O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
Educação Patrimonial e Ensino de História:
O caso da Comunidade Remanescente
Quilombola
“Manoel Ciriaco dos Santos”
Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=1714
AURINEIDE MARIA MORENO CIDADE GAÚCHA
2010
Ficha para Catálogo de Produção Didático- Pedagógic a
Professor PDE/2009
Título Educação Patrimonial e Ensino de Historia: O Caso da Comunidade Remanescente Quilombola Manoel Ciríaco dos Santos.
Autor Aurineide Maria Moreno
Escola de Atuação Colégio Estadual Marechal Costa e Silva Ensino Fundamental e Médio
Município da escola Cidade Gaúcha
Núcleo Regional de Educação Cianorte
Orientador Rosana Steink
Instituição de Ensino Superior UEM (Universidade Estadual de Maringá)
Área do Conhecimento História
Produção Didático-Pedagógica
Unidade Didática: A história que não foi contada... ou será que foi?
Relação Interdisciplinar
Geografia: Localização regiões quilombolas do Paraná; Português: Interpretação e produção de texto.
Público alvo Alunos da 8° Série do Ensino Fundament al
Localização
Colégio Estadual Marechal Costa e Silve E.F.M. Rua Vasconcelos Jardim n° 1696 Cidade Gaúcha
Apresentação:
Este material didático faz parte de uma intervenção peda-gógica, pautado na perspectiva histórico-crítica, junto aos alunos da 8º série do Ensino Fundamental do Colégio Esta-dual Marechal Costa e Silva – E.F.M., município de Cidade Gaúcha, Estado do Paraná. Como objetivo, busca compre-ender como os quilombos e a cultura quilombola se constitui patrimônio material e imaterial, no Estado do Paraná. Espe-cificamente, buscou-se identificar as regiões quilombolas do Paraná e destacar a comunidade remanescente quilombola Manoel Ciríaco dos Santos, na região de Guairá, como es-tudo de caso. Para tanto, foi realizado um levantamento histórico sobre a criação do mesmo e entrevistas com os moradores, além de registros diversos. Estudar a formação dos quilombos rurais e urbanos, como formas de organiza-ções coletivas, discutindo a questão da identidade e da cul-tura dos quilombolas no Paraná e, por fim, apresentar este material didático para subsidiar o professor nas aulas do ensino fundamental com tal temática a partir de uma discus-são teórico-metodológica envolvendo questões de patrimô-nio cultural material e imaterial. O material proposto certa-mente não tem a pretensão de esgotar o assunto.
Palavras-chave Quilombos, Cultura quilombola, Patrimônio.
ESTADO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
CONTRATO DE CESSÃO GRATUITA DE DIREITOS AUTORAIS
Pelo presente instrumento particular, de um lado Aurineide Maria Moreno, brasileira,
casada, professora, CPF n° 48487970982, RG n°340137 0-5 residente e domiciliada
a Rua Marinho Caresia n°1264, na cidade de Cidade G aúcha, Estado do Paraná,
denominado CEDENTE, de outro lado a Secretaria de Estado da Educação do Pa-
raná, com sede na Avenida Água Verde, no 2140, Vila Izabel, na cidade de Curitiba,
Estado do Paraná, inscrita no CNPJ sob no 76.416.965/0001-21, neste ato represen-
tada por seu titular Yvelise Freitas de Souza Arco-Verde, Secretária de Estado da
Educação, brasileiro, portadora do CPF no 392820159-04, ou, no seu impedimento,
pelo seu representante legal, doravante denominada simplesmente SEED, denomi-
nada CESSIONÁRIA, têm entre si, como justo e contratado, na melhor forma de di-
reito, o seguinte:
Cláusula 1ª – O CEDENTE, titular dos direitos autorais da obra unidade didática A
história que não foi contada... ou será que foi? Cede a título gratuito e universal, à
CESSIONÁRIA todos os direitos patrimoniais da obra objeto desse contrato, como
exemplificativamente os direitos de edição, reprodução, impressão, publicação e dis-
tribuição para fins específicos, educativos, técnicos e culturais, nos termos da Lei
9.610 de 19 de fevereiro de 1998 e da Constituição Federal de 1988 – sem que isso
implique em qualquer ônus à CESSIONÁRIA.
Cláusula 2ª – A CESSIONÁRIA fica autorizada pelo CEDENTE a publicar a obra au-
toral ao qual se refere a cláusula 1.a deste contrato em qualquer tipo de mídia, como
exemplificativamente impressa, digital, audiovisual e web, que se fizer necessária
para sua divulgação, bem como utilizá-la para fins específicos, educativos, técnicos
e culturais.
Cláusula 3ª – Com relação a mídias impressas, a CESSIONÁRIA fica autorizada
pelo CEDENTE a publicar a obra em tantas edições quantas se fizerem necessárias
em qualquer número de exemplares, bem como a distribuir gratuitamente essas edi-
ções.
Cláusula 4ª – Com relação à publicação em meio digital, a CESSIONÁRIA fica auto-
rizada pelo CEDENTE a publicar a obra, objeto deste contrato, em tantas cópias
quantas se fizerem necessárias, bem como a reproduzir e distribuir gratuitamente
essas cópias.
Cláusula 5ª - Com relação à publicação em meio audiovisual, a CESSIONÁRIA fica
autorizada pelo CEDENTE a publicar e utilizar a obra, objeto deste contrato, tantas
vezes quantas se fizerem necessárias, seja em canais de rádio, televisão ou web.
