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A origem da Dança Cigana

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Dança Cigana

A história conta que a origem da dança cigana é na região de Kashemira, noroeste da Índia, fronteira com o Paquistão às margens do rio Indo, berço do povo cigano. Por volta de 3.000 anos atrás, esse povo partiu, expulso por árabes, e se dividiu em vários grupos espalhados pelo mundo. A caminho da Grécia, onde ficaram por vários séculos, eles passaram pela Pérsia, Turquia e Armênia, com isso sua dança sofreu diversas influencias folclóricas.

Na Espanha, influenciados pelo flamenco as ciganas dançavam a Rumba Gitana, alem da utilização do xale e leque. Na Rússia, mostravam graciosidade com lenços coloridos. Na Hungria eram os pandeiros adornados com fitas coloridas que enriqueciam a dança. No Oriente, o movimento dos quadris revela toda sensualidade, graciosidade e força. Além destas houve também influencia dos povos hebreus, mouros, bizantinos e árabes.

Alguns ciganos no Brasil conservam a tradicional musica e dança cigana húngara, em reflexo da musica do leste europeu com toda influencia do violino, que é seu mais tradicional símbolo. A música mais tocada é a Kaldarash, própria para danças com acompanhamento de ritmo das mãos e dos pés e sons emitidos sem significação para efeito de acompanhamento e são repetidas várias vezes enquanto as moças dançam.

A figura feminina é exaltada na dança, pois as mulheres são a perfeita personificação da figura cigana. Não gostam de cortar os cabelos, como eles nascem do alto da cabeça estão naturalmente imantados com a energia mais pura, eles acreditam que os cortando perde-se a força inclusive a magia. Os decotes são comuns, já que a cigana, quase sempre, tem os seios volumosos, o que alem de afirmar a força feminina mostram a disposição que tem pela vida, pois os seios têm o papel de sustentar os ciganos que nascem.

A dança é utilizada como forma se aproximar mais de Deus, bastando por si só como oração. Quando estão tristes ou alegres, recorrem a essa magia pra se harmonizarem. E é através da dança que se abrem os portais que ligam o mundo espiritual ao material.

A dança cigana não é encarada como um ofício, os espetáculos montados são feitos, geralmente, por bailarinos não ciganos (gadje). Os passos não são apresentados em aula, eles dançam com a alma, o coração e a emoção. Na dança individual ou em grupos, não existia nenhuma coreografia pré-concebida. É uma dança solta, da alma.

A graça está em cada pessoa ouvir a voz do seu coração e permitir que se conduza levemente. Como diz Niffer Cortez (uma das poucas bailarinas ciganas)

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“Marcar uma coreografia, para o cigano, é prendê-lo, é não dar liberdade aos seus movimentos”. Porem, como atualmente, danças são apresentadas também em palcos e eventos, tecnicamente começaram a criar coreografias pré-determinadas e ensaiadas; unicamente, deve-se respeitar a cultura, sabendo que não existe uma técnica regida de dança, mas forma de dançar ciganamente.

Como terapia, a dança cigana promove sociabilização, autoconhecimento, a auto-estima, a conscientização corporativa. A prática permite a mulher encontrar equilíbrio entre mente e corpo, uma sensação de harmonia e integração, resultante dos movimentos alegres e fortes, fortalecendo a confiança no próprio ser e fomentar a aceitação da sua feminilidade.

Pode ser praticada em qualquer idade, pois tem apenas efeitos benéficos para o corpo. É uma excelente alternativa como atividade física, proporciona o aumento da flexibilidade e tônus muscular, auxilia na reeducação postural, aprimorando coordenação motora e as funções cardiorrespiratórias.

A Romá (os ciganos) estão espalhados pelo mundo, e onde há cigano, há música e dança, cada um com o seu estilo. Entre a Romá, a dança é aprendida desde a infância e não existe idade limite para se dançar.

Na Rússia, Hungria e Romênia, a dança consiste em movimentos alternados dos ombros, acompanhados ao movimento das saias/ou lenços, ás vezes estalam os dedos e de acordo com o ritmo da música é utilizado o pandeiro (adornado com fitas coloridas), usam botas devido ao clima local.

Na Espanha, predomina a rumba cigana que são movimentos das mãos com os quadris e os pés, alternados com movimentos fortes das saias, e também é utilizado o lenço, leque e o xale.

Na Itália, é uma mistura de dança típica italiana com um toque cigano, dançam como se estivessem brincando, dançam homens, mulheres, crianças, todos juntos, fazem roda... É a dança cigana que transmite a mais pura alegria.

No Oriente, com o movimento forte dos quadris, relevam toda a sua graça e sensualidade.

No Brasil, com o passar dos séculos (desde 1574), foram perdendo este Dom, sendo muitos então, influenciados pela dança cigana européia. Então a dança cigana brasileira é uma mistura das danças da Rússia, Hungria, Romênia e Espanha (irá depender do ritmo da música), só que não usam botas, dançam descalço e algumas ciganas dançam até com salto alto, criando um estilo próprio, que hoje é copiado por muitos dançarinos ciganos.

