendo porque a gente sabe que tem muita coisa que precisa melhorar
Por mais que eu faça, [...] eu não acho que é o suficiente porque a gente atende muito esporadicamente. Não tem um trabalho definido. Então, eu acredito que teria que ter sim um programa... uma coisa bem elaborada, com datas. [...] É a minha percepção, não acho que seja suficiente. N3
Processo de trabalho Proposta para melhoria do trabalho Falta sistematização das atividades esparsas
80
É a minha percepção, não acho que seja suficiente. N3
Isso seria interessante, esse programa... nessas consultas você colocaria o nome desses pacientes, dessas crianças que participam com você das orientações dietéticas e tudo... do... da importância do aleitamento materno e lá na frente o... o... dentista te passar qual criança que participou do seu grupo pra vê se realmente teve cárie zero, né? M1
Isso seria interessante, esse programa, nessas consultas você colocaria o nome desses pacientes, dessas crianças que participam com você das orientações dietéticas e tudo, da importância do aleitamento materno e lá na frente o dentista te passar qual criança que participou do seu grupo pra ver se realmente teve cárie zero, né? M1
Proposta para melhoria do trabalho Trabalho continuo da puericultura com o CD Avaliação de resultados
Na verdade, eu acredito num programa de... de metas pra cada profissional, aquela criança ir passando...N3
Na verdade, eu acredito num programa de metas pra cada profissional, aquela criança ir passando. N3
Proposta para melhoria do trabalho Faltam metas
Isso aí... é o protocolo! N3 M1 Isso aí... é o protocolo! N3, M1 Proposta para melhoria do trabalho
Então... existe uma dificuldade pro município de tá criando esse protocolo, dá trabalho, tem que pesquisar, olhar a linha guia, montar um protocolo de atendi... de atenção à criança, envolvendo todos os profissionais, você tem que levar pro conselho municipal aprovar. Uma coisa que o município cria e... e faça todo mundo cumprir. Né? É isso que falta. Porque cada um atende do seu jeito, a criança não volta, atende... os atendimentos esporádicos acontecem soltos, porque não existe o protocolo Então, se descentralizar o serviço todo pro PSF, o PSF assumir. Porque quando descentralizou o pré-natal, ficou na mão do PSF né? E a gente vê que a atenção com a gestante, ela é importante, ela é prioritária, tem pactos nos dados né? Em geral, foi criado um protocolo né? de atendimento, segui a risca ali e todo mundo junto.E2
Existe uma dificuldade pro município de estar criando esse protocolo, dá trabalho, tem que pesquisar, olhar a linha guia, montar um protocolo de atenção à criança, envolvendo todos os profissionais, você tem que levar pro conselho municipal aprovar. [...] É isso que falta. Porque cada um atende do seu jeito, a criança não volta, os atendimentos esporádicos acontecem soltos, porque não existe o protocolo. Então, se descentralizar o serviço todo pro PSF, o PSF assumir. Porque quando descentralizou o pré-natal, ficou na mão do PSF né? E a gente vê que a atenção com a gestante, ela é importante, ela é prioritária, tem pactos nos dados né? Em geral, foi criado um protocolo de atendimento, segue àrisca ali e todo mundo junto. E2
Proposta para melhoria do trabalho Construção compartilhada de protocolo Equipe Continuidade
Então, é uma coisa que não exi... que faz falta. Aí vai ser o ponta pé, né? Inicial! A maioria das pessoas acham que... “Ah vão criar um protocolo, tem que criar. Não, não precisa porque já existe a linha guia... é só seguir a linha guia.” Mas a linha guia, ela não é protocolo E2
Então, é uma coisa que faz falta. Aí vai ser o ponta pé inicial! [...] A maioria das pessoas acha que: “Ah vão criar um protocolo, tem que criar. Não, não precisa porque já existe a linha guia... é só seguir a linha guia.” Mas a linha guia, ela não é protocolo. E2
Proposta para melhoria do trabalho Protocolo com base na linha guia
É... fazer essa orientação da alimentação, da inclusão da alimentação. Aí se a criança tiver
É fazer essa orientação da alimentação, da inclusão da alimentação. Aí se a criança tiver
Cuidado da criança
81
com baixo peso ou obesidade, a gente encaminha pra clínica da criança considerando que lá é secundário. E a gente recebeu uma mensagem agora que dia cinco de janeiro a gente vai ter uma reunião com a equipe de lá de novo pra rever esse fluxograma, de repente já é uma ideia pra chamar mais profissionais num segundo momento pra fechar tudo né? Pra não ficar só vendo da nutrição, de repente a gente já chama mais gente pra fechar, é uma idéia. N2
com baixo peso ou obesidade, a gente encaminha pra clínica da criança considerando que lá é secundário. E a gente recebeu uma mensagem agora que [...] vai ter uma reunião com a equipe de lá de novo pra rever esse fluxograma, de repente já é uma ideia pra chamar mais profissionais num segundo momento pra fechar tudo né? Pra não ficar só vendo da nutrição, de repente a gente já chama mais gente pra fechar, é uma idéia. N2
Proposta para melhoria do trabalho Clínica da criança como atenção secundaria
É! A gente troca bastante né? Participação em grupos que já exi... eu acho que acresce bem né? Eu acho que sim... N2
A gente troca bastante né? Participação em grupos [...] que acresce bem né? Eu acho que sim... N2
Relações interprofissionais
Tá sendo muito estimulado né? Pelos gestores... Interdisciplinaridade... Interprofissionalidade (risos) eu acho que tem dado certo na maioria dos lugares. Como a gente falou, tem lugar e lugar, né? N2
Tá sendo muito estimulado né? Pelos gestores... Interdisciplinaridade, interprofissionalidade [risos] [...] Eu acho que tem dado certo na maioria dos lugares. Como a gente falou, tem lugar e lugar, né? N2
Relações interprofissionais
Porque na verdade a gente tem que cuidar da paciente como um todo. Eu não sou nutricionista e cuido só da alimentação. A outra só dentista e cuida só do dente, né? Então, se tivesse mais comunicação, por exemplo, dentista tá atendendo e viu que a criança tá com cárie e tem uma percepção que aquilo ali pode ser mamadeira ou alguma coisa, o próprio dentista já pode encaminhar pra nutrição, né? E os encaminhamentos, eles não precisam vim diretamente só do médico. Eu acho que isso é uma coisa ainda que falta muito ainda as pessoas amadurecerem pra essa questão. Essa troca de, essa interdisciplinaridade, ela vem quando um profissional percebe que precisa do outro... Né? A... a... a questão da nutrição, às vezes ela fica muito restrita porque todo mundo acha que nutricionista é... só enxerga a gente como perda de peso. E a gente pode ajudar em váaaarias coisas né? ? O encaminhamento, ele pode vir de qualquer pessoa que teve uma percepção de que aquela
Porque na verdade a gente tem que cuidar da paciente como um todo. Eu não sou nutricionista e cuido só da alimentação. A outra só dentista e cuida só do dente, né? Então, se tivesse mais comunicação, por exemplo, dentista tá atendendo e viu que a criança tá com cárie e tem uma percepção que aquilo ali pode ser mamadeira ou alguma coisa, o próprio dentista já pode encaminhar pra nutrição, né? E os encaminhamentos, eles não precisam vim diretamente só do médico. Eu acho que isso é uma coisa ainda que falta muito ainda as pessoas amadurecerem pra essa questão. Essa troca, essa interdisciplinaridade, ela vem quando um profissional percebe que precisa do outro [...] A questão da nutrição, às vezes ela fica muito restrita porque todo mundo acha que nutricionista só enxerga a gente como perda de peso. E a gente pode ajudar em váaaarias coisas né? [...] O encaminhamento, ele pode vir de qualquer pessoa que teve uma percepção de que aquela pessoa precisa de outro profissional.