Cláusula 6ª - Com relação à publicação na web, a CESSIONÁRIA fica autorizada
pelo CEDENTE a publicar a obra, objeto deste contrato, tantas vezes quantas se
fizerem necessárias, em arquivo para impressão, por escrito, em página web e em
audiovisual.
Cláusula 7ª – O presente instrumento vigorará pelo prazo de 05 (cinco) anos conta-
dos da data de sua assinatura, ficando automaticamente renovado por igual período,
salvo denúncia de quaisquer das partes, até 12 (doze) meses antes do seu venci-
mento.
Cláusula 8ª – A CESSIONÁRIA garante a indicação de autoria em todas as publica-
ções em que a obra em pauta for veiculada, bem como se compromete a respeitar
todos os direitos morais do autor, nos termos da Lei 9.610 de 19 de fevereiro de
1998 e da Constituição Federal de 1988.
Cláusula 9ª – O CEDENTE poderá publicar a obra, objeto deste contrato, em ou-
tra(s) obra(s) e meio(s), após a publicação ou publicidade dada à obra pela CES-
SIONÁRIA, desde que indique ou referencie expressamente que a obra foi, anteri-
ormente, exteriorizada (e utilizada) no âmbito do Programa de Desenvolvimento E-
ducacional da Secretaria de Estado da Educação do Paraná – SEED-PR.
Cláusula 10ª – O CEDENTE declara que a obra, objeto desta cessão, é de sua ex-
clusiva autoria e é uma obra inédita, com o que se responsabiliza por eventuais
questionamentos judiciais ou extrajudiciais em decorrência de sua divulgação.
Parágrafo único – por inédita entende-se a obra autoral que não foi cedida, anteri-
ormente, a qualquer título para outro titular, e que não foi publicada ou utilizada (na
forma como ora é apresentada) por outra pessoa que não o seu próprio autor.
Cláusula 11ª – As partes poderão renunciar ao presente contrato apenas nos casos
em que as suas cláusulas não forem cumpridas, ensejando o direito de indenização
pela parte prejudicada.
Cláusula 12ª – Fica eleito o foro de Curitiba, Paraná, para dirimir quaisquer dúvidas
relativas ao cumprimento do presente contrato.
E por estarem em pleno acordo com o disposto neste instrumento particular
a CESSIONÁRIA e o CEDENTE assinam o presente contrato.
Curitiba, 15 de julho de 2010.
______________________________________ Aurineide Maria Moreno
CEDENTE
______________________________________
CESSIONÁRIA
______________________________________
TESTEMUNHA 1
______________________________________
TESTEMUNHA 2
Introdução
”Existe uma Historia do povo negro sem o Brasil. Mas não existe uma Historia do Brasil sem o povo negro” (Januário Garcia)
Professor/a ,
Mesmo sabendo da enorme contribuição de africanos/as e afro descendentes, a es-
cola e, por conseqüência, os livros e o fazer pedagógico tem sido bastante reducio-
nistas na abordagem dessa importante contribuição.
Este material didático pedagógico consiste na elaboração de uma unidade
temática ou conjunto de aulas destinadas a subsidiar os professores em suas aulas
aos alunos da 8º série do Ensino Fundamental, a partir de uma discussão teórico-
metodológica. Como objetivo geral, busca compreender o que é denominado por
quilombos e a cultura quilombola e como estes podem ser pensados como patrimô-
nio material e imaterial, no Estado do Paraná.
Para tanto, buscou-se identificar as regiões quilombolas do Paraná e destacar
em especial, o caso da comunidade remanescente quilombola Manoel Ciríaco dos
Santos, na região de Guairá, como estudo de caso. Buscou-se ainda estudar a origem
e formação dos quilombos rurais e urbanos, como formas de organizações coletivas,
discutindo a questão da identidade e da cultura dos quilombolas no Paraná.
Portanto, nesta Unidade Temática procuramos trabalhar tais conceitos e his-
toricidades e pensar na implementação de um conteúdo que vislumbrasse a prática
pedagógica no ensino de História. Pretendemos, portanto, despertar nos alunos a
curiosidade pelos conteúdos sobre Cultura Afro-Brasileira e Educação Patrimonial.
Para tanto, seguiremos um roteiro para apresentação dos conteúdos:
• Parte teórica: discussões teóricas como subsídios para o professor;
• Parte prática: textos para leitura do aluno que contemplem o tema abor-
dado e atividades (questionários, dramatizações, painéis, documentários
e outros) em sala de aula ou fora dela que o ajudem a refletir sobre a te-
mática. Além disso, será proposta aos alunos uma visita à Comunidade
Quilombola – como um estudo de caso.
Reflexão
Tema 1
Diferentes denominações de quilombos
Nenhum grupo humano jamais aceitou ser escravizado, onde houve escravidão,
houve resistência. Os escravizados, por sua vez, desenvolveram várias formas de
resistência, entre elas, a fuga; fugindo sozinho ou com companheiros e formando
“quilombos”. Uma das principais formas de luta contra a escravidão foi a formação
de quilombos por toda a América escravista.
É necessário, antes de entrarmos neste debate, que vislumbremos a paisa-
gem conceitual que o permeia. A titulação das terras de remanescentes de Quilom-
bo tem como marco referencial a publicação do artigo 68 das Disposições Transitó-
rias da Constituição de 1988, que postula o seguinte: “Aos remanescentes das co-
munidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a pro-
priedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos”.
Os quilombos eram agrupamentos de ex–escravos fugidos de seus senhores
no período colonial do Brasil. Representaram uma das mais importantes formas de
resistência à escravidão. Localizavam-se em regiões de grande concentração de
escravos, em áreas afastadas dos centros de colonização ou em locais de difícil a-
cesso. Embrenhados nas matas virgens, os núcleos se transformaram em prósperas
aldeias, dedicando-se à economia de subsistência e, às vezes, ao comércio.
