Antônio Vieira Júnior
Uma pedagogia para
o jornal-laboratório
Tese apresentada ao Departamento de Jornalismo
e Editoração da Escola de Comunicações e Artes da
Universidade de São Paulo, como requisito parcial à
obtenção do título de doutor em Ciências da
Comunicação, área de concentração
Jornalismo, sob orientação do
prof. Dr. Dirceu Fernandes Lopes.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
São Paulo
Janeiro de 2002
Antônio Vieira Júnior
Uma pedagogia para
o jornal-laboratório
Tese apresentada ao Departamento de Jornalismo
e Editoração da Escola de Comunicações e Artes da
Universidade de São Paulo, como requisito parcial à
obtenção do título de doutor em Ciências da
Comunicação, área de concentração
Jornalismo, sob orientação do
prof. Dr. Dirceu Fernandes Lopes.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
São Paulo
Janeiro de 2002
2
Resumo
O objetivo deste trabalho é propor diretrizes pedagógicas para o ensino de
jornal-laboratório espelhadas em critérios de abrangência humanística que
sejam determinantes na valorização da reportagem e na formação de um
jornalista crítico, consciente da responsabilidade que terá na condução de um
jornalismo ético, preciso, verdadeiro. Caracteriza-se como parte de um
projeto de ensino de Jornalismo que não se esgota nele próprio, mas que visa
ordenar o processo ensino-aprendizagem para que sirva de instrumento
didático-pedagógico ao professor.
3
Abstract
The objective of this paper is to propose pedagogic guidelines for the
journal-laboratory teaching based on humanistic approach, determinative to
improve the reporting and to develop a critical and conscious of
responsibility journalist toward an ethical, accurate and true journalism. It is
characterized as part of a journalism teaching project, that never ends, but
purposes to order the teaching-apprenticeship process in order to serve as
didatic-pedagogical tool for the teacher.
4
Dedicatória
Dedico ao meu filho Antônio Vieira Neto, de 10 anos, que vive à luz dos
sonhos de criança e mesmo no Natal e Ano Novo, no sufoco do fechamento,
não me deixou só; ao meu pai Antônio Vieira que me ensinou os
mandamentos da justiça social; à minha mãe Elvira Moraes Vieira que lutou
pela vida com dignidade; ao amigo dos meus pais e padrasto José Bernini
pela acolhida de três meninos, educados com maestria; aos irmãos José
Frederico Pires de Lima e Paulo de Tarso de Sousa que fizeram da infância
um estilo de vida; ao meu orientador prof. Dr. Dirceu Fernandes Lopes por
sua colaboração contínua e inesgotável; ao professor Sebastião Squirra pelo
alerta da importância do estudo científico; aos primos Squirra e Moraes pela
presença constante na minha vida e aos tios e tias Moraes e Vieira que
sempre estiveram ao lado dos meus pais.
5
Agradecimentos
Em especial aos professores responsáveis pelos jornais-laboratório que
responderam ao questionário, aos professores Valderez Helena Gil Junqueira
(Fafica/Catanduva), Paulo Nápoli (Ceuv/Votuporanga) e Arthur Magon
Whitacker (Unirp/Rio Preto) que compreenderam os meus momentos de
tensão e a correria no fechamento da minha tese; aos amigos, inúmeros, que
vivenciaram o meu sonho e ouviam com paciência as minhas explanações
jornalísticas; aos padrinhos e avós do meu filho Ilcon e Janete; a Carlos
Costa pelo exemplo de pai-adotivo; os alunos que contribuiram na pesquisa.
6
Sumário
1 – Introdução 10
1.1 – O papel acadêmico 12
1.2 – Mudanças no ensino de Jornalismo 13
1.3 – Metodologia 15
1.4 – Fases da pesquisa 17
1.5 – Notas e referências bibliográficas 19
2 – Ensino de jornalismo (história e reflexão) 21
2.1 – Propostas e tentativas 23
2.2 – Expansão desenfreada 27
2.3 – Regulamentação e currículo 29
2.4 – Desvinculação e autonomia 32
2.5 – Exigências de laboratórios 41
2.6 – Diretrizes curriculares 45
2.7 – Perfil do jornalista 47
2.8 – Tópicos de estudo 50
2.9 – Estrutura geral do curso 52
2.10 – Prazo para implantar laboratórios 55
2.11 – Processo ensino-aprendizagem 58
2.12 – Provão e qualidade 65
2.13 – Condições de oferta 68
2.14 – Escola itinerante da Fenaj 70
2.15 – Mercado seletivo 72
2.16 – Notas e referências bibliográficas 77
3 – Jornal-laboratório 88
3.1 – Profissão regulamentada 91
7
3.2 – Conceitos de jornal-laboratório 92
3.3 – Perfil do Jornal-laboratório 98
3.4 – Notas e referências bibliográficas 102
4 – Subsídios para um curso de jornal-laboratório 104
4.1 – Jornalismo e atualidade 105
4.2 – Função social 110
4.3 – Ética é fundamental 115
4.4 – Ombudsman é o representante do leitor 119
4.5 – Gêneros jornalísticos 121
4.6 – Texto jornalístico 124
4.7 – Ineditismo da notícia 128
4.8 – Entrevista é básica na apuração 130
4.9 – Reportagem aprofunda a notícia 136
4.10 – O aluno-repórter 143
4.11 – Pauta serve de guia 145
4.12 – Lead não dispensa criatividade 148
4.13 – Título leva à leitura 150
4.14 – Edição seleciona e hierarquiza 151
4.15 – Linha editorial define características 153
4.16 – Cronograma de atividades 156
4.17 – Orientação bibliográfica 158
4.18 – Notas e referências bibliográficas 162
5 – Manual de Redação para Jornal-Laboratório 166
5.1 – Conceitos de manual de redação 169
5.2 – Objetivos do manual de redação 170
5.3 – Regras 175
5.4 – Definições 214
8
5.5 – Siglas 229
5.6 – Presidentes da República 242
5.7 – Estados, capitais e regiões 249
5.8 – Países, capitais e continentes 251
5.9 – Notas e referências bibliográficas 260
6 – O olhar do professor 262
7 – Conclusão 292
7.1 – Propostas abertas
294
7.2 – Notas e referências bibliográficas 297
8 – Bibliografia 298
9 – Anexos 307
9
1
Introdução
Na era da globalização, o mercado, idéias e informações estão redefinindo
seu papel e o caminho a percorrer, transformando cada vez mais o mundo
10
num espaço cosmopolita. Por isso, a troca de conhecimento precisa ser
renovada ininterruptamente. Nessa busca, o jornalismo passa a ser o
principal veículo de transição. Essa busca requer uma crescente qualidade na
análise dos fatos, revelada pela capacidade de neutralizar a interferência
política na cobertura jornalística e aprofundar os assuntos de interesse
público sem perder a vivacidade jornalística. A proposta de uma pedagogia
para o jornal-laboratório é fruto desse processo de redefinição da sociedade e
do ensino de jornalismo. A finalidade é colaborar no enriquecimento e na
qualidade do jornal-laboratório que serve de instrumento prático ao aluno.
O projeto de elaborar uma proposta pedagógica para jornal-laboratório
nasceu da minha experiência na coordenação de projetos laboratoriais em
algumas faculdades brasileiras. O objetivo é auxiliar o professor de
Jornalismo na produção e difusão de jornal-laboratório, mas a intenção não é
criar um modelo padronizado, pronto e acabado. Na verdade, ele se justifica
porque servirá ao professor e também ao aluno, que o terão como referência
na elaboração de uma pauta, na preparação e realização de uma entrevista,
na redação uma notícia ou reportagem e na edição. A proposta pedagógica,
que contém teoria e prática, é fundamental para o processo ensino-
aprendizagem. O projeto não pretende, contudo, uniformizar a produção e
difusão do jornal-laboratório.
O registro de dar harmonia ao texto jornalístico e ao exercício profissional
teve como um dos principais incentivadores o norte-americano Fraser Bond,
quando elaborou o livro Introdução ao jornalismo. O trabalho do professor
preencheu um vazio que existia na década de 50, pela escassez de literatura
que esclarecesse as diretrizes do jornalismo. Fraser Bond, já naquela época,
se preocupava em valorizar e conceituar o jornalismo. Ou seja, entendia que
para se fazer jornal e exercer a profissão não bastava ser jornalista, era
11
fundamental o respeito aos princípios éticos e que a disciplina regesse o bom
profissional. Fraser Bond não se preocupou apenas com regras e normas de
conduta, mas em lembrar aos futuros jornalistas e aos profissionais que
informar o público requer honestidade, exatidão e isenção.
Um dos objetivos da minha proposta é orientar o aluno a refletir sobre a
importância do espírito crítico e análitico no relato do fato jornalístico.
Mostram que o exercício profissional requer cuidados e zelo e que o trabalho
é coletivo e o tempo é fundamental na prática jornalística.
A proposta visa também indicar caminhos para o aluno fugir do padrão
mecanicista que alguns jornais brasileiros usam como instrumento de
informação. Não se resume a direcionar o futuro jornalista no relato do
imediato, mas fazê-lo entender a importância da prática jornalística em
defesa do interesse público.
A proposta pedagógica não é uma cartilha institucional com informações
meramente administrativas ou uma bula com prescrições e contra-
indicações. Ela se caracteriza por sensibilizar o aluno a captar e noticiar de
forma diferenciada, mas sem perder a imparcialidade, a clareza, a exatidão, a
originalidade e se preocupar com a narrativa ao sintetizar o fato jornalístico.
Visa também aguçar o futuro jornalista a pesquisar e se adequar aos hábitos
de leitura que devem e precisam fazer parte do seu cotidiano.
1.1 – O papel acadêmico
A universidade desempenha funções importantes na sociedade
contemporânea e enfrenta desafios que vão além do campus. A universidade,
para bem cumprir o seu papel de multiplicadora de idéias, precisa estar
atenta ao processo social e, além de formar profissionais para atender às
necessidades do mercado, deve fundamentalmente aprimorar e ampliar o seu
relacionamento com a comunidade na qual está inserida. Na verdade, a
12
universidade precisa participar de forma produtiva do processo de
desenvolvimento econômico e social, fundamental para que a sociedade
brasileira supere suas desigualdades.
Para prestar bons serviços e competir com sucesso, tem de dinamizar a
busca da melhoria da qualidade de ensino capaz de formar profissionais não
só críticos de sua realidade, mas cidadãos identificados com sua comunidade
e que saibam interpretar, analisar, explicar e contextualizar os fatos
jornalísticos. Para isso, a universidade deve aperfeiçoar o corpo docente que
é responsável em produzir conhecimento e capacitar profissionais.
Professores e técnicos de apoio bem preparados consolidam a
diferenciação mercadológica e estimulam o futuro universitário a se integrar
ao seleto grupo de cidadãos qualificados intelectualmente e tecnicamente
vinculados à realidade do mercado. A universidade deve produzir idéias que
possam contribuir de forma prática no equilíbrio sócio-econômico.
O jornalismo é peça indispensável deste processo de integrar a
universidade à comunidade, porque, além de informar, assume o papel
formativo. Ou seja, ele vai além das fronteiras do jornalismo preocupado
apenas em colocar nas páginas os últimos acontecimentos que foram
transformados em notícias. Ele deve reportar em suas linhas que o sujeito
não é somente coadjuvante, mas faz parte da história. Em verdade, o
jornalismo é real e ativo porque, ao mesmo tempo em que reconstitui de
forma minuciosa, criteriosa e verídica o fato jornalístico, possibilita ao leitor
a enriquecedora e oportuna reflexão.
1.2 – Mudanças no ensino de Jornalismo
As mudanças no ensino de Jornalismo foram várias até a chegada da LDB
e as críticas também foram se incorporando a essas experiências de
implantação de currículos. A história curricular dos cursos de Comunicação
13
Social demonstra como foram se desenvolvendo e se articulando as
tendências burocráticas e administrativas, fragmentando a formação
humanística do aluno, a linguagem jornalística e a própria escola.
Nesse impasse para definir o currículo que se adequasse ao melhor estilo
de ensinar Jornalismo no Brasil, jornalistas, intelectuais e professores
reivindicavam o direito a uma escola que unisse teoria e prática, mas que
não afetasse o processo ensino-aprendizagem e muito menos os veículos
laboratoriais.
Antes mesmo do antigo Conselho Federal de Educação baixar as resoluções
631/69, que exigia, e 2/84, que tornava obrigatória a implantação de
equipamentos e o funcionamento pleno de veículos laboratoriais em todas as
escolas, o professor José Marques de Melo, da ECA/USP, já comentava e
solicitava as atividades laboratoriais como extensão da prática jornalística.
Em 1967, o professor ao propor diretrizes para jornal-laboratório fez a
seguinte observação: “Constitui o instrumento básico de um curso de
Jornalismo no sentido de integrar os estudantes na problemática da futura
profissão”.1 Já o professor Dirceu Fernandes Lopes, também da ECA/USP e
da Facos/UniSantos, disse: “Precisamos considerar que o jornal-laboratório é
uma prática jornalística, mas não esquecer que é um laboratório de
aprendizagem fundamentado em diretrizes pedagógicas e estruturas
didáticas.”2 No entanto, o professor Francisco Torquato do Rego, da
ECA/USP, advertia: “A ênfase na morfologia do jornal reflete, aliás, um
corriqueiro erro de visão dos cursos e professores de jornalismo, certamente
ainda estribados na tradicional maneira de ver o jornalismo sob a ótica
exclusiva do grande jornal diário.”3 Ele dizia que o jornalismo especializado
concentrava experiências mais ricas e diversificadas que o jornal diário, mas
questionava: “Por que se pensar em propostas grandiosas, caras e que, a
14
maioria dos casos, não permitem uma sistematização do conhecimento
jornalístico?”4 Nota-se que a preocupação do professor era com o uso
exclusivo da técnica no ensino de Jornalismo, porque no jornal diário
emprega-se mais a técnica e exige-se pouca teoria. Enquanto que no
jornalismo laboratorial o cuidado deve-se voltar ao teórico-reflexivo.
1.3 – Metodologia
O presente trabalho é um estudo exploratório que nasceu da proposta de
estruturar um curso de jornal-laboratório, que se torna uma contribuição
fundamental no momento em que a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e as
Diretrizes Nacionais Curriculares superaram a camisa-de-força imposta pela
Resolução 02/84. Para Antônio Carlos Gil, pesquisa exploratória é
“desenvolvida com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo
aproximativo, acerca de determinado fato”.5
De acordo com as exigências do trabalho, foram empregados, para coleta
dos dados, os seguintes instrumentos:
1) Pesquisa bibliográfica. “A pesquisa bibliográfica é meio de formação por
excelência. Como trabalho científico original, constitui a pesquisa
propriamente dita”, ensinam A. L. Cervo e P. A. Bervian.6 Houve
levantamento de:
a) livros dos diferentes setores relacionados à área de comunicação, em
particular ao ensino de Jornalismo e jornal-laboratório;
b) grade curricular, Lei de Diretrizes e Bases (LDB), Diretrizes
Nacionais Curriculares;
c) artigos científicos públicados em jornais e revistas, relatórios de
pesquisas.
2) legislação voltada ao ensino de Jornalismo no Brasil.
15
3) Estudo da documentação. Este ítem é apontado por Ezequiel Ander-Egg7
como um dos aspectos principais, nos estudos formulativos, ao lado do
contato direto com a problemática a estudar.
4) Questionários. Segundo Roberto Jarry Richardson, o questionário cumpre
pelo menos duas funções: descrever as características e medir
determinadas variáveis de um grupo ou individual.8
5) Entrevistas. “A entrevista – observa Roberto Jarry Richardson – é uma
técnica importante que permite o desenvolvimento de uma estreita
relação entre as pessoas.”9 Optei em elaborar um roteiro de 15 perguntas
abertas voltadas exclusivamente ao curso de Jornalismo, em particular, ao
jornal-laboratório. Quem caberia respondê-las era o professor responsável
pelo veículo laboratorial. Cerca de 80% das entrevistas foram feitas por
e-mail, algumas delas agendadas por telefone. Os professores que
receberam as perguntas tinham conhecimento da minha pesquisa. A
escolha dos entrevistados foi aleatória, mas com o devido cuidado de não
selecionar professores de uma mesma cidade ou que coordenassem mais
de um jornal-laboratório.
6) Observação participante. Para Antônio Carlos Gil, observação
participante “consiste na participação real do observador na vida da
comunidade, do grupo em uma situação determinada. Daí por que se
pode definir observador participante como a técnica pela qual se chega ao
conhecimento da vida de um grupo a partir do interior dele mesmo.”10 Gil
também comenta que a observação constitui elemento fundamental para a
pesquisa, na formulação do problema, construção de hipóteses, na coleta,
análise e interpretação de dados. “Observação nada mais é que o uso dos
sentidos com vistas a adquirir os conhecimentos necessários para o
cotidiano.”11 Como jornalista e professor de jornal-laboratório tenho
16
condições de atuar como observador participante do ponto de vista
científico e técnico. A minha observação foi estruturada e planejada. E
foi se transformando com o desenvolver da pesquisa e em decorrência de
fenômenos que surgiam. Ou seja, nos contatos com alunos do jornal-
laboratório, com professores de outras disciplinas, de outros cursos e
escolas, na produção de difusão de jornal-laboratório. No dia a dia da
vida acadêmica, a observação me ajudou a conhecer e compreender a
importância do jornal-laboratório na formação do futuro profissional.
7) Análise dos dados, assim definida por Antônio Carlos Gil: “A análise tem
como objetivo organizar e sumariar os dados.”12 Os dados foram
classificados por capítulos, para atender à proposta pedagógica.
1.4 – Fases da pesquisa
A pesquisa está dividida em nove capítulos.
O primeiro é a Introdução.
O segundo capítulo, Ensino de Jornalismo (história e reflexão), faz um
relato histórico e reflexivo desde as primeiras idéias (1908) de se criar um
curso de Jornalismo no Brasil até a implantação da Lei de Diretrizes e Bases
(LDB). A primeira iniciativa foi do jornalista Gustavo Lacerda, presidente
da então Associação de Imprensa. Quase duas décadas depois, em 1935, o
educador baiano Anísio Teixeira tentou implantar o curso de Jornalismo na
Universidade do Distrito Federal, mas fracassou. Em 13 de maio de 1943, o
presidente Getúlio Vargas assina o decreto-lei 5.480 criando o curso de
Jornalismo, mas vinculado à Faculdade Nacional de Filosofia, outro
fracasso. Foi pelas mãos de Cásper Líbero que nasce o primeiro curso de
Jornalismo, mas que começou a funcionar em convênio com a Pontifícia
17
Universidade Católica de São Paulo. São mais de 50 anos de críticas, de
várias mudanças curriculares e de uma expansão desenfreada.
18
O terceiro capítulo, Jornal-laboratório, faz uma análise do conceito,
objetivo, perfil, isenção e da importância desse veículo na formação do
jornalista. Até a homologação da Resolução 2/84, que torna obrigatória a
difusão e produção do jornal-laboratório, o aluno praticava jornalismo
quando conquistava alguma vaga em uma redação. Como o MEC não fazia
uma vigilância rigorosa, as escolas não adotavam o jornal-laboratório como
exercício de rotina, e algumas o usavam como veículo institucional,
prejudicando o processo ensino-aprendizagem.
O quarto capítulo, Subsídios para um curso de jornal-laboratório, é o
alicerce da tese. Nele se concentra o resumo da história do jornalismo, da
sua ligação com a classe burguesa, da sua função social e o direito à
informação. Registra a ética jornalística, gêneros jornalísticos, a notícia, a
entrevista, a reportagem como aprofundamento da notícia e sua importância
no enriquecimento do exercício jornalístico, o papel do jornalismo como
interprete do leitor no relato do imediato, o significado da pauta na apuração
do fato jornalístico. Na verdade, o capítulo enfoca as várias fases do fazer
jornalístico como parte do processo ensino-aprendizagem.
O quinto capítulo aborda a utilização do Manual de redação no jornal-
laboratório. Além de dar unidade ao texto produzido pelo aluno, o manual é
dirigido aos projetos laboratoriais do curso. Ou seja, se diferencia dos
manuais adotados pelos grandes jornais brasileiros. Por ser acadêmico, não
se restringirá a normas de estilo e técnicas. Além de determinar a unidade do
projeto laboratorial, o manual terá conceitos sobre determinados temas,
como, por exemplo, ética, responsabilidade social do profissional, gêneros
jornalísticos.
19
O sexto capítulo, O olhar do professor, contém depoimentos de
professores de jornal-laboratório de escolas brasileiras. Eles relatam a
metodologia de trabalho, as dificuldades, o conhecimento abrangente de
humanidades no enriquecimento do aluno, a importância do jornal-
laboratório como exercício prático, quem define a linha editorial do jornal-
laboratório, o método que adotam para motivar o aluno, o conceito de fazer
jornalismo com critério ético. Eles foram unânimes quanto a importância do
jornal-laboratório na formação do jornalista.
O sétimo capítulo, Conclusão, contém propostas abertas para o
enriquecimento do curso de jornal-laboratório. Na verdade, são idéias que
podem ser colocadas em prática pelo professor no sentido de dar harmonia,
independência e qualidade na produção e difusão do jornal-laboratório. Não
é uma proposta fechada, porque o fazer jornalístico não se finda no
encerramento de cada edição. É um processo contínuo como são os
acontecimentos que se transformam em fatos jornalísticos.
1.5 – Notas e referências bibliográficas
1 – MELO, José Marques de. In: MEDITSCH, Eduardo e BRAGANÇA,
Aníbal. A questão curricular: do impasse à reinvenção. In: Ensino de
Comunicação no Brasil: impasses e desafios. São Paulo, ECA/USP, 1988.
2 – LOPES, Dirceu Fernandes. In: SILVA, Luiz Custódio. Órgãos
laboratoriais: da resistência aos novos caminhos experimentais. In: Ensino
de Comunicação no Brasil: impasses e desafios. São Paulo, ECA/USP, 1988.
3 – REGO, Francisco Torquato. In: SILVA, Luiz Custódio. Órgãos
laboratoriais: da resistência aos novos caminhos experimentais. In: Ensino
de Comunicação no Brasil: impasses e desafios. São Paulo, ECA/USP, 1988.
20
4 – REGO, Francisco Torquato. In: SILVA, Luiz Custódio. Órgãos
laboratoriais: da resistência aos novos caminhos experimentais. In: Ensino
de Comunicação no Brasil: impasses e desafios. São Paulo, ECA/USP, 1988.
5 – GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo,
Atlas, 1989.
6 – CERVO, A. L. e BERVIAN, P.A. Metodologia científica. São Paulo,
McGraw-Hill, 1983.
7 – ANDER-EGG, Ezequiel. Introducción a las técnicas de investigación
social. Buenos Aires, Humanitas, 1974.
8 – RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. São
Paulo, Atlas, 1989.
9 – RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. São
Paulo, Atlas, 1989.
10 – GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo,
Atlas, 1989.
11 – GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo,
Atlas, 1989.
12 – GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo,
Atlas, 1989.
21
2
Ensino de Jornalismo
(história e reflexão)
22
O ensino de Jornalismo no Brasil é criticado desde a sua implantação em
16 de maio de 1947, quando começou a funcionar o Curso de Jornalismo
Cásper Líbero, em convênio com a PUC São Paulo. São mais de 50 anos de
reclamações feitas pelas empresas jornalísticas que até montaram cursos
para reciclar estudantes e recém-formados – Editora Abril, O Estado de S.
Paulo, Folha de S. Paulo, são exemplos. O diretor da Faculdade de
Comunicação Social Cásper Líbero, Erasmo de Freitas Nuzzi, diz que a
crítica ao ensino de Jornalismo “é contemporânea de seu próprio
nascimento”.1
A polêmica sobre a qualidade do ensino de Jornalismo gerou preocupação
mas também descaso, principalmente após 1964 quando a educação foi
abandonada pelo regime militar. Existem escolas que optaram em formar
profissionais para o mercado de trabalho, mas sem a preocupação de
estimular o futuro jornalista a refletir sobre a atividade que irá desempenhar
e a compreender os mecanismos envolvidos no processo de produção e
difusão da mensagem jornalística e seu impacto sobre a sociedade. Algumas
contrataram profissionais do mercado, que, embora com uma indiscutível
carreira, não tinham vivência acadêmica; outras recrutaram recém-formados
para ministrar aulas. O resultado foi a formação de uma mão-de-obra
desqualificada e um quadro docente não compatível com o que o curso
propunha: integrar teoria e prática.
A valorização do tecnicismo e do mercado de trabalho em detrimento à
formação teórica-humanística é explicada por Nancy Nuyen Ali Ramadan,
doutora em Jornalismo na ECA/USP e que desenvolveu projeto de pesquisa
sobre o tema: “São esses os docentes que normalmente estão preocupados
em adestrar os estudantes, tecnicamente falando, sem preocupações com o
23
papel do Jornalismo enquanto atividade social. Em geral, esses docentes
estão voltados para os fins das empresas: vender.”2
Victor Gentili, doutorando na ECA/USP, diz que a escola de Jornalismo é
esquizofrênica porque ensina teoria da comunicação e não Jornalismo.
“Muitas vezes mostram os meios como meros instrumentos de manipulação
das massas ao mesmo tempo em que oferecem uma prática acrítica e
meramente reprodutora do jornalismo como hoje é praticado.” O jornalista
afirma ainda que isso significa que a relação com o mercado de trabalho ou
não existe, ou, quando existe, “é marcada pela cópia de práticas velhas,
viciadas, antigas do Jornalismo que os cursos devem superar e não
reproduzir de forma caudatária.”3
Em conseqüência, houve uma atrofia no perfil profissional. O recém-saido
da faculdade não atende, muitas vezes, às exigências do mercado por não ser
um polivalente.
2.1 – Propostas e tentativas
Em 1908, 100 anos após a instalação da imprensa no Brasil, o jornalista
Gustavo Lacerda, ao assumir a presidência da Associação da Imprensa, hoje
Associação Brasileira de Imprensa (ABI), estabeleceu como meta a criação
de um curso de Jornalismo. Dez anos mais tarde, em 1918, quando da
realização, no Rio de Janeiro, do 1º Congresso Brasileiro de Jornalistas,
promovido pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI), sob a presidência
de João Guedes de Melo, foi levantada novamente a idéia de criar o curso de
Jornalismo.4 Já a primeira tentativa foi do educador baiano Anísio Teixeira,
quando criou, no Rio de Janeiro, em 1935, a Universidade do Distrito
Federal e incluiu o curso de Jornalismo. Anísio Teixeira convidou o
jornalista Costa Rego, então redator-chefe do Correio da Manhã, para
organizar o curso, que não saiu do papel.5
24
Entre 1928 e 1929, Assis Chateaubrind escrevia artigos publicados nos
Diários Associados defendendo a criação da escola de Jornalismo. O
pioneiro do jornalismo em rede de jornais, argumentava que a Itália e
Estados Unidos já tinham as suas escolas funcionando bem.6 Mas só foi em
1943, quando Getúlio Vargas assinou Decreto-Lei, nº5.480, de 13 de maio
de 1943, criando o curso de Jornalismo, que deveria ser ministrado na
Faculdade Nacional de Filosofia.7 A Associação Brasileira de Imprensa
(ABI), sindicatos das categorias dos empregadores e empregados
cooperariam no projeto.8
Mas a preparação do jornalista na universidade começou em 1947, com a
instalação da Faculdade de Jornalismo Cásper Líbero, em São Paulo, através
de convênio com a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, vinculada
à Faculdade de Filosofia. No ano seguinte, foi criado o curso de Jornalismo
da Faculdade Nacional de Filosofia, no Rio de Janeiro. “Na verdade, a
trajetória apresentada não está dissociada de um conjunto de lutas e batalhas
que vem sendo travadas desde o início da criação dos cursos de Jornalismo
no Brasil, em defesa de melhores condições de ensino, de aperfeiçoamento e
de novas perspectivas pedagógicas para o processo de aprendizagem das
atividades profissionais relacionadas com a comunicação social no país”,
disse Luiz Custódio da Silva.9
Na avaliação do professor Luiz Beltrão, ambas as escolas se inspiraram
nas correntes pedagógicas norte-americanas de Pulitzer e Elliot. “Mais
humanísticas do que técnico-profissional, e isso não somente pela falta de
equipamento nas escolas como pela própria inexperiência dos professores, a
maioria dos quais sabia fazer jornalismo mas não sabia ensinar teoricamente
a fazê-lo.”10
25
Filho adotivo do ensino superior brasileiro (o termo foi usado porque a
escola de Jornalismo nasceu acoplada às faculdades de Filosofia e não tinha
autonomia), o ensino de Jornalismo não foi diferente de outros cursos que
“exprimiam a concepção do mundo das classes dominantes”.11
O passado aponta as ações ilimitadas e infrutíferas, na maioria das vezes,
por parte do governo na escolha do currículo ideal para o ensino de
Jornalismo, mas sempre privilegiando a elite brasileira.
O diagnóstico do ensino de Jornalismo registra a complexidade na busca
de soluções para superar a constante crise. No geral, as reformas curriculares
são recursos paliativos adotados pelo governo. “Mera ilusão, pois os
currículos constituem apenas uma variável secundária da questão principal,
que é a própria estrutura do ensino brasileiro e seus fundamentos sociais e
ideológicos”, disse José Marques de Melo.12
A idéia de formar jornalistas na academia nasceu dos próprios
profissionais da Imprensa, mais precisamente do então presidente da ABI,
Gustavo Lacerda. Mas foi após o decreto 972, de 17 de outubro de 1969,
período de conturbação política com a promulgação do AI-5, que
estabeleceu o exercício profissional somente aos jornalistas diplomados, que
o movimento se consolidou. Os contrários ao ensino de Jornalismo alegavam
que a profissão se aprende nas redações e não nos bancos universitários e
criticavam a baixa qualidade do ensino. No primeiro semestre de 1982,
quando os principais jornais de São Paulo atacavam em seus editoriais,
artigos e notícias a tese da reserva de mercado de trabalho, o jornalista
Carlos Chagas defendia o ensino de Jornalismo: “as escolas são ruins, não
há dúvida, como péssimo está sendo todo o ensino superior brasileiro, mas o
caminho não é o fechamento das escolas e sim o seu aperfeiçoamento”.13
26
Não foi a batalha decisiva porque novos episódios aconteceriam. O mais
polêmico e combativo foi durante a elaboração da Constituição de 1988
quando a Folha de S. Paulo encabeçou um lobby, para pôr fim à
obrigatoriedade do diploma para o exercício profissional. Em agosto de
1999, o professor Nilson Lage, da Universidade Federal de Santa Catarina,
em palestra no 2º Encontro Latino-americano de Professores de Jornalismo,
realizado na capital paulista, usou o seguinte argumento para defender o
aprender jornalístico na universidade: “A responsabilidade envolvida no
tráfego de informações, a sofisticação tecnológica e a relevância do direito
dos cidadãos indicam a necessidade de estudos demorados para a prática do
Jornalismo – estudos que, como acontece com as demais profissões de nível
superior, deverão estender-se por toda a vida.”14
A decisão da juíza substituta Carla Abrantkoski Rister, da 16ª Vara Cível
de Justiça Federal em São Paulo, no dia 23 de outubro de 2001, de derrubar
a exigência de diploma para a função de jornalista em todo território
brasileiro, colocou novamente em debate a função da escola na formação do
futuro profissional. Para justificar a liminar suspensiva, Carla Rister alegou
que o curso universitário de Jornalismo não é essecial para a formação do
jornalista, “por não apresentar qualificações profissionais específicas,
diferentemente de profissões técnicas como engenharia.”15
Segundo Carla Rister, o decreto-lei 972/69, que exige o diploma para o
exercício profissional, “contraria parâmetros da Constituição de 1988.”16 Já o
presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo,
Frederico Barbosa Ghedini, diz que a juíza citou apenas parte desse mesmo
artigo, confundindo liberdade de expressão com regulamentação profissional
com qualificação. “A regulamentação, em seu formato atual, é fundamental
27
para garantir o direito à informação qualificada, ética, democrática e cidadã
para toda a população”.17
A Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
(Intercom) teve um papel fundamental em defesa da obrigatoriedade do
diploma, promovendo debates entre professores, alunos, entidades,
sindicatos, cursos e publicações referenciando a importância do curso de
Jornalismo na formação do profissional.
Já nos Estados Unidos o ensino de Jornalismo foi criticado por
profissionais que entendiam que o cotidiano de uma redação era o suficiente
para formar um jornalista responsável, ético e compromissado com o leitor.
Carlos Rizzini, em seu livro O Ensino de Jornalismo, publicado pelo
Departamento de Imprensa Nacional (DIN), de 1953, faz um relato do
surgimento da escola de Jornalismo nos Estados Unidos e reforça que o
jornalismo é uma atividade em que a vocação pode expandir-se pelo
processo ensino-aprendizagem. “Cabe ao ensino universitário instruir,
educar, orientar e ilustrar as vocações, para que maiores sejam aqueles
efeitos e, para que, de modo geral se eleve o nível da imprensa.” Na avalição
de Carlos Rizzini, os contrários ao ensino de Jornalismo terão de reconhecer
a superioridade de um jornalista culto.18
2.2 – Expansão desenfreada
O Brasil tem mais de 110 cursos de Jornalismo, entre escolas públicas,
confessionais, municipais e particulares e mais de 22 mil alunos do primeiro
ao quarto ano. (Os dados são estimativos, baseados no número de estudantes
que fizeram o Provão 2000, mais de 5.271 mil. Na estimativa foram
incluídos cursos que ainda não formaram jornalistas. O MEC não dispunha
do número de escolas que começaram a funcionar entre 1998 e 2000.) A
28
explosão dos cursos de Jornalismo aconteceu no final da década 70, na
década de 80 e se consolidou nos anos 90.
Os números são preocupantes: levantamento feito pelo jornal O Estado de
S. Paulo, publicado na edição de 24 de dezembro de 2000, página A10,
caderno Geral, registra que entre as 50 piores universidades do Brasil, 10
têm o curso de Jornalismo. O professor Sinval Freitas Medina, da ECA/USP,
em 1972, já alertava para o perigo que poderia trazer a criação
indiscriminada de cursos. “Foi reconhecida a necessidade de se criarem
mecanismos que impeçam o surgimento indiscriminado de escolas. Essa
tendência, que se tem acentuado nos últimos anos, provocará pressões
insustentáveis sobre o mercado de trabalho em futuro próximo.”19 Diante da
instabilidade pedagógica de dezenas de escolas, o Governo precisou tomar
medidas para conhecer na essência a realidade dos cursos e o conhecimento
jornalístico e humanístico do aluno. Em função disso nasceram o Exame
Nacional de Cursos (Provão) e a Avaliação das Condições de Oferta dos
cursos de Jornalismo como balisadores do ensino de Jornalismo.
Um dos pontos mais discutíveis é a criação da escola sem uma análise
criteriosa para a instalação na sociedade em que será inserida. A
superlotação ocupacional de escolas superior à capacidade de absorção do
mercado desvaloriza a mão-de-obra especializada, torna o curso ineficiente.
Esta afluência aos cursos de forma desordenada inflacionou o mercado e
descaracterizou o profissional. O ganhador do Prêmio Nobel de Literatura,
Gabriel Garcia Marques, também vê deficiência na formação profissional
das escolas de Jornalismo e lembra que não existem critérios na instalação
de escolas. O escritor diz que a criação das escolas de Jornalismo foi uma
reação “escolástica contra o fato de o ofício precisar de respaldo
acadêmico”. Ele afirma ainda que a proliferação das escolas “não é
29
alentadora” e que a maioria dos graduados “chega com deficiências
flagrantes”.20
Já o jornalista e ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais
no Estado de São Paulo, Antônio Carlos Fon, é mais crítico quanto à
instalação de cursos de Jornalismo sem uma avaliação. “A maioria não passa
de arapucas que cobram pedágio dos alunos durante quatro anos.”21
É claro que existem disparidades regionais acentuadas e com problemas
ainda não superados. Por ser a região mais rica da Federação, o Estado de
São Paulo concentra o maior número de escolas de Jornalismo. São mais de
30. São José do Rio Preto, com 350 mil habitantes, a 450 quilômetros da
capital paulista, tem três escolas de Jornalismo que formam anualmente mais
de 60 jornalistas. Tem dois jornais diários (Diário da Região e Folha de Rio
Preto), dez rádios e três emissoras de televisão (Globo, Record e TV da
Cidade) e duas sucursais (SBT e Band). Já Porto Velho, capital de Rondônia,
isolada dos centros mais desenvolvidos, com mais de 334 mil habitantes,
tem quatro jornais diários (Alto Madeira, O Estadão do Norte, Folha de
Rondônia e Diário da Amazônia), três emissoras de televisão, dezenas de
assessorias de Imprensa (municipal, estadual, federal), cinco emissoras de
rádio, 217 jornalistas filiados ao sindicato da categoria (33 são diplomados)
e uma universidade federal que não tem curso de Jornalismo.
2.3 – Regulamentação e currículo
Regulamentado pelo Decreto 22.245, de dezembro de 1946, assinado pelo
presidente Eurico Gaspar Dutra, o curso de Jornalismo foi oficializado e
ganhou sua grade curricular. Com duração de três anos, a grade estava
dividida em três seções: Seção de Formação, Seção de Aperfeiçoamento e
Seção de Extensão Cultural. A Seção de Formação era estruturada em três
séries e tinha as seguintes matérias: Francês ou Inglês, Geografia Humana,
30
História da Civilização, Técnica de Jornalismo (exigia também estágio em
uma empresa jornalística), Ética e Legislação de Imprensa, Sociologia,
Português e Literatura, Política, História do Brasil, História da Imprensa,
Psicologia Social, Economia Política, Noções de Direito e Organização e
Administração de Jornal. Para completar uma das séries, o aluno optava em
cursar duas outras disciplinas, tendo a possibilidade de escolher entre as
seguintes: Introdução à Filosofia, História Contemporânea, História da
América, Histórias das Artes, História da Música, Direito Administrativo,
Direito Constitucional, Educação Comparada e Estatística. A Seção de
Aperfeiçoamento consistia em conferências e trabalhos práticos. Oferecida a
qualquer interessado, a Seção de Extensão continha Filosofia, Geografia
Humana, Psicologia e Sociologia, Teoria do Estado e Administração
Pública, Direito (Constitucional, Internacional, Civil, Comercial e Criminal),
História da Civilização, História da Cultura (Literatura, Belas-Artes, Teatro,
Música, Ciências, Religiões, Esportes, Indústria e Comércio), Economia e
Política, Finanças, Educação, Organização do Trabalho e Estatística.
Sem autonomia, o curso de Jornalismo se pautava em disciplinas teóricas
na formação profissional. “O perfil curricular centrava-se nas disciplinas
humanísticas das ciências sociais, com embasamento teórico-cultural, até
porque o próprio curso estava subordinado à Faculdade de Filosofia”,
registra Maria Elisabete Antonioli Laurenti.22
Embora tivessem o caráter profissionalizante, os cursos de Jornalismo
também assumiram características de formação humanística, criando uma
dicotomia entre teoria e prática que persiste até hoje em muitas escolas. Em
mais de meio século de existência, o currículo de Jornalismo passou por
várias transformações que vão do humanístico ao tecnicismo
profissionalizante.
31
Nesse período de mutação e adaptação do currículo à realidade brasileira
e aos interesses dos donos das escolas, milhares de novos jornalistas sairam
dos bancos acadêmicos para enfrentar um mercado cada vez mais
competitivo e seleto.
O primeiro currículo de ensino de Jornalismo foi o da Cásper Líbero e
tinha duração de três anos, dois básicos e um de especialização. O primeiro
ano tinha as seguintes disciplinas: Técnica de Jornal; Ética, História e
Legislação de Imprensa; Administração de Jornal; História da Civilização;
Língua Portuguesa e Literatura de Língua Portuguesa; e Geografia Humana.
Segundo ano: Técnica de Jornal; Publicidade; Língua Portuguesa e
Literatura de Língua Portuguesa; História do Brasil, História
Contemporânea; e Geografia do Brasil. Das dez disciplinas, quatro eram
técnicas. E o terceiro ano, o da especialização, era dividido em três grupos, o
aluno poderia escolher um deles. 1) Rádiojornalismo; Técnica de Jornal;
Sociologia; Economia; Política e Administração Pública; 2) Rádiojornalismo
ou Técnica de Periódico; Técnica de Jornal; História das Artes; Literatura de
Língua Portuguesa e Literatura Contemporânea; 3) Rádiojornalismo; Técnica
de Jornal; Introdução à Educação; Psicologia Social e Criminologia.
A complexidade da grade curricular levou Carlos Rizzini a fazer a
seguinte observação: “O plausível é que o aluno, terminados os dois anos
básicos, escolhesse uma especialização técnica, de redação, de reportagem,
de publicidade, de administração, em vez de preferir um grupo de disciplinas
de cultura geral”.23
Contrário a esse critério de formação jornalístico, Carlos Rizzini propunha
um currículo em que a teoria fosse transformada em prática. Ou seja,
disciplinas que estivessem relacionadas com a atividade jornalística, mas
não abandonando algumas de cultura geral.
32
Em março de 1948, o presidente Eurico Gaspar Dutra assina decreto,
número 24.719, autorizando a primeira alteração na grade curricular do
curso de Jornalismo. Mantendo o perfil humanístico, foi incluída a disciplina
Radiofusão, principalmente porque o rádio, naquela época, era o marco da
informação brasileira. Outra modificação foi a substituição da disciplina
Organização e Administração de Jornal pela Publicidade, Organização e
Administração de Jornal. A inclusão da Publicidade foi porque o mercado
brasileiro se expandiu após a 2ª Guerra Mundial.24
Ainda no governo Dutra, em março de 1949, um novo decreto, número
26.493, mexe novamente na grade curricular do curso de Jornalismo. Na
Seção de Formação, as disciplinas Francês e Inglês passaram a ser
facultativas. A Seção de Aperfeiçoamento foi dividida em dois módulos:
Aperfeiçoamento em Técnica e Aperfeiçoamento em Cultura geral. A
proposta era intensificar a qualificação técnica do futuro jornalista.25
O decreto nº 28.923, de 1º de dezembro de 1950, faz mais uma alteração
na grade curricular do Jornalismo. A estrutura curricular foi dividida em
duas partes: uma de duas séries e outra de uma série. A primeira era
oferecida a todos os alunos. A segunda tinha três modalidades: A, B, C. A
escolha era livre. As disciplinas Radiojornalismo e Técnica de Periódico, por
exemplo, eram oferecidas aos alunos das modalidades A e B. Eram
compreendidas como atividades práticas, de preferência em organizações
jornalísticas ou radiofônicas. O artigo 6º determinava a titulação em
Bacharel em Jornalismo no diploma expedido a partir de 1950. Já o parecer
453, de 31 de agosto de 1953, expedido pelo então Conselho Nacional de
Educação, direcionou o curso ao perfil intelectual e cultural, voltado às
ciências humanas e ignorando a parte profissional.26
2.4 – Desvinculação e autonomia
33
Com a autonomia conquistada em 6 de junho de 1958, por meio do
decreto 43.839, desvinculando os cursos das faculdades de Filosofia27, a luta
pela qualidade do ensino superior se desencadeou no início da década de 60.
Até então o movimento estudantil e a própria universidade cumpriam
rigorosamente o chamado pacto paulista esboçado pela Revolução de 1930.
“O pacto paulista, com a implantação de um estado de compromisso entre as
forças sociais brasileiras, significava, então, o esquecimento de interesses de
classe ou mesmo interesses sociais mais amplos. Tudo para o fortalecimento
do Estado. Os interesses da sociedade eram limitados aos estreitos interesses
do Estado.”28
Essa efervescência social incentivou a organização do 1º Seminário
Latino-Americano de Democratização do Ensino Superior, realizado em
Salvador, Bahia, em 1960. Dois anos depois, em Curitiba, no 2º Seminário,
sai a Carta do Paraná, “que viria a se transformar na orientação política do
movimento estudantil”.29 A carta incluia seis propostas: a) que a
universidade seja a expressão do povo; b) que assuma uma perspectiva
crítica, perdendo seu caráter dogmático; c) que seja uma frente efetiva do
processo revolucionário brasileiro (democrático-burguês, mais uma vez); d)
que os cursos de conteúdo tecnizante incluam uma perspectiva social; e)
que se estruture racionalmente (luta pela introdução dos institutos e
departamentos, contra as faculdades isoladas, pela extinção da cátedra); f)
pela autonomia universitária em todos os níveis (didática, admininistrativa,
financeira e política).30
No momento histórico da configuração da Aliança Operária-Estudantil-
Camponesa e na democratização da universidade, acontece a primeira
alteração significativa no currículo de Jornalismo. Naquela época, João
Goulart no poder, a preocupação do Governo foi montar um currículo mais
34
profissionalizante, embora sem esquecer a área humanística. Em 16 de
novembro de 1962, foi aprovado o Parecer 323, do Conselho Federal da
Educação (CFE), estabelecendo um currículo com as disciplinas divididas
em três categorias: Gerais, Especiais e Técnicas. A categoria Gerais se
concentrava numa base cultural; a categoria Especiais era voltada para o
domínio da linguagem e postura de valores; a categoria Técnicas se
destinava ao fazer jornalístico. “Os relatores também recomendavam um
entrosamento entre os programas. Assim, pela primeira vez nos estudos de
programas curriculares para o curso de Jornalismo, chamava-se a atenção
para a interdisciplinaridade.”31
Em 19 de abril de 1966 sai o Parecer 984, do CFE, também assinado pelo
relator Celso Kelly, cujo conteúdo se baseava nas diretrizes do Centro
Internacional de Estudos Superiores de Periodismo para a América Latina
(Ciespal), órgão mantido pela Unesco, com sede em Quito, Equador. Em 2
de setembro de 1966 foi publicada a Resolução s/nº, complementando o
Parecer, que recomendava que o conceito de Jornalismo compreendia todas
as formas de transmissão de notícia: jornalismo impresso, radiofônico,
televisivo, cinematográfico e ainda publicitário e relações públicas; e a
formação do jornalista polivalente. A Resolução fixou 2.700 horas-aula,
ministradas em quatro anos, e incluia as disciplinas Teoria da Informação,
Jornalismo Comparado, Redação de Jornalismo.32
Em 1969, o conselheiro Celso Kelly recomenda a criação do curso de
Comunicação Social, o currículo mínimo e a duração do curso, por meio do
Parecer 631, aprovado em 2 de setembro de 1969. Celso Kelly propunha
ainda a formação de um profissional polivalente, ou seja, um especialista em
técnicas de Jornalismo, Relações Públicas e Publicidade e Propaganda. A
idéia gerou polêmica na academia e no mercado. As delegacias do
35
Ministério do Trabalho não tinham como enquadrar essa habilitação no
registro profissional da carteira de trabalho: “Isso criou uma celeuma muito
grande no País, porque, na verdade, tratava-se de uma tendência que
contrariava o rumo mundial do ensino de Comunicação. Quer dizer, a
comunicação vivia um período de superespecialização e o Brasil adotava
uma solução que, eu diria, era uma solução andina, porque vem dos países
andinos, de regiões pequenas, querendo criar a figura do comunicador
polivalente”, criticava José Marques de Melo.33
O professor Luiz Beltrão também criticou a iniciativa de Celso Kelly
dizendo que a escola preparava o aluno a exercer pelo menos quatro
habilitações e também confiria o esdruxulo título de comunicador
polivalente. Segundo Luiz Beltrão, o título universitário qualificava o seu
portador para ser jornalista, relacionista, redator de serviço público,
publicitário, pesquisador em comunicação, “tudo quanto não estivesse
enquadrado em qualquer profissão regulamentada”.34
Com Celso Kelly recuando, mas mantendo a polivalência, entrou em
vigor a Resolução 11/69 determinando que as escolas de Jornalismo fossem
transformadas em faculdades de Comunicação Social com as seguintes
habilitações: Polivalente, Jornalismo, Relações Públicas, Publicidade e
Propaganda e Editoração. Oficialmente, pela primeira vez eram exigidos
órgãos laboratoriais para todas as habilitações e, para o Jornalismo, o curso
deveria dispor de um jornal-laboratório e estúdios-laboratório de rádio,
televisão e cinema. Ficou determinado que caso as faculdades não tivessem
os órgãos laboratoriais, poderiam manter convênios com entidades públicas
e privadas. A formação do profissional polivalente ou do comunicador
polivalente, era o aprofundamento das Técnicas de Jornalismo, Relações
36
Públicas e Publicidade e Propaganda. A proposta foi condenada por
instituições acadêmicas que a excluíram dos currículos subseqüentes.35
Com uma carga horária de 2.200 horas-aula, com duração de três a seis
anos, Celso Kelly dividiu o currículo em três aspectos: a) fenomenológico –
pelo conhecimento da natureza dos efeitos psico-sociais devidos à sua
atuação; b) instrumental – pelo manejo mais seguro da linguagem e pelo
treinamento especial na redação; c) cultural – por uma formação básica
extremamente atualizada, com fundamentos nas humanidades.36 O currículo-
mínimo estabeleceu, no ciclo introdutório, disciplinas cujo conhecimento
considerou comuns e fundamentais a todas as áreas da comunicação. Uma
segunda parte da carga horária foi reservada a formar profissionais para as
áreas específicas: Jornalismo, Relações Públicas, Publicidade e Propaganda.
Editoração, Documentação e Divulgação Oficiais e Pesquisa em
Comunicação. Para as quatro primeiras ficou estabelecido o aprofundamento
de suas técnicas e mais quatro disciplinas relacionadas na Resolução 11/69.
“Não houve – ao nosso ver – um aprofundamento dos estudos sobre a
realidade dessas atividades e do que o mercado de trabalho exigia dos
relacionistas (era uma das qualidades do jornalista polivalente) e
publicitários. Em conseqüência, apesar daquela preocupação do CFE com os
profissionais da informação, estes foram prejudicados em sua formação
específica, pela introdução de técnicas inteiramente diversas daquelas que
teriam de usar no exercício do jornalismo”, avaliava Luiz Beltrão.37
O currículo mínimo tinha a seguinte estrutura: 1) Parte Comum a todas as
modalidades de habilitação de comunicadores a ser ministrada em 1.100
horas-aula, a metade estabelecida de 2.200 horas-aula. A Parte Comum era
constituída de matérias básicas mais Sociologia, integrante dos currículos de
formação Social. São as seguintes: 1) Fundamentos Científicos da
37
Comunicação; 2) Ética e Legislação dos Meios de Comunicação; 3)
Pesquisa de Opinião e Mercadologia; 4) Introdução às Técnicas de
Comunicação, compreendendo prática de: a) Jornalismo Impresso,
radiofônico, televisionado e cinematográfico; b) Teleradiofusão, Cinema,
teatro; c) Relações Públicas; d) Publicidade e Propaganda; e) Editoração; 5)
Jornalismo Comparado; 6) História da Cultura e, especialmente dos meios
de comunicação; 7) Problemas Sociais e Econômicos Contemporâneos; 9)
Cultura Brasileira. Duas inseridas no currículo a escolher numa lista de
treze, entre elas Cibernética, Filosofia, Paginação e Revisão e Psicologia; e
as disciplinas de aprofundamento nas cinco áreas de habilitações. O
Jornalismo tinha Prática de Jornalismo Impresso, Radiofônico, Televisado e
Cinematográfico, Telerradiodifusão, Cinema e Teatro, e mais quatro
disciplinas entre as de livre escolha, não estudadas anteriormente. O aluno
ainda escolhia duas disciplinas entre 13 relacionadas, que são as seguintes:
1) Biblioteconomia e Bibliografia, 2) Cibernética, 3) Direito Usual, 4)
Documentação (introdução), 5) Economia, 6) Estatística, 7) Idiomas
Estrangeiros (não específica), 8) Filosofia (incluindo Lógica), 9) Paginação e
Revisão, 10) Política e Administração, 11) Produção e Emissão, 12)
Psicologia Social, 13) Redação e Edição.
Luiz Beltrão explica que as matérias práticas não podiam ser oferecidas
em bloco devido à peculiaridade de cada habilitação e também à dificuldade
de um mesmo professor ser especialista em diferentes técnicas. Assim, elas
foram desdobradas. A relação foi a seguinte: 1) Introdução às Técnicas do
Jornalismo Impresso, 2) Introdução às Técnicas do Jornalismo Radiofônico,
3) Introdução às Técnicas do Jornalismo Televisado, 4) Introdução às
Técnicas do Jornalismo Cinematográfico, 5) Introdução às Técnicas da
Teleradiodifusão; 6) Introdução às Técnicas do Cinema, 7) Introdução às
38
Técnicas do Teatro, 8) Introdução às Técnicas das Relações Públicas, 9)
Introdução às Técnicas da Propaganda, 10) Introdução às Técnicas da
Editoração. O aluno escolhia ainda mais quatro disciplinas entre as não
estudadas anteriormente. Apesar de criticar o currículo-oficial, Luiz Beltrão
entendia que as disciplinas práticas reforçavam o processo ensino-
aprendizagem e exigia da escola a instalação de duas oficinas laboratoriais.
“A formação do jornalista na universidade estaria incompleta se não
incluisse o treinamento e a experimentação da atividade profissional.”38
Em 1978, o Conselho Federal da Educação fixou para o ano seguinte,
1979, o currículo mínimo para o curso de Comunicação Social com
habilitação em Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Rádio e Televisão,
Cinematografia e Relações Públicas. A novidade era que o conteúdo das
disciplinas tinha que ter a aprovação do Ministério da Educação e como
exigência a instalação de laborátorios de rádio, telecinejornalismo e
fotográfico, redação, oficina de diagramação. De acordo com o artigo 2º, da
Resolução 3/78, as matérias que integravam o currículo mínimo foram
divididas em três módulos: a) Fundamentação Geral Humanística, b)
Fundamentação Específica, c) Natureza Profissional. O primeiro módulo
tinha as disciplinas Problemas Sócio-Culturais e Econômicos
Contemporâneos, Sociologia, Psicologia Social, Antropologia Cultural,
Cultura Brasileira, Língua Brasileira. O segundo módulo tinha as disciplinas
Teoria da Comunicação, Comunicação Comparada, Sistemas de
Comunicação no Brasil, Estética e Comunicação de Massa. O terceiro, já
profissionalizante, tinha Técnicas de Codificação, Técnicas de Produção e
Difusão, Deontologia da Comunicação Social, Técnicas de Administração,
Técnicas de Mercadologia.
39
O parágrafo 1º estabelecia que as matérias mencionadas nos dois
primeiros módulos eram comuns a todas as habilitações e as constantes no
terceiro módulo deveriam ser aplicadas no respectivo campo profissional.
Ou seja, não havia liberdade para a escola montar o seu currículo de acordo
com a sua característica e necessidade. Na época, o Sindicato dos Jornalistas
Profissionais de Porto Alegre, em editorial no Cadernos de Jornalismo,
número 3, de setembro de 1978, recriminou a medida do Governo Federal,
usando o seguinte argumento: “O novo currículo não está em discussão. É
mais um pacote, decretado de cima para baixo, mais um ente biônico
encravado em nossa sociedade.” Os adjetivos pacote e biônico são uma
referência irônica ao pacote de março de 77, decretado pelo General Geisel,
que colocou o Congresso em recesso e estabeleceu, entre outras medidas, o
senador biônico.
Uma outra crítica feita pela direção do Sindicato de Porto Alegre dizia que
a maioria das aulas era expositiva e o professor não era jornalista. Já os
alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) apontaram
como uma das principais deficiências do currículo a falta de abordagem
maior dos problemas humanísticos no programa. Eles justificaram que “sem
isso se torna quase impossível ter uma visão crítica da realidade, dado
essencial à função do jornalista”.39
O professor José Marques de Melo, que participou da elaboração do
currículo de 1979, cujo estudo começou em 1977, considerava inviável o
currículo mínimo. “É uma espécie de interferência centralizante na
orientação do ensino de Comunicação, num país que tem realidades
inteiramente diferentes em seu território e cujos problemas de treinamento
do profissional de comunicação na minha opinião, não podem ser resolvidos
de modo centralizado.”40
40
Além disso, o último semestre era reservado à atividades profissionais
supervisionadas, sob a forma de projetos experimentais na própria escola e
de treinamento nas empresas ou órgãos públicos, este sob forma de estágios
supervisionados. A carga horária não deveria exceder a 10% da carga
mínima de 2.200 horas-aula. Embora defendesse os objetivos do novo
currículo, o professor Jaci C. Maraschin, da ECA/USP, questionou a
viabilidade do estágio supervisionado: “A legislação de um órgão como o
Conselho Federal de Educação não pode se imiscuir na área da empresa
pública ou particular, ficando, portanto, na dependência da boa vontade e da
capacidade de compreensão dos homens de empresas.”41 Ele entendia que
não competia ao Conselho Federal de Educação estabelecer normas de
conduta onde o aluno deveria praticar o jornalismo, mas a iniciativa deveria
ser das escolas e do próprio aluno.
O professor José Marques de Melo criticava a possibilidade da escola
manipular o elenco de disciplinas e apontava como problema a
obrigatoriedade da implantação de laboratórios: “A formação universitária
do jornalista deve ser a que lhe dê bagagem humanística, conhecimentos
técnicos e uma visão crítica para saber colocar nas técnicas o conteúdo
básico que é o que interessa ao público leitor. Então, quando a gente fala da
ênfase da luta pelos equipamentos é porque sabe-se que historicamente a
cultura de um jornalista desenvolve-se na maior parte na sala de aula
profissional, porque tem giz e quadro negro”.42
Já o professor Wilson da Costa Bueno, ECA/USP, apontava como
positivo o novo currículo (79) a extinção da polivalência, a redução do
número de disciplinas, mas lembrou que não previa a iniciação às técnicas
de pesquisa em Jornalismo.43 No anterior, conhecido como currículo de
41
Celso Kelly, de 1969, o aluno se habilitava em cinema, rádio, televisão,
jornal.
2.5 – Exigência de laboratórios
Em 1984 saia a Resolução 2/84, que dava outras diretrizes e
características ao currículo do curso de Jornalismo. Uma das medidas foi
reforçar a exigência dos laboratórios, mas preservando as disciplinas do
tronco comum, o chamado básico: Filosofia, Sociologia, Teoria da
Comunicação (obrigatórias), entre outras, e as disciplinas eletivas. Fixou
também que as disciplinas práticas deveriam corresponder a 50% da carga
horária do curso, sem contar os projetos experimentais (jornais-laboratórios,
por exemplo). “O resultado é que a Resolução serviu para que muitas
escolas obtivessem um amparo legal para não oferecer nada além do que a
legislação exige.”44
O curso deveria ter uma carga mínima de 2.700 horas-aula, incluídas as
270 de atividades de projetos experimentais. Além das disciplinas
obrigatórias e as que acrescentariam ao currículo de uma lista oferecida pelo
MEC, o aluno, para se habilitar em Jornalismo, precisaria fazer as seguintes
disciplinas específicas da profissão: Língua Portuguesa: Redação e
Expressão Oral; Fotojornalismo, Planejamento Gráfico em Jornalismo;
Radiojornalismo; Telejornalismo; Técnica de Reportagem, Entrevista e
Pesquisa Jornalística; Preparação e Revisão de Originais, Provas e
Videotexto; Edição; Legislação e Ética em Jornalismo.
O professor José Marques de Melo criticou, na época, a nova Resolução
porque tinha alterações aceitáveis e outras injustificáveis e que pouco
inovava. “A esperança que muitos depositaram ingenuamente nesse novo
currículo, como solução para a crise atualmente vivida pelos cursos de
Comunicação, certamente logo se dissipará, pois o texto aprovado pelo CFE
42
só contribuirá para manter as ambigüidades e os impasses vigentes.”45 O
professor comentou que 18 disciplinas obrigatórias significam currículo
máxino e não mínimo46 e que “agora é trabalhar para que tais exigência não
se tornem letra morta, como tantas vezes tem ocorrido em nosso país”.47 Ele
afirmou que os professores e alunos do curso de Jornalismo estavam
conscientes de que sem ter um laboratório, “as atividades didáticas
permanecerão no terreno da improvisação e do amadorismo.”48
Com a proposta de fiscalizar a aplicação dos dispositivos do novo
currículo mínimo, principalmente quanto à implantação dos laboratórios e ao
cumprimento das exigências relacionadas com a habilitação profissional dos
docentes, foi eleita, no 2º Encontro Nacional de Órgãos Laboratoriais dos
Cursos de Jornalismo, realizado de 1º a 4 de abril de 1985 em Uberaba
(MG), a Comissão Nacional de Luta pela Melhoria da Qualidade do Ensino
de Jornalismo (Conej), composta por professores, jornalistas e alunos. Neste
mesmo encontro, a comissão decidiu, entre outras tarefas, fazer um
levantamento da situação dos cursos de Jornalismo, criar mecanismos para
assessorar as instituições, avançar no debate das questões conceituais e
pedagógicas sobre laboratórios.49 Após uma década, o resultado não foi o
esperado se comparado ao da Avaliação das Condições de Oferta dos cursos
de Jornalismo, monitorado pela Secretaria de Educação Superior
(Sesu/MEC). O diagnóstico registra que a resolução 2/84 e a comissão não
conseguiram vencer a crise no processo de formação de jornalista no país.
