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ESTUDO DA CINTICA DE CRISTALIZAO DE LIGAS METLICAS AMORFAS
A BASE DE Fe-B-Si.
Rafaella Martins Ribeiro
TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAO DOS PROGRAMAS
DE PS-GRADUAO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO
DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSRIOS PARA A
OBTENO DO GRAU DE MESTRE EM CINCIAS EM ENGENHARIA
METALRGICA E DE MATERIAIS.
Aprovada por:
_____________________________________
Prof. Dlson Silva dos Santos, D.Sc.
_____________________________________
Prof. Ronaldo Sergio de Biasi, Ph.D.
_____________________________________
Prof. Maria Ceclia Souza Nbrega, D.Sc.
_____________________________________
Prof. Luiz Henrique de Almeida, D.Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ BRASIL
JULHO DE 2005
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RIBEIRO, RAFAELLA MARTINS
Estudo da Cintica de Cristalizao de Ligas
Metlicas Amorfas a base de Fe-B-Si [Rio de
Janeiro] 2005
VIII, 87 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, M.Sc,
Engenharia Metalrgica e de Materiais, 2005)
Tese Universidade Federal do Rio de
Janeiro, COPPE
1. Ligas amorfas
2. Cintica de cristalizao
3. DSCI. COPPE/UFRJ II. Ttulo (srie)
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Ao meu orientador Dlson S. dos Santospela dedicao, esforo e amizade.
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AGRADECIMENTOS
Novamente tenho a oportunidade de escrever mais uma etapa de minha
formao profissional. Para chegar at aqui tive ao meu lado a presena de pessoas
especiais, as quais gostaria de agradecer neste momento:
Acima de tudo Deus, pela vida, por todas as pessoas que cruzaram meu
caminho, por ter me reservado sempre o melhor, mesmo nas horas improvveis.
A minha me, Flora, por estar presente em todos os momentos e por ser a
melhor me que eu poderia desejar. Ao meu pai, Arthur, por ter me proporcionado
uma boa formao acadmica.
A minha av, tala, pelos carinhos, mimos e amor dedicados minha pessoa.
Ao meu tio Cludio pelo sorriso, por todas as suas oraes e por acreditar em mim,
mesmo quando eu pensava ser impossvel.
Ao meu querido irmo Diogo e minha irm Drica pelo apoio, carinho e
amizade incondicionais de tantos anos.
Ao Anderson por ser meu companheiro de todas as horas e por tornar os meus
dias mais felizes.
A toda a minha famlia por ser minha referncia para a vida.
Aos grandes amigos que fiz na Universidade e aos colegas de laboratrio.
A todos os outros amigos de igual importncia que me ajudaram a construir o
ser humano que sou.
Ao Dlson por ser meu orientador, amigo e grande responsvel pelo sucesso
deste trabalho. Aos professores Achilles e Maria Ceclia pelo apoio, confiana,
prestatividade, orientao e pela dedicao aos alunos. Ao professor de Biasi pela
parceria nas pesquisas e por fazer parte da banca, tornando o meu aprendizado ainda
mais interessante e produtivo. Ao professor Luiz Henrique por fazer parte da banca.
Ao Laboratrio ATG-ATD Sntese Hidrotrmica de Cermicos onde foram feitas
as medidas de DSC; ao Instituto Militar de Engenharia IME onde foram feitas asmedidas de RFM, ao Laboratrio Nacional de Luz Sncrotron onde foram feitas as
medidas de espalhamento de raios-x e ao CNPq pelo apoio financeiro.
A todos os funcionrios e professores do DEMM.
Ao meu chefe Leonardo que permitiu a continuidade deste trabalho.
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Resumo da Tese apresentada COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessrios
para a obteno do grau de Mestre em Cincias (M.Sc.)
ESTUDO DA CINTICA DE CRISTALIZAO DE LIGAS METLICAS AMORFAS
A BASE DE Fe-B-Si
Rafaella Martins Ribeiro
Julho/2005
Orientador: Dlson Silva dos Santos
Programa: Engenharia Metalrgica e de Materiais
Com o objetivo de estudar a cintica de cristalizao de vidros metlicos de
forma a conhecer as condicionantes do processo de nucleao e crescimento, foram
estudadas trs ligas amorfas a base de Fe-B-Si: Fe73,5B14Si8,5(Cu1Nb3), Fe73,5B7Si15,5(Cu1Nb3) e (Fe50Co50)73,5B9Si13,5(Ag1Nb3). As propriedades destas ligas foram
estudadas por calorimetria diferencial de varredura (DSC) com taxas de aquecimento
entre 2 e 60 K/min e espalhamento de raios-x realizada in-situ e comparadas liga
comercial Fe78B13Si9. Os parmetros de cristalizao e as fases cristalinas formadas
foram determinados. Os resultados obtidos para a amostra Fe73,5B14Si8,5(Cu1Nb3)
foram comparados com medidas de ressonncia ferromagntica (FMR) em amostras
tratadas termicamente por diversos perodos de tempo e as amostras
(Fe50Co50)73,5B9Si13,5(Ag1Nb3) e Fe78B13Si9 foram analisadas com a presena de
ncleos pr-existentes. A influncia da adio de elementos de liga na cintica de
cristalizao foi discutida.
Como a cintica de JMAK leva em conta a presena de ncleos pr-existentes,
a comparao da cintica numa matriz com ou sem ncleos foi proposta neste
trabalho.
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Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
STUDY OF CRYSTALLIZATION KINETICS OF Fe-B-Si BASED AMORPHOUS
ALLOYS
Rafaella Martins Ribeiro
July/2005
Advisor: Dlson Silva dos Santos
Department: Material and Metallurgical Engineering
Three amorphous alloys, Fe73,5B14Si8,5(Cu1Nb3), Fe73,5B7Si15,5 (Cu1Nb3) and
(Fe50Co50)73,5B9Si13,5(Ag1Nb3) , were studied with the objective of investigating the
crystallization kinetics of metallic glasses in order to identify the factors controlling
nucleation and growth in these materials. The properties of these alloys were studied
utilizing using differential scanning calorimetry (DSC) measurements, applying heating
rates in the range 2 to 60K/min, and accompanied by simultaneous, in-situ X-ray
diffraction, to permit comparison with a Fe78B13Si9 commercial alloy. Ferromagnetic
resonance (FMR) results were for samples of the Fe73,5B14Si8,5(Cu1Nb3) alloy after heat
treatment for a range of treatment times, and (Fe50Co50)73,5B9Si13,5(Ag1Nb3) and
Fe78B13Si9 samples were investigated with regard to the presence of pre-existing
nuclei. The influence of alloying additions on the kinetics of the crystallization of the
alloys is under consideration.
As the JMAK kinetics take into account the presence of pre-existing nuclei, a
comparison of a matrix containing nuclei, with another without nuclei is proposed.
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Ao rea abaixo do pico entre T0e Tpao parmetros de redeAt rea abaixo do pico entre T0e TfB fluxo magnticod espaamento dos planos cristalinosDSC calorimetria diferencial de varreduraDTA anlise trmica diferencialdx/dt taxa de reaoE energia de ativao
EUA Estados Unidos da AmricaFMR ressonncia ferromagnticaH campo magnticoEPRI Electric Power Research Instituteh, k e l ndices de Millerhttp Hiper Text Transfer ProtocolI integralJMAK Johnson-Mehl-Avrami- KolmogorovK constante da taxa de reaoK0 fator de freqnciaLNLS Laboratrio Nacional de Luz Sncrotronn Expoente de AvramiPT presente trabalhoR constante dos gasesSAXS espalhamento de raios-x a baixo nguloSP So Paulot tempoT temperatura absolutaT0 temperatura de incio do pico
Tc temperatura de incio da cristalizao extrapoladaTf temperatura finalTg temperatura de transio vtreaTG termogravimetriaTm temperatura de fusoTp temperatura do picoTrg temperatura de formao da composio do vidroTx temperatura de cristalizaoURL Unified Resource Locator (unidade de localizao de recursos)UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
WAXS espalhamento de raios-x a alto nguloWWW World Wide Web
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x volume de material recristalizado comprimento de onda ngulos de Bragg taxa de aquecimento
ndice
1 INTRODUO.............................................................................................................1
2 REVISO BIBLIOGRFICA........................................................................................4
2.1 Ligas Metlicas Amorfas....................................................................................... 42.2 Ligas Metlicas Parcialmente Cristalizadas ......................................................... 5
2.3 Principais Aplicaes............................................................................................ 8
2.3.1 Aplicaes eletrnicas de ligas amorfas e nanocristalinas.......................... 11
2.4 Fabricao.......................................................................................................... 17
2.4.1 Melt-spinning ............................................................................................... 18
2.5 Principais Composies ..................................................................................... 20
2.6 Efeito da Adio de Elementos de Liga.............................................................. 22
2.7 Tcnicas de Avaliao da Cristalizao ............................................................. 272.7.1 Anlise trmica ............................................................................................ 27
2.7.1.1 Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC)........................................ 28
2.7.2 Ressonncia Ferromagntica (FMR)........................................................... 30
2.7.3 Difrao de raios-x....................................................................................... 31
2.7.4 Espalhamento de raios-x a baixo e alto ngulos (SAXS/WAXS)................. 34
2.8 Estudo da Cristalizao para Controle de Nanoestrutura e Propriedades......... 35
2.8.1 Tratamento isotrmico ................................................................................. 36
2.8.2 Tratamento no-isotrmico.......................................................................... 372.8.3 Estudo da liga a base de Fe-B-Si ................................................................ 41
3 MATERIAIS E MTODOS EXPERIMENTAIS...............................................................43
3.1 Materiais ............................................................................................................. 43
3.2 Mtodos Experimentais ...................................................................................... 44
3.2.1 Anlise das curvas de DSC ......................................................................... 45
4.2 Liga Fe73,5Cu1Nb3Si15,5B7.................................................................................. 55
4.3 Liga Fe78B13Si9com ncleos pr-existentes....................................................... 59
4.4 Liga (Fe50Co50)73,5Ag1Nb3Si13,5B9com ncleos pr-existentes............................ 61
5 DISCUSSO DOS RESULTADOS............................................................................65
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5.1 Cristalizao da liga Fe73,5Cu1Nb3Si8,5B14 ........................................................... 66
5.2 Cristalizao da liga Fe73,5Cu1Nb3Si15,5B7 ........................................................ 67
5.3 Cristalizao da liga Fe78B13Si9com ncleos pr-existentes.............................. 68
5.4 Cristalizao da liga (Fe50Co50)73,5Ag1Nb3Si13,5B9com ncleos pr-existentes .. 69
6 CONCLUSES...............................................................................................................78
TRABALHOS FUTUROS...................................................................................................80
REFERNCIAS.................................................................................................................81
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1 INTRODUO
Observam-se, nas ltimas dcadas, diversas revolues na rea de materiais,
todas atuando como catalisadoras de importantes programas de pesquisa de todo o
mundo e trazendo inevitveis expectativas de novas e revolucionrias aplicaes e
propriedades. Esse o contexto atual da nanotecnologia em inmeras reas de
conhecimento [1].
