Diretrizes para o
em papelo onduladomovimentadasentre empresascom base em
Design de embalagens
sistemas produto-servio
Dissertao de MestradoUniversidade Federal do Paran
Curso de Ps-Graduao em DesignSetor de Cincias Humanas, Letras e Artes
Prof. Aguinaldo dos Santos, PhDOrientador:
2008
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
1
CLUDIOPEREIRADESAMPAIO
DIRETRIZESPARAODESIGNDEEMBALAGENSEMPAPELOONDULADO
MOVIMENTADASENTREEMPRESASCOMBASEEMSISTEMASPRODUTO
SERVIO
Dissertao apresentada como requisito parcial obtenodograudeMestreemDesign,ProgramadePsGraduao em Design, Setor de CinciasHumanas,LetraseArtesdaUniversidadeFederaldoParan.
Orientador:Prof.Dr.AguinaldodosSantos
CURITIBA
2008
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
2
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
3
TERMODEAPROVAO
CLUDIOPEREIRADESAMPAIO
DIRETRIZESPARAODESIGNDEEMBALAGENSEMPAPELOONDULADOMOVIMENTADASENTREEMPRESASCOMBASEEMSISTEMASPRODUTO
SERVIO
DissertaoaprovadacomorequisitoparcialobtenodograudeMestreemDesign,CursodePs
GraduaoemDesign,SetordeCinciasHumanas,LetraseArtesdaUniversidadeFederaldoParan,
pelaseguintebancaexaminadora:
________________________________________
Orientador:Prof.Dr.AguinaldodosSantos,PhD
ProgramadePsGraduaoemDesign,UFPR
________________________________________
Professoraconvidada:ProfDra.MaristelaMitsukoOno
ProgramadePsGraduaoemDesign,UFPR
________________________________________
Professorconvidado:Prof.Dr.EugnioMerino
ProgramadePsGraduaoemDesign,UFSC
CURITIBA
2008
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
4
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
5
DEDICATRIA
DedicoestadissertaoameuavBrandsioPereira,porme incentivara fazeroquemaisgostodesdecrianaDesignmesmosemsaberoqueissosignifica,eaToshiyukiSawada, pela amizade e exemplo, e por me incentivar a tornarme professor epesquisadorquandoeuaindaeragraduando.
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
6
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
7
AGRADECIMENTOS
Ao CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico, pelaconcessodebolsadepesquisaparaoProjetoCFG,quedeuorigemaestadissertao.
s professoras Dras. Lbia Patrcia Peralta Agudelo e Maristela Mitsuko Ono, pelasvaliosas contribuies naBancadeQualificaodestadissertao, e aoprofessorDr.EugnioMerinoporaceitaroconviteparaaBancadeDefesa.
Volkswagen do Brasil, pela oportunidade de realizao do estudo de caso, eespecialmenteaDevaniMoraes,peloapoiodado.
Embrartportodooapoiodadonosrealizaodestadissertao,mastambmrealizaodepesquisasnoNDS,desde2003,especialmenteaSamueleDanielLeiner,eaSrgioWosch,peladisponibilidadeegenerosidade.
Aos professores Carlo Vezzoli (Instituto Politcnico deMilo) eArnold Tukker (TNO),pelaspreciosasconsideraessobreocontedodestadissertao.
A todososprofessoresdoMestrado emDesigndaUFPR, e especialmente aAntnioMartinianoFontoura,pormeajudaramelhorarcomoprofessor;MaristelaMitsukoOno,por me mostrar que no pode haver sustentabilidade sem respeito cultura; eStephaniaPadovani,pormemostraraimportnciadeseterserenidadenoquesefaz.
A todos os pesquisadores do Ncleo que tem trabalhado comigo desde 2003, eespecialmenteaRosanaAparecidaVasques,VivianedaCostaRocha,GustavoToniettoeDiego Silvrio, Letcia Seleme Corra, Kelli C.A. S. Smythe,Nelson Luis Smythe Jr., eTatianaBaumgrotz,meuscompanheirosecompanheirasdoProjetoDesignemPapeloOndulado e Projeto CFG, que muito me auxiliaram na coleta e anlise dos dadospresentesnestadissertao.
AocursodeDesigndaUniversidadePositivo,pelaoportunidadedeaplicarnaprticaosconhecimentosadquiridosduranteomestrado,eaosalunosValdirOliveira,RosngelaVieira, IuriAlencarCoutinho,CristianeFerreira,GabrielaMuraroeAngelitaZanini,poracreditaremnopotencialdoDesignsustentvelcomo temadeTrabalhodeConclusodeCurso,eemmimcomoorientadornestetema.
Ao meu orientador, Professor Dr. Aguinaldo dos Santos, pelo apoio, incentivo econfianapermanentes,desdequando iniciei comopesquisador,masprincipalmente,pelaslidaamizadeconquistada,baseadaemvaloresquenuncaficamultrapassados.
Finalmente,agradeodecoraoaAndra,minhamulher,peloamor,compreensoededicaoincondicionaisdurantearealizaodomestrado.
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasproduto
servio
8
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
9
SUMRIO
SUMRIO.................................................................................................................................9
LISTADETABELAS..................................................................................................................13
LISTADEQUADROS................................................................................................................14
LISTADEFIGURAS..................................................................................................................15
LISTADESIGLAS.....................................................................................................................17
RESUMO................................................................................................................................19
ABSTRACT..............................................................................................................................21
1. INTRODUO.................................................................................................................23
1.1. CONTEXTODAPESQUISA...........................................................................................231.2. PROBLEMA.............................................................................................................231.3. OBJETIVO...............................................................................................................231.4. PROBLEMTICA.......................................................................................................23
1.4.1. Design...................................................................................................................241.4.2. SistemasProdutoServio(PSS).............................................................................241.4.3. Justificativaambiental..........................................................................................251.4.4. Justificativaeconmica.........................................................................................291.4.5. Justificativasocial.................................................................................................32
1.5. DELIMITAO.........................................................................................................341.6. DESCRIOGERALDOMTODO..................................................................................351.7. ESTRUTURAGERALDADISSERTAO............................................................................36
2. SUSTENTABILIDADEPORMEIODODESIGN.....................................................................39
2.1. CONCEITOSDESUSTENTABILIDADE..............................................................................392.2. UMBREVEHISTRICODOPERCURSODASUSTENTABILIDADEEDODESENVOLVIMENTOSUSTENTVEL 392.3. CONTEXTOFILOSFICODADISSERTAO:ASCORRENTESDEPENSAMENTOSCIOAMBIENTALISTAEODESIGNSUSTENTVEL............................................................................................................45
2.3.1. Desenvolvimentoxcrescimento...........................................................................452.3.2. Cornucopianismo..................................................................................................452.3.3. Adaptativismoouambientalismo.........................................................................462.3.4. Comunalistas:ecomarxistas,ecofeministaseecologistassociais........................472.3.5. Ecologiaprofunda.................................................................................................482.3.6. Discusso..............................................................................................................48
2.4. SUSTENTABILIDADENAPRODUOECONSUMODEBENSESERVIOS.................................502.4.1. Produosustentvel............................................................................................51
2.4.1.1. Ecologiaindustrial:definioeobjetivos.......................................................................512.4.1.2. Sistemasfimdetubo(endofpipe)edePrevenodaPoluio(PPouP2).................512.4.1.3. ProduoMaisLimpa(cleanerproduction)....................................................................52
2.4.2. Consumosustentvel............................................................................................532.4.3. Discusso..............................................................................................................54
2.5. ABORDAGENSPARAODESIGNSUSTENTVEL.................................................................542.5.1. NveisdeatuaodoDesignparaasustentabilidade..........................................542.5.2. Foconoproduto:oEcodesign...............................................................................56
2.5.2.1. ODesignparaociclodevida(lifecycleDesign).............................................................562.5.3. Foconosistema:PSSSistemasProdutoServio................................................59
2.5.3.1. OconceitodePSS...........................................................................................................592.5.3.2. Tiposdesistemaprodutoservio(PSS).........................................................................60
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
10
2.5.3.3. AsbarreirasevantagensparaaimplementaodesistemasPSS.................................662.5.3.4. EstratgiasdecomunicaoparasuperarbarreirasaosPSS.........................................682.5.3.5. MtodosparaDesigndeSistemasProdutoServio(PSS).............................................692.5.3.6. Outrasferramentas.......................................................................................................73
2.5.4. DISCUSSO...........................................................................................................73
3. EMBALAGEMESUSTENTABILIDADE................................................................................75
3.1. EMBALAGEM:CONCEITOS,DEFINIESEFUNES.........................................................753.1.1. Funesdaembalagem........................................................................................753.1.2. Sistemadeembalagem........................................................................................763.1.3. Finalidadeeutilidade...........................................................................................77
3.2. TAXONOMIADEUSODASEMBALAGENS.......................................................................773.2.1. Classesdeembalagens.........................................................................................773.2.2. Embalagensbusinesstobusiness(B2B)...............................................................78
3.3. AVISOORTODOXADOPROJETODEEMBALAGENS.........................................................793.4. REDUODERESDUOSEMEMBALAGENSEODESENVOLVIMENTOSUSTENTVEL.................80
3.4.1. ExemplosdereduoderesduosemembalagensB2B.......................................823.5. VISOSISTMICADAGERAODESOLUESSUSTENTVEISPARAALOGSTICAEEMBALAGEM83
3.5.1. Embalagemelogstica..........................................................................................833.5.2. ReduoderesduosemembalagenseosSistemasdeGestoAmbiental..........853.5.3. Sustentabilidadedaembalagemnacadeialogstica...........................................86
3.5.3.1. Sustentabilidadenacompradematriaprima.............................................................863.5.3.2. Sustentabilidadenalogsticainterna.............................................................................873.5.3.3. Sustentabilidadenatransformao...............................................................................883.5.3.4. Sustentabilidadenalogsticaexterna............................................................................903.5.3.5. Sustentabilidadenomarketing......................................................................................903.5.3.6. Sustentabilidadenosserviospsvenda......................................................................913.5.3.7. Sustentabilidadenalogsticareversa............................................................................913.5.3.8. Sustentabilidadeeotransporte....................................................................................92
3.5.4. Sustentabilidadeapartirdoprojetointegradoprodutoembalagem..................933.6. PAPELOONDULADOEEMBALAGENS.........................................................................94
