FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO
EDUARDO SANCHEZ PALMA
AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE INVESTIMENTOS NA ÓTICA DE LEIGOS E
ESPECIALISTAS - UMA COMPARAÇÃO DAS PERCEPÇÕES DE RISCO DE
MÉDICOS E CFPs SOBRE INVESTIMENTOS NO BRASIL
SÃO PAULO
2017
Sanchez Palma, Eduardo. As percepções de risco sobre investimentos na ótica de leigos e especialistas : uma comparação das percepções de risco de médicos e CFPs sobre investimentos no Brasil / Eduardo Sanchez Palma. - 2017. 84 f. Orientador: Arthur Ridolfo Neto Dissertação (MPA) - Escola de Administração de Empresas de São Paulo. 1. Administração financeira. 2. Risco (Economia). 3. Investimentos - Análise. 4. Investidores (Finanças). 5. Ações (Finanças). I. Ridolfo Neto, Arthur. II. Dissertação (MPA) - Escola de Administração de Empresas de São Paulo. III. Título.
CDU 336.76
EDUARDO SANCHEZ PALMA
AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE INVESTIMENTOS NA ÓTICA DE LEIGOS E
ESPECIALISTAS - UMA COMPARAÇÃO DAS PERCEPÇÕES DE RISCO DE
MÉDICOS E CFPs SOBRE INVESTIMENTOS NO BRASIL
Dissertação apresentada à Escola de Administração de
Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas, em
cumprimento aos requisitos para obtenção do título de
Mestre em Administração Empresas.
Linha de Pesquisa: Finanças Comportamentais
Data de avaliação: 09/01/2017
Banca examinadora:
Professor Doutor Arthur Ridolfo Neto
Orientador
FGV-EAESP
Professor Doutor André Samartini
FGV-EAESP
Professor Doutor Ricardo Ratner Rochman
FGV-EESP
SÃO PAULO
2017
DEDICATÓRIA
AOS MEUS PAIS ACRACIA E FRANCISCO POR ME APONTAREM O CAMINHO E
AOS FILHOS ÁLVARO E FABRÍCIO, INSPIRAÇÕES PERMANENTES PARA QUE EU
BUSQUE SER MELHOR DO QUE SOU.
AGRADECIMENTOS
André Patiri - Director at Banque J Safra Sarasin Luxembourg
Arnaldo Gomes da Rocha - DealMaker Consultoria e Participações Ltda
Fernando Pureza - Gerente Operacional Planejar/IBCPF
Hudson Bessa - Gerente de Informações ANBIMA
José Alberto Pereira da Silva - Consultor
Dr. José Euclides Ferraz - Banco Itaú SA
Dr. Juan Carlos R. Teran - Banco Itaú SA
Dr. Marcelo Coutinho - Coordenador do MPA / FGV-EAESP
Dra. Marina de Camargo Heck - Ex-coordenadora do MPA / FGV-EAESP
Mayara Alves de Souza - Ex-coordenadora Assistente do MPA / FGV-EAESP
Dr. Phokion Sotirious Georgiou - Professor Doutor FGV-EAESP
Ricardo Nardini - Gerente de Certificação e Educação Continuada ANBIMA
Dr. Roberto de Queiroz Padilha - Superintendente do Instituto Sírio-Libanês de Ensino e
Pesquisa
Sílvia Sampaio - Coordenadora Assistente MPA / FGV-EAESP
Stephen Diacon Emeritus Professor - Nottingham University Business School
Tammara Berezovsky - DealMaker Consultoria e Participações Ltda
Dr. Walter Cintra Ferreira Jr. - Centro de Estudos em Planejamento e Gestão em Saúde da
EAESP-FGV
Professor William Eid Júnior - Ex-coordenador do GV CEF
EPÍGRAFE
“Reason is an attribute of humanity of too recent date and still too imperfect to reveal to us
the laws of the unconscious, and still more to take its place. The part played by the
unconscious in all our acts is immense, and that played by reason very small.”
(Le Bon, 1896, p. x)
AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE INVESTIMENTOS NA ÓTICA DE LEIGOS E
ESPECIALISTAS
RESUMO
A maioria dos investidores se vê esmagada por uma vasta quantidade de informações, muitas vezes de natureza abstrata. Além disso, o formato padrão utilizado para comunicar os riscos é, geralmente de difícil compreensão e de pouca ajuda na tomada da decisão de investimento, pois a mencionada padronização, raramente leva em consideração os diferentes níveis de conhecimento dos investidores sobre finanças (Sachse, Jungermann, & Belting, 2012, v. 33, p. 438, tradução nossa).
Alinhada a isso, a presente pesquisa utiliza questionário baseado na Teoria do Paradigma
Psicométrico, para investigar as percepções de risco entre especialistas e investidores leigos
sobre seis produtos financeiros. Baseado no elevado conhecimento sobre investimentos que
possuem, os Certified Financial Planners foram escolhidos como grupo de controle para
comparar as percepções de risco da categoria profissional melhor remunerada no Brasil, qual
seja a dos médicos da Grande São Paulo (IBRE, 2009). Testes t para diferença de médias
foram feitos para avaliar as percepções entre gêneros e os cinco construtos de risco,
respectivamente, relacionados à volatilidade, ao desconhecimento, a desconfiança, a
adversidade e as falhas regulatórias; os testes mostraram que são distintas as percepções de
risco entre CFPs e médicos, com resultados muitas vezes contrários aos indicados pela
literatura, assim como a maior percepção de risco entre as mulheres somente para os
construtos relacionados às falhas regulatórias e desconfiança nos consultores de investimento,
instituições financeiras e órgãos reguladores. O estudo mostra, ainda, que estão negativamente
correlacionadas as percepções do benefício/retorno com os construtos desconfiança e falhas
regulatórias somente entre os médicos, e que há diferenças de percepção importantes para o
Tesouro Direto e PGBL/VGBL entre as duas categorias profissionais. Dentre os resultados
encontrados destacam-se as diferentes percepções de risco sobre os construtos falhas da
regulamentação e desconfiança, sugerindo que iniciativas de educação voltadas ao investidor
podem não surtir o efeito esperado em razão de serem patrocinadas exatamente por
instituições vistas com suspeição pelos investidores. O estudo conclui atribuindo à
comunicação o papel determinante do sucesso na relação com o investidor e a necessidade
que ela seja construída a partir das percepções de risco e níveis de familiaridade com
investimentos dos consumidores.
Palavras-chave - Percepção de Risco, Comunicação de Riscos, Especialistas em
Investimentos, Investidores Leigos, Investimentos de Médicos, Certified Financial Planner
(CFP), Teoria do Paradigma Psicométrico (TPP).
PERCEPTIONS OF INVESTMENT RISK FROM THE STANDPOINT OF LAY
PEOPLE AND EXPERTS
ABSTRACT
Most individual investors may be overwhelmed by this vast amount of information and by its abstract nature. Furthermore, this way of informing about risk might be hardly helpful when making a particular investment decision, because this kind of standardized information neglects different levels of experience and financial literacy of the clients (Sachse, Jungermann, & Belting, 2012, v. 33, p. 438).
Aware of this, this research paper will use a questionnaire in Psychometric Paradigm Theory
to investigate risk perceptions among specialists and lay investors of six financial products.
Certified Financial Planners were selected as the control group to assess how risk perceptions
of the best-paid category in Brazil, compounded by physicians in São Paulo Metropolis
(IBRE, 2009). T Tests about average differences were taken to assess gender perceptions and
the five risk constructors associated with volatility, lack of knowledge, mistrust, adversity and
regulatory failures; tests showed that risk perceptions are different between CFPs and
physicians, with some results contradicting literature, as well as a greater perception of risks
among women only to risk constructs related to regulatory failures and mistrust in investment
advisors, financial institutions and regulatory bodies. The study also shows that correlations
between benefit/return and constructs distrust and regulatory failures are negative only among
physicians, and that there are significant perceptual differences about Tesouro Direto and
PGBL/VGBL among the two professional categories. Different risk perceptions about the
lack of regulation, as well as distrust, suggest that investor education initiatives may not have
the expected effect, since they are sponsored by the same institutions of which investors are
suspicious. Finally, the study says consumer perceptions of risk and their level of familiarity
with investments are crucial, and attributes to communication the role for determining success
in the relationship with investors.
Keywords - Risk Perception, Risk Communication, Investment Advisors, Lay Investors,
Physicians’ Investments, Certified Financial Planner (CFP), Psychometric Paradigm Theory
(PPT).
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 11
2 REVISÃO DA LITERATURA E HIPÓTESES ................................................................ 14
2.1 Definições de risco .......................................................................................................... 14 2.2 Teorias de Finanças ......................................................................................................... 15 2.2.1 Teoria do Paradigma Psicométrico (TPP) .................................................................... 17 2.3 Construção das hipóteses ................................................................................................ 20
3 METODOLOGIA .............................................................................................................. 27 3.1 O instrumento .................................................................................................................. 27 3.2 Amostras pesquisadas e aplicação do questionário ......................................................... 31 3.3 Análises feitas sobre os dados coletados ......................................................................... 31
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ....................................................................................... 33 4.1 Demografia e familiaridade com investimentos ............................................................. 33 4.2 Testes das hipóteses ........................................................................................................ 34
5 CONCLUSÕES ................................................................................................................. 47
5.1 Estudos futuros ................................................................................................................ 49
6 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 51
7 APÊNDICES ...................................................................................................................... 55 APÊNDICE A - Mapa da literatura .......................................................................................... 55 APÊNDICE B - Teste piloto: aplicação, resultados e ações corretivas ................................... 57 APÊNDICE C - E-mails trocados com o Professor Stephen Diacon ....................................... 59 APÊNDICE D - Questionário final para Internet .................................................................... 61 APÊNDICE E - As categorias profissionais dos médicos e CFPs ........................................... 66 APÊNDICE F - Obtenção das respostas junto aos respondentes ............................................. 71 APÊNDICE G - Seleção da empresa de pesquisa de mercado ............................................... 73 APÊNDICE H - Demografia completa dos médicos e CFPs ................................................... 74 APÊNDICE I - Análises Fatoriais ortogonal e oblíqua sobre os dados coletados .................. 76
8 ANEXOS ........................................................................................................................... 78
ANEXO A - Anúncio da pesquisa no sítio do IBCPF na Internet ........................................... 78 ANEXO B - Anúncio da pesquisa no Grupo IBCPF no LinkedIn .......................................... 79 ANEXO C - Protocolo de realização da pesquisa junto ao HSL ............................................. 79 ANEXO D - Questionário da pesquisa realizada no Reino Unido .......................................... 81 ANEXO E - Tabelas estatísticas da pesquisa realizada no Reino Unido ................................. 82
11
1 INTRODUÇÃO
O crescimento da renda e aumento da expectativa de vida da população brasileira tornaram
mais importante o planejamento financeiro para indivíduos e fizeram com que o Ministério da
Educação (MEC) pense em incluir a educação financeira na grade curricular das escolas
públicas brasileiras (Governo Brasileiro, 2014). Também sensível às mudanças e
reconhecendo o papel desempenhado pelos padrões de comportamento e diferentes perfis de
investidores, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) criou em seu sítio na Internet o
“CVM Comportamental”, cujo propósito é esclarecer os investidores sobre os frequentes erros
cometidos na tomada de decisões sobre investimentos, erros esses que podem ser explicados
pelas ciências comportamentais (CVM, 2016).
Em razão disso e como seria natural esperar, os assuntos financeiros estão mais presentes na
vida dos indivíduos, obrigando-os a conhecer o funcionamento dos mercados, dos produtos de
investimento e a tomarem decisões para as quais frequentemente não estão aptos, muitas
vezes, necessitando para isso da ajuda de consultores e/ou a leitura de documentos comerciais
ou regulatórios padronizados, longos, de alta complexidade e, geralmente, construídos com o
emprego de linguagem técnica que, em muitas vezes, não são compreendidas pelos
investidores. Sobre isso, Finucane (2002, p. 239) diz que as “estreitas definições estatísticas
de risco são limitadas na sua capacidade descritiva e preditiva, levando a mal-entendidos e
clientes infelizes”.
É diante desse quadro e com base na Teoria de Finanças Comportamentais (TFC), que este
estudo pergunta: “Quais são as percepções de risco de médicos da Grande São Paulo e
profissionais Certified Financial Planner (CFP)1 no Brasil, a respeito de ativos/produtos de
investimento?”. A premissa subjacente é a de que são distintas as percepções de risco entre as
duas categorias profissionais, diferenças que, uma vez identificadas, poderão ajudar
especialistas em investimentos, instituições financeiras e até mesmo o Tesouro Nacional na
criação de serviços, produtos ou estratégias de investimento mais próximas das expectativas
dos investidores, bem como no aperfeiçoamento da comunicação sobre riscos financeiros,
facilitando a compreensão e contribuindo para uma melhor tomada de decisão sobre
investimentos. A pesquisa deve despertar, também, o interesse do meio acadêmico, tendo em 1 O Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF) é a entidade autorizada pelo Financial Planning Standards Board (FPSB), para a certificação de profissionais Certified Financial Planner (CFP) no Brasil.
12
conta a escassez de estudos na área de finanças, comprando as percepções sobre riscos entre
investidores leigos e especialistas (Sachse, Jungermann, & Belting, 2012, p. 438).
Para responder esta pergunta e após a realização de teste piloto, foram coletados dados
primários em pesquisa de campo, por meio de questionário eletrônico, baseado na Teoria do
Paradigma Psicométrico (TPP). O autor optou por pesquisar os médicos, por serem eles os
profissionais melhor remunerados do país (IBRE, 2009) e os CFPs pela elevada e continuada
educação financeira que recebem. As percepções de risco destes profissionais foram obtidas
por meio de vinte e seis questões relacionadas ao risco e benefício/retorno para seis
produtos/ativos de investimento, cujos dados foram analisados com o auxílio das estatísticas
Descritiva, Inferencial e Análise Fatorial Exploratória (AFE), essa última com o propósito de
reduzir as percepções de risco a cinco construtos principais, quais sejam: (1) volatilidade dos
retornos, (2) consequências adversas causadas pelos investimentos, (3) desconfiança nos
consultores de investimento, instituições financeiras e órgão reguladores, (4)
desconhecimento ou baixo nível de informação sobre os produtos e seus retornos e (5) falhas
na regulamentação.
As hipóteses foram construídas com base em referências da literatura, que apontam para a
maior percepção de risco entre as mulheres, bem como a maior associação da percepção de
risco relacionada à volatilidade entre especialistas de investimentos, aqui representados pelos
profissionais CFP, premissa essa baseada na educação financeira desses profissionais,
fortemente fundamentada na Teoria Neoclássica, enquanto que o risco de ruína,
desconhecimento, falhas regulatórias e desconfiança aparecem na literatura, de forma mais
pronunciada, entre os investidores leigos. O estudo aborda, também, as implicações das
percepções de risco sobre as iniciativas de educação financeira e comunicação com o
investidor, destacando a confiança nas instituições e reguladores como determinantes para o
seu sucesso.
O texto segue apresentando a literatura sobre o tema, iniciando pela contextualização dos
fundamentos das Teorias Neoclássica e Comportamental, seguida da literatura que sustenta a
construção das hipóteses. O capítulo referente à metodologia traz a descrição do processo de
construção do questionário aplicado junto aos médicos e CFPs, avançando com a descrição
das análises estatísticas utilizadas para interpretar os dados e testar as hipóteses firmadas.
Por fim, são apresentadas as conclusões e implicações vistas como relevantes, que entre
outras dão conta de não serem proporcionais e monotônicas as relações dos
13
benefícios/retornos em relação à Caderneta de Poupança com as sínteses de riscos entre os
seis produtos e que, tanto médicos como CFPs, entendem não haver prêmio, mas sim
penalização pela assunção de riscos. Outras conclusões dão conta de haver diferenças nas
percepções de risco entre gêneros somente para alguns construtos, bem como serem mais
acentuadas as percepções sobre os riscos relacionados à adversidade e desconfiança entre os
CFPs, em contradição às hipóteses firmadas e literatura sobre o tema.
14
2 REVISÃO DA LITERATURA E HIPÓTESES
Embora a graduação em nível superior seja um dos requisitos para o exercício das atividades
profissionais de médicos e Certified Financial Planners (CFP), a formação educacional destes
profissionais é evidentemente distinta, levando ao questionamento se, em decorrência disso,
são também distintas as percepções sobre os riscos de investimentos. Previsível esperar que
CFPs não conheçam cientificamente a anatomia humana, tampouco que os médicos entendam
profundamente o funcionamento do mercado financeiro e o ferramental quantitativo
empregado na análise de investimentos. Com base nisso, a revisão da literatura inicia pelo
resgate de algumas definições de risco, haja vista ser ele o tema central deste trabalho,
prosseguindo por repassar alguns dos postulados das Teorias de Finanças Comportamentais
(TFC) relativos às percepções de risco, e da Moderna Teoria de Finanças ou Neoclássica
(MTF), naquilo que se refere à abordagem quantitativa empregada na medição do risco.