Quilombo deriva de Kilombo, sociedade iniciativa de jovens guerreiros um-
bundu, adotada pelos invasores jaga - ou imbangala, formados por gente de vários
E é isso que queremos aqui refletir com você:
A PARTE DA CIDADANIA NEGADA NA HIS-TÓRIA BRAS ILEIRA
grupos étnicos desarraigada de suas comunidades. Na África, acampamento de
guerreiros, grupamento militar. Termo oriundo da região da África Central Atlântica.
Palavra oriunda da língua banto umbundo, falada pelos ovibundos (RATTS, 2000, p.
310; MUNANGA, 1996).
Na América Colonial, temos como a primeira referência à denominação de
quilombo o conceito emitido com precisão pelo Conselho Ultramarino (órgão que
administrava as colônias portuguesas) no ano de 1740, define-o como “toda habita-
ção de negros fugidos que passassem de cinco, em parte despovoadas, ainda que
não tenham ranchos levantados nem se achem pilões neles” (MOURA, 1981, p. 16).
Podemos destacar uma série de estudos que buscam recuperar os sentidos
atribuídos ao termo desde sua origem africana. Ney Lopes (1988), além de apontar
que o étimo é originário do quibundo, afirma que é um conceito próprio dos africanos
bantos que vem sendo modificado através dos séculos.
Nascimento (1980, p. 32) argumenta que quilombo é um movimento amplo e
permanente que se caracteriza pelas seguintes dimensões: vivência de povos afri-
canos que se recusavam à submissão, à exploração, à violência do sistema colonial
e do escravismo; formas associativas que se criavam em florestas de difícil acesso,
com defesa e organização sócio-econômico-politica própria; sustentação da continu-
idade africana através de genuínos grupos de resistência política e cultural.
De acordo com Carril (1997), os quilombos foram uma forma de organização
dos escravos, ocorrida em diferentes regiões do território brasileiro, localizada em
regiões estratégicas, ou seja, próximos de cachoeiras ou de rios e de regiões serra-
nas, que não viabilizavam o acesso fácil dos capitães-do-mato. Além dos quilom-
bos, as populações negras buscaram resistir à ordem colonial por meio de fugas e
insubmissão ao trabalho; violência contra feitores, crimes contra os senhores e sui-
cídio (CARRIL, 1997, p. 10).
Moura afirma que, na atualidade, conceituam-se quilombo como comunidades
negras rurais habitadas por descendentes de africanos escravizados que mantêm
laços de parentesco e vivem, em sua maioria, de culturas de subsistência, em terra
doada, comprada ou ocupada secularmente pelo grupo (MOURA, 1999, p. 100).
Seus habitantes, dito "quilombolas", em algumas ocasiões tentaram reprodu-
zir a organização social africana, inclusive com a escolha de reis tribais. A maioria
dos quilombos teve curta duração, pois os senhores de escravos de vilas vizinhas,
visando apossarem-se das terras, organizavam expedições de ataque.
O mais conhecido dos quilombos, o de Palmares, no atual e Estado de Ala-
goas, perdurou por todo o século XVII, dominando amplo território e resistindo a di-
versos ataques de proprietários rurais e do governo colonial.
No presente, existem povoações habitadas por descendentes dos antigos qui-
lombolas. Espalhadas por todo Brasil, essas comunidades são chamadas de rema-
nescentes de quilombos, também podemos encontrá-las no Estado do Paraná como
a Comunidade Manoel Ciríaco dos Santos localizada no município de Guaíra no pa-
trimônio do Maracajú dos Gaúchos.
No Brasil, ao se estudar os quilombos, autores como Gomes (1996) identifi-
cam duas matrizes interpretativas quanto ao fenômeno dos quilombos no Brasil.
Uma primeira denominada “culturalista”, iniciada na década de 1930, e outra surgida
na década de 1960 e referida como “materialista”.
As interpretações culturalistas (década de 1930) buscam compreender tais
formações tomando Palmares como referência e tratando-os como fenômeno do
passado.
A década de 1960 surge com uma nova corrente, qual seja a de interpretações
materialistas na qual a visão a respeito da rebeldia escrava passa a ser inserida no con-
texto analítico da luta de classes sob o escravismo (GOMES, 1996, p. 200-201).
No final da década de 1970, o entendimento do termo quilombo é recolocado
frente ao contexto de reabertura política. Desse modo, os quilombos representaram
uma das formas de resistência e combate à escravidão. Rejeitando a cruel forma de
vida, os negros buscavam a liberdade e uma vida com dignidade, resgatando a cul-
tura e a forma de viver que deixaram na África e contribuindo para a formação da
cultura afro-brasileira.
Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/ Index.html
Tema 2
A história do Quilombo dos Palmares
O quilombo dos palmares teria
surgido em 1597, quando cerca de quarenta
escravos fugiram de um engenho de açúcar
no litoral do Nordeste, refugiando-se na
Serra da Barriga, região montanhosa
situada no atual Estado de Alagoas. O nome
Palmares surgiu porque nesta região se
espalhava grande número de palmeiras.
Em 1630, Pernambuco foi invadido
pelos holandeses prejudicando o controle sobre a população escrava, muito senho-
res de engenho acabaram por abandonar suas terras, o que favoreceu o crescimen-
to do quilombo dos palmares entre as décadas de 1630 e 1650.
