UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS, AMBIENTAIS E BIOLÓGICA S
EMBRAPA MANDIOCA E FRUTICULTURA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E RECURSOS GENÉTICOS VEGE TAIS
CURSO DE MESTRADO
RELEVÂNCIA DA Lippia alba (Mill.) N. E. BROWN (VERBENACEAE)
ENTRE AS ESPÉCIES DE USO MEDICINAL NO MUNICÍPIO DE CRUZ
DAS ALMAS, BA
ZULEIDE SILVA DE CARVALHO
CRUZ DAS ALMAS - BAHIA
FEVEREIRO - 2013
2
RELEVÂNCIA DA Lippia alba (Mill.) N. E. BROWN (VERBENACEAE)
ENTRE AS ESPÉCIES DE USO MEDICINAL NO MUNICÍPIO DE CRUZ
DAS ALMAS, BA
ZULEIDE SILVA DE CARVALHO
Engenheira Agrônoma Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, 2010
Dissertação submetida ao Colegiado de Curso do Programa
de Pós-Graduação em Recursos Genéticos Vegetais da
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia e Embrapa
Mandioca e Fruticultura, como requisito parcial para
obtenção do Grau de Mestre em Recursos Genéticos
Vegetais.
Orientadora: Profa. Dra. Maria Angélica P. de C. Co sta
Co-Orientador: Prof. Dr. Weliton Antonio Bastos de
Almeida
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
EMBRAPA MANDIOCA E FRUTICULTURA
MESTRADO EM RECURSOS GENÉTICOS VEGETAIS
CRUZ DAS ALMAS - BAHIA – 2013
3
FICHA CATALOGRÁFICA
Ficha elaborada pela Biblioteca Universitária de Cruz das Almas - UFRB.
C331 Carvalho, Zuleide Silva de. Relevância da Lippia alba (Mill.) N. E. Brown
(Verbenaceae) entre as espécies de uso medicinal no município de Cruz das Almas, BA / Zuleide Silva de Carvalho._ Cruz das Almas, BA, 2013.
104f.; il.
Orientadora: Maria Angélica Pereira de Carvalho Costa. Co-orientador: Weliton Antonio Bastos de Almeida.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia, Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas.
1.Plantas medicinais – Cultivo. 2.Erva-cidreira – Aromáticas e óleos essenciais. I.Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas. II.Título.
CDD: 581.634
4
5
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS, AMBIENTAIS E BIOLÓGICA S
EMBRAPA MANDIOCA E FRUTICULTURA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E RECURSOS GENÉTICOS VEGE TAIS
CURSO DE MESTRADO
COMISSÃO EXAMINADORA DA DEFESA DE DISSERTAÇÃO DE ZULEIDE SILVA DE CARVALHO
_________________________________________________
Profa. Dra. Profa. Dra. Maria Angélica Pereira de Carvalho Costa
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB
(Orientadora)
_________________________________________________
Prof. Dr. Alexandre Américo Almassy Junior
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB
_________________________________________________
Prof. Dr. Alexandre Améric Profa. Dra. Franceli da Silva
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB
o Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – U
Universidade Federal do Recôncavo da
Dissertação homologada pelo Colegiado do Curso de Mestrado em Recursos
Genéticos Vegetais em........................................................ conferindo o Grau de
Mestre em Recursos Genéticos Vegetais em ..................................................
6
OFEREÇO
Aos meus pais, Zélia Rodrigues da Silva e Aristarco
Ferreira de Carvalho e as minhas irmãs Fernanda e Léa
por todos os bons momentos.
Ao meu amado esposo, Erivaldo de Jesus da Silva e ao
meu presente de Deus, meu filho, Mauro de
Carvalho da Silva
DEDICO
7
AGRADECIMENTOS
À Deus por ter me dado forças para ultrapassar todos os obstáculos e
sabedoria necessária para que fosse possível a elaboração desta dissertação.
Em especial ao meu esposo, Erivaldo de Jesus da Silva, exemplo da árdua
e intensa tarefa em busca do sucesso na formação acadêmica e profissional.
A minha Orientadora Maria Angélica Pereira de Carvalho Costa pela
oportunidade, paciência e compreensão.
Ao meu Co-Orientador Weliton Antonio Bastos de Almeida pelo exemplo de
ética, carinho, boa vontade e incentivo em me inserir profissionalmente na
pesquisa científica antes e durante a Pós-Graduação.
Ao Prof. Joelito de Oliveira Rezende pelo carinho de pai, pela dedicação,
pelos conselhos, por ser um grande exemplo de dedicação na vida acadêmica e
profissional.
Aos meus professores da graduação, Paula Ângela Umbelino Guedes
Alcoforado, Ruth Exalta, Washigton Contrim Duete, Ana Cristina Fermino, Evani
Souza de Oliveira Strada e novamente Joelitto de Oliveira Rezende, pelas
palavras que um dia foram pronunciadas e que me instigaram a buscar cada vez
mais o conhecimento e a carreira profissional da docência.
A minha amiga Tâmara Eloy Caldas por sempre estar na arquibancada
com bandeirolas e confetes na mão.
A Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), em especial ao
Programa de Pós-Graduação em Recursos Genéticos Vegetais e todo corpo
docente pela oportunidade concedida para minha formação profissional.
A Assessoria Técnica de Experimentação Vegetal do Centro de Ciências
Agrárias, Ambientais e Biológicas da UFRB, e a todos os funcionários
tercerizados.
A Faculdade Maria Milza (FAMAM), em especial. ao Técnico, Jailson
Machado Brandão por toda atenção e apoio no desenvolvimento do meu
experimento.
Ao colega Everton Hilo de Souza pela confecção das imagens de
microscopia de varredura.
8
Aos professores Alexandre Américo Almassy Júnior, Marcos Gonçalves
Lhano e Cristiane da Silva Aguiar pela oportunidade e apoio à minha formação
profissional.
À Professora Franceli da Silva, à Simone Teles, estudante de Doutorado da
UFRB, à Profa. Dra. Angélica Maria Lucchese e a todos do Laboratório de
produtos naturais (LAPRON) do Departamento de Ciências Exatas da
Universidade Estadual de Feira de Santana pelo auxílio nas análises químicas e
do Departamento de Química Orgânica e Inorgânica da Universidade Federal do
Ceará.
E a todas as pessoas que participaram, diretamente ou indiretamente,
desta conquista.
Meus sinceros agradecimentos!
9
SUMÁRIO
Página
RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 01
Capítulo 1
CARACTERIZAÇÃO DE USO E CONHECIMENTO TRADICIONAL DE Lippia alba (Mill) N. E. Brown NO MUNICÍPIO DE CRUZ DAS ALMAS, BA .......................... 14
Capítulo 2
CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA, QUÍMICA E DE TRICOMAS DE ACESSOS DE Lippia alba (Mill) N. E. Brown CULTIVADOS O MUNICÍPIO DE CRUZ DAS ALMAS, BA ...................................................................................... 42
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 66
ANEXOS .............................................................................................................. 69
APÊNDICES......................................................................................................... 72
10
RELEVÂNCIA DA Lippia alba (Mill.) N. E. BROWN (VERBENACEAE)
ENTRE AS ESPÉCIES DE USO MEDICINAL NO MUNICÍPIO DE CRUZ
DAS ALMAS, BA
Autora: Zuleide Silva de Carvalho
Orientadora: Maria Angélica Pereira de Carvalho
Co-orientador: Weliton Antonio Bastos de Almeida
RESUMO: O objetivo deste trabalho foi caracterizar a relevância da Lippia alba
(Mill.) N. E. Brown entre as espécies de uso medicinal no município de Cruz das
Almas, BA. A concordância e conhecimento sobre a espécie foi avaliada através
de um levantamento etnobotânico e etnofarmacológico. A diversidade genética foi
obtida através da análise de agrupamento, de 13 acessos da espécie,
considerando descritores quantitativos e qualitativos simultaneamente, segundo o
algoritmo de Gower. Foram feitas análises de micrografias em microscopia
eletrônica de varredura evidenciando os tricomas de um acesso de cada grupo
formado. Foram entrevistados 23 informantes que citaram 77 espécies
distribuídas em 43 famílias. Os valores das medidas quantitativas apresentadas
para Lippia alba (Mill.) N. E. Brown foram: 1) Valor de concordância de uso
principal: 78,26; 2) Importância relativa: 1,68; 3) Valor de importância e valor de
consenso de uso: 1,0. Formaram-se dois grupos (CCC: 0,961**): 1) Grupo 01: 05
a 07 flores liguladas, pétalas de coloração lilás; menores valores de altura do
maior ramo, comprimento foliar, largura do limbo foliar no meio e de diâmetro do
disco central da inflorescência, e; maior teor de óleo essencial; tricomas tectores e
glandulares, evidenciando o segundo; carvona (28,77% a 60,90%) e germacreno
D (16,90 a 32,87%), como constituintes majoritários e; 2) Grupo 02: 08 a 11 flores
liguladas, pétalas de coloração lilás claro; maiores valores de altura do maior
ramo, comprimento foliar, largura do limbo foliar no meio e diâmetro do disco
central da inflorescência, e; menor teor de óleo essencial; tricomas tectores e
glandulares, evidenciando o primeiro; e como constituintes majoritários o geranial
(10,10% a 25,63%) e o neral (6,367% a 16,30%).
Palavras-chave: Conservação de espécies medicinais, diversidade genética,
erva-cidreira, etnociência, quimiotipos.
11
RELEVANCE OF Lippia alba (Mill.) N. E. BROWN (VERBENACEAE)
BETWEEN SPECIES OF MEDICINAL USE IN THE CITY OF CRU Z DAS
ALMAS, BA
Author: Zuleide Silva de Carvalho
Advisor: Maria Angelica Pereira de Carvalho
Co-supervisor: Weliton Antonio Bastos de Almeida
ABSTRACT: The aim of this study was to characterize the relevance of Lippia
alba (Mill.) N. E. Brown among species of medicinal use in Cruz das Almas, BA.
The agreement and knowledge of the species was evaluated through an
ethnobotanical survey and ethnopharmacological. Genetic diversity was obtained
by clustering analysis of 13 accesses the species, considering both qualitative and
quantitative descriptors, according to the algorithm Gower. Analyzes were
performed on micrographs of scanning electron microscopy showing the trichomes
of access of each group formed. We interviewed 23 informants who cited 77
species distributed in 43 families. The values of the quantitative measures
presented for Lippia alba (Mill.) N. E. Brown were: 1) Value of use agreement
main: 78.26; 2) Relative importance: 1.68, 3) Value consensus value and
importance of use: 1.0. They formed two groups (CCC: 0.961 **): 1) Group 01: 05-
07 ligulate flowers, petals purple coloration; smaller height values of the largest
branch, leaf length, leaf blade width and diameter in the middle of central disk of
the inflorescence, and; higher content of essential oils and glandular trichomes,
showing the second; carvone (28.77% to 60.90%) and germacrene D (16.90 to
32.87%) as constituents majority and, 2) group 02: 08-11 ligulate flowers, petals
light mauve colouration; higher values of greater height branch, leaf length, leaf
blade width and diameter of the middle central disc inflorescence, and; lower
content of essential oil, and glandular trichomes, showing the first, and as the
major constituents geranial (10.10% to 25.63%) and neral (6.367% to 16.30%).
Keywords: Conservation of medicinal species, genetic diversity, erva-cidreira,
ethnoscience, chemotypes.
INTRODUÇÃO
A prática terapêutica com plantas vem ultrapassando todas as barreiras e
obstáculos durante o processo evolutivo do homem e das civilizações. As
primeiras civilizações cedo perceberam a existência, ao lado das plantas
comestíveis, de outras dotadas de maior ou menor toxicidade que, ao serem
experimentadas no combate à doença, revelaram, embora empiricamente, o seu
potencial curativo (CUNHA, 2006).
Na nossa sociedade se distinguem duas práticas terapêuticas: a medicina
convencional e a popular. A medicina convencional tem caráter formal gerada
pela ciência dominante, coordenada e credenciada por médicos diplomados e
centra sua atenção na destruição de sintomas, por meios eficazes a muitas
doenças que afetam o indivíduo (TRENTINI, 1997; LAPLANTINI e RABEYRON,
1989).
A medicina popular é exercida por curandeiros conhecedores de plantas,
raizeiros e benzedeiras, entre outros. No Brasil, a medicina popular equivale aos
conhecimentos e práticas enraizados tanto da cultura indígena quanto aos valores
trazidos por colonizadores (NOVAIS, 2009). Estudos sobre a medicina popular
vêm merecendo atenção cada vez maior devido ao contingente de informações e
esclarecimentos que tem sido oferecido à Ciência. Esse fenômeno tem propiciado
o uso de chás, xaropes e tinturas fazendo com que, na maioria dos países
ocidentais, os medicamentos de origem vegetal sejam retomados de maneira
sistemática e crescente na profilaxia e tratamento das doenças, ao lado da
terapêutica convencional (VALE, 2002).
Atualmente, a Alemanha é o maior produtor de medicamentos fitoterápicos
no mundo. Em 2011, o mercado de fitoterápicos movimentou cerca de R$ 1,1
bilhão no Brasil, aumento de 13% em relação ao ano anterior. No acumulado dos
últimos cinco anos, o segmento de fitoterápicos cresceu 10,5%. Cerca de 45
milhões de unidades foram comercializadas neste ano. Em 2011, a receita de
2
todo setor farmacêutico foi de R$ 43 bilhões, sendo de R$1 bilhão o mercado de
fitoterápicos, ou seja, apenas 2,3% do total, (MONTEIRO, 2012).
Mudanças de natureza política, econômica, social e ética afetam os
sistemas de saúde de todo o mundo, impondo-lhe um repensar sobre novos
conceitos e práticas de saúde. Todo este movimento tem afetado o Sistema de
Saúde brasileiro, trazendo-lhe desafios de ordem política, técnica, gerencial e
financeira (LOURENÇÃO e SOLER, 2004).
Em 2006, o Governo Federal, brasileiro, aprovou a Política Nacional de
Plantas Medicinais e Fitoterápicos (Decreto nº 5813, de 22 de junho de 2006), a
qual se constitui em parte essencial das políticas públicas de saúde, meio
ambiente, desenvolvimento econômico e social como um dos elementos
fundamentais de transversalidade na implementação de ações capazes de
promover melhorias na qualidade de vida da população brasileira. Entre os
princípios orientadores desta Política, destaca-se: (1) Ampliação das opções
terapêuticas e melhoria da atenção à saúde aos usuários do Sistema Único de
Saúde – SUS; (2) Uso sustentável da biodiversidade brasileira; (3) Valorização e
preservação do conhecimento tradicional das comunidades e povos tradicionais;
(4) Fortalecimento da agricultura familiar; (5) Crescimento com geração de
emprego e renda, redutor das desigualdades regionais; (6) Desenvolvimento
tecnológico e industrial; (7) Inclusão social e redução das desigualdades sociais e;
(8) Participação popular e controle social (BRASIL, 2009).
O Brasil tem o potencial necessário para desenvolvimento de pesquisas
com resultados em tecnologias e terapêuticas apropriadas, pois possui a maior
biodiversidade do planeta e uma rica diversidade étnica e cultural que detém um
valioso conhecimento tradicional associado ao uso de espécies medicinais
(BRASIL, 2006).
Conservação de espécies medicinais
O Brasil possui uma extensão de 8,5 milhões km² ocupando quase a
metade da América do Sul e abarcam várias zonas climáticas – como o trópico
úmido no Norte, o semi-árido no Nordeste e áreas temperadas no Sul. Estas
diferenças climáticas levam a grandes variações ecológicas, formando zonas
biogeográficas distintas ou biomas: a Floresta Amazônica, o Pantanal, o Cerrado
de savanas e bosques, a Caatinga de florestas semi-áridas, os campos dos
3
Pampas, e a floresta tropical pluvial da Mata Atlântica. Além disso, o Brasil possui
uma costa marinha de 3,5 milhões km², que inclui ecossistemas como recifes de
corais, dunas, manguezais, lagoas, estuários e pântanos (BRASIL, 2012). Essa
biodiversidade possui um valor muito grande para a população que desde antes
da colonização tem utilizando de maneira intensa esses recursos das mais
diversas formas: como alimento, ornamentação, energia, madeiras, e
medicamentos.
Guerra e Nodari (2003) destacam que apesar do Brasil possuir uma das
maiores diversidade genética do mundo há uma necessidade eminente de
estabelecimento de estratégias de conservação das espécies in situ, ou seja, a
conservação de ecossistemas e habitats naturais e a manutenção e recuperação
de populações viáveis de espécies em seus meios naturais e, no caso de
espécies domesticadas ou cultivadas, nos meios onde tenham desenvolvido suas
propriedades características (BRASIL, 2000), promovendo, assim, a preservação
do conhecimento popular.
A perda da biodiversidade é atualmente uma das questões centrais nos
principais fóruns de discussão tanto nacionais quanto internacionais. Ao fim de
setembro de 2010 foi divulgado o produto final de um estudo do Jardim Botânico
do Reino Unido (Kew Gardens) em parceria com o Museu de História Natural de
Londres e a União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN), primeira
análise global sobre os riscos de extinção de espécies vegetais, e revela que as
plantas estão tão ameaçadas quanto alguns mamíferos. A partir do banco de
dados do Kew, como arquivos de oito milhões de espécies de plantas e fungos,
informações do Museu de História Natural e das colaborações de pesquisadores
de diversas partes do mundo, o estudo gerou uma Lista Vermelha de Espécies
Ameaçadas. Das 07 mil espécies avaliadas, quase 22% foram classificadas como
ameaçadas, o que faz das plantas mais ameaçadas que as aves, igualmente
ameaçadas aos mamíferos e menos ameaçadas que anfíbios e corais. Foi
constatado que o grupo das Gimnospermas é o mais ameaçado (CONVENÇÃO
SOBRE DIVERSIDADE BIOLÓGICA, 2010).
As ameaças à manutenção da biodiversidade são todas resultantes das ações
humanas direta sobre o meio ambiente, como a urbanização, a expansão da
agricultura, a derrubada das florestas para extração da madeira e a coleta
excessiva de espécies específicas (HUANG et al., 2002).
4
Melo (2007) relata que embora haja uma grande variedade de técnicas e
mecanismos para a conservação de espécies vegetais, as ameaças de extinção
iminente e a limitação de recursos financeiros têm levado os cientistas e as
autoridades a tomarem decisões sobre áreas e espécies prioritárias para a
conservação. Entre estas vêm tendo destaque as espécies medicinais, dado a
sua importância biológica, social, cultural, econômica e no cuidado à saúde para
os povos e nações.
A utilização de produtos originados de espécies medicinais na terapêutica
tem crescido muito nas últimas décadas. Segundo Calixto (2003) um terço dos
medicamentos mais prescritos e vendidos no mundo foi desenvolvido a partir de
produtos naturais, no caso das drogas anticancerígenas e dos antibióticos, por
exemplo, esse percentual atinge cerca de 70%.