Os tempos difíceis do regime totalitário, principalmente pós-68,
prejudicaram, não só a liberdade política, também a consolidação da
universidade brasileira como uma instituição do saber e o curso de
Jornalismo foi colocado à margem como atividade profissional. A formação
do jornalista se resumia a um embasamento teórico e desprovida de qualquer
43
técnica. “Fracassaram, portanto, as iniciativas destinadas a superar o ensino
livresco e discursivo e a trazer para a escola situações similares àquelas que
ocorrem nas instituições jornalísticas. A formação dos jornalistas pautava-se
pelo ouvi-dizer e não pelo saber-fazer”, lembra José Marques de Melo50
Apesar de ser criticada por entidades sindicais, professores e alunos, a
nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB), de 20 de dezembro de 1996, em seu
Capítulo IV, nos artigos 43 e 57, garante plena autonomia às instituições de
ensino superior e extingue a obrigatoriedade do currículo mínimo. Esta
autonomia possibilita que a escola tenha a liberdade de formular propostas
curriculares que atendam às expectativas do aluno e na formação de um
profissional crítico e cidadão, mas de olho nas transformações do mercado.
A reforma no ensino tem como meta a democratização, favorecer a
competição em pé de igualdade e não contribuir para manter a desigualdade
das chances. O desiquilíbrio sócio-econômico contempla a escola particular
que nasce para cobrir o deficit da escola pública, onerando a classe mais
pobre da sociedade brasileira. “A melhor das reformas permanece no papel,
se ela não se ajustar às condições de vida e aspirações dos indivíduos para os
quais é feita. A análise sociológica justamente procura revelar o abismo
entre intenção e realidade”, disse Bárbara Freitag.51
Aproveitando a autonomia estabelecida pela Lei de Diretrizes e Bases
(LDB), sob a orientação das professoras Graça Caldas e Mônica Caprino,
professores e alunos do curso de Jornalismo da Universidade Metodista de
São Paulo (Umesp), depois de vários debates, reelaboraram o currículo de
Jornalismo direcionando-o a formar um jornalista como sujeito e agente da
transformação social. “Conhecimento téorico geral e específico de sua área
de atuação e cultura humanística para fazer a necessária contextualização e
articulação histórico-crítica dos fatos de interesse público, relacionando-os
44
com o passado para possibilitar uma análise prospectiva do futuro é o que se
deseja dos egressos do Curso.”52
O novo currículo visa acabar com a dicotomia entre teoria e prática.
Matérias, como, por exemplo, Preparação e Revisão de Provas e Originais
em Videotexto absoleta e que nada acrescentava ao currículo, foram
retiradas da grade curricular. Foram incluídas disciplinas que façam o aluno
do 1º semestre praticar o fazer jornalístico. Novos veículos laboratoriais
foram criados com a participação de outros cursos da Universidade
Metodista. “As Oficinas de Jornalismo foram criadas para levar ao aluno à
prática jornalística desde o primeiro semestre. Foram organizadas em uma
perspectiva de que fosse introduzido na prática de maneira gradativa em
relação ao grau de dificuldade, começando a produzir pequenas notícias até
chegar às grandes reportagens”, revelam Graça Caldas e Mônica Ciprino.53
Com objetivo de tornar o curso mais dinâmico e voltado para a prática
jornalística em tempo integral, formar um profissional consciente do seu
papel social e aliar teoria e prática à iniciação científica, o 8º semestre do
curso, o último, foi reservado aos projetos experimentais: vídeo-reportagem,
jornalismo digital, revista, jornal impresso, radiojornalismo, telejornalismo,
assessoria de comunicação, livro-reportagem. Para orientar o aluno a definir
a bibliografia ideal a ser consultada, as fontes de informação que vão
complementar o seu projeto, a escolher o professor-orientador e também a
assessoria metodológica, foi incluída no 7º semestre a disciplina Introdução
ao Projeto Experimental.
A nova grade curricular do curso de Jornalismo da Metodista começou a
vigorar em 2000. O ano anterior, 1999, serviu para experimentos. Na
verdade, a reforma do currículo da Metodista atende à posição do professor
José Marques de Melo. Ele defende que cada escola produza o seu currículo
45
que atenda aos interesses local/regional mas sem se esquecer da macro-
economia, do jornalismo universal e das mudanças sócio-política.
2.6 – Diretrizes curriculares
Contribuir para a inovação e a qualidade do projeto pedagógico, assegurar
ampla liberdade na composição da carga horária, indicar tópicos e campos
de estudo e demais experiências de ensino-aprendizagem e estimular a
prática de estudo independente. Estes são alguns dos princípios que as
Comissões de Especialistas de Ensino da Secretaria de Ensino Superior
(Sesu/MEC) de cada área adotaram como parâmetro no sentido de elaborar
propostas de Diretrizes Curriculares. O processo de discussão, que envolveu
centenas de instituições de ensino, organizações profissionais, docentes e
discentes que enviaram 1.200 propostas, começou em 1997, quando da
publicação do edital 4/97. Para consolidação das propostas, a partir de
dezembro de 1998, foram realizados seminários, fórum e encontros. Depois
de inúmeros debates promovidos em cada área, as comissões redigiram
propostas para avaliação do Conselho Nacional de Educação (CNE).54
A Comissão de Especialistas de Comunicação do Ministério da Educação
e Cultura (MEC), embasada na LDB, enriquecida com sujestões
apresentadas por instituições universitárias, entidades sindicais e estudantis,
Intercom, depois de vários debates, reuniões e seminários enfocando as
habilitações em Jornalismo, Relações Públicas, Editoração, Rádio e
Televisão, Cinema, Publicidade e Propaganda, e tendo como referência
documento específico ao ensino de Jornalismo, apresentado pela Federação
Nacional dos Jornalistas (Fenaj), pelo Fórum de Professores de Jornalismo,
pelo Observatório da Imprensa e pelo GT de Jornalismo da Intercom,
elaborou texto contendo propostas de Diretrizes Curriculares da Área de
Comunicação e suas Habilitações.
46
O texto foi redigido procurando atender a três objetivos: a) flexibilizar, b)
recomendar, c) estabelecer. O primeiro objetivo buscou a diversificação de
experiências de formação para atender a variedades de circunstâncias
geográficas, político-sociais e acadêmicas, viabilizando o surgimento de
propostas pedagógicas inovadoras e eficientes. Ou seja, a escola, livre da
exigência de um currículo mínimo obrigatório, estruturará a grade curricular
de acordo com as características da comunidade onde será inserida. O
segundo objetivo busca a qualidade do ensino e a sintonia com posições
majoritariamente defendidas pelas instituições e entidades nas reuniões,
debates, seminários realizados no primeiro semestre de 1999. Na verdade,
visa funcionar como um padrão de referência. O terceiro determina critérios
mínimos de exigência quanto à formulação e à qualidade da formação do
currículo e profissional. Funciona como parâmetro de adequação e
pertinência para os cursos de cada área.55
Algumas premissas foram recomendadas, entre elas estão os três
objetivos, no sentido de nortear as Diretrizes Curriculares. Elas orientam
sobre a importância de manutenção de todas as formações da área em um
mesmo texto para o enriquecimento pedagógico; o cuidado na elaboração do
Projeto Acadêmico para não se tornar uma mera listagem de disciplinas e
solidificar a troca e realimentação entre as escolas no campo da
experimentação pedagógica e organizacional, de pesquisa, de
desenvolvimento profissional; elaborar um currículo que possibilite ao aluno
realizar atividades optativas, estimulando-o a construir o seu currículo pleno
e de sua formação acadêmica.56 O que se busca com estas premissas é
estimular o aperfeiçoamento constante da formação, da qualidade do ensino,
mas o alcance do sucesso depende de um trabalho coletivo, também
ininterrupto, entre as escolas, comunidades, mercado e entidades.
47
Para sistematizar as diretrizes curriculares, a comissão adotou alguns
critérios classificatórios. Eles são os seguintes: Perfil Comum e Perfil
Específico, Competências e Habilitações Gerais e Específicas, Tópicos de
Estudo e Estrutura Geral do Curso. O objetivo foi contribuir na
caracterização do curso, das habilitações profissionais, descrever o egresso
do curso de Comunicação e de cada habilitação, como a instituição
desenvolverá os conteúdos básico e específico, e para ajudar na elaboração
do Projeto do Curso, do Projeto Acadêmico e o Projeto Pedagógico foi
desenvolvido um um roteiro didático.
O perfil do egresso está dividido em Perfil Comum e Perfis Específicos. O
primeiro corresponde à formação genérica e universalista, específica e
particularizada57 do candidato a uma vaga em uma das habilitações do curso
de Comunicação. O segundo está relacionado a habilitação que o candidato
almeja e o seu grau de conhecimento sobre diferentes meios, linguagens e
práticas profissionais e de pesquisa. São os Perfis Específicos por
Habilitação.
2.7 – Perfil do jornalista
Além dos conhecimentos genérico e universalista, o perfil do egresso de
Jornalismo ficou assim caracterizado: 1) pela produção de conhecimento e
cultura voltada para seleções factuais sobre a atualidade e para a estruturação
e disponibilização de informações que atendam a necessidades e interesses
sociais no que se refere ao conhecimento dos fatos, das circunstâncias e dos
contextos do momento presente; 2) pelo exercício da objetividade na
apuração, interpretação, registro e divulgação dos fatos sociais; 3) pelo
exercício da tradução e disseminação de conhecimento sobre a atualidade
em termos de percepção geral e de modo a qualificar o senso comum; 4)
pelo trabalho em veículos de comunicação e instituições que incluam
48
atividades caracterizadas como de imprensa e de informação jornalística de
interesse geral ou setorizado e de divulgação de informações de atualidade;
5) pelo exercício de relações entre as funções típicas de jornalismo e as
demais funções profissionais ou empresariais existentes na área de
Comunicação, e ainda com outras áreas sociais, culturais e econômicas com
as quais o jornalismo faz interface; 6) pelo exercício de todas as demais
atividades que, no estado vigente da profissão, sejam reconhecidas pelo bom
senso, pelas entidades representativas ou pela legislação pertinente, como
características do jornalista.58
As competências e habilidades também estão dispostas em dois níveis:
um geral para todas as profissões e formações do campo da Comunicação e
outro especializado por habilitação.
O primeiro nível, válido para todas as habilitações, além de cobrar do
egresso um grau de conhecimento generalista e iniciativa que ultrapasse as
competências do campo da Comunicação, tem ainda os seguintes requisitos:
1) assimilar criticamente conceitos que permitam a apreensão de teorias; 2)
usar tais conceitos e teorias em análises críticas da realidade; 3) posicionar-
se segundo ponto de vista ético-político; 4) deter um conjunto significativo
de conhecimentos e informações sobre a atualidade; 5) dominar as
linguagens habitualmente usadas nos processos de comunicação, nas
dimensões de criação, de produção, de interpretação e da técnica; 6)
experimentar e inovar no uso destas linguagens; 7) refletir criticamente sobre
as práticas profissionais no campo da Comunicação; 8) tratar problemas
teóricos da Comunicação e problemas profissionais de sua área de atuação,
estabelecendo relações factuais e conceituais de questões concretas e
pertinentes à área; 9) desenvolver competências para formação e estímulo à
aprendizagem na área da Comunicação em geral, e das especialidades
49
incluídas em sua experiência; 10) ter competência no uso da língua nacional
para escrita e interpretação de textos gerais e especializados na área.59
O segundo nível, o campo profissional, requer do egresso uma
identificação com a habilitação que escolheu. No campo do jornalismo as
recomendações são as seguintes: registrar fatos jornalísticos, apurando,
interpretando, editando e transformando-os em notícias e reportagens;
interpretar, explicar e contextualizar informações; investigar informações,
produzir textos e mensagens jornalísticas com clareza e correção e editá-los
em espaço e período de tempo limitados; formular pautas e planejar
coberturas jornalísticas, formular questões e conduzir entrevistas; relacionar-
se com fontes de informação de qualquer natureza; trabalhar em equipe com
profissionais da área; lidar com situações novas, desconhecidas e
inesperadas; compreender e saber sistematizar e organizar os processos de
produção jornalística; desempenhar funções de gestão e administração
jornalística; desenvolver, planejar, propor, executar e avaliar projetos na área
de comunicação jornalística; avaliar criticamente produtos, práticas e
empreendimentos jornalísticos; compreender os processos envolvidos na
recepção de mensagens jornalísticas e seus impactos sobre os diversos
setores da sociedade; identificar e equacionar questões éticas de jornalismo;
buscar a verdade jornalística, com postura ética e compromisso com a
cidadania; manter-se crítico e independente, no que diz respeito às relações
de poder e às mudanças que ocorrem na sociedade; dominar a língua
nacional e as estruturas narrativas e expositivas aplicáveis às mensagens
jornalísticas, abrangendo-se leitura, compreensão, interpretação e redação;
dominar a linguagem jornalística apropriada aos diferentes meios e
modalidades tecnológicas de comunicação; assimilar criticamente conceitos
que permitam a compreensão das práticas e teorias jornalísticas,
50
repercutindo-os sobre sua prática profissional; ter as demais competências e
habilidades que caracterizam o trabalho nas circunstâncias em que o
jornalismo é normalmente inserido.60
2.8 – Tópicos de estudo
Os Tópicos de Estudo estão divididos em Conteúdos Básicos e Conteúdos
Específicos. O primeiro envolve o conhecimento teórico e prático, as
reflexões e as aplicações relacionadas ao campo da Comunicação e à área
configurada pela habilitação específica. Ou seja, a formação do graduando
também passa pelo campo geral da Comunicação, além da habilitação
específica. O que se busca é a formação crítica do graduando em todas as
áreas do conhecimento relacionados ao campo da Comunicação.
Isso significa permitir ao aluno aprender e lidar com teorias gerais e
específicas; propiciar ao graduando um estoque de informações sobre
variados aspectos da atualidade; assegurar ao aluno o domínio e reflexão das
linguagens das técnicas e tecnologias nos processos e nas habilitações de
comunicação; fortalecer a cidadania, os direitos humanos, a liberdade de
expressão, a pluralidade de idéias, a justiça social, a democracia e o saber
posicionar sobre o exercício do poder da comunicação. Estes conhecimentos
são assim categorizados: conteúdos teórico-conceituais; conteúdos analíticos
e informativos sobre a atualidade; conteúdos de linguagens, técnicas e
tecnologiais midiáticas; conteúdos ético-políticos.61
Os Conteúdos Específicos são aqueles que a instituição elege, livremente,
para organizar o seu currículo pleno. É recomendado que a instituição defina
como meta as reflexões e práticas da habilitação específica, mas tendo como
referencial básico o perfil comum do egresso, as competências e habilidades
gerais e por habilitação e os conteúdos estabelecidos nas diretrizes
51
curriculares. A meta é sempre atingir os objetivos estabelecidos no projeto
pedagógico.62
A duração mínima estabelecida é de 2.700 horas-aula. A oferta não deve
ser inferior a quatro anos ou oito semestres letivos. Já o estudante terá a
possibilidade, na medida de sua competência, de fazer o curso em tempo
inferior a quatro anos, se a estrutura de oferta for por créditos. A duração
máxima fica a critério da instituição.
Fica livre à instituição incluir no currículo o estágio supervisionado –
observadas as disposições e restrições legais de cada habilitação. O
jornalismo é uma delas – e atividades complementares. O texto estabelece
que o estágio supervisionado é o estudo e prática de atividades externas à
escola. Já as atividades complementares são instrumentos que a escola pode
usar no sentido de incentivar o estudante a se relacionar com a realidade
social, econômica e cultural, de orientá-lo à iniciação científica e ao ensino e
ampliando a autonomia do estudante para organizar seu horário, objetivos e
direcionamento. Na verdade, é a flexibilidade de carga horária para fugir do
padrão turma/docente/horas-aula semanais. As atividades devem ser
orientadas e supervisionadas por professores para melhor atendimento dos
objetivos pedagógicos.
O número máximo de horas dedicadas à atividades complementares não
pode ultrapassar 20% do total da carga horária do curso, não incluídas nesta
porcentagem as horas dedicadas ao Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)
ou Projetos Experimentais. “Para que isto não seja mera antecipação do
futuro ingresso no mercado de trabalho, é fundamental que o estágio seja
orientado por objetivos de formação do futuro profissional; e que seja
supervisionado criticamente, o docente supervisor interagindo efetivamente
52
com os aportes recebidos pelos estudantes nas circunstâncias concretas do
Estágio.”63
2.9 – Estrutura Geral do Curso
A estrutura geral define as características pedagógicas, a qualidade do
curso: docente, administrativo e técnico, as condições do prédio,
equipamentos, o tipo de serviço a ser prestado, a integração com o mercado
e sociedade e procedimentos de auto-avaliação. Viabiliza as atividades de
ensino, pesquisa e extensão. Sem ela, o espaço de reflexão e disseminação
do conhecimento torna-se inviável. Para concretização da realidade
projetada, a estrutura do curso deve ser expressa em um Projeto Acadêmico.
O Projeto Acadêmico deve evidenciar a necessária articulação entre as
concepções gerais, os conteúdos curriculares e os diversos formatos
pedagógicos (aulas preletivas, laboratórios, oficinas, estudo orientado,
trabalhos de conclusão de curso e outras atividades). Deve ainda prever e
expor todas as características de estrutura e de funcionamento do curso, os
padrões e métodos para garantir a qualidade do curso.
No Projeto Acadêmico é preciso constar a estrutura de oferta que pode ser
seriada anual, seriada semestral, por créditos ou módulos. Por exemplo, se a
estrutura de oferta for por créditos, o projeto deve prever a integração das
várias disciplinas e atividades para evitar uma mera acumulação dispersa de
créditos. Ou seja, ao final do curso, o aluno somou disciplinas e não adquiriu
conhecimentos necessários à sua formação profissional e humanística. O
mesmo cuidado e zelo deve ser dado à estrutura de oferta seriada ou
módulos.
O Projeto Acadêmico deve expressar o perfil do corpo docente que deseja,
estabelecer a titulação mínima; definir o regime de trabalho (horista,
integral); orientar e estimular a capacitação didático-pedagógica, pós-
53
graduação em níveis de especialzação, mestrado e doutorado do professor; e
organizar um plano de carreira profissional para os professores.
O Projeto Acadêmico deve prever e divulgar a dimensão, a diversidade de
especialidades e a qualificação do corpo técnico-administrativo responsável
pelas atividades de apoio; o número, tamanho, sempre compatíveis com a
quantidade de alunos e docentes, das salas de aula e sala de professores;
espaços físicos destinados às atividades de pesquisa e extensão; laboratórios
voltados para as habilitações específicas, levando em consideração os
diferentes suportes tecnológicos necessários à prática; produtos de uso
laboratorial para formação prático-profissionalizante; um sistema de dados
englobando: biblioteca e hemeroteca, acervo com arquivo de som, imagens e
fotografias; as condições físicas de cada compartimento do prédio,
assegurando os níveis de claridade, ventilação, conforto e adequação à saúde
coletiva.
O Projeto Acadêmico deve assegurar uma efetiva interação com a
sociedade, cumprindo sua responsabilidade de fornecer recursos humanos
qualificados ao mercado de trabalho e de aperfeiçoar o próprio
funcionamento social através de suas perspectivas inovadoras e críticas. Para
isso se consolidar, é importante manter atividades regulares de extensão; a
integração das atividades de formação com os veículos e estruturas de
serviço e produção de comunicação da própria instituição (jornal impresso,
emissora de rádio e televisão, agências de notícias etc); promover e adequar
o curso às condições sócio-econômicas e culturais da região em que estiver
localizado, valorizando as habilitações frente às demandas sociais da região.
O Projeto Acadêmico deve prever ainda as linhas pertinentes aos
procedimentos de acompanhamento e avaliação. Para viabiliar o processo de
qualidade da formação, é preciso descrever os instrumentos e processos que
54
a própria instituição utilizará para corrigir problemas ou redirecionamento do
curso, em busca do aperfeiçoamento qualitativo; manter estreito contato com
o mercado de trabalho com o objetivo de observar seu funcionamento e
encaminhar avaliações e propostas de melhoria da qualidade de ensino;
divulgar o seu projeto pedagógico no sentido de receber sugestões e críticas
externas à escola que possam oferecer novos rumos ao curso; formar, pelo
voto direto, uma comissão representativa com participação de todos os
setores da escola; definir os parâmetros de auto-avaliação como estímulo
didático-pedagógico e político para o exercício da cidadania.
No Projeto Acadêmico deve constar também: Proposta Pedagógica, Corpo
Docente, Estruturas de Serviço e Infra-estrutura Material, Modos de
Integração com a sociedade e mercado de trabalho e procedimentos de
acompanhamento e avaliação.
A Proposta Pedagógica envolve os conceitos e objetivos que dão
organicidade ao curso e demais indicadores que explicitem o projeto de
formação. Para expor com clareza a Proposta Pedagógica, alguns requisitos
devem ser especificados. Entre eles estão as disciplinas e atividades da Parte
Geral para qualquer habilitação; as disciplinas de caráter obrigatório e
optativo; a adequada integração teoria e prática para evitar o exagero teórico
ou prático; a abertura do currículo para incorporação de novas disciplinas; o
efetivo envolvimento de discentes em atividades curriculares de pesquisa;
projetos de pesquisa previstos como atividades curriculares; formas de
distinção, valorização e divulgação do Trabalho de Conclusão de Curso
(com esta denominação ou como Projetos Experimentais), caracterizando-o
como conclusão da formação profissional.64
2.10 – Prazo para implantar laboratórios
55
A Resolução 2/84 do Conselho Federal da Educação (CFE) fixou o prazo
de três anos para implantar os laboratórios para a prática profissional durante
o período de aprendizagem jornalística. A medida governamental não foi
colocada em prática pela maioria das escolas de Jornalismo porque não
oferecem ao aluno laboratórios em condições de uso que satisfaçam a
necessidade técnico-pedagógico. A confirmação desta realidade é o
resultado do processo de avaliação dos cursos de Jornalismo promovido pelo
MEC/Sesu em 1999. Boa parcela das escolas não dispunha de laboratórios
para a prática jornalística, principalmente as federais. “Ninguém aprende a
fazer reportagem ou entrevista fora do caso concreto, por devaneio ou
imaginação. E fazendo-as, a rigor, ao vivo, delas não tirará fruto apreciável
se as não vir publicadas”, ensina Carlos Rizzini.65
A Resolução 2/84 determinou às escolas publicar no mínimo oito edições
do jornal-laboratório ao longo do ano letivo, com no mínimo oito páginas,
em formato tablóide ou estandard e que corresponda às características do
veículo jornalístico regional. Mesmo assim, a determinação do governo não
é levada em consideração. Não muitas as escolas que mantém um jornal-
laboratório em atividade permanente e com periodicidade regular. Entre elas,
por exemplo, estão o Entrevista (UniSantos), Jornal do Campus (ECA/USP)
e Rudge Ramos Jornal (Umesp).
Estipulou também que a redação laboratorial deveria ter uma máquina de
escrever para cada aluno, no máximo 45 alunos por redação, um ramal
telefônico por redação e um teletipo de agência de notícias. Requisitos que
ainda prevalecem mas os esquipamentos foram substituídos pelo computador
e pela Internet.
Considerada uma das melhores faculdades de Jornalismo do Brasil, a
Escola de Comunicações e Artes (ECA/USP), fundada em 1967, serviu de
56
exemplo para registrar a precariedade da infra-estrutura laboratorial
brasileira. Depois de 16 anos de funcionamento, em 1983, o projeto
laboratorial impresso foi colocado em prática, denominado Jornal do
Campus. “Nesse intervalo, o aprendizado prático das noções teóricas de
Jornalismo, disseminadas pelos professores, em sala de aula, se fez através
de um outro projeto laboratorial estruturado de forma alternativa: a Agência
Universitária de Notícias.”66
O aluno da ECA tem como atividade prática no 1º semestre do curso a
produção e difusão do Mural do Campus. Nos dois semestres seguintes, ele
se integra à equipe responsável pelo funcionamento da Agência
Universitária de Notícias. Com noções básicas do fazer jornalístico, o aluno
tem no 4º e 5º semestres o Jornal do Campus.67
A escola de Jornalismo não pode permanecer a reboque do mercado. Na
verdade, ela deve ser o espaço de criação, da inovação e o banco de idéias.
Hoje ainda se observa que há um descompasso entre a escola e a mídia.
Enquanto a primeira não consegue estimilar no aluno o processo jornalístico,
a segunda continua atraindo cada vez mais cedo o futuro jornalista. Esta falta
de sintonia acaba prejudicando a formação cultural e acadêmica do estudante
que ao enfrentar o cotidiano de uma redação, quase que exclusivamente
participando da produção em massa, não tem tempo para reflexão. Por isso,
foi implantado nos cursos de Comunicação Social o Projeto Experimental
(PE), de acordo com a Resolução do Conselho Federal de Educação (CFE),
número 3, de 12 de abril de 1978.
Mas num estudo feito entre abril e junho de 1997, Samantha Viana
Castelo Branco Rocha, mestranda em Jornalismo ECA/USP, trabalho
apresentado na Intercom em Recife/98, conclui que a maioria das escolas
desvaloriza a produção e pesquisa científica.68 O estudo teve como
57
parâmetro três instituições: uma pública, uma particular e outra confessional.
As selecionadas foram a Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero,
Escola de Comunicações e Artes (ECA/USP) e Pontíficia Universidade
Católica de Campinas (PUCCAMP). Duas estão localizadas na capital
paulista e outra no interior de São Paulo.
Uma das conclusões da autora é que as três escolas pesquisadas não
cumpriram as normas estabelecidas pela Resolução do CFE número 2/84, no
tocante aos Projetos Experimentais. “É necessário colocar que essa
desobediência às normas do CFE é decorrente da ausência de fiscalização
criteriosa e contínua dos cursos de Jornalismo pelo MEC, bem como da
necessidade de atualização permanente dos currículos.”69 Ela também
observou que a desinformação dos alunos do último ano é preocupante
quando comprova-se que não há, nas escolas, um compromisso de
divulgação sistemática e esclarecimento das normas do CFE e das próprias
instituições. Outra dificuldade, mas levantada pela professora Sonia Aguiar,
cinco anos antes do trabalho de Samantha, é a “falta de instrumental teórico
para fundamentar as análises que os alunos se propõem a fazer.”70
É preocupante porque a cidade de São Paulo concentra 6 cursos de
Jornalismo, já avaliados pelo Provão, formando anualmente mais 800
jornalistas, e é a região mais rica e desenvolvida do Brasil. Só as Faculdades
Integradas Alcântara Machado (Fiam) formam anualmente entre 300 e 320
jornalistas.
O trabalho de Samantha sobre Projetos Experimentais aponta os
problemas e apresenta algumas sugestões e recomendações com o objetivo
de melhorar a qualidade das pesquisas nas escolas de Jornalismo. Uma delas
é a fiscalização criteriosa e contínua das condições laboratoriais e recursos
58
técnicos dos cursos de Jornalismo pelo MEC. Uma outra é a reciclagem
permanente do corpo docente.
As direções das escolas, principalmente as particulares, ainda estão
atreladas aos antigos conceitos de formação profissional e de baixo custo
operacional. A implantação dos Projetos Experimentais, com certeza, exige
investimentos e requer professores titulados. O resultado do Programa de
Avaliação das Condições de Oferta dos Cursos de Jornalismo, versão 1999,
organizado pelo MEC, do qual participei, confirma as deficiências das
faculdades.
2.11 – Processo ensino-aprendizagem
Eduardo Medistch, professor da Universidade Federal de Santa Catarina,
observa que “o homem não deve apenas ser colocado como o sujeito de seu
ato de conhecimento, mas deste como momento da transformação do
mundo”.71 Na verdade, o que também ocorre é que o ato de conhecimento é
o momento de transformação do aprendiz. Ou seja, é a atividade prática
exercida pelo futuro jornalista na academia. Ou melhor, neste caso
expecífico, o ensino e aprendizado se integram e formam as atividades
educativa e produtiva. É o pensar e o fazer.
O sentido do processo ensino-aprendizagem é a construção, modificação,
organização, utilizados pelo aluno para analisar e interpretar o conhecimento
acadêmico. “A vida universitária caracteriza-se pela descoberta, recepção,
manuseio, introjeção e assimilação de informações novas, que possibilitam o
desenvolvimento intelectual do indivíduo e oferecem recursos para o
domínio – mesmo que parcial – de uma ou mais áreas do conhecimento.”72
Neste processo, destacam-se e se interagem, o aluno e o professor, cada um
cumprindo o seu papel. E a disciplina? Ela é “um componente da estrutura
curricular. Sua função é tratar com especificidade um determinado tema,
59
corroborando o processo ensino-aprendizagem e pautando a ação do
docente.”73 Na verdade, é na aula ou numa redação laboratorial que o
professor expõe ao futuro jornalista uma visão mais completa possível de
uma área do conhecimento. “O espaço compreende a relação pedagógica no
processo educacional, portanto é físico, é intelectual, é cultural, é ideológico,
é emocional, é conteudista, é sistêmico, é comunicativo.”74 Enfim, é o
processo ensino-apredizagem, cuja ação teórica e prática deve apontar uma
formação acadêmico-profissional consciente e consistente.
A aprendizagem significativa e participativa depende de uma motivação.
Isto é, o futuro jornalista precisa tomar para si a vontade de aprender e
colocar em prática o conhecimento recebido ao longo do curso. Para oferecer
condições favoráveis ao processo ensino-aprendizagem e que ele se
manifeste e prevaleça “é necessário que o professor proponha situações
didáticas com objetivos e determinações claros, para que o aluno possa
tomar decisões pensadas sobre o encaminhamento das suas atividades
acadêmicas”.75
Não se deve acreditar que a ausência de erros na produção jornalística na
escola é a manifestação do aprendizado e que a experiência foi um sucesso
porque o aluno se mostrou eficiente ao repassar o conhecimento, mas sem
interpretá-lo. Assim não ocorre o momento da transformação. “A superação
do erro é resultado do processo de incorporação de novas idéias e de
transformação das anteriores, de maneira a dar conta das contradições que se
apresentam ao sujeito para que ele possa alcançar níveis superiores de
conhecimento.”76
Agora, para que se estabeleça caminhos de mão-dupla entre a ação e
reflexão que também compõem o processo ensino-aprendizagem,
principalmente porque aprender é uma dura tarefa, na qual se convive o
60
tempo inteiro com o que não é conhecido, é importante que exista uma
relação de confiança e respeito mútuo entre professor e aluno. “Se, ao
contrário, for uma experiência de fracasso, o ato de aprender tenderá a se
transformar em ameaça, e a ousadia necessária se transformará em medo e
ocorrerá a manifestação de desinteresse.”77
A viabilidade do processo ensino-aprendizagem não se resume ao esforço
concentrado do aluno, da oralidade e organização do professor, dos recursos
didático-pedagógicos, de bons laboratórios, se não houver um projeto
educacional que valorize e contemple a interdisciplinariedade. Já os projetos
práticos, além de um incentivo ao aluno, são uma peça importante no
processo ensino-aprendizagem. Às vezes, podem transmitir muito mais do
que uma aula puramente expositiva. O prático torna o aprendizado mais
efetivo e o contato com o aluno é individualizado.
Mesmo com a implantação da LDB, a maioria dos professores de escolas
particulares ainda é horista. Um exemplo são as Faculdades Integradas
Alcântara Machado (Fiam) da qual fui coordenador do curso de Jornalismo
de 1998 a 1999. Em quatro anos, de 1996 a 1999, período em que fui
professor responsável pelo jornal-laborátório, a escola formou
aproximadamente 1200 jornalistas. Todos os professores do Departamento
de Jornalismo eram e continuam sendo horistas e alguns com outras
atividades como primeira instância, sem ser a academia.
Se o MEC, ou qualquer outra entidade acadêmica não fizer um
acompanhamento corpo-a-corpo, dificilmente o inciso 3 do artigo 52, que
determina que 1/3 do corpo docente deveria estar em regime de tempo
integral, e muito menos o inciso 2 que recomenda 1/3 do corpo docente, pelo
menos, com titulação acadêmica de mestrado ou doutorado serão cumpridos.
Independente da LDB, os donos de escolas não deveriam pagar o professor
61
por hora-aula. É um mecanismo que não exige do professor uma
responsabilidade fora da sala de aula. O professor se sente desvalorizado e
não se entusiasma em estudar e desenvolver projeto de pesquisa individual
ou que envolva alunos. A iniciação científica nunca acontece,
principalmente quando o professor horista tem uma outra fonte de renda,
sem ser a escola. “A primeira constatação é de que os professores de
Jornalismo não encaram o ensino como atividade econômica-prioritária.
Devido à baixa remuneração que propiciam e as escassas recompensas que
oferecem, os cursos de Jornalismo têm sofrido o assédio de biscateiros, isto
é, de pessoas que, em troca de salários aviltantes, se dispõem a preencher as
lacunas nos horários, ministrando quaisquer disciplinas.”78
Na avaliação do professor Wilson da Costa Bueno, ECA/USP, em um
texto de 1978, o docente em regime de hora-aula nada faz a não ser ministrar
aulas. Diante deste quadro que continua atual em muitas escolas particulares,
o resultado é o individualismo. Ou seja, cada um faz o seu papel, reduz a
interdisciplinariedade a zero e esvazia a integração com outros colegas.
Outra deficiência apontada por Wilson da Costa Bueno é o despreparo do
professor que, segundo ele, não tem condições de auto-financiar o seu
aperfeiçoamento e a escola não dispõe de verba para pagar mais do que o
tempo em que o professor permance na sala de aula.79
Independente da dedicação do professor ou do tempo disponível ao
processo ensino-aprendizagem, o seu esforço não pode ser medido pelo
número de horas-aula. “Ele precisa estudar e preparar conteúdos, elaborar
materiais, corrigir trabalhos. Além disso, o magistério exige do professor um
constante aperfeiçoamento, a compra de livros e periódicos diversos,
participação em econtros e promoções culturais que representam custos
financeiros e disponibilidade de tempo”, observa Iára de Almeida Bendati.80
62
Diante deste quadro, o professor é obrigado a se desdobrar para manter a
qualidade das aulas.
Outro empecilho é que a maioria das disciplinas profissionalizantes ainda
são ministradas por jornalistas que atuavam em redações. Esse fenômeno
trouxe alguns problemas à formação de jornalista. Como ganhava muito
mais como jornalista, o esforço profissional se concentrava na produção
jornalística em detrimento da vida acadêmica. Por outro lado, sem uma
estrutura bibliográfica e desvinculado da pesquisa científica, o professor da
disciplina técnica, recrutado no meio profissional, não conseguia ir além da
transmissão de sua própria experiência. Sonia Aguiar aponta que este
profissional se comporta como chefe de reportagem irado ou como editor
autoritário e cheio de técnica jornalística. Segundo Sonia, este jornalista-
professor propõe uma pauta “para a próxima aula e depois devolve o texto
todo rabiscado, dizendo iradamente que está uma porcaria, sem explicar por
quê”.81
Ele é um profissional do jornalismo e não do magistério,
consequentemente não tem compromisso com os ideais da categoria e muito
menos com o aperfeiçoamento didático-pedagógico. “O professor de
Jornalismo precisa ser um pesquisador do processo ensino-aprendizagem,
pois o campo de conhecimento que pretende transmitir envolve problemas
de pedagogia que só ele próprio, através da experiência, do estudo e da
reflexão poderá resolver. Jornalismo é criatividade, ou seja, solução de
situações não programadas, que exigem, de cada vez, respostas
particulares.”82
É público que a graduação representa o início da acumulação de
conhecimentos especializados e de reflexão teórica. Eles só serão
consolidados pelo exercício profissional ou pelo aprofundamento dos
63
estudos. Formalmente serão legitimados com a conclusão de uma tese de
doutorado.83
Anualmente mais de cinco mil novos jornalistas saem dos cursos. São 97
escolas no território brasileiro que têm alunos no último ano de Jornalismo,
dados do Provão 2000. E ainda são mais de 10 cursos que não têm alunos no
último ano. A maioria dos alunos que chega ao ensino de Jornalismo tem
dificuldades variadas, entre elas, a falta do hábito de leitura. “Ele foi
habituado a reagir a estímulos que conduzem sua ação a assinalar com
cruzadinhas uma resposta convincente, sem percorrer os caminhos
necessários à aprendizagem.”84 O ideal seria o aluno com conhecimentos e
habilidades que permitissem o seu preparo específico para o jornalismo.
Segundo Iára de Almeida Bendati, o aluno é dominado pela crença de que
a escola tudo deve e ele nada precisa dar em troca. “Ele está disposto a
receber idéias prontas, com ampla margem de visibilidade de uso imediato.
Ele desgasta seu entusiasmo inicial pela coisa nova.”85 Ela cita também que
o aluno se sente desmotivado pela disciplina teórica que não esteja
diretamente vinculada à sua formação profissional. Revoltado com a
realidade acadêmica e rebelde com a metodologia de ensino, o futuro
jornalista se convence de que a prática não está fundamentada na teoria.
“Idealista, romântico, ele prefere minguar na vivência cotidiana, apático ou
rebelde, semestre a semestre, até conseguir – e sempre consegue – o seu
diploma.”86 O aluno não admite a importância do seu papel no sucesso do
processo ensino-aprendizagem e transfere para a escola, professor, currículo
e até mesmo à sociedade, os motivos de suas ineficiências.
O aluno tem de ser atuante, dinâmico, resistente às barreiras da profissão.
Mas não é isso que acontece na realidade. Há uma outra face que preocupa
os professores empenhados na capacidade reflexiva e técnica do jornalista: a
64
visão dos profissionais do mercado. “O que é grave é a falta de memória e
de informação geral. Por aqui passaram pessoas que não sabiam o que foi o
AI-5”, espanta-se Fernando Molina, da Folha de S. Paulo, no Rio.87 Evaldo
Costa, do Jornal do Commercio, de Recife, aponta “a falta de clareza nos
textos e os erros ortográficos.”88
O professor Bernardo Kucinsky, ECA/USP, diz que a escola não pode
preparar o aluno somente para o mercado e nem criticá-lo. “Nós devemos
criar um aluno que estabeleça o que eu chamo de um conflito produtivo com
o mercado, isto é, se ele não aceita o mercado como é, deve ter condições
para mudá-lo.”89 Para o professor José Marques de Melo, o aluno que
desejar ter uma formação mais abrangente deveria fazer mais cursos fora da
escola de Jornalismo. “Se ele quer ser repórter político, por que não fazer um
curso de política na Faculdade de Ciências Sociais?”90
Diante da impasse e a crise constante das escolas de Jornalismo e com a
pretensão de “moldar” o futuro jornalista ou o recém-formado à realidade
empresarial, os principais jornais brasileiros criaram cursos complementares.
Entre eles estão o jornal O Estado de S. Paulo que criou o Curso Intensivo
de Jornalismo Aplicado e seu coordenador Francisco Ornellas reconhece que
é preciso propor alternativas e não apenas combater a qualidade da escola.91
Nesta mesma linha e aberto aos jornalistas da casa, o jornal gaúcho Zero
Hora tem o seu curso de jornalismo aplicado.92 A Editora Abril mantém o
Curso Abril de Extensão em Jornalismo e a Folha de S. Paulo tem o projeto
Trainee.
2.12 – Provão e qualidade
O Ministério da Educação e Desporto (MEC) com o objetivo de certificar
o que o aluno aprendeu e verificar a qualidade da biblioteca, dos professores,
laboratórios e equipamentos e projeto pedagógico criou o Sistema Nacional
65
de Avaliação do Ensino Superior e, implantou, em 1996, o Exame Nacional
de Cursos, o Provão. “O Provão oferece um indicador importante sobre a
formação do aluno. Mas, para avaliar com precisão a universidade, usamos
outros instrumentos compatíveis com o grande número de atividades
desenvolvidas por ela”, comenta o secretário de Ensino Superior do Mec,
Abílio Baeta Neves.93
Em 1998, as escolas de Jornalismo também participaram do Provão. O
objetivo era oferecer subsídios para a melhoria de qualidade dos cursos de
graduação em Jornalismo no Brasil, mas a iniciativa do MEC gerou
polêmica e protestos de alunos contrários ao critério de avaliação.
Acreditando na validade do Provão no sentido de elevar a qualidade do
ensino superior brasileiro, o ministro da Educação, Paulo Renato, faz a
seguinte análise: “Independente da profissão, todo cidadão precisa ter um
nível geral de conhecimento e condições para ampliar seus horizontes, seu
campo de ação na nova concepção mundial do exercício profissional.”94
O Provão tem como características forçar as escolas e reavaliar o
currículo. Neste aspecto, o professor de Jornalismo da Universidade Federal
do Espírito Santo, Victor Gentilli, afirma que a “esquizofrenia dos cursos
terá que ser quebrada na marra”.95 Ele argumenta que as escolas ensinam
teoria da comunicação e não de jornalismo. Sendo avaliada regularmente,
segundo Victor Gentilli, “a universidade não perde sua função essencial: a
crítica”.96
O coordenador do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da
Unicamp (Labjor), Carlos Vogt, entende que o Provão propicia ao futuro
jornalista cenários favoráveis para reflexão crítica e a uma revisão e
qualificação dos cursos de Jornalismo, mas faz um alerta: “Isso é bom,
porque cria o hábito da avaliação contínua e sistemática do nosso ensino
66
superior; pode ser ruim se, desaparecendo a novidade, restar apenas a rotina
de mais uma prova que, embora em ão, fique confinada somente ao
exercício anual de um teste de capacidade profissional sem agregar outras
modalidades mais amplas de avaliação institucional.”97
O jornalista e coordenador do Curso Intensivo de Jornalismo Aplicado de
O Estado de S. Paulo, Francisco Ornellas, alega que o ministro Paulo Renato
tem outros métodos de avaliação. Ele cita exemplos inglês, francês, alemão,
onde não há exigência para o exercício da profissão e os sindicatos da
categoria mantém programas de treinamento. Segundo Ornellas, nada
impediu que o número de detentores de diploma de Jornalismo crescesse nos
últimos 30 anos.98
Na mesma linha de raciocínio de Ornellas está Luiz Paulo Horta,
coordenador de treinamento do jornal O Globo. Ele lembra que a Oxford,
universidade inglesa, e Harvard, universidade americana, não construiram os
seus prestígios por acaso e, por isso, fazem o próprio controle de qualidade.
“O problema, aqui, é um pouco mais complicado, a partir da definição (se é
que existe) do que seja um bom ensino de jornalismo…Não se consegue ver
muito bem, examinando os currículos, em que é que um desses cursos se
diferencia do outro; em que é que eles se habilitam, realmente, a oferecer
profissionais bem formados.”99 Luiz Paulo Horta diz que é preciso
estabelecer padrões mínimos de qualidade.
Para o professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Elson Faxina,
o Provão trouxe a preocupação com a qualidade de ensino nas universidades.
“Antes, elas eram uma grande caixa fechada, um verdadeiro feudo, que
agora passa a ser exposto ao público.”100 Nilson Lage, professor da
Universidade Federal de Santa Catarina e membro da comissão de
Jornalismo que estabeleceu parâmetros e diretrizes para a prova de
67
Jornalismo, é céptico quanto ao Provão como salvador do ensino de
Jornalismo. “Definiria o Provão como um sistema de avaliação que só terá
sentido se complementado com outros critérios, como a titulação de
professores, contratação com tempo corrido, instalação de laboratórios e
autonomia acadêmica.”101
Já o também professor da Universidade Federal de Santa Catarina,
Eduardo Meditsch, opõe-se ao Provão como instrumento de avaliação dos
cursos de Jornalismo. No seu entender, a categoria dos jornalistas, os
empregadores e a sociedade civil deveriam ser os avaliadores porque têm
independência e real interesse na qualidade da formação profissional. “A
avaliação pode ser um instrumento extraordinário para a melhoria deste
ensino, mas também pode ser apenas um argumento falacioso para o partido
eventualmente no poder impor o seu programa de governo à sociedade. Vai
depender da grandeza e da competência de quem a conduzir.”102
O coordenador geral da Executiva Nacional dos Estudantes de
Comunicação Social (Enecos), Vitor Fraga, diz que é preciso fazer uma
discussão ampla do papel do ensino de comunicação, dos projetos
pedagógicos dos cursos, que, segundo ele, muitos deles são apenas um
amontoado de disciplinas desconexas. “Não adianta fazer um ranking das
escolas e continuar permitindo a abertura indiscriminada de cursos que desde
o início não têm a menor condição de estar funcionando.”103 Vitor Fraga
afirma ainda que a entidade quer é uma avaliação permanente e que respeite
as diferenças regionais.
2.14 –Condições de Oferta
Visando diagnosticar a qualificação do corpo docente, organização
didático-pedagógico e instalações dos cursos de Jornalismo, a Secretaria de
Educação Superior (Sesu/MEC) implantou o programa de Avaliação das
68
Condições de Oferta. A primeira avaliação ocorreu entre outubro e
novembro de 1999 e fevereiro de 2000. A segunda estava prevista para o
segundo semestre de 2001. Professores de Jornalismo de várias escolas
foram os avaliadores. Convidados da Sesu, eles foram treinados para o
exercício de avaliador. A comissão era formada por dois docentes que não
pertenciam à escola que seria avaliada e, na maioria das vezes, não eram da
mesma cidade ou Estado.
Em 1999 foram avaliadas 86 escolas de Jornalismo e em 2000 três, mas
não foram computadas no relatório final da Sesu de 25 de janeiro de 2001. O
conjunto de resultados, fruto de uma investigação feita por comissões de
professores, não é plausível com as propostas de Diretrizes Curriculares e a
maioria das escolas não atendeu às determinações da Resolução 2/84 que
pede, por exemplo, laboratórios equipados para a produção e difusão de
veículos laboratoriais. O três quadros apresentados neste tópico
(Organização Didático-Pedagógica, Corpo Docente e Instalações)
comprovam que o ensino de Jornalismo no Brasil nunca recebeu a merecida
atenção por parte do governo e muito menos pelos donos das escolas.
O que chama mais atenção dos três quadros são os números do quadro
estatítico Instalações. 70.9% das escolas tiraram Condições Insuficientes
(CI); e 63.4% das escolas particulares (52) não tinham instalações ou não
eram adequadas ao curso de Jornalismo. É preocupante porque não há teoria
sem prática. Em verdade, o aluno ganha conhecimento mas não o transforma
em prática num veículo laboratorial. Nenhuma escola tirou nota Condições
Muito Boas (CMB) nesse item. O que deveria ser uma obrigação passou a
ser uma virtude. Os requisitos que compõem as Instalações são pertinentes
ao projeto acadêmico e ao exercício de Jornalismo: número e adequação de
salas de aula, ventilação, iluminação, equipamentos didáticos, acesso e
69
acústica, salas para professores, um computador por aluno em sala para
disciplinas técnicas, estúdio de rádio e televisão, biblioteca, acesso à Internet
e outros.
Os números da Organização Didático-Pedagógica também não são
animadores. 42 escolas tiram nota CI, representando 48.8% do total. Índice
alto se considerarmos os itens observados: grade curricular,
interdisciplinaridade, integração entre teoria e prática, disciplinas teóricas
vinculadas ao Jornalismo, correspondência do currículo às habilidades e ao
perfil profissional, núcleo de apoio, fomento e acompanhamento da
pesquisa, mínimo de 10% dos professores envolvidos em projetos de
pesquisa, produção científica e técnica, produtos jornalísticos gráficos de
circulação periódica. A única escola particular com CMB foi uma
confessional: Pontifícia Universidade Católica de Campinas.
Já o Corpo Docente está mais homogêneo. Há um equilíbrio entre as
escolas, prevalecendo as Condições Boas (CB), representando 44.1% do
total. O professor foi avaliado obedecendo às seguintes qualificações:
dedicação ao curso, titulação acadêmica de disciplinas não técnicas e
disciplinas técnicas (stricto sensu), formação específica, disciplinas
ministradas em pós-graduação, produção científica, especialização completa,
critérios para progressão do docente, qualificação e regime de trabalho do
coordenador do curso de Jornalismo, atividade acadêmica extra-classe,
programa de capacitação do docente, experiência profissional como
jornalista, produção jornalística, experiência de magistério superior e relação
média aluno/docente.
Os dados e números deste tópico foram retirados do site
WWW.Inep.Gov.Br.
Organização Didático-Pedagógica
70
CMB CB CR CI SC Total
Federal 2 5 4 13 0 24
Estadual 0 1 2 3 1 7
Municipal 0 1 2 0 0 3
Privada 1* 13 12 26 0 52
Total 3 20 20 42 1 86
Corpo DocenteCMB CB CR CI SC Total
Federal 4 15 2 3 0 24
Estadual 1 3 1 1 1 7
Municipal 0 2 1 0 0 3
Privada 2 18 22 10 0 52
Total 7 38 26 14 1 86
InstalaçõesCMB CB CR CI SC Total
Federal 0 1 1 22 0 24
Estadual 0 1 1 4 1 7
Municipal 0 1 0 2 0 3
Privada 0 10 9 33 0 52
Total 0 13 11 61 1 86
Legenda: Condições Muito Boas (CMB), Condições Boas (CB), Condições Regulares (CR), Condições Insuficientes (CI) e Sem Conceito (SC)* Escola confessional
2.14 – Escola Itinerante da Fenaj
Com a proposta de colaborar também com a melhoria da qualidade do
ensino de Jornalismo e propiciar ao jornalista profissional um
aprofundamento teórico de sua prática e a sua reciclagem, a Secretaria de
Formação da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) criou a Escola
Itinerante de Jornalismo. O curso é aplicado em estados ou cidades onde não
têm escola de Jornalismo. “Teoricamente a proposta da Escola é a de
desenvolver uma metodologia de trabalho que possibilite ao jornalista
assumir-se como sujeito de sua formação, estabelecendo uma relação direta
71
entre a teoria e prática, bem como uma reflexão do seu papel enquanto
profissional e cidadão.”104
De novembro a dezembro de 1997, foram ministrados quatro cursos nos
Estados do Acre, Rondônia, Amapá e Tocantins, todos na região Norte do
País. Eles foram escolhidos porque não tinham escola de Jornalismo. Cada
curso teve três módulos e cada um durou uma semana. No primeiro foram
apresentadas e discutidas a principais correntes da Teoria da Comunicação,
as novas tendências do jornalismo e oficinas de texto. No segundo os
participantes discutiram os conceitos sobre os meios de comunicação de
massa e as peculiaridades; desafios e limitações do jornalismo impresso
foram transformados em pauta do dia. O último módulo foi sobre as novas
tecnologias, novas mídias, novas rede de informação e suas influências no
exercício profissional do jornalista. “Dessa forma, além da qualificação
profissional propriamente dita e apontada como uma demanda da categoria,
a Escola tem como objetivo provocar as universidades locais para a reflexão
sobre a formação profissional do jornalista, a partir da perspectiva de um
compromisso essencial com a sociedade”, disse a professora Rosa Maria
Cardoso Dalla Costa que ministrou aulas em Rio Branco (AC) e Porto Velho
(RO).105
Para realização do curso são feitos convênios com sindicatos da categoria
de jornalistas, universidades, empresas de comunicação.
2.15 – Mercado seletivo
O avanço tecnológico, o crescimento da mão-de-obra qualificada, o índice
de oferta inferior ao número de profissionais que deixam anualmente as
escolas, são indicadores que tornam o mercado aberto a uma renovação
constante mas também mais seletivo e exigente. O que caracteriza que a
disputa por uma vaga em uma redação é bem mais acirrada do que há 20
72
anos, quando o Brasil se sustentava numa política informativa controlada
pelo o Estado. Um outro fator que contribui para a escassez de vagas foi a
informatização das redações, embora a quantidade de jornais seja superior
aos anos 80. O computador ajudou na agilidade da produção e difusão do
jornal mas extinguiu funções e cargos, como também diminuiu o número de
repórteres na redação porque a Internet facilitou o levantamento de dados e
tornou a comunicação mais ágil e eficiente.
Então, beneficiado pela abundância de jornalistas, o mercado ficou restrito
à mão-de-obra especializada e qualificada, principalmente nos grandes
centros urbanos. É o mercado que vai testar o conhecimento e capacidade
adquirida pelo recém-formado na academia. “E esse mercado não é o mar de
rosas esperado e a competição torna-se acirrada, ainda mais para o jovem
que, além da falta de experiência, tem contra toda uma série de
características como o despreparo psicológico e a urgência em se sentir
atuante, a qualquer preço.”106
Outro complicador na vida do recém-formado é que o mercado, em alguns
casos, privilegia a quantidade e não a qualidade porque o custo é menor.
Receita que é muito bem aplicada em jornais de bairros das metrópolis, em
jornais do interior dos principais estados e em jornais controlados por
políticos e empresários de estados do Norte e Nordeste brasileiro. Este
termômetro salarial desqualificado serve para desprestigiar a função que a
escola de Jornalismo exerce na formação do profissional.
A Associação Nacional de Jornais (ANJ) listou em 1997, 400 jornais
diários e 892 com periodicidade variada. Já a Associação Nacional de
Editores de Revistas (Aner) catalogou mais de 300 títulos, distribuidos em
39 editoras (a Abril com 57, e a Globo com 41, dominam o mercado). Há
73
cerca de 150 gêneros. Só as dirigidas ao público feminino são 57 títulos. É o
segmento que apresenta maior crescimento nos últimos cinco anos.107
Dados de 1997, os mais atualizados, da Secretaria de Políticas de
Emprego e Salário (SPES), do Ministério do Trabalho, registram que
existem 19.473 jornalistas na ativa. Deste total 7.753 estão nas redações de
jornais, 6.115 nos setores extra-redação (para o Ministério do Trabalho são
profissionais que trabalham em assessorias de Imprensa), 1.030 em revistas,
523 em agências de notícias, 1.335 em emissoras de rádio e 2.717 em
televisão. Um terço dos jornalistas trabalha nas assessorias de Imprensa. E
30,06% dos jornalistas com carteira assinada trabalham no Estado de São
Paulo, representando 5.853 profissionais.
Já em Brasília, 70% dos jornalistas trabalham em assessorias. O que é
normal pela peculiaridade da capital brasileira. No Rio, por exemplo, de
acordo com dados de 1997 do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio
de Janeiro, dos cinco mil associados 3 mil são assessores de Imprensa.108
Observa-se que a criação de escolas de Jornalismo indiscriminadamente e
as constantes mudanças na grade curricular contribuiram para a
descaracterização da formação do aluno. Por outro lado, trouxeram
vantagem financeira para os donos das escolas particulares. “A possibilidade
de reunir-se um número elevado de alunos, de diferentes habilitações numa
mesma classe e ter à frente um único professor, acabou por se tornar uma
prática cultuada em grande parte das escolas de Comunicação Social, até os
nossos dias”, disse Maria Elisabete Laurenti.109 Os prejudicados são o
professorado e o alunado. O primeiro porque acaba não atendendo o futuro
jornalista com a devida e merecida atenção e não faz um trabalho coletivo
como é o Jornalismo. O segundo, que mantém a escola pagando a
mensalidade, deixa de aplicar o domínio de linguagens específicas da
74
profissão. Ou seja, a teoria e a prática não interagem no exercício
acadêmico.
Desde o funcionamento do primeiro curso de Jornalismo, as mudanças
sugeridas, os estudos realizados, todo o esforço despendido para a
formulação de uma proposta aceitável e viável às características tupiniquins,
vem sendo mais infrutíferos do que frutíferos. Cada vez mais o governo
adota medidas paliativas na condução do problema crônico que é formular
um currículo transparente e possível de realização. “E enquanto não
vencemos as dificuldades encontradas, representantes de outras áreas
chegam a lançar idéias sobre a eliminação das faculdades de Comunicação,
que passariam a se constituir em extensões ou cursos de especialização,
onde os graduados seriam transformados em comunicadores”, preocupa-se
Iára de Almeida Bendati.110
Este impasse acaba gerando uma instabilidade acadêmica e desconfiança
no mercado, principalmente porque o currículo não é estável e muito menos
a escola é capaz ou está em condições de receber e atender o aluno
despreparado para a vida acadêmica.
Mas é difícil prever qual é o curso de Jornalismo ideal ou o mais
equilibrado se continuar a massificação no preparo profissional com escolas
que aumentam o número de vagas sem ser dotadas de equipamentos,
laboratórios, professores titulados. Neste turbilhão de indefinições, existe
uma corrente que defende capacitar o aluno ao domínio das técnicas das
mensagens jornalísticas, outra é favorável a formar profissional vinculado ao
aspecto científico e com conhecimento humanístico. “E, para isso, o
estudante deverá aprender a conviver com o pensamento teórico,
estabelecendo as relações interdisciplinares, que estão na raiz de todo o fato
social. Que seja capaz de perceber e de especular sobre acontecimentos
75
aparentemente banais, mas que não são resultado do acaso e que, portanto,
merecem um tratamento menos displicente do que em geral recebem”,
comenta Iára de Almeida Bendati.111
Os pioneiros cursos de Jornalismo, ao contrário dos Estados Unidos e
Europa, funcionavam como instâncias de faculdades o que gerou a ausência
de tradição interdisciplinar. “Isso inviabilizou a circulação dos estudantes
pelas áreas conexas, estreitando a grade curricular em função das
disponibilidades existentes”, lembra José Marques de Melo.112
Sendo um apêndice das faculdades de Filosofia, os cursos de Jornalismo
ficaram relegados a segundo plano até 1962 quando o Conselho Federal de
Educação aprovou o Parecer 323, criando o currículo mínimo, ou seja,
ganharam autonomia.113 Este período de dependência administrativa
provocou a dicotomia teoria versus prática. Para dificultar mais o ensino de
Jornalismo, as disciplinas eram ministradas por professores de Direito,
Filosofia, Sociologia e por alguns profissionais do mercado. Eram poucos os
professores de Jornalismo. Talvez esta seja uma das razões da atual situação
do ensino de Jornalismo: qual é o seu papel? qual é o seu caminho? “A
função da universidade (escola de Jornalismo) não é servir aos empresários
de comunicação e sim formar cidadãos capazes de ter uma ampla e crítica
visão do mundo”, responde o professor Sérgio Capareli.114
Na mesma linha de raciocínio está a professora Sonia Aguiar quando diz
que cabe à escola “fornecer aos futuros jornalistas a base de conhecimentos
necessária à compreensão da realidade brasileira, à avaliação das
informações que irão transmitir e ao conhecimento das diferentes formas de
tratamento dos fatos”.115
É inegável que existe há anos a divergência entre mercado e escola. O
MEC, controlador e administrador dos cursos de Jornalismo, na tentativa de
76
evitar um caos maior na formação de jornalistas, adotou medidas que iam na
contra-mão de um curso voltado ao campo do saber e do conhecimento. Em
contrapartida, os donos das escolas particulares, o principal alvo das críticas,
ficaram à espera de uma decisão governamental, às vezes, por omissão ou
para não se comprometeram. Já o mercado, cada vez mais exigente, se
articulou e criou programas de treinamento e aperfeiçoamento para peneirar
os melhores graduandos ou recém-formados. “Reconhecemos que temos
problemas e que eles devem ser superados através do diálogo universidade-
escola”, propõe José Marques Melo.116
Quanto ao currículo, o professor José Marques de Melo entende que ele
deva atender às necessidades local e regional em que os cursos estão
situados. Ele justifica dizendo que é na cidade onde fica o curso que os
futuros jornalistas vão buscar o primeiro emprego. José Marques de Melo,
porém, faz um alerta aos professores que precisam manter-se sintonizados
com “as tendências nacionais/globais, desprovincianizando a formação
profissional, inclusive porque é legítima a aspiração dos jovens profissionais
em galgar postos de trabalho nas empresas que encabeçam as redes
midiáticas às quais estão vinculados os meios locais/regionais”.117 O
professor propõe que a escola faça um currículo cujo universo é a
comunidade em que está localizada mas sem se asfastar do Jornalismo
universal e das inovações tecnológicas, das transformações sociais e
mudanças econômicas. Ele adverte ainda que os cursos não precisam ter
longa duração. “Da mesma forma, convém pensar em estratégias de
interconexão entre graduação e pós-graduação, entre graduação e extensão,
eliminando obstáculos pedagogicamente inconsistentes.”118
2.16 – Notas e referências bibliográficas
77
1 – NUZZI, Erasmo de Freitas. In: Revista acadêmica do programa de pós-
graduação da Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. São Paulo,
Cásper Líbero, ano 1, página 8, 1998.