3.6.1. ContextotecnolgicodasEmbalagens.................................................................943.6.2. Papeloondulado:definioeclassificao........................................................953.6.3. Brevehistricodopapeloondulado...................................................................973.6.4. Ciclodevidatpicodopapeloondulado.............................................................973.6.5. Impressonopapeloondulado........................................................................1003.6.6. Abordagenscontemporneasparaaplicaoemembalagensempapeloondulado 100
3.6.6.1. AtcnicadeproduoCFGparaopapeloondulado.................................................1013.6.7. Discusso............................................................................................................103
4. MTODODEPESQUISA.................................................................................................107
4.1. CARACTERIZAODOPROBLEMA..............................................................................1074.2. SELEODOMTODODEPESQUISA..........................................................................1094.3. ESTRATGIADEDESENVOLVIMENTO..........................................................................1094.4. CRITRIOSDESELEODOESTUDODECASO..............................................................111
5. PROTOCOLODECOLETAEANLISEDEDADOSDOESTUDODECASO01EDOMETAESTUDODECASO..................................................................................................................113
5.1. VISOGERAL.......................................................................................................1135.1.1. Etapasdapesquisadecampo............................................................................114
5.1.1.1. Etapa01:Diagnstico..................................................................................................1145.1.1.2. Etapa02:Avaliaodasituaoinicial........................................................................1155.1.1.3. Etapa03:GeraodeNovosconceitos........................................................................1175.1.1.4. Etapa04:Avaliaodanovaproposta.........................................................................1195.1.1.5. MetaEstudodecaso:ValidaoExternadoEstudo...................................................119
6. RESULTADOSEANLISE................................................................................................121
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
11
6.1. SELEODAEMPRESA............................................................................................1216.2. CARACTERIZAODAEMPRESA................................................................................1216.3. SELEODOPROCESSOEOBJETODEPESQUISA............................................................1226.4. RESULTADOSDACOLETAEANLISEDEDADOS.............................................................123
6.4.1. Relaoentreosstakeholders............................................................................1236.4.1.1. Descriodosistemaatual(SystemMap)....................................................................1236.4.1.2. AnlisedoSistema.......................................................................................................125
6.4.2. Mapeamentodoprocesso(fluxodemateriaiseinformao)............................1256.4.3. Descriodasoperaes(observaodiretacomregistrofotogrfico..............1276.4.4. Dadosdocumentais............................................................................................1306.4.5. Anlisedomapeamentodoprocessoedosdadosdocumentais.......................1316.4.6. Descriodasembalagens:caixasdepapeloondulado...................................1326.4.7. Entrevistasparacomplementaodacoletadedadosevalidaointernadosdadoscoletadosnaobservaodiretaenosdocumentos...................................................1336.4.8. Anlisequalitativaambientaleconmicadosistema(SDOMEPSS)..................134
6.4.8.1. ProblemasencontradosnosistemaepossveissoluesluzdasestratgiasdePSS1346.4.8.2. ProblemasencontradosnaembalagemepossveissoluesluzdasestratgiasdeecodesignnocontextodePSS.........................................................................................................136
6.4.9. Anlisequantitativaambientaldosistema(ACVcomSimapro)........................1376.4.10. Requisitosparaonovoconceito.........................................................................141
6.4.10.1. Requisitosdosistema...................................................................................................1416.4.10.2. Requisitosdaembalagem............................................................................................142
6.4.11. Outrosaspectosrelevantesparaonovoconceito..............................................1436.4.11.1. SugestesdadaspelosespecialistasdaVolkswagen....................................................144
6.4.12. Discusso............................................................................................................1456.5. PROPOSIODENOVOSCONCEITOS..........................................................................146
6.5.1. Cenriospara2016considerandoonousodaschapelonas(eliminaodasembalagensedoPSS)..........................................................................................................146
6.5.1.1. Cenrio01:Impermeabilizaoeletrosttica...............................................................1466.5.1.2. Cenrio02:robsinteligentes.....................................................................................1476.5.1.3. Cenrio03:Sistemadecabosflexveis.........................................................................149
6.5.2. Cenriospara2016considerandoousodaschapelonas(PSSagregandovaloraociclodevidadaembalagem)...........................................................................................150
6.5.2.1. Cenrio04:Reduodonmerodechapelonasnodesenvolvimentodoautomvel.1506.5.2.2. Cenrio05:Mscarareutilizvel(PSSagregandovaloraociclodevidadaembalagem) 1516.5.2.3. Cenrio06:Alimentaoportubos(PSScomfocoemresultadosfinais)....................152
6.5.3. Cenriospara2006considerandoousodaschapelonas(PSScomvaloragregadoaociclodevidadoproduto).................................................................................153
6.5.3.1. Cenrio07:Caixaretornvelindividual........................................................................1536.5.3.2. Cenrio08:kitintegradopormodelodeautomvel...................................................156
6.6. ANLISEDOSCONCEITOSPROPOSTOS........................................................................1586.6.1. AnliseComparativadosCenriosLuzdoPSS.................................................1586.6.2. Resultadosdoworkshop.....................................................................................1596.6.3. AnlisedoconceitodePSSescolhido,atoreseinteraes.................................1606.6.4. Anlisequantitativaambientaldoconceitodesistemaescolhido(ACVcomSimapro) 161
6.7. RESULTADOSDOMETAESTUDODECASO...................................................................1656.7.1. Estudodecasonaempresa2(Fiat)....................................................................165
6.7.1.1. Caracterizao..............................................................................................................1656.7.1.2. Descrioeanlisedosistema,atoreseinteraes(SystemMap).............................1666.7.1.3. AnlisedosproblemasencontradosnosistemaluzdasestratgiasdePSS..............1676.7.1.4. AnlisedosproblemasencontradosnaembalagemluzdasestratgiasdePSS.......168
6.7.2. Estudodecasonaempresa3(Correios).............................................................1686.7.2.1. Caracterizao..............................................................................................................1686.7.2.2. Anlisedosistema,atoreseinteraes(SystemMap)................................................1706.7.2.3. AnlisedosproblemasencontradosnosistemaluzdasestratgiasdePSS..............1706.7.2.4. Problemasencontradosnaembalagem.......................................................................171
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
12
6.7.3. Estudodecasonaempresa4(indstriadecabeotes)......................................1716.7.3.1. Caracterizao.............................................................................................................1716.7.3.2. Anlisedosistema,atoreseinteraes(SystemMap)...............................................1736.7.3.3. AnlisedosproblemasencontradosnosistemaluzdasestratgiasdePSS.............1746.7.3.4. AnlisedosproblemasencontradosnaembalagemluzdasestratgiasdePSS.......175
6.7.4. AnlisedoMetaCasoxEstudodeCaso.............................................................1756.7.5. Comparaoentreoconceitopropostoeometaestudo..................................175
6.8. PROPOSIODEDIRETRIZESPARAPSSEMEMBALAGENSRETORNVEIS............................1776.8.1. DiretrizesparaPSScomfoconosistema............................................................1776.8.2. DiretrizesparaPSScomfoconaembalagem.....................................................178
6.8.2.1. EtapasdePrproduoeproduo:..........................................................................1786.8.2.2. Etapadetransporte/uso:.............................................................................................1796.8.2.3. Etapadefimdevida....................................................................................................180
7. CONCLUSO.................................................................................................................183
7.1. CONCLUSOGERAL................................................................................................1837.2. CONSIDERAESSOBREOMTODO..........................................................................1847.3. CONSIDERAESSOBREOESTUDODECASO................................................................1847.4. CONSIDERAESSOBREAPESQUISADECAMPO...........................................................1857.5. SUGESTESDETRABALHOSFUTUROS........................................................................186
8. REFERNCIAS................................................................................................................189
8.1. APNDICE1......................................................................................................1938.2. APNDICE2......................................................................................................1958.3. APNDICE3......................................................................................................1978.4. APNDICE4......................................................................................................1998.5. APNDICE5......................................................................................................2048.6. APNDICE6......................................................................................................2068.7. APNDICE7......................................................................................................2108.8. APNDICE8......................................................................................................2128.9. APNDICE9......................................................................................................2148.10. APNDICE10....................................................................................................216
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
13
LISTADETABELAS
TABELA1.PRODUODEPAPELOONDULADOEMMILHESDEMETROSQUADRADOSPORCONTINENTE..............29TABELA2.EXPEDIOANUALDECAIXAS,ACESSRIOSECHAPASDEPAPELOONDULADONOBRASIL....................30
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
14
LISTADEQUADROS
QUADRO21.ASTRSDIFERENTESABORDAGENSDEPSSEMCOMPARAOCOMPRODUTOSTRADICIONAISDE
ALGUMASINDSTRIAS..................................................................................................................60
QUADRO22.ESTRATGIASDECOMUNICAOPARASUPERARBARREIRASIMPLEMENTAODEPSS................68
QUADRO31.NMEROSDOMERCADOGLOBALDEEMBALAGEM..................................................................94
QUADRO41.FREQNCIADEPUBLICAESSOBREPSSDE1996A2007..................................................108
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
15
LISTADEFIGURAS
FIGURA11.DISTRIBUIODOCONSUMODEEMBALAGENSDEPAPELOONDULADOPORSETOREM%SOBRETONELADASEMMAIO/2005........................................................................................................30
FIGURA21.LINHADOTEMPOCONTENDOALGUNSDOSFATOSMAISMARCANTESRELATIVOSSUSTENTABILIDADEAMBIENTALESOCIAL....................................................................................................................40