A utilização dessas espécies com fins medicinais geralmente se dá na
forma de coleta extrativista, ou seja, a maioria das plantas medicinais ainda não é
cultivada. Além disso, grande parte das plantas medicinais cultivadas encontra-se
no estágio inicial de domesticação, tornando a situação ainda mais preocupante,
porque a disponibilidade do medicamento fitoterápico está estritamente
relacionada com a qualidade e quantidade de espécie vegetal que lhe dá origem,
resultando, assim, na crescente perda desses recursos genéticos vegetais
(CAMÊLO, 2010).
Bisht et al. (2006) sugeriram uma abordagem baseada no conhecimento
popular das comunidades locais sobre a utilização das espécies medicinais. Para
eles as espécies medicinais mais conhecidas entre as pessoas são as mais
ameaçadas pelo uso excessivo e maior demanda e consequentemente as
prioritárias para conservação. Estudos desse tipo, envolvendo aspectos
biológicos, econômicos, culturais e sociais tornam-se necessários tanto a nível
nacional quanto regional e local (MELO, 2007).
Etnociência e a conservação de espécies medicinais
Existem várias áreas envolvidas no estudo sobre espécies medicinais,
como a fitoquímica, a etnobotânica, a etnofarmacologia e a farmacologia. A
etnociência têm se destacado muito na busca por substâncias naturais de ação
terapêutica. A abordagem etnodirigida consiste na seleção de espécies de acordo
com a indicação de grupos populacionais específicos em determinados contextos
5
de uso, ressaltando a busca pelo conhecimento construído localmente a respeito
de seus recursos naturais e a aplicação que fazem deles (MACIEL et al., 2002),
podendo ser um instrumento auxiliador nas pesquisas que visam valorizar e
preservar o conhecimento tradicional sobre espécies medicinais.
Duas disciplinas científicas têm se destacado dentro da etnociência: a
etnobotânica e a etnofarmacologia. Para Albuquerque (2005) a etnobotânica se
ocupa da inter-relação direta entre pessoas e plantas, incluindo todas as formas
de percepção e apropriação dos recursos vegetais. Já a etnofarmacologia se
ocupa do estudo dos preparados tradicionais utilizados em sistemas de saúde e
doença que incluem isoladamente ou em conjunto plantas, animais, fungos ou
minerais.
Castelluci et al. (2000) destacam que o uso de recursos naturais por
populações rurais, ou urbanas de origem rural, é norteado por um conjunto de
conhecimentos resultantes da relação com o ambiente natural na qual estavam
inseridas bem como pelas relações sociais em que estão imersas no meio
urbano. Muitos produtos vegetais e suas formas de usos que atualmente são
indispensáveis à sociedade urbana têm sua origem nestas populações de origem
rural, que aprenderam a domesticar e a manipular as propriedades curativas das
plantas. No entanto, as modernas condições de vida dessas populações
comprometem a transmissão desse conhecimento para as futuras gerações,
como observado em várias comunidades brasileiras e outros países da América
do Sul (AYYANAR e IGNACIMUTHU, 2005; ESTOMBA et al., 2005; FONSECA-
KRUEL e PEIXOTO, 2004). A literatura é rica em trabalhos publicados sobre o
potencial das investigações etnobotânicas e etnofarmacológicas para a
descoberta de novos fármacos e a conservações de espécies vegetais
(ALBUQUERQUE et al., 2007; ARAÚJO, 2011; KHAFAGI e DEWEDAR, 2000;
MORAIS et al., 2005).
Técnicas quantitativas baseadas no consenso dos informantes têm sido
muito utilizadas em trabalhos etnodirigidos. Segundo Reyes-Garcia et al. (2004) a
teoria do consenso cultural assume que: 1) cada informante responde
independentemente do outro informante, e; 2) a probabilidade de que um
informante responderá corretamente uma questão em um domínio de
conhecimento reflete a competência do informante no domínio. Amorozo (1996)
afirma que qualquer pessoa em uma dada cultura, por sua competência cultural,
6
pode ser um informante válido. Entretanto, Reyes-Garcia et al. (2004) definem
competência na perspectiva do consenso cultural, como a proporção de respostas
corretas dadas pelo informante.
A erva-cidreira (Lippia alba (Mill.) N. E. BROWN)
A espécie Lippia alba (Mill.) N. E. Brown pertence à família Verbenaceae
que possui cerca de 175 gêneros e 2800 espécies (BARROSO, 1991). Tem o
Brasil como um dos centros de origem sendo nativa da Mata Atlântica, e
encontrada em regiões de clima tropical, subtropical e temperado, em solos
arenosos, nas margens dos rios, açudes, lagos e lagoas (CORREA et al., 1994;
STEFANINI et al., 2002). Trata-se de um arbusto aromático medindo até 2 m de
altura, com ramos finos, esbranquiçados, arqueados e quebradiços. Folhas
opostas, elípticas de largura variável, com bordos serreados e ápice agudo.
Flores reunidas em inflorescências capituliformes de eixo curto (MATOS, 1998).
O nome popular “cidreira”, empregado no Brasil para designar espécies
aromáticas de várias famílias botânicas, também é utilizada para Lippia alba (Mill.)
N. E. Brown. Os aromas estão relacionados aos constituintes químicos
predominantes nos óleos essenciais. A composição e concentração dos
constituintes do óleo essencial é o resultado dos muitos processos metabólicos
que ocorrem na planta (MATTOS et al., 2007), os quais variam quantitativamente
e qualitativamente em função das relações ecológicas da espécie com o meio,
mudando continuamente com o tempo e o espaço (CASTRO et al., 2004).
O potencial industrial dessa espécie está associado às grandes facilidades
agronômicas que ela apresenta como a rusticidade, a rapidez de colonização pela
propagação vegetativa, o vigor, a alogamia (fonte de variabilidade), e também por
vegetar e florescer o ano todo, além de apresentar ampla adaptação para vários
ambientes (YAMAMOTO, 2006).
No Brasil, estudos visando um maior conhecimento da erva-cidreira,
relacionando a área agronômica e fitoquímica, vêm crescendo na última década.
Estas informações tratam de diversos aspectos do cultivo da espécie,
relacionando-os com as características do óleo essencial produzido. Santos
(2003) relatam que aparentemente, não existem variações anatômicas relevantes
entre os quimiotipos desta espécie, ao contrário de suas características
7
organolépticas e morfológicas, cujas variações são bastante evidentes, conforme
descrito por Matos (2000).
Julião et al. (2003) relata que a composição do óleo essencial da erva-
cidreira varia de tal forma, que foi sugerida o agrupamento dos genótipos em
quimiotipos, separados por seus elementos majoritários. No nordeste do Brasil foi
verificada a ocorrência de diferentes tipos químicos (quimiotipos) da erva-cidreira,
cuja variabilidade foi identificada a partir da análise dos constituintes químicos do
óleo essencial. Estes quimiotipos receberam as designações de acordo com os
constituintes majoritários encontrados: citral (55,1 %), b-mirceno (10,5 %), e
limoneno (1,5 %) no quimiotipo I; citral (63,0 %) e limoneno (23,2 %) no quimiotipo
II; carvona (54,7 %) e limoneno (12,1 %) no quimiotipo III (MATOS et al., 1996;
MATOS, 2000).
Segundo Mattos et al. (2007), Pascual et al. (2001) e Pinto et al. (2006)
pesquisas etnofamacológicas da erva-cidreira evidenciam que existem vários
usos tradicionais. Os mais freqüentes são: analgésico; antiinflamatório;
antipirético; sedativo; tempero culinário; tratamento de diarréia e disenteria;
tratamento de doenças cutâneas; desordens gastrintestinais; tratamento de
doenças hepáticas; desordens menstruais; antiespasmódico; tratamento de
doenças respiratórias; tratamento de sífilis e gonorréia.
Na produção de um fitoterápico a partir de Lippia alba (Mill.) N. E. Brown
faz-se necessária a produção de matéria-prima em larga escala. Para tanto, são
essenciais estudos agronômicos e de caracterização química e anatômica, que
visem obter o entendimento das adaptações ocorridas pela pressão ambiental, de
transformações em termos de estruturas secretoras que produzem princípios
ativos e de diferentes características que possam subsidiar posteriormente
alguma estratégia de cultivo visando à melhor relação custo-benefício,
considerando-se a produtividade e a qualidade da planta.
Este trabalho teve como objetivo caracterizar a relevância da Lippia alba
(Mill.) N. E. Brown entre as espécies de uso medicinal no município de Cruz das
Almas, BA.
8
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CAPÍTULO 1
CARACTERIZAÇÃO DE USO E CONHECIMENTO TRADICIONAL DE Lippia
alba (Mill) N. E. Brown NO MUNICÍPIO DE CRUZ DAS ALMAS, BA 1
1 Artigo submetido ao comitê editorial do periódico científico Acta Botanica Brasilica
15
CARACTERIZAÇÃO DE USO E CONHECIMENTO TRADICIONAL DE
Lippia alba (Mill) N. E. Brown NO MUNICÍPIO DE CRUZ DAS ALMAS, BA
Autora: Zuleide Silva de Carvalho
Orientadora: Maria Angélica Pereira de Carvalho
Co-orientador: Weliton Antonio Bastos de Almeida
RESUMO: A investigação etnobotânica e etnofarmacológica tem desempenhado
funções de grande importância como reunir informações acerca de possíveis usos
e indicações terapêuticas de plantas. O presente trabalho caracterizou o uso o
conhecimento tradicional da espécie Lippia alba (Mill.) N. E. Brown no município
de Cruz das Almas, BA por meio de medidas quantitativas. Os dados foram
obtidos a partir de entrevistas semiestruturada aplicada à 23 informantes. Para
avaliar a concordância e conhecimento sobre a espécie Lippia alba (Mill.) N. E.
Brown foi realizado um levantamento etnobotânico e etnofarmacológico, aplicando
aos dados obtidos medidas quantitativas. Foram citadas 77 espécies distribuídas
em 43 famílias. As famílias Asteraceae e Lamiaceae apresentaram os maiores
valores de valor diversidade e equitabilidade de diversidade da família. Os
maiores valores de diversidade e de equitabilidade de uso foram observados para
as categorias “XI – Doenças do aparelho digestivo” e “X – Doenças do aparelho
respiratório”. A Lippia alba (Mill) N. E. Br. e o Plectranthus ornatus,
respectivamente, apresentaram os maiores valores de concordância de uso
principal. As espécies mais versáteis, em ordem decrescente foram: Bidens
pilosai L, Plectranthus amboinicus (Lour.) Spr., Aloe vera (L.) Burm. F. e Lippia
alba (Mill) N. E. Br. Esta última espécie apresentou maior valor de importância e
valor de consenso de uso, sendo citada por 100% dos informantes. A categoria
que apresentou maior valor de diversidade de uso e equitabilidade de diversidade
de uso para esta espécie foi a “V – Transtornos mentais e comportamentais”,
sendo a ação calmante a que obteve o maior valor de diversidade e de
equitabilidade de diversidade de indicação dentro desta categoria.
Palavras-chave: Etnociência, erva-cidreira, conservação de espécies medicinais
16
CHARACTERIZATION OF TRADITIONAL KNOWLEDGE AND USE O F
Lippia alba (Mill) N. E. Brown IN THE CITY OF CRUZ DAS ALMAS, BA
Author: Zuleide Silva de Carvalho
Advisor: Maria Angelica Pereira de Carvalho
Co-supervisor: Weliton Antonio Bastos de Almeida
ABSTRACT: The ethnobotanical and ethnopharmacological research has played
major roles as gather information about possible therapeutic indications and uses
of plants. The present study characterized the use of traditional knowledge of the
species Lippia alba (Mill.) N. E. Brown in Cruz das Almas, BA through quantitative
measures. Data were obtained from semi-structured interviews with 23 informants
applied. To evaluate the agreement and knowledge of the species Lippia alba
(Mill.) N. E. Brown was an ethnobotanical survey conducted ethnopharmacological
and applying the data obtained quantitative measures. Were cited 77 species
distributed in 43 families. The Asteraceae and Lamiaceae showed the highest
value of diversity and evenness of family diversity. The highest values of diversity
and evenness of use were observed for the categories "XI - Diseases of the
digestive system" and "X - Diseases of the respiratory system." Lippia alba (Mill)
N. E. Br and Plectranthus ornatus, respectively, showed the highest concordance
of primary use. The most versatile species, in descending order were: Bidens
pilosai L, Plectranthus amboinicus (Lour.) Spr., Aloe vera (L.) Burm. F. and Lippia
alba (Mill) N. E. Br This latter species showed higher importance and value
consensus usage, being cited by 100% of the informants. The category with the
highest value of diversity and evenness of use of diversity usage for this species
was "V - Mental and behavioral disorders", and the soothing action that got the
highest diversity and evenness in diversity statement this category.
Keywords: Ethnoscience, lemongrass, conservation of medicinal plants
17
INTRODUÇÃO
O Brasil apresenta uma das maiores biodiversidade do mundo, a qual
possui um valor muito grande para a população que desde antes da colonização
tem utilizando de maneira intensa esses recursos das mais diversas formas como
alimento, ornamentação, energia, madeiras, e medicamentos.
A medicina popular brasileira equivale aos conhecimentos e práticas
enraizados tanto da cultura indígena quanto aos valores trazidos por
colonizadores (NOVAIS 2009). Estudos sobre a medicina popular vêm merecendo
atenção cada vez maior devido ao contingente de informações e esclarecimentos
que vem sendo oferecido à Ciência. Esse fenômeno tem propiciado o uso de
chás, xaropes e tinturas fazendo com que, na maioria dos países ocidentais, os
medicamentos de origem vegetal sejam retomados de maneira sistemática e
crescente na profilaxia e tratamento das doenças, ao lado da terapêutica
convencional (VALE 2002).
A etnobotânica e a etnofarmacologia têm demonstrado ser poderosas
ferramentas na busca por substâncias naturais de ação terapêutica, através da
possibilidade de reunir informações acerca de possíveis usos de plantas, e desta
forma contribuir para a compreensão das relações do ser humano com o
ambiente, bem como o resgate das estratégias de manejo utilizadas por esses
povos, na exploração dos recursos naturais vegetais que tem garantido sua
sobrevivência (AMOROZO et al. 2002a).
Esses estudos envolvendo o conhecimento e utilizações populares das
espécies medicinais contribuem de forma relevante para a divulgação das
propriedades terapêuticas das plantas, e também desperta o interesse de
pesquisadores de áreas como a botânica, farmacologia e fitoquímica,
enriquecendo o conhecimento e intensificando a utilização de muitas espécies
(MACIEL et. al. 2002).
18
Muitas destas espécies, conhecidas através de levantamentos
etnobotânicos e etnofarmacológicos, são incluídas na lista de espécies utilizadas
em programas de fitoterapia, pois este é um dos critérios mais importantes para
escolha de espécies a serem utilizadas, uma vez que o conhecimento e uso
destas espécies pela população local favorecem a aceitação e o êxito desses
programas (PEROZIN 1988).
A Lippia alba (Mill.) N. E. Brown, conhecida popularmente como erva-
cidreira, é um subarbusto aromático, pertencente à família Verbenaceae, nativa
de quase todo território brasileiro (LORENZI e MATOS 2008). Suas propriedades
fitoterapêuticas devem-se à presença, no seu óleo essencial, de sesquiterpenos e
monoterpenos, monocíclicos ou acíclicos, característicos do gênero Lippia
(GUERREIRO et al. 2002).
As principais propriedades identificadas em pesquisas etnofamacológicas
da erva-cidreira relatam sua utilização na medicina popular como analgésico,
antiinflamatório, antipirético; sedativo, tratamento de diarréia e disenteria,
tratamento de doenças cutâneas, desordens gastrintestinais, tratamento de
doenças hepáticas, desordens menstruais, antiespasmódico, tratamento de
doenças respiratórias, tratamento de sífilis e gonorréia, além da sua utilização na
culinária (MATTOS et al. 2007; PASCUAL et. al. 2001; PINTO et. al. 2006).
Apesar da Lippia alba (Mill.) N. E. Brown ser uma das plantas de real importância
farmacológica, com utilização em programas de fitoterapia, as indicações
farmacológicas sobre essa espécie são muito restritas (TAVARES et al. 2011).
As técnicas quantitativas têm sido muito aplicadas como informações
complementares aos levantamentos etnobotânicos e etnofarmacológicos. Phillips
(1993) define a etnobotânica quantitativa como a utilização de técnicas
estatísticas para analisar dados de uso das plantas.
A etnobotânica quantitativa pode ser usada com vários objetivos, tais como
avaliar a importância das plantas para um determinado grupo étnico, comparar
usos e comunidades vegetais entre diferentes populações, comparar a
importância de diferentes tipos de vegetação para uma comunidade, estabelecer
e comparar a importância relativa de espécies e famílias de espécies medicinais,
entre outras (PEREIRA et al. 2011; AMOROZO 2002; BENNET e PRANCE 2000;
BYG e BASLEV 2001). Dados quantitativos podem ser usados como justificativa
para a conservação das espécies vegetais e do conhecimento popular,
19
principalmente, por fornecerem informações sobre as espécies e famílias mais
utilizadas para diversos fins (VENDRUSCOLO e MENTZ, 2006a).
Diante do exposto o trabalho teve como objetivo a caracterização do
conhecimento e uso da espécie Lippia alba (Mill.) N. E. Brown no município de
Cruz das Almas, BA, em relação às demais espécies medicinais utilizadas na
comunidade em estudo.
MATERIAL E MÉTODOS
Para o desenvolvimento da pesquisa foi necessária a aprovação do Comitê
de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia -
CAAE nº 05404012.4.0000.0056 (Apêndice 1).
Caracterização da área de estudo
Cruz das Almas está situada no Recôncavo Sul da Bahia, localiza-se na
Microrregião Geográfica 20 - Santo Antônio de Jesus, Região Administrativa 31 -
Cruz das Almas e Região Econômica 03 - Recôncavo Sul, a 12°40’0” de Latitude
Sul e 39°06’0” de Longitude Oeste de Greenwich (SEI , 2009), a uma altitude de
200 m acima do nível do mar, ocupando uma área de 145,742 km2 (IBGE, 2012a).
O município limita-se ao norte com Muritiba, ao sul com São Felipe, ao
Oeste com Conceição do Almeida, Castro Alves e Sapeaçu e dista 146 km da
capital do Estado, Salvador. O clima local é do tipo C1DA’a’ (clima subúmido seco
com moderada deficiência hídrica), segundo Thornthwaite & Matter (1995) e
apresenta uma precipitação pluviomérica média anual de 1.170 mm, variando
entre 900 a 1.300 mm, sendo os meses de março a agosto os mais chuvosos e
setembro a fevereiro os meses mais secos. A temperatura média anual de 24,1ºC,
com evapotranspiração potencial de 1.267 mm anuais, com excedente histórico
em junho, julho e agosto.
A população estimada do município em 2012 está em torno de 59.470
habitantes, com uma densidade demográfica de 386,3 hab./km². A economia do
município é basicamente agrícola, concentrada em minifúndios com destaque
para a produção de fumo, laranja e mandioca (IBGE, 2012b).
