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PLANTARBanana

coleç oã

FRUTEIRAS

SÉRIEVERMELH

A

ediçãorev. e amp.

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1

Embrapa Informação TecnológicaBrasília, DF

2006

Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaEmbrapa Mandioca e Fruticultura TropicalMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

A CULTURA DA BANANA

3a edição rev. e amp.

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Coleção Plantar, 56

Produção editorial: Embrapa Informação Tecnológica

Coordenação editorial: Fernando do Amaral PereiraMayara Rosa CarneiroLucilene Maria de Andrade

Revisão de texto e tratamento editorial: Corina Barra SoaresEditoração eletrônica: Grazielle Tinassi OliveiraFotos do texto: Arquivo Embrapa Mandioca e Fruticultura TropicalIlustração da capa: Alvaro Evandro X. Nunes

1a edição1a impressão (1994): 5.000 exemplares2a impressão (1997): 1.000 exemplares3a impressão (1998): 2.000 exemplares

2a edição1a impressão (1998): 5.000 exemplares2a impressão (2004): 1.000 exemplares

3a edição1a impressão (2006): 1.000 exemplares

Todos os direitos reservados.A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou

em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei n° 9.610).

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Embrapa Informação Tecnológica.

© Embrapa 2006

A cultura da banana / Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical. – 3. ed. rev. e amp. – Brasília, DF : Embrapa Informação Tecnológica, 2006.

110 p. : il. – (Coleção Plantar, 56).

Na página de autores, Ana Lúcia Borges et al.ISBN 85-7383-378-5

1. Colheita. 2. Doença. 3. Plantio. 4. Variedade. I. Embrapa Mandioca eFruticultura Tropical. II. Coleção.

CDD 634.421

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Autores

Ana Lúcia BorgesEngenheira agrônoma, D.Sc. em Solos e Nutrição de Plantas,pesquisadora da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical,Cruz das Almas, [email protected]

Arlene Maria Gomes OliveiraEngenheira agrônoma, M.Sc. em Solos e Nutrição de Plantas,pesquisadora da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical,Cruz das Almas, [email protected]

Cecília Helena Silvino Prata RitzingerEngenheira agrônoma, Ph.D. em Nematologia e Fitopatologia,pesquisadora da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical,Cruz das Almas, [email protected]

Clóvis Oliveira de AlmeidaEngenheiro agrônomo, D.Sc. em Economia Aplicada,pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical,Cruz das Almas, [email protected]

Eugênio Ferreira CoelhoEngenheiro agrícola, Ph.D. em Engenharia de Irrigação,pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical,Cruz das Almas, [email protected]

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Janay Almeida dos Santos-SerejoEngenheira agrônoma, D.Sc. em Genética e Melhoramentode Plantas, pesquisadora da Embrapa Mandioca eFruticultura Tropical, Cruz das Almas, [email protected]

Luciano da Silva SouzaEngenheiro agrônomo, D.Sc. em Ciência do Solo,pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical,Cruz das Almas, [email protected]

Marcelo Bezerra LimaEngenheiro agrônomo, M.Sc. em Fitotecnia,pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical,Cruz das Almas, [email protected]

Marilene FancelliEngenheira agrônoma, D.Sc. em Entomologia,pesquisadora da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical,Cruz das Almas, [email protected]

Marilia Ieda da Silveira FolegattiZootecnista, D.Sc. em Tecnologia de Alimentos,pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente,Jaguariúna, [email protected]

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Paulo Ernesto Meissner FilhoEngenheiro agrônomo, D.Sc. em Fitopatologia/Virologia,pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical,Cruz das Almas, [email protected]

Sebastião de Oliveira e SilvaEngenheiro agrônomo, D.Sc. em Fitomelhoramento,pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical,Cruz das Almas, [email protected]

Valdique Martins MedinaEngenheiro agrônomo, M.Sc. em Tecnologia Pós-Colheita,pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical,Cruz das Almas, [email protected]

Zilton José Maciel CordeiroEngenheiro agrônomo, D.Sc. em Fitopatologia,pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical,Cruz das Almas, [email protected]

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O agronegócio brasileiro é carente de informa-ções direcionadas ao pequeno produtor. O objetivoda Coleção Plantar é preencher essa lacuna cominformações oportunas e precisas sobre como produzirhortaliças, frutas e grãos numa área do sítio ou da fazenda,ou até mesmo num quintal.

Elaborado em linguagem conceitual simples edireta, o texto de cada título é dirigido ao produtorfamiliar, na certeza de que essas informações vãocontribuir para a geração de mais alimentos, renda eemprego para os brasileiros, permitindo, assim, que aagricultura familiar incorpore-se ao agronegócio.

No momento em que o agronegócio conquistao mercado internacional, a Embrapa InformaçãoTecnológica reafirma a importância desta coleçãodidática como referência para o produtor familiarproduzir com segurança, qualidade e eficiência.

Fernando do Amaral PereiraGerente-Geral

Embrapa Informação Tecnológica

Apresentação

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Sumário

Introdução......................................... 11

Clima................................................ 15

Solo.................................................. 17

Calagem e Adubação.......................... 22

Variedades......................................... 30

Propagação....................................... 41

Instalação do Bananal......................... 50

Tratos Culturais.................................. 55

Controle de Doenças.......................... 62

Controle de Pragas............................. 78

Colheita............................................. 89

Manejo Pós-Colheita........................... 91

Produtos.......................................... 102

Aspectos Econômicos.......................... 105

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Introdução

A banana (Musa spp.) é uma das frutasmais consumidas no mundo, sendo produ-zida na maioria dos países tropicais. Em2004, a produção mundial atingiu aproxima-damente 70,6 milhões de toneladas, figurandoa Índia como o principal país produtor. Emsegundo lugar, com 9,3% da produção total,veio o Brasil, o maior consumidor mundial.China, Equador, Filipinas, Indonésia eMéxico também são importantes produtoresda fruta. A maioria das variedades de bananaoriginou-se no continente asiático, evoluindodas espécies selvagens Musa acuminataColla e M. balbisiana Colla.

A bananeira – da família das Musáceas– é cultivada em todos os estados brasileiros,desde a faixa litorânea até os planaltos do

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interior. Calcula-se que a área plantada noPaís atinja cerca de 491 mil hectares. En-tretanto, certos fatores climáticos, como atemperatura e o regime de chuvas, impõemlimites à cultura, favorecendo, por isso, suaconcentração nos Estados de São Paulo,Bahia, Pará, Santa Catarina e Minas Gerais.

No Brasil, praticamente toda a produçãode banana é consumida no estado natural,tendo seu cultivo papel fundamental nafixação da mão-de-obra rural. A bananaconstitui elemento importante na alimentaçãode populações de menor renda, não só peloalto valor nutritivo, mas também pelo baixocusto. Sabe-se que uma única banana suprecerca de um quarto da quantidade devitamina C recomendada diariamente paracrianças. Contém, ainda, vitaminas A e B,muito potássio, pouco sódio e nenhumcolesterol (Tabela 1).

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Tabela 1. Composição da banana em relação ao seu valornutritivo.

ComposiçãoQuantidade/100 g dematerial comestível

Água (%)

Fibra (g)

Amido (g)

Açúcar (g)

Acidez total (meq)

Cinzas (g)

Gordura (g)

Proteína (g)

Calorias (kcal)

Vitamina A (caroteno) (mg)

Vitamina B1 (tiamina) (mg)

Vitamina B2 (riboflavina) (mg)

Vitamina C (ácido ascórbico) (mg)

Niacina (mg)

Ácido fólico (µg)

Cálcio (mg)

Ferro (mg)

Fósforo (mg)

Sódio (mg)

Potássio (mg)

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A bananicultura brasileira apresentacaracterísticas peculiares que a diferenciamdas principais regiões produtoras do mundo,tanto em relação à diversidade climática emque é explorada, quanto ao uso de varie-dades, à forma de comercialização e àsexigências do mercado consumidor. Muitoscultivos apresentam baixos índices de capi-talização e nível de tecnologia. Contudo,plantios tecnificados são encontrados emalguns estados, nos quais se observa a utiliza-ção de tecnologias geradas no Brasil ou adap-tadas de outros países. O baixo potencialde produtividade das variedades, o porteelevado de algumas delas e a presença dedoenças e pragas são os principais proble-mas que afetam a cultura, os quais estãosendo solucionados com base em resultadosde pesquisa.

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Clima

A bananeira é uma planta tipicamentetropical, exigindo calor constante, chuvasbem distribuídas (100 mm a 150 mm/mês) eelevada umidade relativa para seu desenvol-vimento. Essas condições são encontradasem todo o território nacional.

As temperaturas de 15oC e 35oC sãotidas como limites extremos para além dosquais a banana paralisa seu crescimento.Baixas temperaturas aumentam o ciclo deprodução, prejudicam os tecidos e impedemque a polpa da banana amoleça normalmente.Tais danos fisiológicos são conhecidos porchilling ou “friagem”. Por sua vez, tempera-turas acima de 35oC causam prejuízos aodesenvolvimento da planta e à qualidade dosfrutos, especialmente sob condições desequeiro.