Relações interprofissionais Processo de trabalho Equipe multiprofissional Relações horizontais
82
pessoa precisa de outro profissional porque eu nunca acho que as coisas tão ótimas. Nunca! Nunca... Eu sempre acho que as coisas precisam ainda de melhorar muito. Né? Essa questão de comunicação entre profissionais, eu acho que ainda tem muita deficiência. Né? Além das dificuldades que a população tem pra chegar até a gente. O serviço quando ele é mais organizado, a população começa a perceber que aquilo ali é vantajoso. Quando o serviço está desestruturado, a fa... a... a população também fica perdida sem saber pra onde que ela tem que ir. Né? Então, por exemplo, lá na clínica da criança a coisa funciona tão bem, por quê? Porque o negócio já acontece lá há muitos anos, né? E de lá já sai com encaminhamento pra todos os profissionais. Olha bem! Né? Então, a... as pessoas... as mães já vão tendo esta percepção, lá na clínica da criança já tem tudo. N3
Essa questão de comunicação entre profissionais, eu acho que ainda tem muita deficiência. Além das dificuldades que a população tem pra chegar até a gente. O serviço quando ele é mais organizado, a população começa a perceber que aquilo ali é vantajoso. Quando o serviço está desestruturado, a população também fica perdida sem saber pra onde que ela tem que ir. Então, por exemplo, lá na clínica da criança a coisa funciona tão bem, por quê? Porque o negócio já acontece lá há muitos anos, né? E de lá já sai com encaminhamento pra todos os profissionais. Olha bem! Né? Então, as pessoas, as mães já vão tendo esta percepção, lá na clínica da criança já tem tudo. N3
“Ah, né? Tá bem e tudo, vamos fazer só uma limpeza e cê já teve alta.” Vai na nutricionista: “Não, tá bom, qualquer coisa você volta!” Não, fazer um... tipo um... um pré-natal odontológico inteiro durante as consultas, mais consultas e mais consultas com nutricionista durante o mês. Que aí ela vai criar esse vínculo, ela já sai da primeira consulta com... com o retorno. A visita de puerpério não só do enfermeiro, acho que elas... elas valorizam muito isso de ir em casa. No... elas... nossa... ela se preocupou comigo, veio aqui me visitar... que aí eu acho que fica fácil de... de pegar esta criança depois, né? E2
“Ah, né? Tá bem e tudo, vamos fazer só uma limpeza e você já teve alta.” Vai na nutricionista: “Não, tá bom, qualquer coisa você volta!” Não, fazer tipo um pré-natal odontológico inteiro durante as consultas, mais consultas e mais consultas, com nutricionista durante o mês. Que aí ela vai criar esse vínculo, ela já sai da primeira consulta com o retorno. A visita de puerpério não só do enfermeiro, acho que elas valorizam muito isso de ir em casa. Nossa, ela se preocupou comigo, veio aqui me visitar... que aí eu acho que fica fácil de... de pegar esta criança depois, né? E2
Processo de trabalho Relações interprofissionais Percepção da mãe Trabalho inter profissional continuo
a caderneta, mas no instrumento ali do pré-natal, uma coisa que eu observo é que o dentista não evolui consulta odontológica do pré-natal naquele... naquela caderneta. E eu penso assim, me colocando no lugar da gestante, né? ..............Então, assim, eu acho que se tivesse evolução
A caderneta, mas no instrumento ali do pré-natal, uma coisa que eu observo é que o dentista não evolui consulta odontológica do pré-natal naquela caderneta. [...] Então, assim, eu acho que se tivesse evolução naquela caderneta, por mais que pareça uma coisa pequena, mas do
Processo de trabalho Percepção do usuário Vinculo CD pela caderneta
83
naquela caderneta, é... por mais que pareça uma coisa pequena, mas do ponto de vista simbólico praquela paciente eu acho que aumentaria um pouco a vinculação da... do pré-natal, M2
ponto de vista simbólico para quela paciente eu acho que aumentaria um pouco a vinculação do pré-natal. M2
Você vai sair daqui e vai lá no dentista que ela vai agendar e aqui existe o pré-natal odontológico, uma cárie pode influenciar no seu trabalho de parto pré-maturo, a gente procura fazer uma propaganda, elas ficam “nossa é mesmo, então vão marcar”... E aí num anota no... no cartão né? E2
Você vai sair daqui e vai lá no dentista que ela vai agendar e aqui existe o pré-natal odontológico, uma cárie pode influenciar no seu trabalho de parto pré-maturo, a gente procura fazer uma propaganda, elas ficam “nossa é mesmo, então vão marcar”. E aí num anota no cartão né? E2
Relações interprofissionais Processo de trabalho Vinculo CD pela caderneta
Mas você foi no dentista? “Eu fui!” não sei... não sei como que é a parte odontológica nesse procedimento, se não tem nada não registra nada. Pelo menos se... batesse um carimbo, falasse... avaliação tal dia, consulta tal dia... M2
Mas você foi no dentista? “Eu fui!” [...] Não sei... não sei como que é a parte odontológica nesse procedimento, se não tem nada não registra nada. Pelo menos se batesse um carimbo, falasse avaliação tal dia, consulta tal dia... M2
Processo de trabalho Vinculo CD pela caderneta
Eu até já combinei com a médica, se você vê que não tem nada reforça pra remarcar que é porque a gestante faltou. Porque muitas faltam né? D2
Eu até já combinei com a médica, se você ver que não tem nada reforça pra remarcar que é porque a gestante faltou. Porque muitas faltam né? D2
Processo de trabalho Vinculo CD pela caderneta Equipe
seria é até interessante o médico então procurar o dentista, ou então o dentista procurar o médico e falar “Oh, tal paciente vamos fazer o tratamento dessa aqui porque ainda não veio. M1
É até interessante o médico então procurar o dentista, ou então o dentista procurar o médico e falar “Oh, tal paciente vamos fazer o tratamento dessa aqui porque ainda não veio”. M1
Processo de trabalho Relações interprofissionais Equipe
Eu levava o meu filho nos acompanhamentos da clínica da criança, e acho que ele passou pelo dentista umas duas vezes, as outr... todos os outros atendimentos foram pelo técnico, então ela não fica só centrada no odontopediatra os atendimentos, né? a equipe inteira participa, às vezes não vai causar tanto impacto na agenda, né? E2
Eu levava o meu filho nos acompanhamentos da clínica da criança, e acho que ele passou pelo dentista umas duas vezes, todos os outros atendimentos foram pelo técnico, então ela não fica só centrada no odontopediatra os atendimentos, né? A equipe inteira participa, às vezes não vai causar tanto impacto na agenda, né? E2
Percepção da mãe Processo de trabalho Equipe saúde bucal
Só duas questões organizacionais que eu acho interessante, que essa pergunta assim... Uma, é... existe uma reunião mensal: médicos, enfermeiros e coordenação da atenção primária que eventualmente acaba que não é a pauta mas existe o espaço pra... pra debate organizacional né? Mas essa reunião ela não tem o NASF e a equipe de saúde bucal, é u... uma reunião mais de... de...
