Efeito da fortificação de alimentos com Efeito da fortificação de alimentos com ferro sobre a anemia em criançasferro sobre a anemia em crianças
Gloria Valeria da VeigaGloria Valeria da VeigaInstituto de Nutrição Josué de castroInstituto de Nutrição Josué de castro
Universidade Federal do Rio de JaneiroUniversidade Federal do Rio de Janeiro [email protected]@globo.com
Sessão Científica - Centro Colaborador em Alimentação e
Nutrição
Anemia por Deficiência de Ferro
Carência nutricional mais prevalente em todo o Mundo
Problema de saúde pública de proporções epidêmicas
WHO, 2006 http://www.who.int/nutrition/topics/ida/en/index.html; WHO, 2001
81,7%81,7%
68%68%
66,4%66,4%
65,1%65,1%27,2%27,2%
3%3%
6%6%
40%40% 15,5%15,5%
70%70%
64,9%64,9%
36,4%36,4%
35,8%35,8%
26,3%26,3%
19,7%19,7%7,9%7,9%4,3%4,3% 8% 8%
21,1%21,1%47,4% 37,7%47,4% 37,7%
42%21%
17,7%
24,9%
Anemia Ferropriva em Crianças < 5 anos no Mundo
[Dados compilados de diversas publicações]
Prevalência de Anemia Ferropriva no Brasil
Principal problema carencial do país, aparentemente sem grandes diferenciações geográficas Batista-Filho e Rissin, 2003
Não há levantamento nacional, mas as estimativas são... ...50% das crianças em idade pré-escolar (4,8 milhões de crianças)
Ministério da Saúde, 2005
Tendência temporal de aumento em crianças < 5 anosEx. São Paulo: aumento de 116% em 20 anos Paraíba: aumento de 88% em 10 anos Recife: aumento de mais de 100% em 20 anos
Batista-Filho e Rissin, 2003; Batista-Filho, 2004
Anemia Ferropriva em Crianças < 5 anos no Brasil
86,1%86,1%50,3 %50,3 %
73,2%73,2% 40,6%40,6%
63,263,2%%60,8 %60,8 %63%63%
57,6% 50%57,6% 50%
54%54% 53%53%47,8%47,8%
46,3%46,3%22,2%22,2%
35,6%35,6%46,9%46,9%
60% 36,4%60% 36,4%
28,7%28,7%
60,9%60,9%
28,6%28,6%
58%58%
60%60%
41,5%41,5%
55,1%55,1%
85,7% 70%85,7% 70%38,4% 38,4%
31,4%31,4%
33,8%33,8%
63%63%
23%23%
[Dados compilados de diversas publicações]
ANEMIA
Baixa taxa de crescimento
Alterações de pele e mucosas
Diminuição na função imunológica
Perda do apetite
Baixa performance escolar
Falta de iniciativa e/ou atividade
Alterações gastrointestinais
Baixo peso para a idade
Reducão no trabalho físico e mental
Prejuízo no desenvolvimento motor, psicológico e cognitivo
Conseqüências da anemia em crianças
Compromisso social para redução da anemia por carência de ferro (Ministério da Saúde, 1999)
Medidas de prevenção e controle da anemia
- Promoção de alimentação saudável
- Orientação para dieta diversificada de baixo custo
- Distribuição de suplementos de ferro na rede pública (PNSF)
- Fortificação das farinhas de trigo e milho com ferro e ácido fólico (Resolução RDC nº 344 de 13/12/2002. Obrigatoriedade à partir de junho de 2004)
Adição de nutrientes aos alimentos para manter ou melhorar a qualidade da dieta
Fortificação de alimentos
Vantagens:Alta cobertura em vários estratos populacionais Não demanda mudanças no comportamento alimentarBaixo risco de toxidade e isenta de efeitos colaterais Baixo custo e boa eftividade em curto médio e longo prazos
Zancul, 2004; Torres e Souza Queiroz, 2000)
Tipos de fortificação (OMS)
Em massa ou universal
Em mercado aberto
Fortificação direcionada
Comunitária ou domiciliar
Características dos compostos de ferro mais utilizados na fortificação de alimentos no Brasil.