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As regiões onde a umidade relativa médiasitua-se acima de 80% são as mais favoráveisà bananicultura. Essa alta umidade acelera aemissão de folhas, favorece o lançamentoda inflorescência e uniformiza a coloraçãodos frutos. Contudo, quando associada achuvas e a intensas variações de temperatura,provoca a ocorrência de doenças fúngicas.

Os ventos secos causam transpiraçãoexcessiva e rápido déficit hídrico das folhas(desidratação por evaporação), enquanto osventos frios prejudicam sensivelmente asbananeiras e seus cachos. Assim, as áreassujeitas a ventos frios, geadas e granizo, bemcomo aquelas com incidência de ventosfortes, devem ser evitadas. Os ventos fortespodem causar desde a redução da área foliar,pelo fendilhamento ou pela dilaceração daslâminas, até o tombamento das plantas,principalmente se tiverem cacho.

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A bananeira requer intensa luminosidadepara seu desenvolvimento Quando cultivadasob baixa luminosidade, por período prolon-gado, tende a interromper seu desenvol-vimento, não ocorrendo ou atrasando adiferenciação floral, o que prolonga o seuciclo vegetativo. A insolação é outro fatorimportante, pois, quando excessiva, causaqueimadura nas partes curvas da haste quesustenta o cacho (engaço) e nos frutos, osquais podem apodrecer.

Solo

O solo ideal para a bananeira é o aluvialprofundo, rico em matéria orgânica, bemdrenado e com boa capacidade de retençãode água. No entanto, a bananeira pode sercultivada em diferentes tipos de solos. Osmuito arenosos devem, porém, ser evitados,pois geralmente apresentam baixa fertilidade

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e baixo poder de retenção de água, aumen-tando os custos de produção pela neces-sidade de adubações mais freqüentes e depráticas para melhorar o suprimento de água.Por sua vez, os muito argilosos podem oca-sionar má drenagem e aeração deficiente,prejudicando o sistema radicular da planta;em áreas sujeitas a encharcamento, deve-se,portanto, estabelecer um bom sistema dedrenagem, para evitar esses problemas.

Preparo do solo: é importante para o bomdesenvolvimento do sistema radicular e,conseqüentemente, para a absorção de águae nutrientes.

Em áreas manualmente trabalhadas,inicialmente faz-se sua limpeza executando-se a roçagem do mato, a destoca, o encoiva-ramento e a queima das coivaras. O preparodo solo resume-se ao coveamento manual.

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Em áreas mecanizadas, a limpeza podeser feita por máquinas, evitando-se removera camada superficial do solo, por ser maisrica em matéria orgânica. Em seguida, faz-se a aração, a uma profundidade mínima de20 cm, seguida da gradagem – ou essas duaspráticas podem ser substituídas pela escari-ficação – e o coveamento ou sulcamento paraplantio. Vale lembrar que o solo deve serrevolvido o mínimo possível. Há condiçãoideal de umidade para trabalhar o terrenoquando o solo se torna friável, ou seja, úmidoo suficiente para não levantar poeira duranteo seu preparo, e tampouco aderir aos imple-mentos. Além disso, devem-se usar máqui-nas e implementos leves e acompanhar ascurvas de nível do terreno.

Conservação do solo: o cultivo da bananeiradeve ser feito de preferência em terrenos pla-

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nos, onde são mínimos os riscos de ero-são. No entanto, ela é comumente cultivadaem áreas com declives acentuados, exigindoa adoção de cuidados especiais para a con-servação do solo, principalmente no primeirociclo da cultura, quando o solo permanecedescoberto durante grande parte do ano.Como medida preventiva, deve-se evitar quea água da chuva escorra com velocidade,provocando a erosão e o empobrecimentodo solo. Nesse caso, é necessário adotarcertas práticas, como o plantio em curvasde nível, o uso de renques de vegetação, aalternância de capinas e a cobertura do solo(morta ou viva). Esta última prática é a quemais responde pelo controle da erosão, alémde trazer outros benefícios.

A cobertura morta com resíduos vege-tais da própria bananeira, ou de outras

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plantas, representa uma grande aplicação dematéria orgânica, contribuindo para evitar aerosão, manter a umidade do solo, melhorarsua estrutura e, conseqüentemente, sua dre-nagem e sua aeração. Além disso, essa práticaaumenta significativamente a quantidade denutrientes no solo e reduz o número de capi-nas. Aproximadamente dois terços da partevegetativa da bananeira são devolvidos aosolo na forma de pseudocaule (tronco) efolhas.

Uma outra maneira de cobrir o solo eincorporar resíduos vegetais é cultivar plantasmelhoradoras do solo (feijão-de-porco, cro-talária, leucena e outras) nas entrelinhas dobananal, no período das águas, ceifando-asno início do período seco e deixando osresíduos na superfície do solo, como cober-tura morta.

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Calagem e Adubação

A bananeira é uma planta que requer,para seu crescimento e sua produção, quan-tidades adequadas de nutrientes disponíveisno solo. O potássio (K) e o nitrogênio (N)são os nutrientes mais absorvidos pelabananeira, seguidos por magnésio (Mg),cálcio (Ca), enxofre (S) e fósforo (P). Dosmicronutrientes, de maneira geral, o boro (B)e o zinco (Zn) são aqueles cuja falta causamaiores problemas à cultura.

Após a escolha da área onde será im-plantado o bananal, deve-se amostrar o solopara análise química. Recomenda-se formaramostras compostas de 15 a 20 amostrassimples, coletadas de uma gleba homogêneaquanto à vegetação e ao relevo, e que nãoexceda a 10 ha. Pela análise química do solo,determinam-se os teores de nutrientes nele

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existentes e, assim, é possível recomendaras quantidades de corretivo e de adubos aserem aplicadas.

A aplicação do corretivo, quando neces-sário, deve ser feita com antecedência mínimade 30 dias do plantio, preferencialmente.Aplica-se o calcário a lanço em toda a área,após a aração, incorporando-o ao solo pormeio de gradagem ou apenas fazendo umaescarificação do solo após a aplicação. Casonão seja possível o uso de máquina, a incor-poração pode ser efetuada na época dacapina. Recomenda-se o uso de calcáriodolomítico, que contém Ca e Mg, o que evitaa ocorrência do distúrbio fisiológico conhe-cido como “azul-da-bananeira” (deficiênciade Mg induzida pelo excesso de K).

Tanto a quantidade quanto a época e alocalização dos adubos são pontos impor-tantes a serem observados, a fim de se obte-

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rem um bom crescimento da planta e produ-ção de bons cachos. Por conta de sua poucamobilidade no solo (fica onde é colocado),o fósforo deve ser misturado à terra deenchimento da cova. Esse nutriente favorece,principalmente, o desenvolvimento dosistema radicular. A bananeira necessitapequenas quantidades desse nutriente,porém, na sua falta, as plantas apresentamalguns sintomas que estão descritos naTabela 2. A quantidade a ser aplicadadepende do resultado da análise química dosolo, variando de 40 a 160 kg de P

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5/ha, e

a fonte do nutriente mais utilizada é osuperfosfato simples, que, além de P, contém,Ca e S. Solos com teores de P acima de30 mg/dm3 dispensam a adubação fosfatada.

O adubo orgânico também deve sercolocado na cova de plantio, principalmente

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em solos mais arenosos, pois melhora suaspropriedades físicas, químicas e biológicas.Podem ser utilizados o esterco de curralcurtido (10 a 15 L/cova), o esterco de avescurtido (1 a 2 kg/cova), a torta de mamona(0,5 a 1 kg/cova) ou outra fonte orgânicadisponível na propriedade.

O nitrogênio é um nutriente muito im-portante para o crescimento da planta.Recomendam-se 200 kg de N mineral/ha/anona fase de formação, e de 160 a 400 kg deN mineral/ha/ano na fase de produção dabananeira, dependendo da produtividadeesperada, divididos, no mínimo, em seisaplicações. A primeira aplicação deve serfeita em cobertura, em torno de 30 a 45 diasapós o plantio, utilizando-se como fontes auréia ou o sulfato de amônio. Sintomas da

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falta de N nas bananeiras podem ser obser-vados na Tabela 2.

O potássio é considerado o nutrientemais importante para a produção de bonsfrutos. Na falta desse elemento, as folhas maisvelhas amarelecem precocemente, levandoà produção de frutos “magros”, sem possibi-lidade de comercialização (Fig. 1 e Tabela 2).A adubação indicada pela análise químicado solo varia de 200 a 450 kg de K

2O/ha na

fase de formação, e de 100 a 750 kg de K2O/ha

fase de produção, dependendo do teor nosolo e da produtividade esperada.

A adubação deve ser dividida, no mí-nimo, em seis aplicações durante o ano, e aprimeira aplicação é feita em cobertura, noterceiro ou no quarto mês após o plantio,coincidindo com a segunda aplicação de N.

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O nutriente pode ser aplicado sob as for-mas de cloreto de potássio e sulfato depotássio. Solos com teores de K acima de0,60 cmol

c/dm3 dispensam a adubação

potássica.

Fig. 1. Sintomas de deficiência de potássio.

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As adubações de cobertura nas plantasjovens devem ser feitas em círculos, com10 a 20 cm de largura, estando 20 a 40 cmdistante da muda. No bananal adulto, osadubos são distribuídos em meia-lua, emfrente e distante 40 a 50 cm da planta-filhaou da planta-neta. Em terrenos inclinados, aadubação deve ser feita em meia-lua, do ladode cima da cova.

