UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL
CATARINA COTRIM DE MATTOS SOBRINHO
DIAGNÓSTICO FITOSSANITÁRIO E AVALIAÇÃO DE NIM NO CONTROLE DE
ALGUMAS PRAGAS DE Heliconia spp. NO LITORAL SUL DA BAHIA
ILHÉUS - BAHIA
2008
2
CATARINA COTRIM DE MATTOS SOBRINHO
DIAGNÓSTICO FITOSSANITÁRIO E AVALIAÇÃO DE NIM NO CONTROLE DE
ALGUMAS PRAGAS DE Heliconia spp. NO LITORAL SUL DA BAHIA
Dissertação apresentada à Universidade Estadual de Santa Cruz, para obtenção do título de Mestre em Produção Vegetal.
Área de concentração: Proteção de Plantas
Orientadora: Profª Maria Aparecida Leão Bittencourt
ILHÉUS - BAHIA
2008
3
M444 Mat tos Sobr inho, Catar ina Cot r im de.
Diagnóst ico f i tossan i tá r io e ava l iação de n im no cont ro le de a lgumas pragas de Hel icon ia spp. no L i to ra l Su l da Bah ia / Catar ina Cot r im de Mat tos Sobr inho. –
I lhéus, BA: UESC/PPGPV, 2008. 96f . : i l . Or ientadora: Mar ia Aparec ida Leão B i t tencourt . Dissertação (Mest rado) – Un ivers idade Estadua l de
Santa Cruz. Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal. Inc lu i b ib l iograf ia e apênd ices.
1 . Pragas – Cont ro le. 2. F i tossan idade. 3 . F lo res – Doenças e Pragas. I . Títu lo . CDD 632
4
CATARINA COTRIM DE MATTOS SOBRINHO
DIAGNÓSTICO FITOSSANITÁRIO E AVALIAÇÃO DE NIM NO CONTROLE DE
ALGUMAS PRAGAS DE Heliconia spp. NO LITORAL SUL DA BAHIA
Ilhéus - BA, 07/03/2008.
______________________________________ Maria Aparecida Leão Bittencourt – DS
UESC/DCAA (Orientadora)
______________________________________ Arlete Silveira – DS
UESC/DCAA
______________________________________ José Luiz Bezerra – PhD
CEPEC/CEPLAC
______________________________________ Maria Aparecida Castellani – DS
UESB/DFZ
5
DEDICATÓRIA
Com amor e carinho:
Ofereço e agradeço
Aos meus pais José Orlando e Celeste
e
Dedico
Ao meu esposo Guilherme
6
AGRADECIMENTO
A Deus, pelo que sou, pois é Ele “quem opera em mim, tanto o querer, quanto
o realizar, segundo a sua boa vontade” Filipenses 2:13.
Aos Professores, Maria Aparecida Leão Bittencourt, Arlete Silveira e José Luiz
Bezerra, pela orientação, apoio, incentivo e conhecimentos compartilhados.
Ao Pesquisador Científico Dr. Cláudio Marcelo Gonçalves de Oliveira e a
Bolsista do CNPq, Fernanda Branco de Cerqueira César, do Instituto Biológico, São
Paulo, pela colaboração na identificação dos espécimes de nematóides.
Ao Professor Dr. Fernando Zanotta da Cruz, pela contribuição na identificação
de formas imaturas de insetos.
A Bióloga, Kátia Bezerra, pela cooperação nos isolamentos e identificação
fúngica.
A Bolsista da FAPESB IC Junior, Iracema Mendes Santos, pela colaboração
na triagem do material amostrado em campo.
A Professora Dra. Rosilene Aparecida de Oliveira, UESC/DCET, e ao Bolsista
da FAPESB, Israel Cívico Gil de Sá pela elaboração dos extratos, aquoso e
etanólico, das folhas do nim.
Ao Professor Dr. Luiz Roberto Martins Pinto, pela orientação e conhecimento
ministrado durante as análises estatísticas.
Aos produtores rurais, Eduardo Café, Gerson Gesteira, Helvécio Starling,
Marinalva Badaró, Roberto Tocafundo e Sérgio Gondim, por disponibilizarem suas
propriedades em favor do conhecimento científico.
7
A ADAB – Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia, o
reconhecimento e, ao Diretor de Defesa Sanitária Vegetal, Cássio Ramos Peixoto,
aos Coordenadores Regionais de Itabuna, João Carlos Oliveira da Silva e Waldemar
Oliveira D’Afonseca, e a Gerente Técnica, Fernanda Ferreira Mendonça, a gratidão
pelo apoio e determinação que permitiram a concretização de um ideal.
8
DIAGNÓSTICO FITOSSANITÁRIO E AVALIAÇÃO DE NIM NO CONTROLE DE
ALGUMAS PRAGAS DE Heliconia spp. NO LITORAL SUL DA BAHIA
RESUMO
As helicônias apresentam características favoráveis à comercialização, porém o manejo inadequado aliado aos fatores de precipitação, umidade e temperatura, favorece a ocorrência de pragas, limitando a produção e reduzindo a qualidade das inflorescências. Com a expansão do agronegócio de flores tropicais no Sul da Bahia e a inexistência de agrotóxicos registrados para a cultura, este trabalho teve como objetivos detectar e identificar as principais espécies de pragas associadas às helicônias e avaliar a eficiência de diferentes extratos de nim como defensivo alternativo de controle. De agosto/2006 a junho/2007, foram realizadas coletas mensais, sendo amostradas cinco hastes vegetativas, duas hastes reprodutivas, raízes e solo por planta, além de captura de insetos em plantios comerciais nos municípios de Itabuna, Ilhéus, Uruçuca, Ituberá, Ibirapitanga e Valença. Nos Laboratórios de Entomologia e Fitopatologia da UESC foi realizada a triagem sob microscópio estereoscópico e ótico, extração de nematóides e isolamento em meio de BDA. Os extratos aquoso e etanólico de folhas (1,0; 5,0 e 10,0%), e os produtos comerciais Neemseto® e Neemtorta®, respectivamente na forma de óleo emulsionável (1,0%) e torta de nim (50g.vaso-1), foram avaliados quanto à sua eficiência no controle de Eutropidacris cristata, Dysmicoccus brevipes e Helicotylenchus erythrinae. A eficiência dos tratamentos foi obtida por meio da fórmula de Abbott e comparadas ao nível de 5% de significância. Foram identificados: 45 famílias distribuídas em oito ordens de insetos, quatro gêneros de nematóides e nove de fungos, e uma espécie de alga fitopatogênica associados aos cultivos de helicônias, sendo que os gêneros Fusarium, Drechslera e Pestalotiopsis foram depositados na Micoteca da CEPLAC. A população do nematóide H. erythrinae no solo manteve-se abaixo da população inicial, apresentando 74,23% de mortalidade aos 30 dias após a incorporação da torta de nim ao solo. O óleo emulsionável de nim (1,0%) apresentou eficiência no controle apenas para D. brevipes de 66,67% após 72 horas de contato. O extrato aquoso de folhas do nim, apenas na concentração de 5,0%, mostrou eficiência no controle de D. brevipes. Após 24 e 120 horas da aplicação do extrato etanólico na concentração de 10,0%, verificou-se 100% de mortalidade em D. brevipes e E. cristata. Palavras - chave: flores tropicais; fitossanidade; defensivo natural; controle natural.
9
PHYTOSANITARY DIAGNOSIC AND EVALUATION OF NEEM IN THE CONTROL
OF Heliconia spp. PESTS OF THE SOUTHERN LITTORAL BAHIA
ABSTRACT
Heliconias could be successfully commercialized, but inadequate management associated with precipitation, humidity and temperature cause disease. This limits production and reduces flower quality. The tropical flower business is expanding in Southern Bahia and there are no registered agrotoxins for the crop. This study had the following objectives: to detect and identify the main pest species associated with heliconias and evaluate the effectiveness of different neem extracts as an alternative means of control. Samples were collected from five vegetative stems, two reproductive stems, roots and soil and insects captured for each plant studied from August of 2006 to June of 2007 in commercial plantings in the municipals of Itabuna, Ilhéus, Uruçuca, Ituberá, Ibirapitanga and Valença. The material was sorted in the Entomology and Phytopathology Laboratories at UESC underneath stereoscopic and optical microscopes. Nematodes were removed and isolated in BDA medium. Aqueous and ethanol foliar abstracts (1.0; 5.0 and 10.0%) and the commercial products, Neemseto© and Neemtorta©, respectively in the form of oil emulsion (1.0%) and neem cake (50 g.container-1), were evaluated for their effectiveness in controlling Eutropidacris cristata, Dysmicoccus brevipes and Helicotylenchus erythrinae. The effectiveness of the treatments was obtained using the Abbott formula and a significance of 5%. 45 families were identified distributed in eight insect orders, four nematode and nine fungus genera and a species of phytopathogenic algae associated with heliconia crops. The genera Fusarium, Drechslera and Pestalotiopsis were deposited in the CEPLAC microbe bank. The H. erythrinae nematode population in the soil was lower than the initial population, with 74.23% mortality 30 days after the incorporation of the neem cake in the soil. The 1.0% neem emulsion oil was only effective in controlling D. brevipes at 66.67%, 72 hours after contact. The aqueous leaf extract was only effective in the control of D. brevipes with a 5.0% concentration. 100% mortality was observed in D. brevipes and E. cristata 24 and 120 hours after the 10.0% concentration ethanol extract application. Keywords: tropical flowers; phytosanitary; natural defense; natural control.
10
LISTA DE FIGURAS 1 Ordem de insetos e total de exemplares coletado em helicônias na
região Litoral Sul da Bahia. Agosto/2006 a Junho/2007........................
35
2 Número de exemplares de espécies-pragas (D. brevipes, E. cristata e lagartas desfolhadoras e broqueadoras) coletadas em helicônias na região Litoral Sul da Bahia. Agosto/2006 a Junho/2007........................
41
3 Dados pluviométricos e de temperatura no município de Uruçuca, BA. Setembro/2006 a Junho/2007................................................................
42
4 Ocorrência de patógenos causadores de doenças em espécies de helicônias no Litoral Sul da Bahia. Agosto/2006 a Junho/2007.............
48
5 Número de nematóides associados ao sistema radical de helicônias no Litoral Sul da Bahia. Agosto/2006 a Janeiro/2007............................
53
6 Insetos associados a helicônias no Litoral Sul da Bahia: adulto (A), ninfa (B) e injúrias (C) de E. cristata; adulto (D), pupa (E) e injúrias (F) de Metamasius sp.; lagarta (G) e broqueamento causado nas inflorescências (H, I); lagarta de O. invirae (J) e desfolhamento causado (L); lagarta desfolhadora A. eriphia (M); cochonilha-de-raiz, D. brevipes (N, O); oviposição endofítica de Cornops sp. (P)................
56
7 Doenças associadas à helicônias no Litoral Sul da Bahia: sintoma característico de descoloração vascular (A), macroconídio de F. oxysporum f. sp. cubense (B); manchas foliares associadas a Drechslera sp. (C); “mancha de alga” (D); antracnose em folhas de ‘Golden Torch’ (E) e em inflorescência de H. bihai (F)...........................
58
8 Mancha de Pestalotiopsis (A), conídio de Pestalotiopsis sp. (B); descamação e escurecimento da superfície da raiz devido o ataque de nematóide (C); mancha de Cladosporium (D)...................................
60
9 Área de estudo sobre levantamento de pragas associadas em helicônias cultivadas no Litoral Sul da Bahia. Agosto/2006 a Janeiro 2007........................................................................................................
63
10 População de nematóides no solo aos 30, 60 e 90 dias após o plantio da cultivar ‘Golden Torch’, com e sem incorporação de torta de nim (Neemtorta®), em Uruçuca, BA. Novembro/2006 a Fevereiro/2007......
68
11 População de nematóides na raiz aos 30, 60 e 90 dias após o plantio da cultivar ‘Golden Torch’, com e sem incorporação de torta de nim (Neemtorta®), em Uruçuca, BA. Novembro/2006 a Fevereiro/2007......
69
11
12 Eficiência (%) média no controle de D. brevipes após 24, 48 e 72 horas da aplicação dos extratos de nim, in vitro....................................
72
13 Eficiência (%) média no controle de E. cristata após 24, 48, 72, 120, 168 e 216 horas da aplicação dos extratos de nim, in vitro....................
76
12
LISTA DE TABELAS 1 Número de exemplares de insetos, em função da Ordem e Família,
coletado em helicônias na região Litoral Sul da Bahia, Agosto/2006 a Junho/2007.............................................................................................
36
2 Análise da diversidade de espécies-pragas associadas às helicônias cultivadas na região Litoral Sul da Bahia. Agosto/2006 a Junho/2007..
39
3 Número de exemplares obtidos em helicônias, por Ordem de insetos, coletados em municípios da região Litoral Sul da Bahia. Agosto/2006 a Junho/2007..........................................................................................
39
4 Doenças detectadas em helicônias cultivadas no Litoral Sul da Bahia. Agosto/2006 a Junho/2007....................................................................
45
5 Número total de ocorrências de doenças em Heliconia spp., em municípios da região Litoral Sul da Bahia. Agosto/2006 a Junho/2007.............................................................................................
49
6 Análise da diversidade de fitopatógenos causadores de doenças associadas à Heliconia spp. na região Litoral Sul da Bahia. Agosto/2006 a Junho/2007....................................................................
51
7 Fitonematóides associados à rizosfera de Heliconia spp. na região Litoral Sul da Bahia. Agosto/2006 a Janeiro/2007.................................
52
8 Diagnóstico fitossanitário das áreas produtoras de helicônias na região Litoral Sul da Bahia. Agosto/2006 a Janeiro/2007......................
64
9 Média populacional de H. erythrinae, presentes no solo e na raiz, com e sem incorporação da torta de nim (Neemtorta®) ao substrato...........
67
10 Eficiência (%) média no controle de D. brevipes, por tratamento, aos 30, 60 e 90 dias após incorporação da torta de nim (Neemtorta®) ao solo, Uruçuca, BA. Novembro/2006 a Fevereiro/2007...........................
71
11 Eficiência (%) média, por tratamento, as 24, 48 e 72 horas após o contato de Dysmicoccus brevipes com os extratos, in vitro...................
73
12 Médias de eficiência (%) e alimentação de folhas de helicônias, por tratamento, após 24, 48, 72, 120, 168 e 216 horas da aplicação, no controle de E. cristata, in vitro................................................................
77
13
SUMÁRIO RESUMO........................................................................................
vi
ABSTRACT....................................................................................
vii
1 INTRODUÇÃO................................................................................
1
2 REVISÃO DE LITERATURA..........................................................
5
2.1 O gênero Heliconia L. ....................................................................
5
2.2 Ocorrência de pragas em helicônias...............................................
6
2.2.1 Insetos.............................................................................................
6
2.2.2 Doenças e nematóides...................................................................
10
2.3 Azadirachta indica A. Juss..............................................................
14
2.4 Efeitos e modo de ação de Azadirachta indica sobre artrópodes...
15
2.5 Uso do nim no controle de pragas agrícolas...................................
18
2.5.1 Artrópodes.......................................................................................
18
2.5.2 Doenças e nematóides...................................................................
21
3 MATERIAL E MÉTODOS...............................................................
26
3.1 Levantamento de pragas em helicônias cultivadas no Litoral Sul da Bahia..........................................................................................
26
3.2 Avaliação de Azadirachta indica – nim no controle de pragas........
29
3.2.1 Avaliação da torta de nim no controle de nematóides e cochonilha-de-raiz...........................................................................
30
3.2.2 Avaliação dos extratos aquoso e etanólico de folhas, e óleo emulsionável de nim no controle de cochonilha-de-raiz e gafanhoto........................................................................................
32
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................
34
4.1 Levantamento de pragas em helicônias cultivadas no Litoral Sul da Bahia..........................................................................................
34
14
4.2 Injúrias causadas por pragas em helicônias cultivadas no Litoral Sul da Bahia....................................................................................
54
4.3 Avaliação de nim (Azadirachta indica) no controle de pragas........
67
4.3.1 Avaliação da torta de nim (Neemtorta®) no controle de nematóides e cochonilha-de-raiz....................................................
67
4.3.2 Avaliação dos extratos aquoso e etanólico de folhas, e óleo emulsionável de nim (Neemseto®) no controle de cochonilha-de-raiz e gafanhoto..............................................................................
71
4.3.2.1 Cochonilha-de-raiz (Dysmicoccus brevipes)...................................
71
4.3.2.2 Gafanhoto (Eutropidacris cristata)..................................................
75
5 CONCLUSÕES...............................................................................
81
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA....................................................
83
APÊNDICES...................................................................................
90
1 INTRODUÇÃO
No início da década de 90, o Brasil ocupava o 20º lugar e a Holanda, o 1º
lugar como país exportador de flores e plantas ornamentais do mundo. Em 2006,
segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA, 2007), o Brasil exportou um volume
de US$ 29,6 milhões, com incremento da ordem de 14,8% em relação a 2005. O
crescimento nas exportações de flores de corte frescas, representa uma das mais
importantes conquistas da floricultura brasileira nos últimos anos, devido ao maior
valor agregado, sendo que países como a Holanda, Estados Unidos, Portugal, e
Canadá estão entre os principais consumidores (JUNQUEIRA; PEETZ, 2006).
Atualmente, o Brasil possui uma área com aproximadamente, 5.260 hectares
dedicados ao cultivo de flores e plantas ornamentais. A atividade está presente em
mais de 3.500 propriedades rurais, proporcionando mais de 66.000 empregos
diretos e indiretos em toda cadeia produtiva, com um valor de produção estimado em
R$ 444,4 milhões, caracterizando o agronegócio da floricultura nacional como
expressivo e promissor conforme dados da Secretaria da Agricultura,
Abastecimento, Aqüicultura e Pesca do Espírito Santo (SEAG, 2007).
No Estado da Bahia a floricultura vem se destacando, desde 1991, como
importante alternativa de trabalho e renda para as mais diversas classes da
população. As flores tropicais são exploradas no Estado por 70 produtores reunidos
em três associações distintas: Florasulba (Ilhéus), Bahiaflora (Ituberá) e Tropiflor
2
(Amélia Rodrigues) (SECRETARIA DA AGRICULTURA, IRRIGAÇÃO E REFORMA
AGRÁRIA DA BAHIA, 2007).
Entre as famílias Araceae, Heliconiaceae, Musaceae e Zingiberaceae,
encontram-se as espécies mais importantes da floricultura tropical. O gênero
Heliconia L., originalmente incluído na família Musaceae, posteriormente passou a
constituir a família Heliconiaceae como único representante, devido as suas
características próprias de individualização. Aproximadamente, 40 espécies ocorrem
naturalmente no Brasil, principalmente nas bordas das florestas e matas ciliares e
nas clareiras ocupadas por vegetação pioneira (CASTRO, 1995). Sua aceitação
como flores de corte têm sido crescente, tanto no mercado nacional como
internacional, pois a beleza e exotismo das brácteas de cores e formas variadas, que
envolvem e protegem as flores, favorecem sua aceitação pelo consumidor, além da
rusticidade, boa resistência ao transporte e maior durabilidade pós-colheita. No
Brasil, as principais áreas de produção estão concentradas na região da mata úmida
do Nordeste, nos estados de Pernambuco e Alagoas que já exportam suas flores
para outros estados brasileiros.
