UNIVERSIDADE DE SOROCABA
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Ana Paula Machado Zatarin RA 00038828
PROJETOS ARQUITETÔNICOS
SOROCABA/SP
2012
SUMÁRIO
1 Introdução...........................................................................................................5
2 Estilo Moderno....................................................................................................8
3 Lucio Costa.........................................................................................................8
4 Projeto chefiado pelo Arquiteto Lúcio Costa...................................................9
4.1 Ministério da Educação e Cultura – MEC (1936-1942).............................9
5 Estilo eclético....................................................................................................16
5.1 Mercado Municipal de São Paulo.............................................................18
5.2 Projeto do Engenheiro – Arquiteto: Ramos de Azevedo.......................18
5.3 O Mercado Municipal no ano de sua inauguração, 1933.......................19
5.4 Dados da obra............................................................................................23
5.5 Curiosidades do Mercado Municipal:......................................................27
6 Estilo Art Nouveau............................................................................................29
7 O Viaduto Santa Ifigênia..................................................................................30
7.1 Projeto dos arquitetos italianos Giulio Michetti e Giuseppe Chiapori. 30
8 Referências........................................................................................................34
5
Lista de Figuras
Figura 1: A construção mais importante do movimento moderno no brasil.................9
Figura 2: Croqui de Le Corbusier, 1936, para o Ministério da Educação e Saúde, Rio
de Janeiro..................................................................................................................10
Figura 3: Estudos de insolação..................................................................................10
Figura 4: Ministério da Educação e Saúde................................................................12
Figura 5: Elementos decorativos Conchas e hipocampos, Cândido Portinari...........13
Figura 6: Monumento à Juventude Brasileira, Bruno Giorgi - Jardins térreos...........13
Figura 7: Jardim Roberto Burle Marx no terraço-jardim do edifício...........................13
Figura 8: MESP: Ministério da Educação e Saúde Pública. Rio de Janeiro. Brasil.
1937 Planta térreo e corte (Projetado pelos arquitetos Oscar Niemeyer, Afonso
Reidy, Jorge Moreira, Carlos Leão, Lucio Costa e Hernani Vasconcelos, segundo
risco original de Le Corbusier)...................................................................................14
Figura 9: MESP: Ministério da Educação e Saúde Pública. Rio de Janeiro. Brasil.
1937 Plantas do segundo pavimento e pavimento-tipo (projetado pelos arquitetos
Oscar Niemeyer, Afonso Reidy, Jorge Moreira, Carlos Leão, Lucio Costa e Hernani
Vasconcelos, segundo risco original de Le Corbusier)..............................................14
Figura 10: Mercado Municipal de São Paulo que foi projetado pelo eng.-arq. Ramos
de Azevedo e pelo arq. Felisberto Ranzini - Fachada vista da Rua da Cantareira, no
centro de São Paulo..................................................................................................18
Figura 11: À esquerda foto do Mercado em construção; à direita, o Mercado logo
após sua conclusão. Fonte: acervo FAU-USP..........................................................22
6
Figura 12: À esquerda foto do Mercado no dia da inauguração; à direita, visto do rio
Tamanduateí. Fonte Fau-USP...................................................................................22
Figura 13: Mercado Municipal após a inauguração. Fonte FAU-USP.......................23
Figura 14: Mezanino - vista aérea esquemática Fonte - PPMS - Paulo Pedro de Melo
Saraiva Arquitetos Associados S/C Ltda...................................................................25
Figura 15: Planta geral do projeto Fonte - PPMS - Paulo Pedro de Melo Saraiva
Arquitetos Associados S/C Ltda................................................................................26
Figura 16: Foto Noturna do Mercado Municipal.........................................................28
Figura 17: Vila Penteado, São Paulo.........................................................................29
Figura 18: Hotel Tassel, Bruxelas..............................................................................30
Figura 19: Foto da obra Viaduto Santa Efigênia........................................................31
Figura 20: Foto antiga do Viaduto Santa Ifigênia.......................................................32
Figura 21: Projeto Viaduto Santa Ifigênia..................................................................33
7
1 Introdução
A história da arquitetura no Brasil é restrita aos cinco séculos após a
descoberta, pois o período pré-cabralino1 não temos como reconstituir.
A arquitetura indígena é baseada nas convicções mágicas que tinham tanto
para a moradia quanto para o conjunto urbano. A disposição geométrica de uma
aldeia visa funcionalidade, mas também é orientada pelo gosto.
Uma aldeia circular, com orientação norte-sul, tendo como eixo a casa central
servindo de passagem e como espaço de reuniões, seu conceito é a “aldeia do
além” assim, o arco da existência supera o tempo e o trânsito terreno em função do
infinito. Esta filosofia governa os atos de viver, as expressões plásticas e mais ainda
a poesia, compondo uma cultura bem definida.
Já os portugueses começam da estaca zero, os pioneiros improvisavam-se
construtores para levantar moradias e entrincheiramento a fim de se defenderem
dos índios e de outros brancos. Na necessidade da conquista e manutenção do
espaço cria-se um sistema feudal e organizam-se os arraiais, como no caso de
Salvador uma cidade cercada por muros de taipa, essa técnica, embora precária
quando bem mantida, perpetua-se ao longo dos séculos.
Até a primeira metade deste século grande parte das casas no Recife eram
construídas como no século do descobrimento. A “casa-fortaleza”, como era
denominada, utilizava pedra, cal, pau-a-pique e era telhada e avarandada. Com o
crescimento das vilas, os construtores começam a procurar materiais mais
resistentes e passam a utilizar a pedra.
Nosso barroco floresce de maneira torta e não é comparável aos outros
movimentos no mundo, pode-se dizer que é mais parecido com o alemão do que
com o italiano. A arquitetura civil é inexpressiva e servia, praticamente, a fins
religiosos.