Com o passar do tempo, Palmares se transformou em uma espécie de confe-
deração, que abrigava os vários quilombos que existiam naquela localidade. Os afri-
canos e seus descendentes eram maioria, mas em Palmares havia também brancos
pobres e indígenas expulsos de suas terras pelos colonos.
Palmares sempre preocupou as autoridades portuguesas e os senhores de
engenho – por isso, as autoridades enviaram expedições contra o quilombo. As pri-
meiras foram derrotadas pelos quilombolas. Seu líder Zumbi se destaca por sua fir-
meza e liderança.
Na década de 1690, o mercenário Domingos Jorge Velho foi contratado pelas
autoridades para destruir palmares. A capital de Palmares foi incendiada, Zumbi foi
ferido e resistiu por vários meses, em 20 de novembro de 1695, traído por um ho-
mem de sua confiança, foi morto.
A comunidade negra brasileira transformou em 1978 o dia 20 de novembro no
Dia Nacional da Consciência Negra.
Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula= 1714
Zumbi dos Palmares
A história de Zumbi dos Palmares figura dentre as his-
tórias dos heróis nacionais como exemplo de bravura e
tenacidade do povo negro. A palavra Zumbi significa
"duende" em quimbando, uma língua africana.
É originária do "nzumbi". Ao contrário do que muitos
imaginam, Zumbi não nasceu escravo. Francisco, um
brasileiro, um negro, um herói nacional, que depois
adotaria o nome Zumbi, nasceu no quilombo dos
Palmares, hoje no Estado de Alagoas, provavelmente
em 1655.
Este quilombo era uma comunidade auto-
sustentável. Como o quilombo dos Palmares era
formado por 30 mil escravos negros fugidos o governo temia que fossem criados
países dentro do Brasil. Principalmente com a gradativa libertação dos escravos.
Assim como muitos, Zumbi foi capturado quando criança. Foi um dos sobrevi-
ventes de um massacre e foi entregue aos cuidados do “Padre Melo”, em Porto Cal-
vo. Aos seis anos conheceu a escravidão, aprendeu o português e o latim, astrono-
mia, matemática, a história da Bíblia, chegando a coroinha. O “Padre Melo” lhe bati-
zou com o nome de “Francisco”, em homenagem ao Santo que falava com os ani-
mais. Aos quinze anos, fugiu e retornou para sua cidade natal. Sentindo-se emanci-
pado, “Francisco” parte em busca de seu destino, indo parar em Palmares, quando
adota o nome de “Zumbi”
Ativo e muito instruído para a época, ganhou a confiança de todos e é nomeado
o comandante das armas pelo seu tio “Ganga Zumba”, na ocasião o “Rei Supremo de
Palmares”. Aos vinte anos, era respeitado por ser um bom lutador e estrategista militar.
Seu grau de parentesco com os chefes do maior e mais célebre “quilombo” que a histo-
riografia oficial registra, faz deste personagem uma figura mitológica, por sua capacida-
de de comandar e resistir às inúmeras tentativas de destruição daquele reduto de ho-
mens e mulheres livres, encravado nos sertões do Nordeste brasileiro.
Zumbi, com sacrifício e determinação, estava predestinado a ocupar um lugar
na história do nosso País, encarnando os sentimentos mais significativos da digni-
Zumbi:
dade humana, que estão no seu ideário pela preservação da vida, pela implantação
de um clima de justiça e pela busca incessante dos caminhos da “liberdade”. Zumbi,
chefe supremo do “Quilombo dos Palmares” na sua fase mais difícil e gloriosa, era
sobrinho do “Rei Ganga Zumba”, a quem sucedeu e de “Ganga Zona”, este, o mais
temido de todos os chefes. O seu mocambo, ou a capital de sua fortaleza, ficava a
uma distância considerável da Cidade de Porto Calvo. Por ser homem de confiança
dos quilombolas, passou a ocupar o cargo de “General das Armas” na administração
de seu tio. Zumbi já trazia a marca de um valente guerreiro, pois, ferido em combate
em 1675, tornou-se coxo, o que não o impediu de estar à frente de seus comanda-
dos nos momentos mais cruciais das inúmeras batalhas de que participou, vencendo
a maioria.
Convém salientar que no quilombo ”havia negros e negras em sua grande
maioria, mas havia também índios, brancos e até mesmo soldados portugueses, to-
dos unidos na luta pela “liberdade” em combate diuturno contra o regime de escravi-
dão. É importante assinalar que contra o “Quilombo dos Palmares” foram enviadas
expedições com o objetivo de exterminá-lo, sem que tais propósitos fossem alcan-
çados, em virtude dos lances de coragem dos “palmarinos” e das táticas militares
postas em prática por seus comandantes contra os invasores e escravos-cratas
brancos.
Em 1678, Ganga Zumba, primeiro líder do Quilombo dos Palmares e tio de
Zumbi, aceitou a proposta de paz com o governo. Pelo acordo, todos os escravos
fugidos seriam considerados livres. Em troca o governador da Capitania de Pernam-
buco exigia a submissão à autoridade da Coroa Portuguesa. Se não pode vencê-los,
junte-se a eles. Zumbi não só desconfiava deste acordo como não achava justo que
apenas eles fossem considerados livres, enquanto milhões de negros permaneceri-
am como escravos. Zumbi desafiou a liderança de Ganga Zumba. Com apoio do
quilombo sucedeu seu tio, tornando-se o novo líder do quilombo de Palmares.