No caso especfico da nanotecnologia relativa aos materiais metlicos,
surpreendentes propriedades so observadas em ligas amorfas ou ligas contendo uma
ou mais fases com dimenses nanomtricas. Entretanto, para diminuir as dimenses
dos componentes microestruturais at a escala nanomtrica necessrio o
processamento em condies fora do equilbrio (por exemplo, solidificao rpida,
moagem de alta energia etc.), o que permite a obteno dos trs novos tipos de ligas
metlicas: as amorfas, as nanoestruturadas e as que contm fases metaestveis [1].
Essas ligas e as inmeras alternativas de combinaes entre elas, juntamente
com a grande variedade de propriedades associadas a cada tipo de microestrutura,
apontam para um grande potencial da nanotecnologia aplicada aos materiais
metlicos.
Apesar de apresentarem propriedades e caractersticas to interessantes, a
aplicao tecnolgica dos vidros metlicos1convencionais ainda limitada devido s
complicaes inerentes produo e processamento desses materiais. A formao
desses vidros exige que sejam feitas amostras com dimenses reduzidas de forma a
assegurar altas taxas de resfriamento, uma vez que esses materiais apresentam uma
enorme tendncia cristalizao, o que pode ocorrer durante o aquecimento, gerando
produtos na forma de ps, filmes finos e fitas finas [2]. Por essa razo eles tm
aplicaes mais freqentes nas indstrias fabricantes de componentes e
equipamentos eltricos, eletrnicos e magnticos.1Ligas metlicas com estrutura amorfa.
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2
Dentre as propriedades e caractersticas interessantes que os vidros metlicos
apresentam, temos a isotropia de propriedades devido ausncia de estrutura
cristalina. Eles tambm possuem, no estado amorfo, alta resistncia eltrica, baixas
perdas acsticas, baixos mdulos de elasticidade e de cisalhamento e a resistncia
mecnica e tenacidade so em geral altas. A homogeneidade qumica lhes confere
maior resistncia corroso do que as ligas cristalinas tradicionais. A ausncia de
ordenao de longo alcance tambm faz dos vidros metlicos excelentes materiais
magnticos moles [3].
Estudar a cintica de cristalizao permite controlar a microestrutura da liga e a
adio de elementos de liga garante a obteno de um produto nanocristalino. Ento,
do ponto de vista tecnolgico, importante para o desenvolvimento dessas ligas em
linhas de produo, quantificar a resistncia cristalizao do lquido super-resfriado,
de forma a otimizar os parmetros do processo. Do ponto de vista cientfico, uma alta
resistncia cristalizao vantajosa, porque permite revelar a cintica de
cristalizao [2].
Embora os vidros tradicionais tenham sido usados como materiais industriais
por sculos, apenas nos ltimos anos a cincia dos vidros tem emergido como um
campo de estudo. As ltimas dcadas tm mostrado um forte interesse terico e
prtico na aplicao da anlise de tcnicas experimentais isotrmicas e no-
isotrmicas para o estudo da transformao vidro-cristal.
A capacidade de controlar os processos de nucleao e crescimento dos vidros
metlicos fundamental para predizer a microestrutura final e controlar as
propriedades fsicas desejadas para o material, sendo necessria especial ateno
para os mecanismos de evoluo estrutural que esto diretamente relacionados com a
microestrutura final alcanada. Por esse motivo, o controle da cristalizao das ligas
metlicas amorfas , hoje em dia, um ponto importante para o desenvolvimento de
novos materiais metlicos nanoestruturados. A possibilidade de se desenvolverem
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ligas metlicas contendo tamanhos de gro cristalinos da ordem de nanmetros
promove um ganho significativo nas propriedades mecnicas dessas ligas.
O presente trabalho teve como objetivo estudar a cintica de cristalizao das
ligas metlicas amorfas a base de Fe-B-Si de composies: Fe73,5B14Si8,5(Cu1Nb3);
Fe73,5B7Si15,5 (Cu1Nb3) e (Fe50Co50)73,5B9Si13,5(Ag1Nb3) em comparao com a liga
comercial de composio Fe78B13Si9 atravs do uso de tcnicas isotrmicas e no-
isotrmicas. Estas ligas foram escolhidas por terem uma matriz comum de Fe-B-Si e
por receberem a adio de diferentes elementos de liga para promover a
nanocristalizao.
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2 REVISO BIBLIOGRFICA
2.1 Ligas Metlicas Amorfas
Numerosos materiais de engenharia no apresentam estrutura cristalina, ou
seja, so amorfos. O estado metaestvel amorfo dos metais caracterizado pela falta
de ordenao atmica dos cristais, resultando na ausncia de defeitos como contornos
de gro ou discordncias. Devido a essa estrutura, as ligas amorfas podem apresentar
dependendo da composio excelentes propriedades fsicas e mecnicas. Isto
explica o grande interesse no desenvolvimento desses materiais para possveis
aplicaes especiais.
Tambm sabido que os vidros metlicos esto no estado slido fora do
equilbrio. Portanto, se torna importante estudar os fatores que podem ter um
comportamento crucial na sua aplicao final. A estabilidade trmica um fator
importante relacionado cristalizao, o qual , geralmente, um processo
termicamente ativado de transio de uma estrutura amorfa desordenada para uma
estrutura cristalina ordenada. Estudos da cintica de cristalizao fornecem a energia
de ativao para a cristalizao e parmetros como o expoente de Avrami, n, que
indica o mecanismo atravs do qual a cristalizao se processa. Isto ajuda a
determinar a estabilidade trmica dos vidros metlicos.
J fazem mais de quarenta anos que o primeiro material metlico amorfo foi
produzido por um resfriamento rpido a partir de uma fase lquida por Klement, Willens
e Duwez [4]. Pouco tempo depois, a tecnologia de obteno dos metais amorfos foi
desenvolvida, na dcada de 60, no Califrnia Institute of Technology, EUA. Entretanto,
os primeiros materiais amorfos encontrados no eram de fcil obteno nem
possibilitavam produo em escala industrial. Foi apenas na dcada de 70 que a
empresa Allied Signal Co, desenvolveu e patenteou, nos EUA, uma tcnica detransformao de ligas a base de ferro (Fe) em material amorfo, pelo processo de
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resfriamento ultra-rpido. O Electric Power Research Institute EPRI [4] realizou
estudos que demonstraram, ainda na dcada de 70, que havia um enorme potencial
de conservao de energia por trs da tecnologia dos metais amorfos.
Inicialmente, os metais amorfos eram formados pela deposio de vapor de
metal a temperaturas criognicas. As primeiras ligas eram finos filmes de materiais,
tais como bismuto e germnio, e no possuam aplicao prtica por serem muito
instveis temperatura ambiente para manterem suas caractersticas amorfas. A
primeira evoluo foi obtida quando se passou a fabricar os metais amorfos atravs do
resfriamento rpido de metais no estado lquido, necessitando, para tanto, de taxas de
variao de temperatura na ordem de 106 K/s. Como matria-prima, eram usadas
misturas de metais como prata e cobre, prata e germnio, ouro e silcio e paldio e
silcio [4].
O prximo estgio do desenvolvimento dos metais amorfos foi atribuir
propriedades ferromagnticas s ligas atravs da tentativa de vrias combinaes de
materiais.
2.2 Ligas Metlicas Parcialmente Cristalizadas
A microestrutura de um material parcialmente cristalino consiste em uma
mistura de fases cristalinas e regies amorfas. Esta mistura de fases representa, em
praticamente todos os casos conhecidos, um equilbrio metaestvel.
Conforme j mencionado, os materiais metlicos tm enorme propenso
cristalizao e esto disponveis predominantemente como slidos cristalinos, ou
melhor, policristalinos. Por outro lado, alguns materiais metlicos podem ser obtidos
no estado completamente amorfo. Esses materiais amorfos, quando aquecidos,
iniciam um processo de cristalizao. Em um estado intermedirio deste processo
pode-se obter uma mistura de fases cristalinas e amorfas.
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Uma classe especial de materiais parcialmente cristalinos formada pelos
nanocristais. De uma maneira simplificada, os materiais nanocristalinos so policristais
com gros menores que 100 nm [5].
Nesta classe de materiais, a quantidade de tomos nas vizinhanas dos
contornos de gro, em relao ao total de tomos, pode atingir valores muito altos, da
ordem de dezenas de por cento. Em materiais com tamanho de gro normal,
digamos, com dimetro mdio da ordem de dezenas de micrometros, a quantidade de
tomos pertencentes aos contornos de gro menor que 0,0001%. Se
considerarmos as regies do contorno de gro como sendo amorfas,
conseqentemente, os materiais nanocristalinos podem ser considerados como
materiais parcialmente cristalinos (figura 1) [3], uma vez que, para a formao de uma
nanoestrutura a partir de uma fase amorfa, necessrio ocorrer: cristalizao em
estgios mltiplos, levando precipitao de uma fase cristalina primria; nucleao
homognea da fase primria; dificuldade da reao de crescimento subseqente e alta
estabilidade trmica da fase amorfa remanescente [6].
A formao de um material parcialmente cristalino pode ser descrita de acordo
com as seguintes etapas de solidificao [7]: medida que se fornece energia no
sistema, tem-se a formao de pequenos arranjos que aguardam ordenao, ditas de
curto alcance, tendo o metal lquido ainda propriedades de um fluido. A solidificao se
processa a partir do crescimento dos clustersexistentes num lquido super-resfriado2
que se transformam em ncleos por um mecanismo de reagrupamento derivado do
rompimento dos cordes de desordem que os envolviam. Pela tcnica de raios-x,
pode-se constatar que os embries podem aparecer, existir por um certo tempo
desintegrar-se novamente, reaparecendo em outro lugar, e que, em certas condies,
adquirem estabilidade e transformam-se em centros de cristalizao, ou ncleos,
quando se inicia a solidificao.