20
Coleta de dados
A pesquisa constituiu de um estudo etnobotânico e etnofarmacológico,
junto aos moradores do município de Cruz das Almas, BA. Para verificar o
conhecimento da população sobre espécies medicinais tomou-se o Centro da
cidade como referencial e foram escolhidos aleatoriamente dois núcleos urbanos
e uma zona rural, sendo que o critério de seleção foi o que se apresentava mais
afastado do Centro. Foram selecionados informantes dos núcleos urbanos
Centro, Ana Lúcia e Suzana e da zona rural Vila do Araçá (a qual se subdivide, de
acordo com relatos da comunidade, em Araçá 01 e Araçá 02).
A partir do primeiro informante, escolhido aleatoriamente, utilizou-se a
técnica conhecida como “bola de neve” (BERNARD 1995), onde o primeiro
participante da pesquisa em cada local indicava pessoas que possuíam
conhecimento sobre espécies medicinais. O número de participantes no estudo foi
estabelecido quando esgotado as indicações. Todos os indivíduos foram
esclarecidos quanto o objetivo, metodologia e formas de divulgação dos
resultados da pesquisa através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(Apêndice 2). Para garantir o sigilo da paricipação dos informantes foi sugerida a
escolha do nome de uma espécie medicinal como pseudônimo.
A amostra dos informantes foi constituída de 23 pessoas. Para obtenção
das características sociais dos informantes e os estudos etnobotânicos e
etnofarmacológicos foi realizada uma entrevista semiestruturada (Apêndice 3). As
entrevistas foram gravadas em formato de áudio.
A sistematização e análise dos dados foram realizadas conforme Bardin
(1988), por meio da construção de categorias analíticas onde se buscou agrupar
as concepções de acordo com a frequência das idéias.
A partir dos dados obtidos foi calculada a Concordância de Uso Principal
(CUP), seguindo a metodologia de Amorozo e Gély (1988). A CUP é calculada
pela formula 100xICUE
ICUPCUP = , onde ICUP é número de informantes citando o
uso principal da espécie e ICUE é o número total de informantes citando usos
para a espécie. Para a contagem das citações de usos, não formam levadas em
consideração as variações de formas de preparo ou partes de plantas para uma
mesma indicação, e para cada uso, foi considerada apenas uma citação por
informante.
21
Para determinar as espécie mais citada pelos informantes (CUPc), utilizou-
se o um fator de correção (Fc), segundo Amorozo e Gély (1988). A CUPc é
calculada multiplicando a CUP pelo fator de correção, o qual é determinado pela
formula ICEMC
ICUEFC = , onde ICEMC corresponde ao número de informantes que
citaram a espécie mais citada. O valor 0 (zero) de CUPc significa que a mesma
somente foi mencionada por um dos informantes ou citada por mais de um
informante sem haver coincidências entre seus usos. No primeiro caso, não se
pode estimar a concordância entre os usos e no segundo, não houve esta
concordância
Para analisar a importância das espécies indicadas, avaliou-se a
versatilidade nos usos através do Índice de Importância Relativa (IR) utilizando a
metodologia descrita por Bennet e Prance (2000). A IR é calculada utilizando a
formula: IR = NSC + NP, onde NSC o numero de sistemas corporais obtido pela
razão entre o numero de sistemas corporais tratados por uma determinada
espécie (NSCE) e o numero total de sistemas corporais tratados pela espécie
mais versátil (NSCEV). O NP é a razão entre o numero de propriedades
atribuídas a uma determinada espécie (NPE) e o numero total de propriedades
atribuídas à espécie mais versátil (NPEV).
Os sistemas corporais foram identificados dentre as vinte e duas categorias
constantes na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados à Saúde, CID-10 (Centro Brasileiro de Classificação de Doenças,
2008).
O conhecimento local dos informantes, também, foi analisado através das
medidas quantitativas, valor de importância (VIs), valor de diversidade da família
(VDF), valor de equitabilidade da diversidade da família (VDEF), valor de consenso
de uso (VCs), valor de diversidade do informante (VDI), valor de equitabilidade do
informante (VEI), valor de diversidade total de uso (VDUtotal) e valor de
equitabilidade da diversidade total de uso (VEDUtotal), conforme metodologia
descrita por de Byg e Baslev (2001) e adaptadas pelo autor (Anexo 1).
A identificação das espécies citadas foi realizada com apoio das literaturas
de Lorenzi e Matos (2008), Lorenzi (2008) e Lorenzi (2006) as quais foram
utilizadas em todas as entrevistas para identificação das espécies cultivadas e
espontâneas presentes ou não nos quintais dos informantes.
22
Para analisar a concordância entre os informantes sobre o conhecimento
para a espécie Lippia alba (Mill) N. E. Br. utilizou-se as medidas quantitativas
valor de diversidade de uso (VDUs), valor de equitabilidade da diversidade de uso
(VEDs), valor de diversidade de indicações (VIs) e valor de equitabilidade da
diversidade de indicações (VEIs), conforme descritas por Byg e Baslev (2001)
(Anexo 2).
Para a caracterização social dos informantes foram calculadas as
distribuições de frequências percentuais utilizando-se o PROCFREQ do SAS
(SASInstitute, 2001).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise de distribuição de frequências percentuais (Tabela 1) demonstrou
que o conjunto de informantes incluiu 91,30% de mulheres e 8,70% de homens e
a faixa etária variou de 24 a 84 anos, predominando a faixa etária entre 41 e 60
anos (39,13%). Moreira et. al. (2002), Oliveira (2008), Oliveira et. al. (2010) e Silva
et. al. (2012), também, encontram a predominância de informantes do sexo
feminino em estudos etnobotânicos e etnofarmacológicos. Isto deve estar
relacionado ao fato das mulheres serem responsáveis pelo cultivo das espécies
medicinais, alimentação e cuidados dispensados aos familiares quando enfermos,
se responsabilizando mais pelas questões relacionadas à saúde do que os
homens (DIAS 1999; LOYOLA 1984; KAINER e DURYE 1992; QUEIROZ 1991;
RODRIGUES e CASALI, 2002). Em relação à instrução a maior parte dos
informantes era alfabetizada (91,3%), onde 47,83% estudaram até o nível inicial
completo.
TABELA 1. Distribuição das frequências percentuais dos informantes por localidade, idade, sexo, instrução e escolaridade
Localidade Frequência Percentual Núcleo Urbano 11 52,17
Zona Rural 12 47,83 Idade Frequência Percentual 20-40 5 21,74 41-60 7 30,43 61-80 9 39,13 81-90 2 8,70
Continua...
23
TABELA 1. Continuação...
Sexo Frequência Percentual Feminino 21 91,30 Masculino 2 8,70 Instrução Frequência Percentual
Alfabetizado 21 91,30 Não alfabetizado 2 8,70
Escolaridade Frequência Percentual Fundamental completo 4 17,39
Fundamental incompleta 2 8,70 Inicial Completo 11 47,83 Médio completo 4 17,39
Não estudou 1 4,35 Superior incompleto 1 4,35
A análise de distribuição de frequências percentuais revelou que no núcleo
urbano foi apresentada uma maior variedade de categorias de ocupação
profissional que a zona rural (Tabela 2). As categorias com maior frequência de
indicação foram respectivamente: lavrador (39,13%), onde 88,89% eram da zona
rural e dona de casa (30, 43%), sendo que 57,14% eram do núcleo urbano.
TABELA 2. Frequências percentuais da ocupação dos informantes em função da localidade, onde: AP: aposentado, CB: cabeleireira, DM: doméstica, DC: dona de casa, ET: estudante, LV: lavrador, PF: professor e TA: técnico em agropecuária
Ocupação Localidade AP CB DM DC ET LV PF TA
Total
Frequência Absoluta
1 1 2 4 1 1 1 1 12,00
Percentual 4,35 4,35 8,7 17,39 4,35 4,35 4,35 4,35 50,0 Núcleo urbano
Percentual linha 8,33 8,33 16,67 33,33 8,33 8,33 8,33 8,33 Percentual
coluna 100,00 100,00 100,00 57,14 100,00 11,11 100,00 100,00
Frequência Absoluta
0 0 0 3 0 8 0 0 11,0
Percentual 0,00 0,00 0,00 13,04 0,00 34,78 0,00 0,00 47,83 Zona rural
Percentual linha 0,00 0,00 0,00 27,27 0,00 73,73 0,00 0,00 Percentual
coluna 0,00 0,00 0,00 42,86 0,00 88,89 0,00 0,00
Frequência Absoluta
1 1 2 7 1 9 1 1 23,0 Total Percentual 4,35 4,35 8,70 30,43 4,35 39,13 4,35 4,35 100,0
No Apêndice 4 encontra-se os dados etnobotânico e etnofarmacológico das
espécies medicinais utilizadas pelos informantes participantes da pesquisa. Com
relação à concordância e conhecimento dos informantes sobre as espécies, foram
24
identificadas 77 espécies distribuídas em 43 famílias, o que demonstras que a
população do município de Cruz das Almas, utiliza grande número de espécies
para fins medicinais. Os resultados deste levantamento sugerem a importância de
determinadas plantas para esta população para o alívio e cura de sintomas ou
doenças.
Para melhor entendimento as formas de uso foram padronizadas de acordo
com a explicação que cada informante prestou sobre a forma de preparo das
indicações terapêuticas: decocção, infusão; xarope, macerado, in natura,
emplasto, solução em álcool, calda, chá em água fria, inalação, garrafada, e sumo
(Apêndice 5).
Neste estudo foi observado que 88% das espécies citadas eram cultivadas
nos quintais, independente do local de coleta dos dados (Figura 3, Apêndice 4).
Este resultado deve-se ao fato da maioria dos informantes do núcleo urbano
relatar ter nascido em zonas rurais e trabalharem nas roças com seus pais, com
quem aprenderam o ofício e continuaram a prática do cultivo após mudar para a
cidade.
“Eu cuido dessas plantas desde sempre.... aprendi desde os
tempos dos meus pais” (Sra. Boldo).
“Sempre tive aí no quintal.... agente vem colhendo essas
informações dos antigos, vem de geração em geração e
chega ao nosso conhecimento” (Sr. Romã).
“Eu nasci na roça... vem de nossa mãe e das pessoas mais
antigas” (Sra. Erva doce).
25
FIGURA 3. Ilustração dos quintais das residências dos informantes participantes do estudo realizado no município de Cruz das Almas, Bahia: (a) Núcleo urbano, e (b) Zona rural
Para Amorozo (2002b), as pessoas que se acostumaram a plantar
raramente deixam de exercer a atividade, mesmo quando migram para áreas
mais urbanizadas. A remoção de espécies nativas de seu habitat natural tem
levado à diminuição drástica de suas populações, portanto, o cultivo de espécies
medicinais é um processo muito relevante para a conservação das espécies
vegetais (REIS et. al. 2003). Os resultados encontrados nesta pesquisa
demonstram a garantia da aceitabilidade da implantação de um Programa de
Fitoterápicos e Espécies Medicinais no Sistema Único de Saúde do município de
Cruz das Almas, já que muitos dos informantes relatam fazer uso de chás e
outros preparados mesmo antes de procurar orientação médica. Além disso, o
alto índice de cultivo das espécies medicinais citadas poderá contribuir para
informações importantes relacionadas ao sistema de cultivo das espécies, pois o
mesmo já vem sendo feito por várias gerações nesta comunidade.
“Eu mesmo quando eu estou sentido mal ou sentido algum
problema que eu sei que com a folha eu posso melhorar eu
vou e tomo agora se caso eu não melhorar não vê efeito
nenhum aí eu vou pro médico... Mas primeiro eu recorro em
casa mesmo” (Sra. Camomila).
26
As famílias botânicas que apresentaram maior valor de equitabilidade da
diversidade de família, a Asteraceae (VDF: 0,104 e VDEF: 1,00), e a Lamiaceae
(VDF: 0,091 e VEDF: 0,87), (Tabela 3). A Asteraceae com 15 indicações
terapêuticas distribuídas em 08 (oito) espécies, entre elas o picão (Bidens pilosai
L.) e o alumã (Vernonia condensata Baker) usadas na forma de chá para tratar
doenças como inflamação no útero e no ovário, cólica menstrual, problemas no
fígado e má digestão (Tabela 3), e a Lamiaceae com 41 indicações de usos
distribuídas em 07 (sete) espécies, entre as quais constam a hortelã grosso
(Plectranthus amboinicus (Lour.) Spr.), o quiôiô (Ocimum basilicum L.) e o boldo
(Plectranthus ornatus) utilizadas na forma de chá, xarope, macerado, calda e suco
para tratar doenças como micoses, inflamações estomacais, má digestão, gripe,
pressão alta, diabetes, colesterol alto, gases e problemas no fígado (Tabela 3).
Essas duas famílias têm se apresentado como as mais representativas em
estudos etnobotânicos e etnofarmacológicos, como pode ser observado, por
exemplo, em Almeida e Albuquerque (2002), Costa e Mayworm (2011), Maia et.
al. (2011), Silva, et. al., (2012) e Vendruscolo e Mentz (2006b).
TABELA 3. Valor de diversidade da família (VDF) e valor de equitabilidade de diversidade da família (VEDF) referidos no estudo realizado no município de Cruz das Almas, Bahia
VDF VEDF Famílias / (Nº espécies citadas por família)
0,013
0,12
Acanthaceae, Annonaceae, Asphodelaceae, Boraginaceae, Cactaceae, Caricaceae, Celastraceae, Chenopodiaceae, Costaceae, Crassulaceae, Curcubitaceae, Fabaceae-Cercideae, Labiatae, Lythraceae, Musaceae, Nyctaginaceae, Oxalidaceae, Passifloraceae, Phyllanthaceae, Phytolaccaceae, Plantaginaceae, Polygonaceae, Rosaceae, Solanaceae, Umbelliferae, Uriticaceae, Vitaceae, Zigiberaceae / (01 sp.)
0,026 0,25 Alliaceae, Anacardiaceae, Apocynaceae, Lauraceae, Malvaceae, Piperaceae, Poaceae, Verbenaceae / (02 spp.)
0,039 0,37 Apiaceae, Myrtaceae, Rutaceae / (03 spp.)
0,052 0,50 Amaranthaceae / (04 spp.)
0,065 0,62 Euphorbiaceae / (05 spp.)
0,091 0,87 Lamiaceae (07 spp.)
0,104 1,00 Asteraceae (08 spp.)
27
Para Oliveira e Menini Neto (2012) a representabilidade das famílias
Asteraceae e Lamiaceae em trabalhos etnobotânicos e etnofarmacológicos pode
está relacionada ao fato de ambas serem cosmopolitas com várias espécies que
se adaptam facilmente tanto em ambientes tropicais quanto aos temperados. De
acordo com Ming e Amaral Junior (2005) isto pode estar relacionado, também, ao
fato dessas famílias serem ricas em compostos fitoquímicos que são geralmente
utilizados em medicamentos.
A família Asteraceae possui aproximadamente 25.000 espécies
pertencentes a 1.600 gêneros (BREMER 1994). Para Costa e Mayworm (2011) a
maior utilização de espécies Asteraceae pode estar relacionada a grande
diversidade de compostos secundários. Schultes e Raffauf (1990) relatam que
essa família é rica em constituíntes potencialmente biodinâmicos, incluindo
alcalóides, sesqui e diterpenóides, óleos essenciais, triterpenos, saponinas,
esteróis, carotenóides, acetilenos, polienos, tiofenóis, amidas, flavonóides e várias
outras substâncias.
A família Lamiaceae é composta por, aproximadamente, 258 gêneros e
6970 espécies. Esta família possui algumas espécies aromáticas utilizadas para a
extração dos óleos essenciais que são utilizados ao nível aromático e medicinal,
em cosméticos e como condimento, entre outros, caracterizando-se quimicamente
pela presença de óleos essenciais, triterpenóides e iridóides (JUDD et al. 2002).
Embora famílias botânicas Asteraceae e Lamiaceae apresentara, maior
valor de equitabilidade, analisando os valores das medidas quantitativas de
conhecimento e uso dos informantes (Tabela 4) observou-se que as espécies
Lippia alba (Mill) N. E. Br. e Plectranthus ornatus apresentaram os maiores
valores de concordância de uso principal, 78,26 (calmante) e 52,17 (má digestão),
respectivamente. Essas espécies constituem as plantas mais citadas em
levantamentos etnobotânicos de espécies medicinais do Brasil (BRITO e SENNA-
VALLE 2011; CUNHA e BORTOLOTTO 2011; KFFURI 2008; VENDRUSCOLO e
MENTZ 2006a). Pinto et. al. (2006) enfatizam que uma espécie que apresente um
alto índice de concordância, ou seja, que tenha vários informantes concordando
com um mesmo uso terapêutico, pode sugerir uma real efetividade no tratamento
da afecção.
Os resultados encontrados neste trabalho demonstram, portanto, que a
espécie Lippia alba (Mill) N. E. Br. pode ser incluída na lista de espécies
28
medicinais em um Programa de Fitoterápicos e Espécies Medicinais no município,
tendo como indicação terapêutica sua ação calmante a qual foi confirmada pelo
conhecimento tradicional e científico (LORENZI e MATOS, 2008).
TABELA 4. Distribuição de frequências percentuais das medidas quantitativas de conhecimento e uso dos informantes: concordância de uso principal (CUPc), valor de importância (VIs) e valor de consenso de uso (VCs) referidos no estudo realizado no município de Cruz das Almas, Bahia
CUPc Frequência Percentual Espécies
78,26 1 1,30 Lippia alba (Mill) N. E. Br.
52,17 1 1,30 Plectranthus barbatus Andr.
VIs Frequência Percentual Espécies
1,00 1 1,30 Lippia alba (Mill) N. E. Br.
0,70 1 1,30 Plectranthus barbatus Andr.
VCs Frequência Percentual Espécies
1,00 1 1,30 Lippia alba (Mill) N. E. Br.
A espécie Lippia alba (Mill) N. E. Br. apresentou maior valor de importância e
valor de consenso de uso, VIs: 1,0 e VCs: 1,0, respectivamente, (Tabela 4), sendo
citada por 100% os informantes. Byg e Balslev (2001) destacam que os estudos
etnobotânicos têm assumido que a importância de uma planta está intimamente
relacionada com o número de formas diferentes de indicações, ou seja, quanto
maior o número de indicações terapêuticas para uma determinada espécie mais
importante ela deve ser considerada. O valor de consenso de uso alto,
encontrado neste trabalho demonstra que os informantes desta pesquisa
consideram a espécie Lippia alba (Mill) N. E. Br. como sendo útil para a
comunidade em estudo, ou seja, indica que os informantes utilizam essa espécie
para um determinado propósito. Apesar da espécie Plectranthus ornatus
apresentar um valor de importância alto (VIs: 0,70), seu valor de consenso de uso
foi relativamente baixo (VCs: 0,39) demonstrando que os informantes usam esta
mesma espécie para diferentes propósitos.