Tipos de compostos Teor de ferro Biodisponibilidaderelativa
Sulfato Ferroso 33% 100%Fumarato Ferroso 33% 100%Fe Eletrolítico 98% 5-100%Fe Reduzido 97% 13 – 148%NaFeEDTA 14% 28 – 416%Fe Bisglicina Quelato 20% 90 – 400%
Fonte: Hurrel, 1997, INCAP/PAHO, 2002
Fortificação de alimentos
Prática de longa data em países desenvolvidos
Efeitos positivos no controle de anemia em países em em desenvolvimento (Guatemala, Índia, África do Sul, Venezuela)
Alimentos mais utilizados para fortificação: farinhas de cereais (trigo e milho), pães, biscoitos, fórmulas láteas.
Revisão de literatura (Assunção & Santos, 2007)
11 internacionais: 9 randomizados: qualidade21 estudos metodológica: 11,3 pontos
10 nacionais: 1 randomizado, 9 tipo antes e depois: qualidade metodológica: 3,1 pontos
Limitações dos estudos: amostras reduzidas análise de dados desconsiderando o efeito de conglomerado da
seleção dos participantes ausência de informações sobre o poder do estudo, o número de
perdas, os valores basais dos índices hematimétricos avaliados, falta de controle do efeito da intervenção para as variáveis de confusão.
Grande variação no tipo e dose de ferro utilizados, tempo de intervenção, metodologia de intervenção, etc.
Assunção MCF, Santos IS, Cad Saúde Públ, 23:269-281,. 2007
Resultados dos estudos revisados
• Os dois estudos que apresentaram os maiores escores metodológicos (Nestel et al., 2004 – Siri lanka e Stuijvenberg et al., 2006 África do Sul) apresentaram resultados opostos.
• Somente um estudo não mostrou impacto da fortificação de alimentos com ferro na ocorrência de anemia (possível viés de publicação ?)
• Apenas um estudo avaliou a efetividade da fortificação universal (na Venezuela em escolares de 7,11 e 15 anos, Larysse et al, 1996)
A experiência do Brasil com fortificação universal de alimentos com ferro
• Título: Efeito da fortificação das farinhas de trigo e milho com ferro e ácido fólico sobre anemia em pré-escolares de Pelotas (Assunção et al., 2007)
• Estudo de série temporal: 3 inquéritos transversais (base em maio e junho de 2004, 12 e 24 posteriores a implantação da legislação)
• Crianças de 0 a 5 anos• Avaliadas as concentrações de hemoglobina• Controle de variáveis de confusão• Perdas entre 8 a 15%
Assunção et al., Rev Saúde Públ, 41:539-48, 2007
A experiência do Brasil com fortificação universal de alimentos com ferro: Resultados:
Não houve diferença significativa entre as médias de ingestão ferro entre os 3 grupos
Não houve diferença significativa entre as médias de Hemoglobina:(11,3±2,8; 11,2±2,8; 11,3±2,5 g/dL (p=0,16)
Prevalência de anemia: 30,2%; 41,5%; 37,1% (p=0,02)
Resultado contrário a experiência na Venezuela (Larysse et al., 1996) e no Chile (Olivares et al., 2003) e semelhante à experiência em Sri Lanka (Nestel et al., 2004)
Assunção et al., Rev Saúde Públ, 41:539-48, 2007
Impacto do consumo de arroz fortificado com ferro na anemia em Impacto do consumo de arroz fortificado com ferro na anemia em crianças de 12 a 60 meses matriculadas em creches públicas do crianças de 12 a 60 meses matriculadas em creches públicas do
município do Rio de Janeiro.município do Rio de Janeiro.
Mestranda: Ursula Pinto de Macedo VianaMestranda: Ursula Pinto de Macedo Viana
Orientadora: Profª Gloria Valeria da VeigaOrientadora: Profª Gloria Valeria da Veiga Colaboradoras: Profª Marta M. A. Souza SantosColaboradoras: Profª Marta M. A. Souza Santos
Profª Mirian Ribeiro BaiãoProfª Mirian Ribeiro Baião
Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências da Saúde
Instituto de Nutrição Josué de Castro
INTRODUÇÃO
A freqüência à creche pode melhorar o estado nutricional e a saúde geral de crianças
Silva e Sturion, 1998; Silva, 2004
- Garante a oferta diária de no mínimo 3 refeições
- Facilita a participação dos pais em atividades remuneradas aumento da renda familiar
- A criança passa o dia em ambiente favorável quanto às condições higiênico-sanitárias, organização, espaço físico, etc.
