O agricultor e pecuarista Ronaldo Macá-
rio, morador da comunidade Sítio Saguim,
em Tupanatinga, no Agreste de Pernambu-
co, mudou sua vida. Em 2008, ele partici-
pou de um curso técnico em agroecologia
oferecido pelo Serviço de Tecnologia Alter-
nativa (Serta), do município de Ibimirim.
Admirado com toda a eficácia das tecnolo-
gias de convivência com o Semiárido, resol-
veu implantar na sua propiedade as práticas
agroecológicas aprendidas no curso . “Logo
que eu comecei a fazer o curso no Serta, eu
me identifiquei. Comecei a ter um olhar
diferente sobre como trabalhar com a terra
e como cuidar do meio ambiente. Produzir as quatros seguranças que uma propriedade precisa:
segurança hídrica, segurança alimentar, segurança energética e segurança em nutrientes. Eu comecei a
visar coisas simples, saber que com uma simples garrafa pet eu posso ter um aquecedor solar e uma
horta, por exemplo”, disse.
Antes do curso, todo o trabalho de Ronaldo e sua família era voltado a criação de gado. Através da
venda de leite e queijo, tirava o sustento da casa – agricultura era secundária, apenas com o cultivo de
milho e feijão. Hoje, no terreno, são desenvolvidas inúmeras técnicas agroecológicas, tanto voltadas à
agricultura familiar, como criação de bovi-
nos, suínos, ovinos e aves. Apoiado pelo
Serta, Ronaldo fez de sua propriedade, de
59 hectares, um centro de experiências e
práticas agroecológicas, que se destaca em
meio ao contexto de seca e dificuldades do
Semiárido Pernambucano.
Toda lavoura produzida é repartida entre
os familiares e vendida a uma clientela fixa,
que Ronaldo conquistou ao longo do tempo
como vendedor de leite. “Meus produtos
são muito bem aceitos. Os benefícios da
agroecologia para o animal e para o ser
humano são muito grandes. Quando o
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 8 nº 2060
Agosto/2014
Tupanatinga
De pecuarista a professor: uma história de transformação
através da Agroecologia
Pondo em prática técnicas agroecológicas, Ronaldo Macário, superou as dificuldades. Hoje sua propriedade é referência no Semiárido.
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Pernambuco
cliente compra um leite, ou uma verdura agroeco-
lógica, ele sabe que ali não tem veneno. Tudo é
produzido sem agrotóxico”, afirma Macário.
Entre as tecnologias implantadas no sítio de
Ronaldo encontra-se estruturas de armazena-
mento de água, como lagos de cimento, cisternas
de ferro e cimento de 7, 16 e 52 mil litros do
Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), hortas
sustentáveis de garrafas pet, biodigestor, aque-
cedores solares de garrafas pet e muros de pedra.
Na casa de Ronaldo, tudo é reaproveitado dentro
do próprio sistema de produção. “Aqui quando a
horta estraga, eu dou para as galinhas e para o
porco. Também uso a folhagem morta como
adubo natural. Nada se perde”, diz.
O sítio recebe grupos de agricultores e alunos do Serta, onde o próprio Ronaldo ministra as aulas
sobre agroecologia e tecnologias de convivência com o Semiário. Em parceria com o Serta, toda a
família de Ronaldo – contando com os pais e os avós, que moram em casas próximas na mesma
propriedade – trabalham na manutenção e desenvolvimento das ações agroecológicas. O local também
se tornou ponto de apoio para a instituição, que possui alunos estagiando na propriedade sob a
supervisão do Ronaldo. “Toda a família ajuda a cuidar do quintal. Quando acontecem intercâmbios e
aulas, todo mundo participa e também aprende novas coisas. Isso tem ajudado até a unir mais a minha
família”, lembra Ronaldo.
Para Ronaldo, o conhecimento adquirido em agroecologia foi um marco em sua vida. A dificuldade se
tornou oportunidade de desenvolvimento. “Hoje eu vejo o mundo de outra forma. Eu sei que estou
produzindo algo que vai trazer saúde para todos. Antes eu vivia em um deserto, hoje eu semeio vida ao
meu redor”, afirmou.
Realização Apoio
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