Para Bennet e Prance (2000) a planta mais importante numa comunidade é
aquela que for mais versátil, ou seja, a planta que for utilizada para tratar a maior
variedade de doenças. Porém, Brito e Senna-Valle (2011) enfatizam que se o
objetivo for a busca de novas drogas, a concordância das respostas dos
informantes sobre o uso medicinal de uma determinada espécie é extremamente
29
importante, já que espécies utilizadas para muitos usos teriam uma menor
credibilidade quando comparadas aquelas com maior fidelidade de uso.
A Lippia alba (Mill) N. E. Br. é uma espécie largamente utilizada no Brasil,
tendo uma real importância farmacológica, com utilização nos programas de
fitoterapia (MATTOS et al. 2007; TAVARES et al. 2011). Franchomm et. al. (1995)
e Matos (1996) destacam que a ação calmante, utilizada no tratamento de
estados de intranquilidade e nervosismo, dessa espécie, está relacionada com a
presença do citral no seu óleo essencial. Lorenzi e Matos (2008) salientam que o
vasto emprego desta planta na medicina popular impulsiona a sua escolha como
tema de pesquisas nas áreas químicas, farmacológicas e clínicas objetivando sua
validação como medicamento eficaz e seguro.
A espécie Plectranthus ornatus tem sido usada no tratamento não
específico de dores do estômago e má digestão (Vendruscolo e Mentz 2006a),
problemas do fígado, distúrbios gástricos, espasmos intestinais (Câmara et al.
2003). Os princípios ativos encontrados no Plectranthus ornatus foram: coleonol,
barbatusina, ciclobutatusina, cariocal, colenol, ferruginol e óleo essencial (rico em
guaieno e fenchona). Estudos farmacológicos comprovaram ações desses
princípios, que são: hipotensiva, redução da pressão sangüínea, vasodilatadora,
hiposecretora gástrica, com atividade antidispéctica, e ainda o composto
barbatusina, ao ser experimentado em ratos apresentou ação antitumoral
(COSTA 2003).
Foram citadas 149 indicações terapêuticas, as quais foram distribuídas em
15 categorias do CID-10, Tabela 5, (Centro Brasileiro de Classificação de
Doenças 2008). Os maiores valores de diversidade de uso e consequentemente
de equitabilidade de diversidade de uso foram observados para as categorias: 1)
XI – Doenças do aparelho digestivo (VDU: 0,208 e VEDU: 1,00), dentro desta
categoria a indicação terapêutica mais citada foi má digestão e; 2) X – Doenças
do aparelho respiratório (VDU: 0,161 e VEDU: 0,77), para esta categoria a gripe
foi a indicação terapêutica mais citada. Em trabalhos realizados por Amorozo
(2002), Di Stasi (2002), Pinto et al. (2006) e Pereira et. al. (2011), também, foi
registrado maior representabilidade dessas duas categorias.
30
TABELA 5. Valor de diversidade de uso (VDU) e valor de equitabilidade de diversidade de uso (VEDU) referidos no estudo realizado no município de Cruz das Almas, Bahia
Categorias Indicações terapêuticas VDU VEDU
I – Algumas doenças infecciosas e parasitárias
Coqueluche, verminose, hepatite, infecções bacteriana, infecção intestinal
0.040 0.19
II – Neoplasias (tumores) Câncer 0.027 0.13
III – Doenças do sangue e dos órgãos hematopoéticos e alguns transtornos imunitários
Anemia 0.007 0.03
IV – Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas
Diabetes, colesterol alto, obesidade, problemas na tireoide
0.067 0.32
V – Transtornos mentais e comportamentais
Calmante, Insônia 0.067 0.32
VI – Doenças do sistema nervoso Cefaleia 0.027 0.13
VII – Doenças do olho e anexos Inflamação nos olhos 0.007 0.03
VIII – Doenças do ouvido e da apófise mastóide
Dor de ouvido 0.007 0.03
IX – Doenças do aparelho circulatório Pressão alta, derrame, AVC, problemas cardíacos
0.094 0.45
X – Doenças do aparelho respiratório Gripe, bronquite, sinusite, inflamação da garganta, asma, enfisema
0.161 0.77
XI – Doenças do aparelho digestivo Diarreia, problemas no fígado, má digestão, gases, inflamações estomacais, remover o dente, ulcera, inflamação do dente, aftas,
0.208 1.00
XII – Doenças da pele e do tecido subcutâneo
Micoses, Coceira no corpo por picada de insetos
0.034 0.16
XIV – Doenças do aparelho geniturinário
Inflamação de ovário, pedra nos rins, inflamação no útero, cólica menstrual, corrimento vaginal, inflamação nos rins, menopausa (reposição hormonal)
0.094 0.45
XVIII – Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não classificados em outra parte
Inflamação, Prisão de ventre, queda de cabelo, catarro, azia, dor de cabeça, vômitos, dor no corpo, dor de barriga
0.101 0.48
XIX – Lesões, envenenamento e algumas outras consequências de causas externas
Ferimento, queimadura provocada por inseto, pancadas, febre 0.060 0.29
Na Tabela 6 pode-se observar as espécies mais versáteis, ou seja, que
apresentaram maior valor de importância relativa (IR) através do grande número
de indicações de categorias do CID-10: 01) Bidens pilosai L. (2,00): I - Algumas
doenças infecciosas e parasitárias, IV – Doenças endócrinas, nutricionais e
31
metabólicas, XI – Doenças do aparelho digestivo, XIV – Doenças do aparelho
geniturinário e XVIII – Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e
de laboratório, não classificados em outra parte; 02) Plectranthus amboinicus
(Lour.) Spr. (1,75): VIII – Doenças do ouvido e da apófise mastoide, X – Doenças
do aparelho respiratório, XI – Doenças do aparelho digestivo, XII – Doenças da
pele e do tecido subcutâneo e XVIII – Sintomas, sinais e achados anormais de
exames clínicos e de laboratório, não classificados em outra parte; 03) Aloe vera
(L.) Burm. F. (1,75): III – Doenças do sangue e dos órgãos hematopoéticos e
alguns transtornos imunitários, X – Doenças do aparelho respiratório, XI –
Doenças do aparelho digestivo, XIV – Doenças do aparelho geniturinário e XVIII –
Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não
classificados em outra parte, e; 04) Lippia alba (Mill) N. E. Br. (1,68): V –
Transtornos mentais e comportamentais, IX – Doenças do aparelho circulatório, X
– Doenças do aparelho respiratório e XI – Doenças do aparelho digestivo. Neste
estudo treze espécies apresentaram IR>1, sendo indicadas para até 14 sistemas
corporais, superando os valores encontrados por Brito e Senna-Valle (2011).
Valores elevados de IR para a Lippia alba (Mill) N. E. Br. também foram relatados
nos trabalhos de Oliveira et al. (2010), IR: 2,0 e Brito e Senna-Valle (2011), IR:
2,0.
TABELA 6. Importância Relativa das espécies citadas pelos informantes do município de Cruz das Almas, BA
Importância Relativa Espécies
1,50 – 2,00
(4 spp.)
Bidens pilosai L. (2,0); Aloe vera (L.) Burm. F. ( 1,75); Plectranthus amboinicus (Lour.) Spr. (1,75); Lippia alba (Mill) N. E. Br. (1,68)
1,00 – 1,49
(9 spp.)
Rubus sellowi Cham. & Schltdl. (1,35); Cymbopogon citratus (DC.) Stapf (1,35); Chenopodium ambrosioides L. (1,30); Verrania verbenaceae (DC.) Borhidi (1,23); Ocimum basilicum L. (1,23); Amaranthus viridis L. (1,10); Mentha piperita L. (1,10); Plantago major L. (1,10); Vernonia condensata Baker (1,03).
Continua...
32
TABELA 6. Continuação...
Importância Relativa Espécies
0,50 – 0,99
(26 spp.)
Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze (0,98); Anacardium occidentale L. (0,98); Petiveria alliacea L. (0,98); Citrus spp. (0,98); Carica papaya L. (0,98); Selenicereus setaceus (0,98); Eugenia uniflora L. (0,98); Punica granatum L. (0,98); Plectranthus ornatus (0,83); Piper umbellatum L. (0,78); Pimpinella anisum L. (0,78); Maytenus ilicifolia (Scharad.) Planch (0,78); Achillea millefolium L. (0,78); Persea americana Mill. (0,65); Mentha spicata L. (0,65); Schinus terebinthifolius Raddi (0,65); Baccharis trimera (Less.) DC. (0,65); Peperomia pellucida (L.) Kunth (0,65); Citrus sinensis (0,65); Waltheria douradinha A.Sr.-Hil. (0,65); Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. (0,65); Cynbopogon citratus (DC.) Stapf (0,65); Boerhavia diffusa L. (0,65); Ocimum gratissimum L. (0,58); Stachytarpheta cayennensis (Rich.) Vahl (0,0,58); Mentha arvensis L. (0,58)
0,00 – 0,49
(38 spp.)
Costus spicatus (Jacq.) Sw. (0,45); Iresine herbstii (0,45); Bryophyllum pinnatum (Lam.) Oken (0,45); Syzygium cumini (L.) Skeels (0,45); Solanum paniculatum L. (0,45); Petroselinum crispum (Mill.) Fuss (0,33); Gossypium hirsutum L. (0,33); Allium sativum L. (0,33); Justicia pectoralis var. stenophylla Leonard. (0,33); Psidium guajava L. (0,33); Solidago chilensis Meyen (0,33); Vernonia polyanthes Less (0,33); Musa spp. (0,33); Averrhoa bilimbi L (0,33); Catharanthus roseus (L.) G. Don (0,33); Acanthospermum hispidium DC. (0,33); Pilea microphylla L. (0,33); Croton lobatus (0,33); Chamomilla recutita (L.) rauschert (0,33); Cinnamomum zeylanicum Blume (0,33); Polygonum hydropiperoides Michx (0,33); Croton heliotropiifolius Kunth (0,33); Allium cepa L. (0,33); Sechium edule (0,33); Eryngium foetidum L. (0,33); Anethum graveolens (0,33); Zingiber officinale Roscoe (0,33); Euphorbia tirucalli L. (0,33); Anona muricato L. (0,33); Cissus verticillata (L.) Nicolson & C. E. Jarvis (0,33); Himatanthus drasticus(Mart.) M. M. Plumel (0,33); Citrus aurantium subsp. bergamia (Risso) Wight & Arn. (0,33); Passiflora edulis Sims (0,33); Jatropha multifida L. (0,33); Mentha pulegium L. (0,33); Phyllanthus niruri L. (0,33); Chamaesyce prostata (Aiton) Small (0,33); Gomphrena desertorum (0,33);
Os elevados valores de concordância de uso principal, importância relativa
e dos valores de importância e consenso de uso encontrados na espécie Lippia
alba (Mill) N. E. Br. evidenciam a necessidade de atenção especial em estudos
fitoquímicos e farmacológicos, contribuindo para que o conhecimento popular
respaldado pelo conhecimento científico colabore para no uso racional desta
espécie medicinal e para a conscientização da importância de conservá-la.
Analisando a concordância entre os informantes sobre o conhecimento
para a espécie Lippia alba (Mill) N. E. Br. foram obtidas 07 (sete) indicações
terapêuticas, as quais foram distribuídas em 04 categorias do CID-10, (Tabela 7),
33
(Centro Brasileiro de Classificação de Doenças 2008). A categoria que
apresentou maior valor de diversidade de uso e consequentemente de
equitabilidade de diversidade de uso foi a “V – Transtornos mentais e
comportamentais” (VDUs: 0,56 e VEDUs: 1,00).
TABELA 7. Valor de diversidade de uso (VDUs) e valor de equitabilidade de diversidade de uso (VEDUs) da espécie Lippia alba (Mill) N. E. Br. referidos no estudo realizado no município de Cruz das Almas, Bahia
Categoria Nº de citações VDUs VEDUs
V – Transtornos mentais e comportamentais 19.00 0.56 1.00
IX – Doenças do aparelho circulatório 5.00 0.15 0.26
X – Doenças do aparelho respiratório 1.00 0.03 0.05
XI – Doenças do aparelho digestivo 9.00 0.26 0.47
Em relação ao valor de diversidade de indicação (VDIs) e o valor de
equitabilidade de diversidade de indicação (VEDIs), Tabela 8, constatou-se que
dentro da categoria “V – Transtornos mentais e comportamentais” a ação da
Lippia alba (Mill) N. E. Br. como calmante foi a que apresentou o maior valor
(VDIs: 0,53 e VEDPs: 1,0), ratificando, assim, a concordância do uso principal
desta espécie.
TABELA 8. Valor de diversidade de indicação (VDIs) e valor de equitabilidade de diversidade de indicação (VEDIs) da espécie Lippia alba (Mill) N. E. Br. referidos no estudo realizado no município de Cruz das Almas, Bahia. Indicações terapêuticas Nº de citações VDIs VEDIs
Calmante 18.00 0.53 1.00
Má digestão 7.00 0.21 0.39
Pressão alta 5.00 0.15 0.28
Dor de barriga 1.00 0.03 0.06
Gripe 1.00 0.03 0.06
Insônia 1.00 0.03 0.06
Gases 1.00 0.03 0.06
Durante o levantamento verificou-se variação morfológica entre as plantas
desta espécie, onde umas apresentavam folhas grandes e hábito de crescimento
ereto - essas eram chamadas de “erva-cidreira” -, e outras com folhas menores e
hábito de crescimento rasteiro, as quais foram identificadas como “melissa” por
50% dos entrevistados que cultivavam plantas com estas caracteristicas.
34
“Essa da folha pequeninha é melissa, eu uso para dor de
barriga e má digestão... a erva-cidreira é maior eu tenho lá
no fundo...” (Sra. Erva doce 02).
“Essa com folha maior é erva cidreira e ssa com a folha
pequena é melissa” (Sra. Amora).
Provavelmente a espécie Lippia alba (Mill) N. E. Br. apresenta quimiotipos
diferentes neste município e apesar da população não conhecer esta
categorização consegue realizá-la através de uma classificação própria. Lorenzo
e Matos (2008) relatam que entre os diversos nomes populares desta espécie ela
também é conhecida como falsa-melissa.
CONCLUSÕES
• A população do município de Cruz das Almas utiliza grande número de
espécies medicinais para tratamento de diversas doenças, principalmente
as relacionadas a doenças do aparelho digestivo e do aparelho
respiratório.
• As famílias mais utilizadas foram Asteraceae e Lamiaceae.
• A Lippia alba (Mill) N. E. Br. é uma espécie de grande importância no
município, devendo, portanto, compor a lista das espécies para
implantação de um Programa de Fitoterápicos e Espécies Medicinais no
Sistema Único de Saúde do município de Cruz das Almas, BA, tendo como
principal indicação sua ação calmante.
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42
CAPÍTULO 2
CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA, QUÍMICA E DE TRICOMAS D E
ACESSOS DE Lippia alba (Mill) N. E. Brown CULTIVADOS NO MUNICÍPIO DE
CRUZ DAS ALMAS, BA 2
2 Artigo submetido ao comitê editorial do periódico científico Acta Botanica Brasilica
43
CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA, QUÍMICA E DE TRICOMAS D E
ACESSOS DE Lippia alba (Mill) N. E. Brown CULTIVADOS NO
MUNICÍPIO DE CRUZ DAS ALMAS, BA
Autora: Zuleide Silva de Carvalho
Orientadora: Maria Angélica Pereira de Carvalho
Co-orientador: Weliton Antonio Bastos de Almeida
RESUMO: A composição do óleo essencial da Lippia alba (Mill) N. E. Brown
apresenta variação quantitativa e qualitativa, levando à separação em
quimiotipos. O objetivo deste trabalho foi a caracterização morfológica, química e
de tricomas de 13 acessos de Lippia alba (Mill.) N. E. Brown, cultivados no
município de Cruz das Almas, BA. Foi realizada análise de agrupamento,
considerando descritores quantitativos e qualitativos simultaneamente, segundo o
algoritmo de Gower. A matriz de distância genética foi obtida pelo método
UPGMA e calculou-se do coeficiente de correlação cofenético. Foram feitas
micrografias em microscopia eletrônica de varredura evidenciando os tricomas de
um acesso de cada grupo formado. Formou-se 02 (dois) grupos de
dissimilaridade (CCC: 0,9610**). As principais dissimilaridades foram: 1) Grupo
01: 05 a 07 flores liguladas, pétalas das flores de coloração lilás; menores valores
de altura do maior ramo, comprimento foliar, largura do limbo foliar no meio e de
diâmetro do disco central da inflorescência, e; maiores valores de teor de óleo
essencial. O maior teor de óleo foi do acesso L05, apresentando tricomas tectores
e glandulares com predominância do segundo; carvona e germacreno D, como
constituintes químicos majoritários, e; 2) Grupo 02: 08 a 11 flores liguladas,
pétalas das flores de coloração lilás claro; maiores valores de altura do maior
ramo, comprimento foliar, largura do limbo foliar no meio e diâmetro do disco
central da inflorescência, e; menores valores de teor de óleo essencial. O acesso
L06 obteve menor teor de óleo, apresentando tricomas tectores e glandulares
com predominância do primeiro; constituintes químicos majoritários: geranial e
neral. Os resultados indicam a existência de diversidade genética entre os
acessos avaliados.
Palavras-chave: Diversidade genética, erva-cidreira, quimiotipos
44
MORPHOLOGICAL CHARACTERIZATION, AND CHEMISTRY OF
ACCESS TRICHOMES Lippia alba (Mill) N. E. Brown CULTIVATED IN
THE CITY OF CRUZ DAS ALMAS, BA
Author: Zuleide Silva de Carvalho
Advisor: Maria Angelica Pereira de Carvalho
Co-supervisor: Weliton Antonio Bastos de Almeida
ABSTRACT: The composition of the essential oil of Lippia alba (Mill) N. E. Brown
presents qualitative and quantitative variation, leading to separation into
chemotypes. The objective of this study was to characterize the morphological,
chemical and trichomes of 13 accessions of Lippia alba (Mill.) N. E. Brown, grown
in Cruz das Almas, BA. Cluster analysis was performed, considering both
quantitative and qualitative descriptors, according to the algorithm Gower. The
matrix was obtained by genetic distance and UPGMA method was calculated
correlation coefficient cofenético. Micrographs were made in scanning electron
microscopy showing the trichomes of access of each group formed. Formed 02
(two) groups of dissimilarity (CCC: 0.9610**). The main dissimilarities were: 1)
Group 01: 05-07 ligulate flowers, petals of flowers of lilac color, lower values of the
largest branch height, leaf length, leaf blade width and diameter in the middle of
the central disk of the inflorescence, and , higher values of essential oil content.
The highest oil content was access L05, presenting with glandular trichomes and
predominance of the second; carvone and germacrene D, as chemical
constituents majority, and 2) Group 02: 08-11 ligulate flowers, flower petals light
mauve color, higher values of the largest branch height, leaf length, leaf blade
width and diameter in the middle of the central disk of the inflorescence, and;
smaller amounts of essential oil content. Access L06 had lower oil content,
presenting with glandular trichomes and predominance of the first; chemical
constituents majority: geranial and neral. The results indicate the existence of
genetic diversity among accessions.