Na segunda metade do século XVIII, Minas Gerais passa a dominar a
arquitetura religiosa em igrejas como: o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em
Congonhas do Campo (1757-1770); a de São Pedro dos Clérigos, em Mariana
1 Pré-Cabralino. As culturas presentes em terras brasileiras antes da chegada de
Pedro Álvares Cabral8
(1771) e a Capela do Rosário de Ouro Preto.
Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho principal escultor e arquiteto da época
deixou vasta obra, adepto do estilo rococó, soube integrar melhor do que ninguém a
arquitetura e a escultura, a decoração rebuscada à sobriedade da arquitetura
religiosa portuguesa. .
Já no começo do século, o Art Nouveau e o Art Deco aparecem de forma
restrita, principalmente em São Paulo, e seu expoente máximo é Victor Dubugras,
que faleceu em 1934. A Semana de Arte Moderna de 1922 e a seqüente revolução
de 1930 são a alavanca da arquitetura moderna no Brasil.
Le Corbusier, arquiteto modernista francês, visitou o Brasil pela primeira vez
em 1929 e realizou conferências no Rio e em São Paulo; chegou a propor um plano
de urbanização para o Rio de Janeiro que não foi executado.
Em 1935, é realizado o concurso para o prédio do Ministério da Educação no
Rio de Janeiro, cujo primeiro prêmio foi para um projeto puramente acadêmico;
porém, por decisão do Ministro Gustavo Capanema, o projeto passa para as mãos
de Lúcio Costa, que reúne uma equipe com outros concorrentes, entre eles Oscar
Niemeyer.
Le Corbusier faz nova visita ao Brasil para opinar sobre o projeto do concurso
e também para discutir o projeto da Cidade Universitária do Rio de Janeiro. Lúcio
Costa deixou, em 1939, a chefia da equipe que construía o Ministério da Educação e
em seu lugar assume Oscar Niemeyer, no início de uma carreira brilhante, que tem
seu apogeu juntamente com Lúcio Costa, com a construção de Brasília, vinte anos
mais tarde. No mesmo ano de 1939, acontece a Exposição Internacional de Nova
York, onde o Pavilhão do Brasil, obra de Lúcio e Oscar, causa furor.
A arquitetura brasileira dá sinais de vida mundialmente. Niemeyer constrói o
conjunto da Pampulha em Belo Horizonte durante a prefeitura de Juscelino
Kubitschek, que depois o leva para Brasília, onde realizará um conjunto de obras
notáveis juntamente com o plano geral de Lúcio Costa. Oscar Niemeyer também
esteve à frente da equipe que construiu o parque do Ibirapuera em São Paulo entre
1951 e 1955.
No Ibirapuera, o paisagismo é de Roberto Burle Marx, que tem vasta obra a
ser apreciada e é o maior expoente dessa arte no país.
9
Em 1954, foi construído o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, de Affonso
Eduardo Reidy. Outro arquiteto modernista de grande importância é Villa nova
Artigas, autor, entre outras obras, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de São Paulo. Artigas, que esteve exilado por causa do regime militar,
quando retornou ao Brasil, viu-se obrigado a fazer uma prova de admissão para
poder lecionar na faculdade que ele mesmo projetara, prova que ficou registrada em
forma de livro. Não é possível, neste breve esforço, abranger toda a produção
arquitetônica contemporânea, porém não podemos deixar de citar aqui a grande
obra de Lina Bo Bardi, mulher de Pietro Maria Bardi, autora de projetos como o do
SESC Pompéia, em São Paulo ou o do MASP.
10
2 E stilo Moderno
Modernismo foi um movimento artístico e cultural que se iniciou na Europa e
começou a ter seus ideais difundidos no Brasil a partir da primeira década do século
XX, através de manifestos de vanguarda, principalmente em São Paulo.
No campo da arquitetura, o Modernismo foi introduzido no Brasil através da
atuação e influência de arquitetos estrangeiros adeptos do movimento, embora
tenham sido arquitetos brasileiros, como Oscar Niemeyer e Lúcio Costa.
Os arquitetos modernistas buscavam o racionalismo e funcionalismo em seus
projetos, sendo que as obras deste estilo apresentavam como características
comuns formas geométricas definidas, sem ornamentos; separação entre estrutura e
vedação.
Quando iniciou-se no Brasil a difusão dos princípios Modernos, arquitetos
recém formados passaram a estudar obras de arquitetos estrangeiros, como os
alemães Mies Van der Rohe e Walter Gropius, adeptos da arquitetura racionalista.
No entanto, foi o franco-suíço Le Corbusier quem mais influência teve na formação
do pensamento Modernista entre os arquitetos brasileiros.
Entre os arquitetos de destaque no movimento moderno brasileiro está Lúcio
Costa, cuja obra e contribuição teórica são de grande importância, Oscar Niemeyer,
Affonso Eduardo Reidy, Attilio Correa Lima, os irmãos Marcelo e Milton Roberto e
outros.
3 Lucio Costa
A importância de Lucio Costa (1902-1998) para a constituição da arquitetura
moderna no Brasil no segundo quartel do século XX excedeu, em muito, a sua
atuação como projetista.
Autor ou co-autor de projetos fundamentais para a renovação da arquitetura
brasileira, além de artífice de acontecimentos cruciais, Lucio Costa foi, ademais, o
responsável pela produção e difusão pública de enunciados que, acompanhando-a
11
pari passu2, deram sustentação e em certa medida tornaram possível, já a partir de
meados da década de 1940, o extraordinário sucesso de uma certa arquitetura
moderna brasileira.
Focalizando exclusivamente a produção textual de Lucio Costa, esta Tese
procura mapear os caminhos e características do conceituar costiano entre 1924 e
1951. Mais do que identificar as características do desenho que o arquiteto dá a
essa arquitetura, procurou-se identificar, a cada momento, as questões que norteiam
as formulações do arquiteto; em que medida estas se aproximam da agenda do
movimento modernista brasileiro; em que ponto ou momento dele se afastam.