O clima quente e úmido da região Litoral Sul da Bahia favorece a ocorrência
de pragas (artrópodes e doenças), que passam despercebidas no campo, existindo
poucas informações que possam auxiliar os produtores a identificar e controlar as
mesmas. Devido às vantagens econômicas e ecológicas apresentadas pelo
agronegócio de flores tropicais, verifica-se uma tendência no aumento da área
cultivada, com um número crescente de produtores rurais investindo nesta atividade
no Litoral Sul da Bahia. A expansão da área cultivada associada à utilização de
mudas não certificadas e o desconhecimento de práticas culturais específicas, como
o aumento da densidade de plantas/unidade de área e deficiências nutricionais,
3
necessariamente contribuirá para o aumento de problemas fitossanitários na região,
acarretando danos significativos nas plantações, com a limitação da produção e
baixa qualidade das inflorescências.
A fitossanidade de plantas ornamentais no Brasil tem sido objeto de poucos
trabalhos, o que corrobora a necessidade da realização de estudos que avaliem
alternativas de controle de pragas associadas às helicônias. Atualmente, não
existem produtos fitossanitários registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA) para o controle de pragas em helicônias, o que certamente,
ao ocorrerem, levaria os produtores à utilização indevida de agrotóxicos e seus
efeitos deletérios à saúde humana e meio ambiente.
Introduzida no Brasil em 1986, a espécie Azadirachta indica A. Juss,
pertencente à família Meliaceae, é uma árvore de clima tropical e subtropical,
perene, de crescimento rápido e resistente a longos períodos de seca. Conhecida
como nim, possui compostos ativos com ação sobre insetos, fungos e nematóides
fitopatogênicos, dos quais se destacam a azadiractina, salanina, melianona,
nimbinem, entre outros. O princípio ativo azadiractina, limonóide que possui
importantes atividades biológicas, torna este extrato bastante promissor em
programas de manejo de pragas (MARTINEZ, 2002).
Os princípios ativos dos inseticidas botânicos são compostos resultantes do
metabolismo secundário das plantas, sendo acumulados em pequenas proporções
nos tecidos vegetais. Hoje, existe um mercado promissor para os bioinseticidas e
inseticidas naturais, porque esses produtos podem ser utilizados no manejo
integrado de pragas em cultivos comerciais e também na agricultura orgânica.
Muitas pesquisas têm sido realizadas à procura de compostos naturais,
biologicamente ativos contra pragas.
4
Nesse sentido, este trabalho teve como objetivos detectar e identificar as
principais espécies de pragas que ocorrem na região e avaliar a eficiência dos
produtos do nim (torta, extratos e óleo emulsionável) no controle de pragas
associadas às helicônias cultivadas no Litoral Sul da Bahia.
5
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 O gênero Heliconia L.
A família Heliconiaceae, ainda muito pouco estudada e com um número de
espécies existentes incerto, compreende cerca de 150 a 250 espécies, onde seis
destas ocorrem nas Ilhas do Sul do Pacífico, Samoa e Indonésia, e as demais estão
distribuídas na América Tropical desde o sul do México até o norte de Santa
Catarina, Brasil. Neste país, cerca de 40 espécies ocorrem naturalmente,
predominantemente nas bordas das florestas e matas ciliares e nas clareiras
ocupadas por vegetação pioneira. Desenvolve-se em locais sombreados ou a pleno
sol, de úmidos a levemente secos e em solos argilo-arenosos (CASTRO, 1995).
Vários autores (CASTRO, 1995; MENEZES; ALVES, 2000; ASSIS et al.,
2002) descrevem as helicônias como plantas perenes, herbáceas, rizomatosas,
eretas, de tamanho médio a grande, variando entre 0,5 a 10,0 metros. Apresentam
três formas de crescimento: musóide, zingiberóide e canóide, e o rizoma subterrâneo
é utilizado normalmente para a propagação. As inflorescências (parte de maior
interesse comercial) são terminais, constituídas de um pedúnculo alongado e
inserido de brácteas de diferentes formas, tamanho, cores e texturas, podendo ser
de quatro tipos: 1) ereta em um único plano; 2) ereta em mais de um plano; 3)
pendente em um plano; e, 4) pendente em mais de um plano. As espécies e os
híbridos mais cultivados como flores de corte são: Heliconia psittacorum, H. stricta
6
cv. Fire Bird, H. bihai, H. rostrata, H. chartaceae, H. orthotricha, H. angusta,
H. episcopalis, H. hirsuta, H. caribaea, H. wagneriana, H. psittacorum x H. marginata
cv. Nickeriensis, H. psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch e Golden
Torch Adrian, H. marginata x H. bihai cv. Rauliniana.
A temperatura ideal para seu cultivo está entre 22 a 25 ºC, sendo que no
Brasil existem grandes plantações, principalmente na região da mata úmida do
Nordeste, com destaque para os estados de Pernambuco e Alagoas que já
exportam suas flores para outros estados brasileiros. A disponibilidade de água é
importante para seu desenvolvimento, pois muitas espécies não toleram mais de
dois meses de déficit hídrico, sendo encontradas em regiões com 1.100 a 3.200 mm
de precipitação anual (LAMAS, 2002; ALVES; SIMÕES, 2003).
2.2 Ocorrência de pragas em helicônias
Devido ao reduzido volume de informações sobre as pragas (insetos e
doenças) associadas às helicônias, foram incluídos nesta revisão estudos que
relatam as pragas associadas a outros hospedeiros.
2.2.1 Insetos
Turk (1984) estudou o ciclo de vida e hábitos alimentares do gafanhoto
Cornops frenatum cannae Roberts e Carbonell (Orthoptera: Acrididae) com ênfase
na oviposição; observando o comportamento da praga em campo e em laboratório.
Foi observado que, em campo, a espécie realizou postura endofítica e alimentou-se
exclusivamente de plantas da ordem Zingiberales, possivelmente Canna edulis. Em
7
laboratório, verificou-se que além de espécies de Canna, também se alimentaram de
folhas de Heliconia. Nas folhas atacadas foram observados orifícios arredondados
ou ovalados, deixando expostas as nervuras principais e secundárias da folha; em
relação à oviposição, verificou-se que a fêmea, com o seu ovipositor, raspava e
escavava a haste, principalmente na inserção das nervuras, formando um orifício no
qual depositava os ovos, sendo este fechado com uma substância esponjosa,
formando um tampão. Outra subespécie do gênero Cornops, C. frenatum frenatum
(Marschall), foi relatada por Braga et al. (2007) sobre quatro espécies de Heliconia:
H. stricta, H. psittacorum, H. tarumaensis e H. hirsuta, num fragmento florestal
situado no município de Manaus, AM. Os autores observaram a presença de ninfas
e adultos, bem como sinais de oviposição nos pecíolos das helicônias; apesar de
prejudicar o desenvolvimento das helicônias, em grandes populações, não foi
considerada como praga pelos pesquisadores.
Zanetti et al. (2003) relataram os prejuízos que a espécie Eutropidacris
cristata (L.) (Orthoptera: Acrididae), vulgarmente conhecido como gafanhoto-do-
coqueiro, pode causar aos hospedeiros. Esta espécie por ser polífaga e de ampla
distribuição no Brasil, é referida em espécies de Eucalyptus, abacateiro, bananeira,
pastagens, coqueiro, citros, mandioca, entre outras.
Cassino e Nascimento (1999) verificaram que seis espécies de aleirodídeos,
conhecidos como “mosca-branca”, dentre as quais Aleurothrixus floccosus (Maskell)
(Hemiptera: Aleyrodidae), além de infestarem variedades de Citrus, atacam outros
hospedeiros, dentre os quais estão plantas ornamentais.
Colen et al. (2001) concluíram que o ataque de Dysmicoccus brevipes
(Cockerell) (Hemiptera: Pseudococcidae) em abacaxizeiros na proporção de 0,6
cochonilhas por planta é suficiente para a transmissão do vírus causador da murcha-
8
do-abacaxizeiro, sendo que a fase de florescimento é a mais prejudicada, não
causando danos a produção dos frutos. Luz et al. (2005) registraram a primeira
ocorrência de D. brevipes na parte aérea e raízes da palmeira Rhapis excelsa no
Brasil. As cochonilhas vivem em colônias na planta, em locais protegidos,
apresentando densa cobertura cerosa de coloração branca no corpo. Devido a
grande capacidade de adaptação, pode permanecer no agroecossistema em plantas
hospedeiras, vindo a causar sérios danos, pois ao sugarem a seiva provocam o
amarelecimento, secamento e morte das plantas, além de constituírem vetores de
doenças viróticas.
Zorzenon et al. (2000) constataram pela primeira vez que Metamasius
hemipterus L. (Coleoptera: Curculionidae) estava atacando espécies de palmeiras
(Euterpe edulis – “juçara”, E. oleracea – “açaí” e Bactris gasipaes – “pupunheira”),
cujas larvas alimentavam-se dos tecidos vegetais vivos, escavando galerias
superficiais e profundas, danificando o estipe, estando associadas ao ataque de
Rhyncophorus palmarum (L.) (Coleoptera: Curculionidae) ou a algum tipo de
ferimento no estipe, confeccionando um casulo com as fibras da palmeira para a
pupação. Leon-Brito et al. (2005) estudaram o ciclo de vida do M. hemipterus, praga
secundária da cana-de-açúcar, mas que nos dendezeiros na Venezuela produzem
uma exsudação gomosa de cor amarela na haste e pecíolos, abrindo galerias nos
mesmos e causando danos importantes às plantações. As larvas habitam na
inserção dos pecíolos e na periferia da haste e logo penetram em seu interior. No
último ínstar larval, movimentam-se em direção ao tronco, onde rasgam as fibras do
tecido vegetal e constroem o casulo que envolve a pupa, alcançando em poucas
semanas o estado adulto.
9
Assis et al. (2002) verificaram que a broca-gigante Castnia licus (Drury)
(Lepidoptera: Castniidae) tem causado danos nas helicônias, no Estado de
Pernambuco. Os autores relatam que as larvas escavam galerias ascendentes no
interior do pseudocaule e rizoma, podendo alcançar a gema apical, paralisando o
crescimento da planta, que amarelece e morre. Além desta espécie, são citadas
como pragas das flores tropicais a espécie C. icarus (Cramer) (broca-gigante) e
Elasmopalpus lignosellus (Zeller) (Lepidoptera: Pyralidae), que ataca o pseudocaule
(WARUMBY et al., 2004). Estes autores também descreveram quanto à morfologia,
biologia, hospedeiros, distribuição geográfica, danos e medidas de controle de
artrópodes encontrados atacando helicônias, no Estado de Pernambuco, as lagartas
desfolhadoras: borboleta olho-de-coruja Calligo illioneus (Cramer) (Lepidoptera:
Nymphalidae), Opsiphanes invirae (Huebner) (Lepidoptera: Nymphalidae), e
Antichloris eriphia (Fabricius) (Lepidoptera: Arctiidae), os pulgões Pentalonia
nigronervosa (Coquerel) e Toxoptera sp. (Hemiptera: Aphididae), a cochonilha-da-
raiz D. brevipes, os gafanhotos Schistocerca sp. (Orthoptera: Acrididae), a formiga
cortadeira Atta sexdens (L.) e o ácaro-vermelho Tetranychus abacae (Baker &
Pritchard) (Acari: Tetranychidae).
Watanabe (2007) constatou que cerca de 10 a 15% das plantas de
H. latispatha, plantadas numa área de 50 m², localizada nas proximidades de um
plantio de bananeiras no município de Jaguariúna, SP, encontravam-se atacadas
pelas lagartas desfolhadoras do limbo foliar A. eriphia e C. illioneus, pragas que
atacam as folhas da bananeira, as quais desapareceram após uma chuva. Para a
bananeira, o nível de controle da A. eriphia é de 20 lagartas.planta-1 e duas
lagartas.planta-1 para a espécie C. illioneus, porém não existe ainda determinação
para helicônias. Portanto, deve ter uma atenção especial para os cultivos de
10
helicônias próximos a bananais, em relação às lagartas desfolhadoras que podem
migrar de uma cultura para outra.
2.2.2 Doenças e nematóides
Madriz et al. (1991) identificaram em folhas e inflorescências de H. caribaea,
H. latispatha, H. psittacorum e H. rostrata a ocorrência de vários fungos
fitopatogênicos, dentre os quais, Colletotrichum musae (Berk. & M. A. Curtis) Arx,
Drechslera musae-sapientum (Hansf.) M. B. Ellis, Pestalotiopsis sp., Phyllosticta
musae F. Stevens & E. Young, Glomerella cingulata (Stonman) Spauld. & H.
Schrenk, Guignardia musae Racib., Curvularia sp. e Mycosphaerella musicola R.
Leach, sendo que M. musicola somente foi encontrado em H. caribaea. A espécie H.
rostrata foi a menos suscetível devido ao menor número de fungos encontrados,
bem como pela pouca severidade dos danos.
Pozza et al. (1999) verificaram na região de Lavras, MG, em 153 hospedeiros,
sendo que 13,1% eram plantas ornamentais, a ocorrência de 525 doenças na parte
aérea das plantas causadas por diversos fatores: 81,5% eram de natureza fúngica;
as manchas foliares foram os sintomas de maior ocorrência com 48,5% do total,
seguido de podridão e murcha, com 16,3% e 9,5%, respectivamente.
Menezes e Alves (2000) relatam que as helicônias são bastante tolerantes às
doenças, embora os patógenos que causam apodrecimento de raízes e rizomas
sejam de importância econômica. Entre as doenças causadas por fungos citam as
manchas foliares causadas por Pyriculariopsis sp. e Cercospora spp., e
Phytophthora nicotianae Breda de Haan, Pythium spp. e Rhizoctonia solani J.G.
11
Kühn (teleomorfo Thanatephorus cucumeris (A.B. Frank) Donk) responsáveis pelas
podridões de raiz.
Alguns pesquisadores (ASSIS et al., 2002; LINS; COELHO, 2004; WARUMBY
et al., 2004) relataram os patógenos, os hospedeiros, a sintomatologia e medidas de
controle das diversas doenças que atacam os cultivos de helicônias no Estado de
Pernambuco. A maioria das doenças é de natureza fúngica: a antracnose
(Colletotrichum gloeosporioides (Penz.) Penz. & Sacc.) com lesões em folhas e
inflorescências de H. rostrata, em H. psittacorum cv. Golden Torch, H. ortotricha cv.
Total Eclipse; as manchas causadas por Bipolaris incurvata (C. Bernard) Alcorn, G.
cingulata, Deightoniella torulosa (Syd.) Ellis, Curvularia lunata (Wakker) Boedijn e
Guignardia sp.; a ferrugem (Uredo anturii ); e, as podridões de raízes e rizoma. O
Fusarium oxysporum f. sp. cubense W.C. Snyder & H.N. Hansen é um importante
patógeno para as helicônias (H. chartaceae cv. Sexy Pink), com quatro raças, sendo
que as raças 1, 2 e 4 atacam musáceas e a raça 3 é especifica para heliconiáceas.
Causa o apodrecimento das raízes e rizoma, descoloração dos vasos e murcha
vascular, apresentando sintomas de amarelecimento e seca progressiva das folhas.
Castro et al. (2005) constataram a ocorrência de murcha de Fusarium em 88% das
propriedades pernambucanas produtoras de flores tropicais, sendo mais freqüente
em H. psittacorum cv. Alan Carle. Outras doenças fúngicas de importância
secundária relacionadas às helicônias são as manchas de Cercospora, de
Cylindrocladium, de Cladosporium e oídio. Ralstonia solanacearum (Smith) Yabuuchi
et al. é o agente causal da única doença bacteriana descrita, cujo sintoma é a
murcha.
Almeida (2006) destacou R. solanacearum, raça 2, como importante agente
etiológico da murcha e morte em plantas de helicônias, nas Regiões Norte e
12
Nordeste. Por se tratar de uma praga quarentenária A2, medidas legislativas de
prevenção e controle devem ser realizadas, a fim de se evitar a disseminação para
áreas indenes. Ressaltou que a mais importante medida de controle, no caso de
doenças bacterianas, é a prevenção da contaminação da cultura pelo uso de
material propagativo sadio e de boa qualidade. Pois, após o estabelecimento de
bactérias numa cultura, o seu controle é praticamente impossível ou bastante
oneroso.
Gasparotto et al. (2005) através de observações microscópicas, literatura
disponível e testes de patogenicidade (técnica de inoculação cruzada) constataram
que a H. psittacorum é hospedeira do agente etiológico da Sigatoka-negra, o fungo
Mycosphaerella fijiensis Morelet (fase anamórfica: Paracercospora fijiensis (Morelet)
Deighton). Moraes et al. (2006) catalogaram como doenças de plantas do gênero
Heliconia, no Vale do Ribeira, São Paulo, a Sigatoka-negra (M. fijiensis), as manchas
de Cladosporium, Cylindrocladium, Curvularia, Bipolaris e Cercospora (Cladosporium
herbarum (Pers.) Link, Calonectria spathiphylli El-Gholl, J.Y. Uchida, Alfenas, T.S.
Schub., Alfieri & A.R. Chase, Curvularia brachyspora Boedjin (anamorfo), Bipolaris
cynodontis (Maringoni) Shoemaker (anamorfo) e Cercospora sp.), a antracnose (C.
gloeosporoides, G. cingulata), a ferrugem (Puccinia heliconiae (Diet.) Arth. (Uredo.
heliconiae Diet.), II e Hemileia oncidii Griff and Maubl. Symptoms), o oídio (Oidium
sp.), e a murcha de Fusarium (F. oxysporum f. sp. cubense). Destacaram que o
aparecimento de doenças está relacionado com os aspectos climáticos favoráveis da
região associados ao desconhecimento das práticas culturais específicas pelos
produtores, as quais alteram os aspectos de qualidade exigidos pelo mercado,
necessitando da identificação rápida e correta do agente etiológico para aplicação
das estratégias de controle.
13
Coutinho (2006) abordou uma série de doenças fúngicas que atacam plantas
ornamentais e seu controle. Em helicônias, de acordo com o processo fisiológico
afetado as doenças foram classificadas em: doenças do rizoma e raiz (C.
spathiphylli, P. nicotianae e Pythium sp.) causando podridão em raízes e rizomas de
plantas suscetíveis; e, doenças foliares: C. spathiphylli causando amarelecimento e
secamento das margens da folha, bainha e queimadura dos pecíolos, Bipolaris spp.
e B. incurvata, cujos sintomas nas folhas iniciam-se com pequenas pontuações, que
aumentam de tamanho e número, passando a manchas ovais ou irregulares de
coloração marrom claro com bordos escuros e halo amarelado ao redor, atacando
também pecíolo, bainha, brácteas e flores, e Exserohilum rostratum (Drechsler)
Leonard & Suggs, que causa lesões semelhantes ao Bipolaris spp.. Como medidas
de controle cita a qualidade sanitária do material de propagação, o controle da
umidade, a remoção de plantas velhas e sem função, o manejo de plantas daninhas,
retirada e queima de folhas ou partes da planta atacadas e restos de cultura.