- Proporciona a prática atividades físicas e educativas
Apesar dos pré-escolares realizarem a maior parte de suas refeições nas creches, ainda continuam
sujeitos à deficiência de ferro
Trabalhos realizados em diferentes cidades brasileiras mostraram que a prevalência de anemia em crianças que freqüentam creches públicas de horário integral variou de
28,6% (Vitória) a 81,0% (Recife).
Brunken et al, 2002; Silva et al., 2001; Perez et al, 1998
INTRODUÇÃO
Anemia em Creches do Rio de Janeiro • Valle (1999): 36,8% em crianças < 5 anos (Niterói)• Cople (2001): 15,4% em pré-escolares• Matta et al (2005): 47,3% em crianças de 4 a 60 meses em creches
públicas
INTRODUÇÃO
Frequência de Anemia no Rio de Janeiro• Alberico et al (2003): 57,6% em crianças < 1 ano em postos de saúde• Lacerda e Cunha (2001): 50% em crianças de 12 a 18 meses em
ambulatório público• Engstrom (2006): 50,7% a 60,5% em crianças < 1 ano em postos de
saúde
Fortificação comunitária ou domiciliar:Estratégia para minimizar a anemia em crianças
• Otimizar as refeições realizadas nas creches, tornando-as um veículo para o suplemento alimentar de ferro
• O fortificante é acrescentado a algum alimento fornecido freqüentemente, de fácil acesso, de baixo custo, e de consumo habitual pelas população alvo.
Queiroz, 2001; WHO, 2001
INTRODUÇÃO
▪ A fortificação de alimentos da merenda já tem sido realizada com sucesso em municípios de São Paulo leite de vaca, leite de soja, pão, suco de laranja.
Queiroz, 2001
▪ É um método de intervenção...... simples ... bastante econômico... que não exige cooperação do beneficiário... de fácil aplicação
Szarfarc et al., 2005; Torres, 1995
INTRODUÇÃO
Alimento veículo de ferro adicional N LocalPrevalência de anemia (%)
FonteAntes da intervenção
Após a intervenção
Arroz branco* 127 Poá e Mogi das Cruzes - SP 41 25 Marchi et al, 2004
Macarronada* 98 São Bernardo do Campo - SP 54 33 Szarfarc et al, 2005
Tempero de cereais, arroz e macarrão* 57 São Paulo 37 17 Arraval, 2001
Pão tipo hot dog* 275 São Paulo- SP 21 12,6 Vellozo et al, 2003
Leite Fluido integral* 586 São Paulo 30 10 Cintra et al, 2001
Leite em pó** 111 São Paulo 34 23,5 Fisberg et al, 1999
Leite em pó* 335 São Paulo 73 21 Torres et al, 1995
Suco de laranja** 50 Pontal - SP 60 20 Almeida et al, 2003
Farinha de mandioca* 80 Manaus - AM 21 7 Tuma et al., 2003
Água potável** 335 Monte Alto - SP 456 31 Almeida et al, 2005
Água potável** 31 São Paulo 48 3 Dutra-de-Oliveira, 1994
Petit Suisse* 81 São Paulo 10 6 Fisberg al.,1995
Pão doce* 89 São Paulo 62 22 Giorgini et al, 2001
Biscoitos e pão francês preparados com farinha fortificada* 1.500 Barueri - SP 37 13 Fisberg & Vellozo, 1996
Açúcar (em suco de laranja)* 93 São Paulo 33 18 De Paula e Fisberg, 2001
* Ferro Bisglicina Quelato ** Sulfato Ferroso
INTRODUÇÃOEstudos com Alimentos Fortificados em Pré-escolares
Periodicidade da fortificação: Semanal X Diária
Alimento veículo de ferro adicional Frequência Dose de Ferro* Duração
Aumento na Hemoglobina
(g/dl)
Prevalência de anemia (%)
FonteAntes da
intervençãoApós a
intervenção
Arroz branco Diária 2,1mg/100g alimento 3 meses 0,5 a 1,0 41 25 Marchi et al, 2004
Macarronada Semanal4,2mg/100g alimento
(consumo real: 2,9mg/dia)3,5 meses 0,8 54 33 Szarfarc et al,
2005
Leite Fluido integral Diária 3mg/L 12 meses 1,0 a 2,7 62 26 Torres et al, 1996
Leite em pó Diária 9mg 6 meses 1,3 73 21 Torres et al, 1995
Farinha de mandioca Diária
0,2gFe/kg farinhaGrupo1: 5g farinha(1mgFe/dia)Grupo2: 10g farinha (2mgFe/dia)Grupo3: 15g farinha (3mgFe/dia)
2 meses 0,8 23 8 Tuma et al., 2003
Pão doce Diária 3mg 34 dias 0,33 62 22 Giorgini et al, 2001
Açúcar (em suco de laranja) Diária 10mg/kg ou 100mg/kg 6 meses 0,4 a 1,4 33 18 De Paula et
Fisberg, 2001
* Ferro Bisglicina Quelato
INTRODUÇÃO
Objetivo
Avaliar o impacto da fortificação do arroz com ferro, em dose profilática, sobre a freqüência de anemia e sobre os valores de hemoglobina, em crianças de 12 a 60 meses de idade matriculadas em creches públicas do Município
do Rio de Janeiro.