Keywords: Genetic diversity, erva-cidreira, chemotypes.
45
INTRODUÇÃO
A espécie Lippia alba (Mill) N. E. BR. ocorre nas américas Central e do Sul,
habitando praticamente todo o Brasil, onde é muito utilizada como medicinal pelas
suas propriedades carminativa, sedativa, analgésica e emenagoga (MATTOS et
al. 2007).
Conhecida popularmente como erva-cidreira esta espécie possui uma
ampla variabilidade química dos seus óleos essenciais. Yamamoto (2006)
mostrou que além dos fatores ambientais que influenciam na produção e
composição do óleo essencial, dentro da espécie existe variabilidade genética em
relação à composição química do óleo essencial.
Lorenzi e Matos (2002) enfatizam a necessidade de condução de novos
estudos com a espécie Lippia alba (Mill) N. E. BR., visando garantir a produção de
matéria prima em quantidade e qualidade para a elaboração de produtos
fitoterápicos seguros e eficazes. Jannuzzi et al. (2010) relatam que devido à falta
de um padrão definido para a diferenciação de quimiotipos nesta espécie, a
maioria dos autores tem se baseado na relação entre os componentes
majoritários de forma particular.
Hennebelle et al. (2008) citaram a ocorrência de sete quimiotipos de erva-
cidreira, baseado nos componentes químicos majoritários do óleo essencial:
quimiotipo 1 - citral, linalol, β-cariofileno; quimiotipo 2 - tagetenone; quimiotipo 3 -
limoneno com quantidades variáveis de carvona; quimiotipo 4 - mirceno;
quimiotipo 5 - γ-terpineno; quimiotipo 6 - camphor-1,8-cineol; quimiotipo 7 -
estragole. Após esta classificação, foi identificado um quimiotipo cujo citral era o
componente majoritário, com baixa concentração de linalol (<5%),
correspondendo um subtipo do quimiotipo 1 (BARBOSA et al. 2006).
A caracterização morfológica e química da espécie Lippia alba (Mill) N. E.
BR. poderá permitir a seleção de acessos promissores para o cultivo, por
apresentarem características superiores, principalmente em relação ao teor e a
46
composição química do óleo, além de ser muito importante para o entendimento
de adaptações ocorridas em diversas partes das plantas, como as estruturas
secretoras que produzem os princípios ativos, e desta maneira influenciam a
produção dos mesmos.
Diante do exposto o objetivo deste trabalho foi caracterizar a diversidade
genética de acessos através de descritores morfológicos, análise química do óleo
essencial e caracterização dos tipos e número de tricomas de acessos de Lippia
alba (Mill.) N. E. Brown cultivados no município de Cruz das Almas, BA.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no campo experimental do Centro de Ciências
Agrárias, Ambientais e Biológicas da Universidade Federal do Recôncavo da
Bahia, localizado no município de Cruz das Almas, BA, situado a 12°40’0” de
Latitude Sul e 39°06’0” de Longitude Oeste de Green wich (SEI 2009), a uma
altitude de 200 m acima do nível do mar. O clima local é do tipo C1DA’a’ (clima
subúmido seco com moderada deficiência hídrica), segundo Thornthwaite e
Matter (1995) e apresenta uma precipitação pluviomérica média anual de 1.170
mm, variando entre 900 a 1.300 mm. A temperatura média anual de 24,1ºC, com
evapotranspiração potencial de 1.267 mm anuais, com excedente histórico em
junho, julho e agosto.
Coleta e cultivo dos acessos
Foram coletadas 13 acessos da espécie Lippia alba (Mill) N. E. BR.,
cultivados no município de Cruz das Almas, BA. Os ramos mais vigorosos foram
coletados das plantas matrizes e em viveiro foram produzidas estacas de
aproximadamente 15 cm contendo 03 (três) gemas axilares. As estacas foram
introduzidas no substrato (areia lavada + Vivatto® na proporção de 2:1) até a
cobertura da primeira gema (Apêndice 6).
As mudas foram propagadas por estaquia (Figura 1) e plantadas em
espaçamento de 0,50 x 1,00 m. As correções químicas do solo da área
experimental foram feitas de acordo com o resultado da análise química
apresentada na Tabela 1, através da aplicação prévia (três meses antes do
transplantio) de calcário (1 t ha-1) e adubação de fundação com 50 kg ha-1 de
P2O5 (superfosfato simples) e 60 kg ha-1 de K2O (cloreto de potássio). A irrigação
47
foi por aspersão com mangueiras tipo Santeno® duas vezes por dia. A coleta dos
dados para caracterizações morfológicas, e do material para análises química e
dos tricomas foram realizadas aos 90 dias após o transplantio.
Figura 1. Vista das mudas Lippia alba (Mill) N. E. BR., propagadas e da instalação do experimento no município de Cruz das Almas, BA. (a) mudas em viveiro; (b) mudas com um mês de idade; (c) transplantio das mudas (com um mês de idade) no campo, e; (d) vista do experimento com dois meses de transplante.
TABELA 1. Análise química do solo da área experimental localizada no município de Cruz das Almas, BA
K Ca+Mg Ca Mg Al H+Al CTC M.O
g dm -3
pH
em água
P
mg dm -3 Cmol c dm -3
V
%
12,00 5,10 12,40 0,24 2,90 2,00 0,90 0,10 1,80 4,94 63,56
Caracterização morfológica
Os 13 acessos foram caracterizados por 10 descritores morfológicos, teor
de óleo e de acordo com os constituintes químicos. Os descritores quantitativos e
qualitativos utilizados na caracterização estão descritos na Tabela 2.
48
TABELA 2. Descritores quantitativos e qualitativos utilizados para caracterização dos acessos de Lippia alba (Mill) N. E. BR., cultivados no município de Cruz das Almas, BA Descritores morfológicos quantitativos
Altura do maior ramo Medida dos 03 (três) maiores ramos – expresso em metros
Comprimento foliar Medida de 05 (cinco) folhas a partir do quinto nó – expresso em metros
Largura do limbo foliar no meio Medida de 05 (cinco) folhas a partir do quinto nó – expresso em metros
Diâmetro do disco central da inflorescência
Medida de 05 (cinco) inflorescências – expresso em metros
Descritores quantitativos do óleo essencial
Teor de óleo Expresso em %
Constituinte químico Expresso em %
Descritores morfológicos qualitativos
Número de flores liguladas 1= 05 a 07 flores liguladas; 2= 08 a 11 flores liguladas
Textura da folha 1= áspera; 2= macia
Cor da folha 1 = verde claro; 2= verde escuro
Cor do caule 1 = marrom; 2= arroxeado
Cor das pétalas da flor 1= lilás; 2= lilás claro
Hábito de crescimento 1= planta ereta; nenhum ramo tocando no solo; 2= planta com 25% dos ramos tocando no solo; 3= planta com 50% dos ramos tocando no solo; 4= planta com 75% dos ramos tocando no solo; 5= planta com 100% dos ramos tocando no solo;
Determinação do teor de óleo
A colheita do material foi feita aos 90 dias após o transplantio entre 08
(oito) e 09 (nove) horas da manhã, cortando-se a 10 cm acima do solo da parte
aérea das plantas. Martins e Santos (1995) mencionam que, de acordo com a
substância ativa da planta, existem horários em que a concentração desses
princípios é maior. No período da manhã é recomendada a colheita de plantas
com óleos essenciais e alcalóides, e no período da tarde, de plantas com
glicosídeos. As folhas foram submetidas ao processo de secagem em estufa de
circulação de forçada a temperatura de 45 ºC ± 2, por uma semana.
A extração do óleo foi realizada por hidrodestilação no Laboratório de
produtos naturais (LAPRON) do Departamento de Ciências Exatas da
Universidade Estadual de Feira de Santana. O material seco foi moído em moinho
49
elétrico, em seguida 1,0 g foi utilizada na determinação do teor de umidade, que
foi feita em triplicata no determinador de umidade (Série ID Versão 1.8 Marte ®).
Em torno de 13 a 68 g das amostras (dependente da variação do peso
seco de cada acesso) foram adicionados no balão de vidro de 2,0 litros contendo
água destilada em volume suficiente para cobertura total do material vegetal,
iniciando o processo de hidrodestilação. Foram adotados aparatos do tipo
Clevenger graduados, acoplados em balões de vidro, que foram aquecidos por
mantas térmicas elétricas com termostato (Figura 2). O processo de extração foi
conduzido durante 03 (três) horas, contadas a partir da condensação da primeira
gota, sendo verificado o volume de óleo extraído na coluna graduada do aparelho
de Clevenger. Adicionou-se ao óleo retirado do aparelho o sulfato de sódio anidro,
com o objetivo de evitar perdas por hidrólise durante o armazenamento. Em
seguida, com o uso da pipeta do tipo Pasteur, o óleo foi acondicionado em frasco
de vidro de 2 mL, etiquetado e armazenado em congelador comercial a -11 ºC até
a realização da análise química.
Figura 2. Aparelho de Clevenger utilizado para hidrodestilação do óleo essencial de acessos de Lippia alba (Mill) N. E. BR. cultivados no município de Cruz das Almas, BA. (1) Refrigerador do sistema; (2) Manta aquecedora; (3) Balão volumétrico; (4) Aparelho de Clevenger, e; (5) Volume de óleo extraído na coluna graduada do aparelho de Clevenger.
O teor do óleo foi calculado a partir da base livre de umidade (BLU), que
corresponde ao volume (mL) de óleo essencial em relação à massa seca, de
acordo com o seguinte cálculo (Santos et al. 2004a):
50
100
100
×
×−=
UBmBm
VoTo (1)
Onde:
To: Teor de óleo;
Vo: Volume de óleo extraído;
Bm: Biomassa aérea vegetal
(Bm x U): Quantidade de umidade presente na biomassa
Bm – (Bm x U): Quantidade de biomassa seca
Para os descritores quantitativos morfológicos foram calculadas as
estatísticas descritivas: média, desvio padrão, valores mínimos e máximos,
coeficiente de variação e teste de normalidade de Shapiro-Wilks por meio do
programa SAS (SAS Institute Inc. 2006).
Identificação dos compostos químicos do óleo essenc ial
A análise da composição química dos óleos essenciais dos acessos da
espécie Lippia alba (Mill) N. E. BR. foi realizada no Departamento de Química
Orgânica e Inorgânica da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza. A
identificação e determinação dos Índices Aritméticos dos componentes do óleo
essencial foi realizada empregando-se um Cromatógrafo a gás Shimadzu CG-
2010 acoplado a Espectrômetro de Massas CG/MS-QP 2010 Shimadzu, com
injetor automático, equipado com coluna RtX-5ms (30m x 0,25mm, espessura de
filme 0.25µm), com temperatura do forno: 60°C a 240°C (3°C/min ), 240°C
(20min); temperatura do injetor 220°C; gás de arras te hélio (1mL/min); relação de
split de 1:10, temperatura da interface: 240°C; tem peratura da fonte de ionização:
240°C; energia de ionização 70 eV; corrente de ioni zação: 0,7kV.
Para a quantificação dos componentes empregou-se um Cromatógrafo a
gás Shimadzu CG-2010 com detector de ionização de chama, com coluna capilar
RtX-5 (30m x 0,25mm, espessura de filme 0.25µm), com temperatura do forno:
60°C a 240°C (3°C/min), 240°C (20min); temperatura do injetor 220°C; gás de
arraste hélio (1mL/min); relação de split de 1:10 e temperatura do detector 240°C.
Cada pico do cromatograma foi identificado pelo seu espectro de massas, por
comparação com a biblioteca do equipamento (Wiley Nist 08), através de fontes
da literatura (ADAMS, 2007) e injeções de padrões autênticos. A determinação
51
dos Índices Aritméticos foi realizada por co-injeção com padrões de alcanos (C8 a
C24), conforme equação a seguir:
)''(
)''(100100
)()1(
)()(
NRNR
NRAR
tt
ttNAl
−−×+
=+
(2)
Onde:
AI = Índice Aritmético
N = Número de átomos de carbono do padrão do alcano (C8 a C24)
t’R(A) = tempo de retenção do pico calculado
t’R(N) = tempo de retenção do alcano correspondente ao pico calculado
t’R(N + 1) = tempo de retenção do alcano que elui posteriormente ao pico
calculado.
Análise de agrupamento
Foi realizada análise de agrupamento considerando os descritores
quantitativos e qualitativos simultaneamente, segundo o algoritmo de Gower
(GOWER 1971). Os agrupamentos hierárquicos a partir da matriz de distância
genética foram obtidos pelo método UPGMA – Unweighted Pair Group Method
winth Arithmetic Mens (SNEATH e SOKAL 1973). Foi utilizado o critério do ponto
de fusão para determinação do número de grupos. A validação dos agrupamentos
foi determinada por meio do coeficiente de correlação cofenético (SOKAL e
ROHLF 1962).
A matriz de distância genética utilizando o algoritmo de Gower e o
coeficiente de correlação cofenético foram obtidos pelo Programa Genes (CRUZ
2008). O dendograma foi obtido pelo Programa Statistica 7.1 (STATSOFT 2005).
Após a obtenção dos grupos foi realizada micrografias em microscopia
eletrônica de varredura evidenciando os tricomas de um acesso de Lippia alba
(Mill) N. E. BR. de cada grupo formado na análise de agrupamento.
Caracterização dos tricomas
Os tricomas das folhas, de um acesso de cada grupo formado na análise
de agrupamento da espécie Lippia alba (Mill) N. E. BR., foram caracterizados em
Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV). Foram coletadas quatro amostras de
52
folhas jovens (antes do quinto nó) e quatro de folhas adultas (a partir do quinto
nó). Sobre microscopia, foi contado o número de tricomas de cada tipo presentes
em porções de aproximadamente 0,6 mm² da região adaxial das folhas. Foi
considerado o delineamento experimental inteiramente casualizado em esquema
fatorial 2X2. Os dados foram submetidos a análise de variância e as médias foram
comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade utilizando o programa
SISVAR (FERREIRA, 2000).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 3 estão apresentadas as estatísticas descritivas dos descritores
quantitativos morfológicos utilizados na caracterização dos acessos de Lippia alba
(Mill) N. E. BR. A amplitude dos coeficientes de variação foi de 6,50% a 39,43%,
respectivamente para as variáveis, altura do maior ramo e comprimento foliar.
TABELA 3. Estatísticas descritivas e teste de normalidade de Shapiro-Wilks para os descritores quantitativos utilizados na caracterização dos acessos de Lippia alba (Mill) N. E. BR., cultivados no município de Cruz das Almas, BA. ALT: Altura do maior ramo; CPF: Comprimento foliar; LGF: Largura do limbo foliar no meio; DCF: Diâmetro do disco central da inflorescência, e; TO: Teor de óleo essencial
Variáveis Mínimo Máximo Média Desvio padrão
CV (%) Shapiro Wilks
ALT 0,860 1,109 0,995 0,065 6,497 0.7816ns
CPF 0,034 0,096 0,058 0,023 39,426 0.0133*
LGF 0,015 0,043 0,027 0,009 35,620 0.0957ns
DCF 0,375 0,725 0,518 0,138 26,673 0.0071**
TOL 0,297 1,402 0,821 0,321 39,082 0.9721ns
** significativo a 1% de probabilidade pelo teste de Shapiro-Wilks; * significativo a 5% de probabilidade pelo teste de Shapiro-Wilks; ns não significativo pelo teste de Shapiro-Wilks.
As variáveis comprimento foliar e diâmetro do disco central da
inflorescência não seguiram a normalidade pelo teste de Shapiro-Wilks, portanto
foi aplicada a correlação de Spearman para gerar a Matriz de correlação
apresentada na Tabela 4. Todas as correlações com o teor de óleo essencial
foram negativas não sendo significativo o efeito da altura e do diâmetro do disco
central da inflorescência. Porém as correlações do comprimento foliar e da largura
foliar no meio com o teor de óleo essencial foram média e alta, respectivamente
pelo teste t a 5% e a 1% de probabilidade. Este resultado demonstra que para os
acessos que se destacaram nestas duas variáveis, provavelmente, será obtido
53
um menor teor de óleo essencial, podendo estar relacionado com a quantidade de
tricomas responsáveis por armazenamento do óleo essencial. Resultados
semelhantes foram encontrados por Camêlo et al (2011) em acessos de Lippia
alba (Mill) N. E. BR. do Banco Ativo de Germoplasma da Universidade Federal de
Sergipe, São Cristovão, SE.
Foram identificados 45 constituintes químicos, portanto a análise de
agrupamento foi realizada com 56 descritores (04 morfológicos quantitativos, 06
morfológicos qualitativos, teor de óleo essencial e 45 constituintes químicos). Na
Tabela 5 pode-se observar a matriz de dissimilaridade para os acessos
estudados, em relação às variáveis quantitativas e qualitativas. A maior
dissimilaridade foi entre os acessos L01 e L07 e a menor foi entre os acessos L06
e L07.
TABELA 4. Matriz de correlação de Spearman para as variáveis: ALT: Altura do maior ramo; CPF: Comprimento foliar; LGF: Largura do limbo foliar no meio; DCF: Diâmetro do disco central da inflorescência, e; TO: Teor de óleo essencial
Variáveis CPF LGF DCF TOL
ALT 0,41978ns 0,44934ns 0,61685* -0,13877ns
CPF 0,90088** 0,77106** -0,59472*
LGF 0,82428** -0,74172**
DCF -0,35726ns
** significativo a 1% de probabilidade pelo teste de t; * significativo a 5% de probabilidade pelo teste de t; ns não significativo pelo teste de t.
TABELA 5. Matriz de dissimilaridade para os acessos de Lippia alba (Mill) N. E. BR., cultivados no município de Cruz das Almas, BA Acesso L02 L03 L04 L05 L06 L07 L08 L09 L10 L11 L12 L13
L01 30.85 28.78 8.30 14.21 30.07 30.92 24.71 30.32 9.74 11.09 11.97 27.48
L02 10.66 29.49 30.44 10.64 11.92 16.09 19.09 27.37 27.29 27.14 17.67
L03 28.21 29.18 12.46 12.65 18.61 19.42 25.72 24.58 25.45 19.77
L04 8.92 28.00 30.06 23.45 29.82 10.73 13.06 12.29 25.85
L05 28.67 30.10 22.54 28.79 12.41 15.45 12.44 25.83
L06 6.09 14.36 13.36 27.30 27.95 26.03 14.56
L07 14.43 13.78 28.59 29.03 26.86 16.56
L08 8.74 21.49 24.11 21.18 12.29
Continua...
54
TABELA 5. Continuação...