2 Agregados atmicos sem definio de cristalinidade, mas contendo composio qumicadiferente da matriz.
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7
Depois do cluster atingir o tamanho de um ncleo, este passa a crescer
espontaneamente, preenchendo o espao disponvel com uma estrutura organizada
da matria, que so os cristais. No estgio final da cristalizao, o crescimento dos
gros suprimido pela fase amorfa estabilizada remanescente nos contornos de gro
[8]. Essa estabilizao ocorre porque a temperatura de cristalizao da fase amorfa
remanescente aumenta atravs do enriquecimento da liga por elementos refinadores
como Nb e B. O efeito dos elementos que favorecem a cristalizao, como o Cu e de
elementos inibidores do crescimento de gro, d origem a uma estrutura cristalina
muito refinada e uniforme.
(a)
(c)
Figura 1. (a) Ilustrao esquemtica do processo de formao da fase nanocristalina,
circundada pela fase amorfa residual [9]; (b) Energia livre da formao de ncleos esfricos
lquidos num vapor supersaturado e insaturado [10]; (c) Representao em 2D de uma
estrutura nanocristalina com empacotamento denso dos gros cristalinos (em branco)
separados pelos contornos de gro amorfos (crculos escuros) [9].
(embries)
(b)
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8
Os nanocristais apresentam propriedades bastante diferentes dos seus
correspondentes cristalinos e amorfos. A presena de uma grande quantidade de
contornos de gros facilita a movimentao atmica (difuso) no seu interior.
2.3 Principais Aplicaes
As ligas metlicas amorfas tm sido desenvolvidas em diversas famlias de
ligas e apresentam propriedades particulares associadas sua estrutura atmica,
como limite de escoamento alto, boa resistncia corroso e ao desgaste e mdulo
de elasticidade baixo. Estas propriedades, que raramente so encontradas nos seus
correspondentes cristalinos, so atrativas para aplicaes prticas como uma nova
classe de materiais estruturais e funcionais [11].
A tabela 1 apresenta algumas das caractersticas observadas em materiais
metlicos amorfos e o campo de aplicao correspondente a cada caracterstica.
Tabela 1. Aplicaes dos materiais metlicos amorfos, com base nas suas caractersticas [12].
Caracterstica fundamental Campo de aplicao
Alta resistncia
Alta dureza
Alta tenacidade fratura
Alta energia de impacto
Alta resistncia fadiga
Alta energia elstica
Alta resistncia corroso
Alta resistncia ao desgasteAlta fluidez viscosa
Alta razo de reflexo
Bom magnetismo mole
Alta permeabilidade de freqncia
Alta magnetostrico
Alto armazenamento de hidrognio
Materiais estruturais para maquinrio
Materiais de preciso tica
Materiais para moldes
Materiais para ferramentas
Materiais de corte
Materiais de eletrodos
Materiais com resistncia a corroso
Materiais para estocagem de hidrognioMateriais ornamentais
Materiais compsitos
Materiais para gravao
Materiais para artigos esportivos
Materiais para aglomerantes
Materiais com magnetostrico gigante
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O estudo de propriedades magnticas dos amorfos tambm tem sido um tpico
de grande interesse. Devido ao seu processo de produo distinto, os amorfos
apresentam uma srie de propriedades magnticas interessantes com processos de
magnetizao peculiares. Isso os torna candidatos fortes para diversas aplicaes
tecnolgicas de alto impacto, tais como sensores magnticos dos mais diversos tipos,
alm de propiciar estudos importantes sobre o magnetismo bsico [13].
Embora se entenda por material amorfo algo que no possui uma estrutura ou
ordenamento atmico, eles apresentam uma desordem somente de longo alcance. A
curto alcance, a estrutura atmica de um material amorfo muito semelhante de um
material cristalino (o que explica o seu comportamento ferromagntico). interessante
ressaltar que a desordem dos materiais amorfos abrange tanto a desordem estrutural
quanto qumica [14], a qual certamente a responsvel pela variedade das estruturas
magnticas nos materiais amorfos. Como resultado do desordenamento de longo
alcance, no h uma anisotropia magnetocristalina ou defeitos microestruturais
(contornos de gro, discordncias e precipitados)que possam influenciar os processos
de magnetizao. Este fato isolado serviu de motivao para o desenvolvimento
destes tipos de materiais como excelentes ferromagnetos doces [14].
Geralmente, ligas metlicas amorfas apresentam propriedades magnticas
moles excelentes devido ausncia da anisotropia magnetocristalina e nos quais as
paredes dos domnios podem ser fixadas.
Por causa das propriedades eletromagnticas superiores, como baixas perdas
especficas, alta resistividade, baixa magnetostrico e estabilidade magntica, essas
ligas tm propiciado inovaes tecnolgicas na indstria eletrnica [14].
No entanto, na rea de aplicaes estruturais, em particular, os vidros
metlicos so freqentemente limitados pela sua fragilidade e falta de trabalhabilidade
e usinabilidade [15].
A indstria aeroespacial tem demonstrado que a forma superplstica pode serempregada para produzir componentes caracterizados por formas complexas
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10
requerendo grande elongao e que no podem ser fabricados pelos meios dos
processos convencionais. Deste modo possvel reduzir tanto a complexidade do
processo de manufatura e o uso das conexes estruturais, como juntas soldadas ou
mecnicas, que so considerados pontos internos frgeis em unies ou juntas [16].
Diversas famlias de vidros metlicos estudados anteriormente, como ligas a base de
Zr [17], Al [18] e Pd [19], apresentaram superplasticidade quando deformadas na
regio de lquido super-resfriado.
Outro desenvolvimento promissor a fabricao das ligas amorfas
volumtricas chamadas bulks, que podem ser produzidas pela otimizao da
composio da liga e do processo de produo [2]. Estas ligas possuem alta
estabilidade trmica e propriedades interessantes e acredita-se que possuem
potencial considervel como materiais avanados de engenharia. Sobre as suas
aplicaes, as ligas possuem grande estabilidade na regio de lquido super-resfriado,
promovendo diversos estudos sobre a transio vtrea e medidas de suas
propriedades fsicas como aquecimento especfico, difuso e viscosidade no estado
super-resfriado [20].
Uma grande vantagem que as ligas volumtricas amorfas oferecem em relao
s ligas amorfas convencionais a possibilidade de formar o vidro metlico em taxas
de resfriamento bem menores do que os outros meios de obteno de ligas amorfas.
O desenvolvimento dessas ligas ofereceu a possibilidade de estudar a cintica e as
propriedades termodinmicas dos lquidos sub-resfriados, tanto quanto o
desenvolvimento de novas aplicaes baseadas na possibilidade para fabricar
componentes tridimensionais [21]. Algumas aplicaes recentes de materiais amorfos
na forma de ligas volumtricas podem ser encontradas na rea biomdica, em artigos
para golf, materiais reforados para varas de pescar, materiais para fins estruturais
entre outros [22].
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2.3.1 Aplicaes eletrnicas de ligas amorfas e nanocris talinas
As aplicaes eletroeletrnicas dos materiais amorfos e nanocristalinos
exploram as suas propriedades especficas, como permeabilidade, fora coercitiva,
magnetostrico, anisotropia e resistividade. Esses materiais so usados em sistemas
de distribuio, medio, controle, proteo, automao, processamento de
informao e segurana [23].
Os vidros metlicos a base de ferro tm sido reconhecidos por possuir duas
propriedades importantes, as quais os fazem mais interessantes que as ligas
cristalinas de Fe-Si: uma curva de histerese mais estreita e um maior aumento ou
reduo da resistividade eltrica em relao s ligas de Fe-Si [4].
A figura 2 apresenta as curvas de histerese B-H para um ao ao silcio e para
uma liga comercial amorfa a base de ferro.
Figura 2. Curvas de histerese para comparar o comportamento magntico de uma liga cristalina
(ao ao silcio) e de uma liga amorfa (METGLAS Alloy 2605TCA) [Adaptado de Allied Signal
Co, Catlogo Tcnico de Ligas Metlicas Amorfas, METGLAS].
Conforme se observa na curva tpica de magnetizao da figura 2, os materiais
amorfos apresentam ciclo de histerese extremamente estreito alm de apresentar
baixa fora coercitiva. Como a rea interna da curva B-H representa as perdas devidas
magnetizao do ncleo, visvel a vantagem dos materiais amorfos a respeito das
perdas a vazio e das baixas correntes de magnetizao [2]. Tambm podemos
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observar que a liga amorfa possui induo de saturao menor em relao ao ao
[24].
Ainda como conseqncia da ausncia de uma ordem estrutural de longo
alcance, as ligas metlicas amorfas apresentam uma alta resistividade eltrica quando
comparadas s ligas de Fe-Si, o que resulta em baixas correntes induzidas, e baixas
perdas de potncia. Este tipo de material tem sido produzido, inclusive em escala
industrial, para aplicao em transformadores de potncia.
Alm das excelentes propriedades magnticas j descritas at aqui, materiais
ferromagnticos doces, e em especial os materiais amorfos, exibem o que se conhece
por magnetorresistncia [24]. Este fenmeno tem atrado a ateno da comunidade
cientfica por sua possvel aplicao no campo de gravaes e leituras magnticas.
A tecnologia da magnetorresistncia foi logo ultrapassada em 1997 por outra
desenvolvida tambm pela IBM que, de fato, consiste em utilizar o efeito da
magnetorresistncia tambm como objeto de leitura de dados. Neste caso, utilizam-se
diversas camadas de materiais diferentes, sendo possvel obter grandes variaes na
resistncia do material. Isto significa que a relao sinal/rudo aumenta
significativamente e o equipamento muito mais sensvel, conseqentemente temos a
possibilidade de diminuir os domnios magnticos e ainda ter sensibilidade suficiente
para fazer a leitura. Este fenmeno ficou conhecido como Magnetorresistncia Gigante
(MRG). Nos prximos anos, boa parte do desenvolvimento em gravao magntica
ser baseada nestes dispositivos [24].
Outros exemplos de aplicaes eletrnicas de ligas amorfas e nanocristalinas
so encontrados a seguir [23]:
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Transformadores
Uma das principais aplicaes das ligas metlicas amorfas no ncleo de
transformadores de distribuio. Como nas ltimas dcadas, o valor relativo de
energia eltrica aumentou drasticamente, o uso racional de energia tornou-se
estratgia bsica para conter os gastos. As perdas associadas com distribuio so de
particular interesse para as concessionrias e o uso de ncleos de metais amorfos nos
transformadores de distribuio uma das alternativas encontradas para a melhoria
de eficincia [13].