Durante quinze anos, o governo tentou em vão acabar com o quilombo. A Co-
roa Portuguesa se viu na obrigação de formar o maior contingente imperial de sol-
dados e militares para socorrer a região do Nordeste, onde era sempre derrotada
cada vez que tentava enfrentar os guerreiros negros do “Quilombo dos Palmares”. É
evidente que a notícia dos êxitos alcançados pelos negros em seus “quilombos”
anima os negros cativos e das senzalas do Brasil, levando-os a sonhar com a liber-
dade próxima e possível. Tendo-se informações de que, desde 1602, eram encami-
nhadas expedições para enfrentar áreas estabelecidas com maciça presença de ne-
gros no “Quilombo dos Palmares” e que, desde o século XVII os escravos já procu-
ravam a vida livre naqueles redutos. Poder-se constatar assim, que a guerra dos
“Palmares” tenha se estendido, no mínimo por cem anos, ou mais.
A nação “Palmarina” começou a ser formada a partir de 1597, segundo afir-
mam alguns historiadores e o seu território, em permanente crescimento com a vin-
da de negros fugidos do cativeiro, estendia-se pelos Estados de Alagoas e Pernam-
buco, chegando a ter cerca de 30 mil habitantes no auge de sua existência, com
“Zumbi”à frente de seu comando, de esperanças e de lutas pela “liberdade”.
Conta-se que os dirigentes de “Palmares” possuíam várias mulheres e que
este costume foi trazido da África. Zumbi, por exemplo, tinha três mulheres guerrei-
ras que serviam de referência para as demais pela bravura, coragem e dedicação
que dispensaram às suas famílias. É bom lembrar que o “Quilombo dos Palmares”
representava uma autêntica “República Negra” com a sua organização militar, de
trabalho e de produção; já trabalhavam o ferro e a agricultura que incluía o plantio de
mandioca, cana-de-açúcar e a criação de gado era cultivada de forma a suprir as
necessidades internas, sendo que o excedente era trocado com a vizinhança por
sal, pólvora e armas de fogo.
“Ganga-Zumba”, no seu tempo, e “Zumbi” dispensavam toda a sua atuação
assistindo a cada uma dessas fases de operação com energia e compreensão e até
com certo planejamento. Era de esperar que tais êxitos e tal demonstração de inde-
pendência, haveriam de ter o seu preço diante da ameaça que um “Quilombo” como
o de “Palmares” passava a representar aos olhos de Portugal.
Desse modo, os inimigos de “Palmares” começaram a conjugar os seus es-
forços com vistas a destruir aquela organização política comandada por um negro
chamado “Zumbi”. E a guerra se estabeleceu. Depois de vencer dezenas e dezenas
de batalhas contra os invasores brancos Zumbi acabou perdendo a guerra final. Em
6 de fevereiro de 1694 Palmares foi invadido e sua capital, Macaco, destruída. Na
luta, Zumbi foi ferido, mas conseguiu fugir. Dois anos depois foi denunciado por um
antigo companheiro. Zumbi foi capturado, condenado e morto pelo Estado. Sua ca-
beça foi exposta em praça pública no Recife. Um recado do governo que a corda
arrebenta sempre do lado mais fraco. Segundo Clóvis Moura, “Zumbi tinha uma vi-
são do futuro que somente os grandes revolucionários possuem”. “Este é o legado
político da República dos Palmares. Este é o legado de Zumbi dos Palmares – um
legado revolucionário!”.
Tema 3
Formação e Localização das Comunidades Tradicionais Negras e Quilombolas no Paraná
No estado do Paraná, os descendentes de escravos africanos que foram feitos es-
cravos nas fazendas existentes se estabeleceram em células familiares no meio ru-
ral em alguns municípios paranaenses, principalmente nos trajetos que são conheci-
dos atualmente como caminhos das tropas para a condução de gado e de comércio.
E ainda, nos caminhos em que se encontravam os antigos garimpos – tanto de ouro
de lavagem como os de mina – nesta região, conhecida como Vale do Ribeira, estão
as maiores concentrações de negros tanto do Estado de São Paulo como do Estado
do Paraná.
Também é possível encontrá-los no sertão de Tigagi, nos caminhos onde se
buscaram pedras preciosas; também através dos caminhos do litoral por onde che-
Fonte: http://www.itcg.pr.gov.br
Manoel Ciriaco dos Santos
gavam os navios negreiros: Paranaguá, Antonina e Morretes; aos locais de guarda
da mercadoria, ilhas aos longo da costa marítima paranaense como no município de
Guaraqueçaba – Ilha das Peças – lugar onde eram vendidos os escravos (as pe-
ças). Esta população, hodiernamente, distribui-se em mais ou menos 100 comuni-
dades, sobrevivendo da agricultura de subsistência, caça, pesca e extrativismo. É
interessante ressaltar que apenas 36 grupos familiares foram certificados pela Fun-
dação Cultural Palmares, uma vez que se declaram como Comunidades de Rema-
nescentes de Quilombos. Para chegar aos núcleos onde vivem estas populações é
necessária uma viagem demorada por caminhos difíceis com estradas em terreno
acidentado ou, muitas vezes, nem estrada havia. Neste caso, o percurso devia ser
feito a pé; em uma caminhada que poderia durar muitas horas.
Nas comunidades de Remanescentes de Quilombos e nas Comunidades
Tradicionais Negras, somente os negros com idade avançada são versados para
contar às histórias que envolvem a trajetória de seus antepassados: a fuga do cati-
veiro daqueles que fundaram a comunidade ou o quilombo e das outras famílias ne-
gras, que foram chegando posteriormente; como houve a aproximação das famílias
através de afinidades e interesses mútuos: produção, casamentos, veneração ao
santo etc. Os mais jovens, infelizmente, parecem pouco interessados nesses acon-
tecimentos do passado e, por isso, acabam também desconhecendo a sua própria
história.