4 Projeto chefiado pelo Arquiteto Lúcio Costa
4.1 Ministério da Educação e Cultura – MEC (1936-1942)
Figura 1: A construção mais importante do movimento moderno no brasil
Arquiteto: Lúcio Costa, Carlos Leão, Oscar Niemeye, Afonso Reidy, Ernani Vasconcellos, Jorge Machado Moreira, Le Corbusier (consultor), Burle Marx
2 Pari passu: é uma expressão latina que significa "em igual passo", "simultaneamente", "a par", "ao
mesmo tempo.12
Local:Rio de Janeiro
Ano:1936-1942
Em 1937 no Rio de Janeiro começa a construção mais importante do
movimento moderno. Jamais fora construído um edifício que chamasse tanta
atenção naquela época. O projeto foi realizado por uma equipe chefiada por Lúcio
Costa que fez questão de convidar: Carlos Leão, Oscar Niemeye, Afonso Reidy,
Ernani Vasconcellos, Jorge Machado Moreira, Le Corbusier (consultor), Burle Marx e
Portinari.
Figura 2: Croqui de Le Corbusier, 1936, para o Ministério da Educação e Saúde, Rio de Janeiro
Le Corbusier poucos dias de deixar o Rio de Janeiro, fez um esboço rápido e
a partir dai, os arquitetos foram dando forma ao projeto levando em conta os 5
pontos da arquitetura com bastante flexibilidade.
O projeto procura seguir de modo bastante fiel as recomendações de Le
Corbusier para o que ele considerava uma “nova arquitetura”: proposta de um bloco
simples orientação uniforme das salas simplicidade e clareza da disposição intera,
seu bloco principal está suspenso sobre pilotis, possui a estrutura portante liberando
as paredes da função de sustentação, está vedado por cortinas de vidro.
Foi um dos primeiros edifícios, em todo o mundo, a fazer uso do recurso do
brise-soleil (quebra-sol) a fim de evitar a incidência direta de radiação solar em sua
fachada norte.
13
14
Figura 3: Estudos de insolação
O edifício possui 14 andares sobre o térreo, o qual possui um pé-direito de
mais de nove metros de altura. O prédio tem a proposta de permeabilidade, permite
a passagem desimpedida de pedestres sob o prédio para isso ele esta situado no
meio do terreno, criando uma praça proporcionando ao prédio uma real
característica pública.
15
Figura 4: Ministério da Educação e Saúde
16
A construção demorou nove anos, pois o material era todo importado, os
vidros, o concreto, o aço, as persianas americanas, os lustres da parte interna e os
azulejos vieram de Portugal. O edifício faz uma síntese das artes: arquitetura
escultura e pintura. No conjunto, pintura e escultura tem cada qual o seu lugar, não
aparecem como simples elementos decorativos, mas como valores artísticos
autônomos
Figura 5: Elementos decorativos Conchas e hipocampos3, Cândido Portinari.
Figura 6: Monumento à Juventude Brasileira, Bruno Giorgi - Jardins térreos
3 Conchas e hipocampos: O tema abordado pelo artista se refere a motivos marinhos - Conchas,
Hipocampos, Estrelas-do-Mar, Peixes etc.
17
Figura 7: Jardim Roberto Burle Marx no terraço-jardim do edifício
O alto custo da obra foi criticado pela imprensa brasileira, o edifício era
criticado por ser ostentador. Mas o Ministério era tão moderno que atraia arquitetos
de outros países. Um americano esteve no Rio de Janeiro na época e disse que o
edifício marcava o que havia de mais talentoso e moderno, rapidamente a imprensa
brasileira tratou de elogiar o Ministério que foi exemplo para cidades como Nova
Iorque criarem seus arranhas céus.
18
Figura 8: MESP: Ministério da Educação e Saúde Pública. Rio de Janeiro. Brasil. 1937 Planta térreo
e corte (Projetado pelos arquitetos Oscar Niemeyer, Afonso Reidy, Jorge Moreira, Carlos Leão, Lucio
Costa e Hernani Vasconcelos, segundo risco original de Le Corbusier).
19
Figura 9: MESP: Ministério da Educação e Saúde Pública. Rio de Janeiro. Brasil. 1937 Plantas do
segundo pavimento e pavimento-tipo (projetado pelos arquitetos Oscar Niemeyer, Afonso Reidy,
Jorge Moreira, Carlos Leão, Lucio Costa e Hernani Vasconcelos, segundo risco original de Le
Corbusier).
20
5 Estilo eclético
O termo ecletismo denota a combinação de diferentes estilos históricos em
uma única obra sem com isso produzir novo estilo. Tal método baseia-se na
convicção de que a beleza ou a perfeição pode ser alcançada mediante a seleção e
combinação das melhores qualidades das obras dos grandes mestres. Além disso,
pode designar um movimento mais específico relativo a uma corrente arquitetônica
do século XIX.
O uso do termo como conceito é introduzido na historiografia da arte no
século XVIII pelo teórico alemão Johann Joachim Winckelmann (1717 - 1768) para
designar uma espécie de sincretismo consciente identificado na produção de artistas
como os Carracci e seus seguidores, em atividade no norte da Itália no fim do século
XVI. Seu projeto artístico caracteriza-se pela junção harmônica das excelências de
seus predecessores em uma obra singular. Tendo como base as idéias de
Winckelmann, o termo passa a ser utilizado, sobretudo em sentido pejorativo como
sinônimo de falta de personalidade e originalidade.
No século XX o conceito de ecletismo perde algo da conotação negativa que
o acompanha, e é usado para indicar fases ou fenômenos sincréticos em culturas de
diferentes períodos ou regiões. Desde a Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945)
tende-se a admitir o ecletismo como procedimento válido na atividade criativa.
Como movimento artístico, o ecletismo ocorre na arquitetura no século XIX.