2.1 Definições de risco
Sobre o risco e sua abrangência, há muitas e diferentes definições na literatura, para
Rohrmann e Renn (2000, p.13, tradução nossa e grifo nosso):
Não há uma definição comumente aceita para o termo risco - nem para a ciência nem para o entendimento comum. De toda forma, disciplinas como engenharia, física, farmacologia, toxicologia ou epidemiologia, preferem utilizar probabilidades ou medidas físicas, assim como outras medidas correspondentes à utilidade de eventos negativos. Por outro lado, para as ciências sociais, o significado de risco tem um aspecto preponderantemente qualitativo.
Prosseguindo, há definições de risco construídas com base em conceitos de probabilidade de
perda e sua dimensão (Slovic, P., 1967, p. 1) (Slovic, P.; Lichtenstein, S., 1968), a chance de
uma ação cair abaixo do preço corrente em um determinado horizonte de tempo (Bart, J. T.,
1978, p. 1097 e 1102), ou o entendimento de que o risco tem uma associação com a
divergência de opiniões e que diante de incertezas o investidor desenvolve um julgamento
próprio sobre o risco e o retorno esperado (Miller, E. M., 1977, p. 1166) e (Miller, E, M.,
2001, p. 53). Outros estudiosos definem risco como algo relacionado aos retornos inferiores à
meta estabelecida (Libby, R.; Fishburn, P. C., 1977, pp. 288-9) e (Laughhunn, D. J.; Payne, J.
W.; Crum, R.;, 1980, pp. 1247-8), assim como uma perda arruinadora (i.e. probabilidade de
largas perdas). Steil, B. (1993, p. 21) sugere que o risco seja medido com base: (1) nas
15
percepções e concretizações dos retornos alvo e (2) na eliminação do potencial de enormes
perdas, em linha com (Olsen, R. A., 1997, pp. 64-5), para quem os especialistas em
investimentos definem e medem risco, em termos de retornos abaixo do alvo, além do
potencial de geração de grandes perdas.
Nota-se que as definições de risco remetem às medidas absolutas, mas também à forma como
o risco é percebido, muitas vezes existindo as duas conotações em uma mesma definição.
Medidas absolutas e percepções são elementos, respectivamente, identificados às TFC e MTF
ou Neoclássica, que serão vistas a seguir.
2.2 Teorias de Finanças
Entre os séculos XVIII e XIX surgiram estudiosos interessados em conhecer os efeitos da
psicologia sobre as finanças, tempos depois no século XX e por ocasião da Revolução
Neoclássica, outros se esforçaram em aplicar o conhecimento das ciências naturais à tomada
de decisão em finanças, negando a corrente anterior, de vertente humanista, à qual julgavam
não ser científica e, por isso, sem valor. Foi dentro desse ambiente que se desenvolveram as
principais Teorias de Finanças, iniciando pela (a) Teoria Tradicional de Finanças (TTF), para
a qual o mercado é irracional e o investidor competente é aquele com viés especulativo,
sempre na busca de opções de investimentos, que remunerem acima da média do mercado;
seguida pela (b) Moderna Teoria de Finanças (MTF), também conhecida como Neoclássica,
com forte emprego de ferramental quantitativo e calcada no pressuposto do homem racional,
fundamentada nas Teorias da Utilidade Esperada, do Portfólio, dos Rendimentos Permanentes
e na Hipótese dos Mercados Eficientes e, por fim, a (c) Teoria de Finanças Comportamentais
(TFC), com o questionamento de que o homem não é totalmente racional, mas um homem
simples e normal, e que essa normalidade implica em um homem que age, frequentemente, de
maneira irracional, com decisões influenciadas por emoções e erros cognitivos, fazendo com
que ele entenda um mesmo problema de formas distintas, dependendo da maneira como este é
analisado, do ambiente em que vive e as experiências passadas (Ferreira, da Silva, &
Guilherme, 2009, pp. p.1, adaptação nossa). Para melhor entendimento do contexto histórico
veja-se o conteúdo representado no Esquema 1.
16
Esquema 1 - Dois paradigmas básicos em finanças Fonte: Adaptado de (Jureviciene & Ivanova, 2012, p. 222)
Das teorias mencionadas, duas têm maior relevância para o presente estudo, quais sejam a
MTF com seu vasto ferramental quantitativo, comumente empregado por especialistas na
análise de investimentos, e a TFC no que tange aos erros incorridos pelos tomadores de
decisão, em contraste com o pressuposto do homem racional.
Para compreender melhor a influência da psicologia no processo de tomada de decisão sobre
investimentos, convém falar da Teoria do Prospecto (Kahneman, D.; Tversky, A., 1979, p. 1),
que se contrapõe à Teoria da Utilidade Esperada (Bernoulli, Daniel, 1738), ao afirmar que
indivíduos valorizam diferentemente os ganhos e as perdas, o que ocorre na forma de uma
“função assimétrica em S”, em que há maior valor atribuído aos pequenos ganhos ou perdas e
menor valor atribuído aos grandes ganhos ou perdas. Também que o valor percebido por
unidade de ganho é comparativamente menor que o valor percebido pela mesma unidade de
perda. À Teoria do Prospecto se junta a Teoria dos Vieses Cognitivos, para explicar como a
inabilidade humana de entender e processar a informação conduzem aos seguintes tipos de
erros e vieses (Quadro 1):
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Teor
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o Pro
spec
to
Teoria do Paradigma Psicométrico - Decision Research Group in Oregon (1972)
1979
Teoria dos Vieses Cognitivos - Le Bon (1896)
Teoria do Prospecto - Kahneman e Tversky (1979)
Hipótese dos Mercados Eficientes - Fama (1970)Hipótese do Rendimento Permanente - Friedman (1957)Hipótese do Ciclo de Vida - Modigliani e Brumberg (1954)Teoria de Portfólio - Markowitz (1952)
1896 1944 1952 1954 1957 1970
Hipótese da Utilidade Esperada - Neumann-Morgenstern (1944)
1972
17
Quadro 1 - Estrutura dos vieses cognitivos (não exaustivo) Fonte: (Jureviciene & Ivanova, 2012, pp. 224-5)
A literatura traz muitas referências contrapondo as Teorias Neoclássica e Comportamental
(Baker & Nofsinger, 2010, p. 7), mas também e, em menor número, há outras que ressaltam
suas complementariedades, defendendo que ambas contribuem para a compreensão dos
fenômenos econômicos. Uma delas, apoiada nos construtos motivacional, cognitivo e
emocional, que fundamentam a psicologia, explora a integração das teorias a partir do
construto emocional, destacando o caráter multidimensional e dizendo que, emoção e
racionalidade, embora vistos como antagônicos, estão presentes e são necessários para que o
processo de tomada de decisão ocorra, ou melhor, dizendo que cabe às emoções o papel de
indutoras de comportamentos racionais, ao estabelecerem prioridades aos planos alternativos
de ação, servindo de alerta sobre ameaças, oportunidades, e mobilizando a ação para a
realização de um objetivo, concluindo por dizer que as emoções, desde que não extremas, são
essenciais e não subversoras da racionalidade (Altman, 2006, pp. 78-98).
Em complemento às teorias tradicionais de finanças tratadas até aqui, resta avançar sobre as
percepções dos riscos e formas de mensurá-las, o que é feito a seguir a partir da descrição da
Teoria do Paradigma Psicométrico (TPP).
2.2.1 Teoria do Paradigma Psicométrico (TPP)
A Teoria do Paradigma Psicométrico (TPP), que fundamenta o questionário desta pesquisa,
foi criada a partir de estudos iniciados pelo Decision Research Group in Oregon (Slovic, P.,
1972) e (Slovic, P.; Fischhoff, B.; Lichtenstein, S., 1985), com o objetivo de descrever a
percepção de leigos sobre riscos, fazendo uso de uma escala de avaliação de fatores
TIPO DE ERRO DESCRIÇÃO VIÉSRepresentatividadeDisponibilidadeAncoragem e ajustamentoEfeito memóriaStatus quoExcesso de confiançaAuto atribuiçãoOtimismoAfiliaçãoAversão ao arrependimentoAuto controleImitaçãoAdaptaçãoImediatismo
Decorrentes de atalhos mentais adotados na tentativa de acelerar a tomada de decisões, que envolvam grande quantidade de dados ou alta complexidade.
Decisões erradas construídas com base na forma como os dados ou o problema se apresenta.
Ocasionados por sentimentos ou estados de humor.
Decorrentes da influência do mercado e seus participantes sobre os tomadores de decisão. (Baker & Nofsinger, 2010, p. 7) (Jureviciene & Ivanova, 2012, pp. 224-5)
Heurísticos
Formulação
Emocionais
Influência do mercado
18
psicológicos, que submetidos à Análise Fatorial Exploratória (AFE), permitem produzir uma
representação quantitativa (i.e. “mapa cognitivo”) baseada em um grupo de fatores
qualitativos relacionados e descritos no Quadro 2 (Starr, Rudman, & Whipple, 1976, p. 629)
(Slovic, P.; Fischhoff, B.; Lichtenstein, S., 1980, pp. 181-216) (Slovic, P.; Fischhoff, B.;
Lichtenstein, S., 1985, p. 99 e 120).
Quadro 2 - Fatores comportamentais considerados pela TPP, que afetam a percepção de risco Fonte: (Goszczynska, Tyszka, & Slovic, 1991, pp. 183, tradução nossa)
A TPP assume que há semelhantes percepções de risco entre os fatores qualitativos e que a
percepção de risco de um fator pode estar correlacionada a de outros, o que é possível medir
com o emprego de AFE e identificar os fatores que explicam a maior parte da variância dos
demais fatores, reduzindo-os àqueles capazes de sintetizar como indivíduos percebem o risco.
Estudos realizados, com o emprego da AFE, mostram que os fatores de risco podem ser
reduzidos aos construtos de risco, de desconhecimento e de percepção de pavor (Yates &
Stone, 1992, pp. 75-78), conforme detalha o mapa cognitivo das percepções de quinze tipos
de risco, ordenados segundo sua inter-relação com os construtos 1 “pavor” e 2
“desconhecimento” (Esquema 2).
Familiaridade Indivíduos são menos resistentes em assumir riscos decorrentes do desempenho de atividades, eventos ousituações com as quais estão acostumados.
Controlabilidade Indivíduos tomam maior risco ao saberem que estão no controle da situação e fazem isso baseados na confiança que depositam em suas próprias habilidades.
Exposiçãonamídia Informações sensíveis à sociedade, quando veiculadas pela mídia, aumentam a ansiedade e oreconhecimento de um problema, bem como a crença depositada na veracidade do fato.
Frequência A frequência com que um evento de risco ocorre, interfere na percepção sobre ele. Indivíduos são maispermissivos em aceitar riscos com baixa taxa de ocorrência.
Individualvs.coletivo Indivíduos estão mais facilmente dispostos a tomar riscos que dizem respeito a eles próprios, assumindouma postura mais conservadora quando se trata do coletivo.
Pavor Há grande inquietação e pavor com riscos de gravidade incontrolável. São os riscos vistos comocatastróficos, letais, imprevisíveis, injustos, involuntários e que afetam gerações futuras.
Confiança A confiança depositada na opinião dos especialistas é inversamente proporcional à inquietação sobredeterminada situação de risco.
Voluntariedade Há menor temor sobre riscos assumidos voluntariamente do que outros não consentidos.
Potencialcatastrófico Há maior percepção sobre riscos que causam danos violentos e imediatios, do que os riscos de efeitoscrônicos, que ocorrem ao longo do tempo.
Benefício O benefício esperado ao correr um determinado risco é inversamente proporcional à inquietação deledecorrente.
Conhecimento Quantomaiorodesconhecimentosobreumaatividade,maiorseráainquietaçãoaseurespeito.
19
Esquema 2 - Composição dos construtos “pavor” e “desconhecimento” a partir de 15 características de risco Fonte: (Slovic, P., 2000, pp. 225, tradução nossa) e (Slovic P. , 1987, p. 282)
Para melhor ilustrar como a TPP representa as percepções de risco, o Gráfico 1 traz as
percepções de risco de 81 tecnologias, atividades e substâncias tidas como perigosas, cujos
eixos X e Y representam, respectivamente, pavor e desconhecimento. Nele estão informações
que demonstram que as percepções de risco para leigos estão relacionadas ao pavor, e que o
prazer oferecido por determinadas práticas, ou a banalização deste resulta em menor
percepção de risco como, por exemplo, andar de bicicleta. Também é possível observar que
há maior propensão para se correr riscos assumidos voluntariamente como, por exemplo,
dirigir um veículo, em vez de se ver envolvido com riscos involuntários que podem ser
exemplificados em um acidente nuclear (Starr C. , 1969).
Incontrolável Pavoroso Catástrofe global Consequências fatais Não imputável Catastrófico (afeta a muitos) Alto risco para futuras gerações Difícil de mitigar Risco crescente Involuntário
Controlável Não pavoroso
Não catástrofe global Consequências não fatais
Imputável Individual
Baixo risco para futuras gerações Fácil de mitigar
Risco decrescente Voluntário
Observável Sabido
Efeito imediato Risco antigo
Risco conhecido pela ciência
Não observável Não sabido
Efeito retardado Risco novo
Risco desconhecido pela ciência
FATOR2
FATOR1
20
Gráfico 1 - Posição de 81 riscos segundo os construtos pavor e desconhecimento Fonte: (Slovic, P., 2000, pp. 225, tradução nossa) (Slovic P. , 1987, p. 282)
2.3 Construção das hipóteses
A construção das hipóteses se baseou em boa parte nas pesquisas realizadas por Diacon &
Ennew (2001) e Diacon (2004), junto a investidores leigos e especialistas em investimentos
no Reino Unido, que analisaram as percepções de risco sobre produtos e serviços financeiros,
reduzindo-as com o auxílio de AFE aos cinco construtos principais de risco já mencionados:
(1) volatilidade dos retornos, (2) consequências adversas causadas pelos investimentos, (3)
desconfiança nos consultores de investimento, instituições financeiras e órgão reguladores, (4)
desconhecimento ou baixo nível de informação sobre os produtos e seus retornos e (5) falhas
na regulamentação, construtos esses que são o alicerce das hipóteses deste estudo. As
hipóteses firmadas partem de referências na literatura que dão conta que os especialistas são,
em geral, mais “sanguíneos” que leigos, respectivamente, CFPs e médicos, quanto às
percepções dos riscos de investimentos, o que está em linha com estudos realizados em áreas
Laetrile Forno Microondas
Água fluoretada Sacarina
Água clorada Nitratos
Hexaclorofeno Polivinil Raio X
Antibióticos
Tintura de cabelo Anticoncepcional oral
Valium DIU Darvon analgésico Fabricação borracha
Dirigir auto Tinta com chumbo Cafeina
Aspirina Vacinas
Praticar skate
Doenças tabaco Veículos de neve Cortador grama
Trampolins Tratores Ingerir álcool
Moto serras
Elevadores Fio elétrico
Tabagismo
Motocicletas
Fogos artifício Pontes Bicicleta
Choque elétrico Barco de recreio
Esquiar na montanha Piscina em casa
Eng. genética
SST hormônio Campos elétricos DES estrogênio sintético
Nitrogênio para agricultura Uso cadmium
Mirex inseticida
2,4,5-T herbicida Vazamento radioativo
Solvente tricloroetileno
Pesticidas Amianto PCB isolante elétrico
Acidente reator nuclear
Armas nucleares
Queda de satélite DDT inseticida
Mercúrio
Combustível fóssil Queima de carvão
Aspirar CO2 D-CON raticida
GLP trasnp e estocagem Acidente gás nervos
Guerra nuclear
Mineração carvão (doença) Grandes barragens
Incêndio arranha-céus
Obras água/saneamento Mineração carvão acidente Paraquedismo Aviação em geral
Gdes obras civis Colisão trens
Aviação comercial Automobilismo
Acidente de carro
Acidente com álcool
Arma de fogo Dinamite
FATOR 1 Risco Pavor
FATOR 2 Risco Desconhecimento
21
diversas (Baron, Hershey, & Kunreuther, 2000, p. 426) e (Lazo, Kinnell, & Fisher, 2000, p.
192) e dá conta haver diferentes percepções de riscos entre gêneros.
Gênero (GEN)
Hipótese 1 - A percepção de risco é maior entre as mulheres.
Gráfico 2 - Média das avaliações das percepções de risco segundo raça e sexo Fonte: (Flynn, Slovic, & Mertz, 1994, pp. 1104, tradução nossa)
Estudo realizado sugere que mulheres consultoras de investimento dão maior importância aos
riscos de perda e desvalorização dos ativos (Olsen & Cox, 2001, p. 34), estudo distinto
baseado na TPP concluiu que não somente o gênero interfere na percepção sobre o risco,
como também a origem étnica do respondente, mais especificamente, conclui que homens
brancos têm menor percepção sobre riscos que os demais (i.e. mulheres “brancas” e mulheres
Tabagismo Tráfico de drogas
AIDS Estresse
Poluição química Vazamento nuclear
Acidente de automóvel Beber álcool
Bronzeamento ao sol Diminuição ozônio
Pesticida na comida Qualidade do ar
Transfusão de sangue Usinas térmicas (carvão)
Mudanças climáticas Bactéria na comida
Usinas nucleares Irradiação na comida
Tempestades e enchentes Engenharia genética bactéria
Radônio em casa Linhas se transmissão eletr.
