UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
EDUCAÇÃO INFANTIL
Por: Carla Maria Ribeiro Marques
Orientadora Professora Maria Poppe
Rio de Janeiro Janeiro/2004
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSO”
PROJETO VEZ DO MESTRE
EDUCAÇÃO INFANTIL
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como condição prévia para a conclusão do curso de
Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicopedagogia
Por: Carla Maria Ribeiro Marques
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à Deus, que me deu o fôlego da
vida e mediante a sua bondade me deu forças para superar
as dificuldades e atingir meus objetivos.
Aos meus pais, marido e filhas pelos momentos ausentes
que tive que abdicar de minha presença. Aos amigos que,
direta e indiretamente, me incentivaram nessa caminhada.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais, marido, filhas,
professores, amigos e à todas as pessoas ligadas à
educação que buscam caminhos para formar crianças num
indivíduo investigador consciente e com autonomia de ação,
num ser inteligente e capaz de continuar o seu crescimento
e ampliar o seu conhecimento para direção própria.
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“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua
própria produção ou a sua construção. Quando entro em uma sala de aula devo
estar sendo um ser aberto a indagações, à curiosidade, às perguntas dos alunos,
a suas inibições; um ser crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho -
a de ensinar e não a de transferir conhecimento”.(FREIRE,1996, p. 52)
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RESUMO
A educação infantil é o primeiro e decisivo passo para se atingir a
continuidade no ensino com produção e eficiência desejada. Nesse período da
vida soa relevante todos os aspectos de sua formação, pois como ser erro-psico-
social-cultural dá os passos definitivos para uma futura escolarização e
sociabilidade adequadas como membro do grupo social a que pertence.
Um cuidado especial deve ser tomado pelos educadores para de forma
integral e harmônica desenvolverem personalidades ajustadas e equilibradas,
fundamentos essenciais para boa formação.
Para a maioria das crianças, a educação infantil oferece possibilidades que
a família muitas vezes não tem condições de proporcionar na educação. A criança
ultrapassa o começo da família, convive com outras de sua idade e descobre a
sua maneira um novo centro social e intelectual.
A socialização desenvolve-se harmoniosa, adquirindo superioridade sobre o
ponto de vista da independência, confiança em si, adaptabilidade e rendimento
intelectual, vantagens que favorecem os estudos posteriores.
Pretende-se na educação infantil organizar espaço onde através de
exercícios de liberdade, do mundo que o cerca caminhar para o auto
conhecimento e a socialização, formação de um auto conceito positivo; o
desenvolvimento da personalidade.
A atuação da psicopedagogia na aprendizagem, e sua intervenção é
preventiva e curativa, pois se dispõe a detectar problemas de aprendizagem e
7“resolvê-los”, além de preveni-los, evitando que surjam outros. No enfoque
preventivo, o papel do psicopedagogo é detectar possíveis problemas no processo
ensino-aprendizagem; participar da dinâmica das relações da comunidade
educativa, objetivando favorecer processos de integração e trocas; realizar
orientações metodológicas para o processo ensino-aprendizagem, considerando
as características do indivíduo ou grupo; colocar em prática alguns processos de
orientação educacional,vocacional e ocupacional em grupo ou individual.
“Para se estudar o desenvolvimento das crianças, deve-se
começar com um entendimento da unidade dialética entre
duas linhas radicalmente diferentes: a biológica e a cultural.
Para adequadamente estudar tal processo, é preciso
conhecer estes dois componentes e as leis que governam
seu entrelaçamento a cada estágio de desenvolvimento
infantil” (VYGOTSKY, 1989)
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METODOLOGIA
A presente pesquisa acadêmica utiliza dados bibliográficos relevantes, que
foram consultados e selecionados durante quase seis meses.
A escolha do tema da pesquisa surgiu após observações em escolas
privadas, sobre a proposta educacional abordada na educação infantil.
Logo, houve o interesse na leitura de obras referentes ao assunto
(metodologia e atividades na educação infantil). Foram feitas consultas e
anotações sobre o assunto pesquisado em bibliotecas durante três semanas,
sendo reservado cerca de duas horas por dia.
Seria importante que seja citado a importância de algumas obras que foram
usadas por empréstimo.
A revisão de literatura foi feita durante cerca de três meses e
simultaneamente montado fichamento dos aspectos selecionados a serem
abordados.
O quinto mês ficou reservado à estruturação e digitação do trabalho.
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SUMÁRIO INTRODUÇÃO 09 CAPÍTULO I 14 DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE 0 À 03 ANOS E SUA ADAPTAÇÃO À EDUCAÇÃO INFANTIL 15 CAPÍTULO II 26 METODOLOGIA E ATIVIDADES BÁSICAS DESENVOLVIDAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL 27 CAPÍTULO III 38 O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 39 CONCLUSÃO 48 BIBLIOGRAFIA 50 ÍNDICE 54
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INTRODUÇÃO
Com Frobel nasceu o Jardim de Infância e a concepção de educar crianças
de idade inferior a sete anos, em ambiente especialmente criado para tal. A
Educação Infantil foi concebida para estimular o desenvolvimento da criança que
não tinha idade para freqüentar a escola comum.
Segundo SILVA (1998),a Educação Infantil, primeira etapa da educação
básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até 06 anos de
idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social complementando a
ação da família e da comunidade. Ela faz parte de um sistema de educação e não
de ensino.
Segundo RIZZO (1989), a Educação Infantil tem como finalidade o
desenvolvimento pleno das potencialidades do homem, para seu benefício e da
sociedade, pois nesta faixa de idade a criança ainda está se organizando como
pessoa, formando as bases de sua personalidades e construindo o seu “eu” social.
Favorece o crescimento pleno da criança e sua integração social na
formação de hábitos e atitudes e desenvolvimento psicomotor. A criança necessita
de espaço, material concreto para manipulação e brincadeiras lúdicas, a fim de
experimentar diversas situações, estimulando-os a todo instante, ao invés de ser
“massacrado” com conteúdos que apenas trabalham a capacidade recitativa. Ela
aprende melhor vendo e pegando as coisas.
A aquisição de conhecimentos para o construtivismo não se explica pela
apropriação de pedaços prontos de conhecimento, mas de reconstrução em que a
criança constrói ativamente o objeto e as suas propriedades. (FERREIRO, 1996).
11Segundo DOLTO (1990), os conteúdos educativos da proposta pedagógica,
por sua vez, não são objetos de conhecimento abstratos, descolados de situações
de vida e não são elaborados pela criança pela via da transmissão oral, do ensino
formal. São, em vez disso, interiorizados como construção da criança num
processo interativo com os outros em que entram em jogo a iniciativa, a ação e a
reação, a pergunta e a dúvida, a busca de entendimento. É como diz Vygotsky,
em relação à ação, primeiro é interindividual e, depois, intraindividual.
“O momento de maior significado no curso do desenvolvimento intelectual,
que dá origem às formas puramente humanas de inteligência prática e abstrata,
acontece quando a fala e a atividade prática, então duas linhas completamente
independentes de desenvolvimento, convergem.” (VYGOTSKY,1988 p.27)
A Educação Infantil de acordo com o artigo 29 da LDB; tem como finalidade
o desenvolvimento integral da criança em seus aspectos físico,
psicológico,intelectual e social.
Em função disso a pesquisa pretende mostrar que crianças com idade para
a Educação Infantil são seres portadores de todas as melhores potencialidades;
elas são capazes, curiosas, alegres e gostam de brincar, por isso a necessidade
de aplicar atividades lúdicas onde seu potencial seja aflorado priorizando menos a
quantidade de conteúdos desnecessários nessa fase.
O lúdico é característica fundamental do ser humano; só fazemos o que não
gostamos devido a uma imposição do meio. Quando trabalhamos naquilo que nos
dá prazer os resultados são mais harmônicos.
Os três capítulos (Desenvolvimento da criança de 0 à 03 anos e sua
adaptação à educação infantil; Metodologia e atividades básicas desenvolvidas na
educação infantil e O papel do psicopedagogo na educação infantil) e a conclusão
12encontram-se organizado em conceitos e conteúdos. A bibliografia correspondente
encontra-se no final da monografia.