Dança cigana – Elementos

Em se tratando de dança cigana podemos observar o uso da vários instrumentos agregados ao bailado, variando de acordo com a procedência deste mesmo bailado. Estes instrumentos podem ter um caráter ritualístico ou não dentro da cultura cigana, representando sim, uma mensagem a ser passada seja ela emocional ou mística. Os mais comuns instrumentos que encontramos são:

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Cesto Véu Lenço Flores Pandeiros Espada Punhais Xale Leques Incensos Fitas Snujs CastanholasQuando falamos de elementos, é isso mesmo que representam o que usamos ao

dançar, o leque, lenço, castanholas, pandeiro, entre outros; cada um deles tem um significado e uso especial, complementam e objetivam as mensagens que queremos passar, seu uso ou não nas danças ciganas depende dos costumes do grupo ou das famílias, os lugares pelos quais passaram e quanto tempo ficaram as afinidades e as origens ancestrais.

Alguns estilos praticados:

Dança do leque: dança do elemento ar que representa o amor, a sensualidade e a limpeza.

Na dança cigana os primeiros passos começam pela postura, caminhar, ombros, braços e giros; o leque passeia há séculos nas mãos das mulheres, mas seu uso prático pouco tem a ver com os aspectos valorizados pela cigana ao dançar. Da maneira que se abre pode representar as fases da lua e da mulher, seus reais desejos ou apenas o que quiser demonstrar; é um poderoso instrumento de limpeza energética, magia para a cura e sedução. Sendo assim, está constantemente nas mãos espertas de uma cigana, atraindo a atenção para seu mistério e poder. O leque é mais característico nas danças kalóns (Espanha), mas pelo seu encanto as mulheres que gostam, usa-o sempre que podem na sua dança.

Dança do xale: representa o mistério e a magia do elemento fogo.Representa agradecer todas as dádivas ao criador, a sua força, o poder

de ser mãe, o poder de seduzir o seu amor e também proteção e família. É usar toda poesia, força e magia. Nunca deixe outra pessoa pegar o xale, não derrubar, pois ele é a sua essência feminina. Enfim... Dançar com o xale é agradecer, exibir e proteger suas estrelas.

Dança da rosa: Elemento terra. Representa o amor, a beleza, a conquista e a sensualidade.

Dança das fitas coloridas: Elemento água representa as lágrimas de alegria e tristeza derrubadas pelo povo Cigano. Não lamento, mas também a comemoração.

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Dançar com fitas é quase uma brincadeira de criança, alegra qualquer tipo de ambiente, festejam os nascimentos e casamentos, os movimentos das fitas rodopiantes manifestam o ritmo da vida e a alegria de fazer parte dela. As Fitas são mais utilizadas nos ritmos Rons, porém conforme o que se quer passar a dança se adéqua a qualquer ritmo alegre.

Dança com lenço e echarpe: representa o elemento ar e expressa a leveza do corpo e a sensualidade.

O lenço é encantador segurado delicadamente nos dedos da cigana, envolvendo-a de mistério e aos poucos revelando sua beleza e poder. Ao dançar com o lenço, seus desejos, sentimentos e sonhos são movidos pelo deslizar do lenço pelo ar, no transe da música, livre como o vento e infinito como o céu. O lenço também transforma e limpa o ambiente, pode representar pedidos ou coisas da vida que queremos mudar ao dançar. É uma das danças ciganas femininas mais belas, por isso pode ser encontrada de várias formas nas danças de todos os grupos ciganos. Representa união, casamento e amor. O lenço também é utilizado para a prova da virgindade.

Dança das tochas: Mostra a fúria e o poder do fogo através das tochas acesas que reverenciam este elemento.

Dança do pandeiro: Dança dos quatro elementos, denota a alegria e sugere uma festa. Serve também para purificar o ambiente.

O pandeiro traz a alegria do sol, saudando-o com inúmeras fitas coloridas, representando seus raios protetores e vivos. Como todo instrumento que faz barulho, ele tem como função expulsar os maus espíritos ou energias negativas, abrindo caminho para o povo festejar. Sua mensagem é mover, transformar o que está parado em ritmo, revigorar o nosso corpo com a alegria e o calor da dança, assim como o sol faz conosco.

Dança dos sete véus: Para os ciganos essa dança representa uma despedida de solteiro. E os véus coloridos representam as sete cores do arco-íris e simbolizam o amor e a sensualidade. As cores dos véus representam os quatro elementos.

Dança do punhal: Elementos ar e terra. Significa lutas, disputas, fúria e pode simbolizar a limpeza do ambiente e do corpo.

Dança dos quatro elementos: Feita com representações dos quatro elementos como: Vela, incenso, jarro d'água e sal. Significa magia e limpeza do ambiente.

Outros elementos e acessórios que a bailarina usa em sua dança:

Saia: Representa toda a força cigana, a sedução, respeito e alegria e quanto mais rodada a saia, maior é a sua força. Bater a saia é limpar, ordenar ou mesmo harmonizar as energias que estão equilibradas. A saia guarda o nosso útero que ser mãe é uma dádiva divina.

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Pulseiras: Representa o poder material que a cigana tem. Tochas: Representa purificação e limpeza. Cestas de flores, frutas e pães: Oferendas e presentes. Castanholas e snujs: Ritmo e musicalidade. Espada: Representa luta, guerreira, batalhadora.