Tradicionalmente, nos sistemas de distribuio de energia eltrica, o material
utilizado no ncleo dos transformadores o Fe-Si de gros orientados. Entretanto,
com o desenvolvimento das ligas amorfas, particularmente das ligas base de Fe-B-
Si, transformadores com ncleos de Fe-Si esto sendo substitudos por
transformadores com ncleo de liga amorfa, principalmente em aplicaes em que as
perdas no ncleo so superiores s perdas no cobre, como na maioria dos
transformadores de distribuio instalados em zonas rurais. Nesses casos, com o
transformador de ncleo de liga amorfa, as perdas nos ncleos podem ser reduzidas
em cerca de 80% [25].
Nos EUA existem, atualmente, mais de um milho desses transformadores
instalados nos seus sistemas de distribuio [25]. Na Europa, na sia e na Amrica do
Norte so fabricados transformadores de ncleo de liga amorfa com potncias de at
2000 kVA [25]. No Brasil, foram fabricados transformadores monofsicos e trifsicos,
com potncias de 5 kVA e 15 kVA.
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Comparao entre transformadores de ncleo amorfo e de ncleo de ao-silcio
Os transformadores com ncleo de material amorfo apresentam sensveis
vantagens em relao aos de ao-silcio, principalmente no que tange as perdas a
vazio (tabela 2). Alm disso, observam-se tambm significativas redues na corrente
de excitao e no rudo audvel. No entanto, eles so mais pesados, mais volumosos e
mais caros.
Tabela 2. Comparao entre transformadores de ncleo amorfo e ncleo de ao-silcio, onde 1
lb=0,45 kg [13].
Amorfo Ao ao silcio
Tipo KVAPerdas avazio (W)
Perdas c/carga (W)
Massa(lb)
Perdas avazio (W)
Perdas c/carga (W)
Massa(lb)
10 12 102 318 29 111 30015 16 141 422 41 143 32125 18 330 441 57 314 40650 29 455 719 87 462 70975 37 715 944 122 715 821
1
100 49 944 1131 162 933 96175 51 925 2030 142 956 2000
150 90 1397 2870 216 1429 2900300 165 1847 4360 412 2428 3600500 230 3282 6090 610 3589 4900
3
750 327 4468 6600 713 5206 6800
Tendo em vista a caracterizao das ligas metlicas amorfas, a seguir so
apresentadas suas propriedades fsicas mais relevantes.
a) Dureza
b) Fator de Empilhamento
c) Induo de Saturao
d) Magnetostrico
e) Massa e Volume
A figura 3 apresenta exemplos de ligas metlicas amorfas utilizadas em
ncleos de transformadores.
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Figura 3. Fitas metlicas amorfas utilizadas na fabricao de transformadores [Disponvel em:
http://www.europechemicon.de/ecc01/Products/Amorphous/amorphous.htm. Acesso em 20 set
2004].
Sensores
Ligas amorfas [26] e as nanocristalinas [27] tm ocupado um espao
significativo no mercado mundial dos materiais magnticos, sobretudo no
desenvolvimento e nas aplicaes de sensores em variadas reas, como, por
exemplo; eletrnica de potncia, telecomunicaes e biomdica.
Essas aplicaes originam-se de caractersticas fsicas peculiares, como
dependncia da permeabilidade magntica e da impedncia sob a ao de um campo
magntico externo e em funo da amplitude e da freqncia da corrente eltrica
aplicada.
Sensores de proximidade e deslocamento
O movimento relativo e a posio de objetos podem ser detectados sem
contato fsico, com o uso de fitas de liga amorfa. Fixando-se a fita em uma pea e um
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m em outra, um objeto contendo material magntico em movimento altera o campo
magntico presente, que pode ser detectado pela variao da impedncia da fita.
Indutncia magntica varivel
A permeabilidade magntica de uma fita de liga amorfa ou nanocristalina varia
ao ser submetida a uma corrente variante no tempo. Essa propriedade potencializa
algumas aplicaes, dentre elas a implementao de indutores magnticos variveis,
sem a necessidade de peas mveis. Isso pode ser conseguido introduzindo-se uma
fita de liga amorfa no ncleo do indutor, fazendo-se variar eletricamente a
permeabilidade magntica da fita, atravs da passagem de uma corrente eltrica
alternada.
Medidor diferencial de posio
Duas fitas amorfas magneticamente moles podem ser utilizadas para a
deteco da posio de um objeto que se movimente entre elas, mediante a
comparao do nvel do sinal gerado. Nesse caso, o sinal de sada a diferena de
tenso nos terminais da fitas montadas em uma configurao de ponte de
Wheatstone.
Quando o objeto encontra-se eqidistante das fitas, essa diferena zero.
Havendo qualquer desvio da trajetria eqidistante, a diferena torna-se no nula,
positiva ou negativa, dependendo do sentido do desvio. Uma das aplicaes possveis
desse princpio no deslocamento de robs mveis que devam seguir trajetrias pr-
definidas.
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2.4 Fabricao
Existem diversas tcnicas de fabricao das ligas amorfas dentre elas:
moagem mecnica, pulverizao e melt-spinning.
O processo de moagem mecnica [28] - uma forma especial de reao no
estado slido - uma moagem de alta energia onde uma liga o resultado de
sucessivas quebras onde ocorre fundio a frio das partculas componentes. Isso
leva sntese de fases cristalinas metaestveis, solues slidas supersaturadas,
fases amorfas e produo de estruturas nanocristalinas. Esta tcnica tem sido
comprovada como uma rota vivel de processamento no estado slido para fabricao
de vidros metlicos. Muitos dos materiais amorfos e nanoestruturados so fabricados
por este mtodo [29].
Outra possibilidade de obteno de um slido amorfo a pulverizao que
um processo que consiste em soprar o metal ainda no estado lquido, formando
assim, ps amorfos.
Existem outras maneiras de se evitar a cristalizao e obter slidos amorfos.
Uma delas partir da fase vapor ao invs do lquido [3]. O vapor, por sua vez, pode
ser obtido pelo aquecimento de um slido cristalino, ou de um lquido ou at
bombardeando a superfcie de um slido com ons acelerados, num processo
chamado de cathode sputtering. O vapor ento resfriado ultra-rapidamente pelo
contato com uma superfcie fria. A temperatura baixa reduz a mobilidade atmica e
dificulta a cristalizao. Desta maneira possvel obter filmes finos amorfos, com
espessura menor que 1 m.
Alm do mtodo mencionado acima, existe a possibilidade de se obter um
slido amorfo pela precipitao resultante da reao entre dois lquidos. Um exemplo
tpico deste mtodo a reduo de um sal de nquel por hipofosfito de sdio. Como
resultado, obtm-se sobre um substrato ou objeto imerso na soluo, uma camadafina de um filme depositado duro e brilhante. Este filme uma liga amorfa de nquel e
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fsforo. Este processo utilizado industrialmente e apresenta vantagens com relao
niquelao eletroqumica [3].
As ligas referentes a este estudo foram produzidas por melt-spinning, que ser
explicado em maiores detalhes a seguir.
2.4.1 Melt-spinning
Uma maneira de se obter um slido amorfo evitar a sua cristalizao durante
a solidificao. A solidificao ultra-rpida a partir do lquido talvez a maneira mais
utilizada para obter slidos amorfos. Uma aparelhagem muito utilizada mostrada na
figura 4. Um material metlico fundido por induo dentro de um tubo de quartzo ou
de alumina. O tubo tem uma fenda na extremidade inferior. O metal lquido
pressionado atravs do furo por um gs inerte (normalmente argnio). Um filete de
metal incide em uma roda polida de cobre, de alta condutividade trmica, refrigerada e
que gira em alta velocidade. O filete do metal lquido solidifica-se ultra-rapidamente
formando uma fita com algumas dezenas de micrometros de espessura. A roda de
cobre pode estar contida em uma cmara contendo gs inerte (normalmente argnio
ou nitrognio). Este aparelho muito conhecido pela sua designao em ingls melt-
spinning e com ele pode-se obter uma taxa de resfriamento na faixa de 107a 109K/s,
alta o suficiente para evitar a cristalizao do material, obtendo-se, assim, uma fita
amorfa longa e delgada. Esta tcnica tem sido utilizada com sucesso na fabricao de
ligas metlicas amorfas.
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Figura 4. Representao esquemtica do melt-spinning.
Fitas amorfas produzidas por esta tcnica apresentam uma rugosidade
superficial caracterstica que pode ser vista como um reflexo da superfcie da roda.
Estas irregularidades superficiais podem ser mais significativas, caso bolhas de ar
fiquem presas entre a roda e a fita durante o processo de solidificao. Um bom
acabamento superficial nas fitas requer que a superfcie da roda esteja devidamente
polida e isenta de umidade. A velocidade da roda um parmetro de processo
importante no controle da espessura da fita e, conseqentemente, na taxa de
resfriamento da mesma. A obteno de fitas amorfas est limitada pela espessura da
fita.
Ar comprimido
Ligafundida
Rodametlicapolida eresfriada
Fuso porinduo
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Figura 5. Exemplos de fitas metlicas amorfas produzidas por melt-spinning. [Disponvel em:
http://www.europechemicon.de/ecc01/Products/Amorphous/amorphous.htm. Acesso em 20 set
2004].
2.5 Principais Composies
Diversas famlias de ligas amorfas tm sido freqentemente estudadas pela
comunidade cientfica. Um levantamento das principais composies das ligas
metlicas amorfas, pelo mecanismo de busca do Science Direct (Disponvel em:
www.sciencedirect.com. Acesso em 7 jul. 2005), a partir de artigos cientficos
relacionados com o assunto, demonstra a grande importncia dos mesmos para o
desenvolvimento desses novos materiais e suas potenciais aplicaes. A seguir so
listadas algumas das composies mais estudadas.