Capítulo I: Desenvolvimento da criança de 0 à 03 anos e sua adaptação à
educação infantil
A visão interacionista de desenvolvimento traz importantes contribuições
para a prática pedagógica. Ao considerar que a criança constrói progressivamente
novos conhecimentos e novas formas de pensar, a escola passa a dar maior
ênfase ao processo de aprendizagem do aluno. Não é desejável que a criança
simplesmente saiba coisas, mas sim e sobretudo que pense competentemente
sobre as mesmas. O objetivo, assim, não é fornecer verdades prontas e acabadas
aos alunos, mas é antes, capacitar o aluno a elaborar o conhecimento que se
espera seja alcançado.
Capítulo II: Metodologia e atividades básicas desenvolvidas na educação
infantil
A criança pequena constrói conhecimentos sobre aspectos significativos do
mundo que a rodeia, através de hipóteses formuladas por ela e discutidas com
seus parceiros. Assim também ela se orienta em relação a materiais escritos
(livros, cartazes, bilhetes, logotipos) e tenta compreender o que neles está escrito,
levantando então, hipóteses sobre a escrita. É através de seus rabiscos que
demonstram que diferenciam o desenho da escrita.
Capítulo III: O papel do psicopedagogo na educação infantil
O psicopedagogo atua não só no interior do aluno ao sensibilizar para a
construção do conhecimento, levando em cosideração os desejos do aluno, mas
requer também uma transformação interna do professor. Que ele se torne um
13elemento facilitador que leve o educando ao desenvolvimento da autopercepção,
percepção do mundo e do outro, integrando as três dimensões, deve estar aberto
e atento para lidar com questões referentes ao respeito mútuo, relações de poder,
limites e autoridade.
Conclusão:
Conclui-se que a criança está aprendendo em todos os momentos de sua
vida e a ação é a base desse processo. É importante, a expressividade e a
mobilidade própria a criança. Assim um grupo disciplinado não é aquele em que
todos se mantém quietos e calados, mas sem um grupo em que os vários
elementos se encontram envolvidos e mobilizados pelas atividades propostas, os
deslocamentos, as conversas e as brincadeiras resultantes desse movimento não
podem ser entendidos como dispersão ou desordem, e sim como uma
manifestação natural das crianças. Compreender o caráter lúdico e expressivo das
manifestações da motricidade infantil poderá ajudar o educador a organizar melhor
sua prática, levando em conta as necessidades das crianças.
14
CAPÍTULO I
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE 0 À 03 ANOS E
SUA ADAPTAÇÃO À EDUCAÇÃO INFANTIL
“A criança, como ser humano, é um ser aberto à mudança, deficiente ou não-deficiente, pode modificar-se por efeitos da educação e, ao mudar a sua estrutura de informação, formação e transformação do envolvimento, pode adquirir novas possibilidades e novas capacidades. À criança, pois, a nossa esperança” (FONSECA,1995, p.118)
15
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE 0 À 03 ANOS E SUA ADAPTAÇÃO À EDUCAÇÃO INFANTIL
Este capítulo abordará o desenvolvimento cognitivo da criança de 0 à 03
anos na teoria de Jean Piaget e na de Vigotsky. Estas duas teorias, tem muita
semelhança. Ambos, tinham o mesmo pensamento: os conceitos de inteligência
da época eram insuficientes.
E o ingresso da criança na escola que representa mais um marco no
desenvolvimento do seu crescimento. O ambiente novo e desconhecido, por
melhor que seja, significa ficar sem o seu “porto seguro”, sua mãe, trazendo
desconforto ao aluno.
Jean Piaget (1896-1980), é o mais conhecido dos teóricos que defendem
a visão interacionista de desenvolvimento. Formado em Biologia e Filosofia,
dedicou-se a investigar cientificamente como se forma o conhecimento. Pesquisou
e elaborou uma teoria sobre os mecanismos cognitivos da espécie humana do
nascimento até a idade adulta.
Segundo Piaget, o conhecimento não pode ser concebido como algo
predeterminado desde o nascimento (inatismo), nem como resultado do simples
registro de percepções e informações (empirismo). Resulta das ações e interações
do sujeito com o ambiente onde vive. Todo o conhecimento é uma construção que
vai sendo elaborado desde a infância, através de interações do sujeito com os
objetos que procura conhecer, sejam eles do mundo físico ou cultural. O
conhecimento resulta de uma inter-relação entre o sujeito que conhece e o objeto
a ser conhecido.
16O desenvolvimento cognitivo é um processo de sucessivas mudanças
qualitativas e quantitativas das estruturas cognitivas derivando cada estrutura das
estruturas precedentes. Ou seja, o indivíduo constrói e reconstrói continuamente
as estruturas que o tornam cada vez mais apto ao equilíbrio. Essas construções
seguem um padrão denominado para Piaget de Estágios que seguem idades mais
ou menos determinadas. Todavia, o importante é a ordem dos estágios e não a
idade de aparição destes.
Jean Piaget, em sua teoria, explica como o indivíduo, desde o seu
nascimento, constrói o conhecimento. Isto ocorre quando acontecem ações físicas
ou mentais sobre objetos que provocando o desequilíbrio, resultam em
assimilação ou, acomodação e assimilação dessas ações e, assim, em construção
de esquemas ou conhecimento. Em outras palavras, uma vez que a criança não
consegue assimilar o estímulo, ela tenta fazer uma acomodação e após, uma
assimilação e o equilíbrio é, então alcançado. Quando o equilíbrio se rompe, o
indivíduo age sobre o que o afetou buscando se reequilibrar. Isso é feito para
adaptação e por organização.
Embora assimilação e acomodação sejam processos distintos e opostos, ao
longo do processo de desenvolvimento existem, no entanto, ocasiões em que um
desses mecanismos prepondera sobre o outro. Assim, há momentos em que a
assimilação prevalece sobre a acomodação, como ocorre no jogo simbólico
infantil, onde o mesmo esquema é aplicado a diferentes objetos, modificando-lhes
os significados. Por outro lado, há momentos em que a acomodação é mais
importante que a assimilação, como se passa na imitação, onde a criança procura
copiar as ações de um modelo, ajustando seus esquemas aos da pessoa imitada.
Piaget definiu o desenvolvimento como sendo um processo de
equilibrações sucessivas. Entretanto, esse processo, embora contínuo, é
caracterizado por diversas fases, ou etapas, ou períodos. Cada etapa define um
17momento de desenvolvimento ao longo do qual a criança constrói certas
estruturas cognitivas. Segundo Piaget, o desenvolvimento passa por quatro etapas
distintas: a sensoriomotora que vai do nascimento até, aproximadamente, os dois
anos de idade. Nela, a criança baseia-se exclusivamente em percepções
sensoriais e em esquemas motores que são construídos a partir de reflexos
inatos, usados pelo bebê para lidar com o ambiente. Tais esquemas vão-se
modificando, os esquemas iniciais dão origem a esquemas conceituais, modos
internalizados de agir para conhecer, que pressupõem pensamento.
Dentre as principais aquisições do período sensoriomotor, destaca-se a
construção da noção de “eu”, através da qual a criança diferencia o mundo
externo do seu próprio corpo. Aos poucos, o período sensoriomotor vai se
modificando. Esquemas cada vez mais complexos são construídos, de forma a
preparar e a dar origem ao aparecimento da função simbólica, ou seja, a
capacidade de representar eventos futuros, de libertar-se, do universo restrito do
aqui-e-agora.
Com o aparecimento da função simbólica, a criança lida com o meio e
anuncia uma nova etapa, a pré-operatória que vai dos dois anos até,
aproximadamente, aos sete anos de idade. Nela, por volta dos dois anos aparece
a linguagem oral. Ela permitirá à criança dispor além da inteligência prática
construída na fase anterior da possibilidade de ter esquemas interiorizados que
envolvem uma idéia preexistente a respeito do algo.