Por volta de 1840, na França, em reação à hegemonia do estilo greco-romano os
arquitetos começam a propor a retomada de outros modelos históricos como, por
exemplo, o gótico e o românico. O principal teórico do ecletismo arquitetônico é o
francês César Denis Daly (1811 - 1893), que o entende como "o uso livre do
passado". Não se trata de uma atitude de simples copista, mas da habilidade de
combinar as características superiores desses estilos em construções que
satisfaçam a demandas da época por todo tipo de edificação.
Na segunda metade do século XIX, o ecletismo tem forte presença na
Europa. O estilo Segundo Império ou Napoleão III, na França, é caracterizado pela
21
realização de importantes edifícios ecléticos, como o Teatro Ópera de Paris,
projetado por Charles Garnier (1825 - 1898).
O ecletismo arquitetônico difunde-se também pelas Américas, marcando as
construções do mundo novo.
No Brasil, no período de transição para o século XX, o ecletismo é a corrente
dominante na arquitetura e nos planos de reurbanização das grandes cidades, como
o realizado no Rio de Janeiro pelo engenheiro Francisco Pereira Passos (1836 -
1913). Prefeito da então capital federal, de 1902 a 1906, Passos empreende a
reforma urbanística que derruba antigas construções do período colonial para abrir a
moderna Avenida Central, atual Avenida Rio Branco, e a Avenida Beira-Mar,
expandindo a cidade em direção à zona sul. Na primeira encontram-se ainda hoje os
maiores exemplares da arquitetura eclética no Brasil, como a Escola e Museu
Nacional de Belas Artes - MNBA (1908), obra de Adolfo Morales de Los Rios (1858 -
1928), cuja faustosidade e pluralidade de estilos remetem às construções francesas
ecléticas, no caso diretamente à fachada do Louvre.
O Theatro Municipal, projetado por Francisco de Oliveira Passos e edificado
na avenida Central, entre 1903 e 1909, é claramente inspirado no Ópera de Paris e
aparece como o maior símbolo do ecletismo no Brasil. Destaca-se também na época
a atuação do engenheiro militar Souza Aguiar, responsável pelo projeto da Biblioteca
Nacional (1910) na mesma avenida, e de Heitor de Mello, em atividade no Rio de
Janeiro de 1898 a 1920, autor de diversos projetos de edifícios públicos e
residências particulares, como o Derby Clube (1914) e o prédio da Prefeitura (1920),
na Praça Floriano.
Em São Paulo, cidade muito mais acanhada do que o Rio de Janeiro no fim
do século XIX, o primeiro monumento marcante do novo movimento arquitetônico é
o Museu Paulista (conhecido como Museu do Ipiranga), projetado pelo arquiteto
italiano Tommazio Bezzi e construído entre 1882 e 1885. Em comparação ao estilo
desenvolvido no Rio, o ecletismo classicizante paulista assume traços peculiares de
influência italiana e mais diversidade de modelos e estilos históricos.
No caso da habitação particular, fala-se de um verdadeiro ecletismo
desordenado, no qual o exótico e o bizarro tornam-se moda na casa dos novos
imigrantes ricos e dos prósperos fazendeiros de café que dominam a recém-
construída Avenida Paulista (1891). Certo é que a expansão e a modernização da
22
cidade se dão sob o signo do ecletismo, realçando a atuação do engenheiro-
arquiteto Ramos de Azevedo (1851 - 1928), responsável por inúmeros prédios
públicos, entre eles a Escola Normal Caetano de Campos (1894), na Praça da
República, o Theatro Municipal (1903 - 1911) e o edifício do Liceu de Artes e Ofícios,
atual sede da Pinacoteca do Estado de São Paulo - Pesp (1897 - 1900), no bairro da
Luz. Quase todas as capitais brasileiras em expansão no início do século XX são
atingidas pelo ecletismo arquitetônico, destacando-se a construção do Teatro
Amazonas, em Manaus, e o Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte.
5.1 Mercado Municipal de São Paulo
5.2 Projeto do Engenheiro – Arquiteto: Ramos de Azevedo
Quanto ao grande e suntuoso Mercado Central da cidade de São Paulo, este
foi projetado em 1926 pelo renomado engenheiro-arquiteto Francisco de Paula
Ramos de Azevedo. Neste mesmo ano, tiveram início as obras de construção do
mesmo, sendo estas finalizadas em 1933.
23
Figura 10: Mercado Municipal de São Paulo que foi projetado pelo eng.-arq. Ramos de Azevedo e
pelo arq. Felisberto Ranzini - Fachada vista da Rua da Cantareira, no centro de São Paulo
24
Em relação às características construtivas deste edifício, o mesmo conta com
mais de doze mil metros quadrados, ostentando arquitetura em estilo eclético. A
edificação demonstra um extremo cuidado com os espaços, sendo estes bem
planejados e funcionais. Além disso, há a presença de iluminação natural, que
ocorre através de clarabóias e telhas de vidro, localizadas na cobertura do edifício.
Este edifício é considerado como um dos marcos arquitetônicos existentes na
cidade de São Paulo. Pode-se dizer que as fachadas e a volumetria deste edifício
são similares às do Mercado Central de Berlim, além de conter em cada lateral os
torreões, se destacando na volumetria do mesmo.
As características tipológicas e construtivas de muitos mercados públicos
construídos no Brasil, ao longo do século XIX e início do XX, seguiram uma tipologia
construtiva comum às práticas operativas de projeto no interior da categoria
profissional.
Do conjunto de edifícios construídos, alguns se transformaram em modelos. O
Mercado da Candelária no Rio de Janeiro projeto de Grandjean de Montigny, que
seguiu o projeto clássico de mercado que remete ao átrio romano antigo, será
modelo para a construção de mercados fechados com pátio aberto envolto por
arcadas, em diversas cidades brasileiras.