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Famlia do Zr:
Zr55Cu30Ni5Al10
Zr65Cu15Ni10Al10
Zr52,5Cu15Ni10Al10Be12,5
Zr52,5Cu17,9Ni14,6Al10Ti5Zr41,2Cu12,5Ni10Ti13,8Be22,5
Zr41Cu12,5Ni10Ti14Be22,5
Zr40Cu11Ni10Ti13Be26
(Zr0,65Cu0,175Ni0,10Al0,075)100-xWx
(Zr0,55Cu0,30Ni0,05Al0,10)100-xWx(onde x= 2 a 4
at%)
Zr-Cu-Ni-Al-Si
Famlia do Fe:
Fe60Co10Ni10Zr7B13
Fe40Ni40P14B6
(Fe, Co, Ni)70(Zr, Nb, M)10B20 (M=Ti, Ta ou Mo)
Fe56Co7Ni7Zr6Nb2,5M1,5B20 (M=Zr, Ti, Ta ou Mo)
Fe-Ni-P-B-Ga
(Fe40Ni40P14B6)96Ga4
Outras combinaes possveis so:Fe-(Al,Ga)-(P, C, B, Si, Ge)
(Fe, Co, Ni)-(Zr, Nb, Ta, Mo, W)-B
Fe-(Co,Sb,Cr,Mo,Ga)-(P,B,C)
Famlia do Mg:
Mg65Cu20Y10Zn5
Mg-Cu-Y-Al
Mg-Cu-Y
(Mg0,98Al0,02)60Cu30Y10
Famlia do Ni:
Ni57Zr20Ti23
Ni-Zr-Ti-Si
Ni57Zr20Ti18Si5
Ni-Nb-Cr-Mo-P-B
Famlia do Al:
Al-ETM-LTM onde ETM = grupos IV-VI e
LTM= grupos VII e VIII
Al85Ni10Ce5
Al-Mn-LnAl-Cr-Ln
Al-Mn
Al-Cr
Al-Mn-Ce
Al92Mn6Ce2
Al-Ln
Al-Cr-Ce-Co
Al94,2Cr3Ce1Co1,5
Al70Mn20Pd10
Famlia do Nd:
Nd50Fe40Al10
Nd60Fe30Al10
Nd60FexAl10Co30-x
Nd70-xFe20Al10Yx
Nd60Al15Cu15Ni10Co5
Nd50Fe40 Si10-xAlx
Outras combinaes possveis so:
(Nd, Ce, Pr)-Fe-(Si,Al)
(Nd, Ce, Pr)-Fe-As2Se3
(Nd, Ce, Pr)-Fe-Zn41Sb59
(Nd, Ce, Pr)-Fe-Ge-Sn-Se
(Nd, Ce, Pr)-Fe-Ge-Te-As
(Nd, Ce, Pr)-Fe-Ge-Te-Se
(Nd, Ce, Pr)-Fe-Ge-Se-Bi
(Nd, Ce, Pr)-Fe-Dy4Co3
(Nd, Ce, Pr)-Fe-R57T43(R=Dy, Er; T=Co,Fe)
Famlia do Pd:
Pd40Ni40P20
Pd40Ni10P20Cu30
Pd74Si18Au8
Pd-Si-Cu
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Ligas a base de Zr apresentam maior probabilidade de formar ligas
volumtricas amorfas. J as ligas a base de Al so promissoras para a indstria
aeronutica pois sua cristalizao, assim como as ligas de Pd, formam estrutura de
quase-cristais.
As ligas a base de Fe e Nd so mais usadas em aplicaes magnticas sendo
a primeira em magnetos moles e a segunda em magnetos duros.
Ligas a base de Ni-Ti, quando cristalizadas, apresentam o efeito memria de
forma. As ligas de Mg so utilizadas para aplicao estrutural e tambm para
estocagem de hidrognio.
2.6 Efeito da Adio de Elementos de Liga
Desde a descoberta das ligas amorfas, inmeras tentativas foram feitas para
compreender o mecanismo de amorfizao para predizer as composies com melhor
capacidade para formar um vidro.
Algumas regras so seguidas para definir a composio de uma liga amorfa
[30]: (a) so necessrios trs ou mais elementos, (b) uma diferena significativa na
razo entre os raios atmicos, acima de 12% entre os trs elementos constituintes e
(c) calor de mistura negativo entre os trs constituintes principais. A faixa de formao
da composio do vidro geralmente coincide com a regio euttica e uma reduzida
temperatura de transio vtrea, Trg=Tg/Tm (a faixa de 0,6-0,7 tpica de bons
formadores de vidro), onde Tg a temperatura de transio vtrea e Tma temperatura
de fuso [30].
A formao do lquido com configurao atmica especfica e interao entre
multicomponentes numa escala de curto alcance sugere o aumento da energia de
interface lquido/slido e diminui a difusividade atmica, o que leva supresso da
nucleao e crescimento de fases cristalinas [30]. A concentrao de um elemento de
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liga diminui rapidamente conforme a diferena entre os tamanhos dos tomos do
elemento base e dos outros elementos de liga aumentam.
Figura 6. Diagrama representativo para definio de composies de ligas amorfas [30].
A composio das ligas amorfas usada para estimar dois parmetros
importantes: o tamanho dos cristais e o nmero relativo de tomos. Usando esta
informao, a distribuio do tamanho dos tomos (curvas de composio x raio
atmico) colocada num grfico para um nmero de ligas amorfas com diferentes
capacidades de formao de vidro onde podemos comparar as ligas amorfas
convencionais das ligas amorfas [30].
Neste estudo foi observado que as ligas na forma de bulkspossuem densidade
relativamente maior, em relao s ligas amorfas, o que nos leva a concluir que o
empacotamento atmico mais eficiente, o que resulta numa maior viscosidade da
amostra e menor difusividade, gerando um decrscimo considervel na difuso
atmica e na nucleao e crescimento de fases cristalinas e, conseqentemente no
aumento na capacidade de formao do vidro [30]. SENKOV e MIRACLE [30]
apresentam os resultados da distribuio de tamanho dos tomos para ligas amorfas
mais de 3 tipos de elementos constituintes com di ferena na razo entre os raiosatmicos maior que 12% e calor de mistura negativo
Aumento no grau da densidade da est rutura com empacotamento randmico
Formao do lquido com nova configurao atmica e interaes multicomponentes numaescala de curto alcance
Aumento na energiainterfacial slido/lquido
Dificuldade de rearranjo atmico(diminuio da difusividade e aumento
na viscosidade)
Necessidade de rearranjoatmico numa escala de
longo alcance paracristalizao
Aumento na Tg Supresso do crescimento deuma fase cristalina
Supresso da nucleao deuma fase cristalina
Diminuio da Tm e aumento de Tg/Tm
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convencionais e os bulk amorfos com base nas composies das ligas e estabelece
comparaes atravs dos modelos de formao de ligas amorfas que o artigo se
baseia, tornando-o de fato, muito interessante no que diz respeito formao de ligas
amorfas do tipo bulk.
Quanto influncia de alguns elementos de liga na formao de materiais
amorfos, diversos estudos concordam que a adio de elementos de liga deve facilitar
a nucleao de cristais na fase amorfa e tornam o crescimento desses cristais difcil
[31], favorecendo a obteno de materiais nanocristalinos, por exemplo. Tambm
existem elementos de liga que podem facilitar a cristalizao primria e, tanto quanto
possvel, evita o segundo estgio da cristalizao.
Figura 7. Curvas de DSC para as ligas amorfas a base de Fe-B-Si com adies de Cu, Nb e Mo[31].
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Em geral, as ligas a base de Fe-B com adio de Si, Mn, Ni e Mo promovem a
nucleao e crescimento de cristalitos maiores que 200 nm [31]. A insero de
elementos do tipo Zr [32], Cu [32], Nb [33] e Ag [34], promove um refino dos cristalitos
possibilitando assim a formao de nanocristais.
A substituio do Co pelo Fe [14] decresce a temperatura da primeira
cristalizao e mascara a transio vtrea. Esta a razo para a ausncia da transio
vtrea em uma composio rica em Fe.
A mudana na composio da liga Fe-Co-Ni-Zr-Nb-B pela adio de Ti, Ta ou
Mo, aumenta a capacidade de formar o vidro metlico, uma vez que a regio de
lquido super-resfriado aumenta, causando tambm uma mudana nas propriedades
magnticas da liga, como a reduo na permeabilidade magntica, aumento da
magnetizao e diminuio do campo coercitivo, o que melhoram as propriedades
magnticas moles destes materiais [35].
A adio de Ga aumenta consideravelmente a capacidade de formar o vidro
metlico. Numa liga de composio (Fe40Ni40P14B6)100-xGax, foi observado [36] que a
adio de Ga torna a liga amorfa apenas quando x = 4 a 6. Para teores maiores ou
menores, h a presena de fase intermetlica cristalina, uma vez que a liga se afasta
do seu ponto euttico. A presena de Ga tambm permite a reduo nas perdas por
histerese em comparao a uma liga de Fe-Ni-P-B, embora reduza a temperatura de
transio vtrea.
A adio de W leva diminuio de Tg e Tx (temperatura de cristalizao),
porm mantm o mesmo intervalo da regio de lquido super-resfriado e, alm disso,
leva a um aumento na resistncia e na ductilidade das ligas amorfas [22]. Tambm foi
observado que o aumento no teor de Cu leva a um aumento de Tge Tx, mas mantm o
mesmo intervalo da regio de lquido super-resfriado [22]. J a adio de Nb resulta
num aumento da temperatura do segundo estgio de cristalizao, correspondente
formao de boretos. Como resultado da adio simultnea de Cu e Nb, o intervalo
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de temperatura entre os estgios se torna bem maior e a estrutura nanocristalina
depois do primeiro estgio da cristalizao prevalece [31].
J a adio de berlio leva a um aumento significativo da regio de lquido
super-resfriado, alm de aumentar Tx e Tg, o que indica que a liga possui maior
estabilidade trmica nesta regio alm de aumentar a capacidade de formao do
lquido super-resfriado, aumentando a sua resistncia cristalizao, reduzindo o
excesso de volume livre e aumentando o grau de empacotamento aleatrio; da mesma
forma, a adio de berlio numa liga de Zr-Al-Ni-Cu aumenta a resistncia ruptura em
comparao com as ligas sem berlio, alm de aumentar a resistncia mecnica [37].
A figura 8 mostra a variao da temperatura dos picos de DSC com a
concentrao de B numa liga Fe-Si com 5% de adio de diferentes metais de
transio. A influncia diversa dos elementos de liga na temperatura dos estgios de
cristalizao resulta na mudana da concentrao crtica do B [31].
Figura 8. Variao da temperatura dos picos de cristalizao da liga amorfa Fe95-yM5By
determinada por DSC [31].