Por volta dos sete anos, a criança lida com o mundo e o conhece,
demonstra que ela se encontra numa nova etapa de desenvolvimento cognitivo: a
etapa operatório-concreta. É nesta etapa que o pensamento lógico, objetivo,
adquire preponderância. Ao longo dela, as ações interiorizadas vão-se tornando
cada vez mais reversíveis e, portanto, móveis e flexíveis. O pensamento se torna
menos egocêntrico, menos centrado no sujeito. Agora a criança é capaz de
18construir um conhecimento mais compatível com o mundo que a rodeia. O real e o
fantástico não mais se misturarão em sua percepção. Neste período de
desenvolvimento o pensamento operatório é denominado concreto porque a
criança só consegue pensar corretamente nesta etapa se os exemplos ou
materiais que ela utiliza para apoiar seu pensamento existem mesmo e podem ser
observados. A criança não consegue ainda pensar abstratamente, apenas com
base em proposições e enunciados. Pode então ordenar, seriar, classificar etc.
Depois, vem a etapa operatório-formal, é quando a criança se torna capaz
de raciocinar logicamente mesmo se o conteúdo do seu raciocínio é falso. A
libertação do pensamento das amarras do mundo concreto, adquirido no
operatório-formal, permitirá ao adolescente pensar e trabalhar não só com a
realidade concreta, mas também com a realidade possível. Como conseqüência, a
partir de treze anos de idade, o raciocínio pode, pela primeira vez, utilizar
hipóteses, visto que estas não são, em princípio, nem dessa faculdade de produzir
e operar com base em hipóteses, é possível derivar delas todas as conseqüências
lógicas cabíveis. A construção típica da etapa operatório-formal é, assim, o
raciocínio, que permitirá ao adolescente estender seu pensamento até o infinito.
O modelo piagetiano é fortemente marcado pela maturação, pois atribui-se
a ela o fato de crianças apresentarem sempre determinadas características
psicológicas em uma mesma faixa de idade. Tal modelo pretende, por isso, ser
universal.
Segundo Piaget, o desenvolvimento cognitivo e aprendizagem não se
confundem: o primeiro é um processo espontâneo, que se apóia
predominantemente no biológico. Aprendizagem, por outro lado, é encarada como
um processo mais restrito, causando por situações específicas (como a freqüência
à escola) e subordinado tanto à equilibração quanto à maturação.
19Um outro tipo de interacionismo é proposto por Lev Seminovitch Vygotski
(1896-1934). Nascido na Rússia, ele escreveu, em sua curta vida, uma ampla e
importante obra, da qual apenas alguns livros foram traduzidos para o português.
Vygotsky defende a idéia de contínua interação entre mutáveis condições
sociais e a base biológica do comportamento humano. Partindo de estruturas
orgânicas elementares, determinadas basicamente pela percepção cinestésica
(memória), percepção visual (atenção) e percepção auditiva (raciocínio).
(OLIVEIRA, 1994 p.49).
É possível afirmar que Vygotsky adota a visão de que pensamento e
linguagem são dois círculos interligados. É na interseção deles que se produz o
que se chama pensamento verbal, o qual não inclui, assim, nem todas as formas
de pensamento, nem todas as formas de linguagem. Existem, portanto, áreas do
pensamento que não tem relação direta com a fala, como é o caso da inteligência
prática, em geral.
Para Vygotsky, o processo de formação de pensamento é, portanto,
despertado e acentuado pela vida social e pela constante comunicação que se
estabelece entre crianças e adultos, a qual permite a assimilação da experiência
de muitas gerações.
Vygotsky considera que existem três concepções sobre a relação entre
desenvolvimento e aprendizagem: o aprendizado é considerado um processo
externo, não envolvido ativamente no desenvolvimento. Ele simplesmente se
utiliza dos avanços do desenvolvimento, mas não fornece impulso para modificar
seu curso. Neste grupo de teóricos ele coloca Jean Piaget e Alfred Binet; o
segundo grupo ele admite que o aprendizado é desenvolvimento, os ciclos de
desenvolvimento e de aprendizagem ocorrem simultaneamente, eles coincidem-
se; a terceira concepção tenta superar os extremos das duas anteriores,
20simplesmente combinando-as. Alguns pontos desta posição, que é a defendida
por Vygotsky, merecem ser realçados. Um deles, de que os processos de
maturação e aprendizagem, que constituem o desenvolvimento, não são
mutuamente excludentes, mas complementares e independentes. Outro ponto
importante é que ele atribui ao aprendizado importante papel no desenvolvimento
da criança.
Ele observou que a capacidade de crianças com o mesmo nível de
desenvolvimento mental para aprender sob a orientação de um professor variava
enormemente. Concluiu que essas crianças não tinham a mesma idade mental e
que o curso de seu aprendizado seria diferente. Essa diferença é o que chamou
de zona de desenvolvimento proximal (funções que ainda não amadurecem mas
que estão em processo de maturação). A zona de desenvolvimento proximal,
podem ser estimuladas pelos educadores, delineando o futuro imediato da criança
e o estado dinâmico de seu desenvolvimento. Pode-se concluir que o estado de
desenvolvimento mental de uma criança só pode ser determinado se forem
revelados seus dois níveis: o nível de desenvolvimento real e a zona de
desenvolvimento proximal, que representa o nível de desenvolvimento potencial.
Colocando crianças numa situação experimental, para alcançar
determinado objeto, Vygotsky observou que essas crianças não só agem, na
tentativa de atingir seu objetivo, como também falam. Para ele, esta fala surge
espontaneamente e continua quase sem interrupção durante todo o experimento e
aumenta de intensidade sempre que a situação se torna mais complicada e o
objetivo mais difícil de ser atingido. Esta observação permitiu a Vygotsky concluir
que as crianças resolvem suas tarefas com a ajuda da fala, assim como dos olhos
e das mãos. Essa unidade de percepção, fala e ação, que provoca a
internalização do campo visual, constitui o objeto central de qualquer análise da
origem das formas caracteristicamente humanas de comportamento.(GOULARD,
1987)
21Em resumo, para Vygotsky, o processo de desenvolvimento nada mais é do
que a apropriação ativa do conhecimento disponível na sociedade em que a
criança nasceu. É preciso que ela aprenda e integre em sua maneira de pensar o
conhecimento da sua cultura. O funcionamento intelectual mais complexo
desenvolve-se graças a regulações realizadas por outras pessoas que,
gradualmente, são substituídas por auto-regulações. Em especial, a fala é
apresentada, repetida e refinada, acabando por ser internalizada, permitindo à
criança processar informações de uma forma mais elaborada.
“A educação deve respeitar o tempo existente em cada criança”. (MEIRA,
2002 p. 61)
É possível afirmar que tanto Piaget como Vygotsky concebem a criança
como um ser ativo, atento, que constantemente cria hipóteses sobre o seu
ambiente. Há, no entanto, grandes diferenças na maneira de conceber o processo
de desenvolvimento.
Piaget privilegia a maturação biológica; Vygotsky, o ambiente social. Piaget,
por aceitar que fatores internos preponderam sobre os externos, postula que o
desenvolvimento segue uma seqüência fixa e universal de estágios. Vygotsky, ao
salientar o ambiente social em que a criança nasceu, reconhece que, em se
variando esse ambiente, o desenvolvimento também variará.
Piaget acredita que os conhecimentos são elaborados espontaneamente
pela criança, de acordo com o estágio de desenvolvimento em que se encontra.
Vygotsky discorda de que a construção do conhecimento proceda do individual
para o social. Em seu entender a criança já nasce num mundo social e, desde o
nascimento, vai formando uma visão desse mundo através da interação com
adultos ou crianças mais experientes.
22O conhecimento deve ser construído, descoberto e reinventado pela criança
e não apenas absorvido, desnecessário a ação do educador em trabalhar de
maneira mecanizada fazendo do espaço escolar ambiente estendioso, onde a
verdadeira assimilação não acontece e não contribui para a formação integral do
indivíduo na sociedade.
O trabalho pedagógico deve estar fundamentado na atividade lúdica
construindo um processo educativo com intenções direcionadas para o físico e
psicomotor, sensorial emocional, social e cognitivo.
É inconcebível que crianças nessa fase, fiquem atreladas a cadeiras e
mesas com olhos fixos no professor ou cabeça baixa sobre livros, cadernos ou
folha de exercícios contendo atividades que treinem trabalho de percepções ou
lindos desenhos para serem coloridos. Esse tipo de exercício não é propício ao
estímulo de desenvolvimento, como também a introdução de letras através de
aulas formais, não emitindo significado para o processo de construção do
conhecimento.