OBJETIVOS
População e Amostra
Tipo de Estudo: Ensaio clínico randomizado duplo-cego
População: Crianças entre 12 e 60 meses de idade, matriculadas em 4 creches municipais do Rio de Janeiro.
Grupo Intervenção / Controle: alocação através de sorteio (creches pareadas pelo número de crianças na faixa etária do estudo)
MATERIAL E MÉTODOS
Tamanho da amostra:
Grupo Controle Grupo Intervenção (Placebo) (Composto de ferro)
150 crianças 150 crianças
300 crianças*Previsão de até 20% de perdas => Amostra inicial com 360 crianças
divididas em 2 grupos de 180 crianças
* Amostra suficiente para detectar diferença mínima na média de Hb de 0,25g/dl e 13% na freqüência de anemia com significância de 0,05
e poder do estudo de 0,90
MATERIAL E MÉTODOS
RESULTADOS
Grupo CONTROLE
Elegíveis=255
Crianças com autorizaçãon=199
1ª avaliação da Hemoglobina
Crianças avaliadasn=190
Perdasn=56
Não foram às reuniõesRecusaram participarSaíram da creche
2ª avaliação da Hemoglobina
Crianças avaliadasn=174
Perdasn=9
Não permitiram a coleta de sangue (9)
Perdasn=16
Faltaram no dia da avaliação (10)Não permitiram a coleta de sangue (1)Saíram da creche (4) Diagnóstico de Anemia Falciforme (1)
Descrição da captação das crianças estudadas e das perdas
Grupo INTERVENÇÃOElegíveis=254
Crianças com autorizaçãon=206
1ª avaliação da Hemoglobina
Crianças avaliadasn=197
Perdasn=48
Não foram às reuniõesRecusaram participarSaíram da creche
2ª avaliação da Hemoglobina
Crianças avaliadasn=180 (29% perdas)
Perdasn=9
Faltaram no dia da avaliação (8)Não permitiram a coleta de sangue (1)
Perdasn=17
Faltaram no dia da avaliação (11)Saíram da creche (5) Pediram para sair da pesquisa (1)
(32% de perdas)
Descrição da Intervenção
Período de seguimento: 16 semanas
Alimento-veículo: arroz
Dose de ferro oferecida: 4,2mg Fe / 100g de alimento (Portaria n° 344 de 13/12/2002)
Periodicidade: uma vez por semana: oferta de 3,78mg de ferro por criança, considerando a oferta média de 90g de arroz, segundo recomendação do Instituto de Nutrição Annes Dias para esta faixa etária.
MATERIAL E MÉTODOS
Composto de ferro: Ferro Bisglicina Quelato (Ferrochel®)
- Tem 20% de ferro e possui alta biodisponibilidade (4 a 7 vezes maior que a do Sulfato Ferroso)
- É resistente à oxidação e mantém a qualidade sensorial das preparações que o veiculam
- A absorção sofre pouca influência da composição da refeição (vitamina C, cálcio, fitatos, etc.), com aproveitamento regulado principalmente pela situação orgânica do indivíduo.