Serra e Coelho (2007) descreveram a mancha de Pestalotiopsis como uma
nova doença associada ao gênero Heliconia no Brasil e identificaram o fungo P.
pauciseta Sydow (nec. Saccardo) como agente etiológico da doença. Os testes de
patogenicidade foram realizados em folhas e inflorescências de H. psittacorum x H.
spathocircinata cv. Golden Torch, H. rostrata, H. stricta cv. Las Cruzes e H. caribeae
x H. bihai cv. Jacquinii. O material H. stricta cv. Las Cruzes foi o mais suscetível e a
espécie que apresentou maior resistência foi a H. rostrata, seguida da H. caribeae x
H. bihai cv. Jacquinii.
Sologuren e Juliatti (2007) observaram a ocorrência de 23 gêneros de fungos
fitopatogênicos em 30 espécies de plantas ornamentais, em Uberlândia, MG, com
base nos sintomas e sinais da parte aérea das plantas, sendo que 70% eram
14
pertencentes à divisão Ascomycotina e 30% a Deuteromycotina. Os gêneros com
maior freqüência foram Pestalotiopsis sp. (19%), aparecendo em três espécies de
palmeiras, e Alternaria (11%); do total, 20 foram encontrados em folhas, dois em
caule e um em bráctea (C. gloeosporiodes).
Em relação aos fitonematóides, Wouts e Yeates (1994) identificaram oito
espécies do gênero Helicotylenchus em vegetação nativa de solos pobres da Nova
Zelândia, sendo que sete eram novas espécies, entre as quais o H. erythrinae
(Zimmermann) Golden. Esta espécie foi considerada cosmopolita por possuir uma
extensa lista de hospedeiros, entre frutíferas, hortaliças, palmeiras e plantas
ornamentais, porém não representando dano econômico.
As principais fitonematoses assinaladas em helicônias são provocadas por
espécies dos gêneros Helicotylenchus, Meloidogyne e Radopholus (MENEZES;
ALVES, 2000; LINS; COELHO, 2004; WARUMBY et al., 2004). Oliveira (2001)
abordou como principais fitonematóides causando danos em plantas ornamentais
Meloidogyne spp., Pratylenchus spp., Radopholus similis (Cobb) Thorne e
Aphelenchoides spp., refletindo na diminuição da produção, na qualidade inferior do
produto, no aumento dos custos com controle e em impedimentos à comercialização
devido as barreiras fitossanitárias. Como medidas de controle, destacam-se a
aquisição de material propagativo sadio, a utilização de plantas antagônicas, a
rotação de cultura e o controle químico.
2.3 Azadirachta indica A. Juss.
Pertencente à família Meliaceae, também conhecida por nim, é uma planta
originária do Sudeste Asiático. Martinez (2002) descreve o nim como sendo uma
15
árvore de clima tropical e subtropical, perene, introduzida no Brasil em 1986, com
objetivo de avaliar seu potencial como planta inseticida no controle alternativo de
pragas de importância agrícola. De crescimento rápido, pode alcançar de 10 a 20 m
de altura e seu sistema radicular, até 15 m de profundidade. Inicia sua floração a
partir do segundo ano de idade, produzindo cerca de 8,0 kg de sementes após três
anos do plantio. Resistente a seca, seu ótimo de temperatura compreende a faixa de
20 a 32 °C e a temperatura é fator limitante para o seu desenvolvimento e produção
de frutos. Desenvolve-se em qualquer solo, preferindo os profundos, bem drenados,
com pH entre 6,5 a 7,5. Os compostos isolados do nim conferem à planta ação
inseticida sobre mais de 400 espécies de insetos e ácaros. O mais potente deles, a
azadiractina, é encontrado em maior quantidade nos frutos, média de 3,5 mg/g de
semente, sendo que esse teor é bastante variável em função do local de origem e de
cada planta. De uso diversificado na medicina, cosmetologia, produção de madeira,
planta sombreadora e mais recentemente, como inseticida, não existem registros de
toxicidade para o ser humano.
2.4 Efeitos e modo de ação de Azadirachta indica sobre artrópodes
O National Research Council (1992) e Martinez (2002) relatam que a
azadiractina atua na inibição da alimentação, atrasa o desenvolvimento e
crescimento das larvas, reduz a fecundidade e fertilidade, altera o comportamento,
provoca anomalias nas células e na fisiologia, causa a morte de ovos, larvas e
adultos de insetos e ácaros, além de afetar também, fungos e nematóides. Outros
limonóides do grupo dos tetranortriterpenóides isolados, que incluem a salanina, 14-
epoxiazadiradiona, meliantriol, nimbidina, nimbina, melianona, gedunina, nimbolina,
16
nimbidem, deacetilsalanina, azadiractol, azadirona, vilosinina e meliacarpina,
apresentam efeitos diversos como inibição da alimentação, repelência, diminuição
da oviposição, interrupção da ecdise, redução da fertilidade e fecundidade, e
aumento da mortalidade dos artrópodes. No National Research Council (1992) foi
relatado que a azadiractina apresenta estrutura semelhante ao hormônio ecdisona,
que afeta o corpus cardiacum, órgão similar à pituitária humana que controla a
secreção de hormônios, bloqueando a produção e liberação de ecdisona, hormônio
regulador da metamorfose dos insetos.
Sales e Rech (1999) observaram a morte de larvas, a má formação de pupas
e adultos incapazes de expandirem completamente as asas, além da redução da
postura e do desenvolvimento larval e pupal em Anastrepha fraterculus (Wied.)
(Diptera: Tephritidae) quando tratadas com extratos de nim nas formulações de torta
e líquida.
Pesquisadores (MARTINEZ; EMDEM, 2001; MARTINEZ, 2002) avaliaram que
a azadiractina colocada na dieta artificial, afetou o desenvolvimento e a
sobrevivência de Spodoptera litoralis (Buidosval) (Lepidoptera: Noctuidae).
Observaram o prolongamento dos instares larvais, a redução da taxa média de
crescimento relativo, a interrupção na ecdise, anomalias morfológicas e mortalidade
de indivíduos. A alta mortalidade observada durante o processo de muda embasou a
afirmação de que a ação da azadiractina está relacionada com eventos endócrinos
(hormonais) no inseto.
É relatado por Martinez (2002) que a azadiractina tem efeito anti-alimentar por
interferir na estimulação de células “deterrentes”, situadas nas peças bucais e
pernas (tarsos), e além desse efeito direto causa um efeito tóxico, provocando uma
redução do consumo de alimento e utilização dos nutrientes ingeridos.
17
Costa et al. (2004) relataram os resultados de pesquisa de vários autores
sobre os efeitos, aplicações e limitações dos extratos de plantas inseticidas. Os
autores verificaram que os efeitos fisiológicos resultantes da ação destes extratos
sobre os insetos, são considerados muito mais consistentes que os alimentares, pois
interferem no crescimento e nos processos de metamorfose dos insetos causando
prejuízos a reprodução e outros processos celulares; consideram que a formação de
indivíduos intermediários (larva-pupa), desenvolvimento lento e ocorrência de
esterilidade estão relacionados a uma má atuação do hormônio juvenil, menor
eficiência de conversão alimentar e, distúrbios alimentares e deficiência nutricional,
respectivamente.
Souza e Vendramim (2005) constataram o efeito translaminar, sistêmico e de
contato do extrato aquoso de nim sobre Bemisia tabaci (Genn.) Biótipo B em
tomateiro. A ação translaminar foi determinada através do incremento na taxa de
mortalidade de ninfas do primeiro ínstar à medida que se aumentava a concentração
dos extratos em 0,5; 1,0 e 5,0%, após a pulverização da face adaxial das folhas do
tomateiro com borrifador manual de 300 mL. Pulverizando o solo com 50 mL de
extrato por planta nas concentrações de 1,0; 5,0 e 10%, obteve-se eficiência no
controle de praticamente 100% nos tratamentos, confirmando a sistematicidade do
extrato aquoso. A ação de contato foi verificada com a mortalidade das ninfas de
terceiro ínstar superior a 90%, quando tratadas topicamente com concentrações de
0,5; 1,0 e 5,0%. Considerando uma eficiência em torno de 70%, para o efeito
translaminar foi necessária uma concentração de 1,0%, provavelmente devido à
fotodegradação, enquanto que nos sistêmico e de contato as concentrações foram
menores (0,5 e 0,3%, respectivamente). Entretanto, não se pode afirmar qual dos
mecanismos foi mais eficiente, pois devido às técnicas utilizadas o inseto ficou
18
exposto a diferentes quantidades do produto. No National Research Council (1992)
foi relatada a translocação sistêmica dos extratos na planta, porém a depender da
espécie vegetal, formulação do produto e a forma de alimentação do inseto, o efeito
inseticida pode diferir: alguns afídeos não são afetados por se alimentarem dos
tecidos do floema, onde a concentração de azadiractina é muito baixa (por razões
desconhecidas), não ocorrendo o mesmo com os percevejos que se alimentam dos
tecidos do xilema.
Os limonóides são altamente solúveis em solventes orgânicos como álcoois,
cetonas, hexanos e outros, mas não são totalmente solúveis em água. A extração
em água é a técnica mais simples e mais utilizada atualmente, utilizando sementes
ou folhas, frescas e maceradas, ou, secas e em pó, em água por 24 horas; a
suspensão obtida filtrada e aplicada nos cultivos. Contudo, o processo mais direto
para a obtenção dos compostos ativos de forma concentrada é a extração alcoólica.
Embora os extratos à base de água apresentem eficiência como pesticida, os
extratos alcoólicos dessa planta, podem apresentar atividade pesticida até 50 vezes
maior que a dos extratos aquosos, podendo conter de 3.000 até 100.000 ppm de
azadiractina (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1992).
2.5 Uso do nim no controle de pragas agrícolas
2.5.1 Artrópodes
Martinez e Emdem (2001) avaliaram os efeitos da azadiractina sobre o
desenvolvimento e a sobrevivência de S. litoralis e constataram que no estágio de
pré-pupa, quando os insetos foram tratados no último ínstar larval com
19
concentrações de 0,3 e 0,6 ppm de azadiractina, apresentaram, respectivamente,
mortalidade de 75% e 95% em comparação as lagartas de terceiro ínstar. Prates et
al. (2003) obtiveram eficiência de 79,3 a 100,0% na atividade inseticida do extrato
aquoso de folhas de nim, correspondentes a concentrações de 3,6 a 10,0 mg/mL,
em dieta artificial, sobre lagarta-do-cartucho do milho, Spodoptera frugiperda (J.E.
Smith).
Pereira et al. (2006) utilizaram o produto comercial Bioneem® (óleo vegetal) a
concentrações de 1,0 e 2,0%, no controle da broca-do-fruto Cerconota anonella
Sepp (Lepidoptera: Oecophoridae) em pinheiras, não obtendo redução na incidência
da praga, sendo que os tratamentos a 2,0% apresentaram menores taxas de
incidência de frutos brocados, além de sintomas de fitotoxidez naqueles expostos ao
sol no horário da aplicação, caracterizados por queimaduras e redução de tamanho.
Gonçalves et al. (2001) verificaram que os extratos aquosos de sementes de
nim nas concentrações de 0,5; 2,5 e 5,0% p/v causaram mortalidade de 16,8; 59,2 e
60,0% nos ovos de Mononychellus tanajoa (Bondar) (Acari: Tetranychidae) e que a
mortalidade de larvas, protoninfas, deutoninfas e fêmeas ocorreu apenas nas
concentrações de 2,5 e 5,0%, variando de 57,5 a 100,0%, de 85,0 a 100,0% e 97,5 a
100,0%, respectivamente. Relacionaram a eficácia dos extratos de nim no controle
de ácaros fitófagos com o solvente utilizado na extração das substâncias
secundárias, necessitando de estudos comparativos entre extratos aquosos ou não
de nim e formulações comerciais contendo azadiractina.
Pasini et al. (2003) observaram que uma formulação comercial a base de nim
aplicada em diferentes etapas do ciclo biológico do ácaro vermelho da erva-mate,
Oligonychus yothersi (McGregor) (Acari: Tetranychidae) foi eficiente no controle,
alcançando mortalidade média de 77% ao final do 5º dia após pulverização do
20
produto, na fase de ninfas. Quando aplicada sobre as folhas de erva-mate não inibiu
a postura, porém as fêmeas sobreviventes foram afetadas quanto à fecundidade,
apresentando 1,3 ovos/repetição contra 33 ovos/repetição do tratamento
testemunha.
Mourão et al. (2004b) estudaram a toxicidade aguda e crônica dos extratos de
óleo de torta, de sementes e de folhas do nim, em fêmeas do ácaro-vermelho-do-
cafeeiro Oligonychus ilicis (McGregor) (Acari: Tetranychidae), obtendo 50% e 99%
de mortalidade dos indivíduos em todos os extratos após 72 horas de exposição,
nas concentrações 0,02; 15,9 e 121,4 mg/mL e 10,9; 520,9 e 277,4 mg/mL,
respectivamente. A taxa de crescimento populacional caiu linearmente com o
aumento da concentração dos extratos de óleo de torta, sementes e folhas de nim
até 0,075; 15 e 144 mg/mL, a partir das quais as populações foram extintas.
Silva et al. (2003) verificaram a eficiência do inseticida formulado à base de
azadiractina 1%, NeemAzal® (óleo vegetal) no controle da “mosca-branca” Bemisia
argentifolii Bellows & Perring (Hemiptera: Aleyrodidae) em meloeiros sob condição
de casa de vegetação e campo, determinando a média de ninfas em casa de
vegetação e, de adultos e ninfas em campo. Os melhores resultados obtidos em
campo foram: no controle de adultos – azadiractina nas concentrações de 4,0 e 8,0
mL/L equivalendo a uma eficiência de 67,83 e 70,13%, respectivamente; no controle
de ninfas – azadiractina a 8,0 mL/L, com eficiência de 88,10% e azadiractina +
permethrin, cuja eficiência foi de 85,71%. Sendo que a azadiractina 1%
(Neemazal®) foi eficiente no controle tanto de adultos como de ninfas, apresentando
ação sistêmica prolongada e o thiamethoxam e o permethrin não foram eficientes no
controle de nenhuma das fases de vida.
21
Gonçalves e Bleicher (2006) constataram a eficiência na aplicação de
azadiractina 1,2% (Neemazal®) e dos extratos aquosos de sementes e folhas de
nim via sistema radicular, no controle de “mosca-branca” em meloeiro. A
azadiractina respondeu, significativamente, a partir da concentração de 24 ppm,
alcançando uma eficiência de até 81,58%, comprovando seu efeito sistêmico e
afetando as ninfas até 14 dias após sua aplicação. O mesmo foi observado para o
extrato aquoso de sementes, porém a partir de uma concentração de 16 g/100 mL,
com redução de 74,33%, enquanto que o extrato aquoso de folhas via sistema
radicular não apresentou eficiência. Néri et al. (2006) verificaram a não preferência
de “mosca-branca” por meloeiros, quando estes foram tratados com extrato aquoso
de folhas secas de nim em concentrações superiores a 6%.
Mendes et al. (2004), verificaram a eficiência de óleo de nim a 1% no controle
de Enneothrips flavens Moulton (Thysanoptera: Thripidae) na cultura do amendoim e
não obtiveram diferença significativa do tratamento em relação à testemunha.
2.5.2 Doenças e nematóides
Diniz et al. (2006) compararam vários produtos alternativos no controle da
“requeima-do-tomateiro”, causada por Phytophthora infestans (Mont.) de Bary, e
observaram que a calda bordalesa foi o mais eficiente e o óleo de nim o mais
promissor no manejo da “requeima”, com severidade final da doença de 43,7%.
Mello et al. (2005) constataram a eficácia do óleo de nim a 0,5% na inibição
do crescimento do mofo-branco, causado por Sclerotinia sclerotiorum (L ib.) de
Bary em tomateiro, e observaram uma redução na taxa de crescimento micelial e
inibição na produção de escleródios in vitro; através da análise de respirometria,
22
verificaram que o produto foi rapidamente degradado, não causando malefícios a
microbiota do solo.
Pignoni e Carneiro (2005) analisaram o efeito do óleo de nim in vitro e em
casa de vegetação sobre a severidade da antracnose do feijoeiro e pinta-preta do
tomateiro, causadas pelos fungos Colletotrichum lindemuthianum (Sacc. & Magn.)
Scrib. e Alternaria solani (Ellis & G. Martin) L.R. Jones & Grout, respectivamente. O
óleo de nim apresentou eficiência nos testes in vitro e maior eficácia nas
concentrações de 0,25 e 1,25%. Em casa de vegetação, no entanto, o controle da
pinta-preta do tomateiro só foi significativo à concentração de 1,0%, quando aplicado
duas horas antes da inoculação de A. solani, não obtendo o controle da antracnose,
nem de forma protetora nem curativa. As plantas do feijoeiro apresentaram
fitotoxidade caracterizada por folhas encarquilhadas, quando utilizadas as
concentrações de 1,0 e 1,5%, o que também foi observado por Martinez (2002) em
concentrações acima de 1,0 e 2,0%. Os autores ressaltam que a baixa eficiência
apresentada pode ser atribuída às condições ambientais, pressão de inóculo
extremamente favorável ao desenvolvimento dos sintomas das duas doenças,
decomposição da azadiractina em função do tempo e pequena ação dos compostos
ativos do nim sobre os fungos testados.
Ramos et al. (2007) avaliaram o efeito do extrato aquoso de folhas de nim
sobre o crescimento micelial de Crinipellis perniciosa (Stahel) Singer e Phytophthora
spp., os quais mesmo nas mais altas concentrações utilizadas (35%) não afetou o
crescimento de C. perniciosa, reduzindo porém, nesta concentração, a germinação
dos esporos quase por completo; o extrato apresentou inibição do crescimento para
Phytophthora spp..
23
Carneiro et al. (2007) verificaram que o óleo de nim foi tão eficiente no
controle do oídio do feijoeiro quanto o fungicida utilizado como padrão, nas
concentrações de 0,5; 1,0 e 1,5%, reduzindo 97% do número de manchas por folha.
Os extratos aquosos de sementes foram eficientes quando aplicados 48 horas antes
ou 24 horas depois da inoculação do patógeno, porém o extrato de folhas não
apresentou eficiência.
No National Research Council (1992) foi relatado que certos limonóides
extraídos das sementes de nim possuem ação nematicida, inibindo a eclosão dos
ovos e reduzindo a capacidade dos juvenis penetrarem nas raízes das plantas. Na
Alemanha, testes em casa de vegetação e a campo mostraram que tomateiros
apresentavam maior quantidade de raízes com sintomas de ataque de nematóides-
das-galhas quando cultivados em solos não tratados com a incorporação de torta de
nim.
Bridge (1996) relacionou que a incorporação de matéria orgânica ao solo é
uma das práticas a serem recomendadas no manejo de fitonematóides e na Índia, a
torta de sementes de nim é utilizada no controle de nematóides em olerícolas,
reduzindo significativamente as populações, principalmente Meloidogyne incognita
(Kofoid &. White) Chitwood e Tylenchorhynchus brassicae Siddiqi; para o cultivo do
arroz deve ser adicionado de 1,0 a 10,0 t.ha-1 de torta de nim para o controle de
Hirschmaniella spp..
Ritzinger et al. (2004) verificaram a o efeito da torta de nim (hastes e folhas
secas), 2,0 a 6,0 g.planta-1 no controle de M. incognita e M. javanica (Treub)
Chitwood inoculados em mudas de mamoeiro, e devido às condições ambientais
desfavoráveis (baixas temperaturas) durante o experimento, não obtiveram
24
resultados conclusivos; contudo, observaram uma tendência de maior crescimento
das plantas em função do aumento na concentração de torta.
Oliveira et al (2005) avaliaram o efeito de produtos químicos (abamectina e
aldicarb) e óleo de nim sobre Pratylenchus brachyurus (Godfrey) Filipjev & S.