O real desenvolvimento da criança se faz através de atividades
psicomotoras, pois é através de seu corpo e seu movimento que a criança adquire
plena consciência de si mesma, de sua realidade corporal, encontra-se com os
objetivos e com o mundo que a cerca. Nessa perspectiva, as funções motoras,
psicomotoras, preceptiva e cognitiva são inseparáveis e cabe ao professor dentro
da situação manifestada fazer propostas em função de idade e dos interesses de
cada criança.
O comportamento do indivíduo é relacionado com os diferentes períodos
desde o nascimento até a adolescência apoiado na psicanálise. O educador
compreende o comportamento de seus educandos pelas características
emocionais de acordo com a sua faixa etária.
23A aprendizagem provoca o desenvolvimento, ou seja, desenvolve a
inteligência, o amadurecimento. As oportunidades de aprendizagem é que provoca
o desenvolvimento. O papel da escola é fundamental para o desenvolvimento da
inteligência e ela tem a função de provocar a aprendizagem, atuando na zona de
desenvolvimento proximal, auxiliando os educandos a ir na frente.
A criança não deve encontrar um mundo pronto, organizado pelo adulto,
para ela desfrutar, mas que lhe sejam oferecidas estímulo adequado ao seu
desenvolvimento, contemplando os aspectos: cognitivo, adjetivo, perceptivo, motor
e social tornando cada criança em cidadãos transformadores da realidade.
Crianças são seres portadores de todas as melhores potencialidades, elas
são capazes, alegres e gostam de brincar, por isso a necessidade de aplicar
atividades lúdicas aflorando assim o seu potencial.
Segundo Vygotsky (1988) as atividades lúdicas não estão simplesmente
ligadas ao prazer, não existe brinquedo sem organização e sem motivo. A
brincadeira é um momento de investigação e construção de conhecimento sobre si
mesma e sobre o mundo dentro de um contexto de “faz de conta”...
inegavelmente, contribui de forma intensa e especial para o seu desenvolvimento.
1.1. Adaptação à educação infantil
O ingresso da criança na escola, representa mais um marco no
desenvolvimento do seu crescimento. O ambiente novo e desconhecido, por
melhor que seja, significa ficar sem o seu “porto seguro”, sua mãe, trazendo
desconforto ao aluno.
Se um dos objetivos da pré-escola é propiciar a ação da criança sobre o
meio calcado na iniciativa, liberdade e auto-direção, é preciso que se ofereça um
24ambiente livre de tensões e coações onde as crianças possam escolher livremente
o que fazer e como faze-lo. Conteúdos impostos pelo professor se torna
enfadonho e inútil do ponto de vista cognitivo.
É muito importante que a relação afetiva entre a criança e a mãe seja
segura, carinhosa e não castradora, pois sendo assim, têm melhores condições de
enfrentar um novo ambiente. Na primeira reunião, a mãe precisa ficar ciente sobre
a importância e as vantagens da educação infantil, pois seu estado de ansiedade
ou tranqüilidade, vai se refletir na criança. No caso de haver choro, a mãe precisa
ser orientada a se afastar aos pouquinhos para que a criança se sinta mais
protegida. Nesse caso, é aconselhável que a mãe permaneça por perto, porém
nunca dentro da sala de aula.
A permanência da mãe na escola durante os quatro primeiro dias é
fundamental e só deve ser dispensada se houver a certeza que a adaptação foi
plenamente realizada e partir da criança o despedir-se da mãe. Em nenhum caso
ela deve sair às escondidas. A perda de confiança na atitude materna agrava o
medo do abandono.
É importante também que a mãe se apresente tranqüila, calma, carinhosa e
determinada a fazer com que seu filho permaneça sozinho na escola. Ela precisa
estar certa de que isso vai ser bom para ele, para que tudo corra bem. A
organização do ambiente deve ser atraente, agradável e estimulador para que a
criança se sinta segura dentro dele.
Caberá a escola programar um período de adaptação com atividades bem
atraentes e dosadas, permitindo atrair a curiosidade pelo material que ela faça a
opção de ficar na escola sem medo e sem desconfiança, apesar de ter que se
afastar de sua mãe. (RIZZO, 1989)
25Compete ao professor acolher a criança e sua família de modo que diminua
a insegurança e a ansiedade dos pais, informa-los que a creche e a pré-escola,
têm um interesse comum: a criança. Os pais precisam conhecer e discutir os
objetivos da proposta pedagógica e trocar opiniões sobre como o cotidiano escolar
se liga a esse plano. A participação dos pais e outros familiares em conselhos
escolares e na organização de festas nas creches e pré-escolas serve para
agregar experiências e saberes e para aproximar os contextos de
desenvolvimento das crianças, articulando suas experiências. (OLIVEIRA, 2002)
“Sendo um ato de amor, educar significa permitir que a criança desenvolva todas
as suas potencialidades criativas”. (MEIRA, 2002 p.17)
O ingresso das crianças nas escolas pode criar ansiedade tanto para elas,
para seus pais como os professores. As reações podem variar muito, tanto em
relação às manifestações emocionais quanto ao tempo necessário para se efetivar
o processo. As escolas precisam ter flexibilidade diante dessas singularidades
ajudando os pais e as crianças nestes momentos.
O professor tem um papel de conhecer a criança, de apoiar os pais, uma
pessoa que passe a confiança aos familiares da criança que não compete com o
papel deles. Estabelecendo uma relação e deixando clara que o objetivo é a
parceria de cuidados e educação visando ao bem-estar da criança.
26
CAPÍTULO II
METODOLOGIA E ATIVIDADES BÁSICAS
DESENVOLVIDAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
“Atualmente a abordagem psicopedagógica baseia-se no
crescimento psicológico e cognitivo de uma criança que é
um resultado de um processo longo, penoso e contínuo de
sua exploração do meio ambiente, o uso de todas as suas
faculdades e encorajamento afetivo-social, exige impulso do
educador” (RIZZO, 1989)
27
METODOLOGIA E ATIVIDADES BÁSICAS
DESENVOLVIDAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Este capítulo abordará que na Educação Infantil, os períodos não significam
semestres ou anos. E sim uma organização de estruturas que se fecham em cada
período. Um ambiente deliberadamente organizado para oferecer experiências
que estimulem o desenvolvimento pleno da criança e sua integração social. A
preocupação é como dar continuidade a certas experiências para obter o seu
melhor aproveitamento, o que vai determinar a necessidade de planejamentos,
mesmo que muito gerais e flexíveis.
Assim, não teremos séries rígidas, embora se possa organizar os períodos
ao longo da educação infantil. A organização poderá deixar por conta de etapas
que a criança vai vencendo, independente de séries ou anos. Para Jean Piaget, o
tempo que a criança vai para atingir um determinado nível não tem maior
significação. O importante é que, independente do tempo, a criança alcance cada
uma das etapas do desenvolvimento.
Pode parecer estranho a classificação de alguns conteúdos para
determinadas idades. O que interessa não é a correção do conteúdo de um ponto
de vista científico, mas a forma como colocamos o conteúdo para as crianças, de
maneira que elas sejam capazes de assimila-lo. O planejamento poderá ser feito
semanalmente, utilizando-se um tema central – que pode ser chamado de
unidades – para organizar as atividades e os conteúdos. A criança inicia a
aprendizagem através de uma ação direta sobre a realidade e, em um processo
progressivo, alcançar diferentes graus de distanciamento.
28O sistema de unidades permite explorar todo um conjunto de ações e de
vocabulário dentro de um contexto, de modo a obter uma adequação positiva e um
maior controle dos objetivos que se pretende atingir. (LIMA, 1986).
Na educação infantil, tudo gira em torno da criança e de seu
desenvolvimento, que é sua razão de existir. Uma metodologia específica precisa
ter semelhanças profundas com direção marcantemente centrada no
desenvolvimento da criança, um processo de educação que se desencadeia,
através de estímulos integrados, a partir de uma idéia geradora. Os métodos de
ensino referem-se à introdução de um currículo de atividades que a criança
aprenda através da sua experiência.