O Mercado Central de Paris projetado por Victor Baltard e Félix-Emmanuel
Callet será o modelo para os grandes mercados cobertos em estrutura de ferro
dotados de lanternim, tanto no Brasil como em diversas cidades de vários países.
25
5.3 O Mercado Municipal no ano de sua inauguração, 1933
O rio Tamanduateí já era, muito antes da fundação da cidade, uma estrada
fluvial utilizada pelos indígenas que habitavam o Planalto de Piratininga (antigo
nome do próprio rio Tamanduateí), para o transporte de toda sorte de
mercadorias.
O Mercado da Cantareira não é o primeiro nem o último de uma série de
mercados públicos construído na cidade, aproveitando a várzea dos rios para
facilitar o transporte dos gêneros alimentícios. O primeiro mercado para
abastecimento também ficava na várzea do rio Tamanduateí, na Rua 25 de
março, esquina com ladeira General Carneiro.
Foi construído entre 1859 e 1867, e era um edifício rústico, constituído
basicamente por um grande pátio com arcadas. Antes da construção desse
mercado, o abastecimento da cidade se dava pelas feiras. Os gêneros
alimentícios eram transportados de canoa, sempre pelo rio Tamanduateí, e
descarregados num local que até hoje guarda o nome daquela época - ladeira
Porto Geral.
Nas cidades coloniais brasileiras, a venda desses produtos também se
dava nas "ruas das Casinhas" - em São Paulo, a Rua das Casinhas é a atual rua
do Tesouro, e nela eram vendidos queijos, cereais, toucinho, aves, farinha, leite,
26
ovos, e talvez também as formigas tão apreciadas pelos paulistas até o século
XIX - uma sobrevivência do paladar indígena, e que lhes valeram a fama de
"papa-formigas.
O primitivo mercado da Rua General Carneiro foi demolido em 1907, para dar
lugar a outro mercado - o chamado Mercado Novo - também demolido poucos anos
depois. Outro mercado da época era o mercadinho da Rua de São João, inaugurado
em 1890, com estrutura de ferro pré-fabricada na Europa.
Foi desmontado nos anos 10 quando a Rua de São João foi alargada e se
transformou na Avenida São João, e remontado sob o viaduto de Santa Ifigênia, até
ser definitivamente demolido alguns anos depois.
Todos esses pequenos mercados eram simples e acanhados, e não atendiam
às necessidades da cidade que se expandia com enorme velocidade. Finalmente,
em 1924 o município se decidiu a construir um mercado condizente com a
importância e tamanho de São Paulo. Foi encarregado do projeto o italiano
Felisberto Ranzini, do escritório Ramos de Azevedo.
Felisberto Ranzini, arquiteto do Mercado Municipal, nasceu em 18 de agosto
de 1.881, e morreu em São Paulo, em 22 de agosto de 1976. Foi professor de
Composição Decorativa da Escola Politécnica, e um aquarelista e desenhista
consumado. Desde 1.904 trabalhava para Ramos de Azevedo, e a partir de 1.920,
com a morte de Domiziano Rossi, passou a ser o principal projetista do escritório
Ramos de Azevedo, onde trabalhou por quarenta e dois anos. Pouca gente sabe,
mas a maioria dos projetos atribuídos a Ramos é na verdade de seus colaboradores
e auxiliares. Ramos de Azevedo foi, sobretudo o grande empreiteiro de São Paulo
na República Velha, graças a suas excelentes conexões políticas.
As obras tiveram início em 10 de abril de 1.925. Acabaram se arrastando por
quase oito anos. Em 1.932, estavam finalmente concluídas, mas a inauguração teve
de ser adiada por conta da Revolução Constitucionalista - o prédio do Mercado foi
utilizado como depósito de munições. Derrotada a Revolução, o Mercado foi
finalmente inaugurado em 25 de janeiro de 1.933.
27
Figura 11: À esquerda foto do Mercado em construção; à direita, o Mercado logo após sua
conclusão. Fonte: acervo FAU-USP
A escolha do local foi cuidadosa: o Mercado Municipal ocupa uma posição
estratégica, próximo à rede ferroviária e à estação do Pari, conectado às linhas de
bondes, situado no eixo que liga a zona norte ao ABC e a Santos, e às margens do
rio Tamanduateí, a estrada fluvial por onde foram transportados por séculos os itens
que abasteciam a cidade.
Infelizmente, ao contrário de Paris com o Sena, de Londres com o Tibre, de
Nova York com o Hudson, que são rios ativamente utilizados para o transporte de
mercadorias, já que os custos de transporte fluvial constituem uma fração do
rodoviário, os rios paulistanos foram totalmente abandonados para esse propósito.
Figura 12: À esquerda foto do Mercado no dia da inauguração; à direita, visto do rio Tamanduateí.
Fonte Fau-USP
28
O edifício monumental ocupa um grande quarteirão de 22.230 m², delimitado
pelas ruas da Cantareira, Mercúrio, Assad Abdala e Avenida do Estado. Sua
localização às margens do Tamanduateí oferece uma série de magníficas
perspectivas desde a Avenida do Estado e do parque d. Pedro. Além do prédio
principal, há dois pequenos prédios anexos de dois andares, destinados
originalmente à administração e a um restaurante.
O pé direito, que chega a atingir 16 metros, se deve à previdência do arquiteto
que imaginou a possibilidade de expansão através da futura construção de um
mezanino - o que veio a ocorrer justamente com a reforma concluída este ano.
Figura 13: Mercado Municipal após a inauguração. Fonte FAU-USP
5.4 Dados da obra
A área construída é de 12.600 m² e foi originalmente dividida da seguinte
forma: 40% para cereais, legumes, frutas e flores; 20% para laticínios e salgados;
10% para carnes verdes; 10% para peixes e os 20% restantes para aves, caças e
outros animais.