FIGURA22.OSQUATRONVEISDEATUAODODESIGNPARAASUSTENTABILIDADE........................................55FIGURA23.FASESDOCICLODEVIDAEESTRATGIASDEMINIMIZAODEIMPACTOSAMBIENTAIS......................57FIGURA24.FURGODERECARGADEPRODUTOSDELIMPEZADAALLEGRINI...................................................62FIGURA25.ESTOJODEEMBALAGENSRETORNVEISPARAPRODUTOSDELIMPEZAALLEGRINI............................62FIGURA26.PAINISDEAQUECIMENTOSOLARAMGINSTALADOSNOTETODEUMARESIDNCIA........................64FIGURA27.PISCINAAQUECIDACOMOSPAINISSOLARESAMG..................................................................64FIGURA28.POSSIBILIDADESDEUSODOMDULOALIMENTADOPORENERGIASOLAR.......................................65FIGURA29.MDULOGREENSTARINSTALADOEMREGIORURAL................................................................65FIGURA31.FUNESDAEMBALAGEM...................................................................................................75FIGURA32.FLUXOTPICODEEMBALAGEMB2B.......................................................................................79FIGURA33.DECISESLOGSTICASQUEAFETAMOAMBIENTE......................................................................86FIGURA34.ESTRUTURADOPAPELOONDULADO....................................................................................95FIGURA35.ILUSTRAODEONDULADEIRAANTIGA...................................................................................97FIGURA36.CICLODEVIDATPICODOPAPELOONDULADOEMEMBALAGENS................................................98FIGURA37.PROCESSOKRAFTDEPRODUODEPAPEL..............................................................................99FIGURA38.DETALHEDASDOBRADIASEMEMBALAGEMCOMUSODOCFG................................................101FIGURA39.MQUINAAUTOMATIZADADEPRODUODEEMBALAGENSEMPAPELOONDULADOCOMATCNICA
CFG.......................................................................................................................................101FIGURA310.EXEMPLOSDEUTILIZAODATECNOLOGIACFGEMEMBALAGENS..........................................102FIGURA311.EMBALAGEMEMCFGPARAEQUIPAMENTO,PRODUZIDAPELASHIZUOKA.................................102FIGURA41.REPRESENTAOESQUEMTICADOMTODODEPESQUISAUTILIZADO........................................110FIGURA42.RELAOENTREASFASESDAPESQUISADECAMPOEASFASESDOMEPSS..................................113FIGURA51.CHAPELONASTRANSPORTADASNASCAIXASDEPAPELO.......................................................123FIGURA52.SYSTEMMAPDOSISTEMAATUAL........................................................................................124FIGURA53.MAPEAMENTODOPROCESSONOSISTEMAATUAL...................................................................126FIGURA54.DESCARREGAMENTODASEMBALAGENSAPARTIRDECAMINHOTIPOSIDER................................128FIGURA55.DESCARREGAMENTODEEMBALAGENSCOMEMPILHADEIRAELTRICA.........................................128FIGURA56.EMBALAGENSCOMFILMEPLSTICOEPALETEDEMADEIRA.......................................................128FIGURA57.ESTOQUEDEMATERIALNOPRODUTIVOCOMEMBALAGENS(NPM).........................................128FIGURA58.CARRINHOELTRICOUSADONALOGSTICAINTERNA................................................................128FIGURA59.EMBALAGENSESTOCADASNOALMOXARIFADOINTERNO..........................................................128FIGURA510.EMBALAGENSPLSTICASEMBUFFERMETLICOPARAALIMENTAODAPRODUOCOM
CHAPELONAS(UBS)...............................................................................................................129FIGURA511.MESACOMEMBALAGENSPLSTICASCOLOCADASOBOVECULO,PARAAPLICAODASCHAPELONAS
(UBS).....................................................................................................................................129FIGURA512.APLICAODASCHAPELONASNOSVECULOS(UBS)..........................................................129FIGURA513.RESDUOSSLIDOSORIUNDOSDAETAPADEIMPERMEABILIZAO...........................................130FIGURA514.RESDUOSDEEMBALAGENSEOUTROSMATERIAISEMCAAMBAFONTE:VOLKSWAGEN...............130FIGURA515.CAAMBAUTILIZADAPARARESDUOSSLIDOS.....................................................................130FIGURA516.EMBALAGENSEMPAPELOONDULADOUTILIZADASPARAOTRANSPORTEDECHAPELONAS........133FIGURA517.EMBALAGENSEMPAPELOONDULADOUTILIZADASPARAOTRANSPORTEDECHAPELONAS........133FIGURA518.RVOREDEIMPACTOSAMBIENTAISDAEMBALAGEMDEPAPELOONDULADONASITUAOEXISTENTE
..............................................................................................................................................139FIGURA519.NVELDEIMPACTOAMBIENTALDAEMBALAGEMDEPAPELOONDULADONASITUAOEXISTENTE,POR
CATEGORIADEIMPACTO.............................................................................................................139FIGURA520.CONFIGURAESDASCHAPELONASNECESSRIASPARAOSTRSTIPOSDEVECULOSPRODUZIDOS
PELAVOLKSWAGEN...................................................................................................................144
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
16
FIGURA521.STORYBOARDDOCENRIO01..........................................................................................147FIGURA522.SYSTEMMAPDOCENRIO01..........................................................................................147FIGURA523.STORYBOARDDOCENRIO02...........................................................................................148FIGURA524.SYSTEMMAPDOCENRIO02..........................................................................................148FIGURA525.STORYBOARDDOCENRIO03..........................................................................................149FIGURA526.SYSTEMMAPDOCENRIO03..........................................................................................149FIGURA527.STORYBOARDDOCENRIO04..........................................................................................150FIGURA528.STORYBOARDDOCENRIO05..........................................................................................151FIGURA529.SYSTEMMAPDOCENRIO05..........................................................................................151FIGURA530.STORYBOARDDOCENRIO06..........................................................................................152FIGURA531.SYSTEMMAPDOCENRIO06..........................................................................................153FIGURA532.STORYBOARDDOCENRIO07..........................................................................................153FIGURA533.SYSTEMMAPDOCENRIO07..........................................................................................154FIGURA534.PROPOSTADECAIXARETORNVELDESMONTVELEMPAPELOONDULADO,INDIVIDUALPARACADA
TIPODECHAPELONA..................................................................................................................156FIGURA535.STORYBOARDDOCENRIO08..........................................................................................156536.PROPOSTADECAIXARETORNVELDESMONTVELEMPAPELOONDULADO,FORMANDOUMKITINTEGRADO
PARACADAMODELODEAUTOMVEL............................................................................................157FIGURA537.SYSTEMMAPDOCENRIO08..........................................................................................157538.RVOREDEIMPACTOSAMBIENTAISDAEMBALAGEMNAPROPOSTADEKITINTEGRADO...........................162FIGURA539.NVELDEIMPACTOAMBIENTALDAEMBALAGEMNOSISTEMAEXISTENTEENANOVAPROPOSTA,POR
CATEGORIA..............................................................................................................................163FIGURA540.COMPARATIVODEIMPACTOAMBIENTALENTREASITUAOINICIALEANOVAPROPOSTA,POR
CATEGORIA..............................................................................................................................164FIGURA541.SYSTEMMAPDOSISTEMAADOTADOPELAFIATNOMETAESTUDODECASO.............................167FIGURA542.SEQNCIADEDESMONTAGEMEEMPILHAMENTODOSISTEMAEMBRAPACK.............................169FIGURA543.SYSTEMMAPDOSISTEMAADOTADOPELOSCORREIOSNOMETAESTUDODECASO.....................170FIGURA544.PALETESPLSTICOSUTILIZADOSPARAOTRANSPORTEDECABEOTESAUTOMOTIVOS...................173FIGURA545.SYSTEMMAPDOSISTEMAUTILIZADOPELOFABRICANTEDECABEOTES....................................173
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
17
LISTADESIGLAS
ABIGRAFAssociaoBrasileiradaIndstriaGrficaABNTAssociaoBrasileiradeNormasTcnicasABPOAssociaoBrasileiradePapeloOnduladoABRASAssociaoBrasileiradeSupermercadosABREAssociaoBrasileiradeEmbalagemANAPAssociaoNacionaldeAparistasASLOGAssociaoBrasileiradeLogsticaB2BBusinesstobusinessB2CBusinesstoconsumerCEMPRECompromissoEmpresarialparaaReciclagemCfDNationalCentreforDesignRoyalMelbourneInstituteofTechnologyCFSDCentreforSustainableDesign/UKCFGCushionFolderGluerCNUMADConfernciadasNaesUnidasparaoMeioAmbienteeDesenvolvimentoD4SDesignforSustainabilityECREfficientConsumerResponse(RespostaEficienteaoConsumidor)EMUDEEmergingUserDemandsforSustainableSolutionsEPRExtendedProducerResponsibility(ResponsabilidadeEstendidadoProdutor)FSCForestStewardShipCouncilIBGEInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatsticaICCAInternationalCorrugatedCardboardAssociationInnopse Innovation Studio and Exemplary Developments for Product ServiceEngineeringIPCC Intergovernamental Pannel of Climate Changes (Painel Intergovernamental deMudanasClimticas)ISOInternationalStandardOrganizationITIACNRIstitutodiTecnologieIndustrialieAutomazioneConsiglioNazionaledelleRicercheIUCN International Union for Conservation of Nature (Unio Internacional paraConservaodaNatureza)LCALifeCycleAnalysis(ACVAnlisedoCiclodevida)LCCLifeCycleCosting(CustodoCicodeVida)LCCALifeCycleCostingAssessment(AvaliaodoCustodoCiclodevida)MEPSS Methodology for Product Service Systems (Metodologia para SistemasProdutoServio)NPMNonproductiveMaterial(MaterialnoProdutivo)ONGOrganizaoNoGovernamentalPBRpaletepadrobrasileiroPITCEPolticaIndustrial,TecnolgicaedeComrcioExteriorProSecCoProductandServiceCodesignRFIDRadioFrequencyIdentificationRMITRoyalMelbourneInstituteofTechnologySASocialAccountabilitySDOMEPSSSustainableDesignOrientingToolkit(FerramentadeOrientaoaoDesignSustentvel)SGASistemadeGestoAmbientalSOLINETSolutionsforInnovativeNetworks
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
18
SusProNetSustainableProjectsNetworkUNEP United Nations Environment Programme (PNUMA Programa de MeioAmbientedasNaesUnidas)UNESCOOrganizaodasNaesUnidasparaaEducao,aCinciaeaCulturaWCED World Comission for Environment and Development (CMMAD ComissoMundialparaoMeioAmbienteeDesenvolvimento)WCSD World Council for Sustainable Development (Conselho Mundial para oDesenvolvimentoSustentvel)
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
19
RESUMO
EstadissertaotratadopapeldoDesigncomoatividadequefavoreaasustentabilidadeambientalde embalagens em papelo ondulado movimentadas entre empresas (B2B), e prope o uso dediretrizes de projeto baseadas em sistemas produtoservio (PSS). Para tanto, utilizouse comoestratgia de pesquisa o estudo de caso, realizado em uma indstria automotiva da regiometropolitanadeCuritiba/PRnoperodode2006a2007,seguidodemetaestudodecasoformadoporoutrostrsestudosdecasocomplementares.Comoobjetodepesquisa,estudouseembalagensde papelo ondulado e sua logstica, e que so utilizadas para o transporte de peas plsticasdestinadas proteodaparte inferiordos veculosduranteoprocessode impermeabilizao.Areviso bibliogrfica inclui temas como o aumento mundial no consumo de embalagens e seuimpactosobreomeioambiente,aimportnciadaembalagemnoprocessologsticoentreempresaseseu impactoemcadaumadasetapasda logstica.Discutesetambmsobreopapeloondulado,seuuso,relevnciaepossibilidadesemembalagensB2B.Soapresentadasediscutidastambmasabordagensdeecodesignedesistemasprodutoservio(PSS),bemcomoalgumasmetodologiasdeDesign especficas para cada uma destas abordagens. Em seguida, propese o PSS como umaestratgia efetiva para a reduo dos impactos ambientais por considerar de forma sistmica oproblema,considerandooenvolvimentodosvriosatores(stakeholders).Propesetambmousode um mtodo especfico de PSS, o MEPSS, composto de cinco fases, e o estudo de caso estruturadoapartirdousodastrsprimeirasfasesdestemtodo,quesoaanliseestratgica,aexploraodeoportunidadeseodesenvolvimentodonovo conceito.Oestudode casoenvolvearealizao de pesquisa de campo junto indstria automotiva estudada, e abrange as fases dediagnstico da situao existente, anlise do diagnstico, interveno, anlise da interveno evalidao. A abordagem de Design baseada no ciclo de vida da embalagem (life cycle Design) utilizada ao longo do estudo de caso, e complementada pelo uso de ferramentas de avaliaoqualitativaequantitativa,comooSDOMEPSSeaAnlisedoCiclodevida.Adissertaofinalizadacom a proposio de diretrizes de Design baseadas em PSS para embalagens B2B em papeloondulado.