Existe um momento no desenvolvimento de uma criança no qual a
inteligência é apenas ação sobre a realidade. A aprendizagem se realiza através
da relação do sujeito com o meio. À medida que tenta satisfazer uma
necessidade, assimilação, o sujeito se depara com resistências que o obrigam a
um esforço de adaptação (transformar-se para poder satisfazer sua necessidade)
e, portanto, a um processo de aprendizagem. Supor que uma criança aprenda por
repetição ou pelos discursos do professor, é uma ilusão.
A aprendizagem é um esforço em que o sujeito tem que se transformar para
assimilar o objeto de que necessita. O currículo é tão complexo e integrado quanto
é o desenvolvimento infantil de ser descrito de forma sistemática, quanto é difícil
tentar estabelecer normas ou padrões sistemáticos de crescimento. Uma
combinação e adaptação de centro de interesse e unidade de experiência teve
sempre que ser feita gerando uma maneira especial de trabalhar. O método que
melhores resultados parece obter sobre o crescimento da criança pré-escolar
pode ser entendido por um conjunto integrado de estímulos que se desencadeiam
a partir de um fato ou assunto gerador e promove séries de atividades que
propiciam experiências responsáveis pelo crescimento bio-psicossocial da criança
29de uma forma integrada. (RIZZO, 1989). “Uma criança só realiza uma tarefa para
qual tem competência”. (LIMA, 1976).
O que não se sabe é que uma criança não pode realizar uma tarefa que
exija um nível mental que ela ainda não tenha atingido. Não pode admitir que
exista certo e errado, devido aos diferentes níveis de respostas a uma tarefa,
dependendo dos níveis mentais atingidos pelas crianças. Jean Piaget, diz que não
se ensina estrutura mental, o mais honesto é esperar, respeitar o nível em que a
criança se encontra, não esquecendo porém de desafia-la para crescer. Colocar
“certo” e “errado” em cadernos e provas não modifica em nada a realidade
cognitiva da criança, e decorar respostas, sabe-se que é o caminho mais seguro
para o esquecimento. Procurar sim, em cada “erro” da criança, buscar as
atividades que devem ser propostas e estimular seu desenvolvimento. (LIMA,
1986).
Se não compreendermos a aprendizagem e não trabalharmos para
modificar os métodos pedagógicos (competência e decisão política) em nossas
escolas, não conseguiremos melhores resultados na aprendizagem de nossas
crianças.
A educação têm de centrar-se nas potencialidades das crianças. Na
educação infantil, cada atividade tem vários objetivos ao mesmo tempo e ao
mesmo tempo um objetivo pode ser atingido por várias atividades.
2.1. Atividades básicas
A realização das atividades básicas na Educação Infantil é de grande
importância no processo de desenvolvimento da criança, pois facilita a descoberta
de conceitos de relações entre as diversas áreas do conhecimento fazendo com
que a aprendizagem aconteça de modo mais eficaz e eficiente.
30Piaget afirma que “a criança pode beneficiar-se enormemente quando tem a
possibilidade de viver num ambiente educacional que lhe ofereça a oportunidade
de agir com liberdade e espontaneidade e manipular materiais adequados para o
seu desenvolvimento”.
Desenho:
Desenvolve coordenação motora, a musculatura fina dos dedos,
coordenação visual-motora, organização do trabalho sobre a superfície do papel,
desenvolve o conhecimento das cores, suas combinações e tonalidades, e
exercita a memória. A criança desenha o que “sabe”, do jeito que ela sente que o
objeto existe para ela.
Modelagem:
Propicia o desenvolvimento da coordenação dos movimentos das mãos e
dos dedos em conseqüência das características físicas dos materiais a serem
modelados; maleabilidade, flexibilidade, resistência e textura. Assegura ainda
oportunidade da criança vivenciar a tridimensionalidade através da percepção
visual, da ação motora e de sensações táteis, além de despertar o grande
interesse da criança.
Pintura a dedo:
Eficiente recurso que o educador pode utilizar para desenvolver a
coordenação motora e visual-motora além de ricas experiências táteis, de ritmo e
harmonia. Propícia a descarga de energia e tensões.
31Excelente recurso para exercitar os movimentos das mãos para
aprendizagem da escrita.
Pintura com pincel:
Deve ser realizada pelas crianças com objetivo de desenvolver atitudes de
ordem, responsabilidade, conhecimento tátil e coordenação motora.
Durante a atividade, a criança explora, investiga, elabora e conquista sua
capacidade de expressar-se através da pintura, operações que são favorecidas
quando o clima é de ordem, confiança e segurança.
Recorte e colagem:
São atividades que auxiliam muito o desenvolvimento da coordenação
visual-motora e os movimentos da mão. O recorte e a colagem formam noção de
tamanho, forma e superfície.
A criança recorta livremente sendo estimuladas a criar seus próprios
contornos, não cabe ao educador oferecer moldes riscados para serem
recortados.
Dada a variedade e riqueza de possibilidades que a atividade em sua
evolução gradativa oferece, deve estar presente no período da Educação Infantil.
Jogos:
32O jogo é sempre uma atração, um desafio à imaginação e curiosidade da
criança. É através dele que ela poderá explorar, observar, descobrir e recriar
algumas regras, desencadeando todo um processo global de desenvolvimento.
Pode-se dizer que ele tem caráter lúdico, e é manuseado pela criança de
forma natural despertando o interesse, motivando-a e auxiliando-a a superar suas
dificuldades.
Na Educação Infantil podemos lançar mão de jogos industrializados ou
confeccionados com sucata.
Construções:
As atividades de construção, constituem-se em atividades de grande valor
educativo. Através da sua manipulação a criança vai descobrindo relações de
forma, tamanho, peso, volume e textura.
Histórias:
A história é uma das atividade que muito atraem as crianças. Ouvindo-a, a
criança tem a oportunidade de se transportar para o mundo de sonhos e fantasias.
O Educador deve lançar mão de diferentes recursos para contar histórias,
mas sabendo que a finalidade maior da história é recriar.
A história deve contribuir para: ativar o desenvolvimento da inteligência;
estimular a expressão criadora; criar hábitos e atitudes de saber ouvir; apartear;
liberar a capacidade criadora etc
33Ao selecionar a história, deve-se preocupar-se em que elas tenham uma
linguagem simples, um enredo interessante, adequado ao desenvolvimento e meio
em que vivem as crianças e que tenha um desfecho imprevisível.
O educador pode utilizar vários recursos para contar histórias como:
gravuras, sanfonas, flanelógrafo, blocão, livro, teatro, slides, cineminha e
retroprojetor.
A história é uma atividade a princípio lúdica e prazerosa levando a criança a
crescer interiormente, através de sucessivas aprendizagem.
Música:
A criança quando chega a Educação Infantil já trás variadas experiências,
em ritmos e sons, que precisam ser conhecidas e aproveitadas pelo professor.
Essas experiências acontecem quando a criança entra em contato com a música
através das canções de ninar, músicas infantis, brincadeiras de roda, etc
O objetivo maior da música é proporcionar alegria. A criança deve ser dada
a oportunidade de viver a música, porque ela é uma comunicação de emoções,
uma necessidade de expressão.
A criança participando das atividades da Educação Infantil, tem
oportunidade de encontrar seu próprio ritmo através da experiência que realiza.
Dramatização:
É fundamental ter em sala de aula material de dramatização. A
dramatização espontânea é conseguida na “casa da boneca”, que deve ser
34arrumado num canto da sala de aula, é lá que a criança tem a oportunidade de
viver situações de sua vida diária.
O professor pode aproveitar esses momentos em que a criança dramatiza
para conhece-la e compreende-la melhor.
É na “casa da boneca” que a criança tem oportunidade de resolver seus
conflitos íntimos de organização de personalidade (formação do “eu”), de
experimentar papéis femininos e masculinos e dar vazão a seus sentimentos.
Linguagem:
A linguagem é uma das mais importantes aquisições do homem e é
considerada como um fator importante para o estabelecimento das relações
humanas. Sendo um processo de comunicação, está presente em todos os
momentos de nossa vida. A criança desenvolve habilidades de comunicação antes
mesmo de ir para a escola. Quando ela ri, chora, desenha ou pinta, de certa forma
expressando-se.