A estrutura do edifício é de concreto armado, que começava a se popularizar
em São Paulo. A composição da fachada é marcada por uma série de arcos, com
fecho em forma de mascarões de rostos femininos, encimados por cornucópias
cheias de frutas. Na Rua da Cantareira e na Avenida do Estado há duas torres que
se projetam da fachada, sendo que apenas na Rua da Cantareira são coroadas por
cúpulas revestidas de bronze. Os arcos dessas torres são fechados pelo brasão da
29
cidade de São Paulo, criado poucos anos antes pelo artista J. Wasth Rodrigues, por
iniciativa do então prefeito Washington Luís.
O ponto alto da decoração são os cinco vitrais que retratam cenas
campestres, de autoria de Conrado Sorgenicht Filho, o grande nome da arte em
vitral de São Paulo. Era de uma família de mestres vitralistas alemães, que com
Conrado Sorgenicht pai trouxeram sua apurada técnica para São Paulo no final do
século XIX, e também foi o autor dos vitrais da Estação Sorocabana e de vários
outros edifícios importantes.
A confecção dos vitrais do Mercado Municipal demandaram a Conrado cinco
anos de trabalho árduo. E no final dos anos 80, Conrado Sorgenicht Neto se
encarregou da restauração dos vitrais que seu pai havia criado sessenta anos antes.
Como os mercados públicos que o antecederam, o Mercado da Cantareira
acabou, ele próprio, se tornando insuficiente para a cidade que mais crescia no
mundo, malgrado suas dimensões colossais. Acabou sendo substituído pelo
CEASA, construído entre 1.961 e 1.966 às margens de outro rio - o Pinheiros
(curiosamente, o próprio CEASA já se tornou obsoleto, e está sendo planejada uma
nova central de abastecimento no rodoanel, a Ciap). As enchentes do Tamanduateí,
só controladas no final dos anos 70, também prejudicavam seriamente o Mercado,
como por exemplo, a inundação de 1.966, que alagou o prédio até a altura de um
metro.
Chegou-se inclusive a cogitar na demolição do velho mercado nos anos 60,
mas optou-se por sua preservação, adotando-se um perfil mais varejista, e
mantendo-se os tradicionais boxes que passam de geração para geração, e sua
variada clientela que inclui donas de casa, gourmets exigentes e chefs de
restaurantes famosos. O Mercado passou por uma restauração em 1.979 e
novamente no final dos anos 80.
E recentemente, o Mercado passou por sua mais abrangente modernização e
restauração, com projeto do arquiteto Pedro Paulo de Melo Saraiva e do escritório
Maria Luíza Dutra. Ganhou um mezanino de 2.000 metros quadrados, servido por
dois elevadores e duas escadas rolantes, onde estão sendo instalados diversos
restaurantes de comida brasileira, japonesa, espanhola, árabe e italiana, entre
outros. Essa adição do mezanino de forma alguma desrespeitou a arquitetura
original do edifício, pois como explicamos anteriormente, já havia sido antecipada
30
por Felisberto Ranzini. O piso do novo mezanino é de madeira e também de tijolos
de vidro, garantindo iluminação às áreas abaixo.
Figura 14: Mezanino - vista aérea esquemática Fonte - PPMS - Paulo Pedro de Melo Saraiva
Arquitetos Associados S/C Ltda.
Também foi escavado um subsolo com área de 1.600 metros quadrados com
sanitários, vestiários, fraldário e enfermaria.
As redes elétrica e hidráulica foram totalmente refeitas, sendo instalada uma
subestação de energia, três transformadores e caixas de medição individuais para
cada box. As gambiarras e o emaranhado de fios e canos que comprometiam a
estética do interior do Mercado foram eliminados; foi implantada uma rede de
tubulações de gás, que antes era fornecido através de botijões; o fornecimento de
água, realizado anteriormente por carros-pipa, foi regularizado. As calhas do telhado
foram recuperadas, as telhas foram lavadas e as que estavam quebradas,
substituídas.
O piso do Mercado foi inteiramente substituído, com placas de granito
flaneado. A calçada externa foi totalmente refeita, com rampas para acesso de
deficientes físicos, os estacionamentos das ruas Mercúrio e Assad Abdala foram
repavimentados com pisos de concreto, as vagas foram redistribuídas e criadas
áreas para portadores de deficiências.
31
As fachadas foram inteiramente restauradas, recebendo pintura na cor
original do edifício; para se descobrir o tom original, foram feitas prospecções, com
decapagens das sucessivas camadas de pintura, até se chegar à cor original. A tinta
utilizada é de fabricação artesanal, à base de dióxido de rutila, possibilitando que a
parede "transpire", eliminando o excesso de umidade.
Figura 15: Planta geral do projeto Fonte - PPMS - Paulo Pedro de Melo Saraiva Arquitetos
Associados S/C Ltda.
No tocante à iluminação, foram substituídas as lâmpadas mistas de 125 W e
vida útil de 4.000 horas, por outras de vapor metálico de 150 W e 15.000 horas de
duração. Foram instaladas novas luminárias pendentes de vidro prismático, com
distribuição de luz direta e indireta.
Os vitrais passaram a ser iluminados pela primeira vez, com lâmpadas de
vapor metálico de 70 W sobre cada um.
No exterior, os projetores de vapor de sódio de 400 W foram substituídos por
luminárias embutidas no chão, com lâmpadas de vapor metálico de 70 W.
As obras custaram R$ 34 milhões, e podemos dizer que valeram cada
centavo. Só esperamos que o projeto de uma inútil passarela sobre o rio
32
Tamanduateí, que desonrará as melhores vistas que se têm do Mercado, desde a
outra margem do rio, seja descartado pela Prefeitura.
O Mercado Municipal é o último dos grandes edifícios em estilo eclético de
São Paulo. Até hoje mantém com dignidade as funções para as quais foi projetado,
inteiramente preservado, enquanto que outros edifícios históricos sucumbiram à
degradação do centro ou à especulação imobiliária. Constitui um marco e um
referencial da cidade, como outros grandes mercados pelo mundo, como o Les
Halles, de Baltard, em Paris, o Mercado da Praça XV no Rio de Janeiro (ambos
demolidos), o Mercado de Abasto de Buenos Aires ou o Ver-o-pêso de Belém.