Stekhoven, nematóide importante para a cana-de-açúcar encontrando efeito
significativo aos dois, quatro e seis meses após o plantio, porém somente o aldicarb
foi eficiente no controle da população de P. brachyurus. O óleo de nim, bem como a
abamectina, não apresentaram efeito nematicida consistente, mostrando, algumas
vezes populações do nematóide maiores do que a testemunha.
Ritzinger e Fancelli (2006) relatam que o uso de matéria orgânica no controle
de fitonematóides é bastante antigo, e que atualmente, esta prática vem sendo
bastante utilizada na agricultura orgânica. Contudo, ressaltam que as quantidades
utilizadas necessárias para supressão desta praga são bastante variáveis em função
do tipo de material, das relações entre patógeno x hospedeiro e hospedeiro x meio
ambiente, bem como do nível populacional da espécie e de sua correta identificação.
O uso de composto orgânico como tática de controle deve ser empregado desde
que se conheça o mecanismo de supressão associado ao tipo de substrato, seus
compostos ativos, sua concentração letal para cada espécie de nematóide e o
impacto sobre a microbiota e o solo.
Mesmo com todas as vantagens advindas com a utilização de extratos
vegetais no controle de pragas, estes apresentam uma série de limitações no seu
uso, como a disponibilidade de matéria-prima, as diferentes concentrações dos
compostos ativos em partes diferentes da planta, os solventes utilizados na extração
que disponibilizam maior ou menor quantidade de compostos, os métodos de
25
aplicação, a baixa persistência e os efeitos adversos sobre organismos benéficos,
como predadores, parasitóides e polinizadores (COSTA et al., 2004).
26
3 MATERIAL E METÓDOS
Inicialmente foi realizado um levantamento de campo no sentido de detectar
quais espécies de pragas ocorriam, as injúrias causadas, sua severidade e a
disponibilidade da praga em campo para realização deste estudo. Posteriormente,
com base nos dados obtidos foram realizadas as avaliações dos extratos de nim em
campo e laboratório.
3.1 Levantamento de pragas em helicônias cultivadas no Litoral Sul da Bahia
No período de agosto/2006 a junho/2007, foram realizadas coletas mensais
de raízes, folhas, flores e inflorescências de helicônias e solo da rizosfera, em
plantios comerciais nos municípios de Ibirapitanga, Ilhéus, Itabuna, Ituberá, Uruçuca
e Valença (Apêndice A). Dentre o material vegetal coletado (Apêndice B), as
principais espécies e cultivares na região do estudo foram: Heliconia psittacorum x
H. spathocircinata – cultivares ‘Golden Torch’, ‘Golden Torch Adrian’, ‘Alan Carle’; H.
caribaea x H. biihai cv. Jaquinii, H. psittacorum – cultivares ‘Red Opal’ e ‘Sassy’, H.
biihai – cultivares ‘Nappi Yellow’ e ‘Chocolate’, H. rostrata, H. latispatha, H.
wagneriana, H. stricta cv. Fire Bird, H. orthotricha cv. She, H. chartaceae – cultivares
‘Sexy Pink’ e ‘Sexy Scarlet’. As propriedades foram georeferenciadas, e as amostras
por planta eram compostas por cinco hastes vegetativas, duas hastes reprodutivas e
raízes; o material coletado era identificado e acondicionado em sacos plásticos e de
27
papel. Em seguida, as amostras coletadas foram transportadas para os Laboratórios
de Entomologia e de Fitopatologia da UESC, e mantido sob temperatura de 4 a 6ºC
(refrigerador) até a triagem.
Além dessas coletas, utilizou-se rede entomológica para captura de ortópteros
e, nos meses de fevereiro, março e abril de 2007 foi instalada nas Fazendas
Liberdade (Uruçuca) e Boa Esperança (Ibirapitanga) uma armadilha luminosa para
captura de lepidópteros. A amostragem de nematóides foi realizada por seis meses
(agosto/2006 a janeiro/2007); nas áreas era feito o caminhamento em ‘zigue-zague’
sendo retiradas 10 sub-amostras de solo e de raiz que totalizaram uma amostra
composta por propriedade. Foi aplicado um inquérito fitossanitário (Apêndice C) aos
produtores rurais, para conhecimento da ocorrência de pragas, práticas de manejo e
medidas de controle adotadas.
A triagem dos insetos foi realizada sob microscópio estereoscópico e os
exemplares obtidos foram acondicionados em microtubos ‘Eppendorf’ com álcool a
70%, para posterior identificação. Os insetos foram identificados em nível de Ordem
e Família de acordo com Borror e Delong (1988), Costa et al. (1998), Cassino e
Nascimento (1999), e parte das formas imaturas, foram enviadas para o Dr.
Fernando Zanotta da Cruz (UFRGS) para confirmação das famílias.
A ocorrência ou não de doenças foi considerada através dos sintomas e ou
sinais em folhas (manchas foliares), pseudocaule (coloração e exsudatos) e rizomas
e raízes (coloração, podridão seca ou aquosa), comparando àqueles de doenças já
registradas, com auxílio de microscópio estereoscópico, microscópio ótico e
montagem de lâminas de microscopia. Ao material que apresentava apenas
sintomas, procedeu-se o isolamento do tecido vegetal adjacente à área doente, em
placas de Petri contendo meio de cultura Batata-Dextrose-Agar (BDA), sendo as
28
placas colocadas em câmaras climatizadas do tipo BOD a ± 28°C. Após uma
semana, as colônias obtidas foram repicadas e montadas em lâminas de
microscopia para identificação. As amostras vegetais que apresentavam sinais do
patógeno foram colocadas em lâminas de microscopia e observadas às estruturas
sob microscópio ótico. Quanto às doenças, associou-se a sintomatologia encontrada
em campo com aquela descrita em literatura: Almeida et al. (1985), Madriz et al.
(1991), Assis et al. (2002), Warumby et al. (2004), Lins e Coelho (2004), Gasparotto
et al. (2005), Serra e Coelho (2007), e parte dos fungos fitopatogênicos isolados
foram depositados na Micoteca da CEPLAC.
A presença de fitonematóides associados ao sistema radical e rizosfera das
helicônias foi avaliada pela sintomatologia das raízes e extração pelos métodos de
Jenkins1 e Coolen e D’Herde2 citados por Tihohod (1993), sendo fixados e
acondicionados em recipientes de vidro de 8,0 mL. As suspensões de nematóides
obtidas foram quantificadas e identificadas, por especialista do Instituto Biológico de
São Paulo, em nível de gênero e ou espécie.
Com base no número de amostragens e exemplares obtidos foram
determinados os índices de freqüência, abundância, dominância e constância para
as principais pragas que ocorram na região por meio do Programa ANAFAU
(MORAES et al., 2003).
¹ JENKINS, W. R. A rapid centrifugal-flotation technique for separating nematodes from soil. Plant Disease Reporter, v.48, p.692, 1964. 2 COOLEN, W. A.; D'HERDE, C. J. A method for the quantitative extraction of nematodes from plant tissue. Ghent, State Nematology and Entomology Research Station, 1972. 77p.
29
3.2 Avaliação de Azadirachta indica - nim no controle de pragas
Os produtos comerciais de nim utilizado nos experimentos foram da Empresa
Cruangi Neem do Brasil Ltda na forma de óleo emulsionável – Neemseto (2,389
ppm de azadiractina A e B, nimbina e salamina por litro) e na forma de torta –
Neemtorta®. Além dos produtos comerciais, foram utilizados nos bioensaios extratos
etanólico e aquoso das folhas de nim, obtidos no Laboratório de Pesquisa em
Produtos Naturais e Síntese Orgânica (LPPNS) da UESC, conforme adaptação da
metodologia de Martinez (2002) e Souza e Vendramim (2005).
As folhas de nim utilizadas na preparação dos extratos foram coletadas na
Fazenda Ibiazul, Floresta Azul, BA, em janeiro de 2007, de sete árvores identificadas
com fitas do tecido TNT, numeradas e coloridas. Após a coleta, as folhas foram
espalhadas e mantidas durante dois dias, numa sala ventilada e protegida da
incidência dos raios solares. Ao terceiro dia, foram destacados todos os folíolos,
eliminando os danificados e com sintoma de ataque de pragas. A massa verde
obtida foi pesada em balança digital (711,54 g), em seguida submetida à secagem
em estufa de ventilação forçada, a temperatura de aproximadamente 50°C, durante
3h40min, e então, pesada para obtenção da massa seca de 470,55 g. Após o
processo de secagem, as folhas de nim foram moídas de forma a se obter o pó para
posterior preparação dos extratos.
Para a obtenção do extrato aquoso, o pó das folhas de nim foi imerso em
água destilada (100 g do pó em 1000 mL de água) em frasco Erlenmeyer envolvido
com papel alumínio, e após 21 horas, a solução foi filtrada com auxílio de funil e
papel filtro para a obtenção do extrato. O volume da solução (675 mL) foi utilizado
nas concentrações de 1,0; 5,0 e 10,0%, e usados no prazo máximo de 24 horas;
30
foram acondicionadas em frascos de vidro âmbar, a fim de evitar a decomposição
dos compostos do nim pela luz.
O extrato etanólico foi obtido por meio da adição de etanol ao pó de nim
(100 g do pó em 1000 mL de etanol PA); esta mistura foi colocada em frasco
Erlenmeyer, o qual foi seguido de agitação da mistura. O frasco foi envolto por papel
alumínio, ficando a mistura em repouso durante seis dias. Após este período de
descanso, a mistura foi filtrada em sistema com bomba de vácuo. O volume obtido
foi de 810 mL e depois de procedidas às diluições nas concentrações 1,0; 5,0 e
10,0%, foram acondicionadas em frascos de vidro âmbar.
Com a finalidade de padronizar a medida utilizada durante operação em
campo, a torta de nim foi incorporada ao solo na quantidade de 50 g.vaso-1. Os
extratos aquoso e etanólico das folhas de nim, nas concentrações de 1,0; 5,0 e
10,0%, e o óleo emulsionável (1,0%) foram pulverizados diretamente sobre folhas de
helicônias e discos de papel-toalha, em ambiente aberto, utilizando um borrifador
manual (SOUZA; VENDRAMIM, 2005) com capacidade de 500 mL para cada tipo de
veículo, cujo jato aferido em pipeta correspondeu em média de 1,5 mL por três
borrifadas.
3.2.1 Avaliação da torta de nim no controle de nematóides e cochonilha-de-raiz
Este experimento foi realizado em novembro de 2006, na Fazenda Liberdade,
município de Uruçuca, BA, com a cultivar ‘Golden Torch’, infestada pela cochonilha-
de-raiz, Dysmicoccus brevipes. Em vasos plásticos com capacidade de 24 L, foram
plantadas 60 mini-touceiras infestadas com cochonilhas, sendo que cada mini-
touceira era composta de quatro plantas, correspondendo a uma unidade
31
experimental. Metade dos vasos (30) continha solo extraído da área de cultivo com
helicônias e a outra metade, o mesmo solo, acrescido de 50 g de torta de nim
(Neemtorta®). Durante o plantio foi realizada a poda das folhas, restando apenas
metade da área foliar; e, a cada 30 dias, procedia-se a retirada das plantas daninhas
dos vasos e na área de instalação do experimento.
Foi realizada uma pré-amostragem de solo e de raízes para determinação da
população inicial de nematóides na rizosfera (solo e raiz) e determinação da
infestação média inicial de cochonilhas.
Os tratamentos, com adição e sem torta, foram avaliados aos 30 (T1 e T2), 60
(T3 e T4) e 90 dias (T5 e T6), eram identificados com faixas coloridas de tecido TNT
em delineamento inteiramente casualizado, com dez repetições. A cada 30 dias,
eram retiradas e avaliadas dez mini-touceiras completas, com e sem torta,
juntamente com amostras do solo. O material era acondicionado em sacos plásticos
de 25 L, etiquetados e encaminhados aos Laboratórios de Entomologia e
Fitopatologia da UESC, onde era realizada a triagem e registrados os dados
referentes à quantidade de cochonilha-de-raiz. A população de nematóide no solo e
raiz foi determinada por meio de extrações das amostras de solo e raízes, de acordo
com a metodologia descrita em Tihohod (1996). Os nematóides obtidos foram
encaminhados para contagem e identificação em nível de gênero e ou espécie no
Instituto Biológico de São Paulo.
Os resultados do número de cochonilhas vivas foram transformados através
da fórmula de Abbott: E (%) = (T – I/T).100, onde E = porcentagem de eficiência, T =
o número de insetos vivos na testemunha, e I = o número de insetos vivos no
tratamento realizado (NAKANO et al., 1981). Os dados de eficiência foram
submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a
32
5% de significância. O teste do qui-quadrado (χ2) foi aplicado aos dados resultantes
da observação direta dos nematóides.
3.2.2 Avaliação dos extratos aquoso e etanólico de folhas e óleo emulsionável de
nim no controle de cochonilha-de-raiz e gafanhoto
Os experimentos foram realizados no Laboratório de Entomologia da UESC,
utilizando placas de Petri descartáveis (9 cm de diâmetro) para o acondicionamento
das cochonilhas-de-raiz e potes plásticos com capacidade de 3,8 L. (gaiolas), para
os gafanhotos da espécie Eutropidacris cristata.
Plantas de helicônias, cultivar ‘She’, com sistema radicular infestado com
cochonilha-de-raiz foram acondicionadas em vasos plásticos de 24 L contendo
substrato para sobrevivência das plantas. Nos bioensaios, as cochonilhas foram
colocadas sobre discos de papel-toalha pulverizados com os tratamentos, sendo
estes, colocados em placas de Petri descartáveis. Os tratamentos utilizados nos
experimentos foram: 1) água (testemunha) (T1); 2) óleo emulsionável (Neemseto)
a 1% (T2); 3) extrato aquoso de folhas de nim a 1,0; 5,0 e 10,0% (T3, T4 e T5,
respectivamente); e, 4) extrato etanólico de folhas de nim nas concentrações de 1,0;
5,0 e 10,0% (T6, T7 e T8, respectivamente). Os discos de papel-toalha foram
pulverizados até o embebimento completo e após 15 minutos, eram colocadas 11
cochonilhas fêmeas por placa de Petri, que foram mantidas em câmara climatizada
do tipo BOD, a 28°C; as cochonilhas ficaram sem alimentação, sendo registrado o
número de indivíduos mortos após 24, 48 e 72 horas.
Os gafanhotos, provavelmente do 2º instar, após a captura em campo, foram
mantidos em gaiolas teladas no laboratório, por dois dias para aclimatação; foram
33
disponibilizadas folhas de helicônias para alimentação, tendo estas os pecíolos
envoltos em algodão embebidos com água. A unidade amostral foi representada por
três exemplares de E. cristata; estes foram colocados nas gaiolas, que continham
folhas de helicônias pulverizadas com os tratamentos. Os tratamentos aplicados
foram os mesmos descritos anteriormente, utilizados com as cochonilhas-de-raiz. A
aplicação dos produtos foi realizada nas duas faces das folhas ao ponto de
escorrimento, a uma distância de aproximadamente 30 cm e volume de calda gasto
de aproximadamente 3,0 mL.folha-1. Após 15 minutos de secagem, as folhas eram
colocadas nos potes plásticos.
As observações sobre o número de indivíduos mortos, número de exúvias e
alimentação foram efetuadas após 24, 48, 72, 120, 168 e 216 horas após aplicação
dos tratamentos. Durante o experimento, no período compreendido entre 120 e 168
horas, foi realizado um teste com chance de escolha de alimentação para os
tratamentos a 1,0% e 5,0% dos extratos aquoso e etanólico, sendo também
colocadas nas gaiolas folhas de helicônias apenas pulverizadas com água.
Em ambos os experimentos, o delineamento utilizado foi o inteiramente
casualizado, em esquema fatorial com confundimento e três repetições. Os dados
obtidos foram transformados através da fórmula de Abbott: (NAKANO et al., 1981), a
análise de variância aplicada e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de
significância.
34
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
No período do levantamento de agosto/2006 a junho/2007, foram coletadas
581 amostras. Do total destas, em 361 amostras foi verificada a presença de insetos,
em 183 amostras observaram-se sintomas de doenças, e a ocorrência de
nematóides em 370 amostras.
4.1 Levantamento de pragas em helicônias cultivadas no Litoral Sul da Bahia
Com referência a ocorrência de insetos, no total de 361 amostras, verificou-se
que 68,8% corresponderam a exemplares de adultos e 31,2% de formas jovens.
Foram encontradas e identificadas oito Ordens: Hemiptera (48,90%), Coleoptera
(21,85%), Diptera (10,58%), Orthoptera (6,75%), Hymenoptera (5,14%), Lepidoptera
(3,49%), Dermaptera (1,54%) e Isoptera (0,10%). O número total de insetos obtidos
no período do levantamento foi de 1.748 exemplares, que estão apresentados pelas
Ordens conforme mostra a Figura 1; deste total não foram identificados 29
exemplares de formas imaturas e as famílias de 55 exemplares de lagartas.
35
Figura 1 – Ordem de insetos e total de exemplares coletado em helicônias na região Litoral Sul da Bahia. Agosto/2006 a Junho/2007.
Estas Ordens agruparam um total de 45 famílias, sendo: 17 famílias na
Ordem Coleoptera; 16 na Ordem Hemiptera; quatro na Ordem Lepidoptera; três na
Ordem Hymenoptera; duas famílias nas Ordens Orthoptera e Diptera; e, uma na
Ordem Dermaptera (Tabela 1). Das famílias pertencentes à Ordem Hemiptera, os
maiores números de exemplares foram encontrados nas famílias: Pseudococcidae
(557), Aleyrodidae (150) e Aphididae (38); da Ordem Coleoptera, 228 eram da
família Phalacridae, 27 da Staphylinidae e 22 da Cerambycidae; 185 exemplares de
dípteros eram da família Psychodidae; 115 ortópteros eram da família Acrididae; e
46 himenópteros pertenciam à família Formicidae. Da Ordem Lepidoptera, foi obtido
apenas um exemplar de adulto em três das quatro famílias agrupadas.
1 2 7
3 8 2
1 8 5
2 9 1 1 8
6 1 9 0
8 5 5
0
100
200
300 400
500
600 700
800 900
Coleoptera Dermaptera Diptera Hemiptera Hymenoptera Isoptera Lepidoptera Orthoptera Imaturos
N.º
Exe
mp
lare
s
Ordem
36
Tabela 1 – Número de exemplares de insetos, em função da Ordem e Família, coletado em helicônias na região Litoral Sul da Bahia. Agosto/2006 a Junho/2007
Ordem Família Número de Exemplares
Coleoptera Carabidae Cerambycidae Chrysomelidae Coccinellidae Curculionidae Elateridae Lampyridae Meloidae Mycetophagidae Nitidulidae Passalidae Phalacridae Platypodidae Psephenidae Scarabaeidae Staphylinidae Tenebrionidae
9 22 6 1
19 18 1 4 1
14 2
228 1 3
17 27 1
Dermaptera Forficulidae 27 Diptera Psychodidae
Stratiomyidae 157
6 Hemiptera Aleyrodidae
Aphididae Cicadellidae Cicadidae Coccidae Cydnidae Diaspididae Gerridae Lygaeidae Membracidae Nabidae Neididae Pentatomidae Pseudococcidae Pyrrhocoridae Reduviidae
150 38 9 4
36 1 5 1 2 2
17 3
19 557
1 6
Hymenoptera Braconidae Chalcididae Formicidae
9 2
46 Lepidoptera Arctiidae
Hesperidae Lycaenidae Pyralidae
3 1 1 1
Orthoptera Acrididae Tettigoniidae
115 3
Isoptera - 1
37
Foram instaladas armadilhas luminosas para captura de lepidópteros, mas a
maior parte dos adultos obtidos foi destruída por formigas, sendo que os insetos
coletados em vôo (ortópteros) ou em armadilhas luminosas (lepidópteros)
representaram apenas 8,47% do total de exemplares.