De fato, as novas gerações não se interessam em permanecer nestas regi-
ões; assim, alguns vendem seus pedaços de terra ou, ainda, apenas abandonaram
suas casas em busca de uma vida melhor nas cidades mais próximas ou até na ca-
pital do Estado, Curitiba. Esse é um fator preocupante, porque essas famílias aca-
bam engrossando as favelas, propiciando a invasão de terrenos das prefeituras e
acabam em condições degradantes, sem nenhum tipo de assistência. Os mais ve-
lhos não deixam o quilombo para visitar as cidades, somente em casos de tratamen-
to de saúde, para fazer documentos, ou então receber a aposentadoria.
São apresentadas, abaixo, as comunidades quilombolas situadas no estado
do Paraná:
Comunidades Quilombolas do Paraná (certificadas)
MUNICÍPIOS COMUNIDADES R/U FAMÍLIAS HABITANTES 1. ADRIANÓPOLIS Comarca Bocaiuva Sul
01 João Surá
R 41 149
02 Praia do Peixe R 6 23 03 Porto Velho R 15 66 04 Sete Barras R 18 73 05 Córrego das Moças R 20 68 06 São João R 17 62 07 Córrego do Franco R 77 208 08 Estreitinho R 12 33 09 Três Canais R 4 13 2. BOCAIÚVA DO SUL Comarca Bocaiúva Sul
10 Areia Branca R 16 30
3. CAMPO LARGO Comarca Campo Largo
11 Palmital dos Pretos R 27 108
4. CANDÓI 12 Despraiado R 42 210 13 Vila Tomé R 21 110 14 Cavernoso R 12 86 5. CASTRO Comarca Castro
15 Serra do Apon R 49 176
16 Limitão R 30 106 17 Tronco R 15 62 18 Mamãs R 8 27 6. CERRO AZUL Comarca Cerro Azul
18 Mamãs R 11 38
7. CURIÚVA Comarca Curiúva
19 Água Morna R 19 61
20 Guajuvira R 38 132 8. DR. ULYSSES Comarca Cerro Azul
21 Varzeão R 8 30
9. GUAÍRA Comarca Guaíra
22 Manoel Ciriaco dos Santos
R 7 42
10. GUARAPUAVA Comarca Guarapuava
23 Invernada Paiol de Telha
R 85 325
11. GUARAQUEÇABA Comarca Antonina
24 Batuva R 24 94
25 Rio Verde R 22 80 12. IVAÍ Comarca Imbituva
26 Rio do Meio R 22 84
27 São Roque R 51 203 13. LAPA Comarca Lapa
28 Restinga R 37 271
29 Feixo R 84 343
Fonte: http://quilombosnoparanaspaceblog.com.br/
Fonte: http://www.itcg.pr.gov.br
Tema 4
Comunidade remanescente quilombola
Manoel Ciriaco dos Santos – Guaíra
No estado do Paraná
já foram identificadas 86
comunidades e destas 36 já
foram reconhecidas. Uma
dessas é a comunidade
quilombola Manoel Ciriaco
dos Santos, localizada no
Município de Guaíra – PR
na localidade de Maracajú
dos Gaúchos. Esta
comunidade foi reconhecida em 2007 pela Fundação
Zumbi dos Palmares. Nessa comunidade hoje vivem 07
famílias, perfazendo o total de 42 pessoas. Tem 03 jovens entre 15 e 20 anos e 13
jovens de 0 a 15 anos. Ocupam uma área de 06 alqueires, mas o espaço de explo-
ração é menor devido a área de reserva às margens do córrego Birigui ao fundo
(sul) da propriedade.
O grupo de trabalho Clóvis Moura assinala que as comunidades quilombolas
são grupos étnicos, compostos basicamente por uma população negra rural ou ur-
bana. Essa população se autodefine a partir das relações com a terra, o parentesco,
o território, a ancestralidade, as tradições e práticas culturais próprias, cujo objetivo
é fazer a ponte entre o governo do Estado e as comunidades quilombolas. Através
dos seus distintos órgãos o governo Estadual e Federal, promove o etno-
desenvolvimento das comunidades quilombolas. Esta iniciativa visa melhorar as
condições de vida e fortalecer a organização dessas comunidades por meio de a-
cesso a terra, promover cidadania, valorizar experiências históricas e culturais, re-
cursos ambientais desses grupos para potencializar sua capacidade de autonomia.
No concernente à comunidade Manoel Ciriaco dos Santos, o senhor José Ma-
ria dos Santos, filho do patriarca Manoel Ciriaco dos Santos, relatou que o senhor
Manoel chegou à localidade de Maracajú dos Gaúchos no ano de 1964, vindo do
estado de Minas Gerais, da localidade de Santo Antonio do Itambé do Cerro, atual-
mente, Itambé do Cerro (norte de MG). Seus antepassados trabalharam na minera-
ção, nos engenhos de açúcar. O senhor Manoel Ciriaco dos Santos trabalhou nas
lavouras cafeeira, deste trabalho é que ajuntou o dinheiro para comprar a proprieda-
de. Ele veio com a família que era composta por 08 filhos. Ao chegar aqui comprou
15 alqueires de terras férteis e plana, ótima para o desenvolvimento da agricultura.
A comunidade de Maracaju dos Gaúchos é formada por descendentes de ita-
lianos, por isso a convivência não foi fácil, eles eram impedidos de comprar os ali-
mentos básicos nas vendas (nome dado aos pontos de comércio da época), fre-
qüentar a igreja e as festas da comunidade. Devido a estes constantes constrangi-
mentos (discriminação/racismo) isolou-se, assim permaneceu desconhecida para os
moradores da cidade e pelo município por um longo período de 1964 a 2003.