Deve-se ressaltar que toda aplicação deadubos deve ocorrer em períodos de boaumidade do solo, de modo a facilitar oaproveitamento dos nutrientes. Em plantiosirrigados, recomenda-se fazer a irrigaçãoapós a adubação. Sugere-se também fazer,anualmente, a análise química do solo, paraverificar os teores de nutrientes, que devempermanecer adequados durante o ciclo daplanta (mãe–filho–neto).

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Variedades

Variedades tradicionais

As variedades de banana mais difundi-das no Brasil são: Prata, Pacovan, Prata Anã,Maçã, Mysore, Terra e D’Angola, do grupoAAB, utilizadas unicamente para o mercadointerno; e Nanica, Nanicão e Grande Naine,do grupo AAA, usadas principalmente paraexportação (Tabela 3). Em menor escala, sãoplantadas a ‘Ouro’ (AA), a ‘Figo Cinza’ e a‘Figo Vermelho’ (ABB), a ‘Caru Verde’ e a‘Caru Roxa’ (AAA). As variedades Prata,Prata Anã e Pacovan são responsáveis poraproximadamente 60% da área cultivada combanana no Brasil.

As bananas ‘Pacovan’, ‘Prata’, ‘Terra’e ‘Mysore’ apresentam porte alto. A banana‘Maçã’ é altamente suscetível ao mal-do-

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panamá; as variedades Nanica, Nanicão,Grande Naine, Terra e D’Angola apresentamalta suscetibilidade aos nematóides; e a‘Mysore’ está infectada com BSV. Todasessas variedades são suscetíveis ao mokoe, à exceção da ‘Mysore’, são tambémsuscetíveis à sigatoca-negra. Excetuando a‘Maçã’, a ‘Mysore’, a ‘Terra’ e a ‘D’Angola’,as citadas variedades são também altamentesuscetíveis à sigatoca-amarela (Tabela 3).

A banana ‘Prata’ apresenta frutospequenos, de sabor doce a suavementeácido. A ‘Pacovan’ é mais rústica e produti-va. Apresenta frutos 40% maiores e umpouco mais ácidos que aqueles do tipoPrata, e com quinas que permanecem mesmodepois da maturação. A ‘Prata Anã’, tambémconhecida como ‘Enxerto’ ou ‘Prata de San-ta Catarina’, apresenta as pencas mais juntas

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que as da ‘Prata’, com frutos do mesmosabor e com pontas em formato de gargalo.A ‘Maçã’, a mais nobre para os brasileiros,apresenta frutos com casca fina e polpasuave, que lembra o sabor da maçã. As varie-dades do subgrupo Cavendish (Nanica,Nanicão, Grande Naine), também conhecidascomo ‘banana-d’água’ ou ‘caturra’, apresen-tam frutos delgados, longos, encurvados, decor amarelo-esverdeada ao amadurecer, compolpa muito doce, os quais são destinadosprincipalmente à exportação. A ‘Terra’ e a‘D’Angola’ apresentam frutos grandes, comquinas proeminentes, os quais, sugere-se,podem ser consumidos cozidos ou fritos. A‘Mysore’ apresenta frutos com casca fina,de cor amarelo-pálida e polpa ligeiramenteácida, de grande adstringência quandoconsumida antes do completo amadure-cimento.

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Novas variedades

Nos últimos anos, o Programa de Me-lhoramento Genético da Bananeira daEmbrapa Mandioca e Fruticultura Tropical(PMG Bananeira) tem recomendado, emparceria com outras instituições ou não, umasérie de novas variedades, as quais sãodescritas a seguir (Tabela 4).

Caipira: pertencente ao grupo AAA, deporte médio a alto, frutos pequenos e muitodoces. Possui resistência à sigatoca-negra,à sigatoca-amarela, ao mal-do-panamá e àbroca-do-rizoma (Fig. 2).

Thap Maeo: do grupo AAB, é muitosemelhante à ‘Mysore’. É rústica, apresentaporte médio a alto, frutos pequenos, resistên-cia às sigatocas amarela e negra e ao mal-do-panamá, além de baixa incidência debroca-do-rizoma e de nematóides (Fig. 3).

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36

Prata Baby: triplóide do grupo AAA, comporte médio a alto, resistente à sigatoca-amarela e ao mal-do-panamá. Apresentafrutos pequenos, com polpa rósea e sabordoce (Fig. 4).

Fig. 2. Cacho davariedade Caipira.

Fig. 3. Variedade Thap Maeo,semelhante à Mysore.

Page 38: Cultivo de Banana

37

Tropical: híbrido do grupo AAAB davariedade Yangambi no 2, com frutos do tipo‘Maçã’. Possui porte médio a alto. Os frutosgrandes, grossos e com sabor semelhanteaos da variedade Maçã. A ‘Tropical’, alémde resistente à sigatoca-amarela, é toleranteao mal-do-panamá (Fig. 5).

Fig. 4. Variedade Prata Baby.

Page 39: Cultivo de Banana

38

Japira, Vitória, Preciosa e Pacovan Ken:híbridos de Pacovan do grupo AAAB. Pos-suem porte alto, apresentam número,tamanho, teores de açúcar na polpa de frutose produtividade superiores aos da ‘Pacovan’.Além de resistentes à sigatoca-negra, apre-sentam resistência à sigatoca-amarela e aomal-do-panamá. A depender da localidade,

Fig. 5. Variedade Tropical, tipo Maçã.

Page 40: Cultivo de Banana

39

Fig. 6. Variedade Pacovan Ken, tipo Prata.

uma dessas variedades pode comportar-semelhor que a outra (Fig. 6).

Page 41: Cultivo de Banana

40

Fhia-Maravilha, Fhia-18 e Prata-Graúda:híbridos de Prata Anã do grupo AAAB.

Apresentam porte e formato de frutos

semelhantes aos da ‘Prata Anã’. A Fhia-18

possui frutos mais doces que os da Prata

Anã e resistência à sigatoca-negra, principal

doença da bananeira (Fig. 7). A Fhia-

Maravilha apresenta frutos e produção

maiores e a polpa mais ácida que os da ‘Prata

Anã’. Apresenta resistência à sigatoca-negra

e ao mal-do-panamá. A ‘Prata-Graúda’

possui frutos e produção maiores que os da

‘Prata Anã’, com sabor um pouco mais

ácido. Apresenta resistência ao mal-do-

panamá.

Page 42: Cultivo de Banana

41

Propagação

As bananeiras são geralmente propa-gadas por meio de mudas produzidas degemas vegetativas do seu caule subterrâneo

Fig. 7. Variedade Fhia-18, tipo Prata.

Page 43: Cultivo de Banana

42

ou rizoma. A utilização de mudas de boaqualidade é fundamental para o sucesso dobananal.

O ideal é que as mudas sejam proce-dentes de viveiros, ou seja, de áreas esta-belecidas com a finalidade exclusiva de pro-dução de material propagativo de qualidadesuperior. Na falta de viveiros, as mudasdevem ser obtidas de matrizes vigorosas,provenientes de pomares com ótimascondições fitossanitárias, cuja idade não sejasuperior a 4 anos e que não apresentemmistura de variedades. Outro cuidado éverificar se o bananal de origem das mudasnão está infestado com plantas invasoras dedifícil erradicação, como tiririca ou dandá(Cyperus rotundus).

Existem vários tipos de mudas, que sediferenciam pelo estágio de desenvolvimento.

Page 44: Cultivo de Banana

43

Os tipos de muda citados a seguir têminfluência direta sobre a duração do primeirociclo de produção e sobre o peso do cacho.

• Chifrinho (Fig. 8): muda com 20 a30 cm de altura, 2 a 3 meses de idade,apresentando folhas em forma de lança.

• Chifre (Fig. 9): muda com 50 a 60 cmde altura, 3 a 6 meses de idade,apresentando folhas em forma de lança.

Fig. 8. Chifrinho. Fig. 9. Chifre.

Page 45: Cultivo de Banana

44

• Chifrão (Fig. 10): muda com 60 a150 cm de altura, 6 a 9 meses de idade,apresentando uma mistura de folhasem forma de lança e folhas típicas deplanta adulta.

• Adulta (Fig. 11): muda com rizomabem desenvolvido, em fase de diferen-ciação floral, com folhas largas, porémainda jovens.

Fig. 10. Chifrão. Fig. 11. Adulta.

Page 46: Cultivo de Banana

45

• Pedaço de rizoma (Fig. 12): mudaoriunda de fracionamento do rizoma,peso em torno de 1.000 g e queapresenta pelo menos uma gema bementumecida.

• Rizoma com filho aderido (Fig. 13):muda que apresenta uma brotaçãodesenvolvida junto com o rizoma,exigindo maiores cuidados para evitardanos ao broto.

Fig. 12. Pedaço dorizoma.

Fig. 13. Rizomacom filho aderido.

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Por causa da freqüente escassez dematerial de plantio, tem sido necessária apropagação da bananeira por métodos queelevam sua taxa de multiplicação. Os princi-pais métodos são os que se seguem.