A linguagem tem como objetivos gerais desenvolver a linguagem verbal e
executar atividades que preparem a criança para utilização da linguagem escrita.
O professor pode utilizar-se de atividades como: teatro, dramatização,
histórias, associação de idéias, ampliação do vocabulário, prolação e outros para
atingir os objetivos.
Matemática:
É o próprio mecanismo da inteligência. A inteligência desenvolve-se ao
longo do crescimento da criança.
35A criança que não tem nível lógico para determinada estrutura não poderá
entende-la, pois a matemática é baseada na lógica.
O trabalho da matemática na Educação Infantil tem como condição básica a
estruturação do pensamento lógico da criança, a partir de ações concretas sobre
objetos concretos. É a partir dessa condição que as atividades matemáticas
(lógicas) visam a proporcionar:
_ A organização do pensamento lógico e a estrutura mental da criança;
_ A aquisição de bases matemáticas de forma segura, concreta e
interessante;
_ O enriquecimento de sua expressão verbal;
_ A socialização.
Através de atividades diversas como: jogos, brinquedos, modelagem,
manuseio de materiais variados, as crianças vão adquirindo os conhecimentos
matemáticos.
O professor deve dar aos alunos oportunidades para observar tudo que os
rodeia, comparando, analisando, classificando, ordenando, contando, medindo,
etc
Essas noções devem ser desenvolvidas exclusivamente por meio de
atividades.
Integração Social:
Trabalho de integração social deve ter como meta principal o
desenvolvimento infantil. A criança deve ser integralmente envolvida nas
36atividades. Os assuntos devem atender às suas expectativas, à sua capacidade
de compreensão.
Alguns conteúdos e atividades são capazes de propiciar o desenvolvimento
da compreensão de algumas relações sociais, a partir da vivência, de situações
pertinentes à família, à escola e a outros lugares próximos à experiência da
criança.
Cabe ao professor selecionar sugestões que atendam às necessidades das
crianças bem como introduzir itens que se mostrem valiosos à ação educativa.
Ciências:
Estudar ciências significa um despertar diário na criança às chamadas
revelações da natureza. Desde cedo a criança participa, age e reage ativamente a
fenômenos de todas as ordens, demonstrando que tem capacidade para expandir
seus conhecimentos e satisfazer suas necessidades.
Ao entrar para a escola, a criança já manifesta curiosidade infantil por tudo
que a cerca. Tudo que quer ver, experimentar, tocar... Podemos ajudar a criança a
fazer observações diretas, usar todos os sentidos, levando-a descobrir por si
mesma a resposta para seus questionamentos. Dessa forma, estaremos utilizando
o procedimento recomendável ao ensino das ciências.
Atividades físicas e recreativas:
Visam o desenvolvimento pessoal, o domínio do próprio corpo, o domínio
das coisas que nos cercam, como utiliza-las, como se situar no tempo e no
37espaço; o desenvolvimento das qualidades sociais de cooperação, solidariedade e
comunicação.
Devem, essas atividades, basear-se nas condições biológicas e no
desenvolvimento mental e social das crianças, levando-se em consideração sua
atividade natural propensa aos brinquedos e aos jogos.
A situação de aprendizagem é aquela em que, a atividade é de tal modo
significativa, que quem aprende a considera como um trabalho e como um jogo.
Isto é; algo que se aprende com prazer.
Brincar é uma realidade cotidiana na vida da criança que abrem um espaço
para o seu crescimento.
Estas atividades devem ser sempre oferecidas, pois são estímulos
essenciais ao desenvolvimento de experiência básicas ao crescimento psicomotor
e social da criança, o que inclui um sem-número de habilidades essenciais à
aprendizagem da leitura e escrita.
Cabe ao professor a exploração dentro da situação manifestada e fazer
propostas em função da idade e dos interesses da criança permitindo dessa forma
a passagem gradativa de dentro do tempo próprio de cada criança, tendo como
atividades que atendam necessidades do aluno e desenvolver a criatividade
através das diferentes opções de atividades oferecidas.
38
CAPÍTULO III
O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
“A psicopedagogia nasceu como uma ocupação empírica
pela necessidade de atender as crianças com dificuldades
na aprendizagem, cujas causas eram estudadas pela
medicina e psicologia. Com o decorrer do tempo, o que
inicialmente foi uma ação subsidiária destas disciplinas,
perfilou-se como um conhecimento independente e
complementar, possuidor de um objeto de estudo (o
processo de aprendizagem) e de recursos diagnósticos,
corretores e preventivos próprios” (VISCA, 1987, p.7)
39
O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NA EDUCAÇÃO
INFANTIL
Este capítulo abordará um campo do conhecimento humano essencial para
a sociedade da informação dos tempos atuais, que articula saberes e fazeres de
forma transdisciplinar e atende aos indivíduos em suas necessidades de educação
continuada no espaço lúdico da aprendizagem – no qual desejo e conhecimento
se mesclam em criatividade.
A psicopedagogia surgiu como uma necessidade de compreender os
problemas de aprendizagem, refletindo sobre as questões relacionadas ao
desenvolvimento cognitivo,psicomotor e afetivo, implícitas nas situações de
aprendizagem.
A partir da década de 60, a categoria profissional dos psicopedagogos
começa a expandir-se e a organizar-se buscando, inicialmente, as causas do
fracasso escolar, através da sondagem de aspectos do desenvolvimento físico e
psicológico do aprendiz.
Nessa época, os psicopedagogos prendiam-se a uma concepção
organicista e linear, com conotação nitidamente patologizante, que encarava os
indivíduos com dificuldades na escola como portadores de disfunções
psiconeurológicas, mentais e/ ou psicológicas.
A psicopedagogia é uma área de conhecimento e de atuação dirigida para o
processo de aprendizagem. Seu objeto de estudo é o ser cognoscente, ou seja, o
sujeito que se volta para a realidade e dela retira um saber. Vista no âmbito de um
sistema complexo e inerente à condição humana, a aprendizagem não é estudada
40pela psicopedagogia no espaço restrito da escola, ou num determinado momento
da vida, posto que ocorre em todos os lugares, durante todo o tempo da
existência. Difere da pedagogia porque não se ocupa de métodos ou técnicas de
ensino, assim como da psicologia escolar, e porque não reduz seu trabalho e
investigação ao âmbito da escola.
Atualmente as construções psicopedagógicas extrapolam as questões
relacionadas apenas aos “problemas” e suas pesquisas, e se dirigem para duas
vertentes: a psicopedagogia curativa ou terapêutica e a psicopedagogia
preventiva. A primeira tem como objetivo reintegrar ao processo de construção de
conhecimento uma criança ou jovem que apresentem problemas de
aprendizagens. A segunda tem como meta refletir e desenvolver projetos
pedagógico-educacionais, enriquecendo os procedimentos em sala de aula, as
avaliações e planejamentos na educação sistemática e assistemática.
O objetivo da psicopedagogia curativa é reintegrar e readaptar o aluno à
situação de sala de aula, possibilitando o respeito às suas necessidades e ritmos.
Esta orientação tem como meta desenvolver as funções cognitivas integradas ao
afetivo, desbloqueando e canalizando o aluno gradualmente para a aprendizagem
formal. A psicopedagogia preventiva refere-se à assessoria junto a pedagogos,
orientadores e professores, tem como objetivo trabalhar as questões pertinentes
às relações vinculares professor-aluno e redefinir os procedimentos pedagógicos,
integrando o afetivo e cognitivo, através da aprendizagem dos conceitos, nas
diferentes áreas do conhecimento.
A psicopedagogia tem como objetivo, resgatar uma visão mais globalizante
do processo de aprendizagem e, conseqüentemente, dos problemas decorrentes
desse processo. Além de dominar a patologia e a etiologia dos problemas de
aprendizagem, a psicopedagogia aprofundou conhecimentos que lhe possibilitam
41uma contribuição efetiva não só relacionada aos problemas de aprendizagem
mas, também, na melhoria da qualidade de ensino oferecido nas escolas.