2 – RAMADAN, Nancy Nuyen Ali. In: Revista acadêmica do programa de
pós-graduação da Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. São
Paulo, Cásper Líbero, ano 1, página 4, 1998.
3 – GENTILI, Victor. Observatório da imprensa – jornal dos debates. São
Paulo, 20 de fevereiro de 1998, página 4.
4 – LAURENTI, Maria Elisabete. Do jornalismo à comunicação social:
estudo da criação da rede de escolas paulistas na década de 70. Dissertação
de Mestrado. São Paulo, Universidade Anhembi Morumbi, 1998.
5 – MELO, José Marques de. O ensino de jornalismo no Brasil. In: O ensino
de Jornalismo: documentos da 4ª Semana de Estudos de Jornalismo. São
Paulo, ECA/USP, 1972
6 – LAURENTI, Maria Elisabete. Do jornalismo à comunicação social:
estudo da criação da rede de escolas paulistas na década de 70. Dissertação
de Mestrado. São Paulo, Universidade Anhembi Morumbi, 1998.
7 – Cadernos de Jornalismo nº 3. A queixa dos nossos professores: alunos,
salários e maus colegas. Porto Alegre, Sindicato dos Jornalistas
Profissionais de Porto Alegre, setembro/78.
8 – LAURENTI, Maria Elisabete. Do jornalismo à comunicação social:
estudo da criação da rede de escolas paulistas na década de 70. Dissertação
de Mestrado. São Paulo, Universidade Anhembi Morumbi, 1998.
9 – SILVA, Luís Custódio da. Órgãos laboratoriais: da resistência aos
novos caminhos experimentais. In: Ensino de comunicação no Brasil:
impasses e desafios. (org.) José Marques de Melo. São Paulo, ECA/USP,
1987.
78
10 – BELTRÃO, Luiz. Estrutura curricular dos cursos de jornalismo no
Brasil. In: O Ensino de Jornalismo: documentos da 4ª Semana de estudos de
Jornalismo. São Paulo, ECA/USP, 1972.
11 – LINS DA SILVA, Carlos Eduardo. A Política educacional brasileira e
os currículos de comunicação. In: Ideologia e poder no ensino de
comunicação. São Paulo, Cortez e Moraes, 1979.
12 – MELO, José Marques de. Poder, universidade e escolas de
comunicação. In: Ideologia e poder no ensino de comunicação. São Paulo,
Cortez e Moraes, 1979.
13 – Boletim da Intercom nº37. A grande polêmica do ensino de
comunicação. São Paulo, Intercom, maio/junho de 1982.
14 – LAGE, Nilson. Pela formação universitária específica dos jornalistas.
Palestra ministrada no 2º Encontro Latino-americano de Professores de
Jornalismo, realizado em São Paulo na Cásper Líbero, em agosto de 1999.
15 – Agência Facos. Juíza decreta fim da exigência do diploma de
jornalismo. Santos, Unisantos, edição 27, de 2 de novembro de 2001.
16 – Agência Facos. Juíza decreta fim da exigência do diploma de
jornalismo. Santos, Unisantos, edição 27, de 2 de novembro de 2001.
17 – Agência Facos. Sindicato repudia decisão e promete ir à Justiça.
Santos, Unisantos, edição 27, de 2 de novembro de 2001.
18 – RIZZINI, Carlos. O ensino do jornalismo. Rio de Janeiro,
Departamento de Imprensa Nacional, 1953.
19 – MEDINA, Sinval Freitas. O Ensino de Jornalismo: revisão crítica. In:
Cadernos de Jornalismo e Editoração, nº8. São Paulo, ECA/USP, junho de
1972.
20 – http://www.estado.com.br/jornal/96/10/07/SIPAO7.HTM. 06/04/98.
79
21 – Revista Imprensa, nº37. O círculo de giz. São Paulo, Feeling,
setembro/90.
22 – LAURENTI, Maria Elisabete. Do jornalismo à comunicação social:
estudo da criação da rede de escolas paulistas na década de 70. Dissertação
de Mestrado. São Paulo, Universidade Anhembi Morumbi, 1998.
23 – RIZZINI, Carlos. O ensino do jornalismo. Rio de Janeiro,
Departamento de Imprensa Nacional, 1953.
24 – LAURENTI, Maria Elisabete. Do jornalismo à comunicação social:
estudo da criação da rede de escolas paulistas na década de 70. Dissertação
de Mestrado. São Paulo, Universidade Anhembi Morumbi, 1998.
25 – LAURENTI, Maria Elisabete. Do jornalismo à comunicação social:
estudo da criação da rede de escolas paulistas na década de 70. Dissertação
de Mestrado. São Paulo, Universidade Anhembi Morumbi, 1998.
26 – LAURENTI, Maria Elisabete. Do jornalismo à comunicação social:
estudo da criação da rede de escolas paulistas na década de 70. Dissertação
de Mestrado. São Paulo, Universidade Anhembi Morumbi, 1998.
27 – LAURENTI, Maria Elisabete. Do jornalismo à comunicação social:
estudo da criação da rede de escolas paulistas na década de 70. Dissertação
de Mestrado. São Paulo, Universidade Anhembi Morumbi, 1998.
28 – Cadernos de Jornalismo nº 3. Aqui se ensina quem vai ser submisso e
quem vai explorar. Porto Alegre, Sindicato dos Jornalistas Profissionais de
Porto Alegre, setembro de 1978.
29 – Cadernos de Jornalismo nº 3. Aqui se ensina quem vai ser submisso e
quem vai explorar. Porto Alegre, Sindicato dos Jornalistas Profissionais de
Porto Alegre, setembro de 1978.
80
30 – Cadernos de Jornalismo nº 3. Aqui se ensina quem vai ser submisso e
quem vai explorar. Porto Alegre, Sindicato dos Jornalistas Profissionais de
Porto Alegre, setembro de 1978.
31 – LAURENTI, Maria Elisabete. Do jornalismo à comunicação social:
estudo da criação da rede de escolas paulistas na década de 70. Dissertação
de Mestrado. São Paulo, Universidade Anhembi Morumbi, 1998.
32 – LAURENTI, Maria Elisabete. Do jornalismo à comunicação social:
estudo da criação da rede de escolas paulistas na década de 70. Dissertação
de Mestrado. São Paulo, Universidade Anhembi Morumbi, 1998.
33 – LAURENTI, Maria Elisabete. Do jornalismo à comunicação social:
estudo da criação da rede de escolas paulistas na década de 70. Dissertação
de Mestrado. São Paulo, Universidade Anhembi Morumbi, 1998.
34 – BELTRÃO, Luiz. Estrutura curricular dos cursos de jornalismo no
Brasil. In: O Ensino de Jornalismo: documentos da 4ª Semana de Estudos de
Jornalismo. São Paulo, ECA/USP, 1972.
35 – LAURENTI, Maria Elisabete. Do jornalismo à comunicação social:
estudo da criação da rede de escolas paulistas na década de 70. Dissertação
de Mestrado. São Paulo, Universidade Anhembi Morumbi, 1998.
36 – SÁ, Adísia. Corpo docente para os cursos de Jornalismo. In: O Ensino
de Jornalismo: documentos da 4ª Semana de Estudos de Jornalismo. São
Paulo, ECA/USP, 1972.
37 – BELTRÃO, Luiz. Estrutura curricular dos cursos de jornalismo no
Brasil. In: O Ensino de Jornalismo: documentos da 4ª Semana de estudos de
Jornalismo. São Paulo, ECA/USP, 1972.
38 – BELTRÃO, Luiz. Estrutura curricular dos cursos de jornalismo no
Brasil. In: O Ensino de Jornalismo: documentos da 4ª Semana de estudos de
Jornalismo. São Paulo, ECA/USP, 1972
81
39 – Cadernos de Jornalismo nº 3. De cima para baixo, mais um pacote:
aqui está o novo currículo. Porto Alegre, Sindicato dos Jornalistas
Profissionais de Porto Alegre, setembro de 1978.
40 – Cadernos de Jornalismo nº 3. Currículos não mudam estrutura
bancária da universidade brasileira. Porto Alegre, Sindicato dos Jornalistas
Profissionais de Porto Alegre, setembro de 1978.
41 – MARASCHIN, Jaci Correia. O novo currículo mínimo de
comunicação. In: Cadernos de Comunicação Proal, nº2. São Paulo, Editora
Proal, 1977.
42 – Cadernos de Jornalismo nº 3. Currículos não mudam estrutura
bancária da universidade brasileira. Porto Alegre, Sindicato dos Jornalistas
Profissionais de Porto Alegre, setembro de 1978.
43 – BUENO, Wilson da Costa. Seis propostas para ativar a reação contra
censura e alienação. In: Cadernos de Jornalismo nº 3. Porto Alegre,
Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Porto Alegre, setembro de 1978.
44 – Revista Imprensa, nº37. O círculo de giz. São Paulo, Feeling,
setembro/90.
45 – MELO, José Marques de. Currículo mínimo de comunicação: o soneto
e as emendas. In: Boletim da Intercom, nº46. São Paulo, Intercom,
janeiro/fevereiro de 1984.
46 – MELO, José Marques de. Currículo mínimo de comunicação: o soneto
e as emendas. In: Boletim da Intercom, nº46. São Paulo, Intercom,
janeiro/fevereiro de 1984.
47 – MELO, José Marques de. O ensino do Jornalismo na batalha decisiva
pela qualidade. São Paulo, Intercom 52: Revista Brasileira da Comunicação,
janeiro a junho/85.
82
48 – MELO, José Marques de. O ensino do Jornalismo na batalha decisiva
pela qualidade. São Paulo, Intercom 52: Revista Brasileira da Comunicação,
janeiro a junho/85.
49 – MELO, José Marques de. O ensino do Jornalismo na batalha decisiva
pela qualidade. São Paulo, Intercom 52: Revista Brasileira da Comunicação,
janeiro a junho/85.
50 – MELO, José Marques de. O ensino do Jornalismo na batalha decisiva
pela qualidade. São Paulo, Intercom 52, Revista Brasileira da Comunicação,
janeiro a junho/85.
51 – FREITAG, Bárbara. Educação. In: Ensino da Comunicação. Porto
Alegre, Revista Abepec, nº3, junho de 1977.
52 – CALDAS, Graça e CAPRINO, Mônica. Formação do jornalista e
reforma curricular: a experiência da Metodista. In: Revista Brasileira de
Ciências da Comunicação, nº2. São Paulo, Intercom, julho/dezembro de
2000.
53 – CALDAS, Graça e CAPRINO, Mônica. Formação do jornalista e
reforma curricular: a experiência da Metodista. In: Revista Brasileira de
Ciências da Comunicação, nº2. São Paulo, Intercom, julho/dezembro de
2000.
54 – Diretrizes Curriculares da áres de Comunicação e suas habilitações.
WWW.Inep.Gov.Br.
55 – Diretrizes Curriculares da áres de Comunicação e suas habilitações.
WWW.Inep.Gov.Br.
56 – Diretrizes Curriculares da áres de Comunicação e suas habilitações.
WWW.Inep.Gov.Br.
57 – Diretrizes Curriculares da áres de Comunicação e suas habilitações.
WWW.Inep.Gov.Br.
83
58 – Diretrizes Curriculares da áres de Comunicação e suas habilitações.
WWW.Inep.Gov.Br.
59 – Diretrizes Curriculares da áres de Comunicação e suas habilitações.
WWW.Inep.Gov.Br.
60 – Diretrizes Curriculares da áres de Comunicação e suas habilitações.
WWW.Inep.Gov.Br.
61 – Diretrizes Curriculares da áres de Comunicação e suas habilitações.
WWW.Inep.Gov.Br.
62 – Diretrizes Curriculares da áres de Comunicação e suas habilitações.
WWW.Inep.Gov.Br.
63 – Diretrizes Curriculares da áres de Comunicação e suas habilitações.
WWW.Inep.Gov.Br.
64 – Diretrizes Curriculares da áres de Comunicação e suas habilitações.
WWW.Inep.Gov.Br.
65 – RIZZINI, Carlos. O ensino do jornalismo. Rio de Janeiro,
Departamento de Imprensa Nacional, 1953.
66 – MELO, José Marques de. Laboratórios de jornalismo impresso. In:
Revista de Comunicação, nº 19. São Paulo, Agora Comunicação Integrada,
1969.
67 – MELO, José Marques de. Laboratórios de jornalismo impresso. In:
Revista de Comunicação, nº 19. São Paulo, Agora Comunicação Integrada,
1969.
68 – BRANCO ROCHA, Samantha Viana Castelo. Os desafios dos projetos
experimentais em Jornalismo. Intercom, Recife/98.
69 – BRANCO ROCHA, Samantha Viana Castelo. Os desafios dos projetos
experimentais em Jornalismo. Intercom, Recife/98.
84
70 – AGUIAR, Sonia. A peleja dos sofistas. In: Revista Imprensa, nº57. São
Paulo, Feeling, maio de 1992.
71 – MEDITSCH, Eduardo. O conhecimento do jornalismo. Florianópolis.
Editora da UFSC, 1992.
72 – CARDOSO, Onésimo de Oliveira. (org.) Comunicação: Análise da
disciplina Comunicação Comparada. Série Comunicação Educativa, 12. São
Bernardo do Campo, Metodista, 1996.
73 – CARDOSO, Onésimo de Oliveira. (org.) Comunicação: Análise da
disciplina Comunicação Comparada. Série Comunicação Educativa, 12. São
Bernardo do Campo, Metodista, 1996.
74 – CARDOSO, Onésimo de Oliveira. (org.) Comunicação: Análise da
disciplina Comunicação Comparada. Série Comunicação Educativa, 12. São
Bernardo do Campo, Metodista, 1996.
75 – Síntese dos parâmetros curriculares nacionais. São Paulo, Editora
Didática Paulista, 2000.
76 – Síntese dos parâmetros curriculares nacionais. São Paulo, Editora
Didática Paulista, 2000.
77 – Síntese dos parâmetros curriculares nacionais. São Paulo, Editora
Didática Paulista, 2000.
78 – BUENO, Wilson da Costa. Seis propostas para ativar reação contra
censura e alienação. In: Cadernos de Jornalismo nº 3. Porto Alegre,
Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Porto Alegre, setembro de 1978.
79 – BUENO, Wilson da Costa. Seis propostas para ativar reação contra
censura e alienação. In: Cadernos de Jornalismo nº 3. Porto Alegre,
Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Porto Alegre, setembro de 1978.
80 – BENDATI, Iára de Almeida. Teoria. In: Ensino da Comunicação. Porto
Alegre, Revista Abepec, junho de 1977.
85
81 – AGUIAR, Sonia. A peleja dos sofistas. In: Revista Imprensa, nº57. São
Paulo, Feeling, maio de 1992.
82 – MEDINA, Sinval Freitas. O Ensino de Jornalismo: revisão crítica. In:
Cadernos de Jornalismo e Editoração, nº8. São Paulo, ECA/USP, junho de
1972.
83 – AGUIAR, Sonia. A peleja dos sofistas. In: Revista Imprensa, nº57. São
Paulo, Feeling, maio de 1992.
84 – BENDATI, Iára de Almeida. Teoria. In: Ensino da Comunicação. Porto
Alegre, Revista Abepec, junho de 1977.
85 – BENDATI, Iára de Almeida. Teoria. In: Ensino da Comunicação. Porto
Alegre, Revista Abepec, junho de 1977.
86 – BENDATI, Iára de Almeida. Teoria. In: Ensino da Comunicação. Porto
Alegre, Revista Abepec, junho de 1977.
87 – Revista Imprensa, nº37. O círculo de giz. São Paulo, Feeling,
setembro/90.
88 – Revista Imprensa, nº37. O círculo de giz. São Paulo, Feeling,
setembro/90.
89 – Revista Imprensa, nº37. O círculo de giz. São Paulo, Feeling,
setembro/90.
90 – Revista Imprensa, nº37. O círculo de giz. São Paulo, Feeling,
setembro/90.
91 – Revista Imprensa, nº37. O círculo de giz. São Paulo, Feeling,
setembro/90.
92 – Revista Imprensa, nº37. O círculo de giz. São Paulo, Feeling,
setembro/90.
93 – Revista do Provão, Brasília, ano 3, número 2, 1998.
94 – Revista do Provão, Brasília, ano 3, número 2, 1998.
86
95 – Observatório da Imprensa. Jornal de Debates, 26/2/98.
96 – Observatório da Imprensa. Jornal de Debates, 26/2/98.
97 – Observatório da Imprensa. Jornal de Debates, 26/2/98.
98 – Observatório da Imprensa. Jornal de Debates, 26/2/98.
99 – Observatório da Imprensa. Jornal de Debates, 26/2/98.
100 – Observatório da Imprensa. Jornal de Debates, 26/2/98.
101 – Observatório da Imprensa. Jornal de Debates, 26/2/98.
102 – Observatório da Imprensa. Jornal de Debates, 26/2/98.
103 – Observatório da Imprensa. Jornal de Debates, 26/2/98.
104 – DALLA COSTA, Rosa Maria Cardoso. Escola itinerante de
jornalismo da Fenaj. Artigo apresentado pela professora na Intercom de
1998, realizada em Recife.
105 – DALLA COSTA, Rosa Maria Cardoso. Escola itinerante de
jornalismo da Fenaj. Artigo apresentado pela professora na Intercom de
1998, realizada em Recife.
106 – BENDATI, Iára de Almeida. Teoria. In: Ensino da Comunicação.
Porto Alegre, Revista Abepec, junho de 1977.
107 – Revista do Provão. Brasília, ano 3, número 2, 1998.
108 – Observatório da Imprensa. Jornal de Debates, 26/2/98.
109 – LAURENTI, Maria Elisabete. Do jornalismo à comunicação social:
estudo da criação da rede de escolas paulistas na década de sessenta.
Dissertação de Mestrado. São Paulo, Universidade Anhembi Morumbi, 1998
110 – BENDATI, Iára de Almeida. Teoria. In: Ensino da Comunicação.
Porto Alegre, Revista Abepec, junho de 1977.
111 – BENDATI, Iára de Almeida. Teoria. In: Ensino da Comunicação.
Porto Alegre, Revista Abepec, junho de 1977.
87
112 – MELO, José Marques de. Ensino de graduação em Comunicação
Social: paradigmas curriculares. In: Revista Brasileira de Ciências da
Comunicação. São Paulo, Intercom. janeiro/junho de 1998.
113 – D’AZEVEDO, Marcello Casado. Estrutura curricular: formação
fenomenológica. In: O ensino de Jornalismo: documentos da 4ª Semana de
Estudos de Jornalismo. (org.) José Marques de Melo. São Paulo, ECA/USP,
1972.
114 – Revista Imprensa, nº37. O círculo do giz. São Paulo, Feeling,
setembro/90.
115 – AGUIAR, Sonia. A peleja dos sofistas. In: Revista Imprensa, nº57.
São Paulo, Feeling, maio de 1992.
116 – MELO, José Marques de. In: O Círculo do giz. São Paulo, Revista
Imprensa, nº37, Feeling, setembro de 1990.
117 – MELO, José Marques de. Ensino de graduação em Comunicação
Social: paradigmas curriculares. In: Revista Brasileira de Ciências da
Comunicação. São Paulo, Intercom, janeiro/junho de 1998.
118 – MELO, José Marques de. Ensino de graduação em Comunicação
Social: paradigmas curriculares. In: Revista Brasileira de Ciências da
Comunicação. São Paulo, Intercom. janeiro/junho de 1998.
88
3
Jornal-laboratório
O papel que o jornal-laboratório desempenha na formação do futuro
jornalista é de suma importância numa sociedade democrática. Se o
estudante assimilar que o conteúdo do jornal-laboratório não pode confundir
o leitor ao ponto de levá-lo a conclusões distorcidas, omitir dados relevantes
89
e muito menos enganar a si mesmo, terá dado um grande passo na sua
formação. É oportuno enfatizar que a preocupação na formação de um
profissional responsável, crítico e ético deve ser o fio que conduz os critérios
de produção e difusão do jornal-laboratório. A linguagem não é a mesma do
jornal-empresa que se direciona mais ao real imediato, ou seja, ao fato
acontecido em menos de 24 horas, a não ser que tenha ritmo de jornal diário.
No Brasil, o factual ainda está longe de ser aplicado no Jornalismo
produzido pelo estudante. É preciso formar uma estrutura organizacional,
por exemplo, criar uma Empresa Junior que possibilite ter um jornal-
laboratório diário. A linguagem do jornal-laboratório não pode ser
meramente informativa já que sua periodicidade vai de semanal a mensal, na
quase totalidade dos casos.
Por outro lado, o estudante deve entender que o discurso jornalístico
precisa se balizar na checagem do fato para comprovar a sua veracidade. O
Jornalismo laboratorial jamais pode cometer inverdades. É atributo do
Jornalismo divulgar o que é de interesse público e não de interesse da
empresa. É um complicador a mais para o estudante que sonha trabalhar em
um grande jornal, independente da sua linha editorial. Mas a escola não pode
só se preocupar com o que o mercado oferece ou tem a oferecer ao futuro
jornalista e muito menos negligenciar o conhecimento científico. A escola
deve também se ater aos princípios básicos que regem o Jornalismo, aquele
fiel ao leitor e preciso no seu discurso. Deve formar um profissional sabedor
e conhecedor de que fazer Jornalismo é assumir um compromisso com a
comunidade, com os direitos éticos e na busca incessante da democracia. O
estudante deve desvincular (sempre) o Jornalismo do negócio. No Brasil,
não é uma tarefa fácil a ser cumprida pelas escolas, porque, segundo o
professor Manuel Carlos Chaparro, “o que temos por aqui, em larga escala,
90
mandando e desmandando, são editores testas-de-ferro, apaixonados pelo
poder que têm de controlar repórteres, em relação aos quais agem,
frequentemente, como censores e adulteradores de textos”.1
É na escola que o estudante tem a oportunidade de analisar e elaborar
críticas à mídia distante da pressão empresarial e profissional e propor
alternativas. A academia é o local de troca de idéias, de conhecimento e de
manter-se crítico e independente, no que diz respeito às relações de poder e
às mudanças que ocorrem na sociedade
É bom lembrar que o jornal-laboratório não é um balcão de anúncios que
basta pagar que será publicado. E nada mais sensato do que usar as páginas
do jornal-laboratório para colocar em prática a teoria adquirida ao longo do
curso. Divulgar seu resultado, ou seja, o que aprendeu, é necessário e
primordial para a construção de um sistema educacional forte e de qualidade.
Não podemos jamais esquecer que uma sociedade bem informada e
esclarecida fortalece o processo democrático.
O horizonte do estudante precisa atravessar fronteiras, principalmente e
do conhecimento. O discurso do jornal-laboratório não pode satisfazer o ego
do estudante, dos pais e muito menos do professor/coordenador do projeto.
Aí sim teremos um jornal-laboratório pluralista, independente e racional nas
suas reportagens e análises. O estudante de Jornalismo precisa saber que o
aprender não se limita a escrever por escrever. O aprender jornalismo é um
exercício contínuo e ininterrupto. A função do jornal-laboratório é contribuir
para que o futuro profissional ganhe uma visão universal – cosmopolita –
dos acontecimentos e compreenda a importância do jornalismo na
articulação de uma sociedade igualitária.
Esses indicadores permitirão que o estudante de Jornalismo, professor e
escola possam expor de forma rigorosa, transparente e responsável, sem ferir
91
os princípios da moral, da ética e do respeito pelo cidadão, independente do
seu credo, raça, cor, classe social ou econômica.
3.1 – Profissão regulamentada
A regulamentação da profissão, em 1969, exigindo o diploma para o
exercício da profissão e a pressão dos sindicatos de jornalistas para o fim do
estágio, levaram alguns cursos de Jornalismo a implantarem o jornal-
laboratório impresso como atividade jornalística no sentido de incentivar e
preparar o estudante para o mercado de trabalho, permitindo um aprendizado
prático adequado com o embasamento teórico em sala de aula.
Antes as escolas não propiciavam ao estudante treinamento para o
exercício profissional. Na verdade, as disciplinas eram mais discursivas
porque o estudante tinha a oportunidade de se aperfeiçoar fora da
universidade, estagiando nos jornais. Esse mecanismo não forçava os cursos
a colocar o jornal-laboratório como meta essencial na formação profissional.
Segundo o professor José Marques de Melo, faltavam os laboratórios
didáticos às pioneiras escolas de Jornalismo.2
A valorização do jornal-laboratório estava fundamentada na proposta de
reproduzir na universidade mecanismos de produção e difusão do fato
jornalístico sem que o futuro profissional ficasse à margem do processo
editorial da mídia. A teoria em sintonia com a prática oferece ao estudante a
oportunidade de exercitar os princípios básicos do jornalismo
compromissado com a sociedade. “Sem dúvida alguma, essa alteração
pedagógica ocorre a partir da implantação do jornal-laboratório como
trabalho sistemático, continuado e veraz dentro dos cursos de Jornalismo”,
avalia o professor José Marques de Melo.3
Apesar da obrigatoriedade, com base na Resolução 2/84, do Ministério da
Educação e Cultura (MEC), há escolas de Jornalismo que ainda não mantém
92
periodicamente e com a participação efetiva do aluno, o jornal-laboratório
como atividade acadêmica. O MEC exige, no mínimo, oito edições
publicadas por ano letivo. O professor Dirceu Fernandes Lopes diz que “sob
o ponto de vista pedagógico parece não haver dúvidas da
imprescindibilidade do jornal-laboratório para o aparendizado de Jornalismo,
principalmente em países como o Brasil, onde a legislação trabalhista veta o
estágio em empresas jornalísticas.”4 O estudante não deve tomar
conhecimento do processo de produção e difusão do jornal impresso só
depois de formado. É na escola que ele deve receber o treinamento inerente
ao exercício profissional. É no laboratório didático que o estudante procura
simular situações profissionalizantes, mas sem deixar de lado a teoria.
3.2 – Conceitos de jornal-laboratório
Na visão do professor José Marques de Melo o “jornal-laboratório
constitui espaço essencial de ensino-aprendizagem para a formação de
jornalistas na universidade. Sua função é a de criar ambiente propício para a
reprodução dos processos jornalísticos, em situações práticas, vivenciadas
pelos alunos, das quais os professores extraem evidências para explicar as
teorias que embasam a profissão.”5
Já Luiz Beltrão diz que o jornal-laboratório é o instrumento didático e,
sempre que usado apropriadamente, com um planejamento racional, se
transforma no substituto da prática do treinamento nas redações6. Para Bruno
Fuser, o jornal-laboratório induz o aluno a buscar novas formas de expressão
jornalística, pela prática da experimentação. “Promove a partir da integração
entre professores, disciplinas e estudantes, o espírito de equipe e a troca de
experiências necessários para a prática e pesquisa do Jornalismo.”7
O conceito de jornal-laboratório não se limita ao espaço (sala de redação)
que a universidade oferece ao aluno e aos professores que coordenam o
93
projeto. O laboratório é importante para o aluno porque o ajuda a conhecer o
jornal em vários sentidos, desde a pauta, checagem das fontes envolvidas no
assunto, entrevistas, pesquisa no banco de dados, leitura complementar e a
produção do texto. O aluno transporta para as páginas do jornal-laboratório a
vivência teórica da sala de aula, que fica distante do praticar jornalismo.
Incentivado pelo exercício, o aluno vai canalizar seu conhecimento e buscar
formas de aplicar e desenvolver sua criatividade na construção de um texto
jornalístico apurado e refinado.
Ao se exercitar no laboratório, o aluno assimila o poder de síntese, tão
fundamental para o jornalismo que, devido ao processo de seleção dos
assuntos cotidianos, publica apenas aqueles de maior interesse público. “A
síntese pressupõe a capacidade aprendida pelo aluno de se comunicar com
clareza e em poucas palavras”, avalia o professor da ECA/USP, José Coelho
Sobrinho.8 É praticando na academia que o aluno é orientado a analisar e
diferenciar o fato jornalístico daquele de interesse pessoal ou de grupos.
Ainda citando o professor José Coelho Sobrinho, a ánalise colabora para que
o aluno tenha capacidade julgadora de questionar, apurar e depurar.9 Num
jornal-laboratório o estudante tem o feedback da sua produção. É avaliado
pelo professor. É criticado pelo colega de redação e também pelo leitor. Esse
retorno, quase imediato, oferece a ele subsídios para perceber que um texto
jornalístico não deve ser redigido apenas para cumprir tarefas escolares. Ao
contrário, deve conter elementos que satisfaçam o interesse do leitor atento e
crítico. O estudante é cobrado de público em alguns casos. O que o torna
responsável e crítico na apuração do fato jornalístico.
A visão de que o jornal-laboratório serve apenas satisfazer as exigências
do MEC, o ego do professor/orientador ou do aluno, em alguns casos, não
traduz a verdade da sua representatividade na formação profissional. É
94
experimentando que o aluno sente na pele as dificuldades de coletar dados,
encontrar as fontes necessárias para sustentar a sua proposta de pauta e
provar que o assunto é de interesse da comunidade. Ao manter contato com
a comunidade, o aluno passa a trabalhar de modo mais consciente, mais
sério e profissional. Na verdade, deixa de ser passivo e se transforma em um
questionador e defensor do jornal para o qual trabalha. Ele aprende que o
jornalista não é só aquele que tem um bom texto ou que conhece todas as
técnicas ou regras para redigir uma matéria jornalística, mas aquele que tem
compromisso com seu público. Essa assimilação leva o aluno a refletir que a
prática jornalística não é escrever para o colega de sala ou ao professor que o
avalia. É o laboratório que se aproxima da realidade de uma redação.
O rigor adotado na orientação do projeto, na sua produção e difusão,
principalmente em não reproduzir o padrão da grande mídia, provoca uma
mudança profunda de postura do aluno. Ele cresce, e exige de si mesmo.
Estimulado pelo corpo docente e interado do projeto didático-pedagócio,
tenderá a colocar como meta produzir matérias cada vez mais completas,
balisadas no interesse público, na ética jornalística, desvinculadas de fontes
viciadas (sempre as mesmas, como acontece em alguns casos na política) e
assuntos esgotados. O professor da ECA/USP, Bernardo Kucinsky, faz a
seguinte análise do papel da academia na formação do futuro jornalista: “…
A contradição com o mercado não é antagônica. É claro que poderá haver
um choque entre o rigor desses padrões e a chamada realidade de mercado.
Mas aí está exatamente a importância do curso não só como formador de um
intelectual orgânico, de um trabalhador intelectual consciente, mas também
como um foco de irradiação de um padrão jornalístico.”10
O jornal-laboratório é imprescindível para o processo ensino-
aprendizagem e deve seguir etapas que atendam às necessidades do
95
aprendiz. Ou seja, é essencial à preparação jornalística. A professora
Cremilda Medina entende que jornal-laboratório é a teoria e a prática em
movimento.11 José Marques de Melo complementa ao afirmar que, na
medida em que está a serviço da teoria, o jornal-laboratório permite
aplicação prática de conhecimento sedimentado e “muitas vezes para negar a
própria teoria, para produzir um conhecimento novo.”12 Na verdade, é na
produção e difusão do jornal-laboratório que o estudante terá condições
instrumental e de conhecimentos teóricos para exercitar a prática jornalística
nas mais variadas funções.
O objetivo do jornal-laboratório é justamente romper a barreira de um
organismo meramente acadêmico, repetidor dos modelos existentes nas
empresas de comunicação, de divulgação e promoção de alunos, professores
e da própria entidade.
O jornal-laboratório impresso é importante para o aluno viver e conviver,
numa redação laboratorial, com as tarefas cotidianas do fazer jornalístico.
Embora as críticas de alguns jornalistas formados nas redações sejam
contrárias à formação acadêmica, o laboratório didático tem a possibilidade
de conscientizar o aluno da importância do jornalismo.
O professor José Marques de Melo mais uma vez reforça a validade do
jornal-laboratório na formação da consciência profissional. “Formar
jornalistas, sem que lhes desperte o interesse pela análise crítica dos padrões
vigentes na sociedade e sem que lhes ofereça oportunidade de testar tais
modelos em laboratórios e de criar alternativas inovadoras, é motivo de
frustração generalizada na área desde a década de 50.”13
O jornal-laboratório é o espaço onde o futuro jornalista pode colocar em
prática a sua criatividade no relato do cotidiano. O importante é que o jornal-
laboratório funcione como um núcleo de produção onde tudo é apurado,
96
analisado e questionado antes de se transformar em texto jornalístico. Para
não prejudicar a utilização pedagógica do processo, é primordial que a
estrutura desse veículo não seja burocrática e tenha raízes na liberdade de
expressão, respeitando os princípios éticos na defesa da cidadania,
principalmente quando está em jogo o interesse público. A função do
laboratório didático é oferecer ao mercado um jornalista criativo, com
capacidade de se comportar criticamente na atividade profissional e não
apenas reproduzir mecanicamente o modelo. O professor Dirceu Fernandes
Lopes diz que “nos próprios exercícios didáticos que se realizam nos
laboratórios é possível contrabalançar a reprodução dos padrões jornalísticos
dominantes com a criação de novos modelos que possam constituir
alternativas viáveis”.14
Em algumas escolas particulares, os proprietários se acham no direito de
determinar a linha editorial. Já na pública, fica evidenciado que o jornal-
laboratório se retringe em alguns casos ao campus e a periodicidade depende
da gráfica, do diretor do curso ou até da reitoria.
A escola tem a obrigação de manter um jornal-laboratório para orientação
do aluno, com periodicidade definida. Contudo, nem sempre existe verba
para a impressão de uma edição. E como não há fiscalização intensiva por
parte do MEC, a escola controla o número de edições publicáveis e, em
alguns casos, até o conteúdo das matérias.
O conteúdo do jornal-laboratório deve se voltar para assuntos de interesse
da comunidade que ele está inserido ou mesmo para grandes reportagens. A
valorização de temas regionais mostra que o jornal-laboratório não é apenas
um treinamento meramente laboratorial, mas que pode levar o aluno a se
posicionar de forma crítica e refletir sobre a sociedade que o cerca.
97
Para o êxito dessa interação escola-comunidade é fundamental que o
projeto pedagógico não fique dependente da direção da universidade e muito
menos se limite aos problemas acadêmicos que proporcionam uma prática
restrita do exercício profissional. Deve-se respeitar as pecularidades da
região onde está inserido o laboratório didático. Na verdade, não se pode
pensar em produção jornalística distante da comunidade. É dessa interação
entre o periódico laboratorial e comunidade que decorrerá a linha editorial, o
contéudo e a linguagem adequada ao universo do público leitor. “É
fundamental que os veículos ouçam as comunidades às quais se dirigem para
fixar diretrizes editoriais, ou seja, levar em consideração a participação dos
receptores”, avalia o professor Dirceu Fernandes Lopes.15
Ele também alerta: “Os laboratórios de generalidades, assuntos
absolutamente desenraizados de uma área geo-social, correm o risco de vir a
ser muito mais exercícios de crônicas do que reportagens. O aluno só
trabalha num contexto real se tiver um público definido.”16
O jornal-laboratório deve estar inserido no espírito da comunidade e se
preocupar com os anseios e comportamento do leitor. O leitor deve sentir
que o jornal está atento a tudo o que ocorre em sua volta. A expectativa do
leitor deve servir de orientação no processo ensino-aprendizagem do
laboratório. Para o professor Dirceu Ferandes Lopes, essa participação da
comunidade na criação do projeto, ampliada pela sua presença nas futuras
reuniões de pauta, estabelecerá o vínculo tão perseguido pelos jornais que
pretendem ser comunitários.17
Na dinâmica das atividades, o aluno precisa se habituar a colocar a teoria
em prática da forma mais natural e sem os resquícios da mídia empresarial.
“Faço jornalismo, não para ajudar este ou aquele político, este ou aquele
partido, ou mesmo no limite, esta ou aquela idéia, senão a idéia da verdade.
98
Se faço jornalismo, não é para exprimir opiniões. É para explicar o fatos.”18
O que o jornalista francês, ex-diretor do Le Figaro, Franz-Olivier Giesbert,
quis dizer é que um noticiário isento jamais pode comprometer a linha do
jornal e a mesma regra se aplica na produção e difusão do jornal-laboratório.
Para evitar que exemplares fiquem estocados ou empilhados no depósito
da escola e que a circulação do jornal-laboratório se restrinja ao universo
acadêmico, é fundamental que os alunos, orientados pelo professor
responsável pelo projeto, também façam a sua distribuição. É na distribuição
que ele tem um contato direto com o leitor. Esse corpo-a-corpo o ajuda no
direcionamento de uma pauta, a observar os erros cometidos na produção de
uma matéria, como também cria novas fontes de informação. Ao distribuir o
exemplar do jornal-labarotório o aluno passa a ter uma visão mais
abrangente do que pensa o público leitor. O professor responsável pelo
projeto laboratorial pode usar a distribuição como uma tarefa na produção e
difusão do jornal-laboratório.
3.3 – Perfil do jornal-laboratório
Os professores José Marques de Melo, Dirceu Fernandes Lopes e Walter
Teixeira Lima Junior fizeram, com o apoio da Intercom, entre 1997 a 1998,
pesquisa para definir o perfil dos jornais-laboratórios nos cursos de
Jornalismo no Brasil.19 A pesquisa apontou que a periodicidade mais comum
é a mensal, o formato é tablóide. A distruição é feita pelos alunos e
funcionários. O conteúdo é informativo generalista. Poucos têm ombudsman,
manual de redação, suplementos, encartes e anúncios. Já a linha editorial de
46 veículos é definida por professores e alunos. Os demais por professores,
alunos direção do curso de Jornalismo, leitores e moradores do bairro onde
se localiza a escola.20
99
Dos 109 veículos laboratoriais pesquisados, apenas 26 usam manual de
redação, mas a maioria adota como regra os manuais dos grandes jornais
brasileiros. São poucos que têm um manual próprio.
Outro registro é que apenas 43 avaliam o jornal-laboratório, cinco
disseram que não há avaliação e 61 não responderam. Já a maioria (86) tem
público definido e em 58 escolas a pauta é feita por professores e alunos.
Todos os projetos laboratoriais estão ligados a conjunto de disciplinas. Ou
seja: Fotojornalismo, Planejamento Gráfico, Redação, Introdução ao
Jornalismo, Edição, Reportagem, Entrevista, Produção Gráfica,
Diagramação e Editoração Eletrônica etc.
Apesar das cores prevalecerem no jornalismo impresso brasileiro,
principalmente na grande imprensa, 86 veículos laboratoriais ainda mantêm
o preto e branco contra 15 impressos em cores. Já a tiragem vai de mil
exemplares a 10 mil. O papel jornal ainda é o mais usado. Ou seja, 61
jornais-laboratório são impressos no papel mais tradicional, o jornal.
Um dado interessante é que 89 dos entrevistados responderam que não há
conflitos entre os que editam o jornal e as instâncias superiores das escolas.
Das 109 pesquisados, 84 das publicações são feitas por professores e alunos,
13 por alunos, 11 por professores e um não respondeu.
Segundo o professor Dirceu Fernandes Lopes, a representatividade da
pesquisa pode ser medida pelas regiões onde ficam os cursos que
responderam o questionário:
Sudeste — São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro; Sul
— Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul; Centro-Oeste — Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul, Brasília; Norte — Amazonas; Nordeste —
Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Ceará, Piauí, Bahia e Maranhão.
100
Por Estado: São Paulo — Santos, São Bernardo do Campo, Taubaté, São
Paulo (capital), Mogi das Cruzes, Sorocaba, Itapetininga, São José do Rio
Preto, Bauru, Marília, Piracicaba, Ribeirão Preto, Campinas e Presidente
Prudente. Rio de Janeiro — Niterói, Rio de Janeiro e São Gonçalo. Rio
Grande do Sul — Santa Maria, Pelotas, Canoas, Porto Alegre, São
Leopoldo, Passo Fundo, Caxias do Sul, Ijui e Santa Cruz. Paraná —
Curitiba, Ponta Grossa e Londrina. Santa Catarina — Florianópolis, Itajai e
Tubarão. Minas Gerais — Uberlândia, Belo Horizonte, Pouso Alegre e Juiz
de Fora. Mato Grosso — Cuiabá, Várzea Grande. Mato Grosso do Sul —
Campo Grande. Espírito Santo — Vitória. Paraíba — João Pessoa e
Campina Grande. Sergipe — Aracaju. Maranhão — São Luis. Piauí —
Terezina. Bahia — Salvador. Pernambuco — Recife. Ceará — Fortaleza.
Amazonas — Manaus. Distrito Federal — Brasília.
A existência de um jornal-laboratório nos cursos de jornalismo é
imprescindível. Porém isso não significa que qualquer projeto é condição
suficiente. Tem que ter público definido, periodicidade respeitada, para que
o aluno acredite que realmente ele existe e que o leitor o tenha como fonte
de informação segura e confiável.
Mas a falta de laboratórios equipados (computadores, gráfica própria,
máquinas fotográficas suficientes para atender à demanda etc), o
desinteresse do professor pelo projeto, e outros problemas: — citados pelo
professor Dirceu Fernandes Lopes em sua tese de doutorado (ECA/USP),
1986 — a mudança de turma que muitas vezes altera a forma e o conteúdo
do jornal-laboratório, a saída do professor responsável e a não circulação nas
férias (julho e janeiro) também prejudicam o ritmo das atividades
laboratoriais. Essas deficiências atrapalham a periodicidade e acabam
descaracterizando o perfil do jornal-laboratório. O jornal para ser lido
101
regularmente precisa manter o seu padrão editorial e a sua periodicidade
nunca deve ser interrompida, mesmo sendo um órgão laboratorial. As
dificuldades econômicas e burocráticas são as justificativas para que projetos
laboratoriais não sejam colocados em prática nas férias, mas não impediram
que o Rudge Ramos Jornal, da Universidade Metodista de São Bernardo do
Campo (SP), mantivesse a sua periodicidade, mesmo nos períodos de julho e
janeiro. O laboratório não deve ser interrompido porque o treinamento
profissional é um processo continuado como ocorre na grande mídia. Outro
fator negativo é que o aluno fica afastado da motivação do fazer jornalístico.
Ele pode perder o pique de produção e, ao retornar às atividades, quando o
curso é anual, precisa se recompor para dar continuidade ao projeto
laboratorial que deveria ser mantido para o enriquecimento do processo
ensino-aprendizagem.
Além disso, o grande número de alunos, a irregularidade na periodicidade
das edições e a participação parcial do corpo discente na feitura do jornal-
laboratório são outros vícios nos cursos de Jornalismo. A periodicidade
irregular das edições se deve, na maioria dos casos, à falta de verba, ao
desinteresse do aluno e do professor e a falta de um projeto pedagógico.
A soma desses pontos negativos agrava a credibilidade do jornal-
laboratório como ferramenta de aprendizagem do futuro jornalista. Das
centenas de publicações laboratoriais, são raras aquelas que atingem os
requisitos básicos e primordiais para o preparo de um profissional
preocupado em exercer o ofício de forma crítica e responsável.
3.4 – Notas e Referências bibliográficas
1 – CHAPARRO, Manuel Carlos. Veracidade, dever maior.In. Edição em
jornalismo impresso. São Paulo, ECA/USP, Edicom, 1998.
102
2 – MELO, José Marques de. In: Jornal-laboratório: do exercício escolar
ao compromisso com o público leitor. Dirceu Fernandes Lopes. São Paulo,
Summus, 1989.
3 – MELO, José Marques de. In: Jornal-laboratório: do exercício escolar
ao compromisso com o público leitor. Dirceu Fernandes Lopes. São Paulo,
Summus, 1989.
4 – LOPES, Dirceu Fernandes. Jornal-laboratório: do exercício escolar ao
compromisso com o público leitor. São Paulo, Summus, 1989.
5 – MELO, José Marques de. Uma estratégia para salvar o jornal-
laboratório. In: revista Imprensa. São Paulo, número 97, outubro de 1995.
6 – BELTRÃO, Luiz. In: Perfil do jornal-laboratório no Brasil. Dirceu
Fernandes Lopes. In: Sociedade Mediática: significação, mediações e
exclusão. Santos, Leopoldianum-UniSantos, 2000.
7 – FUSER, Bruno. In: Perfil do jornal-laboratório no Brasil. Dirceu
Fernandes Lopes. In: Sociedade Mediática: significação, mediações e
exclusão. Santos, Leopoldianum-UniSantos, 2000.
8 – SOBRINHO, José Coelho. O cognitivo e o afetivo nos cursos de
comunicação. In: Revista Comunicações e Artes. São Paulo, ECA/USP,
número 30, 1997.
9 – SOBRINHO, José Coelho. O cognitivo e o afetivo nos cursos de
comunicação. In: Revista Comunicações e Artes. São Paulo, ECA/USP,
número 30, 1997.
10 – KUCINSKY, Bernardo. O ano em que fomos felizes. In: Cadernos de
Jornalismo e Editoração. São Paulo, ComArte, número 21, junho de 1988.
11 – MEDINA, Cremilda. In: Jornal-laboratório. Clélia Maria Garcia.
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Santos, UniSantos, 1983.
103
12 – MELO, José Marques de. In: Jornal-laboratório. Clélia Maria Garcia.
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Santos, UniSantos, 1983.
13 – MELO, José Maques de. In: Jornal-laboratório. Clélia Maria Garcia.
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Santos, UniSantos, 1983.
14 – LOPES, Dirceu Fernandes. Jornal-laboratório: do exercício escolar ao
compromisso com o público leitor. São Paulo, Summus, 1989.
15 – LOPES, Dirceu Fernandes. Jornal-laboratório: do exercício escolar ao
compromisso com o público leitor. São Paulo, Summus, 1989.
16 – LOPES, Dirceu Fernandes. Jornal-laboratório: do exercício escolar ao
compromisso com o público leitor. São Paulo, Summus, 1989.
17 – LOPES, Dirceu Fernandes. Jornal-laboratório: do exercício escolar ao
compromisso com o público leitor. São Paulo, Summus, 1989.
18 – ESTADO DE S. PAULO, O. Caderno de Política. São Paulo, página
2, 30 de novembro de 1991.
19 – LOPES, Dirceu Fernandes. Perfil do jornal-laboratório no Brasil. In:
Sociedade Mediática: significação, mediações e exclusão. Santos,
Leopoldianum-UniSantos, 2000.
20 – LOPES, Dirceu Fernandes. Perfil do jornal-laboratório no Brasil. In:
Sociedade Mediática: significação, mediações e exclusão. Santos,
Leopoldianum-UniSantos, 2000.
104
4
Subsídios para um curso
de jornal-laboratório
Já fui professor-responsável por três jornais-laboratórios e em nenhum
deles havia um planejamento gráfico ou editorial, plano de ensino adequado
ao fazer jornalístico, um modelo de cronograma de atividades que pudesse
agilizar a produção e difusão do veículo. Fui também professor-responsável
pela implantação de dois projetos laboratoriais. Pela pressa em colocar na
105
rua o jornal-laboratório, porque a Comissão de Especialistas do MEC estava
chegando, tornou-se enviável, naquele momento, uma metodologia de
trabalho que se voltasse à fundamentação teórica como princípio básico do
processo ensino-aprendizagem. A minha experiência em reformular a grade
curricular e o projeto pedagógico do Curso de Comunicação Social
(habilitação em Jornalismo e Publicidade e Propaganda) do Centro
Universitário de Rio Preto (Unirp) e as respostas aos questionários enviados
aos professores me conduziram à reflexão da necessidade de fazer uma
síntese dos principais ingredientes que dão qualidade ao jornalismo. Minha
vivência em coordenar jornais-laboratório na escola particular e a
coordenação de um projeto pedagógico em jornalismo me deram subsídios
sólidos e concretos para fundamentar minha proposta Outros fatores
preponderantes no qual também me embasei foram as leituras e a análise do
ensino de Jornalismo e suas grades curriculares. A LDB deu liberdade e
orientação na busca pela melhoria do ensino.
4.1 – Jornalismo e atualidade
O jornalismo, que nasceu da arte artesanal dos prelos (antiga prensa de
imprimir), é uma necessidade social e representa um meio de satisfazer o
desejo do homem contemporâneo de conhecer todas as coisas novas e
interessantes que acontecem diariamente no Universo. Sua característica
principal é a atualidade. Inserido na comunidade, ele é fundamental para
sociedade e está constantemente ligado aos comportamentos do governo. O
jornalismo deve ser ético, pluralista e apartidário para sobreviver e caminhar
com credibilidade no mercado competitivo de hoje.
O jornalista e político Carlos Lacerda – fundador do jornal carioca
Tribuna da Imprensa, crítico do governo Vargas e defensor do Golpe Militar
de 64 – ensina que o segredo do jornalismo consiste em levar muito a sério
106
os fatos cotidianos, sem ao mesmo tempo perder a perspectiva da relativa
desimportância de tais fatos em face do tempo. Para ele, essa combinação de
atualidade e permanência é que dá conteúdo ao jornalismo, na medida em
que esses dois fatores se combinam para formar a substância do jornal.1 O
ex-governador do extinto Estado da Guanabara vê ainda o jornalismo como a
arte de simplificar a complexidade dos fatos, tornando-os acessíveis à
compreensão do cidadão.
Rui Barbosa – advogado, jornalista e candidato duas vezes à Presidência
da Repúbica – dizia que o jornalismo se constituía numa espécie de energia,
que leva a sociedade a se conscientizar da importância de seus valores. Para
Rui Barbosa, “o Jornalismo tem a função de despertar no País as forças
morais, apelar para o poder da consciência entorpecida, mas talvez ainda não
morta, falar a essa intuição de justiça, a essa avidez de sinceridade, a essa
simpatia pelo desinteresse, que não se extinguem na índole das nações
cristãs.”2
Não há dúvida então de que o jornalismo é um divulgador de notícias, ou
melhor, é a raiz informativa da sociedade, proporcionando ao cidadão
elementos de juízo para esclarecimento do dia-a-dia.
Para o jornalista e professor Danton Jobim, o jornalismo converte-se
numa verdadeira manifestação de espírito, no veículo do mais alto exercício
da inteligência.3 Segundo o jornalista francês Marc Paillet, foi o jornalismo
que reuniu tudo que se encontrava disperso, como temas referenciais,
técnicas e habilidades.4 Na análise do autor, foi o jornalismo que ampliou,
universalizou e dinamizou a informação como notícia e a classificou.
Na avaliação do jornalista e pesquisador Alberto Dines, o jornalismo é a
técnica de investigar, arrumar e distinguir circunstâncias. Ele entende que
não há jornalismo sem investigação.5 Para Clóvis Rossi, articulista e repórter
107
especial da Folha de S. Paulo, jornalismo é sinônimo de dedicação e
disciplina. Além disso, “agrega-se a dificuldade específica de uma profissão
que não permite acomodação ou a mais remota certeza de ‘saber tudo’ sobre
um país, uma situação, um ramo do conhecimento humano”.6
Ciro Marcondes Filho – jornalista e professor da ECA/USP – identifica o
jornalismo como uma atividade decorrente da produção empresarial de
notícias, que se caracteriza pelo uso do veículo impresso para fins – além de
econômicos – políticos e ideológicos. De acordo com ele, somente no
momento em que a imprensa passa a funcionar como instrumento de classe é
que ela assume o seu caráter rigorosamente jornalístico.7
Após essas avaliações, entendemos jornalismo – impresso, falado ou
visual – não só como um conjunto de matérias que descreve a realidade
social mas também como um instrumento indispensável de apoio à
sociedade. Para Vladimir Hudec, jornalista da ex-Tchecoslováquia, o
jornalismo orienta socialmente esse público, formula e exprime as suas
diferentes opiniões, atitudes e ações, as suas concepções do mundo, dá uma
idéia dos múltiplos fenômenos, processos e tendências contemporâneas em
toda a sua complexidade, das leis que determinam a função e o
desenvolvimento da vida econômica, sócio-política, intelectual e ideológica
da sociedade, a partir de posições partidárias e de classe.8
O aparecimento do jornalismo está subordinado ao desenvolvimento da
economia de mercado e às imposições dos detentores do poder. O jornalismo
nasceu tutelado pelas classes dominantes que tinham influência ideológica,
política, econômica e social. O jornal surge como o instrumento de que o
capitalismo financeiro e comercial precisava para fazer com que as
mercadorias fluíssem mais rapidamente e as informações sobre as
exportações, importações e movimento do capital chegassem mais depressa
108
e diretamente aos componentes do circuito comercial.9
O jornalismo era subjugado e seu controle foi cada vez mais rígido a partir
do momento em que as classes dominantes, nelas podemos incluir a Igreja
Católica, perceberam que podiam utilizar as folhas periódicas para
manipular o povo. As formas de imposição de suas idéias através da
imprensa eram feitas de acordo com as necessidades e viabilidades de cada
detentor do poder. Existiam aqueles que detinham a hegemonia das folhas
periódicas. Ou aqueles que para atuar junto ao povo controlavam o
jornalismo através da força, censurando, manipulando a informação,
fechando e prendendo os gazeteiros.
Logo que nasceu, em 1450, a Comunicação Moderna – após Gutenberg
inventar a tipografia que permitiu a reprodução de um mesmo texto e sua
difusão –, a imprensa, foi dominada pelo Poder Autoritário cuja preocupação
era narrar os seus feitos e descrever as suas conquistas. Constituído por
segmentos de comunidades organizadas como a política e a economia, o
Poder Autoritário tinha como princípio difundir o pensamento monolítico,
elitista e totalitário. Ele tentava conter o desenvolvimento da imprensa,
porque esta dificultava o exercício do poder. O autoritarismo ainda usava
regulamentos, dispositivos e criava leis com o único intuito de limitar a
liberdade da imprensa e entravar a difusão dos jornais.
Em todos os regimes totalitários, a imprensa foi perseguida por medidas
arbitrárias e, na maioria das vezes, teve reprimidas suas idéias. Napoleão
tinha uma consciência muito objetiva do papel da imprensa. O Pequeno
Corso calou os opositores e utilizou os jornais a serviço de sua propaganda
na França e no exterior, fazendo com que qualquer notícia desagradável a
seu governo não pudesse ser publicada.
É sempre assim que agem os governantes autoritários. Através da coação,
109
submetem a imprensa e a tornam oficialesca, ou seja, uma publicação
direcionada em defesa do repressor. Desde os primeiros tempos, a imprensa
obedecia aos poderes político e econômico. Eram apenas periódicos com
anúncios políticos e econômicos. Eles advogavam as idéias e interesses da
classe dominante. Os opositores tinham vida efêmera e dificilmente
trabalhavam sem pressões.
A classe burguesa, dominante economicamente, e o grupo político, ambos
fontes de sustentação do Poder Autoritário, compreenderam a importância
dos jornais como instrumentos políticos poderosos e a eles se aliaram.
Constituídos também como poderes, os setores político e econômico
começaram a monopolizar a informação diminuindo assim o raio de ação
dos jornais, principalmente os opositores. Com isso, a autonomia do
jornalismo ficava ainda submetida às leis totalitárias e passava a ser
instrumento da política do governo. Então o jornalismo era afetado em seus
princípios e métodos de trabalho.
As instituições ou grupos políticos sempre se esforçaram para ter ao lado
os meios de informação, porque acreditam que quanto maior espaço
ocupado, maior é o poder. Os poderes político e econômico têm como base a
sua capacidade de manipular informações, pressionar e influenciar setores da
sociedade. As pressões políticas e econômicas obrigaram muitos jornais a
mudarem suas idéias para sobreviver ou foram excluídos sumariamente do
universo informativo.
A influência dos poderes político e econômico tem as suas implicações e
algumas são a submissão, a omissão e o comprometimento com os
controladores da informação. Assim é assegurado aos poderes o direito
“adquirido” de alinhavar o direcionamento jornalístico de um pequeno
periódico e até de uma rede de comunicação. Tanto o político como o
110
econômico usam o poder para ter ao seu alcance os meios informativos.
Conseqüentemente têm a seu dispor um canal aberto com as classes
marginalizadas.
No entanto, o jornalismo é de utilidade pública, um prestador de serviços,
o fiscal da sociedade e tem tarefa de informar sem restrições. Deve ser o
guardião da sociedade frente aos abusos governamentais e aos atentados à
liberdade individual.
Assim, o jornalismo deve zelar pela transmissão de informação, de um
ponto a outro, com exatidão. Ele deve estar a serviço da verdade com o
objetivo de difundir conhecimentos e orientar a opinião pública. Se nas
sociedades modernas tudo deve ser aberto e público, o jornalismo tem a
responsabilidade de acompanhar, sempre na vanguarda, as manifestações
populares. “Quando a multidão governa no sentido do interesse geral, dá-se
a esse governo o nome de república, que é comum a todos os governos.”10
Esse pensamento de Aristóteles nos dá a segurança de que o jornalismo é
parte integrante da multidão que, segundo o filósofo, é soberana. Soberano
também deve ser o jornalismo para se converter num autêntico sustentáculo
do direito à informação e direito de informar.
4.2 – Função social
A contribuição que o jornalismo dá diariamente à comunidade possibilita
um intercâmbio de informações. Essa comunicação de mão dupla é uma das
funções sociais do jornalismo moderno e participativo. Entendemos que a
função social do jornalismo está no seu caminho em direção à
imparcialidade, sempre à procura de uma sociedade mais justa, e na luta dos
povos pela sua libertação frente à agressividade dos governantes. Se o
jornalismo é um fenômeno social ou um “fórum de debates”, na análise de
Philip Meyer11, então, nessas condições, ele é um veículo de informação,
111
formação, orientação e de interesse público.
Alberto Dines acrescenta que a imprensa integra a sociedade, é reflexo
dela, mas não pode se escorar em santuários que ela própria nega aos
poderes político e econômico.12 O professor José Marques de Melo diz que
uma das funções do jornalismo é a transformação social. Ele explica: “Nos
países subdesenvolvidos, a tarefa principal do jornalismo é educar as
grandes massas para que possam assumir o seu papel de sujeito da História.
Isso significa acesso ao conhecimento, participação política e mobilização
social.”13 De acordo com a análise de José Marques de Melo, esse caminho
do jornalismo em direção ao social é um exemplo do exercício de liberdade.
É a oportunidade de o indivíduo adquirir conhecimentos e ainda exercer, não
só seu papel de cidadão, mas também sua atividade intelectual com maior
regularidade.
Se o jornalismo é visto como um elemento que incomoda os
monopolistas, de outro ângulo, ele é o instrumento de toda a sociedade. Para
Carlos Lacerda, “o jornal é um hóspede em seu próprio quarto, um contador
de novidades que se apossa do seu tempo e influi sobre os seus
pensamentos, e lhe diz o governo que deve escolher…” Carlos Lacerda
completa fazendo um alerta para que o jornalismo não descumpra a sua
função social. “…Agora, se esse amigo que ele trouxe para casa e a quem
confiou seus próprios silêncios, esse amigo que ensina a amar e desamar os
acertos e erros deste mundo de repente silencia, é como se de repente lhe
mentisse. Calar, é uma traição.”14
No mundo moderno a vida econômica, política e social baseia-se na
informação e nesse contexto o jornalismo é a instância superior de uma
Nação, e sua função é oferecer ao cidadão um repertório de idéias que
modelem sua mentalidade e formem opinião quando a comunidade se
112
encontra desnorteada. Segundo o jornalista e professor espanhol Sabino
Alonso-Fueyo, para o jornalismo cumprir realmente a sua função social, não
pode ser um mero veículo de difusão. “O jornalismo não é só veículo de
cultura; é, além disso, cultura propriamente dita. O jornalismo se converte
numa verdadeira cátedra da cultura.”15
Nos Estados Unidos, em 1971, a função social do jornalismo foi
cumprida, quando o juiz da Suprema Corte, Hugo Black, decidiu que não se
podia censurar a imprensa nem em defesa da segurança nacional. Este é um
trecho do seu voto em defesa da função social do jornalismo: “Uma das
obrigações primárias da imprensa é impedir que o governo engane o
povo.”16. Dentro desses princípios já mencionados, concluímos que a função
básica do jornalismo é servir de instrumento para incentivar o homem no
caminho de sua plena realização.