Palavraschave:embalagensB2B;papeloondulado;sistemasprodutoservio;diretrizesdeDesign
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
20
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
21
ABSTRACT
This dissertation deals with the use of Design as an activity that favors the environmentalsustainabilityofcorrugatedcardboardpackagesusedbetweencompanies (B2B),andconsiderstheuse ofDesign guidelines based in productservice systems (PSS). For this, it adopted as researchstrategy based on case study which was carried out within an automotive manufacturer in theMetropolitanRegionofCuritiba,StateofParan,intheperiodof20062007.Itsresearchobjectwascorrugatedcardboardpackagesand its logisticsused fortransportationofplasticpartsdestined totheprotectionof the inferiorpartof thevehiclesduring thewaterproofingprocess.The literaturereview includessubjectsastheworldwide increase intheconsumptionofpackagesand its impactontheenvironment,the importanceofthepackage inthe logisticprocessbetweencompaniesandits impact in eachoneof the stagesof the logistics. It is also reviews themain characteristicsofcorrugatedcardboard, including itsuseand relevance forpackagingB2B.Moreover, it reviews theapproaches for ecodesign and ProductService Systems (PSS).After that, the PSS is chosen as anhypothesisofeffective strategy for the reductionof theenvironmental impactsofpackagingB2B.Theresearchmethod includedtheuseofaprotocolforPSSDesignproposedbyvanHalen,VezzoliandWimmer(2005).Thecasestudyinvolvesafieldstudywiththephasesofdiagnosisoftheexistingsituation, analysis of the diagnosis, intervention, analysis of the intervention and validation. TheapproachofDesignbased in thepackage lifecycleDesign isused throughout thecase study,andcomplementedfortheuseofqualitativeandquantitativeevaluationtoolssuchasSDOMEPSSandLifeCycleAnalysis.ThedissertationpresentsaproposalforPSSDesignguidelinesforB2Bpackages,specificallyforthosepackagesmadeoutofcorrugatedcardboard.
Keywords:B2Bpackages;corrugatedcardboard;productservicesystems;Designguidelines
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
22
Captulo 01
Introduo
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
23
1. INTRODUO
1.1. Contextodapesquisa
A presente dissertao foi desenvolvida dentro de um projeto de pesquisa
intitulado Desenvolvimento de Embalagens e Produtos para ExportaoUtilizando a
TecnologiaCFGparaoPapeloOndulado.Esteprojetoteveduraodedoisanos(de
agostode2005aagostode2007),efoifinanciadopeloConselhoNacionaldePesquisae
DesenvolvimentoCNPqeAgnciaFinanciadoradeEstudosePesquisasFINEP.Foram
concedidastrsbolsasdepesquisa,sendoduasparaIniciaoCientfica(IC)eumapara
DesenvolvimentoTecnolgicoIndustrial(DTI).
Alm disso, o projeto foi apoiado com acesso a materiais de consumo e a
informaes de produo e mercado pelas duas empresas que so objeto desta
dissertao,sendoumamontadoradeveculos(VolkswagendoBrasil)euma indstria
deembalagensempapeloondulado (Embrart).Oprojetodepesquisa supradescrito
abrangeu trs estudos de caso, e esta dissertao referese especificamente ao
primeiro,destinadoaodesenvolvimentodeembalagens retornveisparao transporte
decomponentesautomotivos.
1.2. Problema
Comoreduziroimpactoambientaldousodaembalagemempapeloondulado
movimentadaentreempresas?
1.3. Objetivo
Propor um mtodo de Design de sistemas produto servio (Product Service
Systems, ou PSS) voltadas a embalagens em papelo ondulado movimentadas entre
empresas,demodoareduziroimpactoambientaldasmesmas,edediretrizesparaeste
mtodo.
1.4. Problemtica
Este trabalho prope que a utilizao de sistemas produtoservio (PSS) pode
minimizaro impactoambientaldousodeembalagensmovimentadasentreempresas.
Para contextualizar e justificar esta proposio, so apresentadas a definio de
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
24
sistemas produtoservio, e dados relativos s trs grandes dimenses da
sustentabilidade:ambiental,econmicoesocial.
1.4.1. Design
OICSIDdefineDesigncomo:
...uma atividade criativa que busca estabelecer as
qualidades multifacetadas dos objetos, processos,
servioseseussistemasemtodososciclodevida.Alm
disso,designofatorcentraldehumanizaoinovadora
das tecnologias e fator crucial nas trocas culturais e
econmicas(ICSID,2008).
Nesta definio atualizada percebese uma preocupao com as implicaes
sociais,econmicaseambientaisdaatividadededesign,aqualreafirmadaquandose
definemastarefasprincipaisquecabemaodesigner,poissegundooICSID(opcit):
Odesignbuscadescobrireavaliarrelaesestruturais,
organizacionais, funcionais, expressivas e econmicas,
comatarefade:
Aprimorarasustentabilidadeglobaleaproteoambiental(ticaglobal);
Trazerbenefcioseliberdadeparatodaacomunidadehumana,usuriosfinais,produtoreseprotagonistasdemercado,individuaisecoletivos(ticasocial);
Garantiradiversidadeculturaladespeitodaglobalizaomundial(ticacultural);
Forneceremprodutos,serviosesistemas,formasquesoexpressivasde(semiologia)ecoerentescom(esttica)suacomplexidadeprpria(ICSID,2008).
Deveseressaltar,nestadefinio,queaatividadededesignnoserestringe
configuraodeprodutosindustriais,mastambmaserviosesistemas.
1.4.2. SistemasProdutoServio(PSS)
SistemasProdutoServio (PSS)podem serdefinidos, segundooUNEP (2002),
comooresultadodeumainovaoestratgica,commudananofocodosnegciosdo
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
25
planejamento e venda de produtos fsicos to somente, para a comercializao de
sistemas de produtos e servios que, em conjunto, que so capazes de atender a
demandas especficas dos clientes. Brezet et al (2001) ressalta ainda a dimenso
ambientaldosPSS,afirmandoqueserviosecoeficientessosistemasdeprodutose
servios que so desenvolvidos para causar um mnimo impacto ambiental com o
mximodevaloragregado.
Com base nestas definies, percebese o potencial destes sistemas para a
sustentabilidadetantoeconmicaquantoambiental,oquejustifica,emparte,adefesa
dousodaestratgiadePSSnestadissertao.
1.4.3. Justificativaambiental
ConformeBrodyeMarsh(1997),asembalagenssoresponsveisporcercade
65%dovolumeglobalde resduos.Esta situao revelaanecessidadede seprocurar
reduzir a necessidade de embalagens no padro de consumo da sociedade atual e,
simultaneamente, o desenvolvimento de embalagens com materiais ecologicamente
corretos.
ManzinieVezzoli (2002)argumentamqueo impactoambientalcausadopelos
produtosindustriais(eporsuasembalagens)nopodesercombatidoapenascomouso
demateriaismenosimpactantes,queaestratgiamaisfreqentenomeioindustrial.
preciso,segundoestesautores,estratgiasmaisavanadasquepermitam,sepossvel,a
desmaterializao no consumo destes produtos. Neste caso, o uso de servios
associados s embalagens uma das alternativas que tm semostrado ambiental e
economicamenteviveis.
Para Levy (1999), o desenvolvimento de solues mais sustentveis em
embalagens de responsabilidade de todos os atores envolvidos na cadeia de
fornecimento: fornecedores de matriaprima, fabricantes e montadores de
embalagens, distribuidores, revendedores e mesmo usurios (empresas que utilizam
embalagensemseusprodutos).
O aumento no consumo de matriaprima virgem para embalagens vem
ocorrendoemtodoomundoetambmnoBrasil(verdetalhesnoitem1.5.3),apesarda
taxa de reciclagem do papelo ondulado no pas ser relativamente alta, 77,3%,
conformeoCEMPRE (2006), eboapartedopapeloonduladoproduzidonopas ter
parteda composio emmaterial reciclado, em tornode18%. Embora estamatria
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
26
primavirgemprovenhadeflorestasmanejadas,principalmentedepinuseeucalipto,h
vrios impactos ambientais associados a este tipo de explorao, devido s extensas
reas demonocultura, como, por exemplo, as alteraes na qualidade do solo e na
cadeiaalimentardosanimaisquehabitamestasregies.Apesardisso,em2006,iniciou
se no Brasil a produo de papelo ondulado com certificao Forest StewardShip
Council (FSC),oqueo reflexodeumademanda emergenteporprodutos comesta
caracterstica.