Fracionamento do rizoma: consiste, inicial-mente, em limpeza do rizoma, tratamentocom solução nematicida e exposição de suasgemas, pela eliminação de parte das bainhasdo pseudocaule. Em seguida, o rizoma éfracionado em pedaços de 800 g a 1.200 g,mantendo-se pelo menos uma gema emestágio de desenvolvimento. Os pedaços sãocolocados em canteiros cuidadosamente pre-parados, utilizando o espaçamento de cercade 20 cm entre sulcos por 5 cm entre ospedaços de rizoma dentro dos sulcos. Du-rante a fase de canteiro, o solo deve sermantido úmido mediante irrigação. Depoisde 4 meses, as mudas estarão prontas para

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47

serem levadas ao campo. Decorridos 8 mesesdo plantio, com a reaplicação dessa técnica,podem ser obtidas de oito a dez mudas decada matriz.

Propagação rápida: consiste, inicialmente,em limpeza de rizomas, ainda em fasevegetativa, e retirada das bainhas das folhaspara a exposição da gema apical. Os rizomassão desinfestados em solução de 1 L dehipoclorito de sódio, a 5%, em 5 L de água,por 10 minutos. Em seguida, são plantadossuperficialmente, em substrato contendoareia lavada e esterilizada, e cobertos complástico transparente. A areia deve ser mantidasempre úmida mediante irrigação. Posterior-mente, são danificadas as gemas apicais(ponto de crescimento das plantas) com uminstrumento de corte, para estimular odesenvolvimento das gemas laterais. Quandoos brotos apresentarem tamanho superior a

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15 cm, devem ser removidos e transplantadosem recipientes de 400 cm3, com substratoorgânico, em câmara úmida. O rendimentoé de 20 a 30 mudas por rizoma, após 8 meses.

Propagação in vitro: também chamada demicropropagação, é uma técnica de produ-ção de mudas em laboratório, que possibilitaa obtenção de um grande número de plantasem espaço físico reduzido e em curto perío-do. A técnica consiste no cultivo de umpequeno segmento da planta, chamado de“explante”, em um substrato artificial (meiode cultura), em condições de luminosidade,temperatura e fotoperíodo totalmentecontroladas. A função do meio de cultura éa de proporcionar ao explante os nutrientese os fatores de crescimento necessários paraa formação de caule, folhas e raízes. Esseexplante (gema apical) é extraído de matrizes

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49

selecionadas e sadias do tipo chifre ou chi-frinho, que passam por um processo especialde desinfestação com álcool e hipocloritode sódio para seu cultivo em laboratório.

Após a fase inicial de estabelecimento,a obtenção de plantas se dá pela multipli-cação mediante a subdivisão das gemas,subcultivadas (retiradas do meio de culturaem que estão e passadas para um meiofresco), a cada intervalo de aproximadamente30 dias. Considerando entre seis e oito sub-cultivos (6 a 8 meses), é possível obter de150 a 300 mudas por matriz, taxa de multi-plicação muito superior às obtidas porqualquer outro método de propagação.

Esse método permite a obtenção decentenas de mudas, geneticamente uniformes,livres de pragas e doenças, além de padroni-zadas. Essas características evitam a dissemi-

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nação de pragas e doenças e favorecem oestabelecimento de um bananal mais homo-gêneo, possibilitando o planejamento domanejo, que resultará em maior produtividadee menor custo de produção. Chega a ser30% mais produtiva que a muda convencio-nal, desde que os tratos fotossanitários sejamrealizados adequadamente.

Instalação do Bananal

Após a escolha da área e das varieda-des, as atenções voltam-se para os pontosde instalação do bananal, a saber: época deplantio, espaçamento, coveamento ou sulca-mento, seleção e preparo das mudas, plantioe replantio.

A época mais favorável ao plantio é operíodo de chuvas esparsas, quando nãoocorre o encharcamento do solo. Com isso,

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evita-se o apodrecimento das mudas. Emáreas sob irrigação, pode-se fazer o plantioem qualquer época do ano.

Os espaçamentos na cultura da bananei-ra são definidos principalmente conforme oporte da planta. Os mais recomendados são:2,0 m x 2,0 m (2.500 plantas por hectare),2,5 m x 2,0 m (2.000 plantas por hectare) e2,5 m x 2,5 m (1.600 plantas por hectare)para variedades de porte baixo a médio (Nani-ca, Nanicão e Grande Naine); 3,0 m x 2,0 m(1.666 plantas por hectare) e 3,0 m x 2,5 m(1.333 plantas por hectare) para variedadesde porte semi-alto (Maçã, D’Angola, Terrinha,Prata Anã, Mysore e Figo); 3,0 m x 3,0 m(1.111 plantas por hectare); e 4,0 m x 3,0 m(833 plantas por hectare) para variedades deporte alto (Terra, Maranhão, Prata e Pacovan).Recomendam-se também os espaçamentosem fileiras duplas: 4,0 m x 2,0 m x 1,5 m

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(2.222 plantas por hectare), 4,0 m x 2,0 mx 2,0 m (1.666 plantas por hectare) e 4,0 m x2,0 m x 3,0 m (1.111 plantas por hectare) paravariedades de porte baixo a médio, semi-alto e alto, respectivamente.

As disposições mais comuns dos espa-çamentos são em quadrado, retângulo etriângulo.

Plantios em altas densidades (acima de2.500 plantas por hectare) também podemser estabelecidos eliminando-se, alternada-mente, após a colheita da primeira safra, umaplanta dentro da linha, reduzindo, assim, apopulação à metade. Pode-se, igualmente,considerar a bananeira como uma plantaanual, restabelecendo-se o plantio após acolheita da primeira safra. Essa prática apre-senta vantagens e desvantagens, exigindo umbom preparo técnico por parte dos agricultores.

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O coveamento é feito manualmente,com cavador ou enxadeta, abrindo-se covasde iguais comprimento, largura e profundi-dade (30 cm x 30 cm x 30 cm ou de40 cm x 40 cm x 40 cm). No momento daabertura das covas, separa-se a camadasuperficial do solo (primeiros 15 a 20 cm)da camada inferior. As covas também podemser abertas com trado mecânico acoplado aum trator. Pode-se também usar um sulcador,regulado para abrir sulcos com 30 cm deprofundidade.

Selecionam-se, em viveiro ou em bana-nal sadio, com menos de 5 anos de idade,as mudas mais vigorosas, preferencialmenteas de forma cônica, com 60 cm a 150 cm dealtura (chifrão). O seu preparo deve serefetuado no próprio local de aquisição, pelaeliminação das raízes e do solo aderidos ede boa parte do pseudocaule (tronco), que

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deve ser cortado a uma altura de 10 a20 cm. Essa operação reduz o peso da mudae o perigo de introdução de pragas e doenças.

Faz-se o plantio com mudas de ummesmo tipo, na mesma área, de modo auniformizar a germinação e a colheita. Issofacilita o planejamento e a realização dostratos culturais.

A camada superior de solo da cova, jáadubada, deve ficar no fundo da cova oudo sulco e envolver todo o rizoma (parte damuda onde nascem as raízes e os filhos).Em seguida, calca-se a terra em volta dorizoma a fim de eliminar espaços vazios. Sódepois disso é que se espalha, em cima, acamada de terra do fundo da cova, calcando-a também, para que a muda fique bem firme.

O replantio realiza-se entre 30 e 45 diasdepois do plantio. Utilizam-se mudas maiores

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do que as plantadas inicialmente. Essasmudas devem ser arrancadas e plantadas nomesmo dia, pois tais cuidados asseguram opadrão de desenvolvimento do bananal e,conseqüentemente, a uniformidade na épocada colheita.

Tratos Culturais

Os tratos culturais no bananal abrangemos seguintes procedimentos: irrigação,capinas, desbaste, desfolha, escoramento,ensacamento do cacho e corte do pseudo-caule (tronco) após a colheita do cacho.

Na irrigação, os métodos variam deacordo com o tipo de solo e a disponibili-dade de água. A irrigação por sulco ou porbacias em nível é recomendada para solosargilosos. O uso da aspersão convencionaldeve ser feito com aspersores sob copa de

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um ângulo menor que 7°. O método de irri-gação localizada é o mais usado, principal-mente a microaspersão seguida pelo goteja-mento. A quantidade de água a ser aplicadavaria de acordo com o estágio de desenvol-vimento da planta e com as condições meteo-rológicas. Caso haja equipamentos de medi-ção de umidade ou tensão de água no solo edisponibilidade de dados meteorológicos,recomenda-se calcular a quantidade de águacom a ajuda de um técnico. A Tabela 5 podeservir de orientação para a irrigação dabananeira, se não for possível calcular aquantidade de água a aplicar.

As plantas infestantes afetam o desen-volvimento da bananeira, competindo comela por luz, água, espaço e nutrientes, sendomais prejudiciais nos 5 primeiros meses,período em que o bananal deve ser mantidolimpo.

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A capina pode ser manual (comenxada), mecânica (grade ou enxada rotativa)e química (herbicidas). Deve-se evitar o usode grade e enxada rotativa a partir dos 3 a5 meses após a instalação do bananal,respectivamente. Em áreas com declive, não-mecanizáveis, recomenda-se associar aroçagem das ruas com a capina das linhasde plantio. O uso de herbicidas deve sertecnicamente orientado.