Só duas questões organizacionais que eu acho interessante, [...] existe uma reunião mensal: médicos, enfermeiros e coordenação da atenção primária que eventualmente acaba que não é a pauta mas existe o espaço para o debate organizacional né? Mas essa reunião ela não tem o NASF e a equipe de saúde bucal, é uma reunião mais de... chamam de PEP né? M2
Processo de trabalho Proposta para melhoria do trabalho Relações interprofissionais Reuniões de equipe Ampliação da equipe no PEP
84
chamam de PEP né? Que é o... educação permanente mas ela é também um espaço de debate e de fluxos... de problemas que cê tem de... de organização de rede né? M2
Você não vai avaliar apenas a amigdala, apenas o... você já faz uma oroscopia toda dela ali, vê uma cariezinha... Vê um outro sinal clínico e já encaminha pra odonto. Só que com essa demanda agora ta... a agenda tá ficando tão cheia né? Que quase a gente não pega mais pediatria, aí vem direto pra UPA... As vezes, quando você vê um paciente aqui (refere-se a UPA), tem uma cárie, cê faz uma pediatria aqui, cê acaba encaminhando pro posto, pra odonto do posto. Mas geralmente tem acontecido realmente é isso M1
Você não vai avaliar apenas a amigdala, [...] vê uma cariezinha... Vê um outro sinal clínico e já encaminha pra odonto. Só que com essa demanda agora a agenda tá ficando tão cheia né? Que quase a gente não pega mais pediatria, aí vem direto pra UPA. Às vezes, quando você vê um paciente aqui [refere-se a UPA], tem uma cárie, você faz uma pediatria aqui, você acaba encaminhando pro posto, pra odonto do posto. M1
Processo de trabalho Relações interprofissionais
Referencias
1. BRASIL. Ministério da Saúde; Secretaria de Atenção à Saúde; Departamento
de Atenção Básica; Coordenação Nacional de Saúde Bucal. Diretrizes da
Política Nacional de Saúde Bucal. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
Disponível em:
http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/diretrizes_da_politica_nacio
nal_de_saude_bucal.pdf
2. SANTOS, Adriano Maia dos; ASSIS, Marluce Maria Araújo. From fragmentation
to integrality: constructing and reconstructing the practice of buccal health in the
Alagoinhas (BA) Family Health Program. Ciência & Saúde Coletiva, v. 11, n.
1, p. 53-61, 2006.
3. BERNSTEIN, Judith et al. Listening to paediatric primary care nurses: a
qualitative study of the potential for interprofessional oral health practice in six
federally qualified health centres in Massachusetts and Maryland. BMJ open,
v. 7, n. 3, p. e014124, 2017.
85
4. BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde bucal. Cadernos de Atenção Básica
- n.17. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. 92p.
5. KITZINGER, Jenny. Qualitative research. Introducing focus groups. BMJ:
British medical journal, v. 311, n. 7000, p. 299, 1995.
6. Graneheim U, Lundman B. Qualitative content analysis in nursing research:
concepts, procedures and measures to achieve trustworthiness. Nurse Educ
Today. 2004; 24:105–12
86
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A prevalência da cárie dentária nas crianças pré-escolares foi alta e
associada com alta frequência de consumo de bebidas e alimentos com açúcar.
Foram considerados fatores de proteção: a criança ser cuidada pela mãe e nunca
consumir refrigerante ou biscoito. Não houve associação entre IMC e cárie dentária.
Os dados mostraram que há necessidade de orientação sobre a
alimentação na saúde geral e bucal. Além disso, os profissionais devem informar e
conscientizar os responsáveis sobre a influência da dieta na obesidade e na cárie
dentária e focar na prevenção dos fatores de risco comuns em saúde pública.
No entanto, este quadro exige uma intervenção mais ampla, no mínimo
multiprofissional, já que certamente, não será solucionado com orientações,
simplesmente.
Uma atenção especial deve ser dada para futuros estudos longitudinais
para avaliar a associação entre cárie dentária e IMC na infância.
Além da dissertação, o estudo resultou em dois artigos cientificos, um já
submetido para publicação à revista Brazilian Oral Research e outro em fase de
finalização para ser submetido à revista Cadernos de Saúde Pública. Resultou
também no capitulo de e-book, na oficina com os profissionais do serviço e na
proposta de política pública para Secretaria de Saúde da Prefeitura Municipal de
Congonhas, produtos técnicos que servirão de base científica para estes e outros
profissionais de saúde. A socialização do conhecimento por meio destes produtos,
representa a nossa contribuição à produção cientifica.
87
9 PRODUTOS TÉCNICOS
9.1 Capitulo para e-book
Capítulo de um livro e-book redigido pelos alunos do Mestrado Profissional
de Odontologia em Saúde Pública (turma 2016) tendo como público alvo os
profissionais de saúde: Saúde bucal das crianças pré-escolares.
88
9.2 Devolutiva para o município
A ideia inicial do estudo sempre foi levar o retorno para o serviço. Será
realizada uma oficina com os profissionais que participaram do grupo focal para terem
acesso aos resultados do grupo, e pensar junto com os pesquisadores como poderiam
ser solucionados os problemas levantados. Assim, eles fizeram o diagnóstico e
também farão a proposta do ponto de vista de quem está trabalhando para ser
discutida com os coordenadores em uma nova reunião.
Após a finalização deste estudo e com base nos resultados do estudo
qualitativo será implantado um projeto piloto, uma proposta de política pública para a
Prefeitura Municipal sobre a puericultura envolvendo enfermagem, pediatria, nutrição
e odontologia, enfatizando a importância do trabalho interprofissional para a promoção
da saúde além de relaciona-las com a prevalência de cárie e alimentação.
Para a prevenção destes agravos pretende-se implantar este projeto,
incluindo atividades de saúde bucal e nutrição nos grupos de puericultura, que já
contam com intervenções das áreas médica e enfermagem, voltado para crianças de
0-5 anos.
89
10 PARTICIPAÇÃO EM CONGRESSO, CURSOS E APRESENTAÇÃO DE
TRABALHO
XII Encontro Científico da Faculdade de Odontologia da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG) de 18 a 20 de outubro de 2016.
34ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica em
setembro de 2017, Campinas – SP.
12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva em julho de 2018, Rio de
Janeiro – RJ.
Participação em Congressos como apresentadora:
Trabalho número PN1225 – Condição socioeconômica, capital social e
cárie dentária entre adolescentes brasileiros na 34ª Reunião Anual da Sociedade
Brasileira de Pesquisa Odontológica em setembro de 2017, Campinas – SP.
Trabalho número 24155 - Prevalência de cárie dentária em crianças de 3 a
5 anos e associação com fatores socioeconômicos, comportamentais e
antropométricos: um estudo exploratório apresentado na modalidade Comunicação
Oral Curta no 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva em julho de 2018, Rio de
Janeiro - RJ.