É uma verdadeira catedral da gastronomia paulistana, atraindo gourmets,
chefs de cozinha, turistas, donas de casa e moradores da cidade em geral, a fim de
uma refeição rápida ou à procura de comidas finas. Ali podem ser encontradas as
mais delicadas iguarias, as mais finas especiarias, peixes, crustáceos, embutidos,
queijos, vinhos, conservas, frutas, vindas de todas as partes do mundo. O Mercado
Muncipal é um prédio querido por todos os paulistanos e que entra no século XXI
moderno e high-tech, porém preservando suas funções originais e sua arquitetura do
início do século XX.
5.5 Curiosidades do Mercado Municipal:
Funcionários: 1.600
Área construída: 12.600 metros quadrados
Quantidade de alimentos: 1.000 toneladas por dia (atacado e varejo)
Boxes: 281
Visitantes: 14 mil por dia
Caminhões que abastecem os boxes: 90, em média, chegam e saem do
Mercadão por dia
Gasto de água: 1.200.000 litros gastos mensalmente
Gasto de eletricidade: 500 kw/h por mês (há previsão de aumento para 780 kw/h
depois da reforma)
Horário de funcionamento: de segunda-feira a sábado, das 6h às 17h e das 22h
às 6h; aos domingos, das 7h às 13h
33
Ingresso: a entrada é gratuita
Dados sobre as obras de revitalização:
Funcionários: até 750 operários trabalharam na obra em dois turnos: 500 durante o
dia e 250 à noite
Nova área construída: 8.000 metros quadrados (metade construída e outra metade
reaproveitada)
Acesso: Sete elevadores, além de duas escadas rolantes e duas convencionais.
Estrutura: 35 mil sacos de cimento foram utilizados na reforma (o que gerou 4.500
metros cúbicos de concreto); 413 mil kg de aço consumidos na estrutura do novo
mezanino; mais de 8.000 metros quadrados de granito para o novo piso; 1.400
metros quadrados de vidros para o piso do mezanino (que tem 372 metros
quadrados), considerando janela e cobertura; 1.700 metros quadrados de madeira
colocados no piso do mezanino; 350 toneladas de estrutura metálica para o
mezanino; 4.400 metros cúbicos retirados em demolições.
Pintura: 250 latas de tinta, utilizadas para pintar 26 mil metros quadrados de
paredes
Subsolo: 5.000 metros cúbicos de terra foram retirados na construção do subsolo (o
equivalente a mais de mil caminhões)
Iluminação: 180 km de cabos de energia foram instalados; mil pontos de iluminação
(interna e externa) foram criados.
34
Figura 16: Foto Noturna do Mercado Municipal
35
6 Estilo Art Nouveau
No Brasil o Art Nouveau chegou no início do século XX, em sua bagagem
teriam principalmente elementos referentes a decoração de interiores ou de grandes
elementos arquitetônicos de ferro forjado. É possível encontrar exemplos do estilo
em edifícios projetados pelo francês Victor Dubugras e do sueco Karl Ekman como a
Vila Penteado em São Paulo, também são encontrados em gradis, portas e móveis
produzidos pelo Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. No Rio de Janeiro o interior
da Confeitaria Colombo é um grande exemplo, cerâmicas e cartazes de Eliseu
Visconti tem um inspiração profunda no Art Nouveau.
Figura 17: Vila Penteado, São Paulo
Elegante, o Art Nouveau foi o primeiro movimento orientado exclusivamente
para o design, por isso foi marcado como um estilo que trazia exuberância
decorativa, formas ondulantes com contornos bastante sinuosos e composição
assimétrica, também foi de suma importância ao artista gráfico por causa da página
impressa e sua influência na criação de formatos de letras e de marcas comerciais.
Por ser um movimento das artes decorativas, preocupavam-se em tornar mais
agradável os objetos industrializados, exemplo disso são os desenhos florais
aplicados nos pés de ferro das máquinas de costura, em papéis de parede, em
grades de ferro fundido e em ilustrações de livros, as peças artesanais também
únicas exibem os mesmos padrões. É o período dos vitrais, vasos, luminárias, jóias
e móveis únicos e requintados.
36
Figura 18: Hotel Tassel, Bruxelas
Teve sua difusão entre 1883 e 1910 nos países da Europa e nos Estados
Unidos. No Brasil desempenhou papel significante nos objetos decorativos e em
obras arquitetônicas, perdurou até a década de 1920.
7 O Viaduto Santa Ifigênia
7.1 Projeto dos arquitetos italianos Giulio Michetti e Giuseppe Chiapori
A obra foi executada entre 1911 e 1913, com projeto dos arquitetos italianos
Giulio Michetti e Giuseppe Chiapori. O viaduto de metal tem 225 m de comprimento
e foi encomendado na Bélgica, de onde as peças vinham prontas para serem
montadas aqui, o que demorou três anos. Na construção das fundações, atuou o
mestre-de-obras alemão Grundt.
Os responsáveis alegavam que a cidade não dispunha de mão-de-obra
especializada para garantir a execução de uma obra perfeita como essa, o que a
tornou a mais cara executada na época, tanto que o município pela primeira vez
aventurou-se a pedir um financiamento - 750 mil libras esterlinas - junto ao governo
da Inglaterra.
37
O objetivo era facilitar o trânsito dos carros e carruagens que enfrentavam a
difícil ladeira da Avenida São João, além de melhorar o trânsito dos bondes que
subiam a Rua São bento e a Rua XV de Novembro, e que contariam, a partir de
então, com uma ligação mais eficiente entre os dois lados do Anhangabaú..
Atualmente, o viaduto serve exclusivamente como área de passagem para
pedestres.