A população não pode ficar à margem do jornalismo, mesmo aquela que
não sabe ler nem escrever ou aquela sem condições econômicas para poder
consumir a informação jornalística, cultural ou educacional. Todo cidadão,
não importa a raça, cor ou segmento social, político ou econômico tem
direito à informação. Nos países democráticos, este direito está assegurado
na Constituição. No Brasil, a Constituição, promulgada em outubro de 1988,
diz em seu Capítulo I, parágrafo 24, que “é assegurado a todos o acesso à
informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
profissional.”17. Neste particular, o jornalismo não pode privilegiar setores
da sociedade. A mobilização da informação jornalística tem de ser ampla e
irrestrita.
Numa sociedade de vanguarda, o indivíduo se informa corretamente
quando confronta informações e opiniões. As lutas sociais pelo Estado livre
carregam no seu bojo o direito à informação, de saber o que está
113
acontecendo à sua volta. Segundo os professores norte-americanos William
Rivers e Wilbur Schramm, a curiosidade humana não tem limites e, se o
direito à informação tampouco tem uma limitação precisa, ele superará todos
os outros direitos.18 Na verdade, o direito à informação prepara o indivíduo
para desempenhar tarefas produtivas na sociedade e para pleno exercício da
cidadania.
O direito de acesso à informação é perene, inalienável e essencial numa
sociedade democrática e pluralista. O exercício do direito à informação
fortalece as bases liberais e progressistas do jornalismo voltado à
comunidade. De modo geral, podemos dizer que o direito à informação está
intimamente ligado à luta política, às discussões em torno da coisa pública
ou ainda a questões sociais e educacionais. Todo cidadão tem direito à
informação, seja ela política, cultural ou educacional. Desta maneira, o
jornalismo é a tribuna do povo.
Sem ousadia e persistência não se faz jornalismo. A busca da informação
não significa apenas classificar e colocar os dados coletados na estrutura da
pirâmide invertida. O ritmo do escrever rápido, simples e objetivamente não
impede o jornalista de organizar o fato jornalístico para transformá-lo em
notícia sem violar a imparcialidade e o princípio ético. Na verdade, ele deve
ser moralmente defensável para não se nutrir da vaidade, da ignorância e
solidão das pessoas. Ele é uma espécie de confidente, fiel e inseparável, que
oferece condições para a compreensão do presente e alarga o horizonte
informativo do leitor.
O jornalista precisa ser criativo, ter iniciativa, investigar com
racionalidade para fugir das mesmices do dia-a-dia das redações mais
preocupadas com as notas oficiais. O jornalista não se pode dar ao luxo de
agir subjetivamente em relação a pontos mais delicados de um fato
114
jornalístico porque assim o valor da notícia relatada por ele não vai refletir o
contexto do fato. Ou seja, o que ele transformou em notícia não é verídico. É
parcial ou mal-intencionado.
Outro fator que atrapalha o desenvolvimento imparcial da notícia é que o
jornalista precisa assimilar e compreender que ele não é infalível e que seu
poder de usar a palavra falada e escrita não o legitima a atirar para todos os
lados. O jornalista deve procurar preservar e contribuir na mudança social ou
ampliar o discernimento do possível. Seu compromisso é com o prático, com
o palpável, com a neutralidade. Porque é o caminho que se tem para escapar
aos sistemas fechados de pensamentos. Informar não é intelectualizar a
informação. Informar é deixar transparente ao leitor o que se passa, passou
ou vai passar na sociedade. O conceito de fazer jornal é universal e
impessoal.
A referência do jornalista é o interesse público e a conduta investigativa
adequada. O propósito único é reportar o resultado da investigação sem
manipulá-lo. O jornalista precisa deixar de lado a escravidão à pressão, e
dedicar um pouco mais do seu tempo à investigação cuidadosa. “A obsessão
pela atualidade faz também com que os jornalistas sejam manipuláveis por
meio de pseudo-eventos, forjados com o propósito único de atrair a
cobertura dos meios de comunicação”, observa o professor alemão Michel
Kunczik.19
O jornalista deve respeitar a verdade, informar cuidadosamente o público,
verificando a fonte das notícias e corrigindo as informações errôneas. Ele
sabe que o jornalismo é um parceiro inseparável do público na busca da
verdade e não deve ser um instrumento do governo ou instituições. Diante
deste quadro, o profissional da informação não precisa se aliar ao sistema
econômico em defender interesses de especuladores do mercado.
115
No entanto, como qualquer ser humano, o jornalista também toma
decisões equivocadas que podem ser irreparáveis socialmente. Para não
ouvir um só lado da informação, é importante que o jornalista cumpra
algumas diretrizes que o afastarão do jornalismo marrom. Ele nunca deve
favorecer uma única fonte da notícia. Essa preocupação gera credibilidade
na informação. O jornalista não escreve para outro jornalista, mas para o
leitor que precisa da informação para entender o presente. Não é nos artigos,
editoriais e outros gêneros opinativos que o jornalista deixa o leitor a par dos
acontecimentos. É nas reportagens que ele oferece ao leitor o rico arsenal
informativo, narrativo e interpretativo. Esse material pode impulsionar uma
sociedade em direção ao desenvolvimento.
No Brasil, as grandes reportagens estão distantes da mídia. É raro um
jornal oferecer ao leitor uma página de conteúdo investigativo. É muito mais
prático e econômico manter um banco de articulistas do que colocar
repórteres na rua. O comprometimento é menor e quase nulo. É fundamental,
e o jornalista precisa entender, que a reportagem seja colocada em prática
para resgatar a cidadania do brasileiro. O papel do jornalista é reportar
sempre e não apenas noticiar um fato que aconteceu ou vai acontecer.
4.3 – Ética é fundamental
O jornalista tem que discutir ética todos os dias. Não importa o local, a
hora ou quem está ao lado. O fundamental é que em cada frase pronunciada,
tenha critério e consciência coletiva. Porque, do contrário, a notícia mal
apurada é socialmente inapagável. Para melhorar a relação entre jornalismo
e sociedade, a ética precisa ser colocada em prática.
A ética implica a universalidade na questão dos direitos humanos e na luta
contra tutelas de toda ordem, usando para isso as armas da crítica e da razão.
A ética exclui o subjetivo, o emocional e as paixões. Na verdade, a ética é
116
um conjunto “técnico” que define o valor simbólico na condução social,
moral e política do cidadão que pertence a uma sociedade organizada. A
ética supõe a co-responsabilidade de todos os cidadãos e por isso a lei não
admite exceção, nem impunidades. Para a professora da USP, Marilena
Chauí, ética é a educação da vontade pela razão, para a vida justa, bela e
feliz.20 A ética exige uma racionalidade para não transformar o significado
do acontecido ou destruir o seu contexto.
Se o factual é matéria-prima do jornalismo, a ética ganha importância
quando o fato jornalístico é transformado em notícia. Essa narrativa do real
imediato deve representar o contexto original, embora o jornalismo seja
uma espécie de representação contínua, diária, do que está se passando no
mundo. Mesmo subordinado a um regime de rapidez que faz parte de sua
rotina, não se justifica a não-aplicabilidade da razão ao relato do cotidiano. É
preciso que na construção do fato jornalístico, fruto do cotidiano, a razão dê
sustentáculo à narrativa. A ética é uma meta a ser cumprida no exercício da
profissão.
No Brasil a questão ética não é tratada com serenidade. O que prevalece é
a Lei de Gerson: levar vantagem em tudo. Infelizmente, a impunidade
adquiriu corpo e se tornou regra. Regra que levou o país ao obscurantismo
que é alimentado pela turbulência política.
O jornalismo tem que ser ético para não comprometer a estrutura social,
política e econômica de um país. Ele deve ser imparcial, equilibrado e
objetivo ao reunir e relatar os fatos. Ao gerar opiniões ou informações sobre
os fatos, o jornalismo está formando opinião pública. E é nesse processo que
entra a conduta ética.
O jornalista e professor norte-americano Philip Meyer, analisando a Ética
Jornalística nos Estados Unidos, descobriu que, na década de 20, os grandes
117
jornais não vendiam enormes quantidades de nenhuma edição isolada a um
único comprador sem uma investigação e aprovação da direção. Quando um
jornal continha um editorial defendendo as ferrovias, por exemplo, seria
embaraçoso se uma companhia ferroviária comprasse milhares de cópias,
marcasse o editorial e as enviasse a líderes de opinião.21 Não vendendo no
atacado a um único comprador, o jornal está preocupado com a Ética
Jornalística e com o interesse público.
O jornalismo deve voltar-se para o leitor e não exclusivamente para o
anunciante. Embora o jornal seja uma instituição com fins lucrativos, isso
não o legitima a ser um balcão de idéias vendidas a varejo. O leitor exige
seriedade e racionalidade no relato do fato. “Um jornal que se preocupa
apenas em preencher o espaço noticioso da maneira mais barata possível irá
usar minúcias em seu próprio proveito como material para preencher
espaço”, afirma Philip Meyer.22 Se a principal finalidade do jornalismo é a
informação, ela deve ser exata, precisa, íntegra e cumprir os princípios éticos
sem desrespeitar a cidadania. O Código de Ética da Federação Nacional dos
Jornalistas Profissionais (Fenaj) diz no Artigo Segundo que “a divulgação da
informação pelos meios de comunicação se pautará pela real ocorrência dos
fatos e terá por finalidade o interesse social e coletivo.”23
Mas nem sempre a mídia age com racionalidade para retratar o cotidiano.
Um exemplo da falta de critério no tratamento de um acontecimento diário
foi o da Escola Base, em São Paulo. A mídia, sem cruzar as informações
divulgadas pela polícia e pais de alunos e sem ouvir os dois lados do
acontecimento, montou um contexto e publicou em grande estilo
sensacionalista que professores da Escola Base abusavam e tiravam fotos
eróticas de crianças. O resultado foi devastador, não para as crianças, pais e
moradores do bairro que destruíram a escola, mas para os donos que ficaram
118
abalados psicologicamente, perderam amigos, credibilidade, além de ser
marginalizados. Foram condenados pela mídia e conseqüentemente pelos
leitores que acreditaram na veracidade da informação. Além de negligência
na apuração dos fatos, a mídia, mesmo depois de comprovada ser falsa a
acusação dos pais, não deu o mesmo destaque dado quando “condenou” os
donos da escola.
No mundo contemporâneo é fundamental que a mídia faça valer os
princípios éticos para expressar o interesse público e afastar do processo
democrático a vontade pessoal, individual, arbitrária. O jornalismo não pode
expor as pessoas ao ridículo ou se transformar em um tribunal de inquisição.
São os fatos apurados com responsabilidade ética que dão credibilidade ao
jornal e parâmetros éticos individuais e coletivos. Para o diretor de redação
da revista Imprensa, Ari Schneider, são os desvios de natureza ética que
também revelam um problema técnico. “Ou seja, a matéria não foi
devidamente apurada, o repórter não ouviu todas as fontes ou não se
aprofundou suficientemente, seja por falta de tempo ou de esforço. A partir
disso surge uma versão incorreta do fato, o que pode ser desastroso para as
pessoas envolvidas na matéria.”24 Foi o que ocorreu no caso da Escola Base.
Não houve uma coleta de informações precisa, coerente e dinâmica. Na
ansiedade de cobrir o fato com maior rapidez e por entender que o fato
jornalístico envolvia crianças, a mídia, não teve dúvidas, saiu em defesa dos
acusadores.
Não aceitar presentes das fontes de informação, não ceder às pressões dos
anunciantes ou da influência de grupos políticos, ser lícito, legítimo, rico em
fatos concretos e não ser omisso com a comunidade são princípios éticos que
regulam os valores morais no exercício do jornalismo. Para Augusto Nunes,
ex-diretor de redação dos jornais O Estado de S. Paulo e Zero Hora, de
119
Porto Alegre (RS), a adoção de um código de ética, por si só, não imuniza
nenhum jornal contra o risco de protagonizar deslizes, escorregões ou
mesmo delitos graves. “Mas sempre reduz a incidência de casos de má-fé e
reafirma o compromisso de agir corretamente. Sobretudo comprova a
disposição de revogar a crônica impunidade assegurada há tantas décadas
pela omissão dos chefes e pelo corporativismo dos jornalistas.”25
4.4 – Ombudsman representa o leitor
A Suécia foi a inventora do ombudsman, palavra que significa
representante do cidadão. Designa, nos países escandinavos, o ouvidor-geral.
Função pública criada para canalizar problemas e reclamações da população.
Os jornalistas suecos foram os primeiros a criar um conselho de auto-
regulamentação ética. Criado em 1916, o comitê analisa, sem interferência,
as queixas do leitor contra os jornais. Em verdade, no jornalismo, a função
do ombudsman é representar o leitor no jornal. Ele é pago pelo jornal para
defender os interesses do leitor, apontar erros de informação ou de checagem
de dados. No Brasil, o primeiro jornal a instituir o ombudsman foi a Folha
de S. Paulo, 24 de setembro de 1989, função exercida por Caio Túlio Costa.
De 96 jornais-laboratório pesquisados, de 1997 a 1998, pelos professores
José Marques de Melo, Dirceu Fernandes Lopes e Walter Teixeira Lima Jr.
apenas sete tinham ombudsman para analisar, avaliar e criticar cada edição
do jornal e apontar caminhos que possam estimular a participação coletiva
no processo de produção e difusão do jornal.
O crítico interno tem a função de averiguar se a matéria é exata, justa,
equilibrada ou se tem defeitos que podem dar ao leitor uma falsa impressão
da notícia. A sua presença na redação não tem papel inibidor ou castrador.
Ele é um árbitro neutro e membro da equipe regular responsável pela
produção e difusão do jornal-laboratório. Na verdade, é o porta-voz do leitor
120
e o crítico do jornal.
A crítica interna, depois, torna-se externa, deixa o estudante mais sensível
eticamente a problemas que envolvam questões como exatidão, lógica e
equilíbrio no relato do fato jornalístico. O leitor torna-se mais consciente do
papel acadêmico do jornal-laboratório e da preocupação do próprio
jornalismo com uma conduta ética e responsável.
A presença do ombudsman reflete a realidade do mercado. Ou seja, a
ética é profundamente questionada quando a mídia é obrigada a competir por
notícias na velocidade cibernética estabelecida pelo noticiário on-line da
Internet. É aí que o jornalismo peca por leviandade e generalizações. E nada
mais sensato que um ombudsman na redação do jornal-laboratório para
ajudar no contínuo processo de aperfeiçoamento da vida acadêmica e
profissional. Quando levado a sério, o trabalho do crítico interno da
informação conduz a uma reavaliação das práticas jornalísticas não só em
defesa do interesse público, mas também em detrimento dos abusos
praticados contra uma maioria excluída em uma sociedade capitalista.
O ombudsman na redação mantém acesos os princípios fundamentais da
responsabilidade da mídia, a mente do jornalista fica mais observadora e
crítica da realidade que o cerca e contribui para a consolidação do estado
democrático, sem o qual não há jornalismo que sobreviva.
É interessante observar que a presença do ombudsman desperta na
redação o espírito da leitura coletiva. Todos lêem detalhadamente cada linha
publicada no jornal-laboratório para não ficar de fora do processo crítico.
Cresce o número de adeptos do jornalismo ético e responsável. Há o debate
de soluções para os problemas gráficos, ortográficos, gramaticais, de
diagramação, ou de precisão da informação. O autor do texto analisado pelo
ombudsman ou criticado pelos seus companheiros fica mais atento, mais
121
crítico. Isso levanta o moral da equipe, principalmente quando a crítica não
nasce do acaso. Eleva o número de indagações sobre questões da conduta do
ombudsman, do editor, do repórter e do perfil do jornal-laboratório. É
saudável o debate público porque liberta o estudante das teias do
provincianismo e o obriga a entregar-se às articulações de suas idéias com
afinco e prazer.
Na ética é importante o respeito pela crítica fundamentada e lógica. É na
universidade que o estudante tem a oportunidade de buscar o seu caminho
longe das cobranças do mercado. E o jornal-laboratório é o meio apropriado
para isso. Espaço universal que serve para colocar em prática as discussões
teóricas sobre o espírito jornalístico. Responsabilidade no relato do fato
jornalístico e ética são elementos essenciais para a prática de um jornalismo
pluralista, apartidário, moderno e independente.
No jornalismo, a crítica interna pode reduzir a arrogância e estimular uma
maior responsabilidade em respeito ao interesse público e na aplicabilidade
da ética na condução de um jornalismo neutro, exato, independente e
íntegro.
4.5 – Gêneros jornalísticos
Após a Revolução Industrial, no final do século 19, o jornal deixou de ser
um artigo só de consumo da classe burguesa, ganhou padrão gráfico e se
transfomou num instrumento básico da comunicação de massa. Na verdade,
se tornou um fenômeno universal. Na medida em que a informação não mais
atendia a uma classe social, começava a mobilizar o grande público e
assumia o papel de observador da realidade.
O jornal ao ganhar autonomia, ou seja, com a produção em escala
industrial, redimensionou o universo de relação com o leitor e o maior
desafio passou a ser a classificação do seu discurso jornalístico, que pudesse
122
acompanhar o desenvolvimento sócio-econômico daquele momento
histórico.
Para facilitar o processo ensino-aprendizagem, o discurso jornalístico foi
classificado em gêneros:
Informativo
Interpretativo
Opinativo.
Os três gêneros ganharam subdvisões:
Informativo
Enquete
Entrevista
Nota
Notícia
Serviço (agenda)
Interpretativo
Reportagem
Opinativo
Artigo
Caricatura
Carta
Coluna
Comentário
Crônica
Editorial
Resenha
123
Vários elementos convergem na formação dos gêneros jornalísticos. É
preciso identificar cada um deles. Vamos apresentar um por um, começando
pelo gênero informativo que é o mais usado no jornalismo brasileiro.
1) Gênero informativo
Enquete – corresponde ao relato de pesquisa de opinião pública, onde uma
amostragem representativa da população emite sua opinião sobre
determinado assunto ou acontecimento.
Entrevista – é o depoimento de um ou mais personagens sobre um assunto,
acontecimento ou a opinião sobre economia, vida pública, cultura, saúde,
ciência, tecnologia etc.
Nota – corresponde ao relato sintético de um fato jornalístico. A Folha de S.
Paulo, quando da sua reformulação gráfica e editorial, passou a usar este
recurso ao criar os Dropes. O Estado de S. Paulo, por exemplo, no caderno
de Esportes tem Breves. São notas sobre futebol, basquete etc.
Notícia – é o relato diário dos acontecimentos. É na notícia que o leitor
espera encontrar informações que completam a sua curiosidade. A notícia
não questiona, apenas informa. Na notícia predomina a apresentação dos
fatos. Não investiga a causa ou conseqüência. Embora possa ser resultado de
investigação.
Serviço – caracterizado como toda informação de utilidade pública. Por
exemplo: O Estado de S. Paulo criou a Agenda para prestar um serviço ao
leitor.
2) Gênero interpretativo
Reportagem – é o complemento de uma notícia. É o ato de investigar. É o
relato ampliado de um acontecimento. Ela difere da notícia porque deixa de
ser apenas uma informação do cotidiano. É a valorização do humano, da
construção detalhada do acontecimento.
124
3) Gênero opinativo. São opiniões de jornalistas, políticos, cientistas e
pensadores conhecidos ou de personagens ilustres.
Artigo – trata-se de um texto jornalístico no qual (jornalista ou não)
desenvolve uma idéia e apresenta sua opinião.
Caricatura – caracteriza-se pela finalidade satírica ou humorística que
pressupõe a emissão de juizo de valor.
Carta – espaço aberto à participação do leitor, para expressar opinião.
Coluna – seção especializada de jornal ou revista, publicada com
regularidade, assinada, e redigida em etilo livre e pessoal.
Comentário – geralmente é feito por um jornalista experiente, que
acompanha os fatos e tem sempre dados disponíveis que o ajudam a fazer
um comentário preciso sobre o fato jornalístico.
Crônica – gênero de caráter mais literário. O autor narra um fato do
cotidiano sem a preocupação técnica jornalística.
Editorial – que expessa a opinião da empresa jornalística diante dos fatos de
maior repercussão.
Resenha – caracteriza-se por ser uma apreciação dos produtos culturais com
a finalidade de orientar o leitor.
4.6 – Texto jornalístico
O jornalismo cresce quando há controvérsia. Neste caso, o jornalismo de
qualidade, desengajado e independente, assume o papel de memória da
sociedade. E para que este entendimento entre jornal e leitor não se esvazie,
o combustível indispensável é que o texto jornalístico seja claro e com
informações corretas e precisas. Por exemplo, a simples eliminação de vícios
pode contribuir para a clareza do texto. Quanto mais exato, melhor será o
resultado. É fundamental que a imparcialidade e neutralidade sejam
125
componentes do texto jornalístico, porque, ao escrever, o estudante não tem
como dimensionar a intenção do leitor.
O texto jornalístico não é um simples relatório. Há uma diferença
fundamental entre um e outro. E ela se evidencia quando a introdução de
elementos contraditórios, declarações curtas, a descrição dos ambientes e a
objetividade da narrativa dão vivacidade ao texto. Se a função do texto
jornalístico é informar, sua característica é fazer o leitor entender a
complexidade de qualquer assunto em pauta.
Para simplificar o texto jornalístico, o estudante deve construir frases
curtas, lógicas, afirmativas, precisas, estilo direto e de fácil comprensão.
Evitar também períodos longos e parágrafos a perder de vista. Na dúvida, o
melhor arma contra frases longas e parágrafos intermináveis é a pontuação.
Já as formas condicionais, passivas e negativas, ou a repetição de palavras
ou citações, redundância, prejudicam, desvalorizam a mensagem jornalística
e reduzem a fluência da leitura.
Para tirar as dúvidas do leitor e deixar o texto homogêneo, é necessário
decodificar qualquer terminologia especializada, valores de moeda
estrangeira, localização de países citados, medidas em sistemas diferentes do
métrico.
Se o jornalismo é transformar o ontem no hoje, ou seja, o passado
imediato, tem de fornecer os elementos necessários ao leitor para que tenha a
informação mais atualizada sobre os fatos que marcaram as últimas 24
horas. Na verdade, o texto deve ter uma narrativa agressiva e informativa
que estimule o leitor a se interar do assunto.
Humberto Werneck, editor senior da Playboy, diz que a beleza é uma
arma para capturar o leitor na primeira linha e levá-lo até a última. Se o
caminho é este, nada melhor que cada palavra ou expressão contenha o
126
máximo de carga de significado. Substantivos fortes e verbos na voz ativa
reforçam a beleza do texto jornalístico, justamente com uma informação
rigorosa e bem apurada.
Ao preferir a frase afirmativa, o estilo direto, e recusar a imprecisão e a
ambigüidade, o uso de frases feitas, os lugares-comuns, os chavões e
palavras de ordem, o estudante coloca em prática o jornalismo eficaz e de
leitura fluente.
Quando compra um jornal, o leitor está pagando por notícias corretas e
precisas. É sensível, inteligente e crítico, portanto é preciso dar a ele um
pouco mais do que supostamente está pedindo. Mesmo com a correria da
vida moderna e a tendência da informação em tempo real, é preciso reservar
espaço de reflexão para o leitor se aprofundar mais.
Para um texto jornalístico que atenda às exigências do leitor, é
fundamental que o aluno dê um tratamento especial às citações, diálogos,
transcrições de declarações importantes ou aspas. Deve reproduzir apenas as
frases mais importantes ou expressivas. Não deve transcrever entre aspas as
idéias manifestadas pelo entrevistado que possam ser melhor expostas
através do texto indireto. Exemplo: "O governo brasileiro precisa levar mais
a sério a dívida externa e pagá-la o mais rápido possível", diz o economista
Chico Breve. O correto: Na avaliação do economista Chico Breve, o
governo brasileiro precisa levar mais a sério a dívida externa…
O aluno deve evitar, como mandam as regras do jornalismo objetivo, claro
e exato, o uso de adjetivos que expressam juizo de valor e possibilitam uma
leitura subjetiva e, às vezes, desproporcional ao acontecimento. Exemplo:
uma grande bomba explodiu no centro de São Paulo e fez um enorme
buraco no viaduto do Chá. O adjetivo não qualifica a informação e torna o
texto opinativo. O mais correto: uma bomba do tamanho de uma bola de
127
futebol explodiu no centro de São Paulo e fez um buraco do tamanho de um
campo de futebol. A informação chega mais completa ao leitor. Então, é
recomendável levar em conta que a argumentação sustentada por fatos é
mais forte do que a adjetivada. Convém empregá-la apenas quando faz parte
de uma citação do entrevistado.
O texto jornalístico se torna mais rico em detalhes e informações quando
se evita o emprego de expressões desgastadas pelo uso exagerado, muitas
delas desnecessárias e destituídas de qualquer valor semântico. Exemplo:
por outro lado, ao mesmo tempo, preencher a lacuna, haja vista, perda
irreparável, ataque fulminante.
Escrever curto e grosso, economizar palavras ou procurar a mais adequada
para cada pensamento a ser comunicado evita a superficialidade da
informação. O sujeito indeterminado é outro recurso que o estudante deve
deixar de fora do texto jornalístico porque não esclarece e deixa o leitor com
dúvidas. Exemplo: alguém chegou e jogou uma coisa…, dizem que foi um
pedaço de madeira…, parece que atingiu alguém que estava…, talvez o
culpado…
A rigor, a impessoalidade é uma abstração, porque qualquer texto
jornalístico tem a visão do autor. Mesmo contra a vontade dele, acaba sendo
pessoal. Para se aproximar mais da imparcialidade e neutralidade, é
recomendável que o estudante fique distante do fato jornalístico, ou seja,
faça apenas o seu trabalho de investigação. Não se envolva com a fonte,
partidos políticos, religião, quando está no exercício profissional.
A isenção deve ser atingida quando ao ouvir uma acusação, o estudante
deve se empenhar em saber a versão do outro lado. E, na elaboração do
texto, dê a cada parte o destaque merecido, nem menos, nem mais.
128
A impessoalidade significa, além disso, fugir ao intimismo, ao excesso de
liberdade com o leitor. Deve-se evitar expressões: Perguntei ao jogador…
Disse-me (nos) Pelé… Chegou ao nosso Brasil… Eu ouvi o Ricardo
Teixeira sobre a seleção…. Correto: Perguntado sobre… Pelé diz que…
Chegou ao Brasil… Para Ricardo Teixeira, a…
O você, dirigido ao leitor, não deve ser usado. Em lugar de Se você quiser
assistir ao show, compre logo o ingresso. Se interessar em assistir ao show,
compre logo o ingresso.
A preocupação com o leitor deve ser constante. O estudante deve facilitar
ao máximo a leitura dele, mas sem perder a riqueza e a clareza do texto. O
texto puro, aquele sem adjetivos, sem superlativos, preciso, frases bem
construídas, sem lugares-comuns, e com declarações específicas, deixa o
leitor mais informado, com menos dúvidas quanto a intenção da notícia.
Príncipio fundamental: o estudante deve escrever como se o leitor comprasse
o jornal pela primeira vez. Então, o texto jornalístico deve conter o máximo
possível de dados, testemunhos, emoção, distanciamento do fato ou
acontecimento, humanização e pormenores, que auxilem o leitor a criar uma
idéia rigorosa do assunto.
4.7 – Ineditismo da notícia
Notícia é um texto informativo, o uso da técnica da pirâmide invertida (do
maior ao menor interesse). É a unidade básica de informação do jornalismo.
É a matéria-prima do jornalismo. É o relato diário dos acontecimentos ou
daqueles com possibilidade de ocorrer. É na notícia que o leitor espera
encontrar informações que completam a sua curiosidade ou conhecimento. A
notícia não deve ser extensa, nem cheia de adjetivos.
O estudante precisa ficar atento ao coletar dados porque, quanto mais
elementos recolher, maior será o interesse do leitor pela notícia. É essencial
129
que a notícia seja rigorosa, completa e fundamentada sobre fatos e não sobre
rumores. Ela deve ser atual, abrangente, inédita, inusitada, incomum e de
interesse público. O leitor quer saber a relação de causa e efeito, o que está
por trás da aparente realidade. Na verdade, a notícia é a ocorrência de um
fato. Não questiona nem opina, afirma e informa. Ela não investiga causa ou
conseqüência, embora possa ser resultado de investigação.
Notícia informativa – relato puro e simples do fato, sem opinião, a partir
do mais importante. É a seleção de tudo que acontece no dia-a-dia. A
informativa é a mais usada no jornalismo diário. Ela não descreve o
ambiente. É montada através de tópicos e documentações. Ela tem que
oferecer ao leitor todos os ingredientes necessários para que ele não precise
recordar os antecedentes para compreender o que a informação lhe oferece.
Notícia narrativa – É aquela que se organiza a partir de uma seqüência de
acontecimentos. É a narração da realidade. Você passa ao leitor uma visão
do ambiente, como se fosse escrever para o rádio.
A notícia deve basear-se nos apontamentos acumulados pelo jornalista. É
o fato jornalístico que foge da rotina.
É importante destacar que no jornalismo laboratorial raramente uma
notícia publicada porque a periodicidade o veículo raramente é diária. Por
este motivo tempo que é preciso valorizar ainda mais a reportagem e
incentivar o aluno a produzi-la com critérios e criatividade. É na reportagem
que o futuro jornalista irá colocar em prática o conhecimento de
humanidades.
4.8 – Entrevista é básica na apuração
A entrevista não é um simples quadro de perguntas e respostas, ou uma
discussão e nem um debate de idéias, mas uma situação de interação em que
dois indivíduos ou mais exercem influência mútua. A função do estudante é
130
perguntar, confrontar o entrevistado com as contradições dele ou com fatos e
opiniões que contradizem o discurso dele. O aluno nunca deve impor a sua
opinião, hostilizar o entrevistado, mas também não deve comportar-se de
forma passiva ou subserviente perante as declarações e mentiras do
entrevistado.
A entrevista não é apenas uma reação à pergunta formal dirigida ao
entrevistado. Interrupções devem ser feitas a propósito e de forma concisa
para esclarecer uma resposta ou uma idéia ou introduzir um novo tema.
Ela é uma das principais fontes de informação para o jornal, e está
presente, direta ou veladamente, na maioria das notícias ou das reportagens.
A entrevista é um gênero jornalístico provocado, motivado pela atualidade
e pelo interesse humano que a pessoa focalizada desperta.
Na verdade, é um relato informativo ou opinativo que o entrevistado tem
sobre determinado fato jornalístico.
Princípios para se fazer uma entrevista
* Procure saber quanto tempo terá para fazer a entrevista. Se for pouco
tempo, vá direto ao assunto;
* Planeje: Informe-se ao máximo sobre o entrevistado ou sobre o assunto,
para que as perguntas sejam pertinentes e objetivas, mesmo que haja um
roteiro pré-estabelecido. Ao sair da redação para entrevistar alguma
personalidade informe-se sobre a carreira, interesses, passatempos,
educação, trabalho, seus pontos de vista políticos, religiosos, esportivos etc.
* O que perguntar: É muito importante que o aluno de jornalismo conheça
o assunto sobre o qual irá perguntar. Faça perguntas diretas, objetivas,
específicas sobre o assunto. Nunca se deve perguntar O sr. tem algo de
interessante a dizer sobre o assunto? Porque ele responderá nada, e encerra a
entrevista, ou poderá ainda contar o que não é de interesse para a matéria.
131
* Não confie na memória, faça anotações, mas discretamente. Anote o
que for necessário e preste atenção no sentido da resposta. Muitas pessoas se
inibem na frente do jornalista que anota tudo, ou que está gravando.
* Cuidado com as anotações, pois notas truncadas dão aborrecimentos e
posteriores retificações. Se tiver alguma dúvida, depois de voltar à redação,
telefone para esclarecer, é melhor do que escrever errado e perder a fonte ou
a credibilidade conquistada.
* Não deixe que o entrevistado escreva suas respostas ou as dite para
você. Caso contrário, perderá o rumo da entrevista e a iniciativa. Você deve
dirigir a entrevista.
* Observe e anote também as ações do entrevistado, seus movimentos e
cacoetes. Tornará a matéria ilustrativa, no caso de um perfil, por exemplo.
* Deixe o entrevistado falar, o leitor quer conhecer o pensamento dele e
não a do estudante. Aprenda a perguntar, a ouvir e a observar. Ouvir com
atenção inspira confiança no entrevistado e o encoraja a prosseguir nas
respostas. Você não sabe mais do que o entrevistado sobre o assunto em
pauta, portanto é melhor ouvi-lo.
* Seja neutro, não interprete a resposta do entrevistado segundo as suas
concepções. Apresente-se como pessoa compreensiva, sem querer mudar as
idéias do entrevistado, mesmo que você seja contra elas.
* Empreendendo clima de seriedade e domínio do assunto, o aluno pode
fazer perguntas diretas e incisivas sem que o clima de cordialidade seja
quebrado.
* Evite atritos com o entrevistado, seja natural, polido, cortês, sem
afetação ou subserviência.
* Se a resposta foi vazia e o entrevistado usou de evasivas, o repórter deve
insistir no assunto até que obtenha uma resposta direta.
132
* Nas entrevistas coletivas, não espere ser conduzido, disponha-se a fazer
as perguntas e corrigir o rumo da entrevista, caso alguém faça perguntas
desnecessárias.
* Espere o entrevistado concluir uma resposta para fazer outra pergunta,
nada é mais irritante do que uma resposta pela metade.
* A pauta é apenas uma indicação e pode ser esquecida se a entrevista
seguir rumo mais interessante.
* Pergunte o mais que puder, mas evite as questões óbvias.
* Por mais desordenadas que sejam as perguntas, o aluno deve ter
consciência da seqüência do assunto.
* As perguntas devem ser curtas e objetivas.
* Entrevista é um diálogo que acontece entre o estudante e o entrevistado.
As respostas são dirigidas ao leitor. Por essa razão, a entrevista é uma
técnica do jornalismo informativo, nunca do opinativo. Quando há opinião
do entrevistado na entrevista, ela é encarada como uma informação, como
complemento da entrevista, o aluno passa ao leitor a informação sobre a
opinião do entrevistado e não a sua ou a do jornal.
As entrevistas podem ser:
* Individual — Entrevista concedida apenas a um aluno, exclusiva ou
não. É exclusiva quando o entrevistado se compromete a dar as informações
só para o aluno que o procurou e que será o único a publicá-las.
* Coletiva — Entrevista dada a um grupo de alunos, por convocação do
entrevistado ou por iniciativa do aluno. O parâmetro deve ser sempre o do
interesse público.
* Enquete — Série de pequenas entrevistas sobre um assunto, para saber a
opinião de determinados entrevistados.
Como obter uma entrevista
133
* Em caso de pessoas que tenham função ou cargo de relevância, a
entrevista tem que ser marcada anteriormente, caso contrário, o estudante
corre o risco de não encontrar o entrevistado ou não conseguir horário para
ser atendido. No entanto, se o assunto requer abordar a pessoa
inesperadamente, então o estudante tem que estar consciente de que poderá
ser atendido rapidamemte, ou terá que esperar muito.
* Outras pessoas devem ser abordadas sempre com educação,
calmamente, sempre sendo tratadas por sr. ou sra., tratamentos que não
entrarão no texto da matéria.
* Numa entrevista comum, o entrevistado não precisa ter conhecimento
das perguntas anteriormente. No caso de uma entrevista mais especializada,
é comum o entrevistado pedir a relação de perguntas para estudá-las antes.
Pode ser fornecida ou não, dependendo do assunto.
Como preparar uma entrevista
* Para se obter resultado perfeito numa entrevista, ela tem que ser
preparada com antecedência.
* As informações sobre o entrevistado podem ser obtidas das mais
variadas formas, mas a mais correta é uma visita ao banco de dados do
jornal ou faculdade. Lá, além de entrar em contato com as entrevistas já
feitas, o aluno fica conhecendo as expressões do entrevistado, o que pensa e
quem é a pessoa.
* Outra vantagem de consultar um banco de dados é a possibilidade de
conhecer mais sobre o assunto da entrevista. O entrevistado precisa sentir
que o aluno está seguro do que pergunta e este deve conhecer
profundamente o assunto para poder cortar a resposta no tempo certo,
acrescentar algo importante e não correr o risco de o entrevistado desviar o
assunto.
134
* Se a entrevista for com um empresário, é indispensável conhecer um
pouco sobre a empresa dele e o ramo. Se for com um artista, então o repórter
tem que conhecer pelo menos alguns shows, programas ou filmes em que o
entrevistado apareceu.
* Deve-se prestar atenção ao ambiente onde ocorre a entrevista e onde o
entrevistado normalmente fica. Mais atenção ainda ao jeito como o
entrevistado responde, suas expressões faciais, mãos, etc.
Deve-se gravar entrevistas?
* O gravador deve ser usado em entrevistas longas, especializadas ou
depoimentos. Mas o aluno não deve deixar de fazer anotações também,
registrando expressões e interferências.
* O aluno também deve anotar palavras-chaves, para reconhecer o assunto
gravado.
* Em entrevistas curtas, o gravador não deve ser usado. Leva-se tempo
para tirar da fita e matérias curtas são requisitadas com pressa. Informações
anotadas são mais fáceis de serem trabalhadas.
* Outro fator importante é que o gravador pode tirar a espontaneidade do
entrevistado e a concentração do aluno porque acredita que tudo o que está
sendo gravado é o mais importante e não presta atenção na resposta do
entrevistado. Há também quem não dê entrevistas gravadas e há os que
começam a escolher as palavras para falar, querem falar bonito em
detrimento da informação correta.
Como conduzir a entrevista
* O aluno deve fazer com que o entrevistado se sinta à vontade na
entrevista. Para isso, o estudante deve conhecer o entrevistado,
anteriormente ou rapidamente antes da entrevista. Mas isso não quer dizer
mostrar-se amigável e nem perder tempo com brincadeiras no início. Muitas
135
vezes o entrevistado é uma pessoa muito ocupada e demorar para começar a
entrevista pode causar alguma antipatia logo no começo.
* O aluno deve fazer as perguntas objetivamente, rapidamente, sem
muitas considerações e ouvir mais o entrevistado.
* O aluno tem que ter a capacidade de saber se o entrevistado está ou não
mentindo, através de expressões ou de acordo com as respostas dadas. Para
isso, precisa estar informado sobre o assunto. Mas nunca deve insinuar, no
momento, que a pessoa está mentindo. A melhor maneira é investigar o que
se desconfia que é mentira e até checar com outras fontes.
Tipos especiais de entrevistas
* Os três tipos de entrevistas são: por telefone, em grupo ou o off
(informações ou declarações confidenciais em que a fonte não pode
aparecer).
* Por telefone – A melhor maneira é dispensar o telefone. A entrevista por
telefone tem resultado inferior à que é feita pessoalmente, é superficial. Use
o telefone apenas para confirmar dados.
* O encontro pessoal para a entrevista é melhor para o aluno e para o
entrevistado.
* A informação em off com se costuma chamar, precisa ser checada. O
aluno deve aceitar, quando a fonte é conhecida e pode publicá-la se tiver
plena confiança em quem a transmitiu. Mas deve ver com reservas as
informações em off que possam ter outras intenções por trás.
4.9 – Reportagem aprofunda a notícia
O sonho de trabalhar na grande mídia deixa o aluno anestesiado ao ato
reflexivo e vislumbrado com o imediatismo do fato jornalístico. Na escola, o
desejo dele é escrever como se fosse para um jornal diário, justifica tal
postura porque, segundo ele, é assim que funciona o mercado. Ele está
136
correto na forma de pensar, mas equivocado quando escreve para um jornal-
laboratório porque a periodicidade é outra, o modo de fazer jornal não é o
mesmo da grande mídia e a narrativa jornalística, na verdade, é uma
extensão da notícia. “A reportagem traz a marca de um meio de
comunicação que tem os seus leitores específicos, a sua história, a sua
cultura, mas também a marca de um jornalista-repórter cuja escrita afirma a
sua personalidade”, observa Jean-Dominique Boucher que considera a
reportagem essencial porque visualiza a informação, dando-lhe autenticidade
e credibilidade.26 Aprender nas “viagens”, somado à leitura e aos contatos
pessoais, tudo isso é possível conquistar produzindo reportagens. E é essa
visão humanística e de um novo horizonte a cada dia que o futuro jornalista
deve ter em mente, caso contrário ficará restrito apenas ao conhecimento
tecnicista. “O jornalista médio, aquele que se acomoda ao estado de coisas
da carreira profissional tal qual ela se apresenta no Brasil, muito cedo adere
ao cepticismo, à amargura, à non chalance ou espírito blasé”.27 Essa é a
previsão de Cremilda Medina ao jornalista tarefeiro, aquele que não vê na
reportagem a amplitude do seu universo jornalístico como instrumento de
transformação social.
O estudante, quando da elaboração do seu texto, tem de ter saber quem é
o seu leitor, para quem vai escrever e que tipo de texto vai apresentar:
informativo, interpretativo ou opinativo. Na imprensa diária brasileira
encontram-se estas três categorias, mas em maior quantidade o texto
informativo, seguido do opinativo e alguns interpretativos (reportagens).
Numa revista semanal, como Veja, Época, IstoÉ, os textos são mais de
interpretação dos fatos registrados na semana. Trabalha mais com
reportagens, não necessariamente de investigação, mas aquela que aborda
em profundidade os assuntos pautados pelos jornais impressos.
137
Todo fato jornalístico tem e deve se caracterizar pela narração de um
acontecimento de interesse social. A reportagem está mais voltada a
descrever uma situação real de domínio público, com recursos mais ligados
à literatura com a finalidade de chamar à atenção do leitor. O ideal quando
se tratar de jornal-laboratório, dada à periodicidade e à finalidade do veículo
laboratorial, seria fazer um tipo de jornal/revista com texto bem construído.
No Brasil do final do século 19 e início do 20 era natural encontrar nas
páginas dos periódicos textos literários, opinativos e pouca notícia. A
maioria dos jornais tinha como função a defesa de interesses políticos.
Nasciam e morriam rapidamente como as notícias de hoje. Na verdade, eram
mais efêmeros que a própria notícia. Não as crônicas, as poesias, ou ao texto
opinativo que João Paulo Alberto Coelho Barreto, o João do Rio, deixou a
comodidade da redação e foi para rua narrar o cotidiano fluminense. “Há
quem garanta que ele foi o primeiro repórter-repórter (sic) do jornalismo
brasileiro; aquele que saía da redação e ia ouvir o povo, o trabalhador, o
malandro, as mulheres da vida”, observa José Sebastião Witter.28 João do
Rio colocou em prática o jornalismo de interesse social, a vida do
trabalhador comum e a realidade brasileira nas páginas dos jornais
carrancudos e conservadores. Rompia ai uma barreira que isolava o
acontecimento diário porque não interessava à classe política, à burguesia e
aos intelectuais noticiar o cotidiano.
Com o avanço tecnológico, a diminuição das fronteiras geográficas e a
notícia em tempo real nas páginas do jornalismo on line, o texto de um
jornal impresso tem de ser mais bem cuidado, mais reflexivo, mais
aprofundado. Agora não basta apenas noticiar, porque a televisão, o rádio o
webjornalismo são mais ágeis e versáteis em informar primeiro,
independente do conteúdo da notícia. Tão Gomes Pinto também partilha
138
dessa opinião porque, para ele, num jornal impresso a cobertura deve ser
ampla. Ele explica: “Acho que um texto deve ser bem escrito, mas narrativo,
no sentido de que todas as matérias tenham começo, meio e fim, do que um
amontoado de frases, simples coisas brutas que você ou ouve no rádio, lê na
internet ou vê pela tevê. Esse tipo de tratamento da notícia acho que não
cabe mais ao jornal. Cada vez mais é um tratamento mais profundo, mais
analítico.”29 Tão Gomes Pinto lembra que jornais como New York Times,
Herald ou a Guardian têm essas características. Augusto Nunes, diretor de
Redação do Jornal do Brasil, também concorda e prevê que o conteúdo do
jornalismo impresso, apenas noticioso, vai ser substituído pelo informativo
digital. Na opinião dele, o jornalismo impresso terá de ser analítico para o
leitor entender melhor o assunto. Ele faz a seguinte observação para
justificar o seu ponto de vista: “A notícia na íntegra, ele (leitor) assistiu,
ouviu e leu nas páginas da wejornalismo.”30 Mas é preciso ficar claro que
esse tratamento analítico não significa a editorialização ou opinar no texto de
uma reportagem. O que o leitor deseja é ser ajudado na visualização do fato
jornalístico.
É esse que deve ser o perfil do jornal-laboratório porque não há como,
principalmente no Brasil, acompanhar a velocidade da informação, mesmo
porque a função do exercício laboratorial é formar o profissional que tenha o
domínio pleno da linguagem jornalística e não apenas da técnica da pirâmide
invertida.
Não tenho a pretensão de escrever sobre a fronteira entre jornalismo e
literatura porque este trabalho não focaliza essa temática, mas o texto do
jornal-laboratório impresso deve se aproximar da grande reportagem, não tão
em moda no jornalismo brasileiro. Há exemplos de jornalistas brasileiros e
extrangeiros que transformaram a reportagem em livro-reportagem e nem
139
por isso o brilho da linguagem jornalística foi abandonado. Entre eles se
destacaram Truman Capote no livro A sangue frio que relata um brutal
assassinato de uma família do estado do Kansas. Já John Reed foi o repórter
da revolução russa em os Dez dias que abalaram o mundo. Euclides da
Cunha em sua reportagem Os Sertões contou a saga de sertanejos do arraial
de Canudos na luta contra o Exército brasileiro. Todos os autores narraram
os fatos jornalísticos como observadores participantes, ou seja, estiveram no
local do acontecimento. É importante citar esses exemplos de jornalismo
presencial porque hoje publica-se muitas notícias levantadas pelo telefone ou
internet.
O jornalismo tem regras próprias, mas nada impede o jornalista de
pesquisar, checar, colher pistas e impressões na busca de elementos ou
personagens que possam enriquecer o texto. Para José Sebastião Witter, uma
reportagem não é um mero sistema de registro do fato jornalístico: “O autor
trabalha com personagens reais, como exige a boa imprensa, porém utiliza
recursos rigorosamente literários na reprodução dos cenários de sua
reportagem, humaníssima e recheada de estilo, vigoroso, iluminado estilo.”31
Na verdade, o serviço de reportar é pura rotina, porque uma das funções do
repórter é examinar com cuidado o fato jornalístico. Um exemplo desse
trabalho minucioso e atencioso de garimpagem jornalística, onde o autor
transforma uma execução de rotina, para a época, em um bem articulado
texto não perecível, data de 1846, em Roma. “Havia ali um extenso local
lamacento quase vazio, como uma careca na cabeça de um homem. Um
vendedor de charutos, com um pote de barro contendo cinzas de carvão em
uma das mãos, andava para cima e para baixo, anunciando a sua mercadoria.
Um vendedor de doces dividia sua atenção entre o cadafalso e seus
fregueses. Alguns meninos tentavam subir em paredes e em seguida caiam.
140
Padres e monges tentavam abrir caminho acotovelando-se entre as pessoas e
ficavam na ponta dos pés para ver a lâmina: depois iam embora.”32 Era
Charles Dickens, escritor e jornalista inglês, em sua reportagem Uma
Execução, descrevendo a decapitação de um prisioneiro romano. A
reportagem é um acontecimento público do século 19, mas não perdeu a
contemporaneidade porque o autor usou uma linguagem que não se prendeu
apenas ao factual, embora cite o dia da semana, o ano, a hora, mas à
narrativa concreta, objetiva e ao enredo em que os personagens se movem. O
texto também retrata o comportamento do ser humano, sua curiosidade, sua
ambição comercial e seu descaso para um homem que iria morrer de forma
trágica. Charles Dickens narra assim a ganância humana: “…como a dos
apostadores de loteria que, depois de um decapitação pela guilhotina,
contam as gotas de sangue espalhadas no chão para tentar advinhar o
número que será sorteado”.33 O autor explorou com propriedade a execução,
usando um linguagem simples, precisa, clara, frases curtas. Ao buscar no
próprio local personagens do cotidiano, enriqueceu a narrativa jornalística.
Ou seja, o trama não se resumiu apenas ao destino do prisioneiro, mas o que
se passava ao redor do cadafalso. É o jornalismo presencial registrando a
história humana.
O texto para jornal-laboratório deve e precisa caminhar nessa direção tão
bem construída por Charles Dickens. A riqueza estilística não é
simplesmente noticiar o fato, está na contextualização, nos detalhes, nas
contradições, na análise, nas reações humanas, no inusitado, na observação
participante – foi o que fez Dickens –, na intepretação sob diferentes
perspectivas. O aluno deve mergulhar nessa narrativa para descrever com
singularidade o fato de interesse universal.
141
Enquanto o mundo e o Brasil concentram suas atenções à queda das torres
gêmeas e a guerra entre Afeganistão e Estados Unidos, uma parte do
extremo Norte do território nacional vive em constante conflito social,
econômico, político e armado. Grandes reportagens foram publicadas em
revistas e jornais brasileiros relatando mais uma aventura norte-americana
além fronteiras, mas raro foi aquele que contou um pouco sobre o Brasil.
Nesse mar de informações e contra-informações sobre o episódio Osana bin
Laden, a revista Época fugiu da mesmice e publicou uma reportagem de
Eliane Brum, que, infelizmente, mereceu uma pequena chamada na parte
superior da capa do periódico, A Guerra do começo do mundo: a última
fronteira. O texto narra o cotidiano de um território desconhecido pela
maioria do povo brasileiro: Roraima. A autora usou do seu conhecimento de
geografia, política, de história contemporânea, ou seja, de humanidades, para
descrever a saga do povo de Roraima. Os dados comparativos ilustram bem
o texto da reportagem e deixam o leitor familiarizado com o drama daquele
Estado nortista. Esse trecho extraído da reportagem revela uma faceta do
Brasil: “Roraima é uma terra isolada, ligada ao resto do país apenas por uma
transfusão de recursos – intensa e de mão única – de Brasília para o Estado.
Mais perto de Miami que do Rio de Janeiro, a capital (Boa Vista, grifo
nosso) vive em crise de identidade. Quando um roraimense viaja, anuncia
aos amigos: Vou para o Brasil.” O relato continua: “Assim, isolado,
maltratado até, e um tanto órfão, Roraima vive a guerra do começo do
mundo. E ninguém se importa. O Brasil não dá importância a Roraima, mas
Roraima importa-se muito”.34 A autora reportou a situação local incluindo
personagens que fizeram e fazem a história de Roraima: o migrante regional,
nacional e extrangeiro; a saga dos aventureiros como a da maranhense
Cleonice Conceição, de Maurício Habert que sonha em dismistificar a fama
142
do pai Maurice Habert de ladrão e desertor da Primeira Guerra Mundial; do
suíço Walter Vogel, que se diverte plainando de ultraleve, é dono de 12 mil
cabeças de gado, 100 mil terrenos; e a guerra entre o Exército, os índios e a
Igreja Católica. A riqueza estilística faz o leitor viajar no tempo e no espaço,
dificilmente documentários de televisão reportariam com sutileza e maestria
o dilema de personagens comuns e de um Estado em estado de alerta. A
reportagem termina deixando transparente que conflitos sempre vão existir
na terra que tem 57% sob o domínio indígena: “…No norte, os macuxis
seqüestraram um par de botinas e uma boina dos militares para mostrar
quem manda naquela quina do Brasil. Diante do ataque estrangeiro, o
valente general (Claudimar Magalhães Nunes) ameaça tomar os troféus de
guerra na marra. Não há dias comuns em Roraima.”35 Se uma das funções
do jornalismo é colocar à tona as contradições, o texto de Eliane expõe este
contraste brasileiro.
A compreensão real do fazer jornalístico exige uma sensibilidade
incomum e um profundo conhecimento de história, economia, política,
antropologia, filosofia e sociologia. Se a escola deve preparar o futuro
jornalista para o exercício profissional, independente da mídia, então é
fundamental que a formação acadêmica leve-o à criticidade, ao pensar e
refletir lógico, a ouvir sempre as várias versões do fato jornalístico, a
mostrar as contradições e não as suposições. Para o aluno entender e
assimilar essas práticas obrigatórias do fazer jornalístico, o exercício de
reportar é de grande valia.
4.10 – Aluno-repórter
É nos grandes conflitos mundiais que o papel do jornalista-repórter torna-
se público, se aproxima do cidadão comum e se fragiliza por ser o único a
chegar perto da notícia no campo de batalha. O exemplo mais recente dessa
143
ação jornalística foi o confronto norte-americano contra os seguidores de
Osana bin Laden. Preocupados em verificar as manobras militares in loco os
jornalistas norte-americanos brigaram para entrar na guerra. O desejo era
evitar que o Pentágono controlasse as informações sobre o confronto no
Afeganistão. “É muito fácil perceber que não teremos reportagens em tempo
real nem a verificação do que realmente aconteceu nos ataques”, reclama
Doyle Macnus, do diário Los Angeles Times.36
É com esse espírito de ter maior acesso ao fato jornalístico que o aluno-
repórter deve encarar a atividade profissional ainda na escola. É por meio da
observação, no local que pretende reportar, que colocará à tona as
contradições sociais ou políticas. “Daí por que pode ser chamado de
observação-reportagem, já que apresenta certa similaridade com as técnicas
empregadas pelos jornalistas.”37 Antônio Carlos Gil quis dizer que a
observação é um técnica de coleta de dados e independe para que fim será
usada.
Se, segundo Franz Victor Rudio, observar é aplicar os sentidos a fim de
obter uma determinada informação sobre algum aspecto da realidade,38 o
futuro jornalista não pode abrir mão dessa técnica, secularmente utilizada
pelo ser humano, com o objetivo de valorizar e enriquecer o texto
jornalístico e ainda ganhar credibilidade junto ao leitor. Mas observar
abrange todos os sentidos do homem, não se resume a ver, mas de examinar
e interpretar, de ler documentos, de colher depoimentos. Estes
conhecimentos ajudam o estudante a compreender com maior abrangência o
fenômeno jornalístico. “A percepção, observação cotidiana se enriquecem,
amplia-se a cosmovisão, assim como ampliam as narrativas”, ensina
Cremilda Medina que tudo isso é possível aprender por meio da
reportagem.39 Luiz Maklouf de Carvalho, autor de Cobras Criadas, usou
144
com propriedade a observação para contar a vida de menores de rua que
perambulam pelo centro da capital paulista. Para mostrar com precisão e
veracidade o fato, Maklouf passou 12 horas acompanhando de perto as
aventuras, as peraltices de sete crianças abandonadas pelos pais e pelo
Estado. “Lá vão eles de novo, a menina um pouco atrás. Entram no metrô
Anhangabaú, atravessam as duas pistas da 23 de Maio. Dois deles têm
cola.”40 A cada linha lida o leitor mergulha no mundo conturbado e violento
de São Paulo como se fosse ele o observador-participante.
O jornalista tem sempre presente uma preocupação: ser preciso e verídico
no relato do imediato, mas sem perder a criatividade. Disso decorre parte da
narrativa por ele elaborada. A construção lógica de cada parágrafo e a
coordenação coerente das informações coletadas, mais a intuição jornalística
do autor, são fundamentais para tornarem o texto inteligível e de fácil leitura.
Prender a atenção da primeira até a última linha, ter originalidade, clareza
e criatividade, simplificar o cotidiano, mostrar os contrastes sociais sem
perder o brilho da narrativa são desafios constantes que o jornalista enfrenta
para contar um fato real rico em detalhes. A reportagem acentua a qualidade
do autor e amplifica o universo do leitor. No entanto, para seduzir o leitor é
preciso algumas técnicas narrativas, nenhuma pode ser monótona, cheia de
adjetivos ou cansativa. Muniz Sodré e Maria Helena Ferrari classificaram a
reportagem assim: a) reportagem de fatos (fact-story), reportagem de ação
(action-story) e reportagem documental (quote-story).41 Os três tipos ou
modelos devem ser usados pelo estudante porque não privilegiam o factual
mas o desdobramento da notícia. Sendo, portanto, uma extensão do real
imediato, a reportagem constitui um gênero jornalístico que contribui na
formação estilística e conteudista do futuro jornalista. “Por isso, é a
reportagem – onde se contam, se narram as peripécias da atualidade – um
145
gênero jornalístico privilegiado. Seja no jornal nosso de cada dia, na
imprensa não cotidiana ou na televisão, ela se afirma como o lugar por
excelência da narração jornalística. E é mesmo, a justo título, uma narrativa
– com personagens, ação dramática e descrições de ambiente – separada
entretanto da literatura por seu compromisso com a objetividade
informativa.”42
4.11 – Pauta serve de guia
Chama-se pauta tanto o conjunto de assuntos que uma editoria está
cobrindo como a série de indicações transmitidas ao estudante, não apenas
para situá-lo sobre um determinado tema, mas, principalmente, para orientá-
lo sobre os ângulos a explorar no fato jornalístico, entrevista ou na
reportagem. Toda pauta parte de uma hipótese. É o roteiro mínimo fornecido
ao estudante de Jornalismo. A pauta serve de guia ao estudante. Para Clóvis
Rossi, da Folha de S. Paulo, a pauta é o plano de vôo para o
desenvolvimento da reportagem.
O estudante precisa primeiro pesquisar o assunto antes de ir a campo. Ele
deve se preocupar em levantar enfoques diferenciados sobre o assunto,
buscar ângulos novos de abordagem, não ser genérico e responder a uma
questão específica. O aluno deve ler de tudo, checar minúcias, ter uma boa
rede de informações, conversar sempre com quem puder, interessar-se por
tudo e por todos, ficar atento ao trânsito, obras públicas ou não, sempre que
possível reler jornais e revistas na coleção situada no arquivo ou no
departamento de documentação. Ser bem informado é uma qualidade
indispensável a quem prepara uma pauta. O estudante não pode começar um
texto sem muita pesquisa. Se confiar na intuição ou na velha praxe “na hora
eu me viro”, já é meio caminho andado para o erro. É preciso preparar, ler,
anotar. Fazer uma pauta é apurar antes da apuração. Ao apurar, com uma
146
leitura rigorosa sobre o assunto, o estudante pode encontrar contradições ou
informações que não batiam ou batem com o assunto.
Não adianta nada ser um bom criador de idéias e não saber se podem ser
executadas. Formular perguntas é uma coisa, talvez até um ato mecânico,
mas ter conhecimento sobre o assunto a ser pautado é outra história. A boa
pauta é aquela que tem um bom histórico que possa facilitar a compreensão
do objetivo. O texto deve ser leve, esclarecedor e até provocativo. Ou seja,
aguçar a sua própria sensibilidade. A pauta jamais pode ser um catálogo, um
índice ou uma folha repleta de anotações genéricas e dispersas. Na verdade,
precisa ter uma metodogia que possa nortear e ordenar o que se propõe a
confirmar ou não.
Quando se tem uma boa pauta, a coleta de dados e a matéria se
desenrolam naturalmente. A pauta é um roteiro que inclui o assunto,
histórico, objetivo, justificativa, telefones de pessoas a entrevistar, endereços
de locais que deverão ser procurados e previsão para fotos, tabelas, gráficos,
ilustrações, mapas ou box. Deve-se evitar a formulação de perguntas. Ela
inibe o estudante a refletir e analisar o argumento do entrevistado. Na
verdade, o estudante fica mais preocupado em fazer a próxima pergunta que
já está programada e não presta a devida atenção na resposta do
entrevistado. Então, o fundamental é que faça o estudo aprofundado sobre o
tema ou entrevistado e redija um histórico que o possa ajudar no
encadeamento da reportagem ou entrevista.
A pauta é detalhista, principalmente porque o jornal-laboratório é
diferente do jornal diário. Este se pauta com acontecimentos programados e
não-programados, enquanto o jornal-laboratório trabalha quase sempre com
matérias frias. No jornal diário, por exemplo, é preciso agilidade para
montar uma pauta de cobertura no caso de um grande incêndio. No jornal-
147
laboratório os estudantes têm um tempo maior de operação, além do
tratamento e acabamento editorial diferentes. Quanto mais o estudante
estiver informado, mais sua sensibilidade estará aguçada para direcionar sua
matéria. Por isso, é preferível que o aluno faça um levantamento detalhado
sobre o assunto ou entrevista que vai reportar e deixar de lado o roteiro de
perguntas. Então, um bom histórico, na maioria das vezes, dá muito mais
subsídio ao estudante para questionar o entrevistado.