Desvatagem: é um produto patenteado e por isto mais caro
MATERIAL E MÉTODOS
Preparo e Codificação das Soluções : Farmácia Universitária da UFRJ(Codificadas como soluções A e B)
-Solução com ferro: Concentração de 8,4mg Fe/mL
-Placebo: características semelhantes às da solução com ferro (cor, aroma, sabor, viscosidade)
MATERIAL E MÉTODOS
Características sensoriais do arroz – Grupo Controle
Não houve alteração sensorial no arroz após adição da solução
Arroz puro Arroz com Solução Placebo
MATERIAL E MÉTODOS
Arroz puro Arroz com Solução de FBQ
Características sensoriais do arroz – Grupo Intervenção
Não houve alteração sensorial no arroz após adição da solução
MATERIAL E MÉTODOS
- As crianças de ambos os grupos não perceberam a adição do produto no arroz (cor, aroma, sabor)
- No dia da fortificação o arroz teve boa aceitação em ambos os grupos, e consumo foi semelhante aos outros dias da semana
MATERIAL E MÉTODOS
Dados coletados antes da Intervenção
Dados de saúde da criança - nascimento (peso ao nascer, tempo de gestação, tipo de parto)- exposição ao aleitamento materno e consumo de outros leites- fumo passivo
Dados socioeconômicos e demográficos da família- idade e escolaridade dos pais- renda familiar per capita - número de moradores na família - condições de moradia- inscrição da família em programas assistenciais
MATERIAL E MÉTODOS
Dados coletados antes e depois da Intervenção
Dosagem de Hemoglobina (HemoCue®)
Diagnóstico de Anemia: crianças com Hb <11g/dL (WHO, 2001).
Anemia Grave: Hb <9,5g/dL
Dados antropométricos: Peso, Estatura / Comprimento
Avaliação Nutricional: Índices P/I, E/I, P/E adotando pontos de corte -2z-escore para déficit pondero-estatural e + 2z-escore de P/E para sobrepeso (WHO, 2006)
MATERIAL E MÉTODOS
Uso de suplementos de ferro
Enfermidades nos últimos 3 meses
Alimentação da criança fora da creche:
- Recordatório de 24h – domingo e dia de semana (o que a criança ingeriu antes de chegar à creche e depois do horário da creche no dia anterior)
Dados coletados antes e depois da Intervenção
MATERIAL E MÉTODOS
Dados coletados durante da Intervenção Dose de solução oferecida em cada dia de intervenção
Alimentação da criança na creche
Pesagem direta dos alimentos oferecidos (prato-padrão) - Pesagem do resto ingestão (sub-amostra de 30% das crianças em cada grupo)
MATERIAL E MÉTODOS
Plano de análise de dados
• Homogeneidade dos grupos no período pré-intervenção: teste t de Student e teste Qui-quadrado
• Associação entre a anemia e as diversas variáveis: Razão de prevalência com o Intervalo de Confiança de 95%
• Efeito da intervenção: teste t de Student (variação média da hemoglobina inter grupos), t de Student pareado (variação média de hemoglobina intra grupo)
•Modelos explicativos para a variação da hemoglobina: regressão linear
•Para as análises excluiu-se os indivíduos que participaram menos do que 50% da intervenção (GI:14 crianças GC: 15 crianças)
MATERIAL E MÉTODOS
Aspectos Éticos
Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do IPPMG (02/08/2005), pela Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (11/01/2006) e pelas 4ª, 5ª e 7ª Coordenadorias Regionais de Educação
Compromisso de encaminhamento das crianças anêmicas para a unidade básica de saúde mais próxima da creche, para inclusão no programa de suplementação oral com sulfato ferroso
MATERIAL E MÉTODOS
RESULTADOS
Os grupos Intervenção e Controle foram semelhantes quanto:
Comparação dos grupos antes da intervenção
- Freqüência por sexo (Sexo masculino: GI 52,85% GC: 53,7%- Freqüência por faixa etária (predominância de crianças >24meses)
- Freqüência de anemia (GI=39,1%; GC=44,7%)- Freqüência de anemia grave (GI=10,2%; GC 6,3%)
- Média de hemoglobina (GI=11,25g/dL; GC=11,06g/dL)
- Estado nutricional (exceto para média de z escore para P/I, (GI>GC)
RESULTADOS
Condições socioeconômicas mais desfavoráveis no GC do que no GI
- Maior frequência de renda familiar percapita <0,25SM (44,3% vs. 23,4%) - Menor acesso à agua filtrada (70,6% vs. 86,5%) - Menor acesso ao tratamento de esgoto (75,8% vs. 92,2%) - Maior frequência de enfermidades no último trimestre (91,2% vs. 79,9%)
Utilização de sais de ferro mais freqüente no GC do que no GI (80,7% vs. 67,6%)
Comparação dos grupos antes da intervenção
A oferta de ferro foi ajustada ao consumo individual: a quantidade de ferro oferecida dependeu do porcionamento de arroz oferecido nas
creches (grande variação no GI)
RESULTADOS
Boa exposição à intervenção:- Média de presença no dia da fortificação: 75% em ambos os grupos - 2/3 das crianças tiveram frequência ≥ 75%
Impacto da intervenção
Oferta média de ferro durante a intervenção: 43,2mg (DP 13,1)[cerca 71% do total esperado (60,48mg) considerando a oferta de 90g de arroz]
RESULTADOS
Tabela 1. Médias, desvios-padrão (DP) e diferenças entre os períodos pré e pós-intervenção das variáveis antropométricas e hemoglobina nos grupos Intervenção e Controle.