Monitor de Vídeo Raio X
Aviação comercial
2 risco baixo
3 risco moderado
2 baixo risco
4 alto risco
Homem branco Outros homens
Mulher branca Outas mulheres
22
e homens “não brancos”), como se vê no Gráfico 2. Tal fenômeno pode resultar de condições,
comparativamente mais favoráveis, que os homens brancos gozaram até aqui ao correrem e
controlarem os riscos por eles assumidos (Flynn, Slovic, & Mertz, 1994, p. 1104).
Há, ainda, pesquisa avaliando as percepções de risco com base nos perfis de personalidade
pelo método Myers-Briggs Type Indicator ® (MBTI) (Pompian & Longo, 2004, p. 13),
concluindo que:
• Mulheres são mais suscetíveis à hot hand fallacy (i.e. termo derivado do basketball
para explicar que o sucesso experimentado no passado continuará ocorrendo no futuro,
conhecido também como viés de representatividade);
• Homens olham mais frequentemente para os seus portfólios;
• Homens são mais rápidos em estancar perdas e mulheres tendem a permanecer com os
investimentos feitos;
• Mulheres são 1/3 mais avessas ao risco que homens.
Benefício/retorno vs. risco (BEN vs. risco)
Hipótese 2 - Não é monotônica a correspondência entre as relações benefício/retorno e a
síntese dos cinco construtos de risco para os seis produtos analisados.
A partir da avaliação da percepção do benefício/retorno de cada produto frente às Building
Society Current Accounts2 e os cinco construtos de risco mencionados por Diacon & Ennew
(2001), os pesquisadores concluíram que a relação benefício/retorno vs. risco entre os
produtos pesquisados não evolui monotonicamente, ou seja, que a expectativa do
benefício/retorno não está claramente, e de forma proporcional, relacionada à maior
percepção de risco de cada produto, não encontrando evidências consistentes de que os
investidores buscam remunerações proporcionais e compatíveis aos riscos assumidos. Isso se
alinha à conclusão de que investidores têm diferentes avaliações para produtos com alta e
baixa percepção de retorno, encontrada por MacGregor, Slovic, Berry & Evensky (1999, p.
76).
O presente estudo elege a Caderneta de Poupança como produto substituto das Building
Society Current Accounts no Brasil, por cada qual representar, em seu contexto, o 2 Building Societies são instituições mutuantes e não corporativas, distintas de bancos no Reino Unido, que oferecem financiamentos imobiliários e Current Accounts (i.e. contas correntes de investimento remunerado), de modo assemelhado às empresas de crédito imobiliário e poupança no Brasil (www.bsa.org.uk).
23
ativo/produto “livre de risco” para efeito de comparação com os demais produtos. No caso da
Caderneta de Poupança, o produto se presta a esta comparação pela familiaridade e
popularidade que goza junto aos investidores e por apresentar retornos menos voláteis e, em
geral, mais modestos que os outros produtos em longo prazo, por aceitar investimentos de
qualquer monta, possuir garantia do valor investido até o limite de R$ 250 mil, ter isenção de
IR e IOF, oferecer liquidez diária e não necessitar de abertura de conta corrente. Com esta
hipótese, o autor busca identificar descompassos entre as percepções dos indivíduos e as
medidas objetivas de risco a serem apontadas nas relações benefício/retorno vs. risco dos
produtos pesquisados, que se confirmados, podem acenar com a oportunidade para
provedores e distribuidores melhorarem a comunicação com o investidor.
Benefício/retorno vs. desconfiança (BEN vs. TRU)
Hipótese 3 - É negativa a correlação entre o benefício/retorno e o construto desconfiança.
Em complemento às referências da literatura referentes à hipótese 2, que versam sobre a
relação benefício/retorno e os cinco construtos de risco, Diacon & Ennew (2001) concluíram
ainda que há correlação negativa entre a percepção do benefício/retorno e o construto
desconfiança.
Volatilidade (VOL)
Hipótese 4 - A aversão à volatilidade é elevada para CFPs e médicos, embora maior entre os
primeiros.
Em estudo publicado por Diacon (2004, pp 188), o pesquisador avaliou as diferentes
percepções de risco de especialistas e investidores leigos. Essa pesquisa aconteceu no Reino
Unido junto a 123 investidores e 41 especialistas e fez uso de AFE sobre os dados coletados
por meio de questionário, para concluir que tanto especialistas como investidores são bastante
avessos à volatilidade. O autor espera encontrar evidências de que a aversão à volatilidade é
mais acentuada entre os CFPs, baseado na literatura que diz que especialistas, geralmente,
pensam no risco de forma objetiva e mensurável, enquanto os investidores o fazem mais
frequentemente associado às consequências físicas e sociais. Com base nisso, parece natural
encontrar percepções distintas, que resultem em processos de tomada de decisão igualmente
distintos, provavelmente, decorrentes da forma como o conhecimento foi construído para cada
uma das categorias profissionais pesquisadas (Diacon, Stephen, 2004, p. 182).
24
Adversidade (ADV)
Hipótese 5 - É maior entre os médicos a percepção de risco sobre o construto adversidade.
Como já dito e em linha com a literatura que diz que leigos, mais que especialistas, associam
a percepção de risco às consequências físicas e sociais, Diacon (2004, pp 188) conclui que
especialistas apresentam menor aversão às perdas, no presente contexto ligadas ao construto
adversidade. A aversão à adversidade está relacionada ao potencial de ocorrência de perdas
arruinadoras ou de graves consequências, geradas pelo investimento em determinado
produto/ativo, podendo ser influenciada por fatores emocionais, baixa familiaridade com o
tipo de risco e a imprevisibilidade dos retornos.
Desconhecimento (DES)
Hipótese 6 - É maior entre os médicos a percepção de risco sobre o construto
desconhecimento.
Diacon (2004, pp 188) conclui, também, que especialistas, mais que investidores, creem que
as perdas eventualmente ocorridas em produtos/ativos financeiros são conhecidas
imediatamente, que tais perdas são observáveis, os produtos são simples e que são conhecidos
os riscos de se investir em tais produtos. O referido estudo segue concluindo que tanto
investidores como especialistas têm maior preocupação com produtos e provedores
desconhecidos, assim como e, de forma geral, especialistas percebem menor risco que
investidores.
Desconfiança (TRU)
Hipótese 7 - É maior entre os médicos a percepção de risco sobre o construto desconfiança.
Aqui Diacon (2004, pp 188 e 191) concluiu que especialistas, comparados aos investidores,
creem mais fortemente que provedores e vendedores de produtos de investimento não usarão
de inaceitável pressão ou falta de ética no aconselhamento a clientes ou na comercialização de
produtos. A explicação para isso pode ter fundamento no viés cognitivo de afiliação, para o
qual indivíduos tendem a aceitar, mais facilmente, o ponto de vista de pessoas do seu meio.
Há na literatura registro de que “a preservação das relações pessoais, mais que os conflitos de
interesse, são levados em conta pelos consumidores na relação com os seus consultores”
(Schwartz, Luce, & Ariely, 2011, pp. 173, tradução nossa) e que “o mercado de assessoria
25
financeira potencializa os vieses, em vez de mitigá-los” (Mullainathan, Noeth, & Schoar,
2012, pp. 3-4, tradução nossa). Mais ainda, baseado em Slovic (1993, p. 675), Diacon &
Ennew (2001, p. 391) escrevem que:
A desconfiança generalizada de investidores está fortemente ligada à percepção de risco em uma determinada atividade e que tais percepções são exageradas, quando os consumidores, em posição vulnerável, acreditam que o seu baixo conhecimento será usado contra eles. Em tais casos, a desconfiança é dirigida não só à empresa ou instituição que fornece o produto ou serviço, mas também aos especialistas, entidades reguladoras e autoridades governamentais que monitoram a atividade do mercado.
Falhas na regulamentação (REG)
Hipótese 8 - É maior entre os médicos a percepção de risco sobre o construto falhas
regulatórias.
Quanto às falhas na regulamentação, Jansen, Fischer e Hackenthal (2008, pp. 29-30) referem
que “pode haver um incentivo para que especialistas recomendem alocações em ativos não
compatíveis com as preferências de risco dos investidores e que é necessário haver maior
proteção legal”. Sobre isso e sustentando a presente hipótese, Diacon (2004, p. 187) concluiu
que especialistas, mais que investidores, entendem que o investidor está protegido pela
regulamentação.
Para maior clareza, o Quadro 3 traz as referências bibliográficas relacionadas às oito hipóteses
firmadas. Informações resumidas sobre as demais referências bibliográficas relacionadas às
Teorias de Finanças, definições de risco e hipóteses, podem ser encontradas no APÊNDICE
A.
O capítulo seguinte discorre sobre a metodologia adotada para analisar os dados coletados e
testar as hipóteses firmadas neste estudo.
26
Quadro 3 - Relação das hipóteses associadas aos construtos de risco e referências da literatura Fonte: Elaboração própria
# HIPÓTESE
1 A percepção de risco é maior entre as mulheres.
CONSTRUTO REFERÊNCIAS
GENGênero
(Olsen & Cox, 2001)(Flynn, Slovic & Mertz, 1994)(Pompian & Longo (2004)
2Não é monotônica a correspondência entre as relações benefício/retorno e a síntese dos cinco construtos de risco para os seis produtos analisados.
3É negativa a correlação entre o benefício/retorno e o construto desconfiança.
4A aversão à volatilidade é elevada para CFPs e médicos, embora maior entre os primeiros.
BEN vs. riscoBenefício/Retorno
(MacGregor, Slovic, Berry & Evensky, 1999)(Diacon & Ennew, 2001)
BEN vs. TRUBenefício/Retorno (Diacon & Ennew, 2001)
VOLVolatilidade
(Diacon & Ennew, 2001)(Diacon, 2004)
5É maior entre os médicos a percepção de risco sobre o construto adversidade.
ADVAdversidade (Diacon, 2004)
6É maior entre os médicos a percepção de risco sobre o construto desconhecimento.
DESDesconhecimento Diacon (2004)
7É maior entre os médicos a percepção de risco sobre o construto desconfiança.
TRUDesconfiança
(Slovic P. , 1993)(Diacon, 2004)(Schwartz, Luce, & Ariely, 2011)(Mullainathan, Noeth, & Schoar, 2012)
8É maior entre os médicos a percepção de risco sobre o construto falhas regulatórias.
REGRegulamentação
(Diacon, 2004)(Jansen, Fischer e Hackenthal, 2008)
27
3 METODOLOGIA
O objetivo da pesquisa é estudar as percepções de risco de investidores leigos e especialistas
em investimentos sobre seis produtos/ativos, para isso são comparadas as percepções de risco
dos médicos da Grande São Paulo às percepções do grupo de controle, composto por
profissionais Certified Financial Planners (CFP) no Brasil. A premissa é de que as
populações têm percepções distintas, que podem dificultar a comunicação e construção de
relacionamentos que concorram positivamente para o atingimento das expectativas de ambas
as partes. O tema pertence à Teoria de Finanças Comportamentais (TFC) e utiliza
questionário baseado na Teoria do Paradigma Psicométrico (TPP) para coletar
eletronicamente os dados em pesquisa de campo. Um teste piloto foi realizado com o
propósito de ajustar o conteúdo do questionário e torná-lo mais amigável e rápido de ser
respondido e os dados coletados foram analisados com o emprego das estatísticas Descritiva,
Inferencial e Análise Fatorial Exploratória (AFE), para testar as hipóteses firmadas.
Informações adicionais sobre o teste piloto podem ser encontradas no APÊNDICE B.
3.1 O instrumento
O questionário da pesquisa se baseia na TPP e é bastante semelhante ao utilizado por Diacon
& Ennew (2001) e Diacon (2004), que foram concebidos a partir da literatura existente
(Slovic, P.; Fischhoff, B.; Lichtenstein, S., 1985, p. 91 and 123) (Greatorex & Mitchell, 1994,
p. 675) e adaptado para medir as percepções de risco de especialistas e leigos sobre produtos
de investimento e serviços financeiros, razão pela qual foi escolhido como instrumento de
coleta de dados para a presente pesquisa. No início dos estudos, o autor trocou e-mails com o
Professor Stephen Diacon da Nottingham University Business School, com o propósito de
obter autorização para fundamentar este estudo nas publicações por ele feitas e buscar
orientações, que pudessem auxiliar na condução dos trabalhos (APÊNDICE C). O
questionário foi construído na plataforma SurveyMonkey para Internet (APÊNDICE D),
contendo perguntas fechadas, avaliadas segundo escala Likert de percepções de riscos de 1 a
7, estando dividido nos seguintes blocos:
a. Questões sobre a familiaridade dos respondentes com investimentos - Estas questões têm
o objetivo de conhecer a familiaridade com investimentos de médicos e CFPs, para isso
28
se pergunta aos respondentes se “sabem como funcionam” e se “já investiram” nos
quinze produtos que seguem: Conta Remunerada, Caderneta de Poupança, Planos de
Capitalização, CDB, Tesouro Direto, Fundos de Investimento, Debêntures,
LCA/LCA/CRI/CRA, PGBL/VGBL, Aplicações indexadas ao dólar norte-americano,
Ações, ETFs, Fundos de Private Equity, Fundos Imobiliários e Imóveis.
b. Questões sobre as percepções de risco - Neste bloco os respondentes atribuem notas de 1
(correspondente a “sim com certeza”) e 7 (correspondente a “definitivamente não”), para
seis produtos/ativos de investimento, referentes a vinte e seis questões relacionadas aos
cinco construtos de percepção de risco e benefício/retorno do produto frente à Caderneta
de Poupança, conforme o Quadro 4: (1) volatilidade dos retornos, (2) consequências
adversas causadas pelos investimentos, (3) desconfiança nos consultores de investimento,
instituições financeiras e órgão reguladores, (4) desconhecimento ou baixo nível de
informação sobre os produtos e seus retornos e (5) falhas na regulamentação. Como
consta do estudo de Diacon & Ennew (2001), dentre as vinte e seis questões, foram
descartas as questões 3, 7 e 20 por apresentarem baixa comunalidade estatística ou difícil
interpretação e a questão 21, que não foi considerada na medição dos riscos, por ser a
variável de controle utilizada para avaliar a percepção da “relação benefício/retorno vs.
risco” de cada produto.
As notas das questões 2, 4, 8, 9, 12, 13, 14, 18, 20, 22, 23, 24, 25 e 26 foram invertidas,
para que todas as questões passassem a representar menor percepção de risco para a nota 1
e maior para 7, em adição, a questão 21 que mede a percepção do benefício/retorno dos
seis produtos em relação à Caderneta de Poupança, também teve as notas invertidas e
ajustadas entre 0 e 6, para que 0 passasse a refletir o menor e 6 o maior benefício/retorno.
Seis produtos foram escolhidos para a obtenção das percepções de risco, quais sejam: CDB,
Tesouro Direto, Fundos de Investimento, PGBL/VGBL, Ações e Imóveis. Com o propósito
de enriquecer a análise, foram eleitos produtos com diferentes características quanto ao risco
do emissor ser público ou privado, tratar-se de título de dívida ou participação, existirem
questões regulatórias que protegem ou concedem vantagens ao investidor, como o FGC e/ou
benefício tributário, a intensidade da flutuação de preços e a liquidez de tais produtos/ativos
financeiros, conforme representação do Esquema 3.
29
Quadro 4: Classificação das questões segundo os construtos de risco Fonte: (Diacon & Ennew, 2001)
Considerando que a flutuação de preços pode afetar a percepção de risco, faz-se
necessário dizer que há produtos/ativos, cujos preços são diariamente marcados a
mercado (MaM) ou (MTM), por serem negociados em mercados organizados, ou mesmo
por serem administrados por terceiros, conforme estabelece a Comissão de Valores
Mobiliários (CVM) (e.g. ativos geridos na forma de condomínios como os Fundos de
Investimento e PGBL/VGBL). A princípio, CDBs e Tesouro Direto não sofrem MTM
#
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
Perdas ou falhas com o produto podem afetar a economia brasileria?
Há certeza quanto ao retorno esperado?
Investir pode trazer consequências sérias/insatisfatórias?
Ao investir os investidores assumem o risco voluntariamente?
Eventuais perdas são conhecidas imediatamente?
Os investidores conhecem os riscos do produto?
Os consultores de investimentos conhecem os riscos do produto?
Um investidor normal consegue controlar os riscos uma vez que tenha investido?
Pode haver perda de todo o investimento?
QUESTÕES
Você percebe o benefício/retorno frente à Caderneta de Poupança?
Eventuais perdas podem ser facilmente observadas pelos investidores?
Este produto é de fácil compreensão?
Pode haver pressão de vendas antes ou no momento de investir?
Pode haver aconselhamento viesado das instituições que o oferecem/aconselham?
Pode haver penalização para resgate/venda inesperada no curto prazo?
Os encargos cobrados pelas instituições que os comercializam são transparentes?