Almda certificaodeorigemdamatriaprima,h tambm aestratgiade
ampliarotaxadereciclagemdamatriautilizadanaembalagem.ConformeoCEMPRE
(2006),aquantidadedemadeiraeconomizadacomasubstituiode fibrasvirgensde
celuloseporuma toneladadeaparas,considerandoseumaperdade20%nasaparas
(devido a impurezas) de 4 m. Isto equivale a dizer que uma tonelada de aparas
correspondeaumrendimentolenhosodeumareaplantadadeat350m.
No consumo de energia, podese afirmar que se economiza mais de 50%,
quandosecomparaaproduodepapelmiolocomaparas,comaproduodecelulose
epapel (CEMPRE,2006).Apesardisto,hna reciclagemum alto consumode guae
energia, que pode ser minimizado se as embalagens no fossem descartadas
precocemente.
Finalmente,hnoprocessodereciclagemdopapeloonduladoacontaminao
causadapela freqentemisturadediferentesmateriaisnodescarte.Papelepapelo,
presentes em grande quantidade entre os resduos descartados pelas empresas, so
freqentementedescartadossujosderesduosorgnicosemisturadoscommateriaisde
difcilseparao,comogramposmetlicos,colas,vernizesetintas.
Aproduoderejeitos(tudoaquiloquenoseaproveitanatriagemdopapelo
onduladoequeacabasendodestinadoincineraoouaterrossanitrios),emmdia,
de 42% (GRIMBERG; BLAUTH, 1998). A incinerao, embora seja uma forma de
produodeenergia, contribuiparaoaquecimentoglobal,devidoemissodeCO,
principal gs causador deste efeito, segundo o IPCC (2006). Mesmo em grandes
indstriasquepossuemcertificaoambientalpodeocorreresteproblema.
Percebese,apartirdessesdados,queareciclagemdasembalagensB2Bjno
maissuficienteparaminimizaro impactoambientalcausadopelodescartecrescente
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
27
de papelo ondulado e de outros materiais, seja pelo consumo de gua, energia e
matriaprima,oupelacontaminaocomoutrosmateriais.
Outro aspecto importante que nem sempre as empresas exigem de seus
fornecedores certificao ambiental dos processos, e menos ainda dos produtos
adquiridos, embora tenhahavidoum crescimentoneste sentido, conforme Epelbaum
(2004). Isto se torna um problema para as empresas que possuem certificao
ambiental, na medida em que esta certificao traz consigo a responsabilizao do
produtorpeladestinaoderesduos(EPR,ouExtendedProducerResponsibility).
NoBrasil,encontraseemtramitaonocongresso,jhvriosanos,oProjeto
deLeidosResduos (PL203/91),que instituiaPolticaNacionaldeResduosSlidos,
seusprincpios,objetivoseinstrumentos,equeestabelecediretrizesenormasparao
gerenciamento dos diferentes tipos de resduos slidos, conforme o Relatrio
PreliminardoProjetode Lei203/91 (2002).EsteProjetode Leidefineque Art.43
Compete aos estabelecimentos industriais e de minerao a responsabilidade pelo
gerenciamentocompletodeseusresduos,desdeasuageraoatadestinaofinal.
Muitoembora,napocadestadissertao,aindaestafosseumaLeiaguardando
aprovao no CongressoBrasileiro, alguns estados j se encontram adiantados neste
aspecto, como o Paran, que possui uma lei especfica, tambm chamada Lei de
Resduos.Esta leidefinequeArt.4. Asatividadesgeradorasderesduosslidos,de
qualquer natureza, so responsveis pelo seu acondicionamento, armazenamento,
coleta, transporte, tratamento, disposio final, pelo passivo ambiental oriundo da
desativaodesuafontegeradora,bemcomopelarecuperaodereasdegradadas
(Lein12493,de22deJaneirode1999).
Mas,almdeleisquebuscamminimizarosimpactosgeradospelosresduos,os
governos tm sidopressionadospela sociedadeaestabelecermetas scioambientais
delongoprazo,inclusivenoBrasil.Comisso,oobjetivodestadissertaoalinhasecom
asestratgiasdedesenvolvimentodelongoprazodoPlanoPlurianual(PPA)20042007
doGovernoFederal,ecomaAgenda21Nacional.
No caso do PPA, o estudo alinhase com o Mega Objetivo II, que busca o
Crescimento com gerao de trabalho, emprego e renda (...) ambientalmente
sustentvel e redutor das desigualdades sociais, especialmente no item 21, que se
propeamelhoraragestoeaqualidadeambientalepromoveraconservaoeuso
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
28
sustentvel dos recursos naturais, com nfase na promoo da educao ambiental
(PLANOBRASIL,2004).Desta forma,aproposiodediretrizesdeprojetoparaPSSem
embalagens sustentveis busca principalmente reduzir os impactos ambientais das
atividades industriais,commaioreficincianousoderecursoseenergiae reduona
emissoderesduosegasestxicos.
No caso daAgenda 21Nacional, este trabalho alinhase com as diretrizes do
captulo 21, referente ao manejo ambientalmente saudvel dos resduos slidos, e
captulos29e30,sobreofortalecimentodopapeldocomrcioedaindstria(AGENDA
21NACIONAL,2007).Nesteltimo,otrabalhoest ligadodiretamentepromoode
umaproduomaislimpaedaresponsabilidadeempresarial.
Almdisso,aproposiodeusodeserviosdeembalagensmaissustentveis
coerentecomainiciativadaUNESCO/ONUempromover,noperodoentre2005e2014,
aDcada da Educao para oDesenvolvimento Sustentvel, que consiste de amplos
esforosvoltadoseducaoparaasustentabilidade,envolvendoosvriossegmentos
dasociedade,inclusiveasempresas.NoBrasil,estainiciativafeitaemcooperaocom
oMinistrio doMeioAmbiente para a execuo do ProgramaNacional de Educao
Ambiental(ProNEA).
Quanto sustentabilidade na poltica industrial, Campanrio e Silva (2004)
propemasustentabilidadecomoumentreonzecritriosnormativosparaelaborao
deumapolticaindustrial,comentandoqueapolticaindustrialdeveprocurarconciliar
os parmetros bsicos do desenvolvimento sustentvel preservao da natureza,
eliminaodapobreza,crescimentoeconmicoegarantiaparaasgeraes futuras,
comaexploraodosrecursosnaturaisparaatenderaosinteressesnacionais.
Apoltica industrialbrasileiranoexplicitaestapreocupao,ea sintonizao
destadissertaocomaPoltica Industrial,TecnolgicaedeComrcioExteriorPITCE
(2005)seddevidoaoobjetivodestadeinduziramudanadopatamarcompetitivoda
indstria brasileira, rumo maior inovao e diferenciao de produtos, almejando
competitividadeinternacional.Ainseroprincipalmentenosaspectosdeinovaoe
desenvolvimento tecnolgico, inclusive com apoio oficial s parcerias universidade
empresa,pormeiodoCNPq.
Este o caso do projeto de pesquisa Desenvolvimento de embalagens e
produtos para exportao utilizando a tecnologia CFG para o papelo ondulado,
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
29
desenvolvido pelo Ncleo de Design e Sustentabilidade da Universidade Federal do
Paranem20062007,equeoriginouestadissertao.
1.4.4. Justificativaeconmica
Em termoseconmicos,ovalordomercadoglobaldeembalagensestimado
em500bilhesdedlares,entre1e2%doPIBmundial(Packforsk,2001),eomercado
de alimentosomaior consumidormundialdeembalagens, com cercade35% (The
Packaging Federation, 2004a). O mercado mundial de embalagens est em franco
crescimentoe,emparticular,omercadodeembalagensdepapeloondulado,escopo
destetrabalho,querespondeporaproximadamente38%detodoomercadomundialde
embalagemeapresentaprevisodecrescimentode4,2%aoano(EMBALAGEMMARCA,
2005).SomenteosetordealimentosmovimentaemtornodeUS$176bilhesem2004,
ehexpectativadequecontinuarcrescendoataxasde4,6%aoano,comprevisode
cerca de US$ 216 bilhes para 2009. Contudo, o maior crescimento (7,1%) dever
acontecernosetordemedicamentos(EMBALAGEMMARCA,2005).
Segundoa ICCA (2005),asiaograndeprodutormundialdeembalagensde
papeloondulado,commaisde53milhesdemetrosquadradosecrescimentode9%
em apenas um ano. Com isso, os asiticos dominammais de um tero domercado
mundial de papelo ondulado. A produo norteamericana e europia quase
equivalente,compoucomaisde40milhesdem/cada,conformeilustraaTabela1.
Tabela1.Produodepapeloonduladoemmilhesdemetrosquadradosporcontinente
CONTINENTE 2003 2004 CRESCIMENTOEM%sia 48,537 53,036 9,0AmricadoNorte 41,255 42,367 2,7Europa 40,862 41,563 1,7AmricaCentraledoSul 7,441 8,163 9,7Oceania 2,272 2,324 2,3frica 1,660 1,693 2,0TOTAL 142,126 149,147 4,9
Fonte:ICCA(2005)
QuantoaosprodutoresdaAmricaLatina,apesardaparticipao inferiorde
asiticos, norteamericanos e europeus, significativo o crescimento de quase 10%
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
30
entreos anosde2003 e2004,omais alto entre todososmercadosprodutores (ver
Tabela1).
OBrasiltemumpapel importantenestecrescimento,poisproduzcercade3,9
milhesdospoucomaisdeoitomilhesdem2depapeloonduladoproduzidospela
AmricaCentraledoSul,ouseja,quasemetadedaproduodaAmricaLatina.Nos
ltimos cincoanos,omercadobrasileiro temosciladoentre3,7e3,9milhesdem,
comumaquedasignificativaem2003,anodeturbulnciaeconmicanopas,emquea
produocaiupara3,4milhes,conformemostraaTabela2(ABPO,2005).