No entanto, as mudanças nas formas de manejo do solo, ou seja, o processo
de mecanização e a entrada do biênio soja/trigo contribuíram para que 40 pessoas
deixassem a propriedade em busca de novas oportunidades de trabalho. Com pro-
blemas financeiros e falta de mão-de-obra, o senhor Manoel vendeu parte da propri-
edade, ou seja, 09 alqueires e sobraram 06 alqueires e passou a cultivar produtos
de subsistência. Com a morte do senhor Manoel pensou-se em vender a proprieda-
de e fazer a partilha, mas através da Lei 10.639/03, procuram ajuda da administra-
ção pública.
No ano de 2007, o grupo foi reconhecido como remanescente de quilombo e
passou a se chamar comunidade quilombola Manoel Ciriaco dos Santos, uma ho-
menagem ao Sr. Manoel, o patriarca do grupo. Após o reconhecimento, a comuni-
dade organizou-se num modelo cooperativista, onde tudo passou a ser coletivo. A
produção é diversificada (feijão, mandioca e hortifrutigranjeiros) usam para a subsis-
tência do grupo e os excedentes vendem nos supermercados da cidade de Guaíra.
Com algumas dificuldades, a comunidade luta para resgatar e preservar suas
tradições, em uma tentativa de preservar os costumes passados de geração a gera-
ção. A comunidade mantém viva as crenças e hábitos como: o candomblé, as festas
juninas, as rodas de ladainha e capoeira, as danças, os remédios caseiros e a pro-
dução artesanal da farinha de mandioca.
Alguns acontecimentos marcaram a rotina da comunidade, no dia 11/05/2007
receberam 230 livros do programa Arca das Letras para montar a biblioteca. Em a-
bril de 2008, foi montado o Telecentro Rural, portas de acesso gratuito à internet.
Nesse projeto, são 06 computadores interligados em rede através do programa Ge-
sac (Governo eletrônico – Serviço de atendimento ao cidadão), do ministério das
comunicações (unidade de inclusão digital ou telecentro). O programa conta com a
parceria do ministério das telecomunicações, Banco do Brasil, Eletrosul, Eletrobrás,
governo do estado e prefeitura municipal e está avaliado em 70 mil reais.
Práticas Pedagógicas
Conviver com as diferenças... rumo ao Quilombo!
Desenvolvimento das atividades em sala de aula
� Primeiramente, desenvolver leitura de textos sobre a origem dos quilombos,
quilombolas.
� Expor filmes que também abordam a temática dos quilombos, uma possível
indicação seria o filme “Quilombo”, de Cacá de Diegues, ou ainda o documen-
tário Paiol de Telha (APP Sindicato)
� Assistir documentários, sugestão “TVescola” Volume II n° 27 programas 5 e 6.
� Assistir o vídeo: “Quilombo urbanos” siga o link abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=xMIwxH22mcM&feature=PlayList&p=4E7034C962F2486C&playnext_from=PL&index=0&playnext=1
� Destacar que está ocorrendo, no estado do Paraná, neste início do século
XXI, uma pesquisa de campo com o objetivo de mapear e fazer um levanta-
mento das comunidades quilombolas. Consultar o relatório: “Comunidades
Negras Tradicionais, Remanescentes de Quilombos – Terras de Preto”, apre-
sentada no 1º Encontro do Fórum permanente de Anais Eletrônicos do VII
Encontro Internacional da ANPHLAC Campinas – 2006 ISBN 978-85-61621-
00-1 Educação e diversidade étnico-racional do Estado do Paraná em de-
zembro de 2005;
� Trabalhar o texto jornalístico: “Ação pública garante direitos de cidadania à
comunidade quilombola”. Jornal da Educação . Curitiba-PR: Secretaria de
Estado da Educação. a. IV, n. 46, 2006. p. 6. Depois do trabalho com esse
texto jornalístico, analisar com os alunos o artigo 68 da Constituição brasileira
de 1988, que reza: aos remanescentes das comunidades dos quilombos que
estejam ocupando suas terras, é reconhecida a propriedade definitiva, deven-
do o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.
1º etapa: definição de conceitos
Neste primeiro momento, apresentar-se-á um material introdutório, em que
devem ser elaborados alguns conceitos pelos alunos para que consigam compreen-
der que a sociedade brasileira não é homogênea. Do ponto de vista cultural, a soci-
edade se caracteriza pela diversidade. É importante ressaltar que essa diversidade
será estudada a partir de uma comunidade: os quilombolas. Neste momento, desta-
que a importância do estudo de grupos sociais, cujo modo de vida é bastante dife-
rente da realidade vivida pelos alunos. Faça uma consulta prévia na classe e verifi-
que se os alunos têm algum conhecimento do assunto.
2º etapa: pesquisa/levantamento de dados
Através da pesquisa realizada, observou-se que foram registradas comunida-
des quilombolas nos estados da Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Pernambu-
co, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. A partir desses dados, o
professor pode dividir a classe em grupos e atribuir a cada um deles o estudo das
comunidades de um ou dois estados. Pode ser entregue a cada grupo um roteiro
para orientar a pesquisa (por exemplo, quem são os quilombolas, sua história, onde
habitam características do meio natural onde vivem, atividades econômicas desen-
volvidas, práticas religiosas, a legislação existente, as principais dificuldades enfren-
tadas, a questão da titulação da terra etc.).