Acesso L02 L03 L04 L05 L06 L07 L08 L09 L10 L11 L12 L13
L09 26.84 28.87 26.57 13.47
L10 7.48 9.06 25.01
L11 6.47 26.05
L12 23.71
Na Figura 3 é apresentado o dendograma de dissimilaridade, construído
com base em 50 descritores quantitativos e 06 (seis) descritores morfológicos
qualitativos avaliados em 13 acessos da espécie Lippia alba (Mill) N. E. BR.,
cultivados no município de Cruz das Almas, BA. O agrupamento dos acessos pelo
método de UPGMA possibilitou a formação de 02 (dois) grupos de
dissimilaridade, evidenciando a presença de diversidade genética entre os
acessos avaliados (Apêndice 7). O coeficiente de correlação cofenética foi de
0,9610**, sendo significativo a 1% de probabilidade pelo teste t. Conforme
sugerem Bussab et al. (1990), análises de agrupamento são aceitáveis se
produzirem um coeficiente de correlação cofenético a partir de 0,80. O valor do
ponto de fusão que definiu o número de grupos foi de 27,16.
Figura 3. Dendograma de dissimilaridade baseado em 50 descritores quantitativos e 06 (seis) descritores qualitativos avaliados em 13 acessos da espécie Lippia alba (Mill) N. E. BR., cultivados no município de Cruz das Almas, BA.
55
Na Tabela 6 estão apresentadas as características dos descritores
quantitativos e qualitativos, por grupo formado na análise de agrupamento. Os
acessos de Lippia alba (Mill) N. E. BR. do Grupo 01 (L01; L04; L05; L10; L11 e
L12) possuem como características qualitativas predominantes caule marrom,
folhas de coloração verde claro, textura da folha variando entre áspera e macia,
05 a 07 flores liguladas e as pétalas das flores de coloração lilás. Quanto ao
hábito de crescimento 43% dos acessos apresentaram 25% dos ramos tocando
no solo, 28,6% com 75% dos ramos tocando no solo e 14,2% com 50% dos
ramos tocando no solo e 100% dos ramos tocando no solo. Para as
características quantitativas os acessos apresentam menores valores de altura do
maior ramo, comprimento foliar, largura do limbo foliar no meio e diâmetro do
disco central da inflorescência. Porém apresentaram os maiores valores de teor
de óleo essencial, tendo como destaque o acesso L05 (1,40 %).
Já os acessos agrupados no Grupo 02 (L02; L03; L06; L07; L08; L09 e
L13) caracterizaram-se por caule variando entre marrom e arroxeado, cor da folha
verde escura, textura da folha variando de macia a áspera, 08 a 11 flores
liguladas e as pétalas das flores de coloração lilás claro. Apresentando maiores
valores de altura do maior ramo, comprimento foliar, largura do limbo foliar no
meio e diâmetro do disco central da inflorescência e os menores valores de teor
de óleo essencial. O menor valor de teor de óleo essencial deste grupo foi obtido
pelo acesso A006 (0,30 %). Essas variações entre acessos de Lippia alba (Mill) N.
E. BR., também, foram apontadas por Ventrella (2000), o que lhe permitiu
selecionar acessos promissores para o cultivo e programas de melhoramento
genético, por alguns deles apresentarem características de interesse superiores.
56
TABELA 6. Características dos descritores quantitativos e qualitativos, por grupo formado na análise de agrupamento, dos acessos de Lippia alba (Mill) N. E. BR., cultivados no município de Cruz das Almas, BA. ALT: Altura do maior ramo; CPF: Comprimento foliar; LGF: Largura do limbo foliar no meio; DCF: Diâmetro do disco central da inflorescência, e; TO: Teor de óleo essencial; HC: Hábito de crescimento; NFL: Número de flores liguladas; CRPF: Cor da pétala da flor; TXF: Textura da folha; CRF: Cor da folha, e; CRC: Cor do caule.
ACESSO ALT CPF LGF DCF TO HC NFL CRPF TXF CRF CRC
GRUPO 01
L01 1.02 0.04 0.02 0.40 1.24 4.00 Áspera
L04 1.01 0.04 0.02 0.40 1.10 5.00 Áspera
L05 0.93 0.04 0.02 0.40 1.40 4.00 Áspera
L10 0.92 0.04 0.02 0.38 0.63 2.00 Áspera
L12 0.95 0.05 0.02 0.40 0.87 2.00 Macia
L011 0.97 0.04 0.02 0.38 0.68 3.00
5,0 a
7,0 Lilás
Macia
Verde claro
Marrom
GRUPO 02
L02 1.00 0.09 0.04 0.68 0.48 1.00 Macia Marrom
L07 1.02 0.09 0.04 0.73 0.85 1.00 Macia Marrom
L03 1.06 0.09 0.04 0.63 0.39 2.00 Macia Marrom
L06 1.01 0.10 0.04 0.65 0.30 2.00 Macia Marrom
L08 1.05 0.04 0.03 0.68 0.85 1.00 Áspera Arroxeado
L09 1.11 0.07 0.03 0.60 0.68 1.00 Áspera Arroxeado
L13 1.03 0.06 0.03 0.58 1.09 1.00
8.0 a
11,0
Lilás claro
Macia
Verde escuro
Arroxeado
Foram identificados 45 compostos do óleo essencial para os 13 acessos de
Lippia alba (Mill) N. E. BR. Para os acessos do Grupo 01 foram identificados 35
constituintes químicos e para os acessos do Grupo 02 identificou-se 34
constituintes químicos, divididos entre monoterpenos, diterpeno e sesquiterpenos
(Apêndice 8). Bakkali et al. (2008) relatam que os monoterpenos (C10) e
sesquiterpenos (C15) são os compostos mais comuns em óleos essenciais,
sendo que os primeiros são os mais representativos constituindo 90% dos óleos
essenciais e com uma grande variedade estrutural e funcional.
57
Os monoterpenos são considerados a maior classe de metabólitos
especiais de considerável valor econômico (EISENREICH, 1997). Eles são
lipofílicos e, por isso, atravessam facilmente as membranas celulares, sendo
facilmente absorvidos pela pele e pulmões. Têm sido usados ao longo da história
em pomadas e bálsamos medicinais, aditivos para banho e para aliviar
constipações da cabeça e do peito, bem como para dores musculares
(MÜHLBAUER, 2003). Já os sesquiterpenos possuem propriedades biológicas de
repelência a insetos, polinização e regulação do crescimento em plantas
(BRAMLEY, 1997; DEWICK, 2009).
Os monoterpenos identificados foram: 1) Grupo 01: 1-octen-3-ol, carvona,
cis-verbenol, limoneno, linalol, mirceno, mirtenal, piperitenona, piperitona, α-
pineno, 6-Metil-5-hepten-2-ona, geranial, p-cimeno; 2) Grupo 02: 1-octen-3-ol,
carvona, cis-verbenol, limoneno, linalol, mirceno, mirtenal, 6-Metil-5-hepten-2-ona,
geranial, geraniol, neral, p-cimeno, citronelol, isobutirato de genarila, óxido de
carvona e nerol. Foi identificado o diterpeno fitol em ambos os Grupos analisados.
Os sesquiterpenos identificados foram: 1) Grupo 01: Allo aromadendreno,
aromadendreno, biciclogermacreno, E-cariofileno, E-nerolidol, espatulenol, E-β-
farneseno, germacreno D, germacreno-D-4-ol, viridiflorol, α-bulneseno, α-
muuroleno, β-bourboneno, β-cubebeno, β-elemeno, β-gurjuneno e δ-cadineno; 2)
Grupo 02: E-cariofileno, E-nerolidol, espatulenol, E-β-farneseno, germacreno D,
germacreno-D-4-ol, α-bulneseno, α-muuroleno, β-bourboneno, β-cubebeno, β-
elemeno, δ-cadineno, óxido de cariofileno e α-humuleno. Foram identificados,
também, os ésteres: 1) Grupo 01: Acetato de bornila, acetato de mirtenila e
acetato de E-carvila; 2) Grupo 02: acetato de mirtenila, acetato de geranila e
acetato de nerila.
Para os acessos do Grupo 01 os componentes majoritários foram carvona
(variando de 28,77% a 60,90%) e germacreno D (variando de 16,90% a 32,87%).
A carvova é usada como carminativa e em produtos cosméticos, alguns estudos,
também, foi demonstrada sua atividade bactericida e fungicida (SANTOS et al.
2004). Já o germacreno D é sesquiterpeno que possui forte ação sobre insetos
como atrativos, imitando um feromonio sexual (CASTRO 2004; STRANDEN et al.
2002), sendo um dos constituintes majoritários de óleos essenciais com atividade
antimicrobiana comprovada, extraídos de diferentes espécies vegetais
(JUTEAU et al. 2002; GONZAGA et al. 2003; IACOBELLIS et al. 2005; CHAVAN
58
et al. 2006). Já para os acessos do Grupo 02 os componentes majoritários foram
geranial (variando de 10,10% a 25,63%) e o neral (variando de 6,367% a
16,30%%). A ação calmante espasmolítica suaves na Lippia alba (Mill) N. E. BR.
está relacionada à presença do citral (geranial + neral) (LORENZI e MATOS
2008).
Foi selecionado para análise dos tricomas o acesso que obteve maior teor
de óleo essencial no Grupo 01 (L05) e o acesso que obteve o menor teor de óleo
essencial no Grupo 02 (L06), pois os mesmos obtiveram uma das maiores
dissimilaridade. Na Figura 4 podem-se observar os tricomas tectores e
glandulares encontrados em ambos os acessos nas folhas jovens e adultas
(Apêndice 9). Santos et al. (2004b) em trabalho de caracterização anatômica das
estruturas secretoras de Lippia alba (Mill) N. E. BR., observaram quatro tipos de
tricomas, um tector e três glandulares. Resultados semelhantes também foram
encontrados por Félix-Silva et al. (2012).
Figura 4. Tricomas secretores de Lippia alba (Mill) N. E. BR., em microscopia eletrônica de varredura (t: tricoma tector; g: tricoma glandular). (a) Região adaxial de folhas jovens do acesso L05; (b) Região adaxial de folhas jovens do acesso L06; (c) Região adaxial de folhas adultas do acesso L05; (d) Região adaxial de folhas adultas do acesso L06
59
A análise estatística acusou efeito significativo para o a interação acesso X
tipo de folha apenas para os tricomas glandulares (Tabela 7, Apêndice 10 e 11).
O número de tricomas tectores para o acesso L06 foi significativamente superior
ao acesso L05, independente do tipo de folhas. Comportamento inverso pode ser
observado em relação aos tricomas glandulares. A família Verbenaceae
apresenta plasticidade fenotípica e variações morfológicas, anatômicas e
fitoquímicas resultantes de adaptações às condições ambientais (FAHN, 1979;
CÔRREA, 1992). Porém no gênero Lippia normamente os tricomas secretores
são de formas variadas entre grupos vegetais, mas em geral uniformes dentro de
um mesmo táxon (ESAU, 1977; PETERSON e VERMEER, 1983). Santos et al.
(2004) destacam que aparentemente, não existem variações anatômicas
relevantes entre os quimiotipos da espécie Lippia alba (Mill) N. E. BR., ao
contrário de suas características organolépticas e morfológicas, cujas variações
são bastante evidentes.
TABELA 7. Número de tricomas tectores e glandulares nas folhas jovens e adultas dos acessos L05 e L06 de Lippia alba (Mill) N. E. BR., cultivadas em Cruz das Almas, BA
ACESSOS Tricomas Tipo de folha
A005 A006
Jovem 26,25bA 45,25aB Tectores
Adulta 32,75bA 65,75aA
Jovem 13,00aA 0,75bA Glandulares
Adulta 6,75aB 2,50aA
Letras minúsculas iguais na linha para um mesmo tipo de tricoma não difere entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade; Letras maiúsculas iguais na coluna para um mesmo tipo de tricoma não difere entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Estes resultados demonstraram que várias características fisiológicas desta
espécie podem ser determinantes no teor e no rendimento de óleo essencial. Um
dos fatores que pode ser considerado é a capacidade de armazenamento de
óleos essenciais nos diferentes quimiotipos.
Os tricomas são estruturas importantes na adaptação em ambientes
xéricos, pois mantêm uma atmosfera saturada em vapor de água em torno da
folha (FAHN e CUTLER, 1992; LARCHER, 2000). Assim, os tricomas podem
representar uma adaptação morfológica que favorece a manutenção da
assimilação de dióxido de carbono (CO2), pois promovem a redução da
60
temperatura foliar em períodos de elevada temperatura ambiental e baixa
disponibilidade de água (EHLERINGER e MOONEY, 1978). A associação de
tricomas tectores, diminuindo a perda de umidade na face com maior índice
estomático, com tricomas glandulares que secretam substâncias lipofílicas, cria
um microambiente hidrofóbico que protege ainda mais a folha de dessecações
por estresse hídrico, também verificado em outras xerófitas (FAHN e CUTLER,
1992). A presença dos tricomas, tanto tectores, quanto glandulares é, portanto,
fator fundamental para manutenção das folhas na planta e a adaptação das
espécies em ambientes pobres em recursos no substrato. A defesa química,
neste caso providenciado pelo óleo essencial, provê, além dessa defesa a fatores
abióticos, a possibilidade de defesa à herbivoria (FAHN e CUTLER, 1992;
HARBORNE, 1993). Na espécie Lippia alba (Mill) N. E. BR. os óleos essenciais
são secretados pelos tricomas glandulares e pelas células do parênquima
clorofiliano (RICCIARDI et al. 1999).
CONCLUSÃO
• A utilização dos descritores morfológicos quantitativos e qualitativos
evidenciou a existência de diversidade genética entre os acessos
cultivados no município de Cruz das Almas, BA.
• Há variabilidade fenotípica e química entre os acessos.
• Os acessos agrupados no Grupo 01 apresentaram as maiores
porcentagens de teor de óleo, indicando que os mesmos podem ser
utilizados em programas de melhoramento.
• A variação da composição química entre os acessos dos diferentes grupos
formados constitui produto da variação genética entre os mesmos, já que
as plantas foram submetidas às mesmas condições ambientais.
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Horticultura). Faculdade de Ciências Agronômicas - Universidade Estadual
Paulista Júlio de Mesquita Filho, Botucatu.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O uso de plantas para curar ou amenizar enfermidades é uma forma de
tratamento muito antiga, relacionada aos primórdios da medicina e fundamentada
no acúmulo de informações através de sucessivas gerações (DI STASI 1996).
A investigação etnobotânica e etnofarmacológica pode desempenhar
funções de grande importância como reunir informações acerca de possíveis usos
e indicações terapêuticas de plantas, e desta forma contribuir para a
compreensão das relações do ser humano com o ambiente, bem como o resgate
das estratégias de manejo utilizadas por esses povos, na exploração dos recursos
naturais vegetais que tem garantido sua sobrevivência (AMOROSO et al. 2002)
Neste contexto o estudo etnometodológico surge como uma ferramenta
muito importante possibilitando o resgate dos conhecimentos tradicionais, tendo
em vista a aceleração no processo de aculturação e perda de valiosas
informações populares sobre a compreensão e uso dos recursos naturais
disponíveis.
Os resultados obtidos neste trabalho resultarão em mais um instrumento de
resgate do conhecimento tradicional sobre espécies medicinais, assegurando que
essas informações populares sobre a compreensão e uso dos recursos naturais
disponíveis não se percam. Isto contribuirá para o entendimento da interação do
homem com o mundo vegetal, permitindo melhor investigar essa flora ainda tão
desconhecida.
A diversidade de conhecimento e uso de espécie Lippia alba (Mill) N. E.
Brown foi muito alta entre os habitantes da área de estudo desta pesquisa. Isto
pode ser constatado pelos elevados valores de importância e valor de consenso
de uso e alto valor de importância relativa obtidos por esta espécie no presente
estudo. Melo (2007) destaca que levando em consideração a perspectiva
biológica e de uso pela indústria, as espécies com os valores mais altos no Índice
de Valor de Importância, assumem prioridade para ações que visem à
conservação e manejo sustentável. O vasto conhecimento popular obtido neste
67
estudo poderá fornecer dados importantes para novas descobertas científicas
podendo originar novos conhecimentos sobre as propriedades terapêuticas das
espécies citadas pelos informantes.
Considerando a diversidade genética encontrada neste estudo, entre os
acessos de Lippia alba (Mill) N. E. Brown, baseada em descritores morfológicos e
de teor e constituição química do óelo essencial, sugere-se o uso de marcadores
moleculares para avaliação da diversidade desta população que poderá basear
um programa de melhoramento genético através da obtenção de indivíduos que
concentrem o maior número de genes favoráveis às características de interesse,
obtendo assim materiais geneticamente superiores.
Além disso, a presença do Germacreno D como constituinte majoritário de
alguns acessos, encontrada no presente estudo, com atividade antimicrobiana
comprovada em outras espécies (JUTEAU et al. 2002; GONZAGA et al. 2003;
IACOBELLIS et al. 2005; CHAVAN et al. 2006), poderá ser explorado tanto na
indústria farmacêutica quanto na agricultura para o controle de doenças
fitopatogênicas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMOROSO, M. C. M. et al. Métodos de coleta e análise de dados em
etnobiologia, etnoecologia e disciplinas correlatas . Rio Claro, SP: UNESP,
2002. 204p.
CHAVAN, M.J.; SHINDE, D.B.; NIRMAL, S.A. Major volatile constituents
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2006.
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interdisciplinar. São Paulo: UNESP, 1996. 230 p.
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DALCOL, I.I.; DESSOY, E.C.; MOREL, A.F. Composition and antibacterial activity
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JUTEAU, F.; MASOTTI, V.; BESSIERE, J.M.; DHERBOMEZ, M.; VIANO, J.
Antibacterial and antioxidant activities ofArtemisia annua essential
oil. Fitoterapia, v.73, n.6, p.532-535, 2002.
MELO, J.G. de. Controle de qualidade e prioridades de conservação de
plantas medicinais comercializadas no Brasil. 2007. 96p. Dissertação
(Mestrado em Botânica). Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife.
ANEXO
70
ANEXO 1. Medidas quantitativas de conhecimento e uso dos informantes, modificadas a partir de Byg e Baslev (2001)
Índices Fórmula Cálculos Descrição
Valor de importância
(VIs) n
nIVs is=
nis = número de informante que citaram a espécie s, dividido pelo número total de informantes (n)
Mensura a proporção de informantes que consideram uma espécie como a mais importante.
Valor de diversidade da família
(VDF) Uft
UfxV =FD
Número de espécies citadas para a família f (Ufx) dividido pelo número total de espécies citadas para todas as famílias (Uft)
Mensura a importância das famílias e como elas contribuem para o valor local.
Valor de equitabilidade
da diversidade da família
(VEDF)
máxVD
VDV
F
F=FED Valor de diversidade da família (VDF) dividido pelo máximo VDF obtido
Mensura o grau de homogeneidade de uso da família.
Valor de consenso de
uso (VCs) 1
2Cs −=
n
nV s
Duas vezes o número de informantes que citaram a espécie (ns) dividido pelo número total de informantes, menos um.
Mensura a importância de utilização de uma espécie e como elas contribuem para o valor local.