Curso de Inverno – Pesquisa qualitativa, pela Faculdade de Odontologia da
UFMG, com carga horária de 45 horas.
Oficina de artigos científicos de 06 a 10 de novembro de 2017 e 19 a 23 de
fevereiro de 2018 totalizando 80 horas.
90
REFERÊNCIAS
ACS, George et al. Perceived outcomes and parental satisfaction following dental rehabilitation under general anesthesia. Pediatr dent, v. 23, n. 5, p. 419-23, 2001.
ACS, George et al. The effect of dental rehabilitation on the body weight of children with early childhood caries. Pediatric dentistry, v. 21, p. 109-113, 1999.
AGUIAR, Dulce Maria Lucena de et al. Oral health technicians in Brazilian primary health care: potentials and constraints. Cadernos de saude publica, v. 30, n. 7, p. 1560-1570, 2014.
ALUCKAL, E. et al. Association between Body Mass Index and Dental Caries among Anganwadi Children of Belgaum City, India. The journal of contemporary dental practice, v. 17, n. 10, p. 844-848, 2016.
AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRIC DENTISTRY. Definition of Early Childhood Caries (ECC). Review Council, Revised 2007-2008. Disponível em: http://www.aapd.org/assets/1/7/D_ECC.pdf
ANIL, Sukumaran; ANAND, Pradeep S. Early childhood caries: prevalence, risk factors, and prevention. Frontiers in pediatrics, v. 5, p. 157, 2017.
ARVIDSSON, Louise et al. BMI, eating habits and sleep in relation to salivary counts of mutans streptococci in children–the IDEFICS Sweden study. Public health nutrition, v. 19, n. 6, p. 1088-1092, 2016.
ASSUMPÇÃO, Daniela de et al. Diet quality among adolescents: a population-based study in Campinas, Brazil. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 15, n. 3, p. 605-616, 2012.
AVENA, Nicole M.; RADA, Pedro; HOEBEL, Bartley G. Evidence for sugar addiction: behavioral and neurochemical effects of intermittent, excessive sugar intake. Neuroscience & Biobehavioral Reviews, v. 32, n. 1, p. 20-39, 2008.
AZEREDO, Catarina Machado et al. Dietary intake of Brazilian adolescents. Public health nutrition, v. 18, n. 7, p. 1215-1224, 2015.
BATALHA, Mônica Araujo et al. Processed and ultra-processed food consumption among children aged 13 to 35 months and associated factors. Cadernos de saude publica, v. 33, p. e00152016, 2017.
BERNSTEIN, Judith et al. Listening to paediatric primary care nurses: a qualitative study of the potential for interprofessional oral health practice in six federally qualified health centres in Massachusetts and Maryland. BMJ open, v. 7, n. 3, p. e014124, 2017.
BERNSTEIN, Judith et al. Peer Reviewed: Integration of Oral Health Into the Well-Child Visit at Federally Qualified Health Centers: Study of 6 Clinics, August 2014–March 2015. Preventing chronic disease, v. 13, 2016.
91
BONANATO, K. et al. Relationship between mothers’ sense of coherence and oral health status of preschool children. Caries Research, v. 43, n. 2, p. 103-109, 2009.
BRASIL. Ministério da Saúde. Caderneta de Saúde da Criança Menina. 7. ed Brasília: Ministério da Saúde, 2011. 92 p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Caderneta de Saúde da Criança Menina. 12. ed Brasília: Ministério da Saúde, 2018. 92 p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Caderneta de Saúde da Criança Menino. 12. ed Brasília: Ministério da Saúde, 2018. 92 p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Estatuto da Criança e do Adolescente. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. 96 p. – (Série E. Legislação de Saúde)
BRASIL. Ministério da Saúde. Orientações para coleta e análise de dados antropométricos em serviços de saúde: norma técnica do sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. (Série G. Estatística e Informação em Saúde)
BRASIL. Ministério da Saúde. Projeto SB Brasil 2003: condições de saúde bucal da população brasileira 2002-2003: resultados principais. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. Disponível em: http://cfo.org.br/wp-content/uploads/2009/10/04_0347_M.pdf
BRASIL. Ministério da Saúde. Projeto SB Brasil 2010: pesquisa nacional de saúde bucal 2010: resultados principais. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. Disponível em: http://dab.saude.gov.br/cnsb/sbbrasil/index.html
BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde bucal. Cadernos de Atenção Básica - n.17. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. 92p.
BRASIL. Ministério da Saúde; Centro brasileiro de análise e planejamento. Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Mulher e da Criança PNDS 2006: Relatório final. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pnds_crianca_mulher.pdf
BRASIL. Ministério da Saúde; Secretaria de Atenção à Saúde; Departamento de Atenção Básica; Coordenação Nacional de Saúde Bucal. Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/diretrizes_da_politica_nacional_de_saude_bucal.pdf
BRASIL. Ministério da Saúde; Secretaria de Atenção à Saúde; Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira. 2 ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2014.
CAMPOS, G. W. S. C. et al. Tratado de saúde coletiva. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 2006.
92
CANCER RESEARCH UK. Statistics on Preventable Cancers, Acessado [Abril, 2018]. http://www.cancerresearchuk.org/health-professional/cancer-statistics/risk/preventable-cancers.
CARVALHO, Carolina Abreu de et al. Food consumption and nutritional adequacy in Brazilian children: a systematic review. Revista Paulista de Pediatria, v. 33, n. 2, p. 211-221, 2015.
CHAFFEE, Benjamin W. et al. Oral health‐related quality‐of‐life scores differ by socioeconomic status and caries experience. Community dentistry and oral epidemiology, v. 45, n. 3, p. 216-224, 2017.
CHAUHAN, Astha et al. Association of body mass index with dental caries among malnourished tribal children of Indore division. Clujul Medical, v. 89, n. 4, p. 542, 2016.
CHEN, Dongru et al. Association between Dental Caries and BMI in Children: A Systematic Review and Meta-Analysis. Caries Research, v. 52, n. 3, p. 230-245, 2018.
CLARKE, Martha et al. Malnourishment in a population of young children with severe early childhood caries. Pediatric dentistry, v. 28, n. 3, p. 254-259, 2006.
COHEN-CARNEIRO, Flávia; SOUZA-SANTOS, Reinaldo; REBELO, Maria Augusta Bessa. Quality of life related to oral health: contribution from social factors. Ciência & Saúde Coletiva, v. 16, p. 1007-1015, 2011.
COLUCCI, Ana Carolina Almada; PHILIPPI, Sonia Tucunduva; SLATER, Betzabeth. Development of a food frequency questionnaire for children aged 2 to 5 years. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 7, n. 4, p. 393-401, 2004.
COSTA, Elizabeth L. et al. Streptococcus mutans in Mother-Child Dyads and Early Childhood Caries: Examining Factors Underlying Bacterial Colonization. Caries research, v. 51, n. 6, p. 582-589, 2017.
COSTA, Larissa da Cunha Feio; VASCONCELOS, Francisco de Assis Guedes de; CORSO, Arlete Catarina Tittoni. Fatores associados ao consumo adequado de frutas e hortaliças em escolares de Santa Catarina, Brasil Factors associated with adequate fruit and vegetable intake by schoolchildren in. Cad. Saúde Pública, v. 28, n. 6, p. 1133-1142, 2012.