Há proteção governamental aos investidores neste tipo de investimento?
As instituições que os oferecem são reguladas para proteger o investidor?
Há risco de render abaixo da inflação?
Há risco das instituições que os comercializam não serem éticas?
O risco do mesmo tipo de produto pode variar de uma instituição para outra?
O investidor dedica muito tempo monitorando o investimento?
Os investidores analisam as informações antes de investirem?
Há risco de ruína dependendo do resultado/retorno do investimento?
Há risco dos retornos ficarem abaixo das expectativas?
É elevada a probabilidade do retorno variar entre negativo e positivo e vice-versa?
CONSTRUTOS AB
RE
VIA
ÇÃ
O
Preocupação com a volatilidade dos retornos VOL
Preocupação com adversidades decorrentse do uso do produto ADV
Baixa comunalidade estatística -
Desconfiança sobre os produtos ou quem os provê TRU
Desconhecimento e/ou baixa observabilidade dos retornos DES
Desconhecimento e/ou baixa observabilidade dos retornos DES
Difícil interpretação -
Preocupação com adversidades decorrentse do uso do produto ADV
Preocupação com adversidades decorrentse do uso do produto ADV
Desconhecimento e/ou baixa observabilidade dos retornos DES
Desconfiança sobre os produtos ou quem os provê TRU
Desconfiança sobre os produtos ou quem os provê TRU
Desconfiança sobre os produtos ou quem os provê TRU
Desconfiança sobre os produtos ou quem os provê TRU
Desconfiança sobre os produtos ou quem os provê TRU
Falhas na regulamentação REG
Falhas na regulamentação REG
Preocupação com a volatilidade dos retornos VOL
Desconfiança sobre os produtos ou quem os provê TRU
Baixa comunalidade estatística -
Relação benefício/retorno vs. risco BEN
Preocupação com adversidades decorrentse do uso do produto ADV
Preocupação com adversidades decorrentse do uso do produto ADV
Preocupação com adversidades decorrentse do uso do produto ADV
Preocupação com a volatilidade dos retornos VOL
Preocupação com a volatilidade dos retornos VOL
30
quando a decisão inicial é a de que sejam levados a resgate, recebendo-a somente quando
administrados por terceiros ou sejam negociados. Muito embora o Tesouro Nacional
disponibilize, em seu sítio na Internet, os preços dos títulos públicos negociados pelo
Tesouro Direto, tal informação não é amplamente veiculada nos meios de comunicação,
fato semelhante acontece com os CDBs, que necessitam de consulta aos agentes
financeiros para ter os preços dos títulos entre as datas de emissão e resgate. O Esquema
3 traz assinalados, em cinza, as características e particularidades acima descritas para os
seis produtos pesquisados.
Esquema 3: Caracterização dos seis produtos segundo questões regulatórias, liquidez, riscos de crédito e flutuação de preços. Fonte: Elaboração própria
c. Questões sobre as demografias - Na parte final do questionário os respondentes
informam: (1) estado civil, (2) faixa de idade, (3) sexo, (4) se têm filhos, (5) se possuem
imóvel próprio, (6) se possuem plano de previdência privada, (7) se têm vínculo
empregatício com recebimento regular de salário, (8) se são aposentados e, por fim, (9)
sua origem étnica.
D D D D D D
C C C C C C
G G G G G GV V V V V VL L L L L L
P - Título privadoS - Título público (i.e. emissão soberana)D - Título de dívidaC - Participação no capital (i.e. ações)G - Garantia do FGCV* - Volatilidade (i.e. amplitude/frequência da flutuação dos preços, MTM!percepção de risco)L* - Liquidez
(*) - Percepção do autor.
2 Marcados a mercado diariamente (MTM).3 Podem investir em títulos de dívida e ações, também de emissões públicas e privadas.
P S P S P SP S P S P S
Imóveis
compartilhado com outros investimentos.
CDB 1 TesouroDireto
Fundos Invest 2, 3
PGBL VGBL 2,
3Ações 2
1 Protegido pelo FGC até R$ 250.000,00 por CPF em cada conglomerado financeiro e
31
Necessário registrar que o questionário (ANEXO D), não seguiu método científico de
tradução do inglês para o português. As implicações dessa limitação podem ser mitigadas,
pelo fato do estudo não comparar numericamente os resultados obtidos aos do estudo que lhe
deu origem, muito embora, a tradução científica seja necessária em estudos futuros,
principalmente, se houver a pretensão de compará-los aos obtidos no Reino Unido.
3.2 Amostras pesquisadas e aplicação do questionário
O questionário foi aplicado junto a profissionais CFP3 no Brasil, representando os
especialistas em investimentos, cuja titulação assegura tratar-se de indivíduos com elevado
grau de educação financeira. Coube aos médicos da Grande São Paulo representar os
investidores, tal escolha recaiu sobre eles, seja por pertencerem a uma categoria profissional
bem definida e de alto nível educacional, seja por auferirem a maior renda média dentre as
profissões no Brasil (IBRE, 2009), e por isso, supostamente, possuírem maior familiaridade
com produtos/ativos financeiros. Informações adicionais sobre médicos e CFPs podem ser
vistas no APÊNDICE E.
De forma geral, as respostas foram obtidas junto a profissionais CFP que acessaram os links
para o questionário construído na plataforma SurveyMonkey para Internet, publicado no sítio
eletrônico do IBCPF e na página do grupo dos CFPs no LinkedIn, outros respondentes foram
acessados diretamente pelo autor por meio do grupo dos CFPs no LinkedIn pelo sistema de
mensagem interna. Quanto aos médicos, parte deles acessou o link do questionário publicado
no sítio eletrônico do corpo clínico do Hospital Sírio Libanês (HSL) e parte respondeu o
questionário eletrônico após abordagem do instituto de pesquisa contratado para esta
finalidade. Registra-se que maiores detalhes sobre a obtenção das respostas junto aos
respondentes e seleção do instituto de pesquisa podem ser respectivamente encontrados nos
APÊNDICES F e G.
3.3 Análises feitas sobre os dados coletados
A análise dos dados inicia com a apresentação da demografia das amostras, informando
também os graus de familiaridade de médicos e CFPs com investimentos, obtidos a partir das
3 O autor possui a certificação CFP desde 2009.
32
respostas dadas aos quinze produtos relacionados na primeira parte do questionário (item 3.1,
subitem a). Para analisá-los, o autor atribuiu um ponto para cada resposta afirmativa, em um
total possível de 30 pontos, cujo somatório serviu para comparar os níveis de conhecimento
sobre investimentos dos respondentes e suas amostras.
A consistência interna das respostas dadas às questões foi testada com a utilização do Alfa de
Cronbach e as oito hipóteses foram analisadas com o auxílio das estatísticas Descritiva,
Inferencial e Análise Fatorial Exploratória (AFE), por meio dos softwares Minitab 16 e SPSS.
A AFE foi aplicada sobre as médias dos seis produtos para cada uma das vinte e cinco
questões, excluída a variável de controle (i.e. questão 21 sobre o benefício/retorno percebido
pelos seis produtos frente à Caderneta de Poupança), para determinar as cargas fatoriais
responsáveis pela maior parte da variância explicada de cada questão, para se tentar chegar a
um agrupamento de questões associados a cada construto. Para testar as diferenças de
percepções entre médicos e CFPs foram feitos testes de hipóteses das médias (i.e. testes t
unicaudais para diferença de médias) dos cinco construtos de risco analisados, mais a
mencionada variável de controle, todas relacionadas aos seis produtos, assim como foram
feitos testes de hipótese para cada uma das questões, com o propósito de explorar quais delas
foram determinantes para os resultados encontrados. Outros testes de hipótese foram feitos
para testar as diferenças da percepção de risco entre gêneros e foram analisadas as correlações
entre a questão 21 - “Você percebe o benefício/retorno frente à Caderneta de Poupança” - e os
cinco construtos de risco para médicos e CFPs. Por fim, foram calculadas as médias simples
dos construtos de risco por produto, para determinar a relação benefício/retorno vs. risco e a
partir dela conhecer se há linearidade em tal relação.
33
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
4.1 Demografia e familiaridade com investimentos
O Quadro 5 mostra que foram colhidas 48 respostas completas de Certified Financial
Planners (CFP), sendo 33 homens e 15 mulheres, com 27 % entre 35 e 45 anos, e 40% entre
45 e 55 anos. Dentre os homens 98,4% sabem como funcionam e 66,5% já investiram nos
quinze produtos relacionados no questionário, com percentuais muito próximos aos das
mulheres, respectivamente 99,6% e 61,3%. Há também 96 respostas de médicos, sendo 60
homens e 36 mulheres, estando 66% dos respondentes desta amostra entre 35 e 45 anos.
Dentre os homens, 74,4% sabem como funcionam e 47,8% já investiram nos produtos
relacionados, com percentual inferior entre as mulheres, respectivamente 60,9% e 42,0%.
Informações completas sobre as demografias de médicos e CFPs podem ser vistas no
APÊNDICE H.
Quadro 5: Demografia e familiaridade com investimentos Fonte: Elaboração própria
A observação dos percentuais referentes à familiaridade com investimentos mostra que é
relevante a diferença entre os níveis de conhecimento de médicos e CFPs, corroborando a
CATEGORIA GÊNERO
96 MÉDICOS 60 homens 5 25 a 3528 35 a 4511 45 a 5511 55 a 655 65 +
IDADE SABE COMO FUNCIONA JÁ INVESTIU
FAMILIARIDADE COM INVESTIMENTOS
74.4% 47.8%
36 mulheres 3 25 a 3520 35 a 457 45 a 553 55 a 653 65 +
60.9% 42.0%
48 CFPs 33 homens 4 25 a 359 35 a 4511 45 a 557 55 a 652 65 +
98.4% 66.5%
15 mulheres 0 25 a 354 35 a 458 45 a 552 55 a 651 65 +
99.6% 61.3%
34
escolha destas populações para comparar as percepções de investidores leigos e especialistas
sobre os riscos de investimentos.
Dentre os 96 questionários dos médicos, 50 foram obtidos junto ao corpo clínico do Hospital
Sírio Libanês (HSL), 42 junto a médicos da Grande São Paulo com mais de dez anos de
atividade profissional, obtidas com o auxílio de instituto de pesquisa contratado para esta
finalidade e quatro pelo próprio pesquisador junto à rede de relacionamentos (APÊNDICES F
e H). Embora o questionário não traga questões sobre a renda destes profissionais, o fato da
pesquisa ter sido feita junto a médicos da Grande São Paulo, em sua maioria, com mais de dez
anos de atividade e/ou pertencentes ao quadro clínico do HSL, esse filtro, presumivelmente,
coloca os respondentes entre a parcela dos profissionais mais bem remunerados desta
categoria no Brasil.
4.2 Testes das hipóteses
Qualidade dos dados
Para conhecer a qualidade dos dados e inferir sobre as consistências internas entre as
questões, foram calculados os Alfas de Cronbach sobre as notas das questões que compõem
cada um dos cinco construtos de risco, separados por produto e também sobre as médias das
notas dadas aos seis produtos. O Quadro 6 mostra como fracas ou inadmissíveis as
consistências das questões relacionadas a cada construto, quando analisadas produto a
produto, e razoáveis quando agregados os seis produtos à cada construto.
Quadro 6: Consistências das questões medidas pelo Alfa de Cronbach Fonte: Elaboração própria
CONSTRUTO QUESTÕES CDB TESOURO FUNDOS PGBL VGBL
AÇÕES IMÓVEIS GERAL
ADV 2, 8, 9, 22, 23, 24 0.440 0.411 0.592 0.366 0.442 0.505 0.711
TRU 4, 11, 12, 13, 14, 15, 19 0.264 0.193 0.394 0.278 0.376 0.412 0.780
VOL 1, 18, 25, 26 0.759 0.761 0.675 0.548 0.617 0.650 0.851
DES 5, 6, 10 0.434 0.372 0.424 0.215 0.678 0.411 0.835
REG 16, 17 0.434 0.570 0.220 0.358 0.094 0.518 0.754
ADV 2, 8, 9, 22, 23, 24 0.348 0.314 0.595 0.533 0.044 0.444 0.828
TRU 4, 11, 12, 13, 14, 15, 19 0.304 0.353 0.185 0.303 0.180 0.642 0.789
VOL 1, 18, 25, 26 0.397 0.183 0.320 0.171 -0.087 0.547 0.742
DES 5, 6, 10 0.061 0.035 0.253 0.288 0.075 0.140 0.807
REG 16, 17 0.067 0.432 0.106 -0.325 -0.049 0.155 0.621
# 96MÉDICOS
# 48CFPs
35
A existência de Alfas de Cronbach negativos, para PGBL VGBL e Ações no construto falhas
na regulamentação e Ações para desconhecimento ocorrem, não por erro na codificação dos
dados, o que sugeriria a inversão dos pontos, mas em razão da não correlação das questões,
que apresentaram notas diametralmente opostas (Maroco & Garcia-Marques, 2006, p. 74).
Adicionalmente, foram apuradas as frequências das notas de 1 a 7 dadas por médicos e CFPs
às questões do questionário (Gráfico 3) e calculadas as frequências das notas de 0 a 6 dadas
para a questão 21, que indaga sobre a percepção do benefício/retorno de cada um dos seis
produtos em relação à Caderneta de Poupança (Gráfico 4). No primeiro caso vê-se a
concentração das frequências nas notas 1 e 7, com concentração na nota 6 para o segundo
caso.
Gráfico 3: Frequências das notas dadas às vinte e cinco questões de risco Fonte: Elaboração própria
Gráfico 4: Frequências das notas dadas à questão 21 Fonte: Elaboração própria
O autor aplicou Análise Fatorial Exploratória (AFE), com rotações ortogonal VARIMAX e
oblíqua Direct Oblimin, para confirmar o agrupamento das questões de médicos e CFPs aos
construtos encontrados por Diacon & Ennew (2001) (Quadro 4) ou obter agrupamentos
próprios de questões, que pudessem ser consistentes para serem utilizados neste estudo. Como
mostra o APÊNDICE I, independentemente do método de rotação empregado, as variâncias
explicadas foram bastante semelhantes aos do estudo original, muito embora não tenha sido
possível identificar agrupamentos claros das questões aos cinco construtos de risco. Por essa
razão, o estudo adota o agrupamento das questões encontradas por Diacon & Ennew (2001).
Hipótese 1 (GEN) - A percepção de risco é maior entre as mulheres
Para melhor visualização dos resultados, os quadros apresentados neste estudo mostram
assinaladas em cinza escuro os p-values ≤ 0,010 e em cinza claro os 0,010 < p-values ≤ 0,050.
0 1 2 3 4 5 6Médicos 5% 2% 4% 11% 13% 11% 53%CFPs 1% 0% 2% 2% 8% 11% 76%
0%10%20%30%40%50%60%70%80%
1 2 3 4 5 6 7Médicos 21% 8% 9% 14% 8% 8% 32%CFPs 23% 7% 6% 10% 7% 6% 41%
0%10%20%30%40%50%60%70%80%
36
Quadro 7: 𝒙, SD e p-value sobre a percepção de risco entre gêneros para médicos e CFPs Fonte: Elaboração própria
As médias amostrais do Quadro 7 foram obtidas com base nas médias das notas de cada
respondente, para as questões relacionadas a cada produto e construtos referidos no Quadro 4,
e mostram que são sempre maiores as médias das percepções do benefício/retorno entre os
homens, embora os testes t não permitam fazer tal afirmação, uma vez que foi encontrado p-
value ≤ 0,050 somente para as Ações. Por outro lado, são frequentemente maiores as médias
das percepções de risco entre as mulheres (não considera as observações relativas ao
benefício/retorno), mas somente onze entre as trinta comparações possíveis com p-values ≤
0,042 e destas apenas três observações com p-values ≤ 0,010. Os testes mostram que há maior
percepção de risco entre as mulheres somente para os construtos falhas da regulamentação
para CDB, Tesouro Direto e Fundos de Investimento, e desconfiança para todos os produtos
exceto para o PGBL/VGBL.