Valor de diversidade
do informante (VDI)
Ut
UxVDI =
Número de usos citados por dado informante (Ux) dividido pelo número total de usos (Ut)
Mensura como o conhecimento está distribuído entre os informantes
Valor de equitabilidade do informante
(VEI) áxVD
VDIV
ImEI =
Valor de diversidade do informante (VDI) dividido pelo máximo VDI obtido
Mensura o grau de homogeneidade do conhecimento do informante
Valor de diversidade total de uso
(VDUtotal) Uct
UcxV =totalDU
Número de indicações registradas para as categorias (Ucx) dividido pelo número total de indicações para todas as categorias (Uct)
Mensura a importância das categorias de uso e como elas contribuem para o valor total local
Valor de equitabilidade
da diversidade total de uso (VEDUtotal)
máxVDU
VDUV
total
total=totalEDU
Valor de diversidade total de uso (VDUtotal) dividido pelo máximo VDUtotal
obtido
Mensura o grau de homogeneidade de uso da categoria
71
ANEXO 2. Medidas quantitativas de conhecimento e uso para a Lippia alba (Mill) N. E. Br., modificadas a partir de Byg e Baslev (2001)
Índices Fórmula Cálculos Descrição
Valor de diversidade de
uso (VDUs) s
s
Uct
UcxV =sDU
Número de indicações registradas para as categorias para a espécie s (Ucxs) dividido pelo número total de indicações para todas as categorias para a espécie s (Ucts)
Mensura a importância das categorias de uso da espécie s e como elas contribuem para o valor local.
Valor de equitabilidade da diversidade de
uso (VEDs) máxVDU
VDUEDUV
s
ss =
Valor de diversidade de uso (VDUs) dividido pelo máximo VDUs
obtido
Mensura o grau de homogeneidade de uso da categoria para a espécie s.
Valor de diversidade de indicações (VIs) s
s
Ict
IcxV =sDI
Número de citações para a propriedade p para a espécie s (Icxs) dividido pelo número total de citações para todas as indicações para a espécie s (Icts)
Mensura a importância das indicações citadas para espécie s e como elas contribuem para o valor local.
Valor de equitabilidade da diversidade de
indicações (VEIs) máxVDI
VDIV
p
p=sEDI
Valor de diversidade de indicações (VDIS) dividido pelo máximo VDPS obtido
Mensura o grau de homogeneidade das indicações citadas para a espécie s.
APÊNDICE
73
APÊNDICE 1. Parecer Consubstanciado do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
74
75
76
APÊNDICE 2. Termo de consentimento livre e esclarecido utilizado na pesquisa
77
78
79
APÊNDICE 3. Roteiro da entrevista semiestruturada aplicada aos informantes participantes da pesquisa
80
81
APÊNDICE 4. Lista das espécies de uso medicinal citadas no estudo realizado no município de Cruz das Almas, BA, apresentando as medidas quantitativas de conhecimento e uso dos informantes. NC: nome científico; NP: nome popular; Sist. Cultivo: Sistema de cultivo; CID: Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde; VDF: Valor de diversidade da família; VEDF: Valor de equitabilidade de diversidade da família; CUPc: Concordância de uso principal corrigida; VIS: Valor de importância das espécies, e; VCs: Valor de consenso de uso das espécies, referidos no estudo realizado no município de Cruz das Almas, Bahia
Fam
ília
NC NP Uso/Sist. cultivo Propriedade CID Parte
usada Forma de
uso VDF VDEF CUPc VIs VCs
Aca
ntha
ceae
Justicia pectoralis var. stenophylla
Leonard. Anador
Medicinal/ Cultivada
Inflamação XVIII Folha Infusão,
decocção 0.01 0.12 13.04 0.13 -0.74
Allium sativumL. Alho Medicinal,
Alimentação/ Mercado, feira
Inflamação do dente
XI Dente de
alho In natura 0,00 0.04 -0.91
Alli
acea
e
Allium cepa L. Cebola branca
Medicinal, Alimentação/
Cultivada, mercado, feira
Gripe X Bulbo Xarope
0.03 0.25
0,00 0.04 -0.91
Iresine herbstii Coração magoado
Medicinal, ornamental/
Cultivada
Problemas cardíacos e pressão alta
IX Folha Infusão,
decocção 17.39 0.17 -0.65
Am
aran
thac
eae
Alternanthera brasiliana (L.)
Kuntze Bezetacil
Medicinal/ Cultivada,
espontânea
Infecções bacterianas, ferimento,
inflamação da garganta
I, XVIII, X Folha Decocção,
infusão
0.05 0.50
8.70 0.17 -0.65
Continua...
81
82
APÊNDICE 4. Continuação... F
amíli
a
NC NP Uso/Sist. cultivo Propriedade CID Parte
usada Forma de
uso VDF VDEF CUPc VIs VCs
Chenopodium ambrosioides L.
Erva de santa maria
Medicinal/ Cultivada
Micoses, queimadura
provocada por inseto, afta
XII, XIX, XI
Folha Macerado 8.70 0.09 -0.83
Gomphrena desertorum
Suspiro branco
Medicinal/ Cultivada
Pressão alta IX Folha Infusão
0.00 0.04 -0.91
Schinus terebinthifolius
Raddi Aroreira
Medicinal/ Cultivada
Câncer, inflamação no
útero II, XIV Folha Decocção 0.00 0.04 -0.91
Ana
card
iace
ae
Anacardium occidentale L. Cajueiro
Medicinal, Alimentação/
Cultivada
Ferimento, inflamação do
útero, inflamação do
dente
XVIII, XIV, XI
Entrecasca Emplasto, decocção
0.03 0.25
0.00 0.13 -0.74
Ann
onac
eae
Anona muricato L. Graviola
Medicinal, Alimentação/
Cultivada Colesterol alto IV Folha
Decocção, infusão
0.01 0.12 13.04 0.13 -0.74
Eryngium foetidumL.
Coentro largo
Medicinal, Alimentação/
Cultivada Sinusite X Folha
Inalação, decocção
8.70 0.09 -0.83
Api
acea
e
Anethum graveolens Endro
Medicinal/ Cultivada
Má digestão XI Folha Decocção
0.04 0.37
0.00 0.04 -0.91
Continua...
82
83
APÊNDICE 4. Continuação... F
amíli
a
NC NP Uso/Sist. cultivo Propriedade CID Parte
usada Forma de
uso VDF VDEF CUPc VIs VCs
Petroselinum crispum (Mill.)
Fuss Salsa
Medicinal, Alimentação/
Cultivada
Derrame, pressão alta
IX Folha Infusão 0.00 0.04 -0.91
Catharanthus roseus (L.) G.
Don Boa noite
Medicinal, ornamental/ Espontânea
Diarréia XI Flor Decocção 0.00 0.04 -0.91
Apo
cyna
ceae
Himatanthus drasticus (Mart.)
M. M. Plumel Janaguba
Medicinal/ Comércio
Câncer II * Decocção
0.03 0.25
0.00 0.04 -0.91
Asp
hode
lace
ae
Aloe vera (L.) Burm. F.
Babosa Medicinal,
cosméticos/ Cultivada
Queda de cabelo, Câncer, inflamação no
fígado e no ovário, asma,
bronquite
XVIII, II, XI, XIV, X
Folha Sumo 0.01 0.12 0.00 0.09 -0.83
Continua...
83
84
APÊNDICE 4. Continuação... F
amíli
a
NC NP Uso/Sist. cultivo Propriedade CID Parte
usada Forma de
uso VDF VDEF CUPc VIs VCs
Vernonia condensata
Baker Alumã
Medicinal/ Cultivada
Problemas no fígado,
crescimento de cabelo, Má digestão,
inflamações estomacais,
queda de cabelo
XI, XVIII Folha Decocção,
infusão 21.74 0.26 -0.48
Bidens pilosai L. Picão,
espinho de agulha
Medicinal/ Cultivada,
espontânea
Inflamação no útero e no
ovário, Cólica menstrual, inflamação, obesidade
problemas no fígado, diabetes,
hepatite
XIV, XVIII, IV, XI, I
Toda a planta (com raiz e parte
aérea), folha
Decocção, infusão
0.10 1.00
17.39 0.39 -0.22
Solidago chilensis Meyen Arnica
Medicinal/ Cultivada
Problemas no cardíacos
IX Folha Decocção 0.00 0.04 -0.91
Vernonia polyanthes Less
Assa peixe branco
Medicinal, Alimentação/
Cultivada
Inflamação nos rins
XIV Folha Infusão 0.00 0.04 -0.91
Ast
erac
eae
Acanthospermum hispidium DC. Boticudo
Medicinal/ Espontânea
Inflamação do dente
XI Folhas Decocção
0.00 0.04 -0.91
Continua...
84
85
APÊNDICE 4. Continuação... F
amíli
a
NC NP Uso/Sist. cultivo Propriedade CID Parte
usada Forma de
uso VDF VDEF CUPc VIs VCs
Chamomilla recutita (L.) rauschert
Camomila Medicinal/ Cultivada
Calmante V Folha Infusão 0.00 0.04 -0.91
Baccharis trimera (Less.) DC. Carqueja
Medicinal/ Cultivada
Problemas no fígado e
inflamação nos rins
XI, XIV Planta inteira Infusão 0.00 0.04 -0.91
Ast
erac
eae
Achillea millefolium L. Novalgina
Medicinal/ Cultivada
Inflamação no estomago,
dores no corpo, má digestão
XI, XVIII Folha Decocção
0.00 0.13 -0.74
Bor
agin
acea
e
Verrania verbenaceae (DC.) Borhidi
Maria milagrosa
Medicinal/ Cultivada
AVC, cefaleia, pressão alta,
derrame, inflamação
IX, VI, XVIII
Folha Infusão,
decocção 0.01 0.01 8.70 0.22 -0.57
Cac
tace
ae
Selenicereus setaceus
Mandacaru de três quinas
Medicinal, ornamental/
Cultivado
Pedra nos rins, problemas no
fígado, diabetes XIV, XI, IV Folha
Chá em água fria, infusão
0.01 0.01 13.04 0.17 -0.65
Continua...
85
86
APÊNDICE 4. Continuação... F
amíli
a
NC NP Uso/Sist. cultivo Propriedade CID Parte
usada Forma de
uso VDF VDEF CUPc VIs VCs
Car
icac
eae
Carica papaya L. Mamão Medicinal,
Alimentação/ Cultivado
Má digestão, prisão de ventre,
coqueluche
XI, XVIII, I
Folha, Fruto maduro
para prisão de ventre, fruto verde
para coqueluche
Infusão, in natura, xarope
0.01 0.01 0.00 0.13 -0.74
Cel
astr
acea
e
Maytenus ilicifolia M.
Espinheira Santa
Medicinal/ Cultivada
Micoses, Má digestão,
inflamação no fígado
XII, XI Folha
Para micoses:
Macerado, Para
demais indicações: decocção
0.01 0.01 0.00 0.04 -0.91
Che
nopo
diac
eae
Chenopodium ambrosioides L. Mastruz
Medicinal/ Cultivado,
espontâneo
Pancada, catarro, gripe,
verminose
XIX, XVIII, X, I
Folha
Infusão, in natura (suco),
Macerado, decocção
0.01 0.01 8.70 0.13 -0.74
Continua...
86
87
APÊNDICE 4. Continuação... F
amíli
a
NC NP Uso/Sist. cultivo Propriedade CID Parte
usada Forma de
uso VDF VDEF CUPc VIs VCs
Cos
tace
ae
Costus spicatus (Jacq.) Sw.
Cana de macaco
Medicinal/ Cultivada
Diabete, obesidade
IV Folha Decocção 0.01 0.01 0.00 0.04 -0.91
Cra
ssul
acea
e
Bryophyllum pinnatum (Lam.)
Oken
Folha da Costa
Medicinal/ Cultivada
Ressaca, Gripe X Folha Decocção,
xarope 0.01 0.12 8.70 0.09 -0.83
Cuc
urbi
tace
a
Sechium edule Chuchu
Medicinal, Alimentação/ Mercado e
feira
Pressão alta IX Folha Decocção 0.01 0.01 0.00 0.04 -0.91
Croton lobatus Cabeça de formiga
Medicinal/ Espontânea
Corrimento vaginal
XIV Folha, raiz Infusão 0.00 0.04 -0.91
Eup
horb
iace
ae
Croton heliotropiifolius
Kunth
Cassutinga, Tarsutinga
Medicinal/ Feira
Diabetes IV Folha Decocção
0.07 0.62
0.00 0.04 -0.91
Continua...
87
88
APÊNDICE 4. Continuação... F
amíli
a
NC NP Uso/Sist. cultivo Propriedade CID Parte
usada Forma de
uso VDF VDEF CUPc VIs VCs
Euphorbia tirucalli L.
Graveto do cão
Medicinal/ Cultivada
Remover o dente
XI galho Macerado 0.00 0.04 -0.91
Jatropha multifida L.
Mertiolate, Mestioate
Medicinal/ Cultivado
Ferimento XIX Folha Emplasto 0.00 0.04 -0.91
Eup
horb
iace
ae
Chamaesyce prostata (Aiton)
Small Sanguinho
Medicinal/ Espontânea
Diarréia XI Parte aérea Decocção
0.00 0.04 -0.91
Fab
acea
e -
Cer
cide
ae
Bauhinia cheilantha
(Bong.) Steud.
Pata de Vaca
Medicinal, ornamental/
Cultivada
Anemia, diabetes
III, IV Folha In natura (salada), decocção
0.01 0.01 8.70 0.09 -0.83
Labi
atae
Mentha piperita L.
Hortelã miúdo
Medicinal, Alimentação/
Cultivada
Má digestão, gripe, diarréia,
calmante XI, X, V Folha
Infusão, Decocção,
Xarope 0.01 0.01 21.74 0.26 -0.48
Lam
iace
ae
Plectranthus ornatus
Boldo, bom pra tudo, tapete de
oxalá
Medicinal, ornamental/
Cultivada
Problemas no fígado, Má digestão, ressaca,
inflamação no fígado, infecção
intestinal,
XI Folha
Decocção, infusão, chá em
água fria
0.09 0.87 52.17 0.70 0.39
Continua...
88
89
APÊNDICE 4. Continuação... F
amíli
a
NC NP Uso/Sist. cultivo Propriedade CID Parte
usada Forma de
uso VDF VDEF CUPc VIs VCs
Plectranthus amboinicus (Lour.) Spr.
Hortelã grosso, hortelã graúdo
Medicinal, Alimentação/
Cultivada
Micoses, inflamações
estomacais, má digestão, gripe, dor de ouvido,
inflamação
XII, XI, X, VIII, XVIII
Folha
Infusão, xarope,
macerado, decocção, calda, in natura (suco)
39.13 0.61 0.22
Ocimum basilicum L. Quiôiô, tiôiô
Medicinal, Alimentação/
Cultivado
Má digestão, pressão alta,
diabetes, colesterol alto,
gases
XI, IX, IV Folha Infusão,
decocção 39.13 0.61 0.22
Ocimum gratissimum L. Alfavaca
Medicinal, Alimentação/
Cultivada
Bronquite, gripe, sinusite
X Folha
Xarope, decocção, inalação,
calda
21.74 0.30 -0.39
Mentha pulegium L.
Poejo Medicinal/ Cultivada
Gripe X Folha Xarope, infusão
8.70 0.09 -0.83
Mentha spicata L. Água de alevante
Medicinal/ Cultivada
Calmante, problemas cardíacos
V, IX Folha Infusão,
decocção 0.00 0.09 -0.83
Lam
iace
ae
Mentha arvensis L.
Vick Medicinal/ Cultivada
Sinusite, gripe, asma
X Folha Inalação, decocção,
calda
13.04 0.17 -0.65
Continua...
89
90
APÊNDICE 4. Continuação... F
amíli
a
NC NP Uso/Sist. cultivo Propriedade CID Parte
usada Forma de
uso VDF VDEF CUPc VIs VCs
Persea americana Mill. Abacate
Medicinal, Alimentação/
Cultivada
Ferimento, Inflamação nos
rins XIX, XIV Folha
Decocção, infusão
0.00 0.09 -0.83
Laur
acea
e
Cinnamomum zeylanicum
Blume Canela
Medicinal, Alimentação/ Mercado e
feira
Vômitos XVIII Canela em pau
Decocção
0.03 0.25
0.00 0.04 -0.91
Lyth
race
ae
Punica granatum L.
Romã, aromã
Medicinal, Alimentação/
Cultivado
Inflamação da garganta,
inflamação do útero, ferimento
X, XIV, XIX
Fruto ou folha
Decocção, infusão
0.01 0.12 17.39 0.22 -0.57
Gossypium hirsutum L. Algodão
Medicinal, higiene pessoal/ Cultivada
Verminose I Semente Decocção 0.00 0.04 -0.91
Mal
vace
ae
Waltheria douradinha A.Sr.-
Hil.
Malva branca,
malvarisco, malvarisco
branco
Medicinal/ Cultivada
Ferimento, enfisema
XIX, X Folha
Infusão, decocção, in natura, xarope
0.03 0.25
0.00 0.09 -0.83
Continua...
90
91
APÊNDICE 4. Continuação... F
amíli
a
NC NP Uso/Sist. cultivo Propriedade CID Parte
usada Forma de
uso VDF VDEF CUPc VIs VCs
Mus
acea
e
Musa spp. Bananeira Medicinal,
Alimentação/ Cultivada
Ferimento XVIII Caule Macerado 0.01 0.12 13.04 0.13 -0.74
Psidium guajava L. Araçá
Medicinal, Alimentação/
Cultivada Diarreia XI Folha Decocção 0.04 0.37 30.43 0.35 -0.30
Eugenia uniflora L.
Pitanga Medicinal,
ornamental/ Cultivada
Febre, gripe, cefaleia
XIX, X, VI Folha Decocção 8.70 0.17 -0.65
Myr
tace
ae
Syzygium cumini (L.) Skeels
Jamelão Medicinal,
Alimentação/ Cultivado
Diabetes e colesterol alto
IV Folha Decocção
0.00 0.04 -0.91
Nyc
tagi
nace
ae
Boerhavia diffusa L.
Pega pinto Medicinal/
Espontânea
Diarreia, inflamação nos
rins XI, XIV Folha Infusão 0.01 0.12 0.00 0.09 -0.83
Continua...
91
92
APÊNDICE 4. Continuação... F
amíli
a
NC NP Uso/Sist. cultivo Propriedade CID Parte
usada Forma de
uso VDF VDEF CUPc VIs VCs
Oxa
lidac
eae
Averrhoa bilimbi L.
Biri-biri, bilimbim; limão-de-caiena;
azedinha
Medicinal, Alimentação/
Cultivada Pressão alta IX Fruto
In natura (suco)
0.01 0.12 0.00 0.04 -0.91
Pas
siflo
race
ae
Passiflora edulis Sims
Maracujá Medicinal,
Alimentação/ Cultivado
Calmante V Folha e fruto
Decocção, in natura (suco)
0.01 0.12 0.00 0.04 -0.91
Phyllanthus niruri L.