Superada a fase de levantamento de dados e sistematização do material cole-
tado, reserve uma aula para discutir o andamento do trabalho. Estimule os alunos a
comentar a pesquisa com a classe, descrever os aspectos mais interessantes, falar
das dificuldades encontradas. Os grupos podem trocar informações, indicar fontes
de consultas debaterem eventuais resultados divergentes.
3º etapa: trabalho de cartografia
Como apresentação final do trabalho, cada grupo deve elaborar um mapa
com a localização das áreas de comunidades quilombolas.
4º etapa: elaboração da maquete
Os grupos devem escolher uma ou mais comunidades quilombolas pesquisa-
das e realizar uma maquete, na qual devem estar identificadas as principais caracte-
rísticas da área geográfica em questão e o modo de vida dos habitantes.
Produto final:
Como produto final do trabalho, além da maquete, os alunos deverão entregar
os resultados da pesquisa de maneira bem organizada (mapa, texto, bibliografia e,
se houver material iconográfico). Cada grupo apresentará aos demais alunos suas
conclusões principais e a maquete, explicando as principais características do espa-
ço retratado.
Desenvolvimento da atividade de campo visitas e exc ursões
Nesta etapa, a turma poderá visitar uma comunidade remanescente de qui-
lombo, próximo ao seu município. O professor deve adotar os seguintes passos:
a) Dividir a turma em cinco grupos, organizando-os da seguinte forma:
Grupo 1 - Formação histórica da comunidade quilombola Manoel Ciríaco dos Santos
localizada em Guairá Pr.
Grupo 2 - Descrição etnográfica e descrição da paisagem (observar, descrever e
fotografar).
Grupo 3 – Sistema de produção
Grupo 4 - Costumes
Grupo 5 - Assistência social
b) Criar com a turma um roteiro da entrevista.
Para saber mais: livros e sites
Livros:
http://books.google.com.br/books?id=3C5E8iebqYoC&printsec=frontcover&dq=palmares&source=bl&ots=Q7kSU1UH2y&sig=pAfKkPkte7vIE2o35VaZabAw3fA&hl=pt-BR&ei=jsr-Sb6LoGruAe8lIGqCw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=10&ved= 0CDMQ6AEwCQ#v=onepage&q&f=false Titulo: Terras de Preto, Mocambos, Quilombos: história de 9 (nove) comunida-de negras rurais do Brasil. Autor: Ricardo Teles Editora: Abooks. Ano: 2002
Titulo: O rei zumbi, um herói da liberdade. Autor: Big Richard Editora: Planetinha Paz, SP 1998. .
Sites
http://topicos.estadao.com.br/noticias-sobre-quilombos noticias
http://www.saberweb.com.br/historia/historia_do_brasil/quilombo_dos_palmares.htm
http://intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/ETIC/article/viewFile/1429/1365 No Brasil quilombos.
http://www.mst.org.br/book/export/html/24
http://www1.folha.uol.com.br/fol/brasil500/zumbi_17.htm
http://quilombonoticias.blogspot.com
http://educacao.uol.com.br/historia-brasil/ult1689u36.jhtm
Referências
CARRIL, Lourdes. Terras de negros: herança de quilombos. SP: Scipione, 1997. (Ponto de Apoio).
______. Ainda sobre os quilombos: repensando a construção de símbolos de i-dentidade étnica no Brasil. In: FRY, Peter; REIS, Elisa (orgs.) Política e cultura: vi-sões do passado e perspectivas contemporâneas. São Paulo: ANPOCS, 1996.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL: promulgada em 05 de outubro de 1988, atualizada até a Emenda Constitucional n. 44, de 30 de junho de 2004. 2. ed. RJ: América Jurídica, 2004. p. 63.
GOMES, Flávio dos Santos. Histórias de Quilombola: Mocambos e comunidades de senzalas no Rio de Janeiro - século XIX. Rio de Janeiro, Arquivo Nacional, 1995. 1996
LOPES, Nei. Bantos, Malês e Identidade Negra . Rio de Janeiro, Forense Universi-tária, 1988.
MOURA Glória. Os quilombos contemporâneos e a Educação . Revista Humani-dades Brasília: Editora UNB ,n. 47, nov. de 1999.
MOURA, Clovis. Os quilombos e a rebelião negra . 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1981.
______.Rebelião da senzala. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988.
MUNANGA, Kabengele. Origem e histórico do quilombo na África . Revista USP. São Paulo, n. 28, 1996, p. 56-63.
NASCIMENTO, Abdias. O Quilombismo . Petrópolis: Vozes, 1980.
NASCIMENTO, Beatriz do. O Conceito de Quilombo e a Resistência Cultural A-fro-Brasileira. In: NASCIMENTO, Elisa Larkin. Org. Sankofa: Resgate da Cultura Afro-Brasileira, v. 1, p. 197- 215. Rio de Janeiro: SEAFRO, 1994.
RATTS, Alecsandro J. P. Reconhecer quilombos no território brasileiro : estudos e mobili-zações. In: FONSECA, Maria N. Soares. Brasil, afro-brasileiro. Belo Horizonte: autêntica, 2000.
REIS, João José. Liberdade por um fio : história dos quilombos no Brasil. São Pau-lo: Companhia das Letras, 1996.
REIS, João José; SILVA, Eduardo. Negociação e Conflito : a resistência negra no Brasil escravista. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
RICHARD, Big. O rei zumbi, um herói da liberdade . SP: Planetinha Paz, 1998.
SANTOS, Joel Rufino dos. Quem é quem na negritude brasileira . Ministério da Cultura e Fundação Cultural Palmares. Disponível em: http://www.juliodiagonjusi.kit. net/zumbi.htm. Acesso em: 5 jul. 2010.
Top Related