Quadro 8: 𝒙, SD e p-value sobre a percepção de risco entre gêneros para os médicos Fonte: Elaboração própria
Analisando as percepções de risco entre gêneros, para a amostra dos médicos, se pode
verificar que dentre as trinta observações relacionadas ao risco (não considera as observações
SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value
F 51 5.27 1.43 5.12 1.51 4.88 1.52 4.63 1.70 4.00 2.16 4.59 1.70M 93 5.52 1.14 5.51 1.19 5.26 1.33 4.69 1.78 4.88 1.63 4.83 1.53F 51 4.15 1.62 4.45 1.71 5.68 1.34 5.11 1.29 6.59 0.60 5.43 1.30M 93 3.79 1.33 3.93 1.30 5.44 1.08 4.81 1.31 6.32 1.00 5.71 1.18F 51 3.48 1.00 4.19 1.00 4.58 1.15 3.75 1.04 6.30 0.68 4.43 1.05M 93 3.46 1.03 3.79 0.93 4.71 1.17 3.85 1.10 6.21 0.72 4.60 1.08F 51 2.68 1.27 2.95 1.28 3.10 1.25 3.23 1.16 2.49 1.47 3.32 1.31M 93 2.86 1.25 2.87 1.21 3.06 1.26 3.12 1.19 2.32 1.33 3.35 1.32F 51 4.94 0.83 4.42 0.84 5.34 0.77 5.12 0.87 5.20 0.81 4.29 1.15M 93 4.68 0.86 4.07 0.95 5.10 0.81 4.92 0.81 4.75 0.95 3.93 1.04F 51 4.00 1.72 4.19 2.08 4.69 1.52 4.21 1.57 5.48 1.41 5.61 1.36M 93 2.67 1.57 2.82 1.53 4.20 1.29 3.83 1.48 5.39 1.24 5.90 1.25
0.000
0.042
0.208
0.000
0.012
0.366
0.355
0.030
0.081
0.094
0.283
0.304
0.028
0.042
0.437
0.735 0.226
0.249
0.002
FUNDOS PGBL VGBL IMÓVEIS
0.095
0.420
0.265
0.006
0.024
AÇÕES
0.071BEN - Benefício
VOL - Volatilidade
ADV - Adversidade
DES - Desconhecimento
TRU - Desconfiança
0.2020.058
0.452
0.088
0.011
REG - Regulamentação
0.151
0.101
0.034
0.452
0.185
0.103
#CDB TESOURO
SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value
F 36 5.28 1.52 5.17 1.54 4.92 1.65 4.67 1.84 4.00 2.45 4.67 1.87M 60 5.57 1.17 5.53 1.26 5.28 1.47 4.70 1.99 4.92 1.72 4.87 1.69F 36 4.37 1.72 4.49 1.96 5.28 1.39 4.63 1.20 6.41 0.64 5.25 1.39M 60 3.79 1.52 3.76 1.44 5.21 1.17 4.35 1.32 5.97 1.07 5.52 1.26F 36 3.21 0.95 4.21 1.04 4.39 1.24 3.46 0.99 6.30 0.71 4.25 1.18M 60 3.38 0.98 3.73 0.90 4.56 1.12 3.55 0.96 6.30 0.76 4.68 1.04F 36 2.75 1.35 2.88 1.41 3.13 1.32 3.25 1.19 2.41 1.60 3.08 1.36M 60 2.82 1.34 2.80 1.25 3.06 1.34 3.04 1.23 2.26 1.47 3.18 1.36F 36 4.74 0.83 4.44 0.90 5.21 0.95 4.80 0.77 5.14 0.88 4.07 1.06M 60 4.46 0.85 4.18 0.84 5.05 0.83 4.80 0.81 4.76 1.00 3.93 0.97F 36 4.08 1.75 4.47 2.09 5.06 1.40 4.18 1.68 6.06 0.98 5.60 1.32M 60 2.97 1.60 2.88 1.37 4.28 1.43 3.80 1.63 5.88 1.04 5.92 1.25
0.117REG - Regulamentação 0.001 0.000 0.005 0.141 0.198
0.355
TRU - Desconfiança 0.059 0.086 0.185 0.495 0.028 0.258
DES - Desconhecimento 0.409 0.391 0.407 0.210 0.323
0.170
ADV - Adversidade 0.203 0.001 0.259 0.334 0.496 0.038
VOL - Volatilidade 0.052 0.028 0.406 0.143 0.006
IMÓVEIS
BEN - Benefício 0.166 0.166 0.138 0.467 0.027 0.300
#CDB TESOURO FUNDOS PGBL VGBL AÇÕES
37
relativas ao BEN-benefício), são dezenove aquelas, cujas médias são maiores entre as
mulheres, e destas apenas sete com p-values ≤ 0,050 (Quadro 8). De forma geral, as
diferenças de médias encontram-se dispersas entre os produtos e construtos, havendo
consistência somente quanto ao construto falhas da regulamentação, em que excetuando
Imóveis, as médias são maiores entre as mulheres para todos os demais produtos, sendo três
delas com p-values ≤ 0,050.
Quadro 9: 𝒙, SD e p-value sobre a percepção de risco entre gêneros para os CFPs Fonte: Elaboração própria
Quanto aos CFPs se pode identificar que dentre as trinta observações relacionadas ao risco,
são vinte e duas aquelas, cujas médias são maiores entre as mulheres e destas apenas nove
com p-values ≤ 0,050 (Quadro 9). Assim, como acontece com os médicos, aqui também as
diferenças de médias encontram-se dispersas entre os produtos e construtos, havendo
consistência somente para o construto desconfiança, em que se excetuando o CDB, as médias
são maiores entre as mulheres para os demais produtos, com p-values ≤ 0,050.
Contrariando a literatura, há evidências de maior percepção de risco entre as mulheres apenas
para os construtos desconfiança e falhas na regulamentação, que surgem mais
pronunciadamente entre as mulheres, respectivamente, entre os CFPs e médicos.
Hipótese 2 (BEN vs. risco) - Não é monotônica a correspondência entre as relações
benefício/retorno e a síntese dos cinco construtos de risco para os seis produtos analisados.
Os dados representados no Quadro 10 foram obtidos com o propósito de testar se médicos e
CFPs demonstram perceber uma relação proporcional e monotônica entre o benefício/retorno
e a síntese dos cinco construtos de risco para os seis produtos estudados, fazendo isso a partir
do conceito do Índice de Sharpe, que reflete o benefício/retorno por unidade de risco
incorrida. Para isso, o autor tomou as médias simples das respostas das questões identificadas
SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value
F 15 5.27 1.22 5.00 1.46 4.80 1.21 4.53 1.36 4.00 1.31 4.40 1.24M 33 5.42 1.09 5.45 1.09 5.21 1.02 4.67 1.34 4.82 1.49 4.76 1.20F 15 3.65 1.28 4.36 0.91 6.65 0.30 6.27 0.56 7.00 0.00 5.87 0.93M 33 3.79 0.91 4.23 0.96 5.86 0.72 5.66 0.74 6.98 0.07 6.06 0.93F 15 4.13 0.83 4.13 0.94 5.02 0.76 4.45 0.83 6.29 0.63 4.87 0.36M 33 3.60 1.12 3.92 0.98 4.97 1.23 4.39 1.15 6.04 0.61 4.45 1.17F 15 2.51 1.07 3.10 0.92 3.02 1.09 3.20 1.12 2.69 1.11 3.91 1.00M 33 2.94 1.10 2.99 1.14 3.06 1.12 3.25 1.11 2.44 1.03 3.65 1.22F 15 5.41 0.64 4.38 0.70 5.65 0.39 5.89 0.55 5.35 0.60 4.79 1.22M 33 5.08 0.76 3.86 1.10 5.19 0.77 5.16 0.75 4.72 0.87 3.92 1.16F 15 3.80 1.71 3.50 1.94 3.80 1.46 4.27 1.32 4.10 1.34 5.63 1.49M 33 2.12 1.38 2.73 1.80 4.06 1.00 3.88 1.19 4.52 1.11 5.86 1.26
0.304REG - Regulamentação 0.001 0.101 0.269 0.170 0.153
0.222
TRU - Desconfiança 0.066 0.031 0.005 0.000 0.003 0.014
DES - Desconhecimento 0.106 0.367 0.453 0.442 0.235
0.267
ADV - Adversidade 0.039 0.237 0.436 0.416 0.102 0.035
VOL - Volatilidade 0.349 0.332 0.000 0.002 -
IMÓVEIS
BEN - Benefício 0.336 0.147 0.131 0.377 0.032 0.179
#CDB TESOURO FUNDOS PGBL VGBL AÇÕES
38
aos cinco construtos (i.e. VOL, ADV, DES, TRU e REG) por produto e calculou sobre elas as
médias simples gerais, que para fins deste estudo representam as sínteses das percepções de
risco por produto, restando a partir daí obter, de forma semelhante, as percepções do
benefício/retorno de cada produto contidas na questão 21.
Quadro 10: Relação dos benefícios/retornos vs. riscos de médicos e CFPs para cada produto Fonte: Elaboração própria
Gráfico 5: Benefício/retorno vs. síntese dos riscos para os seis produtos Fonte: Elaboração própria
Na representação dos dados do Quadro 10 que consta do Gráfico 5, visualmente se observa
que as relações benefício/retorno vs. risco para médicos e CFPs apresentam inclinações
negativas, traduzindo as percepções de ambos quanto a não haver prêmio e sim penalidade na
assunção de riscos. Os maiores “Índices de Sharpe” dos CFPs produto a produto,
provavelmente, decorrem do maior conhecimento que estes profissionais possuem a respeito
PRODUTO CATEGORIA BENEFÍCIOmédio
RISCOmédio
"SHARPE"(*)
MED 5.22 3.77 1.38CFP 5.85 3.98 1.47MED 5.13 3.86 1.33CFP 5.85 3.82 1.53MED 4.78 4.64 1.03CFP 5.81 4.94 1.18MED 4.22 4.07 1.04CFP 5.56 4.78 1.16MED 4.26 5.24 0.81CFP 5.19 5.25 0.99MED 4.61 4.44 1.04CFP 5.00 4.71 1.06
(*)CalculadocombasenoconceitodoÍndicedeSharpe
CDB
Tesouro
Fundos
PGBLVGBL
Ações
Imóveis
39
dos ativos e produtos financeiros, suposição essa que encontra respaldo no Quadro 5. O
gráfico mostra, também, que médicos percebem no CDB o menor nível de risco dentre todos
os produtos, além da considerável distância entre as percepções de risco e benefício/retorno
de médicos e CFPs sobre o produto PGBL/VGBL.
Hipótese 3 (BEN vs. TRU) - É negativa a correlação entre o benefício/retorno e o
construto desconfiança.
Para testar a existência de correlações negativas entre as percepções do benefício/retorno e o
construto desconfiança, foram calculadas as Correlações de Pearson para médicos e CFPs,
sobre as médias simples das questões que compõem cada construto, produto a produto para
cada respondente (Quadro 11).
Confirmando a hipótese firmada, esta abordagem mostrou haver sim correlações negativas
entre a percepção do benefício/retorno e o construto desconfiança entre médicos a p-values ≤
0,050 para todos os produtos, exceto Imóveis, ocorrendo o mesmo em relação ao construto
falhas na regulamentação, para os produtos CDB, Tesouro Direto e PGBL/VGBL; correlações
positivas ou negativas a p-values ≤ 0,061 não foram encontradas entre os CFPs. Com o
mesmo propósito, o autor realizou também a AFE sem rotação sobre as médias simples das
respostas de cada construto por respondente, para reduzir as percepções de risco a um único
fator e a partir dele calcular as correlações desejadas. Essa abordagem não produziu
resultados confiáveis em razão das baixas comunalidades encontradas, entre 0,367 e 0,630.
40
Quadro 11: Correlações de Pearson entre o benefício/retorno e os construtos de risco Fonte: Elaboração própria
Quadro 12: 𝒙, SD e p-value do benefício/retorno dos seis produtos vs. a Caderneta de Poupança Fonte: Elaboração própria
SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value
MED 96 5.22 1.46 5.13 1.54 4.78 1.57 4.22 1.90 4.26 2.02 4.61 1.68CFP 48 5.85 0.41 5.85 0.41 5.81 0.53 5.56 0.87 5.19 1.39 5.00 1.38
0.0010.000 0.000
CDB TESOURO FUNDOS
H2 - BEN (Benefício) 0.000 0.000
PGBL VGBL AÇÕES#
IMÓVEIS
0.073
CDBC
TESOUROT
FUNDOSF
PGBL VGBL
PAÇÕES
AIMÓVEIS
ICDB
CTESOURO
TFUNDOS
F
PGBL VGBL
PAÇÕES
AIMÓVEIS
ICorrelação -0.282 0.076
p-valor 0.005 0.606Correlação -0.151 0.054
p-valor 0.141 0.717Correlação -0.080 -0.142
p-valor 0.438 0.335Correlação -0.001 -0.048
p-valor 0.993 0.744Correlação 0.036 -0.166
p-valor 0.726 0.258Correlação -0.013 0.272
p-valor 0.898 0.061Correlação -0.306 0.019
p-valor 0.002 0.898 Correlação -0.237 -0.025
p-valor 0.020 0.868Correlação -0.254 -0.163
p-valor 0.012 0.267Correlação -0.333 -0.148
p-valor 0.001 0.314Correlação -0.232 0.095
p-valor 0.023 0.523Correlação 0.055 0.181
p-valor 0.598 0.217Correlação -0.358 -0.192
p-valor 0.002 0.190Correlação -0.085 0.159
p-valor 0.411 0.279Correlação -0.104 -0.235
p-valor 0.315 0.109Correlação -0.147 -0.207
p-valor 0.153 0.158Correlação -0.096 -0.055
p-valor 0.350 0.713Correlação -0.155 -0.222
p-valor 0.266 0.129Correlação -0.282 -0.120
p-valor 0.005 0.418Correlação -0.153 0.210
p-valor 0.137 0.152Correlação -0.034 -0.076
p-valor 0.739 0.609Correlação -0.233 0.041
p-valor 0.022 0.783Correlação -0.083 0.096
p-valor 0.419 0.518Correlação -0.099 0.008
p-valor 0.336 0.955Correlação -0.292 0.280
p-valor 0.005 0.054Correlação -0.328 -0.034
p-valor 0.001 0.819Correlação -0.140 0.184
p-valor 0.174 0.210Correlação -0.249 0.208
p-valor 0.014 0.156Correlação 0.025 -0.077
p-valor 0.806 0.604Correlação 0.165 0.064
p-valor 0.107 0.666
T
F
P
C
T
F
P
I
ADV
TRU
DES
VOL
REG
A
I
C
T
F
P
A
I
C
T
# 96 MÉDICOS # 48 CFPs
BEN
A
F
P
A
I
C
T
F
P
A
I
C
41
Adicionalmente e contrariando Diacon (2004, p. 187) (também disponível no ANEXO E,
Table II, questão 22), exceto para Imóveis, os médicos apresentaram menor percepção do
benefício/retorno para todos os produtos em relação à Caderneta de Poupança (Quadro 12).
Para isso foram obtidas as médias simples das questões de cada construto, produto a produto,
e sobre estas calculadas as médias amostrais apresentadas. Tal evidência pode estar
relacionada ao maior conhecimento que os profissionais CFP têm sobre os produtos/ativos
financeiros e a forma correta de utilizá-los.
Hipótese 4 (VOL) - A aversão à volatilidade é elevada para CFPs e médicos, embora maior
entre os primeiros.
Quadro 13: 𝒙, SD e p-value sobre o construto volatilidade Fonte: Elaboração própria
Como mostra o Quadro 13, que corrobora a hipótese firmada, o construto volatilidade é
fortemente percebido por médicos e CFPs e, mais pronunciadamente, entre os últimos. À
exceção dos CDBs, os CFPs apresentaram maiores médias das percepções para Fundos de
Investimento, PBGL/VGBL, Ações e Imóveis a p-values ≤ 0,001. Isso, provavelmente, ocorre
em razão do maior grau de familiaridade que CFPs têm sobre a medida volatilidade e pelo
fato de orientarem mais fortemente a percepção dos riscos às medidas objetivas de caráter
quantitativo.
Quadro 14: Teste t para as questões sobre volatilidade Fonte: Elaboração própria
SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value
CDB TESOURO FUNDOS PGBL VGBL AÇÕES#
IMÓVEIS
MED 96 4.01 1.61 4.04 1.68 5.24 1.25 4.45 1.28 6.13 0.95 5.42 1.31CFP 48 3.75 1.03 4.28 0.94 6.10 0.72 5.85 0.74 6.98 0.06 6.00 0.92
0.000H3 - VOL (Volatilidade) 0.119 0.141 0.000 0.000 0.001
CO
NST
RU
TO
QU
EST
ÃO
TIPO DE RISCO ENUNCIADO DA QUESTÃO
AM
OST
RA
SD ρ-value SD ρ-value
QUESTÕES CONSTRUTOS
TESTES DE HIPÓTESE (#MED = 96 e #CFP = 48)
MED 3.600 0.970
CFP 4.770 0.900
MED 5.640 1.350
CFP 6.560 0.660
MED 5.710 1.270
CFP 6.410 0.820
MED 4.490 1.390
CFP 4.150 0.990
Q1
Q18
Q25
Q26
Há risco dos retornos ficarem abaixo dasexpectativas?
Há certeza quanto ao retorno esperado?
Há o risco de render abaixo da inflação?
É elevada a probabilidade do retornovariar entre negativo e positivo?
Retorno abaixo das expectativas
Depreciação do valor
0.9100.530V
OL
Vola
tilid
ade
0.000
0.000
0.000
0.000
0.047
4.8705.480
Incerteza
Menos que a inflação
42
O Quadro 14 traz os resultados dos testes t das questões relacionadas ao construto
volatilidade, em que se observa serem mais elevadas as médias entre os CFPs ao p-value =
0,000 para Q1, Q18 e Q25, surgindo como contraponto somente a questão Q26 - “É elevada a
probabilidade do retorno variar entre negativo e positivo?”- que apresenta média maior para
os médicos ao p-value de 0,047. Estes resultados, abertos questão a questão, reforçam a
conclusão de que a percepção sobre o construto volatilidade é mesmo maior entre os CFPs.