Quebra pedra
Medicinal/ Cultivada,
espontânea Pedras nos rins XIV
Planta inteira com raiz, folha
Infusão 8.70 0.09 -0.83
Phy
llant
hace
ae
Petiveria alliacea L.
Guiné Medicinal/
Espontânea
Problemas cardíacos, gripe,
cefaleia IX, X, VI Folha
Decocção, Xarope,
solução em álcool
0.01 0.12
0.00 0.09 -0.83
Pip
erac
eae
Piper umbellatum L.
Capeba Medicinal/ Cultivada
Problemas no fígado, no
estômago e nos rins
XI, XIV Folha Infusão,
decocção 13.04 0.13 -0.74
Continua...
92
93
APÊNDICE 4. Continuação... F
amíli
a
NC NP Uso/Sist. cultivo Propriedade CID Parte
usada Forma de
uso VDF VDEF CUPc VIs VCs
Peperomia pellucida (L.)
Kunth
Favaquinha de cobra
Medicinal/ Cultivada,
espontânea
Diarreia, inflamação nos
olhos XI, VII Folha
Infusão, decocção
8.70 0.09 -0.83
Pla
ntag
inac
eae
Plantago major L. Transagem, tranchagem
Medicinal/ Cultivada
Inflamação de ovário,
inflamação no útero, ulcera, inflamação da
garganta
XIV, X, XI Folha
Infusão, decocção, in natura (suco)
0.01 0.12 13.04 0.17 -0.65
Cymbopogon citratus (DC.)
Stapf
Capim limão,
capim santo
Medicinal/ Cultivada
Calmante, sinusite,
pressão alta, gripe, má digestão, insônia
V, X, IX Folha
Decocção, inalação, infusão, in
natura (suco)
34.78 0.57 0.13
Poa
ceae
Cynbopogon citratus (DC.)
Stapf Patchuli
Medicinal, cosméticos/
Feira
Insônia, pressão alta
V, IX Folha Infusão
0.03 0.25
0.00 0.04 -0.91
Continua...
93
94
APÊNDICE 4. Continuação... F
amíli
a
NC NP Uso/Sist. cultivo Propriedade CID Parte
usada Forma de
uso VDF VDEF CUPc VIs VCs
Pol
ygon
acea
e
Polygonum hydropiperoides
Michx Capiçoba
Medicinal/ Espontânea
Micoses XII Folha Macerado 0.01 0.12 0.00 0.04 -0.91
Ros
acea
e
Rubus sellowi Cham. & Schltdl.
Amora, azedinha
Medicinal, Alimentação/
Cultivada
Colesterol alto, diabetes,
menopausa (reposição hormonal),
problemas na tireoide, pressão
alta, câncer
IV, IX, II Folha Infusão,
decocção 0.01 0.12 21.74 0.26 -0.48
Citrus sinensis Laranja Medicinal,
Alimentação/ Cultivada
Calmante, gripe V, X Folha
Infusão, In natura (suco
morno), decocção
13.04 0.22 -0.57
Citrus aurantium subsp. bergamia (Risso) Wight &
Arn.
Lima Medicinal,
Alimentação/ Cultivada
Calmante V Folha Decocção 0.00 0.04 -0.91
Rut
acea
e
Citrus spp. Limão Medicinal,
Alimentação/ Cultivada
Gripe, má digestão, azia
X, XI, XVIII
Fruto Xarope, In
natura (suco)
0.04 0.37
0.00 0.13 -0.74
Continua...
94
95
APÊNDICE 4. Continuação... F
amíli
a
NC NP Uso/Sist. cultivo Propriedade CID Parte
usada Forma de
uso VDF VDEF CUPc VIs VCs
Sol
anac
eae
Solanum paniculatum L. Jurubeba
Medicinal/ Cultivada
Gripe, bronquite X Folha Xarope 0.01 0.12 0.00 0.04 -0.91
Um
belli
fera
e
Pimpinella anisum L. Erva doce
Medicinal, alimentação/
Cultivada, mercado
Gases, má digestão, gripe
XI, X Folha Infusão,
decocção 0.01 0.12 26.09 0.26 -0.48
Urt
icac
eae
Pilea microphylla L. Brilhantina
Medicinal, ornamental/
Cultivada Coqueluche I Ramos Decocção 0.01 0.12 0.00 0.04 -0.91
Lippia alba (Mill) N. E. Br.
Erva cidreira
Medicinal/ Cultivada
Calmante, pressão alta,
dor de barriga, má digestão, gripe, insônia,
gases
V, IX, XI, X
Folha Decocção,
infusão 78.26 1.00 1.00
Ver
bena
ceae
Stachytarpheta cayennensis (Rich.) Vahl
Gerebão Medicinal/ Cultivada
Má digestão, ressaca,
inflamação no fígado
XI Graveto Decocção
0.03 0.25
0.00 0.04 -0.91
Continua...
95
96
APÊNDICE 4. Continuação... F
amíli
a
NC NP Uso/Sist. cultivo Propriedade CID Parte
usada Forma de
uso VDF VDEF CUPc VIs VCs
Vita
ceae
Cissus verticillata (L.) Nicolson & C.
E. Jarvis Insulina
Medicinal/ Cultivada
Diabete IV Folha Decocção 0.01 0.12 0.00 0.04 -0.91
Zin
gibe
race
ae
Zingiber officinale Roscoe Gengibre
Medicinal, Alimentação/
mercado Gripe X Raiz Decocção 0.01 0.12 0.00 0.04 -0.91
96
97
APÊNDICE 5. Formas de uso padronizadas de acordo com a explicação que cada informante prestou sobre a forma de preparo das indicações terapêuticas CATEGORIAS FORMAS DE PREPARO INDICADAS PELA COMUNIDADE DECOCÇÃO Preparado obtido da fervura da planta ou partes da planta.
INFUSÃO Obtido colocando-se a planta ou partes dela numa vasilha e adicionando água fervendo por cima.
XAROPE Fervura da planta ou parte dela, juntamente com açúcar ou mel, até obter consistência.
MACERADO Preparado onde a planta ou parte dela é prensada até obter um sumo.
IN NATURA Consumo de sucos, frutos ou saladas, sem qualquer tipo de preparo.
EMPLASTO Preparado de ervas que são amassadas e colocadas sobre o local de infecção ou dor.
SOLUÇÃO EM ÁLCOOL Preparado de ervas, cascas ou sementes, que ficam de molho em álcool até a planta soltar a sua força. Utilizado apenas para inalação.
CALDA Preparado onde a planta ou parte dela é colocada em uma vasilha em camadas alternadas com açúcar ou mel, até obter a calda.
CHÁ EM ÁGUA FRIA Deixar a planta de molho na água.
INALAÇÃO Preparado obtido por decocção ou infusão da planta ou partes da planta que aproveita a ação combinada de vapor de água quente e o aroma das plantas através a aspiração dos vapores ritmicamente.
GARRAFADA Preparado obtido sem decocção ou infusão e colocado em um recipiente fechado (garrafa)
SUMO Consiste em retirar o sumo da planta através de cortes.
98
APÊNDICE 6. Localização das plantas matrizes dos 13 acessos de Lippia alba (Mill) N. E. Br. cultivados no município de Cruz das Almas, BA
Acesso Data da Coleta Local da Coleta Latitude Longitude
L01 14/07/2012 Araçá -12.7311 -39.1274
L02 14/07/2012 Araçá -12.7311 -39.1275
L03 14/07/2012 Araçá -12.7346 -39.1354
L04 14/07/2012 Araçá -12.7354 -39.1342
L05 14/07/2012 Araçá -12.7322 -39.1247
L06 14/07/2012 Araçá -12.7359 -39.1293
L07 14/07/2012 Araçá -12.7338 -39.1358
L08 16/07/2012 Suzana -12.6771 -39.0974
L09 16/07/2012 Centro -12.6775 -39.0995
L10 16/07/2012 Ana Lúcia -12.6635 -39.1034
L11 16/07/2012 Ana Lúcia -12.6634 -39.1042
L12 16/07/2012 Ana Lúcia -12.6648 -39.1036
L13 16/07/2012 UFRB -12.6576 -39.0817
99
APÊNDICE 7. Características morfológicas e tricomas dos dois grupos formados pela análise de agrupamento dos 14 acessos de Lippia alba (Mill) N. E. Br. cultivados no município de Cruz das Almas, BA
Figura 1. Acessos de Lippia alba (Mill) N. E. Br. cultivados no município de Cruz das Almas, BA. (a) Acesso representativo do Grupo 01; (b) Acesso representativo do Grupo 02; (c) Inflorescência representativa do Grupo 01; (d) Inflorescência representativa do Grupo 02; (e1) Folhas do acesso representativo do Grupo 01; (e2) Folhas do acesso representativo do Grupo 02
100
APÊNDICE 8. Constituintes químicos identificados dos acessos de Lippia alba (Mill) N. E. BR., cultivados no município de Cruz das Almas, BA. 1-Octen-3-ol (Q01); Acetato de bornila (Q02); Acetato de mirtenila (Q03); Acetato de trans-carvila (Q04); Allo-aromadendreno (Q05); Aromadendreno (Q06); Biciclogermacreno (Q07); Carvona (Q08); cis-Verbenol (Q09); E-Cariofileno (Q10); E-Nerolidol (Q11); Espatulenol (Q12); E-β-Farneseno (Q13); Germacreno D (Q14); Germacreno D-4-ol (Q15); Limoneno (Q16); Linalool (Q17); Mirceno (Q18); Mirtenal (Q19); Piperitenona (Q20); Piperitona (Q21); Timol (Q22); Viridiflorol (Q23); α-Bulneseno (Q24); α-Muuroleno (Q25); α-pineno (Q26); β-Bourboneno (Q27); β-Cubebeno (Q28); β-Elemeno (Q29); β-Gurjuneno (Q30); δ-Cadineno (Q31); 6-Metil-5-hepten-2-ona (Q32); Acetato de geranila (Q33); Geranial (Q34); Geraniol (Q35); Neral (Q36); Óxido de cariofileno (Q37); p-Cimeno (Q38); α-Humuleno (Q39); Citronelol (Q40); Fitol (Q41); Acetato de nerila (Q42); Isobutirato de geranila (Q43); Oxido de carvona (Q44); Nerol (Q45)
GRUPO 01 ACESSO Q01 Q02 Q03 Q04 Q05 Q06 Q07 Q08 Q09 Q10 Q11 Q12 Q13 Q14 Q15
A001 0.100 0.333 0.467 0.100 1.167 0.433 1.667 28.767 0.400 1.033 3.900 0.567 0.633 32.867 1.033 A004 0.100 0.100 0.400 0.100 0.900 0.400 0.900 53.500 0.967 0.900 1.400 0.300 0.467 21.200 0.500 A005 0.100 0.100 0.000 0.333 0.633 0.100 0.767 60.900 1.100 0.600 2.367 0.367 0.367 16.900 0.567 A010 0.100 0.367 0.000 0.000 0.900 0.100 0.600 30.133 0.100 1.967 3.367 0.667 0.833 22.933 0.867 A011 0.100 0.100 0.000 0.000 1.133 0.200 1.000 23.367 0.100 4.400 4.333 0.633 1.267 30.667 0.900 A012 0.100 0.100 0.000 0.000 1.067 0.267 0.933 32.800 0.100 1.533 3.600 0.533 0.933 28.867 0.867
ACESSO Q16 Q17 Q18 Q19 Q20 Q21 Q22 Q23 Q24 Q25 Q26 Q27 Q28 Q29 Q30
A001 0.767 0.300 0.100 0.633 0.467 0.367 0.333 0.700 0.700 0.300 0.100 2.800 0.300 1.133 0.733 A004 0.633 0.500 0.100 1.200 1.533 0.633 0.100 0.433 0.367 0.333 0.100 2.733 0.600 0.400 0.633 A005 0.667 0.667 0.233 0.100 1.267 0.733 0.167 0.300 0.267 0.200 1.733 0.633 0.600 0.433 0.167 A010 0.567 0.467 0.167 0.100 0.867 0.300 0.000 0.767 0.533 0.200 0.000 2.600 0.667 0.667 0.733 A011 1.033 0.367 0.267 0.100 0.200 0.200 0.000 0.967 0.667 0.500 0.000 3.133 0.967 0.667 0.900 A012 1.200 0.667 0.233 0.100 0.400 0.300 0.000 0.600 0.667 0.400 0.000 3.367 0.000 0.000 0.000
ACESSO Q31 Q32 Q33 Q34 Q35 Q36 Q37 Q38 Q39 Q40 Q41 Q42 Q43 Q44 Q45
A001 0.700 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 A004 0.433 0.100 0.000 0.233 0.000 0.000 0.000 0.100 0.000 0.000 1.033 0.000 0.000 0.000 0.000 A005 0.000 0.100 0.000 0.100 0.000 0.000 0.000 0.100 0.000 0.000 1.233 0.000 0.000 0.000 0.000 A010 0.733 0.100 0.000 1.267 0.000 0.000 0.000 0.233 0.000 0.000 8.000 0.000 0.000 0.000 0.000 A011 0.700 0.100 0.000 0.433 0.000 0.000 0.000 0.100 0.000 0.000 5.600 0.000 0.000 0.000 0.000 A012 0.000 0.100 0.000 1.133 0.000 0.000 0.000 0.100 0.000 0.000 4.067 0.000 0.000 0.000 0.000
Continua...
100
101
Continuação...
GRUPO 02 ACESSO Q01 Q02 Q03 Q04 Q05 Q06 Q07 Q08 Q09 Q10 Q11 Q12 Q13 Q14 Q15
A002 0.733 0.000 1.900 0.000 0.000 0.000 0.000 4.300 0.000 5.100 3.200 2.200 0.533 3.100 0.000
A003 0.100 0.000 1.433 0.000 0.000 0.000 0.000 4.500 0.000 10.433 3.967 0.967 0.433 5.700 0.900
A006 0.300 0.000 1.067 0.000 0.000 0.000 0.000 10.733 0.467 5.133 3.600 1.333 0.400 2.133 0.333
A007 0.300 0.000 1.133 0.000 0.000 0.000 0.000 3.333 0.100 7.333 4.833 1.600 0.700 3.600 0.300
A008 0.500 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 31.633 0.000 3.233 4.467 0.000 0.733 5.000 0.000
A009 0.100 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 3.600 0.100 6.567 12.900 0.967 2.067 1.733 0.000
A013 0.667 0.000 0.000 0.000 0.200 0.000 0.000 27.900 2.600 5.833 0.100 1.100 0.000 3.167 0.367 ACESSO Q16 Q17 Q18 Q19 Q20 Q21 Q22 Q23 Q24 Q25 Q26 Q27 Q28 Q29 Q30
A002 0.100 0.100 0.100 0.333 0.000 0.000 0.000 1.100 0.300 0.267 0.000 0.000 0.600 0.967 0.000
A003 0.100 0.100 0.100 0.100 0.000 0.000 0.000 0.100 0.367 0.600 0.000 0.000 1.233 1.833 0.000
A006 0.100 1.400 0.100 0.933 0.000 0.000 0.000 0.000 0.900 0.000 0.000 0.000 0.600 0.867 0.000
A007 0.100 1.033 0.100 0.500 0.000 0.000 0.000 0.000 1.333 0.000 0.000 0.000 0.567 1.367 0.000
A008 0.100 1.267 0.100 0.000 0.000 0.000 0.000 0.233 0.633 0.000 0.000 0.667 0.000 0.867 0.200
A009 0.100 2.033 0.100 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 1.133 0.000 0.000 0.000 0.100 1.133 0.000
A013 0.600 2.200 0.100 0.100 0.300 0.233 0.000 0.100 0.600 0.100 0.000 0.867 0.233 0.933 0.000 ACESSO Q31 Q32 Q33 Q34 Q35 Q36 Q37 Q38 Q39 Q40 Q41 Q42 Q43 Q44 Q45
A002 0.300 0.500 2.333 17.467 0.100 11.433 11.067 0.100 1.267 0.000 2.267 1.600 0.567 0.733 0.000 A003 0.533 0.100 2.733 10.067 0.100 6.367 12.833 0.100 1.933 0.000 1.700 0.800 1.600 0.100 0.000 A006 0.000 2.467 2.033 22.700 0.633 15.400 7.267 0.300 0.667 0.000 1.333 1.167 0.633 0.000 0.000 A007 0.000 1.333 2.767 23.767 0.833 15.433 7.633 0.800 0.933 0.000 1.133 0.000 1.033 0.000 0.000
A008 0.000 0.933 0.633 17.900 0.000 11.000 3.800 0.100 0.333 0.500 1.500 0.000 0.000 0.000 0.000 A009 0.000 3.333 0.667 25.633 0.100 16.300 4.400 0.367 0.300 0.700 1.067 0.467 0.000 0.000 0.000 A013 0.333 2.933 0.700 19.667 0.000 13.433 2.000 0.500 0.200 0.000 0.000 0.733 0.233 0.100 0.767
101
102
APÊNDICE 9. Características dos tricomas de folhas adultas dos dois grupos formados pela análise de agrupamento dos 14 acessos de Lippia alba (Mill) N. E. Br. cultivados no município de Cruz das Almas, BA
Figura 2. Imagem dos tricomas tectores e glandulares de folhas adultas de Lippia alba (Mill) N. E. Br. cultivados no município de Cruz das Almas, BA. (a) Acesso representativo do Grupo 01; (b) Acesso representativo do Grupo 02; (c) Detalhe dos tricomas: TT: Tricoma tector; TG: Tricoma glandular
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APÊNDICE 10. Análise de Variância do tipo de tricoma tector em função dos acessos de Lippia alba (Mill) N. E. Br. cultivados no município de Cruz das Almas, BA. dos dois grupos formados na análise de agrupamento e o tipo de folha (jovem e adulta)
Fator de variação Grau de liberdade
Soma de quadrados
Quadrado médio
Pr>Fc
Acesso 1 2704,00 2704,00 0,0001**
Tipo de folha 1 729,00 729,00 0,0086**
Acesso X Tipo de folha 1 196,00 196,00 0,1302ns
Erro 12 891,00 74,25
Total 15 4520,00
CV (%) 20,27
Média Geral 42,50
** Significativo pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade; * Significativo pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade; ns Não significativo pelo teste de Tukey.
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APÊNDICE 11. Análise de Variância do tipo de tricoma glandular em função dos acessos de Lippia alba (Mill) N. E. Br. cultivados no município de Cruz das Almas, BA. dos dois grupos formados na análise de agrupamento e o tipo de folha (jovem e adulta)
Fator de variação
Grau de liberdade
Soma de quadrados
Quadrado médio
Pr>Fc
Acesso 1 272,25 272,25 0,0001**
Tipo de folha 1 20,25 20,25 0,1603ns
Acesso X Tipo de folha
1 64,00 64,00 0,0208*
Erro 12 108,50 9,041667
Total 15 465,00
CV (%) 52,29
Média Geral 5,75
** Significativo pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade; * Significativo pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade; ns Não significativo pelo teste de Tukey.
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