Tabela2.Expedioanualdecaixas,acessriosechapasdepapeloonduladonoBrasil
ANO TONELADAS 1.000M2000 2.048.937 3.737.7722001 2.061.022 3.701.6032002 2.144.113 3.920.1752003 1.885.916 3.464.7502004 2.106.832 3.918.961
Fonte:ABPO(2005)
Assim como nos dados apontados por EMBALAGEMMARCA (2005), no Brasil
tambm a indstria alimentcia a grande consumidora do papelo ondulado,
absorvendo mais de um tero de toda a produo (ABPO, 2005). O mesmo estudo
apontaqueumadistribuiomistaocupaosegundolugar,eaproduodechapasfica
na terceiraposio.Emseguida,a indstriade fumose tabacos,com7,69%,superaa
indstriaqumica,fruticultura,floriculturaeavicultura(videogrfico11).
Figura11.Distribuiodoconsumodeembalagensdepapeloonduladoporsetorem%sobretoneladasemMaio/2005Fonte:ABPO(2005)
Com este crescimento generalizado, h uma necessidade cada vez maior de
diferenciaopois,segundoPorter(1992),humaestreitarelaoentreodesempenho
econmicodasempresasea criaodediferencial competitivo.Estepode serobtido
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
31
pelomenosde trs formas:pordiferenciaodeprodutose/ou servios,por criao
e/ouexploraodenichosdemercado,oupelocustodeseusprodutos(PORTER,1992).
No casoda diferenciao,Ottman (1994), citadopor Epelbaum (2004) afirma
queempresasqueapresentamdiferencialsustentvelnosprocessoseprodutospodem
explorloemtermosdemarketing,criandoumposicionamentoevalornicoparaseus
clientes.Desta forma,produtosou servios comestediferencialpodemdestinarsea
nichos demercado especficos formados por consumidores que valorizam a questo
scioambiental(OTTMAN,1994citadoporEPELBAUM,2004).ManzinieVezzoli(2002)
colocam que os sistemas produtoservio levam em considerao necessidades
especficas dos clientes, buscando atendlas ao mximo e, ao mesmo tempo,
minimizandooimpactoambiental.
Essadiferenciaopossvel,porqueasociedadeemgeralmostrasecadavez
mais informadaeexigentequantoatuaoambientaldasempresas.SegundoPorter
(1985),aanlisecompetitivadasempresasnasltimasdcadaspassouaser feitapor
uma diversidade de atores com preocupaes distintas. ONGs, comunidades, rgos
governamentais, investidores,seguradoraseamdiatmpapelcadavezmaisdecisivo,
com reflexos namudana de percepo de valor ao longo da cadeia de produo e
consumo.
Rundh (2005) coloca a embalagem como possvel elemento de vantagem
competitiva,emboraaindapoucoexploradapelasempresas,que tm sido foradasa
reavaliar suas estratgias devido internacionalizao e globalizao crescente dos
negcios. Com isto, percebese um grande potencial de melhoria em termos de
competitividade a partir do Design desde que considerado em uma abordagem
sistmica, focada no apenas na embalagem em si, mas em todo o processo de
produoedistribuio.
As exigncias quanto a processos e produtos mais limpos so as mais
significativas, conforme Epelbaum (2004). Com isso, segundo ele, houve um grande
crescimentona implantaodos chamados sistemasdegestoambiental (SGAs)ede
certificaesparaestessistemas,sendoaISO14001amaisconhecida.
Nocasodoscustos,asempresasbuscamatingiroscustosmaisbaixostantode
produoquantodedistribuio,apartirdamximaeficinciaoperacional,parapoder
oferecer aos clientes/consumidores preos mais baixos nos produtos do que os
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
32
concorrentes. Porm, segundo Epelbaum (2004), o balano econmico de qualquer
estratgia que venha a ser implantada deve levar em conta no apenas custos
financeiros pontuais (custo de implantao de um novo sistema de embalagem ou o
preo da embalagem),mas custos financeiros globais (recursos humanos, tempos de
espera, estoques, tratamento dos resduos gerados) e seu tempo de amortizao
(payback).
Conforme Lee e Lye (2003), os trs componentes principais do custo da
embalagemsoamodeobra,oequipamentoeomaterial.Stern (1981)apontaque
apenas cercade10%docustodaembalagemdeveseaomaterialdequeela feita,
sendoo restante relacionadoaoprocessoprodutivoe logstico,que incluigastoscom
transporte,custodearmazenagem,temposdeespera,entreoutrosfatores.
Segundo Lazl (1990), aproximadamente 9% do custo de qualquer produto
deveseembalagem,eoutrosautoresapontamqueaembalagemrepresentaentre15
e50%dopreode vendadoproduto contido (RAUCHASSOCIATES,2002;Harckham,
1989;BristonandNeill,1972).
Morabito,MoraleseWidmer(2000)apontamqueosetor logstico,namaior
partedasempresas,oquemaisconsomerecursosfinanceiros,oque indicaumgrande
potencialdeatuaoparaoDesignemtermosdeembalagensoperacionalmentemais
eficientes. H, tambm, uma srie de outros custos envolvidos no tratamento e
destinao dos resduos industriais, entre eles os de embalagens, que podem ser
minimizados, por exemplo, pelo reuso das mesmas. O aumento da eficincia
operacionaleaminimizaoderesduossoaspectosinerentesaoconceitodesistema
produtoservio,conformeHalen,VezzolieWimmer(2005).
Almdaminimizaodecustos,outroaspectoderelevnciaeconmicaligado
eficinciaoperacional, segundooUNEP (2001),amaximizaodaprodutividade.As
embalagenspodemtornarseumelementodeaumentodaprodutividade,seplanejadas
dentro de uma viso sistmica, considerando outras funes, alm da proteo e
transporte, como a comodidade na produo (ex.: caixasdispensers) e o controle
inteligentedeestoque(ex.:etiquetasRFIDidentificaoporrdiofreqncia).
1.4.5. Justificativasocial
Nombitodasempresasbrasileiras, crescenteonmerodeaes ligadas
responsabilidade social.Noentanto, aeqidadee justiaentreos stakeholders ainda
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
33
representam um desafio, pois amaior parte das relaes empresariais fortemente
baseadaem relaes custobenefciode curtoprazo.Os sistemasprodutoservio, ao
contrrio,baseiamsefundamentalmenteemparceriasdelongoprazo(HALEN;VEZZOLI;
WIMMER,2005).
Muitasempresas j implantaram sistemasdegestoambientaleobtiverama
certificao ISO14001 (EPELBAUM, 2004), mas ainda pequeno o nmero de
organizaesbuscandoacertificaosocial.Jexisteminiciativasnestesentido,comoa
SocialAccountability8000(SA8000),voltadacertificao,eanormaABNTNBR16001,
sobrerequisitosparasistemasdegestoemresponsabilidadesocial(ABNT,2004).Ouso
de indicadoresscioambientaisdo InstitutoEthos(ETHOS,2006)permitesempresas
fazerumaautoanlisedodesempenhoscioambientalquepodesertransformadoem
umrelatrioparaposteriorcomparao(benchmarking)comaconcorrncia.
Para2008,esperaseaconclusodanormaISO26000,quenotemopropsito
decertificao,masdeorientaoparaaimplantaodesistemasdegesto.Apesarde
nohaveraexignciadasempresasseremcertificadasemgestoambiental(ISO14001)
para adequarse NBR16001,Ursini e Sekigushi (2005) apontam que as corporaes
familiarizadascomacertificaoambiental teromuitomais facilidadedecertificao
deresponsabilidadesocial.Porconseguinte,denotasequepoderoapresentartambm
condiesdeimplementaraabordagemdePSScommaisfacilidade.
Aquestodacoesosocialoutrodesafioparaasempresasbrasileiras,embora
ajustiabrasileiraconsidereadiscriminaoumcrimeinafianvel.Damesmaforma,a
influncia na identidade cultural regional e no bem estar das comunidades onde as
empresasseinstalam,eaexploraopredatriaderecursoslocaisnorenovveisainda
ocorrememvriaspartesdopas.Estesaspectossoconsideradosna implantaode
umPSS,portanto,paraqueaempresaadoteestaabordagemdenegcioprecisoque
elaseconsideredeformaresponsvelestasquestes.
Comrelaoaobemestaregeraodetrabalhoerenda,relevanteofatode
que,noBrasil,muitasdaspessoasdebaixa renda trabalhamnaatividadede coletar,
separar, vender e reciclar resduos. O papelo ondulado um dos materiais mais
presentesdevidoaograndeusoemembalagens.DadosdoIBGE(2002)mostramquea
atividade de catar papel empregava, em 2002, ao redor de 25.000 pessoas nas
unidadesdeseparaodelixo.Htambmoschamadoscatadoresderuaecarroceiros,
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
34
cujaatividadeinformalenvolvecercade200milpessoasnoBrasil(ANAP,2005).Nesse
contexto,umaestratgiaque impliquenareduodageraoderesduosdepapelo
onduladonasempresasdevetambm levaremcontao impactosocialnestaatividade,
umavezqueosmaioresafetadosseriamdasclassesmaispobres.
Cabe ressaltar que as mudanas decorrentes de melhorias ambientais nas
embalagens movimentadas entre empresas podem influenciar nos aspectos sociais
ligadosaessaatividade,comoageraodetrabalhoerendaeascondiesdevidadas
pessoas.Destaforma,estetrabalhoconsiderou,comoescopodeestudo,empresasque
destinamseusresduosaempresasespecializadas,pressupondo,portanto,quenoh
um impactodiretonageraodetrabalhoerendaparaoscatadoresautnomos,mas
apenasnaquelasatividades ligadassempresasde coletade resduos.Noentanto,
necessrio um estudo mais aprofundado para verificar o real impacto no nvel de
empregodestasltimas.
Todos os aspectos ambientais, econmicos e sociais anteriormente discutidos
formamopanode fundodestadissertao,e apontampara anecessidadedenovas
estratgias de negcios nas empresas quanto movimentao de embalagens. No
mbito doDesign sustentvel, propese o foco de pesquisa e desenvolvimento no
apenasnasembalagensemsi,masemtodoosistemaprodutivoelogsticoempresarial.
Neste sentido,este trabalhoprocuracontribuirparaadimensoambientalda
sustentabilidade por meio do estudo de sistemas alternativos para embalagens
movimentadasentreempresas.Aseguir,apresentadaadelimitaodoestudo,eem
seguidaomtododepesquisautilizado.
1.5. Delimitao
O objeto de estudo compreende embalagens de papelo ondulado para
produtos noperecveis movimentadas entre empresas, com nfase nas questes
ligadasdimensoambientalda sustentabilidade,muitoemboranaanlise teamse
consideraes tambm sobre as dimenses econmicas. A dimenso social no ser
estudadanestetrabalho.