A pauta de um jornal-laboratório deve e precisa ser mais rica do que a dos
órgãos de imprensa diários. Nestes, quem define a pauta são os editores. O
repórter, na maioria dos casos, é um elemento passivo na discussão de pauta.
Já em um jornal-laboratório esse processo deve e tem que ser diferente
porque é um trabalho acadêmico e precisa ser mais fundamentado. A pauta
escrita e completa obriga o estudante a fazer uma pesquisa antes: saber onde
está a fonte, qual o seu telefone, a melhor angulação na matéria, o que já
existe publicado sobre o assunto etc.
A cada edição do jornal-laboratório é realizada uma reunião de pauta para
discutir e analisar as propostas de pautas do estudante. A reunião de pauta é
para evitar decisões arbitrárias, democratiza uma Redação e hierarquiza os
fatos jornalísticos – de interesse público – que devem ser “cobertos” pelo
jornal-laboratório. O aluno-repórter tem de discutir a pauta também, porque
durante a discussão ele já começa a fazer a matéria. Além disso, quando o
aluno discute a pauta, aprende a interpretar os fatos.
Modelo de pauta
tema — saúde
assunto — paralisia infantil
histórico — é uma pesquisa sobre o assunto, seleção dos dados mais
importantes que possam auxiliar o estudante no direcionamento da matéria
148
ou reportagem.
objetivo — especificar o direcionamento do assunto. É a angulação da
matéria ou reportagem.
fontes — Ministério da Saúde, secretarias da Saúde, hospitais públicos e
privados, escolas, creches, depoimentos de especialistas, pais etc.
Estes dados ajudarão o estudante a montar e produzir um texto que
atenderá às exigências do leitor. O estudante tem liberdade e deve ter
sensibilidade para mudar a angulação da pauta quando um assunto levantado
no meio de uma entrevista ou cobertura se sobrepuser aos demais pedidos
pela pauta. Ou seja, quando surgir um gancho mais interessante.
4.12 – Lead não dispensa criatividade
No início dos anos 50, uma grande reforma no jornal Diário Carioca
substituiu o tradicionalíssimo nariz-de-cera pelo lead, recurso de estilo norte-
americano no qual as informações mais importantes e atraentes da notícia
são colocadas no parágrafo inicial do texto, de modo a conquistar a atenção
do leitor. O responsável pela modernidade do jornalismo brasileiro foi o
jornalista Roberto Pompeu de Sousa Brasil.
Na verdade, lead, ou já aportuguesado lide, é a introdução, o primeiro
parágrafo de um texto, que dá resposta a seis perguntas básicas do objeto da
matéria: quem? o que? quando? onde? como? por quê? É uma técnica com o
objetivo de compactar a informação ao leitor. O lead deve ter no máximo 10
linhas/lauda de um parágrafo e ser dividido em dois ou três períodos
(orações) tratando do mesmo assunto. Evite parágrafos longos. Quando o
lead for noticioso, o estudante de Jornalismo deve obedecer à seguinte regra:
o que, quem, quando, como, onde e por quê. A seqüência das seis perguntas-
chave para formação de um bom lead é flexível.
Agora, se a notícia não for factual, por exemplo, uma reportagem sobre o
149
desmatamento clandestino na Amazônia, o estudante deve e pode lançar mão
de outros recursos de redação. A receita não é correta para todos os textos,
mas é preciso dominar a fórmula para saber quando não usá-la, substituindo-
a pela originalidade, criatividade e talento. Porém, o estudante não pode se
esquecer que a exigência fundamental continua a de prender a atenção do
leitor, e para isso é preciso escrever bem, o que só se consegue lendo bem, e
muito.
O estudante ao construir um texto jamais pode dispensar a criatividade,
mas precisa respeitar as regras de estruturação, sem adotar uma visão
burocrática do fato jornalístico. O lead, conforme define o Livro de Estilo do
jornal português Publico, é aquele que introduz uma novidade absoluta, uma
notícia em primeira mão. O estudante deve sempre mostrar algo novo,
mesmo que o assunto seja óbvio.
O lead deve ser claro, preciso e fiel ao público, não deve ser negativo,
dúbio ou de difícil interpretação, interrogar o leitor, ou no condicional e no
gerúndio. O estudante também deve evitar citações literárias, expressões. O
lead deve ser afirmativo, informativo e, quando possível, acentuar a ação.
4.13 – Título leva à leitura
A função do título ou manchete é anunciar a notícia ou reportagem,
resumir o mais importante do texto jornalístico. Tem de refletir a realidade
do fato jornalístico, o clima do assunto, tornar a notícia atraente. É a frase
mais enxuta e curta, composta em letras (caracteres) maiores que ficam
acima do texto. A finalidade é orientar e despertar o interesse pela leitura.
Algumas regras e dicas
O título:
* precisa sair do lead e é importante que provoque impacto, curiosidade, ser
apelativo.
150
* precisa ser claro, objetivo, conciso.
* ter verbo de ação (no presente). Isso atualiza, não deixa a notícia
envelhecer. Quando o texto se referir a fatos distantes no futuro ou passado,
usam-se o pretérito ou o futuro.
* ter palavras curtas.
* conter palavras-chave que sintetizem o mais importante (lead) da matéria;
* só deve usar siglas conhecidas.
* não deve abreviar palavras.
* estar na ordem direta: sujeito, verbo e complemento.
Evitar
* uso de termos indefinidos: vários, diversos, muitos, poucos, alguns etc.
Essas palavras dão margem a imprecisão.
* uso de artigo antes do sujeito.
* uso de dois pontos. Não é criativo e interrompe a continuidade do título.
* reproduzir as palavras iniciais do texto;
* uso de verbos como ter, dever e poder, em razão da carga de ambigüidade
que contêm.
* uso de interrogração. O título precisa informar o leitor, não deixá-lo em
dúvida ou questioná-lo.
* uso de rimas, principalmente o ão.
* título óbvio. Exemplo: Recessão causa aumento de desemprego;
* uso de palavras desconhecidas do leitor.
* aspas no título, a não ser para identificar citações fortes.
* verbos em tempo composto. Exemplo: FHC vai viajar amanhã. (Errado);
FHC viaja amanhã. (Correto)
* dividir palavras.
* uso do ponto final.
151
* adjetivos que só preenchem espaços e não enriquecem a informação;
* uso de advérbios de lugar.
* uso de números no começo de título.
* uso de palavras ou expressões negativas. Exemplo: Jogo não se realizará.
Correto: Jogo é cancelado.
* uso de números romanos.
* só use abreviaturas ou nomes próprios quando forem do conhecimento
geral.
Impacto
Exemplo de título que causa impacto:
Choque de ônibus mata 100 pessoas;
Sem impacto e desinteressantes
Exemplo: Violento choque de caminhões;
Exemplo: Nenhuma pista sobre o crime da rua Cuba;
4.14 – Edição seleciona e hierarquiza
Até a metade do século 15 tudo era manuscrito, a invenção da imprensa
facilitou a produção e difusão do jornal, pois permitiu que fossem feitas
várias cópias de um mesmo impresso. Com a tipografia criou-se um tipo de
comunicação comum, ou seja, o jornalismo passou a ser um fenômeno
universal. Com a colaboração de Gutenberg, a maneira de fazer jornal foi
evoluindo de acordo com a necessidade de comunicação do homem e
também com a sofisticação dos governantes na arte de dominar. A linha
editorial do jornal foi se moldando e ganhou padronização e organização
com a Revolução Industrial.
O crescimento da industrialização provocou transformação do sistema de
estratificação social com a expansão da classe operária e das camadas
médias, o advento da burocracia e das formas de controle gerencial, o
152
aumento populacional e o desenvolvimento do setor terciário em detrimento
do setor agrário. A partir desses fenônemos, filhos da Revolução Industrial
no final do século passado, os jornais, antes privilégios de poucos,
começaram a chegar à casa do proletário. Nascia, ou melhor, se consolidava
nesse movimento o primeiro veículo de comunicação de massa. O jornal
viabilizou não só o debate político e a reflexão, mas também sua utilização
como um mecanismo de manipulação das classes menos abastadas da
sociedade.
Até a Segunda Grande Guerra, não havia uma padronização do lay-out da
página. As matérias geralmente não eram tituladas. Os jornais não se
preocupavam em manchetar as principais notícias na primeira página para
atrair o leitor mais desatento. No decorrer dos acontecimentos da guerra, o
modo de fazer jornal foi se modificando, principalmente nos Estados Unidos
– onde nasce o jornalismo interpretativo, o desenvolvimento da reportagem,
com o reforço analítico e documental que procurou situar mais precisamente
o cidadão diante dos acontecimentos – e os critérios passaram a ser outros.
Aos poucos o jornal foi introduzindo títulos e manchetes, embora longos,
pois ainda não se havia determinado o espaço a ser ocupado por eles.
Com o final da Segunda Grande Guerra, o mundo se moderniza em
diferentes setores. Dentro desse contexto é redefinido o antigo meio de
comunicação, a imprensa. Nos Estados Unidos, a funcionalidade –
praticidade e a agilidade no fazer jornal – se incorpora ao processo de
produção e difusão desse veículo. Na verdade, nos Estados Unidos, a técnica
de fazer jornal ganhou aliados como título, manchete, local para quadro
estatísticos, fotos e lead. Esses critérios foram criados, não só para atender
às exigências do leitor que cada vez mais se envolvia com a vida agitada das
mudanças tecnológicas e econômicas, mas também para facilitar a produção
153
em massa e alcançar um horizonte ainda maior, ou seja, chegar a vários
locais no menor espaço de tempo.
O processo de edição – que envolve a escolha do assunto, a definição da
pauta, o entrevistado, o fato jornalístico, as matérias que abrem página e
aquelas que vão para a primeira página – foi o carro-chefe da evolução do
jornalismo impresso. Esse processo de editar, colocar cada um no seu lugar,
hierarquizar, selecionar, definir espaço e dar prioridade a temas e fatos,
contribuiu para que mais pessoas, ou leitores, tivessem acesso às
informações e que as notícias não ficassem restritas ao círculo de uma
sociedade.
4.15 – Linha editorial define características
Toda publicação jornalística tem a sua linha editorial, apresentação
gráfica/visual e padrões redacionais específicos. Com isso visa apresentar ao
público leitor um produto de boa qualidade. Como complemento a essa
idéia, a linha editorial se firma através do uso de padronizações redacionais e
gráficas/visuais homogênicas, que dão ao veículo uma personalidade, uma
identificação. O jornalista – mesmo que ainda aprendiz – deve saber adaptar-
se à linha editorial do veículo em que trabalha.
Daí a importância da definição da linha editorial para a produção e
difusão do jornal-laboratório porque vai oferecer ao estudante de Jornalismo
elementos que vão nortear a sua matéria ou reportagem sem perder a
essência do fato jornalístico.
A linha editorial é importante para evitar a interferência tanto no processo
ensino-aprendizagem quanto na produção e difusão de um jornal-laboratório.
Ela define as diretrizes e características do jornal-laboratório, sem as quais
dificilmente um veículo de comunicação sobrevive às transformações
154
sociais. Essencialmente, a linha editorial é a identidade do veículo
laboratorial.
Não existe um modelo pronto e acabado para elaborar uma linha editorial
laboratorial, mas alguns tópicos devem ser incluídos porque há casos que o
jornal-laboratório se transforma num boletim informativo institucional. Um
dos tópicos recomendados ao professor-responsável pelo jornal-laboratório é
deixar bem claro que o veículo laboratorial é de uso exclusivo do Curso de
Jornalismo, em particular do aluno que tem aonde se exercitar. O jornal
jamais deve ser usado em benefício próprio (aluno) e da instituição. É bom
registrar também que o aluno não pode usá-lo em defesa de interesses
políticos, econômicos, estudantis etc.
Outro tópico que pode ser incluído na linha editorial é quanto à
distribuição. Não é raro centenas de exemplares de jornal-laboratório
ficarem encalhados na redação porque não houve a distribuição. Distribuir
também é uma atividade acadêmica e não tira o brilho jornalístico do
estudante que entrega diretamente ao leitor um exemplar do jornal-
laboratório. Na verdade, a circulação do jornal não deve se restringir à
faculdade, porque só assim o aluno-repórter tem a oportunidade de divulgar
seu trabalho num universo maior, colocando em prática a teoria adquirida na
sala de aula.
É recomendável ao elaborar a linha editorial que seja esclarecida a função
e o objetivo do jornal-laboratório na formação do aluno, o zelo que o
estudante deve tomar na apuração do fato jornalístico, a identidade do jornal-
laboratório com a comunidade que estiver inserido para evitar a publicação
de matérias que fujam completamente do contexto local.
É fundamental a constituição de um conselho editorial independente. É
um colegiado composto por professores da instituição e por alunos. O
155
mandato é de um ano, podendo ser renovado por mais um. O colegiado é
eleito pelo voto popular entre professores da instituição e alunos de
Jornalismo. Sua função é avaliar o desempenho do jornal, discutir a linha
editorial, examinar o comportamento do futuro jornalista. Em casos
excepcionais, pode ser convocado.
Linha editorial define as editorias
Mas, não existe uma regra que determine as editorias de um jorna-
laboratório porque os critérios de escolha dependem da abrangência do
veículo laboratorial e da sua função na comunidade. Mas para experimento e
treinamento do futuro jornalista é viável, dentro da realidade local, que
editoriais tradicionais: política, economia, saúde, esporte sejam incluídas na
linha editorial do jornal-laboratório. Na verdade, a finalidade é familiarizar o
estudante com a realidade do mercado, mas é preferível que os temas
escolhidos sejam voltados aos interesse da comunidade em que o jornal-
laboratório esteja inserido. Ou seja, não é um melhor resultado prático um
aluno produzir um texto sobre a super-desvalorização do dólar num
parâmetro nacional. Com certeza, o resultado será melhor e didático se o
mesmo tema for explorado enfocando, por exemplo, a influência da queda
do dólar na economia local. A finalidade é aguçar o estudante a entender, no
caso específico da economia, como funciona o setor econômico da região de
circulação do jornal-laboratório. Na verdade, o jornal-laboratório deve
colocar em pauta assuntos que valorizem a comunidade e não temas que
relatam fatos nacionais. Então, as editorias precisam ter enfoques locais.
4.16 – Cronograma de atividades
É a pauta do professor. Nela devem constar as atividades teóricas e
práticas que vão acontecer ao longo do ano letivo. Sem uma programação
definida o professor terá dificuldades em aplicar a sua metodologia de
156
trabalho. Já o aluno fica perdido sem saber o que fazer a cada encontro na
Redação. Ao elaborar o cronograma de atividades, o professor precisa
relacionar e especificar cada etapa de produção e difusão do jornal-
laboratório e afixá-la na Redação. Assim o aluno e professor terão como se
orientar cotidianamente. É lógico que os imprevistos ocorrerão, mas nada
impede ou inviabiliza a função do cronograma de atividades.
Exemplo:
1º encontro – exposição do programa de trabalho
2º encontro – aula teórica sobre a função social do jornalismo e ética
3º encontro – o que é jornal-laboratório e texto para jornal-laboratório
4º encontro – a reportagem e a comunidade
5º encontro – o que é pauta e a sua aplicabilidade no jornal-laboratório
6º encontro – distribuição de atividades para produção e difusão da
primeira edição do ano letivo do jornal-laboratório
7º encontro – escolha de editorias e reunião de pauta
8º encontro – leituras da pautas
9º encontro – entrega dos textos (matérias) e leitura
10º encontro – diagramação do jornal-laboratório e revisão
11º encontro – fechamento do jornal-laboratório e edição
12º encontro – reunião de avaliação
13º encontro – distribuição do jornal-laboratório e reunião de pauta
No mínimo serão 36 encontros ao longo do ano letivo ou 144 horas/aulas,
depende da grade curricular de cada escola. O tempo passa rápido e a
exigência é tirar, no mínimo, oito edições do jornal-laboratório. Então, neste
contexto, o cronograma de atividades vai agilizar fechamento e conduzir o
aluno a respeitar regras, prazos, se disciplinar, não esquecer o dia de
fechamento, de uma reunião de pauta.
157
Embora o aluno não deva ser treinado à base da nota para o
funcionamento da produção e difusão do jornal-labratório, é importante que
o professor estabeleça critérios de avaliação. Sem eles as etapas de produção
e difusão raramente são respeitadas pelos alunos, principalmente aqueles
meramente tarefeiros, ou seja, que não se preocupam com o processo ensino-
aprendizagem, querem mais tirar nota do que exercitar o jornalismo. Na
verdade, o aluno precisa entender que a avaliação não é um instrumento de
poder do professor-responsável pela produção e difusão do jornal-
laboratório, nem ele pode usá-la como modelo de coação, inibição da
criatividade ou chantagem. O aluno tem de ser cobrado mas de público, ou
seja, na frente de colegas. O recomendável que o professor converse
pessoalmente com cada autor, para que ninguém fique constrangido.
É comum o aluno perguntar ao professor quanto que nota vai ganhar para
cumprir as etapas de trabalho. Ele esquece que ganha sempre que produzir, e
bem. Para evitar reclamações e justificativas de última hora, o professor
pode adotar os seguintes critérios de avaliação: interesse pela futura
profissão, disciplina, pontualidade, originalidade na gestão da pauta e
produção do texto, participação e sugestões, reunião de pauta, qualidade do
texto, ajuda no fechamento, distribuição.
4.17 – Orientação bibliográfica
No dia-a-dia nas redações ou na cobertura de grandes acontecimentos a
leitura é indispensável para a valorização profissional. É muito importante
que o estudante, mesmo com a visão de que fazer jornalismo é apenas um
exercício de rotina, leia sobre tudo. Com a proposta de colaborar com o
futuro jornalista, neste tópico relaciono uma série de livros dos mais
variados gêneros que serão fundamentais para sua formação:
158
ABRAMO, Cláudio. A regra do jogo. São Paulo, Companhia das Letras,
1989.
ALTMAN, Fábio. A arte da entrevista. São Paulo, Scritta, 1996.
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Porto Alegre, L&M Pocket, 1997.
ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. Porto Alegre,
L&P Pocket, 1997.
BAHIA, Juarez. Jornal, história e técnica 1 e 2. São Paulo, Ática, 1990.
BALZAC. Ilusões perdidas. São Paulo, Abril, 1978.
BARCELLOS, Caco. Rota 66. São Paulo, Globo, 1994.
BARROS, Clóvis Filho. Ética na comunicação: da informação ao receptor.
São Paulo, Moderna, 1995.
BELTRÃO, Luiz. A imprensa informativa. São Paulo, Editor Folco Masucci,
1969.
BELTRÃO, Luiz. Jornalismo interpretativo: filosofia e técnica. Porto
Alegre, Sulina, 1976.
BELTRÃO, Luiz. Jornalismo opinativo. Porto Alegre, Sulina, 1980.
BUCCI, Eugênio. O peixe morre pela boca. São Paulo, Scritta, 1993.
CAPOTE, Truman. A sangue frio. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1965.
CASTRO, Ruy. Estrela solitária – uma brasileiro chamado Garrincha. São
Paulo, Companhia das Letras, 1995.
CHAPARRO, Manuel Carlos. Pragmática do jornalismo – buscas práticas
para teoria da ação jornalística. São Paulo, Summus, 1994.
COSTA, Caio Túlio. O relógio de Pascal. São Paulo, Siciliano, 1991.
CUNHA, Euclides da. Os sertões. Rio de Janeiro, Ediouro, 1996.
DANTAS, Audálio. Repórteres. São Paulo, Senac, 1998.
DIMENSTEIN, Gilberto, KOTSCHO, Ricardo. A aventura da reportagem.
São Paulo, Summus, 1990.
159
DINES, Alberto. O papel do jornal. São Paulo, Summus, 1986.
EVELYN, Waugh. Furo! São Paulo, Companhia das Letras, 1989.
FENAJ. Cadernos de jornalismo. São Paulo, Fenaj, 1990.
FOLHA DE S. PAULO. 20 textos que fizeram história. São Paulo, Folha da
Manhã, 1991.
FUSER, Igor (org.). A arte da reportagem. São Paulo, Scritta, 1996.
GIANNOTTI, Vito. O que é jornalismo sindical. São Paulo, Brasiliense,
1998.
HOHENBERG, John. Manual de jornalismo. Rio de Janeiro. Editora Fundo
de Cultura, 1982.
HUXLEY, Aldous. Admirável mundo novo. São Paulo, Globo, 1997.
JOBIM, Danton. Espírito do jornalismo. São Paulo. Edusp, 1992.
JORGE, Fernando. Cala a boca, jornalista. São Paulo, Vozes, 1992.
KOTSCHO, Ricardo. A prática da reportagem. São Paulo, Ática, 1986.
KUCINSKI, Bernardo. Jornalistas e revolucionários – nos tempos da
imprensa alternativa. São Paulo, Scritta, 1991.
LAGE, Nilson. Estrutura da notícia. São Paulo, Ática, 1987.
LINS DA SILVA, Carlos Eduardo. O adiantado da hora. São Paulo,
Summus, 1991.
LOPES, Boanerges. O que é assessoria de imprensa. São Paulo,
Brasiliense, 1994.
LOPES, Dirceu Fernandes, SOBRINHO, José Coelho e PROENÇA, José
Luiz. (Org.) A evolução do jornalismo em São Paulo. São Paulo,
ECA/USP/Edicon, 1997.
LOPES, Dirceu Fernandes, SOBRINHO, José Coelho e PROENÇA, José
Luiz. (Org.) Edição em jornalismo impresso. São Paulo, ECA/USP/Edicon,
1998.
160
LOPES, Dirceu Fernandes, SOBRINHO, José Coelho e PROENÇA, José
Luiz. (Org.) Edição em jornalismo eletrônico. São Paulo, ECA/USP/Edicon,
1999.
MAMOU, Yves. A culpa é da imprensa – ensaio sobre a fabricação da
informação. São Paulo, Marco Zero, 1991.
MARCONDES FILHO, Ciro. O capital da notícia. São Paulo, Ática, 1986.
MARCONI, Paolo. A censura política – imprensa brasileira 1968/78. São
Paulo, Global, 1980.
MEDINA, Cremilda de Araújo. Notícia, um produto à venda — jornalismo
na sociedade urbana e industrial. São Paulo, Summus, 1988.
MEDINA, Cremilda de Araújo. Entrevista: o diálogo possível. São Paulo,
Ática, 1986.
MEDITSCH, Eduardo. O conhecimento do jornalismo. Santa Catariana,
Editora UFSC, 1997.
MELO, José Marques de. A opinião no jornalismo brasileiro. Petrópolis,
Vozes, 1985.
MELO, José Marques de. Técnica do lead . São Paulo, USP, 1972.
MEYER, Philip. A ética no jornalismo. Rio de Janeiro, Forense, 1989.
MIRANDA, Orlando. Tio patinhas e os mitos da comunicação. São Paulo,
Summus, 1985.
MORAIS, Fernando. A ilha – um repórter brasileiro no país de Fidel
Castro. São Paulo, Alfa-Omega.
MORAIS, Fernando. Chatô – o rei do Brasil. São Paulo, Companhia das
Letras, 1994.
MOREIRA LIMA, Gerson. Releasemania. São Paulo, Summus, 1989.
NEGROPONTE, Nicholas. A vida digital. São Paulo, Companhia das
Letras, 1995.
161
ORWELL, George. 1984. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1983.
ORWELL, George. A revolução dos bichos. São Paulo, Globo, 1997.
RAMOS, Graciliano. Memórias do Cárcere. São Paulo, Martins Fontes,
1965.
REED, John. Dez dias que abalaram o mundo. São Paulo, Global, 1978.
RIBEIRO, Alex. Caso escola base: os abusos da imprensa. São Paulo,
Ática, 1998.
ROSA, Guimarães João. Grandes sertões: veredas. Rio de Janeiro, José
Olympio, 1965.
ROSSI, Clóvis. O que é jornalismo. São Paulo, Brasiliense, 1980.
SACCONI, Luiz Antonio. Não erre mais. São Paulo, Atual, 1992.
SACCONI, Luiz Antonio. 1000 erros de português. Ribeirão Preto, Nossa
Editora, 1990.
SHERWOOD, Hugh C. A entrevista jornalística. São Paulo, Editora
Mosaico, 1981.
SQUIRRA, Sebastião Carlos M. Jornalismo online. Arte Ciência, São Paulo,
1998.
TOFFLER, Alvin. A terceira onda. Rio de Janeiro, Record, 1980.
TOLSTOI. Guerra e paz. Rio de Janeiro, Ediouro, 1998.
TRAMONTINA, Carlos. Entrevista. Globo, São Paulo, 1998.
VENTURA, Zuenir. 1968 – o ano que não terminou. Rio de Janeiro, Nova
Fronteira, 1988.
WAINER, Samuel. Minha razão de viver. Rio de Janeiro, Record, 1988.
WALLRAFF, Günter. Cabeça de turco. Rio de Janeiro, Editora Globo,
1988.
WALLRAFF, Günter. Fábrica de mentiras. Rio de Janeiro, Editora Globo,
1990.
162
4.18 – Notas e referências bibliográficas
1 – LACERDA, Carlos. A misão da Imprensa. São Paulo, Edusp, 1990
2 – BARBOSA, Rui. A Imprensa e o dever da verdade. São Paulo, Edusp,
1990.
3 – JOBIM, Danton. Espírito do jornalismo. São Paulo, Edusp, 1992.
4 – PAILLET, Marc. Jornalismo: o quarto poder. São Paulo, Brasiliense,
1986.
5 – DINES, Alberto. O papel do jornal: uma releitura. São Paulo,
Summus, 1986.
6 – ROSSI, Clóvis. O que é jornalismo. São Paulo, Brasiliense, 1980.
7 – MARCONDES FILHO, Ciro. Imprensa e capitalismo. São Paulo,
Kairos, 1984.
8 – HUDEC, Vladimir. O que é o jornalismo? Portugal, Caminho, 1980.
9 – MARCONDES FILHO, Ciro. O capital da notícia. São Paulo, Ática,
1980.
10 – ARISTÓTELES. A política. Rio de Janeiro, Edições de Ouro, 1973.
11 – MEYER, Philip. A ética no jornalismo. Rio de Janeiro, Forense
Universitária, 1989.
12 – DINES, Alberto. O papel do jornal: uma releitura. São Paulo,
Summus, 1986.
13 – MELO, José Marques de. Para uma leitura crítica da comunicação.
São Paulo, Edições Paulinas, 1985.
14 – LACERDA, Carlos. A missão da Imprensa. São Paulo, Edusp, 1990.
15 – FUEYO, Sabino Alonso. O jornalismo no mundo moderno. Porto
Alegre, PUC, 1968.
16 – SILVA, Carlos Eduardo Lins da. Nos EUA, vence a imprensa. São
Paulo, Folha de S. Paulo, 1992.
163
17 – SENADO FEDERAL. Constituição do Brasil. Brasília, Centro
Gráfico do Senado Federal, 1988.
18 – RIVERS, William L. e SCHRAMM, Wilbur. Responsabilidade na
comunicação de massa. Rio de Janeiro, Bloch, 1970.
19 – KUNCZIK, Michael. Manual de comunicação: conceitos de
jornalismo. São Paulo, ComArte/Edusp, 1997.
20 – CHAUÍ, Marilena. Ética. São Paulo, Vídeo Cultura, 1992.
21 – MEYER, Philip. A ética no jornalismo. Rio de Janeiro, Forense
Universitária, 1989.
22 – MEYER, Philip. A ética no jornalismo. Rio de Janeiro, Forense
Universitária, 1989
23 – FENAJ. Código de ética dos jornalistas. Brasília, Fenaj, 1985.
24 – SCHNEIDER, Ari. Entrevista. São Paulo, Jornal-laboratório
Momento/Fiam, edição 78, 1997.
25 – NUNES, Augusto. Zero Hora: manual de ética, redação e estilo.
Porto Alegre, RBS e C&PM, 1994.
26 – BOUCHER, Jean-Dominique. A reportagem escrita. Portugal, Editorial
Inquérito, s/d.
27 – MEDINA, Cremilda. Jornalismo e literatura: fronteiras e intersecções.
In: Cadernos de Jornalismo e Editoração, nº 25. São Paulo, ComArte, junho
de 1990.
28 – WITTER, José Sebastião. João do Rio levou a literatura ao jornalismo.
In: Jornal dos Jornais, nº19. São Paulo, Editora Jornal dos Jornais, outubro
de 1999.
29 – PINTO, Tão Gomes. Antipático, mas competente. In: Revista Imprensa,
nº163. São Paulo, Imprensa Editorial, agosto 2001.
164
30 – NUNES, Augusto. Depoimento dado no programa televisivo A verdade
de…, exibido no dia 18 de dezembro de 2001, entre 21h30 e 22h30, pela
Rede Brasil, apresentado por Sargenteli.
31 – WITTER, José Sebastião. João do Rio levou a literatura ao jornalismo.
In: Jornal dos Jornais, nº19. São Paulo, Editora Jornal dos Jornais, outubro
de 1999.
32 – FUSER, Igor. (org.) A Arte da Reportagem. volume 1. São Paulo,
Editora Scritta, 1996.
33 – FUSER, Igor. (org.) A Arte da Reportagem. volume 1. São Paulo,
Editora Scritta, 1996.
34 – BRUM, Eliane. A guerra do começo do mundo: a última fronteira. São
Paulo, revista Época, ano 4, nº180, 29 de outubro de 2001.
35 – BRUM, Eliane. A guerra do começo do mundo: a última fronteira. São
Paulo, revista Época, ano 4, nº180, 29 de outubro de 2001.
36 – FOLHA DE S. PAULO. In: Jornalistas querem ‘entrar’ na guerra. São
Paulo, Caderno Mundo, página A14, 23 de outubro de 2001.
37 – GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São paulo,
Atlas, 1989.
38 – RUDIO, Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa científica.
Petrópolis, Vozes, 1999.
39 – MEDINA, Cremilda. Jornalismo e literatura: fronteiras e interseções.
In: Cadernos de jornalismo e editoração, nº25. São Paulo, ComArte, junho
de 1990.
40 – MAKLOUF DE CARVALHO, Luiz. Doze horas acompanhando
Pamela e amigos, garotos de rua. O Estado de S. Paulo, Caderno Cidades,
página C4, 23 de dezembro de 2001.
165
41 – SODRÉ, Muniz e FERRARI, Maria Helena. Técnica de reportagem:
notas sobre a narrativa jornalística. São Paulo, Summus, 1986.
42 – SODRÉ, Muniz e FERRARI, Maria Helena. Técnica de reportagem:
notas sobre a narrativa jornalística. São Paulo, Summus, 1986.
5166
Manual de redação
para jornal-laboratório
Com a proposta de chegar mais rápido ao leitor, agilizar o fechamento e
homogenizar o texto, os jornais adotaram regras e normas na produção e
difusão da notícia. Na busca de um produto mais atraente e preciso um dos
recursos usados foi a valorização gráfica da primeira página. Os títulos,
antes compostos em corpo que não chamavam a atenção do leitor, ganharam
novo formato e espaço. Os longos textos foram substituidos por chamadas
com o objetivo de levar o leitor às páginas internas dos jornais. Já as
matérias foram modificadas com a criação da pirâmide invertida: do mais
importante ao menos importante na estrutura da notícia jornalística, mas
sempre buscando responder às perguntas quem, quando, o quê, onde, como e
por quê? Embora com regras e normas internas e utilizando algumas
167
técnicas, esse esforço era uma tentativa de dar unidade à notícia, agilidade
no fechamento e um esforço para colocar o jornal nas bancas o mais rápido
possível. As empresas, dessa nova indústria, se caracterizavam como
organizações que não podiam mais depender da improvisação na produção e
difusão da notícia. Na verdade, o texto jornalístico começa a ganhar forma e
estilo com a introdução do manual nas redações.
Embora não seja considerado um manual de estilo, o livro do professor
americano, Fraser Bond, Introdução ao jornalismo, representa um marco do
jornalismo moderno porque contribuiu no processo de produção e difusão do
fato jornalístico. O professor estimula o aluno a fazer um jornalismo preciso,
exato e coerente no relato da notícia e fiel ao leitor. Ainda nos Estados
Unidos os jornais The New York Times, The Washington Post, The
Philadelphia Inquirer e a agência de noticias The Associated Press adotaram
o livro de estilo. Na Europa El País (Espanha), Le Monde (França), The
Independent (Inglaterra), Público (Portugal) também aderiram ao jornalismo
moderno e implantaram o manual de estilo como ferramenta para os
jornalistas da casa.
José Marques de Melo e Carlos Eduardo Lins da Silva confirmam que a
primeira tentativa de usar manual de redação no jornal brasileiro foi em
Pernambuco, no final da década de 20, quando o jovem jornalista Gilberto
Freyre, recém-chegado dos Estados Unidos, implanta em Recife uma
stylesheet. Como diretor de A Província incentiva seus redatores a
escreverem com naturalidade e simplicidade. Estabeleceu um código de
redação: seriam multados aqueles que chamassem pai de genitor; recém-
nascido de interessante petiz; bispo de respeitável prelado e assim por
diante.1 A experiência de Gilberto Freyre durou pouco porque o jornalismo
168
da época era artesanal e amador. As empresas não pagavam e era impossível
exigir textos padronizados de redatores voluntários.
Em 1959, sob a coordenação de José Nabantino Ramos, foi implantado
nas Folhas da Manhã, da Tarde e da Noite as Normas de Trabalho da
Divisão de Redação. “A experiência gerara o livro e o livro voltaria então a
ser testado pela experiência. Tudo deu certo. A elaboração das Folhas, e
mais tarde a Folha de S. Paulo, ganhou em eficiência e segurança, à
proporção que era disciplinada por Normas de Trabalho escritas. Demo-nos
até o capricho de elaborar a nossa Carta de Princípios, isto é, o caminho que
escolhíamos, como jornalistas, para estimular o progresso político,
econômico, social e moral do povo brasileiro.”2 Aproveitando a experiência
acumulada na elaboração das Normas de Trabalho e somados os 18 anos
vividos na redação das Folhas, José Nabantino Ramos se aprofundou no
assunto e produziu um livro com 305 verbetes, distribuídos em 13 grupos:
imprensa e jornalismo, a empresa e sua economia, organização da redação,
organização do jornal, conteúdo do jornal, ética profissional, publicidade,
oficinas, comportamento do público, direitos e obrigações do jornalista,
delitos de imprensa, entidades jornalísticas e disciplina legal da profissão.
Classificado como Jornalismo: dicionário enciclopédico, José Nabantino
Ramos assim justificou a sua obra: “Procedendo eu da advocacia, que se
desenvolve sob a disciplina de normas, sentia, como diretor de jornal, a falta
de regras, tanto para o trabalho diário, como para reger as relações do
periódico com o meio em que atuava. Estranhei profundamente que tudo isso
se fizesse ao sabor da improvisação e do critério de cada um.”3
O Diário Carioca foi o primeiro jornal brasileiro, na década de 50, a
organizar, em caráter permanente, normas de redação destinadas a
padronizar o texto jornalístico. O modelo stylebook foi importado dos
169
Estados Unidos. O manual orientava o repórter a ordenar a matéria, grifar
números, usar correntamente o pronome de tratamento, maiúsculas,
abreviações e pontuação.4 Era simples e compacto para a época.
5.1 – Conceitos de Manual de Redação
O Novo Aurélio conceitua manual como o “livro que contém noções
essenciais acerca de uma matéria, assunto.”5 Uma das características do
manual é reunir de forma ordenada e de fácil manuseio, idéias, pensamentos,
regras, normas, instruções e recomendações sobre determinado assunto ou
tema. “Além do conhecimento, devem-se combinar capacidade de síntese e
clareza para gerar leitura produtiva e indicação de caminhos. Um bom
manual tem também de se valer de conceituação utiliária e possibilitar o
trabalho organizado.”6 Os manuais mais tradicionais e conhecidos do grande
público são aqueles de eletrodomésticos e após 1988, com a promulgação da
Constituição, nasceu o manual do consumidor: Exercício da cidadania. Ele é
também um roteiro de trabalho que permite resolver dúvidas e agilizar a
produção.
O manual pode ser considerado também um guia com ilustrações, tabelas,
graficos. Serve para simplificar e esclarecer informações complicadas e de
difícil entendimento. Embora não seja a tábua de salvação, ele indica como
fazer e o que fazer nos momentos de dúvidas. Joaquín Estefanía, do jornal
espanhol El Pais, define assim manual de redação: “Por ello entendemos que
han de existir unas directrices que comprometan al periódico con sus
lectores, una especie de control de calidad que defina quiénes somos y cómo
trabajamos.”7
5.2 – Objetivos do Manual de Redação
No jornalismo contemporâneo o manual se transformou em um
indispensável instrumento de trabalho do repórter. Ele orienta e regulamenta
170
o estilo, a redação do texto. O que se busca é padronizar a linguagem, dar
unidade ao texto sem inibir a criatividade do jornalista e clarear as condições
de trabalho jornalístico, expor as normas e exigências para o exercício
profissional. A proposta é sempre orientar o redator a produzir um texto
completo, imparcial e fundamentado sobre fatos e não sobre rumores. E o
Libro de Estilo do jornal El Pais não foge à regra. “Un libro de estilo no es
una gramática ni un diccionario al uso. Es simplesmente el código interno de
una Redacción de cualquier medio informativo, que trata de unificar
sistemas y formas expresivas con el fin de dar personalidad al próprio medio
y facilitar la tarea del lector en el casos de los periódicos.”8
O manual é destinado exclusivamente a facilitar a tarefa do jornalista e
agilizar o fechamento de cada edição. O periódico santista A Tribuna
também implantou manual com a finalidade de melhorar o texto e qualificar
a notícia. “Este Manual da Redação pretende representar a alavanca de um
esforço em favor do aprimoramento dos textos jornalísticos de A Tribuna.”9
O então diretor de Redação do Zero Hora, de Porto Alegre (RS), Augusto
Nunes, na apresentação do Manual de Ética, Redação e Estilo, argumenta
que “a adoção de um código de ética, por si só, não imuniza nenhum jornal
contra o risco de protagonizar deslizes, escorregões ou mesmo delitos
graves. Mas sempre reduz a incidência de casos de má-fé e reafirma o
compromisso de agir corretamente”.10
Com o objetivo de informar bem e corretamente, a Editora Abril também
implantou o manual para auxiliar o jornalista da casa a não cometer
escorregões ao redigir um texto informativo. O autor do Manual de Estilo,
Carlos Maranhão, reforça a tese de que a finalidade é ajudar a descomplicar
a tarefa cotidiana do jornalista e ainda facilite o entendimento do leitor.11
Evandro Carlos de Andrade, diretor de Redação de O Globo, quando da
171
implantação do Manual de Redação e Estilo, organizado por Luiz Garcia,
fez a seguinte reflexão e observação: “Este manual tem a aspiração de
contribuir para a modificação de uma realidade da qual nasceu como flor do
lodo: a da massa de erros que há anos se observa nos veículos de
comunicação social, com impressionante índice de repetição”.12
Tratar apenas dos problemas mais corriqueiros de redação, com o objetivo
de atualizar a indispensável padronização exigida pelo processo de produção
do jornal e facilitar a vida de repórteres, redatores, diagramadores, revisores
e editores. Foi com estas propostas que nasceram as normas internas do
Jornal do Brasil.13
E o Livro de Estilo do jornal português Público também surgiu da
necessidade de sacramentar as raízes da unidade na produção e difusão da
informação. “Este livro reúne apenas princípios que, partindo de uma ideia
partilhada de início por um grupo de pessoas, encontraram depois forma e
legitimidade na validação prática dos seus pressupostos.”14 Em verdade, o
objetivo do livro é sensibilizar o repórter que noticiar é anunciar algo de
novo, mas que para isso acontecer harmonicamente é preciso que tenha
atitudes éticas na coleta do material e na divulgação da informação de
interesse público.
A terceira edição do manual da Folha de S. Paulo também incorpora aos
princípios dos demais manuais. Ele traduz o projeto editorial, no qual o
objetivo é errar o menos possível no processo informativo para jamais lesar
o leitor. “As normas do novo manual são flexíveis e admitem nuances antes
repelidas. Apostam na iniciativa e no discernimento individuais, na
inventividade das soluções em cada caso e na disposição para manter o
jornalismo em aperfeiçoamento constante.”15
172
O centenário jornal paulista, O Estado de S. Paulo, também tornou
público o seu código interno de redação. Organizado por Eduardo Martins, o
Manual de Redação e Estilo é similar aos demais no sentido de traçar
objetivos na apuração dos fatos e na qualidade (conteúdo e gramática) do
texto jonalístico. Aliás, o que todos manuais trazem em suas páginas são
instruções específicas ao jornalista, embora alguns são recomendados aos
não jornalistas. O primeiro parágrafo do prefácio redigido por Eduardo
Martins define bem a finalidade do manual do Estadão. “Este manual expõe,
de modo ordenado e sistemático, as normas editoriais e de estilo adotadas
pelo Estado. Não pretende, com isso, tolher a criatividade de editores,
repórteres e redatores, nem impor camisas-de-força aos jornalistas da
empresa. Seu objetivo é claro: definir princípios que tornem uniforme a
edição do jornal.”16
Todos têm cunho jornalístico e foram feitos para zelar pela qualidade do
texto informativo. Também foram feitos com a proposta de alertar o
jornalista do cuidado que deve ter ao apurar a informação para não
comprometer o interesse público. Eles nasceram da necessidade de rever os
princípios éticos e colocam em prática o exercício de cidadania. Ao instruir
o jornalista sobre qual é o caminho mais preciso, exato e correto na
produção de uma informação, o manual torna claro a responsabilidade que o
jornalista tem na consolidação de uma sociedade livre e pluralista.
O número de escolas de Jornalismo no Brasil ultrapassa a 115, mas nem
todas têm jornal-laboratório com a periodicidade estabelecida pelo MEC, 8 a
cada ano letivo. Entre outras o veículo laboratorial é considerado artigo de
luxo porque a prática não se pratica, quando acontece é para receber a
comissão de especialistas do MEC. Enfim, são os alunos os prejudicados
nesse episódio didático-pedagógico. Para conhecer os jornais-laboratório que
173
adotam ou não manual de redação, enviei mais de 100 questionários num
período de 12 meses e recebi 19. O resultado é o seguinte: 5 usam o Manual
de Redação de O Estado de S. Paulo, 8 não usam manual, 4 têm manual
próprio, um adota o manual da Folha de S. Paulo e outro desenvolve o
conteúdo do manual em disciplinas curriculares. O fato interessante é que
uma escola usa os manuais do Estado e da Folha. Aquelas que não adotam
justificam que o manual impõe um modo único de escrever, castra a
criatividade do aluno e é uma espécie de camisa-de-força. As que adotam
afirmam que ele conscientiza o aluno no fazer jornalístico, facilita e agiliza a
produção e difusão do jornal-laboratório e ganha em padrão de qualidade. Se
a função da escola é formar o profissional para atuar no mercado, é
preocupante quando escolas de Jornalismo adotam como norma o uso de
manuais da grande mídia porque, assim, elas estão preparando alunos para
trabalharem em determinado veículo e não para o exercício da profissão.
O Manual de Redação para Jornal-Laboratório não tem a função de
ensinar o estudante de Jornalismo a escrever com qualidade literária ou
encontrar o seu talento perdido em algum lugar do passado. Porque, escrever
bem, com clareza, não importa o local, a hora e a forma, é resultado da
busca de aperfeiçoamento técnico-profissional e de ter vocação para o
jornalismo. O jornalista escreve rápido, contra o tempo e com a exigência
de ser preciso e exato no relato do real imediato, ou seja, do acontecimento,
do fato. Esta velocidade ao redigir o texto jornalístico nunca deve ser
inimiga da perfeição. Pelo contrário. A pressa no jornalismo deve ser
sinônimo de qualidade, de fidelidade, de veracidade e conhecimento.
O objetivo não é inibir ou coibir a criatividade do estudante de
Jornalismo. A preocupação pedagógico-jornalística do manual é definir
princípios que darão unidade à edição do jornal-laboratório. Princípios que
174
vão facilitar e agilizar a produção e difusão do veículo e sua leitura. Zelar
pela integridade ao transformar um acontecimento em notícia é uma virtude
que o estudante assimila ao utilizar o laboratório na escola de jornalismo. O
ensino de Jornalismo tem como sustentáculo o jornal-laboratório que permite
ao estudante colocar em prática os conhecimentos adquiridos ao longo do
curso.
A finalidade do manual não é estabelecer regras ou pasteurizar a produção
laboratorial, porque o limite surge das limitações do ser humano e não das
regras, exigências e definições pré-estabelecidas. A intenção é provocar uma
reflexão crítica e aguçar o senso de responsabilidade jornalística no
estudante, e ainda subsidiar o professor-coordenador no planejamento do
jornal-laboratório. O Manual de Redação para Jornal-Laboratório não é um
simples receituário contendo apenas noções sobre modelos de como fazer
um jornal acadêmico.
Embora o mercado jornalístico tenha manuais de redação e estilo
específicos para cada veículo de comunicação, o Manual de Redação para
Jornal-Laboratório atende unicamente ao estudante de Jornalismo e procura
orientá-lo na redação de matérias.
5.3 – Regras
As regras estabelecidas nesse tópico, dentro da minha proposta. foram
definidas com objetivo de dar unidade a forma e ao conteúdo dos jornais-
laboratório. Na verdade, as regras facilitam a leitura e a análise do leitor,
agilizam a redação do aluno-repórter, o disciplinam a cumprir etapas de
trabalho e ajudam o professor a avaliar e acompanhar a produção individual.
A seleção das regras para esta proposta de Manual de Redação para Jornal-
Laboratório teve como princípio o fazer jornalístico, não deixando de lado a
especificidade do veículo que se assemelhe na forma ao produzido pela
175
grande mídia, mas que se diferencie no conteúdo. Enquanto um aborda mais
a notícia o outro enfoca, na maioria das vezes, a reportagem.
A
Abertura – não a comece com aspas, gerúndio, para, se, interrogação,
exclamação, algarismos. O uso de declarações entre aspas na abertura do
texto só é permitido quando a frase é importante, surpreendente ou original.
Exemplo: “Deixo a Presidência com o dever cumprido”, foram as últimas
palavras do presidente Ernando Henrico de Viagem…
A abertura de uma reportagem não é um lead noticioso. Uma reportagem
pode ter como abertura uma observação do estudante. O clima do
assunto,uma história de interesse humano etc, independentemente da sua
carga noticiosa imediata.
Exceto quando o texto o exija no detalhamento da notícia, reportagem,
entrevista, evitar:
Entrada de contabilista: números, números e números na abertura das
matérias. O leitor, coitado, se perde num amontoado de números na primeira
frase. Exemplo: O governador de São Paulo, Mário Covas, liberou, por
intermédio da Medida Provisória número 1010/97, R$100 milhões a 42
municípios que serão repassados a 42 cooperativas agrícolas para atender
2 mil pequenos agricultores que irão plantar 500 mil pés de café até o final
de 99.
Entrada de lista telefônica: não transforme a abertura de sua matéria em
uma relação de nomes, entidades e endereços. Evite escrever assim: Os
jogadores Edmundo, Romário, Djalminha, Ronaldinho, Taffarel, Roberto
Carlos e Dunga foram dispensados da seleção porque Zagallo preferiu ficar
com Onça, Gato, Kalé, Guta, Lata, Zé Lalá, Luzão e Truz.
176
Entrada de burocrata: a burocracia é um dos elementos que atrapalham o
desenvolvimento brasileiro desde 1500. Portanto, evite usá-la. Informações
apenas para quem trabalha em repartições públicas ou em escritório de
advocacia, não interessam ao leitor. Exemplo: O juiz substituto da 3ª Vara
Cível de São José do Rio Preto, interior de São Paulo, Luis Augusto
Rodrigues da Silva, deferiu a liminar ao mandado de segurança impetrado
por Marco Aurélio Simões Altimari, advogado do vereador Sebastião
Moraes Junior (SSC).
Entrada de poeta: o uso de trechos de letra de música ou livros, citações
ou ditados populares deixam a abertura do texto uma verdadeira literatice.
Abreviatura – não se abrevia a primeira palavra de nomes compostos,
sobrenomes, cargos, profissões. Exemplos: S. Antonio, João S., R. de
Janeiro, São P., prof., tv., deput., gover. do Estado, Edson A. Nascimento.
Evite ao máximo usar abreviaturas: Vendeu dois metros de corda (e não dois
m) Correu 42 quilômetros para (e não 42 km).
Acusação criminal – o jornal-laboratório não deve endossar uma
acusação criminal enquanto não for confirmada por sentença judicial.
Exemplo correto: Vicente Borges, acusado de matar Ricardo Bento, será
julgado… Exemplo errado: Vicente Borges, assassino da família Alves, será
julgado…
Adjetivo – troque-o por substantivo ou elimine-o. Dê a devida e
equilibrada atenção a seu assunto ou notícia. Nenhum texto adjetivado
supera o que resulta da boa informação, da boa apuração e redação. A
adjetivação enfraquece a qualidade e o impacto do texto jornalístico.
Exemplo adjetivado: O governador Mário Covas é uma pessoa caridosa
porque atendeu ao apelo da população marcada por cicatrizes deixadas por
um pavoroso incêndio…
177
Advérbios – seu uso pode dificultar a interpretação do leitor. Eles são
dispensáveis, por exemplo: propriamente, obviamente, somente,
calmamente, firmemente.
Afirmativa – a frase deve ser sempre afirmativa e o estilo direto. A
recusa, a imprecisão e a ambiguidade devem ser sempre uma das
preocupações do estudante na redação do texto jornalístico. A seqüência
lógica (sujeito-predicado-complemento) facilitará sempre a fluência e
compreensão da mensagem jornalística.
Alinhamento da matéria – é justificado (computador), ou seja, o
alinhamento das margens direita e esquerda é regular. Não se admite no
jornal-laboratório que as linhas sejam completadas com asteriscos,
apóstrofos ou barras.
Ambiente – para dar realidade e riqueza ao texto, é importante o
estudante de Jornalismo relatar o local e as circunstâncias em que
determinado fato aconteceu.
Amigo da fonte (entrevistado) – é comum – e compreensível – que o
estudante de jornalismo acabe amigo do entrevistado. Quando isso acontece,
a primeira vítima costuma ser o leitor. O estudante precisa saber que o
amigo-fonte se presta mais a não deixar sair notícias. Na verdade, o
estudante é bem informado, mas o leitor é o último a saber. O único
compromisso do estudante é com o leitor. E é bom lembrar que, no
jornalismo, é muito mais fácil e mais comum perder amigos do que fazê-los.
Lógico, desde que o compromisso do futuro jornalista seja só com o leitor.
Ano – é mencionado de forma completa, sempre com algarismos. Não se
usa o ponto para separar as classes: 1998, 2000. O ano só é abreviado
quando se refere a décadas: a década de 50, ou anos 80.
178
Anonimato, off the record ou off – só existem para proteger a
integridade e liberdade das fontes.
Antes de escrever – o estudante deve fazer um roteiro. O ato de escrever
rápido, preciso e lógico torna-se mais fácil. O recomendado é ordenar as
idéias por tópicos. Ou seja, faça um pequeno roteiro com começo, meio e
fim.
Apartidarismo – pelas suas características acadêmicas e de
aperfeiçoamento profissional, o jornal-laboratório tem que ser um jornal
apartidário. Ou seja, não deve levantar bandeiras para questões de interesses
pessoais ou de grupos políticos e econômicos. O jornal-laboratório deve
assumir o papel das questões de interesse da sociedade.
Aportuguesar – nomes estrangeiros quando passam a ter uso corrente na
mídia ou personagens históricos, ou seja, papas e membros de famílias reais.
Vôlei, basquete, João Paulo II, Rainha Vitória. Não aportuguesar nomes de
personagens, cidades, aviões, naves espaciais, edifícios, empresas, marcas
comerciais ou modelos industriais. Exemplo: Johann Sebastian Bach nunca
por João Sebastião Bá. New York por Nova York.
Apresentação – na hora de uma entrevista, cobertura de um evento ou na
produção de uma reportagem, o estudante deve evitar roupas inadequadas,
acessórios extravagantes, usar chinelo, óculos escuros, fumar, mascar
chicletes, discutir sobre futebol, religião, política, fazer críticas pessoais,
falar alto, chegar atrasado. O ideal é o estudante chegar sempre 15 minutos
antes do horário marcado, ser objetivo nas perguntas, cordial com o
entrevistado, não duvidar das respostas, procurar se inteirar do assunto
pesquisando no banco de dados, revistas, jornais etc. A formalidade no
relacionamento entre o estudante e entrevistado é sinônimo de
profissionalismo.
179
Aquele/aquilo – em termos de texto escrito, os demonstrativos este,
aquele, isto e aquilo podem reduzir a clareza e favorecer a imprecisão. Evite-
os.
Arte da observação – o estudante deve sempre observar com rigor tudo
que ocorra na cobertura jornalística. Ficar atento sobre o comportamento do
personagem ou protagonistas do acontecimento.
Aspas – no jornal-laboratório é recomendado usar aspas na citação de um
personagem, frases reproduzidas textualmente ou quando a palavra tem
dupla interpretação. Exemplo: “O Brasil tem todas as condições de superar
a dívida interna”, diz o presidente…
Aspas – (“”) servem para identificar a citação ou declaração do
entrevistado. Sempre que as aspas são abertas, devem ser fechadas. O ponto
final da citação fica antes de fechar as aspas, se a citação começar com
Caixa Alta: “O Brasil não pode perder a hegemonia no futebol.” Se a
citação começar com Caixa baixa, o ponto fica depois das aspas: O deputado
garantiu que "todos os parlamentares estão atentos às manobras do
governo".
Assessoria – Use Assessoria de Imprensa, desde que o órgão tenha esse
nome formal. O jornalista é assessor de Imprensa.
Autocensura – foi uma perversa seqüela do autoritarismo. Com o fim do
implacável controle da expressão, os jornais ainda sentiam o temor dos
censores nas redações e se autopoliciavam. Os jornalistas praticavam o
“texto de entrelinhas”. Ou seja, passavam o recado mas não explicitamente.
O texto era indireto e cifrado. Hoje alguns jornais adotam a autocensura não
por receio do “censor”, mas para atender interesses políticos, ou comerciais.
Os anos do regime militar se foram, mas existe ainda controle sobre
180
redações, principalmente naquelas de regiões onde prevalece o coronelismo
e o caciquismo.
B
Barra – (/) use a barra como elemento separador entre número e letra,
letra e número, letra e letra ou número e número. Exemplo: Lei número
10/98, S/A (sociedade anônima), casa/10, lote/11.
Bem informado – para se diferenciar, o estudante precisa estar bem
informado. Iniciativa, curiosidade, dúvidas, estar atento a tudo. São
características de um estudante que está atento para saber sempre mais para
melhor transformar o fato jornalístico em notícia.
Boato – não é fato jornalístico. O rigor de uma informação encontra-se
nos fatos, que devem ser checadas.C
Cacoetes de linguagem – o estudante de Jornalismo deve evitar o
emprego de expressões desgastadas pelo uso exagerado. Exemplo: via de
regra, pavoroso incêndio, precioso líquido, verdadeiro herói, ele era forte
como um touro. Com certeza, sem elas, o texto ficará mais objetivo, criativo
e de fácil leitura.
Caderneta de anotações – o estudante deve usá-la sempre nas coberturas
jornalísticas.
Caixa Alta (CA) – o estudante não deve redigir o texto em Caixa Alta
(CA). Exemplo: IEDA MARIA CERQUEIRA SILVA FOI AO BANCO
DESCONTAR UM CHEQUE DE R$2MIL…
Caixa Alta e Caixa baixa – V. maiúscula e minúscula — capítulo
Regras.
Carta – o jornal-laboratório deve responder ou publicar toda carta
recebida, mesmo que contenha críticas ao jornal.
181
Chato – o estudante não pode ter medo de ser chato, porque ser chato faz
parte da profissão que vai seguir.
Chutômetro – para o cálculo de multidão, quando não tiver
fundamentação científica ou números oficiais, evite o chutômetro. Para
melhor situar o leitor, procure quantificar o espaço ocupado pelas pessoas,
pegando o tamanho da área (metros quadrados) pelo número de pessoas que
cabe num metro quadrado. Exempo: Vamos admitir que dez pessoas cabem
num metro quadrado e a área ocupada tem 4 mil metros quadrados. Então,
multiplique 10 pessoas por 4 mil metros quadrados. Conclusão: 40 mil
pessoas assistiram ao show do Caetano Veloso na praça… Agora, quando
não existe área delimitada, por exemplo, uma caminhada pela paz, o
estudante pode usar dezenas, centenas, milhares, dezenas de milhares,
centenas de milhares, milhões.
Citação (1) – quando o estudante de Jornalismo colocar na matéria, entre
aspas, uma ou mais citações do entrevistado, o verbo usado para encerrar
uma declaração fica no presente. Exemplo: “O Brasil é um país rico e
alfabetizado”, diz o presidente da República Ernando Henrico de Viagem.
Quando o verbo usado é acompanhado por um advérbio de tempo, ele fica
no passado. Exemplo: “O Brasil é um país rico e alfabetizado”, disse ontem
o presidente da República Ernando Henrico de Viagem.
Citação (2) – citações de obras literárias de trechos de livros, trabalhos
acadêmicos, de revistas, jornais, ouvidas na televisão ou rádio devem ser
reproduzidas sempre em itálico, mas sem aspas. O estudante deve
obrigatoriamente informar ao leitor de onde recolheu a citação.
Coluna – o jornal-laboratório (tablóide) pode ter quatro ou cinco colunas,
com um espaço entre uma e outra de 5 milímetros. Se o jornal-laboratório
for standard, o número de colunas é seis, com o mesmo espaçamento.
182
Compacto Disco – forma abreviada da palavra inglesa compact-disc. No
jornal-laboratório usa-se Compacto Disco ou simplesmente CD.
Consulte na dúvida – é recomendado ao estudante de Jornalismo o uso
de uma gramática para esclarecer dúvidas quanto à acentuação, ortografia,
uso do hífen, crase, pontuação etc.
Cozinhar matérias – não usar matérias de outras publicações ou copiar
citações de personagens publicadas em outros veículos de comunicação. Se
for importante usá-las, o estudante deve citar o nome do veículo de onde
foram retiradas.
Credibilidade – é o principal patrimônio do estudante.
Crédito de foto – citar o nome do autor da foto. O crédito no jornal-
laboratório aparece em cima da foto.
Crédito de texto – cita o nome do autor do texto.
Critérios – o jornalismo tem por finalidade informar a todos sobre os
fatos de atualidade. Ou seja, o que é verdadeiro e de interesse público é o
objeto do jornalismo. Para o estudante checar a realidade da notícia é
importante atentar para os seguintes critérios: 1) o grau de oficialismo; 2) o
grau de pluralidade das fontes; 3) contrastar a notícia tal como é apresentada
pelas fontes oficiais com a realidade e o pensamento dos outros setores.
Cronometragem esportiva – usa-se o sinal (’) para minuto e (”) para
segundo. Exemplo: Zé sem Freio obteve o tempo de 5’22”.
Cruzar informações – é dever do estudante de Jornalismo cruzar
informações com duas ou mais fontes antes de redigir o texto. Na dúvida, o
estudante deve checar e cruzar os dados levantados. Sem o cruzamento, a
matéria não deve ser publicada até que as dúvidas sejam esclarecidas.
Cuidado – na titulação de matérias ou manchetes, o estudante deve usar
com reservas os termos querer, sofrer, pretender, falar, dizer, porque nem
183
sempre são as mais adequadas para chamar a atenção do leitor. Exemplo:
Nova lei pretende diminuir repetência (a lei não tem vontade ou desejos. Ela
é passiva. Os que a elaboraram têm vontade e desejos nem sempre
condizentes com a realidade do ensino brasileiro.) Salário dos jornalistas
sofre reajuste (o salário não é um agente sofredor ou passivo de dor. Quem
sofre é o jornalista que ganha pouco e trabalha muito). “Governo não tem
nosso apoio”, diz PDT (o partido não pensa, fala ou escuta, como muitos
correligionários que são surdos quando o povo reclama) O correto é: PDT
não apóia FHC.
Currículo – Forma aportuguesa do latim curriculum vitae. É a história
profissional de uma pessoa. No jornal-laboratório usa-se currículo.