As médias amostrais, apresentadas no Quadro 14, são as médias simples das respostas dadas
aos seis produtos para cada questão.
Hipótese 5 (ADV) - É maior entre os médicos a percepção de risco sobre o construto
adversidade.
Quadro 15: 𝒙, SD e p-value sobre o construto adversidade Fonte: Elaboração própria
Quadro 16: Teste t para as questões sobre adversidade Fonte: Elaboração própria
Contrariando a hipótese firmada e ressalvadas as Ações, médicos apresentaram menores
médias para a percepção de aversão à adversidade, o que fica estatisticamente confirmado
pelos testes t a p-values ≤ 0,008 para CDB, Fundos de Investimento e PGBL/VGBL (Quadro
15). Estes resultados contrariam o esperado, qual seja, o de que o potencial de ocorrência de
perdas arruinadoras ou de graves consequências, influenciadas por fatores emocionais, falta
SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value
IMÓVEIS#
AÇÕESPGBL VGBLCDB TESOURO FUNDOS
MED 96 3.32 0.97 3.90 0.98 4.50 1.16 3.52 0.97 6.30 0.74 4.52 1.11CFP 48 3.77 1.06 4.00 0.96 4.99 1.10 4.41 1.05 6.12 0.62 4.58 1.01
0.3650.000H4 - ADV (Adversidade) 0.008 0.309 0.007 0.064
CO
NST
RU
TO
QU
EST
ÃO
TIPO DE RISCO ENUNCIADO DA QUESTÃO
AM
OST
RA
SD ρ-value SD ρ-value
QUESTÕES CONSTRUTOS
TESTES DE HIPÓTESE (#MED = 96 e #CFP = 48)
MED 4.620 1.230
CFP 5.360 1.350
MED 3.560 1.100
CFP 4.800 1.020
MED 5.250 1.370
CFP 5.000 1.570
MED 3.090 1.000
CFP 3.230 1.070
MED 5.290 1.630
CFP 4.390 1.490
MED 4.240 1.230
CFP 5.080 1.490Ruína
Q2
Q8
Q9
Q22
Q23
Q24
Os investidores analisam as informaçõesantes de investirem?
Há risco de ruína com o resultado doinvestimento?
Severidade
Perda total do dinheiro
Efeito adverso na economia
Tempo de monitoramento
Informação prévia à compra
AD
VA
dver
sidd
e
0.006
0.001
0.000
0.174
0.223
0.001
0.001
0.5704.3404.650 0.730
Investir pode ter consequênciassérias/insatisfatórias?
Pode haver a perda de todoinvestimento?
Perdas ou falhas podem afetar aeconomia brasileira?
O investidor dedica muito tempomonitorando o investimento?
43
de familiaridade com o risco e sua imprevisibilidade surgiriam, mais pronunciadamente, entre
os médicos, enquanto os CFPs se deteriam mais claramente nas medidas objetivas de
mensuração do risco de caráter quantitativo.
Dentre as questões listadas no Quadro 16, de maneira consistente, observa-se que as médias
das respostas dos CFPs, relacionadas aos tipos de risco: severidade, perda total do dinheiro e
ruína, respectivamente formalizadas, nas questões Q2, Q8 e Q24, são significativamente
superiores às dos médicos para p-values ≤ 0,001, com média mais alta para os médicos
somente para Q23 – “Os investidores analisam as informações antes de investirem?”, cuja
interpretação é de que os médicos entendem, mais que os CFPs, que os investidores analisam
sim as informação antes de decidirem pelo investimento. Com base nos resultados aqui
encontrados e confirmando os apresentados nos Quadros 15 e 16, é possível dizer que a
percepção do construto adversidade é maior entre os CFPs.
Hipótese 6 (DES) - É maior entre os médicos a percepção de risco sobre o construto
desconhecimento.
Quadro 17: 𝒙, SD e p-value sobre o construto desconhecimento Fonte: Elaboração própria
Quadro 18: Teste t para as questões sobre desconhecimento Fonte: Elaboração própria
À exceção dos Imóveis, embora as percepções sobre o construto desconhecimento tenham
apresentado médias ligeiramente maiores entre os CFPs, os testes t não apresentaram
nenhuma outra observação com p-values ≤ 0,169 (Quadro 17). A inconclusividade deste
SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value
IMÓVEIS#
AÇÕESPGBL VGBLCDB TESOURO FUNDOS
MED 96 2.79 1.34 2.83 1.31 3.09 1.32 3.12 1.21 2.32 1.52 3.14 1.35CFP 48 2.80 1.10 3.03 1.07 3.05 1.10 3.24 1.10 2.52 1.05 3.74 1.15
0.427 0.282 0.003H5 - DES (Desconhecimento) 0.484 0.169 0.179
CO
NST
RU
TO
QU
EST
ÃO
TIPO DE RISCO ENUNCIADO DA QUESTÃO
AM
OST
RA
SD ρ-value SD ρ-value
QUESTÕES CONSTRUTOS
TESTES DE HIPÓTESE (#MED = 96 e #CFP = 48)
MED 3.180 1.610
CFP 4.210 1.740
MED 2.070 1.270
CFP 1.650 0.760
MED 3.400 1.500
CFP 3.320 1.260
Q6
Q10
Q5
Os CONSULTORES DEINVESTIMENTOS conhecem os riscos?
Eventuais perdas podem ser facilmenteobservadas pelos investidores?
Os INVESTIDORES conhecem osriscos?Desconhecido pelos investidores
Desconhecido pelos especialistas
Perdas não observáveis
3.0801.0100.870
2.880
DE
SD
esco
nhec
imen
to
0.123
0.000
0.007
0.371
44
resultado é desapontadora, uma vez que os construtos “pavor” e “desconhecimento” são
elementos fundamentais da Teoria do Paradigma Psicométrico (TPP), a qual fundamenta o
questionário desta pesquisa.
Dentre as questões agrupadas neste construto, embora com p-values ≤ 0,007, as médias das
questões Q5 e Q6 de médicos e de CFPs são relativamente baixas e com percepções opostas
entre si (Quadro 18). Tais resultados confirmam a impossibilidade de afirmar haver
prevalência de uma das categorias profissionais analisadas para este construto.
Hipótese 7 (TRU) - É maior entre os médicos a percepção de risco sobre o construto
desconfiança.
Quadro 19: 𝒙, SD e p-value sobre o construto desconfiança Fonte: Elaboração própria
Quadro 20: Teste t para as questões sobre desconfiança Fonte: Elaboração própria
Como mostra o Quadro 19, ambas as categorias profissionais apresentam médias elevadas
para o construto desconfiança, excetuando o Tesouro Direto, os CFPs apresentaram médias
mais elevadas que os médicos, com p-values = 0,000 para CDB e PGBL/VGBL e 0,045 para
SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value
IMÓVEIS#
AÇÕESPGBL VGBLCDB TESOURO FUNDOS
MED 96 4.57 0.85 4.28 0.87 5.11 0.84 4.80 0.79 4.90 0.97 3.99 1.00CFP 48 5.18 0.73 4.02 1.02 5.34 0.71 5.38 0.76 4.92 0.84 4.20 1.24
0.000 0.067H6 - TRU (Desconfiança) 0.0000.045 0.453 0.156
CO
NST
RU
TO
QU
EST
ÃO
TIPO DE RISCO ENUNCIADO DA QUESTÃO
AM
OST
RA
SD ρ-value SD ρ-value
QUESTÕES CONSTRUTOS
TESTES DE HIPÓTESE (#MED = 96 e #CFP = 48)
MED 3.490 1.410
CFP 3.960 1.800
MED 3.190 1.210
CFP 3.110 1.290
MED 5.060 1.460
CFP 5.890 1.040
MED 5.750 1.190
CFP 5.910 0.823
MED 5.420 1.190
CFP 5.420 1.210
MED 4.090 1.530
CFP 3.540 1.260
MED 5.230 1.720
CFP 6.110 1.500
Q4
Q11
Q12
Q13
Q14
Q15
Q19
Retardamento das perdas
Entendimento complexo
Pressão de vendas inaceitável
Mau aconsselhamento
Resgates penalizados
Cobranças ocultas
Falta de ética
Eventuais perdas são conhecidasimediatamente?
Este produto é de fácil compreensão?
Pode haver pressão de vendas parainvestir?
Pode haver aconselhamento viesado dasinstituições financeiras?
Pode haver pênalti para resgatar nocurto prazo?
Os encargos cobrados pelas instituiçõessão transparentes?
TR
UD
esco
nfia
nça
0.018
0.058
0.369
0.000
0.178
0.492
0.004
0.001
4.6004.840
0.6300.630
Há risco das instituições que oscomercializam não serem éticas?
45
Fundos de Investimento. O resultado contraria a hipótese firmada, o que pode sugerir que isso
ocorre em função do maior conhecimento que os CFPs têm sobre assuntos ligados a
investimentos, uma vez que, em razão da proximidade com o tema, têm maior oportunidade
de observar práticas condenáveis de mercado.
Com relação às questões, as médias de médicos e CFPs para Q13 são muito elevadas,
denotando que ambos acreditam haver aconselhamento viesado por parte das instituições
financeiras. Dentre outras, Q12 e Q19 apresentam médias também elevadas e superiores para
os CFPs com p-values ≤ 0,001, ou seja, as questões que versam sobre a falta de ética e
pressão de vendas inaceitável, aparecendo como contraponto a questão Q15, em que os
médicos acreditam mais que os CFPs, que há cobranças ocultas; todas essas percepções de
importância relevante (Quadro 20).
Hipótese 8 (REG) - É maior entre os médicos a percepção de risco sobre o construto falhas
regulatórias.
Quadro 21: 𝒙, SD e p-value sobre o construto falhas na regulamentação Fonte: Elaboração própria
Ressalvado o fato das médias de médicos e CFPs serem muito próximas para PGBL/VGBL,
Tesouro Direto e Imóveis, as demais médias são consistentemente maiores entre os médicos,
tendo apresentado p-values ≤ 0,007 para CDB, Fundos de Investimento e Ações (Quadro 21).
Tais evidências estão em linha com a hipótese firmada, de que é maior entre os médicos a
percepção de que o investidor não está protegido pela regulamentação.
Quadro 22: Teste t para as questões sobre falhas na regulamentação Fonte: Elaboração própria
SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value
IMÓVEIS#
AÇÕESPGBL VGBLCDB TESOURO FUNDOS
MED 96 3.39 1.73 3.47 1.84 4.57 1.46 3.94 1.65 5.94 1.02 5.80 1.28CFP 48 2.65 1.67 2.97 1.86 3.98 1.15 4.00 1.23 4.39 1.19 5.79 1.32
0.005 0.4820.592H7 - REG (Regulamentação) 0.007 0.063 0.000
CO
NST
RU
TO
QU
EST
ÃO
TIPO DE RISCO ENUNCIADO DA QUESTÃO
AM
OST
RA
SD ρ-value SD ρ-value
QUESTÕES CONSTRUTOS
TESTES DE HIPÓTESE (#MED = 96 e #CFP = 48)
MED 4.550 1.160
CFP 5.360 1.420
MED 4.490 1.410
CFP 2.560 1.150
Q16
Q17
Há proteção governamental aosinvestidores neste produto?
As instituições financeiras são reguladaspara proteger o investidor?
Fraca proteção ao investidor
Não há regulamentação
RE
GR
egul
amen
taçã
o
0.0004.5303.970
1.0000.880
0.000
0.000
46
Embora a análise das percepções desse construto sobre os produtos indique que é maior a
percepção sobre falhas regulatórias entre médicos, a observação do Quadro 22 mostra que são
ambíguas as respostas de Q16 e Q17, ou seja, a maior percepção de fragilidade da proteção ao
investidor entre os CFPs e a maior percepção de não existência de regulamentação entre os
médicos, ambas a p-values = 0,000. Tal evidência merece ainda mais atenção, em razão das
proporções dos distanciamentos das médias.
Outras evidências
Quadro 23: 𝒙, SD e p-value para percepção sobre as questões 5 e 12 Fonte: Elaboração própria
As respostas às questões Q5 e Q12 trazem resultados, que merecem atenção, por
contradizerem as premissas (Quadro 23). Para Q5 – “Os investidores conhecem os produtos?”
– as médias das respostas dos CFPs foram significativamente maiores com p-values ≤ 0,009
para Tesouro Direto, PGBL VGBL, Ações e Imóveis e ≤ 0,025 para CDB e Fundos de
Investimento, indicando haver um distanciamento entre o que os médicos entendem conhecer
sobre os produtos/ativos financeiros e o que os CFPs entendem que os médicos conhecem.
Sobre Q12 - “Pode haver pressão de vendas para investir?” - ambas as categorias profissionais
acreditam, fortemente, que há pressão de vendas para investir, e à exceção de Tesouro Direto
e Imóveis, os CFPs creem de forma mais enfática, que isso de fato ocorre, o que está
estatisticamente testado para p-values ≤ 0,009 e reforça o que já foi dito em relação aos
resultados verificados na análise da hipótese 7, referente à desconfiança.
SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-valueMED 96 2.85 2.08 2.98 2.12 3.93 2.24 3.34 2.18 2.72 2.29 3.23 2.07CFP 48 3.63 2.12 3.92 2.24 4.63 1.85 4.71 1.89 4.06 2.23 4.38 1.95MED 96 5.01 2.23 4.15 2.15 5.85 1.64 5,45 1.91 5.02 2.05 4.89 2.29CFP 48 6.48 1.29 3.94 2.36 6.44 1.24 6.67 1.14 6.33 1.34 5.48 2.07
0.001
0.000 0.061
#CDB TESOURO FUNDOS IMÓVEIS
H5 - DES (Questão 5) 0.009 0.025 0.0000.021
AÇÕESPGBL VGBL
0.001
H6 - TRU (Questão 12) 0.000 0.304 0.009 0.000
47
5 CONCLUSÕES
Esta pesquisa baseou-se em publicações feitas no Reino Unido por Diacon & Ennew (2001) e
Diacon (2004), em período marcado por escândalos sobre vendas casadas de produtos e
serviços financeiros, tudo sob forte pressão da mídia. Quanto a presente pesquisa, a coleta de
dados ocorreu entre os anos de 2015 e 2016, em um ambiente de escândalos de corrupção
envolvendo políticos e empresários, com forte descrédito da população no sistema político,
desemprego crescente e inflação, desvalorização da moeda, volatilidade e desvalorização dos
preços dos ativos reais, que resultaram na retirada do grau de investimento do Brasil pelas
agências internacionais de rating e o posterior impeachment da Presidente da República.
Os resultados obtidos mostram que não é possível afirmar, indistintamente, que as percepções
de risco são maiores entre as mulheres pesquisadas. Percepções de risco, mais pronunciadas
junto às mulheres, surgiram somente para os construtos falhas regulatórias entre os médicos e
desconfiança entre os CFPs. Com respeito aos seis construtos de risco, o estudo confirma ser
elevada a percepção sobre o construto volatilidade para as duas categorias profissionais,
embora mais acentuada entre os CFPs, presumivelmente, por se tratar de um conceito ligado
às ciências exatas exaustivamente estudado por estes profissionais e objeto de atenção diária
no exercício das suas funções. Em comparação com os CFPs, o desconhecimento sobre
investimentos parece ser a explicação para os médicos enxergarem menor benefício/retorno
para todos os seis produtos na comparação com a Caderneta de Poupança. O mesmo
desconhecimento pode ser a razão para o fato dos médicos perceberem menor risco no CDB
que no Tesouro Direto, além de todos os demais produtos pesquisados e, também, pelas
percepções bastante diferentes, tanto sobre o risco como sobre o benefício/retorno do
PGBL/VGBL na comparação com os CFPs. Com base nisso, especialistas em investimento,
instituições financeiras e mesmo o Tesouro Nacional têm a oportunidade de melhor
comunicar as características e uso apropriado destes produtos, atenuando as diferenças de
percepção entre investidores e especialistas, contribuindo para a correta decisão de
investimento. O estudo confirmou, ainda, não serem proporcionais e monotônicas as relações
dos benefícios/retornos com as sínteses de riscos entre os seis produtos estudados, mais que
isso, o estudo sugere haver indício de que tais relações são inversas, indicando que médicos e
também CFPs, perceberam não haver prêmio, mas sim penalização, na assunção de riscos.
Dentre os resultados encontrados, destaca-se a elevada desconfiança que médicos e CFPs têm
48
nos consultores de investimento, instituições financeiras e órgãos reguladores, também a alta
percepção que ambos têm sobre a fragilidade da regulamentação e o fato dos médicos
acreditarem possuir conhecimento sobre investimentos, maior do que creem os CFPs a
respeito deles. Esse conjunto de fatores trabalha contra a eficácia dos investimentos em
educação financeira ao ferir a confiança dos investidores nos patrocinadores de tal iniciativa.