O recorte geogrfico dos dados coletados nesta pesquisa abrange a
movimentaointerestadualdeembalagensB2BentreacidadedeSoPauloeacidade
deSoJosdosPinhais,naRegioMetropolitanadeCuritiba,Paran.
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
35
1.6. Descriogeraldomtodo
Omtododepesquisaadotadooestudodecaso,realizadoemumaindstria
montadorade automveisda regiometropolitanadeCuritiba/PR.A fundamentao
terica para este trabalho foi feita a partir de reviso de literatura relacionada
sustentabilidade,comumrecortetericoparaoDesignsustentvel,embalagensB2Be
opapeloonduladonestecontexto.
Apesquisade campo foi realizada em cinco etapas:diagnstico, avaliaoda
situao inicial, interveno, anlise da nova proposta e validao da proposta de
interveno.Devidoao fatodestadissertao relacionarseabordagemde sistemas
produtoservio (PSS), a pesquisa foi feita utilizando etapas e ferramentas de um
mtodoespecficoparaodesenvolvimentodePSS,oMEPSS.
Oprotocolodecoletadedadosrelativoetapadediagnstico,eenvolveuo
uso de ferramentas verbais e visuais, para a obteno de dados tanto quantitativos
quanto qualitativos (LAUREL, 2003), pois, nas fases seguintes de avaliao (tanto da
proposta inicial quanto da interveno) buscouse avaliar de forma quantitativa e
qualitativa os dados obtidos. O diagnstico inclui entrevistas semiestruturadas,
observaodireta,registrofotogrfico,eacoletadedadosquantitativosdaembalagem
no sistema logsticoprodutivodaempresa, comoquantidade, composioepesodas
matriasprimas e insumos, tempo e distncia de transporte e operaes internas.
Foramcoletadastambmamostrasdecomponentesutilizadosdaempresa.
A anlisedosdados foi feitade formaquantitativa equalitativa tantopara a
situao inicialmenteencontradaquantoparaapropostade interveno,eenvolveuo
usodasferramentasACVAnlisedoCiclodevida(anlisequantitativa),comousodo
Software Simapro7 na verso educacional, e SDOMEPSS (anlise qualitativa). A
visualizao tanto do sistema atual quanto do proposto foi feita com o uso da
ferramentaSystemMap,doMEPSS.Paraaanlise tambm foi realizado tambmum
workshopcomespecialistasdaindstriaestudadaedeumfornecedordeembalagens.
Paraa interveno,foramutilizadasferramentasdecriaotambmpresentes
noMEPSS, como asdiretrizesdeDesign sustentvel (MANZINI eVEZZOLI,2002)eos
storyboardsparaproposiode cenrios futuros,almdobrainstorming clssico com
usodeanalogias.
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
36
Avalidaodoestudofoifeitaapartirdacomparaocomosresultadosobtidos
emummetaestudodecasoformadoportrsestudosdecaso,emtrsoutrasempresas
queutilizamembalagensretornveisemseusrespectivosprocessoslogsticos.
1.7. Estruturageraldadissertao
Ocaptulo1(INTRODUO)apresentaoproblema,sugereahipteseedefineo
objetivo da dissertao, a partir de justificativas ambientais, econmicas e sociais.
Delimitatambmoescopodapesquisaeotipodeempresanaqualserrealizada,bem
comoomtodoaserutilizado,eosprocedimentosdecoletaeanlisededadoseda
intervenoproposta.
O captulo 2 (EMBALAGEM E SUSTENTABILIDADE) apresenta a reviso de
literatura sobre quatro temas principais: sustentabilidade, Design sustentvel,
embalagens e papelo ondulado, e o relato de estudos de caso similares ao tema
pesquisado.
No captulo 3 (MTODO DE PESQUISA) justificase a escolha do mtodo de
pesquisa, e descrevese o estudo de caso realizado junto a uma montadora de
automveis da Regio Metropolitana de Curitiba. So apresentados os critrios de
seleodaempresaedoprocesso,oprotocolodecoletadedadosutilizado,eaforma
deapresentaoeavaliaotantodosdadoscoletadosdasituaoencontradaquanto
dapropostademelhoria,eoprocessodevalidaoutilizado.
Nocaptulo4(RESULTADOSEANLISES)sodescritososresultadosdapesquisa
decampo,eaavaliaoqualitativaequantitativadosdadosobtidostantonasituao
encontradaquantonaintervenoproposta,comoauxliodasferramentasSDOMEPSS
e ACV Anlise do Ciclo de vida. So apresentados tambm os resultados de um
workshop realizado para coletar opinies, crticas e sugestes de profissionais
especialistasdaempresaedeumfornecedordeembalagenssobreosdados.
A partir dos resultados obtidos, e da comparao destes com os obtidos em
outrostrsestudosdecasoreportadosnarevisobibliogrfica,sopropostasdiretrizes
de Design de sistemas produtoservio para embalagens em papelo ondulado
movimentadasentreempresas.Estaumadascontribuiescentraisdapesquisa,pois
se entende que, para que sejam atingidos os objetivos propostos no Captulo 1
(INTRODUO),aexistnciadeuma teoriadoDesigndeembalagens, com conceitos,
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
37
metodologiaseferramentasdeDesignsustentvelorientadasespecificamenteaosetor,
condioparaefetivamenteinovarnabuscaporprticasmaissustentveis.
Nocaptulo5 (CONCLUSO)finalizaseotrabalhocomumadiscussosobreos
resultados da pesquisa realizada, e sugeremse possibilidades de continuidade de
pesquisaapartirdelacunasdetectadasnarealizaodesteestudodecaso.
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
38
Captulo 02
Sustentabilidadepor meio do Design
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
39
2. SUSTENTABILIDADEPORMEIODODESIGN
2.1. Conceitosdesustentabilidade
A palavra sustentabilidade definida no dicionrio Aurlio (2006) como a
qualidade do que sustentvel ou como um estado que se deseja atingir. Esta
definioabstrataadquireumsentidoprticoquandorelacionadastrsdimensesda
existnciahumana:ambiental,socialeeconmica.
A sustentabilidadeambiental referese, conformeManzinieVezzoli (2002),s
condiessistmicassegundoasquais (...)asatividadeshumanasnodevem intervir
nosciclosnaturaisemquesebaseiatudooquearesilinciadoplanetapermite(...),no
devemempobrecerseucapitalnatural,quesertransmitidosgeraesfuturas.
A sustentabilidade social, segundo oUNEP (2006), est associada a questes
como: respeito identidade e diversidade cultural, incluso das minorias,
marginalizadosedeficientes,bemestarsocial,trabalhoemcondiesadequadasesem
anecessidadedegrandesdeslocamentos,geraoeequilbrionadistribuioderenda,
acesso alimentao, gua potvel e servios de sade, escolarizao e abolio do
trabalhoinfantil,dentreoutrostemas.
Asustentabilidadeeconmicaapresentaumaligaobastantefortecomasocial
pelageraodetrabalhoerenda,masconsideratambmadimensodasempresas,de
todos os portes. Segundo D4S (CRUL e DIEHL, 2006), alm da lucratividade,
fundamental para as empresas a gerao de valor tanto para ela quanto para os
stakeholderseconsumidores.estevalorquepodepermitirsempresasposicionarem
sedeformacompetitivanomercado.
Estasconsideraescompemoconceitodedesenvolvimentosustentvel,que
consiste em um desenvolvimento que satisfaa as necessidades do presente sem
comprometer a capacidade das geraes futuras satisfazerem as suas prprias
necessidades(BRUNDTLANDetal,1987).
2.2. Um breve histrico do percurso da sustentabilidade e do
desenvolvimentosustentvel
Aproblemticadoimpactodasatividadesindustriaisnoplanetanoumtema
recente,embora somentenaltimadcada tenhaganho intensidadededivulgaoe
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
40
debate por uma parcela maior da sociedade. Segundo Foladori (2001, p. 113),
possivelmente surgiu como conservacionismoem reao industrializaono sculo
XIX, a partir do livro Man and Nature de Marsh (1864). No entanto, a questo do
crescimentopopulacionaldesenfreadoe seuspossveisefeitos jhavia sidoestudada
porMalthusem1798,emEnsaiosobreoprincpiodapopulao(verFigura21).
Figura 21. Linha do tempo contendo alguns dos fatos mais marcantes relativos sustentabilidadeambientalesocial
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
41
Na virada do sculo XIX para o sculo XX, prosseguiu com a criao de
sociedadesdeproteonaturezanosEUA,Canad,Chile,PortoRicoeUruguai,dentre
outros pases, bem como de parques e reservas. A questo ambiental tornase
particularmentecrticacomodetonamentodabombaatmicaemHiroshima,aotornar
clarooquantoa capacidade tecnolgicapodeafetarabiosferaegerardanosque se
perpetuam por dcadas aps este evento. A criao da Unio Internacional para
Conservao da Natureza IUCN, em 1948, foi a primeira grande tentativa de
organizaonogovernamentalvoltadaapensarestratgiasdeconservao.
A Organizao da Naes Unidas definiu 1957 como o Ano Geofsico
Internacionale,nestemesmoano,foi iniciadaamediodaquantidadededixidode
carbononaatmosfera,noHava.Nadcadade60houveum crescimento substancial
das discusses ambientais, sempre fortemente ligadas s questes polticas e
econmicas, como aGuerra do Vietn. Com isto, houve um grande crescimento dos
movimentosambientalistas,antinuclearesepacifistascomooGreenPeace,OsAmigos
daTerraeosVerdesalemes.
Papanek (1971) foi um dos primeiros a defender uma postura social e
ambientalmentemaisresponsvelporpartedoDesign,emsuaspublicaesDesignfor
theRealWorldHumanEcologyandSocialChange(1971,eaproporumanovaforma
deatuaoemTheGreen ImperativeEcologyandEthics inDesignandArchitecture
(1995).
A questo social tambm ganha cada vez mais importncia nesta poca, e
questes como o crescimento populacional e seu impacto no meioambiente, j
levantadasdesdeMalthus(17661834)eMill(18061873),foramreforadasporautores
como Ehrlich e Ehrlich (1972), em Population, resources, environment.Nestemesmo
ano,oClubedeRomapublicou Os limitesdo crescimento, sobre as relaes entre
produo industrial,crescimentopopulacionaleexploraode recursos,prevendoum
limitesuportvelpelanaturezadeapenascemanos,casoestemodelodesequilibrado
fossemantido.Esteummarco importantepois,pelaprimeiravez,cogitousefrearo
crescimentocapitalista(FOLADORI,2001,p.115).