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As ligas formadas pelos elementos Ni-Ti-Zr-Si possuem a maior capacidade
para formao do vidro e uma grande regio sub-resfriada (que a regio
compreendida entre Tg e Tx). A faixa de composies para a formao de ligas
amorfas definida pelo pseudodiagrama de fase ternrio Ni-(Ti,Zr)-Si [38].
esperado que a liga ternria Ni-Ti-Zr possua uma alta capacidade de formar
vidro uma vez que a diferena dos tamanhos atmicos entre Ti (ou Zr) e Ni grande
(cerca de 18%). Alm disso, a ligao entre Ni-Ti ou Ni-Zr muito forte no estado
lquido formando um euttico muito baixo no diagrama de fases binrio Ni-Ti (ou Ni-
Zr). A fase lquida de composio euttica pode ser sub-resfriada a baixas
temperaturas nas quais a mobilidade atmica muito pequena ento a estrutura do
lquido pode ser facilmente congelada para formar a fase amorfa. De fato, a formao
da fase amorfa durante a solidificao rpida feita perto da composio do euttico
nos sistemas binrios (Ni-Zr) e (Ni-Ti) [38].
2.7 Tcnicas de Avaliao da Cristalizao
Diversas tcnicas experimentais tm sido aplicadas ao estudo dos processos
de cristalizao nos vidros metlicos, como a ressonncia ferromagntica (FMR) [39,
40], a calorimetria diferencial de varredura (DSC) [41, 42, 43], o espalhamento de
raios-x a baixo ngulo [44], a resistividade eltrica [45] e a espectometria Mssbauer
[46]. A seguir apresentaremos algumas delas.
2.7.1 Anlise trmica
A anlise trmica consiste num grupo de tcnicas nas quais uma propriedade
fsica de uma substncia e/ou um produto de sua reao medido em funo da
temperatura.
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As vantagens da anlise trmica em relao aos outros mtodos analticos
podem ser resumidas a seguir: (i) a amostra pode ser estudada numa faixa de
temperatura mais ampla, usando diversos programas de temperatura; (ii) a maioria
das formas fsicas de amostras (slido, lquido ou gel) podem ser testadas; (iii) a
atmosfera nas proximidades da amostra pode ser padronizada e (iv) o tempo
necessrio para completar uma experincia pode ser ajustado para variar de alguns
minutos a vrias horas [47].
Independente da faixa de temperatura medida, a amostra, estudada atravs de
um instrumento de anlise trmica, medida em condies de no-equilbrio e a
transio de temperatura observada no a temperatura de transio de equilbrio. Os
dados obtidos so influenciados por parmetros experimentais como a dimenso e
massa da amostra, a taxa de resfriamento/aquecimento, a natureza e composio da
atmosfera na regio da amostra e da histria trmica e mecnica da amostra.
As tcnicas mais importantes utilizadas so: termogravimetria (TG), anlise
trmica diferencial (DTA) e calorimetria diferencial de varredura (DSC). Neste trabalho
utilizamos apenas a calorimetria diferencial de varredura (DSC).
2.7.1.1 Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC)
No DSC [48], as propriedades trmicas de uma amostra so comparadas com
um material de referncia que no apresenta transio na faixa de temperatura de
interesse, como a alumina. A tcnica envolve determinar a energia necessria para
estabelecer uma diferena nula de temperatura entre a substncia e o material de
referncia versus o tempo ou temperatura, na qual cada amostra submetida a um
programa de temperatura controlada. O valor numrico para qualquer tempo ou
temperatura est relacionado com a diferena de calor entre a amostra padro e a que
est sendo testada; isto relacionado com a cintica do processo. Integrando a rea
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abaixo da curva de calor gera a mudana de entalpia associada com o evento trmico
de interesse.
A figura 9 apresenta um esquema simplificado da aparelhagem de DSC.
Figura 9. Esquema simplificado da aparelhagem de DSC.
A temperatura de cada cadinho monitorada por um termopar e o aquecimento
pode ser fornecido eletricamente para cada cadinho de modo que a temperatura nos
mesmos seja a mesma. Um grfico da diferena de energia fornecida para as
transies trmicas das amostras produz uma informao importante sobre a
transio, como o calor latente ou uma mudana relativamente abrupta na capacidade
calorfica.
O DSC aplicado para determinar vrias caractersticas de materiais incluindo
pureza, polimorfismo, reaes qumicas e a evoluo da temperatura de um
aquecimento especfico. Tambm podemos obter dados termodinmicos, como pontos
de fuso e ebulio, capacidade calorfica, transformaes de fases induzidas pela
temperatura etc.
A calorimetria diferencial de varredura tem sido a tcnica mais usual para
estudar o processo de cristalizao e sua cintica nos materiais amorfos. Medidas de
DSC em diferentes taxas de aquecimento so muito utilizadas para determinar a
cadinho dareferncia
cadinho daamostra
aquecedores computador para monitorar atemperatura e regular a taxa deaquecimento
referncia
amostra
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energia de ativao e o expoente de Avrami para cada pico observado, gerando
informaes valiosas sobre a natureza do processo de nucleao e crescimento de
gro.
2.7.2 Ressonncia Ferromagntica (FMR)
A idia bsica de um experimento de ressonncia ferromagntica, ou FMR
(ferromagnetic resonance), consiste em aplicar um campo de microondas numa
amostra situada num campo magntico esttico 0
H e observar as linhas de absoro
ressonante. O campo magntico da radiao de microondas aplicado
perpendicularmente ao campo esttico, de modo que ele tende a perturbar os spins e
desvi-los da posio de equilbrio. Quando a freqncia da radiao est prxima da
freqncia do modo uniforme, o campo rf produz o movimento de precesso dos spins
e a amostra absorve energia da radiao [49]. A figura 10 mostra, esquematicamente,
um sistema de FMR.
Figura 10. Ilustrao esquemtica de um sistema utilizado em ressonncia ferromagntica [49].
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A ressonncia ferromagntica se tornou um mtodo atrativo para o estudo da
cristalizao de ligas amorfas por ser uma tcnica rpida, sensvel e no destrutiva.
Para a anlise, necessrio que a amostra sofra tratamento isotrmico prvio para
obter o espectro de FMR. Para a anlise do espectro, fazemos a primeira derivada da
curva (figura 11-(a)), onde a distncia de pico a pico no eixo Y corresponde
intensidade, que proporcional frao cristalizada, e a distncia de pico a pico no
eixo X corresponde largura de linha (figura 11-(b)) que bem descrita pela equao:
)]exp(1[ nKtBAH += , onde A e B so constantes, n o expoente de Avrami e K
a constante da taxa de reao; de onde podemos obter outros parmetros da
cristalizao [49].
(a) (b)
Figura 11. (a) Espectro da FMR da liga metlica amorfa Metglas 2605CO nas condies: (1)
como recebida e (2) recozida por 2h a 603K e (b) largura de linha em funo do tempo de
recozimento [32].
2.7.3 Difrao de raios-x
O raio-x uma radiao eletromagntica numa faixa de energia intermediria
entre as radiaes ultravioleta e gama. Nos materiais conhecidos do nosso universo,
as distncias interatmicas so comensurveis com essa faixa de energia, da a
enorme aplicabilidade dos raios-x na anlise de materiais [50].
Um feixe de raios-x difratado por um cristal quando certas condies
geomtricas so satisfeitas. A posio dos feixes difratados permite determinar a
forma e orientao da clula unitria; tambm preciso analisar a intensidade dos
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feixes difratados que depende de fatores como densidade atmica do plano em
questo, natureza dos tomos que o compem, nmero de planos, ngulo de
incidncia, temperatura e outros.
A figura 12 mostra um feixe monocromtico de raios-x, com comprimento de
onda , incidindo com um ngulo em um conjunto de planos cristalinos com
espaamento d.
Figura 12. Figura esquemtica da difrao de raios-x [50].
A difrao, ou interferncia construtiva, ocorre somente quando a diferena na
distncia percorrida por duas ondas difratadas idnticas um nmero inteiro de
comprimentos de onda, de modo que as duas ondas esto em fase.
A diferena total de caminho entre os dois raios mostrados 2dsen. A
condio para que ocorra interferncia construtiva : n =2d sen, onde n = qualquer
inteiro.
Esta equao conhecida como lei de Bragg e os ngulos para os quais
ocorre difrao so chamados ngulos de Bragg.
Podemos determinar as possveis direes ou ngulos para os quais os
principais planos cristalinos difratam raios-x. Uma expresso geral pode ser obtida
utilizando a frmula de Bragg e a frmula da distncia interplanar em funo dos
parmetros da malha:222
2
02
lkh
ad
++= (cristal cbico), onde d = distncia interplanar;
a0= parmetro de rede e h, k e l so os ndices de Miller.
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Incidindo um feixe de raios-x num determinado ngulo, haver um pico de
intensidade devido ao plano cristalogrfico. Se incidirmos o feixe em ngulos variveis
em uma amostra com certa distribuio de pequenos cristais e plotarmos estas
intensidades em funo do ngulo de espalhamento 2(ngulo entre a onda incidente
e a onda espalhada), iremos obter um grfico chamado difratograma, mostrado a
seguir.
20 40 60 80
(b)amorfoIn
tensidade(u.a.)
2
(Fe50Co50)73.5AgNb3Si13.5B9
(a)
(
422)
(400)
(220)
(111)
Fe3Si
crystalizado
873K - 1h
Figura 13. Difrao de raios-x para a amostra (Fe50Co50)73,5Ag1Nb3Si13,5B9 como recebida e
aquecida por 1h a 873K, apresentando as condies: (a) policristalina e (b) amorfa [51].
O espectro de raios-x tpico de materiais nanocristalinos consiste em picos de
Bragg (alargados), provenientes da componente amorfa. A frao volumtrica
cristalina estimada pela razo entre a rea subentendida pelos picos cristalinos e a
rea total, que inclui a parte amorfa. A largura dos picos cristalinos est relacionada
com a cristalinidade do material, isto , com os tamanhos de gro e as distores na
rede. Informaes importantes como a frao cristalina, o parmetro de rede e a
composio dos nanocristais podem ser extrados destas medidas.
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2.7.4 Espalhamento de raios-x a baixo e alto ngulos (SAXS/WAXS)
Luz sncrotron [52] a intensa radiao eletromagntica produzida por eltrons
de alta energia num acelerador de partculas. A luz sncrotron abrange uma ampla
faixa do espectro eletromagntico: raios-x, luz ultravioleta e infravermelha, alm da luz
visvel, que sensibiliza o olho humano, so emitidas pela fonte.