O desbaste é a eliminação do excessode filhos ou rebentos produzidos pelabananeira. Deve-se deixar só um ou doisfilhos por touceira, segundo o espaçamentoadotado. De modo geral, os desbastes sãorealizados aos 4, 6 e 10 meses após o plantio,quando os rebentos atingem de 20 cm a30 cm de altura. A parte aérea do rebento écortada rente ao solo, com penado, faca oufacão, e, em seguida, extrai-se a gema apical

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de crescimento com o equipamento conheci-do por “lurdinha” (Fig. 14), que proporciona100% de eficiência e rendimento de serviço75% superior ao dos métodos tradicionais.

Fig. 14. Esquema da “lurdinha”.

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A desfolha consiste na eliminação defolhas secas, mortas e das que apresentamo pecíolo (cabo) quebrado, mesmo estandoainda verdes. Essas folhas não têm funçãoativa na planta, mas, em contrapartida,proporcionam a incorporação ao solo deconsiderável quantidade de matéria orgânica.

As folhas são eliminadas de baixo paracima, em geral aos 4, 6 e 10 meses, mediantecorte dos pecíolos, bem rente ao pseudo-caule. Nas culturas já formadas, a desfolhadeve ser feita sistematicamente, antes dodesbaste e depois das adubações.

O uso de escoras impede que as plantastombem pela ação de ventos fortes, pelo pesodo cacho, por causa da altura das bananeirasou por sua má sustentação, e como resultadodo ataque de nematóides ou da broca-do-rizoma. Evitando-se o tombamento das

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plantas, não se perdem os cachos, e, emconseqüência, o produtor tem garantido umaumento de receita.

O ensacamento do cacho é práticautilizada em plantios mais tecnificados. Seuemprego melhora substancialmente aqualidade dos frutos, uma vez que cria ummicroclima favorável ao desenvolvimentodos frutos e evita o ataque de pragas, comoa abelha-arapuá e o tripes.

Faz-se o ensacamento logo após a emis-são da última penca (falsa penca), que éeliminada juntamente com a raque masculina(rabo ou extremidade inferior do cacho quesustenta o coração).

O corte do pseudocaule deve ser efetua-do imediatamente após a colheita, e se reco-menda fazer o corte de 30 cm a 50 cm donível do solo, por ser mais prático e econô-mico.

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Controle de Doenças

Na cultura da banana, várias doençaspodem causar severas perdas na produção,além de comprometer a qualidade da fruta.Entre as de maior severidade, destacam-seas que se seguem.

Sigatoca-amarela (Fig.15): caracteriza-sepela presença de manchas foliares, causadaspelo fungo Mycosphaerella musicola. Podeprovocar perdas superiores a 50% naprodução. A infecção ocorre nas folhas maisnovas, desenvolvendo grande número depequenas estrias, que se expandem, unem-se, formam lesões necróticas e provocam amorte prematura das folhas. A doença é maisproblemática nas regiões mais chuvosas,com umidade relativa média acima de 80% ecom temperaturas médias ao redor de 25oC.

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O controle pode ser feito com o usode variedades resistentes, como Terra,Terrinha, D’Angola, Thap Maeo, Pioneira,Caipira, Pacovan Ken, Preciosa, Tropical eoutras, ou aplicando fungicidas, quando asvariedades são suscetíveis, de modo a prote-ger sempre as folhas mais novas da planta.A aplicação desses produtos deve ser feitadurante o período chuvoso, quando a doen-ça se mostra mais severa. A utilização do

Fig. 15. Sigatoca-amarela.

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controle químico deve ser acompanhada porum técnico, que tenha conhecimentos sobreos produtos registrados para uso, preparode misturas e dosagem a ser utilizada. Éimportante fazer o rodízio de produtos a fimde evitar que se desenvolvam variantes dofungo com resistência a eles e, além disso, éfundamental a incorporação de práticasculturais que contribuam para a redução doinóculo no interior do bananal. Entre essaspráticas, destaca-se a desfolha sanitária e/oudesfolha cirúrgica, que consiste na eliminaçãode folhas ou de parte de folhas com grandeconcentração de manchas.

Sigatoca-negra (Fig.16): muito semelhanteà sigatoca-amarela, é também uma doençafoliar, constatada no ano de 1998, na Re-gião Amazônica. É causada pelo fungoMycosphaerella fijiensis, uma espécie maisagressiva do que a M. musicola. Caracteriza-

Page 66: Cultivo de Banana

65

se pelo aparecimento, sobre a folha, demuitas lesões, que, na fase jovem, aparecemna face inferior da folha como estrias mar-rons, passam, em seguida, a estrias negras,até se transformarem em lesões necróticas,que se unem rapidamente e levam à morte asfolhas muito novas. O comportamento dessadoença segue os mesmos padrões dasigatoca-amarela, mas, em virtude de suamaior agressividade, pode causar até 100%

Fig. 16. Sigatoca-negra.

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de perda na produção. Uma das formas maisfáceis de controlá-la é a utilização de varieda-des resistentes, como Thap Maeo, Caipira,Fhia-18, Fhia-Maravilha, Pacovan Ken,Preciosa, Figo, e outras. Quanto ao controlequímico, devem-se seguir as mesmasorientações fornecidas para a sigatoca-amarela, tendo-se a consciência de que, pelofato de a doença ser mais agressiva, énecessário mais rigor nas ações de controle.

Mal-do-panamá (Fig.17): é uma doençacausada pelo fungo Fusarium oxysporumf. sp. cubense, habitante natural dos solos,que pode sobreviver na ausência da bananeira(o hospedeiro) por longos períodos. É co-nhecida também como murcha-de-Fusarium.A infecção ocorre nas raízes, atingindoposteriormente o rizoma, o pseudocaule e anervura principal das folhas. O ataque pro-voca o amarelecimento, a murcha e a queda

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das folhas. Provoca ainda rachaduras nasbainhas do pseudocaule perto do solo. Inter-namente, os vasos adquirem a cor marrom,tanto no rizoma como no pseudocaule.Geralmente, as plantas afetadas morrem.

Fig. 17. Mal-do-panamá.

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Para facilitar a convivência com adoença, em variedades como a Prata, PrataAnã e Pacovan, que são sensíveis, recomen-dam-se os seguintes procedimentos: evitaro plantio em áreas onde o mal-do-panamá játenha ocorrido; utilizar mudas comprova-damente sadias; elevar o pH do solo paraníveis próximos da neutralidade, ou seja, 7,0;dar preferência a solos ricos em matériaorgânica; evitar áreas com alta umidade;manter controle sobre a broca-do-rizoma eos nematóides; e adubar adequadamente.O melhor controle, porém, é o uso de varie-dades resistentes, como Nanica, Nanicão,Grande Naine, Terra, Terrinha, D’Angola,Thap Maeo, Caipira, Pacovan Ken, Preciosa,Fhia-Maravilha, Prata Graúda, entre outras.

Moko (Fig.18): é uma das doençasmais destrutivas da bananeira. É tambémconhecida como murcha-bacteriana, causada

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por Ralstonia solanacearum, raça 2. Já foiconstatada nos Estados de Sergipe eAlagoas, onde o problema tem sido mantidosob controle, mediante a erradicação dosfocos. Na Região Norte, excetuando oEstado do Acre, a doença tem se mostradoendêmica nas áreas de várzea, onde a bactériaencontra condições ideais para seudesenvolvimento e sobrevivência (umidadee temperatura elevadas).

Fig. 18. Moko.

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Os sintomas assemelham-se aos domal-do-panamá, diferindo basicamente pelapresença de infecção nos frutos. Esses,doentes, apresentam maturação precoce eirregular dentro do cacho, com podridãoseca e negra da polpa. Além disso, é possívelobservar exsudação (escorrimento) de pusbacteriano nas partes afetadas. Um métodosimples e rápido de identificação da doençaé a observação de fluxo bacteriano em água.Uma fatia longitudinal da parte afetada éaderida à parede de um copo transparentecontendo água até dois terços de sua altura,de forma que o tecido doente mantenhacontato com a água. Em cerca de 30 segun-dos, é possível observar a descida do pusbacteriano, de cor pérola-clara, em direçãoao fundo do copo.

A disseminação do mal pode se dar pormudas infectadas e também por insetos

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visitadores de inflorescências. Para seu con-trole, recomenda-se: plantar mudas sadias,desinfestar ferramentas, principalmente nasoperações de desfolha, desbaste e colheita;eliminar a raque floral masculina; ensacar ocacho; e erradicar rapidamente as plantasdoentes.

Viroses: no Brasil, ocorrem em bananeira,o vírus-do-mosaico-do-pepino e o vírus-do-mosaico-em-estrias.

O vírus-do-mosaico-do-pepino (Cucumbermosaic virus, CMV) causa sintomas demosaico, isto é, as folhas apresentam áreascom manchas verde-escuras misturadas commanchas verde-claras ou amareladas, háestreitamento das folhas, as plantas apresen-tam tamanho menor do que o habitual e podeocorrer o apodrecimento da folha vela, quan-do ocorrem temperaturas mais baixas.

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Já o vírus-do-mosaico-em-estrias (Ba-nana streak virus, BSV) é mais comum navariedade Mysore, mas ele também tem sidoobservado em outras variedades. O vírusprovoca o aparecimento de estrias amarela-das nas folhas, que, com o passar do tempo,ganham uma coloração preta.