Grupo Intervenção Grupo ControleDiferença no
GrupoIntervenção
Diferença no GrupoControlePré Pós Pré Pós
N n(%)
n(%) pª N n
(%)n
(%) pª p
Anemia (<11g/dl) 166 64(38,6)
38(23,9)
0,002 159 71(44,7)
52(32,7)
0,03 15,7 12,0 0,33
Anemia grave (<9g/dl) 166 16(9,6)
6(3,6)
0,02 159 9(5,7)
8(5,0)
0,80 6,0 0,7 0,007
n Média(DP)
Média(DP) p* n Média
(DP)Média(DP) p* p**
Hemoglobina (g/dl) 166 11,27(1,25)
11,76(1,15)
0,000 174 11,09(1,13)
11,54(1,17)
0,00 0,488 0,454 0,79
Z-Escore
Peso para Idade 164 0,160(0,96)
0,1849(0,93)
0,46 158 -0,108(0,96)
0,0001(0,98)
0,00 0,024 0,108 0,07
Peso para Estatura 160 0,593(0,95)
0,5612(0,89)
0,50 155 0,367(0,91)
0,4532(0,95)
0,055 -0,032 0,085 0,07
Estatura para Idade 162 -0,540(1,05)
-0,429(1,03)
0,00 155 -0,655(0,99)
-0,5442(0,96)
0,001 0,111 0,111 0,99* Teste t de student pareado ** Teste t de student ª Teste Qui-quadrado
O incremento médio da hemoglobina foi significativamente maior entre as crianças anêmicas quando comparadas com as não-anêmicas, sem diferença entre os grupos.GI: 1,19g/dL vs. 0,047g/dL, p=0,000GC: 0,96g/dL vs. 0,044g/dL, p=0,000
Dentre as crianças anêmicas, aquelas com anemia grave tiveram incremento médio ainda maior, sem diferença entre os grupos. GI: 1,44g/dLGC: 1,99g/dL
RESULTADOS
RESULTADOS
Tabela 2. Médias e Desvios Padrão (DP) das diferenças dos valores de hemoglobina entre período pré e pós-intervenção em relação a variáveis biológicas e quanto à utilização de outros compostos de ferro, encontradas nos grupos Intervenção e Controle.