Remetendo à questão da desconfiança Fischhoff (1995, p. 137, tradução nossa) escreve: “Os
danos decorrentes da comunicação de risco podem ser irreversíveis se a relação com o
comunicador é abalada. A sombra da dúvida pode ser difícil de apagar”.
Quanto a comunicação envolvendo o risco a literatura sugere focar naquilo de mais
importante que o investidor necessita saber, garantindo que a mensagem seja entendida como
desejado e que ela seja de fonte oficial e crível (Fischhoff, 1995, p. 138), mais
especificamente, sugere que a comunicação de riscos seja feita nos moldes a seguir:
1. Ter a informação correta;
2. Informá-la aos investidores;
3. Expressar o julgamento sobre a informação;
4. Mostrar que já se aceitou risco similar no passado (i.e. caso tenha ocorrido);
5. Mostrar que assumir tal risco é um bom negócio;
6. Tratar bem os investidores;
7. Ter os investidores como parceiros na decisão.
Para Fischhoff (1995), mesmo uma mensagem de conteúdo correto pode causar problemas,
quando apresentada de forma imprópria, nesse sentido, “tratar bem os investidores” significa
valorizá-los e respeitá-los, usando uma linguagem acessível, ajustada à gravidade do assunto e
despida de expressões hostis ou vagas. Quando suavizada em demasia, a comunicação de algo
grave pode levar a suspeições e/ou descrédito, o mesmo acontecendo com a comunicação não
verbal, quando desconectada do conteúdo ou contaminada por estados de humor.
Por fim, os resultados apresentados reforçam a necessidade de que a comunicação, no seu
conteúdo e forma, considere os aspectos vistos como relevantes pelos investidores, em
especial, no que tange às percepções de risco, contribuindo assim para a melhor decisão de
investimento e a construção de relacionamentos comerciais saudáveis e duradouros. Por
vezes, os investidores preferem eles próprios tomarem as decisões e precisam apenas de dados
numéricos para isso, ou esperam por ajuda para organizarem o pensamento (Morgan,
Fischhoff, Bostrom, & Atman, 2002, p. 5).
49
5.1 Estudos futuros
Tendo em conta os resultados encontrados, alguns deles contrários às hipóteses firmadas e a
literatura sobre o tema, o autor entende que merecem ser melhor estudadas as conclusões de
que CFPs têm maior percepção sobre os efeitos adversos decorrentes dos investimentos, o que
pode ter origem na formação e educação continuada destes profissionais, baseada em
princípios éticos, que enfatiza também o planejamento patrimonial e proteção do investidor. O
mesmo vale para a maior percepção de desconfiança entre os CFPs, para saber em que medida
isso decorre dos padrões de conduta e práticas definidas pelo IBCPF e/ou o maior
conhecimento que os CFPs têm sobre as práticas condenáveis de mercado. Por fim, as
percepções de que os CFPs entendem que as instituições são muitíssimo reguladas, embora
isso não resulte em proteção dos investidores, deixa sem resposta o que está por trás dessa
ambiguidade, razão que o coloca também como objeto de estudos futuros.
Médicos e CFPs são bastante distintos entre si, mas também o são em relação às demais
categorias profissionais, sendo natural imaginar que os resultados encontrados podem não se
repetir em estudos semelhantes junto a advogados ou engenheiros, no lugar dos médicos,
assim como com profissionais da área de finanças não ligados ao mercado de investimentos
no lugar dos CFPs.
Estudos futuros, que tomem por base este material, farão bem em considerar que o
questionário da pesquisa foi respondido, voluntariamente, por médicos e CFPs em condições
que não representaram situações reais de tomada de decisão sobre investimentos e que a
tradução do questionário do inglês para o português não observou critérios científicos. Por
fatores desconhecidos, dentre os quais podem estar diferenças culturais e econômicas ou
mesmo o distanciamento no tempo entre a pesquisa atual e o estudo que lhe deu origem, não
foram bem-sucedidas as tentativas utilizando AFE, com o propósito de obter agrupamentos
consistentes e satisfatórios das vinte e cinco questões de risco aos cinco construtos, levando o
autor a assumir o agrupamento encontrado por Diacon & Ennew (2001), lembrando que tal
decisão pode comprometer a qualidade dos dados e produzir resultados menos precisos.
Também a limitação do número de produtos a seis e o tempo médio estimado de quinze
minutos para a resposta do questionário, respectivamente, são fatores que ora restringem a
abrangência da análise, ora podem ter gerado fadiga e déficit de atenção em alguns
respondentes, o que pode ser uma das causas das concentrações das respostas nas notas 1 e 7.
Embora o questionário da pesquisa não tenha incluído questões que permitissem inferir sobre
50
o nível de renda dos médicos que responderam a pesquisa, o fato das respostas terem sido
colhidas por instituto de pesquisa junto aos profissionais com pelos menos dez anos de
atividade na Grande São Paulo e junto ao corpo clínico do Hospital Sírio Libanês (HSL), uma
instituição de referência, faz crer que é elevada a capacidade de investimento dos
respondentes se comparados ao universo dos médicos no Brasil. Por fim, o fato de o
questionário ter sido respondido sem que os respondentes conhecessem os conceitos de ruína
e benefício/retorno, pode ter resultado em interpretações errôneas, com possíveis reflexos
sobre as conclusões tiradas a partir delas.
51
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55
7 APÊNDICES
APÊNDICE A - Mapa da literatura
Fonte: Elaboração própria (continua)
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Fonte: Elaboração própria (continuação)
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57
APÊNDICE B - Teste piloto: aplicação, resultados e ações corretivas
Foram criados no SurveyMonkey endereços de acesso distintos (i.e. links) para os
questionários, segundo a amostra pesquisada e estes foram, respectivamente, disponibilizados
no sítio do IBCPF/ANBIMA e no grupo dos CFPs no LinkedIn (ANEXOS A4 e B5) para
colher as respostas dos CFPs. Quanto aos médicos, foram enviados (1) e-mails a profissionais
do relacionamento do autor convidando-os a acessarem o link que os levaria ao questionário
no SurveyMonkey e (2) com a ajuda de profissionais do setor de saúde, bem como do
relacionamento do autor foram distribuídos envelopes, previamente selados e endereçados à
Coordenação da FGV-MPA, para médicos do Hospital Sírio Libanês e Hospital AC Camargo,
(3) outros questionários em papel foram distribuídos em consultórios médicos diversos, sem
relação com o autor. Os questionários beta foram colocados à disposição de 2.373
profissionais CFP no Brasil e 131 médicos da Grande São Paulo, como apresentado pelo
Quadro 23. Com base na facilidade de acesso do autor aos profissionais CFP, não foi testado
para eles a opção de entrega de questionários em papel.
Quadro 23: Inventário das respostas obtidas pelos questionários beta Fonte: Elaboração própria
O significativo percentual de mensagens ignoradas, pelos CFPs, sugeriu ser necessário maior
esforço do autor em utilizar a rede de relacionamentos para obter um número suficiente de
respostas. Os resultados obtidos com a aplicação do questionário beta junto aos médicos, em
meio eletrônico, foi bem melhor se comparado ao dos CFPs. A explicação pode estar no fato
de não ter acontecido a divulgação do link do questionário, em nenhum sítio na Internet
acessado pelos médicos, mas sim o envio via e-mails aos profissionais da rede de
relacionamentos do autor. O baixo percentual de retorno dos questionários em papel, embora
dentro das expectativas, sugeriu não ser esta uma prática produtiva de coleta de dados,
lembrando também que o tempo estimado para o preenchimento completo do questionário
beta pelos médicos foi de 18 minutos. 4 http://www.ibcpf.org.br/PlanejadorFinanceiro/Noticia/719 5 https://www.linkedin.com/company/353459?trk=prof-exp-company-name
Distribuídos Iniciaram Ignorados (a) Concluiram Drop out (b) Distribuídos Retornaram Ignorados Drop out (b)
CFPs 2373 31 99% 14 55% 0 0 - -Médicos 31 6 81% 3 50% 100 2 98% 0%
(a)
(b)
inclui as visualizações potencialmente ocorridas sem que o questionário tenha sido respondido e associados que não leram as mensagens veiculadas nos sítiosdo IBCPF e LinkedIn.drop out (i.e. percentual de pessoas que começaram a responder o questionário e não finalizaram).
INTERNET PAPEL/ENVELOPES
58
O teste piloto apontou a necessidade de adotar, exclusivamente, o questionário eletrônico
(APÊNDICE B), abandonando a versão em papel. Também ficou clara a necessidade de
tornar mais amigável a navegação pelo corpo do questionário eletrônico, assim com ajustá-lo
para acesso via tablets e smartphones (i.e. construir blocos de perguntas sem a necessidade de
utilizar a barra de rolagem de páginas) e reduzir o número de produtos, ambos com o
propósito de diminuir o tempo de resposta, evitando o abandono do questionário antes da sua
finalização (i.e. drop out). A decisão de reduzir o número de produtos recaiu sobre as
LCI/LCAs e CRI/CRAs, em razão de serem eles produtos supostamente menos acessíveis aos
investidores médios, embora existam aí questões relativas ao risco do emissor e benefício
tributário, que enriqueceriam a análise.
59
APÊNDICE C - E-mails trocados com o Professor Stephen Diacon
No início e decorrer do estudo, o pesquisador enviou e-mails para o Professor Stephen Diacon
da Nottingham University Business School, informando sobre a intenção de aplicar
questionário semelhante ao utilizado em Diacon & Ennew (2001) e Diacon (2004),
solicitando também permissão para tanto, bem como o envio do questionário original, no que
foi atendido, recebendo também recomendações de como conduzir a pesquisa no Brasil. Em
resposta, o Professor Diacon chamou a atenção para a questão da diferente dimensão histórica
entre as pesquisas, lembrando que os estudos publicados por ele ocorreram em 2001 e 2004 e
também para a necessidade de escolher produtos locais semelhantes aos estudados no Reino
Unido. Alertou, ainda, para a dificuldade e importância de encontrar pessoas dispostas a
responderem a pesquisa, haja vista tratar-se de questionário longo, o que presumivelmente
demandaria um tempo considerável para que as respostas fossem obtidas e concluiu por
desencorajar a tentativa de realizar o Teste de Similaridade de Fatores, ao lembrar-se das
dificuldades encontradas por ele próprio, quando da elaboração do seu trabalho.
Registre-se ainda que, posteriormente, o autor questionou e não obteve resposta, quando
indagou sobre o critério de apuração das médias e desvio padrão dos vinte produtos utilizados
pelo Professor Diacon, para convertê-los em uma única média e desvio para cada uma das
vinte e seis questões.
60
61
APÊNDICE D - Questionário final para Internet
62
63
64
65
66
APÊNDICE E - As categorias profissionais dos médicos e CFPs
Médicos
O relatório “Demografia Médica no Brasil” (CFM-CREMESP, 2013) diz haver 364.757
médicos no Brasil, em 2010, com um crescimento do seu número entre 1920 e 2010, de
3,69%, superior, portanto, ao crescimento populacional de 2,05% no mesmo período (Tabela
1). De acordo com publicação mais recente, havia 415.306 médicos ativos em dezembro de
2015, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM) (CFM, 2015).
Tabela 1 – Evolução do número de médicos e da população brasileira Fonte: (CFM-CREMESP, 2013), p.20
A média nacional de 2,00 médicos por mil habitante, varia muito de região para região.
Enquanto há 4,09 médicos por mil habitante no DF, no NE e mais especificamente no MA, há
0,71 médicos por mil habitante, bem abaixo da média de outros países emergentes, segundo a
Organização Mundial de Saúde (OMS).
67
A região SE com 2,6 mil tem situação melhor que países como os EUA, Japão e Canadá,
embora abaixo da média de países do norte da Europa, sendo que as regiões SE e SU
concentram mais de 70% dos profissionais (Gráfico 6).
Gráfico 6 - Distribuição de médicos por Grandes Regiões Fonte: (CFM-CREMESP, 2013), p.150 Com o aumento das vagas em cursos de medicina, o Ministério da Saúde prevê chegar a
600.000 médicos até 2026, meta ambiciosa que representa taxa de crescimento de 3,40% aa
entre 2015 e 2026. Interessante notar o grande aumento da participação de profissionais do
sexo feminino, alterando de modo significativo e em curto espaço de tempo a pirâmide etária
e de gênero dessa categoria (Gráfico 7). Transformação tão importante que pode implicar na
necessidade de ajuste da comunicação e construção de estratégias de investimento que
respeitem as percepções de risco do sexo feminino.
Gráfico 7 - Pirâmide etária e de gênero dos médicos brasileiros em atividade
68
Fonte: (CFM-CREMESP, 2013), p.27
Hipóteses testadas estatisticamente no estudo sobre o “Diagnóstico do perfil financeiro dos
médicos de Brasília”, publicado por (Magaldi, et al., 2014), revelaram que:
a. “Existe diferença entre gêneros quanto ao cuidado com as finanças pessoais. A análise de
dados comprovou que os homens se sentem mais preparados do que as mulheres para
investir, sem requerer orientação profissional. Entretanto, as mulheres tendem,
proporcionalmente, a não investir tanto quanto os homens”;
b. “Os médicos pouco planejam as aposentadorias, o que se concluiu depois de se fazer o
pareamento dos dados da porcentagem de renda destinada a investimentos e a
porcentagem da renda destinada à aposentadoria”;
c. “A hipótese de que a classe médica se endivida com frequência devido a descontroles das
próprias finanças foi desconsiderada, com base em resultados que indicam que a maioria
dos médicos entrevistados paga o valor total da fatura do cartão de crédito, evitando o
endividamento e não fazendo uso do cheque especial”;
d. “Quanto maior o tempo de profissão, maior a renda mensal. Contudo, não foi possível
obter a relação entre tempo de profissão e planejamento do plano previdenciário
recusando a hipótese de que os médicos jovens, por terem maior acesso à informação, se
preocupariam mais com sua aposentadoria”;
e. “A faixa etária com menor preocupação com o plano previdenciário foi a de 24 a 30 anos
e, na área de investimentos, a faixa etária de 31 a 37 anos é a mais propensa a confiar no
próprio conhecimento para investir. Entretanto, 38% dos médicos entrevistados se
mostram inclinados a buscar orientação profissional por falta de conhecimento ou por
confiança em consultorias anteriores”.
O estudo segue apresentando que pouco mais de 30% dos pesquisados não investem e que
igual número afirma possuir informações suficientes para decidir sobre seus investimentos.
Como mostra o Gráfico 8, chama a atenção a maior proporção de respondentes homens que
afirmam não necessitarem da ajuda de um especialista, por entenderem que possuem as
informações necessárias para investir (i.e. 35% masculino vs. 24% feminino), bem como a
maior proporção de mulheres que não realizam investimentos (i.e. 39% feminino vs. 26%
masculino).
69
Gráfico 8 - Classificação de médicos por gênero que procuram orientação para investir Fonte: Adaptado de (Magaldi, et al., 2014), p.6
O estudo de (Magaldi, et al., 2014) foi feito junto aos médicos de Brasília, apresentando
dados recentes e escassos na literatura sobre a categoria profissional pesquisada.
CFPs
Do sítio do IBCPF (2015) na Internet se extrai que o “O Instituto Brasileiro de Certificação de
Profissionais Financeiros (IBCPF) é uma entidade de autorregulação, não governamental e
sem fins lucrativos, fundada em maio de 2000 por iniciativa de profissionais da área
financeira. O Instituto tem o papel de implantar, certificar e controlar a atividade de
planejador financeiro pessoal, necessária ao atendimento de uma demanda crescente de
clientes pessoais. A profissão de planejador financeiro certificado surgiu nos Estados Unidos
na década de 80. Em 2004, com o crescimento da certificação CFP®, foi criado o Financial
Planning Standards Board (FPSB), responsável pela divulgação, gerenciamento e controle do
uso das marcas CFP® fora dos Estados Unidos. Hoje, o FPSB congrega e supervisiona
entidades afiliadas de planejamento financeiro em 26 países, com cerca de 157 mil
profissionais certificados. No Brasil, o IBCPF é a única entidade afiliada ao FPSB e
autorizada a conceder a certificação CFP® para profissionais que atendam aos padrões
mundiais desta certificação, resumidos nos 4 E's: Exame, Educação, Experiência Profissional
e Ética.”
Informações colhidas no sítio do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais
Financeiros (IBCPF) e outras diretamente junto ao instituto, dão conta que em março de 2016
havia no Brasil 2.373 CFP®, sendo 65% homens, mais da metade entre 30 e 40 anos de idade,
0%
10%
20%
30%
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NÃO:eutenhoinfosuficiente
NÃO:nãoinvisto SIM:melhorterorientação
SIM:paraterinfosobreinv.
Feminino Masculino Total
70
com 65% dos indivíduos atuando no estado de SP, 12% no RJ e 23% nos demais estados
brasileiros, distribuídos entre instituições financeiras e consultorias independentes de
investimentos.