Não existe produto que cure uma plantainfectada com vírus; então, todo o controlede viroses deve ser feito com medidas pre-ventivas, como utilizar para o plantio mudassadias, eliminar plantas daninhas hospedei-ras de vírus, dentro e em volta das plan-tações, arrancar as plantas doentes e destruí-las, e não fazer o plantio de bananeiraconsorciado ou próximo a cucurbitáceas(abóbora, pepino, etc.) e com solanáceas(batata, pimentão, tomate, etc.). Com o usoda cultura de tecidos, é possível obter mudassem viroses, que precisam, de qualquer

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forma, ser testadas para verificar se a elimi-nação das viroses foi eficiente.

Doenças de frutos: os frutos e o próprioengaço do cacho podem ser atacados, antese após a colheita, por vários fungos, que,em geral, provocam manchas e podridões.

Entre as doenças de pré-colheita ou decampo, incluem-se: lesão-de-johnston oupinta-de-Pyricularia, causada por P. grisea;mancha-diamond, associada aos fungosCercospora hayi e Fusarium sp.; pinta-de-Deightoniella, muito comum no Brasil, cau-sada por Deightoniella torulosa; ponta-de-charuto, mais comum em variedades dossubgrupos Cavendish e Terra e, como o nomeindica, com aparência de charuto queimado,cujos sintomas se associam freqüentementeaos fungos Verticillium theobromae eTrachysphaera fructigena; podridão-do-

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fruto, causado por Sclereotinia sclerotiorum;sarna-do-fruto, por Phyllostictina musarum;e podridão-do-pedúnculo, por Botryodiplodiatheobramae e, às vezes, por Erwiniacarotovora.

No grupo das doenças de pós-colheita,destacam-se as seguintes: pitting disease oupinta-de-Pyricularia, causada por P. grisea,uma infecção de natureza latente (de inícionão é visível por fora), que começa a semanifestar durante o transporte da fruta;antracnose, causada por Colletotrichummusae, que promove lesões em frutosmaduros, resultantes de infecções latentes,originadas no campo, e por infecções ocor-ridas via ferimentos durante a colheita e otransporte; e podridões-de-frutos, causadapor vários fungos associados (Colletotrichummusae, Fusarium roseum, Botryodiplodiatheobromae e Traclaysphaera fructigena).

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No controle das doenças desse grupo,as várias medidas a adotar são comuns atodas elas: eliminar os restos florais, queatuam como depósito de fungos, e cobrir ocacho com saco de polietileno perfurado,de preferência antes da emissão das pencas,com o objetivo é reduzir o contato entre pató-geno e hospedeiro.

Em casos mais graves, pode ser neces-sária a pulverização do cacho com fungicida.Para tanto, é importante a consulta a umespecialista, a fim de escolher o produtocorreto, a dosagem e a forma de aplicaçãoindicadas. No tratamento pós-colheita dosfrutos, normalmente se faz a imersão ou apulverização deles com fungicidas. Nomomento, apenas produtos à base dethiabendazol e imazalil têm registro parautilização na pós-colheita de frutos.

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Nematoses (Fig. 19, 20 e 21): são cau-sadas por pequenos vermes, conhecidoscomo nematóides, que vivem no solo. A pre-sença deles pode ser observada pelossintomas nas raízes e no rizoma; contudo,deve ser complementada pela análise domaterial em laboratório de nematologia.O nematóide cavernícola (Radopholussimilis) ataca as raízes e o rizoma, causandoextensas necroses, o que deixa a planta muitovulnerável ao tombamento pela ação dovento ou pelo próprio peso do cacho, emvirtude da falta de sustentabilidade da plantapelas raízes. As espécies formadoras degalhas (Meloidogyne spp.) induzem a for-mação de nódulos no sistema radicular,podem prolongar o período vegetativo ediminuir a produção. Outro nematóide deimportância econômica, Helicotylenchusmulticinctus, contribui para o aumento daseveridade das nematoses, principalmente

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Fig. 19, 20 e 21. Nematoses em raízesda bananeira.

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quando associado a outros nematóides, poispromove o apodrecimento das raízes e aperda de vigor das plantas. As práticas demanejo adotadas são: uso de nematicidas,variedades tolerantes e rotação de cultura narenovação do bananal. A escolha da mudasadia e uma análise nematológica do soloantes do plantio devem ser observadas.

Controle de Pragas

Numerosos insetos estão associados àcultura da bananeira, mas nem todos sãoconsiderados pragas, por não chegarem acausar prejuízos significativos. Os inimigosnaturais existentes no bananal exercem con-trole tão eficiente que dispensam a intervençãodo homem no controle de algumas pragas.

Saber reconhecer as principais pragasque ocorrem no bananal é indispensável para

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a tomada de medidas corretas de controle,no caso de ataques severos, sem romper oequilíbrio biológico na plantação.

As principais pragas da bananeira sãoas que se seguem.

Broca-do-rizoma ou broca-da-bananeira(Cosmopolites sordidus) (Fig. 22): popular-mente conhecida como “moleque”. Pelosprejuízos que causa e por sua ampla distri-buição geográfica, é a praga mais danosapara a cultura. É um besouro preto, queapresenta um bico (rostro) longo e recur-vado, onde está inserido seu aparelho bucal.

Durante o dia, não se movimenta, per-manecendo abrigado da luz, entre as bainhasdas folhas, na base do pseudocaule ou emrestos culturais. Antes de se transformar emadulto, o inseto passa pela fase de larva, queé a responsável pelos danos. A larva, de cor

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branca, cabeça marrom e sem pernas,constrói galerias no rizoma, enfraquecendoa planta e tornando-a mais sensível aotombamento. O ataque torna as plantasraquíticas, com folhas amareladas e cachoscom pouco peso e poucas frutas. Em infes-tações severas, pode ocorrer a morte datouceira. As variedades mais suscetíveis aoataque da broca são Terra, Terrinha, D´Angola,

Fig. 22. Broca-do-rizoma.

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Nanica, Nanicão, Grande Naine, Figo Cinzae Figo Vermelho, enquanto Prata, Prata Anã,Pacovan, Maçã e Caipira se mostram maisresistentes ou tolerantes à praga.

A melhor maneira de controlar a brocaé o uso de mudas sadias. Se for difícil encon-trar mudas de boa qualidade, é possível livraras plantas da infestação fazendo a descor-ticagem (limpeza) do rizoma. Esse processo,que dispensa o tratamento químico da muda,elimina ovos, larvas e respectivas galeriasporventura existentes no rizoma. Deve serrealizado no local de retirada das mudas, enunca na área onde será efetuado o plantio,para evitar reinfestação.

Em bananal já instalado, recomenda-seutilizar iscas tipo “telha” (Fig. 23) ou “queijo”(Fig. 24).

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Fig. 23. Isca tipo telha.

Fig. 24. Isca tipo queijo.

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A isca tipo “telha” consiste num pedaçode pseudocaule, com aproximadamente50 cm, da bananeira que já produziu cacho.Esse pseudocaule é aberto em duas partes,no sentido de seu comprimento. As iscasdevem ser colocadas próximo às plantas,com a parte cortada voltada para baixo.

As iscas tipo “queijo” são preparadasem bananeiras que já produziram cacho:corta-se o pseudocaule a uma altura de uns30 cm; mais ou menos no meio do troncoque ficou, faz-se um corte horizontal,profundo, cuidando para não decepar otronco. Distribuem-se de 50 a 100 iscas porhectare e coletam-se semanalmente osinsetos capturados. As iscas são renovadasa cada 15 dias. Tanto as iscas descartadascomo os restos de pseudocaule, que sobramem cada colheita, devem ser picados, para

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acelerar sua decomposição e impedir oureduzir a possibilidade de sobrevivência domoleque ou broca-do-rizoma na área.

A aplicação de produtos químicos nasiscas pode ser uma alternativa viável onde amão-de-obra for escassa. Os inseticidastambém podem ser utilizados na cova ou emcobertura. Nesse caso, o produto não deveser aplicado em plantas com cacho, mas emvolta do seguidor (meia-lua) e levementeincorporado ao solo.

O fungo Beauveria bassiana apresen-ta-se como excelente alternativa de controleda broca, por ser praticamente inócuo, não-poluente e não deixar resíduos nos frutos.Apresenta como única desvantagem o fatode ser extremamente dependente das condi-ções ambientais (principalmente alta umida-de), para manifestar todo o seu potencial.

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Tripes-da-ferrugem-dos-frutos (Tryphac-tothrips lineatus, Caliothrips bicinctus eChaetanaphothrips spp.): são insetospequenos, geralmente de coloraçãoamarelada. Alimentam-se da seiva da cascados frutos, causando prejuízos consideráveisà aparência do produto, sem, contudo, preju-dicar a polpa. A casca dos frutos atacadosassume, primeiro, coloração prateada. Emseguida, torna-se castanho-avermelhada,áspera, sem brilho e com estrias superficiais.Os prejuízos podem ser reduzidos se os cachosforem colhidos quando os frutos atingirem amedida padrão de 34 mm de diâmetro.Quanto à utilização de produtos químicos,a aplicação deve ser iniciada a partir doaparecimento do pendão floral ou da elimina-ção do coração após a formação do cacho.