Grupo Intervenção Grupo Controle
n Média DP p n Média DP p
Sexo 166 159
Masculino 86 0,499 1,32 0,91 87 0,470 1,10 0,84
Feminino 80 0,476 1,09 72 0,433 1,24
Faixa Etária‡ 166 159
< 24 meses 34 0,335 1,26 0,41 41 0,432 1,10 0,90
≥ 24 meses 132 0,527 1,21 118 0,460 1,19
Estado Nutricional‡
Peso para Idade 164 158
< -2EZ 2 1,200 0,14 0,41 4 0,000 1,04 0,44
≥ -2EZ 162 0,481 1,23 154 0,456 1,17
Peso para Estatura 161 156
≤ +2EZ 152 0,435 1,23 0,051 152 0,453 1,16 0,40
> +2EZ 9 1,26 0,99 4 0,950 1,12
Estatura para Idade 163 156
< -2EZ 15 0,474 0,67 0,16 15 0,640 0,92 0,54
≥ -2EZ 148 0,452 1,26 141 0,447 1,18
RESULTADOS
Grupo Intervenção Grupo Controle
n Média DP p n Média DP p
Escolaridade da mãe 145 151
≤ 8 anos de estudo 80 0,281 1,16 0,024 69 0,499 1,34 0,70
> 8 anos de estudo 65 0,731 1,22 82 0,422 1,04
Escolaridade do pai 80 88
≤ 8 anos de estudo 40 0,340 1,10 0,03 31 0,726 1,37 0,28
> 8 anos de estudo 40 0,900 1,21 57 0,437 1,08
Renda familiar percapita 157 146
< 0,25 salários mínimos 36 0,638 1,35 0,61 60 0,357 1,12 0,46
0,25 a 0,50 salários mínimos 56 0,485 1,41 51 0,433 1,07
> 0,50 salários mínimos 65 0,367 1,02 35 0,669 1,43
Auxílio por programas assistenciais 169 158
Sim 37 0,224 1,28 0,13 48 0,167 1,18 0,037
Não 119 0,573 1,21 110 0,586 1,14
Tabela 3. Médias das diferenças dos valores de hemoglobina entre período pré e pós-intervenção em relação a variáveis demográficas e socioeconômicas e consumo de Ferro Bisglicina Quelato (FBQ), nos grupos Intervenção e Controle
RESULTADOS
Grupo Intervenção Grupo Controle
n Média DP p n Média DP p
Número moradores na residência 156 158
2 a 4 pessoas 81 0,502 1,16 0,90 71 0,599 1,21 0,17
5 a 14 pessoas 75 0,477 1,21 87 0,345 1,13
Irmãos menores de 5 anos 166 158
Sim 53 0,685 1,21 0,16 53 0,585 1,18 0,34
Não 103 0,390 1,25 105 0,395 1,14
Água filtrada em casa 156 158
Sim 136 0,408 1,18 0,03 115 0,553 1,19 0,10
Não 20 1,050 1,43 43 0,207 1,08
Coleta de lixo 156 157
Coleta domiciliar 108 0,372 1,23 0,07 102 0,544 1,21 0,22
Caçamba, terreno baldio ou outro procedimento 48 0,756 1,20 56 0,304 1,08
Escoamento de esgoto 121 156
Rede coletora pública 139 0,486 1,24 0,72 116 0,571 1,19 0,02
Outra forma 13 0,615 1,21 41 0,038 1,07
Tabela 4. Médias das diferenças dos valores de hemoglobina entre período pré e pós-intervenção em relação a variáveis demográficas e socioeconômicas nos grupos Intervenção e Controle
RESULTADOS
Grupo Intervenção Grupo Controle
n Média DP p n Média DP p
Tempo que freqüenta a creche ‡ 163 149
< 6 meses 48 0,754 1,22 0,07 30 0,240 1,03 0,29
≥ 6 meses 115 0,370 1,22 119 0,497 1,21
Freqüência à creche nos dias da fortificação 166 159
< 75% 43 0,574 1,45 0,59 46 0,426 1,21 0,85
≥ 75% 123 0,458 1,13 113 0,465 1,15
Quantidade total de FBQ oferecida na intervenção 180 159
< P85 (53,76mg) 138 0,396 1,22 0,029 159 0,453 1,16
≥ P85(53,76mg) * 28 0,943 1,08 - - -
Tabela 5. Médias das diferenças dos valores de hemoglobina entre período pré e pós-intervenção em relação à freqüência à creche e consumo de Ferro Bisglicina Quelato (FBQ), nos grupos Intervenção e Controle
* Correspondente ao consumo de cerca de 80g de arroz /dia
Fortificação de alimentos com ferro para controle e prevenção da anemia em crianças:
Perspectivas
Experiências positivas em países Europeus, Estados Unidos e alguns países da América Latina nem sempre confirmadas em outros países.
Motivos: • baixo consumo de alimentos fortificados? • baixa biodisponibilidade do ferro adicionado?• Ingestão inadequada de alimentos inibidores de
absorção de ferro “Eficácia e efetividade embora desejáveis, ainda
carecem de serem demonstradas” (Assunção e Santos, 2007)
OBRIGADA!
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