Estudo global, realizado pelo FPSB (IBCPF, 2015), identificou que profissionais CFP são
mais bem avaliados em relação aos outros profissionais financeiros e que os consumidores os
classificaram como sendo mais qualificados que outros profissionais em características como
(IBCPF, 2016):
a. Honestidade e integridade (57% vs. 47%);
b. Entende minhas necessidades e objetivos (53% vs. 40%);
c. Coloca meus interesses em primeiro lugar (51% vs. 38%);
d. Provê informações relevantes em tempo adequado (50% vs. 39%);
e. Usa linguagem adequada ao invés de jargões financeiros (49% vs. 41%);
f. Ajuda a pessoa a manter os objetivos no caminho (51% vs. 35%); e
g. Ajuda a pessoa a criar um plano de ação (51% vs. 35%).
71
APÊNDICE F - Obtenção das respostas junto aos respondentes
Com o propósito de preservar a integridade dos dados colhidos, por meio do questionário
eletrônico, para cada uma das amostras pesquisadas foram criados endereços eletrônicos de
acessos exclusivamente dedicados (i.e. links) na plataforma SurveyMonkey na Internet, esses
links foram então enviados aos potenciais respondentes entre setembro de 2015 e junho de
2016, via e-mail ou disponibilizados nas Intranets ou redes sociais dos grupos pesquisados.
Assim, para os CFPs foram utilizados os seguintes meios de disseminação dos links:
a. Publicação da pesquisa no sítio do IBCPF em 29/09/2015, encorajando os associados a
clicarem no link de acesso e responderem o questionário (ANEXOS A);
b. Publicação da pesquisa em 29/09/2015 no grupo IBCPF no sítio do LinkedIn, que
contava à época com 1.930 integrantes, informando sobre a realização da pesquisa e
encorajando os membros a responderem o questionário (ANEXO B);
c. Envio de mensagens em 05/02/2016, para relacionamentos do primeiro nível do autor no
grupo IBCPF do LinkedIn, sendo 65 homens e 24 mulheres, convidando-os a clicarem no
link disponibilizado e responderem o questionário;
d. Envio de mensagens entre 16/02/2016 e 30/06/2016, para o segundo nível de integrantes
do grupo IBCPF no LinkedIn, sendo 39 homens e 75 mulheres, convidando-os a clicarem
no link e responderem o questionário.
Quanto aos médicos, os links chegaram aos potenciais respondentes da seguinte forma:
a. Entre 28/01/2016 e 01/03/2016 foram enviados 60 e-mails contendo o link para o
questionário no SurveyMonkey a médicos da Grande São Paulo, com o mínimo dez anos
de atuação profissional, que consentiram em recebê-los, após consulta telefônica feita
pelo instituto de pesquisa KnowHow Innova, contratado para essa finalidade. Tais e-
mails continham explicações sobre a natureza da pesquisa, informações sobre o autor e
garantia de tratar-se de uma pesquisa acadêmica sem finalidade comercial. Por meio de
ligações telefônicas a sete médicos abordados pelo instituto de pesquisa, o autor auditou
terem eles de fato recebido o contato e e-mail para que respondessem o questionário da
pesquisa.
b. Publicação em 27/04/2016 da pesquisa na Intranet do Hospital Sírio-Libanês (HSL),
dirigida aos 3.200 profissionais integrantes do corpo clínico da instituição, a mensagem
72
dirigida aos associados os encorajava a clicarem no link de acesso e responderem o
questionário no SurveyMonkey (ANEXO C).
Exceto pela contratação onerosa do instituto de pesquisa KnowHow Innova, não houve
vantagens, pagamentos ou incentivos dados a quaisquer das demais instituições, seus
associados ou iniciativas por elas suportadas, para que contribuíssem com o processo de
coleta de dados por meio do questionário. Cabe dizer que as dificuldades encontradas para
obter as respostas de médicos, provavelmente, se repetem para profissionais de outras
categorias do setor de saúde. A categoria dos médicos é submetida a rigoroso código de
conduta e observância de padrões éticos, o que faz com que toda pesquisa, até mesmo sobre o
comportamento pessoal de seus profissionais no trato das suas finanças, necessitem ser
aprovadas pelos comitês de ética das instituições a que pertencem. Também ocorre de
profissionais médicos autônomos, não raro esperarem receber o preço da consulta médica
para serem entrevistados, fato que decorre da frequência com que são abordados para
responderem pesquisas que, em grande parte, terminam por oferecer algum produto ou
serviço.
73
APÊNDICE G - Seleção da empresa de pesquisa de mercado
Tendo em vista a dificuldade em obter a cooperação de instituições da área médica para
participar da pesquisa, empresas de pesquisa de mercado foram contatadas para avaliar a
possibilidade de executarem parte do trabalho de coleta de dados por meio da aplicação do
questionário junto aos médicos. Dentre as empresas procuradas, duas se interessaram e
apresentaram orçamento para a realização do trabalho de aplicação do questionário, quais
sejam a KnowHow Innova6 e Bridge Research7.
Durante as conversas, o autor detalhou o objetivo da pesquisa, o fato de já existir um
questionário para Internet no SurveyMonkey e a data de 01/03/16 como desejável para a
obtenção do dados. Foram exploradas formas de coleta de dados, tais como: o envio de e-
mails encorajando os médicos a clicarem em um link e responderem o questionário, ligações
telefônicas e, por fim, a realização de entrevistas presenciais. Estas últimas com maior grau de
dificuldade, uma vez que alguns médicos optam por cobrar o valor de uma consulta para dar
entrevistas, o que torna a alternativa mais onerosa. Foi discutida a utilização de filtros com o
propósito de melhor selecionar os potenciais respondentes, para elevar as taxas de resposta ao
questionário, bem como para selecionar médicos com maior renda disponível para investir.
Também foi útil descobrir que respondentes, de forma geral, toleram responder pesquisas que
tomem no máximo quinze minutos, sob pena de elevação substancial do drop out.
Ao final do processo de seleção das agências de pesquisa, o autor optou pela contratação da
KnowHow Innova, em função do orçamento apresentado, alinhamento dos filtros a serem
aplicados, método de abordagem aos respondentes e prazo de entrega dos dados.
6 http://www.knowhow.inf.br 7 http://www.bridgeresearch.com.br
74
APÊNDICE H - Demografia completa dos médicos e CFPs
APÊNDICE H: Demografia completa dos médicos e CFPs Fonte: Elaboração própria
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APÊNDICE H: Demografia completa dos médicos segundo a fonte dos dados Fonte: Elaboração própria
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76
APÊNDICE I - Análises Fatoriais ortogonal e oblíqua sobre os dados coletados
APÊNDICE I: Cinco cargas fatoriais das médias simples dos seis produtos, extraídas pelo critério de rotação ortogonal VARIMAX, para cada resposta do questionário. Fonte: Elaboração própria
F1 F2 F3 F4 F5
Com
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Q4 TRU Retardamento das perdas MED -0.19 0.09 0.15 -0.48 -0.32 0.39CFP -0.25 -0.36 -0.01 -0.48 0.64 0.83
Q11 TRU Entendimento complexo MED -0.12 -0.09 0.38 0.52 0.36 0.57CFP 0.08 0.08 -0.27 -0.70 0.09 0.58
Q12 TRU Inaceitável pressão de vendas MED 0.16 -0.16 0.09 -0.17 0.63 0.49CFP 0.78 0.15 -0.05 0.01 0.04 0.63
Q13 TRU Mau aconsselamento MED 0.21 -0.38 -0.25 0.17 0.13 0.30CFP 0.69 -0.05 -0.43 -0.07 -0.15 0.69
Q14 TRU Penalty para resgates MED 0.68 0.06 0.15 -0.19 0.05 0.53CFP 0.07 0.05 -0.32 -0.01 0.74 0.65
Q15 TRU Cobranças ocultas MED -0.05 -0.46 0.16 0.35 0.23 0.42CFP -0.06 0.12 -0.68 -0.20 -0.45 0.72
Q19 TRU Falta de ética MED 0.31 -0.57 0.12 0.15 0.01 0.46CFP 0.42 -0.19 -0.25 -0.37 -0.19 0.45
Q2 ADV Severidade MED 0.19 -0.06 0.57 -0.28 0.14 0.47CFP 0.24 0.67 -0.01 -0.13 0.19 0.56
Q8 ADV Perda total do dinheiro MED -0.02 0.01 0.81 -0.07 -0.09 0.67CFP 0.12 0.14 -0.66 0.01 0.32 0.57
Q9 ADV Efeito adverso na economia MED -0.16 -0.21 0.14 -0.05 0.57 0.41CFP -0.31 0.56 -0.30 0.03 -0.17 0.53
Q22 ADV Tempo de monitoramento MED -0.23 -0.06 0.24 -0.66 0.09 0.56CFP 0.01 0.01 -0.27 -0.03 0.01 0.08
Q23 ADV Informação prévia à compra MED -0.05 -0.15 -0.52 -0.24 -0.24 0.41CFP -0.30 0.15 0.14 0.24 0.36 0.32
Q24 ADV Ruína MED 0.37 -0.38 0.45 -0.06 -0.02 0.49CFP -0.10 0.79 -0.25 0.05 0.00 0.70
Q1 VOL Incerteza MED 0.26 -0.02 0.60 0.37 0.18 0.60CFP 0.70 0.09 0.32 -0.14 0.12 0.63
Q18 VOL Menos que a inflação MED 0.83 -0.07 -0.01 0.15 -0.02 0.71CFP 0.30 0.72 0.12 -0.05 0.01 0.62
Q25 VOL Retorno abaixo das expectativas MED 0.75 -0.13 -0.03 0.07 0.09 0.60CFP 0.74 0.29 -0.06 0.05 -0.05 0.64
Q26 VOL Depreciação do valor MED 0.63 -0.05 0.27 0.07 -0.20 0.52CFP -0.11 0.59 -0.30 -0.40 -0.10 0.62
Q5 DES Desconhecido pelos investidores MED 0.52 0.38 0.03 0.36 0.23 0.60CFP 0.74 0.00 0.19 -0.36 -0.03 0.72
Q6 DES Desconhecido pelos especialistas MED 0.06 0.44 0.34 0.03 0.09 0.32CFP 0.27 0.07 -0.11 -0.56 0.03 0.41
Q10 DES Perdas não observáveis MED 0.20 0.50 -0.15 0.07 0.49 0.56CFP 0.01 -0.10 -0.09 -0.11 -0.79 0.66
Q16 REG Pobre proteção ao investidor MED 0.21 -0.44 0.18 0.44 -0.06 0.47CFP 0.16 0.57 0.20 0.04 0.10 0.40
Q17 REG Não há regulamentação MED -0.11 0.01 0.10 0.67 -0.14 0.49CFP -0.06 -0.01 0.27 -0.61 -0.14 0.47
Q3 - Voluntariedade para investir MED 0.17 0.45 0.02 0.11 -0.11 0.25CFP 0.06 0.36 0.30 -0.50 -0.28 0.55
Q7 - Controle sobre o investimento MED -0.04 0.02 0.08 0.16 0.74 0.58CFP 0.18 0.29 0.41 -0.29 -0.15 0.39
Q20 - Risco varia de acordo com a empresa MED 0.15 -0.74 -0.08 -0.02 0.24 0.63CFP 0.51 0.00 -0.50 0.32 -0.12 0.63MED 12.3% 10.0% 9.9% 9.2% 8.5% 49.8%CFP 14.8% 12.6% 9.8% 9.8% 9.3% 56.3%
PERCENTUAISDEVARIÂNCIAEXPLICADA
77
APÊNDICE I: Cinco cargas fatoriais das médias simples dos seis produtos, extraídas pelo critério de rotação oblíqua Direct Oblimin, para cada resposta do questionário. Fonte: Elaboração própria
F1 F2 F3 F4 F5
Com
unal
idad
e
Q4 TRU Retardamento das perdas MED -0.49 0.03 0.16 0.38 0.08 0.42CFP -0.28 0.08 -0.04 -0.06 0.86 0.83
Q11 TRU Entendimento complexo MED 0.55 0.44 0.20 -0.26 0.00 0.61CFP 0.39 0.28 -0.01 0.27 0.55 0.61
Q12 TRU Inaceitável pressão de vendas MED 0.39 0.05 0.13 -0.11 0.14 0.20CFP 0.67 -0.23 0.29 -0.18 -0.02 0.62
Q13 TRU Mau aconsselamento MED 0.28 -0.35 0.03 -0.28 -0.23 0.34CFP 0.63 -0.14 0.46 0.25 0.04 0.69
Q14 TRU Penalty para resgates MED 0.00 0.31 0.53 -0.35 0.42 0.67CFP 0.00 0.31 0.53 -0.35 0.42 0.67
Q15 TRU Cobranças ocultas MED 0.43 -0.04 0.38 -0.18 -0.35 0.49CFP 0.27 0.37 0.18 0.65 -0.06 0.66
Q19 TRU Falta de ética MED 0.52 -0.40 0.21 0.16 -0.24 0.56CFP 0.46 -0.25 0.05 0.34 0.22 0.44
Q2 ADV Severidade MED 0.40 0.18 0.26 0.54 -0.18 0.57CFP 0.45 0.42 -0.13 -0.32 -0.01 0.50
Q8 ADV Perda total do dinheiro MED 0.34 0.50 0.32 0.39 0.22 0.67CFP 0.19 0.38 0.55 0.01 0.17 0.52
Q9 ADV Efeito adverso na economia MED 0.04 0.69 0.02 0.18 -0.32 0.61CFP 0.04 0.69 0.02 0.18 -0.32 0.61
Q22 ADV Tempo de monitoramento MED -0.32 0.04 0.45 0.34 0.28 0.50CFP 0.05 0.07 0.10 0.04 0.15 0.04
Q23 ADV Informação prévia à compra MED -0.42 -0.50 -0.04 -0.14 0.13 0.46CFP -0.34 0.29 0.13 -0.27 -0.16 0.32
Q24 ADV Ruína MED 0.60 -0.12 0.24 0.20 0.20 0.51CFP 0.28 0.75 -0.04 -0.13 -0.22 0.71
Q1 VOL Incerteza MED 0.67 0.34 0.10 0.02 -0.17 0.61CFP 0.56 -0.44 -0.05 -0.32 -0.03 0.61
Q18 VOL Menos que a inflação MED 0.59 -0.35 -0.45 0.21 0.10 0.72CFP 0.54 0.33 -0.16 -0.41 -0.10 0.61
Q25 VOL Retorno abaixo das expectativas MED 0.58 -0.39 -0.34 0.20 -0.02 0.64CFP 0.70 -0.20 0.14 -0.26 -0.14 0.63
Q26 VOL Depreciação do valor MED 0.52 -0.15 -0.29 0.24 0.09 0.43CFP 0.36 0.69 -0.14 0.25 0.04 0.68
Q5 DES Desconhecido pelos investidores MED 0.40 0.24 -0.61 -0.05 0.00 0.59CFP 0.65 -0.49 -0.13 -0.06 0.13 0.70
Q6 DES Desconhecido pelos especialistas MED 0.00 0.44 -0.20 0.42 -0.38 0.56CFP 0.44 0.04 -0.03 0.25 0.35 0.38
Q10 DES Perdas não observáveis MED 0.10 0.31 -0.50 -0.25 0.44 0.61CFP 0.16 -0.19 -0.19 0.63 -0.37 0.64
Q16 REG Pobre proteção ao investidor MED 0.59 -0.21 0.10 -0.08 -0.19 0.44CFP 0.33 0.18 -0.22 -0.49 -0.03 0.44
Q17 REG Não há regulamentação MED 0.28 0.25 -0.04 -0.45 -0.33 0.45CFP 0.16 0.01 -0.63 0.16 0.27 0.52
Q3 - Voluntariedade para investir MED -0.10 0.20 -0.43 0.18 -0.25 0.33CFP 0.36 0.15 -0.67 0.06 0.05 0.61
Q7 - Controle sobre o investimento MED 0.40 0.36 0.05 -0.25 0.20 0.39CFP 0.37 -0.04 -0.43 -0.05 -0.16 0.35
Q20 - Risco varia de acordo com a empresa MED 0.44 -0.47 0.38 -0.08 0.18 0.60CFP 0.35 -0.12 0.62 0.12 -0.31 0.64MED 19.1% 9.4% 9.1% 7.3% 6.4% 51.2%CFP 16.8% 12.2% 10.2% 8.8% 8.0% 56.0%
PERCENTUAISDEVARIÂNCIAEXPLICADA
78
8 ANEXOS
ANEXO A - Anúncio da pesquisa no sítio do IBCPF na Internet
79
ANEXO B - Anúncio da pesquisa no Grupo IBCPF no LinkedIn
ANEXO C - Protocolo de realização da pesquisa junto ao HSL
80
81
ANEXO D - Questionário da pesquisa realizada no Reino Unido
82
Fonte: (Diacon, Stephen, 2004, pp. 196-197)
ANEXO E - Tabelas estatísticas da pesquisa realizada no Reino Unido
Table I. Sample characteristics – lay and expert investors
Fonte: (Diacon, Stephen, 2004, p. 185)
83
Table II. Expert (E) and lay (L) risk perceptions of financial services products
Fonte: (Diacon, Stephen, 2004, pp. 186-187)
84
Table III. Do lay risk perceptions apply to the experts?
Fonte: (Diacon, Stephen, 2004, p. 188)
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