Além disso, ao utilizar-se de várias áreas do conhecimento para aprofundar
seu campo de estudo e atuação, a psicopedagogia deixou de privilegiar esta ou
aquela corrente de pensamento, esta ou aquela ciência. Dessa forma, contribui
para a percepção global do fato educativo e para a compreensão satisfatória dos
objetivos da educação e da finalidade da escola, possibilitando, assim, uma ação
transformadora.
Como conhecimento, interessa a todo aquele que se dedica à educação,
pois possibilita uma análise das teorias relacionadas com as ações de aprender e
ensinar, não apenas no sentido da prática didático-pedagógica, mas no substrato
epistemológico que dela se origina para a formação do sujeito “ensinante-
aprendente”. Nutre-se de conhecimentos oriundos sobretudo da epistemologia
genética, da psicologia social e da psicanálise.
Segundo Bossa (1994a), a psicopedagogia nasce com o objetivo de atender
uma demanda – a da dificuldade de aprendizagem.
3.1. Psicopedagogo: Quem é esse profissional?
O psicopedagogo é um profissional pós-graduado, um multiespecialista em
aprendizagem humana que congrega conhecimentos de diversas áreas a fim de
intervir nesse processo, seja para potencializa-lo ou para sanar possíveis
dificuldades, utilizando instrumentos próprios da psicopedagogia. A formação
clínica é buscada geralmente fora do Brasil, onde a profissão é regulamentada, o
que ainda não acontece em nosso país. A formação tem continuidade em sessões
de supervisão e em grupos de tratamento psicopdagógico, que investem no
conhecimento de seu próprio processo da aprendizagem.
42O trabalho psicopedagógico pode assumir uma feição preventiva ou
terapêutica e estar relacionado com equipes ligadas aos campos da educação e
da saúde. Evoluiu a partir de uma demanda da sociedade, que passou a valorizar
a aprendizagem a partir de paradigmas integradores e geradores de sínteses e
tem respondido a ela com uma práxis que busca responder às necessidades de
compreensão do ser humano em toda sua complexidade, tendo ampla aceitação
nos mais diversos segmentos da comunidade.
O psicopedagogo promove o conhecimento do sujeito, de maneira que ele
se escute, se veja e se perceba ao falar, olhar e perceber o psicopedagogo.
Conhecer a si mesmo: isso é o que procura o ser epistemológico da psicanálise,
bem como o ser cognoscente da psicopedagogia A natureza humana é uma fonte
de conhecimento, apesar de toda sua subjetividade.
O trabalho psicopedagógico se dá entre o ser em processo de construção
do conhecimento e o psicopedagogo. Se, de um lado, a sociedade alcançou
avanços tecnológicos, de outro, causou uma gradativa perda de indentidade do
ser humano como sujeito da história. O conhecimento filosófico sugere que
elaborar o conhecimento da realidade é tornar-se sujeito do próprio pensamento.
O psicopedagogo, não atua só no interior do aluno ao sensibilizar para a
construção do conhecimento, levando em consideração os desejos do aluno, mas
requer também uma transformação interna do professor.
A orientação do psicopedagogo junto ao professor deve ser constante,
discutindo não apenas as relações vinculares, mas também as que dizem respeito
ao conteúdo, atuação do aluno, formas de avaliação e reação dos pais frente a
essa nova postura da instituição.
43Tanto na clínica quanto na instituição, o psicopedagogo atua intervindo
como mediador entre o sujeito e sua história traumática, ou seja, a história que lhe
causou a dificuldade de aprender. No entanto, o profissional não deve fazer parte
do contexto do sujeito, já que ele está contido numa dinâmica familiar, escolar ou
social. O profissional deve tomar ciência do problema de aprendizagem e
interpreta-lo para a devida intervenção. Com essa atitude, o psicopedagogo
auxiliará o sujeito a reelaborar sua história de vida, reconstruindo fatos que
estavam fragmentados, e a retomar o percurso normal de sua aprendizagem.
3.2. Diagnóstico psicopedagógico
O diagnóstico psicopedagógico é utilizado pelo psicopedagogo para
detectar problemas de aprendizagem.
As preocupações com os recursos que podem ser utilizados no diagnóstico
e na intervenção psicopedagógica são constantes na psicopedagogia,
principalmente porque ela ainda não constitui uma profissão. É, portanto, uma
área de prestação de serviços, embora a Associação Brasileira de Psicopedagogia
se empenhe no reconhecimento da profissão.
O diagnóstico pedagógico é, em si, uma intervenção, pois o psicopedagogo
tem de interagir com o cliente, a família e a escola, partes envolvidas na dinâmica
do problema.
O psicopedagogo pode usar como recurso a entrevista com a família; pode,
também, investigar o motivo da consulta, procurar conhecer a história de vida da
criança, realizando a anamnese, entrevistar o cliente, fazer contato com a escola e
outros profissionais que atendam a criança, manter os pais informados de seu
desenvolvimento e da intervenção que está sendo realizada e encaminhar o caso
para profissionais, quando necessário. Esses recursos, constituem instrumentos
44para a realização do diagnóstico e da intervenção psicopedagógica. Alguns
autores, sugerem ainda o uso de jogos, uma vez que o sujeito, por meio deles,
pode manifestar, sem mecanismos de defesa, os desejos contidos em seu
inconsciente.
Levando-se em conta que o sujeito possui poucos recursos (de vocabulário,
por exemplo) para se comunicar, expressar o que sente e o que deseja, ele pode
fazer uso de jogos, desenhos e brincadeiras para manifestar suas emoções. Cabe,
pois, ao psicopedagogo estar atento para escutar e analisar as mensagens; enfim,
para ouvir o sujeito.
O psicopedagogo, deve ser criativo e desenvolver atividades que
possibilitem observar os aspectos da inteligência e da projeção, e, se achar que os
testes psicológicos são importantíssimos para concluir um diagnóstico, pode
encaminhar o cliente a um psicólogo a fim de que ele realize uma avaliação
psicológica, efetivando um trabalho multidisciplinar.
O mercado editorial dispõe de muitos cursos para diagnóstico e intervenção
psicipedagógica possibilitando ao psicopedagogo desenvolver seu trabalho de
maneira eficiente e eficaz, contribuindo assim, para melhorar a qualidade do
ensino, quer sua atuação seja na clínica ou na institucional escolar, quer seu
enfoque de trabalho seja preventivo ou curativo, no sentido de intervir no problema
de aprendizagem já apresentado pela criança ou no sentido de prevenir a
instalação de problemas nos educandos.
3.3. Os fatores que contribuem para o desenvolvimento da
dificuldade de aprendizagem
45O estudo da psicopedagogia demonstra que não há uma relação causa-
efeito sobre os fatores que obstruem a aprendizagem, mas, sim, há um contexto
que envolve o ser aprendente e o “objeto” a ser analisado e compreendido. Na
análise do contexto, a aprendizagem e o ensino estão em consonância na
compreensão do processo de cada indivíduo. Ou seja, para cada sujeito haverá
um processo singular, permeado por uma aprendizagem individual e social, no
qual as estratégias de ensino estarão em acordo ou desacordo.
À instituição escolar caberia trabalhar com o processo de aprendizagem,
desenvolvendo no aluno habilidades de raciocínio lógico, solução de problemas,
apropriação de conhecimentos vitais ao indivíduo e à coletividade... Preparar o
sujeito para o futuro, baseando-se nos saberes passíveis de adaptação e
atualização que as incertezas provocam. Ou seja, trabalhar com o “como pensar”
e não com o “que pensar”.
Para tentar compreender o que exatamente pode ser um problema de
aprendizagem, é necessário o agrupamento global dos problemas levantados na
realidade pesquisada.
A concepção teórica de Jorge Visca, classifica-se os estados patológicos da
aprendizagem em 3 níveis complementares: o semiológico (caracteriza os
sintomas), o patogênico (caracteriza as estruturas e os mecanismos intrapsíquicos
que provocam e mantêm os sintomas) e o etiológico (analisa gênese e evolução
das causas mais profundas dos problemas de aprendizagem). No nível
semiológico, incluem-se duas dimensões: a das aprendizagens assistemáticas,
produzidas sem intervenção das instituições educativas, e a das aprendizagens
sistemáticas, produzidas no contato institucional. Incluem-se, neste último caso,
sintomas mais genéricos, tais como parada geral e lentidão na aprendizagem,
especialmente na área da leitura, da escrita, do cálculo nas suas várias
combinações.