Seus gradis são um testemunho da belle époque4, com destaque para o estilo
art nouveau. Em 1978, teve sua estrutura totalmente recuperada pela EMURB e
uma escada metálica que dá acesso ao Vale do Anhangabaú foi acrescentada. Com
estrutura pintada de ocre, arcos multicoloridos e uma iluminação noturna que
destaca suas linhas, esta obra marca, ao lado do Viaduto do Chá, a paisagem do
vale.
Figura 19: Foto da obra Viaduto Santa Efigênia
O Viaduto Santa Ifigênia é um viaduto localizado no centro de São Paulo,
com uso exclusivamente para pedestres. Começa no Largo São Bento e termina em
frente a Igreja de Santa Ifigênia.
Sua estrutura foi totalmente fabricada na Bélgica, inaugurado em 26 de
setembro de 1913, pelo Prefeito Raimundo Duprat.
Atualmente, o viaduto é uma das principais ligações dos pontos mais altos do
centro de São Paulo, passando sobre o Vale do Anhangabaú e a Avenida Prestes
4 belle époque: bela época em francês38
Maia. São milhares de pessoas passando todos os dias, principalmente na hora do
rush.
Seu estilo arquitetônico é o Art nouveau e aparece em muitos cartões postais
da cidade de São Paulo.
Figura 20: Foto antiga do Viaduto Santa Ifigênia
A proposta vencedora foi a da Giulio Micheli com projeto bastante detalhado e
memorial de calculo. Seriam arcos biarticulados, com 51 m entre apoios e flecha de
oito m. A obra foi iniciada no começo de 1910, decorridos vinte anos após a primeira
idéia e vencidas todas as barreiras. O viaduto com 225m teria tabuleiro superior e
seria formado por cinco tramos, sendo 3 centrais com 53.5 m com flecha de 7.50m.
O memorial de calculo justificativo foi da firma Aciéries d´Angleur com
minúcias de precisão.
Eis algumas características do projeto definitivo; dois vãos de 30 m, em vigas
retas de alma cheia e 3 vãos em arco com 55 m.com montantes verticais e
longarinas de alma cheia. Tabuleiro Superior, com cinco vãos independentes,
completando 225 m. de comprimento total, e com largura entre guarda corpos, de
13.60m. Calçadas com 2.55 m.com oito cm de concreto e 2 de asfalto.
A via de transito foi pavimentada com blocos de granito (Paralelepípedos). O viaduto
incluía duas vias de trilhos para bondes “elétricos”, com bitolas paralelas de 1.44m,
centradas em relação ao eixo.
O sistema estrutural dos três tramos centrais com 55 m compreende arcos
com três rótulas, com uma flecha de 7.5m, ou seja, entre L/7 e L/8.
39
Os quatro arcos paralelos são formados por vigas curvas em caixão,
totalmente executadas em aço laminado e constituídas por duas almas de chapas,
ligadas ás mesas formadas por 4 cantoneiras e tiras de chapas, totalmente
rebitadas. Com exceção dos guarda corpos em ferro fundido o ferro forjado toda a
estrutura foi fabricada com aço laminado.
Montantes verticais se apóiam diretamente sobre os arcos e são eqüidistantes
de 3,665m, formando 15 painéis Uma longarina interliga os topos dos montantes no
sentido longitudinal. Existem vigamentos transversais, interligando os quatro arcos
paralelos, existindo os necessários contraventamentos verticais e horizontais.
A escolha do sistema de três rótulas se deve ao fato de ser o sistema que
deixa menos duvidas com relação à distribuição dos esforços. Além da preocupação
com a estética geral do viaduto, que foi concebido em estilo “art-nouveau“, foi dado
cuidado especial para os guarda corpos e detalhes artísticos.
Foram feitos com volutas em ferro forjado, interligados por montantes em
ferro fundido com adornos artísticos. Um grande corrimão interliga os topos dos
montantes e dá fixação ao conjunto de volutas. As longarinas externas são
decoradas com rosáceas de ferro fundido.
Figura 21: Projeto Viaduto Santa Ifigênia
40
8 Referências
ARTIGAS, João Vilanova. Caminhos da Arquitetura. São Paulo: Cosac Naify, 2004.
BRUAND, Yves. Arquitetura Contemporânea no Brasil. São Paulo: Perspectiva,1999.
CAVALCANTI, Lauro. Quando o Brasil era moderno. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2001.
Disponível em História da Arquitetura no site Urbano cultural < http://
www.urbanocultural.com.br/historia/historia-da-arquitetura > Acesso em 11 de setembro de
2012.
Disponível em Mercado Municipal de São Paulo no site Piratininga.org < http://
www.piratininga.org/mercado_municipal > Acesso em 11 de setembro de 2012.
Disponível em Art Nouveau no site Arquitetura do Brasil < http://
www.arquiteturadobrasil.wordpress.com > Acesso em 11 de setembro de 2012
Disponível em Estilos Arquitetônicos no site Cult Núcleo < http:// www.cult.nucleo.inf.br > Acesso em 11 de setembro de 2012
Disponível em Pré-Cabralino no site Brasil escola < http:// www.brasilescola.com > Acesso em 11 de setembro de 2012
Disponível em Arquitetura Brasil no site pt.shoong.com < http://pt.shvoong.com/humanities/arts > Acesso em 11 de setembro de 2012
Disponível em História do aço viaduto Santa Ifigênia no site metalica.com.br < http://
metalica.com.br/historia-do-aco-viaduto-santa-efigenia > Acesso em 11 de setembro de
2012.
LEMOS, Carlos A. C. - Ramos de Azevedo e seu escritório - São Paulo: Pini, 1993
REIS FILHO, Nestor Goulart - São Paulo e outras cidades - São Paulo: Hucitec, 1994
Secretaria dos Negócios Metropolitanos - Bens culturais arquitetônicos no município e
Região Metropolitana de São Paulo. São Paulo, 1984.
41
Top Related