COSTA, Luciane Rezende; DAHER, Anelise; QUEIROZ, Maria Goretti. Early childhood caries and body mass index in young children from low income families. International journal of environmental research and public health, v. 10, n. 3, p. 867-878, 2013.
CRISTINA LINDSAY, Ana et al. Non-Responsive Feeding Practices, Unhealthy Eating Behaviors, and Risk of Child Overweight and Obesity in Southeast Asia: A Systematic Review. International journal of environmental research and public health, v. 14, n. 4, p. 436, 2017
93
CROWE, Michael et al. Weight Status and Dental Problems in Early Childhood: Classification Tree Analysis of a National Cohort. Dentistry Journal, v. 5, n. 3, p. 25, 2017.
CUNNION, D. T. et al. Pediatric oral health-related quality of life improvement after treatment of early childhood caries: a prospective multisite study. Journal of dentistry for children, v. 77, n. 1, p. 4-11, 2010.
DANAEI, Goodarz et al. The preventable causes of death in the United States: comparative risk assessment of dietary, lifestyle, and metabolic risk factors. PLoS medicine, v. 6, n. 4, p. e1000058, 2009.
DAVIDSON, Katherine et al. Higher body mass index associated with severe early childhood caries. BMC pediatrics, v. 16, n. 1, p. 137, 2016.
DEKA, Mrigen Kr et al. Dietary pattern and nutritional deficiencies among urban adolescents. Journal of family medicine and primary care, v. 4, n. 3, p. 364, 2015.
DELA CRUZ, Georgia G.; ROZIER, R. Gary; SLADE, Gary. Dental screening and referral of young children by pediatric primary care providers. Pediatrics, v. 114, n. 5, p. e642-e652, 2004.
ELANGOVAN, A. et al. Exploring the relation between body mass index, diet, and dental caries among 6-12-year-old children. Journal of Indian Society of Pedodontics and Preventive Dentistry, v. 30, n. 4, p. 293, 2012.
FELDENS, Carlos Alberto et al. Feeding frequency in infancy and dental caries in childhood: a prospective cohort study. International dental journal, 2017.
GAUR, S. et al. Underweight in low socioeconomic status preschool children with severe early childhood caries. Journal of Indian Society of Pedodontics and Preventive Dentistry, v. 29, n. 4, p. 305, 2011.
GERDIN, Elisabeth Wärnberg et al. Dental caries and body mass index by socio‐economic status in Swedish children. Community dentistry and oral epidemiology, v. 36, n. 5, p. 459-465, 2008.
GOLLEY, Rebecca K.; HENDRIE, Gilly A.; MCNAUGHTON, Sarah A. Scores on the Dietary Guideline Index for Children and Adolescents Are Associated with Nutrient Intake and Socio-Economic Position but Not Adiposity–3. The Journal of nutrition, v. 141, n. 7, p. 1340-1347, 2011.
GOMES, Doris; DA ROS, Marco Aurélio. A etiologia da cárie no estilo de pensamento da ciência odontológica. Ciência & Saúde Coletiva, v. 13, n.3 p. 1081-1090, 2008.
GONÇALVES, Juliana De Abreu et al. Associations between caries experience, nutritional status, oral hygiene, and diet in a multigenerational cohort. Pediatric dentistry, v. 38, n. 3, p. 203-211, 2016.
GOODSON, J. Max et al. Obesity and dental decay: inference on the role of dietary sugar. PloS one, v. 8, n. 10, p. e74461, 2013.
94
GOPAL, Satya et al. Prevalence and Predictors of Early Childhood Caries in 3-to 6-year-old South Indian Children--A Cross-sectional Descriptive Study. Oral health & preventive dentistry, v. 14, n. 3, 2016.
GRANVILLE-GARCIA, Ana F. et al. Obesity and dental caries among preschool children in Brazil. Revista de Salud Pública, v. 10, n. 5, p. 788-795, 2008.
HALLAS, Donna et al. Identification of pediatric oral health core competencies through interprofessional education and practice. Nursing research and practice, v. 2015, 2015.
HARNAGEA, Hermina et al. Barriers and facilitators in the integration of oral health into primary care: a scoping review. BMJ open, v. 7, n. 9, p. e016078, 2017.
HARNAGEA, Hermina et al. From theoretical concepts to policies and applied programmes: the landscape of integration of oral health in primary care. BMC oral health, v. 18, n. 1, p. 23, 2018.
HASSAPIDOU, Maria et al. Energy intake, diet composition, energy expenditure, and body fatness of adolescents in northern Greece. Obesity, v. 14, n. 5, p. 855-862, 2006.
HAYDEN, Ceara et al. Obesity and dental caries in children: a systematic review and
meta‐analysis. Community dentistry and oral epidemiology, v. 41, n. 4, p. 289-308, 2013.
HONG, Liang et al. Obesity and dental caries in children aged 2‐6 years in the United
States: National health and nutrition examination survey 1999‐2002. Journal of public health dentistry, v. 68, n. 4, p. 227-233, 2008.
HOOLEY, M.; SKOUTERIS, H.; MILLAR, L. The relationship between childhood weight, dental caries and eating practices in children aged 4–8 years in Australia, 2004–2008. Pediatric obesity, v. 7, n. 6, p. 461-470, 2012.
HOOLEY, Merrilyn et al. Body mass index and dental caries in children and adolescents: a systematic review of literature published 2004 to 2011. Systematic reviews, v. 1, n. 1, p. 57, 2012.
KHANH, Linh Ngo et al. Early childhood caries, mouth pain, and nutritional threats in Vietnam. American journal of public health, v. 105, n. 12, p. 2510-2517, 2015.
KHATRI, S. G.; ACHARYA, S.; SRINIVASAN, S. R. Mothers' sense of coherence and oral health related quality of life of preschool children in Udupi Taluk. Community dental health, v. 31, n. 1, p. 32-36, 2014.
KIM SEOW, W. Environmental, maternal, and child factors which contribute to early childhood caries: a unifying conceptual model. International Journal of Paediatric Dentistry, v. 22, n. 3, p. 157-168, 2012.
KITZINGER, Jenny. Qualitative research. Introducing focus groups. BMJ: British medical journal, v. 311, n. 7000, p. 299, 1995.
95
KRAMER, Ann-Catrin André et al. Multiple Socioeconomic Factors and Dental Caries in Swedish Children and Adolescents. Caries research, v. 52, n. 1-2, p. 42-50, 2018.
KRAMER, Paulo Floriani et al. Exploring the impact of oral diseases and disorders on quality of life of preschool children. Community dentistry and oral epidemiology, v. 41, n. 4, p. 327-335, 2013.
LI, Ling-Wei et al. Anthropometric Measurements and Dental Caries in Children: A Systematic Review of Longitudinal Studies–. Advances in Nutrition, v. 6, n. 1, p. 52-63, 2015.
LI, Yan et al. Prevalence of severe early childhood caries and associated socioeconomic and behavioral factors in Xinjiang, China: a cross-sectional study. BMC oral health, v. 17, n. 1, p. 144, 2017.
LIANG, Jing-jing et al. Dental caries is negatively correlated with body mass index among 7-9 years old children in Guangzhou, China. BMC public health, v. 16, n. 1, p. 638, 2016.