Curto e grosso – escrever curto e grosso é não cortar nenhuma
informação. É escrever o necessário sem perder a essência do fato e a
qualidade da informação. É abrir e fechar uma matéria sem adjetivar o tema.
D
Data – 24 de fevereiro de 1997. Escreva o ano sem usar ponto para
distinguir o milhar.
Deadline – V. fechamento – Tópico Definições.
Declaração — na transcrição de declarações é imprescindível que o
estudante respeite o contexto e a intenção de quem falou.
Deixa que eu me viro – o estudante precisa tomar cuidado ao usar sua
intuição na hora do sufoco. É preciso preparar, ler, anotar, fazer um roteiro,
apurar antes da entrevista, reportagem e ouvir bastante. Na verdade, ele deve
ler o suficiente sobre o assunto. A pesquisa é um passo fundamental para o
estudante redigir um bom texto.
Denúncia do erro – Ver Tópico Definições.
184
Dias da semana – não abreviar. O correto é escrever por extenso e em
caixa baixa: segunda-feira.
Dicionário – para a prática do bom texto, o estudante não deve abandonar
o dicionário. O dicionário é o melhor amigo do estudante. Na dúvida, o
dicionário é para lá de fiel. É verdadeiro.
Direito de resposta – aquele que se considerar atingido por referências ao
seu nome tem direito de resposta. Solicitações de retificação são atendidas
sempre que o jornal-laboratório entender que houve erro na notícia,
entrevista ou reportagem.
Dólar – é a moeda oficial dos Estados Unidos. O correto é escrever em
Caixa Alta (Maiúscula) a primeira letra Dólar. O símbolo é US$. Exemplos:
US$11. US$23,6 milhões. Só use o centavo quando a notícia exija
detalhamento.
Doutor – Use só quando o personagem tem o título acadêmico, ou seja,
defendeu e teve aprovada a tese de doutoramento. O professor de história
Luís Carlos de Oliveira, doutor pela Universidade de São Paulo, diz que o
Brasil não tem história. (Médico é médico, advogado é advogado). A não
ser em declarações textuais.
E
Editor – para agilizar o processo de produção e edição do jornal-
laboratório e introduzir o estudante nas atividades internas de uma Redação,
cada turma terá seu editor. Ele é nomeado pelo professor/coordenador do
jornal-laboratório. Cabe ao editor coordenar a reunião de pauta, selecionar
matérias, titular e fechar cada edição, mas sob a supervisão do professor. O
editor deve sempre pensar na data em que o jornal será publicado, na
qualidade do texto (informações precisas, texto objetivo, exato e imparcial).
185
O editor de cada turma deve entregar as matérias selecionadas com títulos,
olhos, fotos, legendas e chamadas de primeira página para o diagramador.
Editor assistente – cada turma (editoria) terá editor-assistente. Nomeado
pelo professor/coordenador do jornal-laboratório, ele vai auxiliar o editor.
Editoria – Ver editoria agricultura, economia & negócios etc – Tópico
Definições.
Endereço – sempre completo, nada de abreviar. Números que façam parte
de nomes de avenidas, ruas, praças: escritos por extenso se compostos por
um único algarismo (Sete de Abril, 1200); quando o número for composto
por dois ou mais algarismos: com algarismos (23 de Maio, 500). Não use a
palavra número para designar numeração. Exemplo: Avenida Brasil, número
300, conj. e, apart. 33. (errado). Avenida Brasil, 500, conjunto E,
apartamento 33. (certo).
Entrega de matéria – o estudante deve respeitar a data estipulada.
Entrega de pauta – o estudante deve respeitar a data estipulada.
Entrevistado – se o estudante vai entrevistar uma personalidade, de época
ou não, não pode se esquecer de pesquisar a história do entrevistado. O
resultado é bem mais enriquecedor. Afinal, o leitor não é conhecedor de tudo
o que acontece no dia-a-dia, nem do passado.
Envolvimento – uma das normas do jornal-laboratório é o não
envolvimento público em tomadas de posição política, comercial, religiosa,
militar ou clubística.
Erros – o jornal-laboratório não esconde os erros cometidos em suas
edições e se dispõe a corrigi-los a cada publicação. A correção deve ser
publicada na edição seguinte à constatação do equívoco. O texto da correção
deve começar pela informação correta. Deve constar também a data da
publicação, a página, o título, o parágrafo e linha em que foi impresso o erro
186
e o nome do estudante, o autor do texto. Se o erro foi cometido pela fonte da
notícia, deve constar da correção o nome da pessoa ou entidade que originou
o equívoco. Antes de publicado, o texto deve ser submetido à leitura do
professor/coordenador.
Espaço entre linhas – o texto deve ser digitado ou datilografado com
espaço duplo entre as linhas. Facilita a leitura e deixa espaço suficiente para
que o professor possa revisar o texto para avaliação e publicação. O ideal é o
aluno também deixar margens bem largas em cada lado da página.
Etapas de vida – nas primeiras 24 horas de vida, o bebê é um recém-
nascido. Até dois anos de idade, a criança é bebê. Até os 13 anos de idade,
são chamados de meninos e meninas. Jovens, adolescentes, menores, até 18
anos de idade. Acima de 70 anos, a pessoa, dependendo do contexto, é
chamada de ancião. Quando a palavra velho tiver sentido ofensivo, deve-se
evitá-la. Pode usar terceira idade ou idoso.
Ética – o estudante de Jornalismo deve procurar conhecer todas as
versões de um fato e registrá-las com ética e responsabilidade.
Estudante – jamais deve acreditar na primeira informação que coleta. Em
jornalismo, todo fato pode ser negado, toda ação, contestada e toda notícia,
desmentida.
Eu ou nós – a raiz do jornal-laboratório é o fato jornalístico e quem o
protagoniza, nunca quem o conta. Por isso, o uso da primeira pessoa do
singular ou a primeira pessoa do plural está excluído no relato do fato
jornalístico. Salvo em situações especiais, após a avaliação do
professor/coordenador.
Exatidão – é a meta do jornal-laboratório a alcançar a cada edição,
visando a objetividade jornalística.
187
Exclamação – (!) não é permitido o seu uso em manchete, título, olho,
submanchete, subtítulo e lead. Exemplo: Brasil é sério!
Explicação/definição – o jornal escreve para um número de leitores que
forma um conjunto disperso e não na maioria dos casos. Por isso, o
estudante de Jornalismo deve evitar o uso de palavras ou expressões que
nada acrescentem ao texto nem esclareçam o leitor. Na busca de
informações concretas, precisas, exatas, justifica-se muito o trabalho de
apuração de notícias. O número da placa do carro, nome completo de
pessoas vão ter, no texto, efeito de realidade, isto é, contribuem para a
verossimilhança da história. Quando não, use comparações para informar o
leitor com clareza. Para dar idéia da potência de uma usina hidrelétrica,
recorra ao consumo de energia de uma cidade. É bom lembrar que números
têm confiabilidade quando bem empregados.
Expressões – diz-se que, consta que, parece que, acho que referem-se a
boatos e não são notícias e os boatos não se publicam. Evite-as.
Expressões inadequadas – o uso continuado de determinadas expressões,
senão impróprias, pelo menos pouco adequadas ao ritmo e à clareza do
idioma, tem criado vícios que prejudicam a exatidão do texto. Portanto, evite
usar: … a mudança da data da Feira Agro-Pecuaria de Jales está sendo
estudada a nível de Prefeitura. A cadeia pública de Jales foi invadida por
dez homens, sendo que cinco deles estavam armados. … em termos de
Brasil, segundo o ministro. A pedido do presidente da República, o ministro
da Saúde, José Serra, está elaborando estudo. Não use também expressões
vulgares, obscenas etc.
F
188
Falar errado – quando alguém fala errado, o estudante de Jornalismo
deve corrigir o erro, a não ser quando há motivo para mantê-lo — e então é
sempre preciso apontar o erro ao leitor.
Fechamento – Ver fechamento – Tópico Definições.
Fonte/entrevistado – o estudante de Jornalismo deve sempre ouvir no
mínimo dois personagens envolvidos no fato ou acontecimento jornalístico.
Deve ser imparcial. O acusado deve ser ouvido. O estudante precisa
preservar suas fontes. Seja ético, não se submeta a elas.
Fonte/primária – para o jornal-laboratório é aquela pessoa responsável
pelas informações prestadas. Exemplo: governador, presidente da
República. Só em casos extremos ou se os representantes oficiais
designarem um funcionário para representá-los. Exemplo: porta-voz, chefe
de gabinete, gerente, assessor de imprensa. Nestes casos, o estudante de
Jornalismo deve informar ao leitor que fulano de tal fala em nome do
governador.
Fontes-fantasmas – o recurso às fontes-fantasmas não é aplicável ao
jornalismo insento, exato, sério e de interesse público. Na verdade, no
jornal-laboratório adota-se o recurso de total lealdade ao leitor, evitando o
uso ridículo de fontes-fantasmas.
Fotografia – é um recurso técnico para enriquecer o texto mas que não
pode ser manipulada. Ou seja, fotomontagem, principalmente em detrimento
do interesse público. Exemplo: jornais sensacionalistas britânicos usavam
de fotos montadas para realçar o dia-a-dia da ex-princesa Diana. O
objetivo é vender apenas mais jornal. No jornal-laboratório não é
recomendável o uso desse artifício. O estudante deve ter cuidado ao
selecionar uma foto para ser publicada. A publicação de uma foto de outro
jornal ou origem deve ter a aprovação do professor/coordenador. A
189
reprodução de ilustração de enciclopédias, revistas, livros deve ter o
consentimento do professor/coordenador. Não selecionar fotos de pessoas
que não podem ser identificadas na legenda. Fotografia com imagem ruim
(fora de foco, por exemplo) só será publicada se, realmente, enriquecer o
texto. Exemplo: a foto do presidente caindo do palanque quando
discursava.
Fotógrafo – é o estudante que registra o fato, acontecimento ou o
entrevistado por intermédio da fotografia. Além de redigir o texto, o
estudante também produz a fotografia.
Fração – sempre com algarismos: 1/3, 2/12.
Frases – curtas e objetivas. Usar sempre o sinônimo mais simples, mais
conhecido. Lembre-se de que quanto mais curta a frase, mais fácil para o
leitor. Recomenda-se que o estudante coloque intertítulos. O uso do
intertítulo divide a matéria em capítulos e dá maior destaque ao que vem
logo abaixo.
Furo – no mundo globalizado é difícil um veículo de comunicação dar
furos. O importante é informar bem. O estudante de Jornalismo deve
considerar que informar bem é apurar uma matéria com precisão e não
publicá-la de formar incorreta só para sair na frente do concorrente. Uma
informação correta é aquela que sai completa e não antes. Segundo Alberto
Dines, jornalista e pesquisador do Labjor (Campinas/SP), a escola de
Jornalismo deve preparar o futuro jornalista para apurar bem e não de
qualquer maneira.
Futuro imediato – é o jornalismo preventivo, tão em desuso no Brasil. O
estudante, sempre que possível, deve trabalhar por antecipação e preparar o
leitor para aquilo que vai acontecer.
G
190
Gíria – no jornal-laboratório a gíria só é usada quando reproduz
declarações textuais. Exemplo: malandro, falô, meu irmão, camarada,
mano.
Generalização – vários, muitos, inúmeros, diversos, grande, enorme,
pouco são palavras que não enriquecem o texto. O que pode ser muito para
você é pouco para o leitor. O texto jornalístico tem que ser preciso, exato, de
fácil leitura e compreensão. O resto é supérfluo. Agora, se o estudante
comparar, ele pode usar. Exemplo: Cem pessoas assistiram ao jogo entre
Fluminense e Arapiraca. Pouco pela importância do jogo e pela capacidade
do Maracanã 120 mil lugares. Errado: Inúmeras pessoas foram ao jogo entre
Fluminense e Arapiraca…
H
Hífen (1) – as regras do emprego do hífen são numerosas e das mais
complexas da língua portuguesa. Selecionamos as menos complexas: Ante,
Anti, arqui, auto, extra, hidro, hiper, infra, inter, mal, multi, neo. pró, proto,
pseudo, semi, sobre, sub, super. Na dúvida, recomendamos ao estudante
consultar um livro de gramática ou um dicionário da língua portuguesa.
Hífen (2) – Ver hífen – Tópico Definições.
Hipérbole – figura retórica do exagero, desaconselhável em texto
jornalístico. Exemplo: gigantesca manifestação, barulho ensurdecedor.
Hora-duração – grafar assim: o número é escrito em algarismo e, por
extenso, a unidade de tempo. Exemplo: A final entre Guga e Sampras durou
2 horas e 25 minutos.
Hora-tempo – não se usa m para abreviar os minutos e a hora-tempo é
escrita assim: 20h30, 20h, 12h35, 12h, 0h30, sem espaço entre o número e a
hora. Exceção para designar o início de um novo dia: zero hora, por extenso.
191
Humanizar – sempre que possível, o texto do jornal-laboratório deve ser
humanizado. Ou seja, ter nomes e conter pormenores ambientais e humanos
e com interesse para o leitor. Todo assunto deve ter uma dimensão humana
(história e fatos pessoais). Humanizar o texto não significa ceder à
vulgaridade.
I
Idade – não use idade: João Aparecido Batista, 25 anos. Cite a idade do
personagem só quando a notícia exija. Exemplos: Aos 25 anos de idade,
Newton José Costa se transformou no maior jogador de basquete do mundo.
Aos 95 anos Araídes Domingues Leal é o principal nadador do Clube
Atlético Tiête.
Identificação – o estudante de Jornalismo deve colher sempre o nome
completo e correto do entrevistado, idade, profissão, cargo que ocupa e mais
informações que possam enriquecer a matéria e ainda ajudar o leitor.
Imaginação – implica em um jornalismo eficaz, atrativo e criativo, mas
sem perder a lucidez no relato do fato jornalístico. Jamais o estudante pode
perder a comunicação com o leitor ao usar da habilidade técnica da
informação para construir o texto.
Imoral – é antiético apropriar-se de informações de outros veículos de
comunicação ou retocá-las. Quando o fizer, indique a fonte ou o veículo de
comunicação.
Impessoal – o texto jornalístico é impessoal. Ou seja, o estudante não
deve envolver-se no relato jornalístico. Ele deve passar ao leitor um retrato
fiel do acontecimento de forma imparcial e exata. O estudante apenas
recolhe e narra os fatos. Para Luiz Beltrão, a participação de quem transmite
a informação (notícia) ao público é puramente mecânica, não torna pública
suas reações pessoais ou opiniões. Um exemplo de textos de envolvimento
192
pessoal: Conversando com o Pastor Pedro Freire Filho da Igreja Universal
do Reino de Deus percebe-se que muitas pessoas são conquistadas por
serem ingênuas e acabam envolvidas pelos pastores que lhes prometem o
que podem e não podem e muitas vezes acabam dando o que têm e o que
não têm para ter um cantinho no céu. As informações que nos passou foram
muito vagas pois não queria se comprometer. Consegui perceber que o
crescimento das Igrejas, não só da Universal como de outros templos que
não aceitam dar entrevistas, é conseqüência das doações generosas que os
fiéis fazem… (Ou) Quando o assunto é segurança a preocupação e o medo
principalmente do paulistano é em dobro. Por outro lado, diariamente
somos expostos a uma série de situações sem darmos conta dos perigos que
nos cercam… Sendo assim, quando entramos em alguma repartição pública
ou privada e encontramos estes profissionais, não sabemos se estamos
realmente seguros ou na verdade estamos em perigo pois em qualquer sinal
de alerta podemos ser vítimas da imperícia e despreparo destes seguranças.
Incidentes, brigas, discussões com fontes de informação – deverão ser sempre
comunicados ao professor/coordenador do jornal-laboratório.
Independência – em relação aos vários poderes e às fontes de informação
definem a conduta do estudante de jornalismo.
Informação – é essencial para o leitor do jornal-laboratório que a
informação seja rigorosa, completa, cruzada e fundamentada.
Informação em off ou on – deverá ser sempre cruzada com, pelo menos,
duas fontes diferentes e independentes entre si.
Interrogação – (?) não é permitido o seu uso em manchete, título, olho,
submanchete, subtítulo e lead. Exemplo: Brasil é sério? Uma casa em Paris
ou um apartamento em Londres?
193
Intertítulo – no jornal-laboratório recomenda-se que o uso seja de dois
em dois parágrafos de 10 linhas cada. Deve conter duas palavras, no máximo
de sete letras cada. O primeiro deve ficar depois do segundo parágrafo, o
último antes do penúltimo parágrafo. O intertítulo não pode separar o lead do
sublead. Ele deve ser negritado e centralizado na coluna, corpo 10, fonte
Times New Roman.
Itálico – Ver itálico – Tópico Definições.
J
Jornalismo de precisão – Ver jornalismo de precisão – Tópico
Definições.
Jornalista – o estudante para ser jornalista não pode se esquecer nunca de
que sua missão é transformar o fato jornalístico em notícia de fácil
entendimento para o leitor. É uma função nobre, por isso não há espaço para
arrogância ou linguajar autoritário. O estudante precisa entender que o
jornalista tem que ser didático, pois ele é o intermediário entre o fato
jornalístico e o leitor. O jornalista tem que tornar acessível uma informação.
Para isso, deve escrever de forma simples, ser objetivo e descomplicado.
Jornalista burocrata – é aquele que fica na redação à espera do furo
jornalístico. O espírito burocrático deixa o estudante ultrapassado pelos fatos
e acomodado.L
Lead (lide) – Ver lead – Tópico Lead.
Leitor – o jornal é dependente do leitor. Portanto, ele deve ser tratado
com atenção. Sem o leitor não há jornal que sobreviva. O jornal deve e é
feito para o leitor e não para grupos. A neutralidade é um requisito essencial
para informar o leitor sem deformações.
194
Leitor não é burro – o estudante precisa entender que o leitor, mesmo o
leigo, não é burro. Imaginar que o leitor não é inteligente é uma atitude
perigosa e traiçoeira. O leitor, mesmo o mais desatento, tem a sensibilidade
suficientemente aguçada para encontrar desvios, impurezas, informações
inexatas no texto do estudante.
Legenda – no jornal-laboratório é importante fazer legendas para as fotos
porque o leitor precisa ter o máximo de informações sobre o assunto.
Ler em voz alta – o estudante deve ler seu texto em voz alta. Nesta
leitura ele perceberá as repetições de palavras, rimas estranhas, frases longas
que tiram o fôlego, adjetivos em demasia, erros de pontuação e
concordância. Ler em voz alta reduz a incerteza no relato do fato
jornalístico. É sempre bom ouvir o que se escreve. E quando isto acontece, o
estudante notará que o texto tem forma, tem imagem, tem cor e tem cheiro.
Ou seja, o seu texto tem vida própria.
Levantamentos de dados – o estudante de Jornalismo deve sempre ouvir
todas as pessoas envolvidas, pesquisar, checar documentos, principalmente
quando a matéria é de denúncia. Além de prestar um serviço à comunidade,
ele protege a si mesmo.
Linguagem jornalística – o estudante deve sempre usar uma linguagem
ao alcance do entendimento do leitor. Ele não deve utilizar uma linguagem
de difícil entendimento só para mostrar seu conhecimento, sabedoria ou
cultura. Esses são recursos de linguagem que apenas estabelecem uma
distância entre quem escreve e o leitor.
Linguagem do leitor – o estudante deve sempre usar a linguagem do
leitor e não a do médico, do cientista, do político. Fazer perguntas que o
leitor faria. Se tiver dúvidas, não deve ter a vergonha de solicitar ao
entrevistado (fonte) que explique melhor o assunto. Para escrever na
195
linguagem do leitor, o estudante deve ser chato, sem malícia, na captação de
dados. Com certeza, vai fazer a melhor matéria porque compreendeu bem a
história. A história bem contada, harmoniosa vai cativar o leitor já na
primeira linha e levá-lo até a última.
Local – no jornal-laboratório não é permitido ao estudante de Jornalismo
assinar (crédito) uma matéria se ele não esteve no local do acontecimento ou
participou de uma entrevista. Neste caso, se publicada, a matéria deve se
identificada pela sua origem: se for uma agência de notícia, o crédito é para
ela. O mesmo critério deve ser usado para fotografias e ilustrações.
Lobbies de informação – Ver Tópico Definições.
M
Maiúscula – nomes, sobrenomes de pessoas, apelidos, profissões,
lugares, regiões, endereços, acidentes geográficos, prédios e monumentos
históricos, empresas, instituições culturais e profissionais, entidades, nomes
de ciência e disciplinas, pontos cardeais, organizações políticas, instituições
ligadas ao Município, Estado e União e suas subdivisões, departamentos e
repartições. Também em maiúscula nomes de impostos, taxas, períodos,
episódios, momentos históricos (Revolução Francesa), festas e datas
religiosas, comemorações cívicas (7 de Setembro), Igreja (a instituição
religiosa), seleções, competições e federações esportivas, símbolos nacionais
e nomes de ciências, acidentes geográficos, nomes de rios, picos,
montanhas, mar, oceano, ilha, lagos, estradas de ferro, rodovias, estádio, bar,
hotel etc. Exemplos: Wilson Aparecido Toneli, Pelé, Ministério da Fazenda,
Governo do Estado, Bandeira Nacional, Mar Morto, Bar das Onze, Estádio
da Vila Belmiro, Copa do Mundo, Presidência da República, Oeste, Leste,
Sul e Norte, Matemática, Ciência da Informação. Nota 1: no caso de nomes
próprios acompanhados por um substantivo, escreve-se o substantivo com
196
letra minúscula (Caixa baixa). Exemplo: assessor de Imprensa, ministro
Pelé. Nota 2: quando o substantivo é incorparado ao nome próprio,
escrevem-se os dois com letras maiúsculas (Caixa Alta e baixa). Exemplo:
Ministério da Fazenda, Bar das Onze, Avenida Paulista, Vale do Guaporé
(RO), Rio Madeira, Governo do Estado de São Paulo. Nota 3: Interior,
quando substituir o interior de São Paulo. Exemplo: O Interior tem o
principal póloagropastoril. Se não substituir, fica assim: O interior do
Estado tem o principal… Nota 4: Estado é maiúscula no sentido de unidade
da federação e de nação.
Mancha da página – nunca um texto ou fotografia ou ilustração devem
sair da mancha da página.
Manchete – na composição da manchete, o estudante deve evitar o ponto
final, dois pontos, ponto de interrogação, ponto de exclamação, dividir
sílabas, reproduzir as palavras iniciais do texto, adjetivos que só preenchem
espaços e não enriquecem a qualidade da informação. Na manchete use, de
preferência, o verbo no presente. A não ser que o texto refira a fatos
distantes no futuro ou passado. Exemplos: Morre o filho de Antônio Carlos
Magalhães. Brasil foi o último colocado na Copa de 30. Elimine também os
artigos no início do título. Exemplo: O Brasil vai exportar pepino. Só use
abreviaturas ou nomes próprios quando forem do conhecimento geral.
Exemplo: Montoro é candidato à Presidência do PSDB. O título não pode
ser subjetivo, sonhador, paternalista ou estar no condicional. Exemplo de um
título com estas características publicado na Folha de S. Paulo, caderno
Brasil, página 1/13, de 10 de agosto de 1997, sobre a morte do sociólogo
Betinho: Se houver céu, Betinho ficará na porta... A submanchete compõe a
manchete.
Manuscrito – nada para o jornal-laboratório deve ser manuscrito.
197
Menor – de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, nomes
de menores envolvidos em crimes só podem ser divulgados pelas iniciais e
as fotos de rostos devem exibir uma tarja.
Mês – é redigido em Caixa baixa: setembro.
Minúscula – cargos e títulos, funções, profissionais, forma de tratamento,
títulos honoríficos (cidadão paulistano), grupos étnicos, raça de animais,
nomes que acompanham nomes de rodovias, ruas, alamedas, praças,
avenidas, logradouros públicos, geográficos, meses do ano, documentos
públicos, igreja (o prédio), carnaval (no sentido de barulho), comidas.
bebidas. Exemplos: prefeito, governador, professor, lateral direito,
jornalista, pastor alemão, cidade, continente, capital, cabo da Boa
Esperança, bar da Esquina, rua Sete de Abril, decreto-lei, lei, portaria,
maio, praça Rui Barbosa, pato no tucupi, jurupeba. Nota: Referências a
entidades, festivais, feiras e encontros depois de terem sido citados na
matéria escrevem-se em caixa baixa (minúscula). Exemplo: A Confederação
Brasileira de Basquete vai homenagear o cestinha Oscar. A cerimônia será
na sede da entidade.
Mudança de página – no jornal-laboratório deve-se evitar que uma
matéria continue em outra página, a não ser que o fato jornalístico seja de
extrema importância. Exemplo: morte do presidente da República. Esse
expediente é permitido também na elaboração e produção de cadernos
especiais. Exemplo: dia da Independência da República, conquista da Copa
do Mundo. Ou seja, a maioria das matérias deve ser concluída na página em
que começou.
N
Não escreva – né, num, pra, pro, exceto em citações. Palavras longas
como inconstitucionalidade. Ou frases longas, parágrafos longos, gírias,
198
eufemismos ou palavras da moda. Quando citadas pelo entrevistado, o
estudante de Jornalismo poderá usá-las.
Nome do jornal-laboratório – quando citado em suas páginas, é grafato
de acordo com a sua estrutura e formação. Exemplo:
PRIMEIRA EDIÇÃO. Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Catanduva/SP (Fafica)
Nome próprio – o estudante de Jornalismo deve respeitar a grafia do
nome do entrevistado tal como está no Registro Civil. Na primeira vez que
são citadas, as pessoas devem ser identificadas pelo nome completo; daí em
diante, aquele pelo qual são mais conhecidas. Exemplo: Pedro Álvares
Cabral. Cabral. Quando o personagem não é mencionado regularmente pela
mídia, o estudante de Jornalismo deve checar qual a parte do nome com que
se identifica o entrevistado. Caso contrário, a pessoa deve ser identificada
pelo primeiro sobrenome, quando homem, e a mulher pelo nome e primeiro
sobrenome. Exemplos: José Bernini. Bernini / Matilde Leite Nogueira.
Matilde Leite.
Nome próprio estrangeiro – o estudante de Jornalismo deve obedecer à
grafia original. Exemplo: John Kennedy.
Nós – o jornal-laboratório não utiliza essa forma, exceto quando reproduz
declarações textuais. Exemplo errado: Nós entrevistamos… Nós ouvimos…
Nosso – o jornal-laboratório não utiliza o pronome possessivo nosso.
Exemplo: Fernando Henrique Cardoso é o nosso presidente da
República.Correto: O presidente do Brasil é Fernando Henrique Cardoso.
Os locutores e comentaristas esportivos gostam muito de usar o pronome
quando transmitem jogos da seleção: nossa seleção foi melhor porque
dominou o jogo, embora não tenha vencido os coreanos…
199
Número – a regra é escrever por extenso de zero a dez (duas horas depois
da saída, dez pessoas morreram); de 11 ao infinito, algarismos (1.101). Para
números redondos usam-se algarismos e palavras (12 mil, 22 milhões e 34
bilhões). Para números quebrados até dezenas de milhares, algarismos:
15.559. Acima disso, usa-se a fração: 31,6 milhões, 32,864 bilhões. Quando
não for possível arredondar, usam-se apenas algarismos: 22.887.665. As
classes são separadas por ponto ou vírgula. Nota 1: os números, mesmo
inferiores a dez, quando designam valores econômicos, tempo esportivo,
idade, hora, ângulo, peso, medida escrevem-se com algarismos. Exemplo:
R$2, 9h, 2m... Nota 2: Mesmo que o número seja superior a dez, quando
iniciar frase ou oração e não for ordinal, escreve-se por extenso. Exemplo:
Onze é o número da camisa do Romário. Nota 3: o número (ordinal)
seguido de letra escreve-se em algarismo sem ponto. Exemplo: O terremoto
foi de10º graus na escala Richter. Silas Gabriel Zacarias venceu no 10º
assalto. O exemplo serve para denominar festivais, cursos, encontros,
conferências etc. Nota 4: Escreva com algarismos grupos de campeonatos,
números de camisas de jogadores. Exemplo: O Brasil ficou no Grupo 3 da
Copa do Mundo. A camisa 10 imortalizou Pelé.
Número de caracteres/toques – a matéria selecionada para publicação
deve obedecer ao número de caracteres/toques que lhe foi reservado. Esta
função cabe ao autor do texto (estudante). Caso os números não sejam
respeitados, o editor é livre para cortar linhas ou mesmo remodelar a
matéria. Para conhecer o número de caracteres que lhe é reservado para cada
matéria, o editor deve conferir os números com o diagramador.
Números romanos – apenas para indicar números dinásticos, nomes
oficiais de clubes e Comandos Aéreos Regionais (Comar): Dom Pedro I,
200
João Paulo I, XV de Novembro de Piracicaba, XV de Jaú, V Exército. Para
indicar século, escreve-se com cardinais: século 15.
O
Off – o estudante de Jornalismo deve evitar o off. Quando, realmente, a
fonte não pode ser citada, o estudante não deve recorrer a expressões
genéricas como fonte fidedigna, fontes oficiosas, dignas de crédito. Elas não
justificam o off e colocam em dúvida a origem das informações coletadas. O
correto, ou menos ruim, é identificar a fonte que se recusa a ter seu nome
publicado com palavras que revelam sua profissão. Por exemplo: deputado
estadual, líder sindical, religioso. Mesmo sem revelar o nome da fonte, o
estudante não deixa o leitor desinformado.
Ontem – não use o advérbio de tempo nos títulos, porque uma das
funções do jornalismo é transformar o ontem no hoje. Correto: Brasil vence
o Chile. Errado: Brasil venceu ontem o Chile.
Opinião do estudante – não opine em matéria informativa, entrevista ou
reportagem. O estudante de Jornalismo deve opinar nos artigos. No jornal-
laboratório a opinião do estudante pode ser expressa no caderno de Opinião.
Na matéria, o estudante deve apenas informar, orientar o leitor.
Ordinal – sempre com algarismos: 13º salário, 15º dia.
Ortografia – sempre que tiver dúvida sobre a forma de escrever uma
palavra, consulte o dicionário.
P
Palavras impróprias – o estudante precisa ter o cuidado ao usar palavras
para “enriquecer” o texto que elabora. Na maioria das vezes algumas
palavras, termos ou expressões são inadequados para definir o que o
estudante imagina. Alguns exemplos: O estádio de futebol da Usp está
pedindo socorro. Na verdade, o estádio não tem sentimento, não sente dor
201
ou tem querer. Então, ele não pede socorro. Ele precisa de manutenção,
reparos, reformas etc. Outro exemplo de uso de palavras que nada
acrescentam ao texto. O gramado está desmilhinguido, atachado, destruido,
juntamente com as arquibancadas que podem ser um perigo iminente por
causa da depredação. Virou uma miscelânea de palavras sem valor ou
correção gramatical e com ortografia errada.
Palavras ofensivas – não use palavras ou frases que ofendem uma
comunidade. Exemplo: deu uma de português.
Parágrafo – não deve ter mais que 100 palavras.
Parênteses – no jornal-laboratório são empregados para observar,
complementar, incluir um dado importante ou complementar no texto.
Exemplo: A condenação dos proprietários da Escola Base (depredada
pelos moradores da região) pela Imprensa, antes mesmo da justiça, é uma
prova de que as instituições brasileiras precisam encarar com seriedade e
determinação a ética na profissão e apurar os fatos com mais rigor…
Partido – com a primeira letra maiúscula quando for parte de um nome
próprio. Exemplo: Partido dos Trabalhadores (PT).
Passado imediato – é o que aconteceu nas últimas 24 horas.
Pé de matéria – Ver Tópico Definições.
Periodicidade – no Brasil a periocidade dos jornais-laboratórios não é
regular e nem sempre é a mesma dos principais jornais, por isso o estudante
deve evitar o uso de datas, ou quando se referir a algum espaço de tempo,
como hoje, ontem, amanhã, domingo. Portanto, cuidado com o espaço de
tempo. O ideal é evitá-lo no texto. Assim, o estudante estará mais seguro que
não cometerá erros como: O Brasil joga amanhã contra o Peru… Nada de
irregular na estrutura do texto, mas o jornal-laboratório só sai daqui a duas
202
semanas. A informação torna-se velha e o leitor não vai gostar de ler um
jornal com informações desatualizadas.
Periódico – nomes de jornais citados nos textos do jornal-laboratório são
grafados em itálico: Folha de S. Paulo, Jornal do Brasil. A mesma regra é
aplicada para nomes de rádios, televisões, revistas.
Personagem – quando o personagem ocupa um cargo, público ou não,
deve ser identificado na primeira vez, por cargo e nome completo. O
presidente do Tribunal de Contas, Expedito Bauer da Silva, disse ontem
que... Depois, o estudante de Jornalismo escolhe só o cargo ou só o nome.
Quando o personagem tiver mais de um cargo ou a referência é a um cargo
anterior, primeiro aparece o nome e depois os cargos. Ricardo Sidnei Xavier,
ex-secretário municipal da Saúde e presidente do Instituto do Coração, diz
que o Brasil é um país cardíaco.
Personagens – são os entrevistados. O estudante é apenas um atento
observador dos acontecimentos e não o personagem. Então, a primeira
pessoa do singular ou do plural está excluída no relato do fato.
Peso e medida – são abreviados quando as quantidades estão em
algarismos: 454t, 11kg, 12m ou 33km; quando estão em algarismos e por
extenso, a regra é: 23 mil toneladas, 12 mil quilômetros, 16 mil metros ou 18
mil quilos. Acre, hectare, alqueire etc. são grafados por extenso e em Caixa
baixa. Para medidas de área e volume, é recomendável escrever por extenso:
12 quilômetros quadrados, 13 metros cúbicos. Para tabelas e quadros,
admite-se a abreviatura: km2, m3.
Piada – nunca.
203
Pingue-pongue – o estudante deve evitar a entrevista de pergunta e
resposta. Antes de fazê-la deve consultar o professor/coordenador do jornal-
laboratório.
Pseudo-entrevistas – não será admitido a construção de uma entrevista a
partir de um documento ou um texto escrito pelo entrevistado.
Play-boy – quando se referir a nome próprio se escreve em Caixa Alta
(Maiúscula) a primeira letra da palavra e em itálico de origem inglesa.
Exemplo: A revista Playboy vai mostrar nas páginas principais a
sensualidade da Maria Rita, copeira oficial do Planalto. Agora quando se
referir a um conquistador, um don juán, um bon vivant ou ainda aquele que
leva a vida na flauta escreve-se em caixa baixa (minúscula) e em itálico por
ser uma palavra inglesa. Exemplo: O play-boy José Maria da Costa voltou ao
Brasil depois de passar uma semana no Paraguai.
Pleonasmo – é redundância de termos. Exemplo: dentro do elevador, sair
para fora, ficar dentro de quarto. Evite-os.
Polícia – se escreve com minúscula inicial salvo que forme parte de um
nome completo. Exemplo: A Polícia Militar de Rondônia procura o suposto
assassino do líder seringalista Chico Mendes.
Política editorial – o jornal-laboratório se define como um periódico
independente, de informação geral e com o intuito de orientar o estudante de
Jornalismo na carreira profissional. Ele segue os princípios liberais em
defesa de uma democracia pluralista. O jornal-laboratório tem a função de
passar à sociedade acadêmica e aos leitores uma posição correta, verdadeira
e de qualidade dos fatos que ocorrem. O jornal-laboratório não acatará
pressão de grupos políticos, econômicos, religiosos em detrimento do
interesse público. O trabalho com a notícia – matéria-prima do jornalismo –
ou com a reportagem será feito, de forma clara e transparente. A informação
204
e opinião resultam em textos diferentes. No primeiro, o estudante de
Jornalismo deve respeitar os parâmetros indicados pelo jornal. Ou seja, o
objetivo é informar e orientar o leitor sobre o fato jornalístico. O segundo, de
análise pessoal, também deve seguir os princípios éticos da arte de fazer
jornalismo: respeitar o cidadão e sempre fundamentar o que propõe no texto.
A função editorial do jornal-laboratório é passar à sociedade um retrato fiel
da realidade.
Pontos cardeais – Escrevem-se com Maiúscula a primeira letra da
palavra quando definir a localização: Exemplo: ao Sul de Porto Velho (RO),
o Norte do Brasil é rico em minerais. Não é Maiúsculo no seguinte caso:
viajar para o nordeste
Ponto de exclamação – só em casos especiais.
Porcentagem – com algarismos e o símbolo, sem espaço entre um e
outro: 87%.
Possuir – só o ser humano é que possui, no sentido de ser proprietário de
alguma coisa. Exemplo: O Moacir Antônio Lungato possui dois carros
importados. (correto) / A Igreja Católica possui 100 milhões de fiéis no
Brasil. (errado) A Igreja Católica tem 100 milhões de fiéis no Brasil.
(correto)
Povo – é um conjunto de pessoas que fala a mesma língua, tem costumes
e hábitos idênticos e afinidade de interesses. No Brasil o povo só aparece na
grande mídia nas páginas policiais ou como protagonista de invasão de terra,
de conjuntos habitacionais ou instituições governamentais. Por isso, uma das
proposta do jornal-laboratório é que o estudante mostre a vida das pessoas.
Que mostre o povo personalizado. Além de fugir do padrão jornalístico
empresarial, o estudante estará exercitando a cidadania.
205
Precisão – o estudante de Jornalismo tem o dever de reproduzir com
fidelidade declarações ou situações que testemunhou. Informações
desencontradas podem confundir o leitor. É bom lembrar que nunca se pode
dizer tudo e pouco adiantam generalizações vagas. A precisão deve estar
presente logo na escolha do ângulo de abordagem da reportagem.
Preconceito – nos textos do jornal-laboratório ninguém é qualificado por
sua origem étnica, preferências sexuais, deficiências físicas ou mentais. Essa
é uma atitude preconceituosa ou discriminatória.
Press-release – deve-se evitá-lo. Serve apenas como uma pista para um
trabalho jornalístico independente e imparcial. Ou pode virar uma pauta.
Pressão arterial – para definir o grau de compressão sanguínea nas
artérias de uma fonte entrevistada, quando necessário, o estudante deve usar
o algarismo. Exemplo: A pressão arterial do presidente da República,
Ernando Enrico de Viagem, antes de embarcar para mais uma viagem
internacional, é de 8 por 12.
Preto – use para designar cor e não raça humana. Exemplo correto: A
raça negra predomina no basquete norte-americano.
Primeira página – é o cartão postal do jornal-laboratório. Ela deve conter
chamada dos principais assuntos do jornal. A seleção das matérias que vão
compor a primeira página tem que ser criteriosa, de interesse público e
nítida, que faça o leitor sentir o prazer de ler o jornal.
Privacidade – o jornal-laboratório respeita a privacidade do cidadão. Não
admite preconceito. Ninguém deve ser identificado por grau de parentescco
com pessoa pública ou não. Se a notícia for de teor negativo, ninguém pode
ser identificado por sexo, raça, origem étnica, deficiência física ou mental.
206
Privilégio – cuidado ao usá-lo. Privilegiar é conceder vantagem,
imunidade, tratamento especial em detrimento de outrem. O estudante não
deve privilegiar ninguém.
Promessas – o jornal-laboratório não promete nada. Exemplo: Numa
próxima edição voltamos com este assunto.
Pronome de tratamento – não use no texto pronomes de tratamento
como senhor, V.S., Ilmo e outros. O recomendado é identificar o
personagem pelo nome, cargo que ocupa, profissão. Exemplo: O senhor
Fernando Henrique Cardoso diz… (errado) O presidente Fernando
Henrique Cardoso… (correto) A não ser em declarações textuais.
Puxa-saco – não use e não seja.
Q
Queísmo – não abuse do uso da partícula que . Exemplo: O que você sabe
é que o Zezinho não tem mais aquele jeito de fazer gols e que os torcedores
agora não confiam mais no seu futebol que está cada vez pior. Muitas vezes
ela pode ser substituída por um ponto, vírgula ou dois pontos. Exemplo: O
Zezinho perdeu o jeito de fazer gols. Os torcedores deixaram de confiar no
seu futebol.
R
Real – moeda oficial do Brasil. Escreve em Caixa Alta (Maiúscula) a
primeira letra: Real. O símbolo é R$.
Recomendação – na avaliação de um fato para publicação, o estudante de
Jornalismo deve sempre ter presente a política editorial do jornal-laboratório,
ou seja, identificar o público para o qual se dirige, utilizar as regras e os
princípios básicos do fazer jornalístico.
Recomendação ao redigir – recomenda-se ao estudante que procure
sempre ser direto e dar importância ao que realmente merece. Evite
207
brincadeiras. Antes de escrever, pense na frase completa, inteira, até o ponto
final. Construa o texto por partes: pense na idéia, enfoque e o divida por
itens de importância. Cada item é um parágrafo que tem uma idéia completa.
Ao adotar esse hábito, o estudante tem como garantia a precisão no relato do
acontecimento.
Redigir – é um exercício que o estudante deve praticar diuturnamente
para se familiarizar com o conjunto de normas e regras que orientam o texto
jornalístico. Só aprende a escrever correto e claro quem faz disso um
exercício freqüente. A escrita diária aprimora o estilo, aciona o pensamento
reflexivo e a ordenação das idéias. É salutar lembrar que ninguém lê por
ninguém. A leitura refletida de bons autores é um vírus com qual o estudante
deve a cada dia se contaminar ainda mais. Ela é indispensável para o
enriquecimento do vocabulário. O lema é escrever e ler, sempre.
Redundância – exemplo: O presidente inaugura nova pista do aeroporto
internacional de Brasília. Se inaugura, inaugura alguma coisa nova.
Inaugurar o velho é complicado. O correto é: O presidente inaugura pista do
aeroporto internacional de Brasília. Outro exemplo: Foi encontrado morto
dentro do elevador social. O significado da palavra elevador já se refere a
lado interior, no interior de. O correto é: Foi encontrado morto no elevador
social. Evite: Deu marcha à ré para trás e bateu no poste.
Release – não deve ser publicado na íntegra.
Remissão de matéria – para facilitar sempre a vida do leitor, é melhor
concentrar um mesmo assunto numa página ou editoria.
Repetição de palavras – o estudante de Jornalismo deve evitar o uso
repetitivo de palavras. Uma boa leitura diária vai ajudá-lo a encontrar
palavras substitutas, sem desqualificar o texto. Ou então use o dicionário.
208
Reportagem – numa reportagem, o estudante precisa ambientar o leitor.
Se é uma festa de peão de boiadeiro, o ideal é relatar o ambiente, a música
que toca após a queda do peão, as anedotas, os fatos históricos, o
comportamento do público. Enfim, tudo isso quebra o gelo entre o leitor e o
jornal. A reportagem ganha clima, movimento, ação e o leitor tem uma visão
mais ampla da festa de peão.
Repórter – é a função que o estudante de Jornalismo deve cumprir na
produção e difusão do jornal-laboratório. Ele redige, apura, checa e
confronta as informações levantadas. Seu texto deve ser claro, objetivo e
exato no relato do cotidiano, em uma entrevista ou reportagem. A ética e a
responsabilidade social são regras que o repórter nunca deve esquecer na
cobertura de um acontecimento ou em uma entrevista.
Reprodução literária – use itálico quando citar parte de uma obra
literária. Exemplo: ... o jornalista autêntico tem o dever de não fornecer ao
público o ópio que ele pede, e sim a verdade de que ele sempre precisa...
Alceu Amoroso Lima.
Responsabilidade – a omissão dificulta e atrapalha o desenvolvimento
das atividades programadas. Fica, portanto, determinado que é de
responsabilidade dos editores e assistentes a seleção das matérias que serão
publicadas e também coordenar cada reunião de pauta. Ainda sob a
orientação do professor/coordenador, os editores e assistentes têm a função
de solicitar e sugerir ao repórter o complemento ou redução da matéria e
também fotos. Os editores e assistentes podem, sob a orientação do
professor/coordenador do jornal-laboratório, titular, redigir chamada de
primeira página e olho. Em caso de dúvida sobre o não-cumprimento de
qualquer atividade, o editor, assistente e repórter (estudante) devem
consultar o professor/coordenador.
209
Revisão de texto pelo entrevistado – só será aceita em condições
excepcionais com a aprovação do professor/coordenador.
Riqueza dos detalhes – os detalhes dão verossimilhança à história que o
estudante descreve. Os detalhes mostram que o estudante esteve lá, ouviu as
pessoas, observou o ambiente, coletou informações no local. Ele foi conferir.
O leitor sente que a informação é sólida, mais confiável: “… o presidente
República olhou desanimado para a imagem de Nossa Senhora da
Aparecida (padroeira do Brasil) quando ouviu do presidente do Senado que
o PFL não o apoiará na campanha presidencial.”
Rosto – e não cara quando se tratar de pessoas.
S
SA – não é necessário usar a abreviatura de Sociedade Anônima cada vez
que se cite uma empresa. Exemplo: A Sputinik SA é a maior exportadora de
café do país. Correto. A Sputinik é a maior exportadora…
Século – com algarismo: século 18, século 21.
Segundo informações – o estudante deve citar a fonte. Exemplo: Segundo
Zagallo, o Brasil precisa de dois pontas, mas no banco.
Seleção de matérias – para fechamento de cada edição sempre haverá um
número de matérias a mais do que comporta o jornal-laboratório. Para
ajustar o espaço destinado às matérias, será adotado um critério de seleção.
O responsável é o editor, mas sob a coordenação do professor. O editor deve
sempre pensar na data em que o jornal será publicado, na qualidade do texto
(informações precisas, texto objetivo, exato e imparcial).
Sensacionalismo – o papel do jornalista é informar com clareza,
fidelidade e exatidão, e não transformar o acontecimento em um ato
sensacionalista e pessoal. Exemplo: o caso da Escola Base. A mídia
paulista, sem analisar os fatos, “condenou” os proprietários da escola.
210
Resultado (1): não foi provada a agressão às crianças. Resultado (2): a
escola foi destruída por populares revoltados com os fatos publicados e
divulgados pela mídia. Resultado (3): moral e psicologicamente os
proprietários foram atingidos, e sem chance de resposta. Resultado (4): a
mídia, embora “tenha condenado” os proprietários, ficou isenta de qualquer
julgamento da justiça. O jornal-laboratório faz um jornalismo exigente e de
qualidade, e não pratica o sensacionalismo e a exploração mercantil.
Serviço – caracterizado como informação de utilidade pública. Ele dever
ser diagramado no pé (final) da matéria e em itálico.
Sic – indica que um termo ou texto foi reproduzido fielmente, por mais
estranho ou errado que possa parecer. A palavra dever ser usada entre
parênteses. Exemplo: “O Sócrates é invendável e imprestável (sic)”, disse o
presidente corintiano, Vicente Matheus, aos dirigentes de clubes italianos
interessados na compra do jogador.
Sigla – é a redução de longos títulos e expressões, utilizando a letra ou a
sílaba inicial de cada um dos elementos. A sigla se escreve sem pontos e
sem espaço entre uma letra e outra. Exemplo: Universidade de São Paulo
(USP), Partido da Frente Liberal (PFL) ou Telecomunicações de São Paulo
(Telesp). No jornal-laboratório o uso da sigla facilita a leitura e também
economiza espaço. A sigla que formar uma palavra com mais de três letras
escreve-se em Caixa Alta e baixa. (Telesp). Se formar uma palavra com três
letras, a sigla é redigida em Caixa Alta. (USP). Se a sigla tiver duas ou mais
letras que não formem uma palavra, é redigida em Caixa Alta. (PFL,
PMDB). No jornal-laboratório o estudante de Jornalismo primeiro identifica
o significado da sigla e depois usa a sigla entre parênteses. Exemplo: A
Universidade de São Paulo (USP) abriu as inscrições para… Após a
identificação, o estudante de Jornalismo deixa de usar os longos títulos e
211
expressões e passa utilizar a sigla até o final do texto, quando necessário. O
estudante deve respeitar a ordem: primeiro o significado, depois a sigla.
Sigla e abreviatura – na identificação de deputado federal e senador, usa-
se a sigla partidária ligada por hífen à sigla do estado: PMDB-RO, PT-AC.
Significado de palavras – o estudante de Jornalismo deve recorrer ao
dicionário para saber o significado da palavra que pretende usar no texto.
Não é demérito o estudante adotar o dicionário como instrumento de
trabalho. O dicionário foi criado para auxiliar o cidadão nas dúvidas.
Simplicidade – clareza, exatidão e diversidade são elementos que
caracterizam o estilo do jornal-laboratório
Sobriedade – é que o estudante deve ter ao tratar o fato jornalístico.
Moderação e segurança são indispensáveis na aplicação do jornalismo
insento e verossímel.
Suicídio – o estudante de Jornalismo deve ser prudente com informações
sobre suicídios, principalmente quando o personagem é menor de idade (18
anos). O cuidado é porque nem sempre o fato coincide com a versão.
T
Tablóide – formato de jornal. Ele tem a metade do tamanho do standard.
O formato tablóide é mais usado em Porto Alegre (RS). Exemplo: Zero
Hora.
Telefone – número de telefone deve ser sempre antecedido pelo código de
área entre parênteses use hífen no prefixo: (17) 632-6681. A não ser quando
o telefone não exija DDD. Se se tratar de número do exterior, mencionar o
código do país e cidade: 39 (11) 562-9357.
Televisão – escreve-se televisão quando se referir ao canal ou estação.
Televisor – quando se referir ao aparelho receptor.
212
TV – só quando citar nomes de canais ou estações de televisão são
escritos em Caixa Alta (Maiúscula) a primeira letra de cada palavra, em
itálico e sem aspas. Exemplo: TV Globo, SBT.
Terra – sempre com inicial maiúscula quando se referir ao planeta.
Exemplo: A Terra vai explodir em 2002.
Texto – deve ser redigido de forma clara. O texto tem de conter todas as
informações corretas. O estudante de Jornalismo não deve esquecer números
que possam ilustrar a matéria ou fatos que favoreçam a leitura. O texto para
o jornal-laboratório é redigido em Caixa Alta e baixa (CAb). Exemplo: O
ministro da Fazenda, Edson Tadeu Cintra, garante que o Brasil tem
condições de pagar a dívida externa até o final do século 21.
Texto assinado – no jornal-laboratório todo texto deve ser assinado pelo
estudante. Se há mais de uma participação, a ordem de assinatura deve
refletir a contribuição de cada um. Já o texto escrito em parceira, a ordem
das assinaturas deve ser alfabética.
Texto factual – é aquele que trabalha com o fato jornalístico a cada 24
horas. Nem sempre é publicado nas páginas de um jornal-laboratório que
dificilmente tem periodicidade diária e portanto deixa a matéria velha.
Tratamento do leitor – o jornal-laboratório é lido individualmente, por
um leitor, ou por centenas de leitores, que interpretam os fatos
individualmente. Por isso, quando for preciso referir-se ao leitor, deve-se
tratá-lo no singular, ou como você. Exemplo: O leitor interessado em
comprar o livro de Marizete Leite…
Tratamento da notícia – o jornal-laboratório passa ao leitor notícias de
interesse público e, se necessário, com opiniões de personagens. Estes
critérios servem para enriquecer a matéria e informar o leitor com clareza e
neutralidade.
213
Trocadilho – nunca.
U
USA – usa-se a sigla quandos os Estados Unidos já foram citados no
texto, sem espaço e ponto entre as três letras.
V
Velocidade/hora – no jornal-laboratório deve ser grifada assim: 320km/h
Verbos – o estudante deve sempre usá-lo no modo indicativo, na voz
ativa e nas formas simples e afirmativas. As formas condicionais, os tempos
compostos, as passivas e as conjunções negativas prejudicam e desvalorizam
o texto jornalístico.
Viúva – ao diagramar o jornal-laboratório deve-se evitar a viúva.
Vivacidade – é fundamental que o estudante tenha está qualidade. Ou
seja, saiba explorar a introdução de elementos contraditórios, de transformar
um fato rotineiro numa narrativa que surpreenda e seduza o leitor. Ele deve
esquecer que citações em excesso banalizam o discurso jornalístico e não
prende a atenção leitor. É importante que o estudante faça cortes rápidos
(frases curtas) na narrativa e descreva, com cadência e elegância, o
ambiente, cada gesto do personagem etc.
X
X – para indicar oposição, quase sempre em competições esportivas, usa-
se o x minúsculo: Santos x Ponte Preta.
5.4 – Definições
Por se tratar de um manual de redação voltado para a produção e difusão
do jornal-laboratório, é importante definir alguns termos técnicos e regras
jornalísticas.
A
214
Abertura – início de um texto jornalístico, no qual o autor expõe as
principais informações da notícia. O objetivo é atrair e prender a atenção do
leitor para o resto do assunto e deve provocar impacto, curiosidade, ser um
apelo à leitura. No jornalismo impresso, a chamada grande reportagem exige
detalhamentos criativos para sustentar o interesse e o desdobramento da
exposição. Um bom exemplo de uma abertura criativa é a de um jornalista
da Paris-Match que, ao montar o texto do enterro de Joseph Stalin – dias
após o funeral –, teve a idéia de telefonar para a central telefônica de
Moscou, para se informar sobre as condições de tempo e iniciar sua
reportagem descrevendo o amanhecer daquela data histórica.
Agência de notícias – na verdade, são os jornais dos jornais. É ela quem
fornece informações de todos os tipos, por atacado, aos jornais. Dispõe de
um amplo sistema de comunicação, de sucursais e correspondentes que
recolhem, elaboram e difundem o fato jornalístico. É uma empresa de
notícias que tem a finalidade de distribuir e vender notícias. Existem
agências nacionais, internacionais e especializadas. A pioneira no comércio
internacional foi a Havas (França), em 1845. As que se destacam hoje no
mercado são: Associated Press e United Press (EUA), Reuter (Grã-
Bretanha), France-Presse (França) e Tass (Rússia). A Agência JB, do Jornal
do Brasil, foi uma das principais do país.
Assessor de Imprensa – profissional que divulga o press-release, marca
entrevista coletiva, atende jornalistas. O estudante de Jornalismo deve
entender que o assessor de Imprensa não é a fonte primária, portanto, as
informações passadas por ele só serão publicadas se forem acompanhadas
por um press-release contendo citações oficiais. Exemplo: o governador de
São Paulo vai exonerar cinco secretários porque foram infiéis. O assessor
de Imprensa não pode dizer que os secretários foram infiéis e por isso serão
215
exonerados. Ele não tem autoridade para se pronunciar em nome do
governador. A não ser que, além assessor de Imprensa, seja o porta-voz do
governador. O estudante precisa tomar cuidado, sem desmerecer o cargo,
com declarações do assessor de imprensa. Ele é o intermediário entre a fonte
e o jornal. Para a matéria ganhar credibilidade, é importante que a palavra do
envolvido seja citada no texto. Vale lembrar que o relacionamento entre o
assessor de Imprensa e o jornalista é formal.
B
Barriga – veiculação de uma notícia falsa. Para evitá-la, o estudante de
Jornalismo deve apurá-la com rigor.
Boneco – modelo de projeto gráfico de uma publicação.
Boxe – texto secundário que aborda aspecto específico do texto principal.
Pode ser interpretativo, opinativo, histórico. Pode ser cercado, em negrito ou
utilizar demais recursos gráficos. O importante é que complementa a matéria
principal. Ele tem a finalidade de dar leveza e agilidade à leitura, tornando-a
mais atraente.
C
Cabeçalho – nome do jornal, contendo também a data de publicação,
local, editoria número de página etc.
Caderno – conjunto de folhas que formam uma unidade do jornal.
Exemplo: Caderno 2 do Estadão.
Caixa Alta e baixa (CAb) – expressão que indica o emprego de letras
maiúsculas e minúsculas. Exemplo: Bandeira.
Calhau – material utilizado para preencher um espaço decorrente do
cancelamento de anúncio ou qualquer outro espaço em branco. Um anúncio
da própria empresa jornalística é o mais usado. Dependendo do espaço
216
destinado ao anúncio, usam-se matérias reservadas para tais ocasiões e sem
interesse jornalístico.
Chamada – é originada do texto mais importante do jornal-laboratório. A
chamada atrai a atenção do leitor para as páginas internas. A chamada de
primeira página não pode prometer o que a matéria não tem a oferecer ao
leitor. Leitor decepcionado não compra jornal. A redação de uma chamada
segue os princípios do lead ou da abertura de uma reportagem. Ela deve ter
frases curtas, objetivas e claras. A proposta é remeter o leitor à página onde
está o texto que ela apenas resume.
Chapéu – palavra colocada acima do título ou manchete, associada ao
assunto. O corpo é menor, a fonte é a mesma do título. O objetivo é reforçar
o tema e estimular a leitura. Ele pode ser usado em todas as páginas para
dar unidade à edição.
Exemplo: Política
FHC assina outra medida provisória
Corpo – o tamanho de uma letra ou palavra. No jornalismo a escala é de 10
a 72.
Cozinha – aproveitar, reescrevendo, uma matéria ou reportagem
publicada em outro jornal, revista ou captada pelo rádio ou televisão.
Enxugar o texto, deixando apenas o que é importante.
Crédito – o jornal-laboratório sempre informa ao leitor o autor de seus
textos e fotos.
D
Deadline – Ver fechamento – Tópico Definições.
Denúncia do erro – uma das vocações do Jornalismo é a denúncia do
erro. Ou seja, informar, prevenir, oferecer condições para a compreensão do
fato e ampliar o discernimento do possível. Conhecer a realidade dos
217
problemas, juntar forças para enfrentá-los e debater soluções. Na verdade, o
erro encontra-se no cotidiano, no fato jornalístico ou na sociedade. Exemplo:
A corrupção na arbitragem do futebol brasileiro. O erro encontra-se na
armação de resultados. A função do jornalismo é divulgar o desvio da ética
na arbitragem nacional. Divulgando-o, o jornalismo cumpre o seu papel de
informar a opinião pública sobre os acontecimentos que envolvem a questão.
É o discernimento do possível.
Diagramador – ainda é em muitos jornais o profissional responsável pela
distribuição das matérias nas páginas. É ele que calcula o espaço para cada
matéria, títulos, chamada de primeira página. Na verdade, ele é que
determina o desenho de cada página e o número de toques (caracteres) de
cada matéria. Com a informática nas redações, o diagramador foi substituído
pelo paginador. Ele tem a mesma função de comandar a distribuição das
matérias, mas com uma diferença básica: o paginador não precisa conhecer
as medidas tipográficas, paicas ou cíceros. O computador – com programas
específicos para fazer jornal – resolve 90% dos problemas do paginador. Por
exemplo: estouro de um título. Basta acionar um ou dois comandos para
colocá-lo no espaço que lhe foi reservado. Não precisa mandar o editor
refazê-lo.
E
Edição (1) – é a tiragem do dia, semana ou mês de um jornal.
Edição (2) – refere-se à seleção, hierarquização e preparação de matérias
a serem publicadas, utilizando-se todos os recursos visuais, gráficos,
informativos e de texto para torná-las atraentes. O ato de editar deve sempre
primar pela imparcialidade. Ou seja, quando houver discordâncias, pontos de
vista diferentes ou versões, o estudante de Jornalismo não pode privar o
leitor destas informações de interesse público. Editar, além de distribuir as
218
matérias harmonicamente nas páginas, é publicar o fato de interesse público
e não pessoal, de grupos econômicos e políticos. Até o final dos anos 80, o
texto prevalecia na impressa brasileira. A informatização da produção, a
crise do papel, o corre-corre diário do homem moderno e a preguiça para
leitura fizeram com que o visual, nos anos 90, supere o texto.
Editoria – é uma seção de trabalho ou equipes que formam a Redação.
Cada editoria é responsável pela cobertura de determinado campo temático.
A instalação das editorias varia conforme as necessidades de publicação.
Editorial – gênero jornalístico que expressa a opinião oficial do jornal-
laboratório diante dos fatos de maior repercussão. Ele deve seguir os
princípios básicos deste manual. No jornal-laboratório é publicado na página
2. São poucos os jornais-laboratórios que reservam espaço para o editorial.
Não é assinado.
Enviado especial – é o jornalista encarregado de cobrir acontecimentos
fora da cidade, estado ou país.
Expediente – espaço para anunciar o nome do jornal, os nomes dos
diretores, jornalista responsável, conselho editorial, endereço para
correspondência, gráfica onde foi impresso o jornal.
F
Fato jornalístico – é a base do jornalismo. Ele segue os princípios éticos
e interesse público.