Tripes-da-erupção-dos-frutos (Frankliniellaspp.): também conhecida como tripes-da-

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flor, não chega a causar grandes prejuízos,por ocorrer em pequeno número. São insetospequenos, de coloração esbranquiçada oumarrom-escura, facilmente visíveis. Nosfrutos, aparecem pontuações marrons eásperas ao tato, que desvalorizam comercial-mente o produto. O uso de inseticidas empulverização nas inflorescências é considera-do prática eficiente, se as aplicações foremregulares. A eliminação do coração tambémajuda no controle.

Traça-da-bananeira (Opogona sacchari):no Brasil, sua ocorrência é restrita aosEstados de São Paulo e Santa Catarina.A traça-da-bananeira ataca quase todas aspartes da planta, com exceção das raízes edas folhas. O adulto é uma mariposa peque-na, que coloca os ovos nas flores, antes deelas secarem. Os danos são provocadospelas larvas, que abrem galerias na polpa,

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causando seu apodrecimento. O ataque dapraga pode ser verificado pela presença deresíduos acumulados na extremidade apicaldos frutos. Como prática cultural, recomen-da-se a eliminação do engaço, o secciona-mento do pseudocaule em pedaços peque-nos, a despistilagem, a utilização de varieda-des cujas extremidades sejam “limpas” e aaplicação de inseticidas em filhotes desbas-tados com a “lurdinha”, cerca de 30 diasantes do florescimento. A aplicação deinseticidas só é recomendada após a verifi-cação da sua presença nos restos florais enos frutos em desenvolvimento.

Lagartas-desfolhadoras (Caligo spp.,Opsiphanes spp. e Antichloris spp.): normal-mente não são pragas, graças à atuação deseus inimigos naturais. Esporadicamente,podem exigir medidas de controle, emespecial quando ocorrem desequilíbrios

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biológicos, pela utilização indiscriminada deprodutos químicos. Em virtude de seu hábitogregário e de sua alta capacidade de consu-mo de folhas, a Caligo spp. é a mais pre-judicial, embora as demais também sejamvorazes. Em casos de infestação severa,usam-se inseticidas seletivos, para evitar adestruição dos inimigos naturais.

Ácaros-de-teia (Tetranychus spp.): osácaros formam colônias na face inferior dasfolhas, tecendo teias no limbo foliar, normal-mente ao longo da nervura principal. Sãofavorecidos por umidade relativa baixa. Oataque dessa praga torna a região infestadainicialmente amarelada; posteriormente, ficanecrosada, podendo secar a folha. Sob altainfestação, podem ocorrer danos aos frutos.Não há produtos registrados para o controledessa praga em bananeira. São citados como

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inimigos naturais dessa praga alguns ácarospredadores da família Phytoseiidae e oscoleópteros Stethorus sp. e Oligota sp.

Colheita

O cacho pode ser colhido em diversosestágios de desenvolvimento dos frutos,mas, para isso, é preciso levar em conside-ração certos aspectos morfológicos e fisioló-gicos, referentes ao grau de corte. Esse édeterminado por meio de três métodos: graufisiológico de maturidade, diâmetro do frutoe diâmetro do fruto por idade.

No primeiro método, a colheita do cachobaseia-se na aparência morfofisiológica (abanana está “de vez”) dos frutos. Esseprocesso, considerado empírico, é utilizadoquando os frutos se destinam ao mercadolocal ou a mercados externos pouco exigentes.

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O método do diâmetro do fruto baseia-se na correlação existente entre o diâmetrodo fruto central da segunda penca e o graude corte, fazendo-se a medição com calibrador.

O método do diâmetro do fruto poridade considera o momento em que o cachoemite a última penca, e, com base no conhe-cimento das características, da época dabrotação, da floração e da frutificação dabananeira, estabelece-se a época da colheitado cacho, em semanas (12, 14 ou 16 semanas).Nos cultivos para exportação, a colheita sefaz com base nestes dois últimos métodos.

Nos plantios de variedades de portesemi-alto a alto (Nanicão, Mysore, Prata,Pacovan e Terra), a colheita deve ser efetua-da por duas pessoas. Uma, corta parcial-mente o pseudocaule a meia altura entre osolo e o cacho, enquanto a outra segura o

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cacho pela raque masculina ou o apóia sobreo ombro, para que não toque o solo. Aprimeira corta, então, o engaço, e o cacho étransportado para o carreador ou até o caboaéreo. Nas variedades de porte baixo a médioe de cachos leves (Figo Anão, D’Angola), acolheita é mais fácil, bastando uma pessoa.Mas se o cacho for pesado, a colheita precisaser feita por duas pessoas, mesmo com avariedade Nanica, cujo porte geralmente nãoultrapassa 1,50 m de altura.

Manejo Pós-Colheita

Em cultivos tradicionais, os cachos sãolevados, logo após o corte, para um localsombreado e colocados no chão forradocom folhas de bananeira, onde são despen-cados. Não se deve amontoar nem os cachosnem as pencas a fim de evitar o atrito entreos frutos e o escorrimento de látex nas pencas.

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Em cultivos mais tecnificados, os cachossão transportados para as margens doscarreadores, onde são colocados lado alado, sobre folhas de bananeira, e protegidosdo sol. Às vezes, são aí mesmo despenca-dos, mas nem sempre as pencas são lavadas,o que poderia ser feito com o uso detanques móveis acoplados a tratores.

Os cachos também podem ser levadosao galpão de embalagem, utilizando, paraisso, carretas acopladas a tratores ou cami-nhões, cujas carrocerias devem ser forradascom folhas de bananeira ou capim. Só entãoos cachos são despencados, e as pencas –nem sempre lavadas e classificadas – sãoembaladas em caixas de madeira chamadas“torito”. Eventualmente, são submetidas aoprocesso de climatização antes de chegaremao mercado consumidor.

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Em cultivos com emprego de tecnologiaavançada, o cacho é transportado até ogalpão de embalagem por meio de cabosaéreos, ou dependurado em carretas acopla-das a trator. Em pequenas propriedades cujaprodução se destina ao mercado externo, oscachos são transportados em “cuna”, direta-mente do bananal para o galpão de embala-gem, ou são envoltos em colchões de espumade 1,5 cm de espessura e colocados sobrecarreta acoplada a trator.

No galpão de embalagem, os cachossão despencados, e as pencas, após a elimi-nação dos pistilos, são lavadas e divididasem subpencas, de três a oito dedos. Em se-guida, são classificadas, pesadas, tratadaspreventivamente contra doenças pós-colhei-ta, quando o mercado consumidor aceita ouso de fungicidas; depois são etiquetadas eembaladas em caixas de papelão ou de

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plástico (Fig. 25), e, finalmente, são trans-portadas até o porto de embarque, em cami-nhões cobertos ou em contêineres.

Fig. 25. Caixa de plástico, desmontável e retornável, dearmazenagem e comercialização de banana.

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No porto, as caixas são descarregadasem navios bananeiros, e os contêineres, emnavios comuns, sob rigoroso controle detemperatura e umidade e, muitas vezes, dopróprio gás ativador da maturação. O trans-porte da banana brasileira para a Argentina eo Uruguai é feito por terra, em caminhõesfrigorificados. A Fig. 26 ilustra uma casa deembalagem para beneficiamento e armaze-nagem temporária de uma tonelada debananas por dia.

Frigoconservação: a banana é classificadacomo um fruto facilmente perecível, cujotempo de conservação sob refrigeração é deno máximo 3 semanas. Essa alta perecibi-lidade, em comparação com outros frutos,deve-se às altas taxas respiratórias do fruto.

Após o despencamento e a lavagem,com solução de detergente doméstico (1 Lde detergente para 1.000 L de água) para

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Fig. 26. Plantas de construção de uma casa de embalagem debanana, com capacidade para 1 t/dia.

FERRAMENTAS E UTENSÍLIOS

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remover o látex, as bananas são acondicio-nadas em caixas de madeira, papelão ouplástico, as quais são armazenadas na câmarafrigorífica. A temperatura recomendada paraa frigoconservação de bananas é de 12oC,com umidade relativa do ar mínima de 90%.Após o tempo desejado de frigoconserva-ção, as bananas devem ser climatizadas.

A conservação de bananas sob refrige-ração pode ser aumentada para até 4 meses,se for usada a atmosfera controlada. O con-trole da atmosfera consiste em elevar aconcentração de gás carbônico e diminuir aconcentração de oxigênio, situação em queas taxas respiratórias são sensivelmentereduzidas. Para bananas, recomendam-seconcentrações de gás carbônico de 7% a10% e de oxigênio de 1,5% a 2,5%. Essatécnica é pouco usada, pois o seu alto custoonera o produto para o consumidor final.

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Climatização – maturação controlada: aclimatização pode ser efetuada na mesmacâmara de frigoconservação, ou em outra,com umidade mínima de 90%. O que mudaé a temperatura, que deve ser de 14oC a24ºC. Quanto maior for a temperatura dacâmara, mais rápida será a maturação. Deve-se ter o cuidado de facilitar a ventilação entreas caixas, para evitar a ocorrência de fermen-tação. Para tanto, as caixas devem ser empi-lhadas no padrão 4-bloco alternado (Fig. 27).