LITT, Mark D.; REISINE, Susan; TINANOFF, Norman. Multidimensional causal model of dental caries development in low-income preschool children. Public health reports, v. 110, n. 5, p. 607, 1995.
LONGBOTTOM, P. J.; WRIEDEN, W. L.; PINE, C. M. Is there a relationship between
the food intakes of Scottish 5½− 8½‐year‐olds and those of their mothers?. Journal of Human Nutrition and Dietetics, v. 15, n. 4, p. 271-279, 2002.
MACEK, Mark D.; MITOLA, David J. Exploring the association between overweight and dental caries among US children. Pediatric dentistry, v. 28, n. 4, p. 375-380, 2006.
MARIA AIELLO, Ana et al. Prevalence of obesity in children and adolescents in Brazil: a meta-analysis of cross-sectional studies. Current pediatric reviews, v. 11, n. 1, p. 36-42, 2015.
MARTINS, Ana Paula Bortoletto et al. Increased contribution of ultra-processed food products in the Brazilian diet (1987-2009). Revista de saude publica, v. 47, n. 4, p. 656-665, 2013.
MCSWEENEY, Lorraine A. et al. Perceptions of nursery staff and parent views of healthy eating promotion in preschool settings: an exploratory qualitative study. BMC public health, v. 16, n. 1, p. 841, 2016.
MELLO, Carolina Santos; BARROS, Karina Vieira; MORAIS, Mauro Batista de. Brazilian infant and preschool children feeding: literature review. Jornal de pediatria, v. 92, n. 5, p. 451-463, 2016.
MENON, Ipseeta et al. Parental stress as a predictor of early childhood caries among preschool children in India. International journal of paediatric dentistry, v. 23, n. 3, p. 160-165, 2013.
96
MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Subsecretaria de Políticas e Ações de Saúde. Superintendência de Redes de Atenção à Saúde. Diretoria de Saúde Bucal. SB Minas Gerais: pesquisa das condições de saúde bucal da população mineira: resultados principais. Belo Horizonte: SES-MG, 2013. 73 p.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. O Desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 14a ed. Hucitec Editora. 2014.
MISRA, S.; TAHMASSEBI, J. F.; BROSNAN, M. Early childhood caries–a review. Dental update, v. 34, n. 9, p. 556-564, 2007.
MONTEIRO, Carlos Augusto et al. Increasing consumption of ultra-processed foods and likely impact on human health: evidence from Brazil. Public health nutrition, v. 14, n. 1, p. 5-13, 2010.
MOUBARAC, Jean-Claude et al. Consumption of ultra-processed foods and likely impact on human health. Evidence from Canada. Public Health Nutrition, v. 16, n. 12, p. 2240-2248, 2013.
MURRAY, Christopher JL et al. The state of US health, 1990-2010: burden of diseases, injuries, and risk factors. Jama, v. 310, n. 6, p. 591-606, 2013.
NIRUNSITTIRAT, Areerat et al. Breastfeeding duration and childhood caries: a cohort study. Caries research, v. 50, n. 5, p. 498-507, 2016.
NORBERG, Carina et al. Body mass index (BMI) and dental caries in 5‐year‐old children from southern Sweden. Community dentistry and oral epidemiology, v. 40, n. 4, p. 315-322, 2012.
NUNN, M. E. et al. Healthy eating index is a predictor of early childhood caries. Journal of dental research, v. 88, n. 4, p. 361-366, 2009.
ONIS, Mercedes. WHO Child Growth Standards based on length/height, weight and age. Acta paediatrica, v. 95, n. S450, p. 76-85, 2006.
PALMER, C. A. et al. Diet and caries-associated bacteria in severe early childhood caries. Journal of dental research, v. 89, n. 11, p. 1224-1229, 2010.
PATRICK, Donald L. et al. Reducing oral health disparities: a focus on social and cultural determinants. In: BMC Oral Health. BioMed Central, 2006. p. S4.
PELTZER, Karl; MONGKOLCHATI, Aroonsri. Severe early childhood caries and social determinants in three-year-old children from Northern Thailand: a birth cohort study. BMC Oral Health, v. 15, n. 1, p. 108, 2015.
PERES, Karen Glazer et al. Impact of dental caries and dental fluorosis on 12-year-old schoolchildren's self-perception of appearance and chewing. Cadernos de saude publica, v. 19, n. 1, p. 323-330, 2003.
PETERSEN, P. E. The World Oral Health Report 2003. Continuous improvement of oral health in the 21st century—the approach of the WHO Global Oral Health
97
Programme. Genebra: WHO; 2003. Disponível em: http://www.who.int/oral_health/media/en/orh_report03_en.pdf
PIKRAMENOU, V. et al. Association between dental caries and body mass in preschool children. European Archives of Paediatric Dentistry, v. 17, n. 3, p. 171-175, 2016.
PINTO, Gabriela dos Santos et al. Are Maternal Factors Predictors for Early Childhood Caries? Results from a Cohort in Southern Brazil. Brazilian dental journal, v. 28, n. 3, p. 391-397, 2017.
PINTO-SARMENTO, Tássia Cristina de Almeida et al. Determinant factors of untreated dental caries and lesion activity in preschool children using ICDAS. PloS one, v. 11, n. 2, p. e0150116, 2016.
PIOVESAN, Chaiana et al. Socioeconomic inequalities in the distribution of dental caries in Brazilian preschool children. Journal of public health dentistry, v. 70, n. 4, p. 319-326, 2010.
PIVA, Fabiane et al. A longitudinal study of early childhood caries and associated factors in Brazilian children. Brazilian dental journal, v. 28, n. 2, p. 241-248, 2017.
POTISCHMAN, Nancy; LINET, Martha S. Invited commentary: are dietary intakes and other exposures in childhood and adolescence important for adult cancers?. American journal of epidemiology, v. 178, n. 2, p. 184-189, 2013.
RAI, Nayanjot Kaur; TIWARI, Tamanna. Parental Factors influencing the Development of early childhood caries in Developing Nations: a Systematic Review. Frontiers in public health, v. 6, p. 64, 2018.
REWERS, Marian; LUDVIGSSON, Johnny. Environmental risk factors for type 1 diabetes. The Lancet, v. 387, n. 10035, p. 2340-2348, 2016.
RIBEIRO, Cecilia Claudia Costa et al. A gravidade da cárie está associada à desnutrição proteico-calórica em pré-escolares?. Ciência & Saúde Coletiva, v. 19, p. 957-965, 2014.
ROSENBLATT, Aronita; DE ARAÚJO ZARZAR, Patrícia Maria Pereira. A cárie precoce da infância, iniqüidade social: reflexão sobre a beneficência da terapia pulpar com formocresol em crianças. Revista Bioética, v. 11, n. 1, 2009.
SACHDEV, Jayna; BANSAL, Kalpana; CHOPRA, Radhika. Effect of comprehensive dental rehabilitation on growth parameters in pediatric patients with severe early childhood caries. International journal of clinical pediatric dentistry, v. 9, n. 1, p. 15, 2016.
SANTOS, Adriano Maia dos; ASSIS, Marluce Maria Araújo. From fragmentation to integrality: constructing and reconstructing the practice of buccal health in the Alagoinhas (BA) Family Health Program. Ciência & Saúde Coletiva, v. 11, n. 1, p. 53-61, 2006.