Tambm em 1972 houve, em Estocolmo, a primeira Conferncia das Naes
UnidassobreoMeioAmbiente,quetevecomoresultadoumadeclaraoquecontm
tantoosproblemasambientaisquantoaproposiodesepreservaroplanetaparaas
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
42
geraes futuras. Isto defendidopormeiodousode tecnologias limpasnospases
desenvolvidosetransfernciaderecursosfinanceirosetcnicosparaaqueleschamados
depasesemdesenvolvimento.
Criouse tambm o Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente
PNUMA (PNUMA, 2006), e a Comisso Mundial para o Meio Ambiente e
Desenvolvimento CMMAD (CMMAD, 2007). tambm relevante o trabalho da
ComissoBarilochenaAmricaLatina,propondonovamenteocrescimento limitado,a
partir da limitao da exportao dos recursos naturais, em claro contraponto ao
sistemacapitalistadeproduoeconsumo.
AcatstrofenucleardeChernobyl,em1986,umadasmarcasdadcadade80,
provocandograndes impactosambientaisehumanospelaEuropaequestionamentos
sobreosavanoscientficos.Umdosautoresmaislidosnadcadade80sobreecologia
JamesLovelock,que,emGaia:ANewLookatLifeonEarth(1982),consideravaaTerra
comoumgrandeorganismovivo.
Tambm neste ano foi criado o programa cientfico Global Change, que
influenciano ano seguinteo trabalhodaComissoMundialparaoMeioAmbiente
WCED(19841987),dirigidopelaexprimeiraministradaNoruega,GroBrundtland.Esta
comissoproduzo informeOurCommonFuture,quepelaprimeiravezutilizaotermo
desenvolvimentosustentveldeformaexplcitaepropequeosproblemasambientais,
sociaiseeconmicossejamtratadosdeformaintegrada(BRUNDTLANDetal,1987).
No finaldosanos80 foi criadooGrupo IntergovernamentaldeEstudos sobre
ClimasIPCC(1988),eem1991,iniciaseumfundodeproteoaomeioambientepara
pasesemdesenvolvimento,criadopelaONUeBancoMundial,oGlobalEnvironmental
Facility. No ano de 1992 ocorre a Conferncia da ONU sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (CNUMAD) no Rio de Janeiro, com resultados prticos bastante
limitadosquantoreduodasemissesdeCOoudo impactosobreas florestasea
biodiversidade,porexemplo.
nesteevento, tambm chamadodeRio92,que seproduz aAgenda21,um
conjuntodeaesformadopor31pontosvoltadostantoafrearoimpactoambientalda
produo e consumo quanto a promover o desenvolvimento mais equilibrado dos
pases, tanto no mbito social quanto econmico. A partir do slogan Pensar
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
43
globalmente, agir localmente, a Agenda 21 serviu de base, posteriormente, para a
elaboraodeplanosnacionais,estaduais,regionais,municipais,locaiseatsetoriais.
Apsaviradado sculo,asmudanasclimticasque jvinhamocorrendoem
todooplanetapassamafazerpartedosnoticiriosdirios,principalmenteapseventos
climticoscomoodegelodascalotaspolaresecumesdemontanhas,asondasgigantes
(tsunamis)queassolarampasesasiticosematarammilharesdepessoas,ouasondas
de calor forade poca empases europeus, tambm fatais.No anode 2006,o IPCC
divulgouum relatrioonde,pelaprimeiravez,afirmasecommaisde90%decerteza
queasgrandesmudanasclimticasocorridasnoplanetatmcomocausaasatividades
humanas.
Atualmente,humagrandemovimentaonombitocorporativoembuscade
novasestratgiasdenegciosqueconsideremasustentabilidadecomoumdosaspectos
principais. Iniciativas como o World Council for Sustainable Development WCSD
(WCSD, 2007), formado por grandes corporaes mundiais, desenvolvem grandes
projetosintegradoscomasociedade,instituiesegovernos,buscandoaproximarseus
negciosdestanovarealidade.
Podese perceber, pela seqncia histrica descrita na seo anterior, que a
discusso sobre a questo da sustentabilidade iniciouse com uma grande nfase na
questoambiental, comuma forte tendnciapreservacionistaem relaonatureza.
Percebese tambmque,emboraalgunsautores jprevissemos impactosambientais
do crescimento populacional desde o sculo XIX, somente a partir da dcada de 80
comearamaserdelineadasestratgiasconsiderandoadimensosocialdeformamais
integrada.
Da mesma forma, o modo como a maioria das corporaes agia segue esta
seqnciahistrica.Asprimeiraspolticas industriaisvoltadas sustentabilidadeeram
ligadaspreservaodosrecursosnaturaiseaotratamentodoprocessoprodutivopara
minimizarosimpactosdaproduonoambiente,oschamadosprocessosendofpipe.
Esta abordagem vem gradualmente se expandindo em direo ao incio do
processo, tendo entooprodutoou serviooferecido comonovopontode ateno.
Mais que isso, deslocase em direo ao motivo da existncia de todo o sistema, o
consumidor.Destaforma,asustentabilidadeganhaumanovadimensodeatuaopor
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
44
parte das empresas, seja pelo desenvolvimento de produtos ambientalmente mais
responsveis,sejapelamaioratenoaosestilosdevidaemergentes.
Nestenovocontexto,oDesigneomarketingassumemimportnciaestratgica,
e, com isso, ampliase a possibilidade de se criar produtos e servios socialmente
adequados,ambientalmenteresponsveiseeconomicamenteviveis.
Adimensoambientaldasustentabilidadetemsidolargamenteexploradapelas
empresas,apontodealgumasdelasconstruremsuaimagemjuntoaomercadoapartir
desta abordagem. Empresas como a brasileira Natura e a americana BodyShop so
emblemticasnesteaspecto.
A dimenso social da sustentabilidade, normalmente tratada no meio
empresarial sobo tema responsabilidade social ainda algo recente, frutoemboa
partedepressesadvindasdeumasociedadecadavezmaisbeminformadaarespeito
dosseusdireitos,bemcomodeexignciasgovernamentais.
Empasesemdesenvolvimento comooBrasil,aatuaodeONGs cadavez
mais forte, em diversas reas de interesse: educao ambiental, educao para o
consumo, fiscalizao das aes empresariais, gerao de trabalho e renda em
comunidades, cultura local, dentre outras. relevante, por exemplo, o trabalho
desenvolvido por instituies como o Instituto Akatu (AKATU, 2007), voltado ao
consumosustentvel,eEthos(ETHOS,2007),queincentivaempresasaadotaremnovos
parmetros de responsabilidade scioambiental. Com isso, possibilitase a busca por
certificaessociais,sendoaSA8000(SocialAccountability),ISO21000eOSHASasmais
conhecidas.
Htambminiciativasvoltadasaatenderdeformasustentvelasnecessidades
damaiorpartedapopulaomundialpobre,queaindasoexcludasdoconsumo,como
osProjetosBaseofthePyramideDesign4Billions(UNEP,2007).
Todasasiniciativasanteriormentecitadasapontamparaumanovaformadese
fazernegcios.AsmudanascitadaspodemfavoreceraimplementaoeofertadePSS
por parte de vrias empresas namedida em que, havendo umamaior exigncia dos
consumidoresegovernosporprodutoseserviosmaisresponsveis,criaseademanda
porestetipodenegcio.
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
45
2.3. Contexto filosficodadissertao:Ascorrentesdepensamento
scioambientalistaeoDesignsustentvel
2.3.1. Desenvolvimentoxcrescimento
Emboradesenvolvimentoecrescimentoeconmicosejamconceitosdiferentes,
aabordagemeconmicaortodoxaconsideraquespossvelodesenvolvimentoseum
pas crescer economicamente por meio da produo de bens fsicos. Desta forma,
enquantoalgunsespecialistasdefendemquespossvelasadeambientaldoplaneta
com crescimento econmico nulo, outros consideram a possibilidade de conciliao
entrecrescimentoeconmicoemeioambiente.
Pearce (1993) apresenta quatro principais posturas ideolgicas tendo como
refernciaadimensoambiental,equevodeumextremo tecnocentrismo (focono
desenvolvimento tecnolgicocomo soluoparaosproblemas sociaiseambientais)a
outro igualmente radical ecocentrismo (foco no meio ambiente em detrimento do
desenvolvimentotecnolgico).Soelas:cornucopianismo,adaptativismo,comunalismo
eecologiaprofunda.
H tambm aqueles que consideram que no h mais como inverter os
problemasambientaisesociaiscausadospelaaohumana (fatalistas),quenosero
consideradosnestetrabalho.
2.3.2. Cornucopianismo
Adescrenanosargumentosecolgicossobreoslimitesdoplanetaemsuportar
a presso das atividades humanas e a defesa do crescimento econmico e do livre
mercado so as bases da postura cornucopiana, suportada de forma terica por
economistas tradicionais e financeiramente por vrios grupos industriais
antiambientalistas(GALLARD,2006,p.33).Combasenestapostura,oDesignseriauma
ferramentavoltadaaagregarvaloraprodutoseservios,semquenecessariamentese
considereadimensosustentveldasuaatuao.
Como o cornucopianismo valoriza os direitos e interesses dos indivduos
contemporneos, dentre eles o de consumir indefinidamente, em detrimento da
natureza,vistaaquicomofonteilimitadaderecursosecomvalorapenasinstrumental,
compreensvelqueoDesignestejapresentecomoumaferramentavoltadaaestimular
esse consumo sem grandespreocupaes ecolgicas.Afinal, segundo estapostura,o
DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio
46
livremercadoeatecnologiapodemresolverqualquerproblemaambientalquevenhaa
ocorrer.
Esseotipodepensamentoaindapreponderantenosistemacapitalistaatual,e
que,segundoosadeptosdaecologiacomunalista,temlevadosgrandesdesigualdades
sociaisedesequilbriosambientais.Onveldesustentabilidade,portanto,quasenulo,
segundoPearce(1993)citadoporVanBellen(2005).
2.3.3. Adaptativismoouambientalismo
Top Related