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Era uma vez a velha monarquia A anarquia militar, a abolição radical e o centralismo derrubam o Império de supetão

O Brasil acordou monarquista na sexta-feira passada e foi dormir republicano. Jamais

houve na História do país uma ruptura política tão inesperada. Na véspera, ninguém

poderia prever que o reinado viria abaixo.

Ao cair da tarde de quinta-feira, D. Pedro II, 63 anos, fugindo do calor carioca,

estava posto em sossego no palácio de Petrópolis, onde escreveu seu habitual

soneto diário. No mesmo momento, o marechal Manoel Deodoro da Fonseca, 62

anos, encontrava-se em Andaraí, na casa de seu irmão, o oficial-médico João

Severiano, tentando recuperar-se de um de seus habituais ataques de falta de ar.

Menos de 48 horas depois, os detalhes eram semelhantes, mas as instituições

estavam de pernas para o ar.

D. Pedro II, detido no palácio imperial do Rio de Janeiro, escrevia não um poema,

mas, com a ajuda do barão de Loreto, a carta em que acatava a ordem de exilar-se:

"Cedendo ao império das circunstâncias, resolvo partir com toda a minha família para

a Europa amanhã".

Na mesma hora, Deodoro ia para a cama, tão fortes eram os seus achaques. Mas

com falta de ar e de cama era o chefe do governo provisório, o homem mais

poderoso do país.

[...]

Fonte

VEJA na História. 20 nov. 1889. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/historia/republica/queda-imperio-velha-monarquia.shtml>. Acesso em: 4 fev. 2014.