Fechamento – é a conclusão do trabalho de edição. O ato de fechar uma
edição é tão importante quanto o processo de elaboração de uma pauta ou de
um texto. Todos os envolvidos nesse trabalho devem se preocupar com a
qualidade e pontualidade. O atraso no fechamento, além de prejudicar a
impressão e a difusão do jornal-laboratório, é um desrespeito ao
companheiro que correu atrás da notícia, do entrevistado ou de uma
219
reportagem. Fazer jornal é familiarizar-se com o trabalho contínuo, em que
todos os envolvidos na produção e difusão do jornal-laboratório têm um
objetivo comum: atender o exigente leitor com pontualidade e fidelidade.
Foca – é o jornalista em início de carreira. Aquele que escorrega de vez
em quando, que se deslumbra com as primeiras pautas, que deixa de cruzar
informações, ingênuo ainda para as manhas e macetes da profissão.
Fonte – pessoa que fornece informações, espontaneamente ou quando
solicitada, ao jornalista. Descobrir fonte exige habilidade. Cultivá-la requer
reponsabilidade, ética, imparcialidade e não misturar profissionalismo com
interesses pessoais.
Fotojornalismo – é o trabalho de registrar um instante mágico da
natureza, do espaço urbano, de transformar o obscuro em uma imagem que
realça o contexto histórico, político ou social. Fotojornalismo é a
composição do real imediato: a ação, o calor da hora, as emoções brutas, o
tiro, a miséria, o instante em que tudo se resolve, a violência, a guerra
urbana. Fotojornalismo mostra as diferenças, ou melhor, as variações das
formas de expressão, a pluralidade de imagens. Na fotografia a transparência
prima pela qualidade da imagem. Ou seja, o fotojornalismo é o olhar
múltiplo sobre o universo. Exemplo de profissionais que transformam o real
em uma imagem carregada de gesto, expressão, feição, movimentos e que
tudo se torna visível ao olhar desatento: Sebastião Salgado e Cartier
Bresson.
Fotolegenda – foto acompanhada de texto curto em itálico e título em até
três palavras.
Free-lancer – jornalista que trabalha por conta própria. Normalmente
recebe por matéria.
220
Furo – matéria de grande interesse, divulgada com exclusividade por um
jornal. Nos anos 90, a palavra furo foi substituida pela exclusiva.
G
Gancho – é o fato gerador da notícia, ou uma informação pinçada de um
texto, que pode gerar uma reportagem. O jornalista atento aos fatos e
sensível a uma boa leitura é capaz de pincelar boas informações para
produzir uma reportagem. O gancho pode ser extraído de uma nota em
coluna social, classificados, concorrência pública, observação no cotidiano,
nas ruas etc.
Gilete-press – é a prática de recortar jornais e revistas para fazer pauta ou
cozinhar texto. No interior do Brasil, a prática do gilete-press incorporou-se
ao cotidiano das redações. Em alguns casos os textos recortados são
publicados na íntegra e a origem do texto não é citada. Os empresários se
utilizam desse recurso antiético e antiprofissional para não contratar
jornalista. O gilete-press custa para o empresário apenas o valor do exemplar
a ser recortado. É muito usado em jornalismo de rádio.
I
Informação-relatório – é aquela que não oferece ou apresenta novidade
ao leitor. Não noticia o novo, o contexto do fato, situações, personagens,
objetos descritos, que não organiza a narrativa que evidencia a mensagem
jornalística.
Imprensa marrom – jornalismo sensacionalista.
Intertítulo – destaque em negrito utilizado em meio ao texto para
ressaltar assunto que será tratado a seguir. Sua função é facilitar a leitura,
deixar a matéria mais arejada, separando assuntos, repousando
psicologicamente o leitor com pequenas pausas. Ele completa a matéria.
J
221
Jabaculê ou jabá – são presentes oferecidos aos jornalistas, como
instrumento de relações públicas. No interior do Brasil as redações,
principalmente em período eleitorial e final de ano, são inundadas por
garrafas de bebidas, agendas e convites para almoço, jantar e viagens
turísticas. Evite receber esses presentes para não se comprometer.
Janela – frase retirada da matéria para ressaltar, em meio ao texto, uma
informação na matéria. O texto, em negrito, é editado entre fios.
Jornalismo de precisão – termo usado por estudiosos alemães para
definir o jornalismo exato, neutro, objetivo, sem desvios e distorções que
possam alterar a realidade social ou o caráter do fato jornalístico. Para não
descaracterizar a investigação jornalística, quando necessário para
enriquecimento da reportagem, o estudante deve usar métodos e técnicas
científicas de pesquisa social para proporcionar ao público-leitor maior
entendimento do assunto publicado. O chamado jornalismo de precisão
utiliza-se da pesquisa, da análise de conteúdo, da observação do jornalista e
das experiências de campo na coleta e levantamentos de informações sobre o
fato jornalístico. Esses são os processos de observação e investigação, hoje
distantes das redações. “O jornalismo de precisão requer treinamento
intensivo nas técnicas da ciência social empírica, que inclui o levantamento
de informações, sua análise e interpretação. A idéia dos adeptos desse
conceito de jornalismo é que, com isso, a reportagem objetiva já não
consistiria em fatos isolados, mas na inserção das informações num contexto
teórico que revelaria os antecedentes e as possíveis causas dos
acontecimentos.” (Michael Kunczik. Manual de comunicação: Conceitos de
jornalismo: norte e sul. São Paulo, ComArte, Edusp, 1997).
L
222
Lauda – folha de papel padronizada na qual o estudante de Jornalismo
redige textos que podem ser publicados pelo jornal-laboratório. Tem 20
linhas de 70 toques cada. Total: 1400 toques. Nem todos os jornais têm o
mesmo padrão de lauda. O número de toques é variado.
Legenda – texto que ilustra a fotografia ou identifica lugares,
monumentos históricos, pessoas etc. Toda foto deve ter legenda.
Lei de Imprensa – mesmo com a Constituição de 1988 que diz em seu
Artigo 5º, Inciso 9, que é “livre a expressão da atividade intelectual,
artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou
licença”, ainda está em vigor a Lei de Imprensa, número 5250 de 9 de
fevereiro de 1967, criada durante o regime militar. Essa lei trata da forma de
registro dos órgãos de comunicação, dos crimes praticados por intermédio da
Imprensa, do direito de resposta e da responsabilidade civil e criminal pelos
abusos cometidos.
Linha fina – refere-se a um texto curto sem ponto final que, abaixo do
título, adiante um ou mais tópicos da matéria para estimular a leitura. Deve
evitar repetir palavras usadas no título. Ele deve estar amarrado ao título
para proporcionar uma leitura harmoniosa. Complementar o titulo.
Logotipo – palavras ou sigla que representam a marca comercial do
jornal. Cada jornal tem a sua grafia.
M
Mancha da página – é a área útil do jornal-laboratório. Ou seja, é o
espaço definido para imprimir as matérias, fio-data, logotipo do jornal-
laboratório.
Manchete – é o assunto mais importante da edição. Deve ser o resumo do
lead. Ela, mais do que nunca, é a fonte de leitura do jornal. Sem uma boa
manchete, dificilmente o jornal atrai o interesse do leitor. É o principal
223
elemento de informação do jornalismo. A manchete serve para centrar a
atenção do leitor para o conteúdo do texto.
Matéria – é o trabalho jornalístico de fazer uma reportagem ou entrevista
que vai além da simples nota. É o desdobramento do assunto ou fato
jornalístico. É a palavra mais ouvida numa Redação.
Matéria fria – quando o tema abordado não é factual. Exemplo: uma
entrevista com Pelé sobre sua vida, uma reportagem investigativa que retrata
o trabalho forçado em fazendas na região Amazônica. Não tem data para
publicação.
Matéria quente – é factual, notícia do cotidiano. Exemplos: ACM é
contra a indicação de Serra para o Ministério da Saúde. Zagallo convoca
Raí.
N
Nariz-de-cera – no jornalismo de antigamente era a abertura de uma
matéria que se caracterizava pela falta de objetividade. Ela não chama a
atenção do leitor para a leitura da matéria. Alguns jornais ainda o utilizam. É
uma série de informações sem importância antes de chegar ao mais
importante (lead) do texto.
New journalism – Trata-se de um enfoque mais imaginativo da
reportagem, que permite ao jornalista imiscuir-se na narrativa sem no
entanto mudar os fatos observados. A definição é do jornalista norte-
americano Gay Talese.
Nota da redação – um esclarecimento, feito pela redação, referente a um
determinado texto e colocado logo após o seu término. Ou a resposta a uma
carta enviada à redação criticando determinada matéria. Ela também é
empregada para contestar alguma informação ou afirmação de um
entrevistado.
224
O
Off – quando a fonte (entrevistado) passa ao estudante de Jornalismo uma
informação de interesse público e não pode (ou não quer) ser identificada.
Olho – refere-se a um texto curto, geralmente com linhas irregulares
(alinhamento central), que adianta um ou mais tópicos da matéria para
estimular a leitura. Ele deve estar amarrado ao título para dar ao leitor uma
leitura harmoniosa.
P
Pasquim – palavra pejorativa para designar jornal de má qualidade,
panfletário ou de curta duração.
Pé – fim da matéria. Cortar pelo pé: indica que a matéria estourou.
Perfil – é um texto sobre uma personalidade, no qual o estudante procura
fazer o retrato do entrevistado. Para traçar o perfil fiel do entrevistado, o
estudante precisa conhecer a vida da personalidade, observar seus gestos,
modo de se vestir, cacoetes, hábitos, ouvir pessoas amigas ou não, participar
do convívio familiar e cotidiano, visitá-los várias vezes, recolher fotografias
antigas e recentes. Enfim, manter um estreito relacionamento com o
entrevistado mas sem se envolver emocionalmente. O objetivo dessa
convivência mais estreita é, simplesmente, traçar o perfil de corpo inteiro do
entrevistado sem prejuízo da isenção do texto.
Pesquisa – trabalho de apoio ao texto.
Pingue-pongue – é a clássica entrevista de pergunta e resposta. Uma
entrevista pingue-pongue exige muita preparação, leitura, pesquisa,
elaboração de perguntas. É importante que a entrevista se centre num tema
específico, com suas variantes, senão fica dispersiva e superficial. O
estudante precisa ficar atento às respostas porque novas perguntas podem
surgir. Outro ponto positivo para o bom andamento da entrevista é o
225
estudante sempre confirmar números e datas com o entrevistado, chegar
antes do horário marcado, não o pressionar o entrevistado com perguntas
sem objetividade. Agindo assim, a probabilidade de o entrevistado ser mais
receptivo às perguntas é muito maior. É fundamental que seja gravado para
que as perguntas e respostas sejam publicadas completas.
Pirâmide invertida – técnica de redação segundo a qual o texto é
encabeçado pelas principais informações. Ou seja, do maior ao menor
interesse. Sempre deve começar pelo mais importante, que será resumido no
título. Vale lembrar que o primeiro parágrafo precisa conter as respostas para
as seis perguntas chaves do jornalismo: Quando? Quê? Quem? Onde?
Como? Por quê? Sempre respeitando a regra: do maior ao menor interesse.
Porta-voz – é a pessoa encarregada de transmitir oficialmente
informações de uma empresa, entidade ou órgão governamental.
Prêmio Esso – é o principal prêmio do jornalismo brasileiro. Sua menção
num currículo soma pontos na vida profissional.
Press-release – Ver release – Tópico Definições.
R
Redação – lugar onde o estudante de Jornalismo trabalha na produção e
difusão do jornal-laboratório. Ato ou maneira de regidir.
Regras – método de trabalho numa redação. Ou seja, critérios para uso de
minúsculas, grafia, números, pesos, quantias etc.
Release – é o texto feito pela Assessoria de Imprensa para promover um
evento, um político ou lançar produtos. Seu objetivo é dar uma versão
favorável ao assunto. Na maioria dos jornais brasileiros, o release, ou por
falta de matérias, ou para evitar contratar profissionais para produzir
matérias, ou para atender interesses pessoais, sempre é bem-vindo. O release
pode ser útil na produção de uma pauta.
226
Reportagem – é o aprofundamento de uma notícia. É o ato de investigar,
vai até o fim do assunto. É o relato ampliado de um acontecimento. Ela
difere da notícia porque deixa de ser apenas uma informação do dia-a-dia.
Enquanto na notícia predomina o quem e o quê, a reportagem procura saber
mais sobre o como e o porquê. E é na reportagem que a interpretação do fato
encontra a sua expressão mais desenvolvida. Mas a interpretação tem o olhar
do estudante que o leva a escolher um ângulo de abordagem do
acontecimento e situações que observa e descreve. Então, na verdade, deixa
de ser impessoal e passa a ser subjetivo o seu relato. E é nessa fronteira entre
a opinião e a interpretação que intervém a necessidade da distanciacão e a
preocupação da imparcialidade. Interpretar é explicar o porquê e como das
situações. É um exercício constante que o estudante deve praticar para não
julgar e opinar o que observou. A abertura da reportagem deve ser atrativa
para chamar a atenção do leitor. Ela se concentra em situações vivas. Ao
interpretar existem dois tipos de reportagem: a investigativa e narrativa.
Repórter – é a função que o estudante de Jornalismo deve cumprir na
produção e difusão do jornal-laboratório. Ele redige, apura, checa e
confronta as informações levantadas. Seu texto deve ser claro, objetivo e
exato no relato do cotidiano, de uma entrevista ou reportagem. A ética e a
responsabilidade social são pontos que o repórter nunca deve esquecer na
cobertura de um acontecimento ou entrevista.
Retranca – matéria que, embora faça parte de uma mesma reportagem ou
notícia, tem espaço e título próprios.
Retrato – não passa de uma fabricação de álbum de família. Tudo que
contém é estático. Não há expressão. Não há liberdade nos movimentos ou
no olhar. O retrato retrata um real montado e um personagem social, não
universal. O retrato é um clic que congela a construção de uma imagem
227
fugaz ou um instante de fama. Retrato é sinônimo de clichês. De transformar
rostos em cores.
Revisão – arte de revisar provas de composição, indicando as correções
que devem ser feitas.
S
Segundo clichê – parte da tiragem do jornal cujo conteúdo é alterado, ou
corrigido, após o fechamento e circulação de uma edição. Exemplo: uma
edição de segunda-feira foi fechada e distribuída depois das 23h30. Às
23h50, chega à Redação a notícia da morte do presidente dos Estados
Unidos. O caderno Internacional pode ser alterado e a primeira página
ganhar nova manchete.
Selo – recurso gráfico (pode ser uma foto ou desenho, gráfico) para
marcar uma reportagem.
Setorista – jornalista encarregado de cobrir o dia-a-dia de uma fonte
permanente de notícia. Por exemplo: Palácio do Governo de São Paulo. É
importante não se envolver pessoalmente com o setor em detrimento da ética
e imparcialidade no relato dos fatos.
Standard – é o jornal de tamanho-padrão, ou seja, de 54cm x 33,5cm.
Sublead – segundo parágrafo da notícia.
Submanchete – frase ou período sem ponto que aparece na página com
menos destaque do que a manchete. Serve para dar outras informações. O
corpo gráfico é menor que o da manchete mas deve ocupar o mesmo espaço.
Exemplo:
Ronaldinho é contratado pela Inter
Barcelona recebe US$35 milhões pela venda
228
Subtítulo – frase ou período sem ponto que aparece no texto para
mudança de assunto ou destacar um novo assunto. Serve para dar outras
informações.
Suíte – é a continuação de uma notícia publicada pelo jornal. A suíte
precisa sempre apresentar informações e angulações novas.
T
Texto-legenda – é a legenda* mais ampla mas sem parágrafo. Como a
legenda, pode ser uma chamada para o texto correspondente na página
interna. De qualquer maneira, precisa conter as principais informações sobre
o assunto.
Titular – é a arte de dar títulos às matérias. É preciso ler atentamente o
texto para encontrar palavras-chave que resumam o assunto para atrair o
leitor.
V
Versão jornalística – a notícia (versão jornalística do fato ou
acontecimento jornalístico) se expõe à verificação pública. É algo verificável
pelo leitor. Portanto, o estudante não pode admitir que a versão única, aquele
comentário de uma fonte envolvida no fato, seja o ponto final do texto. A
versão jornalística é superior ao boato ou a de apenas uma fonte de
informação. O leitor não gosta de ler apenas uma versão. Quanto maior o
entrechoque de versões contraditórias, maior reside o verificável. Ou seja,
quanto mais versões, tanto mais verdades terá o texto. A leitura do leitor
reside em observar se o estudante colocou cada versão lado a lado.
5.5 – SiglasA seleção das siglas foi baseada na amplitude que cada sigla representa ou
representava. Ou seja, nem toda sigla é de interesse nacional. Uma sigla de
um departamento do Estado de Rondônia não tem representatividade no
229
Estado do Rio Grande do Norte. Então a escolha das siglas partiu do
interesse comum. A inclusão de siglas de empresas ou países que já não
existem mais foi com a intenção de apenas registrar, embora algumas delas
ainda são usadas pela mídia, principalmente quando o assunto é geopolítico.
AABA – Associação Brasileira de Aeromodelismo.
ABC – American Broadcasting Company. Rede norte-americana de rádio e
televisão.
Abav – Associação Brasileira das Agências de Viagens.
Abecafé – Associação Brasileira de Exportadores de Café.
ABDC – Associação Brasileira de Desportos para Cegos.
Abecom – Associação Brasileira de Escolas de Comunicação.
ABI – Associação Brasileira de Imprensa.
Abia – Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação.
Abicomp – Associação Brasileira da Indústria de Computadores e
Periféricos.
Abifarma – Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica.
Abipeças – Associação Brasileira da Indústria de Autopeças.
ABB – Associação Brasileira de Balonismo.
ABDIB – Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústria de Base.
ABL – Academia Brasileira de Letras.
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.
Abradecar – Associação Brasileira de Desporto em Cadeira de Rodas.
Abrasa – Associação Brasileira de Surf Amador.
Abrave – Associação Brasileira de Distribuidores de Veículos.
ACSP – Associação Comercial de São Paulo.
AFP – Agence France Presse. Agência de notícias da França.
230
Aids – sigla inglesa para síndrome de imunodefiência adquirida. Em inglês é
Acquired Imune Deficiency Syndrome.
Alaic – Associón Latino-americana de Investigaciones de la Comunicación.
Alca – Área de Livre Comércio entre as Américas.
AMB – Associação Médica Brasileira.
Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica.
Ande – Associação Nacional de Educação.
Andes – Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino
Superior.
Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores.
ANJ – Associação Nacional de Jornais.
ANP – Algemeen Nederlands Persbureau. Agência de notícias da Holanda.
Ansa – Agenzia Nacionale Stampa Associata. Agência de notícias da Itália.
AP – Associated Press. Agência de notícias dos Estados Unidos.
APAB – Associação dos Pescadores Amadores do Brasil.
Apae – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais.
Apeoesp – Associação dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São
Paulo.
APN – Aguéntstvo Pecháti Nóvosti. Agência de notícias da Rússia.
ASCCI – Ação Solidária Contra o Câncer Infantil
Assovesp – Associação dos Revendedores de Veículos de São Paulo.
AT&T – American Telephone and Telegraph. Companhia norte-americana
de telefones e telégrafos.
BBadesp – Banco de Desenvolvimento do Estado de São Paulo.
Banespa – Banco do Estado de São Paulo.
Banorte – Banco Nacional do Norte.
231
BB – Banco do Brasil.
BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento. Por seu uso generalizado,
pode-se aportuguesar.
Bird – Banco Mundial, organismo das Nações Unidas, com sede em
Washington. Também conhecido por Banco Internacional para Reconstrução
e Desenvolvimento. Por seu uso generalizado, pode-se aportuguesar.
BM&F – Bolsa de Mercadorias & Futuros.
BMSP – Banco Mercantil de São Paulo.
BMW – Bayerische Motorenwerke. Fábrica alemã de automóveis.
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social.
Bovespa – Bolsa de Valores do Estado de São Paulo.
Bradesco – Banco Brasileiro de Descontos.
Brasindoor – Sociedade Brasileira de Meio Ambiente e Controle da
Qualidade de Ar de Interiores.
CCacex – Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil.
CAN – Correio Aéreo Nacional.
Cadin – Cadastro de Inadimplentes.
Capes – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.
CBA – Confederação Brasileira de Automobilismo.
CBAT – Confederação Brasileira de Atletismo.
CBB – Confederação Brasileira de Basquete.
CBCa – Confederação Brasileira de Canoagem.
CBDA – Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.
CBF – Confederação Brasileira de Futebol.
CBJ – Confederação Brasileira de Judô.
CBM – Confederação Brasileira de Motociclismo.
232
CBPDS – Confederação Brasileira de Pesca e Desportos Subaquáticos.
CBS – Columbia Broadcasting System. Rede norte-americana de rádio e
televisão.
CBT – Confederação Brasileira de Tênis.
CBV – Confederação Brasileira de Vôlei.
CDHU – Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado
de São Paulo.
Ceagesp – Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São
Paulo.
CEF – Caixa Econômica Federal.
CEP – Código de Endereçamento Postal.
Cepam – Centro de Estudos e Pesquisas da Administração Municipal.
Cepeusp – Centro de Prática Esportiva da Usp.
Cesp – Companhia Energética de São Paulo.
CET – Companhia de Engenharia de Tráfego.
Cetesb – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental.
CGC – Cadastro Geral do Contribuinte.
CGT – Central Geral dos Trabalhadores.
CGT – Confederação Geral dos Trabalhadores.
CIA – Central Intelligence Agency. Organismo norte-americano de
espionagem e contra-espionagem.
Ciee – Centro de Integração Empresa-Escola.
Ciesp – Centro das Indústrias do Estado de São Paulo.
Ciespal – Centro Internacional de Estudos Superiores de Periodismo para a
América Latina.
Cimi – Conselho Indigenista Missionário.
CMB – Conselho Mundial de Box.
233
CMN – Conselho Monetário Nacional.
CNA – Confederação Monetário Nacional.
CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
CNDM – Conselho Nacional dos Direitos da Mulher.
CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear.
CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica.
CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
CNT – Central Nacional de Televisão.
COB – Comitê Olímpico Brasileiro.
Cobrecos – Congresso Brasileiro de Estudantes de Comunicação.
Cofins – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social.
COI – Comite Olímpico Internacional. Em inglês a sigla é IOC:
International Olympic Committee. Por seu uso generalizado, pode-se
aportuguesar.
Comgás – Companhia de Gás de São Paulo.
Condephaat – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico,
Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo.
Confaz – Conselho de Política Fazendária.
Confen – Conselho Federal de Entorpecentes.
Conseg – Conselho Comunitário de Segurança.
Contag – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura.
Contran – Conselho Nacional de Trânsito.
Copant – Comissão Pan-Americana de Normas Técnicas.
CPMF – Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira.
Cosipa – Companhia Siderúrgica Paulista.
CPFL – Companhia Paulista de Força e Luz.
CSLL – Contribuição sobre o Lucro Líquido das Empresas.
234
CUT – Central Única dos Trabalhadores.
DDAC – Departamento de Aviação Civil.
Decon – Departamento Estadual de Polícia do Consumidor.
Deic – Departamento Estadual de Investigações Criminais.
Dentel – Departamento Nacional de Telecomunicações.
DER – Departamento de Estradas de Rodagem.
Dersa – Desenvolvimento Rodoviário S/A.
Detran – Departamento Estadual de Trânsito.
Dieese – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos.
DNC – Departamento Nacional dos Combustíveis.
DNER – Departamento Nacional de Estradas de Rodagem.
DPA – Deutsche Presse Agentur. Agência de notícias originária da antiga
Alemanha Ocidental.
DPDC – Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor.
DSV – Departamento de Operações do Sistema Viário.
EEFE – Agência espanhola de notícias.
Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.
Embratel – Empresa Brasileira de Telecomunicações.
Embratur – Empresa Brasileira de Turismo.
ESG – Escola Superior de Guerra.
FFAO – Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação.
Food and Agriculture Organization.
235
FBI – Federal Bureau of Investigation. Agência norte-americana de
investigação.
Febem – Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor.
Felafacs – Federação Latino-Americana de Faculdades de Comunicação
Social.
Fenaban – Federação Nacional dos Bancos.
Fenabrave – Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores.
Fenacol – Federação Nacional dos Corretores de Seguro.
Fenatec – Feira Nacional de Tecelagem.
FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.
FGV – Fundação Getúlio Vargas.
Fiat – Fabbrica Italiana Automobili Torino. Empresa italiana de automóveis.
Fiba – Federação Internacional de Basquete Amador. Por seu uso
generalizado, pode-se aportuguesar.
Fiesp – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.
Fifa – Federação Internacional de Futebol Associado. Por seu uso
generalizado, pode-se aportuguesar.
Fipe – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.
Fisa – Federação Internacional de Automobilismo Esportivo. Fédération
Internacionale du Sport Automobile.
FMI – Fundo Monetário Internacional. Em inglês =a sigla é IMF:
International Monetary Fund. Por seu uso generalizado, pode-se
aportuguesar.
FPB – Federação Paulista de Basquete.
FPF – Federação Paulista de Futebol.
FPV – Federação Paulista de Vôlei.
G
236
GLS – Associação brasileira dos Gays, Lésbicas e Simpatizantes.
GM – General Motors Corporation. Companhia norte-americana de
automóveis.
Grendacc – Grupo em Defesa da Criança com Câncer.
HHQ – História em Quadrinhos.
IIbama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis.
IBF – Internacional Badminton Federation.
IBGE – Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
IBM – International Business Machines Corporation. Multinacional norte-
americana.
ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços.
Ibope – Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística.
IE – Imposto sobre Exportações.
IGPM – Índice Geral de Preços do Mercado.
II – Imposto sobre Importações
IML – Instituto Médico Legal.
Inpa – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
INSS – Instituto Nacional do Seguro Social.
INST – Instituto Nacional de Segurança de Trânsito.
Inca – Instituto Nacional do Câncer.
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da
Comunicação.
237
IOF – Imposto sobre Operações Financeiras.
IPC – Índice de Preços ao Consumidor.
IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados.
IR – Imposto de Renda.
IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo.
IRA – Irish Republican Army. Exército Republicano Irlandês.
ISS – Imposto sobre Serviços.
ITA – Instituto Tecnológico da Aeronáutica.
ITV – Independent Television. Rede britânica de televisão.
IVA – Imposto sobre Valor Agregado.
IVV – Imposto sobre Venda a Varejo.
JJAL – Japan Air Lines. Viação aérea japonesa.
Juca – Jogos Universitários de Comunicação e Arte.
LLamara – Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual.
Labjor – Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Universidade
de Campinas.
MMAC – Museu de Arte Contemporânea.
MAM – Museu de Arte Moderna.
Masp – Museu de Arte de São Paulo.
MG – Morris Garages. Fábrica britânica de automóveis.
Mercosul – Mercado do Cone Sul.
MIS – Museu da Imagem e do Som.
N
238
Nasa – National Aeronautics and Space Administration. Organismo norte-
americano que pesquisa o espaço.
NATC – North Atlantic Treaty Council. Conselho do Tratado do Atlântico
Norte.
NBA – National Basketball Association. Entidade norte-americana que
administra e organiza o basquete.
NBC – National Broadcasting Company. Rede norte-americana de rádio e
televisão.
NYT – The New York Times. Jornal norte-americano.
OOAB – Ordem dos Advogados do Brasil.
OEA – Organização dos Estados Americanos.
OIT – Organização Internacional do Trabalho. Organismo das Nações
Unidas.
OLP – Organização para a Libertação da Palestina.
OMS – Organização Mundial do Comércio.
OMS – Organização Mundial da Saúde. Organismo especializado das
Nações Unidas.
ONG – Organização não-governamental.
ONU – Organização das Nações Unidas.
Opep – Organização de Países Exportadores de Petróleo.
PPC do B – Partido Comunista do Brasil.
PCB – Partido Comunista Brasileiro.
PDC – Partido Democrata Cristão.
PDT – Partido Democrático Trabalhista.
239
PF – Polícia Federal.
PFL – Partido da Frente Liberal.
PIB – Produto Interno Bruto.
PL – Partido Liberal.
PM – Polícia Militar.
PMDB – Partido do Movimento Democrático Brasileiro.
PMN – Partido da Mobilização Nacional.
PNB – Produto Nacional Bruto.
PPB – Partido Progressista Brasileiro.
PRN – Partido da Reconstrução Nacional.
Procon – Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor.
Prona – Partido de Reedificação da Ordem Nacional.
PRS – Partido das Reformas Sociais.
PSC – Partido Social Cristão.
PSDB – Partido da Social Democracia Brasileira.
PST – Partido Social Trabalhista.
PT – Partido dos Trabalhadores.
PTB – Partido Trabalhista Brasileiro.
PTR – Partido Trabalhista Renovador.
PUC – Pontifícia Universidade Católica.
RRadiobrás – Empresa Brasileira de Comunicação.
RAI – Radio Audizioni Italia. Rede de rádio e televisão da Itália.
Reuters – Agência inglesa de notícias.
SS/A – Sociedade Anônima.
240
SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.
Sabesp – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo.
SBSH – Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana.
SBAT – Sociedade Brasileira de Autores Teatrais.
SBT – Sistema Brasileiro de Televisão.
Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas.
Senac – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial.
Senai – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Sida – Síndrome de Imunodeficiência Adquirida. Sigla utilizada em países
latinos.
Simca – Société Industrielle de Mécanique et de Carrosserie Automobile.
Fábrica francesa de automóveis.
SIP – Sociedade Interamericana de Prensa
SPC – Serviço de Proteção ao Crédito.
STF – Supremo Tribunal Federal.
STJ – Supremo Tribunal de Justiça.
Sucen – Superintendência de Controle de Endemias.
TTAP – Transportes Aéreos Portugueses.
TCE – Tribunal de Contas do Estado.
TCU – Tribunal de Contas da União.
Telebrás – Telecomunicações Brasileiras.
Telesp – Telecomunicações de São Paulo.
TFR – Tribunal Federal de Recursos.
TRF – Tribunal Regional Federal.
TRT – Tribunal Regional do Trabalho.
TST – Tribunal Superior do Trabalho.
241
TVE – Televisión Española.
TWA – Trans World Airlines. Companhia norte-americana de viação aérea.
UUbes – União Brasileira de Estudantes Secundaristas.
UDR – União Democrática Ruralista.
UEB – União dos Escoteiros do Brasil.
UEE – União Estadual dos Estudantes/SP.
UEFA – Union of European Football Associations. Entidade que cuida do
futebol europeu.
UNE – União Nacional dos Estudantes.
Unesco – United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization.
Organismo das Nações Unidas.
Unicef – United Nations International Children’s Emergency Fund. Fundo
Internacional das Nações Unidas para Ajuda à Infância.
Unamaz – Associação das Universidades Amazônicas.
Upes – União Paulista de Estudantes Secundaristas.
UPI – United Press International. Agência de notícias norte-americana.
URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Sigla da antiga União
Soviética.
USP – Universidade de São Paulo.
VVarig – Viação Aérea Rio Grandense.
Vasp – Viação Aérea São Paulo.
ZZAP – Zachodnia Agencja Prasowa. Agência de notícias da Polônia.
5.6 – Presidentes da República
242
O Brasil teve vários regimes de governo e presidentes das mais variadas
tendências políticas. Desde a implantação da República em 15 de novembro
de 1889, o Brasil passou por várias crises políticas que derrubaram
presidentes, tiveram governos “relâmpagos” e outros se suicidaram ou
morreram no poder. Mas o curioso é que Deodoro da Fonseca, militar fiel ao
Imperador D. Pedro II, foi chamado para liderar o movimento armado cujo
objetivo era por fim na Monarquia. E o povo, como acontece até hoje,
acreditou, mais uma vez, numa derrubada de Governo. A República
consolidou-se aos tropeços e em meio a golpes e eleições fraudulentas. Só
governos provisórios foram dois. O mais longo da história da República foi
o de Getúlio Vargas, 44 meses. Vargas, presidente provisório, presidente
constitucionalista, presidente do Estado Novo e presidente eleito pelo voto
direto, ficou indo e vindo ao palácio presidencial durante 18 anos. No Estado
Novo, ele governou por 105 meses. O Brasil teve ainda duas juntas, uma
militar e outra governativa que ficou dez anos no poder. A República teve 36
presidentes, três governaram mais de uma vez ou em regimes diferentes
(Deodoro da Fonseca, Vargas e Jango). Mas nem todos foram eleitos pelo
voto popular. A mais curta Presidência foi de Carlos Luz que governou de
09/11/1955 a 11/11/1955. A República teve também presidentes eleitos
indiretamente, pelo Colégio Eleitoral, – criado pelo Governo Militar. O
último, Tancredo Neves morreu antes de subir a rampa palaciana. Vale
registrar que João Belquior Marques Goulart foi vice de dois presidentes
eleitos por partidos diferentes. São fatos que ilustram a história republicana e
deixam o brasileiro à margem do processo político.
Deodoro da Fonseca (Governo Provisório) – de 15/11/1889 a 26/02/1891.
Manuel Deodoro da Fonseca (Alagoas, 05/08/1827 – Rio Janeiro/RJ,
23/08/1892). Militar de carreira, assumiu a liderança da tropa que
243
proclamou a República e assumindo a chefia do Governo Provisório. Vice-
presidente, Floriano Peixoto.
Deodoro da Fonseca (Governo Republicano) – de 26/02/1891 a
23/11/1891.
Floriano Peixoto – de 23/11/1891 a 15/11/1894. Floriano Vieira Peixoto
(Vila de Ipioca/AL, 30/04/1839 – Barra Mansa/RJ, 29/06/1895). Militar,
liderou oposição a Deodoro da Fonseca na dissolução do Congresso,
ocupando a Presidência após a renúncia de seu titular.
Prudente de Morais – de 15/11/1894 a 15/11/1898. Prudente José de
Morais e Barros (Itu/SP, 04/10/1841 – Piracicaba/SP, 03/12/1902).
Advogado, tornou-se o primeiro presidente eleito pelo voto popular. Vice-
presidente, Manuel Vitorino Pereira (Salvador/BA, 30/01/1853 – Rio de
Janeiro/RJ, 09/11/1902).
Campos Sales – de 15/11/1898 a 15/02/1902. Manuel Ferraz de Campos
Sales (Campinas/SP,13/02/1841 – Santos/SP, 28/06/1913). Bacharel em
Direito, foi ministro da Justiça do Governo Provisório. Vice-presidente,
Francisco de Assis Rosa e Silva (Recife/PE, 04/10/1856 – Rio de Janeiro/RJ,
01ª/07/1929.
Rodrigues Alves – de 15/11/1902 a 15/11/1906. Francisco de Paula
Rodrigues Alves (Guaratinguetá/SP, 07/07/1848 – Rio de Janeiro/RJ,
16/01/1919. Advogado, eleito, em 15/11/1918, para um novo mandato
presidencial, morreu antes de tomar posse. Vice-presidente, Francisco
Silviano de Almeida Brandão (Pouso Alegre/MG, 08/09/1848 – Belo
Horizonte/MG, 25/09/1902). Morreu antes de ser empossado. Para seu
lugar foi eleito Afonso Pena.
244
Afonso Pena – de 15/11/1906 a 14/06/1909. Afonso Augusto Moreira Pena (Santa
Bárbara/MG, 30/11/1847 – Rio de Janeiro/RJ, 14/06/1909). Bacharel em Direito,
morreu antes do término de seu mandato. Vice-presidente, Nilo Peçanha.
Nilo Peçanha – de 14/06/1909 a 15/11/1910. Nilo Procópio Peçanha
(Campos/RJ, 02/10/1867 – Rio de Janeiro/RJ, 31/03/1924). Advogado, foi
candidato derrotado à Presidência da República em 1921.
Hermes da Fonseca – de 15/11/1910 a 15/11/1914. Hermes Rodrigues da
Fonseca (São Gabriel/RS, 12/05/1855 – Petrópolis/RJ, 09/09/1923.
Sobrinho do marechal Deodoro da Fonseca, foi também militar. Vice-
presidente, Venceslau Brás.
Venceslau Brás – de 15/11/1914 a 15/11/1918. Venceslau Brás Pereira
Gomes (Brasópolis/MG, 26/02/1868 – Itajubá/MG, 15/05/1966). Foi
promotor público. Vice-presidente, Urbano Santos da Costa Araújo
(Guimarães/MA, 03/02/1859 – Rio de Janeiro/RJ, 07/05/1922).
Delfim Moreira – de 15/11/1918 a 28/07/1919. Delfim Moreira da Costa
Ribeiro (Cristina/MG, 07/11/1868 — Santa Rita do Sapucaí/MG,
01º/07/1920). Bacharel em Direito, elegeu-se vice-presidente na chapa de
Rodrigues Alves. Com a morte do presidente eleito, assumiu até a eleição de
Epitácio Pessoa.
Epitácio Pessoa – de 28/07/1919 a 15/11/1922. Epitácio da Silva Pessoa
(Umbuzeiro/PB, 23/05/1865 – Petrópolis/RJ, 02/02/1942). Formado em
Direito, elegeu-se presidente quando representava o Brasil na Conferência
de Paz de Versalhes, em 1919. Vice-presidente, Francisco Álvaro Bueno de
Paiva (Caldas/MG, 17/09/1861 – Rio de Janeiro/RJ, 04/08/1928).
Artur Bernardes – de 15/11/1922 a 15/11/1926. Artur da Silva Bernardes
(Viçosa/RJ, 98/08/1875 – Rio de Janeiro/RJ, 23/03/1955). Advogado,
participou da campanha pela criação da Petrobrás. Vice-presidente,
245
Epitácio de Albuquerque Coimbra (Barreira/PE, 1872 – Recife/PE,
09/11/1937.
Washington Luís – de 15/11/1926 a 24/10/1930. Washington Luís Pereira
de Souza. (Macaé/RJ, 26/10/1869 – São Paulo/SP, 04/08/1957). Bacharel
em Direito. Com a Revolução de 1930, renunciou e foi morar na Europa, só
retornando em 1947. Vice-presidente, Fernando de Melo Viana
(Sabará/MG, 15/03/1878 – Rio de Janeiro/RJ, 10/02/1954).
Junta Governativa (generais Mena Barreto e Tasso Fragoso) – de
24/10/1930 a 03/11/1930. Augusto Tasso Fragoso (São Luís/MA, 28/08/1859
– Rio de Janeiro/RJ, 20/09/1945). João de Deus Mena Barreto (Porto
Alegre/RS, 1874 – Rio de Janeiro/RJ, 25/03/1993).
Getúlio Vargas (Governo Provisório) – de 03/11/1930 a 20/07/1934.
Getúlio Dornelles Vargas (São Borja/RS, 19/04/1882 — Rio de Janeiro/RJ,
24/08/1954). Abandonou a carreira militar para concluir o curso de Direito.
Assumiu a Presidência no lugar de Washington Luís. Não teve vice-
presidente.
Getúlio Vargas (Período Constitucional) – de 20/07/1934 a 10/11/1937.
Getúlio Vargas (Estado Novo) – de 10/11/1937 a 29/10/1945. Na sua
terceira fase de governo, Getúlio Vargas foi deposto.
José Linhares – de 29/10/1945 a 31/01/1946. José Linhares (Baturite/CE,
28/01/1886 – Caxambu/MG, 26/10/1957). Advogado, ficou na Presidência
da República até a eleição de Gaspar Dutra.
Eurico Gaspar Dutra – de 31/01/1946 a 31/01/1951. Eurico Gaspar Dutra
(Cuiabá/MT, 18/05/1889 – Rio de Janeiro/RJ, 10/06/1974). Militar, foi
eleito pelo Partido Social Democrático (PSD). Vice-presidente, Nereu
Ramos (Lages/SC, 03/09/1888 — Curitiba/PR, 16/06/1958).
246
Getúlio Vargas – de 31/01/1951 a 24/08/1954. Eleito pelo voto popular,
suicidou-se em 24/08/1954. Foi o fim da era Vargas que começou no final
da década de 20.
João Café Filho – de 24/08/1954 a 09/11/1955. João Café Filho
(Nata/RN, 03/02/1899 – Rio de Janeiro/RJ, 20/02/1970). Advogado e
jornalista, foi vice de Vargas, mas não terminou seu mandato.
Carlos Luz – de 09/11/1955 a 11/11/1955. Carlos Coimbra da Luz (Três
Corações/MG, 04/08/1894 – Rio de Janeiro/RJ, 09/02/1961. Promotor
Público, assumiu interinamente a Presidência por ocasião da doenca de
Café Filho.
Nereu Ramos – de 11/11/1955 a 31/01/1956. (Lages/SC, 03/09/1888 –
Curitiba/PR, 16/06/1958). Advogado, assumiu a Presidência com a
deposição de Carlos Luz.
Juscelino Kubitscheck – de 31/01/1956 a 31/01/1961. Juscelino
Kubitschek (Diamantina/MG, 12/09/1902 – Resende/RJ, 22/08/1976). Foi
médico da Polícia Militar de Minas Gerais. Durante seu governo construiu
cinco usinas hidrelétricas e a abertura de três mil quilômetros de rodovias.
Foi cassado em 1964. Morreu em um acidente de carro. Vice-presidente,
João Goulart.
Jânio Quadros – 31/01/1961 a 25/08/1961. Jânio da Silva Quadros
(Campo Grande/MS, 25/01/1917 – São Paulo/SP, 1992). Advogado e
professor, renunciou sete meses depois de assumir a Presidência. Em 1964,
teve seus direitos políticos suspensos por dez anos.
Ranieri Mazzilli – de 25/08/1961 a 08/09/1961. Pascoal Ranieri Mazzilli
(Caconde/SP, 27/04/1910 – São Paulo/SP, 21/04/1975). Advogado. Ocupou
a Presidência várias vezes: Juscelino (viagem), Jânio Quadros (renúncia) e
João Goulart (viagens aos EUA e Vaticano, e deposição).
247
João Goulart (Jango) (parlamentarismo) – de 08/09/1961 a 24/01/1963
(Tancredo Neves foi o primeiro-ministro). João Belchior Marques Goulart
(São Borja/RS, 01º/03/1918 – Mercedes/Argentina, 06/12/1976). Advogado.
Foi duas vezes vice-presidente. Foi deposto pelo Golpe Militar de 1964.
João Goulart (presidencialismo) – de 24/01/1963 a 01º/04/1964.
Ranieri Mazzilli – de 02/04/1964 a 15/04/1964. Assume mais uma vez a
Presidência e marca eleição indireta para 11/04/1964.
Castelo Branco (general) – de 15/04/1964 a 15/03/1967. Humberto de
Alencar Castelo Branco (Maceja/CE, 29/01/1900 – Mondubim/CE,
18/07/1967). General, assume a Presidência via indireta. Dá início ao
regime militar. Vice: José Maria Alkmim.
Costa e Silva (general) – 15/04/1967 a 31/08/1969. Arthur da Costa e
Silva (Taquari/RS, 03/10/1902 – Rio de Janeiro/RJ, 17/12/1969). Afasta-se
da Presidência por ter sofrido uma trambose, sendo substituído por uma
junta militar. Morre no mesmo dia que vai ao ar a primeira edição do
Jornal Nacional da TV Globo. Vice-presidente, Pedro Aleixo.
Junta Militar (almirante Augusto Rademaker, general Lyra Tavares e brigadeiro
Márcio de Souza e Mello) – de 31/08/1969 a 30/10/1969. Augusto Hamann Rademaker
Grüewald (Rio de Janeiro/RJ, 11/05/1905 – Rio de Janeiro/RJ, 13/09/1985); Aurélio
Lyra Tavares (João Pessoa/PB, 07/11/1905) e Márcio de Souza e Melo
(Florinópolis/SC, 26/05/1906).
Emílio Garrastazu Médici (general) – de 30/10/1969 a 15/03/1974. Emílio
Garrastazu Médici (Bagé/RS, 04/12/1905 – Rio de Janeiro/RJ, 09/10/1985).
Foi o terceiro presidente indicado e aprovado pelo Congresso. Vice-
presidente, Augusto Hamann Rademaker Grünewald.
Ernesto Geisel (general) – de 15/03/1974 a 15/03/1979. Ernesto Geisel
(Bento Gonçalves/RS, 03/08/1908 – Rio de Janeiro/1996). Revogou o Ato
248
Inconstitucional nº5, mas antes, em março de 1977, fechou provisoriamente
o Congresso. Vice-presidente, João Pereira dos Santos (Taquara/RS,
11/04/1905 — Rio de Janeiro/RJ, 02/04/1984).
João Figueiredo (general) – de 15/03/1979 a 15/03/1985. João Baptista
Figueiredo (Rio de Janeiro/RJ, 15/01/1918). Foi no seu governo que a
oposição mobilizou a população em torno de grandes objetivos
democráticos, entre eles, a campanha pelas direta-já. Vice: Antônio
Aureliano Chaves de Mendonça.
Tancredo Neves – 15/03/1985 (na véspera da posse ficou doente e morreu
em 21/04/1985). Tancredo de Almeida Neves (São João Del Rey/MG,
04/03/1910 – São Paulo/SP, 21/04/1985). Foi o primeiro presidente civil
eleito pelo Colégio Eleitoral, mas morreu antes de ser empossado.
José Sarney (vice de Tancredo Neves) – de 15/03/1985 a15/03/1990. Até
a morte de Tancredo, estava provisoriamente na Presidência da República.
José Ribamar Ferreira de Araújo Costa (Pinheiro/MA, 24/04/1930). É
advogado, jornalista, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras.
Em seu governo foi elaborada a 7ª constituição, sob o comando do deputado
Ulysses Guimarães.
Fernando Collor – de 15/03/1990 a 29/12/1992. Fernando Affonso Collor
de Mello (Rio de Janeiro/RJ, 12/08/1949). Foi o primeiro presidente civil
eleito pelo voto popular após o regime militar. Antes de ter seus direitos
políticos suspensos por oito anos, já vencidos, Collor foi afastado
temporariamente da Presidência da República, em setembro de 1992.
Itamar Franco (vice de Collor) – de 29/12/1992 a 01º/01/1995. Itamar
Augusto Franco Cantiero Franco (Salvador/BA, 28/07/1931). Vice de Collor
assume a Presidência. O principal destaque de seu governo foi a
implantação do Plano Real. Elegeu seu sucessor.
249
Fernando Henrique Cardoso – de 01º/01/1995 a 01º/01/1999. (Rio de
Janeiro, 1931) O destaque de seu governo foi a estabilização da economia e
a campanha para reeleição. Cinco meses antes da eleição presidencial
perde o amigo Sérgio Motta (19/04/1998) e um forte aliado Luís Eduardo
Magalhães (21/04/1998), filho do senador pefelista Antonio Carlos
Magalhães.
Fernando Henrique Cardoso – de 01º/01/1999 a 01º/01/01º/2003. Logo
após a vitória que garantiu o segundo e último mandato de presidente da
República, fato inédito na política brasileira, o carioca FHC enfrenta a
primeira e grande crise de seu governo: a desvalorização do Real, moeda
criada por ele quando era ministro da Fazenda do então presidente Itamar
Franco. Faz acordo com FMI e banqueiros internacionais para não
desestabilizar seu governo.
5.7 – Estados, capitais e regiões
O Brasil é uma república federativa, composta por 26 estados e o Distrito
Federal. Quinto maior país do mundo com uma área de 8.547.403,5 km2. Faz
divisa com Argentina, Bolívia, Colômbia, Guiana, Guiana Francesa,
Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela. O maior estado é o
Amazonas com 1.577.820,2 km2. O menor é o Sergipe com 22.050.4 km2.
Estado Capital Região
Acre (AC) Rio Branco Norte
Alagoas (AL) Maceió Nordeste
Amapá (AP) Macapá Norte
Amazonas (AM) Manaus Norte
Bahia (BA) Salvador Nordeste
250
Ceará (CE) Fortaleza Nordeste
Distrito Federal (DF) Brasília Centro-Oeste
Espírito Santo (ES) Vitória Sudeste
Goiás (GO) Goiânia Centro-Oeste
Maranhão (MA) São Luís Nordeste
Mato Grosso (MT) Cuiabá Centro-Oeste
Mato Grosso do Sul(MS) Campo Grande Centro-Oeste
Minas Gerais (MG) Belo Horizonte Sudeste
Pará (PA) Belém Norte
Paraíba (PB) João Pessoa Nordeste
Paraná (PR) Curitiba Sul
Pernambuco (PE) Recife Nordeste
Rio de Janeiro (RJ) Rio de Janeiro Sudeste
Rio Grande do Norte(RN) Natal Nordeste
Rio Grande do Sul (RS) Porto Alegre Sul
Rondônia (RO) Porto Velho Norte
Roraima (RR) Boa Vista Norte
Santa Catarina (SC) Florianópolis Sul
São Paulo (SP) São Paulo Sudeste
Sergipe (SE) Aracaju Nordeste
Tocantins (TO) Palmas Norte
5.8 – Países, capitais e continentes
São nos momentos de conflitos políticos, de guerras religiosas ou combate
ao terrorismo que países, raças, regiões, povos aparecem na mídia em grande
estilo. A derrubada do Muro de Berlim, o fim das Repúblicas Socialistas, a
divisão de países por etnias ou a independência de pequenas repúblicas
251
reviraram o quadro geopolítico que estava estável até 1989. E foi com a
intenção de auxiliar o aluno que esse tópico foi incluído no Manual.
País Capital
África
Açores Ponta Delgada
África do Sul Pretória, capital
administrativa; Cidade do Cabo, legislativa;
Bloemfontein, judiciária.
Angola Luanda
Argélia Argel
Benin Porto Novo
Botsuana Gaborone
Burkina Uagadugu
Burandi Bujumbura
Cabo Verde Praia
Camarões Iaundê
Chade Ndjamena
Comores Moroni
Congo Brassaville
Costa do Marfim Abidjã
Djibouti Djibuti
Egito Cairo
Etiópia Adis Abeba
Gabão Libreville
Gâmbia Banjul
Gana Acra
252
Guiné Conacri
Guinee-Bissau Bissau
Guiné Equatorial Malabo
Ilhas Canárias Las Palmas
Lesoto Maseru
Libéria Monróvia
Líbia Trípoli
Madagascar Antananarivo
Madeira Funchal
Malavi Lilongwe
Mali Bamako
Marrocos Rabat
Maurício Port Louis
Mauritânia Muakchott
Mayotte Dzaydzi
Moçambique Maputo
Namíbia Windhoek
Níger Niamey
Nigéria Lagos
Quênia Nairóbi
República Centro-Africana Bangüi
Reunião Saint-Denis
Ruanda Kigali
Santa Helena Jamestown
São Tomé e Príncipe São Tomé
Senegal Dacar
Serra Leoa Freetown
253
Seychelles Vitória
Socotra Tamridah
Somália Mogadíscio
Suazilândia Mbabane
Sudão Cartum
Tanzânia Dodona
Togo Lomé
Tunísia Túnis
Uganda Campala
Zaire Kinshasa
Zâmbia Lusaka
Zimbábue Harare
América Central
Anguilla The Valley
Antígua e Barbuda St. John's
Bahamas Nassau
Barbados Bridgetown
Belize Belmopán
Bermuda Hamilton
Costa Rica San José
Cuba Havana
Dominica Roseau
El Salvador San Salvador
Granada Saint George's
Guadalupe Basse-Terre
Guatemala Guatemala
Haiti Port-au-Prince
254
Honduras Tegucigalpa
Ilhas Cayman George Town
Ilhas Turcks e Caicos Cockburn Town
Ilhas Virgens Americanas Chalortte Amalie
Ilhas Virgens Britânicas Road Town
Jamaica Kingston
Martinica Fort-de-France
México Cidade do México
Montserrat Plymouth
Nicarágua Manágua
Panamá Panamá
Porto Rico San Juan
República Dominicana São Domingos
Santa Lúcia Castries
São Cristóvão e Névis Basseterre
São Vicente e Granadinas Kingstown
América do Norte
Canadá Ottawa
Estados Unidos da América Washington
Groenlândia Godthab
América do Sul
Antilhas Holandesas Willemstad
Argentina Buenos Aires
Aruba Oranjestad
Bolívia La Paz é a capital
administrativa e sede do
governo.
255
Sucre é a capital legal e sede do Judiciário.
Bonaire Kralendijk
Brasil Brasília
Chile Santiago
Colômbia Bogotá
Equador Quito
Guiana Georgetown
Guiana Francesa Caiena
Ilhas Falkland (Malvinas) Port Stanley
Ilhas Galápagos Puerto Baquerizo
Paraguai Assunção
Peru Lima
Suriname Paramaribo
Trinidad e Tobago Port of Spain
Uruguai Montevidéu
Venezuela Caracas
Ásia
Bangladesh Dacca
Belarus Minsk
Brunei Bandar Seri Begawan
Butão Timfu
Camboja Phnom Penh
China Pequim
Cingapura Cingapura
Coréia do Norte Piongiang
Coréia do Sul Seul
Filipinas Manila
256
Hong Kong Vitória
Índia Nova Délhi
Indonésia Jacarta
Japão Tóquio
Laos Vientiane
Macau Macau
Malásia Kuala Lumpur
Moldova Kichinev
Mongólia Ulan Bator
Myanma Yongon
Nepal Kathmandu
Siri Lanka Colombo
Tailândia Bancoc
Taiwan Taipé
Timor Dili
Vietnã Hanói
Europa
Albânia Tirana
Alemanha Berlim
Andorra Andorra
Áustria Viena
Bélgica Bruxelas
Bósnia-Erzegóvina Sarajeico
Bulgária Sófia
Córsega Ajaccio
Creta Iraklion
Croácia Zagreb
257
Dinamarca Copenhague
Eslováquia Bratislava
Eslovênia Liubliana
Espanha Madri
Faeroés Torshavn
Finlândia Helsinki
França Paris
Grécia Atenas
Guernsey St. Peter Port
Holanda Amsterdã
Hungria Budapeste
Ilha de Man Douglas
Ilhas Baleares Palma de Mallorca
Ilhas Faroë Thorshavn
Irlanda (Eire) Dublin
Islândia Reikjavik
Itália Roma
Iugoslávia Belgrado
Jersey (Ilha do Canal) St. Helier
Liechtenstein Vaduz
Luxemburgo Luxemburgo
Malta Valleta
Mônoco Mônoco-Ville
Noruega Oslo
Polônia Varsóvia
Portugal Lisboa
Reino Unido da Grã-Bretanha
258
e da Irlanda do Norte Londres
(Escócia, País de Gales e
Inglaterra forma a Grã-Bretanha)
República Tcheca Praga
Romênia Bucareste
San Marino San Marino
Sardenha Cagliari
Suécia Estocolmo
Suíça Berna
Vaticano Vaticano
Eurasia
Armênia Ierevan
Azerbaijão Baku
Cazaquistão Alma-Ata
Estônia Tallin
Geórgia Tbilissi
Letônia Riga
Lituânia Vilna
Quirguistão Bichkek
Rússia Moscou
Tadjiquistão Duchambe
Turcomenistão Achkhabad
Ucrânia Kiev
Uzbequistão Tachkent
Oceania
Austrália Camberra
259
Fuji Suva
Guam Agana
Ilha Norfolk Kingston
Ilha Pitacairn Admstown
Ilhas Christmas Fluing Fish Cove
Ilhas Cocos Rarotonga
Ilhas Marianas do Norte Garapan
Ilhas Marshall Majuro
Ilhas Salomão Honiara
Ilhas Wallis e Futuma Mata Utu
Kiribati Bairiki
Nauru Yaren
Niue Alofi
Nova Caledônia Noumea
Nova Zelândia Wellington
Papua-Nova Guiné Port Moresby
Polinésia Francesa Papeete
República de Belau Koror
Samoa Americana Pago Pago
Somoa Ocidental Ápia
Tonga Nukualofa
Tuvalu Funafuti
Vanuatu Port Vila
Oriente Médio
Afeganistão Cabul
Arábia Saudita Riad, real; Jidá,
260
administrativa
Chipre Nicósia
Emirados Árabes Unidos Abu Dhabi
Iêmen Sanaa
Irã Teerã
Iraque Bagdá
Israel Jerusalém
Jordânia Amã
Kuait Al Kuait
Líbano Beirute
Omã Mascate
Paquistão Islamabad
Qatar Doha
Síria Damasco
Turquia Ancara
5.9 – Notas e referências bibliográficas
1 – MELO, José Marques de e SILVA, Carlos Eduardo Lins da. In: Sinal de
mais: a revisão e os manuais como supervisores do texto jornalístico.
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Mônica Manir Miguel.
ECA/USP, 1990.
2 – RAMOS, José Nabantino. Jornalismo – dicionário enciclopédico. São
Paulo, Ibrasa, 1970.
3 – RAMOS, José Nabantino. Jornalismo – dicionário enciclopédico. São
Paulo, Ibrasa, 1970.
4 – MELO, José Marques de. (org.) Normas de redação de cinco jornais
brasileiros. São Paulo, Com-Arte/ECA/USP, 1974.
261
5 – FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua
Portuguesa. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1985.
6 – MEIHY, José Carlos Sebe Bom. Manual de História Oral. São Paulo,
Loyola, 2000.
7 – EL PAIS. Libro de Estilo. Madrid, Ediciones Siruela, 1996.
8 – EL PAIS. Libro de Estilo. Madrid, Ediciones Siruela, 1996.
9 – A TRIBUNA. Manual da Redação. Santos, Jornal e Editora, 1990.
10 – ZERO HORA. Manual de Ética, Redação e Estilo. Porto Alegre,
L&PM, 1994.
11 – MARANHÃO, Carlos. Manual de Estilo da Editora Abril: como
escrever bem para nossas revistas. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1990.
12 – GARCIA, Luiz. O Globo: Manual de Redação e Estilo. São Paulo,
Editora Globo, 1992.
13 – JORNAL DO BRASIL. Normas de redação. Rio de Janeiro, 1988.
14 – PÚBLICO. Livro de Estilo. Lisboa, Printer Portuguesa, 1998.
15 – FOLHA DE S. PAULO. Novo Manual da Redação. São Paulo, Folha
da Manhã, 1992.
16 – MARTINS, Eduardo.Manual de Redação e Estilo de O Estado de S.
Paulo. São Paulo, 1997.
262
6
O olhar do professor
No momento em que escolas e alunos discutem a reforma curricular,
tendo como parâmetro as Diretrizes Curriculares Nacionais e a Lei de
Diretrizes e Bases, o questionamento da qualidade do ensino também veio à
público. Se de um lado há queixas contra projetos pedagógicos dos cursos de
Jornalismo, há também a cobrança por uma mão-de-obra qualificada e mais
preparada para o exercício profissional. Para avaliar este quadro e projetar o
curso de jornal-laboratório que mais se adeque ao conceito do fazer
263
jornalístico, professores de dez escolas, baseados em sua experiência
acadêmica, responderam questões fundamentais que contribuiram para a
minha proposta.
O roteiro com 15 perguntas, enviado aos professores, levantava os
seguintes aspectos: cronograma de atividades, carga horária, linha editorial
do jornal-laboratório, distribuição, métodos adotados para motivar o aluno,
importância do jornal-laboratório na formação do aluno, como são
escolhidas as editorias, a teoria contribui no fazer jornalístico, o aluno deve
contextualizar ou apenas relatar o fato etc.
Nove professores de jornal-laboratório participaram da pesquisa, quatro de
escolas particulares, duas de escolas públicas (federal) e três de escolas
confessionais. Onze professores não responderam.
Nome do professor: Deodoro José Moreira
Universidade ou faculdade: Unilago/Rio Preto
Nome do jornal-laboratório: Expressão Livre
Tamanho do jornal: tablóide
Tiragem: 2 mil exemplares
Periodicidade: mensal
Pergunta: O jornal-laboratório é fundamental no processo ensino-
aprendizagem? Explique.
Resposta: Sim, pois com esse instrumento o aluno tem a possibilidade de
sentir como funciona a redação de um jornal verdadeiro, o que o deixará
preparado para enfrentar o mercado de trabalho.
Pergunta: O jornal-laboratório conscientiza o aluno para o exercício
profissional?
264
Resposta: Sim.
Pergunta: Adotou algum método e técnica própria para motivar o aluno?
Resposta: Como trabalhava em jornal diário, utilizei meus conhecimentos
adquiridos ao longo da carreira de jornalista e os incorporei.
Pergunta: Quantos horas/aulas semanais tem para orientar o aluno? É pouco
ou ideal?
Resposta: Duas horas. É muito pouco, o ideal seriam seis horas.
Pergunta: O conceito de fazer jornalismo com critério ético é colocado em
prática pelo aluno que produz o jornal-laboratório?