Foi observado que 43,88% dos insetos amostrados estavam associados às
inflorescências (brácteas e flores), 25,40% a área foliar (folha e haste) e 22,25% ao
sistema radicial (rizoma e raízes).
Representantes de algumas Ordens foram mais freqüentes em determinadas
partes da planta: os coleópteros da família Phalacridae e os dípteros da família
Psychodidae foram coletados na sua totalidade nas brácteas e flores, concordando
com o relato de Borror e Delong (1988). Os hemípteros, no entanto, ocorreram de
forma generalizada, nas diversas partes da planta, porém de forma diferenciada em
função das Famílias: os representantes de Aleyrodidae e Coccidae em folhas e os
afídeos (Aphididae) nas inflorescências, concordando com os relatos de Assis et al.
(2002) e Warumby et al. (2004).
Os representantes da família Pseudococcidae foram os mais freqüentes nas
coletas, com total de 855 exemplares, sendo encontrados nas diversas partes da
planta: 67,32% nas raízes; 27,11% em inflorescências e nas folhas apenas 5,57%. A
grande percentagem de ocorrência em raiz se deve a presença da cochonilha-da-
raiz, espécie Dysmicoccus brevipes. Alguns pesquisadores (COLEN et al., 2001;
ASSIS et al., 2002; WARUMBY et al., 2004; LUZ et al., 2005) relataram os danos
causados por esta praga em plantios de abacaxizeiros, helicônias e palmeiras
ornamentais.
Entre os coleópteros, foram coletados apenas 19 exemplares da família
Curculionidae, porém foram observados espécimes do gênero Metamasius
38
broqueando o rizoma e hastes de H. rostrata, H. wagneriana e das cultivares ‘Fire
Bird’ e ‘Alan Carle’. Zorzenon et al. (2000) e Leon-Brito et al. (2005) descreveram
este comportamento de Metamasius spp. em juçara, pupunha e açaí, no Brasil, e em
dendezeiros na Venezuela, respectivamente.
Observou-se que as formas imaturas, principalmente as lagartas, estavam
localizadas nas inflorescências causando o seu broqueamento. Alguns exemplares
encontrados nas amostragens foram colocados em gaiolas para a obtenção de
adultos, juntamente com inflorescências, mas não houve emergência de adultos. De
forma comparativa, associando a morfologia, danos e hospedeiros, relatados por
Assis et al. (2002), Warumby et al. (2004) e Watanabe (2007), foram detectadas
duas espécies de lagartas causando o desfolhamento das helicônias: Opsiphanes
invirae (Huebner) (Brassolidae), observada na cultivar ‘Golden Torch Adrian’ e a
Antichloris eriphia (Fabricius) (Arctiidae), na cultivar ‘Golden Torch Adrian’ e H.
psittacorum.
O gafanhoto Eutropidacris cristata relatado por Zanetti et al. (2003) causando
danos no eucalipto, foi encontrado principalmente, nas cultivares ‘Red Opol’ e ‘Alan
Carle’ causando o desfolhamento generalizado. Espécimes do gênero Cornops
foram observados em folhas de helicônias nos municípios amostrados; o dano
causado por este gafanhoto foi relatado por Turk (1984) e Braga et al. (2003) em
folhas de helicônias e nas hastes devido à oviposição endofítica.
A análise faunística das espécies-pragas associadas às helicônias (Tabela 2)
corrobora a ocorrência destas pragas na região amostrada, sendo que D. brevipes
foi dominante, muito abundante, muito freqüente e constante; E. cristata,
Metamasius sp. e as lagartas, apesar de não dominantes, foram freqüentes nas
coletas.
39
Tabela 2 – Análise da diversidade de espécies-pragas associadas às helicônias cultivadas na região Litoral Sul da Bahia. Agosto/2006 a Junho/2007
Número
Espécie-praga Indivíduo Coleta
Dominância¹ Abundância² Freqüência³ Constância4
D. brevipes 557 21 D ma MF W E. cristata 107 12 ND ma F Y Metamasius 13 3 ND ma F Z Lagartas desfolhadora/ broqueadora
28 17 ND ma F Y
¹ SD = Super Dominante; D = Dominante; ND = Não Dominante. ² ma = Muito Abundante; a = Abundante; c = Comum; d = Dispersa; r = Rara. ³ MF = Muito Freqüente; F = Freqüente; PF = Pouco Freqüente. 4 W = Constante; Y = Acessória; Z = acidental.
No município de Valença foi observada maior diversidade de insetos, pois
foram coletados representantes de oito Ordens, sendo que o menor número ocorreu
em Ituberá. Nos municípios de Uruçuca e Ilhéus foi coletado o maior número de
exemplares, devido à alta incidência da espécie D. brevipes (Tabela 3).
Tabela 3 – Número de exemplares obtidos em helicônias, por Ordem de insetos,
coletados em municípios da região Litoral Sul da Bahia. Agosto/2006 a Junho/2007
Município Ordem Nº. amostras Nº. coletas Nº. exemplares Total Ibirapitanga Coleoptera
Dermaptera Diptera Hemiptera Lepidoptera Orthoptera
7 41
54 2 6
50 20 10
142
Ilhéus Coleoptera Diptera Hemiptera Hymenoptera Lepidoptera Orthoptera
15 75
95 54
231 9 8
91
488
Itabuna Coleoptera Dermaptera Diptera Hemiptera Hymenoptera Lepidoptera Orthoptera
10 49
153 7
77 66 21 10 3
337
40
Tabela 3 – Continuação
Município Ordem Nº. amostras Nº. coletas Nº. exemplares Total Ituberá Coleoptera
Diptera Hemiptera Hymenoptera Lepidoptera
7 27
19 26 33 9 5
92
Uruçuca Coleoptera Dermaptera Diptera Hemiptera Hymenoptera Lepidoptera Orthoptera
10 77
45 6
19 461 50 14 13
608
Valença Coleoptera Dermaptera Diptera Hemiptera Hymenoptera Isoptera Lepidoptera Orthoptera
7 47
16 12 3
14 1 1 4 1
52
Durante o período do levantamento, observou-se que nos meses de setembro
a dezembro de 2006, foram encontradas as maiores quantidades de insetos
associados às helicônias, sendo que dentre estes, verificou-se que as espécies D.
brevipes e E. cristata causavam injúrias nas helicônias (Figura 2).
Em relação às espécies e cultivares de helicônias coletadas (Apêndice B),
constatou-se que as espécies H. rostrata e H. latispatha e as cultivares ‘She’ e
‘Golden Torch’ foram as que apresentaram maiores incidências de D. brevipes,
inclusive sendo observada morte de touceiras da cultivar ‘She’. Warumby et al.
(2004) relataram esta praga ocorrendo em H. psittacorum e na cultivar ‘Edge of
Night’, em Pernambuco. Assis et al. (2002) observaram ataque da cochonilha-da-raiz
nas espécies de H. bihai, H. psittacorum e nas cultivares ‘Golden Torch’, ‘Golden
Torch Adrien’, ‘Sassy’ e ‘Lady Dy’, entre outras, em cultivos pernambucanos.
41
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
130
140
150
160
ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07
Meses de Levantamento
Nº.
Exe
mp
lare
s
D. brevipes
E. cristata
Lagartas
Figura 2 – Número de exemplares de espécies-pragas (D. brevipes, E. cristata e lagartas desfolhadoras e broqueadoras) coletadas em helicônias na região Litoral Sul da Bahia. Agosto/2006 a Junho/2007.
Analisando os índices pluviométricos e a temperatura média que ocorreu no
município de Uruçuca no período de amostragem (Figura 3), observou-se que a
partir do aumento na precipitação, início do período de chuvas, houve um
incremento na população de gafanhotos em dezembro, pois a umidade favoreceu a
eclosão das ninfas. Da mesma forma, os períodos de maior ocorrência de lagartas
broqueadoras e desfolhadoras coincidiram com os picos de pluviosidade. Verificou-
se também, que a ocorrência da cochonilha-de-raiz ocorreu nos meses com menor
pluviosidade, pois a precipitação elevada desfavorece estas pragas, afetando seu
período embrionário. A temperatura ao longo do período de amostragem esteve em
média de 23,4ºC, considerada ótima para o desenvolvimento e atividade dos insetos.
42
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
220
240
260
280
300
set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07
Meses de levantamento
Índ
ices Precipitação (mm)
Temperatura Média (°C)
Figura 3 – Dados pluviométricos e de temperatura no município de Uruçuca, BA. Setembro/2006 a Junho/2007.
Fonte: CEPLAC/CEPEC/CLIMATOLOGIA, 2007.
Verificou-se a ocorrência de Metamasius sp. apenas nas espécies H. rostrata,
H. wagneriana e nas cultivares ‘Fire Bird’ e ‘Alan Carle’. Estas espécies vegetais
estavam localizadas numa área próxima aos cultivos de palmeiras ornamentais e de
mata nativa, com outros representantes da família Arecaceae. Conforme relatado
por Zorzenon et al. (2000) em palmeiras “juçara”, “açaí” e “pupunheira”, e por Leon-
Brito et al. (2005) em dendezeiros na Venezuela, larvas da espécie M. hemipterus
estavam se alimentando de tecidos vegetais, escavando galerias, e, portanto, foi
considerada como praga. Estas observações sugerem a migração das populações
destes insetos dos plantios de palmeiras e da mata, para os cultivos de helicônias,
semelhante ao relatado por Watanabe (2007), que observou maiores índices de
infestação de lagartas desfolhadoras em helicônias, em áreas próximas ao plantio de
bananeiras. Nesta perspectiva, larvas e adultos de Metamasius poderão se tornar
uma importante praga para as espécies citadas de helicônias, na medida em que
43
novas áreas de plantio de helicônias e palmeiras ornamentais são implantadas, com
supressão das áreas de mata.
Os gafanhotos apresentaram maior ocorrência nas cultivares ‘Alan Carle’ e
‘Golden Torch’, sendo que Warumby et al. (2004) relataram a ocorrência do
gafanhoto Shistorcerca sp. em diversas espécies de H. psittacorum.
Foi observado o ataque de lagartas desfolhadoras e broqueadoras nas
inflorescências nas espécies H. psittacorum e H. rostrata, e cultivares ‘Golden Torch’
e ‘Golden Torch Adrien’, como também relatado por Assis et al. (2002) e Warumby et
al. (2004). Watanabe (2007) observou lagartas de A. eriphia e Caligo illioneus
(Nymphalidae), pragas desfolhadoras em bananais, atacando H. latispatha. Não
foram detectadas lagartas broqueadoras do rizoma, diferindo do relato de Assis et al.
(2002) e Warumby et al. (2004), que detectaram a espécie Castnia licus
(Castniidae).
Das doenças identificadas neste estudo, 74,02% ocorreram em folhas,
21,90% nas brácteas das inflorescências e 4,08% em rizomas. Na sua grande
maioria, as doenças foram de origem fúngica, não sendo observado doença
bacteriana.
As sintomatologias observadas em campo foram:
• Folhas: manchas necróticas, queima, pontuações amarelas no limbo
foliar, devido injúria mecânica de insetos; amarelecimento, murcha e
seca da planta, deformações do limbo, clorose, coloração variegada;
• Brácteas: manchas necróticas;
• Hastes: descoloroção vascular, manchas necróticas;
• Rizoma e raízes: podridões, descoloração vascular, descamação,
lesões necróticas, galhas.
44
Vários destes sintomas foram observados por Pozza et al. (1999),
Assis et al. (2002), Warumby et al. (2004) e Sologuren e Juliatti (2007) em plantas
ornamentais, dentre elas Roystonea oleraceae (palmeira imperial), Rhapis excelsa
(ráfis), Dracaena marginata (dracena) e Dypsis lutescens (areca bambu).
O sintoma de maior ocorrência foram manchas foliares (62,0%), seguido por
manchas nas brácteas (24,0%), murcha (8,0%), podridão em rizoma (4,0%) e
variegação (2,0%), sendo que o sintoma de clorose nas folhas ocorreu de forma
generalizada em todos os municípios. Pozza et al. (1999) e Sologuren e Juliatti
(2007) relataram à ocorrência de sintomas de manchas foliares, 48,9% e 87,0%
respectivamente, em plantas ornamentais.
Associada às sintomatologias observadas, foi constatada um total de 10
doenças, sendo que a “antracnose” foi a doença com maior número de ocorrências
nas áreas amostradas (337), seguida pela “murcha de Fusarium” (69), “mancha de
alga” (56), “mancha de Cladosporium” (47) e “mancha de Curvularia” (30).
A maioria das doenças observadas em campo (Tabela 4) já foi relatada em
cultivos de helicônias por diversos pesquisadores: Madriz et al. (1991), Assis et al.
(2002), Warumby et al. (2004), Moraes et al. (2006), Serra e Coelho (2007) e
Sologuren e Juliatti (2007).
45
Tabela 4 – Doenças detectadas em helicônias cultivadas no Litoral Sul da Bahia. Agosto/2006 a Junho/2007
Hospedeiro Doença Patógeno Nº. observações H. angusta Mancha foliar Colettotrichum gloeosporioides 10 Heliconia bihai Mancha foliar C. gloeosporioides 36 H. bihai cv. Chocolate Mancha foliar Pestalotiopsis sp. 10 H. bihai cv. Nappi Yellow Mancha de alga
Mancha foliar Cephaleuros virescens C. gloeosporioides
1 1
H. caribaea x H. bihai cv. Jaquinii Mancha foliar C. gloeosporioides Curvularia sp.
1 2
H. chartaceae cv. Sexy Pink Mancha foliar Murcha
C. gloeosporioides Fusarium oxysporum f. sp. cubense
13 4
H. chartaceae cv. Sexy Scarlet Murcha F. oxysporum f. sp. cubense 3 H. latispatha Mancha de alga
Mancha foliar C. virescens Cladosporium sp. C. gloeosporioides Pestalotiopsis sp.
16 4
10 1
H. orthotricha cv. She Mancha de alga Mancha foliar
C. virescens C. gloeosporioides Curvularia sp. Pestalotiopsis sp.
20 9 5 3
H. orthotricha cv. Total Eclipse Mancha foliar C. gloeosporioides Pestalotiopsis sp.
4 11
H. psittacorum Mancha foliar C. gloeosporioides 21 H. psittacorum x H. spathocircinata cv. Alan Carle
Mancha foliar Murcha
Bipolaris sp. Cladosporium sp. C. gloeosporioides F. oxysporum f. sp. cubense
4 5
18 20
46
Tabela 4 – Continuação
Hospedeiro Doença Patógeno Nº. observações H. psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch
Mancha foliar Cladosporium sp. C. gloeosporioides Drechslera sp.
28 95 7
H. psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch Adrian
Mancha de alga Mancha foliar
C. virescens Cladosporium sp. C. gloeosporioides
10 5
12 H. psittacorum cv. Red Opol Mancha foliar
Murcha
Bipolaris sp. Cladosporium sp. C. gloeosporioides Curvularia sp. F. oxysporum f. sp. cubense
8 2
21 5 7
H. psittacorum cv. Sassy Mancha foliar Cladosporium sp. 1 H. psittacorum x H. marginata cv. Nickeriense
Mancha foliar Curvularia sp. 5
H. rivularia Mancha de alga Mancha foliar
C. virescens F. oxysporum f. sp. cubense
1 10
H. rostrata Mancha de alga Mancha foliar
C. virescens C. gloeosporieides Curvularia sp.
6 35 9
H. stricta cv. Fire Bird Mancha de alga Mancha foliar
C. virescens Cladosporium sp. C. gloeosporioides Curvularia sp. Mycosphaerella sp.
2 2
17 12 4
H. wagneriana Mancha foliar Podridão
C. gloeosporioides Curvularia sp. Rhizoctonia sp.
29 1 4
47
Das doenças relacionadas, apenas a “antracnose” e a “mancha de curvulária”
foram observadas em folhas e inflorescências, diferindo de Assis et al. (2002) que
descreveram a “mancha de curvulária” como uma doença tipicamente foliar. Porém,
Warumby et al. (2004), relataram esta mancha em inflorescência de H. rostrata e
folhas de H. stricta cv. Las Cruzes.
Foram associados nove gêneros de fungos fitopatogênicos e uma espécie de
alga as doenças assinaladas, sendo que 78% dos fungos são mitospóricos. A
maioria dos agentes fúngicos foi observada em folhas: Bipolaris spp., Cladosporium
sp., Drechslera sp., Mycosphaerella sp., Pestalotiopsis sp.; nas folhas e
inflorescências: C. gloeosporioides e Curvularia spp.; e apenas F. oxysporum f. sp.
cubense nos rizomas (Figura 4). A ocorrência de fungos fitopatogênicos causando
danos em helicônias, com exceção da Drechslera sp., foi constatado por diversos
pesquisadores (MADRIZ et al., 1991; ASSIS et al., 2002; LINS; COELHO, 2004;
WARUMBY et al., 2004; COUTINHO, 2006; MORAES et al., 2006; SERRA;
COELHO, 2007; SOLOGUREN; JULIATTI, 2007).
Exemplares de Fusarium sp., Drechslera sp. e Pestalotiopsis sp. foram
depositados na Micoteca da CEPLAC, sob os números 118, 119 e 150, 151 e 152,
respectivamente. O agente da “mancha de alga”, a espécie Cephaleuros virescens,
foi observada por Almeida et al. (1985) em diversas espécies de fruteiras (citros,
sapoti, graviola, manga, etc.) e essências florestais no estado do Ceará; e por Lins e
Coelho (2004) em Tapeinochilos ananassae no estado de Pernambuco.
Não foi observada entre as espécies de helicônias amostradas a ocorrência
de Mycosphaerella fijiensis, fungo causador da doença Sigatoka-negra, relatada por
Gasparotto et al. (2005) em H. psittacorum; bem como da bactéria Ralstonia
solanacearum raça 2, causadora da “murcha-bacteriana”, citada por diversos
48
autores (ASSIS et al., 2002; LINS; COELHO, 2004; WARUMBY et al., 2004;
ALMEIDA, 2006; MORAES et al., 2006) em H. bihai, H. caribaea, H. stricta, H.
wagneriana e cultivares ‘Nickeriense’, ‘Lady Di’, ‘Sassy’, ‘Red Opol’, entre outras.
Esta observação concorda com o status adquirido pelo Estado da Bahia de Área
Livre de Sigatoka-negra e indene para a murcha-bacteriana, doença também
conhecida como “moko” (MAPA, 2007).
Figura 4 – Ocorrência de patógenos causadores de doenças em espécies de helicônias no Litoral Sul da Bahia. Agosto/2006 a Junho/2007.
Foi constatado que manchas foliares ocorreram em todas as propriedades
amostradas durante o período do levantamento, sendo que as maiores incidências
ocorreram nos meses de março, setembro e novembro de 2006. A “murcha de
Fusarium”, foi detectada apenas em três propriedades rurais, nos municípios de
2 %
5 7 %
9 %
8 %
6 % 1 %
1 % 4 % 1 %
Bipolaris sp. C. gloeosporioides C. virescens Cladosporium sp. Curvularia sp. Drechslera sp. Fusarium sp. Mycosphaerella sp. Pestalotiopsis sp.