Um nmero crescente de estudos usa fontes de radiao sncrotron, devido a
sua alta intensidade e seleo de comprimento de onda, apropriada para medidas
realizadas in situ para acompanhar a evoluo estrutural em tempo real durante o
aquecimento [53].
A linha de SAXS, utilizada nesta pesquisa, opera na faixa de raios-x e tem sua
maior aplicao na pesquisa bsica em materiais nanoestruturados e determinao do
tamanho e distribuio de partculas em escala nanomtrica, o que contribui para o
desenvolvimento de novos materiais.
A tcnica de difrao de raios-x na linha SAXS/WAXS aplicada ao trabalho
para a identificao in situ das fases metlicas formadas nas ligas em questo,
durante o processo de cristalizao [52]. Isto possvel uma vez que os materiais
amorfos, apesar de no serem cristalinos, sempre apresentam uma certa regularidade
estrutural mdia de curto alcance ao redor de qualquer tomo. Esta regularidade leva
a efeitos de difrao que permitem deduzir a natureza da ordem a curto alcance
principalmente quanto s distncias mdias existentes ao redor de um tomo mdio.
Freqentemente, os efeitos de difrao ou de espalhamento nestes materiais
permitem caracterizar o seu estado configuracional e alteraes do mesmo
decorrentes da variao dos parmetros fsicos ou qumicos que os determinam.
No Laboratrio Nacional de Luz Sncrotron, LNLS, a linha de SAXS possui uma
cmara de SAXS/WAXS contendo um forno que permite estudar simultaneamente as
reaes na amostra que ocorrem a baixo ngulo (reaes de ordem atmica e
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formao de clusters e nanopartculas) e a alto ngulo (evoluo do processo de
cristalizao o qual envolve o crescimento dos nanocristais).
A figura 14 apresenta um esquema da cmara da linha SAXS/WAXS utilizada
nos testes para medir difrao in situ na linha de SAXS do LNLS.
Monochromatic X-ray beam
2max
IP for WAXS recording IP or gas PSD for SAXS recording
R = 150 mm
Sample
Entrance window
Kaptonwindow
Beam-stopper
Back scattering shield
Front scattering shield
2min
(WAXS) 2max(SAXS)
Figura 14. Representao esquemtica da cmara da linha SAXS/WAXS [52].
2.8 Estudo da Cristalizao para Controle de Nanoestrutura e
Propriedades
A metodologia usada para estudar a cintica de cristalizao em vidros
metlicos a mesma desenvolvida para a cristalizao de ligas policristalinas
deformadas.
A recristalizao de uma microestrutura deformada pode ser convenientemente
dividida em dois regimes: nucleao, que corresponde primeira apario de novos
gros na microestrutura, e crescimento, durante o qual os novos gros tomam lugar do
material deformado [54]. Embora esses dois eventos ocorram consecutivamente para
qualquer gro em particular, tanto a nucleao quanto o crescimento podem ocorrer a
qualquer tempo por toda a amostra. As cinticas de recristalizao so
superficialmente similares quelas da transformao de fases a qual ocorre pela
nucleao e crescimento.
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O progresso da recristalizao com o tempo durante o recozimento isotrmico
comumente representado por um grfico de volume de material recristalizado em
funo do logaritmo do (tempo). Este grfico geralmente tem forma sigmoidal e
apresenta um tempo de incubao aparente antes da cristalizao ser detectada. Isso
seguido por um aumento na taxa de recristalizao, uma regio linear, e finalmente
por um decrscimo na taxa de recristalizao.
O primeiro trabalho sobre o processo de nucleao e crescimento de gros
devido Kolmogorov (1937), Johnson and Mehl (1939) e Avrami (1939) e
comumente conhecido como modelo de JMAK. Na poca, as ligas amorfas ainda no
tinham sido descobertas.
2.8.1 Tratamento isotrmico
Com relao cintica de cristalizao durante os tratamentos isotrmicos, a
evoluo com o tempo do volume de frao cristalizada, x (t), dada pela equao de
JMAK [41]:
x (t) = 1 exp [(-Kt)n] (1)
onde n o chamado expoente cintico (ou expoente de Avrami), que depende do
mecanismo de crescimento e da dimenso do cristal, e K a constante da taxa de
reao, cuja variao com a temperatura geralmente expressa pela equao de
Arrhenius:
=RT
EKTK exp)( 0 (2)
onde K0 o fator de freqncia, T a temperatura absoluta, E a energia de ativao
para o processo de transformao e R a constante dos gases. Note que, como a
equao (1) descreve um processo isotrmico, K uma constante. Uma expresso
para a taxa de reao, dx/dt, pode ser obtida pela derivao da equao (1) em
relao a t, para uma temperatura constante, obtendo:
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nn
xxnKdt
dx )1()]1ln()[1(
= (3)
que apenas funo da temperatura e do volume de frao transformada.
Quando um experimento isotrmico feito usando DSC, as taxas de
cristalizao para tempos variveis, dx/dt, so medidas diretamente. De qualquer
modo, os resultados podem ser mais facilmente analisados quando fazemos duas
vezes o logaritmo da equao (1):
ln [-ln (1-x)] = n lnK + n lnt (4)
Para uma dada temperatura, valores de n e K so determinados a partir de
uma curva de DSC isotrmico usando a equao (4) ao traar o grfico de ln [ - ln (1-
x)] versus ln t. Atravs deste grfico podemos determinar os valores de ln K para
diferentes temperaturas pela repetio do mesmo procedimento. A energia de ativao
e o fator de freqncia so ento determinados a partir da equao (2) ao se construir
o grfico de ln K versus 1/T.
2.8.2 Tratamento no-isotrmico
O mtodo de Kissinger muito interessante generalizar a equao (1) para
tratar experimentos nos quais a temperatura uma funo do tempo. Se suposto
que o mecanismo e o produto da transformao no se alteram com a temperatura,
ento razovel interpretar (Kt) na expresso (1) como sendo proporcional ao nmero
de saltos atmicos dentro de um intervalo t numa temperatura T. Sendo assim, o
progresso da transformao determinado pelo nmero de saltos atmicos no caso
geral (isotrmico), logo a generalizao da equao (1) ser [28]:
[ ] )exp(1)(exp1)(0
n
nt
IdttTKtx =
= (5)
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onde K[T(t)] ainda dado pela equao (2) e T(t) a temperatura em t. Note que o
volume da frao cristalizada depende de t e de T(t) para tempos t antes de t sendo
o mesmo vlido para a integral I.
Diferenciando a equao (5) em relao ao tempo, a taxa de cristalizao
dada por:
1)1( = nIxnKdt
dx (6)
A taxa mxima de cristalizao encontrada fazendo 02
2
=dt
xd, obtendo assim
a relao:
P
P
P
P
n
P KnRT
EIInK )1()(
2 +=
(7)
onde = dT/dt a taxa de aquecimento para o processo no-isotrmico, e onde a
magnitude dos valores que correspondem ao mximo da taxa de cristalizao
denotado pelo sub-ndice p.
Fazendo pequenas aproximaes, sem cometer um erro aprecivel, podemos
escrever a integral I como:
= E
RTEKRTI
21)( 12 (8)
Se assumirmos que T0
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geralmente desprezvel em relao aos termos individuais do lado esquerdo para a
maioria das taxas de aquecimento. Logo, o mtodo de Kissinger apropriado para a
anlise das reaes heterogneas que no so descritas para os experimentos
exotrmicos. A aproximao da equao (10) para o lado direito igual a zero implica
em:
R
E
Td
Td
p
p
=
1
ln
2
(11)
onde a aproximao citada deve introduzir um erro de 3% no valor de E/R nos piores
casos (geralmente o erro introduzido menor que 1%) [28]. A equao (10) tambm
serve para determinar o fator de freqncia, K0, a partir do intercepto do grfico
2
ln PT
versusP
T
1, e para determinar E, a partir do coeficiente angular do referido
grfico.
Considerando que o termoE
RT2na equao (8) desprezvel em comparao
unidade, uma vez que na maioria das reaes de cristalizao 1>>RT
E, teremos
para a taxa mxima de cristalizao a equao (8) rescrita como:E
KRTI
pp
p
2
= ,
expresso esta que, se substituda na equao (7) d Ip= 1, e ento a equao (6)
permite obter:
12 )37,0(
= ERTdt
dxn p
p
(12)
que torna possvel calcular o expoente de Avrami, n.
A lei do crescimento exponencial resumida na equao de Avrami (equao
(1)) vlida para um crescimento linear para a maioria das circunstncias e
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aproximadamente vlida para os primeiros estgios do crescimento controlado por
difuso.
A tabela 3 apresenta os valores de n que podem ser obtidos em diversas
situaes experimentais.
Tabela 3. Valores de n na lei da cintica de Avrami [10].
(a) Crescimento controlado por difuso
Condies n
Todas as formas de crescimento a partir de pequenas dimenses, com a taxa
de nucleao crescente 2
12>
Todas as formas de crescimento a partir de pequenas dimenses, com a taxa
de nucleao constante 2
12
Todas as formas de crescimento a partir de pequenas dimenses, com a taxa
de nucleao decrescente 2
12
2
11
Todas as formas de crescimento a partir de pequenas dimenses, com a taxa
de nucleao igual a zero 2
11
Crescimento de partculas com aprecivel volume inicial2
111
Agulhas e placas de dimenses longas e finitas, pequenas em comparao
com sua separao1
Formao de cilindros longos (tipo agulha) 1
Formao de placas muito largas2
1
Precipitao em discordncias3
2~
(b) Mudanas polimrficas, precipitao descontnua, reaes eutticas, crescimento
controlado por interface.
Condies n
Taxa de nucleao crescente > 4
Taxa de nucleao constante 4
Taxa de nucleao decrescente 3-4
Taxa de nucleao igual a zero 3
Nucleao das bordas dos gros aps saturao 2
Nucleao de contornos de gro aps saturao 1
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O estudo da cintica de cristalizao na formao de vidros tem sido limitada
pela natureza da elaborao dos procedimentos experimentais que so empregados.
O uso crescente das tcnicas termoanalticas como o DTA e o DSC tm oferecido a
promessa de obter resultados teis com um mtodo simples. Para estudar a cintica
das reaes de transformao e, em particular, a cristalizao dos vidros metlicos
so freqentemente empregados ensaios isotrmicos e no-isotrmicos.
As tcnicas termoanalticas no-isotrmicas tm inmeras vantagens em
relao aos testes isotrmicos, dentre elas a rapidez com que os testes no-
isotrmicos podem ser produzidos, o que os tornam muito atrativos. Muitas
transformaes de fase ocorrem muito rapidamente para serem captadas nas
condies isotrmicas por causa da transio inerente aos aparelhos experimentais.