Resposta: Sim, inteiramente.
Pergunta: O aluno se sente motivado na produção e difusão do jornal-
laboratório mesmo sabendo que a realidade do mercado é outra? Ou seja, o
ritmo de trabalho, as cobranças (comercial, patrão), o estilo, o imediatismo
no redigir são diferentes do jornal-laboratório.
Resposta: Como expliquei anteriormente, a maioria não. No entanto, estou
constantemente procurando aperfeiçoar o sistema para que uma motivação
completa.
Pergunta: O aluno tem conhecimento sobre a função do jornal-laboratório
na vida acadêmica?
Resposta: Sim.
Pergunta: Quais são as principais barreiras que você encontra na produção e
difusão do jornal-laboratório?
Resposta: A principal delas é a motivação, fato que provoca atrasos
constantes nas edições.
Pergunta: Você considera o jornal-laboratório importante na formação do
aluno?
Resposta: Sim.
265
Pergunta: Elabora anualmente o cronograma de atividades? Exemplo, dia de
reunião de pauta, fechamento etc? Por que e como?
Resposta: Sim. Todo o cronograma é definido antes do início das aulas. Isso
é de suma importância para o andamento da produção e para que o aluno se
programe em função das outras disciplinas.
Pergunta: Como são escolhidas as editorias?
Resposta: Quem define são os alunos. Isso acontece no segundo ano, pois o
jornal-laboratório é produzido pelo terceiro ano.
Pergunta: Quem define a linha editorial do jornal-laboratório?
Resposta: Os alunos, supervisionados pelo professor.
Pergunta: A teoria contribui no fazer jornalístico? De que forma?
Resposta: Sim. Permite que o aluno saiba o porquê de sua linha de trabalho.
Pergunta: O aluno deve contextualizar os textos jornalísticos laboratoriais
ou simplesmente relatar o fato? Por que?
Resposta: Deve contextualizar, pois relatar fatos ele fará no dia-a-dia de
uma redação. Já o jornal-laboratório é um espaço para experimentos,
necessário para uma completa formação.
Pergunta: A distribuição do jornal-laboratório deve se restringir ao universo
acadêmico ou não? Explique.
Resposta: Não, pois outras pessoas ou instituições devem conhecer o
trabalho dos alunos.
Nome do professor: Elias Machado Gonçalves
Universidade ou escola: Faculdade de Comunicação/Universidade Federal
da Bahia
Nome do jornal-laboratório: Jornal-Laboratório
266
Tamanho: Standard
Tiragem: 5 mil exemplares
Periodicidade: Mensal
Pergunta: O jornal-laboratório é fundamental no processo ensino-
aprendizagem? Explique.
Resposta: Indispensável. Como se pode formar um jornalista sem que tenha
contato com uma das modalidades da prática profissional. Como profissional
com larga experiência no mercado tenho plena certeza de que sem um bom
jornal-laboratório um curso não tem condições de funcionar ou oferecer uma
formação adequada aos alunos. O ambiente da redação do jornal permite a
oportunidade de reflexão sobre as especifidades da prática, além de acabar
com o mito de que se necessita de estágio para aprender jornalismo. Um
bom jornal-laboratório pode imprimir um ritmo de trabalho e a utilização de
critérios muito mais rígidos que a maioria das redações no mercado.
Pergunta: O jornal-laboratório conscientiza o aluno para o exercício
profissional?
Resposta: Sem dúvida. Se tem a pretensão de formar profissionais, a
reflexão sobre a natureza da profissão, as particularidades da prática e os
pré-requisitos para o seu exercício são elementos básicos. A diferença entre
alguém que atua no mercado sem uma formação prévia em Jornalismo e um
aluno de um curso de Jornalismo consiste em que o primeiro opera com
técnicas especializadas de forma automática, sem qualquer reflexão sobre as
suas funções enquanto que o segundo pode inclusive aperfeiçoar de forma
constante a sua prática porque reúne condições para analisar de forma crítica
os resultados de seu trabalho.
267
Pergunta: Quantos horas/aulas semanais tem para orientar os alunos? É
pouco ou suficiente?
Resposta: Na grade curricular tenho 8 horas semanais para a oficina de
impresso mas o curso funciona em tempo integral. Como professor em
dedicação exclusiva permaneço durante toda a semana – manhã e tarde –
com os alunos. A redação do jornal funciona como uma redação de jornal
todos os dias da semana, cabendo ao aluno adaptar a sua grade de horários.
O tempo me parece mais do que suficiente para a edição de um jornal
mensal em formato standard de 8 páginas.
Pergunta: Adotou algum método e técnica própria para motivar o aluno?
Resposta: O método utilizado consiste na elaboração de todas as etapas do
jornal – pauta, reportagem, edição, editoração eletrônica e circulação - pelos
alunos, com a supervisão do professor. Parto do pressuposto que em um
curso de Jornalismo se aprende fazendo, entrando em contato com as
dificuldades da prática em suas diversas etapas. Em cada um dos momentos
do percurso aproveito para discutir os conceitos elementares com os alunos,
da pauta à edição, das particularidades dos gêneros à definição de conceitos
como objetividade ou editorial.
Pergunta: O conceito de fazer jornalismo com critério ético é colocado em
prática pelo aluno que produz o jornal-laboratório?
Resposta: Com certeza. O curso trabalha o referencial conceitual como
instância que perpassa todas as etapas do processo de produção. O título
oficina pretende justo sintetizar o espaço do jornal-laboratório como um
espaço aberto para a criação, para a reflexão crítica. Para superar a disciplina
o aluno tem que produzir no final do semestre um ensaio em que elabora (de
livre escolha) uma reflexão sobre qualquer uma das etapas do processo de
produção no jornalismo.
268
Pergunta: O aluno se sente motivado na produção e difusão do jornal-
laboratório mesmo sabendo que a realidade do mercado é outra?
Resposta: Na experiência que tenho como professor universitário ao longo
de 11 anos tenho convicção que o aluno sempre que percebe que tem algo a
aprender participa de todas as atividades propostas. No jornal-laboratório,
por exemplo, em algumas oportunidades ficamos na redação até a meia noite
para fechar uma edição. Quando entramos na etapa final ninguém vai para
casa antes de fechar o jornal. Discordo que as cobranças são menores do que
no mercado. Como jornalista profissional procuro inclusive cobrar de meus
alunos muito mais do que a média das redações. Os resultados são
compensadores. O índice de desistência fica abaixo de 10% e o de
reprovação abaixo de 5%. O aproveitamento dos ex-alunos em redações de
jornais e revistas na Bahia e em outros estados atesta a qualidade nossos
profissionais. Nosso curso de Jornalismo recebeu quatro estrelas no Guia
Abril e conceito Muito Bom em projeto pedagógico e corpo docente nas
condições de oferta e avaliação do Mec.
Pergunta: O aluno tem conhecimento sobre a função do jornal-laboratório
na vida acadêmica?
Resposta: Sem dúvida. Na primeira aula apresento o programa da disciplina,
processo de avaliação. Faço um histórico do jornal, suas funções no
processo de formação, diferenças em relação ao jornalismo praticado no
mercado.
Pergunta: Quais são as principais barreiras que você encontra na produção e
difusão do jornal-laboratório?
Resposta: As principais dificuldades são de ordem material. Falta ainda uma
institucionalização do jornal na escola. A faculdade estava em obras. Desde
que assumi funcionávamos em uma redação improvisada e sem uma devida
269
articulação entre as disciplinas afins como fotografia, planejamento gráfico
ou teorias do jornalismo. Temos a perspectiva de uma regularização do
quadro. Temos a forte dependência de recursos da reitoria o que, muitas
vezes, atrasa o processo de impressão e circulação jornal. A escola pretende
profissionalizar o jornal, inclusive com a inserção permanente de
publicidade.
Pergunta: Você considera o jornal-laboratório importante na formação do
aluno?
Resposta: Sim. Nenhuma dúvida.
Pergunta: Elabora anualmente o cronograma de atividades? Exemplo, dia de
reunião de pauta, fechamento etc? Por que e como?
Resposta: Cronograma anual impossível porque trabalho com planejamento
semestral. Para cada semestre tenho um planejamento do período para cada
uma das edições do jornal. Trabalho com o planejamento prévio de 4 edições
por semestre, com um período de 30 dias para cada uma, dividindo as etapas
neste intervalo de tempo. O planejamento permite um domínio do tempo de
produção e uma iniciação dos alunos no clima de fechamento de um jornal
real. Os prazos são rígidos e, caso descumpridos, aquele número sai de
produção e se começa o próximo. E um condicionante fundamental para
adequar o aluno ao ritmo real de trabalho.
Pergunta: Como são escolhidas as editorias?
Resposta: O jornal tem como público alvo a comunidade da Universidade
Federal da Bahia – 20 mil pessoas – e as escolas de comunicação de
Salvador e do país. A publicação trata da Ufba como objeto. As editorias são
fixas. Editorial, Extensão, Campus, Reportagem e Entrevista. As editorias
são escolhidas pelo Conselho Editorial do jornal.
Pergunta: Quem define a linha editorial do jornal-laboratório?
270
Resposta: O Conselho editorial traça as linhas gerais. A aplicação cabe aos
alunos em conjunto com o professor da disciplina. O jornal pretende fazer
jornalismo. Desde que tenha em conta os critérios técnicos toda matéria
entra. Temos a comunidade da Ufba como objeto porque permite inclusive
tensionar os diversos setores da universidade e a própria Reitoria,
demonstrando para o estudante as relações de poder dentro da instituição. O
jornal tem total liberdade editorial. A maioria das manchetes são críticas aos
diversos setores da universidade. Fazemos jornalismo. Nada a ver com
assessoria de imprensa.
Pergunta: A teoria contribui no fazer jornalístico? De que forma?
Resposta: Sem teoria não existe prática criativa porque falta uma reflexão
sobre o estado atual da arte. A melhor maneira da teoria servir para o
processo de aprendizagem consiste em acabar com o mito da formação pelo
mercado. A maioria dos meus alunos verifica ao final do curso que muitas
das matérias publicadas pela grande imprensa teria dificuldades de entrar no
jornal-laboratório porque estão mal feitas. O aluno aprende que somente terá
lugar no mercado quando tem condições de contribuir para melhorar o
jornalismo atual. Quem não tem poder de inovação fica de fora.
Pergunta: O aluno deve contextualizar os textos jornalísticos laboratoriais
ou simplesmente relatar o fato? Por que?
Resposta: Como simplesmente relatar o fato? Todo texto jornalístico
pressupõe a colocação de um contexto. E um equívoco pensar que a noticia
dispensa a contextualização dos fatos. Dependendo do gênero o que muda
são as formas em que se coloca o fato em contexto: a notícia trata do fato, a
reportagem do tema, o editorial comenta... Na disciplina o aluno aprende a
evitar o uso ingênuo de diferenciações de larga tradição no pragmatismo das
271
redações como as propostas acima, pré-requisito básico para o exercício do
jornalismo.
Pergunta: A distribuição do jornal-laboratório deve se restringir ao universo
acadêmico ou não? Explique.
Resposta: Depende do tipo de publicação. No nosso caso sim. Devido a
natureza do jornal. Tem interesse para o público das universidades.
Nome do professor: Rosângela Marçolla
Universidade ou escola: Faculdades Integradas Alcântara Machado
Nome do jornal-laboratório: Jornal da FIAM - Digital
Tamanho: Digital e A4 (versão impressa)
Tiragem: 2.500
Periodicidade: Semanal e quinzenal, respectivamente
Pergunta: O jornal-laboratório é fundamental no processo ensino-
aprendizagem? Explique.
Resposta: Sim, pois é na faculdade que os futuros jornalistas têm o primeiro
contato com as reuniões de pauta, apurar as fontes e trabalhar a edição dos
textos.
Pergunta: O jornal-laboratório conscientiza o aluno para o exercício
profissional?
Resposta: Deveria.
Pergunta: Quantos horas/aulas semanais tem para orientar os alunos? É
pouco ou suficiente?
Resposta: Faço durante as aulas e não é suficiente, já que a pauta fica
prejudicada.
Pergunta: Adotou algum método e técnica própria para motivar o aluno?
272
Resposta: Fazê-los se sentir que são parte da história.
Pergunta: O conceito de fazer jornalismo com critério ético é colocado em
prática pelo aluno que produz o jornal-laboratório?
Resposta: Como disse anteriormente, quando o jornal fala do dia-a-dia do
aluno, eles apresentam dificuldades em escrever textos informativos e
sempre lançam opiniões tendenciosas.
Pergunta: O aluno se sente motivado na produção e difusão do jornal-
laboratório mesmo sabendo que a realidade do mercado é outra?
Resposta: Infelizmente os que ainda não atuam no mercado tendem a
reclamar muito dizendo que é muito texto (!!!) como se no mercado não
tivessem que escrever mais de uma matéria por dia.
Pergunta: O aluno tem conhecimento sobre a função do jornal-laboratório
na vida acadêmica?
Resposta: Acredito que sim.
Pergunta: Quais são as principais barreiras que você encontra na produção e
difusão do jornal-laboratório?
Resposta: Respeito às datas, "inventam" fontes, colam da Internet...
Pergunta: Você considera o jornal-laboratório importante na formação do
aluno?
Resposta: Sim.
Pergunta: Elabora anualmente o cronograma de atividades? Exemplo, dia de
reunião de pauta, fechamento etc? Por que e como?
Resposta: Elaboro no início do semestre levando em consideração feriados,
atividades em sala etc.
Pergunta: Como são escolhidas as editorias?
Resposta: Não existe espaço determinado.
Pergunta: Quem define a linha editorial do jornal-laboratório?
273
Resposta: O professor.
Pergunta: A teoria contribui no fazer jornalístico? De que forma?
Resposta: A teoria é muito importante porque vem da prática.
Pergunta: O aluno deve contextualizar os textos jornalísticos laboratoriais
ou simplesmente relatar o fato? Por que?
Resposta: Depende da linha editorial, do espaço mas se relatarem de forma
precisa já é um grande passo.
Pergunta: A distribuição do jornal-laboratório deve se restringir ao universo
acadêmico ou não? Explique.
Resposta: Acredito que não porque outros formadores de opinião podem ter
acesso à produção acadêmica, o que colabora na melhoria da imagem da
instituição.
Nome do professor: Cláudia Regina Lahni
Universidade ou escola: Faculdade de Comunicação/Universidade Federal
de Juiz de Fora
Nome do jornal-laboratório: Jornal de Estudo
Tamanho:12 páginas – tablóide
Tiragem: 1000 exemplares
Periodicidade: no último semestre, publicamos duas edições; no atual,
estavam programadas três, estamos em greve (esses são os números desde
que eu estou responsável pelo jornal)
Pergunta: O jornal-laboratório é fundamental no processo ensino-
aprendizagem? Explique.
Resposta: Sim, em função da experiência prática, responsabilidade e debate
sobre isso.
274
Pergunta: O jornal-laboratório conscientiza o aluno para o exercício
profissional?
Resposta: Sim, em conjunto com as outras disciplinas.
Pergunta: Quantas horas/aulas semanais tem para orientar os alunos? É
pouco ou suficiente?
Resposta: Quatro – o que é insuficiente
Pergunta: Adotou algum método e técnica própria para motivar o aluno?
Resposta: Discussão sobre o nosso jornal e o de outras faculdades.
Pergunta: O conceito de fazer jornalismo com critério ético é colocado em
prática pelo aluno que produz o jornal-laboratório?
Resposta: Acredito que sim (a questão é dirigida ao aluno).
Pergunta: O aluno se sente motivado na produção e difusão do jornal-
laboratório mesmo sabendo que a realidade do mercado é outra?
Resposta: Pelas reações, acredito que a maior parte dos alunos se sente
motivada.
Pergunta: O aluno tem conhecimento sobre a função do jornal-laboratório
na vida acadêmica?
Resposta: Acredito que sim. Mas, seja como for, começo o período
explanando sobre a disciplina, o jornal-laboratório e a sua função no curso.
Pergunta: Quais são as principais barreiras que você encontra na produção e
difusão do jornal-laboratório?
Resposta: Na UFJF falta dinheiro (e apoio) para o jornal.
Pergunta: Você considera o jornal-laboratório importante na formação do
aluno?
Resposta: Sim.
Pergunta: Elabora anualmente o cronograma de atividades? Exemplo, dia de
reunião de pauta, fechamento etc? Por que e como?
275
Resposta: Sim, porque definição de cronograma, na organização é
fundamental. Elaboro de acordo com o número de edições que faremos,
definindo dias de discussão, definição de tema, pauta, reportagem/redação,
edição, revisão, diagramação/editoração, revisão, gráfica; aí apresento a
proposta aos alunos e a debatemos, ficando aberta a modificações da parte
deles.
Pergunta: Como são escolhidas as editorias?
Resposta: Não trabalhamos com editorias.
Pergunta: Quem define a linha editorial do jornal-laboratório?
Resposta: Professora e outros envolvidos no processo - o jornal tem um
conselho editorial. Recentemente, desde que assumi estamos fazendo-o
temático.
Pergunta: A teoria contribui no fazer jornalístico? De que forma?
Resposta: Sim – o aluno já viu na teoria, debateu e agora vai à prática.
Pergunta: O aluno deve contextualizar os textos jornalísticos laboratoriais
ou simplesmente relatar o fato? Por que?
Resposta: Deve contextualizar, porque os acontecimentos não são isolados –
e, diga-se, a descontextualização no jornalismo é um mal hoje no mercado;
precisamos discutir isso na academia e ir mudando, a partir do trabalho de
nossos alunos e alunas.
Pergunta: A distribuição do jornal-laboratório deve se restringir ao universo
acadêmico ou não? Explique.
Resposta: Não. O jornal-laboratório deve ir também a centros culturais,
deve chegar aos entrevistados (nem sempre da academia), enfim, na medida
do possível deve ser amplamente distribuído.
276
Nome do professor: Marta Regina Maia
Universidade ou escola: Faculdade de Comunicação da Universidade
Metodista de Piracicaba – Unimep
Nome do jornal-laboratório: Impressão
Tamanho: Tablóide
Tiragem: 5 mil exemplares
Periodicidade: bimestral
Pergunta: O jornal-laboratório é fundamental no processo ensino-
aprendizagem?
Resposta: Sem dúvida alguma.
Pergunta: O jornal-laboratório conscientiza o aluno para o exercício
profissional?
Resposta: A formação dos alunos é uma junção de vários fatores. Eu diria
então que o jornal contribui para esta "conscientização".
Pergunta: Quantos horas/aulas semanais tem para orientar os alunos? É
pouco ou suficiente?
Resposta: Tenho 12 horas por semana. Seria suficiente se eu não tivesse
cometido a ousadia de instituir o Impressão on line - semanal. De qualquer
forma tenho 2 monitores que me ajudam no Impressão (impresso) e dois no
Impressão on line.
Pergunta: Adotou algum método e técnica própria para motivar o aluno?
Resposta: A preocupação central sempre foi tentar produzir um jornal na
linha mais interpretativa do que convencional, preocupando-se sempre com a
fidedignidade das fontes e com a ética jornalística. Outra questão é que, na
medida do possível, também sempre recorremos à fontes externas, para
garantir a aproximação do aluno com entrevistados que vivem um universo
277
diferente de uma cidade do interior. Inclusive não uso o termo lead e sim
"abre", com o intuito de incentivar o aluno a produzir matérias menos
padronizadas.
Pergunta: O conceito de fazer jornalismo com critério ético é colocado em
práticapelo aluno que produz o jornal-laboratório?
Resposta: Sem sombra de dúvidas. Acho que é na produção, mais até do
que nas discussões teóricas que podemos de fato mostrar para o aluno como
exercer a ética. Por exemplo: Só aceito que saiam matérias com entrevistas
específicas para o jornal e não com matérias "copiadas" da Internet.
Pergunta: O aluno se sente motivado na produção e difusão do jornal-
laboratório mesmo sabendo que a realidade do mercado é outra?
Resposta: Esta é uma resposta difícil, pois quem teria melhores condições
de respondê-la seria o próprio aluno. O que posso dizer é que como existe
uma avaliação, então alguns alunos produzem porque do contrário seriam
reprovados e outros o fazem porque têm consciência de que assim vão poder
exercitar o seu texto jornalístico. De qualquer forma, posso dizer que quando
o jornal fica mais bem produzido acaba existindo um certo clima de euforia
na turma.
Pergunta: O aluno tem conhecimento sobre a função do jornal-laboratório
na vida acadêmica?
Resposta: Penso que sim.
Pergunta: Quais são as principais barreiras que você encontra na produção e
difusão do jornal-laboratório?.
Resposta: O número de alunos ainda continua sendo um problema e a falta
de interdisciplinaridade, que proporcionaria ao aluno uma participação mais
intensa em todo o processo de produção.
278
Pergunta: Você considera o jornal-laboratório importante na formação do
aluno?
Resposta: É fundamental, pois é ele que propicia o exercício mais próximo
da realidade profissional.
Pergunta: Elabora semestral ou anualmente o cronograma de atividades?
Exemplo, dia de reunião de pauta, fechamento etc? Por que e como?
Resposta: O planejamento é semestral, até porque as disciplinas são
semestrais.
Pergunta: Como são escolhidas as editorias?
Resposta: Existem algumas fixas, como Educação, Política, Cotidiano,
Cultura, Saúde e Esportes, outras, entretanto, surgem de acordo com a algum
assunto em evidência, como, por exemplo, meio-ambiente.
Pergunta: Quem define a linha editorial do jornal-laboratório?
Resposta: Ela é fruto de discussões em reuniões da Faculdade de
Comunicação e do meu projeto de Tempo Parcial, aprovado em concurso.
Pergunta: A teoria contribui no fazer jornalístico? De que forma?
Resposta: Ela é essencial, senão o aluno/jornalista acaba sendo refém das
idéias (teorias) dos entrevistados e ainda poderá ter dificuldades para
interpretar certos acontecimentos.
Pergunta: O aluno deve contextualizar os textos jornalísticos laboratoriais
ou simplesmente relatar o fato? Por que?
Resposta: O ideal é que sempre seja contextualizado, entretanto isso não é
tão fácil de ocorrer, pois os alunos não ingressam na Universidade com uma
boa formação. Mas o professor não deve desistir e sempre incentivar essa
prática.
Pergunta: A distribuição do jornal-laboratório deve se restringir ao universo
acadêmico ou não? Explique.
279
Resposta: Depende de quem é o seu público-alvo. No nosso caso, é a
própria comunidade acadêmica quem é o destinatário, mas acho importante
tomar cuidado para que não se produza um jornal oficial da academia.
Achamos fundamental a nossa independência. Agora, quando há condições
de infra-estrutura acho que se pode sair do campus. Já tivemos outras
experiências, na linha do jornalismo popular, mas que não foram muito
eficazes, já que nem todo aluno tem a obrigação de trabalhar com
comunidades carentes. Fazemos isso com projetos de extensão, por exemplo.
Nome do professor: Carlos Alberto Zanotti
Universidade ou escola: Curso de Jornalismo/Universidade de Pouso
Alegre/MG
Nome do jornal-laboratório: PRIMEIRA PÁGINA
Tamanho: tablóide (personalizado, pois adapta-se à capacidade da gráfica da
instituição.
Tiragem: 1000 exemplares
Periodicidade: Mensal
Pergunta: O jornal-laboratório é fundamental no processo ensino-
aprendizagem? Explique.
Resposta: Sim, pois ele materializa/sintetiza todo um conjunto de
aprendizado que é oferecido/proporcionado ao aluno. Nele, trabalha-se desde
a fotografia, o recorte fotográfico, a diagramação, o texto, a pauta, a ética, a
legislação, o público e as estratégias de comunicação.
Pergunta: O jornal-laboratório conscientiza o aluno para o exercício
profissional?
280
Resposta: Sim, pois oferece mecanismos análogos aos do mercado na
produção jornalística, antecipando muitos problemas/soluções que o aluno
encontrará quando formado.
Pergunta: Quantos horas/aulas semanais tem para orientar os alunos? É
pouco ou suficiente?
Resposta: Total de 4 horas/aulas semanais, o que é muito abaixo das
necessidades. Na reforma curricular em curso o problema deverá ser sanado,
triplicando-se a carga horária em dois determinados semestres.
Pergunta: Adotou algum método e técnica própria para motivar o aluno?
Resposta: Montei. Há mecanismos de orientação integral, acompanhamento
próximo e cobrança proporcional às necessidades. Busco desenvolver a
responsabilidade individual na produção coletiva de meus alunos.
Pergunta: O conceito de fazer jornalismo com critério ético é colocado em
prática pelo aluno que produz o jornal-laboratório?
Resposta: Sim, pois não se pode entender o jornalismo distanciado da ética.
Discutimos um jornal voltado para o mercado, mas solidamente calcado na
ética, pois que se trata de uma atividade de interesse público.
Pergunta: O aluno se sente motivado na produção e difusão do jornal-
laboratório mesmo sabendo que a realidade do mercado é outra?
Resposta: Sinto o aluno extremamente motivado a produzir o jornal
laboratório, com exceções, que devem existir em todas as escolas e cursos. É
no jornal-laboratório que ele terá tempo para produzir com amparo e
orientação docente. E disso o aluno sabe muito bem: aqui ele pode errar.
Aqui, o erro se transforma em processo de aprendizagem.
Pergunta: O aluno tem conhecimento sobre a função do jornal-laboratório
na vida acadêmica?
281
Resposta: Creio que sim. E se esforça no sentido de produzir um bom
trabalho, mesmo porque o jornal irá para seu portfolio.
Pergunta: Quais são as principais barreiras que você encontra na produção e
difusão do jornal-laboratório?
Resposta: Equipamentos mais adequados, maior envolvimento da instituição
e maior disponibilidade de carga horária.
Pergunta: Você considera o jornal-laboratório importante na formação do
aluno?
Resposta: Acho vital para o aluno de jornalismo. No JL é que se
desenvolve, de fato, o espírito da reportagem, do furo, da suite... Esta
atividade só poderia ser substituída por uma experiência, em regime de
estágio, na formação do aluno. E mesmo assim, com um certo prejuízo, pois
no estágio o jornal já está voltado para a venda em banca. No JL, ainda é
possível não ter tão próximo esse tipo de compromisso.
Pergunta: Elabora anualmente o cronograma de atividades? Exemplo, dia de
reunião de pauta, fechamento etc? Por que e como?
Resposta: Fecha-se um jornal por mês, religiosamente, porém sem um
cronograma ou paginação muito definidos. Prioriza-se o aluno à publicação.
Pergunta: Como são escolhidas as editorias?
Resposta: Nós temos um jornal de reportagens. Cada aluno produz uma
página, da pauta à foto, o texto à diagramação e à editoração. Nossa intenção
é implementar a produção de reportagens, e não necessariamente oferecer
um jornal de conteúdo diversificado (em termos de público) ao leitor. A
prioridade é o treinamento do aluno e não a conquista do leitor, embora, em
determinados casos, as duas coisas caminhem paralelamente.
Pergunta: Quem define a linha editorial do jornal-laboratório?
282
Resposta: O professor a definiu ao longo dos anos e ela está expressa em
textos que acompanham a apostila oferecida ao aluno.
Pergunta: A teoria contribui no fazer jornalístico? De que forma?
Resposta: Sim, pois o fazer em JL laboratório é essencialmente criativo. E
essa criatividade encontra seus limites nas ações de caráter teórico.
Pergunta: O aluno deve contextualizar os textos jornalísticos laboratoriais
ou simplesmente relatar o fato? Por que?
Resposta: Como já foi explicado, a cada aluno é oferecida uma página. Não
temos um jornal de notas. Temos um jornal de reportagens, onde a
necessidade do contexto está implícita, tanto na pauta como no espaço
oferecido a cada texto.
Pergunta: A distribuição do jornal-laboratório deve se restringir ao universo
acadêmico ou não? Explique.
Resposta: Depende do projeto editorial que se crie para a publicações. Acho
que não há uma necessidade de se colocar uma camisa-de-força nos jornais-
laboratório. Eles se inserem em realidades completamente distintas.
Nome do professor: Rodolfo Carlos Martino
Universidade ou escola: Universidade Metodista de São Paulo
Nome do jornal-laboratório: Rudge Ramos Jornal
Tamanho: stander
Tiragem: 30 mil
Periodicidade: semanal
Pergunta: O jornal-laboratório é fundamental no processo ensino-
aprendizagem? Explique.
283
Resposta: Sim. jornalista é um profissional com especifidades que escapam
àqueles que nunca freqüentaram uma redação. Na maioria das vezes, os
alunos deslumbram-se com o prestígio que o profissional bem-sucedido
demonstra ter. Aparecer na Globo e cousa e lousa nem passa por essas
cabecinhas privilegiadas o tanto de trabalho que é necessário para que o
jornal chegue às bancas. E o quanto duas ou três linhas podem acrescentar
ou destruir a vida de uma pessoa. Conto sempre em sala de aula, a história
do Wladimir Herzog (meu professor na USP) que foi denunciado por um
crápula chamado Claudio Marques, que em sua coluna no DCI achou de
fazer uma piadinha dizendo que a TV Cultura que era um órgão do governo
estava repleta de comunistas, especialmente o Departamento de Jornalismo.
A partir dessa idiotice, veio a prisão e o resto é história.
Pergunta: O jornal-laboratório conscientiza o aluno para o exercício
profissional?
Resposta: Essa é a proposta, entre outras mas, quando os alunos não querem
aprender, não há quem mude essa realidade.
Pergunta: Quantos horas/aulas semanais tem para orientar os alunos? É
pouco ou suficiente?
Resposta: Eu e a maioria dos professores temos 40 horas/aula. 4 aulas às
segundas, 4 às quartas, 4 às sextas e hora extensão para o fechamento com
os estagiários na quinta-feira.
Pergunta: Adotou algum método e técnica própria para motivar o aluno?
Resposta: fundamentalmente, disse que todos seriam tratados como
repórteres – até porque estavam no último ano do curso – e que tinhamos um
compromisso de editar semanalmente um jornal de 30 mil exemplares para a
comunidade do bairro de Rudge Ramos, em primeira instância; e
posteriormente para toda a cidade de São Bernardo.
284
Pergunta: O conceito de fazer jornalismo com critério ético é colocado em
prática pelo aluno que produz o jornal-laboratório?
Pergunta: Sem dúvida. se você erra um nome, no dia seguinte vem a
cobrança. Se você escrever algo que não tenha procedência, a comunidade
vai te cobrar... o RRJ, até pelo brilhante trabalho feito pela Katu Nassar,
editora que me precedeu, tem uma baita credibilidade junto ao seu público.
Pergunta: O aluno se sente motivado na produção e difusão do jornal-
laboratório mesmo sabendo que a realidade do mercado é outra? Ou seja, o
ritmo de trabalho, as cobranças (comercial, patrão), o estilo, o imediatismo
no redigir são diferentes do jornal-laboratório.
Resposta: A gente tenta reproduzir essa "pegada" no Rudge, até porque é
um jornal semanal que se propõe a fazer um jornalismo interpretativo e até –
ousadia – a pautar os grandes jornais. como aconteceu algumas vezes...
Pergunta: O aluno tem conhecimento sobre a função do jornal-laboratório
na vida acadêmica?
Resposta: Os professores tentam por essa questão em evidência em todas as
aulas. No RRJ os alunos podem ousar; no mercado, nem sempre...a função
da universidade é prepará-los para o mercado; mas, não unicamente para ser
um técnico e, sim, um historiador do cotidiano, um autor...
Pergunta: Quais são as principais barreiras que você encontra na produção e
difusão do jornal-laboratório?
Resposta: É a questão dos equipamentos. A gente já podia estar fazendo o
jornal colorido...mas, sei que o gasto será bem mais significativo. E nossos
equipamentos ainda não são suficientes...
Pergunta: Você considera o jornal-laboratório importante na formação do
aluno?
Resposta: É vital.
285
Pergunta: Elabora anualmente o cronograma de atividades? Exemplo, dia de
reunião de pauta, fechamento etc? Por que e como?
Resposta: As coisas funcionam exatamente como uma redação. Conforme
vão acontecendo, vamos nos reunindo. Obviamente, no início e no final do
semestre há uma avaliação e uma projeção do que vai ser feito e a
localização de onde aconteceram os problemas.
Pergunta: Como são escolhidas as editorias?
Resposta: Política/administração, economia, cidade (2 páginas),
comportamente/variedade, esportes e cultura. Quando assumi, apresentei o
projeto que foi discutido e emendado pelos professores.
Pergunta: Quem define a linha editorial do jornal-laboratório?
Resposta: O editor-chefe (claro que depois de uma reunião com os
professores/editores)
Pergunta: A teoria contribui no fazer jornalístico? De que forma?
Resposta: Um jornalista desinformado não sobrevive. agora, esses conceitos
de teoria da comunicação, aquela discussão difusa...tenho lá minhas
dúvidas...
Pergunta: O aluno deve contextualizar os textos jornalísticos laboratoriais
ou simplesmente relatar o fato? Por que?
Resposta: Contextualizar, pensar sobre, fazer uma avaliação do que disse o
entrevistado, evitar preconceitos etc..
Pergunta: A distribuição do jornal-laboratório deve se restringir ao universo
acadêmico ou não? Explique.
Resposta: Depende da característica do jornal. O RRJ é distribuido em todas
as casa do Rudge e bairros próximos todas às sextas.
286
Nome do professor: Maria do Socorro Veloso
Universidade ou escola: Faculdades Associadas de Ensino (FAE) – São João
da Boa Vista/SP
Nome do jornal-laboratório: Falafae
Tamanho: tablóide
Tiragem: mil exemplares
Periodicidade: mensal
Pergunta: O jornal-laboratório é fundamental no processo ensino
aprendizagem? Explique.
Resposta: É claro que sim. Qualquer ferramenta que ajude o aluno a
caminhar da teoria à prática é fundamental para que esse processo funcione a
contento.
Pergunta: O jornal-laboratório conscientiza o aluno para o exercício
profissional?
Resposta: Espero que sim. Trabalho para isso, pelo menos. No segundo
número, tivemos uma indisposição com a direção da escola por conta de
uma matéria de tom crítico ao laboratório de tevê e fotografia do curso. A
matéria estava ‘redonda’, como dizemos no jornalismo: o aluno-repórter
ouviu todos os lados, checou dados, não ofendeu ninguém. Mesmo assim, o
texto desagradou. Fui repreendida pela direção e tive de me defender
sozinha. Tranquila e consciente de que estava apenas cumprindo meu dever,
procurei mostrar aos alunos que é assim mesmo, que a tarefa do jornalista
não é agradar, mas buscar, com responsabilidade e senso de justiça, uma
visão ampliada dos acontecimentos. Quando a atividade jornalística não
incomoda ninguém, alguma coisa está errada. Ou certa demais...
287
Pergunta: Quantos horas/aulas semanais tem para orientar o aluno? É pouco
ou ideal?
Resposta: Tenho quatro horas semanais na disciplina, e mais quatro extras,
para editar o jornal. É uma carga horária razoável, já que fizemos oito
edições ao longo do ano. É claro que trabalhamos muito mais que isso. Mas
faz parte...
Pergunta: Adotou algum método e técnica própria para motivar o aluno?
Resposta: Com exemplos pessoais e de terceiros, procuro mostrar como a
reportagem e o jornalismo impresso podem ser sedutores.
Pergunta: O conceito de fazer jornalismo com critério ético é colocado em
prática pelo aluno que produz o jornal-laboratório?
Resposta: O tempo todo. Sou professora da disciplina Ética, também. E
procuro fazer desse conceito às vezes um tanto teórico, uma prática
constante.
Pergunta: O aluno se sente motivado na produção e difusão do jornal-
laboratório mesmo sabendo que a realidade do mercado é outra? Ou seja, o
ritmo de trabalho, as cobranças (comercial, patrão), o estilo, o imediatismo
no redigir são diferentes do jornal-laboratório.
Resposta: Existe um grupo de alunos sempre disposto a pôr a mão na
massa. Esses alunos não medem esforços para produzir o jornal. São,
coincidentemente, os estudantes mais dedicados e com as melhores notas. A
maioria já está no mercado. Um outro grupo até participa, mas só quando
solicitado. O terceiro e último grupo é apático sempre. Só faz se vale nota. E
às vezes nem assim.
Pergunta: O aluno tem conhecimento sobre a função do jornal-laboratório
na vida acadêmica?
288
Resposta: A função foi colocada nos primeiros dias de aula e, sempre que
necessário, ao longo do curso. A maioria compreende isso, creio.
Pergunta: Quais são as principais barreiras que você encontra na produção e
difusão do jornal-laboratório?
Resposta: A falta de um laboratório de redação (na escola, usamos as
máquinas do laboratório de informática), a visão conservadora de alguns
setores dirigentes da escola e a ausência de um sistema de distribuição dos
exemplares para outras faculdades.
Pergunta: Você considera o jornal-laboratório importante na formação do
aluno?
Resposta: Fundamental, eu diria.
Pergunta: Elabora anualmente o cronograma de atividades? Exemplo, dia de
reunião de pauta, fechamento etc? Por que e como?
Resposta: Não fomos um primor de organização em 2001. No primeiro
semestre, fechamos as edições em sistema de adesão (logicamente, com
reunião da pauta e prazos de fechamento, como manda o figurino). No
segundo semestre, formamos quatro equipes de sete alunos para fechar as
edições seguintes (temos apenas 28 alunos no 3º ano do curso). Aí, já foi
valendo nota. Claro que os alunos que mais se destacaram nas contribuições
ao jornal, ao longo do ano, mereceram as melhores avaliações.
Pergunta: Como são escolhidas as editorias?
Resposta: Fazemos um jornal tablóide, de oito páginas, sem atribuição de
editorias. Digamos que funcionou como "clínica geral" em algumas edições,
quando falamos de assuntos variados. As quatro últimas edições, porém,
foram tematizadas: malhação para o verão, prazeres e perigos do sexo,
projetos sociais que dão certo e a força do rádio na região.
Pergunta: Quem define a linha editorial do jornal-laboratório?
289
Resposta: A professora da disciplina, em conjunto com os alunos.
Pergunta: A teoria contribui no fazer jornalístico? De que forma?
Resposta: Mostrando os caminhos possíveis de seguir. Mesmo que na
prática a teoria seja outra... Há muito tempo que já não funciona a figura do
jornalista "curioso", autodidata. A teoria, no jornalismo e nas outras áreas,
evolui da prática e como tal deve ser compreendida e estimulada.
Pergunta: O aluno deve contextualizar os textos jornalísticos laboratoriais
ou simplesmente relatar o fato? Por que?
Resposta: Sim porque o aluno precisa exercitar a arte de escrever em
profundidade.
Pergunta: A distribuição do jornal-laboratório deve se restringir ao universo
acadêmico ou não? Explique.
Resposta: Não vejo razão para restrições. Se houver possibilidade de o
veículo extrapolar os muros da faculdade, todos tendem a ganhar com isso –
a escola, os alunos envolvidos e os eventuais leitores extra-muros. Formar
audiência fora da faculdade pode contribuir para a consolidação do jornal
laboratorial junto à comunidade onde o curso está inserido.
Nome do professor: Ouhydes Fonseca
Universidade ou escola: Faculdade de Comunicação/Universidade Católica
de Santos
Nome do jornal-laboratório: Entrevista
Tamanho: standard
Tiragem: 10 mil exemplares
Periodicidade: mensal
290
Pergunta: O jornal-laboratório é fundamental no processo ensino-
aprendizagem?
Resposta: Sim.
Pergunta: O jornal-laboratório conscientiza o aluno para o exercício
profissional?
Resposta: O nosso, sim.
Pergunta: Quantas horas/aulas semanais tem para orientar o aluno? É pouco
ou ideal?
Resposta: Oito. São suficientes.
Pergunta: Adotou algum método e técnica própria para motivar o aluno?
Resposta: O importante é que ele reconheça competência no professor e
sinta que o produto final do seu trabalho tem potencial profissional.
Pergunta: O conceito de fazer jornalismo com critério ético é colocado em
prática pelo aluno que produz o jornal-laboratório?
Resposta: Quase sempre.
Pergunta: O aluno se sente motivado na produção e difusão do jornal-
laboratório mesmo sabendo que a realidade do mercado é outra?
Resposta: Sim.
Pergunta: O aluno tem conhecimento sobre a função do jornal-laboratório
na vida acadêmica?
Resposta: Sim.
Pergunta: Quais são as principais barreiras que você encontra na produção e
difusão do jornal-laboratório?
Resposta: (Não respondeu)
Pergunta: Você considera o jornal-laboratório importante na formação do
aluno?
Resposta: Sim.
291
Pergunta: Elabora anualmente o cronograma de atividades? Exemplo, dia de
reunião de pauta, fechamento etc? Por que e como?
Resposta: Semestralmente.
Pergunta: Como são escolhidas as editorias?
Resposta: Das tradicionais dos jornais comerciais.
Pergunta: Quem define a linha editorial do jornal-laboratório?
Resposta: Os professores.
Pergunta: A teoria contribui no fazer jornalístico? De que forma?
Resposta: Não existe teoria sem prática e vice-versa.
Pergunta: O aluno deve contextualizar os textos do jornal-laboratório ou
simplesmente relatar o fato? Por que?
Resposta: Depende do veículo (Boletim/Mural/Jornal/Revista)
Pergunta: A distribuição do jornal-laboratório deve se restringir ao universo
acadêmico ou não? Explique.
Resposta: Depende da definição do público-alvo.
292
7
Conclusão
São dez anos na universidade fazendo jornal-laboratório, e outros tantos
nas redações, longe do eixo São Paulo-Rio. Quando comecei a relacionar
jornalismo e ensino, o meu primeiro objetivo foi transmitir o essencial da
profissão sem a preocupação didático-pedagógica, ou seja, levei o que havia
assimilado na rua para a sala de aula. Mais tarde, observei que era preciso
distanciar o professor do profissional para não repetir o discurso de
jornalista-professor e para refletir melhor sobre o significado do ensino de
jornalismo na formação do futuro jornalista. O distanciamento provocou em
mim uma postura mais acadêmica, voltada ao fazer jornalístico. Embora o
jornalismo nunca perca o ato de informar, jamais deixará de ser um autêntico
transformador social. Essa concepção de fazer do ontem o hoje de forma
precisa, clara, transparente, verdadeira e real merece um tratamento
293
diferenciado, exaustivo e aprofundado quando o veículo for o jornal-
laboratório. “O jornalismo tem que ser rigoroso na sua prática mas não é
uma ciência exacta. Por isso muitos conceitos têm os contornos das épocas
que atravessam, são dinâmicos porque refletem a realidade em movimento”,
ensina Mar de Fonteuberta.1 E é esse movimento que deve existir ao fazer o
jornal-laboratório. Não há dúvida de que a matéria-prima do jornalismo é a
notícia, mas em se tratando do processo ensino-aprendizagem, o cotidiano
do ponto de vista profissional deve ser praticado de forma que permita ao
aluno assimilar com singularidade o conceito de jornalismo em suas várias
etapas de produção e difusão.
Com o monopólio da informação digital, o jornalismo impresso readquire
o papel de interpretar o fato jornalístico. Essa nova postura analítica obriga a
escola a redimenssionar a função laboratorial do jornal impresso. O aluno
não pode mais aprender simplesmente como montar uma pirâmide invertida,
precisa refletir sobre o que pensa e ter consciência da sua responsabilidade
social. O fundamental é que a escola prepare o aluno para o exercício
profissional independente do veículo que vai atuar. O ato de escrever deixa
de ser mecânico quando o autor é participante do processo histórico e passa
a reportar o fato de interesse público.
É na capacidade de redigir uma reportagem que o aluno pode mostrar, de
maneira mais clara, sua aptidão em articular os próprios pensamentos,
desenvolver idéias, absorver conhecimentos adquiridos ao longo do curso de
Jornalismo. Não será apenas com a técnica da pirâmide invertida que o aluno
se transformará num historiador do cotidiano. Se a escola deseja preparar o
aluno para o exercício profissional e com qualidade para competir no
mercado, é fundamental que conduza o futuro jornalista ao ato reflexivo, à
consciência coletiva, ao discernimento do que é o fato de interesse público e
294
de interesse do público. Captar o real, construir a ação cena a cena, fazer o
registro completo do diálogo são caminhos que o futuro jornalista deve
percorrer para a dinâmica da reportagem como expressão do cotidiano. “A
reportagem é uma forma de extensão do conhecimento da atualidade.
Representa para o jornalista a possibilidade de exploração da realidade para
além dos limites imediatos da notícia, levando-o, à sua fonte e a seu leitor,
juntos, para uma dimensão mais ampla”, explica Ana Veirano Astiz2
7.1 – Propostas abertas
A partir dos depoimentos colhidos de professores responsáveis por
jornais-laboratório, de leituras de jornais-laboratório, da minha experiência
na coordenação de projetos laboratoriais no interior e Capital de São Paulo,
de uma vasta pesquisa bibliográfica, fundamentado numa avaliação geral do
ensino apresento as seguintes propostas de uma pedagogia para o jornal-
laboratório:
* Pauta mais consistente, mais histórica, mais abrangente com inúmeras
fontes com visão ou olhar diferente sobre o mesmo fato jornalístico para
realçar as contradições de idéias, ideologias políticas;
* Evitar a cobertura rotineira;
* Fazer o aluno ouvir a opinião pública, o popular, o cidadão comum;
* Habituar o aluno a percorrer todos os campos do conhecimento e do
poder, porque é seu dever mostrar o que se passa nas esferas às quais o
cidadão comum não tem acesso;
* Orientar o aluno a pensar de forma lógica-reflexiva sobre o exercício
jornalístico como instrumento de transformação social;
* Estimular o aluno a conhecer e refletir sobre a produção jornalística em
suas várias etapas sem a preocupação mercadológica;
295
* Possibilitar a formação de uma visão histórica, política, ideológica e
crítica do jornalismo impresso;
* Desenvolver a capacidade e criatividade na elaboração do texto
jornalístico;
* Preparar o aluno para o ato investigativo como atividade cotidiana e não
apenas esporádica;
* Aguçar no aluno o domínino da linguagem jornalística e o senso crítico na
apuração dos dados;
* Utilizar o jornal-laboratório como um veículo ligado à comunidade em
que está inserido e não apenas ficar no universo acadêmico;
* Priorizar o local como fato de interesse público;
* Utilizar a internet como fonte de pesquisa, mas não como fonte primária;
* Conhecimento abrangente de humanidades como ferramenta de
contextualização do fato jornalismo;
* Criar conselhos editoriais efetivos e participativos na produção e difusão
do jornal-laboratório e que sejam incluído no projeto pedagógico;
* Preocupar-se primeiro em formar o cidadão, o profissional e não apenas o
que o mercado deseja;
* Linha editorial com raízes acadêmicas, ou seja, não mercadológicas;
* Não fazer jornal-laboratório para atender o aluno ou o professor;
* Direcionar o aluno a ser um observador-participante do fato jornalístico;
Outros pontos que considero essenciais paa a formação do jornalista:
* Motivar o aluno a elaborar o jornal como uma contribuição à melhoria da
sociedade, não apenas como um mero exercício escolar;
* O estudante precisa estar ligado na realidade, paralelamente à vontade de
melhorar o mundo que o cerca;
* O aluno precisa estar comprometido com o seu tempo e com a sua gente;
296
* Lembrar que a função do jornal-laboratório não é apenas informar,
denunciar, formar. É também um exercício diário de inteligência e prática
cotidiana do caráter;
* O aluno precisa ter a capacidade de se indignar contra as injustiças;
* Lembrar ao aluno que sempre é bom ajudar alguém com aquilo que
escreve;
* Reforçar, como diz Ricardo Kotscho, que o jornalismo não é apenas uma
profissão, um meio para sobreviver, mas uma “opção de vida”;
* O aluno não deve se entregar à acomodação da pauta;
* O aluno deve manter antenas ligadas noite e dia, onde estiver;
* Deve estar sempre comprometido consigo mesmo, com o leitor, com a
verdade;
* Deve sempre usar o jornal-laboratório para contribuir na formação de uma
sociedade mais sadia;
* Não deve esquecer que a denúncia pela denúncia, não leva a nada;
* Reforçar que a checagem da informação com pelo menos duas fontes é
indispensável;
* Lembrar que a credibilidade é o maior patrimônio do jornalista e que a
responsabilidade é essencial;
Essas propostas estão inseridas no contexto mais amplo da luta pela
melhoria da qualidade do ensino no Brasil que, no caso específico do
jornalismo, envolve a busca de uma formação crítica/analítica aliada à
cidadania e ao exercício profissional com responsabilidade social, ética e
busca da verdade. A aplicabilidade dessas propostas depende da
desburocratização da política laboratorial e da valorização do corpo docente.
7.2 – Notas e Referências Bibliográficas
297
1 – FONTEUBERTA, Mar de. A notícia: pistas para comprender o mundo.
Portugal, Notícias Editorial, 1999.
2 – ASTIZ, Ana Veirano. À procura de um jornalismo vivo: inquietudes,
lições holísticas e o jornalismo literário espanhol como propulsores para a
nova era. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), ECA/USP, 1991.
298
8
Bibliografia
A TRIBUNA. Manual da Redação. Santos, Jornal e Editora, 1990.
ABRAMO, Cláudio. A regra do jogo. São Paulo, Companhia das Letras,
1989.
ALTMAN, Fábio. A arte da entrevista. São Paulo, Scritta, 1996.
ANDER-EGG, Ezequiel. Introducción a las técnicas de investigación social.
Buenos Aires, Humanitas, 1974.
BAHIA, Juarez. Jornal, história e técnica 1 e 2. São Paulo, Ática, 1990.
BARBOSA, Rui. A Imprensa e o dever da verdade. São Paulo, Edusp,
1990.
BARCELLOS, Caco. Rota 66. São Paulo, Globo, 1994.
BELTRÃO, Luiz. Jornalismo opinativo. Porto Alegre, Sulina, 1980.
299
______________. A imprensa informativa. São Paulo, Editor Folco
Masucci, 1969.
______________. Jornalismo interpretativo: filosofia e técnica. Porto
Alegre, Sulina, 1976.
BOUCHER, Jean-Dominique. A reportagem escrita. Portugal, Editorial
Inquérito, s/d.
CERVO, A. L. e BERVIAN, P.A. Metodologia científica. São Paulo,
McGraw-Hill, 1983.
CHAPARRO, Manuel Carlos. Pragmática do jornalismo – buscas práticas
para teoria da ação jornalística. São Paulo, Summus, 1994.
COSTA, Caio Túlio. O relógio de Pascal. São Paulo, Siciliano, 1991.
DANTAS, Audálio. Repórteres. São Paulo, Senac, 1998.
DIMENSTEIN, Gilberto, KOTSCHO, Ricardo. A aventura da reportagem.
São Paulo, Summus, 1990.
DINES, Alberto. O papel do jornal: uma releitura. São Paulo, Summus,
1986.
EL PAIS. Libro de Estilo. Madrid, Ediciones Siruela, 1996.
EVELYN, Waugh. Furo! São Paulo, Companhia das Letras, 1989.
FOLHA DE S. PAULO. Novo Manual da Redação. São Paulo, Folha da
Manhã, 1992.
FONTEUBERTA, Mar de. A notícia: pistas para comprender o mundo.
Portugal, Notícias Editorial, 1999.
FUEYO, Sabino Alonso. O jornalismo no mundo moderno. Porto Alegre,
PUC, 1968.
FUSER, Igor. (org.) A Arte da Reportagem. volume 1. São Paulo, Editora
Scritta, 1996.
300
GARCIA, Luiz. O Globo: Manual de Redação e Estilo. São Paulo, Editora
Globo, 1992.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo,
Atlas, 1989.
HOHENBERG, John. Manual de jornalismo. Rio de Janeiro. Editora Fundo
de Cultura, 1982.
HUDEC, Vladimir. O que é o jornalismo? Portugal, Caminho, 1980.
JOBIM, Danton. Espírito do jornalismo. São Paulo, Edusp, 1992.
JORNAL DO BRASIL. Normas de redação. Rio de Janeiro, 1988.
KOTSCHO, Ricardo. A prática da reportagem. São Paulo, Ática, 1986.
KUNCZIK, Michael. Manual de comunicação: conceitos de jornalismo.
São Paulo, ComArte/Edusp, 1997.
LACERDA, Carlos. A misão da Imprensa. São Paulo, Edusp, 1990
LAGE, Nilson. Estrutura da notícia. São Paulo, Ática, 1987.
LINS DA SILVA, Carlos Eduardo. O adiantado da hora. São Paulo,
Summus, 1991.
LOPES, Dirceu Fernandes. Jornal-laboratório: do exercício escolar ao
compromisso com o público leitor. São Paulo, Summus, 1989.
______________________. Para uma pedagogia do jornal-laboratório.
Cadernos Posgrad – Comunicação – Cadernos de Pós-graduação da
Universidade Católica de Santos-UniSantos, nº 1. Santos, Editora
Universitária Leopoldianum, dezembro de 2001.
LOPES, Dirceu Fernandes, SOBRINHO, José Coelho e PROENÇA, José
Luiz. (Org.) A evolução do jornalismo em São Paulo. São Paulo,
ECA/USP/Edicon, 1997.
301
_____________________, SOBRINHO, José Coelho e PROENÇA, José
Luiz. (Org.) Edição em jornalismo impresso. São Paulo, ECA/USP/Edicon,
1998.
_____________________, SOBRINHO, José Coelho e PROENÇA, José
Luiz. (Org.) Edição em jornalismo eletrônico. São Paulo, ECA/USP/Edicon,
1999.
LOPES, Dirceu Fernandes, TRIVINHO, Eugênio. (Org.) Sociedade
mediática significação, mediações e exclusão. Programa de Mestrado em
Comunicação, Universidade Católica de Santos-UniSantos. Editora
Leopoldianum, dezembro de 2000.
MAMOU, Yves. A culpa é da imprensa – ensaio sobre a fabricação da
informação. São Paulo, Marco Zero, 1991.
MARANHÃO, Carlos. Manual de Estilo da Editora Abril: como escrever
bem para nossas revistas. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1990.
MARCONDES FILHO, Ciro. Imprensa e capitalismo. São Paulo, Kairos,
1984.
_______________________. O capital da notícia. São Paulo, Ática, 1986.
MARTINS, Eduardo. Manual de Redação e Estilo de O Estado de S. Paulo.
São Paulo, 1997.
MEDINA, Cremilda de Araújo. Entrevista: o diálogo possível. São Paulo,
Ática, 1986.
MEDINA, Cremilda de Araújo. Notícia, um produto à venda – jornalismo
na sociedade urbana e industrial. São Paulo, Summus, 1988.
MEDITSCH, Eduardo. O conhecimento do jornalismo. Florianópolis.
Editora da UFSC, 1992.
MELO, José Marques de. (Org.) Normas de redação de cinco jornais
brasileiros. São Paulo, Com-Arte/ECA/USP, 1974.
302
______________________. Técnica do lead . São Paulo, USP, 1972.
______________________. A opinião no jornalismo brasileiro. Petrópolis,
Vozes, 1985.
______________________. Para uma leitura crítica da comunicação.
São Paulo, Edições Paulinas, 1985.
MEYER, Philip. A ética no jornalismo. Rio de Janeiro, Forense
Universitária, 1989.
PAILLET, Marc. Jornalismo: o quarto poder. São Paulo, Brasiliense,
1986.
PÚBLICO. Livro de Estilo. Lisboa, Printer Portuguesa, 1998.
RAMOS, José Nabantino. Jornalismo – dicionário enciclopédico. São
Paulo, Ibrasa, 1970.
REED, John. Dez dias que abalaram o mundo. São Paulo, Global, 1978.
RIBEIRO, Alex. Caso escola base: os abusos da imprensa. São Paulo,
Ática, 1998.
RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. São
Paulo, Atlas, 1989.
RIVERS, William L. e SCHRAMM, Wilbur. Responsabilidade na
comunicação de massa. Rio de Janeiro, Bloch, 1970.
RIZZINI, Carlos. O ensino do jornalismo. Rio de Janeiro, Departamento de
Imprensa Nacional, 1953.
ROSSI, Clóvis. O que é jornalismo. São Paulo, Brasiliense, 1980.
RUDIO, Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa científica.
Petrópolis, Vozes, 1999.
SHERWOOD, Hugh C. A entrevista jornalística. São Paulo, Editora
Mosaico, 1981.
303
SODRÉ, Muniz e FERRARI, Maria Helena. Técnica de reportagem: notas
sobre a narrativa jornalística. São Paulo, Summus, 1986.
TRAMONTINA, Carlos. Entrevista. Globo, São Paulo, 1998.
ZERO HORA. Manual de Ética, Redação e Estilo. Porto Alegre, L&PM,
1994.
Revistas
Revista Acadêmica do Programa de pós-graduação da Faculdade de
Comunicação Social Cásper Líbero. São Paulo, Cásper Líbero, ano 1, página
4, 1998.
Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, nº2. São Paulo, Intercom,
julho/dezembro de 2000.
Revista Brasileira de Ciências da Comunicação. São Paulo, Intercom.
janeiro/junho de 1998.
Revista Comunicações e Artes. São Paulo, ECA/USP, número 30, 1997.
Revista de Comunicação, nº 19. São Paulo, Agora Comunicação Integrada,
1969.
Revista do Provão, Brasília, ano 3, número 2, 1998.
Revista Ensino da Comunicação. Porto Alegre, Revista Abepec, nº3, junho
de 1977.
Revista Ensino de Comunicação no Brasil: impasses e desafios. São Paulo,
ECA/USP, 1988.
Revista Imprensa, nº 97, São Paulo, Feeling, outubro de 1995.
Revista Imprensa, nº163. São Paulo, Imprensa Editorial, agosto 2001.
Revista Imprensa, nº37. São Paulo, Feeling, setembro de 1990.
Revista Imprensa, nº57. São Paulo, Feeling, maio de 1992.
Revista Jornal dos Jornais, nº19. São Paulo, Editora Jornal dos Jornais,
outubro de 1999.
304
Jornais
Agência Facos. Juíza decreta fim da exigência do diploma de jornalismo.
Santos, Unisantos, edição 27, de 2 de novembro de 2001.
ESTADO DE S. PAULO, O. Caderno de Política. São Paulo, página 2, 30
de novembro de 1991.
FOLHA DE S. PAULO. In: Jornalistas querem ‘entrar’ na guerra. São
Paulo, Caderno Mundo, página A14, 23 de outubro de 2001.
Observatório da Imprensa. Jornal de Debates, 26/2/98.
Boletins
Boletim da Intercom nº37. A grande polêmica do ensino de comunicação.
São Paulo, Intercom, maio/junho de 1982.
Boletim da Intercom, nº46. São Paulo, Intercom, janeiro/fevereiro de 1984.
Cadernos
Cadernos de Jornalismo e Editoração, nº8. São Paulo, ECA/USP, junho de
1972.
Cadernos de Comunicação Proal, nº2. São Paulo, Editora Proal, 1977.
Cadernos de Jornalismo nº 3. Porto Alegre, Sindicato dos Jornalistas
Profissionais de Porto Alegre, setembro de 1978.
Cadernos de Jornalismo e Editoração. São Paulo, ComArte, número 21,
junho de 1988.
Cadernos de Jornalismo e Editoração, nº 25. São Paulo, ComArte, junho de
1990.
Dissertação
LAURENTI, Maria Elisabete. Do jornalismo à comunicação social: estudo
da criação da rede de escolas paulistas na década de 70. Dissertação de
Mestrado. São Paulo, Universidade Anhembi Morumbi, 1998.
TCC
305
ASTIZ, Ana Veirano. À procura de um jornalismo vivo: inquietudes, lições
holísticas e o jornalismo literário espanhol como propulsores para a nova
era. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), ECA/USP, 1991.
Clélia Maria Garcia. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Santos,
UniSantos, 1983.
MIGUEL, Mônica Manir. Sinal de mais: a revisão e os manuais como
supervisores do texto jornalístico. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)
de Mônica Manir Miguel. ECA/USP, 1990.
Documentos
Diretrizes Curriculares da área de Comunicação e suas habilitações.
WWW.Inep.Gov.Br.
http://www.estado.com.br/jornal/96/10/07/SIPAO7.HTM. 06/04/98.
Síntese dos parâmetros curriculares nacionais. São Paulo, Editora Didática
Paulista, 2000.
Artigo
SILVA, Carlos Eduardo Lins da. Nos EUA, vence a imprensa. São Paulo,
Folha de S. Paulo, 1992.
306
9307
Anexos
308
Top Related