46
Os sintomas no nível semiológico devem ser entendidos como produtos
emergentes de uma pluricausalidade estruturada gestalticamente. Rejeita-se, pois,
a existência de uma causa única e determinada de problema de aprendizagem.
O nível patogênico representa uma constelação de elementos estruturais,
energéticos e funcionais (obstáculos à aprendizagem), constituindo-se nos
extratos mais recentes da evolução da causa do problema de aprendizagem. Já o
nível etiológico abrange a causa primeira e suas transformações, desde a sua
origem até o momento presente.
Tomando por base esses pressupostos, poderá ser observado o seguinte
agrupamento:
_ No nível de sintomas (interferências na leitura/escrita; lentidão na
aprendizagem e parada na aprendizagem). Convém observar que o significado
dos sintomas não pode ser dissociado nem da dinâmica familiar, nem do papel
desempenhado pela própria escola. Portanto, os fatores familiares e escolares
serão considerados no decorrer de toda a análise dos dados;
_ No nível dos obstáculos (interferências funcionais e interferências sócio-
afetivas). Na interferência funcional, a ausência de noções de orientação espacial
e temporal bem como a falta de coordenação motora, foram apontadas como
obstáculos na aprendizagem geral. Na interferência sócio-afetiva, a indiferença, a
agressividade e a superproteção dos pais, a falta de padrões e normas de
comportamento e de contato com materiais gráficos, a falta de estímulo, as perdas
e a pobreza familiares, são apontados como responsáveis pelo mau rendimento
dos alunos. Estas interferências nos remetem não só à noção de obstáculos que
ocorrem no momento presente, impedindo que a aprendizagem se desenvolva,
mas também às noções de causas psicológicas que ocorreram na aprendizagem;
47_ No nível das causas (orgânicas e patológicas). Algumas vezes são
apontadas causas de origem orgânica para os problemas de aprendizagem:
verminose, disfunção neurológica, “nervosismo”, problemas de visão e audição.
A origem de toda a aprendizagem está nos esquemas de ação que o
indivíduo desenvolve e que dependem, por sua vez, da integridade orgânica e
corporal. Por isso, é importante investigar a integridade física do aluno. A criança
com perda sensorial, por exemplo, pode ou isolar-se, negando-se a aprender, ou
apresentar outros tipos de comportamento que, se não forem atendidos a tempo,
podem prejudicar sua aprendizagem. Outro exemplo são as deficiências do
funcionamento glandular. Se não forem sanadas, podem acarretar sonolência,
falta de concentração, “lacunas”, ou outras descompensações que também
comprometem a aprendizagem. A própria verminose pode desencadear apatia ou
desinteresse pela aprendizagem.
Embora tais perturbações possam acarretar problemas de aprendizagem,
não configuram, isoladamente, problemas de aprender. Quando, apesar dessas
perturbações, o organismo apresenta-se equilibrado, a aprendizagem nem sempre
será afetada.
Segundo SCOZ (1994), de acordo com o modelo nosográfico proposto por
Jorge Visca, as causas psicológicas englobam fenômenos como a psicose, os
núcleos psicóticos e a neurose.
Por meio dos estudos realizados com base na psicopedagogia institucional,
foi possível observar que aspectos pertencentes ao processo de “ensinagem”
estavam obstacularizando o processo de aprendizagem de muitas crianças.
48
CONCLUSÃO
Na educação infantil (no período da pré-escola), os cuidados e as
brincadeiras são essenciais. Mas é também função do professor levar as crianças
a ampliar seus conhecimentos. A criança é um pequeno pesquisador, e dar a ela a
liberdade de explorar é muito enriquecedor.
Nos últimos anos, a educação infantil vem ganhando destaque no cenário
educacional brasileiro. Há mais crianças matriculadas e uma busca constante por
qualidade.
Cabe à escola garantir a ajuda para desenvolver capacidades e a de
ampliar conhecimentos. Não é uma mudança simples. Por trás dela há uma nova
concepção sobre como pensam as crianças: apesar de pouca idade elas já sabem
muita coisa sobre o mundo. Estão imersos de informações em informações e
estímulos desde que nascem. O problema é que nem sempre isso é levado em
conta. Os métodos tradicionais tratam as crianças como se fossem um “pote
vazio”. E o professor que se propõe à estes métodos, não se interessam em
conhecer seus alunos.
O que é, então, educar nessa fase?
É uma fase que tem a importância em constitui-se num espaço de inserção
dos pequenos nas relações éticas e morais da sociedade. A criança vai a escola
para aprender a ler, escrever e contar trazendo consigo o seu mundo familiar suas
experiências, seus jogos e brincadeiras, possibilitar a entrada efetiva da ludicidade
na escola é um desafio. O jogo e a brincadeira devem invadir o espaço escolar a
fim de transforma-lo num espaço de descobertas, de imaginação de criatividade,
enfim num lugar onde educador e educandos sintam prazer pelo ato de conhecer,
49através de ensinar e aprender, onde não exista educandos imóveis, olhares fixos
no quadro de giz, nem cabeças baixas sobre cadernos, livros ou exercício em
folhas, mas sim uma sala de aula do tamanho do mundo buscando favorecer a
livre expressão através das diferentes linguagens com o colorido da imaginação e
da fantasia de todos.
Cabe ao educador da educação infantil (creche e pré-escola), levar a
criança a criar uma imagem positiva de si e a fortalecer a auto-estima. Para isso,
as crianças devem conhecer o próprio corpo, suas potencialidades e seus limites.
Devem desenvolver a comunicação e a interação social. Nessa relação com os
outros é que se aprende a respeitar e valorizar a diversidade. O trabalho com as
linguagens corporal, musical, plástica, oral e escrita é primordial. O aluno tem
ainda de se perceber como integrante e agente transformador do meio ambiente e
aprender a contribuir para sua preservação. A brincadeira não pode ser
esquecida, principalmente de faz-de-conta, a criança recria acontecimentos e
expressa emoções, pensamentos, desejos e necessidades.
O ensino deve diferenciar a informação memorizada, isto porque o que se
memoriza sem se compreender não desperta a curiosidade, não é incorporado a
um sistema mais abrangente do conhecimento, não permite estabelecer relações
entre conceitos, não propicia portanto, aprendizagem efetiva. A aprendizagem é
feita através de métodos e de técnicas da redescoberta, seja a mais interessante;
mais estimulante; mais desafiadora e mais enriquecedora.
Os alunos de hoje precisam de muito mais do que um punhado de
informações, precisam saber pesquisar e comunicar suas idéias, precisam
conhecer técnicas e dominar estratégias. Ou seja, além de conteúdos conceituais,
o processo ensino-aprendizagem deve contemplar, também os procedimentos e
atitudes. Devemos fazer escolhas, não só em relação ao que ensinar, como
também em relação a forma de ensinar.
50
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54
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
TEXTO 05
RESUMO 06
METODOLOGIA 08
SUMÁRIO 09
INTRODUÇÃO 10
CAPÍTULO I 14
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE 0 À 03 ANOS E SUA
ADAPTAÇÃO À EDUCAÇÃO INFANTIL 15
1.1 - Adaptação à Educação Infantil 23
CAPÍTULO II 26
METODOLOGIA E ATIVIDADES BÁSICAS DESENVOLVIDAS
NA EDUCAÇÃO INFANTIL 27
2.1 - Atividades básicas 29
CAPÍTULO III 38
O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 39
3.1 - Psicopedagogo: Quem é esse profissional? 41
3.2 - Diagnóstico psicopedagogo 43
3.3 - Os fatores que contribuem para o desenvolvimento
da dificuldade de aprendizagem 44
CONCLUSÃO 48
55BIBLIOGRAFIA 50
ÍNDICE 54
FOLHA DE AVALIAÇÃO 56
56
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PROJETO A VEZ DO MESTRE Pós-Graduação “Lato Sensu” Título do trabalho: Educação Infantil Data da entrega: 31 de janeiro de 2004. Por: Carla Maria Ribeiro Marques Avaliado por: ________________________________________ Grau _________
__________________,____ de ___________ de _____
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