1 1 %
Rhizoctonia sp.
49
Valença, Ibirapitanga e Uruçuca (Tabela 5), diferindo do constatado por Castro et al.
(2005), que encontrou a doença em 88% das propriedades amostradas em
Pernambuco.
Tabela 5 – Número total de ocorrências de doenças em Heliconia spp. em municípios da região Litoral Sul da Bahia. Agosto/2006 a Junho/2007
Município Doença Patógeno Total de Ocorrências
Ibirapitanga
Mancha de alga Mancha foliar Murcha Podridão
Cephaleuros virescens Cladosporium sp. Colletotrichum gloeosporioides Curvularia sp. Mycosphaerella sp. Fusarium oxysporum f. sp. cubense Rhizoctonia sp.
78
Ilhéus
Mancha de alga Mancha foliar Murcha
C. virescens Bipolaris sp. Cladosporium sp. C. gloeosporioides Curvularia sp. Pestalotiopsis sp. F. oxysporum f. sp. cubense
167
Itabuna
Mancha de alga Mancha foliar
C. virescens C. gloeosporioides Curvularia sp. Drechslera sp.
75
Ituberá
Mancha foliar Murcha
Cladosporium sp. C. gloeosporioides Curvularia sp. F. oxysporum f. sp. cubense
77
Uruçuca
Mancha de alga Mancha foliar Murcha
C. virescens Cladosporium sp. C. gloeosporioides Curvularia sp. Pestalotiopsis sp. F. oxysporum f. sp. cubense
179
Valença
Mancha de alga Mancha foliar Murcha
C. virescens Cladosporium sp. C. gloeosporioides Curvularia sp. F. oxysporum f. sp. cubense
86
A doença é resultante da interação hospedeiro x patógeno x meio ambiente,
mas também, deve ser considerada a ação do homem interferindo sobre estes três
50
fatores. Neste contexto, no município de Uruçuca foi observada a presença de maior
número de doenças e gêneros fúngicos fitopatogênicos, pois está localizada uma
área de produção comercial em larga escala (Tabela 5).
Observou-se que maiores incidências de manchas foliares ocorreram em
períodos chuvosos, entretanto, verificou-se também nos plantios comerciais
amostrados, o uso de agrotóxicos não registrados para a cultura, com intuito de se
obter o controle das doenças, a introdução de novas variedades sem o devido
cuidado com a sanidade das mudas, a adubação inadequada, o aumento do número
de plantas/ unidade de área ou por cova. As práticas adotadas na região por alguns
produtores têm interferido na relação patógeno x hospedeiro, que aliado aos fatores
climáticos favoreceu altos índices de ocorrência das doenças, sendo que estes
aspectos também foram abordados por Moraes et al. (2006).
O C. gloeosporioides, agente da antracnose, foi o patógeno mais importante,
pois foi associado aos índices máximos (classe super) de dominância, abundância,
freqüência e constância na região amostrada. Dentre os 10 agentes etiológicos
associados à helicônia na região, F. oxysporum f. sp. cubense e o C. virescens
foram os mais freqüentes e abundantes, porém a murcha de Fusarium foi acessória,
e a ‘mancha de alga’ foi constante, fato possivelmente relacionado a natureza e a
forma de disseminação de cada espécie. Os fitopatógenos Drechslera sp.,
Mycosphaerella sp. e Rhizoctonia sp. apresentaram os menores índices: pouco
freqüentes, acidentais e raras (Tabela 6).
Tabela 6 – Análise da diversidade de fitopatógenos causadores de doenças associadas à Heliconia spp. na região Litoral Sul da Bahia. Agosto/2006 a Junho/2007
Número Fitopatógeno Observação Coleta
Dominância¹ Abundância² Freqüência³ Constância4
C. gloeosporioides 350 35 SD sa SF W
F. oxysporum f. sp. cubense
69 7 D ma MF Y
Cladosporium sp. 51 10 D a MF Y
C. virescens 52 18 D ma MF W
Curvularia sp. 49 12 D a MF Y
Drechslera sp. 7 2 ND r PF Z
Bipolaris sp. 12 3 ND d PF Y
Mycosphaerella sp.
4 2 ND r PF Z
Pestalotiopsis sp. 25 4 ND c F Y
Rhizoctonia sp. 1 1 D r PF Z
¹ SD = Super Dominante; D = Dominante; ND = Não Dominante. ² sa = Super Abundante; ma = Muito Abundante; a = Abundante; c = Comum; d = Dispersa; r = Rara. ³ MF = Muito Freqüente; F = Freqüente; PF = Pouco Freqüente. 4 W = Constante; Y = Acessória; Z = acidental.
52
A partir de amostras de solo e raízes detectou-se a presença de nematóides
dos gêneros Meloidogyne, Hemicycliophora, Mesocriconema e Rotylenchulus, sendo
constatadas as espécies Helicotylenchus erythrinae, H. crenacauda, H. dihystera e
Pratylenchus zea (Tabela 7).
Tabela 7 – Fitonematóides associados à rizosfera de Heliconia spp. na região Litoral
Sul da Bahia. Agosto/2006 a Janeiro/2007
Nº nematóide Município Fitonematóide
Solo Raiz Ibirapitanga Helicotylenchus erythrinae
Meloidogyne sp. Nematóide de vida livre
286 0
231
0 14 21
Ilhéus H. erythrinae Hemicycliophora sp. Meloidogyne sp. Nematóide de vida livre
1.089 7
14,8 1.472
12,2 0 0
460,2 Itabuna H. erythrinae
H. crenacauda H. dihystera Pratylenchus zeae (fêmea) Mesocriconema sp. Nematóide de vida livre
157,2 38,4 32 1 1
545,6
69 0 0 0 0
433 Ituberá H. erythrinae
Nematóide de vida livre 270
222,8 36
31,2 Uruçuca Rotylenchulus sp.
H. dihystera Nematóide de vida livre
170 45
165
0 0
42 Valença H. erythrinae
H. dihystera Meloidogyne sp. Nematóide de vida livre
236,4 0 0
433,2
41 5,6 26
106,4
Na Figura 5, pode-se observar que ocorreu uma grande quantidade de
nematóides de vida livre na maioria das áreas amostradas dos municípios da região
Litoral Sul da Bahia.
53
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500
Helicotylenchus crenacauda
Helicotylenchus dihystera
Helicotylenchus erythrinae
Hemicycliophora
Meloidogyne
Mesocriconema
Nematóides vida livre
Pratylenchus zeae
RotylenchulusN
emat
óid
es
Nº. Indivíduos
Raiz
Solo
Figura 5 – Número de nematóides associados ao sistema radical de helicônias no Litoral Sul da Bahia. Agosto/2006 a Janeiro/2007.
Verificou-se que juvenis de Meloidogyne, conhecido como “nematóide-das-
galhas”, estavam infectando raízes de helicônias, nos municípios de Valença, Ilhéus
e Ibirapitanga. Esta praga foi detectada em reboleiras, por meio dos sintomas de
murcha nas horas mais quentes do dia e baixo desenvolvimento das plantas, sendo
observada a formação de galhas nas raízes coletadas, concordando com o relatado
por Lins e Coelho (2004) e Warumby et al. (2004).
As espécies do gênero Helicotylenchus, conhecido por adquirir a forma
espiralada ao morrer, foram encontradas nos solo e nas de raízes, devido ao seu
comportamento de ectoparasita ou de endoparasita migrador. Este gênero,
juntamente com Radopholus, não detectado neste estudo, são causadores de
fitonematoses e considerados por diversos autores (MENEZES; ALVES, 2000;
OLIVEIRA, 2001; LINS; COELHO, 2004; WARUMBY et al., 2004) como um dos
principais problemas fitossanitários em plantas ornamentais tropicais.
54
A espécie H. erythrinae apresentou ampla distribuição, presente em todos os
municípios amostrados, fato também observado por Wouts e Yeates (1994) em
levantamento na Nova Zelândia. Esta freqüência, provavelmente se deve ao fato de
ser um nematóide cosmopolita, com vários hospedeiros, entre os quais, mangueira,
cacaueiro e bananeira, onde espécies do gênero causam sérios danos ao sistema
radical, às plantas daninhas e essências nativas.
4.2. Injúrias causadas por pragas em helicônias cultivadas no Litoral Sul da Bahia
A “cochonilha-de-raiz” (D. brevipes) foi detectada principalmente em raízes
(Figura 6: N, O), embora também tenha ocorrido nas brácteas das inflorescências.
Foi observado o amarelecimento das folhas na maioria das espécies cultivadas de
helicônias, principalmente H. psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch e H.
orthotrica cv. She. Colen et al. (2001) e Luz et al. (2005) relataram que quando esta
praga ocorre nas raízes, ao realizarem a sucção da seiva da planta, dependendo do
nível da população, pode provocar o amarelecimento das folhas, redução do
desenvolvimento e morte da planta. Esta praga foi encontrada em todas as áreas
amostradas, com ampla disseminação na região.
O coleóptero Metamasius sp. (Figura 6 D) foi encontrado causando sérias
injúrias nos rizomas e hastes de H. rostrata, H. wagneriana, H. psittacorum x H.
spathocircinata cv. Alan Carle e H. stricta cv. Fire Bird; verificou-se o casulo, na qual
fica abrigado na fase de pupa (Figura 6 E), sendo que provoca a destruição do
sistema radicular (Figura 6 F) e causa a murcha e seca das folhas, seguida de morte
das plantas. Zorzenon et al. (2000) e Leon-Brito et al. (2005) descreveram este
55
mesmo comportamento da espécie em Rhapis excelsa (palmeira ornamental) e
Elaeis guineensis (dendenzeiro).
Foi observada à perfuração e destruição do limbo foliar da cultivar ‘Golden
Torch Adrian’ e H. psittacorum, principalmente de folhas novas, que estavam
deformadas e ou suprimidas (Figura 6L), com redução da área fotossintética; estes
danos foram associados à presença das lagartas desfolhadoras O. invirae (Figura
6J) e A. eriphia (Figura 6M), sendo estes danos também relatados por Assis et al.
(2002), Warumby et al. (2004) e Watanabe (2007).
Verificou-se que um grande número de inflorescências apresentava-se
broqueadas (Figura 6: H, I), e que a produção de hastes estava comprometida de
forma irreversível, pois em muitas ocorreu a destruição total. Observou-se nas flores
e brácteas a presença de formas imaturas, principalmente as lagartas (Figura 6G).
Não foi observada a presença de lagartas nos rizomas, mas Assis et al. (2002) e
Warumby et al. (2004) relataram que lagartas podem broquear o rizoma de
helicônias.
O gafanhoto da espécie E. cristata (Figura 6: A, B) ocorreu, principalmente
nas cultivares ‘Red Opol’ e ‘Alan Carle’, causando o desfolhamento generalizado;
observou-se grandes perfurações no limbo foliar (Figura 6C). Em muitas
propriedades os prejuízos eram significativos, de até 100%. Os gafanhotos do
gênero Cornops, menores em comprimento, foram encontrados em plantas que
apresentavam o limbo foliar rasgado, ficando apenas as nervuras, com o aspecto
rendilhado; outro sintoma observado foi a postura (endofítica), isto é a presença de
orifícios escavados nas hastes, próximo da inserção do limbo foliar, e cobertos por
uma substância translúcida e gomosa (Figura 6P), concordando com o relatado por
Turk (1984) e Braga et al. (2007).
56
Figura 6 – Insetos associados a helicônias no Litoral Sul da Bahia: adulto (A), ninfa (B) e injúrias (C) de E. cristata; adulto (D), pupa (E) e injúrias (F) de Metamasius sp.; lagarta (G) e broqueamento causado nas inflorescências (H, I); lagarta de O. invirae (J) e desfolhamento causado (L); lagarta desfolhadora A. eriphia (M); cochonilha-de-raiz, D. brevipes (N, O); oviposição endofítica de Cornops sp. (P).
A
N
C
G H I
J L M
D F E
B
O P
57
A murcha de Fusarium foi observada na espécie H. rivularia e nas cultivares
‘Alan Carle’, ‘Red Opol’ e ‘Sexy Scarlet’, onde a descoloração dos vasos pode ser
visualizada através de cortes transversais e longitudinais nas hastes e no rizoma
(Figura 7A), que apresentavam uma podridão seca. Nas áreas de ocorrência, sua
distribuição era de forma localizada, sugerindo que sua presença nestes locais, foi
devido à utilização de mudas infectadas pelo patógeno. Observou-se também, nos
municípios de Ibirapitanga (Fazenda Boa Esperança) e de Valença (Fazenda Barra),
a associação do patógeno com o ataque de nematóides dos gêneros
Helicotylenchus (Figura 8 C) e Meloidogyne, ao sistema radical da planta. Estes
resultados concordam com Assis et al. (2002), Lins e Coelho (2004) e Warumby et
al. (2004).
A antracnose, causada pelo fungo C. gloeosporioides, foi a doença de maior
incidência e distribuição na região. Lins e Coelho (2004) constataram que sua
freqüência no Estado de Pernambuco era da ordem de 86%. Os danos foram
constatados em folhas, inflorescências e nervura principal (Figura 7: E, F). As folhas
e nervuras apresentavam manchas necróticas ovaladas, de coloração castanho-
escura, com bordos definidos e o centro da lesão deprimido meio acinzentado,
apresentando um halo amarelado; dependendo da severidade da doença, ocorreu
uma redução significativa da área foliar. Nas inflorescências, as manchas necróticas
não apresentaram o halo amarelo, coalesciam, formando grandes áreas necrosadas
e escuras, comprometendo a qualidade e tornando-as impróprias para
comercialização. Estas observações concordam com o descrito por Madriz et al.
(1991), Assis et al. (2002), Lins e Coelho (2004) e Warumby et al. (2004). Foi
observado que a sua maior incidência nas inflorescências ocorreu quando as
mesmas
58
fato
Figura 7 – Doenças associadas à helicônias no Litoral Sul da Bahia: sintoma característico de descoloração vascular (A), macroconídio de F. oxysporum f. sp. cubense (B); manchas foliares associadas a Drechslera sp. (C); “mancha de alga” (D); antracnose em folhas de ‘Golden Torch’ (E) e em inflorescência de H. bihai (F).
B A
C D
E F
59
mesmas não eram retiradas do campo, passado do ponto de colheita. Este fato
sugere que a sua incidência esteja relacionada ao manejo da cultura, interferindo no
potencial de inóculo existente em campo.
Entre todas as espécies e cultivares amostradas, não foi observado sintomas
de antracnose apenas em H. rivularia, H. rauliniana, e nas cultivares ‘Nickeriense’ e
‘Sexy Scarlet’.
O fungo Pestalotiopsis sp. (Figura 8 B) foi identificado e associado a manchas
necróticas, elípticas, de coloração marrom-palha, com os bordos mais escuros e
definidos, e a presença de halo amarelo (Figura 8 A). As manchas aumentavam de
tamanho, podendo ou não estar coalescidas, sendo verificada a necrose em grandes
áreas e rasgadura dos tecidos foliares; ao centro das manchas observaram-se
pequenas pontuações negras, que correspondiam aos acérvulos do fungo. As
espécies e cultivares que apresentaram este tipo de sintomatologia foram H.
latispatha, H. bihai cv. Chocolate, H. orthotricha cv. She e H. orthotricha cv. Total
Eclipse. A mancha de Pestalotiopsis sp. foi descrita por Serra e Coelho (2007) como
a mais nova doença em helicônias, ocorrendo também em inflorescências. Madriz et
al. (1991) e Sologuren e Juliatti (2007) relatam este gênero como um importante
causador de manchas foliares em palmeiras (R. excelsa, Cocos nucifera, Caryota
mitis) e helicônias, respectivamente.
A “mancha de alga” (Figura 7 D) foi observada em sua grande maioria nas
helicônias de médio a grande porte: H. latispatha, H. rivularia, H. rostrata, e nas
cultivares ‘Nappi Yellow’, ‘She’ e ‘Fire Bird’; ocorrendo também na cultivar ‘Golden
Torch Adrian’, que é de pequeno porte.
60
Figura 8 – Mancha de Pestalotiopsis (A), conídio de Pestalotiopsis sp. (B); descamação e escurecimento da superfície da raiz devido o ataque de nematóide (C); mancha de Cladosporium (D).
As helicônias, devido ao seu porte e folhas longas e grandes, terminam por
formar no arranjo da touceira microclimas com condições de umidade, temperatura e
sombreamento favoráveis ao desenvolvimento do C. virescens. As manchas
ocorreram nas folhas e nervura central; eram arredondadas, ligeiramente ovaladas,
com aspecto felpudo, saliente, de coloração esverdeada; suas estruturas puderam
ser observadas em microscópio estereoscópico. Esta mancha foi relatada por
Almeida et al. (1985) no Ceará em diversas fruteiras (abacate, graviola, citros, etc.)
entre outras plantas hospedeiras.
A B
C D
61
O patógeno Drechslera sp. (Figura 7 C) foi associado às manchas necróticas
irregulares, delgadas, de coloração marrom e sem halo amarelo, e observado na
cultivar ‘Golden Torch’, sendo que Madriz et al. (1991) cita-o entre os agentes
fitopatogênicos causadores de manchas foliares em helioneáceas. Cladosporium sp.
ou “mancha de cladospório” (Figura 8 D) como é comumente conhecido, foi
observado causando manchas necróticas irregulares, com halo amarelo, que
coalesciam e causavam a queima do tecido foliar. A maioria das helicônias que
apresentaram este sintoma são híbridos resultantes do cruzamento de H.
psittacorum com outras espécies: ‘Alan Carle’, ‘Golden Adrien’, ‘Golden Torch
Adrien’, ‘Red Opol’ e ‘Sassy’, o que também foi verificado por Assis et al. (2002) e
Warumby et al. (2004).
O sintoma “clorose” foi observado em folhas de diversas espécies de
helicônias cultivadas e, em praticamente todas as propriedades amostradas,
provavelmente estando relacionado à deficiência nutricional e ao manejo
inadequado da cultura. Esta observação foi considerada por Moraes et al. (2006).
A localização geográfica dos pontos de amostragem está representada no
mapa da região Litoral Sul da Bahia (Figura 9). Por meio do inquérito fitossanitário
aplicado (Apêndice C), verificou-se desde a presença de cultivos abandonados
como a antropização das áreas de produção comercial em larga escala. Foram
constatadas várias práticas culturais inadequadas, como o uso irregular de
agrotóxicos, a adubação sem análise do solo, a aquisição de mudas não
certificadas, o trânsito e a introdução de mudas sem critério, plantio de mudas sem
tratamento preventivo, elevado número de plantas/cova, plantio de alguns cultivares
em áreas não sombreadas, com excessiva exposição ao sol, plantio sem curva de
nível em áreas declivosas, inflorescências deixadas no campo após o ponto de
62
colheita, entre outras. Foi observado também que a maioria dos produtores da
região não recebe assistência técnica, e não conhecem os sintomas das principais
pragas de helicônias em campo (Tabela 7).
As ocorrências fitossanitárias foram confirmadas ao longo deste estudo e a
morte de plantas foi causada por:
1) Faz. Barra - ‘murcha de Fusarium’ e ‘nematóide-das-galhas’;
2) Faz. Boa Esperança – ‘murcha de Fusarium’ e larvas de Metamasius sp. ;
3) Faz. Liberdade – ‘murcha de Fusarium’.