Na climatização, utiliza-se, como indu-tor da maturação, o gás etileno. A dosagemrecomendada para a climatização com etilenoé de 28 L para cada 28 m3 da câmara. Se forutilizado produto comercial contendo etileno(Etil-5 ou Azetil), a quantidade será de 280 Lpor 28 m3. Para garantir corretas dosagem emanipulação do etileno, deve-se consultar ofornecedor do gás. Durante as primeiras

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24 horas após a aplicação do etileno, acâmara deve ser mantida hermética. Apósesse tempo, procede-se à ventilação dacâmara, abrindo a porta por 15 a 20 minutos,para supri-la com o oxigênio essencial paraa respiração normal das bananas, evitando-se, assim, a fermentação.

Vista do topo

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Fig. 27. Padrão empilhamento 4-blocos alternados para aclimatização de banana.

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Um substitutivo do etileno é o etefon(Ethrel), um produto líquido que dispensa ouso de câmara do tipo hermético. No seuuso, as bananas são submersas por 5 minu-tos num tanque contendo a solução (950 mLde Ethrel para 100 L de água). Após a evapo-ração da solução, as pencas são acondicio-nadas em caixas e armazenadas na câmara,nas condições recomendadas para o etileno.

Como as bananas deslocam a soluçãode Ethrel, para evitar que ela transborde, comoregra geral, enche-se o tanque em torno dedois terços da sua capacidade. Portanto, numtanque de 1.000 L, colocam-se 700 L desolução. O uso do Ethrel como indutor damaturação só é viável economicamentegraças à possibilidade de reutilização dasolução por até 200 dias. Por isso, o tanquedeve ser mantido tampado para evitar aevaporação da solução.

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As pencas da camada superior tendema flutuar na solução de etefon. Assim, paraassegurar a uniformidade da maturação,recomenda-se a instalação de uma tampacom dobradiças que, ao ser fechada, manteráas bananas totalmente cobertas pela solução.Para evitar escoriações na casca das bananas,reveste-se a superfície inferior da tampa comespuma sintética (Fig. 28).

Fig. 28. Tanque de alvenaria para tratamento de banana, cometefon.

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Apesar de as bananas absorverem ape-nas pequena quantidade de solução, duranteo tratamento sempre ocorre perda de soluçãoquando as frutas são removidas do tanque.Quando o nível não mais cobrir todas asbananas, pode-se completar o volume comsolução recém-preparada, na mesma con-centração da anterior, ou reduzir a quantida-de de bananas. Optando-se por completar asolução, seu descarte deve ser efetuado 200dias após o preparo da primeira solução.

Produtos

O aumento das possibilidades de utili-zação da banana e, conseqüentemente, doconsumo dessa fruta torna importante a suatransformação em diversos produtos proces-sados, por meio de tecnologias adequadas.A banana é uma fruta de elevados valoresnutricional e energético, pois, em sua compo-

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sição, apresenta amido e açúcares, vitaminasA e C e vários sais minerais, como potássio,fósforo, cálcio, sódio, magnésio e outros,em menor quantidade.

Purê: além de produto final, o purê de bana-na pode ser utilizado como matéria-primapara a fabricação de outros produtos, comonéctar, doce em massa, flocos e farinha.Basicamente, esse produto resulta doesmagamento da fruta e sua posterior conser-vação usando tecnologia apropriada. Atecnologia de conservação empregada resultaem purê acidificado, asséptico, congelado epreservado quimicamente.

Néctar ou bebida “pronta para beber”:esse produto consiste na mistura de purê debanana, açúcar, ácido orgânico (geralmenteácido cítrico) e pectina em proporções ade-quadas para a obtenção de um produto

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pronto para consumo e com boa aceitaçãopelo consumidor. Após essa formulação, asetapas seguintes consistem em homogenei-zação, desaeração, pasteurização ou esterili-zação e acondicionamento em embalagensde vidro, de plástico ou cartonadas.

Banana em calda: esse produto é fabricadoa partir da fruta descascada inteira ou cortadaem fatias. O processo consiste no acondicio-namento das frutas e do xarope em latas oupotes de vidro, seguido de tratamento tér-mico e armazenamento.

Doce em massa ou “bananada”: a bana-nada é um produto obtido da mistura do purêda banana com açúcar, ácido orgânico epectina, que é posteriormente concentradoem tacho aberto ou a vácuo. Esse produtotambém é conhecido popularmente por mario-la, bala de banana ou banana cristalizada.

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Banana-passa ou seca: é o produto obtidopor processo de secagem natural em secadorsolar ou artificial, em secadores a lenha, agás ou elétricos, da banana madura inteira,em metades ou em rodelas.

Outros produtos: a banana também podeser utilizada para a produção de farinha,flocos, produto liofilizado, chips, geléia,suco, fruta cristalizada, licor, vinho, vinagree álcool etílico, entre outros com fins não-alimentícios, como artesanato e peças deautomóvel.

Aspectos Econômicos

A banana é a fruta que apresenta o maiorconsumo per capita em domicílio, no Brasil.A variedade de banana mais aceita ecomercializada é a Prata, sobretudo naRegião Nordeste. Nas Regiões Sul e Sudeste,

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de modo geral, a variedade Nanica é a maisaceita, embora, em Belo Horizonte e no Riode Janeiro, a variedade Prata também estejaentre as preferidas pelos consumidores.

A banana é uma das frutas que registraa maior porcentagem de perda entre as frutascultivadas comercialmente no Brasil – cercade 40% do que é produzido é perdido entreo processo de colheita e a chegada da frutaao consumidor final. Grande parte dessaperda deve-se à forma inadequada de trans-porte da fruta. Em algumas regiões, aexemplo do Nordeste, a fruta chega a sertransportada na forma de cachos em cimade caminhões, sem nenhuma proteção (ouseja, sem embalagem).

Custo de produção: a Tabela 6 apresentaos coeficientes técnicos (quantidade de mão-de-obra, horas de trabalho de máquina e

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Tabela 6. Coeficientes técnicos para a instalação de 1 ha debanana ‘Prata’, com espaçamento de 3 m x 3 m (1.111 plantas/ha),na região do Recôncavo Baiano (sem irrigação).

Especificação UnidadeAno 1 Ano 2 Ano 3

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Insumos· Mudas + 5% replantio· Esterco de curral· Calcário(1)

· Uréia· Superfosfato simples(1)

· Cloreto de potássio(1)

· Furadan 50G· Óleo mineral· Tilt (25%)· Detergente concentrado neutro

Preparo do solo e plantio· Aração· Calagem· Gradagem· Marcação e abertura das covas· Adubação da cova· Seleção e limpeza das mudas· Plantio

Tratos culturais e fitossanitários· Capinas· Adubação· Desbaste· Desfolha· Tratamento fitossanitário

Colheita· Manual

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(1) Refere-se à recomendação máxima, podendo ser reduzida conforme o resultado daanálise química do solo.

Obs.: o Furadan só deverá ser aplicado com a ocorrência da broca.

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insumos) necessários para a instalação de1 ha de banana ‘Prata’, sem irrigação, naregião do Recôncavo Baiano. Com basenesses dados e fazendo-se algumas modifi-cações específicas, cada produtor podefazer a própria previsão de custo, tomandocomo referência os preços unitários de cadafator em sua região, por ocasião do plantio.

Sazonalidade de oferta: a Tabela 7 traz asazonalidade da oferta nos principais pólosprodutores de banana no Brasil. Como podeser observado, a banana é produzida durantetodo o ano, mas sua produção é concentradaem determinados meses, dependendo davariedade e da região produtora. Na regiãode Petrolina, em Pernambuco, a produçãopode ser considerada relativamente estável,graças ao uso da irrigação e às condiçõesclimáticas do local. No período de maior

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oferta, os preços geralmente são menores ea qualidade, melhor. No período de entres-safra, os preços tendem a subir. Quando aoferta é regular, os preços geralmente sãomais estáveis.

Page 112: Cultivo de Banana

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Endereços

Embrapa Informação TecnológicaParque Estação Biológica (PqEB),

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Coleção Plantar

Títulos Lançados

A cultura do alhoAs culturas da ervilha e da lentilhaA cultura da mandioquinha-salsa

O cultivo de hortaliçasA cultura do tomateiro (para mesa)

A cultura do pêssegoA cultura do morangoA cultura do aspargoA cultura da ameixeiraA cultura do chuchu

A cultura da maçãA cultura do urucum

A cultura da castanha-do-brasilA cultura do cupuaçu

A cultura da pupunhaA cultura do açaí

A cultura da goiabaA cultura do mangostão

A cultura do guaranáA cultura da batata-doce

A cultura da graviolaA cultura do dendêA cultura do caju

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A cultura da amora-preta (2ª edição)A cultura da melancia

A cultura do mamão (2ª edição)A cultura da banana (2ª edição)

A cultura do limão-taiti (2ª edição)A cultura da acerola (2ª edição)

A cultura da batataA cultura da cenouraA cultura do melãoA cultura da cebolaA cultura do sapoti

A cultura do coqueiro: mudasA cultura do coco

A cultura do abacaxi (2a edição)A cultura do gergelim

A cultura do maracujá (3a edição)A propagação do abacaxizeiro (2a edição)

A cultura da manga (2a edição)Produção de mudas de manga (2a edição)A cultura da pimenta-do-reino (2a edição)

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Page 118: Cultivo de Banana

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