98
SANTOS JUNIOR, Valdeci Elias dos et al. Early childhood caries and its relationship with perinatal, socioeconomic and nutritional risks: a cross-sectional study. BMC Oral Health, v. 14, n. 1, p. 47, 2014.
SCHERER, Charleni Inês; SCHERER, Magda Duarte dos Anjos. Advances and challenges in oral health after a decade of the “Smiling Brazil” Program. Revista de saude publica, v. 49, p. 98, 2015.
SCHWENDICKE, F. et al. Socioeconomic inequality and caries: a systematic review and meta-analysis. Journal of dental research, v. 94, n. 1, p. 10-18, 2015.
SILVA, Adriana Cândida da; TAVARES, Marcelo de Sousa; PENIDO, Maria Goretti Moreira Guimarães. Prevalence of risk factors for cardiovascular and kidney disease in Brazilian healthy preschool children. World journal of nephrology, v. 5, n. 6, p. 507, 2016.
SILVA, Alexandre Emidio Ribeiro et al. Obesity and dental caries: systematic review. Revista de saude publica, v. 47, p. 799-812, 2013.
SO, Marvin et al. Early Childhood Dental Caries, Mouth Pain, and Malnutrition in the Ecuadorian Amazon Region. International journal of environmental research and public health, v. 14, n. 5, p. 550, 2017.
SOARES, Maria Eliza Consolação et al. Factors associated with masticatory performance among preschool children. Clinical oral investigations, v. 21, n. 1, p. 159-166, 2017.
SUGIYAMA, Takehiro; SHAPIRO, Martin F. The growing socioeconomic disparity in dietary quality: mind the gap. JAMA internal medicine, v. 174, n. 10, p. 1595-1596, 2014.
U.S. Department of Health and Human Services and U.S. Department of Agriculture. 2015 – 2020 Dietary Guidelines for Americans. 8th Edition. December 2015. Available at http://health.gov/dietaryguidelines/2015/guidelines/.
UNFER, Beatriz; SALIBA, Orlando. Avaliação do conhecimento popular e práticas cotidianas em saúde bucal. Revista de Saúde Pública, v. 34, p. 190-195, 2000.
VATANPARAST, Hassanali et al. Positive effects of vegetable and fruit consumption and calcium intake on bone mineral accrual in boys during growth from childhood to adolescence: the University of Saskatchewan Pediatric Bone Mineral Accrual Study–. The American journal of clinical nutrition, v. 82, n. 3, p. 700-706, 2005.
VÁZQUEZ‐NAVA, Francisco et al. Association between obesity and dental caries in a group of preschool children in Mexico. Journal of public health dentistry, v. 70, n. 2, p. 124-130, 2010.
WERNER, Stephanie L.; PHILLIPS, Ceib; KOROLUK, Lorne D. Association between childhood obesity and dental caries. Pediatric dentistry, v. 34, n. 1, p. 23-27, 2012.
WHO. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Oral health surveys: basic methods. World Health Organization, 2013
99
ZAROR, CARLOS et al. Asociación entre malnutrición por exceso con caries temprana de la infancia. Revista chilena de pediatría, v. 85, n. 4, p. 455-461, 2014.
100
APÊNDICE A – Termo de consentimento livre e esclarecido (fase 1)
(Em duas vias)
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (FASE 1)
Prezado (a) Usuário (a),
Este é um convite para que você o (a) seu (sua) filho (a) participe do estudo que vamos realizar em Congonhas,
onde vamos verificar a presença de cárie dentaria em crianças de 2 a 5 anos de idade. Vou fazer algumas perguntas
para o Sr. (a), responsável pela criança, sobre alguns dados da família e sobre a alimentação de sua criança. Depois
faremos um exame dos dentes da criança e mediremos o peso e a altura. Isto será feito nas Unidade Básicas de
Saúde de Congonhas. Todos estes dados serão utilizados somente neste estudo e só os pesquisadores saberão de
quem é cada dado. Ninguém saberá nada de sua criança nem de você.
Embora estes exames não causem dor nem incomodo, a sua criança poderá sentir desconforto. Se ela estranhar e
não conseguirmos fazer o exame da boca e as medidas, não tem problema. Não vamos forçar. Ela vai continuar a
ser atendida do mesmo jeito. As perguntas que vamos fazer com você são rápidas e não vão levar muito tempo.
Pedimos sua colaboração, mas, se você não puder, tudo bem. Os pesquisadores farão tudo o mais rápido possível,
em um ambiente reservado, preservando a privacidade da criança e a sua. Para participar deste estudo, o Sr. (a)
não terá nenhum gasto nem vai ganhar nada. Caso ocorra algum dano não previsto, serão garantidas formas de
compensação em relação aos mesmos. Com este estudo poderemos ver como está a presença da cárie dentaria, o
peso e altura destas crianças e pensar o que pode ser feito no serviço para resolver o problema que observarmos,
com os dentistas e com o grupo de puericultura.
Os centros de saúde serão informados se a criança estiver necessitando de tratamento, por meio de um
encaminhamento que faremos. A sua participação é muito importante. No entanto, é inteiramente voluntária e você
está livre para recusar. Garantimos que o nome da criança não será usado em nenhuma publicação ou material
relacionado ao estudo e os dados coletados serão utilizados somente para este fim. Os formulários usados para a
coleta das informações da pesquisa e os Termos de Consentimento assinados serão mantidos sob a guarda dos
pesquisadores por um período de cinco anos e você ficará com uma via.
Se você ainda tiver alguma dúvida a respeito deste estudo, você poderá entrar em contato com a Profa Patricia, no
telefone 3409-2451, e-mail: [email protected]. Se você tiver dúvida em relação aos aspectos éticos, pode
entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG, na Av. Antônio Carlos, 6627, Unidade
Administrativa II - 2º andar – sala 2005. Campus Pampulha. Belo Horizonte, MG – Brasil. CEP: 31270-901. E-
mail: [email protected]. Telefone: 3409-4592.
Obrigada
________________________________ _______________________
Profa. Patricia Maria de Araujo Zarzar Iane Resende Oliveira
Eu, ________________________________________________________, responsável legal pelo (a) menor
___________________________________________________________, concordo em participar deste estudo e
autorizo que ele (a) participe da pesquisa “Cárie dentária em crianças de 2 a 5 anos e associação com medidas
antropométricas e condições socioeconômicas”.
Declaro que fui informado (a) dos objetivos da pesquisa, estando ciente que os resultados poderão ser divulgados
através de artigos científicos. Declaro também, que me foi assegurado o direito de não identificação e de segredo
sobre as minhas respostas e que tive a oportunidade de fazer perguntas relativas ao objetivo e a todos os
procedimentos relacionados ao estudo, assim como, me foi garantido o direito de desistir em qualquer etapa da
pesquisa.
Esse documento será assinado em duas vias pelos pesquisadores e pelo participante, sendo uma via entregue
ao participante.
Belo Horizonte, ____ de _______________ de ______.