63
SW
S
SE
E
NW
N
NE
CANAVIEIRAS
ITAPÉ
PRESIDENTE
ITACARÉ
PRETO
ITAJÚ
DO COLÔNIA
WENCESLAU GUIMARAES
SANTA LUZIA
BARRO
ITAGIBÁ
MASCOTE
ARATACA
JUSSARI
ILHÉUS
Serra Grande
NORTE
GANDU
UNA
ITAJUÍPE
IBICARAI
ITAPITANGA
CAMACÃPAU BRASIL
URUÇUCA
COARACI
ALMADINA
BUERAREMA
SÃO JOSÉDA VITÓRIA
ITABUNAFLORESTA
AZUL
SANTA CRUZ DA VITÓRIA
DÁRIOMEIRA
BARRA DO ROCHA
AURELINO LEAL
UBAITABA
MARAUUBATÃ
CAMAMU
IBIRAPITANGA
JITAÚNAIBIRATAIA
ITAGI
AIQUARA
APUAREMA NOVA ÍBIA
ITAMARI
IPIAÚ
TAPEROÁ
NILO PEÇANHA
IGRAPIÚNA
ITUBERÁ
PIRAÍ DO
TEOLÂNDIA
TANCREDO NEVES
W
13°00'
14°00'
15°00'
13°00'
14°00'
15°00'
40°00' 39°00'
VALENÇA
GONGOGI
ESTADO DA BAHIA
PLANTA DE SITUAÇÃO
REGIÃO LITORAL SUL DA BAHIA
40°00' 39°00' Esc.: 1:1.500.000
Escala Gráfica:75.000 m60.00045.00030.00015.0000m
BARRA
BOA ESPERANÇA
BOA VISTA
ITAJAI
LIBERDADE
LUCAIA
MARINAS GARDEN
MIAMOTO
MONTE ALEGRE
PIAUÍ
SÃO JOSE
SÃO SEBASTIÃO
TERRA NOVA
Legenda
Georreferenciamento
Rios Principais
Rodovia BR-101
Limite Municipal
Figura 9 – Área de estudo sobre levantamento de pragas associadas em helicônias
cultivadas no Litoral Sul da Bahia. Agosto/2006 a Janeiro 2007.
64
Tabela 8 – Diagnóstico fitossanitário das áreas produtoras de helicônias na região Litoral Sul da Bahia. Agosto/2006 a Janeiro/2007
Propriedade Assistência Técnica
Tratos Culturais Ocorrências Fitossanitárias
Medidas de Controle Observações
Barra não Poda, capina manual,
adubação orgânica sem análise de solo, desbaste
Manchas foliares, morte de plantas, fusariose,
namatóide-das-galhas, lagartas, gafanhotos
Aplicação de inseticidas, tratamento de mudas
(água sanitária)
Aquisição de mudas em outras regiões do
estado, desconhecimento de
pragas
Boa Esperança
sim
Poda, capina química e manual, adubação química
e orgânica, desbaste, irrigação, pós-colheita
Manchas foliares, morte de plantas, cochonilha-de-raiz,
lagartas, gafanhotos, fusariose
Aplicação de fungicidas, inseticidas e herbicidas (60/60 dias), tratamento de mudas e desinfecção
de ferramentas (água sanitária)
Aquisição de mudas de outros estados (AL, SE, AM, SP, PE),
próximo a plantios de palmeiras e mata
Boa Vista não Sem trato cultural Cochonilha-de-raiz, lagartas, gafanhotos
-
Aquisição de mudas em outros estados (AL, SE, AM, SP, PE), área
dizimada com a cochonilha-de-raiz e
consorciada com coqueiro
Itajaí não Desbaste, poda, capina manual
Lagartas broqueadoras e desfolhadoras
Tratamento de mudas (água sanitária),
aplicação de inseticida (6/6 meses)
Área próxima a cultivos de cacau, banana e
pastagens
Liberdade não
Poda, capina química e manual, adubação química e orgânica, análise de solo
com mais de um ano de realizada, desbaste, pós-
colheita
Manchas foliares, morte de plantas, fusariose, podridão de raiz, cochonilha, lagartas,
gafanhotos
Aplicação de fungicidas, inseticidas e herbicidas (15/15 dias), tratamento
de mudas (fungicida)
Aquisição de mudas de outros estados (AL, SE, AM, SP, PE),
plantio morro abaixo, falta de conhecimento
pragas
65
Tabela 8 – Continuação
Propriedade Assistência Técnica
Tratos Culturais Ocorrências Fitossanitárias
Medidas de Controle
Observações
Lucaia não Poda, capina química e
manual, adubação química, desbaste
Manchas foliares
Aplicação de fungicidas e
inseticidas (15/15 dias), tratamento de
mudas (água sanitária)
Aquisição de mudas de outro estados (AL,
SE, PA, PE), desconhecimento de
pragas
Marinas Garden não Poda, capina manual, adubação, calagem, desbaste
Manchas foliares, morte de plantas, cochonilha,
lagarta, gafanhotos
Aplicação de inseticidas (15/15
dias)
Aquisição de mudas de outros estados,
desconhecimento de pragas, plantio
consorciado com cacau
Myamoto não Capina manual, desbaste, adubação irregular
Manchas foliares, cochonilha, lagartas
broqueadoras Aplicação de nim
Aquisição de mudas de outro estados (AL,
SE, AM), desconhecimento de
pragas
Monte Alegre sim
Poda, capina química e manual, adubação química, foliar e orgânica, análise de solo, desbaste, pós-colheita
Manchas foliares, cochonilha-de-raiz,
lagartas broqueadoras e desfolhadoras
Aplicação de fungicidas, inseticidas
e herbicidas (15/15 dias), tratamento de mudas (fungicida)
Aquisição de mudas de outros estados
(PE)
Piauí não Cultivo abandonado Manchas foliares, lagartas, gafanhotos
- -
São José não Capina manual, adubação química, desbaste
Gafanhoto, lagartas desfolhadoras
- Consórcio com
cultivos de cacau e banana
São Sebastião sim Capina manual, adubação orgânica, desbaste
Gafanhoto, lagartas desfolhadoras
Aplicação de caldas orgânicas
Consórcio com cultivos de cacau e
banana
66
Tabela 8 – Continuação
Propriedade Assistência Técnica
Tratos Culturais Ocorrências Fitossanitárias
Medidas de Controle
Observações
Terra Nova não Poda, capina química e
manual, adubação química e orgânica, desbaste
Manchas foliares, cochonilha-de-raiz,
lagartas broqueadoras e desfolhadoras, gafanhotos
Aplicação de fungicidas, inseticidas
e herbicidas (15/15 dias), tratamento de mudas (fungicida)
Aquisição de mudas de outros estados (AL, SE, PE), área com até 100% de
desfolhamento devido ao ataque de
gafanhotos, desconhecimento de
pragas
67
4.3 Avaliação de nim (Azadirachta indica) no controle de pragas
4.3.1 Avaliação da torta de nim (Neemtorta®) no controle de nematóides e
cochonilha-de-raiz
Os resultados obtidos com a adição da torta de nim (Neemtorta®) ao solo,
tanto para nematóides no solo como em raiz, apresentaram uma associação
significativa a 5% de probabilidade pelo teste do qui-quadrado (Tabela 9).
Tabela 9 – Média populacional de H. erythrinae, presentes no solo e na raiz, com e
sem incorporação da torta de nim (Neemtorta®) ao substrato
População média Tratamentos
Solo¹ Raiz¹
Sem torta 918,67 a 898,33 a
Com torta 566,67 b 311,66 b
1Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não apresentam associação estatisticamente significativa entre si, pelo teste do Qui-quadrado, a 5% de probabilidade.
A população inicial (pré-amostragem) de nematóides da espécie
Helycotilenchus erithrinae (nematóide espiralado) no solo foi de 1.789 indivíduos
Após a adição da torta de nim (Neemtorta®) ao substrato de plantio (50 g.vaso-1),
observou-se na 1ª avaliação, realizada aos 30 dias, a redução da população para
461 indivíduos, apresentando 74,23% de controle. Aos 60 dias após a adição da
torta, na 2ª avaliação, verificou-se que a eficiência do produto diminui para 56,57%
(777 indivíduos), mas ao final do experimento igualou-se a eficiência encontrada aos
30 dias (Figura 10).
A manutenção da população de H. erythrinae presente no solo abaixo da
população inicial durante todo o período do experimento, provavelmente foi devido
68
ao contato direto dos compostos ativos do nim com os nematóides. Aos 60 dias, a
população aumentou, sugerindo que o nematóide passou a desenvolver um
comportamento de endoparasita migrador, como forma de “escape” do contato com
o princípio ativo no solo, até o momento em que a planta passou a absorvê-lo. Aos
90 dias, observou-se uma população semelhante aos 30 dias, porém acima da
população testemunha (sem torta), indicando a necessidade de uma nova aplicação
a partir deste período.
1789
1451
1109
196
1789
461
777
462
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
0 30 60 90
Dias após plantio
Po
pu
laç
ão
de
ne
ma
tóid
es
- s
olo
Sem torta
Com torta
Figura 10 – População de nematóides no solo aos 30, 60 e 90 dias após o plantio da cultivar ‘Golden Torch’, com e sem incorporação de torta de nim (Neemtorta®), em Uruçuca, BA. Novembro/2006 a Fevereiro/2007.
Observou-se que a população de nematóides presentes na raiz, com
incorporação da torta de nim (Neemtorta®), apresentou um aumento quando
comparada à população inicial, que foi de apenas 69 indivíduos. Aos 30 dias, na 1ª
avaliação, a população de nematóides apresentou 152 indivíduos (Figura 11). Aos
60 dias, na 2ª avaliação o número de nematóides encontrados com adição da torta
foi de 629 indivíduos, sendo que na testemunha o total foi de 1.720 indivíduos, com
69
aumento da população. Na 3ª avaliação, verificou-se a redução significativa da
população nos dois tratamentos, com e sem torta (testemunha), sendo encontrado
uma população bem menor no tratamento com adição da torta de nim (154
indivíduos), com 83,0% de eficiência de controle em relação à população
testemunha (sem torta).
A avaliação da eficiência de controle de nematóides na raiz em helicônia com
a adição da torta de nim pode ter sido prejudicada devido à baixa população inicial
(69 indivíduos); esta observação foi abordada por Oliveira et al. (2005) que relatou
problemas no controle de Pratylenchus brachyurus devido à determinação da
população inicial do nematóide.
68 82
1720
893
68152
629
1540
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
0 30 60 90
Dias após o plantio
Po
pu
laçã
o d
e n
emat
óid
es -
rai
z
Sem torta
Com torta
Figura 11 – População de nematóides na raiz aos 30, 60 e 90 dias após o plantio da
cultivar ‘Golden Torch’, com e sem incorporação de torta de nim (Neemtorta®), em Uruçuca, BA. Novembro/2006 a Fevereiro/2007.
O aumento da população de nematóides em raiz no início do experimento
sugere que a torta de nim necessita de um período para a degradação do material
orgânico e liberação dos compostos de nim para a fração de água no solo, onde irão
atuar nas pragas presentes na superfície da raiz e serem absorvidos pela planta.
70
Estudos comprovam que os extratos de nim, quando em solução aquosa, são
absorvidos e translocados na planta causando o efeito esperado sobre a praga,
como os realizados por Souza e Vendramim (2005) e Gonçalves e Bleicher (2006),
que comprovaram o efeito sistêmico dos extratos aquosos de sementes de nim, ao
aplicarem 50 mL suspensão.vaso-1 (1,0; 5,0 e 10,0%) no solo, matando 100,0% de
B. tabaci biótipo B em tomateiro nas três concentrações e, 16 g.100mL-1, via sistema
radicular, obtendo 74,33% de eficiência no controle de mosca-branca em meloeiro,
respectivamente.
O sucesso na obtenção dos efeitos esperados do nim via incorporação de
matéria orgânica no solo (BRIDGE, 1996; RITZINGER; FANCELLI, 2006) deve ser
subsidiado com conhecimentos sobre o mecanismo de supressão do material
utilizado, a composição química dos compostos ativos e a concentração letal da
matéria orgânica, relacionando-os com as interações espécie-praga x hospedeiro x
meio ambiente. Estes aspectos, que interferem na eficiência de controle do
composto orgânico utilizado, foram abordados por Costa et al. (2004) e, Ritzinger e
Fancelli (2006). Além das pesquisas realizadas sobre esta alternativa no controle de
pragas, que nem sempre foram conclusivas quanto à eficiência do produto: Oliveira
et al. (2005) não obteve controle satisfatório da população de P. brachyurus em
cana-de-açúcar, aplicando óleo de nim a 2,0 L.ha-1 no plantio; e, Ritzinger et al.
(2007) observaram apenas uma tendência no crescimento das mudas de mamoeiro
infestadas com Meloidogyne incognita e ou M. javanica, ao incorporarem matéria
orgânica seca de nim (folhas e hastes) ao substrato.
Em relação aos experimentos com a cochonilha-de-raiz (D. brevipes), os
tratamentos não apresentaram diferenças significativas a 5% de probabilidade no
controle (Tabela 10), sendo que as análises estatísticas sugerem a realização de
71
novos estudos e que a população (nível de infestação) inicial seja maior do que
ocorreu neste experimento, média de oito cochonilha-de-raiz por unidade
experimental.
Tabela 10 – Eficiência (%) média no controle de D. brevipes, por tratamento, aos 30, 60 e 90 dias após incorporação da torta de nim (Neemtorta®) ao solo, Uruçuca, BA. Novembro/2006 a Fevereiro/2007
Eficiência (%) média¹
Tratamentos 30 dias 60 dias 90 dias
Sem torta 80,56 ns 76,39 ns 88,89 ns
Com torta 93,05 ns 77,78 ns 87,50 ns
1Médias não diferem estatisticamente entre si, pelo teste F, a 5% de probabilidade.
4.3.2 Avaliação dos extratos aquoso e etanólico de folhas, e óleo emulsionável de
nim (Neemseto®) no controle de cochonilha-de-raiz e gafanhoto
4.3.2.1 Cochonilha-de-raiz (Dysmicoccus brevipes)
Nos experimentos com os tratamentos a base de nim: extrato aquoso (1,0; 5,0
e 10,0%), extrato etanólico (1,0; 5,0 e 10,0%) e óleo emulsionável a 1,0%
(Neemseto®) sobre D. brevipes, verificou-se que os tratamentos com “extrato
etanólico”, nas concentrações utilizadas, apresentaram 100,0% de controle das
cochonilhas após 24 horas da aplicação, sendo superior aos demais tratamentos
(Figura 12).
72
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
24 48 72
Horas após aplicação
Efi
ciên
cia
(%)
Água Extrato Aquoso 1% Extrato Aquoso 5% Extrato Aquoso 10%
Extrato Etanólico 1% Extrato Etanólico 5% Extrato Etanólico 10% Óleo emulsionavel 1%
Figura 12 – Eficiência (%) média no controle de D. brevipes após 24, 48 e 72 horas da aplicação dos extratos de nim, in vitro.
Verificou-se que após 24 horas de aplicação, o “óleo emulsionável”
apresentou taxa de mortalidade de 45,45%, enquanto que o “extrato aquoso”, na
mesma concentração de 1%, atingiu esta eficiência somente após 48 horas
(Tabela 11). O tratamento com óleo emulsionável de nim (1,0%), proporcionou
66,67% de controle após 72 horas da aplicação sobre as cochonilhas, mostrando-se
superior ao tratamento com “extrato aquoso” que apresentou 51,52% de controle
neste mesmo período.
Ao compararmos o tratamento com “extrato aquoso” nas três concentrações
utilizadas, verificou-se que na concentração de 5% este tratamento apresentou
maior controle, com média de 6,7 cochonilhas mortas ao final de 72 horas, superior
ao obtido nas concentrações de 1,0% e 10,0%, com médias de 5,7 e 4,3 cochonilhas
73
Tabela 11 – Eficiência (%) média, por tratamento, as 24, 48 e 72 horas após o contato de Dysmicoccus brevipes com os extratos, in vitro
Tratamentos¹
Horas Água EAQ 1,0% EAQ 5,0% EAQ 10,0% EET 1,0% EET 5,0% EET 10,0% OEN 1,0%
24 24,24 a 12,12 a 21,21 a 9,09 a 100,0 c 100,0 c 100,0 c 45,45 b 48 30,30 ab 42,42 ab 48,48 ab 27,27 a 100,0 c 100,0 c 100,0 c 54,54 b 72 39,39 a 51,51 ab 60,61 ab 39,39 a 100,0 c 100,0 c 100,0 c 66,66 b
¹ Médias seguidas da mesma letra, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. EAQ – extrato aquoso; EET – extrato etanólico; OEN – óleo emulsionável. C.V.= 13,06% Fórmula de Abbott: E (%) = (T – I/T) .100, onde E = porcentagem de eficiência, T = o número de insetos vivos na testemunha, e I = o número de insetos vivos.
74
respectivamente. Em relação à testemunha, na 1ª avaliação (24 horas) constatou-se
que o número médio de indivíduos mortos foi superior ao “extrato aquoso”, nas três
concentrações, sugerindo que por um determinado período as cochonilhas
alimentaram-se do extrato. Entretanto, após 72 horas de aplicação, observaram-se
os efeitos tóxicos do extrato aquoso de nim a 10,0%, quando a mortalidade nesta
concentração igualou-se à testemunha (Figura 12).
Verificou-se que a concentração utilizada e o período após a aplicação dos
tratamentos foram significativos para a eficiência de controle com o “extrato aquoso”.
Mourão et al. (2004b) trabalharam com extrato aquoso de sementes e folhas do nim
e verificaram que o extrato aquoso de folhas necessitava de uma maior
concentração (121,4 mg.mL-1) em relação ao extrato aquoso de sementes, para
obtenção dos mesmos efeitos tóxicos do nim em ácaro-vermelho-do-cafeeiro.
Gonçalves e Bleicher (2006) verificaram que o extrato aquoso de folhas de nim não
apresentou eficiência no controle de B. tabaci biótipo B quando aplicado via sistema
radicular. Entretanto, Prates et al. (2003) verificaram que quando o extrato aquoso
de folha de nim foi aplicado na dieta artificial, causou 100% de mortalidade das
lagartas S. frugiperda com doses entre 0,5 mg.mL-1 e 10,0 mg.mL-1, após 12 dias.
Castiglioni et al. (2002) constataram que após o quinto dia da aplicação do extrato
aquoso de folhas do nim (1,0 e 5,0% p/v), a mortalidade do ácaro-rajado aumenta,
chegando a 85,0% de controle. Neste trabalho, a baixa eficiência verificada no
tratamento “extrato aquoso”, provavelmente foi devido ao curto período de avaliação,
pois a eficiência deste tratamento é fortemente determinada pelo efeito residual e a
concentração.
O tratamento “extrato etanólico” (1,0; 5,0 e 10,0%), diferiu estatisticamente
dos demais tratamentos, causando 100% de mortalidade das cochonilha-de-raiz em
75
24 horas após a sua aplicação (Tabela 11), possivelmente se deve ao fato do
solvente utilizado ser o etanol. Os compostos de nim são altamente solúveis em
álcool, fazendo com que os extratos obtidos com este tipo de solvente apresentem
um efeito inseticida muito maior que aqueles obtidos em água. A atividade pesticida
até 50 vezes maior do extrato etanólico foi abordada no National Research Council
(1992).