Processos industriais sempre dependem do comportamento cintico de sistemas
sofrendo transformao de fase sobre condies no-isotrmicas. Neste caso, uma
medida definitiva da transformao no-isotrmica desejada.
2.8.3 Estudo da liga a base de Fe-B-Si
Estudos realizados por DOS SANTOS, D.S. E DOS SANTOS, D. R. [53] para a
liga amorfa comercial Metglas 2605S-2, produzida pela Allied Signal Co de
composio Fe78B13Si9, apresentam o processo de cristalizao analisado atravs de
DSC no-isotrmico.
A figura 15 mostra as curvas de DSC para a liga Fe78B13Si9 onde podemos
observar que, para todas as taxas de aquecimento, a liga apresenta dois picos
exotrmicos distintos, com a formao inicial de Fe3B, seguida da formao da fase -
Fe. Os dois estgios apresentam energias de ativao muito similares, E1= 326,1
kJ/mol e E2 = 329,7 kJ/mol, mas so claramente caracterizadas pelos diferentes
valores do expoente de Avrami n1=1,6 e n2= 2,0, o qual depende do mecanismo
predominante de cristalizao [53].
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500 600 700 800 900 1000
2 K.min-1
Calor(W/g)
Temperatura (K)
30 K.min-1
20 K.min-1
10 K.min-1
5 K.min-1
Fe78
B13
Si9
Figura 15. Curvas de DSC da amostra Fe78B13Si9 obtidas para diferentes taxas deaquecimento.
Para a mesma liga, DE BIASI E ARAUJO [55], atravs de testes isotrmicos
feitos por ressonncia ferromagntica, encontraram, para o expoente de Avrami, o
valor de 1,9; sendo este um valor bem prximo ao obtido para o segundo pico dos
testes no-isotrmicos, e, para a energia de ativao, 351,0 kJ/mol, existindo,
portanto, grande similaridade entre os dois mtodos de anlise.
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3 MATERIAIS E MTODOS EXPERIMENTAIS
3.1 Materiais
Neste trabalho sero estudadas 4 ligas metlicas amorfas a base de Fe-B-Si
com as seguintes composies (% atm):
Fe78B13Si9;
Fe73,5Cu1Nb3Si8,5B14;
Fe73,5Cu1Nb3Si15,5B7;
(Fe50Co50)73,5Ag1Nb3Si13,5B9.
A liga (Fe50Co50)73,5Ag1Nb3Si13,5B9 foi produzida para este estudo e as ligas
Fe73,5Cu1Nb3Si8,5B14 e Fe73,5Cu1Nb3Si15,5B7 foram produzidas pela empresa alem
Vitrovac. As trs ligas sero comparadas com a liga comercial Metglas 2605S-2
produzida pelaAllied Signal Code composio Fe78B13Si9por ser considerada a matriz
para a fabricao das demais.
O trabalho apresenta o estudo da cintica de cristalizao das ligas metlicas
amorfas Fe73,5Cu1Nb3Si8,5B14 e Fe73,5Cu1Nb3Si15,5B7 na condio completamente
amorfa. A cintica de cristalizao das ligas metlicas amorfas Fe78B13Si9, estudada
por DOS SANTOS, D.S. e DOS SANTOS, D. R. [53] e (Fe50Co50)73,5Ag1Nb3Si13,5B9,
previamente estudada por RIBEIRO, DOS SANTOS E DE BIASI [51], so avaliadas,
neste trabalho, com a presena de ncleos pr-existentes. Para isso, as ligas amorfas
so submetidas a tratamentos isotrmicos curtos de modo a promover apenas a
cristalizao parcial na liga.
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3.2 Mtodos Experimentais
As ligas estudadas foram produzidas por melt-spinning com taxas de
resfriamento da ordem de 107 109K/s, a partir do seu estado lquido, e resfriadas
at a temperatura ambiente na superfcie da roda do melt-spinning, resultando na
estrutura amorfa. As dimenses das amostras utilizadas so 10 mm de largura e 25
m de espessura.
Para o estudo da cintica de cristalizao, foram realizados testes de DSC no
aparelho Shimadzu D-50, com preciso de temperatura de 0,1 K desde a
temperatura ambiente at 1000 K nas taxas de aquecimento apresentadas na tabela
4.
Tabela 4: Taxas de aquecimento utilizadas para o estudo das ligas a base de Fe-B-Si.
Ligas Taxas (K/min)
Fe78B13Si9 (com ncleos pr-existentes) 2, 5, 10, 20 e 30
(Fe50Co50)73,5Ag1Nb3Si13,5B9 (com ncleos pr-existentes) 5, 10, 15, 20 e 30
Fe73,5Cu1Nb3Si8,5B14 10, 15, 20, 25, 30, 40, 60Fe73,5
Cu1Nb3Si15,5B7 10, 15, 20, 25, 30
A diferena entre as taxas utilizadas para os testes se deve ao fato de que os
testes realizados sob algumas taxas de aquecimento apresentaram muitos rudos
principalmente em taxas baixas, dificultando a anlise, sendo ento realizados testes
em outras taxas para manter a representatividade do ensaio.
A calibrao da temperatura e da energia do equipamento foi feita usando-se a
temperatura de fuso e entalpia previamente conhecidas do ndio.
Amostras pesando em torno de 5 mg foram colocadas em cadinhos de platina,
usando como referncia a alumina (conforme esquema apresentado na figura 9) e um
fluxo contnuo de argnio foi mantido para arrastar possveis gases emitidos pela
reao e formar uma atmosfera protetora a ambientes oxidantes.
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45
Medidas realizadas na linha de SAXS usando a cmara SAXS/WAXS do
Laboratrio Nacional de Luz Sncrotron (LNLS) em Campinas, SP, foram feitas para
complementao do estudo e identificao das fases para as ligas em questo. As
medidas do espalhamento de raios-x a alto ngulo foram feitas em transmisso, que
a ideal para detectar a nucleao no interior de uma amostra em contraste com a de
reflexo usual que abrange apenas uma camada superficial da amostra com
profundidade de 4 m, aproximadamente[56]. O comprimento de onda = 1,7574
foi selecionado de forma a minimizar o fator atenuante e a fluorescncia dos tomos
de ferro nas amostras. Amostras de alumina (Al2O3) com tamanho de gro controlado
(1 m) foram medidas temperatura ambiente para fins de calibrao do ngulo 2e
facilitar a obteno dos picos. Para maiores detalhes experimentais, veja a ref. [52].
A cintica de cristalizao da liga metlica amorfa Fe73,5Cu1Nb3Si8,5B14 foi
estudada usando medidas de ressonncia ferromagntica. Tratamentos isotrmicos
foram feitos em amostras com dimenses 2 mm x 3 mm, num forno tubular com
preciso de temperatura de 1 K. A primeira derivada do espectro da ressonncia
ferromagntica foi obtida temperatura ambiente usando um espectmetro de
ressonncia Varian E-12. Todas as medidas foram obtidas com o campo esttico
paralelo superfcie da amostra e ao longo da maior dimenso da amostra.
3.2.1 Anlise das curvas de DSC
Os dados da cintica de transformao para as ligas em questo foram obtidos
pela anlise das curvas de DSC e interpretados com base no mtodo da equao
modificada de Kissinger para determinao da energia de ativao e com base na
equao de JMAK.
As curvas originais de DSC foram previamente tratadas para retirada de rudos
que pudessem causar distores nos resultados a serem obtidos. Foi feita uma linha
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de base para cada curva, conforme mostra a figura 16, que apresenta uma curva de
DSC original e outra j com a linha de base subtrada, para efeito de comparao.
200 300 400 500 600 700 800 900 1000
-0,50
-0,40
-0,30
-0,20
-0,10
0,00
0,10
0,20
0,30 (Fe50Co50)73,5Ag1Nb3Si13,5B915K/min
Calor(W/g)
Temperatura (K)
(a)
700 800 900
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00 (Fe50Co50)73,5Ag1Nb3Si13,5B915K/min
Calor(W/g)
Temperatura (K)
(b)Figura 16. (a) Curva original de DSC; (b) curva de DSC aps tratamento [57].
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A figura 17 apresenta uma curva de DSC da liga Fe78B13Si9para uma taxa de
10 K/min onde podemos observar a ocorrncia de trs fenmenos caractersticos que
so resolvidos na regio de temperatura estudada. O primeiro corresponde
temperatura de transio vtrea, Tg, o segundo corresponde temperatura de incio da
cristalizao extrapolada, Tc, e o terceiro a temperatura do pico, Tp. Este
comportamento tpico de uma transio vidro-cristal. Pode ser notado que os valores
das temperaturas: Tg, Tc e Tp aumentam com o aumento da taxa de aquecimento
demonstrado pelo deslocamento para a direita das curvas de DSC conforme aumenta-
se a taxa de aquecimento (figuras 20, 25,28 e 30).
Figura 17. Grfico de DSC para uma taxa de 10K/min identificando os principais fenmenos
caractersticos do processo de cristalizao [57].
Se Tp/ medido numa srie de taxas de aquecimento, o grfico de ln (Tp2/)
em funo de 1/Tp deve ter a aparncia de uma funo linear, de acordo com a
equao (11), de onde pode-se determinar o valor da energia de ativao para cada
transformao. Cada taxa de aquecimento estudada representa um ponto no grfico,
750 800 850
0,0
0,6
1,2
1,8
2,4
3,0
3,6
4,2
4,8
5,4
Tp
TcTg
Fe78
B13
Si9
10K.min-1
Calor(W/g)
Temperatura (K)
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apresentando uma relao linear. Utilizando os recursos grficos do programa
Microcal Origin, pode-se traar a melhor reta entre estes pontos, onde o coeficiente
angular da reta descrita por esta equao E/R. Logo, multiplicando o valor
encontrado para o coeficiente angular (obtido diretamente do programa) pelo valor da
constante dos gases (8,31 J/mol.K) tem-se diretamente o valor da energia de ativao
de cada pico (figura 18).
Figura 18. Grfico ln(Tp2/) versus 1/Tp para a determinao da energia de ativao [57].
O expoente de Avrami, n, calculado diretamente pela expresso (12) para
cada taxa de aquecimento, considerando que a frao cristalizada dx/dt pode ser
expressa comoTc
AtAo
dt
dx
p
=
, onde Ao a rea abaixo do pico entr
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