______________________________________________________________________________
Assinatura do responsável pela criança participante da pesquisa
101
APÊNDICE B – Termo de consentimento livre e esclarecido (fase 2)
(Em duas vias)
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Fase 2)
Prezado (a) Profissional de Saúde,
Este é um convite para que você participe de um estudo que estamos realizando em Congonhas. Estamos avaliando
a prevalência de cárie dentaria e fatores associados em crianças de 2 a 5 anos de idade. Precisamos de sua
colaboração para avaliar a percepção dos profissionais de saúde da Atenção básica sobre a inclusão do cirurgião
dentista e do nutricionista na Puericultura. Sua participação nesta pesquisa não traz complicações legais, consistirá
apenas em participar de grupos focais. Haverá formação de 2 grupos com os membros das equipes de saúde da
família (médico, enfermeiro, nutricionista e cirurgião dentista), em momentos distintos. O grupo 1 será formado
de enfermeiros e médicos pediatras, enquanto o grupo 2 será composto por cirurgiões dentistas e nutricionistas.
Serão realizados em uma sala cedida pela Prefeitura Municipal de Congonhas, gravados em áudio pela
pesquisadora responsável e transcritas. Haverá destruição dos dados logo após a transcrição dos mesmos, sendo
que as transcrições serão armazenadas por 5 anos, após esse período serão destruídas. Nenhum participante será
identificado e as informações obtidas serão usados exclusivamente para essa pesquisa. A participação nos grupos
poderá expor os participantes a riscos mínimos como constrangimento, cansaço e desconforto pelo tempo gasto.
Procuraremos contornar e minimizar todos estes desconfortos. Para participar deste estudo, o Sr. (a) não terá
nenhum custo ou recompensa, nem receberá qualquer vantagem financeira. Caso ocorra algum dano não previsto,
serão garantidas formas de compensação em relação aos mesmos. Os benefícios para os integrantes desta pesquisa
serão indiretos, pois as informações coletadas fornecerão subsídios para possíveis intervenções a serem
implementadas nos grupos de puericultura da Estratégia de Saúde da Família do município de Congonhas – MG,
a partir da contribuição dos diversos atores, podendo resultar em melhorias na atenção à saúde da criança da
população. A sua participação é muito importante. No entanto, é inteiramente voluntária e você está livre para
recusar. Garantimos que o seu nome não será usado em nenhuma publicação ou material relacionado ao estudo e
os dados coletados serão utilizados somente para este fim.
Persistindo alguma dúvida a respeito deste estudo, você pode contatar a Profa. Patricia, no telefone 3409-2451, e-
mail: [email protected]. Se você tiver dúvida em relação aos aspectos éticos, poderá contatar o Comitê de
Ética em Pesquisa da UFMG – Av. Antônio Carlos, 6627.Unidade Administrativa II - 2º andar – sala 2005. Campus
Pampulha. Belo Horizonte, MG – Brasil. CEP: 31270-901. E-mail: [email protected]. Telefone: 3409-4592.
Obrigada,
________________________________ _____________________________
Patrícia Maria de Araújo Zarzar Iane Resende Oliveira
Eu, ________________________________________________________, concordo em participar da pesquisa
“Cárie dentária em crianças de 2 a 5 anos e associação com medidas antropométricas e condições
socioeconômicas”.
Declaro que fui informado (a) dos objetivos da pesquisa, estando ciente que os resultados poderão ser divulgados
através de artigos científicos. Declaro também, que me foi assegurado o direito de não identificação e de
confidencialidade de minhas respostas e que tive a oportunidade de fazer perguntas relativas ao objetivo e a todos
os procedimentos relacionados ao estudo, assim como, me foi garantido o direito de desistir em qualquer etapa da
pesquisa.
Esse documento será assinado em duas vias pelos pesquisadores e pelo participante, sendo uma via entregue
ao participante. Belo Horizonte, ____ de _______________ de _______.
_________________________________________________________________________
Assinatura do Participante da Pesquisa
102
APÊNDICE C – Questionário sócio demográfico
Questionário sócio demográfico
1
Formulário de Identificação
Nome da criança:
______________________________________________________________
Idade da criança: _______ anos Sexo da criança: ( ) feminino ( )masculino
Nome da mãe: __________________________________________________
Idade da mãe: ________ anos
Endereço:
______________________________________________________________
1
Formulário socioeconômico
A criança estuda? ( ) Sim ( ) Não
Se sim, qual escola?
______________________________________________________________
Quanto entra de dinheiro na sua família por mês?
________________________________________
Até que série ou ano de escola você estudou?
________________________________________
Quem fica com a criança a maior parte do tempo?
________________________________________
Idade de quem fica com a criança a maior parte do tempo ___________ anos
103
APÊNDICE D – Questionário de frequência alimentar da criança
Questionário de frequência alimentar de criança 1
Assinale com um X a quantidade de cada alimento que a criança consumiu habitualmente
durante os últimos 6 meses:
ALIMENTO 1 a mais vezes por dia
Menos que 1 vez por mês a 4 vezes por semana
Nunca
Arroz cozido (3 colheres de sopa)
Espessantes (Maisena, Farinha Láctea, Mucilon, Cremogema) (1 ou 2 colheres de sopa)
Batata frita (1 escumadeira)
Macarrão cozido/ ao sugo (1 colher de servir)
Batata cozida/ purê (1 colher de servir)
Feijão (1/2 concha)
Acelga/ repolho/ couve (1 colher de sopa)
Alface (2 folhas)
Cenoura (1/2 colher de servir)
Tomate (3 fatias)
Laranja (1 unidade)
Banana (1 unidade)
Maçã/ Pêra (1 unidade)
Mamão (1 fatia)
Carne cozida (panela, moída) (1/2 fatia/ 3 colheres de sopa)
Bife (1 unidade)
Frango (Cozido, frito, grelhado, assado) (1 unidade)
Linguiça/ Salsicha (1/2 gomo/ 1 unidade)
Iogurte de frutas (1 pote)
Leite fluido integral/ leite em pó integral diluído (1 xícara)
Leite fermentado (tipo Yakult, Chamyto) (1 pote)
104
Danoninho, Chambinho (1 pote)
Queijo Prato /Mussarela (1 fatia)
Açúcar (1 ½ colher de sobremesa)
Achocolatado em pó (Nescau, Toddy) (1 ½ colher de sobremesa)
Bolo comum/ chocolate (1 fatia)
Chocolate/ bombom (1 unidade)
Biscoitos com recheio (chocolate, wafer) (3 unidades)
Biscoitos sem recheio (maisena, maria, leite, água e sal) (3 unidades)
Pão Francês/Bisnaguinha (1/2 unidade / 1 unidade)
Salgadinho/batata chips (1 pacote pequeno)
Salgados(pão de queijo, pastel, coxinha) (1 unidade pequena)
Sopa sem carne (1/2 prato)
Sopa com carne (1/2 prato)
Suco artificial, tipo tang (1/2 copo)
Suco de outras frutas (maracuja, abacaxi) (1/2 copo)
Suco de laranja (1/2 copo)
Refrigerante (1 /2 copo)
Margarina/ manteiga (1 colher de chá)
A criança já perdeu peso por infecções e/ou doenças? ( ) Sim ( ) Não
A criança já teve ou tem desnutrição? ( ) Sim ( ) Não
105
APÊNDICE E – Inquérito epidemiológico
Inquérito epidemiológico 1
Critérios de diagnóstico: dente hígido (1), dente cariado (2), dente extraído (3), dente
ausente (4).
Top Related