Somente na última avaliação, realizada 72 horas após a aplicação dos
tratamentos, nos tratamentos “extrato aquoso” (5,0%) e “óleo emulsionável” (1,0%),
o efeito tóxico sobre as cochonilhas foi observado: embora estivessem vivas,
estavam imóveis, mesmo quando tocadas. Este comportamento foi relatado por
Martinez e Emdem (2001) ao verificarem os efeitos tóxicos da azadiractina sobre
lagartas de S. litoralis.
4.3.2.2 Gafanhoto (Eutropidacris cristata)
A eficiência de 100% na mortalidade de E. cristata foi verificada após 120
horas da aplicação do “extrato etanólico” na concentração de 10,0% (Figura 13). Os
indivíduos antes de morrerem apresentaram os seguintes sintomas de intoxicação:
paralisia, tremores, falta de coordenação motora, lentidão e não se alimentavam.
Na testemunha e no tratamento “extrato aquoso” (1,0%) não foi observado a
mortalidade dos indivíduos, sendo que na 6ª avaliação (216 h) todos os gafanhotos
estavam vivos, e não apresentavam sintomas intoxicação; todos os indivíduos na
testemunha se alimentaram no decorrer do experimento, porém os indivíduos do
tratamento “extrato aquoso” (1,0%) só passaram a se alimentar após 72 horas da
76
aplicação. Comportamento semelhante foi observado nos indivíduos do tratamento
“óleo emulsionável” (1,0%), no que se refere à alimentação (Tabela 12).
0102030405060708090
100110
24 48 72 120 168 216
Horas após aplicação
Efi
ciên
cia
(%)
Água * Extrato Aquoso* 1% Extrato Aquoso 5% Extrato Aquoso 10%
Extrato Etanólico 1% Extrato Etanólico 5% Extrato Etanólico 10% Óleo Emulsionável 1%
Figura 13 – Eficiência (%) média no controle de E. cristata após 24, 48, 72, 120, 168 e 216 horas da aplicação dos extratos de nim, in vitro.
* Os tratamentos “água” e “extrato aquoso 1,0%” obtiveram 0% de eficiência no controle de E. cristata.
Os tratamentos “extrato aquoso” a 5% e a 10% apresentaram 88,89% e
77,78% de eficiência no controle, respectivamente. Na última avaliação, 216 horas
após a aplicação dos tratamentos, verificou-se que o tratamento “extrato etanólico” a
1,0% e 5,0% apresentaram 88,89% de eficiência de controle, isto é a mesma
eficiência do “extrato aquoso” a 5,0% (Tabela 12).
77
Tabela 12 – Médias de eficiência (%) e alimentação de folhas de helicônias, por tratamento, após 24, 48, 72, 120, 168 e 216 horas da aplicação, no controle de E. cristata, in vitro
Tratamentos¹
Água EAQ 1% EAQ 5% EAQ 10% EET 1% EET 5% EET 10% OEN 1% Horas
% E Alm % E Alm % E Alm % E Alm % E Alm % E Alm % E Alm % E Alm
24 0 S 0 N 0 N 0 N 0 N 0 N 0 N 0 N
48 0 S 0 N 0 N 0 N 0 N 0 N 0 N 0 N
72 0 S 0 S 0 N 0 N 0 N 11,1 N 33,3 N 0 S
120 0 S 0 N S 33,3 N S 0 N 11,1 N S 44,4 N S 100,0 - 0 S
168 0 S 0 N S 77,8 N S 22,2 N 11,1 N S 55,6 N S 100,0 - 0 S
216 0 S 0 N 88,9 N 77,8 N 88,9 N 88,9 N 100,0 - 11,1 S ¹ Não houve diferença estatística entre os tratamentos pelo Teste F a 5% de probabilidade. EAQ – extrato aquoso; EET – extrato etanólico; OEN – óleo emulsionável. Fórmula de Abbott: E (%) = (T – I/T) .100, onde E = porcentagem de eficiência, T = o número de insetos vivos na testemunha, e I = o número de insetos vivos. Alimentação (Alim): N = não ocorreu alimentação; S = ocorreu alimentação. Teste com “Chance de escolha”: S = ocorreu alimentação em folhas pulverizadas com água; N = não ocorreu alimentação em folhas pulverizadas com extrato.
78
O efeito deterrência foi verificado nos tratamentos “extrato etanólico” e
“extrato aquoso”, ambos nas concentrações de 1,0 e 5,0%, tendo sido colocadas
folhas de helicônias apenas pulverizadas com água, entre 120 e 168 horas da
aplicação dos tratamentos. Neste teste, com “chance de escolha”, observou-se que
as folhas pulverizadas apenas com a água foram totalmente devoradas pelos
gafanhotos sobreviventes. Após 168 horas, foram retiradas as folhas pulverizadas
apenas com água, sendo fornecidas, novamente, folhas pulverizadas com os
extratos, e verificou-se que os indivíduos não se alimentavam (Tabela 12).
O efeito anti-alimentar observado até as 72 horas após a aplicação dos
tratamentos “extrato aquoso” (1,0%) e “óleo emulsionável” (1,0%), provavelmente foi
devido à baixa concentração, não apresentando efeito residual ao longo do período
de avaliação. Diversos autores (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1992;
MARTINEZ; EMDEM, 2001; MARTINEZ, 2002; COSTA et al., 2004; MOREIRA et al.,
2006; NERI et al., 2006) relataram o efeito de deterrência dos compostos ativos do
nim sobre os insetos, que aliado a outros efeitos tóxicos secundários interfere de
forma decisiva na biologia do inseto.
Além do efeito de deterrência, foi verificado o efeito de repelência nos
gafanhotos, pois estes se mantinham afastados das folhas pulverizadas com os
extratos, ficando sempre o mais distante possível dentro das gaiolas. Este efeito
também foi observado por Néri et al. (2006) ao avaliarem a preferência para
alimentação e oviposição de insetos adultos de mosca-branca em meloeiros.
A não significância dos tratamentos a 5% de probabilidade, possivelmente foi
devido a não mortalidade dos indivíduos nas primeiras horas após a aplicação dos
tratamentos. Os resultados obtidos sugerem a realização de novos estudos, a fim de
79
se observar as diferenças significativas entre os tratamentos, adotando-se outros
procedimentos.
Os resultados obtidos nos experimentos com os gafanhotos, demonstraram
que a mortalidade foi dependente do veículo e do número de horas após a aplicação
dos tratamentos, sendo observado que a mortalidade das ninfas, no tratamento
“extrato etanólico” a 5%, ocorreu após 72 horas da aplicação, enquanto que a 1% de
concentração, a mortalidade ocorreu após 120 horas de aplicação dos tratamentos.
Este modo de ação dose-dependente dos compostos de nim foi relatado por
Martinez (2002) e Costa et al. (2004).
O tratamento “óleo emulsionável” (1,0%) apresentou baixa eficiência no
controle dos gafanhotos, provavelmente este tratamento apresente um efeito tóxico
maior por meio do contato, como ocorreu com D. brevipes. Mendes et al. (2004)
constataram que o óleo emulsionável em fórmula comercial (NIM-I-GO®) não
controlou Enneothrips flavens na cultura do amendoim. Pasini et al. (2003) e Pereira
et al. (2006) não observaram inibição na postura de O. yothersi (Acari:
Tetranychidae) e redução da incidência de C. anonella, respectivamente, utilizando
formula comercial do óleo do nim (Bioneem®). Estes resultados, no entanto, diferem
de Salles e Rech (1999) e Silva et al. (2003) que obtiveram sucesso no controle de
moscas-das-frutas (redução de postura) e de mosca-branca (mortalidade de adultos
- 70,13% e de ninfas - 88,10%), respectivamente, via aplicação do óleo de nim
(Neemazal®) no sistema radical.
Pelos resultados obtidos podemos ressaltar a eficiência dos tratamentos com
“extrato etanólico” no controle in vitro das duas espécies de pragas, entretanto os
tratamentos com “extrato aquoso” de folhas do nim, pela facilidade do preparo,
possibilitam a sua utilização como alternativa de controle de pragas pelos
80
agricultores, principalmente para as culturas que não têm agrotóxicos registrados no
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Além destes aspectos, no
manejo integrado de pragas é necessário cautela na utilização dos compostos do
nim, pois vários pesquisadores (HIROSE et al., 2001; MARQUES et al., 2004;
GONÇALVES-GERVÁSIO; VENDRAMIM, 2004; SILVA; MARTINEZ, 2004;
MOURÃO et al., 2004a; DEPIERI et al. 2005) vêm estudando os efeitos dos extratos
do nim sobre predadores, parasitóides e fungos entomopatogênicos, visando à
compatibilidade deste método de controle natural com o controle biológico.
81
5 CONCLUSÕES
Nas condições em que os experimentos foram conduzidos, foi possível
concluir que:
• A cochonilha-de-raiz Dysmicoccus brevipes, espécie muito abundante, muito
freqüente e constante, e o coleóptero Metamasius sp., pelas severas injúrias
que causa ao sistema radicular das helicônias, constituem importantes
ocorrências fitossanitárias.
• O gafanhoto Eutropidacris cristata e as lagartas Opsiphanes invirae e
Antichloris eriphia afetam drasticamente a área foliar das helicônias.
• As lagartas broqueadoras causam injúrias irreversíveis na produção de flores
de helicônias, pois afetam sua qualidade e valor comercial.
• A doença mais freqüente no Litoral Sul da Bahia é a antracnose causada pelo
fungo Colletotrichum gloeosporioides.
• A fusariose, causada pelo fungo Fusarium oxysporum f. sp. cubense, é uma
doença acessória, presente em 23,0% das propriedades amostradas.
82
• A torta de nim apresentou eficiência no controle de Helicotylenchus erithrinae
até 30 dias após a incorporação da torta de nim (Neemtorta®) no solo.
• O extrato etanólico de folhas do nim obteve 100% de eficiência no controle de
Dysmicoccus brevipes, após 24 horas de contato.
• O extrato aquoso das folhas de nim apresenta maior eficiência na
concentração de 5,0%, no controle de Dysmicoccus brevipes.
• O extrato aquoso (5,0 e 10,0%) e etanólico (1,0; 5,0 e 10,0%) apresentaram
efeito de deterrência e repelência sobre Eutropidacris cristata.
83
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WATANABE, M. A. Pragas da bananeira atacando Heliconia latispatha Benth. (Heliconiaceae). Neotropical Entomology, v. 36, n. 2, p. 312-313, 2007.
WOUTS, W. M.; YEATES, G. W. Helicotylenchus species (Nematoda: Tylenchida) from native vegetation and undisturbed soils in New Zealand. New Zealand Journal of Zoology, v. 21, p. 213-224, 1994.
ZANETTI, R.; SOUZA-SILVA, A.; MOURA, M. A.; ZANUNCIO, J. C. Ocorrência do gafanhoto-do-coqueiro Eutropidacris cristata (Orthoptera:Acrididae) atacando plantas de eucalipto em Minas Gerais. Revista Árvore, v. 27, n.1, p. 105-107, 2003.
ZORZENON, F. J.; BERGMANN, E. C.; BICUDO, J. E. A. Primeira ocorrência de Metamasius hemipterus (Linnaeus, 1758) e Metamasius ensirostris (Germar, 1824) (Coleoptera, Curculionidae) em palmiteiros dos gêneros Euterpe e Bactris (Arecaceae) no Brasil. Arquivo do Instituto Biológico, v. 67, n. 2, p. 265-268, 2000.
91
APÊNDICE A – Caracterização das propriedades amostradas na região Litoral Sul da Bahia. Agosto de 2006 a junho de 2007
Propriedade Município Acesso Área Cultivada Helicônias (ha) Coordenadas Outros Cultivos
Barra Valença
Rodovia BR-101/Valença, Km 17, Ramal Tabuleiro de
Una Mirim
4,0
S 13º 21' 29,1" W 39º 10' 27,5"
S 13º 21' 31,5" W 39º 10' 31,2"
Cacau, cupuaçú, goiaba, acerola e
flores tropicais
Boa Esperança Ibirapitanga
BR-101, Trecho Itamaraty/Gandu, 5,0 km depois Itamaraty,
entrada a direita
10,0 S 14º 47' 36,1" W 39º 16' 23,4"
Cacau, pastagem,
palmeiras e flores tropicais
Boa Vista Ilhéus
Estrada Olivença/Sapucaeira,
Km 10, Ramal dos Gatos
2,1
S 14º 58' 33,0" W 39º 04' 50,0"
Cacau, seringa, pupunha,
palmeiras e flores tropicais
Itajaí Itabuna Estrada
Itabuna/Fazenda Progresso, Km 2,0
1,0 S 14º 47' 27,6" W 39º 14' 45,2"
Cacau e pastagem
Liberdade Uruçuca BR-101,
Entroncamento de Uruçuca
10,0 S 14º 33' 54,1" W 39º 19' 52,8"
Cacau, palmeiras e flores tropicais
92
APÊNDICE A – Continuação
Propriedade Município Acesso Área Cultivada Helicônias (ha)
Coordenadas Outros Cultivos
Lucaia Camamu
Rodovia Travessão/ Camamu, antes de
Orojó, entrada a direita, 6,0 km de
ramal
5,0 S 14º 06' 05,2" W 39º 12' 32,6"
Cacau, pastagem, palmeiras e flores
tropicais
Marinas Garden Ilhéus BR-415, Km 30, Trecho Itbuna/Ilhéus 2,0
S 14º 48' 02,8" W 39º 09' 05,7"
Cacau, banana, palmeiras e flores
tropicais
Myamoto Ituberá Estrada Ituberá/
Gandu, Ramal do Colônia
1,0 S 13º 45' 11,1" W 39º 10' 50,3"
Cacau, Cupuaçú, Goiaba, Acerola e
flores tropicais
Monte Alegre Itabuna
BR-101, Km 496, Trecho Itabuna/ Itajuípe, atrás do Posto Bom Preço
3,0 S 14º 43' 28,9" W 39º 20' 42,2"
Cacau, banana, pastagem e flores
tropicais
Piauí Ituberá Estrada
Ituberá/Gandu, Km 29
12,0
S 13º 47' 00,5" W 39º 19' 07,5"
S 13º 47' 01,4" W 39º 18' 54,2"
Cacau, seringa, pupunha,
palmeiras e flores tropicais
São José Ilhéus Estrada Banco da Vitória/Maria Jape,
Km 10 4,0
S 14º 49' 32,7" W 39º 05' 00,4"
Cacau, banana e flores tropicais
93
APÊNDICE A – Continuação
Propriedade Município Acesso Área Cultivada Helicônias (ha)
Coordenadas Outros Cultivos
São Sebastião Ilhéus
Estrada Ilhéus/Buerarema, após Povoado de
Areia Branca
0,5 S 14º 54' 05,2" W 39º 06' 59,0"
Cacau, banana e flores tropicais
Terra Nova Ilhéus
Rodovia Ilhéus/Uruçuca, 15
km, entrada a esquerda
1,5 S 14º 43' 51,6" W 39º 09' 16,1"
Cacau, banana e flores tropicais
94
APÊNDICE B – Coletas realizadas e espécies de helicônias amostradas na região Litoral Sul da Bahia. Agosto/2006 a Junho/2007
Ano/Mês de Coleta Propriedade Município 2006 2007
Cultivares/espécies de helicônias
Barra Valença ago., nov. e dez.
jan., fev., mar. e abr.
‘Alan Carle’, ‘Golden Torch’, ‘Golden Torch Adrien’ ‘Fire Bird’, ‘Red Opol’, ‘Sassy’,
H. angusta, H. bihai, H. latispatha, H. psittacorum, H. rostrata, H. rivularia
Boa Esperança Ibirapitanga - jan., fev., mar., abr. e mai.
‘Alan Carle’, ‘Bihai Splash’, ‘Fire bird’, ‘Golden Torch’, ‘Golden Torch Adrien’, ‘Jaquinii’,
‘Rauliniana‘, ‘She’, H. latispatha, H. rostrata, H. rivularia, H. wagneriana
Boa Vista Ilhéus set. - ‘Bihai Atlântida’, ‘Fire Bird’, ‘Golden torch’, H. bihai, H. wagneriana, H. rostrata
Itajaí Itabuna out., nov. e dez. - ‘Golden Torch’, ‘Golden Torch Adrien’ ‘Fire Bird’, H. bihai, H.latispatha
Liberdade Uruçuca set., out., nov. e
dez. jan., fev., mar., abr., mai. e jun.
‘Alan Carle’, ‘Bihai Chocolate’, ‘Caribeae Fresh’, ‘Fire Bird’, ‘Golden Torch’, ‘Golden Torch Adrien’, ‘Jaquinii’, ‘Lady Di’, ‘Nappy Red’, ‘Nappi Yellow’, ‘Nickeriense’, ‘Rauliniana’, ‘Red Opol’, ‘Sassy’,
‘Sexy Scarlet’, ‘Sexy Pink’, ‘She’, ‘Total Eclipse’, H. angusta, H. rostrata; H. dimitri sucri
Lucaia Camamu ago. - ‘She’, H. bihai
Marinas Garden Ilhéus set. - ‘Nappi Yellow’, ‘Lobster Clow Two’, ‘Red Opol’, ‘Stricta Xingu’
95
APÊNDICE B – Continuação
Ano/Mês de Coleta Propriedade Município 2006 2007
Cultivares/espécies de helicônias
Miamoto Ituberá nov., dez. jan., fev. e mai. ‘Golden Torch’, ‘Fire Bird’, H. psittacorum, H. rostrata
Monte Alegre Itabuna out., nov. e dez. jan., fev., mar. e mai.
‘Alan Carle’, 'Golden Torch’, ‘Golden Torch Adrian’, H. rostrata, H. wagneriana
Piauí Piraí do Norte ago. - ‘Bihai Atlântida’, 'Golden Torch’, ‘Sexy Pink’
São José Ilhéus - mai. ‘Golden Torch’, ‘Golden Torch Adrien’, H. bihai,
H.latispatha, H. rostrata, H. wagneriana
São Sebastião Ilhéus - abr., jun. ‘Alan Carle’, ‘Fire Bird’, ‘Golden Torch’, ‘Golden Torch Adrien’, H. wagneriana
Terra Nova Ilhéus set., out., nov. e
dez. jan., fev., mar.,
abr. e mai.
‘Alan Carle’, ‘Golden Torch’, ‘Fire Bird’, ‘Red Opol’, ‘Sassy’, H. bihai, H. latispatha, H. rostrata, H.
wagneriana
APÊNDICE C – Modelo de inquérito fitossanitário aplicado aos produtores rurais na região Litoral Sul da Bahia
Espécie Vegetal _________________________________________________
_______________________________________________________________
Cultivares ______________________________________________________
_______________________________________________________________
Proprietário _____________________________________________________
Propriedade ____________________________________________________
Localização ________________________ ________________________
Distrito Município
Coordenadas/GPS _______________________________________________
Acesso à Propriedade ____________________________________________
_______________________________________________________________
Área cultivada ___________________________Idade __________________
Assistência Técnica_______ ______________________________________
Tratos Culturais empregados______________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Ocorrências fitossanitárias ________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Medidas de Controle empregadas__________________________________
_______________________________________________________________
______________________________________________________________
Outros informações ______________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Data _____/____/_____
Responsável pelas informações __________________________________
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